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RODRIGO DE MEL0 PORTO

Depaaamento de Hidraulica e Saneamento


Escola de Engenharia de São Carlos
Un~versidadede São Paulo

Publicaçáo EESC-USP
São Carlos, SP
2003
Copyright O 2003,2001,2000, 1998 -EESC - São Carlos-SP.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, guardada pelo sistema "ietiiev;ilfl ou tiansmitlda de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, seja este eletrôiiico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia au-
torização, por escrito, da EESC.

2"dição - tiragem. 1.500 exemplares


1- Reimpi-essão- tiragem: 2.000 exemplares
2- Reimpressão - tiragem: 2.000 exemplares

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Ficha catalográfica preparada pela Seçáo d e Tratamento


da Informaçáo d o Serviço d e Biblioteca - EESCIUSP

Porto, Rodrigo de Me10


P853h.2 Hidráulica básica / Rodrigo de Melo Porto. - -
2. ed. -- São Carlos : EESC-USP, 1999.
[5401 p . : il.
Inclui referências bibliográficas.
Projeto REENGE.
ISBN 85-85205-30-X

1. Hidráulica. 2 . Condutos forçados.


3. Condutos livres. 4. Ensino. 5. Aprendizado.
I. Título.
, Ao meu pai, Eng. Fernando de Figueiredo Porto, pelo
exemplo d e caráter e por tudo aquilo que me proporcionou.

A Lú, pelo amo>;dedicaçáo e pac~ência.


Para Mau, Tati e Li, razão de tudo.
AGRADECIMENTOS

Este livro é fruto do apoio recebido da diretoria da Escola de Engenha-


ria de São Carlos, na pessoa de seu diretor, prof. Jurandyr Povinelli, e do
estímulo e incentivo dos colegas do Departamento de Hidráulica e Sanea-
mento. Deve-se ressaltar o trabalho paciente da bolsista Tatiana Gonçalves
Porto na revisão preliminar do texto, elaboração d e tabelas e exercícios, o
apoio recebido do prof. Woodrow N. L. Roma como "consultor em in-
formática" e a colaboração do Eng. José Eduardo Mateus Évora na elabo-
ração da interface do programa REDEM.EXE.
De modo particular e especial reconhece-se o trabalho dedicado,
competente e contínuo do Sr. Valdecir Aparecido de Arruda na elaboração
dos desenhos e na arte final da versão preliminar.
Aos professores Walter H. Graf e Mustafá S. Altinakar, da École
Polythecnique Federale de Lansanne, agradece-se a autorização do uso,
tradução e adaptação do programa ExplicMl .exe e permissão da reprodu-
ção dos Exemplos 5B e 5D do livro Hydraulique Fluviale, do qual se ex-
traiu bo a parte do Capítulo 14.
A professores Gilberto Queiroz da Silva e Antenor Rodrigues Bar-
..os
bosa, da Universidade Federal de Ouro Preto, agradece-se a gentileza da
foto do Chafariz da Casa dos Contos, que compõe a capa.
r,"radecimentos i prof. Luisa Fernanda Ribeiro Reis da EESC e ao
prof. Podalyro Amaral de Souza da EPUSP, pelas críticas e sugestões per-
tinentes
m
C , finalmente, uma palavra de agradecimento aos alunos da discipli-
na SHS -401 Hidráulica, do curso de Engenharia Civil da/EESC, que, nas
versões preliminares, se empenharam na maratona "em busca do erro per-
,.,
Airln'" . 2om certeza alguns ainda estão escondidos, e antecipadamente se

agradece a quem encontrá-los.

São Carlos. dezembro de 1998.

Rodrigo de Melo Porto


rodrigo @sc.usp.l?r
O REENGE (Reengenharia do Ensino de Engenharia) é uma linha de
atuação do Programa de Desenvolvimento das Engenharias que tem por obje-
tivo apoiar a reformulação dos programas de ensino de engenharia como par-
te do processo de capacitação tecnológica e de modernização da sociedade
brasileira, bem como da preparação para enfrentar os desafios futuros gerados
pelos progressos técnico e científico alcançados em nível internacional.
Visando à consecução de seu objetivo, o REENGE tem oferecido apoio
e incentivo para o desenvolvimento de importantes projetos, dentre os quais se
destaca a publicação de livros didáticos para os cursos de graduação e educa-
ção continuada.
A presente publicação Hidráulica Básica, patrocinada pelo REENGE, é
um texto destinado ao apoio à disciplina Hidráulica dos cursos de Engenharia
Civil, com caráter eminentemente didático e cobrindo os principais tópicos
necessários à formação técnica do aluno nessa área.
O autor, Rodrigo de Me10 Porto, engenheiro civil formado pela Esco-
la de Engenharia de São Carlos e professor doutor do Departamento de Hidráu-
lica e Saneamento desta mesma escola, foi professor de Hidráulica na Unicamp
e na Universidade Federal de São CarIos, possui vários trabalhos publicados,
tanto de cunho técnico-científico quanto didático.
A obra incorpora o resultado de um trabalho sério, dedicado e compe-
.
tente realizado velo ~rofessorRodrieo. fruto de sua exueriência na decência.
L v .

constituindo-se numa valiosa contribuição ao aperfeiçoamento e melhoria das


-
condições de oferecimento da disciplina Hidráulica nos cursos de Enrenharia
Civil no país. i

Prof: D K Juran4yr Povinelli*

to da EESC-USP e secretário executivo da Comissão de ~ s o e c ~ u l i s t ado


Minisiéno de Educa~ãoe dos Desportos
-
s Ensino de Enrenharia do
Este livro é resultado do convênio firmado entre a CAPES e a Esco-
la "e Engenharia de São Carlos, através do programa REENGE, para a
publicação de uma série d e textos, de caráter didático, em Engenharia
Civil e Engenharia Elétrica.
A coleção de livros tem o objetivo fundamental de fornecer apoio
s estudantes das duas especialidades, através de textos que abranjam os
incipais assuntos enfocados nas diversas estruturas curriculares das es-
'3s de engenharia do país, de modo claro e didático, refletindo a expe-
:ia acadêmica dos autores, e com baixo custo.
No caso específico deste volume, procurou-se elaborar um texto
que concorresse para a melhoria da formação básica e m Hidráulica do
estudante dos cursos de Engenharia Civil. Tal formação é absolutamente
necessária para que o Engenheiro Civil possa desempenhar seu papel no
âmbito do planejamento, projeto e gerenciamento dos mais diversos siste-
mas que tratam do uso e controle da água.
Procurou-se desenvolver os capítulos de modo a contemplar os prin-
cipais aspectos inerentes aos escoamentos em condutos forçados e livres,
dentro de uma sequência e profundidade que se acredita condizente com
um curso de Hidráulica Geral em Engenharia Civil, e baseada na experiên-
de anos de ensino.
Pretendeu-se apresentar os tópicos mais fundamentais em cada as-
sunto, de forma cuidadosa e rigorosa, sem, todavia, abusar do tratamento
matemático e dando prioridade aos aspectos físicos e práticos da matéria.
A estrutura do texto é dividida em duas partes b y distintas: a pri-
meira, com seis capitulas, trata do escoamento permanente em condutos
forçados; a segunda, com oito capítulos, trata de escoamentos permanente
e variável com superfície livre. Seu conteúdo é suficiente para cobrir um
curso anual da disciplina, com carga horária de três horas por semana (au-
las práticas de laboratório a parte).
O aluno com formação básica em Mecânica dos Fluidos pode supri-
mir o primeiro capítulo sobre Conceitos Básicos. Também o último capítu-
lo, sobre Escoamento Variável em Canais, pode ser dispensado sem perda
do essencial, em virtude da limitação de tempo.
I
-

Hidráulica Básica

-
Devido à finalidade essencialmente didática da obra, incluiu-se em
todos os capítulos uma série de exercícios resolvidos, somando ao todo
82, que espelhassem as características mais típicas dos conceitos discuti-
dos em cada assunto, além de um conjunto de 265 problemas propostos,
acompanhados das respostas, através dos quais o estudante tem a oportii-
nidade de testar os conkeitos e utilizar o ferramenta1 disponível em cada
tópico.
Procurou-se, em algumas aplicações, fazer uso de metodologias
computacionais como ferramenta que permite ao aluno, de modo rápido,
analisar outros aspectos e alternativas de cada problema proposto. Para
isto, no endereço eletrônico www.eesc.sc.cisp.br/shs,na área Ensino de
Graduação, estão disponíveis quatro programas computacionais nas lin-
guagens Basic e Fortran e várias planilhas de cálculos para resolução dos
exemplos numéricos. ,
Nesta 2- ediçáo foram feitas pequenas correções no texto e nas res-
postas de três problemas. Foram introduzidos quatro novos problemas de
aplicação nos capítulos 3, 4, 8 e 12 Uma versão melhorada da planilha
MOODY.XLS é apresentada no diretório Bombas do endereço eletrônico
wrww.eesc,sc.usp.br/shs.
Quer-se mais uma vez agradecer a todos que auxiliaram com críti-
cas, sugestóes e apontando as falhas que passaram na l%dição, e também
ao público em geral, que fez a edição anterior deste livro esgotar-se em
pouco mais de um ano.

São Carlos, março de 2000


REFACIO DA ~"DIÇÃO

Este livro é resultado do convênio firmado entre a CAPES e a Esco-


.Lde Engenharia de São Carlos, através do programa REENGE, para a
publicação de uma série de textos, de caráter didático, em Engenharia
Civil e Engenharia Elétrica.
A coleção de livros tem o objetivo fundamental de fornecer apoio
aos estudantes das duas especialidades, através de textos que abranjam os
principais assuntos enfocados nas diversas estruturas curriculares das es-
colas de engenharia do país, de modo claro e didático, refletindo a expe-
riência acadêmica dos autores, e com baixo custo.
No caso específico deste volume, procurou-se elaborar um texto
que concorresse para a melhoria da formação básica em Hidráulica do
estudante dos cursos de Engenharia Civil. Tal formação é absolutamente
necessária para que o Engenheiro Civil possa desempenhar seu papel no
âmbito do planejamento, projeto e gerenciamento dos mais diversos siste-
mas que tratam do uso e controle da água.
Procurou-se desenvolver os capítulos de modo a contemplar os prin-
cipais aspectos inerentes aos escoamentos em condutos forçados e livres,
dentro de uma sequência e profundidade que se acredita condizente com
um curso de Hidráulica Geral em Engenharia Civil, e baseada na experiên-
cia de anos de ensino.
Pretendeu-se apresentar os tópicos mais fundamentais em cada as-
sunto, de forma cuidadosa e rigorosa, s e y todavia, abusar do tratamento
matemático e dando prioridade aos aspectos físicos e práticos da matéria.
A estrutura do texto é dividida em duas partes bem distintas: a pri-
meira, com seis capítulos, trata do escoamento permanente em condutos
forçados; a segunda, com oito capítulos, trata de escoamentos permanente
e variável com superfície livre. Seu conteúdo é suficiente para cobrir um
curso anual da disciplina, com carga horária de três horas por semana (au-
las práticas de laboratório a parte).
O aliino com formação básica em Mecânica dos Fluidos pode supri-
mir o primeiro capítulo sobre Conceitos Básicos. Também o último capítu-
lo, sobre Escoamento Variável em Canais, pode ser dispensado sem perda
do essencial, em virtude da limitação d e tempo.
1

Hidráulica Básica

-
Devido h finalidade essencialmente didática da obra, incluiu-se em
todos os capítulos uma série de exercícios resolvidos, somando ao todo
82, que espelhassem as características mais típicas dos conceitos discuti-
dos em cada assunto, além de um conjunto de 261 problemas propostos,
acompanhados das respostas, através dos quais o estudante tem a oportu-
nidade de testar os conceitos e utilizar o ferramenta1 disponível em cada
tópico. i
Procurou-se, em algumas aplicações, fazer uso de metodologias
computacionais como ferramenta que permite ao aluno, de modo rápido,
analisar outros aspectos e alternativas de cada problema proposto. Para
isto, no endereço eletrônico www.eesc.sc.usp.br/shs,na área Ensino de
Graduação, estão disponíveis quatro programas computacionais nas lin-
guagens Basic e Fortran e várias planilhas de cálculos para resolução dos
exemplos numéricos. ,

São Carlos. dezembro de 1998


. .

S xrn
.
.

iARTE I.ESCOAMENTO PERMANENTE EM CONDUTOS


FORÇADOS .............................................................................. 1

1.1 Tipos e regimes dos escoamentos ................................... 3


1.2 Equação da energia ................................................................. 4
1.2.1 Equação do movimento sobre uma linha de corrente .................. 8
1.2.2 Linha de energia e linha piezométrica ..................................... 9
1.2.3 Equação da energia em tubos de fluxo ................................... 11
1.3 Análise dimensional aplicada ao escoamento forçado ..............13
1.4 Velocidade de atrito ......................................................... 15
1.5 Potência hidráulica de bombas e turbinas .............................. 17
1.6 Problemas ............................ ..
..............................................23

CAP~TULO2 -ESCOAMENTO UNIFORME EM TUBULAÇÕES .................27


2.1 Tensão tangencial ................................................................. 27
2.1.1 Escoamento laminar ........................................................ 28
2.1.2 Escoamento turbulento .................................................... 30
2.2 Comprimento de mistura de Prandtl - Distribuições
de velocidade ...................................................................... 32
2.2.1 Lei de distribuição universal de velocidade ............................. 34
2.3 Experiência de Nikuradse .................................................. 36
2.4 Leis de resistência no escoamento turbulento ........................37
2.4.1 Tubos lisos .............................................................................. 38
2.4.2 ~ u b o srugosos .................................... .................................. 39
2.5 Escoamento turbulento uniforme em tubos comerciais ........... 44
2.6 Fórmulas empíricas para o escoamento turbulento .................52
2.6.1 Fórmula de Hpzen-Williams ................................................ 53
2.6.2 Comparação Bntre a fórmula de Hazen-Williams
e a fórmula universal ........................................................... 55
2.6.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao............................................ 56
2.7 Condutos de seção não circular .......................................... 58
2.8 Problemas ....................... ;...................................................... 61
Hidráulica Básica
XIV

CAP~TULO3 .PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS ................................. 69


3.1 Introdução ............................................................................ 69
3.2 Expressão geral das perdas localizadas ..................................70
3.3 Valores do coeficiente K para algumas singularidades ............. 71
3.3.1 Alargamentos e estreitamentos ............................................ 71
3.3.2 Cotovelos e cuwas ............................................................. 75
3.3.3 Registro de gaveta .............................................................. 76
3.3.4 .
.
Válvula de boboleta ...................... ............................... 76
3.3.5 Valores diversos do coeficiente de perda de carga ...................77
3.4 Análise de tubulações ........................................................... 77
3.5 Influência relativa das perdas de carga localizadas ................... 78
3.6 Método dos comprimentos equivalentes ................................ 84
3.7 Problemas .......................... .
. .............................................. 88

CAP~TULO4 -SISTEMAS HIDRÁULICOS DE TUBULAÇ~ES.................. 93


4.1 Introdução ............................................................................... 93
4.2 Relação entre perda de carga unitária e declividade
da linha piezométrica L
4.3 Influências relativas entre o traçado da tubulação e
as linhas de carga ................................................................... 94
4.4 Distribuição de vazão em marcha .............................. .
. . . . . 97
4.5 Condutos equivalentes ......................................................... 101
4.5.1 Conduto equivalente a outro .................................................. 102
4.5.2 Conduto equivalente a um sistema ...................................... 102
..
4.6 Sistemas ramificados ..................... ................................ 106
4.6.1 Tomada d'água entre dois reservatórios ............................. 106
4.6.2 Problema dos três reservatórios ........................ .. ................ 107
4.7 Sifões ................................... ................................................. 110
4.8 Escoamento quase-permanente .......................................... 114
4.9 Problemas .......................................................................... 117

CAP~TULO5 .SIÇTEMAS ELEVAT~RIOS.CAVITAÇÃO ..................... 123


5.1 Introdução .......................................................................... 123
5.2 Altura total de elevação e altura manométrica ........................124
5.3 Potência do conjunto elevatório ........................ .
.. ............. 125
5.4 Dimensionamento economico da tubulação
de recalque ..........................................................................125
5.4.1 Custo de uma canalização ................... .
. ....................... 125
5.4.2 Tubulação de recalque ....................................................... 127
5.4.3 Fórmula de Bresse ........................................ .......................129
Bombas: tipos. características - Rotação especifica ............. 132
I'
5.5
5.5.1
. . .
.
Rotação especifica ....................... ..................................... 133
5.6Relações de semelhança .................................................... 135
5.7Curvas características .......................................................... 136
5.7.1Curva característica de uma bomba ................................. 136
5.7.2Curva característica de uma instalação ............................ 1 N
5.7.2.1Sistemas de tubulações em série e paralelo .......................... 141
5.7.3Associação de bombas em série e paralelo ........................... w'
5.8Escolha do conjunto motor-bomba ....................................... 148
5.8.1Instalação, utilização e manutenção ................................... 149
5.9 .....
Cavitação ................. ............................................. 153
5.9.1O fenômeno ........................................................................... 153
5.9.2N.P.S.H. (Net Positive Suction Head) disponível .....................155
5.9.3N.P.S.H. requerido ................................................................ 156
5.9.4Determinação da máxima altura estática de sucção ..............157
5.9.5Determinação da pressão atmosférica e da
pressão de vapor ............................................................... 157
5.9.6 Coeficiente de cavitação de Thoma ................................. 158
5.9.7 Aplicabilidade dos dois critérios ....................... . . .............. 159
5.10 Problemas ........................ . . . . ........................................ 161

6.1 Introdução ............................................................................. 169


6.2 Tipos de redes .......................................................................169
6.3 Vazão de adução e distribuição .............................................. 171
6.4 Análise hidráulica de redes de abastecimento ....................... 172
6.5 Métodos de cálculo para o dimensionamento de redes .......... 173
6.5.1
..
Redes ramificadas ............................................................ 173
6.5.2 Redes malhadas - Método de Hardy Cross ...........................178
6.6 Aplicação do método de Hardy Cross - O
programa REDEM.EXE .................................................... 181
6.7 Problemas .......................................................................... 184

Tabela A I ............................................................................... 191


Tabela A2 ..............................................................................203
./
BIBLIOGRAFIA .PARTE I .......................................................................217
m
.
Hidráulica Básica
XVI
1
.
.
PARTE II ESCOAMENTO PERMANENTE E NÃO PERMANENTE
EM CONDUTOS LIVRES ........................................................ 219
- .
j CAP~TULO7 -ESCOAMENTOS EM SUPERF~CIELIVRE ........................ ni
$l&.Fri . 7.1 Introdução ......................... .
................................................ 221
n
.v
..i
I,~V, 'h 7.2
7.3
Elementos geométricos dos canais ........................ .
Tipos de escoamentos ........................ . .
. ........... 222
......................... 223
7.4 ..
Distribuição de velocidade ....................... .......................... 226
7.5 Distribuição de pressão ..........................................................230
7.5.1 ..
Escoamento paralelo .................... .................................. 232
7.5.2 Influência da declividade de fundo .......................... .
.. ...... 232
7.6 ..
Problemas ............................. ............................................ 233
A

CAP~TULO ii J CANAIS - ESCOAMENTO PERMANENTE


E UNIFORME .................................................................. 237
8.1 Introdução ........................................................................... 237
8.2 Equações de resistência ....................................................... 238
8.2.1 Fórmula de Manning ..................... ....... .. .......... .................243
8.3 Os coeficientes C e n....................................................... 244
8.4 Calculo de canais em regime uniforme ................................. 248
8.4.1 Determinação da altura d'água .............................................. 254
8.5 Seções de mínimo perímetro molhado ou
de máxima vazão ...................................................................254
8.5.1 Trapkzio de mínimo perimetro molhado ................................ 255
8.5.2 Retângulo de mínimo perimetro molhado .............................. 256
8.6 Elementos hidráulicos da seção circular .............................. 256
8.7 Canais fechados ..................................................................258
8.7.1 ..
Seções circulares ........................... ...................................259
8.7.2 .
.
Seções especiais ...................... ................................. 260
8.8 .
.
O programa CANAIS3.EXE .............................. ................. 262
8.9 Problemas ........................................................................... 263

CAPfTULO 9 .OBSERVAÇÕES SOBRE O PROJETO


E CONSTRUÇÃO DE CANAIS ........................................ 275
9.1 Introdução ..............................................................................
275
9.2 Observações gerais ....................................................... 275
9.3 Problemas .................................... .....................................283

CAP~TULO i19
7-
ENERGIA OU CARGA ESPEC~FICA.............................. 287
10.1 Introdução ..............................................................................
287
10.2 Curvas y x E para q = cte e y x q para E = cte ......................288
Sumário

I I
XVII

'
10.3 Escoamento crítico ...... ..................................................... 290
10 4 Determinação das alturas alternadas
em canais retangulares ......................................................... 294
10.5 Velocidade crítica e celeridade ...................................... 296
10.6 Seção de controle ................................................................. 300
10.7 Aplicações da energia específica em transições .................. 301
10.7.1 Redução na largura do canal ................... .
....................... 302
10.7.1.1 Calhas medidoras de vazão .................................................. 303
10 7.2 Elevação no nível de fundo ............................................. 307
10.7.2.1 Vertedor retangular de parede espessa ............................. 308
10.8 Ocorrência da profundidade crítica ...................................... 311
.
.
10 9 Canais de forma qualquer ....................... ..................... 314
. .
10.10 Problemas tipicos ................................................................ 316
10.11 Problemas ..........................................................................

.
327

CAP
.í?
1 RESSALTO HIDRÁULICO ........................................ 3 3 5
Generalidades ...................................................................... 335
.
.
. Descrição do ressalto ................... .................................. 335
..
11.3 Força especifica ..................................................................... 336
11.4 Canais retangulares .......................................................... 339
11.5 Canais não retangulares .................................................. 341
11.6 Perda de carga no ressalto ................................................ 344
11.7 Problemas .......................................................................... 347

CAP'~TULO12 .ORIFíCIOS .TUBOS CURTOS VERTEDORES .......... 351 .


12.1 Introdução .......................................................................... 351
12.2 Orifícios ............................................................................... 351
12.2.1 Classificação dos orifícios ................... .
.. .......................... 351
12.3 Descarga livre em orifícios de parede fina ............................... 352
12.3.1 Vazão descarregada ......................................................... 353
12.4 Perda de carga em orifícios ................................................... 356
12.5 Determinação experimental dos coeficientes de um orifício .... 357
12.6 Teoria dos grandes oriiícios ............................................... 358
12.7 Orifícios afogados ........................................................... 360
12.8 .
.
Contração incompleta do jato ..................... .......................361
12.9 Escoamento sob carga variável .......................................... 362
12.10 Influência da espessura da parede ....................................... 365
12.10.1 Bocal cilíndrico externo ......................................................365
12.10.2 Bocal cilíndrico interno ou bocal de Borda ................... ......368 .
.
12.11 Tubos curtos com descarga livre .......................................... 370
XVIII Hidráulica Básica

._

12.12 Comportas de fundo planas .............................................. 374


12.12.1 Escoamento afogado ........................................................... 377
12.13 Vertedores .............................................................................381
12.13.1 Nomenclaturae classificação ....................... ....................... 382
12.13.2 Vertedor retangular de parede fina sem contrações ................ 383
12.13.3 Valores do coeficiente de vazão Cd 386
12.13.4 Influência da contração lateral ............................ . . ........... 388
12.14 Vertedor triangular de parede fina ...................... . . ................. 388
12.15 Vertedor trapezoidal de parede fina ............................. .
. ...... 390
12.16 Vertedor retangular lateral ............................. ...........
.............. 391
12.16.1 Características do escoamento .............................................. 391
12.16.2 Equacionamento .................................................................. 392
12.16.3 Determinação do coeficiente de descarga ........................... 394
12.17 Vertedor de soleira espessa horizontal .................................. 396
12.18 Descarregadores de barragens ...................... .
. ................... 397
12.18.1 Geometria da soleira normal .................................................. 399
12.18.2 Variação do coeficiente de vazão com a carga ....................... 399
12.1 9 Aplicações ...................... .
. ................................................. 401
12.19.1 ..
Eclusa para navegação ................... ................................. 401
12.19.2 Esvaziamento de um resewatóno
de abastecimento predial .......................... . .......................... 403
12.19.3 Derivação de água em projetos de abastecimento .................. 404
12.19.4 Bacia de detenção em sistemas de controle
..
de cheias urbanas ..................... ...................................... 406
12.19.5 Defesa contra inundações ............................................... 407
12.19.6 Controle de canais por comporta plana vertical ...................... 408
12.20 .
.
Problemas ................... ..................................................... 409

CAP~TULO$~?/
ESCOAMENTO PERMANENTE GRADUALMENTE
.
VARIADO ....................................................................... 415
.
.

13.1 Generalidades ....................................................................... 415


13.2 Equação diferencial do escoamento permanente
gradualmente variado .................................... ..
...............416
13.3 Classificação dos perfis ................................... .................... 417
13.4 Perda de carga localizada .................................................. 422
.
.
13.5 Singularidades .......................... ........................................423
13.6 Determinaçáo do perfil d'água em canais prismáticos ............ 435
.
.
13.6.1 Step method ............................ ........................................435
13.7 Computação do perfil d'água ..................... . ..... .
.
.............. 437
13.7.1 Localização do ressalto hidráulico ...................................... 442
13.8 Formas da superfície da água ............................................... 444
13.9 Problemas ............................................................................446
r
Sumario XIX

.
14 .
CAP~TULO ESCOAMENTO VARIAVEL EM CANAIS ......................... 455
14.1 Introdução .............................................................................. 455
..
14.2 Definiçoes .............................................................................. 455
14.3 Ondas de translação - Escoamento rapidamente variado ...... 457
14.3.1 Notaçáo ............................................................................ 457
14.3.2 Altura e velocidade de uma onda ........................ . . ........... 458
14.3.3 Onda de translaçáo negativa ................... .
.. ......................463
14.4 Equações hidrodinâmicas ........................... .
.. ...............469
14.4.1 Equação da continuidade ................................................... 469
14.4.2 Equação dinâmica ............................................................ 471
14.5 Simplificações das Equações de Saint-Venant ...................... 474
14.5.1 Onda cinemática ................................................................... 475
14.6 Propagação de cheias em rios ....................... .. .............. 481
14.6.1 Método Muskingum ............................................................... 482
14.6.1. 1 Determinação das constantes K e x .......................... ....... 485 .
.
14.7 Métodos numéricos para a resolução das equações
de Saint-Venant .....................................................................487
14.7.1 Método das características ..................... .
... ................. 487
14.7.2 Métodos de diferenças finitas ...................................... 491
14.7.3 Esquema explícito .................................................................494
14.7.4 Esquema implícito ...................... . . .....................................495
14.8 O programa ExplicM1 .EXE ..................... . ........................ 497
14.9 Problemas ................... . . .....................................................509
BIBLIOGRAFIA - PARTE II ........................................................... 513

INDICE ANAL~TICO ...................................................................... 517

% / ~

-
PARTE I

ESCOAMENTO
PERMANENTE
EM CONDUTOS
FORGADOS

Chafariz da Casa dos Contos - 1760


Ouro Preto -Minas Gerais
CONCEITOS BÁSICOS

1'06Wlle"m a118 tBOIIB "

[Leonardo da Vlnci]
1.1 TIPOS E REGIMES DOS ESCOAMENTOS
De modo geral, os escoamentos de fluidos estão sujeitos a determina-
das c ondiçóes gerais, princípios e leis da Dinâmica e ? teoria
i da turbulência.
No caso dos líquidos, em particular da água, a metodologia de aborda-
gem consiste em agrupar os escoamentos em determinados tipos, cadaum dos
4

quais com suas características comuns, e estudá-los por métodos próprios.


Na classificação hidráulica, os escoamentos recebem diversas conceitua-
ções em função de suas características, tais como: laminar, turbulento, unidi-
mensional, bidimensional, rotacional, irrotacional, permanente, variável,
OS programar computasionaio para a.
uniforme, variado, livre, forçado, fluvial, torrencial etc. companhamento do texto, bem como a
I~SOIYÇLOde alguns exemplos, esta0
O escoamento é classificado como laminar quando as partículas mo- disponlveis em quatro dirstdrios:
vem-se ao longo de trajetórias bem definidas, em lâminas ou camadas, cada Bombas:
uma delas preservando sua identidade no meio. Neste tipo de escoamento, é
preponderante a ação da viscosidade do fluido no sentido de amortecer a ten-
dência de surgimento da turbulência. Em geral, este escoamento ocorre em
. Redes:
Csnaio:
Vari6vel;

baixas velocidades e ou em fluidos muito viscosos. no seguinte endereço e1ewt)nico:


WIYW.~~SC.SC.Y~~.~~IS~O
na Area Ensino de Giadua~Lio.
Como na Hidráulica o líquido predominante é a água, cuja viscosidade
é relativamente baixa, os escoamentos mais frequentes são classificados como
tlirbulentos. Neste caso, as partículas do líquido movem-se em trajetórias ir-
regulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferência de quan-
tidade de movimento entre regiões da massa líquida. Esta é a situação mais
comum nos problemas práticos da Engenharia.
O escoamento unidimensional é aquele em que as suas propriedades,
como pressão, velocidade, massa específica etc., são funções exclusivas de
somente uma coordenada espacial e do tempo, isto é, são representadas em
termos de valores médios da seção. Quando se admite que as partículas escoem
em planos paralelos segundo trajetórias idênticas, não havendo variação do
escoamento na direção normal aos planos, o escoamento é dito bidimensional.
-
Hidráulica Básica Cap. 1

-
Se as partículas do líquido, numa certa região, possuírem rotação em re-
lação a um eixo qualquer, o escoamento será rotacional ou vorticoso; caso
contrário, será irrotacional.
No caso em que as propriedades e características hidráulicas, em cada
ponto do espaço, forem invariantes no tempo, o escoamento é classificado de
permanente; caso contrário, é dito ser náo permanente ou variável.
Escoamento uniforme é aquele no qual o vetor velocidade, em módulo,
direção e sentido, é idêntico em todos os pontos, emum instante qualquer, ou,
matematicamente, aG/ds = O, em que o tempo é mantido constante e as é um
deslocamento em qualquer direção. No escoamento de um fluido real, é co-
mum fazer uma extensão deste conceito, mesmo que, pelo princípio da ade-
rência, o vetor velocidade seja nulo nos contornos sólidos em contato com o
fluido. De forma mais prática, o escoamento é considerado uniforme quando
todas as sqões transversais do conduto forem iguais e a velocidade média em
todas as seções, em um determinado instante, for a mesma. Se o vetor velo-
cidade variar de ponto a ponto, num instante qualquer, o escoamento é dito não
un$orme ou variado.
O escoamento é classificado em superfície livre, ou simplesmente livre,
se, qualquer que seja a seção transversal, o Iíquido estiver sempre em conta-
to com a atmosfera. Esta é a situação do escoamento em nos, córregos ou
canais. Como características deste tipo de escoamento, pode-se dizer que ele
se dá necessariamente pela ação da gravidade e que qualquer perturbação em
trechos localizados pode dar lugar a modificações na seçáo transversal da cor-
rente em outros trechos.
O escoamento em pressão ou forçado ocorre no interior das tubulações,
ocupando integralmente sua área geométrica, sem contato com o meio exter-
no. A pressão exercida pelo líquido sobre a parede da tubulação é diferente da
atmosférica e qualquer perturbação do regime, em uma seção, poderá dar lu-
gar a alterações de velocidade e pressão nos diversos pontos do escoamento,
mas sem modificações na seção transversal. Tal escoamento pode ocorrer pela
ação da gravidade ou através de bombeamento.
O escoamento turbulento livre costuma ser subdividido em regimeju-
vial, quando a velocidade média, em uma seção, é menor que um certo valor
crítico, e regime torrencial, quando a velocidade média, em uma seção, é
maior que um certo valor crítico.

1.2 EQUAÇÃO DA ENERGIA


Seja um volume elementar, representado por um paralelogramo de base
dA e altura ds, de um líquido sujeito à ação de forças de campo (gravidade)
e de contato (pressão e atrito), conforme Figura 1.1,em que s e n são direçóes
Cap. 1 Conceitos Básicos 5

-
ortogonais. Na ausência de efeitos
termodinâmicos e não havendo adição
ou extração de trabalho do exterior, pela
presença de uma bomba ou turbina, é
possível chegar à equação do movi-
mento pela aplicação da equação funda-
mental da Dinâmica à massa que no
instante r ocupa uma certa posição no
espaço.
A equação fundamental da Dinâ-
mica, aplicada a um elemento difereu-
cial da massa de líquido, na forma,
representa o equilíbrio dinâmico das for-
ças, tanto na direção tangencial ao es-
coamento (direção s), quanto na direção
sa dm =(direção
normal pdVol n).
encerra
O elemento de P,
o ponto mas-
no

qual as propriedades e características do


escoamento são definidas por: z, cota
+ $ @r:k&l
I

dn
:'>~(V,P,6

-----
___----
I ar
(r--z -
an dn)dA.
1 ap ,'i-
topográfica ou geométrica relativa a um 2 a8
@ - --ds)dA
plano horizontal de referência; p, massa 2 a"
\@_L&
específica; p, V, velocidade na p gdvd
direçáo s; e 7, tensão de cisalhamento Figura 1.1 Forças sobre o volume elementar.
devida aos efeitos de viscosidade.

Resultante das forças na direção +S.


a) Força de pressão:

1 ap
( p - --ds)dA-(p + 1 ap
--ds)dA=--dsdA ap
2 as 2 as as
b) Força de superfície devido à resistência ao escoamento. Na hipótese
de a variação de velocidade nas proximidades do ponto P s6 ocorrer
na direção n, isto é, não há efeito de binormalidade, a tensão trativa
ou de cisalhamento será responsável por um esforço que se opõe ao
movimento, na forma:
-

Hidráulica Básica Cap 1

-
em que dA* é a irea da face do paralelogramo perpendicular a dire-
ção n.
C) Componente do peso na direção s:
!
Para o sistema de coordenadas intrínseco, isto é, ao longo da linha de
corrente (coordenada s), o campo de velocidade é dado por Y=Y(s,t) e o
campo de aceleração por:
~
I

com o pnmeiro termo, do segundo membro, caracterizando a aceleraçáo sofnda I


pelo líquido ao mudar de posição (aceleraçáo de transporte) e o segundo, a
aceleração local.
Observando que ds.dA = dn.dA*= dVol e que dm = pdVol, a equação
fundamental da Dinâmica na direção +s torna-se zFs
=pdVol à, logo:

portanto:

No caso particular de um líquido ideal, em que não se manifestam os


efeitos da viscosidade e conseqüentes esforços cisalhantes, a Equaçáo 1.1 tor-
na-se:

Se, além da restrição acima, considera-se o movimento permanente, isto


é, aV/at = O e, portanto, a trajetória da paaíçula coincidente com a linha de cor-
rente, a Equação 1.2 pode ser escrita como:
-
Cap 1 Conceitos Básicos

-
dp
- + gdz +d(-)v' =O
P 2
i.Leonhard EU!-,, matemática surro.
que é a equação de Euler' em uma dimensão.
A Equação 1.3 integrada entre dois pontos ao longo da trajetória fica:

No caso em que as varia~õesde pressão sofrida pelo fluido ao longo da


trajetória forem relativamente pequenas, que não afetem o valor da massa es-
pecífica, situação em que se considera o fluido incornpi~ssível,isto é, y= pg =
cte., tem-se:

A equação acima exprime o teorema de B e r n ~ u l l ipara


, ~ líquidos perfei-
tos e regime permanente, na qual a carga total H, por unidade de peso do 1í-
iido, é constante ao longo de cada trajetória.

..esultante das forças na direção 7 n


a ) Força de pressão

b) Componente do peso na direção +a

A equação fundameiital da Dinâmica, na forma, CF, = dm i,,,na qual


i, é a aceleração normal, dirigida para o centro de curvatura da linha de cor-
rente, fica:
- 7

-
Hidráulica Básica Cap. 1

Esta equação permite determinar adistribuição de pressão na direção


normal à linha de corrente, desde que se conheça a distribuição da velocida-
de na mesma. Se a curvatura das linhas de corrente for desprezível, o efeito da
aceleração normal pode ser negligeiiciado (r + m), a equaçáo precedente, fica:

portanto p + pg z= cte., ou seja, a distribuição de pressão é hidrostática na di-


reção normal. Tal propriedade é particularmente importante nos escoamentos
livres.

1.2.1 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO SOBRE UMA LINHA DE


CORRENTE
Os termos da Equação 1.I representam forças poi unidade de massa, que
divididoc pela aceleração da gravidade tornam-se forças por unidade de peso
Reescrevendo a equaçáo de forma mais conveniente pelo agrupamento da$ par-
celas, esta toma a forma:

Multiplicando os termos da equação anterior por ds, os produtos expri-


mem os trabalhos mecânicos realizados pelas forças, por unidade peso, ao lon-
go da linha de corrente, isto é, as energias equivalentes. Integrando entre dois
pontos ao longo da linha de corrente, vem:

O termo
-
Cap. 1 Conceitos Básicos

-
representa a energia gasta para vencer as forças de atnto no deslocamento entre
os pontos 1 e 2, e e ~ t associada,
á portanto, a uma perda de energia ou perda
de carga no escoamento de um fluido real e representada por AH12. Assim, a
integração da Equação 1.9 leva a.

Como o termo aV/at representa a aceleração local, portanto independen-


te da direção s, a integral entre os pontos 1 e 2 da linha de corrente pode ser
efetuada, ficando.

em que L é o comprimento do arco entre os dois pontos 1 e 2.

1.2.2 LINHA DE ENERGIA E LINHA PIEZOMÉTRICA


Considere-se a Equação 1 .I 1 no caso particular do escoamento perma-
n-nte, no qual o último termo é nulo.

Esta equação, pelo fato de cada parcela representar energia por unida-
de de peso e ter como unidade o metro, admite uma interpretação geométri-
ca de importância prática. Tais parcelas são denominadas como:
e ply (m) - energia ou carga de pressão;
z (m) - carga de posição (energia potencial de posição em relação a
um plano horizontal de referência);
VZ12g(m) - energia ou carga cinética;
i AH (m) - perda de carga ou perda de energia.
Conhecendo-se a trajetória de um filete de líquido, identificada pelas co-
tas geométricas em relação a um plano horizontal de referência, pode-se repre-
sentar os valores de piy, obtendo-se o lugar geométrico dos pontos cujas cotas
são dadas por ply+ z e designado como linha de carga efetiva ou linha piezo-
métrica. Cada valor da soma ply + z é chamado de cota piezométrica ou car-
'
1

-
Hidráulica Básica Cap 1
10

-
Linha de energia ga piezométrica. Se acima da linha piezométrica acrescentarem-se
Linha os valores da carga cinética V2/2g, obtém-se a linha de cargas
..................... totais ou linha de energia, que designa a energia mecânica total por
---__ unidade de peso de líquido, na forma H = ply + z + VZ/2g.
No caso de fluidos reais em escoamento permanente, a carga
total diminui ao longo- da traietória, no sentido do movimento,
como conseqüência do trabalho realizado pelas forças resistentes,
como indicado na Figura- 1.2.
Figura 1.2 Linha de energia e linha piezométricaem
Algumas observações sobre estes conceitos básicos são ne-
escoamento permanente
cessárias.
a ) Como, em geral, a escala de pressões adotada na prática é a escala
efetiva, isto é, em relação à pressão atmosférica, a linha piezométrica
pode coincidir com a trajetória, caso em que o escoamento é livre, ou
mesmo passar abaixo desta, indicando pressões efetivas negativas.
b) Todas as parcelas da Equação 1.11 devem ser representadas geome-
tricamente como perpendiculares ao plano horizontal de referência,
independente da curvatura da trajetória. Na Figura 1.3, a colocação
de um tubo piezométrico no ponto P, em uma seçáo com pressão po-
sitiva, fazcom que o líquido em seu interior atinja o ponto S em con-
tato com a atmosfera, equilibrando a pressão em P. A cota do ponto
S, em relação ao plano de referência, é a cota piezométrica dada pela
, soma ply + z, como na Figura 1.3. O raciocínio pode ser estendido
acrescentando-se a carga cinética.
c) Em cada seção da tubulação, a carga de pressão disponívet é a dife-
rença entre a cota piezométrica, p/y+ z, e a cota geométrica ou topo-
grâfica z. Esta diferença pode ser positiva, negativa ou nula.
4 A linha de carga total, ou linha de energia, desce sempre no
sentido do escoamento, a menos que haja introdução de
energia externa, pela instalação de uma bomba.
A linha piezométrica não necessariamente segue esta pro-
priedade, como será visto adiante.
e ) Quando se utiliza o conceito de perda de carga entre dois
pontos da trajetória, trata-se de perda de energia total, ou
seja, H = p/y + z + VZ/2g,como na Figura 1.2, e não de per-
da de carga piezométrica. Se, no entanto, no escoamento for-
Figura 1.3 Tubo piezométrico. çado em regime permanente a seção geométrica da
tubulação for constante e, conseqüentemente,a carga cinética
também, as linhas de energia e piezométrica serão paralelas,
poaanto pode-se usar como referência a linha piezométrica.
-
Cap 1 Conceitos Básicos
11

Esta observação é importante nos escoamentos em superfícies livres,


em que a linha de energia, geralmente, não é paralela à linha piezométrica, a
não ser no caso de escoamento rigorosamente permanente e uniforme. Nesta
situação particular de escoamento permanente e uniforme em condutos livres,
a linha de energia é paralela a linha piezométrica, que é a própria linha d'água,
1 pois a pressão reinante é constante e igual a atmosférica, e é também parale-
la à linha de fundo do canal.

1.2.3 EQUAÇÃODA ENERGIA EM TUBOS DE FLUXO preooâo. a cota piezometiiea de uma


oegão a jusante pode ser maior que a
A Equação 1.11 foi desenvolvida ao longo de uma linha de corrente de uma oep8o a montante?
ideal. Em muitas aplicações da Engenharia, não interessa o conhecimento das
características do escoamento em determinados pontos ou mesmo em determi-
nada trajetória, mas, sim, seus valores médios em seções retas de tubos de fluxo.
Para uma veia líquida, os valores de pressão, massa específica ou carga de po-
sicão. em uma certa secão.
> . não sofrem variacões aureciáveis.
evido à presença de fronteiras sólidas, existe uma distri-
buiçi idades por trajetórias, que pode se distanciar do valor mé- A

dio V na seçao. '


L
Desta forma, a cada trajetória corresponde uma linha de energia,
e interessa, do ponto de vista prático, definir uma linha de energia cor-
i
respondeute ao escoamento na totalidade da s q ã o , através do uso do va- figura 1.4 Distribuiçãode velocidadeemuma
lor médio da velocidade. Com relação ao perftl de velocidade, através de seção.
uma área A, apresentado na Figura 1.4, pode-se dizer que:
A energia cinética da massa global, tendo velocidade média V, vale:

E,, = -mV
i 2=-
1 p volv2 =-
1 p AV' (i)
(1.12)
2 2 2

Para um elemento de área dA, em que a velocidade é v, a energia ciné-


tica vale:

1
dE,,=-dmv
2
2 = - 1p
2
v 3 d A + cz
~ = j -21 p v3 dA
A
(ii) (1.13)

A relação entre (ii) e (i) é chamada de 'yator de correçúo da energia


cinética" ou coeficiente de Coriolis3 e é dada por: 3. G ~ s t a v e G a s ~ ~CO~,OI~S.
m tranc8e. i792-iffl3.
rd engenhei-
I -
Hidraulica Basica Cap. 1
12

A quantidade de movimento da massa global, tendo velocidade médiaV,


vale

Para um elemento de área dA, em que a velocidade é v, a quantidade de


movimento vale:
-f
d ~ = d m Y = ~ d ~ o l Y =-t~Qv, =
~ /d pv2dA
~ (iv) (1.16)
A

A relação entre (iv) e (iii) é chamada de ' ~ a f ode


r correçáo da quantl-
4 Joreph Bauinlnerq. matsmdttco han-
ces 18.32-1929
dade de movcmento" ou coeficiente de Boussinesq4 e é dada por

Assim, a equação geral da energia para uma veia líquida, representada


pelas velocidades médias nas seçóes I e 2, toma-se:

2
Pi
-+ z, +a-V, -
- -+
P2
z, +a-V: + AH,, +----
L díPV)
Y 2g Y 2g g dt

Para um escoamento Iaminar em um duto circular, em que o perfil de ve-


locidade é parabólico, o valor do coeficiente a é igual a 2,O e do coeficiente 3j
é igual a 413 (Problema l.la). Para o escoamento turbulento em uma seção cir-
cular em que a distribuição de velocidade se aproxima do valor médio, os coe-
ficientes de Coriolis e Boussinesq são, respectivamente, 1,06 e 1,02 (Problema
l.lb),
Para as seçóes circnlares, seja o escoamento lamnar ou turbulento, mos-
tra-se que a relação entre o coeficiente de Coriolis e de Boussinesq é dada por:
r -
-

Cap. 1 Conceitos Basicos


13

-
O coeficiente de Coriolis é particularmente mais importante nos es-
coamentos livres, nos quais a distribuição de velocidade em uma seção é me-
---uniforme que no escoamento forçado com seção circular.

DIMENSIONAL APLICADA AO ESCOAMENTO FORÇADO


u reorema fundamental da Análise Dimensional, conhecido como teo-
Considere o essoimamo
ide Vaschy-Buckingham ou teorema dos n s , é o instrumento básico de bidlmensional mostrado abaixa.
de utilidade na Hidráulica experimental, e é enunciado da seguinte forma:
"Todo fenômeno físico representado por uma relação dimensionalmente
.
hom ogênea de n grandezas físicas, na forma: F(Gi, Gz, . .Gi, . .G,) = 0, pode
ser (iescrito por uma relação de n - r grupos adimensionais independentes,
mln
\y\lli, 112, . . = O, em que r é o número de grandezas básicas ou funda- Mostre que os fatores do soire@o da
eneigla cinBtica a da quantidade de
mentais necessárias para expressar dimensionalmente as variáveis G,." movimento valem, iespestivamente,
o=zep=4n
No caso particular da Hidráulica, o valor de r é, no máximo, 3, ou seja,
existem no máximo 3 grandezas básicas necessárias para descrever dimen-
sionalmente cada variável do fenômeno. Em geral, tais grandezas são: massa
(força),comprimento e tempo. Escolhendo como variáveis básicas (sistema
pró-básico) as grandezas Gk,GIe Gm,cada gmpo adimensional independente
é da forma:

em que Ai é um número puro, Gi, uma grandeza do fenômeno diferente das


variáveis básicas e a,, expoentes a determinar, pela imposição de homoge-
neidade dimensional na relação anterior, uma vez que i í i é um número puro.
Para melhor consistência física da metodologia, o sistema pró-básico deve ser
constituído por uma grandeza cinemática (velocidade ou vazão), uma grande-
za din;imica (nnassa específica) e uma grandeza geométrica característica
qualqu'er.
..
"
luo renomeno
A
físico do escoamento de um líquido real, com velocida-
de mkdia V, caracterizado pela sua viscosidade dinâmica p e massa específi-
ca p, atravks de uma tubulação circular de diâmetro D, comprimento L e
coeficiente de mgosidade da parede E, a queda de pressão Ap ao longo do
comprimento L pode ser tratada pelo teorema dos ns, na forma:

com n = 7 e r = 3, existem 4 grupos adimensionais independentes que descre-


vem o fenômeno na sua totalidade. Escolhendo para sistema pró-básico o temo
p, V, D, a aplicação do princípio da homogeneidade dimensional leva aos se-
guintes adimensionais:
-7
-

H~draul~ca
Basica Cap 1
14

-
n,=- + Número de Euler
pvZ
s Oaborne Reynold4 sngenheim iilan- n,= --+ Número de Reynolds5
1
dai. 4842.1912
I
w
&
n, = -
D
-t Rugosidade relativa

Portanto, existe uma funçáo adimensional na forma:

A experiência mostra que a queda de pressão é diretamente proporcio-


nal à relação LID, logo a expressão toma-se:

i' 1 O tatoi dB coieqSo da energia


~ a mesma unidada
C I A L I Item
da caiga sln6t8ca7 u
3 -)
D

A função entre parênteses pode ser levantada experimentalmente e re-


presentada pelo fator de atrito da tubulaçãof a ser discutido no próximo ca-
pítulo. Desta forma, a queda de pressão é dada por:

e como Ap = y AH e = pg , vem:

em que o fator 2 foi introduzido para reproduzir a definiçáo de carga cinética


da equação da energia. A Equação 1.20, a ser analisada no próximo capítulo,
nheiro fiances, 18051858. e ~ u d w i g
JULiUB Weisbach. engenheiro e Pro-
é afónnula universal de perda de carga ou equação de Darcy-Wei~bach,~ de
tesoar alemão, 1806.1871. grande importância nos problemas de escoamentos. Deve-se observar que a
aplicação do teoroma dos ris não fornece a expressão analítica da função
r

-
Cap. 1 Conceitos Básicos 15

-
adimensional a,o que poderá ser conseguido, em cada caso particular, por teo-
ria ou experimentação.

