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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Engenharia Mecânica (Ênfase Mecatrônica)


Instituto Politécnico – IPUC MG

Rômulo Castro Silva

PRÁTICA 05 : PERDA DE CARGA


(Leandro Pires Gonçalves)

Belo Horizonte
2022
Rômulo Castro Silva

PRÁTICA 05 : PERDA DE CARGA

Relatório acadêmico apresentado à disciplina


de Laboratório de Fluidomecânicos referente
ao curso de Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
ativididade de avaliação.

Orientador: Leandro Pires Gonçalves

Belo Horizonte
2022
1 INTRODUÇÃO

Assim como qualquer outros tipos de energia, a pressão em uma tubulação


está sujeita a perdas. Essas perdas estão associadas a fatores como material de
uma tubulação, qualidade do acabamento superficial da tubulação, fluido, desenho
da tubulação, tipo e quantidade de acessórios, entre outros. A este fenômeno,
damos o nome de perda de carga.

1.1. Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é determinar experimentalmente a perda de carga


distribuída, para uma tubulação reta, e localizada, para uma tubulação com
acessórios.

1.2. Objetivos Específicos

• Determinar a perda de carga distribuída, em uma tubulação reta.


• Determinar a perda de carga localizada, em uma tubulação com acessórios.

2 CONCEITUAÇÃO TEÓRICA

A perda de carga é o fenômeno através do qual a pressão em uma tubulação


sofre queda desde um ponto inicial a um segundo ponto distante do primeiro.
São fatores que podem ocasionar a perda de carga em uma tubulação: atrito,
rugosidade do material, tipo do material, acessórios, tipos de entrada e saída do
fluido, expansões e contrações em uma tubulação e curvas na tubulação.

2.1.Cálculo da perda de carga

Equação de Bernoulli:

a. Para condições ideais:


2 2
P1 V 1 P2 V 2
+ + gz 1= + + gz 2
ρ 2 ρ 2
Onde,

P1 = pressão de entrada
ρ = densidade do fluido

V1 = velocidade média do fluido na entrada

g = aceleração da gravidade

z1 = nível da tubulação na entrada em relação a um refencial z0

P2 = pressão de entrada

V2 = velocidade média do fluido na saída

z2 = nível da tubulação na saída em relação a um refencial z0

b. Para condições reais

2 2
P1 V1 P2 V2
+α 1 + gz 1= +α 2 + gz 2 +ht
ρ 2 ρ 2

Onde:

α 1= coeficiente de energia cinética na entrada


α 2= coeficiente de energia cinética na saída

hlt = perda de carga total

Dessa forma, a perda de carga total pode ser expressada por:

(
ht =
P1
ρ
V 21
+α 1 + gz 1 −
2
P2
ρ )(
V 22
+α 2 + gz 2
2 )
Como z1 = z2 para tubulação em um mesmo nível, tem-se, simplificadamente:

( )( )
2 2
P1 V1 P2 V2
ht = +α 1 − +α 2
ρ 2 ρ 2

2 2
V V
Para α 1 1 =α 2 2 , chega-se `a equação:
2 2

P1−P2 ∆ P
ht = =
ρ ρ
Pela equação do escoamento laminar, tem-se:

128 μLQ
∆ P=
π D4
2
Vπ D
Q=V . A=
4

32 LQ L
2
∗V ∗μV
D D
∆ P= =32
1 D

Substituindo a equação temos:

L L 2 L 2
∗μV ∗V ∗V
ht =
∆P
ρ
=32
D
ρD
=
D
2 (
64
μ
ρVD
=
D
2 ) ℜ( )
64

Pela equação do escoamento turbulento, tem-se:

2
L V
hl =f
D 2g
Onde:

hl = perda de carga

f = fator de atrito
L = comprimento da tubulação

D = diâmetro da tubulação

V = velocidade média do fluido


g = aceleração da gravidade

2.2. Perdas menores ou localizadas

O escoamento em uma tubulação pode exigir a passagem do fluido através


de uma variedade de acessórios, curvas ou mudanças súbitas de área. Perdas de
carga adicionais são encontradas, sobretudo, como resultado da separação do
escoamento.

Estas perdas serão relativamente menores, se o sistema incluir longos


trechos retos de tubo de seção constante. Dependendo do dispositivo, as perdas de
carga menores (ou localizadas) tradicionalmente são calculadas de duas formas,
quais sejam.

