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Natália Michelan
Hidráulica
Natália Michelan
Reitor: Marcelo Palmério
Capa e Editoração: Andresa G. Zam; Diego R. Pinaffo; Fernando T. Evangelista; Renata Sguissardi
ISBN: ???????????????????????
CDD: ???
Até que a ideia se transformasse em realidade, Mário Palmério pôs em prática ou-
tras duas ações. Transferiu a sede do Lyceu, mais tarde chamado de Colégio Triângulo
Mineiro, para um conjunto de edifícios onde, hoje, funciona o Campus Centro e criou a
Escola Técnica de Comércio do Triângulo Mineiro.
Hidráulica
Natália Michelan
No Capítulo V, é exposto o escoamento permanente uniforme da água, fato que está re-
lacionado com o escoamento em canais, ou conhecido também por condutos livres, sendo
assim, será abordado concomitantemente o dimensionamento de canais.
Os Capítulos VI e VII abordam dois campos do escoamento em condutos livres, no qual
denominam-se energia específica e ressalto hidráulico. A primeira é medida a partir do fun-
do do canal, dado pela soma de cargas, e o segundo, é muito utilizado como um dissipador
de energia.
Ensinar é um prazer, passar adiante tudo o que se aprendeu é estar engajada em seme-
ar a transformação em parceria com o aluno.
Bons estudos!
sumário
CAPÍTULO 1: Escoamento Permanente em Dutos
Perdas de Carga: distribuída e localizada 13
Condutos equivalentes.......................................................................... 37
Distribuição em marcha........................................................................ 41
Redes de distribuição de água.............................................................. 43
Sistemas de recalque............................................................................ 57
Bombas – associações......................................................................... 61
Cavitação.............................................................................................. 66
Vertedores ........................................................................................... 77
Orifícios................................................................................................ 86
Comportas............................................................................................ 92
CAPÍTULO 5: Escoamento permanente uniforme
e dimensionamento de canais 97
CONCLUSÃO 175
Capítulo
Escoamento Permanente
1
em Dutos
Perdas de Carga:
distribuída e localizada
Natália Michelan
inTrODUçãO
A água não se distribui uniformemente no tempo e no espaço. Grandes massas
ocorrem distantes dos centros populacionais ou, quando próximas, podem se apre-
Sabendo-se deste fato, Hidráulica (do grego hydor, água, e aulos, tubo, condução)
drostática está relacionada com o estudo das condições de equilíbrio dos líquidos
ESQUEMA
• Classificação dos escoamentos
a. Forçado
fechado e o fluido ocupa toda a seção transversal do conduto, escoando sob pres-
b. Livre
O conduto pode ser aberto ou fechado e apresenta uma superfície livre onde
das cotas topográficas (fig. 1 - a, b e c). São exemplo: canais fluviais, rios naturais,
Hidráulica 15
Figura 1 – Esquema de escoamentos Livres e Forçado
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1922289/caracterizacao-dos
-escoamentos>. Acessado: 07 jan. 2016.
a. Laminar
camadas ou lâminas que não se misturam (fig. 2 - a), em geral, esse escoamento
b. Turbulento
las mais lentas, mais rápidas, ou seja, movem-se em trajetória irregulares, ocupando
16 Capítulo 1
Figura 2 – Esquema de fluxos de escoamentos laminar e turbulento
Fonte: Picolo, Rühler e Rampinelli (2014)
Em que:
Hidráulica 17
Laminar <500 <2300
a. Permanente
uma seção definida, as grandezas físicas de interesse não variam com o decorrer do
Em que:
do escoamento (m/s).
b. Variável
tempo.
18 Capítulo 1
Em que:
do escoamento (m/s).
a. Uniforme
Em que:
b. Variado
Em que:
Hidráulica 19
- Quanto ao número de dimensões envolvidas
podemos considerá-los:
a. Unidimensionais
ção transversal ao escoamento são desprezíveis (fig. 3) ou podem ser tomados seus
b. Bidimensionais
nadas apenas, ou seja, num plano paralelo ao do escoamento (fig. 4), não havendo
20 Capítulo 1
Figura 4 – Escoamento Bidimensional
Fonte: Disponível em: < http://slideplayer.com.br/slide/350762/>. Acessado em: 07 jan. 2016.
c. Tridimensionais
a. Rotacionais
a um eixo qualquer.
Hidráulica 21
b. Irrotacionais
a. Incompressíveis
b. Compressíveis
- Quanto à viscosidade
a. Viscosos
22 Capítulo 1
b. Não viscosos
viscosidade nula.
a. Internos
pressão e cavitação.
b. Externos
de escoamento.
Hidráulica 23
- Equação da continuidade
tempo é:
invariável, logo:
24 Capítulo 1
ou
Hidráulica 25
Ou seja:
Em que:
a um referencial ou DATUM;
→ perda de carga.
26 Capítulo 1
do processo são medidas (vazão, comprimentos etc.). Prever é o grande desafio
da Hidráulica! Estes estudos foram facilitados após a definição de camada limite feita
didáticos, adotaremos .
referência DATUM.
relação ao DATUM.
Hidráulica 27
c. Energia cinética → estado de energia do sistema determinado pelo movimen-
to do fluido.
unidade têm dimensão de comprimento (m, in, ft). Na equação de Bernoulli, todos os
Em condutos forçados:
28 Capítulo 1
Figura 8 – Plano de carga em condutos forçados
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1922345/equacoes-fundamen-
tais-hidraulica->. Acessado em: 07 jan. 2016.
Em condutos livres:
Hidráulica 29
Quando a velocidade do escoamento é zero, isto é, o fluido está parado e não há
PERDA DE CARGA
A perda de carga é a diminuição de energia que o fluido sofre ao longo do percur-
so, até seu destino final. Ela é fruto do atrito entre as camadas de fluido, quando o
de válvulas) e curvas.
Por outro lado, quando o escoamento é turbulento, essa energia se perde pelo
30 Capítulo 1
Perda de Carga Distribuída
O escoamento de um fluido numa tubulação é acompanhado de perda contínua
da e saída fica:
empírica:
Hidráulica 31
Perda de Carga Localizada
O escoamento em uma tubulação pode exigir a passagem do fluido através de
vários acessórios, curvas ou mudanças súbitas de área. Perdas de carga são encon-
Uma entrada mal projetada de um tubo pode causar uma perda localizada con-
quinas e uma “veia contraída” é formada. Já em uma saída não é possível melhorar
As perdas de carga causadas por variação de área podem ser reduzidas com a
instalação de bocais ou ainda com difusores entre as duas seções de tubo reto.