1.4 VELOCIDADE DE ATRITO


Considere-se o escoamento de um fluido real, incompres-
sível, em regime permanente, através de uma tubulação circular
de diâmetro constante e área A. As forças que atuam sobre fluido
são: forças de pressão, gravidade e cisalhamento devido ao atrito
com a oarede da tubulação. O diagrama de forças, mostrado na
Figuira 1.5,pennite concluir que na condição de equilíbrio dinâ-
micc, na direçiio x, tem-se: ---
Q W = TAL

CF p,A-~,PL-Wsen0=0 (1.21)
Figura 1.5 Equilíbrio de forças no escoamento per-
~znsãomédia de cisalhamento (tensão trativa mé- manente.
em ;a
~ U E '

dia (lu tensão t:mgencial média) entre o fluido e o perímetro da


seçãO em contsito com o fluido, P, o perímetro da seção e W, o
. - ..
peso de fluido comespondente ao volume ocupado.
Como
sen 0 = -
z2 - = I
L
e W = TAL, a Equação 1.21 fica:

que desenvolvida toma-se:

Observando, na equação anterior, que a diferença entre os dois primei-


ros termos é a perda de carga AH entre as seções 1 e 2 (regime permanente e
uniforme) e definindo como raio hidráulico, RI,, a relação entre a área A da
seção ocupada pelo fluido e o perímetro P da seção, em contato com o fluido,
parâmebo que reflete as dimensões e aspecto da seção reta do escoamento, vem:
-
Hidráulica Bbsica Cap. 1
16

-
Definindo como perda de carga unitária, J(m/m) = AHL,a relação entre
a perda de carga AH entre as seções 1 e 2 e o compnmento do trecho L, a equa-
ção precedente fica :

Esta expressão é válida tanto para condutos forçados quanto para con-
dutos livres, no escoamento uniforme, e tem emprego em Transporte de Sedi-
mentos e projetos de seções estáveis em canais. Em tubos de seçáo circular,
a tensão tangencial distribui-se uniformemente no perímetro e coincide com
o valor médio dado pela Equação 1.25. Em tubos de seção não circular e em
canais, a tensão tangencial tem distribuição não uniforme e TO representa o seu
valor médio no perímetro molhado.
No caso particular do escoamento forçado em seção circular com diâ-
metro D, no qual a área ocupada pelo escoamento é a própria área da seção,
o raio hidráulico vale Dl4. Deste modo, a Equação 1.24 leva a:

que comparada com a fórmula universal de perda de carga, Equação 1.20, vem

A Equação 1.27 pode ser escrita na forma:

Como o fator de atrito f é adimensional, o termo a tem dimensão

cisalhamento, u, = a,
de velocidade sendo definido como velocidade de atrito ou velocidade de
e encontra aplicações em áreas como turbulência,
distribuição de velocidades em condutos forçados, estabilidade hidráulica de
fundo de canais etc. Deve ser observado que a velocidade de atrito engloba
somente a tensão de cisalhamento e a massa específica do fluido, e é definida
sempre pela mesma equação, independente do regime do escoamento ser
laminar ou turbulento e da parede da tubulação ser lisa ou rugosa.
1.5 POTÊNCIAHIDRÁULICA DE BOMBAS E TURBINAS
Conforme foi dito nas observações sobre a Equação I. 1la, a linha de
energia sempre decai no sentido do escoamento, a menos que uma fonte ex-
terna de energia seja introduzida. Turbinas e bombas são máquinas hidráuli-
cas que têm a função, respectivamente, de extrair ou fornecer energia ao
escoamento.
A aplicação do princípio da conservação da energia ao escoamento per-
manente do sistema mostrado na Figura 1.6, no qual a máquina instalada en-
tre as sqões e (entrada) e s (saída) pode ser uma bomba ou uma turbina, resulta
em.

Figura 1.6 Maquina hidr&ulica em


uma tubulação
em que H, e H, são energias por unidade de peso do fluido em escoamento
e e,,, a energia fomecida pela bomba (sinal +) ou consumida pela turbina
(sinal -), dividida pela unidade de peso do fluido em escoamento.

Pela definição de potência total (fornecida ou consumida) como sendo


energia total por unidade de tempo, tem-se:

Emaq e,, , peso


Pot = = yQe,i, (1.30)
At

em que y Q é a vazão em peso através da máquina e Emaq, a energia total for-


necida ou consumida. Assim, a expressão geral da potência hidráulica da má-
quina é dada por:

As cargas ou energias nas seções de entrada e saída serão a soma das


três parcelas de energia de que o fluido dispõe, isto é, H = ply + z + aVZ/2g.
Como a I:ransformaçãode energia no processo não se dá em condições
ideais, sem peri$a de rendimento, a potência absorvida por uma turbina é in-
,
ferior à Dorencia que ela recebe do escoamento, ao passo que a potência cedida
.A

por 1uma bombai é superior à que o escoamento recebe.


Definindio como altura total de elevaçüo da bomba a diferença de car-
gas do escoamento entre a saída e a entrada (H = H,- H,), como queda útil da
turbina a diferença de cargas entre a entrada e a saída (H, = H, -H,) e como
q o rendimento da transformação, nas condições do escoamento, têm-se:
7
r
7

Hidráulica Básica Cap. 1


18

-
s para as bombas: Pot =
rQ(H,-H,) --T Q H
-
rl 11

s para as turbinas: Pot=qyQ(H, -H, ) = 117QH, (1.33)

No caso particular da água, cujo peso específico é y = 9,8.103N/m3,as


expressões acima, para Q(m3/s)e H(m), tomam-se:

9,8,QH
s para as bombas: Pot = ( kw)
11

s para as turbinas: Pot = 9,8.q QH, (kW) (1.35)

A unidade de potência normalmente utilizada, principalmente quando se


trata de bombas, é o cavalo-vapor, e a equivalência entre quilowatt e cavalo-
vapor é a seguinte:

A aplicação da equação da energia aos problemas de escoamento em


geral deve ser feita sempre tendo em mente o traçado da linha de energia ou,
se for o caso, da linha piezométrica. Assim, é fundamental que se desenhe um
esquema do desenvolvimento destas linhas entre seçÕes.de interesse, principal-
mente quando no problema existe uma máquina hidráulica. Tal procedimento
permite que não se aplique a equação da energia de forma abstrata, mas de modo
consciente, pelo acompanhamento gráfico das alterações energéticas.
No caso da exisencia, no sistema hi-
dráulico, que liga dois reservatórios de gran-
des dimensões e abertos para a atmosfera,
-------....._____
de uma bomba ou turbina, tais esquemas
gráficos são mostrados na Figura 1.7.
As relações entre as cotas dos níveis
d'água nos reservatórios de montante e
jusante (cotas piezométricas inicial e final),
a perda de carga total do sistema AH e as
alturas características da bomba e da turbi-
na, pelo traçado das linhas de energia, são:

( Figura 1.7 Instalação de turbina v)e bomba (B) em uma tubulação


-

Cap. 1 Conceitos Báçicos


19

-
para a bomba: H = Z, - Z, + AH, + AH, = Z, - Z, + AH (1.36)

na qual a diferença de cotas topográficas, 2, - Z,, entre os níveis d'água nos


reservatórios é chamada de altura geométrica de elevação.

para a turbina : H, = Z, - Z, - AH, - AH, = Z, - 2, - AH (1.37)

em que a diferença de cotas topográficas, Z, - Z,, entre os níveis d'água nos


reservatórios é chamada de queda bruta. Em ambos os casos, AH, e AH, são
as perdas de carga, respectivamente, nas tubulações a montante e a jusante da
máquina.

EXEMPLO 1.1

Numa iubulação de 300 mm de diâmetro, água escoa em uma extensão


de 300 m, ligando um ponto A na cota topográfica de 90,O m, no qual a pres-
são interna é de 275 kN/mZ,a um ponto B na cota topográfica de 75,O m, no
qual a pressão interna é de 345 W m 2 Calcule a perda de carga entreA e B, o
sentido do escoamento e a tensão de cisalhamento na parede do tubo. Se a va-
60lFor igual a 10,14 m3/s, calcule o fator de atrito da tubulação e a velocidade
de aitrito.
Tendo a tubulação diâmetro constante, e sendo o escoamento permanen-
te, a carga cinética em qualquer seção será a mesma. Deste modo, a linha de
energia será paralela à linha piezométrica e a perda de carga pode ser calcula-
dacomo a diferença entre as cotas piezométricas das seções A e B. O sentido
do e$ deverá ser condizente com os níveis de energia existentes nas se-
ções io caso em questão, com as cotas piezométricas naquelas seções.
A LoLa piezométnca em A vale (pA/y + ZA)e em B, (pdy + zze), em que
ply é a carga de pressão disponível, em metros de coluna de água, e m cada
seção. Com os dados do problema, vem: .

Portanto, a perda de carga entre A e B será AH = 118,06 - 110,20 =


m.
- ..
u sentiao do escoamento será de A para B, pois C.PA > C.Pe.
Pela Equação 1.26:
i-
-
Hidráulca Básica Cap. 1
20

-
Da definição de velocidade de atrito:

Para uma vazão Q = 0,14 m3/s, a velocidade média é V = 1,98 m/$.


Da equação universal de perda de carga, Equação 1.20, pode-se deter-
minar o fator de atrito f, como:

EXEMPLO 1.2

No estudo das bombas hidráulicas, consideram-se como principais gran-


dezas físicas que intervêm no fenômeno as seguintes:
a) massa específica do fluido: p;
b) rotação do rotor da bomba: CO;
C) raio do rotor da bomba: R;

4 diferença de pressões nas seções de entrada e saída: Ap;


e ) vazão pela bomba: Q;
fi potência necessária: Pot.
Determine os gmpos adimensionais independentes que descrevem o fe-
nômeno físico.
Pelo teorema dos ris, como o número de grandezas físicas envolvidas no
fenômeno é n = 6, parar = 3, existifio n - r = 3 grupos adimensionais indepen-
dentes que descreverão o fenômeno. Escolhendo como variáveis fundamentais
(sistema pró-básico) o temo p, w, R, os três adimensionais são da forma:
Cap. 1 Conceitos Básicos

Cada uma das variáveis do fenômeno é expressa dimensionalmente, em


termos das grandezas básicas, M, L e T, como na matriz dimensional abaixo:

Os exporintes a, , P, e y, podem ser determinados, impondo a homoge-


neidade dimens,ional nas expressões dos gmpos adimensionais, o que gera os
três si$,temas dc:equações:

[MIO= [M]~"' a, =-1


,I
+ [L1° = [ L ] - ~ ~.., ~ ~2 --~- 2~ - ~ nl = - (coeficiente de pressão)
p u 2 R~
[T]O [T]-"~-~ a,=-2

[MIO = [M]~' P, =o
n, + [L]' =[L]-3PI+P3+3 , . 112=- Q
,
p--1
2- (coeficiente de vazão)
m~~
[TI" = [T]"~-' p, =-3

[M]" = [M]Y'+' yi =-1

-t [L]" =[L]-
3Yl+Y3+2
... y 2 --3
- Q=--
Pot
(coeficiente de potência)
pm3R5
[T]" = [T]72-3 Y3=-5

Observe que o coeficiente de potência nada mais é que o produto dos


outros dois adimensionais, indicando, portanto, que os coeficientes de vazão
e pressão são os adimensionais independentes e mais importantes para o fenô-
meno. Tais resultados serão usados no Capítulo 5, que trata da utilização de
bombas hidráulicas.
-
22 - Hidraulica Básica Cap 1

-
EXEMPLO 1.3

Considere um sistema de bombeamento como o da Figura 1.7, no qual


uma bomba, com rendimento de 75%. recalca uma vazão de 15 Vs de água, do
reservatório de montante, com nível d'água na cota 150,00 m, para o resenia-
tório de jusante, com nível d'água na cota 200,00 m As perdas de carga totais
na tubulação de montante (sucção) e de jusante (recalque) são, respectivamen-
te, AH, = 0,56 m e AH, = 17,92 m. Os diâmetros das tubulações de sucção e
recalque são, respectivamente, 0,15 m e 0,10 m. O eixo da bomba está na cota
geométnca 151,50 m. Detemine.
a) as cotas da linha de energia nas seções de entrada e saída da bomba,
b) as cargas de pressão disponíveis no centro destas seções;
c) a altura total de elevação e a potência fornecida pela bomba.
a) Tomando como escala de pressões a pressão atmosférica (pressões re-
lativas), as energias disponíveis no início e no fim da linha de ener-
gia do sistema serão os níveis d'água nos reservatórios. Pela equação
de Bernoulli aplicada à tubulação de sucção, calcula-se a cota da li-
nha de energia na entrada da bomba, como.
Z, = H , + AH, + H, = 1 5 0 , 0 0 0 , 5 6 = 149,44 m
Pela mesma equação aplicada à tubulação de recalque, determina-se
a cota da linha de energia na saída da bomba, como:
H, = ZJ + AHJ + H, = 200,OO + 17,92 = 217,92 m
b) Para uma vazão Q = 15 Vs, as velocidades médias nas tubulações de
sucção e de recalque valem, respectivamente, V,= 0,85 m/s eV, = 191
m/%. As cargas cinéticas são, respectivamente, ~ : / 2= 0,037
~ m e
V:/zg2= 0,186 m . Com as energias disponíveis na entrada e na sai-
da da bomba, determinam-se as cargas de pressão disponíveis.

c) H = H, - H, = 217,92 - 149,44 = 68,48 m; e a potência fornecida


vale:

9,8QH -
-
9,8.0,015.68,48
Pot = = 13,42 kW (18,25 cv)
7 0,75
-
Cap. 1 Conceitos Básicos
23

-
PROBLEMAS
Determinar a relação entre a velocidade média V e a máxima V,,, e os
p de Boussinesq, em um conduto cir-
coet icientes de correção a de Coriolis e
culzr em aue se vroduz.
a) escoamento laminar cuja distribuição de velocidades qegne a lei
parabtdica: Figura 1.8 Problema l .I

..

L, ~ ~ ~ ~ ~turbulento
n e n t em
o tubos lisos, cuja distribuição de velocida-
des segue a lei da potência 117 de Prandtl:

Em ambos os casos V,i, é a velocidade no eixo do tubo; R o raio do


mesmo; y = R - r, a distância da parede ao ponto de velocidade v.
a)[V/v,~,=l12 ; a = 2 ; B = 413 ]
b)[ V/v,j, = 49/60 ; w = 1 ,O6 ; P = 1,O2 ]

1.2 O diâmetro de uma tubulação que transporta água em regime permanen-


te, vana gradualmente de 150 mm, no ponto A, 6 m acima de um referencial,
para 75 mm, no ponto B, 3 m acima do referencial. A pressão no ponto A vale
103 kN/m2e a velocidade média é 3,6 mls Desprezando as perdas de carga,
determine a pressão no ponto B.

1.3 Um determinado líquido escoa, em regime permanente, através de uma


tubulação horizontal de 0,15 m de diâmetro e a tensão de cisalhamento sobre
a parede é de 10 Nlm2. Calcule a queda de pressão em 30 m desta tubulação.

1.4 Um tubo de 150 mm de diâmetro e 6 m de comprimento é conectado a


um reservatório de grandes dimensões (nível d'água constante), inicialmente
cheio até uma altura h = 3 m e aberto para a atmosfera. Na extremidade de jusante
existe uma válvula de abemira rápida, fechada. Desprezandotodas as peidar de carga,
determine a variação temporal da velocidade na saída do tubo, V>(t),quando a vál-
-
Hidraulica Basica Cap 1
24

-
vula for instantaneamente aberta e a água escoar para a atmosfera.
X nos primeiros 5 segundos do escoamen-
Faça um gráfico de ( V ~ t)
to. Despreze a velocidade da água no reservatório, exceto na região
imediatamente a montante da entrada do tubo. Sugestão: aplique a
Equação 1.11 entre os pontos 1 e 2 em que a pressão é atmosféri-
-v, ca, com AHiz = O.
[Vz(t) = 767 tgh (0,639 t), em que tgh significa tangente hiperbólica]
Figura 1.9 Pmblema 1.4
1.5 A vazão Q de um líquido através de um pequeno orifício em
uma tubulação depende do diâmetro do orifício d, do diâmetro da
tubulação D, da diferença d e pressão Ap entre os dois lados do
orifício, da massa específica p e da viscosidade absoluta p do líquido. Mostre,
usando o teorema dos ris, que a vazão pode ser expressa por:

1.6 Um vertedor triangular é uma abertura feita em uma placa de metal ou


madeira, colocada verticalmente na seção reta de um canal aberto A água do
canal é forçada a escoar pela abertura do vertedor A vazão medida pelo
vertedor é função da elevação (carga) H da corrente a montante do vertedor,
medida acima da soleira, da aceleração da gravidade g, do ângulo de abertu-
ra do triângulo n e da velocidade de aproximação da água para o vertedor V,,
esta última variável V,, é algumas vezes desprezível. Determine, usando o
teorema dos ris, a equação da vazão Q em função das demais variáveis.

1.7 Determine a tensão tangencial média sobre o fundo de uma galeria de


águas pluviais de 1 ,O m de diâmetro, escoando uma certa vazão em regime per-
manente e uniforme, a meia seção, isto é, com altura d'água igual a 0,5 m, com
declividade de fundo igual a I, = 0,001 mlm. Observe que, pela definição de
raio hidráulico, a linha d'água em contato com a atmosfera não faz parte do pe-
rímetro molhado e que, se o escoamento é permanente e uniforme, a perda de
carga unitária J(rn/m) é igual à declividade de fundo I,(m/m).
~ 2,45 N/m2]
[ T=
-
Cap. 1 Conceitos Báslcos
25

-
1.8 Em um ensaio em laboratório, uma tubulação de aço galvanizado com
50 mm de diâmetro possui duas tomadas de pressão situadas a 15 m de distân-
cia uma da outra e tendo uma diferença de cotas geométricas de 1,O m. Quando
a água escoa no sentido ascendente, tendo uma velocidade média de 2,l d s ,
um manômetro diferencial ligado às duas tomadas de pressão e contendo
mercúrio acusauma diferença manométnca de 0,15 m. Calcule o fator de atrito
da tubulação e a velocidade de atrito. Dado: densidade do mercúrio d, = 13,6.
[f = 0,028; u, = 0,124 d s ]

1.9 canal aberto de seção reta triangular, com inclinação dos lados
igual :oa uma certa vazão em regime permanente e uniforme. A altu-
ra d'água e igual a 1 ,O m e a declividade de fundo, I, = 0,002 d m . Determi-
ne a velocidade de atrito média na seção. Sugestáo: relemhre o conceito de raio
hidráulico.
[u, = 0,0833 mls]

1.10 Quando água escoa em uma tubulação horizontal de 100 mm de diâ-


metro, a tensão de cisalhamento sobre a parede é de 16 N/m2. Determine a per-
da de carga unitária na tubulação e a velocidade de atrito
[J = 0,065 mlm; u, = 0,126 d s ]

1.11 Bombeiam-se 0,15 m3/s de água através de uma tubulação de 0,25 m


de diâmetro, de um reservatório aberto cujo nível d'água mantido constante
está na cota 567,OO m. A tubulação passa por um ponto alto na cota 587,OO m
Calcule a potência necessária à bomba, com rendimento de 75%, para manter
no ponto alto da tubulação uma pressão disponível de 147 kN/mZ,sabendo que,
entre o reservatório e o ponto alto, a perda de carga é igual a 7,5 m.
[Pot = (1 14,55 cv)]

1.12 L,,tLG dois reservatórios mantidos em níveis constantes, encontra-


se uma máquina hidráulica instalada em uma tubulação circular com área igual
a0,Ol mZ.Para uma vazão de 20 Ys entre os reservatórios, um manômetro co-
locado na seção B indica uma pressão de 68,s kN/m2 e a perda de carga entre
as seções D e C é igual a 7,5 m. Determine o sentido do escoamento, a perda de
carga entre as seções A e B, as cotas piezométricas em B e C, o tipo de máqui-
na (bomba ou turbina) e a potência da máquina se o rendimento é de 80%
I

- 26 HidrAuiica Bhsica Cap. 1

[A-tD; AHAB= 2,796 m; CPB= 7,O m;


CPc = 9,29 m; Bomba;
Pot = 0,563 kW (0,766 cv)]

- -

1.13 A vazão de água recalcada por uma bomba


Figura 1.10 Problema 1.12.
é de 4500 Vmin. Seu conduto de sucção, horizontal,
tem diâmetro de 0,30 m e possui um manômetro
P diferencial, como na Figura 1.11. Seu conduto de saída, horizontal,
tem diâmetro de 0,20 m e sobre seu eixo, situado 1,22 m acima do
precedente, um manômetro indica uma pressão de 68,6 kPa. Supondo
o rendimento da bomba igual a 80%, qual a potência necessâria para
realizar este trabalho. Dado: densidade do mercúrio d, = 13,6.
[Pot = 10,26 kW (13,95 cv)]

Ngura 1.11 Problema 1.13. 1.14 A Figura 1.12 mostra o sistema de bombeamento
de água do reservatório Ri para o reservatório Rz , através
de uma tubulação de diâmetro igual a 0,40 m, pela qual es-
coa uma vazão de 150 11s com uma perda de carga unitá-
ria J = 0,0055 mlm. As distâncias RiBi e BiRz medem,
respectivamente, 18,s m e 1800 m. A bomba BI tem po-
tência igual a 50 cv e rendimento de 80%. Com os dados
da Figura 1.12, determine:
a) a que distância de BI deverá ser instalada B2 para que a
carga de pressão na entrada de Bz seja igual a 2 mHzO;
b) a potência da bomba Bz, se o rendimento é de 80%,e a
BI carga de pressão logo após a bomba. Despreze, nos dois
Figura 1.12 Problema 1.14.
itens, a carga cinética na tubulação.
a) [x = 527,3 m]
b) [Pot = 22,06 k W (30 cv); pzly = 14,O mHzO1
ESCOAMENTO UNIFORME EM TUBULAÇÕES

2.1 TENSAO TANGENCIAL


Que se alimentam de m a velocidade.
O fator de atrito entre o líquido e a parede da tubulação, definido no E pequenos turbilhões tem
tlirbilhóes ainda menores,
capítulo anterior, reflete o processo irreversível de transformação de parte da ~eisim por diante. ate a viscosidade.
energia do escoamento em calor. Este processo de conversão pode ocorrer [Lewis P Richaideonl
através de três caminhos:
1. Desenvolvimento de tensões cisalhantes entre camadas adjacentes de
líquido, em um escoamento caracterizado por valores pequenos do
número de Reynolds e definido como escoamento lumlnar
2. Geração de um processo vorticoso turbulento, no qual parte da ener-
gia do escoainento é utilizada para criação, desenvolvimento e colap-
so dos vórtices, e conseqiieiite dissipação por atrito viscoso entre
partículas adjacentes. Tal vorticidade é resultado do contato entre
regiões do escoamento com líquido em movimento rápido e regiões
com liquido em movimento lento ou estagnado na camada limite
laminar, ou mesmo em zonas de separação do escoamento. Tal escoa-
mento, em que a perda de carga ocorre dessa maneira, é classifica-
do como escoamento turbulento.
3. Uma combinação entre os processos laminar e turbulento, anteriormente
definidos, de dissipação de energia é chamada de escoamento transi-
cional. Este tipo de escoainento é instável, limitado a uma faixa estreita
de baixos números de Reynolds, sem interesse prático, principalmente
em se tratando da ágiia cuja viscosidade é baixa, o que leva a maioria
dos escoamentos nas tubulações comuns a serem turbulentos.
No processo de dissipação de energia, a distribuição de velocidade em
cada seção da tubulação é importante. Se, por hipótese, um escoamento se
desse com uma distribuição de velocidade rigorosamente uniforme, não have-
ria tensões tangenciais entre partículas adjacentes e, portanto, não haveria perda
de energia. Entretanto, pelo princípio da aderência, as partículas imediatamente
adjacentes às fronteiras sólidas estão imóveis, resultando em um diferencial de
velocidade entre elas e as vizinhas, que se propaga para toda massa fluida em
1
-
Hidráulica Bbsica Cap. 2
28

-
escoamento. Este diferencial de velocidade cria tensões tangenciais e dissipa
energia por atrito de escorregamento ou geração de turbulência.
Em um conduto retilíneo, em uma seção afastada de alguma singulari-
dade, no qual o escoamento é dito desenvolvido, isto é, em que o perfil de
velocidade é estável, há uma relação dueta entre a vanação da tensão tangencial
e tal perfil, seja no escoamento lamtnar ou turbulento.
A análise desenvolvida no capítulo anterior, que resultou na Equa-
ção 1.26, pode ser aplicada de modo semelhante a um tubo de corrente
qualquer, de raio r concêntrico com o tubo cilíndrico, em um escoamento
permanente, como na Figura 2.1.
Desta forma, a Equação 1.26 pode ser escrita como:

Figura 2.1 Distnbuçãodetensóes emum tubo


circular 4L

A equação precedente mostra que, independente do escoamento na tu-


bulação ser laminar ou turbulento, a tensão de cisalhamento varia linearmente
com a distância r da linha central ao ponto de interesse.
Desde que para r = R tem-se T = TO, a seguinte relação pode ser deter-
minada:

2.1.1 ESCOAMENTO LAMINAR


No caso do escoamento larninar, em que predomtnam os esforços visco-
sos, a tensão tangencial pode ser expressa pela lei de Newton da viscosidade,
válida para os líquidos nos quais há proporcionalidade entre tensão e o gradi-
ente de velocidade, que é o caso da água.

em que V é a velocidade no ponto a uma distância y da parede da tubulação ou


r da linha de centro do tubo. Igualando as Equaçóes 2.1 e 2 3 e fazendo a
integração entre um ponto qualquer do perfil, no qual a velocidade é v e a
distância é r, até a parede do tubo, em que r = R e v = 0, obtém-se:
A Equação 2.4 mostra que o perfil de velocidade em um tubo circular
em que o escoamento é laminar é um parabolóide de raio R. Na linha de cen-
tro com r = O, a velocidade é máxima, assim o perfil pode ser representado de
forma mais conveniente por:

L= [1-(;)2] Y AH ~2
em que vMx= -
"má, 41rL

Como a velocidade mais representativa da seção é a velocidade média, a


relação entre a velocidade máxima v, e a velocidade média V pode ser deter-
minada pela aplicação da equação da continuidade no regime permanente:

Utilizando a Equação 2.5 e desenvolvendo a integração, chega-se a:

Resultado importante que já fora antecipado no Problema 1.1


Desta forma, no regime laminar tem-se a seguinte relação entre os
parâmetros da tubulação e do líquido e a perda de carga AH:

Da equação anterior, o valor da perda de carga pode ser comparado com


a fórmula universal de perda de carga, Equação 1.20, para determinar o valor
do fator de atrito f no regime laminar, como segue:
-
Hidráulica Básica Cap. 2
30

-
Equação que foi obtida experimentalmente em 1839 por Hagen' e, um
ano mais tarde, teoricamente por Poise~ille,~
sendo conhecida como fórmula de
Hagen-Poiseuille.
Assim, igualando a Equação 1.20 à Equação 2.9, vem:

Resultado importante que mostra que, no escoamento Iaminar, o fator de


atrito só depende do número de Reynolds, independendo da mgosidade da
tubulação, como será discutido adiante. Esta relação, que tem sido comprova-
da experimentalmente, é válida para Rey < 2.300.

2.1.2 ESCOAMENTO TURBULENTO


O escoamento larninar, pela própria natureza física do processo de trans-
ferência individual de moléculas entre lâminas adjacentes do escoamento,
pemute um tratamento analítico da tensão de cisalhamento e, consequentemen-
te, do fator de atrito, com comprovação experimental. No escoamento turbu-
lento, são agmpamentos de moléculas animadas de velocidade de perturbação
que se transportam, de forma caótica, para camadas adjacentes do fluido, pro-
duzindo forças tangenciais de muito maior intensidade
Pelo princípio da aderência, uma partícula fluida em contato com a
parede do tubo tem velocidade nula e existe uma camada delgada de fluido,
adjacente à parede, na qual a flutuação da velocidade não atinge os mesmos
valores que nas regiões distantes da parede. A região onde isto acontece é
chamada de subcamada limite laminar e caracteriza-se por uma variação pra-
ticamente linear da velocidade na direção principal do escoamento. A partir da
subcamada limite laminar, desenvolve-se uma pequena zona de transição e, a
seguir, nas regiões mais distantes da patede, o núcleo turbulento, que ocupa
praticamente toda a área central da seção.
A teoria da camada limite mostra que a espessura 6 da subcamada limite
pode ser calculada por:

em que u, é a velocidade de atrito e v a viscosidade cinemática do fluido


-

Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçães 31

-
No caso em que as mgosidades da parede da tubulação E estão totalmente
cobertas pela subcamada limite laminar, tem-se:

U. E
-( 5 Escoamenro rurbulento hidraulicamente liso
v

Para a situação em que as asperezas da parede afloram a subcamada


l i m i t ~laminar alrnncandn n niírlen hirhiilento e v ~ r n n d of n n t e ~de hirhiilência

U. E
-) 70 Escoamento turbulento hidraulicamente rugoso
v
Na condição intermediária, em que apenas as asperezas maiores
transpassam a subcamada limite laminar, alcançando o núcleo turbulento, fica:

U* E
5 < -< 70 Escoamento turbulento hidraulicamente misto
v ou de transiçüo NOescoamento laminar *traves de
uma IubulagSo circular a vsrisçao
da valho é inversamente praparcia-
U, E
O termo -é chamado de númem de Reynolds de rugosidade
V
O escoamento turbulento, como o que ocorre em um jato de água, no
interior da carcaça de uma bomba hidráulica ou mesmo em grandes turbilhões
em um rio, é caracterizado por uma constante flutuação da velocidade, devi-
do ii inerente instabilidade do escoamento. Analisando-se a situaçáo pontual da
velocidade em um escoamento turbulento, pode-se imaginar, em cada direção
x, y e 2, que as velocidades instantâneas são afetadas pela existência de uma
esfera de perturbação, correspondente aos valores assumidos aleatoriamente
pela velocidade de perturbação, conforme a Figura 2.2. Figura 2.2 Esfera de pemrbaçáo
Desta forma, a velocidade instantânea em um escoamento turbulen-
to pode ser considerada como a soma de duas parcelas, a velocidade média
temporal e a velocidade de perturbação.

- T
\I = V + ? ' , com V constante e J?'dt=0,
O

para o intervalo de tempo (0, T), assumido.


Daí resulta que a velocidade média temporal pode ser calculada por:
-
Hidráulica Básica Cap. 2
32

Em coordenadas cartesianas, têm-se:

-
v, =v, + v',
-
v, =vy+ v',
v,=Vz + vtz
v

I-"
----- -.... - - .
. . .--

Figura 2.3 Rutuação da velocidade


de perturbaçáo
T
O registro pontual do componente, na direção x, da velocidade instan-
tânea no escoamento turbulento, utilizando técnicas de laboratório como
anemametro de fio quente ou velocimetria a laser, tem o aspecto apresentado
na Figura 2.3, em que não existe nenhum padrão de regularidade, seja na
amplitude ou no período.
Deve-se observar que, se a velocidade média temporal é constante,
embora as velocidades instantâneas variem com o tempo, este escoamento é
definido como permanente.
Ao contrário do escoamento Iaminar, no qual a tensão tangencial depende
de uma propriedade do fluido, a viscosidade, no escoamento turbulento, segundo
modelo proposto por Boussmesq, a tensão tangencial é dada por:

em que q chamada de viscosufade de redemoinho ou viscosidade de turbulência,


é uma propriedade do escoamento e não somente do fluido, e depende, predo-
mnantemente, da intensidade da agitação turbulenta, variando de ponto a ponto
no escoamento. Por causa da natureza aleatóna do movimento das partículas
de fluido, os valores de q são muito maiores que 1 Devido a simplicidade do
modelo e sua analogia com o caso laminar, a Equação 2.14 é utilizada no estudo
da turbulência, embora não descreva satisfatoriamente a fenomenologia envol-
vida.

2.2 COMPRIMENTO DE MISTURA DE PRANDTL - DISTRIBUIÇÓES DE


VELOCIDADE
Sendo v,' e v,' as velocidades de perturbações das particulas flui-
das, devido à turbulência, paralela, respectivamente, à direção do escoamento mé-
....
.
. .
..
dio e nomal a esta direção, para duas camadas de
fluido em movimento relativo, uma sobre a outra, + VX'
como na Figura 2.4, o seguinte raciocínio pode ser
desenvolvido. Q
4

Havendo um fluxo de massa perpendicular


ao escoamento médio, dado por ov'. dA, através % ' M m ~ m ~ ~ x
da área elementar dA, a aplicação do teorema da Figura2.4 Tensãoinstantâneadecisalhamento turbulenta
quantidade de movimento na direção x permite
determinar a força tangencial instantânea que se
desenvolve entre as camadas, como:

e consequentemente a tensão instantânea de cisalhamento turbulenta

Os termos da forma p v, ' v,' são chamados de tenszes de Reynolds.


Em 1925, Prandtl,j formulando a hipótese de que as velocidades de per-
turbação apresentam a mesma ordem de grandeza, isto é, turbulência isotrópica,
propôs que pequenos agregados de partículas são &ansportados pelo movimento
turbulento até uma certa distância média e, entre regiões com velocidades
diferentes. Em analogia ao conceito de livre caminho médio molecular da te-
oria dos gases, Prandtl chamou essa distância de comprimento de mistura, e
sugeriu que a variação de velocidade sofrida por uma partícula que se desloca
pelo comprimento de mistura é proporcional a !dvldy, em que v é a velocidade
média no ponto e y, uma ordenada normal a v, comumente medida a partir de
um contomo sólido, como na Figura 2.5.
Desta hipótese, as velocidades de perturbação serão:

Figura 2.5 Comprimento médio de


mistura turbulenta.

Substituindo na Equação 2.15 e incorporando em o fator de propor-


cionalidade, fica:
-
Hidaulica Básica Cap 2
34

-
Na equação anterior, P é uma função desconhecida de y e, portanto, da
mesma forma que a viscosidade turbulenta q, é função de posição.
Com base em condições de semelhança e estatística entre perfis de ve-
locidades na turbulência, von Kármán4propôs a seguinte relação para o com-
primento de mistura:

em que K é uma constante universal (adimensional) característica de todo


movimento turbulento, com valor experimental de cerca de 0,38, para a água
limpa, e usualmente assumida como 0,40, chamada de constante de von
Kármán. O valor desta constante pode variar consideravelmente em escoamen-
tos carregados de sedimentos.

2.2.1 LEI DE DISTRIBUIÇÃOUNIVERSAL DE VELOCIDADE


Pata deduzir matematicamente os perfis de velocidade para os escoamen-
tos turbulentos, a partir do conceito de comprimento de mistura, recorre-se a
três hipóteses formuladas por Prandtl, que, embora não sejam totalmente con-
vincentes, têm demonstrado sua validade quando o resultado teórico é compa-
rado com as verificações experimentais. As hipóteses para a deteminação dos
perfis de velocidade são:
a) Supõe-se que o esforço cortante na região do núcleo turbulento seja
igual ao que se desenvolve na parede do tubo.
b) O esforço cortante que predomina é o turbulento, dado pela Equação
2.16.
c) Como nas proximidades da parede as velocidades de perturbação
tendem a zero, há uma variação linear do comprimento de mistura
com a distância y da parede, dada por e= ti y.
Com essas hipóteses, pode-se escrever, a partir da Equação 2.16,

que após integrada resulta em:


Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações
35

A Equação 2.18 é válida tanto para escoamento turbulento bidimen-


sional, quanto para escoamento com assimetria axial em tubulações. As con-
dições de contomo para escoamento em tubulações circulares de raio R são:
Se y = R, tem-se vmsx;
Se y = O, v = 0; logo,

que substituída na Equação 2.18, fica:

Para K = 0,40, a Equacão 2.19 apresenta boa concordância com valores


experimentais em tubos lisos e mgosos, assim:

A Equação 2.20 é conhecida como lei universal de distribuição de ve-


locrdade, e é válida para tubos lisos e rugosos.
Derivando-se a Equação 2.18, com K = 0,40, tem-se dvldy = 2,5 uJy,
o que leva aos seguintes resultados: no centro do tubo, y = R e o valor do
gradiente dvldy deveria ser zero, pois v = v,$,, porém a última relação fome-
ce um valor finito; para y = O, o gradiente dvldy toma-se infinito, o que resulta
evidentemente impossível. Apesar dessas impropriedades matemáticas, a teo-
n a proposta p$r Prandtl não invalida as aplicações práticas da Equação 2.20.
Utilizando-se o conceito de velocidade média V em uma seção e inte-
grando-se a Equação 2.18, tem-se:

em que r = R - y, portanto:
7

-
Hidráulica Básica Cap. 2
36

expressão que desenvolvida leva a:

Equação que representa a velocidade média em uma tubulação, lisa ou


rugosa, de raio R.

2.3 EXPERIÊNCIA DE NIKURADSE


Em 1933,J. Nikuradse publicou os resultados de um trabalho experimen-
tal para a determinação do fator de atrito em tubulações circulares. Os ensaios
foram realizados com tubos lisos cuja parede interna foi revestida com grãos
de areia, sensivelmente esféricos, de granulometria controlada, criando assim
uma mgosidade uniforme e artificial de valor E, correspondente ao diâmetro do
grão de areia. Desta forma, pode-se levantar, para os escoamentos turbulentos,
as relações entre o fator de airito f, o número de Reynolds, Rey, e a mgosidade
relativa artificial dD.Embora o tipo de mgosidade usado nestes ensaios seja
diferente da mgosidade encontrada em tubos comerciais, em última análise
conseqüência do processo industrial, o diâmetro do grão de areia é facilmente
mensurável e o método serve para verificar, no fenômeno, o efeito da ru-
gosidade, da subcamada limite laminar e da turbulência, repxsentada pelo
número de Reynolds.
O gráfico da Figura 2.6, chamado Harpa de Nikuradse, representa um
resumo dos resultados dos testes, e permite uma análise fenomenológica das
cinco regiões apresentadas.
a) Região I - Rey < 2300, escoamento laminar, o fator de atrito in-
depende da mgosidade, devido ao efeito da subcamada limite laminar
e vale f = 64Rey.
b) Região I1 - 2300 < Rey < 4000, região crítica onde o valor de f não
fica caracterizado.
c) Região 111 - curva dos tubos hidraulicamente lisos, influência da
subcamada limite laminar, o fator de atrito só depende do número de
Reynolds. Escoamento turbulento hidraulicamente liso.
d) Região 1V -transição entre o escoa- u, I
0,09
mento turbulento hidraulicamente liso o,os
-~-~.
e runoso. o fator de atrito denende
-~ 0.07 ~.
.
~

.- .
~ ~ ~ ~ ~~ ~ ~

simultaneamente da rugosidade rela-


. . e a o numero
uva ,
ae ~ e y n o i a s . f
O,US

e ) Regiáo V turbulência completa, es-


- 0.04 i
120
coamento hidraulicamente rugoso, o
fator de atrito só depende da rugo- 0.03 L
252
sidade relativa e independe do núme- i
504
m de Reynolds. 0.02
,h
Deve-se observar na figura que a série de
curvas, para cada rugosidade relativa, se des-
prende da curva dos tubos lisos à medida que
o número de Reynolds vai aumentando, ou O,~I
5 10' 2 5 10. 2 5 10' 2 5 10"
seja, um tubo pode ser hidraulicamente liso R ~ Y
para Reynolds baixos e hidraulicamente mgo-
so para Reynolds altos. Isto se deve ao fato de Figura 2.6 Harpa de Nikuradse.
que, à medida que o número de Reynolds cres-
ce, aumenta a turbulência e o transporte de quantidade d e movimento entre
regiões do escoamento, diminuindo a espessura da subcamada limite laminar
e expondo as asperezas da parede da tubulação ao núcleo turbulento do escoa-
mento.
A curva limite dos tubos hidraulicamente lisos pode ser representada, na
faixa 3000 < Rey < 105,por uma expressão conhecida como fórmula de
B l ~ s i u s dada
,~ por:

A fórmula de Blasius, a despeito da simplicidade, ajusta-se bem a resul-


.. . . ". . -
taaos experimentais em tuoos iisos, como de Y.v.L., na faixa de Keynolds
..
considerada.

A I CIE nr a c c ~ c + ê r i r i rrin c r r n r a i c . i r n riinsimi P a i r r r

Do ponto de vista prático, as leis de distribuição de velocidade, em qual-


quer tipo de regime, permitem o cálculo da resistência oferecida ao fluido pela
superfície sólida que o cerca. Tanto no escoamento forçado quanto no livre, tal
resistência se iraduz em perda de energia, sendo então parâmetro fundamental nos
problemas de transporte de líquidos. O fator de atrito toma-se o elemento bási-
co na análise dos vários tipos de problemas em escoamentos.
-
Hidráulica Básica Cap. 2
38

-
2.4.1 TUBOS LISOS
A Equação básica 2.20, para um tubo de raio R, pode ser escrita como:

v
- V"ax + 2,5 In-Y
U. U, R

Multiplicando e dividindo o logaritmando por u, v e desenvolvendo, fica:

Os ensaios de Nikuradse, em tubos lisos, mostraram que a soma dos dois


primeiros termos do lado direito da equação anterior é praticamente constante
e igual a 5 3 , portanto:

Como, pela Equação 2.18, tem-se:

v
- - - 5,s + 2 5 In-Y u* = 2,5111y + C + C = 5,s + 2,5 I nu l
u* v v
que substituída na Equação 2.21, toma-se:

equação que permite a determinação da velocidade média V em um tubo de


parede lisa, no escoamento turbulento.
Da definição de velocidade de atrito, Equação 1.28, pode-se escrever:

que substituída na Equação 2.25, toma-se:


Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçóes
39

observando que:

substituindo na Equação 2.27 e transformando-se em Iogaritmo decimal, tem-se:

Esta equação, que no plano ( 1 / 8 ) versus log (Rey Jf)é representada


por uma reta, tem concordado bem com resultados experimentais de vários au-

-
tores, com um pequeno ajuste nos termos numéricos, na forma:

para < 5, correspondente a


v D/E
Reyfi<14,14

2.4.2 TUBOS RUGOSOS


Na faixa de números de Reynolds elevados, em que o escoamento é
hidraulicamente ~ g o s oo, efeito do atrito é preponderantemente influenciado
pelo tamanho e a configuração da aspereza da parede da tubulação, visto que
a ruptura da subcamada limite laminar toma as tensões tangenciais viscosas
negligenciáveis. Reescrevendo a lei básica de distribuição de velocidade, Equa-
ção 2.20, pela introdução da variável E, mgosidade absoluta equivalente da
rubulação vem:

v -
- --vdl + 2,s In-Y = V"a" + 2.5 In-E + 2,s ln-Y
u, U, R u. R E
HidrBulica Básica Cap. 2

-
Os ensaios de Nikuradse demonstraram que a soma dos dois primeiros
termos do segundo membro dessa equação permanece constante e igual a 8,48,
o que toma:

v Y
-= 8,48 + 2.5 ln-
u, E

Comparando-se a Equação 2.18, com u = 0,40, com a Equação 2 31,


chega-se ao valor da constante de integração na forma C = 8,48 - 2,5 ln E, que
substituída na Equação 2.21, fica:

equação esta que permite a determinação da velocidade média V no escoamento


francamente turbulento, em uma tubulação de raio R e mgosidade E.
Comparando a Equação 2.32 com a 2.26 e transformando-se em loga-
ritmo decimal. vem:

1 R
-= 2,04 log- + 1,67
Jf E

Equação que, com pequenos ajustes numéricos, concorda com resnlta-


dos experimentais, e é escrita na forma:

U E
para ) 70, correspondente a
v ReyJT)198
D/E

Aeqnação anterior representa a lei de resistência para escoamentos tur-


bulentos em tubos circulares mgosos.

EXEMPLO 2.1

Um ensaio de laboratório, em uma tubulação de diâmetro igual a 0,30 m,


mostrou que a velocidade, medida com um tubo de Pitot, em um ponto situa-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 41

do a 2 cm da parede era de 2,s mls. Sendo a rugosidade absoluta da tubulação


E = 1,O mm e a viscosidade cinemática da água v = 10-6m2/s, determine:

a) a tensão tangencial na parede da tubulação;


b) se o escoamento é hidraulicamente rugoso;
C) a distribuição de velocidade, correspondente à máxima vazão, para a
qual a mesma tubulação pode ser considerada lisa;
d) o valor da velocidade na linha de centro da tubulação em ambos os
perfis, liso e rugoso.
a) Assumindo que o escoamento seja hidraulicamente rugoso, pode-se
utilizar a Equação 2.31, na forma:
v 2
-=8,48 + 2,5 lnx.9.2,5= 8,48 + 2,s ln- :. u,= 0,156 m / s
u, E u, 0,1
Logo, como:

b) O número de Reynolds de mgosidade vale:

portanto a fronteira é hidraulicamente rugosa e o uso da Equação 2.31


é justificado, hipótese confirmada.
c) A condição limite para a qual a fronteira ainda é hidraulicamente lisa é:

Aplicando a Equação 2.24, vem:

d ) Na linha de centro, y = 0,15 m e v = v,&,, assim, para escoamento liso


e rugoso, respectivamente, fica:

v,, =0,134+ 12,5.10-'1n 0,15 = O , l l m / s


-
42 Hidráulica Básica Cap. 2

-
e, pela Equação 2.31:

--
- $,48 +2,5 ln
0,156
+
O 15
10-
.'. v,,, = 3,28 m l s

EXEMPLO 2.2

Em um escoamento turbulento em um tubo liso de raio R, determine o


valor de '/R, em que y é a distância medida a partir da parede até o ponto onde
a velocidade se iguala à velocidade média da seção.
Das Equações 2.24 e 2.25 têm-se.