2
V
hlm=K
2

hlm = perda de carga


K = coeficiente de perda
V = velocidade média do fluido

L3 V 2
hlm=f
D 2

hlm = perda de carga


f = fator de atrito

Le = comprimento equivalente
D = diâmetro
V = velocidade média do fluido

a. Entradas e saídas

Uma entrada mal projetada de um tubo pode causar uma perda de carga
apreciável. Se a entrada tiver cantos vivos, a separação do escoamento ocorre nas
quinas e a vena contracta (veia contraída) é formada. O fluído deve acelerar-se
localmente para passar através da área reduzida de escoamento na vena contracta.
Perdas de energia mecânica resultam da mistura não confinada, quando a corrente
fluida desacelera para preencher novamente o tubo.
b. Contrações e expansões

As perdas causadas por variação de área podem ser reduzidas um pouco


com a instalação de um bocal ou difusor entre as duas seçoes de tubo reto. As
perdas em difusores dependem de diversas variáveis geométricas e do escomaento.
Os dados para difusores são, em geral, apresentados em termos de um coeficiente
de recuperação de pressão Cp, definido como a razão entre o aumento da pressão
estática e a pressão dinâmica de entrada.

Coeficientes de perda para escoamento através de mudança súbita de área


c. Curvas em tubos

A perda de carga em uma curva de tubo é maior do que aquela para


escoamento completamente desenvolvido em um trecho reto de tubo de igual
comprimento. A perda adicional é esssencialmente o resultado do escoamento
secundário, e é representada de maneira mais conveniente por um comprimento
equivalente de tubo reto. O comprimento equivalente depende do raio de curvatura
relativo da curva, conforme mostrado na figura 2.2.a para curvas de 90º.

Resistência total representativa


( Le / D ) para curvas de 90º em
tubos e cotovelos flangeados e
curvas de gomos ou de meia
esquadria.

d. Válvulas e acessórios
As perdas em escoamentos através de válvulas e acessórios também podem
ser expressas em termos de um comprimento equivalente de tubo reto. Todas as
resitências são dadas para válvulas totalmente abertas. O projeto de válvulas varia
significativamente entre fabricantes. Sempre que possível, as resistências fornecidas
pelo fabricante devem ser usadas, principalmente quando faz-se necessária uma
maior exatidão nos resultados.

Tipo de entrada Coeficiente PerdaLocalizada, Ka

Válvula de gaveta 8
Válvula globo 340
Válvula angular 150
Válvula de esfera 3
Válvula de retenção: globo 600
Válvula de retenção: angular 55
Válvula de pé com crivo: disco solto 420
Válvula de pé com crivo: disco articulado 75
Cotovelo padrão: 90º 30
Cotovelo padrão: 45º 16
Curva de retorno (180º), modelo estreito 50
Tê-padrão: escoamento principal 20
Tê-padrão: escoamento lateral (ramal) 60
Rotâmetro

O rotâmetro é o mais conhecido medidor de fluxol de área variável. Foi


desenvolvido há já vários anos, mas só nos últimos 30 anos é que se verificou um
maior progresso, permitindo que hoje ele possa ter utilização nas mais diversas
situações e condições.

O rôtametro é constituído por um tubo cónico, com o diâmetro menor do lado


de baixo, dentro do qual existe um flutuador ou bóia. É através da parte menor do
tubo que o fluido entra. A bóia pode mover-se livremente na vertical, subindo ou
descendo no tubo, conforme aumenta ou diminui o fluxo. O tubo possui uma escala
de medida onde podemos ler diretamente o valor do fluxo através da borda de cima
da bóia. Convém notar que a bóia terá que ter uma densidade superior à do fluido.

Os rotâmetros são bastante utilizados na índustria química, farmacêutica,


petroquímica, alimentar, mecânica. São também bastante comuns em laboratórios e
no tratamento de águas. O fluido - gás ou líquido - desloca-se no rotâmetro da base
para o topo, resultando num movimento axial da bóia.

Ao longo do comprimento do tubo existe uma relação entre o diâmetro da bóia


e o diâmetro interior do tubo. O diâmetro da bóia é fixo ao contrário do tubo interior
do rotâmetro que vai aumentando da base até ao topo. Se o fluxo é constante, a
diferença de pressão sobre a bóia iguala o peso efetivo da bóia e esta “fixa-se”na
posição que define o fluxo. Quando o fluxo de caudal aumenta também a força que
atua na bóia, aumenta. Esta força faz com que a bóia suba para uma posição mais
acima. Quando o fluxo diminui a bóia muda de posição para baixo. O fluxo é uma
função da altura da bóia.