Quanto às perdas causadas por válvulas e acessórios, em geral, podem ser ex-
32 Capítulo 1
Considerações Finais
Esta primeira parte do estudo de Hidráulica é baseado no entendimento de es-
caso das perdas de carga, que terá aplicação prática, além da disciplina de Hidráulica,
REFLITA!
Se em uma tubulação a pressão for negativa, quais os possíveis problemas que podem
ocorrer em uma coluna d’água?
INDICAÇÃO DE LEITURA
PORTO, Rodrigo De Melo. Hidráulica básica. 4 ed. São Carlos: EESC-USP,
2006. 520 p.
Hidráulica 33
Anotações
Capítulo
2 sistemas de
tubulações
Natália Michelan
inTrODUçãO
Tubulações vão de um canto a outro transportando uma vazão constante, por um
só tubo, ou por dois, ou até mesmo por mais tubos menores instalados, de diâmetro
menor, ou maiores, fazendo que chegue mais ou menos água em cada sistema de
tubulações.
conduzir uma mesma vazão com a mesma perda de carga total, ou seja, com a
mesma energia.
Porém, nem sempre a vazão de entrada em uma tubulação é igual à vazão de saída,
derivações ao longo desse percurso, onde a água vai sendo consumida e de cada um
desses pontos para jusante a vazão é menor que a anterior (NETTO, et al., 1998).
Para o abastecimento de água de uma cidade, há uma infi nidade de sistemas que
conduz água para os pontos de consumo (prédio, indústrias etc.). Esses sistemas
Hidráulica 35
Em projetos, as divisões das redes de distribuições nem sempre ocorrem ou são
minimizar problemas, permitindo ainda realizar novas ligações facilmente com a tu-
bulação em carga.
Objetivos de aprendizagem
• Compreender o escoamento de água em condutos equivalentes em série
e em paralelo.
esquema
• Condutos equivalentes: tubulações simples, em série e em paralelo
• Distribuição em marcha
36 Capítulo 2
CONDUTOS EQUIVALENTES
Um conduto é equivalente a outro ou a outros quando escoa a mesma vazão
sob a mesma perda de carga total. Pode-se ter uma gama de condutos equivalen-
Hazen-Williams:
Além desta, a fórmula de Darcy-Weisbach vem sendo cada vez mais usada:
Ela serve para todos os diâmetros, para qualquer material e para qualquer fluido,
Tubulações Simples
A comparação de tubulações simples leva sempre a um dos seguintes casos:
Hidráulica 37
a. Tubulações de mesmo diâmetro e coeficientes de rugosidade diferentes. Para
a fórmula de Hazen-Williams:
Darcy-Weisbach, e .
Condutos em série
As perdas de cargas se somam para uma mesma vazão, assim, os condutos em
38 Capítulo 2
Figura 10 – Esquema de condutos em série
Fonte: Guedes, 2015.
comprimentos podem não ser iguais, sendo: a perda de carga contínua no trecho
temos que:
pode ser representada continuamente. Desta forma, quanto menor o diâmetro, maior
a perda de carga (para uma mesma ) e maior também a inclinação da linha pie-
Hidráulica 39
Simplificadamente temos que:
ficiente .
Condutos em paralelo
Este sistema é mais complexo que o sistema em série, pois são compostos de
vários condutos que têm em comum as extremidades iniciais e finais. Sendo que a
40 Capítulo 2
Ou seja, quanto à perda de carga total apresenta-se a mesma para cada conduto.
DISTRIBUIÇÃO EM MARCHA
Consiste no momento em que a água é distribuída por meio de várias derivações
das de carga entre duas derivações sucessivas, pois apresentam número elevado
Hidráulica 41
Figura 12 – Esquema de distribuição em marcha
Fonte: Disponível em: < https://www.passeidireto.com/arquivo/1922467/distribuicao-de-va-
zao-em-marcha>. Acessado em: 07 jan. 2016.
cha, esta será uniforme em cada trecho elementar do conduto, sendo a vazão
carga ( ), deverá ser usada uma vazão fictícia ou equivalente, isto é, uma
42 Capítulo 2
vazão constante que, percorrendo toda a extensão do conduto, produz a mesma perda
uma vazão muito maior do que a que realmente percorre o conduto, e se usarmos
a montante estaremos usando para o cálculo uma vazão muito menor do que a que
de diâmetro dos condutos. Já os trechos são tubulações entre dois nós, e o final de
Hidráulica 43
Existem essencialmente dois tipos de redes de distribuição em condutos força-
Redes Ramificadas
Nas redes ramificadas, a circulação da água nos condutos tem sentido único, e o
lação tronco, que pode ser alimentado por gravidade ou por bombeamento, e a água
Seu grande inconveniente está no fato de que todo o abastecimento fica sujeito
ocorreu o acidente.
44 Capítulo 2
Pode ser classificada como espinha de peixe, nas quais os condutos principais
animal.
Hidráulica 45
Considera-se a vazão por metro linear de conduto, com a seguinte expressão:
(depende de vários fatores), é o comprimento total da rede (m), a cota per capita
(L/dia).
01 Número do trecho. Cada trecho deve ser numerado de acordo com uma sequência racional.
05
Vazão em marcha, (L/s).
07
Vazão fictícia, (L/s).
08
Diâmetro,
09
Velocidade média, (m/s).
46 Capítulo 2
10 Cotas piezométricas de montante (m).
17 Observações diversas.
Redes Malhadas
Nas redes malhadas, os condutos formam circuitos, anéis ou malhas, geralmen-
sentidos dos condutos, em função da demanda. Podem ser alimentadas por gravi-
Hidráulica 47
A vazão de distribuição refere-se à área a ser servida pela rede:
Para o dimensionamento das redes malhadas, entre os nós, estas redes são cal-
O encontro dos erros é muito rápida, geralmente, após três tentativas obtemos pre-
cisão satisfatória, outra vantagem é que podemos reduzir a rede de condutos aos
seus valores principais. O método deve obedecer dois princípios para o ajuste das
vazões:
a. Continuidade, em que será aplicada aos nós a soma das vazões afluentes
(que chegam ao nó), sendo esta igual à soma das vazões que deixam o nó.