Dividindo uma equação pela outra, toma-se:

como se quer v = V, tem-se:

que desenvolvida resulta em:

R
'
In- = 1.5 :. - = e- i,s = 0,223
Y R
Este mesmo resultado é encontrado se o tubo for mgoso (mostre), o que
leva a uma condição prática muito importante. Para medir a vazão em uma
tubulação de raio R, basta instalar um tubo de Pitot na posição y/R = 0,223, de-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçóes 43

terminando-se a velocidade média, que multiplicada pela área da seção fome-


cerá a vazão.
Partindo-se da lei de distribuição universal de velocidades, Equação 2.20,
e usando-se o conceito de velocidade de atrito e velocidade média em uma
seção, pode-se integrar o perfil de velocidade e chegar à seguinte relação en-
tre a velocidade média V e a máxima v,&, em uma tubulação circular na qual
o fator de atrito é f:

--
-
v 1
v,, 1+3,75(JT78)

Existe melhor concordância com resultados experimentais quando o fator


3,75 é substituído por 4,07, assim, e usando a Equação 2.26, fica:

Esta equação tem caráter geral e é válida tanto para tubos lisos quanto
mgosos. Com este resultado, passa-se ao Exemplo 2.3.

EXEMPLO 2.3

Em um escoamento estabelecido num tubo de 0,10 m de diâmetro, a


velocidade na linha central é igual a 3,O m/s e, a 15 mm da parede do tubo, é
2,6 d s . Calcule o fator de atrito da tubulação e a vazão.
Equação 2.20:

R 3,O-2,6 405
-- - 2,5 ln- .: = 2,5 In --.: u. =0,133mIs
U, Y Ue 0,015 .

Equação 1.28:
7

Hidráulica Basica Cap. 2


44

-
portanto: V = 2,46 m/s, daí f = 0,023 e Q = 2,46.7~.0,05~
= 0.01 9 m7/s.

EXEMPLO 2.4

Água escoa em um tubo liso com número de Reynolds igual a 25 000


Compare os valores da relação velocidade média V e velocidade máxima v,,,,
calculados pela relação do exemplo anterior, com o fator de atrito dado pela
fórmula de Blasius, sendo a relação calculada pela lei da raiz sétima de Prandtl
(ver resultado do Problema 1.I).

0,316 -- = 0,0251
Blasius: f =
~e y0,25 2 5 0 0 0 ~ , ~ ~

daí:

v
Lei da raiz sétima: -= - 49 = 0,817
v ~ x 60

Os valores são praticamente iguais, o que mostra que a fórmula de


Blasius, dentro da faixa 3000 < Rey < 105,fornece bons resultados na deter-
minação do fator de atrito para tubos lisos.

2.5 ESCOAMENTO TURBULENTO UNIFORME EM TUBOS COMERCIAIS


O desenvolvimento analítico realizado nos itens anteriores, apoiado em
dados experimentais de Nikuradse, levantados em tubos com rugosidades ar-
tificiais, permitiu o estabelecimento de leis de resistência para os regimes hi-
draulicamente liso e mgoso.
Em 1939, Colebrook e White apresentaram uma formulação para o fa-
tor de atrito, com particular referência à região de transição entre os escoamen-
tos hidraulicamente liso e mgoso, trabalhando com tubos comerciais de vários
materiais. Trata-se de uma engenhosa combinação dos argumentos dos loga-
ritmos das Equações 2 29 e 2.34 e que se ajusta bem aos dados experimentais
de ensaios em tubos com mgosidade natural. A fórmula de Colebrook-White
é dada por:
Cap. 2 Escoamento Uniforme emTubulaçóes
45

Esta equação, particularmente indicada para a faixa de transição entre os


escoamentos turbulentos liso e mgoso, tem sua condição de aplicabilidade no
intervalo:

Deve-se observar que a fórmula de Colebrook-White se reduz às Equa-


ções 2.29 e 2.34, para os tubos lisos ou para os tubos mgosos, se a rugosidade
relativa tende a zero ou o número de Reynolds tende para infinito, respectiva-
mente.
Posteriormente, em 1944, Moody6estendeu o trabalho e representou esta
equação em um gráfico, na forma do diagrama de Stanton, que apresenta os
eixos coordenados em graduação logarítmica, com o fator de atrito f em orde-
nadas e o número de Reynolds em abscissas, para vários valores da mgosidade
relativa, conforme Figura 2.7.
A utilização da Equação 2.35 apresenta dificuldades computacionais,
uma vez que não se pode explicitar o valor de f, mas pode ser explicitada em
relação à velocidade média, na forma:

em que J é a perda de carga unitária e v a viscosidade cinemática.


Para sanar esta dificuldade, algumas fórmulas explícitas e aproximadas,
para determinação do fator de atrito, têm sido apresentadas na literatura, entre
elas a de Swamee-Jain (28).

para 1W6< E/D C 10-'e 5.103 C Rey 5 108


-
Hidraulica Basica Cap 2

No mesmo trabalho, Swamee-Sain apresentam expressões explícitas para


o cálculo da perda de carga unitána J(m/m), da vazão Q(m3/s) e do diâmetro
D(m) da tubulação, cobrindo assim todos os problemas relativos ao dimen-
sionamento ou verificação de escoamentos permanentes em tubos circulares,
sem necessidade de processos iterativos. As equações são as seguintes:

As Equações 2.37 e 2.38 foram colocadas em forma de tabelas para


alguns valores da rugosidade absoluta e diâmetros das tubulações variando de
50 a 500 mm, respectivamente, nos Apêndices A1 e A2.
O uso das Tabelas AI e A2 apresentadas no Apêndice permite o cálcu-
lo rápido e prático dos mais diversos problemas em escoamento permanente em
condutos forçados circulares
Recentemente, Swamee (29) apresentou uma equação geral para o cál-
culo do fator de atrito, válida para os escoamentos, laminar, turbulento liso, de
transição e turbulento rugoso, na forma:

equação que foi utilizada para reproduzir o diagrama de Moody (ver Figura 2.7)
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações
47

O gráfico da Figura 2.7, originado da Equação 2.41, permite a determi-


nação do fator de atrito f, em função do número de Reynolds e da mgosidade
relativa para tubulações comerciais que transportem qualquer líquido.
O diagrama reproduz para os tubos de mgosidade comercial os mesmos
aspectos mostrados no gráftco de Nikuradse, Figura 2.6. A reta referente ao
regime laminar corresponde ao fator de atrito f = 64IRey da Equação 2.10 e a
curva envoltória inferior corresponde aos tubos lisos e, para 3000 < Rey < 105,
coincide com a fórmula de Blasius, Equação 2.22
Para todos os tipos de escoamentos, de laminar ate hidraulicamente
rugoso, discutidos na Seção 2.3 deste capítulo, o gráfico gerado a partir da
Equação 2.41 mostra uma boa concordância com o tradicional diagrama de
Moody apresentado na literatura.
Na maioria dos projetos de condução de água, como em redes de dis-
tribuição de água, instalações hidráulico-sanitárias, sistemas de imgação, sis-
temas de bombeamento etc., as velocidades médias comumente encontradas
-
-
Hidráulica BAsica Cap. 2
48

estão, em geral, na faixa de 0,50 a 3,00 mls. Admitindo-se diâmetros utiliza-


dos, nestas aplicações, na faixa de 50 a 800 rnm, os valores práticos dos nú-
meros de Reynolds localizam-se no intervalo de 104 a 3.106, indicando, no
diagrama de Moody, que em grande número de situações práticas os regimes
são turbulentos de transição, pois, em geral, as mgosidades absolutas das tu-
bulações utilizadas não são altas. Para essa faixa de número de Reynolds, pode-
se comparar a fúrmula de Colebrook-White com a fórmula de Swamee-Jain,no
cálculo do fator de atrito, em um tubo de aço galvanizado com costura, E = 0,15
mm, de 2" de diâmetro, e verificar a adequabilidade do uso de uma equação
explícita e aproximada. A comparação está na Tabela 2.1, e mostra que as
diferenças no valor de f são irrelevantes, menores que 2%.

Tabela 2.1 Comparação entre a? Equações 2 35 e 2 37

As mgosidades absolutas equivalentes dos diversos materiais utilizados


na prática de condugio de água são de difícil especificação, devido aos proces-
sos industriais e grau de acabamento da superfície, idade das tubulações etc A
literatura apresenta tabelas de valores da rugosidade para diversos materiais,
com variações e m faixas largas, além de valores diferentes, para o mesmo
matenal, em diferentes fontes de dados.
Sem dúvida, a especificaçáo da rugosidade da tubulação e a previsão de
sua modificação com o tempo, devido à alteração da superfície da parede,
muitas vezes causada pela própria qualidade da água, coloca o projetista diante
do problema difícil de determinar os fatores de atnto das tubulações, exigin-
do experiência e bom senso. A Tabela 2 2, condensada de várias fontes, apre-
senta valores da rugosidade absoluta equivalente para os principais materiais
utilizados em projetos de condução de água.
Os dados da Tabela 2.2 devem ser encarados como valores médios
indicativos das mgosidades equivalentes. Evidentemente resultados de testes
-

Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 49

sobre determinados materiais, em uma grande faixa de números de Reynolds,


quando disponíveis, são preferíveis.

Tabela 2.2 Valores darugosidade absoluta equivalente

Aço soldado limpo, usado 0.15 a0.20


Aco soldado moderadamente oxidado I 0.4

Aço rebitado novo 1a 3


Aço rebitado em uso I 6
Aço galvanizado, com costura 0,15 a0,20
Aço -ealvanizado, sem costura
~
I 0,06 a 0,15
Ferro forjado 0.05
Ferro fund~donovo 0,25 a 0 3 0
Ferro fundido com leve oxidacão II 0.30
Ferro fundido velho 3a5
Ferro fundido centnfunado I 0.05

Ferro fundido oxidado l a 1.5


Cimento amianto novo 1 0.025
Concreto centntugado novo 0.16
Concreto armado liso, vános anos de uso 0.20 a 0.30
Concreto com acabamento normal 1a 3
Concreto vrotendido Frevssinet 0.04
Cobre. latão. aço revestido de epoxi, PVC, plásticos 0 , 0 1 5 a 0,010
emgeral, tubos extrudados

Ensaios de perda de carga realizados em laboratório para tubulações


metilicas, em geral, fornecem valores da rugosidade absoluta menores que os
especificados na Tabela 2.2. Entretanto, as condições em laboratório são con-
troladas e diferentes das instalações práticas, onde podem ocorrer defeitos de
alinhamento de juntas, incrustações, tipo de acabamento diferente de fabricante
para fabricante etc.
-
Hidrhulica Básica Cap. 2
50

-
É interessante observar o valor do expoente da velocidade nas expressões
chamado Reynoldo cmlco, 4 aquele
Wla 0 qY111 0 88E-87.nlO tUrbYiBnt0
da perda unitária para os três tipos de escoamentos: turbulento rugoso, laminar
muda para laminai? e turbulento liso. No primeiro, o fator de atrito para um mesmo tubo é cons-
tante e, portanto, a perda de carga unitária é proporcional ao quadrado da
velocidade e, consequentemente, ao quadrado da vazão, na forma.

No escoamento laminar, a perda de carga unitária é proporcional à pri-


meira potência da velocidade, Equação 2.10, e no escoamento turbulento liso,
usando a fórmula de Blasius com 3000 < Rey < 105, tem-se:

Portanto, no referido domínio de Reynolds, em um tubo com escoamen-


to turbulento liso, a perda de carga unitária é proporcional à potência 1,75 da
velocidade média. A Equação 2.43 será posteriormente comparada à fórmula
de Fair-Whipple-Hsiao, utilizada em projetos de instalações hidráulico-sani-
tánas.

EXEMPLO 2.5

Água flui em uma tubulação de 50 mm de diâmetro e 100 m de compri-


mento, na qual a mgosidade absoluta é igual a E = 0,05 mm. Se a queda de
pressão, ao longo deste comprimento, não pode exceder a 50 kN/m2, qual a
máxima velocidade média esperada.
Como:

O problema pode ser resolvido diretamente pela Equação 2.39, na forma:


Cap. 2 Escoamento U n i f o r m e em Tubulações

então, a velocidade média V = 4.0,0029/ n.0,0S2 = 1,48 rn/s


Também, de forma mais rápida, pela Tabela A2, entrando com D = 50
mm, E = 0,05 mm, J = 5 , l d 1 0 0 m e interpolando, tem-se Q = 2 3 9 Vs, V =
1,47 d s , perfeitamente compatível com o valor anterior.

EXEMPLO 2.6

Imagine uma tubulação de 4" de diâmetro, material aço soldado novo,


mgosidade E = 0,10 mm, pela qual passa uma vazão de 11 Vs de água. Dois
pontos A e B desta tubulação, distantes 500 m um do outro, são tais que a cota
piezométrica em B é igual à cota geométrica em A. Determine a carga de pres-
são disponível no ponto A, em mH2O. O sentido do escoamento é d e A para B.
Como o diâmetro é constante e a vazão também, a carga cinética nas
duas seções é a mesma. Assim, a equação da energia entre A e B fica: ZA + PA/
y = zg + pg/y+AH. Como C.P.B= z~ + psly= ZA,tem-se: p ~ l y =AH, isto é, entre Ousndo se u f i ~ i ms fdrmula univer-
sal de perda de carga ou equaçao
A e B a perda de carga é equivalente à carga de pressão disponível em A. de Dsrcy-Weiobach, em um eocoa-
m n t o turb"1enfo em um conduto
A perda de carga pode ser calculada pela fórmula universal de perda de iarwdo, que Percentagem de erro
se corneta no cdlculo da vaza0 se o
carga, Equação 1.20: tator de atnta I datubulaçáofoi
oubeotimado em 10%1

com o fator de atrito caIculado pela Equação 2.37, após determínar a veloci-
dade média, V = 1,40 d s , e o número de Reynolds, tem-se:

Portanto:

O valor de f também pode ser determinado, rapidamente, pela Tabela Al,


com D = 100 mm, E = 0,10 mm e V = 1,40 mls.
-
-
Hidráulica Basica Cap. 2
52

-
EXEMPLO 2.7

Um ensaio de campo em uma adutora de 6" de diâmetro, na qual a vazão


era de 26.5 Vs, para determinar as condições de mgosidade da parede, foi felto
medindo-se a pressão em dois pontos A e B, distanciados 1.017 m, com uma
diferença de cotas topográficas igual a 30 m, cota de A mais baixa que B. A
pressão em A foi igual a 68.6 N/cm2 e, em B, 20,6 N/cm2. Determine a
mgosidade média absoluta da adutora.

Como a carga cinética é constante e C.P.A> C.P.B,o escoamento ocor-


re de A para B.

Equação I.lla + p A / y + ~ ~ / 2 g + z A = p , / y + ~ ~ / 2 g + z B + ~ ~ A B

L V' 1017 1.50'


+ AH,, = 19,Om = f-- = f -- f = 0,0244 :.
D 2g 0,15 19,6
Combinada a EqiuMo 2.37 som o
IUYIi..dO da Pioblanui 2.1, neste
mpmilo, mmre que, para um tubo d.
~ F dO. 0.30 m w diamatro e r u
goiidaW absoluti r = 0.3 mm, a
esc-msmo tiss inWpenente da
Yisc~~idada do IIuido IMR númros
Equação 2.37 + 0,0244 =
0.25
,.: E = 0,3mm
a neynad. a panir de Ray = 1.4.10'.
Confi- este resultado usando o
diagrame de Mwdy, Figura 2.1.
[Iog ( + 225000~.~
3,7.1502

2.6 FÓRMULAS EMP~RICASPARA O ESCOAMENTO TURBULENTO


Como foi visto, a perda de cargaunitária no escoamento hidraulicamente
turbulento mgoso, em que o fator de atrito não depende do número de
-
Cap. 2 Escoamento Uniformeem Tubulações
53

-
Reynolds, varia proporcionalmente ao quadrado da velocidade média. Existem
várias fórmulas empíricas (equações de resistências) aplicáveis às tubulações
de seçáo circular, que podem, de maneira geral, ser representadas na forma:

em que os parâmetros K, n e m são inerentes a cada formulação e faixa de apli-


cação, em geral com valores de K dependendo só do tipo de material da parede
do conduto. No caso de comparar a fórmula universal, Equação 2.42, que pos-
sui embasamento teónco, com a Equação geral 2.44, os parâmetros assumem os
seguintes valores: K = 0,0827 f, n = 2 e m = 5, no escoamento turbulento. Como
K depende de f, e este, por sua vez, depende do material e do grau de turbulên-
cia, tais fórmulas, apesar da praticidade, têm limitações de uso.

2.6.1 FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS


1
Dentre as fórmulas empíricas mais utilizadas, principalmente na prática
da Engenharia Sanitária americana, encontra-se a de Hazen-Williams, cuja
expressão é:

em que J(m1m) é a perda de carga unitária, Q (m3/s), a vazão, D(m), o diâmetro


e C (m"367/s),o coeficiente de mgosidade que depende da natureza e estado das
paredes do tubo. A Equação 2.45 é recomendada, preliminarmente, para:
a) escoamento turbulento de transição;
b) líquido: água a 20° C, pois não leva em conta o efeito viscoso;
c ) diâmetro: em geral maior ou igual a 4";
d) origem: experimental com tratamento estatístico dos dados;
e ) aplicação: redes de distribuição de água, adutoras, sistemas de re-
calque.
A fórmula de Hazen-Williams pode ser tabelada, para vários diâmetros
e coeficientes de mgosidade, na forma: J = p.Q1,", nas unidades J(m/lOOm),
D(m) e Q(m3/s), conforme Tabela 2.3.
-
Hidráulica Basica Cap. 2
54

-
Tabela 2.3 Valores da constante P da fórmula de Hazen-Williams

Os valores indicativos dos coeficientes de rugosidade para os materiais


mais comuns são mostrados na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 Valores do coeficiente C - Adaptado de (4)

A$o corrugado (chapa ondulada) C = 60 Aço com juntas lock-bar, tubos novos 130
Aço com juntas lock-bar, em sewrço 90 Aço galvanizado 125
Aço rebitado, tubos novos 110 Aço rebitado, em uso 85
Aço soldado, tubos novos 130 Aço wldado, em uso 90
Aço soldado com revestimento especial 130 Cobre 130
Concreto, bom acabamento 130 Concreto, ncabamento comum 120
Ferro fundido, novos 130 Ferro fundido, após 15-20 anos de uso 100
Ferro fundido, usados 90 Ferro fundido reveshdo de cimento 130
Madeiras ein aduelas 120 Tubos extrudados, P V C 150
-

Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçóes


55

2.62 COMPARAÇÃO ENTRE A FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS E


A FÓRMULA UNIVERSAL
Com a finalidade de verificar a adequabilidade da fórmula prática de
Hazen-Williams, na qual o coeficiente de mgosidade, além de não ser adi-
mensional, independe do número de Reynolds, pode-se igualar as perdas de
cargas unitárias correspondentes às duas formulações, como:

expressão que após desenvolvida fica:

I
Considere um escoamento Nibulenlo
liso com v a a 0.Se a vaza0 for
aumentada sm 50%. continundo
Esta expressão foi posta em forma de gráfico, para diâmetros de 50, 100, ainda essosmento turbulento liso. que
variavao oofrerd a perda de carga
150 e 200 mm, números de Reynolds na faixa de 104 a 107 e quatro tipos de uni16iia7

mgosidade absoluta, E = 0,O mm (rigorosamente liso), E = 0,005 mm (P.V.C.),


E = 0,05 mrn (aço laminado novo) e E = 0,s mm (tubo mgoso), conforme Fi-
gura 2.8.
Pode-se concluir dos gráficos da Figura 2.8 que:
a) Para tubos rigorosamente lisos, E = 0,O mrn, a fórmula de Hazen-
Williams pode se constituir de uma razoável aproximação, para valo-
res de Reynolds superiores a 5.106 e D 2 150 mm, Figura 2.8a.
Evidentemente, tal tubo não existe na prática.
b) Para tubos de P.V.C., o valor adotado da mgosidade E = 0,005 mm
realmente corresponde a valores de C entre 150 e 155 e mostra que,
para os diâmetros maiores, na faixa de número de Reynolds entre
5.105 e 106,a equação prática pode ser usada. Fora disto é inadequada
(Figura 2.8b).
C) Para valores de C entre 140 e 150 e valores de Reynolds relativamen-
te baixos, 5.104 a 105,existe uma razoável aproximação na região do
regime turbulento de transição, para D 2 100 mm, Figura 2 . 8 ~ .
6)Para valores de C inferiores a 120 e elevados números de Reynolds,
que caracteriza escoamento turbulento mgoso, Figura 2.8d, a fórmu-
la de Hazen-Williams é inadequada.
'9

-
Hidráulica Básica Cap. 2
56

--D-150mm -0i15Omm
-tD=200mm

1EtW iE+OS Rey 1E*06 1-07 lE'O4 1EIO5 Rey 1E*06 1E*O/

Figura 2.8 Adequabilidadeda fórmula de Hazen-Wlliams

Portanto, o coeficiente de rugosidade C , al6m de depender do diâmetro,


é afetado pelo grau de turbulência, não caracterizando uma categona de tubos
como especificado nas tabelas que acompanham a fórmula de Hazen-Williams.
A fórmula de Hazen-Williams, a despeito de sua popularidade entre
projetistas, deve ser vista com reservas. Em problemas de condução de água,
que pela sua importância exija avaliação das perdas de cargas tão rigorosa
quanto possível, diante da incerteza sobre o tipo de escoamento turbulento,
deve-se utilizar a fórmula universal, com o fator de atrito determinado pela
Equação 2.35 ou 2.37.

2.6.3 FÓRMULA DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO


Em projetos de instalações prediais de água fria ou quente, cuja topologia
é caracterizada por trechos curtos de tubulações, varkçáo de diâmetros (em ge-
-
Cap 2 Escoamento Uniforme em Tubulações
57

-
ral menores que 4") e presença de grande número de conexões, é usual a uti-
lização de uma fórmula empírica na forma:
a) Material: aço galvanizado novo conduzindo água fria

b) Material: P.V.C. rígido conduzindo água fria

Deve-se observar que os expoentes da Equação 2.47 estão bem próxi-


mos dos expoentes da fórmula de Hazen-Williams, e que a Equação 2.48 para
tubo de P.V.C. (liso) é praticamente idêntica à Equação 2.43, na qual foi usa-
da afórmula de Blasius. A fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, para ambos os ma-
teriais, aço galvanizado e P.V.C., é recomendada pela A.B.N.T. no projeto de
igua fria em instalações hidráulico-sanitárias.
Para facilitar o uso, as Equações 2.47 e 2.48 podem ser tabeladas para
os diâmetros normalmente utilizados em instalações prediais, na forma J = P Q
com J(m/m) e Q (! / s) . Como para o tubo de P.V.C. o diâmetro nominal uti-
lizado pelos fabricantes é o diâmetro externo, os valores de P foram calcula-
dos para os diâmetros internos reais, diâmetro extemo menos duas espessuras
da parede. Na Tabela 2.5 os coeficientes 0 para P.V.C. foram determinados para
tubos com junta soldável (marrom) e junta roscável (branco), classe 15 e pres-
são de serviço d e 0.75 MPa. Para os tubos de P.V.C. com junta soldável, a re-
lação entre o diâmetro extemo e o diâmetro de referência vale:

Tabela 2.5 Valores da constante P,da fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, para Q (e / s) e J (dm!


7

-
Hidráulica Bãsica Cap. 2
58

-
2.7 CONDUTOS DE SEÇÃO NÃO CIRCULAR
Nos itens anteriores, foi vista uma série de formulações que refletem as
relações entre a perda de carga, a dimensão da tubulação circular e a caracte-
rística do escoamento. No caso das seções circulares, existe uma simetria axial
do escoamento, o que resulta em uma distribuição uniforme da tensão de
cisalhamento no perímetro. No caso de condutos de geometria diversa da cir-
cular, o efeito de forma da seção influi em tal distribuição de tensões e, con-
seqüentemente, no fator de atrito. Em tais seções desenvolve-se escoamentos
secundários e a distribuição de velocidade não tem simetria, de modo que a
tensão cisalhante tende a ser menor nos cantos da seção que a média em todo
o perímetro.
No tratamento analítico de seções não circulares, admite-se que a tensão
tangencial média ao longo do perímetro molhado da seção varie de modo si-
milar à indicada na Equação 1.27, em que f tem o mesmo significado do fa-
tor de atrito nas tubulações circulares, e só diferirá daquele de uma certa
proporção que leve em conta a forma geométrica da seção.
Igualando-se as Equações 1.25 e 1.27, chega-se a:

que pode ser esctita na forma:

A expressão anterior é idêntica à das tubulações circulares, Equação


2.42, em que unicamente aparece 4 RI, no lugar de D. Desta forma, conclui-se
que, no cálculo de um conduto de seção qualquer, pode-se determinar um diâ-
metro equivalente ou diâmetro hidráulico de uma seção circular que tenha a
mesma perda de carga que a seção considerada. Este diâmetro equivalente é
igual a quatro vezes o rato htdráulico da seção. Como a seção circular plena
tem Rh = D/4, evidentemente, o diâmetro hidráulico desta seção é o própno diâ-
metro geométrico.
Esta aproximação geométrica é tão mais válida quanto mais o valor do
raio hidráulico da seção se aproximar da relação Dl4 do seu círculo circuns-
crito.
Assim, a fórmula universal de perda de carga pode ser generalizada, com
o conceito de diâmetro hidráulico da seção de interesse, na forma.

observando que o fator de atrito pode ser determinado no diagrama de Moody,


ou pela Equação 2.37, redefinindo-se o número de Reynolds e a mgosidade
relativa da tubulação, respectivamente, como:

EXEMPLO 2.8

%
O sistema de abastecimento de água de uma localidade é
feito por um reservatório principal, com nível d'água suposto cons-
tante na cota 812,OO m, e por um reservatório de sobras que
complementa a vazão de entrada na rede, nas horas de aumento de
consumo, com nível d'água na cota 800,OO m. No ponto B, nacota
760,OO m, inicia-se a rede de distribuição. Para que valor particu-
tema
lar daévazão
a mostrada
de entrada
na Figura
na rede,
2.9?
QB,Determine
a linha piezométrica
a carga de pressão
no sis- 650 rn

760 O
disponível em B. O material das adutoras é aço soldado novo. B
420m
Utilize a fórmula de Hazen-Williams, desprezando as cargas ci-
néticas nas duas tubulaçóes. Figura 2.9 Exemplo2.8.
Pela situação da linha piezométrica, pode-se concluir que o
abastecimento da rede está sendo felto somente pelo reservatório
superior, o reservatório de sobra está sendo abastecido, pois a cota
piezométrica em B é superior a 800,OO m, e também as perdas de
carga unitárias nos dois trechos são iguais, mesma inclinação da linha pie-
zométrica. Deste modo, Ji = 12 = (812-800)/(650+420) = 0,0112 m/m.
Pela Tabela 2.4 o valor do coeficiente de rugosidade vale C = 130, e
pode-se determinar as vazões nos dois trechos, pela Tabela 2.3, como:
Trecho AB: Di = 6", C = 130 e Ji = 1,12 m1100 m -+ P = 1,345.103,en-
cio:
w
-
60 Hidráulica Básica Cap. 2

-
Trecho BC: D? = 4", C = 130 e J? = ],I2 n1/100 m + P = 9,686.101,en-
Conridele dois tubas escoando 6gus
sob piesoao. um da se@o quadrada tão:
de lado B e outrO EIISUIB~ de didrnetra
D Qud a r e l q b o enfie a e D para que
as seçõen tenham o mesmo ralo
hldrbulico?

Portanto, a diferença está sendo conmmida pela rede: QB= 14,2 11s
A cota piezométrica ein B é igual ao NA do reservatório principal,
menos a perda de carga entre A e B.

C.P., = 812,OO -AH, = 812,00GJ,L,= 812,OO-0,0112.650 = 804,72m

portanto, a carga de pressao disponível em B é a diferença entre a cota piezo-


métrica e a cota geométrica no ponto.

= 804,72 -760,OO = 44,72 mH,O ( p, = 438,26kN / m')


Y

EXEMPLO 2.9

Determinar a perda de carga unitária em um conduto semicircular com


fundo plano, de concreto armado liso, 1,5 m de diimetro, transportando, como
conduto forçado, água com velocidade média de ?,O mls.
Parâmetros geométricos:

Concreto armado liso -t E = 0,25 mm :. -=E 'O-' = 0,273.10.'


D, 0,917
V.D, - 3,0.0,917
Rey = = 2,75,106,pela Equação 2.37, f 0,015
v 1o-6

Portanto, a perda de carga unitária, vale,


-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçòes
61

2.8 PROBLEMAS

I1 E
2.1 Mostre que a condição -) 70 con-esponde a
v

2.2 Mostre que a distribuição de velocidade em um tubo rugoso, de raio R,


pode ser expressa por.

em que V é a velocidade média lia seção, R o raio e r a distância do centro ao


ponto onde a velocidade é v.

2.3 A fim de determinar a tensão de atrito exercida por um fluido sobre a pa-
iede de um tubo rugoso, as velocidades vi e vz são medidas na região turbu-
lenta, nas dlhtâncids y I e yz da parede do hibo. Mostre que a tensão de atrito
é dada por

2.4 Utilizando o coiiceito de comprimento de mistura t e o perfil de v e l e


cidade da "lei da raiz enésima":

=G)
v
vm'íx
IIn

em que n é um número inteiro e R o raio da canalização, mostre que:

n
!= -K -y , em que Ké a constante de vou Kármán.
I-n
Y
-

62 Hidráulica Bgsica Cap. 2

-
2.5 Mostre que a Equação 2.31 pode ser escrita como:

2.6 Em um ensaio de laboratório sobre perda de carga em um tubo de P.V.C.


rígido de 2" de diâmetro, em que o número de Reynolds é 5.104, qual o mai-
or erro relativo que se comete, no c6lculo do fator de atrito f, usando afórmula
de Swamee-Jain, com coeficiente de mgosidade E = 0,0015 mm, ou usando a
fórmula de Blasius, em relação à equação teórica dos tubos lisos.
[Erro = l,IS%]

2.7 Água escoa em um tubo liso, E = 0,O mm, com um número de Reynolds
igual a 106.Depois de vários anos de uso, observa-se que a metade da vazão
original produz a mesma perda de carga original. Estime o valor da mgosidade
relativa do tubo deteriorado.

2.8 Medições de velocidades feitas em um tubo muito mgoso levaram aos


seguintes resultados:

Determine a velocidade média e o fator de atrito:


[V = 2.87 mís; f = 0,0291

2.9 Água escoa em uma tubulação de tugosidade relativa E/D = 0,002 e Rey =
105.Quando a tubulação é trocada por outra, de mesmo material, com diâme-
tro igual a 213 do diâmetro original, a perda de carga unitiria nas duas situa-
ções é a mesma. Determine a velocidade média na tubulação de menor diâmetro,
em relação à velocidade média na tubulação original. Sugestão: use as Equa-
ções 2.21 e 2.26.
[Vz= 0,77 Vi]

2.10 Em uma tubulação circdar, a medida de velocidade do escoamento, a


uma distância da parede igual a 3.5 R, em que R é o raio da seção, é igual a
-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçóes
63

-
90% da velocidade na linha central (velocidade máxima). Determine a relação
entre a velocidade média V e a velocidade central v,j, e a rugosidade relati-
1 va da tubulação. S~lgestão:utilize o resultado do Exemplo 2.2 e as Equações
2.20 e 2.34.
[V = 0,784 v,,,&,; E/D = 0,01471

2.1L
1 Dado um tubo circular e outro não circular, ambos tendo o mesmo pe-
rírnetro P, para um escoamento turbulento de um líquido de viscosidade
cinemática V e vazão Q em ambos os tubos, mostre que:
a) o número de Reynolds é o mesmo em ambas as situações, e dado por
Rey = 4 QI(P v);
b) a perda de carga unitária no tubo não circular é relacionada à perda
de carga unitária no tubo circular, pela expressão:

em que os subscritos c e n indicam circular e não circular, f é o fator


de atrito e A, a área geométrica da seção.

2.12 Água escoa em regime permanente em uma tubulação de aço galvaniza-


do, E = 0,15 mm, com diâmetro de 100 mm, de modo que o número de
Reynolds vale 1 ,5.10r. Determine a força de atrito na parede da tubulação, por
unidade de comprimento.
[F = 2,06 N/m]

2.13 Uma única camada de esferas de aço é fixada no piso de vidro de um


canal bidimensional aberto. Água com viscosidade cinemática igual a 9,3, lW7
m2/s flui no canal com uma profundidade de 0,30 m, sendo a velocidade na su-
perfície igual a 0,25 mls, mostre que para esferas de 7,2 mm de diâmetro e de
0,3 mm de diâmetro, o fundo do canal pode ser classificado como completa-
mente rugoso e liso, respectivamente. Assuma um perfil de velocidade lo-
garítmico no canal.

2.14 Em relação ao esquema de tubulações do Exemplo 2.8, a partir de que


vazão QQ solicitada pela rede de distribuição de água, o reservatório secundá-
rio, de sobras, passa a ser também abastecedor.
[QB= 28,36 I/s]
-
7

Hidráultca Bástca Cap 2


64

-
2.15 Com que declividade constante deve ser assentada uma tubulação retilínea,
de ferro fundido novo, E = 0.25 mm, de 0,10 m de diâmetro, para que a carga
de pressão em todos os pontos seja a mesma. Vazão de água a ser transporta-
da: 11 11s.

2.16 Na tubulação da Figura 2 10, de diâmetro 0,15 m, a


carga de pressão disponível no ponto A vale 25 mHzO Qual
ISOm
deve ser a vazão para que a carga de pressão disponível no
ponto B seja de 17 mHzO A tubulação de aço soldado novo,
F- C = 130, está no plano vertical.
[Q = 28,9 Ils]

2.17 Determine o diâmetro de uma adutora, por gravidade,


A de 850 m de comprimento, ligando dois reservatórios manti-
Figura 2.10 Problema 2.16 dos em níveis constantes, com diferença de cotas de 17,5 m,
para transportar uma vazão de água de 30 Us. Material da tu-
bulação, aço galvanizado com costura novo, E = 0,15 mm.

2.18 Um sistema de transporte de água entre dois reservatórios, com diferença


de nível de 12 m, é feito por uma hibulação de 1100 m de compnmento e 0,20
m de diâmetro e uma bomba para o recalque. Observa-se que, para o fluxo
ascendente, recalque, e para o fluxo descendente, escoamento por gravidade,
a vazão é a mesma. Se o rendimento da bomba é de 70%, determine sua po-
tência. Rugosidade absoluta da tubulação, E = 0,25 mm
[Pot = 14,77 kW (20 cv)]

2.19 Determine a perda de carga em um conduto retangular de seção 0,50 m


x 0,20 m, de aço comercial novo, E = 0,045 mm, com 620 m de comprimento,
transportando 110 Us de água. Viscosidade cinemática da água v = 10 m2/s.
[AH = 2,12 m]

2.20 Em uma adutora de 150 mm de diâmetro, em aço soldado novo E = 0,10


mm, enterrada, está ocorrendo um vazamento. Um ensaio de cãmpo para levan-
tamento de vazão e pressão foi feito em dois pontos, A e B, distanciados em
500 m. No ponto A, a cota piezométrica é de 657,58 m e a vazão, de 38,88 Ils,
-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulaçóes
65

e no ponto B, 643,411 m e 3 1,8l 11s. A que distância do ponto A deverá estar lo-
calizado o vazamento? Repita o cálculo usando a fórmula de Hazen-Williams.
a) [x = 355 m] b)[x = 275 m]

2.21 Em uma tubulação horizontal de diâmetro igual a 150 mm, de ferro fun-
dido em uso com cimento centrifugado, foi instalada em uma seção A, uma
mangueira plástica (piezômetro) e o nível d'água na mangueira alcançou a
altura de 4,20 m. Em uma seção B, I20 m i jusante de A, o nível d'água em
outro piezômetro alcançou a altura de 2,40 m. Determine a vazão.
[Q = 76.5 I Ils]

2.22 Usando o resultado do Pi-oblema2.1 e a fórmula de Swamee-Jain, Equa-


ção 7.37, encontre uma relação iinplícita do faior de atrito ou do número de
Reyiiolds, em função da rugosidade relativa da tubulação EID, e use-a para re-
solver o seguinte problema. A ligação entre dois reservatórios inantidos em ní-
veis constantes é f e i r ~por uma tubulação de 450 m de comprimento, 6" de
diâmetro e rugosidade absoluta E = 0,9 mm. Determine o mínimo desnível
entre os reservarórios para que o escoamento de água ainda seja francamente
turbulento nigoso.
[AH = 7.41 m]

2.23 A ligação entre dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, é feita


por duas tubulações ein paralelo. A primeii-a com 1500 m de comprimento, 300
mm de diâmetro, com fator de atrito f = 0,032, transporta tima vazão de 0,056
mils de água. Determine a vazão transportada pela segunda tubulação, com
3000 m de comprimento, 600 mm de diâmetro, e Fator de atrito f = 0,024.

2.24 Se o diâmetro de uma tiibulação de aço rebitado for duplicado, que efei-
to isto provoca na vazão, para uma dada perda de carga constante, consideran-
do que ambos os escoamentos são Iaminares.
[Q?= l6.Qi1

2.25 Deterinine qual o tempo mínimo necessário F


para esvaziar a seringa, de diâmetro igual a 1,2 cm, + - - - -

mostrada na Figura 2.1 1 , de modo que o escoa-


mento de água no interior da agulha, de diâmetro
igual a 0,4 mm, ainda seja laminar. Determine 2.11
Fiprd Prob'eina2.25.
também o valor da força F necesshria para ser apli-
cada ao êmbolo da seringa. Despreze o volume de
-
-
Hldraulica Básica Cap. 2
66

-
água dentro da agulha e o amto entre o êmbolo e a sennga Adote Rey,,, = 2300. Vis-
cosidade cinemática da água v = 1e6m2/s.
[t = 18,78 s , F = 5,19 N]

2.26 Considere o escoamento permanente de água em uma tubulação retilínea de


200 m de comprimento, de um certo material, com diâmetro igual a 1/2".
Em uma seção A, na cota 100,OO m, a altura d'água em um piezômetro é de
3,O m e em uma seção B, na cota 100,50 m, a altura d'água em um piezômetro
é de 2,O m. Determine.
a) o sentido do escoamento;
b) a vazão que escoa.
Suponha escoamento laminar e depois verifique se a hipótese está
correta.
a) [Sentido A + B] b) [Q = 0,015 I/s]

2.27 Considere o escoamento de água em um conduto forçado de seção qua-


drada de lado 3. Para uma detemnada vazão, detemme a relação entre o fator
de atnto f da fórmula universal e o coeficiente C de mgosidade da fórmula de
Hazen-Williams, para que a perda de carga unitária seja a mesma nas duas
formulações. Utilize o conceito de diâmetro hidráulico nas duas equações.

2.28 Um fluido de viscosidade = 0,0048 Ns/m2 e densidade igual a 0,90


flui em uma tubulação lisa de 0,30 m de diâmetro, com velocidade média de
1,s m/s. Calcule a tensão de atrito e a velocrdade a 100 mm do eixo da tubu-
lação.

2.29 Em um escoamento turbulento de água em um tubo de 300 mm de diâ-


metro, a tensão de cisalhamento na parede é de 5,O N/mz e a velocidade central
é 2,O m/s. Determine a vazão, a perda de carga unitária e a que distância da
parede ocorre a velocidade média e o gradiente de velocidade a 25 mm da 1i-
nha central.
-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações
67

-
[Q = 0,121 m3/s; J = 6,80-10.' mim; y = 29 mm (33.47 mm);
dV1dy = 1,41 mlslm]

2.30 Água escoa em um tubo de 50 mm de diâmetro e rugosidade absoluta


E = 0,s mm. A velocidade na linha de centro é de 3,O mls. Detemme a perda
de carga em 3,O m de tubo.
[AH = 0,72 m]

2.31 Considerando o escoamento turbulento hidraulicamente mgoso em todas


,I\ A
as tubulações, colocadas em um plano horizontal e mostradas na Figura 2.12,
determine a vazão através dos trechos ( I ) , (2) e (3), interligados no ponto A,
em função da vazão de entrada Q,, sabendo que os tubos são feitos do mes-
mo material e têm o mesmo diâmetro. Assuma que o fator de atrito f dos três
trechos é constante.
Figura 2.12 Problema2 31
[Qi = 0,406.Q,; Qz = 0,359.Q0; Q 3 = 0,234.QJ

2.32 Sabendo que o escoamento de água em uma certa tubulaçáo circular é


turbulento hidraulicamente rugoso, qual é o acréscimo percentual na perda de
carga unitária quando aumentamos a vazão em 10%.
Este cálculo imediato pode ser feito se o escoamento for

\
turbulento hidraulicamente liso? Por quê?
[A perda de carga unitária aumenta em 21%; Não]

2.33 Determinar a relação entre a vazão máxima e a


552.00
-vazão mínima que pode ser retirada na derivação B, con- ...
~ - -
850 m
forme Figura 2.13, impondo que o reservatório 2 nunca
seja abastecido pelo reservatório 1 e que a mínima car-
549 00 100 a C
ga de pressão disponível na linha seja 1,O mHzO. Utili-
ze a fórmula de Hazen-Williams. Despreze as perdas 450 m

localizadas e as cargas cinéticas. Figura 2.13 Problema2.33.


= 1,891
[QmsdQmin

2.34 Uma tubulaçáo de 0,30 m de diâmetro e 3,2 km


de comprimento desce, com inclinação constante, de um reservatório cuja
superfície livre está a uma altitude de 150 m, para outro reservatório cuja su-
perfície livre está a uma altitude de 120 m, conectando-se aos reservatórios em
pontos situados a 10 m abaixo de suas respectivas superfícies livres. A vazão
através da linha não é satisfatória e instala-se uma bomba na altitude 135 m
a fim de produzir o aumento de vazão desejado. Supondo que o fator de atri-
to 'da tubulação seja constante e igual a f = 0,020 e que o rendimento da bomba
seja de 80%, determine:
1
-
Hidráulica Básica Cap 2
68

-
a) a vazão original do sistema por gravidade.
b) a potência necessária à bomba para recalcar uma vazão de 0,15 m3/s.
c) as cargas de pressão imediatamente antes e depois da bomba, despie-
zando as perdas de carga localizadas e considerando a carga cinética
na adutora
d) desenhe as linha de energia e piezométnca após a instalação da bomba,
nas condições do item anterior.
Sugestão: reveja a Equação 1.36, observando os níveis d'água de mon-
tante e jusante.
a) [Q = 0,117 m3/s]; h) [Pot = 34,93 kW (47,5 cv)]; c) [pante&= 6,61 mHzO;
d) pd,,Jy = =25,61mH201

2.35 Na Figura 2.14 os pontos A e B estão conectados


A>c D<E
a um reservatório mantido em nível constante e os pon-
300 nl tos E e F conectados a outro reservatório também manti-
I O O ~ 250 m do em nível constante e mais baixo que o primeiro. Se a
6" vazão no trecho AC e igual a 10 Vs de água, detemiinar
B F as vazões em todas as tubulações e o desnível H entre os
Figura 2.14 Problema 2.35. reservatórios. A instalação está em um plano horizontal e
o coeficiente de rugosidade da fórmula de Hazen-Williaus,
de todas as tubulações, vale C = 130. Despreze as perdas
de carga localizadas e as cargas cinéticas nas tubulações.
[QBC = 29,l 11s; Qco = 39,l 11s; QDE= 20,73 Vs; QDF= 18,37
Vs; H = 6,47 m]

2.36 Determinar o valor da vazão QB,e. a carga de pressão


no ponto B, sabendo que o reservatório 1 abastece o reserva-
tório 2 e que as perdas de carga unitárias nas duas tubulações
são ieuais. Material: aco soldado revestido com cimento
centrifugado. ~ e s p r e z ; as perdas localizadas e as cargas
cinéticas
Figura 2.15 Problema2 36 [QB = 12,29 Vs; pdy = 23,48 mHzO]
PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS

3.1 INTRODUÇÃO
As instalações de transporte de água sob pressão, de qualquer porte, são
constituídas por tubulações montadas em sequência, de eixo retilíneo, unidas
por acessórios de natureza diversa, como válvulas, curvas, derivações, regis-
tros ou conexões de qualquer tipo e, eventualmente, uma máquina hidráulica
como bomba ou turbina. A topologia do sistema é a mais variada, desde uma
linha única em uma instalação de bombeamento até uma rede de distribuição
em uma instalação predial ou sistema de irrigação. Nos trechos retilíneos, de
diâmetro constante e mesmo material, a perda de carga unitária é constante,
desde que o regime seja permanente.
A presença de cada um destes acessórios, necessários para a operação
do sistema, concorre para que haja alteração de módulo ou direção da veloci-
dade média, e conseqüentemente de pressão, localmente. Isto se reflete em um
acréscimo de turbulência que produz perdas de carga que devem ser agrega-
das perdas distribuídas, devido ao atrito, ao longo dos trechos retilíneos das
tubulações. Tais perdas recebem o nome de perdas de carga localizadas ou sin-
gulares.
Para a maioria dos acessórios ou conexões utilizados nas instalações
hidráulicas, não existe um tratamento analítico para o cálculo da perda de carga
desenvolvida. Trata-se de um campo eminentemente experimental, pois a ava-
liação de tais perdas depende de fatores diversos e de difícil quantificação.
A presença do acessório na tubulação altera a uniformidade do escoa-
mento e, apesar da denominação perda de carga localizada, a influência do
acessório sobre a linha de energia se faz sentir em trechos a montante e a
jusante de sua localização. A Figura 3.1 mostra uma situação esquemática da
presença de um estrangulamento (diafragma) em uma tubulação, destacando-
se dois trechos de interesse. No trecho 1-2, a montante, onde ocorre uma con-
vergência das linhas de corrente, há uma aceleração do movimento e alteração
no perfil de velocidade, contribuindo para um acréscimo na intensidade da tur-
bulência do escoamento principal. Do mesmo modo, a jusante, trecho 2-3, a
-
-
,,, Hidráulica Básica Cap. 3

-
,,---. - -~.
- desaceleração, de forma mais efetiva, provoca a formação de
.-f-=
.=-.-.h-4
redemoinhos às expensas da energia do fluido, energia esta que
L.E.real
se transforma em calor quando o processo turbilhonar cessa,
após o escoamento ser novamente estabelecido. Assim, há uma
variação contínua no desenvolvimento da linha de energia entre
as seções 1 e 3; para efeito prático, convencioua-se representar
esta variação de modo concentrado na seção da singularidade
que a provoca, seção 2. O desenvolvimento da linha de energia
O O a montante e a jusante do acessório, trechos caracterizados por
Figura 3.1 Perda de carga localizada em um um escoamento permanente e rapidamente variado, difere para
gularnento. cada tipo de geometria da singularidade.