Princípio de funcionamento do rotâmetro


O principio de funcionamento do rotâmetro baseia-se na força de arrasto que
ofluido exerce sobre a bóia, móvel, dentro de uma secção variável de escoamento.
Nestes medidores a variação de pressão é constante. Estes baseiam-se na variação
da área de passagem do fluido entre a parede do tubo e a bóia, com a altura
(posição) da bóia.

P 2
Q=U max
4
( Dt −D f )
2

Onde,

Q = vazão

Umax = velocidade máxima do fluido

P = Pressão

Dt = diâmetro do tubo do rotâmetro

Df = diâmetro da boia

Neste experimento para definição da perda de carga, foi utilizado um rotâmetro para
a medição e controle da vazão.

Medidores de coluna de líquido

O manômetro de mercúrio é um medidor de pressão de coluna líquida. A altura da


coluna é proporcional à diferença de pressões.

Esquema do manômetro de coluna de líquido


A diferença de altura ∆h representa a diferença de pressão entre os pontos em que
se adotou como referência.

Esquema da montagem do manômetro para medição de∆h

3 METODOLOGIA

Etapas para a execução do experimento

a. Levantamento teórico
b. Ligação da bomba
c. Abertura das válvula para vazão do fluido pelo circuito
d. Regulagem do rotâmetro para a maior vazão a ser medida
e. Abertura das válvulas ligadas ao manômetro para o trecho desejado
f. Regulagem e medição da escala do manômetro de coluna de mercúrio
g. Coleta dos dados
h. Repetição dos passos de “d” a “g” para todas as vazões desejadas e
necessárias para o teste
i. Tratamento dos dados
j. Conclusão
4 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

4.1. Perda de carga localizada em uma tubulação reta

Medição do ∆h em mmHg para a tubulação reta (perda distribuída)

Neste teste, a leitura de ∆h deve ser obtida subtraindo os valores correspondentes a


cada vazão anotados no teste pra perda de carga na tubulação reta.

TUBO RETILÍNEO
Experimento Ábaco de Moody
ƒexperimenta  
Q Q ΔHtotal ΔH J l V Re fabaco E/D
m³/h m³/s mmHg mH2O mH2O/m - m/s - - mm/mm
ƒexperimental
10,90 30,2.10-4  44 0,598199  0,2719  0,02337 2,887  105060  0,028 
-4
10,35  28,7.10 40  0,543847  0,2471  0,02352  2,743  99820  0,026
-4 0,0232 
9,08  25,2.10 31  0,421458  0,1915  0,02364  2,409  87665  0,026
7,76  21,5.10-4 23  0,312695  0,1420  0,02408  2,055  74783  0,025 0,002 
-4 ƒteórico
6,51  18,08.10 16  0,217527  0,0988  0,02369  1,728  62883  0,025
-4
5,43 15,08.10 10  0,135954  0,0677  0,02334  1,441  52439  0,025
 0,0262
2,98  8,27.10-4 3  0,040786  0,0185  0,02120  0,790  28748  0,029

Formulas utilizadas:

mm H g → 13,595mm H 2 0 mH 2 O V =V . A
J=
L
m
3
m
3
1 ρ. v . D
→ =x ℜ=
h s 3600 J μ
f exp=
8
2 5
. Q2
π .D .g

Dados:

L= 2,2m π . D 2 π .0,03652
A= = =1,046 x 10−3 m2
D = 36,5mm = 0,0365m 4 4
2
Re > 4000 = Regime Turbulento g=9,81 m/ s
Re < 2000 = Escoamento Laminar
ρ=1000 kg/m 3
E/D = 0,002
μ=1,003 x 10−3 Pa . s

4.2. Perda de carga localizada em cotovelos de 90º

Medição do ∆h em mmHg para o trecho com cotovelos

COTOVELO DE 90°
Q Q ΔHtotal ΔH ΔH K1 KL KL médio Incerteza Tipo A do coeficiente
m³/h m³/s mmHg mmHg mH2O mH2O/(m³/s)² - - de descarga
2,66  7,38x10 -4
72  1,636  0,0222 30,08  0,494  Variância da amostra
3,60  10 x10 -4
85  1,931  0,0262  26,6  0,437 0,01087 
4,16  11,5 x10-4 116  2,636  0,0358  31,13  0,511 Desvio padrão da amostra
4,36  12,1 x10-4 129  2,931  0,0398  32,89  0,540  0,10427
 0,567
4,67  12,9 x10 -4
147  3,340  0,0454  35,19  0,578 Variância da média
5,38  14,9 x10 -4
200  4,545  0,0617  41,40  0,680  0,009325
5,72  15,8 x10-4 227  5,159  0,0701  44,36  0,729 Desvio padrão da média
               0,09653

Fórmulas:

mm H g → 13,595mm H 2 0 K1
K L=
Ki
3 3
m m 1
→ =x
h s 3600 8
Ki= 2 2
π .D .g
∆ H total
∆H= D = 36,5mm = 0,0365m
44
2
∆H g=9,81 m/ s
K 1= 2
Q
Grafico H x Q

HxQ
7

6
f(x) = 619038.372475183 x² + 187.040485188281 x − 0.205428184143065
5 R² = 0.999196711787564

4
H (mH20)

0
0.0005 0.001 0.0015 0.002 0.0025 0.003 0.0035
Q (m3/s)
4.3. Perda de carga localizada em um registro esfera

Medição do ∆h em mmHg para a tubulação reta e a válvula de esfera

Neste teste, a leitura de ∆h deve ser obtida subtraindo os valores


correspondentes a cada vazão anotados no teste pra perda de carga na tubulação
reta.

REGISTRO DE ESFERA
Q Q ΔH ΔH K1 KL KL médio Incerteza Tipo A do coeficiente de
m³/h m³/s mmHg mH2O mH2O/(m³/s)² - - resistência
2,84  7,8 x10-4 3 0,040786   52,17  0,857 Variância da amostra
3,66  10,1 x10 -4
4  0,054382  53,76  0,883 0,36092
5,14  14,2 x10 -4
7  0,095168  67,01  1,101 Desvio padrão da amostra
6,52  18,1 x10-4 13  0,176741  97,62  1,604  0,60077
 1,518
7,80  21,6 x10 -4
17  0,231122  102,36  1,682 Variância da média
9,18  25,5 x10 -4
24  0,32629  127,952  2,102  0,30936
10,75  29,8 x10 -4
32  0,435054  145,97  2,399 Desvio padrão da média
             0,5562

Fórmulas:

mm H g → 13,595mm H 2 0 K1
K L=
Ki
3 3
m m 1
→ =x
h s 3600 8
Ki=
π . D 2. g
2

∆H
K 1=
Q
2 D = 36,5mm = 0,0365m

g=9,81 m/ s2
HxQ
5.00000
4.50000
4.00000 f(x) = 6001103.3878649 x² − 9113.75208369189 x + 3.79360315486764
R² = 0.980778475818529
3.50000
3.00000
H (mca)

2.50000
2.00000
1.50000
1.00000
0.50000
0.00000
0.0006 0.0008 0.001 0.0012 0.0014 0.0016 0.0018

Q (m3/s)
5 CONCLUSÃO
Com esta prática, foi possivel observar o comportamento do fluxo de fluidos
em relação às suas perdas de carga durante a sua passagem em diferentes
elementos. Assim de forma já esperada, comprovamos e observamos que, quanto
menor forem as interferências à passagem do fluido, menores serão as perdas de
carga no escoamento. Desta forma, o escoamento em uma tubulação com cotovelos
de 90 graus, apresenta maior perda de carga em relação a outras apenas com
tubulação reta e/ou válvulas. Observamos também que a perda de carga aumenta
proporcionalmente ao aumento da velocidade.

Em relação às medidas realizadas durante o experimento, a coluna de


mercúrio estava oscilando um pouco e o flutuador do rotâmetro estava girando,
podendo causar pequenas diferenças nos resultados. Fora isso, o experimento
apresentou resultados consistentes, sem valores discrepantes.

A obtenção de dados foi satisfatória, sem valores discrepantes. Houveram


alguns fatos, poucos, causadores de pequenos erros. Os valores obtidos foram
consistentes, podemos observar isto comparando os valores teóricos tabelados e os
valores obtidos experimentalmete. Os resultados obtidos para "f" e o valor padrão do
Ábaco de Moody se aproximaram bastante, onde uma pequena diferença pode ser
justificada pela escala utilizada no diagrama de Moody, que dificulta um pouco a
leitura, tornando-a não tão precisa.

Durante o experimento com o cotovelo de 90°,observamos que a perda de


carga aumentou bruscamente. Onde encontramos um valor não tão proximo, porém
valido de 0,567 comparado ao valor da perda tabelado em 0,90 para um cotovelo de
90º. Já a perda do registro esfera foi de 1,518 se mostrando bem próximo do valor
tabelado de 1,50.

Com isso, conclui-se que o experimento foi válido, e que demonstramos que é
possivel encontrar esses fatores de acordo com os experimentos adotaos no
laboratório, assim onde os valores se mostraram fiéis aos analisados, dentro de uma
margem de erro aceitavel.

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