48 Capítulo 2
b. Conservação de energia, na qual é aplicada aos anéis a soma das perdas de
carga nos condutos que formam o anel é zero, atribui-se à perda de carga a
em todo o anel;
Hidráulica 49
Em redes malhadas mais complexas, onde existe mais de um anel a ser equi-
librado, o procedimento deve ser feito simultaneamente para todos os anéis exis-
tentes. Existirão trechos que pertencem a dois ou mais anéis, conforme se pode
Desta forma, o trecho AC no anel 1 tem sinal positivo, e o mesmo trecho no anel 2
Nestes trechos, as vazões devem ser corrigidas pelos dois obtidos segundo
as seguintes equações:
50 Capítulo 2
Quando realizada a correção, os valores das duas vazões devem continuar
iguais, alterando-se apenas os sinais, pois, na prática, não é possível se ter no mes-
Hidráulica 51
Considerações Finais
O fornecimento de água exerce total influência no desenvolvimento das cidades,
de condução de água, dentre outros tópicos vistos nesta unidade, devem ser objetos
REFLITA!
Podemos substituir uma tubulação de diâmetro de 800mm por duas tubulações paralelas?
Qual é o diâmetro que elas devem apresentar?
INDICAÇÃO DE LEITURA
NETTO, J. M. D. A. et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher
Capítulo 2
Anotações
Hidráulica
Anotações
Capítulo
instalações de
3 recalque, bombas e
cavitação
Natália Michelan
inTrODUçãO
Grande parte do que foi discutido nas unidades anteriores referiu-se ao escoamento
transporte de água.
Em muitos casos, entretanto, não há esta disponibilidade de cotas topográfi cas, sen-
co, as bombas.
ObjETivOs DE APrEnDizAgEm
• Compreender como dimensionar os sistemas de recalque.
Hidráulica 55
esquema
• Instalações de linha de recalque
• Bombas e associações
• Cavitação em bombas
56 Capítulo 3
SISTEMAS DE RECALQUE
Consiste em canalizações que são elevadas por meios mecânicos. Os sistemas
junto de moto-bomba.
Hidráulica 57
b. Altura manométrica: quando o sistema opera com perdas de cargas aciden-
ou
58 Capítulo 3
Figura 20 – Rede de recalque
Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAADDEAE/resumo-bombas>.
Acessado em: 15 jan. 2016.
A altura manométrica representa a altura que a bomba terá que vencer para
Hidráulica 59
O dimensionamento das linhas de recalque é um problema hidraulicamente inde-
0,75 e 1,40.
adotados.
BOMBAS – ASSOCIAÇÕES
As bombas são denominadas como equipamentos que promovem as trocas en-
Os sentidos das suas trocas são determinados em turbinas que recebem energia
das máquinas motrizes. As bombas que recebem energia mecânica dos motores que as
As bombas são classificadas sob dois pontos de vista: o que considera as ca-
ças estáticas, bem como das velocidades relativas entre o escoamento e as partes
Hidráulica 61
móveis, podendo ser de dois tipos: as alternativas, em que o escoamento é intermi-
direção do raio do rotor, a bomba será radial, mas, caso o fluxo acompanhar o eixo,
62 Capítulo 3
Figura 22 – Turbobombas
Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/361406/>. Acessado em: 15 jan. 2016.
de 1,00m:
tipo situa-se dentro de uma faixa de valores destas velocidades se houver, contudo,
- Tipo de rotores: os rotores das bombas centrífugas podem ser fechados, aber-
são fixadas as pás. Os rotores abertos são constituídos de um cubo de roda ao qual
Hidráulica 63
se fixam as pás. Quando existe somente uma placa de fixação das pás, dizemos que
o rotor é semiaberto.
cessitamos utilizar bombas de dois ou mais estágios, sendo que cada rotor é respon-
no poço de sucção, a bomba pode ser afogada ou não, ou seja, quando seu eixo es-
do-se o registro. Existem casos em que o conjunto todo é afogado, ou seja, motor
64 Capítulo 3
Figura 24 – Bomba afogada
Fonte: Disponível em: <http://www.dancor.com.br/treinamento/dicasemacetes/desnivel_de_
succao.php>. Acessado em: 15 jan. 2016.
por um motor de eixo prolongado, para ficar fora da água, algumas podem trabalhar
fora d’água mas afogadas, e os motores que se situam em nível elevado devem ficar
ao abrigo de inundações.
Hidráulica 65
CAVITAÇÃO
O fenômeno decorre do escoamento do fluido (temperatura constante), que pas-
sa por uma região de baixa pressão, chegando a atingir pressões inferiores à sua
çam zonas de altas pressões em seu caminho através da bomba. Como esta passa-
dade, produzindo ondas de alta pressão em áreas reduzidas. Estas pressões podem
66 Capítulo 3
Figura 27 – Região onde ocorre a formação das bolhas
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/2276000/cavitacao>. Acessado
em: 15 jan. 2016.
segundos.
da bomba, estas podem ser erodidas. Consequentemente, pode vir a ocorrer o golpe
Hidráulica 67
Figura 28 – Erosão em equipamentos devido à cavitação
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/2276000/cavitacao>. Acessado
em: 15 jan. 2016.
acentuada pelo aparecimento das limalhas após o início da corrosão, também ocorre
a corrosão química devido à liberação de oxigênio pelo líquido, o que acaba indu-
qual em todos os pontos do percurso do líquido a pressão interna é maior que a sua
68 Capítulo 3
Figura 29 – Instalação elevatória típica
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/2276000/cavitacao>. Acessado
em: 15 jan. 2016.
Hidráulica 69
Observe que, dos termos desta equação, o único que facilita o processo de suc-
Em que: NPSH – Net Positive Suction Head, ou carga líquida para sucção.
para permitir que a sucção do líquido tenha seu valor máximo quando .
succionar o fluido sem cavitar, esta curva é característica fornecida pelo fabricante
da bomba.
70 Capítulo 3
Dessa forma, é importante que algumas análises sejam observadas, pois, quan-
nimo que a bomba requer para funcionar sem cavitar, assim, tal fato será evitado
quando .
seguinte aproximação:
Considerações Finais
A condução de água em diferentes alturas foi estudada nesta unidade. As insta-
lações de água e de esgoto geralmente são equipadas com bombas acionadas por
motores elétricos, estas também podem ser encontradas nos mais diversos ambien-
comerciais e hotéis.
Hidráulica 71
FIQUE POR DENTRO!
Bombas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-qH7yNa-3cM>. Acessado
em: jan. 2016.
REFLITA!
Uma bomba centrífuga de 20HP, 40L/s e 3m de Hm está funcionando com 1750rpm. Quais
as consequências de uma alteração de velocidade para 1450rpm?
INDICAÇÃO DE LEITURA
SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica geral. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
Capítulo 3
Anotações
Hidráulica
Anotações
Capítulo
4 vertedores, orifícios
e comportas
Natália Michelan
inTrODUçãO
Serão analisados nesta unidade alguns tipos de escoamentos de escala e as ca-
racterísticas distintas dos escoamentos em canais tratados até agora. O estudo dos
lica, como projetos de irrigação, eclusas para navegação fl uvial, bacias de deten-
ObjETivOs DE APrEnDizAgEm
• Compreender a definição de escoamento e suas classificações.