3.2 EXPRESSÁO GERAL DAS PERDAS LOCALIZADAS


De modo geral, as perdas de carga localizadas, para cada acessório, po-
dem ser expressas por uma equação do tipo:

em que K é um coeficiente adimensional que depende da geometna da cone-


xão, do número de Reynolds, da mgosidade da parede e, em alguns casos, das
condições do escoamento, como a distribuição de vazão em uma ramificação. V
é uma velocidade média de referência, em geral nas peças em que há mudança
de diâmetro, tomada como a velocidade média na seção de menor diâmetro.
Em geral, o coeficiente K deternunado expenmentalrnente para valores
do número de Reynolds suficientemente elevados, maiores que 105,toma-se
independente deste, assumindo-se em situações práticas um valor constante re-
tirado das tabelas e gráficos apresentados na literatura.
Deve-se observar que os valores recomendados do coeficiente K, que
serão apresentados na sequência e extraídos de várias fontes, para alguns tipos
de singularidades devem ser entendidos como valores médios, uma vez que a
sua determinação experimental é afetada por diversos fatores. Para uma deter-
minada conexão de um certo diâmetro, a perda de carga depende do tipo de
acabamento interno da conexão, existência de rebarbas ou ângulos vivos e até
das condições da instalação no ensaio, como fixação da peça flangeada ou
roscada, aperto de rosca etc. Deste modo, a mesma conexão originada de fa-
bricantes diferentes costuma apresentar nos ensaios valores diferentes do coe-
ficwnte K.
-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas 71

-
A Figura 3.2 mostra o resultado do levantamen- 030 ~~ ~ -

to do coeficiente K em um cotovelo 45O, de 1 !h" de


diâmetro, ferro galvanizado, realizado no Laboratório
0.27
de Hidráulica da Escola de Engenharia de São Carlos,
0.26
para a Industria de Fundição Tupy.
0.25
Y
3.3 VALORES DO COEFICIENTE K PARA 4 A
- .
ALGUMAS SINGULARIDADES 0.22

3.3.1 ALARGAMENTOS E ESTREITAMENTOS 0.20


o.2'
O
i 20000 40000 60000 80000 100000 120000
A mudança de diâmetro em uma linha de tubula-
ções pode ser feita de modo bmsco ou gradual, seja por Rey

aumento (alargamento) ou diminuição (estreitamente) da Fignra 3.2 Curva K x Reynolds para um cotovelo de 4S0.
seção transversal. No caso de um alargamento bmsco,
como na Figura 3.3 a perda localizada ocorre pela desa-
celeração do fluido no trecho curto entre as seções 1 e 2, de áreas AI
e Az, respectivamente. A determinação da perda localizada, neste
caso, permite um tratamento analítico, pela aplicação do teorema da
-L-.-.

quantidade de movimento e da equação da energia ao fluido que


ocupa o volume de controle limitado pelas seções 1 e 2. Observa-se, *..-.e
--...

!B
experimentalmente,que a pressão na área AB é, em média, aproxima-
damente igual à pressão na seção 1, e a flutuação se deve aos rede-
moinhos na zona morta fora do escoamento principal.
Para o volume de controle escolhido, a aplicação do teorema
da quantidade de movimento, no regime permanente e uniforme,
"I
* --- -- r
-------------
%3
"2 X

leva a A O
Figura 3.3 Alargamento bmsco.
ZF, =pQ(Vz -VI ) (3.2)

em que F, é o somatório de todas as forças que atuam sobre o líquido con-


tido no volume de controle, na direção x, p Q é a vazão em massa através das
seções 1 e 2 e V,, as velocidades médias do escoamento estabelecido. Aplican-
do a Equação 3.2 e desprezando o atrito entre o fluido e a parede da tubula-
ção, fica:

A equação da energia, Equação 1.1la, aplicada entre as seções 1 e 2, na


qual a perda total entre as seçóes é somente a perda localizada devido à sin-
gularidade, torna-se:
1 -
Hidráulica Básica Cap. 3
72

Eliminando a diferença de pressão pi - pz nas duas equações anteriores


e desenvolvendo, vem:

I.Jean Charles Borda, matem6tioo e


oficid de marinha Iiances, 1733.1799,
Esta equação, que reproduz bem o valor da perda de carga levantada
e LBmw Carnot, engenheiro trancas, experimentalmente no alargamento brusco, é conhecida como equação de Bor-
17531823.
da-Carnot.'
Como na situação de um alargamento bnisco, Vi > V2, a seguinte desi-
gualdade é válida:

v: (V, -v, )' v,'


-)
2g 2g
+-)&+-
2g
v,'
2g

indicando que há uma recuperação da pressão na seção 2, à custa da diminui-


ção da carga cinética, e que a linha piezométrica sobe no sentido do escoamen-
to, conforme comentado na Seção 1.2.2 e verificado na Figura 3.3.
No caso particular importante da passagem em aresta viva de uma ca-
nalização para um reservatório de grandes proporções, situação em que a ve-
locidade é nula no trecho de maior seção (reservatório), pois A2 + -, o valor
de K é igual à unidade, indicando a perda total da carga cinética, como na
Mgura 3.4 Passagem de uma tubu-
Figura 3.4.
lação para umresewatóno.
Para uma contração ~ N S C ~o ,escoamento tem características semelhan-
tes A expansão, na qual, primeiro, o fluido se afasta da fronteira sólida na forma
de uma contração do jato e, então, se expande para preencher totalmente a se-
ção de menor diâmetro a jusante. Pelo fato de a perda de carga no fluxo ace-
lerado ser bem menor que no fluxo desacelerado, a perda entre as seções 1 e
O, na Figura 3.5 pode ser desprezada de modo que a perda entre as seções O e
2 seja tomada como a perda localizada na singularidade.
Usando a Equaçáo 3.5, vem:
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
,3

em que V, é a velocidade média do jato na seção de menor di-


âmetro, chamada seção contraída, cuja área é usualmente expres-
sa através do conceito de coeJfciente de contração C , , na forma:

A
m
C, =0
(3.8) Figura 3.5 Contraçáo brusca
A2

Utilizando-se a equação da continuidade entre as seções O e 2, a Equa-


ção 3.7 fica:

Os valores do coeficiente de perda de carga localizada em uma contra-


ção brusca são dados na Tabela 3.1, em relação à velocidade no trecho de
menor diâmetro.

Tabela 3.1 Valores do coeficiente K para reduções bmscas

Quando a relação AZIA[se aproxima de O, o que significa que a área de


montante é muito maior que a de jusante, caso da transição de um reservató-
rio para uma tubulação de um certo diâmetro, o valor K tende para 0,50, como
na Tabela 3.1. A Figura 3.6 mostra o desenvolvimento das linhas de energia e
piezométrica e os valores de K na passagem de um reservatório para uma tu-
bulação, em função do tipo de geometria da transição.
No caso de um alargamento ou contração gradual, conforme a Figura
3.7, a perda de carga depende, evidentemente, da geometria da peça. O coe-
ficiente de perda de carga é função do ângulo de abertura do alargamento ou
de fechamento da contração e da relação de áreas ou diâmetros das seções ex-
tremas. Devido à grande área de contato do fluido com a peça, o coeficiente
de perda de carga K engloba os efeitos de atrito na parede e do
turbilhonamento de grande escala. Para um alargamento gradual com ângulo
-
-
Hidráulica Básica Cap. 3
74

-
NA. central de abertura pequeno, o coeficiente K
depende exclusivamente do atrito de superfície e,
à medida que este ângulo cresce, o efeito pre-
L,E. .
....
.......
~~~~.~
~~~~~~~

ponderante passa a ser o de descolamento da


L.P. veia e conseqüente formação de grandes turbi-
V lhóes. A soma destes dois efeitos é mínima
+ para um ângulo de abertura central em tomo de
K = 0,5 fjlL+ 6' a 7'. Os alargamentos graduais em forma de
tronco de cone são utilizados como difusores no
processo de recuperação de pressão em turbinas
hidráulicas, medidores Venturi, ejetores etc.
..
...~~~~~~
..
....
..
.....
...
.~ ~ ~
Deve-se observar na Figura 3.7, que na contra-
çáo gradual com ângulos de fechamento peque-
nos, até 20°, a perda de carga é desprezível, pois
- -
as velocidades são gradualmente crescentes,
K = 0,8 sem formação da seçáo contraída e posterior ex-
Figura 3.6 Passagem de um reservatório para uma tubulação.
pansão.

(a) cal
Figura 3.7 Coeficientes d e perdas localizadas em (a) expansão e (b) contraçáo, conforme ( 6 )
-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
,5

._

De modo geral, o movimento acelerado acompanhado de um gradiente


de pressão favorável tende a estabilizar o escoamento, ao passo que, no movi-
mento desacelerado com gradiente de pressão adverso, tende a produzir sepa-
ração da veia, instabilídade, formação de redemoinhos e, conseqüentemente,
maior dissipação de energia. Observe na Figura 3.7 que, para a mesma relação
de diâmetros e mesmo ângulo a, o coeficiente de perda localizada no
estreitameuto gradual é menor que no alargamento. Em ambos os casos, o co-
eficiente K é relativo à velocidade na seção de menor diâmetro.

3.3.2 COTOVELOS E CURVAS


Tais conexões, muito utilizadas nas diversas instalações de transporte de
água, produzem perdas localizadas devido i mudança de direção do escoamen-
to. Pelo efeito da inércia, os filetes tendem a conservar seu movimento retilíneo
e são impedidos pela fronteira sólida da conexão. Esta mudança de direção
provoca uma modificação substancial no perfil de velocidade e, consequente-
mente, na distribuição de pressão, de modo que ocorre um aumento de pres-
são na parte externa da curva com diminuição da velocidade, e o inverso na
parte interna da curva, o que gera um movimento espiralado das partí-
culas, que persiste por uma considerável distância a jusante da curva.
Basicamente, a perda de carga depende da mgosidade da parede, do
número de Reynolds, da relação entre o raio de curvatura médio e o
diâmetro e do ângulo de curvatura, e existe uma grande disparidade de
resultados experimentais do valor do coeficiente K entre os distintos
trabalhos de investigação. Ampla informação sobre valores de K para
curvas, cotovelos ou diferentes tipos de singularidades podem ser encon- -
..-
- - - - --- -
C
V

trada nas referências Ito (12), WES (6), Idelcic (1 I), Miller (16) e Len-
castre (13).
Figura 3.8 Curva circular de raio r e
No caso específico de curvas e cotovelos, como observado nas ângulo a
Figuras 3.8 e 3.9, respectivamente, os valores do coeficiente K podem
ser determinados para o ângulo a, em graus, pelas Equações 3 . 1 0 3.11. V
h

Figura 3.9 Cotovelo de hgulo a


-i
-

76 Hidráulica Básica Cap. 3

-
3.3.3 REGISTRO DE GAVETA
Com frequência, as tubulações dispõem de mecanismos que permitem re-
gular a vazão transportada, ou mesmo promover o fechamento total. Tais equi-
pamentos, comumente chamados de válvulas, podem ser de diversos tipos,
tamanhos e geometrias, tais como válvula de borboleta, registro de gaveta,
registro de globo, registro de ângulo, válvula em Y etc. Quando totalmente
abertas, as válvulas não produzem alterações substanciais no escoamento,
porém, quando parcialmente fechadas, provocam perdas de carga considerá-
veis. Para o caso do registro de gaveta, de larga aplicação, cujo processo de fe-
chamento se dá através de uma lâmina vertical, como
na Figura 3.10, a Tabela 3.2 apresenta os valores do
coeficiente K em função do grau de fechamento da
Q válvula, sendo a perda calculada pela Equação 3.1
+ com a velocidade média do escoamento na seção Pie-
na da tubulação. Deve-se observar, na Tabela 3.2, que
o valor do coeficiente de perda de carga aumentara-
Figura 3.10 Registro de gaveta. pidamente com o grau de fechamento da válvula.

Tabela 3.2 Valores de K para registro de gaveta parcialmente fechado

3.3.4 VÁLVULA DE BORBOLETA


As válvulas de borboleta são dispositivos usados
Q+
em instalações hidráulicas para fazer controle de vazão
Podem ser operadas de modo manual ou com auxílio de
.. dispositivos elétricos (acionadores), para fechamento
total ou fixação de um certo ângulo a de abertura, con-
Figura 3.11 Válvula de borboleta forme a Figura 3.1 1. Os valores do coeficiente de per-
da de carga são apresentados na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 Valores de K em função do ângulo de abemira


-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas 77

-
3.3.5 VALORES DIVERSOS DO COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA
Alguns valores indicativos dos coeficientes de perda de carga para diver-
sos acessórios são apresentados na Tabela 3.4, observando que, pela natureza do
problema, tais valores não são universais, mesmo porque, para determinados
acessórios o valor de K é função do próprio diâmetro.

Tabela 3.4 Valores do coeficiente K para diversos acess6rios

O problema básico do transporte de água sob pressão em uma linha de


tubulações, na qual existe trechos de diâmetros diferentes e diversos acessó-
rios, refere-se ao cálculo da vazão, dada uma certa energia disponível pelo
sistema. O problema consiste no cálculo das perdas de carga distribuídas ou
contínuas em cada trecho de determinado diâmetro e também na avaliação das
perdas de carga localizadas produzidas pelos acessórios. Estes dois conjuntos
de perdas deverão ser somados e feita a compatibilidade energética com aquilo
de que o sistema dispõe
Considere a ligação de dois reservatórios abertos para a atmosfera e
mantidos em níveis constantes, conforme a Figura 3.12, na qual, se todos os
elementos fossem conhecidos, seria possível traçar a linha de energia como
uma linha contínua, correspondente às perdas de carga distribuídas e apresen-
tando em determinadas seções descontinuidades provocadas pelas perdas de
carga localizadas. Abaixo desta linha e a uma distância correspondente à car-
ga cinética de cada trecho, seria possível traçar a linha piezométrica. Desta for-
ma é possível estabelecer uma equação geral de cálculo de uma tubulação sob
pressão, seja com escoamento por gravidade ou mesmo por bombeamento. A
análise a ser feita, segundo o esquema apresentado na Figura 3.12, é a seguinte:
a) As superfícies livres dos reservatórios são as duas únicas seções em
que a pressão é atmosférica e representam condições energéticas li-
7

-
Hidráulica Básica Cap. 3
,8

-
mites a montante e a jusante. A diferença de cotas topográficas entre
tais superfícies representa, obviamente, a energia total de que o sis-
tema dispõe para, sujeito às condições da linha, veicular uma certa
vazão no escoamento estritamente por gravidade.
b) A adutora é constituída por vários trechos cilíndricos de comprimen-
tos L,, de diâmetros iguais ou não, e seções A,B,C,D,E,F, nas quais
singularidades provocam perdas localizadas.
C) Cada trecho retilíneo provocará uma perda de carga distribuída, dada
por J, L,, em que J, é a perda de carga unitária calculada pelas expres-
sões discutidas no capítulo anterior, e cada singularidade provocará
uma perda localizada dada por K V2/2g.
d) Eventualmente, no sistema adutor poderá haver elementos Ek inter-
calados que provoquem troca de energia com o fluido (bombas ou
turbinas) e que forneçam ou retirem energia equivalente, em metros
de coluna d'água, a AEr.
ZI
Desta forma, o balanço energético global do siste-
ma da Figura 3.12 é dado por:

+ C , Af~C,AE,
AZ=C.J~L, , (3.12)

em que os sinais negativo e positivo correspondem, res-


pectivamente, às bombas e turbinas.
No caso particular de não haver bombas ou turbi-
nas entre os dois reservatórios, a energia topogrdfica to-
A B C D E AE F
tal disponível AZ é inteiramente consumida pelas perdas
Figura 3.12 Ligação entre dois reservatórios. de carga, de modo que a Equação 3.12, pode ser escrita
usando-se a fórmula universal de perda de carga, como:

A Equação 3.12 pode ser utilizada em cada ligação entre duas seções em
que se verifique o contato com a atmosfera exterior e, associada à equação da
continuidade, resolver problemas inerentes à interligaçiío entre três ou mais re-
servatórios, como será visto nos capítulos seguintes.

3.5 INFLUÊNCIA RELATIVA DAS PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS


Basicamente, os três principais problemas de escoamento em tubula-
ções, na condição de escoamento por gravidade, são: a determinação da per-
-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
79

-
da de carga e variação da pressão, conhecendo-se a vazão e as características
da tubulação; o cálculo da vazão a partir das características da tubulação e da
energia que sustenta o escoamento; e o dimensionamento do diâmetro da li-
nha, necessário para que passe uma determinada vazão, compatível com a di-
ferença energética entre seções.
Algumas aplicações feitas no capítulo anterior seguiram esta linha em
situações nas quais não havia perdas localizadas. O tratamento analítico dos
três problemas, através da equação de Bemoulli e das equações de resistência
já vistas, continuará a ser utilizado com o aumento do grau de dificuldade pela
presença de singularidades. Desta forma, é necessário ter uma idéia prévia, em
cada situação, da importância relativa das perdas localizadas, isto é, quando
elas podem ser desprezadas sem prejuízo do cálculo. Em tubulações curtas
como na sucção de uma bomba, ou em sistemas como instalações hidráulico-
sanitárias em edifícios, em que, além dos trechos serem curtos, existe um grande
número de acessórios, as perdas localizadas são absolutamente preponderantes.
Nos projetos de redes de distribuição de água, nos quais diâmetros e

EI
comprimentos são relativamente grandes, as perdas de carga localizadas cos- Imagine o escoamento de uma cem
-!as0 a m ~ de 6 um
~ eotreitamenta
tumam ser desprezadas, face às perdas por atrito nos comprimentos retilíneos gradual com anguio de 60' a reiaáo
das tubulações. Em geral, em sistemas hidráulicos nos quais as perdas locali- de diametros 02/01 E 1.5.
Se o sentido do escoamento lor
zadas não perfazem mais que 5% das perdas distribuídas, podem, em princí- invsltido a perda de carga ~ ~ c a ~ i ~ ~ a
aumenta ou diminui7
pio, ser desprezadas. Como regra básica, se uma linha de tubulações tiver um
comprimento retilíneo entre os acessórios igual a 1000 vezes o diâmetro, ou
mais, as perdas de carga localizadas têm influência secundária na perda total
do sistema.
Neste sentido, considere-se a ligação entre dois re- N.A.
servatórios abertos e mantidos em níveis constantes, fei-
ta por uma tubulação de um determinado diâmetro D e
comprimento L, na qual se instalou um registro de gave-
ta aberto, conforme Figura 3.13. O traçado das linhas de
energia e piezométrica é o convencional, levando-se em
conta as perdas na entrada, no registro e na saída da linha.
Para efeito comparativo do valor da relação L/D e das
perdas localizadas, sobre a velocidade média na tubulação
e, conseqüentemente, sobre a vazão, fixa-se o valor do
coeficiente de atrito f = 0,025, independente do número de Figura 3.13 Influência das perdas localizadas.
Reynolds.
O balanço energético entre os reservatórios, dado pela Equação 3.13,
com os valores dos coeficientes de perda de carga localizada retirados dos itens
anteriores, é calculado por:
1
-
Hidráulica Básica Cap. 3
80

A expressão anterior mostra que, quando a relação L/Dvai aumentan-


do, o valor numérico entre parênteses depende cada vez menos do somatório
dos coeficientes de perdas de carga localizadas, igual a 1,7. Se as perdas de
carga localizadas forem preliminarmente abandonadas, gerando uma veloci-
dade média aproximada dada por:

que, quando comparada à velocidade média real, dada por:

comete-se os seguintes erros, segundo a Tabela 3.5.

Tabela 3.5 Comparação da influência das perdas localizadas


com ocompnrnento relativodalinha
-
WD V V/= Erro (9%) = 100*(V,-V)/V
1O0 2,80 2,16 29,63
500 1,252 1,175 6.55
1000 0,885 0,857 3,26
1500 0,723 0,707 2.26
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
81

Conclui-se, portanto, que, para comprimentos relativos LID superiores


a 1000, o erro cometido no cálculo da velocidade média ou da vazão pode ser
da ordem de grandeza daquele cometido na especificação do fator de atrito ou
dos próprios coeficientes de perda localizada. Assim, a regra básica de despre-
zar as perdas de carga localizadas quando a tubulação é longa, L D > 1000, é
bastante razoável. Evidentemente, dependendo da natureza do problema e do
grau de precisão exigido, o projetista estabelecerá seu próprio critério.

EXEMPLO 3.1

A ligação entre dois reservatórios abertos, cujos níveis d'água diferem


em 10 m, é feita através de uma tubulação de 0,15 m de diâmetro, em aço sol-
dado liso, coeficiente de mgosidade E = 0,10 mrn. O comprimento retilíneo da
tubulação é 410 m, existindo como singularidades, que produzem perdas lo-
calizadas, as seguintes: entrada na tubulação em aresta viva K, = 0,50, dois co-
tovelos 90" raio curto, K, = 0,80 e entrada no reservatório inferior K, = 1,O.
Determine a vazão transportada em regime permanente.
Usando a Equação geral 3.13, para um único diâmetro, vem:

Substituindo os valores dados e desenvolvendo, a expressão anterior


toma-se:

indicando que o problema é indeterminado, uma vez que existe somente a


equação anterior, originada da aplicação da equação de Bernonlli entre os
extremos da tubulação e duas incógnitas, a velocidade média V e o fator de
atrito f. Lembrando que o fator de atrito depende, em princípio, da mgosidade
absoluta E e do número de Reynolds, e como as duas incógnitas são interliga-
das através da Equação 2.37, pode-se utilizar um processo de tentativa e erro,
adotando um valor inicial para V e, conseqüentemente, calculando f, até que
a equação básica anterior seja verificada, isto é, até que a soma das perdas
distribuída e localizada seja igual ou bem próxima a 10 m. Como foi comen-
tado na Seção 2.5, em aplicações práticas, as velocidades médias nas tubula-
çóes, em geral, encontram-se na faixa de 0,50 a 3,O mls. Assim, adotando-se
um valor inicial para a velocidade média, com os valores diâmetro D = 0,15 m
e mgosidade E = 0,10 mm e o auxílio da tabela da Equação 2.37, Tabela Al, de-
termina-se o valor do coeficiente de atrito f e a perda total A2 pela Equação 3.14.
-
Hidráulica Básica Cap. 3
82

-
O processo de convergência é garantido se, a cada passo, o novo valor da ve-
locidade V for calculado pela Equação 3.14, usando o valor do coeficiente f do
passo anterior. Quando o valor do coeficiente de atrito f for constante, o pro-
cesso convergiu.
1. Seja V = 1,O m/s Tabela Al+ f = 0,0202 +A2 = 2,98 m # 10
m
2. Seja f = 0,0202 +Equação 3.14 +V = 1,833 m / s + Tabela A 1 3
f = 0,0193
3. Seja f = 0,0193 + Equação 3.14 +V = 1,873 m/s + Tabela Al+
f = 0,0193
O valor de f não se alterou e o processo convergiu para o valor da veloci-
dade média 1,873 d s e, conseqú-entemente, a vazão será cerca de 0,033 m3/s
Uma maneira mais rápida de atingir a convergência do método é prelimi-
narmente desprezar as perdas localizadas, de modo que a perda total do sistema
AZ = 10 m seja somente devida à perda distribuída no comprimento L = 410 m.
Desta forma, a perda de carga unitária pode ser calculada e, com o auxílio da
tabela da Equaçáo 2.38, TabelaA2, a primeira aproximação da velocidade pode
ser determinada como:

AZ=AH - 10
J= - -= 0,0244 m/m Tabela A2 4 V E 1,95 m/s
L 410
valor bem mais próximo do correto (V = 1,873 d s ) , que a tentativa inicial
V = 1.0 mls. Incluindo-se as perdas localizadas, a velocidade real será um pou-
co menor que o valor preliminar 1,95 d s .

EXEMPLO 3.2

Uma mangueira de P.V.C., com L = 50


m de comprimento e D = 50 m m de diâmetro,
é Ligada a um hidrante no qual a pressão é cons-
tante. Um bocal, segundo a forma de uma con-
tração bmsca, é acoplado à extremidade de
saída para aumentar a energia cinética e propor-
clonar ao jato d'águaum alcance maior. Supon-
do que o coeficiente de atnto na mangueira seJa
Figura 3.14 Exemplo 3 2 constante e igual a f = 0,020 e que o coeficien-
te de perda localizada no bocal, com relação ao
trecho de menor diâmetro, segue os valores ta-
-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
g3

-
belados abauto, determine o diâmetro d do bocal para o qual se obtém o mai-
or alcance do jato livre.

A aplicação da equação de Bemoulli entre o hidrante, seção 1, e a saí-


da do bocal, seção 2, praticamente no mesmo nível, levando em conta todas
as perdas e o fato de que a carga cinética no hidrante pode ser desprezada, tem
a forma:

e como pela equação da continuidade a relação entre a velocidade média na


mangueira V,, e a velocidade média no bocal V2 é dada por V,, = Vz (d/DI2,
a equação acima fica.

Como, pela condição do problema, a pressão no hidrante é constante e


o alcance do lato deve ser máximo, isto é, a velocidade de saída Vz deve ser
máxima, o termo entre colchetes da equação anterior deve passar por um mí-
nimo Calculando o termo entre colchetes para cada valor da relação (d/D)' e
do coeficiente K, dado na tabela anterior, tem-se:
-
Hidráulica Básica Cap 3
84

-
Pela tabela anterior, verifica-se que o termo entre parênteses passa por
um mínimo para a relação (d/D)Z= 0,5, o que fornece o valor do diâmetro do
bocal d = 35,35 mm.

3.6 MÉTODO DOS COMPRIMENTOS EQUIVALENTES


Entre as Equações 1.20 e 3.1, para determinação de perdas de carga
distribuída e localizada, respectivamente, existe uma analogia formal, isto é,
ambas são função direta da carga cinética. Deste modo, e por conveniência de
cálculo, as singularidades existentes nas tubulações são muitas vezes expres-
sas em termos de comprimentos equivalentes de condutos retilíneos, os quais
provocam a mesma perda de carga que aquela gerada pelo acessório, quando
a vazão em ambos é a mesma.
Impondo a igualdade entre as equações de perda de carga localizada e
de perda contínua, tem-se:

em que L, é chamado de co~llprln7entoequivaLenfe, correspondente a cada


singularidade. Da equa~áoaiiterior pode-se facilmente obter uma expressão
para a determinação do comprimento equivalente, como

Portanto, o método dos comprimentos equivalentes consiste em substi-


tuir, para simples efeito de cálculo, cada acessório da instalação por compri-
mentos de tubos retilíneos, de igual diâmetro, nos quais a perda de carga seja
igual à provocada pelo acessório, quando a vazão em ambos é a mesma. Assim,
cada comprimento equivalente é adicionado ao comprimento real da iubulaçâo,
a fim de simplificar o cálculo, transformando o problema em um problema de
simples perda distribuída. Deve-se observar pela Equação 3.16 que o compri-
mento equivalente é uma função do coeficiente de atrito f, e este não é fixo para
uma determinada perda e diâmetro, mas depende do número de Reynolds e do
coeficiente de rugosidade do conduto. Também, o coeficiente K é função do nú-
mero de Reynolds, conforme visto na Seção 3.2 deste capítulo, mas para mui-
tos dos propósitos práticos a vkação é pequena, sendo desconsiderada.
Este princípio de equivalência será estendido no próximo capítulo, para
tubulações e sistemas hidráulicos, na forma: uma tubulação de certo compri-
mento, diâmetro e rugosidade é equivalente a outra de características distin-
-
Cap 3 Perdas de Carga Localizadas
85

-
tas, desde que a perda de carga total em ambas seja a mesma, para uma mes-
ma vazão.
Para cada acessório, caracterizado pelo valor de K, pode-se tabelar a
Equação 3.16 para valores médios do fator de atrito. Nesta linha, foi feita uma
análise estatística de regressão linear nos dados dos comprimentos equivalentes
de várias peças usadas em instalações hidráulicas, apresentadas na Tabela 3.7
da referência A.B.N.T. (I), para tubos metálicos, aço galvanizado e ferro fun-
dido. Para diâmetros variando de 314" até 14". pode-se verificar uma boa re-
lação linear entre o comprimento equivalente e o diâmetro da peça na forma
L, = a + PD, que, após transformada para L D = d D + P, foi calculada a mé-
dia aritmética para a faixa de diâmetros indicada, e apresentada na Tabela 3.6.
A forma de apresentação dos comprimentos equivalentes como função de um O comprimemo de um tubo com lata?
determinado número de diâmetros, como na Tabela 3.6, é particularmente in- de atnto 1 = 0,020, expreso em nume-
ro* da d~nmaros,equlvalenfe s uma
teressante em cálculos de dimensionamento, determinação do diâmetro de uma v61v~Iad~ Bngula aberta, vale quanto?
certa linha, ou quando se utilizam programas de computador.
Para tubos de P.YC. ou cobre, os valores dos comprimentos eqnivaIentes
recomendados pela A.B.N.T. e constantes da Tabela 3.7 não permitem a aná-
lise de regressão feita anteriormente, isto é, não há linearidade entre o com-
primento equivalente e o diâmetro para cada acessório. Desta forma, a tabela
original foi simplesmente transcrita, não podendo ser transformada para apre-
sentar os comprimentos equivalentes em números de diâmetros.

EXEMPLO 3.3

Na instalação hidráulica predial mostrada na Figura 3.15, a tubulação é


de P.V.C. rígido, soldável com 1" de diâmetro, e é percorrida por uma vazão
de 020 11s de água. Os joelhos são de 90' e os registros de gaveta, abertos. No
ponto A, 2,10 m abaixo do chuveiro, a carga de pressão é igual a 3,3 mHzO.
Determine a carga de pressão disponível imediatamente antes do chuveiro. Os
tês estão fechados em uma das saídas.
Utilizando-se a Tabela 3.7, é possível determinar os comprimentos equi-
valentes dos acessórios existentes entre o ponto A e o chuveiro, na forma:

Figura 3.15 Exemplo 3.3


1
'1
-
Hidráulica Básica Cap. 3
86

-
Tabela 3.6 Compnmentos equivalentes em número de diâmetros de
canalizaç.ãopara peças metálicas, feno galvanizado e trrro fundido
-
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas
87

-
Pela equação da energia, a cota piezométrica imediatamente antes do
chuveiro pode ser calculada por: C.P,h = C.PA- AHt, em que AHt é a perda de
carga total distribuída e localizada entre A e o chuveiro. Como AHt = J Lt a
perda unitária pode ser calculada pela equação de Fair-Whipple-Hsiao, na
forma J = /3 Q' 75, Equação 2.48, com auxílio da Tabela 2.5. Tomando como
referência o plano horizontal passando pelo ponto A, a cota piezométrica neste
ponto é a própria carga de pressão. Assim, a equação da energia fica:

Portanto, a carga de pressão antes do chuveim será a diferença entre a cota


piezométrica e a cota geométrica, ou seja, p,hly = 3,17 - 2.10 = 1,07 mHiO.

Tabela 3.7 Comprimentos equivalentes (m), peças de P.V.C. rígido ou cobre, conforme A.B.N.T. (I).

EXEMPLO 3.4

Na instalação hidráulica predial mos-


trada na Figura 3.16, as tubulações são de aço
galvanizado novo, os registros de gaveta são
abertos e os cotovelos têm raio curto. A vazão
que chega ao reservatório D é 38%maior que
a que escoa contra a atmosfera no ponto C.
Determine a vazão que sai do reservatório A,
desprezando as cargas cinéticas.

Figura 3.16 Exemplo 3.4.


-
-
Hidráulica Básica Cap. 3
88

-
Seja X a cota piezométrica imediatamente antes do tê localizado em B.
Para os dois ramos da instalação, tem-se as seguintes perdas totais:
AHBD = X - 3,O e AHBC = X - l,O, de onde se conclui que AHnc =
AHBD+ 2,O, portanto:
JBCLnc = JBDLBD+ 2,O (I)
em que LBCe LBDsão OS comprimentos totais dos dois trechos. Da Tabela 3 6
os comprimentos equivalentes dos dois trechos podem ser detemados como.
Trecho BC Trecho BD

Tê lateral I M"

Como QBO= 1,38 QBC,as perdas de cargas unitárias JBCe JBDpodem ser
determinadas pela equação de Fair-Whipple-Hsiao. na forma J = P Q1", Equa-
ção 2 48, com auxilio da Tabela 2.5. Logo, pela Equação I, vem:
longo som diametro de 0.10 m. De
acordo com a Tabela 3.6 pode-se
afirmar que quando s vazba pelo
CO~OYBIO lor de 1 UO,a perda de carga
localizada é igual a 2.2 m?

Logo, a vazão que sai do reservatório A será a soma Q B+~QBD= 2,45 Vs.

3.1 A instalação mostrada na Figura 3.17 tem diâmetro de 50 mm em ferro


fundido com leve oxidação. Os coeficientes de perdas de carga localizadas são:
entrada e saída da tubulação K = 1,0, cotovelo 90° K = 0,9, curvas de 45"K =
0,2 e registro de ângulo, aberto, K = 5,O. Determine, usando a equação de
Darcy-Weisbach:
a) a vazão transportada;
-

Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas


89

b) querendo-se reduzir a vazão pa-


ra 1,96 I/s, pelo fechamento
parcial do registro, calcule qual
deve ser a perda de carga loca-
lizada no registro e seu compri- Oe
mento equivalente. N

a) [Q = 3,14.10-3 mYs]
b) [Ah = 3,27 m , L, E 94 m]
/
I
I
Figura 3.17 Problema 3.1.
!
3.2 A determinação experimental dos coeficien-
tes e das perdas de carga localizada é feita median-
E --.
-"
D
te medidas de pressão e declividades das linhas P4 E o'
a
piezométncas, em trechos de escoamento estabelecido e 2 L
n

e de vazão. Calcule a perda de carga e o coeficiente de


perda de carga para o alargamento gradual mostrado som! - - - - - -- +
vi5, =3 m/s
na Figura 3.18, em relação à velocidade no tubo de 75
mm de diâmetro, a partir dos dados da figura. 1,s m 0,3 m 0,6 m 3.0 m 3,Q m

[Ah = 0,40 m ; K = 0,0541 Figura 3.18 Problema 3.2.

3.3 Uma adutora de 500 mm de diâmetro, 460 m de comprimento, em aço


soldado revestido de cimento centnfugado, liga dois reservatórios mantidos em
níveis constantes. Determine a capacidade de vazão da adutora quando o des-
nível entre os reservatórios for de 330 m, nas seguintes condições:
a) desprezando as perdas de carga localizadas na entrada e na saída da
tubulação;
b) considerando tais perdas de carga localizadas, adotando os seguintes
coeficientes de verdas K, = 0,5 e K, = 1.0. I

Faça comentários pertinentes sobre os resulta-


dos encontrados, observando a relação entre o compri-
mento e o diâmetro da adutora.
a) [Q = 0,442 m3/s] b) [Q = 0,420 m3/s]

3.4 Em um distrito de irrigação, um sitão de 2" de


diâmetro possui as dimensões indicadas na Figura 3.19
e é colocado sobre um dique. Estime a vazão esperada -
sob uma carga hidráulica de 0,50 m e a carga de pres- Figura 3.19 Problema 3.4.
7

-
Hidráulica Básica Cap. 3
90

-
'Verdim6tio BomDm no
são disponível no ponto médio do trecho horizontal do sifao. Adote os seguintes
snmregoe~eti~niso
w.~e~~.us~.brlsh~
coeficientes de perda de carga localizada: entrada K, = 0,5, saída K = 1,0, curva
de 45" K = 0,2. Material da tubulação ferro fundido com revestimento as-
fáltico. Utilize a equação de Darcy-Weisbach.

3.5 A instalação hidráulica predial da figura é toda


em aço galvanizado novo de 1" de diâmetro, cotovelos
de raio curto, registros de gaveta, com os ramos A e B
abertos para a atmosfera. O registro do ramo Aestá
parcialmente fechado e o do ramo B totalmente aberto.
Determine o comprimento equivalente do registro do
ramoAparaque as vazões em A e B sejam iguais, nas se-
guintes condições:
a) a instalação estáno plano horizontal;
b) a instalaqão está no plano vertical.
Figura 3.20 Problema 3.5.
a) [L, = 3,37 ml; b) [L, = 0,55 m]

3.6 A tubulaçáo que liga dois reservatórios, mantidos em


níveis constantes, é de aço comercial novo e possui uma válvula
de regulagem da vazão, que quando está totalmente aberta, o
coeficiente de perda de carga localizada vale K, = 3,5.
Considerando todas as perdas de carga localizadas, determine:
a) a vazáo transportada quando a válvula está totalmente
aberta;
Figura 3.21 Problema 3.6 h) o valor do coeficiente K, para reduzir a vazão do item
anterior em 28%.
Use a planilha MOODY.XLS.*
a) [Q = 42,l Ils]; b) [K, = 271

3.7 A instalação hidráulica predial da figura está em um


plano vertical e é toda em aço galvanizado novo com diâmetro
de I", e alimentada por uma vazáo de 2,O 11s de água. Os
cotovelos são de raio curto e os registros de gaveta. Determine
qual deve ser o comprimento x para que as vazões que saem
pelas extremidades A e B sejam iguais.
Figura 3.22 Problema 3.7 [ x = l,S8 m]
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas

I
3.8 Dois reservatórios, mantidos em níveis constan- N.A.
tes, são interligados em linha reta através de uma tubu-
lação de 10 m de comprimento e diâmetro D = 50 mm,
de P.V.C. rígido, como mostra o esquema daFigura 3.23.
Admitindo que a única perda de carga localizada seja
devido ?I presença de um registro de gaveta parcialmen-
te fechado, cujo comprimento equivalente é L,= 20,O m, e
usando a fórmula de Hazen-Williams, adotandb C = 145,
determine: Figura 3.23 Problema 3.8.
a) a vazão na canalização supondo que o registro
esteja colocado no ponto A;
b) idem, supondo o registro colocado iio ponto B;
C)a máxima e a mínima carga de pressão na linha, em mH20, nos casos
a e b;
d) desenhe em escala as linhas piezométrica e de energia.
Considere, em ambos os casos, a carga cinética na tubulação.
a) [QA = 4,37 USI
b) [QB = 4,37 IIs]
~ mH20, (p,ly),,,, = 0,75 mHzO, (pbly),,~,= 0,75 mH20,
c) [ ( ~ J Y =) ~-1,25
(pb/Y)már = 2,75 mH2Ol

3.9 Em um ensaio de perda de carga de uma luva de redução de 2" x I 112".


o comprimento equivalente da peça, em relação ao tubo de menor diâmetro
(1 112"), foi determinado igual a 0,38 m. Assumindo, por siriiplificação, que o
coeficiente de atrito f para os dois tubos seja o mesmo, determine o comprimento
equivalente da luva em relação ao diâmetro de montante (2"). .
[L, = 1,60 m]

3.10 Uma tubulação retilínea de 360 m de comprimento e 100 mm de diâmetro


é ligada a um reservatório aberto para a atmosfera, com nível constante, mantido
a 15 m acima da saída da tubulação. A tubulação está fechada na saída por
uma válvula, cujo comprimento equivalente é de 7,s m de comprimento da
tubulação. Se a válvula é aberta instantaneamente, com escoamento livre,
determine o tempo necessário para que a velocidade média atinja 98% da
velocidade em condições de regime pehnanente. Assuma o fator de atrito
f = 0,020 e adote como coeficiente de perda de carga na entrada K = 0.5.
Sugestão: utilize a Equação 1.11 e a metodologia do Problema 1.4.
Hidráulica Básica Cap. 3
92

3.11 O reservatório B, prismático de área igual a 1,O mZ,


possui um orifício no fundo que abre comandado pelo
manômetro, quando este acusar uma pressão de 4,9 kPa,
0,s m 1.0m 4 conforme a Figura 3.24. Qual deve ser a cota do nível
d'água no reservatório A, mantido em nível constante,
para que o orifício do reservatório B seja aberto 10 min
após a abertura do registo de gaveta da canalização de
alimentação? Os tubos são de P.V.C. rígido roscável de
Figura 3.24 Problema 3.11. 1" de diâmetro e os joelhos de 90". No tempo t = 0, o
reservatório B está vazio. Considere a carga cinética.

- VI A-
I

Figura 3.25
2

Problema 3 12
3.12 O escoamento de água através de um tê é mostrado na Figura 3.25.
Uma parte do escoamento é dirigida verticalmente para cima através do ramal
(3);o restante continuana horizontal através do ramal (2). Sendo o tê simétrico
e todas as áreas iguais a A, obtenha uma expressão da variação de pressão
Ap = p2 -pt ao longo do tê em relação a Q1/Qi.Faça um gráfico de Ap/0,5pVi2
como função de Q3/Qi.Sugestão. utilize o teorema da quantidade de movimento
no volume de controle que é o próprio tê.

3.13 Sabendo-se que as cargas de pressão disponíveis em


A e B são iguais e que a diferença entre as cargas de pressão
em A e D é igual a 0,9 & 2 0 , determine o comprimento
equivalentedo registro colocado na tubulação de diâmetro único,
assentada com uma inclinação de 2" em relação a horizontal,
Figura 3.26 Problema 3 13
conforme a Figura 3.26.
[Le = 25,79 m]
Este capítulo tratará da análise de vários sistemas hidráulicos em pres-
são, operando essencialmente por gravidade, de uma tubulação simples ou um
conjunto de tubulações, levando-se em conta as perdas de carga por atrito ao
Izirsido]
longo das tubulações e também, quando for o caso, as perdas localizadas.
As equações básicas serão a da continuidade e da energia, com as perdas
de carga calculadas pelas equações de resistência do Capítulo 2, e as aplicações
serão referidas somente aos escoamentos permanentes e quase-permanentes. O
conceito de equivalência entre sistemas será generalizado daquele comentado
no capítulo anterior.

4.2 RELAÇÃO ENTRE PERDA DE CARGA UNITÁRIA E


DECLIVIDADE DA LINHA PIEZOMÉTRICA
Na Seção 1.4, definiu-se como J, perda de carga unitária ou gradiente
piezométrico, a relação entre a perda de carga devido ao atrito e o comprimeu-
to da tubulação, parâmetro importante nas aplicações feitas no Capítulo 2. Deve-
se observar, entretanto, que é incorreta a equivalência, muitas vezes considerada,
entre a perda de carga unitária e a declividade da linha de energia ou, no caso
mais comum, quando o escoamento é permanente e o diâmetro constante, a
declividade da linha piezométrica. De fato, considere-se a Figura 4.1, na qual um
tramo de comprimento L, e diâmetro constante, da canalização -
com ângulo de assentamento P tem o ângulo a como inclinação
da linha piezométrica em relação à horizontal.
Da Figura 4.1 pode-se extrair a seguinte relação geomé-
trica:

AH &I J
tg. = - = -- --- =J
-
JGi& (4.1)
AC LcosP cosp
Figura 4.1 Perda de carga unitána e declividade da
linha piezométnca
7

-
Hidráulica Básica Cap. 4
94

._

Esta expressão mostra que a inclinação da linha piezométrica em relação


à horizontal é sempre maior que a perda unitária J, a menos que a tubulação
esteja na horizontal, situação em que são iguais. Deste modo, ao desenhar o
perfil altimétrico de uma adutora, por exemplo, em que esta não apareça re-
tilínea por acompanhar a topografia do terreno, não se deve esperar, tampouco,
que a linha piezométrica seja retilínea. Assim, quando nos exemplos do Capí-
tulo 2 e nas aplicações que se seguirão a linha piezométrica for desenhada
como retilínea, se quer indicar somente que se sinaliza uma posição média da
mesma, não muito afastada da realidade. e obtida partindo-se do conhecimento
das duas cotas piezométricas no início e fim da adutora. Para ângulos de assen-
tamento da tubulação abaixo de 1 5 O , a diferença entre a declividade da linha
piezométrica e a perda de carga unitária é desprezível.

4.3 INFLUÊNCIAS RELATIVAS ENTRE O TRAÇADO DA


TUBULAÇÃO E AS LINHAS DE CARGA
Serão analisadas, a seguir, as influências sobre o escoamento que pode
exercer o traçado de uma canalização, que liga dois reservatórios mantidos em
níveis constantes. Para uma adutora por gravidade, suficientemente longa para
que se possa desprezar as perdas localizadas, de um deter-
P.C.A.
minado comprimento, material e diâmetro único, o esque-
ma piezométrico é representado na Figura 4.2. Como neste
tipo de transporte a velocidade média do escoamento en-
contra-se em torno de 1 a 2 d s , o que significa que a
carga cinética se situa entre 0,05 a 0,20 m, valores bem
menores que as outras formas de energia, para efeito de
explanação das situações encontradas serão confundidas a
linha piezométnca e a linha de energia ou de carga total,
Figura 4.2 Adutora por gravidade.
uma vez que a carga cinética pode ser desprezada.

A situação da Figura 4.2 é aquela buscada nos projetos e considerada a


condição normal, na qual todas as seções da adutora estão submetidas a uma
carga de pressão positiva, uma vez que o seu traçado se encontra, na sua to-
talidade, abaixo da linha piezométrica. Nesta condição, a perda de carga total
é igual ao desnível topográfico, correspondente à diferença de cotas das super-
fícies livres dos reservatórios, e há uma relação direta entre a vazão transpor-
tada e os demais elementos do esquema, diâmetro, comprimento, natureza da
parede da tubulação e perda de carga AH = Zi - Zz = JL. A Figura 4.2 mos-
tra, além da linha piezométrica (linha de carga efetiva, L.C.E.), o plano de
carga efetivo P.C.E., correspondente ao nível d'água no reservatório superior,
a linha de carga absoluta L.C.A., distanciada da linha de carga efetiva do va-
lor p,l% a carga de pressão atmosférica local e o plano de carga absoluto P.C.A.
-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações
95

Num ponto P qualquer, a carga de pressão dinâmica efetiva é dada por


PX, a carga de pressão dinâmica absoluta, por PZ e a carga de pressão hidros-
tática, por PY. Para atender a propósitos de manutenção do sistema, a adutora
possui registros de controle na saída e entrada dos reservatórios. Nos pontos
baixos, registros especiais são colocados para o esvaziamento e limpeza da
linha e, nos pontos altos, com o intuito de extrair o ar desprendido da água ou
arrastado mecanicamente e que por ventura venha a se acumular, serão previs-
tas válvulas de escape chamadas ventosas. Deve-se observar que, se o regis-
tro L na entrada do reservatório inferior for fechado, a linha será submetida a
um padrão de pressões correspondente ao P.C.E., portanto a especificação da
classe dos tubos (capacidade de resistência à pressão interna) deve ser feita a
partir das pressões estáticas PY, que são maiores que as dinâmicas PX. Even-
tualmente, as pressões máximas na linha, e conseqüentemente a classe dos
tubos, podem ser especificadas levando-se em conta os efeitos originados do
fenômeno do golpe de aríete, que é a variação de pressão que ocorre em uma
tubulação como conseqüência de mudança na velocidade média devido a uma
manobra relativamente brusca dos registros.
Outros traçados e suas relações com as linhas de carga são apresenta-
dos nas Figuras 4.3 a 4.5, em que o traçado 2, por necessidade topográfica de
passar em um ponto alto ou mesmo por erro de traçado ou lançamento da
adutora, é possível ocorrer, enquanto as outras situações mostradas são cada
vez mais incomuns.
a) Traçado 2 - A canalização passa acima da L.G.E., porém abaixo da
L.C.A. e do P.C.E. Nesta situação, estando a linha previamente cheia pela
abertura do registro de jusante localizado em L, o escoamento deveria acon-
tecer em condições normais, sob a carga H. Todavia, em um ponto P do tre-
cho APB, a água não estará sob pressão positiva, uma vez que, como a linha
piezométrica corta a adutora, a carga de pressão absoluta aí reinante, medida
por PM, é inferior à pressão atmosférica local de uma quantidade medida por
PO. Em virtude dessa pressão negativa, o escoamento toma-se irregular, pois,
além do ar desprendido que se achava dissolvido na água e que vai se acumu-
lando nos pontos altos, há tendência de entrada de ar ambiente pelas juntas.
Como nesta situação não é possível instalar ventosas, pois entraria mais ar por
elas, será necessário o emprego de bombas ou outros recursos para extrair o
ar por aspiração.
No caso da entrada de ar ser tal que a pressão em P se torne igual à at-
mosférica, a linha piezométrica no trecho NP deixará de ser C 0 e passará a ser
CP.Além de P, a água não encherá completamente a seção do conduto, escoan-
do-se como em canal, e s6 entrará em pressão, enchendo novamente toda a
seção, a partir do ponto X, sendo XD paralela a CP,porque, então, para o va-
-
Hidráuiica Básica Cap. 4
96

-
lor da vazão no trecho NP, a linha piezométrica, interrompida no trecho PX,
readquire sua declividade.
Calculando-se a adutora para fornecer uma vazão Q ao reservatório R2,
sob carga total H, sendo a linha piezométrica CD, tem-se, pela Equação 2.42.

Quando, porém, a linha piezométrica em NP passar a ser CP, nas con-


dições expostas, a nova vazão Ql fomecida ao reservatório R2 será menor que
a projetada, uma vez que, se a tubulação passa acima da linha piezométrica
CD, a nova linha de carga efetiva CP terá, necessariamente, menor declividade,
isto é, se:

Esta situação leva a dois grandes inconvenientes. O primeiro é o fato de


originado em regiaeo da IubulaqAo a vazão real transportada ser menor que aquela para a qual a adutora foi cal-
culada. O segundo é que o trecho PX fica economicamente mal aproveitado,
uma vez que do ponto P em diante há uma disponibilidade grande de carga
topográfica, dada por H Hi, e como a vazão é reduzida, o trecho PX estará
-

ocioso, com o escoamento ocupando somente parte da seção da tubulação, sen-


do a parte restante preenchida por vapor que se desprende do líquido, e o es-
coamento não se dará de modo regular, tendo caráter pulsante.
S e as condições de projeto exigirem o traçado
.. .. ..-..- .-.. - -..-
P.C.A. NPL, sem contornar o ponto alto, para garantir o for-
necimento da vazão Q e conseguir uma solução eco-
nômica, é necessário dividir a adutora em dois trechos
de diâmetros diferentes. Assim, instala-se no ponto P
um pequeno reservatório aberto para a atmosfera cha-
mado caixa de passagem e dimensiona-se, para a va-
zão de projeto Q, o diâmetro Di do trecho NP sob
carga Hi e o diâmetro Dz < DI do trecho PL s0b.a
carga restante H - Hi.
Figura 4.3 Traçado 2,
A caixa de passagem deve ser provida de registros, na entrada e saída,
para compatibilizar a vazão nos dois trechos com as cargas disponíveis, pois
os diâmetros calçulados devem ser necessariamente comerciais.
-
Cap. 4 Sistemas H~dráulicosd e Tubulaçóes 97

-
PCA.
b) Traçado 3 - A canalização corta a L.C.E. e o
P.C.E., mas fica abaixo da L.C.A. Devido à pressão pró-
PCE,
pria, a água irá até o ponto G, estorvando-se (retirando- --.
-.-..
----.
L C A.
se o ar acumulado) o trecho GEF por meio de uma bomba;
o encanamento funcionará como um sifão. As condições
são piores que no caso anterior, pois o escoamento ces-
sará completamente desde que entre ar no trecho GEE
sendo necessário, portanto, escorvar novamente o sifão
para permitir o funcionamento da adutora. Figura 4.4 Traçado 3.

c) Traçado 4 -A canalização corta a L.C.A., mas


fica abaixo do P.C.E. Haverá escoamento, mas a vazão PC E

Q 2 fornecida será inferior à vazão QI do traçado 2. A


linha de pressão efetiva toma-se CP no trecho NP e XD
no trecho PL, com CP paraleli a XD. No trecho PX, a
água se moverá como conduto livre, só adquirindo pres-
são no ponto X. A solução para contornar esta situação
é semelhante ao caso 2, com a instalaçgo de uma caixa
de passagem no ponto alto e dimensionando a adutora
Figura 4.5 Traçado 4.
com dois trechos distintos, NP e PL, de diâmetros dife-
rentes.

4.4 DISTRIBUIÇÃO DE VAZÃO EM MARCHA


Todos os exemplos de transporte de água até aqui tratados referem-se ao
movimento permanente e uniforme, no qual há constância de vazão ao longo
do trecho. Outro tipo de escoamento de interesse prático é aquele em que a
vazão vai diminuindo ao longo do percurso e é classificado como movimento
permanente gradualmente variado. Tal situação ocorre nos condutos de um sis-
tema de abastecimento público de água ou, mesmo, em sistemas de irrigação,
em que a água é distribuída por meio de numerosas derivações.
Nestas situações, não há como determinar perdas de carga e vazões entre
fora por glavldad+ ligando doia
duas derivações sucessivas, tendo em vista que seu número é, em geral, ele- resewat6ri~,10, feito por um regiotio
C O I O ~ ~a ~montante OU a jusante do
vado e seu funcionamento mais ou menos intermitente e variável. Para contor- D
trecho, quais ar canosqü8noiao sobre
nar o problema da variabilidade de distribuição (espacial e temporal) da água B linha piezom~ricaem cada moo?

ao longo do trecho, assume-se como hipótese básica que a totalidade da vazão


consumida no percurso é feita de modo unifome ao longo da linha, como se
esta fosse munida de uma fenda ao longo de seu comprimento. Isto significa
que, para efeito de cálculo, cada metro linear da tubulação distribui uma va-
zão uniforme q, chamada vazão unitária de distribuiçüo, expressa em Y(sm) ou
m31(sm).
- I

Hidráulica Básica Cap. 4


98

TT
.-; - --
-- -- - - - - -- --
Esta hipótese permite um tratamento analítico do pro-
---_,.._
.'.--
\

\
blema, usando-se as equações de resistência discutidas no
.. Capítulo 2 para o dimensionamento do sistema ou verifica-
*
Qm ção de vazões e perdas de carga.
..
--.
-... Suponha um trecho de tubulação de diâmetro constan-
--i te e rugosidade uniforme, de comprimento L, alimentado por
uma vazão Q, na extremidade de montante, sendo Q a va-
Y zão residual na extremidade de jusante, conformeFigura 4.6.
Figura 4.6 Definição de vazão equivalente
Sendo q a vazão unitária de distribuição e x uma abscissa marcada a
partir da extremidade de montante, em que a vazão residual é Q,, as segurn-
tes relações estão disponíveis:

A Equação 2.42 aplicada ao trecho elementar dx em que a vazão é Q,,


na hipótese de assumir um coeficiente de atrito médio ao longo do trecho, fica

Deste modo, a perda de carga contínua ao longo do comprimento L 6


calculada por:

A Equação 4.8 mostra que a perda de carga é uma função cúbica do i


comprimento do trecho e que a perda de carga unitária J é uma função qua-
drática do comprimento. Assim, em uma tubulação com distribuição em mar-
Cap 4 Sistemas Hldrául~cosde Tubulações
99

-
cha, a linha de energia é representada por uma parábola, cujas tangentes inicial

.
e final têm inclinações correspondentes aos escoamentos uniformes de vazões
Q e Q j, conforme a Figura 4.6. Chamando de Qd = q L = Qm- Qj a vazão
total distribuída no percurso, a Equação 4.8 é aproximadamente igual a:

Com o objetivo prático de facilitar os cálculos, define-se como vozfio


eq~~ivaLcnre ou v h f i c f l c i n , Qr , uma vazão constante que, percorrendo o
conduto em toda sua-extensão, produz a mesma perda de carga verificada na
distribuição em marcha..Deste modo, para o mesmo conduto, a perda de carga
contínua é dada por:

Comparando-se as Equações 4.9 e 4.10, pode-se determinar o valor da


vazão fictícia como: Qf = Q, - 0,45Qd. Coiisiderando a natureza do problema,
o número de elementos em jogo e as hipóteses adotadas, para propósitos práti-
cos a vazão fictícia podeser escrita de forma mais côinoda como:

Qr=Qm-0,50Qd=Qm-0,SOqL = &--0,6 (a--&&). (4.1 1)

Pela Equação 4.4, a expressão da vazão fictícia torna-se:

Logo, para efeito prático, pode-se determinar a perda de carga ao longo


do comprimento L utilizando-se uma vazão constante que. percorra todo o tre-
cho e cujo valor seja a média aritmética das vazões de montante e jusante.
Um caso particular importante é a situação em que toda a vazão de
montante é consumida ao longo do compiimento L, de modo que, na extremida-
de de jusante, a vazão residual seja nula. Neste caso, a extremidade de juqarite
é chamada de extremidade nzorto ou ponfa seca.
Pela Equação 4.8, observando que, se Q, = 0, tem-se Qd = q L = Q,,,, daí:

2 2
AH = KL- L = ~ K L Q ~ ,
3 3
-
Hidráulica Básica Cap. 4
100

-
Portanto, comparando-se a equação anterior com a Equação 4.10
verifica-se que, se a vazão na extremidade de jusante for nula, a vazão
fictícia é dada p o r

e a perda de carga é igual à terça parte da que ocorreria se toda a vazão de


montante Q, fosse transportada até a extremidade de jusante, sem distribuição
em marcha.

EXEMPLO 4.1

Na tubulação mostrada na Figura 4.7,


com 6" de diâmetro e coeficiente de atrito f =
0,022, a pressão em A vale 166,6 kN/m2 e
em D vale 140,2 kN/m2. Determine a vazão
unitária de distribuição em marcha q, saben-
do que a tubulação está no plano vertical e
que a vazão no trecho AB é de 20 11s. Des-
Figura 4.7 Exemplo 4.1 preze as perdas localizadas.

As energias disponíveis nos pontos A e D, em relação a um plano


horizontal passando por BC, valem, respectivamente:

Portanto, a perda de carga total entre os pontos A e D é igual à dife-


rença EA- EDe vale a soma das três parcelas AHAB+ AHBC+ AHcD. Utili-
zando o conceito de vazão fictícia, pode-se escrever:
-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulaçbes

Como, pela Equação 4.12, a vazão fictícia é a média entre a vazão


de montante e de jusante, vem:

Substituindo na expressão anterior:

Logo, a vazão distribuída ao longo dos 120 m vale:

Qd = Qm - Q, = 5,0 11s
Daí, a vazão unitária de distribuição será:

Qd = 5,0 = q. 120 ;. q = 0,0417 Ilsm

4.5 CONDUTOS EQUNALENTES


Muitas vezes há interesse prático, para efeito de cálculo, na determi-
nação das características geométricas e de rugosidade de uma tubulação
equivalente à outra ou a um sistema de tubulações. O conceito de equiva-
lência é o mesmo adotado no método dos comprimentos equivalentes do
Capítulo 2, ou seja, um conduto é equivalente a outro ou a um sistema de
condutos se a perda de carga total em ambos é a mesma para a mesma
vazão transportada. A adoção do conceito de equivalência torna-se vanta-
josa, uma vez que se pode substituir um sistema complexo de tubulações
por outro mais simples ou mesmo por um conduto único.
-
-
Hidráulica Básica Cap. 4

-
Duas situações poderão ser analisadas: equivalência entre dois condutos
simples e equivalência entre um conduto e um sistema.

4.5.1 CONDUTO EQUIVALENTE A OUTRO


Sejam dois condutos de comprimentos, diâmetros e mgosidades diferen-
tes. Para que haja equivalência entre ambos, é necessário que: AHi = AH2 e
QI = Qz. Pela Equação 2.42, a perda de carga é dada em termos da vazão
/ como:

Para as duas tubulações, igualando as perdas de carga e simplificando


a expressão anterior, chega-se a:

Expressão que permite determinar o comprimento do segundo condu-


to, de diâmetro D2, equivalente ao primeiro, de diâmetro DI. Utilizando-se a
fórmula de Hazen-Williams, a equação correspondente à anterior será:

L* = Li [d"'[?] 4.87

4.5.2 CONDUTO EQUIVALENTE A UM SISTEMA


Basicamente, a topologia de um sistema de tubulações pode pertencer a
quatro formas principais: tubulações em série, tubulações em paralelo, tubula-
ções ramificadas e redes de tubulações. As três primeiras são analisadas neste
capítulo; a quarta, posteriormente.
Existe uma analogia formal entre os sistemas hidráulicos e os sistemas
elétricos de corrente contínua, nos quais a vazão corresponde à intensidade de
corrente, a perda de carga, à queda de tensão e a resistência hidráulica da tubu-
lação, à resistência ôhmica. A resistência hidráulica da tubulação é dependente
do comprimento, diâmetro e mgosidade e a perda de carga no regime turbulento
-

Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações


103

-
~goso é proporcional ao quadrado da vazão, enquanto, no regime laminar, é
proporcional a primeira potência da vazão, semelhante a lei de Ohm V = RI.
a) Sistema em série
A característica pnncipal de tal sistema, assim como na associação de re-
sistências em série, é que o conduto é percorrido pela mesma vazão (corrente
elétrica) e a perda de carga total entre as extremidades é a soma das perdas de
carga (queda de tensão) em cada tubo. O conduto equivalente, de comprimento
L, diâmetro D e coeficiente de atrito f, a um sistema de n tubulações, pode ser
determinado como:

portanto:

Fixado um certo diâmetro D, o comprimento L de uma tubulação equi-


valente a um sistema em série também pode ser determinado transformando-
se cada trecho da associação em conduto equivalente de diâmetro D, usando
a Equação 4.15.
Pela fórmula de Hazen-Williams, a expressão correspondente à Equação
4.17 é:

b) Sistema em paralelo
O sistema em paralelo é mais complexo que o sistema em série, uma
vez que, como na associação de resistências em paralelo, há uma redistribuição
da vazão de entrada (corrente elétrica) pelos trechos inversamente proporcio-
nal às resistências hidráulicas (ôhmicas). A característica básica do esquema
6 que a perda de carga (queda de tensão) é a diferença de cotas piezométricas
(~otenciaiselétricos) na entrada e saída do sistema (circuito), de modo que a
perda de carga é a mesma em todos os trechos e a vazão de entrada é igual à
soma das vazões nos trechos.
-

-
Q
104

-- Hidráulica Básica

Figura 4.8 Tubulações em paralelo


Cap. 4

* m e , podes* afirmar que a linha


.piezometrica sempre desce na dirqao
do 8mament07 E a linha de emgis?
I
~H~~=AH,=AA
H FH ~
A Figura 4.8 mostra um sistema em paralelo
constituído por três trechos de comprimentos, diâ-
metros e fatores de atnto diferentes. Sendo Q a va-
zão de entrada, é possível substituir a associação em
paralelo por um único conduto que lhe seja equi-
valente, observando que: Q = QI + Qz + Qi e tam-
bém AHAB= AHL= AH2 = AH3.
Pela Equação 4.14, a vazão em um trecho
qualquer tem a forma:

Como o conduto equivalente, de comprimento L, diâmetro D e coefi-


ciente de atrito f, deverá transportar a vazão total Q, sob perda de carga AH,
-.c. 2
. ..-L:-..:J.,.
-

I
Desenvolvendo e observando que a perda de carga é constante, chega-
se a:
I
I

O uso da Equação 4.20 toma-se mais prático observando-se que, se for


fixado o comprimento L entre os pontos A e B e determinado o diâmetro equi-
valente pela equação anterior, este, muito provavelmente, não será um diâmetro
comercial. Assim, é mais fácil aplicar a Equação 4.20 adotando-se o valor do
diâmetro D do conduto equivalente e calculando-se o correspondente compri-
mento L.
Se for usada a fórmula de Hazen-Williams, a expressão correspondente .
à Equação 4.20 será:
-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações
105

-
EXEMPLO 4.2

A ligação de dois reservatórios manti-


dos em níveis constantes é feita pelo sistema
de tubulações mostrado na Figura 4.9. Assu-
mindo um coeficiente de atrito constante para
todas as tubulações e igual a f = 0,020, despre-
zando as perdas localizadas e as cargas ciné-
ticas, determine a vazão que chega ao
reservatório R*, as vazões nos trechos de 4"e
6" e a pressão disponível no ponto B. Figura 4.9 Exemplo 4.2.
Como o trecho BC tem diâmetro 8 ,é
conveniente transformar o trecho em paralelo em um conduto equivalente tam-
bém de 8", pois assim toda a linha transformada ficará com um diâmetro úni-
co.
Pela Equação 4.20, pode-se calcular o comprimento de uma tubulação
de 8" equivalente a associação em paralelo de 4" e V, na forma:

Portanto, o problema transforma-se em outro mais simples, de uma


adutora de 2500 m de comprimento e 8" de diâmetro, sujeita a uma diferença
de cotas piezométncas de 20 m. Pela Equação 4.14, determina-se a vazão vei-
culada pelo sistema, como:

A cota piezométnca no ponto B pode ser calculada através da perda de


carga no trecho BC, pela relação:
1

-
106 Htdráulica Básica Cap. 4

-
Pela propriedade do írecho em paralelo, as perdas de carga nos condu-
tos de 4" e de 6" de diâmetro são iguais entre si e iguais à diferença de cotas
piezométricas entre o reservatório superior e o ponto B. Deste modo.

AH,, 750 Q;
= 593,OO-580,20 = 0,0827.0,020 - ;. Q~ = 0,028m3/s
0,15'

600
AH,, = 593,OO-580,20 = 0,0827.0,020.-Q: .: Q, = 0,0114m31s
0,105

A carga de pressão disponível em B é igual à diferença entre a cota


piezométnca e a cota geométrica:

4.6 SISTEMAS RAMIFICADOS


Um sistema hidráulico é dito ramificado quando em uma ou mais seções
de um conduto ocorre variação da vazão por derivação de água. A derivação de
água pode ser para um reservatório ou para consumo direto em uma rede de
distribuição. Serão analisados dois casos clássicos e simples, como meio de de-
monstrar o tipo de raciocínio para o problema.

4.6.1 TOMADA D'ÁGUA ENTRE DOIS RESERVAT~RIOS


Conforme foi discutido no Exemplo 2.8, um tipo de sistema de abaste-
cimento para uma rede de distribuição de água pode ser feito através de dois
reservatórios, em cotas distintas. O reservatório superior será sempre abas-
tecedor e o reservatório inferior, chamado reservatório de compensação, pode
funcionar como abastecedor ou não, dependendo da demanda na tomada
d'água intermediária.
Considerem-se, como na Figura 4.10, dois
reservatórios RI e R2 inferligados pela tubulação
ABC, em que B é a seção de tomada d'água, e
mantidos em níveis constantes. O trecho AB tem
comprimento Li e diâmetro DI e o trecho BC,
comprimento L2 e diâmetro Dz. Se, em princípio,
a solicitação de vazão em B for nula, a vazão que
sai de Ri chega integralmente em R2 e a linha
piezométrica é dada por LB,M. Nesta situação, os
dois trechos funcionam como condutos em série
Figura 4.10 Disposiçáo das linhas piezométricas. sujeitos a uma perda de carga total igual a
-

Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de TubulaçóeS

-
1 AH = ZI - Z2. A vazão pode ser determinada como:

A medida que a solicitação em B aumenta, a linha piezométrica cai pela


diminuição da cota piezoméhca em B e conseqüente redução da vazão que che-
ga a R2. Este processo continua até que a cota piezométrica B3 se tome igual
ao nível d'água Zz. Neste ponto, a linha piezométrica BiM é horizontal e a
vazão no trecho 2 é nula. A vazão retirada em B, neste caso, é dada por:

Aumentando ainda mais a retirada de água na derivação B, a cota piezo-


métrica em B cai para B4, O reservatório R2 passa a operar também como
abastecedor e a vazão retirada é a soma das vazões nos dois trechos. Sendo B4
a cota piezométrica em B, a vazão retirada QBé dada por:

Este problema tem aplicação em sistemas de distri-


buição de água, que pela própria natureza se caracteriza
por uma razoável flutuação da demanda ao longo do dia.
Durante a noite, quando o consumo cai, o reservatório R2
armazena água para ser usada durante o dia como refor- LI
ço no abastecimento nas horas de maior consumo.
1 1.2

.~.....
...... ~ ~
~.~~~~ ~

41 ?, 1
~~~~~~~

Outro problema clássico é a situação de três reser-


vatórios mantidos em níveis constantes e conhecidos, B&3
\ interligados por três tubulações de comprimentos, diâme-
Figura 4.11 Prablema dos três reservat6rios.
e mgosidades definidos, conforme Figura 4.11.
-
Hidraulica Básica Cap. 4
108

-
A questão básica é saber como as vazões são distribuídas pelos três con-
dutos na condição de regime permanente, isto é, estando o sistema em equilíbrio.
A questão fundamental para a determinação das vazões é conhecer o valor da
cota piezométnca no ponto de bifurcação, ponto B. Pela própria condição to-
pográfica do sistema, é evidente que o reservatório 1 será sempre abastecedor,
enquanto o reservatório 3 será sempre abastecido.
Seja X o valor da cota piezométrica em B. Três situações se apresentam,
a) Se X > Zz, a vazão descarregada do reservatório 1 será transferida parte
para o reservatório 2 e parte para o 3, isto é, RI abastece R2 e R3.
b) Se X = 2 2 , a vazão no conduto 2 é nula, perda de carga nula, e a va-
zão que sai de R I é integralmente transferida para R3.
C) Se X < Zz, o reservatório Rz passa a ser também abastecedor, portanto
R1 é abastecido pelos outros dois.
A determinação das vazões pode ser feita por um processo de tentativa
e erro, fixando-se o valor da cota piezométrica em B, o que define as perdas
de cargas nos três trechos, e verificando a condição de continuidade das vazões
no ponto de bifurcação. Admitindo um coeficiente de atrito único para as três
tubulações, as equações que devem ser satisfeitas são:

Para a resolução do problema de modo simples e relativamente rápido,


fixa-se, inicialmente, o valor da cota piezométrica em B igual ao nível d'água
do reservatório intermediário, X = Zz. Deste modo, Qz = O e pelas Equação 4.24
determinam-se QI e Q3. Se QI = Q3, O problema está resolvido. Se QI > Q3, deve-
se aumentar a cota piezométnca em B, de modo a diminuir Ql e aumentar Q3
e Qz. Se QI < Q3, deve-se diminuir a cota piezométrica em B, de modo a au-
mentar QI e Qz e diminuir Qj. A variação da cota piezométrica em B, em um
sentido ou outro (aumentando ou diminuindo), prossegue até que a equação da
continuidade no ponto de bifurcação seja satisfeita, isto é, Q I = Q2 + Q3 OU
Q3 = QI + Q2.
I

Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulaçóes


109

Outras variantes deste problema podem ser resolvidas utilizando-se o pro-


cedimento descrito, como, por exemplo, a ligação de quatro reservatórios atra-
vés de duas junções distintas. Fixando-se a cota piezométrica na junção mais
próxima ao reservatório de cota mais elevada determinam-se as vazões dos dois
reservatórios mais próximos. Com estes valores e a equação da continuidade,
a cota piezométrica da segunda junção pode ser determinada. Se as condições
de continuidade não forem satisfeitas na segunda junção, um novo valor da cota
piezométrica na primeira junção é adotado e o processo, repetido.

EXEMPLO 4.3

Uma instalação de transporte de Agua compreende dois


reservatórios A e D, abertos e mantidos em níveis constantes, e
um sistema de tubulações de ferro fundido novo, C = 130, com
saída livre para a atmosfera em C. No conduto BD, e logo a
jusante de B, está instalada uma bomba com rendimento igual
a 75%. Determine a vazão bombeada para o reservatório D
Figura 4.12 Exemplo 4.3.
quando o conduto BC deixa sair livremente uma vazão de 0,10
m3/s ls ter uma distribuição de vazão em marcha com taxa (vazão unitária de
distribuição) q = 0,0001 5 m3/(s.m). Determine também a potência necessária à
bomba. Despreze as perdas localizadas e a carga cinética nas tubulações.
Trata-se de uma aplicação conjunta dos conceitos de distribuição em mar-
cha, problema dos três reservatórios e bombeamento. Como visto no item an-
terior, a questão importante para a resolução do problema é a determinação da
cota piezométrica no ponto de bifurcação, ponto B.
Trecho BC - Distribuição em marcha: Q, = 0,10 m3/s, a vazão de mon-
tante e a vazão fictícia no trecho podem ser determinadas, respectivamente,
pelas Equações 4.4 e 4.1 2, como:

Qi = 1/2(Q + Q,) = 0,13 m3/s

A perda de carga no trecho pode ser calculada pela fórmula de Hazen-


Williams e, consequentemente, a cota piezométrica em B.
Para QBC= Qf = 0,13 m3/s, DBC= 0,30 m e C = 130, a Tabela 2.3 for-
nece:

JBC = 45,98 . 0,131.85= 1,055 d 1 0 0 m + AHBC= 4,22 m, portanto:


--r
-
Hidráulica Básica Cap. 4
llo

-
Trecho AB -AHAB= 30,0 - 24,22 = 5,78 m + JAB= 5,78 m 1810 m =
= 0,714 mil00 m
Para DAB= 0,40 m, JAII= 0,714 m1100 m e C = 130, pela Tabela 2.3,
vem:

Bomba - como se esiá desprezando a carga cinética, a altura total de ele-


vação da bomba é igual 31 diferença entre as cotas piezométricas na saída e na en-
trada da bomba. Na entrada da bomba, a cota piezométnca vale C PB = 24,22 m
e, na saída, pode ser determinada calculando-se a perda de carga no trecho BD.
Para Q B=~0,065 mils, Dao = 0,20 m e C = 130, pela Tabela 2 3, vem.

Pela equação da energia: C.P, - A H B =~ 36,O .: C.Ps = 40,22 m


Da Equação 1.34:

( HH )- 9,s. 0,065. (40,22 - 24,22)


=13,58 kW (18,48 cv)
Pot = -
11 0,75

Conforme comentado lia Seção 4.3. quaiido o plano


C
de carga efetivo corta a tubulação, diz-se que esta funciona
em sifão. Há, porém, casos em que o funcionamento em si-
fão é imposto de propósito, para transferir água de um reser-
vatório ou canal para outro em sua lateral, situado próximo e
em nível inferior ao primeiro, mas separados por uma zona
mais alta que é necessário ultrapassar. Desta maneira, parte
da tubulação ocupa cotas topográficas superiores ao nível
D d'água no reservatório superior, como na Figura 4.13.
Figura 4.13 Sifão.
Uma vez iniciado o processo de transferência de água pelo escorvamento
do sifao, o escoamenlo se e~tabeleceem regime permanente, sob uma carga H,
desde que a pressão no ponto C não caia abaixo de um valor limite. A míni-
ma pressão admissível no ponto alto seria igual a tens60 de vapor da água, isto
é, pressão necessária para a vaporização do líquido a uma detemnada tempe-
-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações
111

-
ratura. Para a água a 20°C, a tensão de vapor vale 2,352 liN/m2 (0,24 mHzO),
pressão absoluta.
Como condições operacionais, o siião deve ter juntas herméticas para
evitar entrada de ar externo, o que cessaria o escoamento, e garantir uma ve-
locidade média passível de arrastar o ar ou gases desprendidos, evitando o seu
acúmulo nos pontos altos. As condições energéticas e topográficas necessárias
ao funcionamento do sifão podem ser determinadas pela aplicação da equação
de Bemoulli aos pontos de interesse.
A velocidade média, e conseqüentemente a vazão, pode ser determina-
da pela aplicação da equação de Bernoulli aos pontos A e D, ambos sujeitos
à pressão atmosférica local, computando todas as perdas de carga existentes,
na forma:

Esta equação fornece a primeira condição para o funcionamento do si-


fão. Uma vez que V > 0, tem-se:

A Equação 4.27 indica que a saída do sifão deve ser tão baixa quanto
maiores forem as perdas de carga.
Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos A e C, chega-se a:

em que p, é a pressão atmosférica, leitura barométrica local, pc, a pressão ab-


soluta em C e C AHAc,a perda de carga total, distribuída e localizada, no ramo
ascendente do sifão. Como, evidentemente, V > 0, deve-se ter:
-
Cap. 4
112 Hidráulica Básica

-
Outra condição limite de funcionamento pode ser obtida fazendo-se a
pressão no ponto alto ser igual à tensão de vapor da água p,, e então, pela ex-
pressão anterior:

Esta condição indica que a sobreelevação do ramo ascendente do sifão


deve ser tão menor quanto maiores forem as perdas totais entre A e C. Como
se deve ter uma pressão absoluta em C bem acima da pressão de vapor, na
prática, o ponto alto da canalização não deve superar 5 a 6 m acima do nível
do reservatório.
Finalmente, a aplicação da equação da energia entre o ponto mais alto
e a saída do sifão,,observando a continuidade do escoamento, leva a outra con-
dição limite de funcionamento, na forma:

Pela mesma condição d a Equação 4.29, a cota de saída do sifão em


relação à cota superior deve atender à desigualdade:

que, na prática, indica um valor da ordem de 8 m, no máximo


Como o comprimento do sifão é relativamente pequeno, as perdas de
carga localizadas não são desprezíveis em relação às perdas contínuas, e pela
Equação 4.25 pode-se englobar todas as perdas numa única, escrevendo,

Sendo A a área da seção transversal do sifão, a vazão pode ser determi-


nada por:
-

Cap 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações


113

-
Esta expressão é conhecida como lei dos orificios, a ser discutida pos-
teriormente, sendo um coeficiente definido como coeficiente de vazão.

EXEMPLO 4.4

O sifão mostrado na Figura 4.14 conecta 8.31 m


dois reservatórios com diferença de níveis igual
a 4,O m e tem a forma de um arco de parábola, 7m
dado por y = 0,l xZ.Se o diâmetro é igual a 0,10
m,fator de atrito f = 0,018 e coeficientes de per-
da de carga na entrada e saída são, respectiva-
mente 0.5 e 1,0, determine: .~:::~.~-~.~
......
~~~~
~~~

a ) a vazão descarregada;
b) as coordenadas do ponto de pressão
mínima, em relação ao referencial xy, Figura 4.14 Exemplo 4 4
c ) a pressão mínima.
Em um sifão, a pressão mínima pode não ocorrer no ponto mais alto, mas
logo à sua jusante, uma vez que as perdas por atrito e na entrada podem redu-
zir mais a pressão do que o acréscimo causado pela diminuição de cota topo-
gráfica.
O comprimento de arco de uma curva plana, entre os pontos a e b, é
dado por:

I
Desprezando-s410dBS as perdas de
carga. podere alimar que a pissseo
na ponto mais alta de um sifsa
independcdavazso?

Para a parábola dada, dyldx = 0,2 x, assim o comprimento total do si


fáo pode ser calculado como:

Portanto, a velocidade média é calculada pela aplicação da equação da


energia entre os níveis d'água, na forma:
1

Hidráulica Básica Cap. 4


114

As perdas localizadas na entrada e na saída correspondem, pela Equaçêo


3.16, a um comprimento equivalente:

O ponto de pressão mínima é aquele ponto do arco que está, verticalmen-


te, mais distante da linha piezométrica. Geometricamente, corresponde à dis-
tância da tangente ao arco (derivada) que seja paralela à linha pieiométrica.
Portanto:

AH 4,O dy = 0 . 2 . ~+ x =0,77 m
J=- - = 0,153 mlm = -
L,, 17,814+8,33 dx

Aplicando a equação da energia entre o ponto a e o ponto de pressão


mínima e calculando o comprimento do arco correspondente (x = - 5,48 a x =
0,77), de forma análoga, tem-se:

4.8 ESCOAMENTO QUASE-PERMANENTE


Grande parte das aplicações feitas nos capítulos anteriores teve como
premissa básica o escoamento permanente, isto é, suas propnedades e carac-
terísticas, em cada ponto do espaço, eram invariantes no tempo. Em problemas
como enchimento ou esvaziamento de reservatórios, nos quais a taxade vana-
Cap. 4 Sistemas Hidrául~cosde Tubulações
115

ção da vazão é lenta e continua com o tempo, pode-se desprezar a aceleração do


fluido e as forças responsáveis por esta aceleração. Este tipo de escoamento é
dito quasepenmaente, e as equações utilizadas no caso permanente podem ser
aplicadas com razoável acurácia.
Dois problemas que podem ser tratados com esta hipótese são o esvazi-
amento de um reservatório, através de uma tubulação com saída livre, e a
vanação no tempo dos níveis de água em dois reservatórios abertos e ligados
por uma tubulação.
No primeiro caso, conforme a Figura 4.15, uma tubu-
lação de características conhecidas, descarregando livre-
mente, permite o esvaziamento do reservatório aberto, d e
geometria dada, a partir de uma condição inicial do nível
d'água.
- --
Como a área do reservatório A, é muito maior que a
álea da tubulação At, a variação no tempo do nível d'água ~ ( 1 ) P.H.R.
é lenta, e a única forma de energia disponível é a potencial,
dada pela carga de posição z. Na extremidade de saída, a
Figura 4.15 Esvaziamento de reservatório
energia residual, em relação ao referencial passando por esta
seção, é a carga cinética.
Assim, a equação da energia aplicada aos dois pontos sujeitos 2i pressão
atmosférica, em um tempo genérico t, considerando-se todas as perdas de
carga, toma-se:

Deve ser observado que a aproximação realizada ao se adotar a Equa-


ção 4.32 corresponde a desprezar o termo Llg (dV/dt) da Equação 1.11.
Para propósitos práticos, o fator de atrito na Equação 4.32 é assumido
constante, independente da variação do número de Reynolds pela variação da
vazão. Pode-se adotar, como critério de cálculo, um valor médio de f, corres-
pondente à vazão inicial, quando z = a, e à vazão final, quando z = y.
Desenvolvendo-se a Equação 4.32, vem:
-
-
116 Hidráulica Básica Cap. 4

-
A continuidade do escoamento entre a superfície do reservatório e a saída
da tubulação, de área AI, permite escrever:

d Vol dz
Q=v.A, = P Jz . A , = - d t = -A,(z).- d t

em que o sinal negativo indica um processo de esvaziamento, isto é, quando


o tempo aumenta, o nível d'água diminui, e A,(z) é a relação entre a área e a
profundidade do reservatório na faixa a < z < y. A Equação 4.34 leva à seguinte
integral:

que pode ser resolvida por processos analíticos ou métodos de integração


numérica ou gráfica, desde que se estabeleça a função A&).
No caso particular em que o reservatório é prismático, a área é constante
e a integraçáo torna-se:

Escoamento quase-permanente pode ocorrer


também quando dois tanques ou reservatórios são
conectados por uma tubulação, de diâmetro relativa-
mente pequeno, permitindo a transferência de água
por gravidade entre eles, com variação dos níveis
d'água, como na Figura 4.16.
No tempo t = O, a diferença de níveis d'água
entre os reservatórios, supostos prismáticos, de áreas
Figura 4.16 Escoamento quase-permanente entre dois reservatórios. Ai e Az, é Ho e, em um tempo genérico, vale H. A
equação da energia aplicada entre os dois níveis
d'água leva a:

De modo análogo à Equação 4.32, a Equação 4.36 pode ser posta na


forma:
-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 117

A condição de continuidade do escoamento impõe que:

A relação entre a variação dos níveis d'água com o tempo é dada por:

- - dz,
z 2 -- z -1 H + - - - -dz, dH
dt dt dt

que substituída na relação precedente fica:

dz, -
-- -.d H 1
dt dt (I+A,/A,)

Substituindo-se na Equação 4.38, tem-se:

expressão que integrada entre a condição inicial e um tempo qualquer fica:

4.9 PROBLEMAS

4.1 Um sistema de distribuição de água é feito poruma adutora com um tre-


cho de 1500 m de comprimento e 150 mm de diâmetro, seguido por outro
trecho de 900 m de comprimento e 100 mm de diâmetro, ambos com o mesmo
fator de atrito f = 0,028. A vazão total que entra no sistema é 0,025 m3/s e toda
água é distribuída com uma taxa uniforme por unidade de comprimento q (va-
zão de distribuição unithia) nos dois trechos, de modo que a vazão na extremi-
-
H~dráulicaBãsica Cap 4
118

-
dade de jusante seja nula. Determine a perda de carga total na adutora, des-
prezando as perdas localizadas ao longo da adutora.
[AH = 19,61 m]

4.2 Por uma tubulação de 27" de diâmetro e 1500 rn de comprimento, pas-


sa uma vazão de 0,28 m3/s de água. Em uma determinada seção, a tubulação ,
divide-se em dois trechos iguais de 18" de diâmetro, 3000 m de comprimen-
to, descarregando livremente na atmosfera. Em um destes trechos, toda a va-
zão que entra na extremidade de montante é distribuída ao longo da tubulação,
com uma vazão por unidade de comprimento uniforme e, no outro, metade da
vazão que entra é distribuída uniformemente ao
6" soo m longo do trecho. Adotando para todas as tubula-
6" 1 4 " ções um fator de atrito f = 0,024 e supondo que
A I O O ~ 1 41.5 m B todo o sistema está em um plano horizontal, de-
n = 7 ínn,
, ",, ,.
termine a diferença de carga entre as seções de
entrada e a saída. Despreze as perdas singulares
Figura 4.17 Problema 4.3.
[AH = 4 3 5 m]

4.3 Os dois sistemas hidráulicos mostrados na Figura 4.17 são equivalen-


tes e todas as tubulações possuem o mesmo fator d e atrito da equação de
Darcy-Weisbach. Determine D.
[D = 4"]

4.4 Quando água é bombeada através de uma tubulação A, com uma vazão
de 0.20 m3/s, a queda de pressão é de 60 kN/mZ, e através de uma tubulação
B, com uma vazão de 0,15 m3/s, a queda de pressão é de 50 kN/mZ.Determi-
ne a queda de pressão que ocorre quando 0,17 m3/s de água são bombeados
através das duas tubulações, se elas são conectadas a) em série, b) em parale-
lo. Neste último, caso calcule as vazões em cada tubulação. Use a fórmulade
Darcy-Weisbach.
a) [Ap = 107,6 kN/mZ]
b) [Ap = 13,l l<N/mZ;QA= 0,0933 m'ls; QB= 0,0767 m3/s]

4.5 No sistema mostrado na Figura 4.1 8, do ponto A 6derivada uma vazão


QA = 35 11s e, em B, é descarregada na atmosfera QB = 50 11s Dados.
L1=300m,D1=225mm,f1=0,020,L~=150m,D~=125mm,f~=0,02
L3 = 250 m, D3 = 150 mm, f3 = 0,022, Lq = 100 m, Dq = 175 mm, fq = 0,030
Calcular.
a) o valor de H para satisfazer as condições anteriores;
-
Cap. 4 Sistemas Hidr6ulicos de Tubulaçóes
119

-
b) a cota piezométrica no ponta A. ...
. ..
.......
...-- - --------.
...
...
......
..----
7--
Despreze as perdas localizadas e a carga cinética.
a) [H = 15 m] b) [C.PA= 8,78 m] - L,. D1

"-JJ4
Li, DI
4.6 Uma localidade é abastecida de água a partir dos re-
servatórios C e D, do sistema de adutoras mostrado na Fi- LZ.D> @
-
gura4.19. As máximas vazões nas adutoras CA e DA são d e
8,O 11s e 12,O i/s, respectivamente. Determine: Figura 4.18 Problema 4.5.
a) os diâmetros dos trechos CA e DA, para vazão
máxima de 20,O Vs na extremidade B do ramal AB,
de diâmetro igual a 0,20 m, sendo a carga
de pressão disponível em B igual a 30
mH20;
b) a vazão que afluiria de cada reservatório ao .....
....
se produzir uma mptura na extremidade B.
Todas as tubulações são de ferro fundido
novo, C = 130. Despreze as cargas cinéticas nas tu-
bulações.
a) [DCA= DDA= 0,10 m]
Figura 4.19 Problema4.6.
b) [QCAE18,3 11s: QDAE 15,O I/s]

4.7 O sistema de distribuição de água mostrado na Figura 4.20 tem todas


as tubulações do mesmo material. A vazão total que sai do reservatório I é de 20
Ils. Entre os pontos B e C, existe uma distribuição em marcha com vazão por
metro linear uniforme e igual a q = 0,01 I/(s.m). As-
sumindo um fator de atrito constante para todas as
tubulações f = 0,020 e desprezando as perdas loca-
lizadas e a carga cinética, determine:
a) a cota piezométrica no ponto B;
b) a carga de pressão disponível no ponto C,
se a cota geométrica deste ponto é de
576,OO m;
c) a vazão na tubulação de 4" de diâmetro.
a) [C.Pn = 586,42 m] D
Figura 4.20 Problema 4.7.
b) [p,ly = 5,52 mHzO]
C) [Qe = 5,2 Ils]
-

Hidráulica Básica Cap. 4


lSO

-
4.8 Três reservatórios A, B e C são conectados por três tubulações que se
juntam no ponto J. O nível do reservatório B está 20 m acima do nível de C e
o nível de A está 40 m acima de B. Uma válvula de coiitrole de vazão é insta-
lada na tubulação AJ, imediatamente a montante de J. A equação de resistên-
cia de todas as tubulações e da válvula é dada por, AH(m) = rQ2, em que r é 0
coeficiente de resistência e Q, a vazão em m'is. Os valores de r para as três tu-
bulações são: r,, = 150, rgj = 200 e r,, = 300. Determine o
valor do coeficiente r de resistência da válvula AHv(m) =
rQ2 para que a vazão que chega ao resei-vatório C seja o
dobro da que chega ao reservatório B.

.....
4.9 O esquema de adutoras mostrado na Figura 4.21 faz
72u.11 650 rn parte de um sistema de distribuição de água em uma cidade,
cu.ja rede se inicia no ponto B. Quando a carga de pressão
disoonível no nonto B for de 20,0 inHiO, determine a vazão
F i y r a 4.21 Ploblcina 4 9 no trecho AB e verifique se o reservatói-io I1 é abastecido ou
abastecedor. Nesta situação, qual a vazão QB que está indo
para a rede de distribuição? A partir de qual valor da carga
de pressão em B a rede é abaitecida somente pelo reservatório
I? Material das tubulações: aço rebitado iiovo. Despreze
as perdas localizadas e as cargas cinéticas e utilize a fór-
mula de Hazen-Williams.
[QAB = 42,93 11s; abastecido;
Qn = 27,97 11s; psly > 15 mHzO]
4.10 No sistema de abastecimento d'água mostrado na
Figura 4.22, todas as tubulações têm fator de atrito f =
Figura 4.22 Prableina 4 10 0,021 e, no ponto B, há uma derivação de 5,0 Vs. Despre-
zando as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas,
determine a carga de pressão disponível no ponto A e as
vazões nos trechos em paralelo.

4.11 No sistema adiitor mostrado na Figura 4.23, todas


as &biilações são de aço soldado com algum uso, coeficien-
te de mgosidade da equação de Hazen-Williams C = 120.
O traçado iinpõe a passagem da tubulaçZo pelo ponto B de
cota geométrica 514,40 m. O diâmetro do trecho CD é de
6" e a vazão descarregada pelo reservatório superior é de
Figura 4.23 Problema 4 11. 26 Us. Dimensione os outros trechos, sujeito a:
-

Cap 4 Sistemas Hidraulicos de TubulaçOes


121

..: . . . , .
-
a) a carga de pressão mínima i10 sistema deve ser de 2,O mH?O;
b) as vazões que chegam aos reservatórios E e D devem ser iguais
Despreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas.
[DAB= 0,20 m; DBC= 0,15 in; DCE= 0.10 m]

4.12 A diferença de nível entre dois reservatórios conectados por um sifiio


é 7,s m. O diâmetro do sifão é 0,30 m, seu comprimeiito, 750 m e o coeficiente de
atrito f = 0,026. Se ar é liberado da água quando a carga pressão abso-
lutaé menor que 1,2 mH20, qual deve ser o máximo comprimento do tramo ascen-
dente do sifao para que ele escoe a seção plena, sem quebra na coluna de líquido, se
o ponto mais alto está 5,4 m acimado nível do reseivatório superior. Neste caso, qual
é a vazão. Pressão atmosférica local igual a 92,65 1<Nlm2.
[L,, = 273 m; Q = 0,105 m'ls]

4.13 Dois reservatórios têm uma diferença de nível igual a I5 m e sáo


conectados por uma tubulaçáo ABC, na qual o ponto mais alto B está 2 in abai-
xo do nível d'água do reservatório superior A. O trecho AB tem diâmetro de
0,20 m e o trecho BC, diâmetro de 0,15 m, e o fator de atrito é o mesmo para
os dois trechos. O comprimento total da tubulação é 3000 m. Determine o
maior valor do comprimento AB para que a carga de pressão em B não seja
maior que 2 mH20 abaixo da pressão atmosférica. Despreze a carga cinética.

4.14 Um tanque cilíndi-icoaberto de 1,O m de diâmetro está sendo esvazia-do


por um tubo de 50 rnm de diâmetro e 4,O m de coinprimento, com entrada em
aresta viva, K = 0.5, para o qual f = 0,025, e descarregando na atmosfera. Deter-
mine o tempo necessário para que a diferença entre o nível d'água no tanque e o
nível da saída do tubo caia de 2,O tn para 1,O m.

4.15 Dois reservatórios prismáticos, um de área igual a 7,4 m2 e outro de


áwa igual 3,7 m2, estão ligados por uma tubulação de 125 m de comprimen-
to e 50 mm de diâmetro, com fator de atrito f = 0,030. Determine o tempo ne-
cessário para que um volume de 2,3 m' de água seja transferido do tanque
iiiaior para o menor, se a diferença de nível inicial entre eles é de 1,5 m. Coe-
ficientes de perda de carga, iia entrada K = 0,5 e na saída K = 1 ,O.
-
122 Hidráulica Básica Cap. 4

I
I5 m<.>
.....~...
......- ~
~~~~~. ~ - .
~ ~ ~

C
Figura 4.24 Problema 4.16.
. -b

. . ~ ~ ~.....................
. . ~ ~ . ~ . .~.~ ~
D
4.16 Um reservatório alimenta uma tubulação de 200 mm de
diâmetro e 300 m de comprimento, a qual se divide em duas tu-
bulações de 150 mm de diâmetro e 150 m de comprimento,
como na Figura 4.24. Ambos os trechos estão totalmente abertos
para a atmosfera nas suas extremidades. O trecho BD possui
saídas uniformemente distribuídas,ao longo de seu comprimen-
to, de maneira que metade da água que entra é descarregada ao
longo de seu comprimento. As extremidades dos dois trechos
estão na mesma cota geométrica e 15 m abaixo do nível d'àgua
do reservatório. Calcule a vazão em cada trecho adotando
f = 0,024, desprezando as perdas localizadas e a carga cinética
nas tubulações.
Resolva o problema de duas maneiras primeiro, usando no trecho BD
o conceito de vazão fictícia e, segundo, determinando a perda de carga distri-
buída em um elemento de comprimento dL e depois fazendo a integração de
O a L (de B até D):
[QAE= 0,076 m7/s;Qnc = 0,033 m3/s; QBD= 0,043 m3/s]

4.17 De uma represa mantida em nível constante sai uma


tubulação de ferro fundido novo, de 200 mm de diâmetro
e 500 m de comprimento, que termina no fundo de um
reservat6rio prismático de 10 m2 de área e 5 m de altura,
conforme a Figura 4.25. Estando inicialmente vazio o re-
servatório, abre-se o registro colocado em A. Calcular o
tempo necessário para o enchimento completo do reserva-
tório prismático. Assuma que durante o enchimento do te-
servatório o fator de atrito da tubulação seja constante, com
valor médio f = 0,020. Resolva o problema de duas manei-
ras distintas:
a) utilizando a Equação 4.39 observando que, no caso,
Figura 4.25 Problema 4.17 tem-se AI >>> Az = 10 mZ.
b)utilizando a Equação 2.42 e observando que, pela equação da
continuidade, em um tempo qualquer r, a vazão que entra no re-
servatório é dada por Q = - Adhldt, em que h é uma ordenada
marcada positiva de cima para baixo a partir da cota 5,O m e A a
área do reservatório.
Despreze as perdas de carga localizadas na tubulação.
[T s 38 min]
5.1 INTRODUÇÁO
Grande parte do que foi discutido nos capítulos anteriores referiu-se
ao escoamento por gravidade, no qual há o aproveitamento da energia po-
tencial de posição para o transporte da água. Em muitos casos, entretanto,
não há esta disponibilidade de cotas topográficas,
- - sendo necessário transfe-
rir energia para o líquido através de um sistema eletromecãnico, conforme
foi visto na Seção 1.5.
Um sistema de recalque ou elevatório é o conjunto de tubulações,
acessórios, bombas e motores necessário para transportar uma certa vazão [Maurils cornelis Escher, 19611
de água ou qualquer outro líquido de um reservatório inferior Ri, na cota
Zi, para outro reservatório superior Rz, na cota Zz > Zi. Nos casos mais co-
muns de sistemas de abastecimento de água, ambos os reservatórios estão
abertos para a atmosfera e com níveis constantes, o que permite tratar o es-
coamento como permanente.
Um sistema de recalque é composto, em geral, de três partes:
a ) Tubulação de sucção, que é constituída pela canalização que liga o
reservatório inferior Ri à bomba, incluindo os acessórios necessá-
rios, como válvula de pé com crivo, registro, curvas, redução ex-
cêntrica etc.
b ) Conjunto elevatório, que é constituído por uma ou mais bombas e
respectivos motores elétricos ou a combustão interna.
c ) Tubulação de recalque, que é constituída pela canalização que liga
a bomba ao reservatório superior Rz, incluindo registros, válvula
de retenção, manômetros, curvas e, eventualmente, equipamentos
para o controle dos efeitos do golpe de aríete.
A instalação de uma bomba em um sistema de recalque pode ser feita
de duas formas distintas:
a ) Bomba afogada, quando a cota de instalação do eixo da bomba
está abaixo da cota do nível d'água no reservatório inferior Ri.
i
6 ) Bomba não afogada, quando a cota de instalação do eixo da bom-
&está acima da cota do nível d'água no reservatório inferior Ri.

I
5.2 ALTURA TOTAL DE ELEVAÇÁOE
ALTURA MANOMETRICA
Na Seção 1.5 foi definida a altu-
ra total de elevação de uma bomba
como a diferença entre a carga ou
energia do escoamento à saída e à en-
trada da bomba Veremos agora outras
definições importantes de alturas ou
cargas em sistemas elevatórios
Com referência à Figura 5 1, na
qual sáo mostradas as linhas de energia e
piezométnca em dois esquemas de bom-
2 , : cata do nível d'águgua no reservatório inferior Ri.
21:cota da nível d'água no rescrvatúrio superior Ra.
beamento, bomba afogada e náo afogada
Zb: cota de assentamento do eixo da bomba. de eixo horizontal, a seguinte terminolo-
Z:cota da linha de energia relativa, na entrada ds bomba. gia será adotada (ver definições abaixo
2.: cata da lanha de energia relativa, na saída da bomba.
C,: Fora da linha piezoméitica relativa, na entrada da bomba. da figura).
C,: cota da linha piezométrica relativa. na saída da bomba.
Z = Z, - Zb:alrura esriitico de succão. diferenpa de cotas entre o nível do eixo da b m b a e
Das definições anteriores e dos
a superfície livre do reservaótia inferior, negativa no esquema ri (bomba não afogada) e po- esquemas da Figura 5.1, podem-se ex-
sitiuu no esquems h (bomba afogada). trair as seguintes relações:
a
L = õ - olturo esrdrica de recolque, diferença de cotas entre o nível em que o líquido é
abandonada ao sair da tubula$ão de recdque e o nível do eixo da bomba.
H, = Zz - Zi: altura genmérrico ou altura estárico rarai, diferença entre os níveis de água dos
~..... -..
...
.
r?~r""nótinr,

-
H, = C. L: alrwo monomPrico de suc@o. carga de pressão relativa disponível na entrada da
bamba. em relaçao ao plano honzontol de cota Zb ; negativa no esquema a e positiva na h
H, = C. - Z h : alium ma~iométricude ncalque, cama- de .riressão relativa dis~onívelna saída
da bomba, em relaçáo ao plano horizontal de cata7.a.
H, = C, - C, = H, - H,: altura manométrica roral, diferencial entre as cargas de pressão re
lativas na saída e na entrada dn bomba.
AH, = 28 - Z: perda de carga total. disribuída e localizada, na tubulaqão de suc~ão.
AH, = Z - 22:perda de cargs total, distnbuida e localizada, na tubulaçáo de recalque. Pela Equação 5.1, se as tubula-
ções de recalque e sucção tiverem diâ-
metros iguais, a altura total de elevação
se confunde com a altura manométrica.
v: carga mnétlca na tubulaçao de reealque
- Em geral, a tubulação de sucção tem
2g
um diâmetro comercial imediatamente
h, = Z - Za =H. v: = Z + AH,.
+- altura total de sucção
superior ao da tubulação de recalque,
2g para diminuir a velocidade e ocorrer
menores perdas de carga. A Equação
h, = Z - Zb = H, +-v: = L + AH. altura total de recalque 5.2 fornece um resultado importante
2g
H = Z, - Z altura ou carga total de eleva@a para o cálculo da altura total de ele-
vação e, conseqüentemente, da po-
tência necessária à bomba.
Figura 5.1 Linhas de energia e piezométrica em uma instalaçSo de bomba.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitação

I I
lZ5

A energia a ser cedida ao escoamento, expressa em metros de colu-


na do líquido, é igual ao desnível topográfico entre os reservatórios,
acrescida de todas as perdas de carga, distribuídas e localizadas, nas cana-
lizações de sucção e recalque.

5.3 POTÊNCIA DO CONJUNTO ELEVAT~RIO


Conforme a Equação 1.34, a potência recebida pela bomba, potên-
cia esta fornecida pelo motor que aciona a bomba, é dada pela expressão:

9,8.QH 103.QH
Pot = (kW) ou Pot = (CV) Q(m3/s) e H(m) (5.3)
11 75 q
em que q é o coeficiente de rendimento global da bomba, que depende
basicamente do porte e características do equipamento.
r A potência elétrica fornecida pelo motor que aciona a bomba, sendo
umseu rendimento global, é dada por:

9,8. Q H 103.Q H
Pot, = (kW) ou Pot, = (cv)
75.q.11,

5.4 DIMENSIONAMENTO ECONÔMICO DA TUBULAÇÁO


DE RECALQUE

5.4.1 CUSTO DE UMA CANALIZAÇÁO


Em um projeto hidráulico de uma adutora, por gravidade ou bom-
beamento, deve haver um compromisso entre os requisitos técnicos de desem-
penho e segurança e o custo global do sistema.
O custo da unidade de comprimento de uma tubulação depende, ba-
sicamente, de seu peso, que é função do diâmetro interno e da espessura da
parede, e também de custos indiretos, como transporte, mão-de-obra, assen-
tamento em valas etc. O diâmetro interno é uma variável que está relacio-
nada às condições hidráulicas para garantir o transporte de uma certa
1. E d m Marione, iIsi~~hBnc&,
vazão, enquanto a espessura deve ser fixada em função dos esforços, de-
vido a pressão interna à qual o material será submetido. Para as tubulações
em que a espessura da parede e é bem menor que o diâmetro interno, e <<
D, situação em que a tensão admissível do material na parede é assumida
como uniforme, a relação entre as variáveis é dada pela equação de
Mariotte:'
7
-

126 Hidráulica Básica Cap. 5

em que p é a pressão interna e o, a tensão de trabalho admissível do mate-


rial.
No caso de uma adutora por gravidade, como comentado na Seção
4.3 o dimensionamento da espessura é feito na situação mais desfavorável
de pressão, que ocorre em situação hidrostática, isto é, com vazão nula.
Dependendo do perfil topográfico, a tubulação de diâmetro interno único
pode ter espessuras diferentes e classes diferentes de tubos, para padrões
de pressões distintas.
O peso de uma unidade de comprimento de um tubo de diâmetro
interno D, espessura e e peso específico do material ,y, é dado por:

Eliminando o valor da espessura e nas Equações 5.5 e 5.6, fica:

Portanto, o custo da unidade de comprimento da tubulação é igual ao


produto da expressão anterior pelo preço da unidade de peso do material. Para
valores constantes dos parâmetros da Equação 5.7, o custo unitário é dado por:

Os custos indiretos de transporte, escavação e assentamento, bem como


as peças especiais, válvulas, curvas e registros, são englobados no valor da
constante a, uma vez que estes custos são, aproximadamente, proporcionais
ao quadrado do diâmetro interno.
No caso de tubulações de ferro fundido, por razões constmtivas,
deve-se dar à espessura da parede um valor mínimo e,, de modo que,
combinando esta condição à equação de Mariotte, a espessura possa ser
calculada como:

e = e , + K - P D com K ( l
20
-
Cap. 5 -
Sistemas Elevatórios Cavitaçáo
127

-
i Deste modo, o peso d a unidade de comprimento da tubulação, pela
Equação 5.6, fica:

O custo unitário da tubulação, como visto antes, é o produto da


equaçáo anterior pelo preço da unidade de peso do material, e desenvol-
vendo a Equação 5.10 chega-se a uma expressão para o custo unitário na
forma:

em que a, b, c são coeficientes que dependem do tipo d e material e da


I pressão interna.
Para projetos de menor monta, com tubulações de diâmetros relati-
vamente pequenos, menores que 8", é comum usar uma expressão apro-
ximada e mais simples que as anteriores, na qual o custo da unidade de
comprimento da tubulação é proporcional à primeira potência do diâme-
tro. Multiplicando e dividindo a Equação 5.6 pelo diâmetro D, tem-se:

! O fator entre colchetes da equação anterior é aproximadamente


constante para diâmetros não muito grandes (até 200 mm) em tubos de
i ferro fundido; assim, o custo da unidade d e comprimento é o produto da
I Equação 5.12 pelo preço da unidade de peso do material, na forma:
I

1 2 Ja~qilesAntome C1
engenhsiro e ~ m < e
A Equação 5.13 será usada posteriormente para desenvolver a fór-
1 mula de Bresse,' para o cálculo do diâmetro econômico de uma tubulação
de recalque.

5.4.2 TUBULAÇAO DE RECALQUE


No projeto de um sistema elevatóno, há dois aspectos importantes a
serem considerados, o diâmetro da tubulação de recalque e, em conseqüência
da tubulação de sucção, a potência necessária do conjunto motor-bomba. As
equações disponíveis são a da continuidade e uma equaçáo de resistência
1
7

128 Hidráulica Básica Cap 5

-
na forma J = KQ"/Dm.Como o único parâmetro de projeto conhecido é a
vazão Q a ser recalcada, tem-se um problema com três incógnitas, J, D e
V, e duas equações, portanto um problema indeterminado
Se o diâmetro adotado for relativamente grande, resultarão perdas
de carga pequenas, portanto a altura total de elevação H = H, + AH e a po-
tência do conjunto elevatório necessária serao relativamente pequenas,
com custos menores, enquanto o custo da linha adutora será alto. Se, ao
contrário, o diâmetro adotado for relativamente pequeno, a linha adutora
terá custo baixo, enquanto as perdas de carga serão altas e o conjunto
elevatório ficará mais caro por exigir uma potência maior.
Como a vazão e a altura geométrica são fixas, os custos totais da
linha adutora e do conjunto elevatório, incluindo o custo anual de energia
elétrica, dependem, de modos opostos, do diâmetro escolhido. Assim,
existirá um diâmetro conveniente para o qual o custo total do projeto, in-
cluindo a abertura de valas, assentamento de tubulações, consumo de
energia elétrica, unidade de reserva do gmpo motor-bomba e custo eco-
nômico do capital investido (taxa de juros e amortização), será mínimo.
Para uma adutora de comprimento L, diâmetro D e uma taxa de en-
cargo financeiro t ouros e amortização do capital), o gasto anual global
pode ser calculado por:

em que C, é uma das equações de custo unitário, em função do diâmetro


apresentadas na Seção 5.4.1.
Pode-se, também, fazer uma análise economica de custos anuais do
gasto com energia elétnca de uma instalação que funciona T horas por dia, du-
rante N dias por ano, ao custo de A por quilowatt-hora consumido, na forma.

9,8.Q.(H, + J .L)
Custo, = .N.T.A
rlrlm

A Equação 5.14 é diretamente proporcional ao diâmetro, enquanto


a Equação 5.15 é inversamente proporcional ao diâmetro, pois o termo J L
diminui com o aumento do diâmetro para uma vazão fixa.
Desta maneira, lançando-se em gráfico as duas equações, para uma
série de diâmetros, tem-se como curva dos custos da tubulação uma curva
crescente, curva 1, e como curva dos custos do conjunto elevatóno uma curva
decrescente, curva 2, que tende ao valor mínimo correspondente ao custo ne-
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavitação
129

-
14
cessário para vencer somente o desnível topográfico H,,
quando a perda de carga se torna desprezível
A soma das curvas 1 e 2, que corresponde ao en-
cargo anual da instalação, e o diâmetro conveniente, ou
drâmerro econômlco De, que é aquele que torna a soma
dos custos mínima, estão mostrados na Figura 5.2.

5.4.3 FÓRMULA DE BRESSE


Um tratamento simples e aproximado do problema de
dimensionamento econômico da tubulação de recalque, em
'f
O
O
*:
Curva1

0,i 0.2 0.3 0.doe0.5 0.6


Curva 2

0.7 0.8 0.8 1


instalações de potência pequena que funcionam inintemip Oiârnetm (rn)
tamente, 24 horas por dia, pode ser feito a partir das se- diâmetro econamico de uma
Figura
guintes hipóteses. tubulacão de recalaue
a) que o custo da linha instalada de comprimento L
seja, como na Equação 5.13, diretamente propor-
cional ao diâmetro, na forma C I = piLD;
b) que o custo do conjunto motor-bomba seja diretamente proporcional
à unidade de potência instalada (kW), na forma C2 = p2 Pot.
Sendo pi o gasto anual de 1 m de comprimento de um conduto de I
rn de diâmetro, incluindo despesas de amortização e conservação e p ~ o,
custo anual de operação do grupo motor-bomba, por unidade de potência,
incluindo despesas de operação e manutenção, o custo total do sistema é
a soma dos dois fatores, C = piLD + pz Pot.
Pela Equação 5.4, com H = H, + AH,, vem:

Derivando-se a equação precedente, em relação ao diâmetro, e


igualando-se a zero, para chegar ao mínimo custo global C, fica:

que leva à relação entre a vazão de recalque e o diâmetro econômico, na forma:


130 Hidráulica Básica Cap. 5

._

de onde, finalmente:

D (m) = K .\IQ (m3/s)


Esta equação é conhecida como fórmula de Bresse, na qual a constante
K depende, entre outras coisas, dos custos de material, mão-de-obra, operação
e manutenção do sistem e&?,não sendo, portanto, futa, miando de lwal para local
e no tempo, principalmente em regimes econômicos inflacionários. Em geral, a
constante K assume valores na faixa de 0,7 a 1,3.
Algumas observações sobre a fórmula de Bresse são necessárias.
a) Trata-se d e uma equação muito simples para representar um proble-
ma complexo e com muitas variáveis económicas, portanto deve ser
aplicada na fase de anteprojeto.
minimo não 6 0 correspcmdenleao b) Em sistemas de menor porte. com adutoras de até 6", o emprego da
ponto de cruiamento das curvar i e 27
Equação 5.17 pode conduzir a um diâmetro aceitável.
c) Em instalações maiores, o diâmetro gerado pela Equação 5.17 deve
ser tomado como a primeira aproximação para uma pesquisa mais ela-
borada, segundo a metodologia descrita na Seção 5.4.2.
d) A fixação de um valor da constante K equivale a adotar uma velocidade
média de recalque, chamada velocrdade econ6mrca. Em geral, nos sis-
temas elevatórios, as velocidades variam na faixa de 0,6 a 3,O m í s ,
sendo mais comuns velocidades entre 1,s e 2,O mís.
e ) A fórmula de Bresse deve ser aplicada a sistemas de funcionamento
contínuo, 24 horas por dia.
Nem sempre há necessidade de o sistema funcionar continuamente, basta
que se recalque o volume necessário de reservação, para consumo diáno, em
uma fração do dia. Este é o caso do abastecimento de um prédio de apartamen-
tos, em que o aporte de água para consumo e reserva de combate a incêndio
em geral é feito durante um certo mímero de horas por dia. Para estes casos,
o dimensionamento da tubulação de recalque é feita pela Equação 5.18 reco-
mendada pela NBR-5626 da ABNT (1).
-
Cap 5 Sistemas Elevatorios - Cavitaçáo
131

-
em que X é a fração do dia, isto é, o número de horas de funcionamento do
sistema dividido por 24. Em qualquer caso, o diâmetro encontrado deve ser
aproximado para o diâmetro comercial mais conveniente.

EXEMPLO 5.1

O projeto de um sistema elevatório para abastecimento urbano de água


deverá ser feito a p m i r dos seguintes dados:
a) vazão necessária Q = 80 Vs;
b) altura geométrica a ser vencida H, = 48 m;
c) comprimento da linha de recalque L = 880 m,
d) material da tubulação ferro fundido classe K7, mgosidade E = 0,4 mm;
e) número de horas de funcionamento diário T = 16 h;
8 número de dias de funcionamento no ano N = 365;
g) taxa de interesse e amortização do capital 12% a.a.;
h) rendimento adotado para a bomba q = 70%;
i) rendimento adotado para o motor q, = 85%;
j) preço do quilowatt-hora A = R$ 0,031.
Uma pesquisa de preço de tubos, por unidade de comprimento, para
150 mm < D < 500 mm levou i seguinte relação entre diâmetro e custo: Custo
(R$lm) = 0,042 D(mm)lA. Determine o diâmetro econômico de recalque.
Com auxílio da Equação 2.38 ou da Tabela'A2, pode-se calcular a per-
da de carga unitária e, em seguida, a perda de carga no recalque e a altura total
de elevação pela Equação 5.2, considerando somente a tubulação de recalque.
Pela Equação 5.15, determina-se o custo anual com energia elétrica, para diâ-
metros na faixa de 150 a 500 mm. O custo anual da tubula$ão é o produto do
custo unitário pelo comprimento da linha, multiplicado pelos encargos econô-
micos de 12% a.a.
A Tabela 5.1 apresenta os cálculos para os diâmetros escolhidos.
- 1

Hidráulica Básica Cap. 5


132

-
Tabela 5.1 Determinação do custo total anual de um sistema elevatório
ees~
sc USP bdshs na drea Ensino

As colunas 4, 6 e 7 da tabela an-


terior foram postas em forma gráfica,
indicando que o valor mínimo da soma
(custo total), coluna 4 + coluna 6, ocor-
re para um diâmetro de 250 mm, con-
forme a Figura 5 3. Ver planilha EXEM
(5.1).XLS, no diretóno Bombas".

5.5 BOMBAS: TIPOS E


CARACTER~STICAS -
ROTAÇAO ESPEC~FICA
O princípio básico de transfe-
rência da energia recebida pela bom-
ba, de uma fonte externa, ao fluido é
a existência, no corpo ou caixa da
Figura 5.3 Determinação do diâmetro econômico
máquina, de uma roda ou rotor que,
ao girar comunica ao fluido acelera-
ção centrífuga e conseqüente aumento
de pressão. A ação do rotor orienta a
trajetória das partículas dentro do cor-
po da bomba, desde a seção de entra-
da até a saída. De acordo com a forma
da trajetória do líquido, no seu interi-
or, as bombas são classificadas como:
a)Bombas centrvugas ou de escoa-
mento radial - o líquido entra axial-
mente pelo centro e sai radialmente
Figura 5.4 Tipos de rotores de bombas. pela periferia. São bombas destinadas
7

Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Caviiação


133

-
a vencer grandes cargas com vazões relativamente baixas, em que
o acréscimo de pressão é causado principalmente pela ação da for-
ça centrífuga, Figura 5.4a.

I b ) Bombas de escoamento misto ou diagonal - o Iíquido entra axial-


mente e sai em uma direção diagonal, média entre axial e radial.
São indicadas para cargas médias, e o acréscimo de pressão é devi-
do, em parte, à força centrífuga e, em parte, à ação de sucção das
pás, Figura 5.4b.
C ) Bombas de escoamento axial - o líquido entra axialmente e sai em
movimento helicoidal em direção praticamente axial, Figura 5 . 4 ~ .
São indicadas para vazões altas e cargas baixas.
As bombas centrífugas e mistas podem ter rotor fechado ou aberto. O
rotor fechado é confinado por duas placas paralelas, formando com as pás
! do rotor dutos por onde o líquido escoa, atingindo a seção de salda do corpo
I da bomba. São destinados ao bombeamento de líquidos limpos sem materi-
al particulado, Figura 5.4a. No rotor aberto, as pás de forma recurvada são
fixadas em um único disco, formando canais, Figura 5.4b.
I
I
Quanto ao número d e rotores, as bombas são classificadas como de
estágco simples, quando há somente um rotor, ou de estágios múltiplos,
quando há dois ou mais rotores.
i Em situações em que a altura total de elevação é grande, pode não ser
possível, com bom rendimento, o recalque usando um único rotor. Neste caso,
I ..
utilizam-se bombas de múltiplos estágios, em que são dispostos no mesmo
!! eixo vários rotores iguais em série. Esta concepção é particularmente utilizada
em bombas submersas para captação de água em poços profundos.
I

I No estudo e desenvolvimento de máquinas hidráulicas, como bom-


bas e turbinas, é comum fazer uso de coeficientes adimensionais que repre-
1 sentem, de modo global e compacto, os fenômenos físicos envolvidos.
1
i Entre esses adimensionais, tem particular interesse a rotação espec$ca do
i rotor da máquina, cujo valor, calculado no ponto de rendimento ótimo, ca-
1 racteriza a forma da máquina e serve de critério para sua classificação.
Combinando-se os adimensionais Iíi, coeficiente d e pressão, e ii2,
coeficiente de vazão, definidos no Exemplo 1.2, de modo a eliminar a vari-
ável R, raio do rotor, e observando que Ap = pgH, tem-se:
7

-
Hldraulica Básica Cap. 5
134

-
De modo análogo, combinando-se os adimensionais n3, coeficiente
de potência, e iIl, chega-se a:

Ns =
;i
=E= W~ Pot2 (gWSi4 [W (radls)] (5.20)

Na prática de projetistas de máquinas hidráulicas, usando-se a mes-


ma denominação de rotação específica ou velocidade específica, costuma-
se utilizar coeficientes dimensionais, portanto dependentes do sistema de
unidades usado, que são simplificações das Equações 5.19 e 5.20, basea-
dos na seguinte definição: rotação especljrica corresponde à rotação (em
rpm) de um rotor de uma bomba, de uma série homóloga de bombas ge-
ometricamente semelhantes, que eleva uma unidade de vazão sob uma
altura manométrica total unitária, ou como a rotação de um rotor de uma
bomba, de uma série homóloga de bombas geometricamente semelhantes,
que desenvolve uma unidade de potência sob uma altura manométrica total
unitária. Desta forma, as velocidades específicas, relativas à vazão e à
potência, passam a ser adaptadas das Equações 5.19 e 5.20, respectiva-
mente:

-..-.s
CLL"p4.d-
~ d d .C \ +
Mi, fAf
(9.
gJ
-. N, =- .H3I4
\ I a com n(rpm), Q(m3/s) e H(m) (5.21)

nC"@,
-
i
&
N,= -~514 com n(rpm), Pot(cv) e H(m) (5.22)

Os valores da rotação específica para as unidades de potência, ca-


valo vapor e quilowatt, guardam a seguinte relação:

N, [rpm, cv, m] = 1,17,N, [rpm, kW, m] (5.23)


A relação entre a rotação específica N,relativa à potência útil e a rela-
tiva h vazão N,,quando o líquido bombeado for água com massa específica
p = 1000 kg/m3, é dada por (ver Problema 5.10):

nJQ p&r=g&!U
N,= 3,65. -
H 314
~ Cap 5 Sistemas Elevatórios - Cavitaçáo

Conforme foi observado, o pa-


I
râmetro N,, calculado no ponto de ren-
dimento ótimo da máquina, caracteriza
a sua família, de modo que um conjun-
to de máquinas geometrtcamente seme- NS~O 908130 130a220 220 a 440 4 4 0 ~ ~ 0 0 N ~ ~ O N~
O
Ihantes tem o mesmo valor da rotação Radlal centrífuga Mista sem, Axlal
específica. Para uma mesma bomba, a Lenta Normal Rápida Axial
rotação específica não muda com a ro-
tação nominal n. A Figura 5.5 mostra a Figura 5.5 Forma do rotor e t i p o s de bombas em função da rotação especifica N,
forma do rotor da bomba em função do
N,, observando-se que os menores va-
lores de N, representam as bombas centrífugas, os valores intermediários,
ar bombas de escoamento misto e os maiores, as de escoamento axial.

No estudo e desenvolvimento de máquinas hidráulicas, utiliza-se a


teoria de semelhança para prever o desempenho de um protótipo a partir
de ensaios em modelos em escala reduzida, ou as alterações de vazão,
altura de elevação e potência em máquinas geometricamente semelhantes,
em função da rotação e ou da mudança do diâmetro do rotor. Parte-se da
suposição de que máquinas geometricamente semelhantes trabalham em
condições de semelhança, desde que tenham o mesmo rendimento.
Reescrevendo os adimensiouais do Exemplo 1.2, coeficiente de
1 pressão, coeficiente de vazão e coeficiente de potência, tomando como
variável geométrica o diâmetro do rotor e com a velocidade de rotação
expressa em rpm, tem-se:

Desde que, para todas as bombas pertencentes a uma mesma família


(tipo) e operando sob condições de semelhança dinâmica, os correspondentes
a
-
Hidráulica Básica Cap 5
136

-
coeficientes adimensionais são iguais, para pontos homólogos de suas cur-
vas características, as leis de semelhança que governam as relações entre t a s
pontos homólogos podem ser estabelecidas, para p = cte , como segue:

1
Q -
n2= cte. = 1
nl D: - n2D: " Q,

O outro adimensional que deve permanecer invariante em duas situações


de operação, em condições de semelhança, é o rendimento da bomba, portanto.

Ii4 = cte. = ? q2
=li (5.3 1)

As Equações 5.28 a 5.31 fornecem as relações entre as variáveis do


fenômeno, em dois pontos homólogos na condição de semelhança, que
são válidas se as alterações de diâmetro e ou rotação nominal forem rela-
tivamente pequenas para que o rendimento possa ser mantido constante.
No caso prático de analisar as alterações da vazão, altura de elevação e
potência de uma mesma bomba operando na mesma rotação, pela troca do
diâmetro do rotor, conclui-se que o aumento na capacidade de vazão e
altura de elevação é seguido de um forte acréscimo na potência necessária
à bomba, uma vez que, pela Equação 5.30, a relação é diretamente pro-
porcional à quinta potência da relação de diâmetros.

Denomina-se curva característica de uma máquina hidráulica, bom-


ba ou turbina a representação gráfica ou em forma de tabela das funções que
relacionam os diversos parâmetros envolvidos em seu funcionamento. Esta re-
presentação pode ocorrer de modo adimensional através de uma relação que
I I 1
Cap. 5 S!çtemas Elevatónos - Cavitaçio

13'

envolve os dois adimensionais básicos, coeficiente de pressão e coeficiente de


vazão, Equações 5 25 e 5.26, na forma I I i = f (&), ou, como é mais co-
mum, de modo dimensional. Os fabricantes de bombas apresentam, nos

- -
catálogos, curvas dimensionais da altura de elevação em função da vazão,
-
H = f(Q), da potência necessária em função da vazão, Pot = f(Q), e do ren-
dirnento em função da vazão, q = f(Q).
As curvas características de uma bomba são obtidas experimentalmente em
um banco de ensaio, no qual, para cada vazão recalcada, são medidas a vazão e
a altura de elevação, com auxílio de manômetros, e o torque no eixo da má-
quina. Para cada par de valores de Q e H, a potência útil ou hidráulica é dada por:

Pot, =yQH=9,8.1OSQH (W) (5.32) homó~ogaise, a18mde gearnetrim


mente semelhantes. iam o mesmo
""meio da Reynolds?
A medida da potência mecânica absorvida pela bomba pode ser fei-
ta medindo-se a rotação w (radls) e o torque no eixo T (Nm), com uso de um
torquímetro. Como a relação entre potência mecânica e torque é dada por:

Pot, = T - w (W) (5.33)

o rendimento global da bomba, apresentado na Equação 5.3, é a relação


entre a potência útil ou hidráulica e a potência mecânica absorvida, daí:

O ensaio é repetido para outros diâmetros de rotor e os resultados,


H = f(Q), Pot = f(Q) e q = f(Q), lançados em gráficos.
Nos catálogos dos fabricantes de bombas são apresentados, em ge-
ral, três gráficos correspondentes a uma família de bombas. O gráfico da
curva característica propriamente dita, representando as curvas de altura de
elevação em função da vazão e indicando também as linhas dos pontos de
igual rendimento (isorrendimento), o gráfico da variável N.P.S.H. requeri-
do,em função da vazão, a ser discutido na Seção 5.9.3 e, finalmente, a
curva de potência necessária à bomba em função da vazão de recalque.
O conjunto destas três curvas, para uma determinada velocidade de
rotação, é útll na análise de desempenho, bem como no processo de esco-
lha da bomba. como será visto adiante.
Hidráulica Básica Cap. 5

A Figura 5.6 apresenta uma familia de curvas ca-


racterísticas, diagrama em colina, da bomba KSB-
MEGANORM, modelo 32-160, na rotação de 1750
rpm, para diâmetros do rotor na faixa de 148 a 176
mm, indicando as linhas de isorrendimentos e as cur-
vas de potência necessária. Para uma determinada
vazão fixada, observe a influência do diâmetro do
rotor na altura de elevação e na potência necessária.

EXEMPLO 5.2

Uma bomba KSB-MEGANORM, modelo 32-


160, com rotor de diâmetro igual a 162 mm (R = 81
mm), na rotação de 1750 rpm, trabalha no ponto A
recalcando uma vazão Q = 10 m3/h com altura de
elevação H = 10,5 m (ver Figura 5.6).
a ) Classifique o tipo da bomba
6) Trace a curva característica adimensional da
bomba, Ii, = f (Ii*).
c) Qual o ponto de funcionamento (homólogo de A)
de uma bomba geometricamente semelhante a
.. esta, com uma rotação igual e diâmetro do rotor
igual a 172 mm.
Figura 5.6 Curvas características de uma bomba.
a ) O tipo da bomba pode ser determinado calculan
do-se o valor da rotação específica no ponto de máxi-
mo rendimento. Para o diâmetro de 162 mm, o ponto
de máximo rendimento (q = 52,5%) corresponde, na curva carac-
terística, ao par Q = 14 mq/h (3,89.10-1 m3/s) e H = 9,25 m Pela
Equação 5.24, vem,

portanto, pela Figura 5.5, trata-se de unia bomba centrífuga lenta.


b) Tomando seis pontos na curva característica, para o diâmetro de
162 mm, pode-se montar a tabela a seguir:
Cap. 5 Sistemas Elevatónos - Cavitação

I I139

Para os seis pontos escolhidos na curva dimen-


sional, o coeficiente de pressão e o coeficiente de
vazão, dados pelo resultado do Exemplo 1.2, na for- g 0.45
ma adimensional, respectivamente, ni = g Hl(w R)' q 0.40
e ii2 = Q/(w R3), para w = 183,26 radls (1750 rpm),
em que R é o raio do rotor, podem ser determina-
dos e colocados em gráfico como na Figura 5.7. 0.30
O 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
Esta curva é válida para todas as bombas geome-
Coef. de vazão
tricamente semelhantes à bomba em questão e tem
o mesmo aspecto da curva dimensional. Uma cur- Figura 5.7 Curva adimensional da bomba KSB-MEGA-
va análoga poderia ser traçada usando-se os coefi- NORM, modelo 32-160.
cientes dados pelas Equações 5.25 e 5.26.
c) As relações de semelhança entre pontos homólogos são dadas pe-
las Equações 5.28 e 5.29, que, no caso particular da rotação ser
mantida, vêm:

Usando os Coolicimes a e p m m ede


vazão, aelinidos pelas Equ- 5.25e
5.26, refap O grBfico dB Figura 5 7 e
rnonrequa. naste u s o . a r e w o entre
n, e n26 dada por:
n,=-939~5n:-o,arnan2+o,ooi~

Deve-se observar que nos catálogos de bombas, na ordenada da


curva característica H = f(Q), está escrito altura manométrica,
quando, na verdade, deveria ser altura total de elevação. Do pon-
to de vista prático, à medida que o porte da bomba aumenta, a
diferença de cargas cinéticas no recalque e sucção, veja Equação
5.1, torna-se pequena, podendo-se confundir altura manométrica
com altura de elevação.

( 5 7 4 CURVA CARACTER~STICADE UMA INSTALAÇÃO


Na Seção 4.5, foi desenvolvido o conceito de equivalência entre tubula-
ções e entre uma tubulação e um sistema complexo em série ou paralelo. O pro-
k w à e uma associação de tubulações em série ou paralelo foi tratado como
uma simples tubulação equivalente, para a qual a relação entre a perda de carga
e a vazão através do sistema era dada por uma expressão na forma:

= KQ"
-7
-
Hidráulica Básica Cap. 5

-
Esta equação é genericamente chamada de resutência do sistema, repre-
sentando as características geoméhicas da associação e o material das tubulações.
Para manutenção da vazâo Q através do sistema de recalque, uma certa quantida-
de de energia E deve ser fomecicia. No escoamento por gravidade entre dois reser-
vatórios, como foi visto, a diferença de nível AZ (diferença de energia
potencial) é a responsável pela manutenção da vazão, de modo que no
equilíbrio tem-se:

Se o escoamento deve se processar do reservatório mais baixo para


o mais alto, evidentemente uma fonte externa de energia, através de um
conjunto motor-bomba, deve ser providenciada. A energia necessária será
aquela correspondente ao conjunto de perdas de carga que o sistema im-
põe para veicular a vazão Q, acrescida da energia equivalente ao trabalho
realizado para vencer o desnível topográfico (altura geométrica) entre os
reservatórios, AZ = H,. Portanto, no equilíbrio, tem-se:

Esta equação é chamada de caracteristica do ststema e o termo


KQ" engloba todas as perdas de carga, localizadas e distribuídas, nas ca-
nalizações de sucção e recalque. Observando a Equação 5.2, a altura total
de elevação da bomba é igual à soma da altura geométrica mais todas as
perdas de carga, a Equação 5.37 torna-se:

A curva característica do sistema pode ser desenhada,


calculando-se o termo de perda total em função da vazão e
das características das tubulações (ou tubulaçáo equivalente),
através de uma equação de resistência qualquer. A altura
geométrica pode assumir valores positivos (mais comum),
nulos ou até mesmo negativos, situação que ocorre quando
se deseja aumentar a capacidade de vazão de um sistema
por gravidade pela colocação de uma bomba.
."
O

Figora 5.8
o m i; ,,o
J, H*
o: iii <!I
Curva característica de um sistema.
Q1b.)
Conhecendo o diâmetro, comprimento e coeficiente
de rugosidade das tubulações ou da tubulação equivalente, a
Equação 5.37 pode ser posta em forma gráfica, com o expo-
ente n = 2 da fórmula universal, como na Figura 5.8.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavltaçáo 141

Para a bomba, a altura total de elevação não é constante com a va-


zão recalcada, mas é função dela, diminuindo com o aumento da vazão,
segundo uma função H = f(Q) na forma das curvas da Figura
5 6. Quando uma bomba opera em conjunção com um siste-
ma de tubulações, a energia fornecida pela bomba é igual à E,H(m)
energia requerida pelo sistema, para a vazão bombeada. Por- 80
Característica
tanto, na condição de equilíbrio, a solução da Equação 5.38 70 da bomba
fornece o ponto de valores H e Q, para H = E. M

Normalmente a solução é obtida por via gráfica sobre- Ponto de


pondo-se a curva característica do sistema à curva característica funcionamento
da bomba, fomecida nos catálogos dos fabricantes. O ponto de
cruzamento das curvas, que é chamado de ponto de operação 20
Caaetenstica
.
ou ~ o n t ode funczonarnento. é a solucão do ~robiema(Fizura - 10 da tubulação
5.9;. O ponto de operação deve, na kedidaAdopossível, cor-
responder ao ponto de ótimo rendimento da bomba e, no que
O
O 0;12 UL 0.06
.L
0.08 o:, 0.12

Figura 5.9 Determinação grsfica do ponto de funcio-


o.;a
I
Q (m3is)

diz respeito à tubulação, ao seu custo mínimo. namento de uma bomba.

5.7/ SISTEMAS DE TUBULAÇÕES EM SÉRIE E PARALELO


Os conceitos de tubulações em série e paralelo, desenvolvidos no
Capítulo 4, serão utilizados para a determinação do ponto de funciona-
mento de uma bomba acoplada a um sistema de tubulações em série ou
paralelo. No sistema em série, a vazão é a mesma e a perda de carga total
é a soma das perdas em cada trecho, de modo que a curva característica
do sistema pode ser determinada, numericamente, para cada vazão, pela
Equação 5.37, na forma:

em que N é o número de trechos de características diferentes, em série. Para


cada valor de Q, o valor de E é calculado e levado ao gráfico da curva caracte-
rística da bomba. Deve-se observar que as vazões escolhidas para traçar a curva
característica do sistema devem estar dentro da faixa de vazões da curva carac-
terística da bomba.
Quando o sistema de tubulações está em paralelo, para uma única altura
geométrica ou não, é conveniente utilizar um procedimento gráfico baseado na
propriedade fundamental de tubulações em paralelo, ou seja, a perda de carga
no sistema é a mesma e as vazões se dividem de foma inversamente proporci-
onal às resistências das tubulações. Traça-se a curva característica de cada tubu-
-
Hidráulica Basica Cap 5
'142

-
lação, pela Equação 5.37, e leva-se ao gráfico da curva da
bomba. Como a vazão bombeada é igual à soma das vazões
nas tubulações, e a perda de carga é a mesma, para determ-
nar a curva característica do sistema (resultante)basta somar
graficamente, para cada valor de H, as vazões nas tubula-
ções. A Figura 5.10 mostra o procedimento para desenhar a
curva resultante de um sistema com duas tubulações, T-1 e
T-2, em paralelo e uma única altura geométrica. Para um
certo valor de H, a distância xy corresponde à vazão veicu-
lada pela tubulação T-1, que deslocada na mesma horizontal
m'ls)
Q, QI + Q I e marcada a partir da vazão que passa pela tubulação T-2,
Figura 5.10 Associacáo de duas tubulações em paralelo. gera um ponto da curva resultante da associação. O proces-
so é repetido para outros valores de H a fim de desenhar a
curva resultante, curva do sistema. A metodologia é a mes-
ma para três ou mais tubulaçóes em paralelo. Na Figura 5.10, A é o ponto de
funcionamento do sistema que corresponde a uma vazão total recalcada q,; qi e
q2 são as vazões que passam pelas tubulações T-1 e T-2; e evidentemente a va-
zão qt é a soma das vazões qi e qz.
Uma outra solução gráfica intermediária para este problema é, pri-
meiro transformar o sistema em paralelo em uma tubulação equivalente,
de um diâmetro comercial fixado, usando a Equação 4.20 ou a Equação
4.21, e depois traçar a curva característica da tubulação equivalente no
gráfico da curva da bomba, o ponto de cruzamento das duas curvas forne-
cerá a vazão total do sistema.
Se a curva característica da bomba for dada em forma de tabela, H = f(Q)
e q = f(Q), a determinação das curvas características das tubulações, da curva
resultante da associação em paralelo e do ponto de funcionamento da bomba
será feita com o uso de uma planilha eletrônica, como no Exemplo 5.3.

Fu yin

EXEMPLO 5.3\

Uma bomba centrífuga, com rotação igual 1750 rpm e curva caracte-
rística dada pela tabela a seguir, está conectada a um sistema de elevação de
água que consta de duas tubulações em paralelo e dois reservatórios. Uma
tubulação de 0,10 m de diâmetro, comprimento de 360 m e fator de atrito
f = 0,015 está ligada ao reservatório com nível d'água na cota 800,00 m, e
a outra, de 0,15 m de diâmetro, comprimento de 900 m e fator de atrito f =
0,030, está ligada ao reservatório com nível d'água na cota 810,00 m O re-
servatóno inferior tem nível d'água na cota 780,00 m. A s s u m d o que os fa-
tores de atrito sejam constantes, independentes da vazão, determine:
-

Cap 5 Sistemas Elevatorios - Cavitaçáo


143

-
a j o ponto de funcionamento do sistema,
6 ) as vazões e m cada tubulação da associação;
c) a potência necessária à bomba.

Q (m3/s) O 0,006 0,012 0,018 0,024 0,030 0,036 0,042


H(m) 50.6 49.0 46.3 42,4 39,2 34,2 29.5 23.6
1i (94 O 40 74 86 85 70 46 8

Trata-se de um sistema de tubulações em paralelo com uma diferen-


ça de altura geométrica de 10 m entre uma adutora e outra.
A planilha EXEM (5.3).XLS permite montar a tabela a seguir, na
qual deve ser observado que:
a ) na parte superior da planilha são determinadas as curvas caracterís-
ticas das duas tubulações com as vazões fornecidas pela curva da
bomba; são também cotadas as curvas da bomba e do rendimento;
6 ) como a propriedade do sistema em paralelo é ter a mesma perda de
carga para uma determinada distribuição de vazão, foram fixadas
(coluna 2) perdas de carga de O a 30 m e, com isto, calculadas as
correspondentes vazões pela fórmula universal;
c) somando-se as vazões com uma diferença de 10 m, que é a dife-
rença de alturas geométricas dos reservatórios, determina-se a cur-
va característica do sistema em paralelo, coluna 5;
d j o gráfico da Figura 5.11 é obtido selecionando-se
H (m)
as colunas de 5 a 9;
e ) um eixo secundário é feito para representar a
curva do rendimento.
De posse do gráfico, as respostas são imediatas:
a ) o ponto de funcionamento, ponto A, corresponde
a Q = 0,030 m3/s, H = 34 m e q = 70%.
6 ) a partir do ponto A, traçando-se uma horizontal, en-
contram-se as curvas características de T-l e T-2 em
pontos de mesma altura de elevação e vazões Qi =
0,018 m3/s e Qz = 0,012 m3/s.

O O
c/ Pot = 9'8'0'030 34 = 14,28 kW (19,42 cv) O 0005 001 0015 0 0 2 0025 0 0 3 0035 004 0045 0 0 5 0055
0,70 Q ím'ii)

Figura 5.11 Resoluçáo do Exemplo 5 3


7

H~dráulicaBásica Cap. 5
144

-
Deve ser observado, na Figura 5.1 1, que, até uma vazão de aproximada-
mente 0,014 m3/s (linha pontilhada), o escoamento é duecionado para a adutora
T-1que liga o reservatório mais baixo. Somente quando a altura de elevação da
bomba superar 30 m, altura geométnca do reservatóno mais alto, é que ambos
os reservatórios serão abastecidos.

Planilha de Cálculo do Exemplo 5.3

A planilha acima foi montada no EXCEL, fixando-se na linha 2 os


valores dos comprimentos, alturas geométricas, fatores de atrito e diâme-
Cap 5 Sistemas Elevatórlos - Cavitaçáo
145 I
tros, de modo a ser possível utilizá-la em outros exemplos somente alteran-
do os valores dessas variáveis.

~.~/ASSOC~AÇÁO DE BOMBAS EM SÉRIE E PARALELO


Nas várias áreas de projetos de transporte de água, como abastecimento
urbano, mral, industrial, sistemas de imgação, entre outras, há uma ampla va-
riabilidade da vazão e da altura total de elevação, para ser abrangida pelas
possibilidades de uma única bomba. Muitas vezes, como em projetos de
abastecimento urbano, a vazáo no final do plano, quando a população atin-
gir o limite de projeto, é maior que a vazão no início de plano. Portanto,
haverá ao longo dos anos um acréscimo de demanda e seria antieconômico
dimensionar a bomba para a situação de vazáo máxima. Nesta e em outras
aplicações, recorre-se à associação de duas ou mais bombas em série ou em
paralelo. A situação mais comum em projetos que envolvam associações de
bombas é aquela em que todas as bombas da associação são iguais, o que
permite uma curva final do sistema mais estável e facilita a manutenção.
Esta é a situação a ser tratada daqui para frente.
Associação em série: neste esquema, a entrada da segunda bomba 6
conectada à saída da primeira bomba, de modo que a mesma vazão passa -, A-x cb:x-c-.7,

através de cada bomba, mas as alturas de elevação de cada bomba são


somadas para produzir a altura total de elevação do sistema.
Associação em paralelo: neste esquema, cada bomba recalca a -
mesma parte da vaz5o total do sistema, mas a altura total de elevação do
-,L ,
,, -1-
sistema é a mesma de cada uma das bombas.
Se duas ou mais bombas funcionam em sé-
rie, a curva característica do sistema é dada pela H
soma das ordenadas das curvas H = f(Q) correspon-
dentes, para cada bomba, em uma mesma vazão.
Se duas ou mais bombas funcionam em para-
lelo, a curva característica do conjunto é obtida so-
mando-se as abscissas das curvas características H =
f(Q) correspondentes. para cada bomba, em uma
mesma altura total de elevação.
A Figura 5.12 apresenta a construção das cur-
vas caractedsticas de um sistema em série e em parale-
lo, para duas bombas iguais, e os pontos de interesse.
Qs Qe Qc QA Q
Na Figura 5.12, a partir da curva característi-
ca de uma bomba, a característica combinada de Figura 5.12 Operação de duas bombas iguais em sériee em paralelo.
7
-
Hidráulica Básica Cap. 5
146

-
duas bombas iguais em série é obtida duplicando-se, na vertical, os valores
de H, para cada vazão, enquanto a característica da associação em paralelo
é obtida duplicando-se, na horizontal, os valores de Q, para cada altura total
de elevação.
Na associaçáo em série, a curva característica da tubulação T-1 corta a re-
sultante no ponto D, ponto de funcionamento do sistema em série, e cada bomba
da associação funcionará no ponto E, recalcando a mesma vazão Q, e fomecen-
do uma altura total de elevação igual à metade da altura de elevação do sistema.
Na associação em paralelo, a curva característica da tubulação T-2
corta a curva resultante no ponto A, ponto de funcionamento do sistema em
paralelo, e cada bomba da associação funcionará no ponto B, recalcando
uma vazão QB= 0,s QAsob a mesma altura total de elevação. Quanto à as-
sociação em paralelo, é importante observar que:
a ) o ponto C representa o ponto de funcionamento de uma única
bomba operando isoladamente no sistema T-2;
b ) o ponto B representa o ponto de funcionamento de cada bomba
operando conjuntamente no sistema T-2; '

i
c) pela própria curvatura da curva característica da tubulação, tem-
se sempre que QA < 2 Qc, isto é, associando-se duas bombas
iguais em paralelo, não s e consegue dobrar a vazão correspon-
dente a uma única bomba instalada no sistema;
d ) se na associação em paralelo uma das bombas parar de funcionar,
a unidade que fica em operação tem seu ponto de funcionamento
deslocado de B para C, em que, a despeito da diminuição da altu-
ra total de elevação, há um aumento de potência necessária pelo
aumento na vazão. É no ponto C que a potência necessária do
motor elétrico deve ser calculada.
Os casos representados na Figura 5.12 para as tubulações T-I e T-2 são
somente demonstração geral de que cada caso de associação de bombas em
série ou paralelo deve ser estudado individualmente. A resposta para a melhor
soIução depende, obviamente, do aspecto da curva característica da bomba e
também da curva característica do sistema. Por isso. em geral, para a associa-
ção de duas ou mais bombas, é recomendável que as bombas sejam iguais.
Sempre se deve procurar uma solução em que o ponto de funcionamento de
cada bomba na associação esteja próximo ao ponto de rendimento ótimo.

EXEMPLO 5.4

As características de uma bomba centrífuga, em uma certa rotação cons-


tante. são dadas na tabela abaixo.
a (~re) o 12 18 24 30 36 42
H (m) 22,6 21,3 19,4 16,2 11,6 6.5 0.6
rl i%) 0 74 86 85 70 46 8

A bomba é usada para elevar água vencendo uma altura geométrica de


6,s m, por meio de uma tubulação de 0,10 m de diâmetro, 65 m de comprimen-
to e fator de atrito f = 0,020.
a) Determine a vazão recalcada e a potência consumida pela bomba.
b) Sendo necessário aumentar a vazão pela adição de uma segunda bom-
ba idêntica à outra, investigue se a nova bomba deve ser instalada em
série ou em paralelo com a bomba original. Justifique a resposta pela
determinação do acréscimo de vazão e potência consumida por ambas
as bombas nas associações.
A planilha EXEM(5.4).XLS fornece o gráfico das associações e os
pontos de funcionamento para as duas associações. No gráfico da Figura
5.13, pode-se destacar:
a ) o ponto A é o ponto de funcionamento de uma única bomba no
sistema e tem como valores, Q = 0,027 mi/s, H = 14 m, 11 = 78%
e potência consumida:

9,8QH
Pot = -- 9,8'0,027'14 = 4,74 kw (6,46 H lml n WI
11 0,78 90

80

b ) observa-se que o acréscimo de vazão obtido associan- 10


do-se em série ou paralelo é praticamente o mesmo, 60
ponto B em série e ponto C em paralelo. Evidentemen-
50
te, a associação em paralelo é mais vantajosa porque
recalca uma vazão um pouco maior, Qc = 0,035 m3/s 40

contra QB= 0,033 m31s. Como cada bomba na associa- 30

ção em paralelo trabalha no ponto D, cujos valores são 10


Q = 0,0175 m3/s, H = 19,5 m e q = 85%, e consome (0
uma potência de 3,93 kW, enquanto na associação em
série cada bomba trabalha no ponto E, cujos valores são 0 DOI 002 0.03 0.04 "05 0.0s 007 O U 00s
Q iin'li,
Q = 0,033 mVs, H = 9,3 m e 11 = 58%, consumindo
uma potência de 5,18 kW, a associação em paralelo é a Figura 5.13 Curvas do Exemplo 5.4.
mais conveniente.
Y
-
148 Hidráulica Básica Cap. 5

-
Na montagem da planilha, via EXCEL, deve ser observado que, para a
associação em série, as vazões, coluna 2, são repetidas abaixo da sequência
onginal e as alturas de elevação são duplicadas e deslocadas a direita para a co-
luna 4. Na associação em paralelo, as vazões são duplicadas e deslocadas
para baixo e as alturas de elevação, manudas e deslocadas para a coluna 5. 1
Selecionando todas as células da planilha, o gráfico da Figura 5 13 é gerado.

Planilha de C6lculo do Exemplo 5.4

5.8 ESCOLHA DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA


A especificação de uma bomba para atender a uma certa condição de
projeto é um dos principais problemas priticos que se apresentam em vános
campos da Engenharia. O domínio de aplicação dos vários tipos de bombas,
centrífugas, mistas e radiais, é muito abrangente, uma vez que as varra-
ções de vazão e altura total de elevação nos diversos tipos de projetos
são muito amplas. Em grandes unidades, recorre-se à rotação específica
como umdos parâmetros para a escolha da bomba, enquanto nos casos
mais frequentes utilizam-se os catálogos dos fabricantes. Para os princi-
I

Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitação


149

pais tipos de bombas, fixada uma


determinada rotação, os catá-
logos apresentam os mosaicos de
ut~lização, que são gráficos de
altura total de elevação contra
vazão, em uma determinada uni-
dade (m31h, Vs, m31s), em que é
mostrada a faixa de utilizaçãv (H e
Q) de cada tipo de bomba.
A Figura 5.14 apresenta o
mosaico de utilização das bombas
KSB-MEGANORM, centrífugas,
de um estágio, eixo horizontal, na
rotação de 1750 rpm. Cada bom-
ba da série é referenciada no mo-
saico por um código com dois
números, o primeiro representaii-
do o diâmetro nominal da boca
de recalque (mm) e o segundo, a Figura 5.14 M o s a i c o de u t i l i z a ç ã o de bombas centrífugas, KSB-MEGANORM, para
n = 1750 rpm.
farnilia de diâmetro do rotor
(mm). Em geral, os fabricantes
apresentam, para cada bomba da série, curvas características para diversos di-
âmetros de rotor, isto é, no mesmo corpo da bomba podem-se instalar rotores
de vários diâmetros a fim de adaptar, de forma conveniente, as características
da bomba às condições da instalação e funcionamento.
Uma vez conhecida a vazão necessária de bombeamento e a altura total bambeamuito comtituido por uma
adutoro uma bomba, trabalhando no
B
de elevação, e escolhida a velocidade de rotação, o mosaico de utilização ponto A. Inrtaiandcme outra bamba
igual, em psrsieio, a sistema funciona-
permite a pré-seleção da bomba pelo código. A escolha definitiva, com a de- r6 no ponto 8. Os pontos A e B odo
terminação do diâmetro do rotor, rendimento no ponto de funcionamento,
potência necessária e outros dados de interesse, é feita pela consulta, no catá-
logo, ao diagrama em colina relativo à bomba pré-escolhida, como, por exem-
plo, na Figura 5.6.

Alguns requisitos e detalhes de ordem prática devem ser observados


na montagem e operação de um sistema elevaiório.
a) A instalação do conjunto motor-bomba deve ser feita em local
seco, espaçoso, iluminado, arejado e de fácil acesso.
b) As tubulações de sucção e recalque devem ser convenientemente
apoiadas, evitando que transmitam esforços para a bomba.
7

Hidráulica Básica Cap. 5


150

c) A bomba deve estar localizada tão próximo quanto possível do


líquido a ser recalcado, a fim d e evitar grandes alturas mano-
métricas de sucção. A tubulação de sucção deve ser a mais curta
e direta possível, evitando-se estrangulamentos e pontos altos. Se
for necessário instalar na sucção uma curva, esta deve ser de raio
longo para diminuir a perda localizada. O conjunto motor-bomba
deve estar instalado em cota fora do alcance de inundações.
d) A extremidade de montante da tubulação de sucção deve estar lo-
calizada abaixo do nível mínimo de água no reservatório inferior,
garantindo uma altura d'água sobre a entrada (submergência) que
evite a formação de vórtices e conseqüente entrada de ar na bom-
ba. Em geral, uma altura d'água maior que três vezes o diâmetro da
canalização de sucção é suficiente.
e ) Na tubulação de recalqiie, deve haver um registro de manobra para
as operações de partida e desligamento do sistema.
fj Entre o registro de manobra e a bomba, deve-se instalar uma vál-
vula de retenção ou outro dispositivo que proteja a bomba em caso
de parada brusca do motor.
g) Deve-se garantir que a bomba esteja e s c o ~ a d acheia
, de água, an-
tes de ser posta em funcionamento.
h ) O conjunto motor-bomba deve estar bem nivelado e alinhado, ga-
rantindo um bom chumbamento das bases na fundação, a fim de
evitar ruídos e vibrações.
i) É conveniente, principalmente em bombas não afogadas, a instalação
na tubulação de sucção de uma válvula de pé com crivo, para evitar
a entrada de materiais estranhos e manter a tubulação de sucção sem-
pre cheia de água.
j ) Havendo válvula de pé com crivo, a área iitil de passagem no crivo
não deve ser inferior a três vezes a área da tubulação de sucção, e
também a velocidade através do crivo não pode exceder 0,60 m/s.
Deve ser prevista manutenção periódica da válvula de pé e crivo.
k ) Havendo necessidade de fazer a concordância do diâmetro da tu-
bulação d e sucção para o diâmetro do flange de aspiração da
bomba, a peça a ser utilizada será uma redução excêntrica, a fim
de evitar a formação de bolsas de ar na parte superior do tubo.
E) O reservatório inferior deve ser desenhado de modo a evitar agi-
tação do líquido com formação de bolhas ou de vórtices, a fim de
que não haja entrada de ar na tubulação de sucção.
-

Cap. 5 Sistemas Elevatorios - Cavitação


151

-
I
m) Em instalações com bombas em paralelo e um único reservatório
I
inferior, deve-se empregar tubulações de sucção independentes.
I n) Recomenda-se manter sempre uma unidade de reserva para qualquer
I eventualidade de parada da bomba e para manutenção do sistema.
o ) É convenienteque a partida e a parada do grupo motor-bomba
1 seja feita com o registro da tubulação de recalque fechado.
p) É importante que se tenha um programa de manutenção eletrome-
cânica, de modo a garantir que o sistema tenha vida longa e livre de
avarias

Um conjunto elevatório deverá ser especificado para operar nas seguintes


condições. Líquido, água a 20° C, vazão a ser recalcada Q = 15 Vs (54m3/h),
material das tubulações aço galvanizado sem costura, E = 0,15mm, altura geo-
métrica H, = 23 m, diâmetro da tubulação de recalque determinado pelos méto-
lc&
'
I
dos da Seção 5.4,D, = 0,10m, diâmetro de sucção D, = 0,15 m, comprimento
da tubulação de recalque igual a 432 m e de sucção, 4.20 m, rotação escolhida
para a bomba n = 1750 rpm. Nas tubulações constam os seguintes acessórios:
sucção, válvula de pé com crivo e curva 90° R/D= I,5;recalque, válvula de
-
3.6
6'6

! retenção tipo leve, registro de gaveta, duas curvas de 45" e uma curva de
90°R 0 = 1. Determine o tipo da bomba, diâmetro do rotor, rendimento no pon-
to de funcionamento, potência necessária à bomba e potência elétrica do motor.
Trata-se de uma aplicação padrão no assunto, em que, a partir do es-
tabelecimento da vazão necessária à demanda do projeto, a adutora de
recalque é dimensionada por um critério econõmico e, para o diâmetro da
canalização de sucção, em geral, é adotado o comercial imediatamente su-
perior ao de recalque. A altura total de elevação da bomba é calculada pela
Equação 5.2,utilizando-se o método dos comprimentos equivalentes para o
cálculo das perdas de carga totais no recalque e sucção.
a ) Cálculo das perdas de carga na sucção e no recalque.
Da Tabela 3.6, tiram-se os comprimentos equivalentes aos acessórios
existentes nas tubulações de sucção e recalque, apresentados na tabela a seguir.
Hidráulica Básica Cap. 5
152

-
Sucção (D, = 0,15 m) Recalque (D, = 0,10 m)

As perdas de carga unitárias na sucção e no


recalque, conhecendo a vazão, os diâmetros e a N-
gosidade das tubulações, podem ser calculadas pela
Equação 2.38 ou diretamente pela Tabela A2, por-
tanto na sucção J, = 0,537 m1100 m e no recalque J, =
4,288 m1100 m. Assim, as perdas de carga totais na
sucção e no recalque valem, respectivamente:

0,537
AH, = J, .L, = 45,87 = 0,25 m e AH, = J;L, =
1O0

Figura 5.15 Cumas características das bombas KSB b) Cálculo da altura total de elevação, tipo e carac-
MEGANORM 50-315 terísticas da bomba.
Pela Equação 5.2, tem-se H = Hg + AHs + AHr =
= 23 + 0,25 + 19,06 = 42,31 m.
Fixada a rotação, com a vazão e a altura total de elevação, escolhe-se em
um catálogo de fabncante uma bomba que satisfaça tais condições e tenha no
ponto de funcionamento um rendimento razoável. Evidentemente, a solução
não é única, pois para cada fabricante poderá existir ao menos uma bomba re-
comendável.
Utilizando-se a Figura 5.14, para Q = 54 m'/h e H = 42,31 m, uma solução
possível seria uma bomba KSB-MEGANORM tamanho 50-315, a 1750 rpm,
cujo diagrama em colma é mostrado na Figura 5.15.
Para o ponto de funcionamento Q = 54 m3/h e H = 42.31 m, na Fi-
gura 5.15, uma bomba com diâmetro do rotor igual a 307 mm é suficiente
e o rendimento será 11 5 61 %. Se o ponto cair entre duas curvas, deve-se
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavltaçáo

adotar o rotor de diâmetro maior e verificar, traçando-se a curva caracte- ,dPsHoz& -0-R25-4f
rística do sistema de tubulações, o novo ponto de funcionamento que terá a' J
,34,-& CID .I*
vazão e altura de elevação ligeiramente maiores que as iniciais. c k ULX

A potência necessária à bomba é dada pela Equação 5.3. 0,24


d~si.1,= 1 ~ 3 3 - -3 -0,2.7
= 6,8h UM

Pot = 9'8'Q'H - 9'80'015'42'31 = 10,19 kW (13,87 cv) (13,67 hp) dPsug \, h3P~\.\~
rl 0,61
"n& -a," cu.k ,,,
O motor deve ter uma potência elétrica superior à absorvida pela
bomba, cujo acréscimo, em relação à potência da bomba, depende do tipo
e tamanho desta. Os acréscimos na potência da bomba, recomendados em
(4), são dados na tabela abaixo.
; :p8g"6i*
,qi.Bb&8i:; , , .,&g.;$i&5:
;:.j: :c
até 2 h p 50%
2a5hp 30%
5a10hp 20%
10 a 2 0 hp 15%
maior que 20 hp 10% "Agua mole em p d r a dura tanto bate
ate que fura."

Portanto, o motor elétrico recomendável, no caso, deverá ter uma


ootência de 13.67 1.15 = 15,72 hu. não muito s u ~ e r i o rao motor elétrico
I [Addgio popular]
I
A .

comercial de 15 hp,que é suficiente.

5.9 CAVITAÇAO
5.9.1 O FENOMENO
Quando um líquido em escoamento, em
uma determinada temperatura, passa por uma região
de baixa pressão, chegando a atingir o nível corres-
pondente à sua pressão de vapor, naquela temperatu-
ra, formam-se bolhas de vapor que provocam de
imediato uma diminuição da massa específica do 1í-
quido. Estas bolhas ou cavidades sendo arrastadas
no seio do escoamento atingem regiões em que a
pressão reinante é maior que a pressão existente na Figura 5.16 Efeito da cavitaç.o sobre rofor de uma bomba
1 região onde elas se formaram. Esta bmsca variação
de pressão provoca o colapso das bolhas por um pro-
cesso de implosão. Este processo de criação e colapso das bolhas, chamado
cavitação,é extremamente rápido, chegando à ordem de centésimos de segun-
-
Hidráulica Básica Cap. 5
154

do, conforme constatações efetuadas com auxílio da fotografia estrobos-


cópica.
O desaparecimento destas bolhas ocorrendo junto a uma fronteira sóli-
da, como paredes das tubulações ou partes rodantes das bombas, provoca um
processo destrutivo de erosão do material, como mostrado no rotor de uma
bomba na Figura 5.16.
Quando o colapso de uma bolha ocorre em contato com a superfície só-
lida, uma diminuta área desta superfície é momentaneamente exposta a uma ten-
são de tração extremamente elevada. Este efeito, sendo repetido continuamente
por inúmeras bolhas, é como se a superfície metálica fosse bombardeada
por pequeníssimas bolas, provocando um processo erosivo de martelagem. O
colapso das bolhas é acompanhado de ondas acústicas, podendo o ruído ser
audível, provocando, de acordo com as dimensões das cavidades e teor de ga-
ses contido no Iíquido, um barulho característico.
A cavitação, uma vez estabelecida em uma instalação de recalque,
acarreta queda de rendimento da bomba, ruídos, vibrações e erosão, o que
pode levar até ao colapso do equipamento. A cavitação provoca um desgaste
excessivo no rotor da bomba, exigindo manutenção periódica e dispendiosa.
Algumas vezes o problema fica difícil de ser sanado, pois exigiria profundas
alterações na montagem, como, por exemplo, o rebaixamento da cota de ins-
talação da bomba, diminuindo a altura estática de sucção.
Atualmente, ainda não há consenso sobre a explicação do fenômeno. Uns
pesquisadores a f i m que a cavitação induz vibração às zonas mais extensas do
metal, sendo então os esforços desimtivos oriundos de um fenômeno oscilatório,
durante o qual o líquido é introduzido e expulso dos poros do materid, dando
origem às elevadas pressões internas. Outros acham possível o aparecimento de
uma corrosão química devida à liberação de oxigênio do líquido. Uma outra cor-
rente supõe que as bolhas de vapor e a limalha erodida da superfície do matena1
penetram nos poros do metal, afetando-o por vibrações e pressões oriundas do
colapso. Embora não se tenha conhecimento exato do mecanismo segundo o qual
se processa a cavitaçáo, é possível projetar, com grande segurança, uma instalação
na qual em todos os pontos do percurso da água a pressão interna é maior que a
pressão de vapor do Iíquido, em uma certa temperatura.
No caso das bombas, o ponto mais crítico, em termos de pressão bai-
xa, ocorre na entrada do rotor. A queda de pressão, desde a superfície livre
do poço de sucção até a entrada do flange de sucção, depende da vazão, do
diâmetro, do comprimento total da tubulação, da mgosidade do material e,
principalmente, da altura estática de sucção, distância vertical do eixo da
bomba até o nível d'água no poço. Estes são os elementos suscetíveis de
mudanças por parte do projetista para sanar os danosos efeitos da cavitação.
Cap 5 Sistemas Elevatonos- Cavitaçáo 1 155 (

og*,u;a S;yC*V -
L -
,-.-c&

5.9.2 N.P.S.H. (NET POSITIVE SUCTION HEAD) DISPONíVEL


É uma característica da instalação, definida como a ener-
gia que o líquido possui em um ponto imediatamente antes do
flange de sucção da bomba, acima de sua pressão de vapor. É
a disponibilidade de energia que faz com que o líquido consiga
alcançar as pás do rotor.
Em relação à Figura 5.17, que mostra a tubulação de sucção
de uma bomba recaicando água de um reservatório aberto e man-
tido em nível constante, a definição do N.PS.H.d leva a: Figura 5.17 TubulaçIio de suc$ão deuma bomba

v2 - P
PZ + -
N.P.S.H., = - '
Y 2g Y
em que p,ly é a pressão de vapor da água ou tensão d e saturação do va-
1 por, em uma determinada temperatura.
Aplicando-se a equação d a energia entre a superfície do reservató-
rio e a entrada da bomba, vem:

em que:

a= (pressão atmosférica, leitura barométrica local)


Y Y

1 . v:-0
-- (nível constante)
I
I
2g
zi = O (referencial)
= Z (altura estática de sucção)
AH, (somatório de todas as perdas de carga até a entrada da bomba)

Portanto, fica:
Y
-
Hidráulica Basica Cap. 5
156

_L

Comparando a Equação 5.40 com a 5.42, a expressão do N.P.S.H.


disponível pela instalação torna-se:

N.P.S.H., = PaFPv - z - A H , (5.43)


Y
Se a bomba estiver afogada, isto é, se seu eixo estiver em uma cota abai-
xo do nível d'água do reservatório inferior, um desenvolvimento análogo leva a:

Como o N.P.S.H.d é uma energia residual disponível na insta-


lação, quando a bomba está afogada, a situação em que não ocorra
a cavitação é melhor, pois a disponibilidade energética é maior, con-
forme a Equação 5.44.

5.9.3 N.P.S.H. REQUERIDO


É uma característica da bomba, fornecida pelo fabricante,
defmida como a energia requerida pelo líquido para chegar, a paiur
o -l do Range de sucção e vencendo as perdas de carga dentro da
3 10 I5 20 25 30 33 bomba, ao ponto onde ganhará energia e será recalcado.
Q (rn'fi) O N.P.S.H. requerido depende dos elementos de projeto
Figura 5.18 Gráfico do N.P.S H. requerido de uma da bomba, diâmetro do rotor, rotação, rotação específica, sendo
bomba para dois rotores. em geral fornecido pelo fabricante através de uma curva em fun-
ção da vazão, como na Figura 5.18, constituindo-se junto com as
curvas H = f(Q) e Pot = f(Q) uma das curvas características da
bomba.
Observando-se as Equações 5.43 e 5.44, verifica-se que, para a
Rcquendo pressão atmosférica, pressão de vapor e altura estática de sucção fixas,
o N.P.S.H. disponível pela instalação diminui com o aumento da perda
Folga
de carga total na tubulação de sucção. Deste modo, para um mesmo di-
Dispon~vcl âmetro, comprimento e rugosidade do material, o N.PS H. disponível é
uma função decrescente com a vazão, diferentemente do N.PS.H. re-
quendo pela bomba, que é uma função crescente com a vazão.
Para o bom funcionamento do sistema elevatório, é neces-
Figura 5.19 Limite máximo de operação de uma
bomba para não ocorrer cavitação.
sário que, para a vazão tecalcada, se verifique a desigualdade:
Cap. 5 Sistemas Elevat6"os - Cavitaçáo
157 1
,,~
-..
- -
i r",:C,
.. :r:
2% j l
N.P,S.H.d> N.P.S.H.,
-
I' v"" ' (5.45) d P S LIR :
/
po
-
P.'
b/
.% r
-.
, ..
-:a,i ,.
.
~

7,
. 8

Colocando-se em um mesmo gráfico estas duas funçóes, pode-se deter- ? L- --J

minar a faixa de segurança, em termos da vazão recalcada, em que o fenôme- - Ys


no da cavitação não ocorre. Como na Figura 5.19, o ponto A representa a
situação limite em que o N.P.S.H. disponível pela instalação é igual ao N.P.S.H.
requerido pela bomba e esta condição deve ser evitada. A esquerda do ponto
A, tem-se a região segura em que há uma folga na disponibilidade energética
da instalação que supera a necessidade da bomba. Para efeito prático, deve-
se ter uma folga, entre o N.P.S.H. disponível e o N.P.S.H. requerido, de no
mínimo 0,50 m para a vazão recalcada.

5.9.4 DETERMINAÇÁO DA MÁXIMA ALTURA ESTÁTICA DE SUCÇÁO


Pela Equação 5.43, os dois termos em que há possibilidade de o pro-
jetista interferir para aumentar o N.P.S.H. disponível da instalação são a altura
i estática de sucção, que define a cota de assentamento do gmpo motor-bomba
em relação ao nível d'água no reservatório inferior, e a perda de carga total.
Destas duas, a altura estática de sucção é a variável mais sensível, assumindo-
se como limite, para propósitos práticos, um valor não maior que 4 a 5 m. Co-
nhecendo-se a curva do N.P.S.H. requerido fornecida pelo fabricante, para a
vazão de recalque, a altura de sucção máxima pode ser determinada, na con-
: dição limite, igualando-se os N.P.S.H. disponível e requerido e utilizando-se
as Equações 5.43 e 5.44, na forma:

Z,=+
I
N.P.S.H., -
Y
em que o sinal positivo corresponde à bomba afogada (Equação 5.44).

5.9.5 DETERMINAÇÁO DA PRESSÁO ATMOSFÉRICA E DA PRESSÁO DE


VAPOR
A pressão atmosférica, leitura barométrica local, varia com a altitude e
condições climáticas. Para locais com altitude acima do nível do mar e até
2000 m, pode-se estimar a pressão atmosférica, correspondente em metros de
coluna de água, pela Equação 5.47, em que h é a altitude do local, em metros.
1
-

Hidráulica Básica Cap. 5


158

A pressão de vapor da água, correspondente em metros de coluna de


água, é função da temperatura, e dada pela Tabela 5 2.

Tabela 5.2 Valores da pressa0 de vapor da ùgua em inH,O

5.9.6 COEFICIENTE DE CAVITAÇAODE THOMA


Um adimensional usado nos estudos de cavitação em máquinas hidráulicas
ou mesmo em estruturas hidráulicas é deiiominado n~í'nzerode cnviraçáo e mede
a possibilidade ou grau do fenômeno. É definido como:

em que p é a pressão absoluta no ponto em estudo, p,, a pressão de vapoi-do líquido,


p, a massa específica e V, uma velocidade de referência. O número de cavitação ..
tem a forma de um coeficiente de pressão ou ruí~nerode Euler.A cavitação tem
menos possibilidade de ocorrer se p >> p, do que se p = p, (oE O). Dois sistemas
hidráulicos geometricamente semelhantes são igualmente prováveis de produzu
cavitação ou possuem o mesmo grau de cavitação se têm o mesmo valor de o.
Em uma bomba de fluxo, a região de pressão mínima ocorre, em geral, na
face conve.xa das pás, próximo a seção de sucção do rotor. Assumindo que nesta
seção a pressão atinja um valor crítico p,, a Equação 5.42 toma-se:

e como a altura total de sucção é dada por h, = Z + AH,,uma forma do número de


caviiação o cr denominado coejcieiie de cm~fnpIo é definida como
áe T/101lia,~
-
Cap 5 Sistemas Elevatórios - Cavitação
159

-
em que H é a altura total de elevação da bomba. Na equação anterior, o coefici-
II ente de cavitação de Thoma é interpretado como a relação entre a energia dis-
ponível no ponto critico, representada pela carga cinética, e a energia total H.
I Quando p, + p,, a cavitação toma-se iminente no ponto crítico, e obser-
vando que o numerador da Equação 5.50 é o N.P.S.H., o coeficiente de cavi-
, tação de Thoma é dado por:
I

O mínimo valor do coeficiente o para o qual a cavitação é incipiente é


denotado por o,, sigma crctico. Este valor pode ser determinado experimental-
mente para uma dada máquina ou modelo, observando as condições de ope-
ração sob as quais há o início da cavitação, que é evidenciado pela ocorrência Se a d t M R n i Y B ~scolhidapara O
de mídos, vibrações e queda bmsca na eficiência. @as bombas geometrica-
-
Bumento da capacidade de uazso em
um sistema eievatbiio for a troca do
mente semelhantes deverão ter o mesmo eotencial d m i j o R e seuss&- r0101 da bomba. que piametros
cientes o, forem iguais. devem 8W ena~io~dos B verificado.?

O coeficiente de cavitação crítico o,depende do tipo da máquina e é


função da rotação específica da bomba, dada pela expressão empírica seguin-
te, produto de um grande número de ensaios.

expressão válida para as bombas centrífugas radiais, lentas e normais, com a


rotação específica N, dada pela Equação 5.24. Assim, pela Equação 5.51, a
altura estática de sucção da bomba deve ser limitada a:

em que o sinal positivo corresponde à bomba afogada.


Como, pela Equação 5.52, o coeficiente o, aumenta com a rotação
específica, as bombas de N, elevadas exigem alturas estáticas de sucção
reduzidas, ou mesmo negativas (bomba afogada).

5.9.7 APLICABILIDADE DOS DOIS CRITÉRIOS


O critério do N.P.S.H.,, por utilizar uma característica da bomba fomecida
pelo fabricante, é o que oferece maior segurança ao projetista. Deve ser usado na
Y

-
Hidráulica Básica Cap. 5
160

-
fase final do projeto, quando já se tem especificado o tipo de equipamento e,
portanto, as curvas características completas. Já o critério do coeficiente de
cavitação o deve ser usado em fase de anteprojeto quando ainda não se defini-
ram as especificações. Ele fornece uma primeira indicação sobre a máxima al-
tura estática de sucção, e o único parâmetro necessário ao cálculo, além da
vazão e da altura de elevação, é a rotação em que a bomba irá operar. Este
critério é tanto mais preciso quanto mais próximo do ponto de ótimo ren-
dimento da bomba ele for usado.
/
EXEMPLO d6
1
A bomba mostrada na Figura 5.20 deverá recalcar uma vazão de 30 m3/h
comuma rotação de 1750 rpm e, para esta vazão, o N.P.S.H. requerido é de 250
m. A instalação está na cota 834.50 m e a temperaíura média da água é de 20" C.
Determinar o valor do comprimento xpara que a folga entre o N.P.S.H. dispo-
nível e o requerido seja de 3,80 m. Diâmetro da tubulação 3", material da tubu-
iapao r.v . ngiuu,
~ çuciiLicnlr ur rugubiuauc ua iuiiiiuia ur: ~ L ~ L ; c ~ ~ - LYL VL L ~ L ~ L
> =

150. Na sucção, existe uma válvula de pé com crivo e um joelho 90'.


A condição do problema exige N.P.S.H.d - N.P.S.H., =
3,80 m, o que leva a N.P.S.H.d = 6,30 m. A pressão atmos-
férica corresponde a:

760 - 0,081~834,50
= 13,6.( ) = 9,42 mH,O
Y 1O00

Figura 5.20
UCI
Exemplo 5.6.
Pela Tabela 5 2, a pieisão de vapor da água a 20' C
vale p,/y = 0,24 mH?O e, pela Figura 5 20, a altura estática
de sucção é Z = 834,50 - 833,lO = 1,40 m
Como:

N.P.S.H., = p 8 - I ' ~ - Z - A H ,
Y
vem:

N.P.S.H.d= 6.30 m = 9,42 -0,238 - 1,40 - AH, :. AH, = 1,48 m


NB condip60 da cavataçilo inckplente, o
que acontece com s massa especifica
Logo, a soma de todas as perdas de carga na tubulação de sucção deve ser
I
do liquida7 igual a 1,48 m. Pela Tabela 3.7, a soma dos comprimentos equivalentes da vál-
vula de pé e do joelho 90° vale 30,7 m. Para a vazão de 30 m3/h (8,33 10'
mi/s), C = 150 e diâmetro de 3",pela Tabela 2 3, a perda de carga unitária vale:
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitaçáo
161

Como AHs = J . Ltotal.: 1,48 = (4,293/100).(30,7 + x + 0.50) .'. x= ir =


3,27 m.

EXEMPLO 5.7

Qual é a rotação especifica N, de uma bomba centrífuga que recalca


200 iis sob uma carga (altura total de elevação) de 37,5 m a 1760 rpm? Deter-
mine a altura total de elevação e a capacidade de vazão desta bomba operando
a 1480 rpm, na mesma condição de eficiência. Especifique, em cada caso, a
máxima altura total de sucção h, possível, se o coeficiente de cavitação crítico
vale = 0,22. Assuma que a pressão atmosférica local corresponde a 9,62
mH20 e que a pressão de vapor da água, a 0,20 mH2O.
Pela Equação 5.24:

1760&%
N, = 3,65 = 189,6 (centrífuga rápida)
37,s0.'"

I Pelas relações de semelhança, Equações 5.28 e 5.29, tem-se:

I Na condição de início de cavitação, pela Equação 5.50, tem-se:

I 0,= 0,22 =
9,62 - 0,20 - h,,,,
26,5
.: h, = 339 m

1 5.10 PROBLEMAS

i 5.1 As curvas características de duas bombas, para uma determinada rotação


constante, são mostradas na tabela a seguir. Uma dessas duas bombas deverá
ser utilizada para bombear água através de uma tubulação de 0,10 m de diâ-
metro, 21 m de coinprimento, fator de atrito f = 0,020 e altura geométrica de
-
-
Hidráulica Basica Cap. 5
162

-
3,2 m. Selecione a bomba mais indicada para o Justifique. Para a bomba
selecionada, qual a potência requenda? Despreze

[Bomba B; Pot = 3 3 3 kW (4,80 cv)]


5.0

Figura 5.21 Pmblema 5.2.

5.2 O esquema de bombeamento mostrado na Figura 5.21 é constituído de


tubulações de aço com coeficiente de rugosidade da fórmula de Hazen-
Williams C = 130. Da bomba at6 o ponto B, existe uma disiribuição de vazão
em marcha com taxa de distnbuição constante e igual a q = 0,005 V(sm). Para
a curva característica da bomba, dada na figura, determine a vazão que chega
ao reservatóno superior e a cota piezométnca no ponto B. Despreze as perdas
localizadas e a carga cinética.
Sugestüo: reveja o conceito de vazão fictícia no Capítulo 4 e obser-
ve que os trechos AB e BC estão em "série".

5.3 A curva característica de uma bomba, na rotação de 1750 rpm, é


dada na tabela a seguir. Quando duas bombas iguais a esta são associadas
em série ou em paralelo, a vazão através do sistema é a mesma. Determine h
a vazão bombeada por uma única bomba conectada ao mesmo sistema. A
altura geométrica é nula e utilize a fórmula de Hazen-Williams. Observe
-
Cap 5 Sistemas Elevatorlos - Cavitação
163

-
que o ponto de cruzamento da curva da associação em paralelo com a
curva da associação em série, que é o ponto de funcionamento, também
pertence à curva característica da tubulação, que é representada pela fór-
mula de Hazen-Williams.

5.4 Deseja-se recalcar 10 11s de água por meio de 31

um sistema de tubulações, com as seguintes caracte- 29

rísticas: funcionamento contínuo 24h, coeficiente de 27


mgosidade da fórmula de Hazen-Williams C = 90, co- 25

5
eficiente da fórmula de Bresse K = 1.5, diâmetro de
recalque igual ao diâmetro de sucção, comprimentos
-
.E
23

21
reais das tubulações de sucção e recalque, respectiva-
1 mente, de 6,O m e 674,O m, comprimentos equivalen- 19

tes das peças existentes nas tubulaçóes de sucção e 17


recalque, respectivamente, de 43,40 m e 35,lO m, al- 15

\
tura geométrica de 20 m. Com a curva característica de O 2 4 6 8 10 12 14 ,G
uma bomba, indicada na Figura 5.22, determine: Q (tis)
a) Associando em paralelo duas destas bom- Figura 5.22 Pmblema5.4.
bas, obtém-se a vazão desejada?
b) Em caso afirmativo, qual a vazão em cada bomba?
c) Qual a vazão e a altura de elevação fornecidas por uma bomba
I
I isoladamente instalada no sistema?
d) Que verificações devem ser feitas antes de escolher a bomba, de
acordo com os pontos de funcionamento obtidos?

1 a) [Sim] b) [Q = 5,l I/s] c) [Q = 6,O Vs; H = 21,6 m]


' d) [Potência requerida e cavitação]

1 5.5 Duas bombas geometricamente semelhantes, uma com diâmetro do


!I rotor Di e outra com diâmetro Dz, possuem a mesma velocidade tangencial
(velocidade periférica). Mostre que a altura de elevação total é a mesma, en-
! quanto as vazões e as potências requeridas estão entre si, assim como o qua-
drado dos diâmetros.
I
5.6 Considere um sistema de abastecimento de por gravidade entre dois
resematórios mantidos em níveis constantes e iguais a 812,W e 800,OO m, liga-
7

-
164 Hidraulica Básica Cap. 5

-
dos por uma tubulação de 6" de diâmetro, 1025 m de comprimento e fator de
atrito f = 0,025. Desejando-se aumentar a capacidade de vazão do sistema,
instalou-se, imediatamente na saída do reservatório superior, uma bomba cen-
trífuga cuja curva característica é dada na tabela a seguir. Desprezando as per-
das de carga localizadas e a perda de carga na sucção, determine a nova vazão
recalcada, a cota piezométrica na saída da bomba e a potência requenda. Ob-
serve que, no caso, a altura geométrica na Equação 5.38 é negativa.

[Q = 28,5 11s; C.P = 823,OO m; Pot = 4,21 kW (5,73 cv)]

5.7 Uma cidade possui um sistema de abastecimento de água inaugurado em


1947, constituído por uma tubiilação de 0,15 m de diâmetro, 68+ de compn-
mento e uma bomba com rotação de 1750 ipm com a curva cai-acterística dada
na tabela a seguir. A altura geométrica é de 30 m. Em 1947, o coeficiente de
mgosidade da fórmula de Hazen-Williams era C = 130 e hoje, devido ao enve-
lhecimento da tubulação, o coeficieiite vale C = 80. Deseja-se bombear hoje a
mesma vazão que era recalcada em 1947, e para isto é necessário aumentar a
rotaçáo da bomba, deslocando sua curva característica para cima. Determinar:
a) O ponto de funcionameirto do sistema (Q, H e 11) em 1947 e hoje
b) A rotação que deve ser dada à bomba hoje para recalcar a mesma
vazão recalcada em 1947. Observar que as condições de semelhan-
ça, dadas pelas Equações 5.28 e 5.29, entre dois pontos homólogus,
leva a Hi/Hz = ( Q I I Q ~ ) ~ .
C) A potência necessária i bomba hoje, com a nova rotaçáo.

a)[Q=89m'lh,H=40m,q=76%;Q=68m'/h,H=45m,?l=64%]
b) [n = 1900 rpm]
c) [Pot = 18,96 kW (25,78 cv)]

5.8 Um sistema de bombeainei~to6 constituído por duas bombas iguais ins-


taladas em paralelo e com sucçóes independentes, com curva característica e
curva do N.P.S.H., dadas iia Figura 5.23. As tubulações de sucção e recalque
-

Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitaçáo 165

-
têm diâmetro de 4", fator de atrito f = 0,030 e os seguintes aces- ~i,,,) 2a
N.P.S.H.(a>)
sórios: na sucção, de 6,O m comprimento real, existe uma vál- 20

vula de pé com crivo e uma curva 90° RrD = 1 e no recalque, de 16


70,O m de comprimento real, existe uma válvula de retenção tipo
leve, um registro de globo e duas curvas 90° RID = 1. O nível
d'água no poço de sucção varia com o tempo, atingindo, no ve- B

rão, uma cota máxima de 709,OO m e, no inverno, uma cota míni-


ma de 706,OO m. O nível d'água no reservatório superior é
constante na cota 719,OO m. A cota de instalação do eixo da O 1 6 9 $2 li 18 2, 2
-
7 ao
bomba vale 710,OO m. Verifique o comportamento do sistema no Q [IISI
inverno e no verão, determinando os pontos de funcionamento Figura 5.23 Problema 5.8.
do sistema (Q e H), os valores do N.P.S.H. disponível nas duas
estações e o comportamento das bombas quanto h cavitação. As-
suma temperatura da água, em média, igual a 20° C .
[Invemo Q = 14,O Ils, H = 19,O m; verão Q = 16,O lls, H = 18,O m]
[Invemo N.P.S.H.d= 4,79 m; verão N.P.S.H.d = 7.76 m, não há risco de cavitação]

5.9 O ensaio de um modelo de uma bomba centrífuga é feito em um local


cuja pressão atmosférica corresponde a 10,19 mHzO e a pressão de vapor da
água, a 0,34 mHzO. A altura total de elevação do modelo é igual a 48,8 m.
Uma bomba%otótipo, geometricamente semelhante ao modelo, opera em
um local onde a pressão atmosférica corresponde a 10,33 mH20, nível do
mar, e a pressão de vapor da água, a 0,36 mHrO. a l t u r a total de sucção h,
no protótipo vale 3,05 m e a altura total de elevação, 67,lO m, assim qual o
valor da altura total de sucção no modelo? 6 = r ~ < e
[h, = 4,82 m]

5.10 Partindo da Equação 5.22 e utilizando a Equação 5.3, com q = 1,


demonstre a Equação 5.24.

5.11 Qual deve ser a rotação específica de uma bomba para recalcar
0,567 m31s de água através de uma adutora de 3050 m de comprimento, diâ-
metro de 0,60 m e fator de atrito f = 0,020, altura geométrica nula, com ro-
tação de 1750 rpm?
Qual deve ser a rotação específica se duas bombas idênticas e iguais a
esta são instaladas em paralelo e em série?

5.12 Uma bomba transfere água entre dois reservatórios mantidos no mesmo
nível, altura geométrica nula. O eixo da bomba está situado 1,83 m acima do
-7
-

166 Hidraulica Básica Cap 5

-
nível d'água de ambos os reservatórios.Para uma rotação de 1200 rpm, a vazão
descarregada é de 6,82 Vs e as perdas de carga totais na sucção e no recalque
valem, respectivamente, 2,44m e 9,15 m. Até que valores podem chegar a ro-
ração da bomba e a vazão recalcada, sem ocorrer cavitação, se o coeficiente de
cavitação crítico vale o, = 0,045? Assuma que a bomba trabalha com um rendi-
mento máximo constante e que a pressão atmosférica e a pressão de vapor da
água correspondem, respectivamente, a 10.33 mH?O e 0,26 mHzO. Que tipo de
bomba é recomendado para este trabalho? Utilize uma equação de resistênciii,
pai2 o cálculo das perda!: de carga, na foima, AH = const . Q2.
[Q = O,01 I4 m'ls, nz = 2000,6 rpm; N, = 57,6 (centrífuga lenta)]

5.13 O sistema de recalque mostrado na Figura


5.24 possui uma bomba que desenvolve uma potên-
cia de 10 cv, para a vazão recalcada, com rendimento
de 75%. Entre a bomba e o registro B há uma distri-
buição de vazão em marcha, constante, com taxa q =
0,01 Ilsm. O registro B, parcialmente fechado, provo-
ca uma perda de carga localizada dada por Ah =
0,02479, com Ah (m) e Q (Ils), para a vazão de es-
coamento, e no ponto C existe uma derivação de va-
zão Qc. A vaziio que chega ao reservatório R2 é de
5,O 11s e a aihira geométrica é de 30,O m. Desprezan-
do a carga cinética e as perdas de carga localizadas,
exceto no registro, determine a vazão derivada Q,.
Utilize a fórmula de Hazen-Williams com coeficieiite
de mgosidade C = 100. Dados:

12

-- 10
5.14 Uma bomba centrífuga está montada em uma cota topográfica
0 8

'
a
I
s
de 845,00 m, em uma instalação de recalque cuja tubulação de sucção
tem 3,5 m de comprimento, 4" de diâmetro, em P.V.C. ngido, C = 150,
1 4
a constando de uma válvula de pé com crivo e um joelho 90°. Para um
r 2
recalque de água na temperatura de 20" C e uma curva do N.P.S.H. re-
o querido dada pela Figura 5.25, deteimine a máxima vazão a ser re-
O 10 15 20 25 30
verao IltS) calcada para a cavitação incipiente. Se a vazão recalcada for .igual a 15
Ils, qual a folga entre o N.P.S.H. disponível e o N.P.S.H. requerido.
Figura 5.25 Problema 5 14
Altura estática de sucção igual a 2,O m e a bomba é não afogada.
Cap 5 Sistemas Elevatorios- Cavitaçao 167

N1
[Qm6,= 20 11s; Folga = 3,2 lu]
50
5.15 A curva característica de uma bomba centrífuga
40
é dada na Figura 5.26. Quando duas bombas iguais a
esta são associadas em série ou em paralelo, a vazão
-
E 30
I
através do sistema é a mesma. Determine a vazão bom-
?O
beada por uma única bomba quando instalada no mes-
mo sistema. A altura geométrica é igual a 10 m e utilize 10
a equação de Darcy-Weisbach.
11
[Q 14,5 m7/h] i! 5 111 11 20 25 30 31 41, 41
Q ,m 'ilil

5.16 No sistema de bombeamento mostrado tia Figura Figura 5.26 Problema 5.15.
5.27a para a vazão de recalque igual a 16 Ils, a perda de
carga total na tubulação de sucção da bomba B I é de
1,40 m. Para esta vazzo, o N.P.S.H. requerido pela bomba B2 é igual a 5,O m.
Preteiidendo-se que a folga entre o N.P.S.H. disponível e o N.P.S.H. requerido
pela bomba B2 seja igual a 3,20 m, calcule o máximo coinpnmento do trecho da
adutora entre as duas bombas. Toda a adutora, sucção e recalque é de P.V.C. I-í-
gido C = 150, de 4" de diâmetro. Temperatura média da água de 20" C.
Dado curva característica da bomba Bi. Despi-eze as perdas localizadas iio
recalque.
e,,

Figura 5.27a Figura 5.2%

5.17 O sistema de bombeamento mostrado tia Figura 5.28 tem tubulações de


sucção e recalque com diâmetros iguais a 4", em tubos metálicos (E = 0,15 mtn).
Ao longo dos 650 m da tubulação de recalque, existe uma distribuição de vazão
em marclia com uma taxa coiistante q = 0,01 I/(sm). Um manômetro coloca-
do na saída da bomba indica uma pressão de 400 kN/m2. Desprezando as
7

168 Hidráulica Básica Cap. 5

-
perdas de carga localizadas na tubulação de recalque, a carga cinética e sa-
bendo que a tubulação de sucção com 3,50 m de comprimento possui uma
válvula de pé com cnvo e um cotovelo raio curto 90°, determine
a) a vazão que chega ao reservatório superior;
b) a carga d e pressáo disponível na entrada da bomba;
c) a altura manométrica da bomba;
d) a potência necessária à bomba, supondo rendimento de 65%,
e) a potência necessária ao motor elétrico comercial
a) [Q = 7,85 Ils]; b) [p/y= - 2,98 mHiO]; c) [H, = 43,XO m];
d) [Pata = 12.89 cvj; e) [Por. = l i hp]
5.18 O sistema de bombeamento mostrado na Figura 5.29
consiste de duas bombas iguais, instaladas em paralelo, e duas
tubulações de mesmo diâmetro, comprimento e coeficiente de
nigosidade. Usando a fórmula de Hazen-Williams e conhecen-
do a curva característica de uma bomba e a curva característi-
ca do sistema de tubulações, determine a vazão em cada
Figura 5.28 Problema 5.17. tubulação e a cota piezométrica na saída das bombas. Despre-
ze as perdas localizadas e as cargas cinéticas nas tubulações.

H(,") 50
45

40

35

30

25

20

15

10

O
O 25 5 7,s 10 12.5 15 17,s 20

Q (mXIhih)
Figura 5.29 Problema 5 18.
REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

Nos capítulos anteriores, tratou-se, basicamente, das aplicações das


equações fundamentais a sistemas hidráulicos com geometria simples, como
hbulações em série, tubulações em paralelo e tubulações ramificadas. Uma

I
aplicação importante, dentro do projeto de abastecimento de água, é o di-
" V B ~ Ouma mulher de samaria a tirar
mensionamento ou verificação das redes de distribuição de água. 6gua. ~ a s u ilhe diire: ' ~ 6 - m ede
beber'."
Um sistema de distribuiçáo de água é o conjunto de tubulações, acessó-
rios, reservatórios, bombas etc., que tem a finalidade de atender, dentro de con- 4-71
~JMO

diçóes sanitárias, de vazão e pressão convenientes, a cada um dos diversos


pontos de consumo de uma cidade ou setor de abastecimento.
Evidentemente, em função do porte do problema, o sistema de abaste-
cimento toma-se bastante complexo, não só quanto ao dimensionamento, mas
também quanto à operação e manutenção. Trata-se, em geral, da parte mais
dispendiosa do projeto global de abastecimento, exigindo considerável aten-
ção do projetista no que concerne aos parâmetros do sistema, hipóteses de
cálculo assumidas e metodologias, de modo a obter um projeto eficiente.

6.2 TIPOS D E REDES


A concepção geométrica do sistema de reservatórios e tubulações, que
definem uma rede de distribuição, depende do porte da cidade a ser abastecida,
bem como de caractetísticas viárias e topográficas. De modo geral, qualquer
que seja o desenho da rede, esta é constituída por condutos que são classifica-
dos como: condutos principais ou condutos troncos e condutos secundários. Os
condutos principais são aqueles de maior diâmetro que têm por finalidade abas-
tecer os condutos secundários, enquantoestes, de menor diâmetro, têm a fun-
ção de abastecer diretamente os pontos de consumo do sistema.
De acordo com a disposição dos condutos principais e o sentido de es-
3amento nas tubulações secundárias, as redes são classificadas como rede
~mificadae rede malhada.
-
Hldraulica Basica Cap 6

-
Ponta seca A rede é classificada como ramificada quaI"
do o abastecimento se faz a partir de uma tubulação
Rescwatdiio tronco, alimentada por um reservatório de montante
de inoiitunte
ou mesmo sob pressão de um bombeamento, e a
distribuição da água é feita diretamente para os
condutos secundários, e o sentido da vazão em
Secundária
qualquer trecho da rede é conhecido. Esta concep-
ção geométrica é utilizada para o abastecimento de
pequenas comunidades, acampamentos, granjas,
Figura 6.1 Esquema de uma rede ramificada. sistemas de irrigação por aspersão etc. A Figura 6.1
apresenta um esquema desse tipo de rede.
Conforme a Figura 6.1, os pontos de derivação de vazão elou de mudan-
ça de diâmetro são chamados de nós e a tubulação entre dois nós é chamada
de trecho, o sentido do escoamento se dá da tubulação tronco para as tubula-
ções secundárias, até as exrremidade?smortas ou pontas secas.
O padrão geométrico da rede ramificada impõe que a distribuição da
vazão fique condicionada à tubulação tronco, de modo que, se ocorrer um rom-
pimento no ponto A, toda a área a jusante ficará prejudicada.
As redes malhadas, em vez de possuírem uma única tubulação tronco, são
constituídas por tubulações tronco que formam anéis ou nzalhas, nos quais há
possibilidade de reversibilidade no sentido das vazões, em função das solicita-
ções de demanda. Com esta disposição, pode-se abastecer qualquer ponto do
sistema por mais de um caminho, o que permite uma maior flexibilidade em
satisfazer a demanda e na realização da manutenção da rede com o mínimo de
interrupção no fornecimento de água.
O esquema geométrico de uma rede malhada, mostrado na
Rede secundária Figura 6.2, é o mais cornum na maioria das cidades, nas quais o
sistema viário tem um desenvolvimento em várias direções (ra-
dial).
1 Qualquer que seja o tipo da rede, malhada ou ramificada,
o projeto deve satisfazer algumas condições hidráulicas li-
mitantes, como pressões, velocidades e diâmetros. Quase sempre
a topografia do terreno é o fator determinante no projeto de uma
rede, e como os comprimentos das tubulações são razoáveis, as
perdas de carga distribuídas propiciam uma diminuição nas co-
Figura 6.2 Esquemade uma rede malhada com quamo ta~ piezométricas dos nós e, em conseqüência, nas pressões dis-
anéis ou malhas. poníveis. Como norma, o projeto deve garantir uma carga de
pressão dinâmica mínima de 15 mH20, para permitir o abasteci-
mento de um prédio de três pavimentos e uma carga de pressão estitica má-
xima de 50 mH20, a fim de reduzir as perdas por vazamentos nas juntas das
Cap. 6 Redes de Distribuição de Água
171

-
tubulações. Em sistemas de porte, em que há diferenças de cotas topográficas
superiores a 60 m, é conveniente dividir a rede em zonas de pressão, de modo
aevtta pressões excessivas nos pontos baixos da rede. O controle das pressões
mínima e máxtma pode ser feito através da instalação de bombas ou válvulas
redutoras de pressão, respectivamente
I As redes malhadas são projetadas com diâmetro m'nimo de 4" nos con-
dutos principais (anéis), admitindo-se 3" para núcleos urbanos com população
de projeto inferior a 5000 habitantes, e diâmetro mínimo de 2" na rede secun-
dária. Em geral, as perdas de carga unitárias nas tubulações normalmente uti-
lizadas variam entre J = 0 , l m1100 m a 1 m1100 m. Perdas unitárias desta
ordem correspondem, em média, a velocidades entre 0,60 m/s e 1,20 m/s, faixa
de velocidade que resulta mais satisfatória do ponto de vista operacional e eco-
nômico. Na Seção 6.4, serão discutidos os padrões de velocidades utilizados
nos projetos de redes.

Um sistema público de abastecimento de água é constituído por várias


unidades, como captação, bombeamento, adução, unidade de tratamento,
reservação e, finalmente, a rede de distribuição. O dimensiouameuto de cada
unidade tem por parâmetro de cálculo a vazão de demanda, que é diretamen-
te proporcional à população a ser atendida. A vazão média anual necessária
pode ser expressa como:
I
(Pis)
P,qm
Qm=GKi
em que P é a popula~ãoa ser abastecida, determinada por métodos estatísti-
cos de previsão populacional, a ser atingida no horizonte do projeto, q, é a
tara ou cota de consumo per capita média da comunidade em Vhabldia e h é
o número de horas de operação do sistema ou da unidade considerada.
Para levar em conta variações diárias de demanda ao longo do ano, a va-
zão média é multiplicada por um coeficiente de reforço ki, definido como coe-
ficiente do diade maior consumo, que assume valores usuais entre 1,25 e 1,50,
na forma.

A vazão Q, é denominada vazão de aduçáo e é utilizada para o dimen-


sionamento das unidades do sistema que estão a montante dos reservatórios de
distribuição, como captação, bombeamento, aduçjo, tratamento e reservação.
I -
Hidraulica Básica Cap. 6

-
Como o consumo de água em uma cidade varia no decorrer do dia, são
previstos reservatórios de distribuição com capacidade conveniente; tais reser-
vatórios servirão de volante para suprir as vazões necessárias nas horas de
grande consumo. Desta forma, a rede de distribuição deverá ser dimensionada
para uma vazão denominada vazão de dzstribuição, dada por:

em que k~ é definido como coeficiente da hora de maior consumo do dia de


maior consumo, e cujo valor comum é kz = 1 3 0 .
Os valores de q,, ki e kz adotados nos projetos vxiam com o porte do pro-
jeto e ascaracterísticas da cidade, industrial, turística etc., e, principalmente, com
o nível sócio-econômico da população a ser atendida. Um valor usual adotado,
em cidades de médio porte, para a cota per capita é q , = 200 Vhabldia.

6.4 ANÁLISE HIDRÁULICA DE REDES DE ABASTECIMENTO


A análise hidráulica das redes está baseada na utilização da equação da
continuidade, que estabelece, na condição de equilíbrio, ser nula a soma algé-
brica das vazões em cada nó da rede, e na aplicação de uma equação de resis-
tência na forma AH = KQ" aos vários trechos. Como objetivo, deve-se
determinar as vazões nos trechos e as cotas piezométricas nos nós, a partir do
conhecimento da vazão de distnbuiçáo para o sistema. Normalmente, as cargas
cinéticas e as perdas de carga localizadas são negligenciadas no cálculo da rede.
Dois tipos de problemas podem ser analisados:
a ) Problema de verificação, que consiste em determinar as vazões nos
trechos e as cotas piezométricas nos nós, para uma rede com diâme-
tros e compnrnentos conhecidos Este problema é detemnado e tem
solução única.
b) Problema d e determinação dos diâmetros, vazões nos trechos e co-
tas piezométncas nos nós, com condicionamentos nas velocidades e
pressões. Este problema admite vánas soluções, podendo, porém.
procurar-se a solução de mínimo custo.
Em relação às velocidades máximas admissíveis nos projetos, é usual a
utilização da equação empírica.

Vd,(m/s) = 0,60 +1,5,D(m) e V,,,,, 2,Omis (6.4)


Cap. 6 Redes de Distribu1ç.60de Água
173

-
Esta relação é usada para o pré-dimensionamento dos diâmetros em re-
des ramificadas e malhadas. Em forma de tabela a Equação 6.4 fica:
1- . , i ?
~,,K, >,, .I r L r ~
L9,
1

Tabela 6.1 Velocidades e vazòes máximas em redes de abastecimento. JG ' ' i,/!
i~ , ~'

I .
. .,? I . .$ ,Ar \I.

';r , '
I
,. ;,
,,i r
,r .i\ , i'l,
,, -

6.5 MÉTODOS DE CÁLCULO PARA O DIMENSIONAMENTO DE REDES


Serão abordados dois métodos simples e clássicos para o cálculo de
redes ramificadas e malhadas. Todas as aplicações em redes malhadas e
ramificadas serão, na maioria dos casos, em sistemas gravitacionais, sem
pressurização por bomba e abastecidos por um único reservatório.

6.5.1 REDES RAMIFICADAS


No caso das redes ramificadas, pelo fato de se conhecer o sentido da
vazão em cada um dos trechos, o processo de cálculo é determinado, poden-
do ser elaborado com o auxílio de uma planilha (ver Tabela 6.2), conforme o
Exemplo 6.1. O preenchimento da planilha obedece i seguinte sequência.
Coluna 1 Número do trecho - os trechos da rede ou os nós devem ser
numerados, com um critério racional, partindo do trecho
mais afastado do reservatório, que recebe o número 1.
Coluna 2 Extensão L do trecho, em metros, medido na planta topo-
gráfica ou aerofotogramétrica.
Coluna 3 Vazão de jusante Q,, se na extremidade de um ramal (ponta
seca) Q, = O. Na extremidade de jusante de um trecho T
qualquer, Q, = C Q, dos trechos abastecidos por T.
-
Hldraulica Básica Cap. 6

Coluna 4 Vazão em marcha igual a q,L, na qual q é vazão unitária de


distribuição em marcha (V(s.m)). O valor de q é constante
para todos os trechos da rede e igual à relação entre a va-
'I zão de distribuição, Equação 6.3, e o comprimento total da
I , , ,

A".
rede, .X Li.
I
/ "\ ' Coluna 5 Vazão a montante do trecho Q, = Q, +qL
.- ~ -
y--

+a
Q ", , u-
Q

--~
6 Vazão fictícia, Q, = seQj#Oou Q,=mse
2 43 1

Q j = O, isto é, se a extremidade de jusante for uma ponta


, seca. - A,

Coluna 7 ' Diâmetro D, determinado pela vazão de montante do tre-


cho, obedecendo aos limites da Tabela 6.1. I
Coluna 8 Perda de carga unitária J(m/100 m), determinada para o
diâmetro D e a vazão fictícia Qf,calculada pela equação de
resistência adotada.
I
Coluna 9 Perda de carga total no trecho, AH (m) = J.L I
Colunas 10 e 11 Cotas topográficas do terreno, obtidas na planta e relatrvas
aos nós de montante e jusante do trecho.
I
Colunas 12 e 13 Cotas piezométricas de montante e jusante, determinadas
a partir da cota piezométrica fixada para um ponto qual-
quer da rede, ou estabelecendo para o nível d'água no re-
~
servatório um valor genérico X. A partir do nível d3águaX 1
e com os valores das perdas de carga nos trechos, todas as
cotas piezométricas dos nós podem ser calculadas em fun- ,
ção de X.
Cargas de pressão disponíveis em cada nó, cota piezo-
métrica menos cota do terreno. em funcão de X. Para o
ponto mais desfavorável, iguala-se ao valor 15 mHzO, que
é a mínima cargdepressão dinâmica admitida no p s o .
~

~ ~

EXEMPLO 6.1

Dimensionar a rede de distribuição de água de uma pequena comunida-


de, cuja planta e topografia do terreno são mostradas na Figura 6.3. Determi-
nar a cota do nível d'água no reservatório para que a mínima carga de pressão
dinâmica na rede seja 15 mHzO. Determine a máxima carga de pressão está-
tica e a mãxima carga de pressão dinâmica na rede. Dados:
-

Cap. 6 Redes de Distribuição de Água

-
a) população a ser abastecida, P =
2900 hab;
b) cota de consumo per capita média,,
q, = 150 Vhabldia;
c) coeficiente do dia de maior consu-
mo, ki = 1,25;
d) coeficiente da hora de maior deman-
da, k2 = 130;
Figura 6.3 Exemplo 6.1.
e ) horas de funcionamento diário do
sistema, h = 24 h;
fl material das tubulações aço galvanizado novo, fator de atrito f =
0,026;
g) o trecho e s r e o reservatório e o ponto A, onde inicia a rede, não terá
distribuição em marcha.
Dcspreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas.
Pela Equação 6.3, a vazão de distribuição é dada por:

O comprimento total da rede, medido a partir do ponto A, vale 1270 m,


portanto a vazão unitária de distribuição em marcha, para todos os trechos da
rede, vale:

,=Qd---
- 9'44 - 0,0074 /(s.m)
L,, 1270

A planilha da Tabela 6.2 é montada seguindo a sequência de cálculos


descrita anteriormente.
A numeração dos trechos da tubulação principal foi feita em ordem cres-
cente, partindo do trecho mais afastado do reservatório.
Deve ser observado que o nó de jusante de cada trecho é o n6 de mon-
tante do trecho, ou trechos, subsequente e que a soma algébrica das vazões
nestes nós deve ser nula. Na tabela, a menos dos erros de arredondamento, a
vazão a montante do trecho 4 (jusante de 5 ) , Q = 9.41 Vs, é a própria vazão de
distribuição.
1

-
Hidráulica Básica Cap. 6

-
Tabela 6.2 Planilha de c5lculo do Exemdlo 6 1. I

. . ..%
Trn Cxiz V d 3 3 li\# Di~m J tnv H < : i > t ~ic'ncn~i~ i i i ) C'.ird ~pie,<,iniinr..i i n arri ri^ J C [UC>*:..I mH:O
n" liii, J . 1 I i i (!I,III) IUíim) (ml 5lr>nl~ 1 Jii.~n I h1iinl;n I JJ..~ I hl.,nlrn I lul.n

b t,<+kq:.~v\
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.t,:
':,>,~?,
Pela Tabela 6.2, o ponto mais desfavorável, em termos de pressão, é o nó
a jusante do trecho 4, que na planta é o ponto mais alto. A carga de pressão dis-
ponível neste ponto vale X - 116,55, que igualada a 15 mH20, impõe que o ní-
vel d'água no reservatório seja X = 131,55 m.
A máxima carga de pressão estática na rede é a diferença de cotas en-
tre o nível d'água no reservatório e o ponto de cota topográfica mais baixa,
85,O m. Assim, tem-se:
- -
Carga de pressão estática máxima = 131,55 85,O = 46,55 mHzO -

Pela Tabela 6.2, o ponto de máxima pressão dinâmica é também o nó de


cota topográfica mais baixa, 85 m, a jusante do trecho 1. Assim:
Carga de pressáo dinâmica máxima = X - 89;72 = 41,83 mHzO
Outra maneira de preencher a planilha, a partir da coluna 12, é fixar para
-~ -
I
-.
' o ponto mais alto da rede uma carga de pressáo de 15 mH20, portanto su? cota
piehmétrica, e determinar as cotas piezométricas de todos os outros nós, sub-
traindo ou somando as perdas de carga em cada trecho, conforme se ande no
'i sentido ou não da vazão, e depois verificar que tod2sps outms nós tenham
1 , carga de pressão acima do mínimo de 15 m ~ 2 0 . C ~geralm o ponto mais des-
_-J
favorável da rede é o mais alto ou o mais afastado= reservatório.
., . ",.,,., A vantagem de assumir o ponto de partida para o cálculo das cotas
piezométricas, como o nível d'água genérico X no reservatório, é que se vai
"descendo" na linha piezométrica, no sentido da vazão, sempre subtraindo a
perda de carga em cada trecho, quando se passa de um nó para o seguinte.
-

Cap 6 Redes de Distribuição de Água

EXEMPLO 6.2

A rede de tubulações representada na


Figura 6.4 serve a um sistema de irrigação por
aspersão e a uma colôiiia rural. Os aspersores
conectados nos pontos G, F e E devem propi-
ciar uma vazão de 2,O Ils, com uma carga de
pressão mínima de 10 mHzO. O trecho AB,
logo após a bomba, tem distribuição em marcha E
com vazão unitária q = 0,010 l/(sm). A tubu- Figura 6.4 Exemplo 6.2.
laçáo de sucção da bomba, com 4" de diâmetro,
tem 2,s m de comprimento, uma válv~ilade pé com crivo e um cotovelo raio
médio de 90°. Os pontos C, D e F 'estão na mesma cota geométrica. Determi-
nar a potência do motor elétrico comercial, s e o rendimento da bomba é de
70%. As tubulações são de materi- metálico e assuma cóeficiente de
rugosidade da equação de Hazen-Williams C = 100. Despreze as perdas de
cai-ga localizãdas no reoalq~iee as cargas cinéticas.
Trata-se de um problema de verificaçáo em uma rede ramificada, na qual
não há pontas secas (vazões-constantes'i~asramificações) e as pressões nos nós
são mantidas pela pressurização do sistema pela bomba.
A vazão total recalcad~pela bomba é a soma das vazões nos aspersores
mais a distribuída para a colônia, e igual a 7,O Ils.'Pela topografia, fica evidente
que o ponto mais desfavorável, em termos de pressão, é o ponto G, que está
$0 m acima do ponto mais afastado da bomba, ponto E Assim, fixando-se uma
carga de pressão em G igual a 10 mHzO, sua cota piezométrica será C.Pc =
20,O m. Seiido X a cota piezométrica logo após a bomba, a eq~iaçãoda ener-
gia entre os poiitos A e G pode ser escrita como:

X - AKAB- AHBC AHCC= C.PG


-

Coiiliecendo-se em cada trecho o diâmetro, a vazão e o coeficiente de


rugosidade, com o auxílio da Tabela 2.3, pode-se montar a tabela a seguir. Ob-
serve que, no trecho AB, a perda de carga deve ser calculada pela vazão fictí-
cia, que é a média entre Qn e Qo.

!I
/.
I
1
-
HidrBulica Básica Cap. 6

-
Portanto, a cota piezométrica na saída da bomba vale:

A cota piezométrica na entrada da bomba é determinada pela aplicação


da equação da energia à tubulação de sucção. Desprezando a carga cinética,
vem:

4, 0 - AH, = C.P,,,,, com AH, = J,.Ltaiai


As peças existentes na sucção têm comprimento equivalente, pela Tabela
3.6, igual a 29,35 m, perfazendo um comprimento toial de 2,s + 29,35 = 3135 m.
Da Tabela 2.3, para Q = 7,O l/s, tem-se:
J,= 1,574 x 104 , 0,00718F= 1,623 mil00 m
daí, C.P,, = 4,O - (1,6231100) . 3135 = 3,48 m.
A altura total de elevação H, no caso igual à altura manométrica total
H,, é a diferença entre as cotas piezométricas após e antes da bomba.
H =H, = 23.55 - 3.48 = 20,07 m, portanto a potência necessária à
bomba vale: t

P0t = 9'8'0'007'20'07 = 1,97 kW (2,76 cv)


0,70

Pela tabela do Exemplo 5.5,a potência do motor eiétrico será:


Pot, = 1,30,2,76 = 3 3 9 cv
e o motor comercia! mais próximo será de 5 hp

6.5.2 REDES MALHADAS - MÉTODO DE HARDY CROSS


O cálculo do escoamento de água em uma rede malhada envolvendo um
grande número de tubulações é muito mais complexo que nos sistemas hidráu-
licos estudados até agora. Evidentemente, a solução do problema está basea-
da nas mesmas equações e princípios aplicados às redes ramificadas, sistemas
em paralelo etc. Na resolução do problema de distnbuição de vazões pelos tre-
chos de uma rede malhada e na determinação das cotas piezométncas nos n6s,
uma série de equações simultâneas pode ser estabelecida. Estas equações são
escritas de modo a satisfazer duas condições básicas para o equilíbrio do sis-
tema, que são:
a) A soma algébrica das vazões em cada nó da rede é igual a zero.
-

Cap 6 Redes de Distribuição de Água


179

h) A soma algébrica das perdas de carga (partindo e chegando ao mes-

Ql%
mo nó) em qualquer circuito fechado dentro do sistema (malhas ou
anéis) é igual a zero.
Para aplicação dessas duas condições, em geral, con-
venciona-se que as vazões que afluem ao nó são positivas, e
as que dele derivam são negativas. Para os anéis, convenciona-
se como sentido positivo de percurso o sentido horário, de - -
modo que as vazões e, conseqüentemente, as perdas de carga, Q4 Q2 Anel
'
serão positivas se forem coincidentes como sentido prefixado 103
QD

de percurso, e negativas, caso contrário. A Figura 6.5 mostra D Q4


- C
%
a convenção a ser utilizada nas aplicações. ZQ=Q~+Q~-Q,-QA-Q~=O UH=~,+AH~-AFI-AH~=(~

No cálculo da perda de carga em cada trecho da rede Figura6.5 Convençaes utilizadas para as equaFòes
utiliza-se uma equação de resistência na forma AH = K.,Q". fundamen~ais.
Como regra geral, uma rede malhada com m. anéis ou
malhas e n nós gera um total de m + ( n 1) equa~ões'inde~endentes,e à
-

medida que a.complexidade da rede aumenta, cresce proporcionalmente o


número de equações. Evidentemente, uma solução algébrica da rede toma-se
impraticável e então se lança mão de um método de aproximações sucessivas,
com auxílio do computador;prático e muito adequado para o problema, deno-
minado método de Hardy Cross.
O método de Hardy Cross destaca-se dentre os métodos de aproxima-
ções sucessivas para o cálculo de redes malhadas, por possibilitar o desenvol-
vimento manual dos cálculos, em sistemas simples, além d e ser um método
provido de significado físico, que facilita a análise dos resultados intermediá-
rios obtidos.
O método de Hardy Cross é aplicado aos condutos principais (anéis
principais) de uma rede malhada, a partir de alguns pressupostos do projeto e
traçado da rede.
a) Uma vez lançados os anéis da rede, baseado em critérios urbanísti-
cos de distribuição de demanda, densidade populacional, vetores de
crescimento da área a ser abastecida etc., são definidos pontos fictí-
cios convenientemente localizados nas tubulações. Tais pontos, para
efeito de cálculo, substituem, do ponto de vista de demanda, uma
certa fração da área a ser abastecida, de modo a transformar vazões
por unidade de área em vazões pontuais. Imagina-se que toda a rede
seja suprida através dos anéis, em pontos fictícios de descarregamen-
to, que serão os nós da rede, para efeito de aplicação do método.
h) Conhecendo-se a topografia da área, a distância entre dois nós será
o comprimento do trecho a ser dimensionado ou, se o diâmetro já for
7

-
180 Hfdraulica Basica Cap. 6

-
i i U = 3cCLyl especificado, o trecho a ser determinada a vazão e as pressões nas ex-
3U= --.8 t L L%
-L ( 4;(UV, 4)
tremidades.
5,2 7, c) Admite-se que a distribuição em marcha que ocorre nos trechos que
'~"
formam os anéis seja substituída por uma vazão constante.
d) Supõem-se conhecidos os pontos de entrada e saída de água (reser-
vatórios, adutoras e os nós distribuídos nos anéis) e os valores da7
respectivas vazões
,IL I - ~. . .. L. . i2 :,.:. -'. e ) Atribui-se, partindo dos pontos de alimentação, uma distribuição de
> -
~ ~

(:L,, 2 i 'S .;S. <: q.~:; :. vazão hipotética Q;, pelos trechos dos anéis, obedecendo em cada iió
i)
à equação da continuidade CQi = 0.
f) Para cada trecho de cada anel, conhecendo-se o diâmetro (que pode
v *b\ : 5 \ 8 5-
1 &I -maru
>p *) ser pré-dimensionado pela condição de velocidade limite da Tabela
6.1), o comprimento e o fator de atrito, calcula-se o somatório das
perdas de carga em. todos os. anéis. Se para todos os anéis tivemos
XAH = O, a distribuição de vazões estabelecida está correta e a rede
-
é dita equilibrada.
+
gi Se, em pelo menos um dos anéis, CAH O, que é a situação mais co-
mum, a distribuição de vazão admitida será corrigida, somando-se
(compénsando-se) algebricamente a cada urna delas um valor AQ, de
modo que as novas vazões em cada trecho serão:
Q=Qa+AQ /%a, ] C 902 -". (6.5)
de mado a se atingir: i 'I4 -

expressão que desehvolvida pelo binômio de Newton torna-se:

Supondo-se que AQ é muito pequeno comparado a Q,, isto é, que os va-


lores supostos para as vazões são próximos dos valores r a s , pode-se desprezar
o terceiro termo da série e os seguintes, e daí:
-
Cap. 6 Redes de Distribuição de Agua
181

-
e finalmente:

Com as novas vazões obhdas em cada anel, recalculam-se as perdas de


carga e prossegue-se com o métodp até que se obtenham, em todos os anéis,
valores de AQ pequenos ou nulos.
O número de aproximações suceisivas necessário depende, em grande
parte, da margem de erro das estimativas iniciais das vazões e do porte da rede.
Não é objetivo do cálculo chegar a um limite muito afmado, uma vez que os
resultados obtidos não podem ser mais precisos que os dados básicos, os quais
forçosamente serão com frequência algo incertos.
Com a rede equilibrada e conhecidas as cotas piezométricas nos pontos
de alimentação, resultam imediatamente as cotas piezométncas e as pressões
disponíveis nos diversos pontos da rede. Se estas pressões forem inadequadas,
modifica-se o sistema, alterando ou a altura do reservatório ou os diâmetros de
alguns trechos.
Tanto o problema de verificação quanto, principalmente, o problema de
dimensionamento, por se utilizar de um método de aproximações sucessivas,
são extremamente laboriosos, exigindo o auxílio de um programa compu-
tacional para agilizar a análise de alternativas.

6.6 APLICAÇAO DO MÉTODO DE HARDY CROSS - O PROGRAMA


REDEM.EXE*
eietrsnico www.eescsc.urp.bi/shII na
Area Ensino de Graduasao.
O programa REDEM.EXE permite o dimensionamento ou verificação,
pelo método de Hardy Cross, de uma rede de distribuição de água com até 100
trechos e um ou mais reservatórios de alimentação, sistema unicamente por
gravidade.
O código matemático está em linguagem Quick Basic, e a interface in-
teligente, em Visual Basic. O programa aceita como equações de resistência
a equação de Hazen-Williams ou a Fórmula Universal.
A montagem do arquivo de dados é simples, sendo necersário informar
o número de trechos, o número de anéis e o número de nós da rede, a tolerân-
7

-
Hldraullca Básica Cap 6
182

-
tia na perda de carga (erro de fechamento do plano piezométrico), a tolerân-
cia da vazão (erro de balanço na equação da continuidade), o número de
iterações necessárias (10 é suficiinte), o número do nó escolhido para fixar a
carga de pressão (nó de início do cálculo do plano piezométnco), a carga de
pressão adotada para este nó e as cotas topográficas de todos os nós
Em outra tabela de entrada, deve-se informar os números dos trechos de
cada anel, com o sinal positivo se a vazão preestabelecida no início, naquele
trecho, estiver no sentido arbitrado (em geral percorrendo o anel no sentido
horário) e negativo, caso contrário.
Finalmente, a última tabela é preenchida com os números dos nós de
montante e jusante de cada trecho, respeitando o sentido arbitrado da vazão,
o valor da vazão em 11s (sem sinal), o comprimento e diâmetro de cada trecho,
o coeficiente C de rugosidade da fórmula de Hazeri-Williams ou a rugosidade
absoluta E (em milímetro) do tubo.
Não é necessário informar simultaneamente o valor do C e do E. somen-
te o correspendente à eqdação de resistência que se vai usar. Se todos os tu-
-
bos da rede tiverem a mesma rugosidade, o coeficiente pode ser dinitado
- uma
vez na primeira &lula da coluna e copiado para todos os outros trechos
Após a montagem do arquivÒ de dados, tecle o campo CALCULAR e
escdlha a equaçào de resistência que desejar. Após o cálculo, se as condições
impostas de carga de pressão mínima nos nós e velocidades nos trechos foram
respeitadas, tecle IMPRIMIR ou SALVAR, para ter a solução do problema.
Se as condições impostas de pressões e velocidades não forem atendi-
das, tecle FECHAR, voriando para a tela anterior, e altere algum dado do pio-
blema, diãmetro ou pressão no nó inicial.
O programa informa as cargas piezométticas r a s cargas de pressão em
todos os nós (junções), a distribuição de vazões (com sinal), as velocidades nos
trechos, as velocidades máximas de norma, dada pela Equação 6.4, e o custo
total das tubulaçóes, baseado em uma função de custo embutida na rotina, so-
mente para efeito de comparação entre duas ou mais soluções tecnicamente
viáveis. Observar que, se o sinal da vazão em algum trecho for negativo, isso
significa que o sentido do escoamento é invertido quanto aos 116s (montante e
jusante) previamente escolhidos.
Para iniciar, antrz no gerenciador de arquivos do Windows, vá ao drive ,
A ou B e tecle REDEM.EXE no diretório REDES. O programa REDEM.EXE
deve estar no mesmo diretório ou disquete que contém as demais bibliotecas
do Visual Basic.
Cap 6 Redes de Distribuição de ~ g u a
1 183 (
-.
O arquivo de dados pode ser salvo ou pode ser aberto, teclando o cam-
po ARQUiVO, nas formas comuns do ambiente Windows. O arquivo de resul-
tados pode ser salvo ou impresso diretamente.

Qual deve ser a cota do nível d'água no reservatóno de abastecimento


para que a mínima carga de pressão dinâmica na rede da Figura 6.6 seja de 15
mHzO. Todas as tuMulações são de PV.C rígido classe 20, E = 0,0015 mm. As
cotas topográficas dos nós são
Reservatório 1 I 2 1 3 1 4 1 5 I a 1 7
470.8 / 463,2 ( 1
460,2 ( 458,9 461.2 ( 457,7 ( 463,2 ( 459,2

A numeração dos anéis, n6s, trechos e a distri-


buição preliminar das vazões estão indicadas na Figu-
ra 6.6.
Trata-se de uma aplicação a um problemá de
verificação, pois os diâmetros e os comprimentos dos
trechos já estão especificados. A locação de cada nó-
e a respectiva demanda de vazão são feitas conforme
os critérios abordados na Seção 6.5.2. O programa
REDEM.EXE foi aplicado fixando-se a carga de pres-
são no nó 1, início da rede, atéque a m'nima carga de
pressão dinâmica nos nós seja de 15 mHzO. Outra Figura 6.6 Exemplo 6 . 3
forma mais rápiqa de equilibrar a rede é fixar a car-
ga de pressão mínima no ponto mais alto, que, em
geral, é o ponto mais desfavorável. O sentido horário de percurso dos anéis foi
convencionado como positivo. A partir do ponto de carregamento da rede, nó 1,
foi estabelecida uma distribuição preliminar de vazões em todos os trechos,
obedecendo em cada nó X Q = O. A rede tem 2 anéis, 8 trechos e 7 nós, em que ,
a ordem dos trechos em cada anel, em função do sentido da vazão adotada em
cada trecho, são 4 trechos no anel 1, (1.6, -7, -8) e 5 trechos no anel 2 (2, -3,

trocados. '.
-4, -5, -6). Os trechos comuns a do& anéis aparecem na numeração com sincús
I .

j
Os trechos podem ter todos o mesmo coeficiente de mgosidade da fót-
mula de Hazen-Williams ou mgosidade absoluta para a fórmula universal, ou
náo.
Abrindo-se o programa REDEM.EXE, pode-se criar um novo arquivo
de dados ou carregar um arquivo de dados previamente gravado.
-
-
Hldraulica Basica Cap 6
184

-
. 0
.A critrud.~dos dacios do pn)hlciiia 2 niosir.id:i 11.1
.............. .
- . . . .-.
....... . . -. -. ..........
...,. ,".,
e. < I I" .
1 ,. I <
P- Figiiiii 6 7 (ver :irquivo ESEhl(h.3).<l;iti
,i-",, observe a numeração dos trechos e dos nós de
110 TTal.ii".ii na "sida d.ig. ,
.
I
montante e jusante, com o sinal correspondente ao sen-
ri* cm~&m.Ionondr.r*rd.,m c... l: W
tido da vazão preestabelecida.
No exemplo foi adotada uma tolerância na va-
zão, valor de A Q do método de Hardy Cross, igual a
0,0001 m3/s e a tolerância no erro de fechamento da li-
nha piezométrlca$e 0,01 m, perfeitamente compatíveis
com-os dados e a natureza do problema.
A saída do programa, para a rede equilibrada após
cinco iterações do método de Hardy Cross, fornece as
vazões em cada trecho, as velocidades médias em cada
trecho, as velocidades máximas da Tabela 6.1, as cotas
Figura 6.7 Entrada de dados para o Exemplo 6.3. piezométricas nos nós e as cargas de pressão disponíveis,
e é mostrada na Figura 6.8.
- Da análise dos resultados, observa-se que as car-
gas de pressão dinâmicas variam entre 15,41 e
24,46 mHzO e que somente no trecho 3 a velocidade está muita
abaixo do valor máximo relativo à tubulação de 4".
A E Y U O L E C YELOCI0ADEE)IPGB IlTtR&FI)EE 160:
Nos trechos 3 e 6 as vazões são negativas, indicando que
estão em sentido contrário-ao anteriormente adotado.
No &echo reservatório -t nó 1, com vazão de 40 I/s, diâme-
tro de 0,25 m, comprimento de 520 m e E = 0,0015 mm, a perda
................ 116.61 15.11 ,,

de carga unitária, pela Tabela A2, vale: J = 0,211 m1100 m. A perda


total no trecho será AH = 0,211 . 5,2 = 1,10 m.
Logo, o nível d'água no teservatório será N.A. = C.PI +
+ AHrl = 486,2 + 1,10 = 487,3 m, portanto p reservatório deverá ter
COHPRIMCHTO TOTAL DA REDE -7270.
uma altura da ordem de 16,5 m (487,3 - 470,s) para garantir uma_
carga de pressão dinâmica mínima de 15 mHzO na rede.

Figura 6.8 Saída dós resultados do Exemplo 6.3. 6.7 PROBLEMAS


I
6.1 O sistema de recalque mostrado na Figura 6.9 faz parte de
um projeto de irrigação que funciona 5 horas e meia por dia. O sis-
tema possui as seguintes características:
a) tubulação de sucção com 2,5 m de comprimento, constando de uma válvula
de pé com crivo e uma curva 90" RID = 1;
-

Cap. 6 Redes de Distribuição de Água

. ,
-
b) uma bomba que mantém uma altura to-
tal de elevação de 41,90 m, para a vazão.
!ecalcada;
C) uma caixa de passagem, em nível cons-
tante, com N.A = 26,91 m;
,
d) vazão de distribuição em marcha (vazão
unitária de disCibuição) constante a pai-
tir do ponto A e igual a q = 0,02 I/(sm).
Determine:
a) os diâmetros de recalque e siicção (ado- Figura 6.9 Problema 6. I.
tar o mesmo) usando a Equação 5.18
(ver a Seção 5.4.3);
b) a carga de pressão disponível imediatamente antes e depois da bomba;
c) os diâmetros dos trechos AB e BC, sendo o ponto C uma ponta seca,
vazão nula. Dimensione os diâmetros pelas vazões de montante de
cada trecho;
d) a carga de pressão disponível no ponto B;
e) a potência do motor elétrico comercial.
Dados:
a) rendimento da bomba 65%;
b) material de todas as tubulações, ferro fundido novo, C = 130;
c) utilize a equação de Hazen-Williams;
d) perdas de carga localizadas no recalque, desprezíveis.

a) [Ds = Dr = 3"l; b) [(ply)ntms = - 2,28 mH20, (p/y)depois = 39,62


mHiO1;
NA.
C) PAB
= 125 mm, DBC= 75 mm]; d) [(p/
y)n= = 9,83 mHzO]; e) [Pot = 7,5 hp]

6.2 A rede de distribuição de água, represen-


tada na Figura 6.10, possui as seguintes caracte-
rísticas:
a) os trechos BC, CE, EF, CD e EG têm
uma vazão de distribuição em marcha
constante e igual a q = 0,010 Il(sm): G
b) os pontos D, F e G são pontas secas; Figura 6.10 Problema 6 2
1

186 Hidráulica Básica Cap. 6

-
C) as cotas topográficas dos pontos são

Determine a cota do nível de água no reservatóno, para que a mínima


carga de pressão dinâmica na rede seja de 12 mHzO. Determine a máxima carga
de pressão estática. Material da? tubulações tem C = 130
[N.A = 23,22 m; (ply),,, = 17,Z mHz01

Bomba 6.3 Na rede de distribuição de água mostra-


i/ 10 --
I o0 11s
20 ~ i s
da na Figura 6.1 I , o nível médio de água no
reservatório é de 415,OO m e a 100 m a jusante
do reservatório existe uma bomba pressuri-
800 m 800 m zadora que injeta 100 11s na rede. Todas as tu-
6" bulações são de ferro fundido novo, C = 130.
Determine as vazões nos trechos BC e DC, a
--
30 I ~ S
D c
700 m
C
10 lis
altura total de elevação e a potência necessária
à bomba para que a mínima carga de pressjo
dinâmica na rede seja igual a 10,O mHzO. Ren-
Figura 6.11 Problema 6.3.
dimento da bomba n = 72%. Despreze as oer-
das localizadas. As cotas topográficas dosiiós
são:

"8 6.4 A rede de distribuição de água da.Figura 6.13


oda de tubulação metálica com coeficiente de
rugosidade da equação de Hazen-Williams C = 140.
Qual deve ser a cota do nível d'água no reservatório
para que a mínima carga de pressão dinâmica na rede
seja de 15 mHzO. Utilize o programa REDEM.EXE
fixando uma carga de pressão de 15 mHzO no nó 5,
ponto mais alto da rede. Cotas dos n6s:

Figura 6.12 Problema 6 4


Cap 6 Redes de Distributçào de Agua
187

. q I
... I ~ ~ ~R = ~ I I 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7
..
?'"""'i':':,.':ii,=<.
.i..@j~a.(,p);~~~
,.... .. ., ' 435 1 400 1 405 1 410 1 410 ( 430 1 415 1 410
1.

[N.A. = 450,44 m]
,6.5 Considere uma rede simples, como na Figura 6.13, na qual "
todos os trechos têm o mesmo comprimento,igual a 300 m, e o
mesmo diâmetro de 8". Na entrada da rede, ponto A, a vazão é
de 100% e na saída, ponto D, também. Determine, usando a
equação de Hazen-Williams, a distribuição de vazões, em per-
centagem, nos trechos, observando que.0 resultado independe
do valor do coeficiente de rugosidade C adotado. Repita o cál-
culo usando a fórmula universal, verificando que há pequenas Figura 6.13 Problema 6.5.
alterações nas vazões quando se altera o valor do coeficiente de
iugosidade absoluta E.
[QAB= 58,08%: QBE = 16,16%; QBC = Qco= QAF = QFE = 41,92%1

6.6 (Adaptado de Dacacb (7), pp. 368- Io


370.) Dimensionar e analisar a rede de dis-
tribuição de água da cidade de Itororó-Ba,
mostrada na Figura 6.14, usando o programa
REDEM.EXE, observando para cada solução
pelo método de Hardy Cross que as pressões
nos nós devem ser maiores que a carga de
pressão dinâmica mínima 15 mHzO, e que as
velocidades nos trechos devem ser menores
que as velocidades máximas permitidas. De-
termine o nível de água no reseivatório. Ve-
rifique o custo de cada alternativa. Discuta
as soluções e apresente uma alternativa de
projeto.
I Dados do problema e características
da rede.
1 . Diâmetro mínimo a ser utilizado
nos três anéis principais igual a
100 mm. I .2 I 11s

2. Vazáo de distribuição para a rede Figura 6.14 Prohlma 6.6.


I (chegando ao nó 1) igual a 62,s 11s.
3. Rugosidade absoluta do material das tubulações, E = 0,15 mm.
I 7

Hidráulica Básica Cap. 6


188

-
TABELA A I
TABELA A2

Chafariz da Casa dos Contos - 1760


Ouro Preto -Minas Gerais
TABELA A1
-
Hidráulica Básica
192

-
, Tabela A i
1

-
Hidráulica Básica
194

-
Tabela A i
195

FATOR DE ATRITO - f Diâmetro (mm) -150


VE.! E (mm) VAZÃO
(1111s) R e y 10,0015 1 0,05 1 0.1 1 0.15 1 O,Z 1 025 1 0.3 1 0,4 1 0.5 1 0,6 1 0.7 1 0,8 1 0,9 (Ur)
0I 5 I I I3 2 2 1 I 3 f I . : l l I I ? 1.171 0 9 I I 1 2 I I i I

8.1 hiillOi1 U.iJ101i l I . , ? I I IIO??? IJ.ll??ti 0.0?4h O I I Z j j i1.18263 0 . 0 2 7 ~O.OZJ? 1,0?(1< .).ii?17 O.Li?* D . O 3 ? r '1,'
i 115 1511JU 0 , ~ l l ~ I~,I..'!Io
~Il ~1,0?l'111,02?0 11,0241 11.l125U ll.0?5x UO?71 0 0 ? b 5 11.1<~1~
uJl?l3 i l , o t 2 j í,I?t, h 4
-
-
Hidráulica Básica
196

-
I I
Tabela A I

19'
-
Hidráulica Básica
198

-
Tabela A I
199
Tabela A i
201
1

-
Hidráulica Básica
202
TABELA A2
7

--

Hidráulica Básica
204

-
7

Hidráulica Básica
206
-
Tabela A2
207

I
7

-
Hidraulica Básica
208

-
-
Tabela A2
209
-
-
Hidráulica Básica
210

-
-
Tabela A2
211

-
7

-
Hidráulica Básica
212

-
-
Tabela A2
213

-
7

Hidraulica Básica
214

-
Tabela A2
215

-
-
Hidráulica Básica
216

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PARTE II

ESCOAMENTO
PERMANENTE E
NÁO PERMANENTE
EM CONDUTOS
' "'RES

Chafariz da Casa dos Conros - 1760


Ouro Preto M i n a s Gerais
P L U V I
P L U V I A
F L U V I A L
F L U V I A L
F L U V I A L
F L U V I A L
F L U V I A L
7.1 INTRODUÇAO F L U V I A L

O escoamento de água através de uma tubulação, sob condições de con-


[Auguoto de Campos1
duto forçado, tem por principais características o fato de a tubulação ser fecha-
da, a seção ser plena, de atuar sobre o Iíquido uma pressão diferente d a
atmosférica e o escoamento se estabelecer por gravidade ou por bombeamento.
Nos condutos livres ou canais, a característica p r i n c i o a l p r e s e n c a da pres-
são atmosférica atuando sobre a superfície do Iíquido, em uma seção aberta,
como nos canais de imgação e drenagem, ou fechada, como nos condutos de
esgoto e galerias de águas pluviais. Neste caso, o escoamento se processa ne-
cessariamente por gravidade. +, .pii.., ,l;i
/.'
Os canais podem ser classificados como naturars, que são os cursos
d'água existentes na Natureza, como as pequenas correntes, córregos, rios,
estuários etc., ou artiJliciais,de seção aberta ou fechada, constmídos pelo ho-
mem, como canais de irrigação, de navegação, aquedutos, galerias etc.
Os canais podem ser ditos prismáticos se possuírem ao longo do com-
primento seção reta e declividade de fundo constantes; caso contrário, são ditos
u i o prismáticos.
Os conceitos relativos às linhas de energia e piezométrica são utilizados
nos canais de forma análoga aos condutos forçados, observando que, devido
à presença da pressão atmosférica, a linha piezométrica geralmente, mas nem
sempre, coincide com a linha d'água. Nas aplicações mais comuns em que a
linha d'água coincide com a linha piezométrica, a carga de pressão ply do
conduto forçado será substituída pela altura d'água y na seção considerada.
Apesar da similaridade no tcatamento analítico dos dois tipos de escoa-
mentos, cabe observar que existe muito mais dificuldade de tratar os condu-
tos livres do que os condutos forçados.
Primeiramente, considerando o aspecto relativo à mgosidade das pare-
des, para as tubulações usuais em condutos forçados, se tem mgosidades bem
caracterizadas, já que os tubos decorrem de produção industrial, e a gama de
variação destes materiais é pequena (ferro fundido, aço, concreto, P.V.C. etc).
-
-
Hidraulica Básica Cap. 7
222

-
O mesmo não ocorre com as iugosidades dos canais, em que, além dos tipos
de materiais usados serem em maior número, é mais difícil a especificação do
valor numérico da rugosidade em revestimentos sem controle de qualidade
industrial ou, mais difícil ainda, no caso dos canais naturais.
No que conceme ao estabelecimento dos parâmetros geométricos da
seção (área, perímetro, altura d'água), é visível a maior dificuldade para os
canais, pois, enquanto os condutos forçados têm, basicamente, seçóes circu-
lares, os canais se apresentam nas mais vanadas formas geométricas, além do

1r
que esses parâmetros geométricos podem ainda variar no espaço e no tempo
Do ponto de vista da responsabilidade técnica, os projetos em canais são
mais preocupantes, já que, se um erro de 0,30 m no plano piezométrico de uma
rede de distribuição de água não traz maiores conseqüências, uma diferença de
0,30 m no nível d'água em um projeto de sistema de esgotos ou galerias de
águas pluviais pode ser desastroso.

7.2 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DOS CANAIS


[i
Tanto nos canais prismáticos como nos
J I J = $ m m cessária
náo prismáticos,
para descrever
uma série é ne-
de parâmetrosa seção
geometricamente

Q ,
e as declividades de interesse. Conforme a Figura
y h A 7.1, os principais elementos geométricos são:
.. -- ....,
1 P a ) Área molhada ( A )é a área da seção
1" reta do escoamento, normal à direção
Figura 7.1 Elementos geométricos de uma seção. do fluxo.

b) Perímetro molhado (P) é o comprimento da parte da fronteira sólida


da seçáo do canal (fundo e paredes) em contato com o líquido, a
superfície livre não faz parte do perímetro molhado
C) Raio hidráulico (Ri,) é a relação entre a área molhada e o penmetro
molhado, e foi discutido no Capítulo 2. A/p
d ) Altura d'água ou tirante d'água ( y ) é a distância vertical do ponto
mais baixo da seção do canal até a superfície livre.
e) Altura de escoamento da seção ( h ) é a altura do escoamento medi-
da perpendicularmente ao fundo do canal.
f) