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CÁLCULOS DA VENTILAÇÃO

Tanto na aeração natural como na artificial devem ser feitos dois poços (de entrada e de saída de
ar). O poço de saída está quase próximo da frente de trabalho.

As unidades usadas na aeração de minas podem ser:

Resistência: é a unidade que caracteriza a dificuldade da aeração na mina.

Orifício e Temperatura: são unidades que caracterizam a facilidade de aeração na mina.

a) Vazão (Q)

O cálculo da vazão de ar necessária para a ventilação de uma mina se efectua observando: a


quantidade de gases na mina, número máximo de trabalhadores na mina e a produção diária
requerida.

b) Perda de Carga (H)

A perda de carga condiciona a vazão necessária para a ventilação e será condicionada pela
resistência a vencer com a movimentação da corrente de ventilação. Se houver muita perda de
carga, ocorre o aumenta das perdas de ar.

Durante o escoamento do ar em galerias de mina subterrânea, ele perde pressão (sofre “perdas de
carga”), de dois modos:

 Por atrito do fluido contra a superfície das galerias (perdas Hf);


 Por turbulência (mudanças de direção em curvas, alargamentos e estreitamentos das
galeiras; perdas Hx).
A perda total é dada por:
W’t = W’f + W’x
 Perdas Hf por atrito (equação de Atkinson):

No Sistema Internacional de unidades (S.I.), tem-se:

W’f em Pa (N/m2);

k - factor de atrito, dado em Ns2m-4;

P - perímetro da galeria, dado em m;

L - comprimento da galeria, dado em m;

A - área de seção da galeria, dada em m2;

Q - vazão de ar, dada em m3/s.

O factor de atrito k é um parâmetro importante e pode ser obtido em tabelas ou por meio de
medidas conduzidas nos locais de interesse. Em geral, o valor de k apresenta-se entre 0.01 e 0.02
Ns2m-4.

As variáveis podem ser condensadas em um único parâmetro Rf, denominado “resistência

de galeria”.

Rf é dado (no SI) em Ns2m-8. Assim, Hf pode ser escrito como:

 Perdas de pressão Hx por turbulência do ar:

Perdas por turbulência (“shock losses”) podem ser expressas da seguinte forma:

Onde:

ρ = massa específica do ar (kg/m3);

v = velocidade média de escoamento do ar (m/s);


X = fator de perdas por turbulência (adimensional);

Rx = resistência devida à turbulência do ar.

O fator X é estimado a partir de tabelas obtidas.

c) Velocidade da Corrente (v)

O valor mínimo da velocidade não deve ser menor que 0,2 m/s. O valor máximo é de 6 m/s nas
galerias onde existe circulação de trabalhadores podendo, chegar a valores de 8 m/s em locais
que servem apenas para a circulação do ar, como: poço de ventilação, furos de ventilação, entre
outros. A velocidade é ligada à vazão pela fórmula:

d) Orifício Equivalente (A):

Orifício equivalente (A) é a secção em m2, de um orifício para o qual haveria a mesma vazão,
com a mesma perda de carga. É uma característica sugerida por Murgue, para traduzir a relação
entre a vazão e a perda de carga.

Considera-se:

A <1m2: ventilação difícil

1m2 <A <2m2: ventilação média

A> 2m2: ventilação fácil


e) Resistência

A resistência de ar é a unidade que dificulta a circulação do ar numa galeria, depende


basicamente da rugosidade das paredes das galerias bem com da variação da secção das galerias
(aumento ou diminuição súbita), pela presença das portas de regulação e pelas curvaturas. Ele
pode ser expressa pela seguinte expressão:
A resistência pode ser: Efectiva( M): expressada em “Murgue” ou Aerodinâmica (R)

Se

Relação entre Perda de Carga devido ao Orifício e Perda de Carga devido Resistência do Ar

Se

CIRCUITOS BÁSICOS DE VENTILAÇÃO

Além da ventilação natural, existem outros dois circuitos de ventilação: ventilação principal e
ventilação secundária.

Circuito principal: Utiliza os ventiladores principais que irão forçar o ar através do circuito de
ventilação. Este circuito é formado por galerias de entrada de ar, galerias de retorno de ar impuro,
e os tapumes, paredes, portas, pontes e reguladores que completam o sistema.
Circuito secundário: Utiliza os ventiladores, dutos e exaustores que transportam o ar nos painéis,
nas frentes de trabalho.

O circuito principal de ventilação tem como função conduzir o ar novo até as frentes de trabalho
mais distantes na quantidade suficiente para atender as necessidades, deve-se levar em
consideração que para isso será necessário superar as resistências ao deslocamento do ar através
das galerias e nos obstáculos como máquinas, obstruções por entupimento de galerias. Quanto
maior for a resistência ao deslocamento do ar menor será a quantidade de ar impulsionada pelo
ventilador. Outra função do circuito principal é a exaustão do ar impuro e pó das frentes de lavra,
retornando pela galeria de reconhecimento e saindo pelo poço.

A respeito do circuito secundário, este apresenta como função a condução através de dutos do ar
puro e refrigerado pelas plantas até as frentes de trabalho. Este ar que é conduzido será utilizado
na respiração do homem, diluição dos gases e diminuição da temperatura. Sua outra função é a
exaustão do pó presente nas frentes de lavra.

Circuitos

Os circuitos de ventilação são semelhantes aos circuitos elétricos. As leis desenvolvidas pelo
físico Kirchhoff são aplicadas no circuito de ventilação assim como a Lei de Ohm e a Equação de
Atkinson. Há duas formas básicas nos caminhos do ar em um sistema de ventilação e uma
combinação das mesmas.

 Em Série

A mesma vazão passa por R1 e R2; a perda de carga total é a soma das perdas em R1 e R2.

Req = R1 + R2

Qeq = Q1 = Q2

W’eq = W’1 + W’2


 Em Paralelo

A vazão que passa em cada galeria é uma fração da vazão total; a perda de carga em R 1 é igual à
perda em R2.

Qeq = Q1 + Q2

W’eq = W’1 = W’2

NOTA:

 No circuito de ventilação em série, somam-se as resistências efectivas (M) em “Murgue”


 No circuito de ventilação em paralelo somam-se os orifícios equivalentes (A)

Exemplo:

Dada a seguinte rede de ventilação:

M1-2 =4,4; M2-X-5 = 1,8; M2-3 = 1,2; M3-a-4 = 3,2; M3-b-4 = 2; M4-5 = 1; M5-6 = 2,5

Determine:
a) O orifício equivalente e a resistência efectiva (M).
b) A vazão de ar por cada ramo sabendo que QT = 100m3/min.

Resolução

a)

Ramos Classe Principal Classe I Classe II

A M A M A M

3-a-4 6,7 3,2

3-b-4 8.5 2

3-4 0,6 15,2

2-3 1,2

4-5 1

2-3-4-5 7,2 2,8

2-x-5 8,9 1,8

2-5 0,6 16,1

1-2 4,4

5-6 2,5

1-6 4,4 7,5

Resposta:

a) O orifício Equivalente (A) é igual a 4,4 m2 e a Resistência Efectiva (M) é igual 7,5 M.
b)

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