Hidráulica 75
• Compreender os fatores adversos que ocorrem em um escoamento,
como as perdas de carga.
esquema
• Classificação dos escoamentos
76 Capítulo 4
VERTEDORES
Vertedores são estruturas hidráulicas utilizadas para medir indiretamente a vazão
em condutos livres por meio de uma abertura (entalhe) feita no alto de uma parede
pressão atmosférica.
vertedor retangular.
za) da parede (e), pois podem apresentar uma parede delgada (e < 2/3 H), cuja
Hidráulica 77
espessura (e) não é suficiente para que sobre ela se estabeleça o paralelismo entre
as linhas de corrente; ou uma parede espessa (e > 2/3 H), em que a espessura (e)
Outro fator a ser considerado é o comprimento da soleira (L), que pode ser um
vertedor sem contração lateral (L = B), em que o escoamento não apresenta con-
passar pela estrutura hidráulica (Figuras 32a, 32b), ou pode ser classificado como
vertedor com contração lateral (L < B), nesse caso a linha de corrente se deprime
ao passar pela soleira do vertedor, podendo-se ter uma (Figuras 32c, 32d) ou ainda,
78 Capítulo 4
Figura 32 – Vertedor: (a) sem contração lateral; (b) vista de cima sem contração lateral; (c)
com uma contração lateral; d) vista de cima com uma contração lateral – linha de corrente
deprimida (lado direito); (e) duas contrações laterais; e (f) vista de cima com duas contra-
ções laterais – linha de corrente deprimida (lado direito e esquerdo)
Fonte: Guedes, 2005.
tedor que está em contato com a água, conforme apresentada na figura 33.
Hidráulica 79
Figura 33 – Face de montante: (a) na vertical; (b) inclinado a montante; e (c) inclinado a
jusante
Fonte: Guedes, 2005.
A relação entre o nível da água a jusante (P’) e a altura do vertedor (P) pode
a pressão atmosférica (Figura 34a). Esta é a situação que mais tem sido estudada
e a mais prática para a medição da vazão, devendo por isso ser observada quando
na instalação do vertedor.
A situação do vertedor afogado (Figura 34a) deve ser evitada na prática, pois há
poucos estudos sobre ela, sendo difícil medir a carga hidráulica H para o cálculo da
Figura 34 – (a) Vertedor operado em condições de descarga livre (P > P’); (b) Vertedor afo-
gado (P < P’)
Fonte: Guedes, 2015.
80 Capítulo 4
A equação geral da vazão, consideraremos um vertedor de parede delgada e de
seção geométrica qualquer (retangular, triangular, circular etc.), desde que seja regu-
lar, ou seja, que possa ser dividida em duas partes iguais. Na figura 35, está apresen-
de Bernoulli entre as seções (0) e (1), para a linha de corrente genérica AB, com
referência em A, tem-se:
Hidráulica 81
Para todas as situações em que o escoamento for tratado como ideal, a velocida-
de será sempre ideal ou teórica (Vth), pela mesma razão, quando se trata da vazão,
E,
vertedor de parede delgada, a expressão geral para a vazão (Q) é dada por:
Lembrando que esta equação só é aplicada aos casos em que o eixo y divide o ver-
tedor em duas partes iguais, que são os casos mais comuns na prática.
- Vertedor retangular
82 Capítulo 4
Conforme mostra a figura a seguir:
0,6224.
Hidráulica 83
- Vertedor triangular
forma de um triângulo isósceles, uma vez que o eixo das ordenadas (y) divide a se-
OBS.: Para pequenas vazões, o vertedor triangular é mais preciso que o retangu-
lar (aumenta o valor de H a ser lido quando comparado com o retangular), entretan-
to, para maiores vazões, ele passa a ser menos preciso, pois qualquer erro de leitura
84 Capítulo 4
- Vertedor trapezoidal
do. Esse vertedor apresenta taludes de 1:4 (1 na horizontal para 4 na vertical) para
Por razões de simplicidade, a vazão pode ser calculada como a soma das vazões
vazão e o de parede espessa faz parte, geralmente, de uma estrutura hidráulica (verte-
dor de barragem, por exemplo), podendo também ser usado como medidor de vazão.
Hidráulica 85
ORIFÍCIOS
Orifícios são aberturas de perímetro fechado (geralmente de forma geométrica co-
São classificados quanto a sua forma geométrica, podendo ser retangulares, cir-
que são assim definidas quando suas dimensões forem muito menores que a pro-
fundidade (h) em que se encontram. Na prática, d ≤ h/3 ou grande, quando d > h/3,
86 Capítulo 4
As paredes dos orifícios podem ser consideradas delgadas (e < d), nos quais, a
veia líquida toca apenas a face interna da parede do reservatório, ou seja, o líquido
toca o perímetro da abertura segundo uma linha (figura 40a); ou de parede espessa
(e ≥ d), quando a veia líquida toca quase toda a parede do reservatório (figura 40b).
Esse caso será enquadrado no estudo dos bocais (os orifícios de parede espessa
Quando a parede é horizontal e h < 3.d, ocorre o chamado vórtice, o qual afeta o
Hidráulica 87
Figura 41 – Orifícios com escoamento livre (a) e afogado (b)
Fonte: Guedes, 2015.
Uma seção contraída é aquela seção do orifício na qual observa-se uma mu-
dança nas linhas de corrente do jato d’água ao passar pelo orifício. Diz-se que a
todas as direções, o que ocorre quando o mesmo não está suficientemente afastado
das paredes e do fundo. A experiência mostra que, para haver contração completa,
o orifício deve estar afastado das paredes laterais e do fundo, ao menos, 3 vezes a
sua menor dimensão. Como a contração da veia líquida diminui a seção útil de esco-
88 Capítulo 4
Figura 42 – Seção contraída do jato de água que escoa pelo orifício.
Fonte: Guedes, 2015.
Neste caso, admite-se que todas as partículas que atravessam o orifício têm a
mesma velocidade e que os níveis da água são constantes nos dois reservatórios.
Hidráulica 89
- Vazão em orifícios com escoamento livre
é um pouco maior para escoamento livre. Em casos práticos, podem ser adotados
Nesse caso, não se pode mais admitir que todas as partículas possuam a mesma
pequenas, onde pode ser aplicada a equação deduzida para orifícios pequenos.
90 Capítulo 4
Para o caso de orifícios com seção retangular (x = L):
vertedor.
Hidráulica 91
- Vazão em orifícios contração incompleta
relacionado com o coeficiente de vazão para contração completa (CQ) pela seguinte
COMPORTAS
Comportas são os equipamentos que permitem o controle da vazão da água em
larização de vazões.
92 Capítulo 4
As ações que se fazem sentir em comportas são, essencialmente, de dois tipos:
de relativa fácil obtenção, o mesmo não acontece com o segundo tipo em que, por
Considerações Finais
Os assuntos aqui abordados fazem parte de uma gama de conhecimento teóri-
entendimento dos acontecimentos físicos dos escoamentos em canais, uma vez que
Hidráulica 93
FIQUE POR DENTRO!
Vertedores – parte I, II e III. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=io7i_
A3IQ-o>. Acessado em: jan. 2016.
REFLITA!
Faça uma associação do conteúdo visto nesta unidade com as aplicações em seu cotidiano.
INDICAÇÃO DE LEITURA
NETTO, J. M. D. A. et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher LTDA,
1998. 670 p.
Capítulo 4
Anotações
Hidráulica
Anotações
Capítulo
Escoamento
5 permanente uniforme
e dimensionamento
de canais
Natália Michelan
inTrODUçãO
Todo o equacionamento apresentado refere-se a escoamentos em regime uniforme
que, vamos analisar casos simples como forma de apresentar os conceitos básicos
de hidráulica de canais.
ObjETivOs DE APrEnDizAgEm
• Compreender no que consiste o escoamento permanente uniforme.
Hidráulica 97
Esquema
• Escoamento permanente uniforme
• Dimensionamento de canais
98 Capítulo 5
ESCOAMENTO PERMANENTE UNIFORME
O escoamento da água que está em superfícies que estão sujeitas à pressão
ferentes secções dos canais, as quais devemos conhecer para, assim, estudar como
- Seção transversal
molhada
Hidráulica 99
Figura 44 - Elementos geométricos da seção transversal dos canais
Fonte: Guedes, 2015.
- Seção longitudinal
(I = tg).
100 Capítulo 5
Escoamento em regime fluvial permanente e uniforme
Este tipo de escoamento só ocorre em canais prismáticos de grande comprimen-
to, ou seja, para aqueles canais que apresentam a mesma seção transversal (com
to, além da mesma rugosidade das paredes. Nesse caso, a superfície da água, a
Quando a declividade (I) é forte (I > Ic), o escoamento permanente uniforme su-
Hidráulica 101
Quando a declividade (I) é fraca, o escoamento permanente uniforme subcrítico
regime permanente uniforme crítico em toda a sua extensão. Essa situação é instá-
102 Capítulo 5
Figura 47 - Perfil longitudinal para um escoamento crítico (yn = yc)
Fonte: Guedes, 2015.
Pela ação da gravidade, nos canais de declividade fraca (Figura 53), a velocidade
origem à força de atrito ou tangencial que se opõe ao escoamento; essa força é pro-
Hidráulica 103
Equações utilizadas no dimensionamento de canais operando em
regime permanente e uniforme
- Equação de Chézy
ou de Manning.
Em que: - coeficiente de Bazin, pode ser obtido na Em que: n - coeficiente de Manning, pode ser obtido
literatura na literatura
escreve:
Manning, obtemos:
104 Capítulo 5
Nesta equação válida para qualquer seção, o segundo membro depende somen-
do (b), que, neste caso, supõem-se que sejam conhecidos n, Q, I, z e yn. Sendo,
e e , substituindo obtemos:
Hidráulica 105
Para casos de canais retangulares, basta usar a curva construída para z = 0.
Após escolhida uma determinada forma geométrica, existe mais de uma com-
106 Capítulo 5
Fonte: Adaptada de Guedes, 2015.
Para obtermos seções de máxima eficiência quanto a sua vazão, nos baseamos
na seguinte equação:
Uma maior vazão (Q) poderá ser conseguida aumentando-se a área (A), o que
em perigo de erosão além de perda de altura, para terrenos com baixa declividade;
dezas constantes, ou seja: para uma mesma área, uma mesma declividade de fundo
Hidráulica 107
e a mesma rugosidade (n), uma maior vazão é conseguida com um aumento do raio
hidráulico (R). Como R = A/P, e já que A deverá ser mantida constante, o perímetro
molhado deverá ser diminuído. Quando o perímetro molhado for mínimo, R será
máximo e Q também.
Tabela 4 - Equações para canais de máxima vazão também chamados de: canais de mínimo
perímetro molhado, canais de seção econômica, canais de máxima eficiência, canais de mí-
nimo custo
Raio Largura da Largura do
Área Perímetro Profundidade
Seção hidráulico superfície fundo
molhada (A) molhado (P) média (ym)
(R) (B) (b)
ções impostas pela qualidade da água transportada e pela natureza das paredes e
108 Capítulo 5
Determina-se a velocidade mínima (Vmín) permissível, tendo em vista o material
vista a natureza das paredes do canal. É definida como sendo a velocidade acima
feito atuando na declividade de fundo (para evitar grandes velocidades); e nas di-
com grande descarga sólida (caso dos coletores de esgotos sanitários) ou em canais
Hidráulica 109
submetidos a grandes variações de vazões (caso dos canais de retificação dos cur-
a seção do canal deve ser dimensionada para suportar a vazão de cheia ou vazão
das paredes.
Os canais circulares são mais aplicados na maioria das obras em que são
110 Capítulo 5
necessárias seções fechadas. A diferença entre os pontos máximos pode ser conta-
ga-se a:
várias alturas d’água. Também é necessário saber, para uma determinada lâmina
d’água, qual é a relação entre a vazão que está escoando e aquela que escoaria se
Hidráulica 111
As relações entre o raio hidráulico, a velocidade e a vazão em uma determinada
112 Capítulo 5
DIMENSIONAMENTO DE CANAIS
Aplicando a equação de continuidade na equação de Chézy-Manning, tem-se:
solução fica não explícita e deve ser obtida por métodos numéricos, ábacos, tabelas
ou tentativas.
continuidade, para calcular qual será a vazão com os valores assumidos. A relação
não sejam idênticas, repetir os cálculos até encontrar dois valores idênticos para
Hidráulica 113
- Utilizando as fórmulas de seção econômica
de Chézy-Manning, porém seu valor pode ser restringido por limitações da qualidade
114 Capítulo 5
possibilitar a sedimentação de partículas em suspensão, obstruindo o canal.
Hidráulica 115
Tabela 6 – Velocidades mínimas em um canal a fim de evitar sedimentação
Tipo de suspensão na água Velocidade (m .s -1 )
116 Capítulo 5
Considerações Finais
Uma importante característica da hidráulica dos canais, além da superfície livre,
REFLITA!
O estudo de escoamentos permanentes uniformes pode ser aplicado na prática em quais
situações?
INDICAÇÃO DE LEITURA
PORTO, Rodrigo De Melo. Hidráulica básica. 4. ed. São Carlos: EESC-USP,
2006. 520 p.
Hidráulica 117
Anotações
Capítulo
6 Energia
específica
Natália Michelan
inTrODUçãO
A energia específi ca é medida a partir do fundo do canal, somando a carga altimé-
trica, piezométrica e cinética, muitos fenômenos que ocorrem em canais podem ser
ObjETivOs DE APrEnDizAgEm
• Compreender no que consiste a energia específica.
EsqUEmA
• Energia específica
• Regimes de escoamentos
• Escoamento crítico
• Regime crítico
Hidráulica 119
120 Capítulo 5
ENERGIA ESPECÍFICA
Muitos fenômenos que ocorrem em canais podem ser analisados utilizando-se o
princípio da energia.
Utilizamos como base a carga média, ou seja, a energia total por unidade de
é dada por:
utilizaremos α = 1.
Hidráulica 121
A linha piezométrica é o ponto geométrico das extremidades dos segmentos
(z+y), que coincide com a superfície livre e sua declividade, chamamos de gradiente
de energia.
Tendo em vista a grande variedade de formas das seções dos canais, é útil, para
os estudos gerais, definir a profundidade média, ym, de uma seção de área A e lar-
sua raiz quadrada denomina-se número de Froude. Desse modo, a energia especí-
122 Capítulo 6
Ou ainda, podemos substituir por .
- Regimes de escoamentos
E com y é linear e está representada pela reta da energia potencial (E1), bissetriz
Hidráulica 123
(a) (b) (c)
Figura 51 – Eixos ortogonais
Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/5382800/>. Acessado em: 20 jan.
2016.
para 0, o mesmo acontecerá com A. Mas a velocidade média tenderá para o infini-
será infinitamente grande. Se y tender para o infinito, o valor da área das seções do
gura 51b), denominada curva da energia cinética, que mostra como varia a energia
cinética com a profundidade da água no canal. Se, para cada valor da profundidade,
crítica e yc profundidade crítica. Ainda, para dado valor E’>Ec da energia específica,
124 Capítulo 6
existem dois valores (yi e ys) da profundidade, ou seja, para E’>Ec existem dois regi-
Hidráulica 125
Para I > Ic, o regime é supercrítico.
energia cinética pela energia potencial possuídas pela unidade de peso do líquido,
- Escoamento crítico
É definido como o estágio em que a energia específica é mínima para uma dada
vazão ou estágio em que a vazão é máxima para uma dada energia específica. Aqui
Logo,
Sendo e , chegamos a:
126 Capítulo 6
Assim, no regime crítico, o fator cinético e o número de Froude são iguais à uni-
dade .
- Regime crítico
Hidráulica 127
Considerando como medida da energia potencial e como carga cinética,
Outro parâmetro importante a ser analisado é a declividade crítica Ic, este parâ-
metro também pode ser usado como indicador do tipo do escoamento que está se
(a) (b)
Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/6616320/#>. Acesso em: 20 jan. 2016.
128 Capítulo 6
Em (a), a profundidade crítica ocorre na mudança de declividade e no (b) ocorre
canal por meio da equação . Esta é uma importante característica do regime crítico
Figura 53 – Degrau
Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/6616320/#>. Acessado em: 20 jan.
2016.
Hidráulica 129
A mudança do regime de supercrítico para subcrítico pode não se dar de maneira
gradual e contínua como nos casos anteriores, pois a passagem acontece brusca-
mente e com grande turbulência, formando o ressalto hidráulico, assunto que estu-
da profundidade crítica.
130 Capítulo 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os canais uniformes e o escoamento uniforme não existem na natureza (con-
lhança apenas acontecem a partir de uma certa distância da seção inicial e também
deixam de existir a uma certa distância da seção final (nas extremidades a profundi-
seção e obstáculos.
REFLITA!
Como causar o regime supercrítico?
INDICAÇÃO DE LEITURA
SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica geral. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Hidráulica 131
Anotações
Capítulo
7 ressalto
Hidráulico
Natália Michelan
inTrODUçãO
O ressalto hidráulico é um dos fenômenos importantes no campo da hidráulica, pos-
sui uma gama bastante ampla de aplicações sendo a principal delas sua utilização
mento supercrítico a se tornar subcrítico numa seção a jusante. Esta transição pode
Hidráulica 133
Objetivos de aprendizagem
• Compreender a definição de ressalto hidráulico.
ESQUEMA
• Ressalto hidráulico
134 Capítulo 7
RESSALTO HIDRÁULICO
O ressalto hidráulico é um fenômeno que ocorre na transição de um escoamento
e gravitacionais:
de fundo horizontal. Cada uma destas formas foi classificada de acordo com o valor
Hidráulica 135
(Fr1>1), pois trata-se de um escoamento supercrítico. Se o número de Froude for
- Para números de Froude entre 1,2 e 1,7, teremos um ressalto ondulado, onde
entre altura rápida e lenta é gradual, manifestando-se apenas como uma superfície
agitada. Quando próximo do limite, pequenos rolos aparecem sobre a superfície, tor-
como ressalto propriamente dito, mas sim a formação de ondas que se propagam
para jusante. Apresenta dissipação de energia muito pequena, o ressalto não é em-
136 Capítulo 7
- Para números de Froude entre 1,7 e 2,5, o pré-ressalto ou ressalto fraco, mes-
não se considera como ressalto propriamente dito, pois pouca energia é dissipada.
Uma série de pequenos vórtices é formada sob a superfície livre na região do res-
Figura 56 – Pré-ressalto
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/EXP_RESSALTO_
HIDR%C1ULICO.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
ressalto oscilante. O jato de entrada age de forma intermitente, oscilando entre a su-
perfície e o fundo do canal, sem uma periodicidade definida. Essa forma de ressalto
gera ondas que se propagam muito além do fim da bacia de dissipação. O ressalto
salto tem a tendência de se deslocar para jusante, não guardando posição junto à
fonte geradora. O ressalto apresenta uma superfície livre com ondulações e ocorre
a formação de ondas que podem se propagar para jusante sobre longas distâncias.
Hidráulica 137
Figura 57 – Ressalto oscilante
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/EXP_RESSALTO_
HIDR%C1ULICO.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
- Para números de Froude entre 4,5 e 10, o ressalto estável é bem controlado
dentro de si, sendo a superfície d’água a jusante relativamente calma. Dentro dessa
entre 45% e 70% da energia total a montante do ressalto ao longo de sua extensão.
- Para números de Froude acima de 10, o ressalto nesta faixa é designado forte,
138 Capítulo 7
gradualmente mais ativa, gerando fortes ondas a jusante do ressalto. As taxas de
dissipação podem atingir 85%. Assim, o ressalto não se apresenta como dissipador
elevada turbulência.
tituem limites rígidos e, por isto, conforme as condições locais, podem ser excedidos.
de água mais a montante (y1, altura conjugada rápida) e a altura de lâmina d’água a
jusante (y2, altura conjugada lenta) do ressalto. Apesar do ressalto hidráulico ser um
Hidráulica 139
Figura 60 – Ressalto hidráulico
Fonte: Disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgNG8AL/hidraulica2-hidr-uli-
ca-ii-aula-12-ressalto-hidr-ulico>. Acessado em: 25 jan. 2016.
velocidade, pois trata-se de movimento permanente. Isto equivale a dizer que houve
radas do ressalto:
140 Capítulo 7
Resolvendo em relação a y1 e y2, temos:
A perda de energia no ressalto pode então ser calculada por meio da equação da
Hidráulica 141
Simplificada:
definida por:
que cercam a exata fixação de suas seções inicial e final. Porém, é um parâmetro
importante de projeto, pois ele afeta o tamanho da bacia de dissipação onde ocorre
o ressalto.
A seção de fim do ressalto pode ser definida como a seção onde a superfície livre
142 Capítulo 7
Vários autores estabeleceram fórmulas para determinar o comprimento, entre as
to é quase constante e da ordem de 6,1. Dados experimentais mostram que uma boa
aproximação é, portanto:
o terno em cos ϴ.
Hidráulica 143
Figura 61 – Ressalto em canal com inclinação acentuada
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/EXP_RESSALTO_
HIDR%C1ULICO.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Obtém-se assim:
Esta equação só pode ser resolvida se o termo (K Lj) for conhecido, o que normal-
de alcançada após o ressalto em um canal com grande inclinação pode ser relacio-
144 Capítulo 7
Figura 62 – Função
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/EXP_RESSALTO_
HIDR%C1ULICO.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Hidráulica 145
- Formas de controlar o ressalto hidráulico
ção entre a curva da altura conjugada do ressalto e a curva chave do rio ou conduto.
Considerações Finais
O engenheiro deve sempre ter a preocupação de saber onde irá ocorrer essa dis-
se reduzir a energia do escoamento de água que está sendo devolvida ao rio, para
diminuir os danos ao leito deste rio. Porém, esta dissipação não pode ocorrer junto à
146 Capítulo 7
Desta forma, devem ser projetadas bacias de dissipação para este fim. No proje-
para se evitar que o escoamento se torne subcrítico prematuramente, pois isso pode
por tubos, como ocorre em redes de esgoto e águas pluviais, a ocorrência de ressal-
REFLITA!
No ressalto hidráulico, o acúmulo de sedimentos poderia interferir no escoamento da água
no canal?
INDICAÇÃO DE LEITURA
PORTO, Rodrigo De Melo. Hidráulica básica. 4 ed. São Carlos: EESC-USP,
2006. 520 p.
Hidráulica 147
Anotações
Capítulo
8
Escoamento permanente
gradualmente variado
em canais
Natália Michelan
inTrODUçãO
Um escoamento é defi nido como gradualmente variado quando os seus parâmetros
tece nos ressaltos hidráulicos, visto na unidade anterior. Como exemplos, podem ser
produzido por um aumento súbito da inclinação do canal, com isso, forma-se uma
estende a distâncias consideráveis da singularidade que lhe deu origem, fato com-
do canal.
Hidráulica 149
Objetivos de aprendizagem
• Compreender a definição de escoamento permanente gradualmente
variado em canais.
esquema
• Escoamento permanente gradualmente variado em canais
150 Capítulo 5
ESCOAMENTO PERMANENTE GRADUALMENTE VARIADO EM CANAIS
Um escoamento de regime permanente gradualmente variado em um canal é
ao longo do canal.
de obstrução.
Podemos observar na figura 63, um perfil onde são mostrados vários tipos de
está representado pelas letras UF. Antes de chegar à queda livre, tem-se escoamen-
tem-se um ressalto hidráulico representado pelas letras RVF. Depois volta a ter es-
uniforme (UF).
Figura 63 – Escoamento uniforme gradualmente variado em queda livre, seguido por ressal-
to hidráulico e escoamento uniforme gradualmente variado
Fonte: Disponível em: < https://civilsemestre5.files.wordpress.com/2014/06/escoamento-per-
manente-gradualmente-variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Hidráulica 151
O escoamento é gradualmente variado quando as profundidades variam gradual
O escoamento gradualmente variado pode ser acelerado (figura 64a) nos trechos
iniciais dos condutos com seção constante e depois uniforme, ou podem ser retarda-
(a)
(b)
Figura 64 – Escoamento gradualmente variados em canais
Fonte: Adaptado de: <https://civilsemestre5.files.wordpress.com/2014/06/escoamento-per-
manente-gradualmente-variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
152 Capítulo 8
No movimento uniforme gradualmente variado, a altura y e a velocidade V variam
montante, surgindo uma nova linha d’água, que é chamada de curva de remanso.
por uma barragem irá provocar a inundação de terrenos ribeirinhos que deverão ser
mesmo valor como no escoamento uniforme. O tipo de análise mostrada adiante não
canais
Hidráulica 153
sendo hidrostática, e a resistência ao escoamento em qualquer profundidade, isto
é, a inclinação da linha de energia é dada pela equação para regime uniforme (por
154 Capítulo 8
Expandindo o termo de energia cinética do segundo membro da equação descon-
Ou:
Como , temos:
Hidráulica 155
Voltando à equação da conservação da energia:
metros que serão utilizados para caracterizar o canal. O primeiro destes parâmetros
mento fosse uniforme. Esta profundidade pode ser calculada utilizando-se a fórmula
a inclinação crítica do canal, que seria a inclinação que o canal deveria ter para que,
156 Capítulo 8
Assim, os canais podem então ser classificados de acordo com a tabela 8.
o tipo de canal (com declividade fraca, forte, crítica, horizontal ou adversa), e tipo de
Hidráulica 157
profundidade maior que yn, a superfície da água terá um perfil M1. Se o escoamento
for subcrítico, porém com profundidade menor que yn, ter-se-á um perfil do tipo M2
crítico, a superfície livre terá a forma M3, onde o escoamento tende a alcançar a
profundidade crítica.
Inclinação crítica, So = Sc
158 Capítulo 8
Inclinação horizontal, So = 0
O perfil mais comum é o perfil M1 (figura 66), que é uma condição de escoamento
Hidráulica 159
Figura 66 – Perfil do tipo M1
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/Escoamento%20
Gradualmente%20Variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Perfis do tipo M2 (figura 67) ocorrem em quedas súbitas no leito do canal, em tran-
160 Capítulo 8
Quando um escoamento supercrítico entra em um canal com inclinação fraca,
ocorrerá o perfil M3. Um exemplo deste perfil está mostrado na figura 68, na qual se
tem o escoamento na saída de uma comporta para um canal com inclinação fraca.
clividade forte termina em uma região de estagnação profunda criada por uma obs-
Hidráulica 161
Figura 69 – Perfil do tipo S1
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/Escoamento%20
Gradualmente%20Variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Os perfis do tipo S2 (figura 70) ocorrem na região de entrada de canais com in-
clinação forte ligados a um reservatório. Vão aparecer também quando se tem uma
162 Capítulo 8
Curvas com perfis S3 (figura 71) acontecem em comportas com canal de saída
com inclinação forte e quando a inclinação do fundo do canal passa de um valor mais
acentuado para um valor menos acentuado, porém as duas inclinações são fortes.
Hidráulica 163
- Perfis das curvas tipo C (“critical”, inclinação crítica)
Os perfis H2 e H3 (figura 72) são similares aos perfis M2 e M3, uma vez que o leito
que o perfil H2 tende a uma assimptota horizontal e obviamente não existe um esco-
Inclinações adversas são raras e as curvas A2 e A3 (figura 73) são similares àque-
164 Capítulo 8
Figura 73 – Perfil para canais com inclinação adversa
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/Escoamento%20
Gradualmente%20Variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
- Seções de controle
Uma seção de controle é definida como sendo aquela em que existe uma relação
Alguns tipos de seção de controle estão mostrados na figura 74. Deve-se notar
Hidráulica 165
Figura 74 – Seções de controle em escoamentos gradualmente variados
Fonte: Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~mzanardi/Escoamento%20
Gradualmente%20Variado.pdf>. Acessado em: 25 jan. 2016.
Ao analisarmos a figura 74, podemos perceber que que, nos casos (a) e (b), as
166 Capítulo 8
Nos casos (b) e (d), o controle das curvas M3 e S3 está nas veias contraídas. No caso
(c), para o escoamento subcrítico, apesar da vazão ser controlada pelo nível do reser-
entrada do canal será menor que a altura do reservatório devido às perdas na entrada.
crítico na queda. Quando se tem uma queda brusca, devido à curvatura das linhas de
forte, a seção de controle fica na entrada do canal (caso e), e nesta seção se terá
escoamento crítico.
- na situação 2, o nível é menor que yn e maior que yc, e a superfície passa a se-
água não pode estar em uma profundidade inferior a yc, o controle será a profundida-
Hidráulica 167
- Cálculo de escoamentos permanente gradualmente variados
mente, esta equação pode ser escrita de várias formas, sendo as mais comuns as
mostradas a seguir.
Ou,
A integração desta equação pode ser realizada por integração direta, por técnicas
ordinária não linear de primeira ordem, e pode ser realizada somente quando se
168 Capítulo 8
consideram condições bastante restritas. Na literatura, existem algumas soluções
A integração gráfica foi muito popular numa época em que os recursos computa-
cionais eram bastante limitados. Desta forma, existem um grande número de méto-
dos, cada qual com suas vantagens e desvantagens, porém que estão francamente
em desuso.
maioria dos métodos para a solução dos chamados problemas de valor inicial.
-“Direct-Step Method”
Alguns métodos mais simples podem ser utilizados para se obterem estimativas
Vamos delinear a seguir um dos métodos mais simples, que é o método chamado
de “Direct-Step Method”.
Hidráulica 169
Em que: é o valor médio da inclinação da linha de energia no intervalo .
será:
ou
170 Capítulo 8
Assim:
E,
-“Standard-Step Method”
forma:
Hidráulica 171
3. Calcula-se o valor de S.
de adotado.
Este método pode ser também aplicado a canais naturais. Os escoamentos nes-
tes tipos de canais são mais complexos devido a vários fatores, pois as vazões
Manning é muito mais difícil de se obter e menos preciso, as formas das seções
transversais variam de seção para seção, e também estas formas são conhecidas
172 Capítulo 8
Considerações Finais
Encerramos nosso estudo de Hidráulica com o escoamento permanente gradu-
espero que tenha atingido as profundezas no que tange à hidráulica e que os co-
nhecimentos obtidos acerca dela façam diferença em sua vida gradual e lentamente.
REFLITA!
O escoamento gradualmente variado é uniforme e variável?
INDICAÇÃO DE LEITURA
PORTO, Rodrigo De Melo. Hidráulica básica. 4 ed. São Carlos: EESC-USP,
2006. 520 p.
Hidráulica 173
Anotações
CONCLUSÃO
Algumas das principais atribuições da Hidráulica é o planejamento e a execução
de obras ligadas aos diversos usos dos recursos hídricos, atendendo às necessi-
Devemos nos atentar ao fato de que a Hidráulica pode ser dividida em teoria e prá-
tica. A Hidráulica teórica também é conhecida na física como Mecânica dos Fluidos,
vez mais espaço. O engenheiro civil, na área da construção civil, planeja o sistema
Espero que este material tenha servido de apoio na construção do seu conhecimento
acerca das duas especialidades da hidráulica, por meio de textos que abrangeram os prin-
cipais assuntos enfocados nas diversas estruturas curriculares das escolas de engenharia.
Hidráulica 175
Refêrencias
1. ALVES, Alexandre Augusto Mees. Caracterização das solicitações hidrodi-
nâmicas em bacias de dissipação por ressalto hidráulico com baixo nú-
mero de Froude. 2008. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2008.
12. NETTO, José Martiniano de Azevedo. et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São
Paulo: Edgard Blücher LTDA., 1998. 670 p.
13. PICOLO, Ana Paula; RÜHLER, Alexandre J.; RAMPINELLI, Giuliano Arns. Uma
abordagem sobre a energia eólica como alternativa de ensino de tópicos de
física clássica. Revista Brasileira de Ensino de Física, [S.L], v. 36, n. 4, p.
4603-4603, out. 2014.
14. PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica básica. 4. ed. São Carlos: EESC-USP,
2006. 520 p.
15. SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica geral. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
e Científicos Editora S. A., 1979. 316 p.
Hidráulica
REFÊRENCIAS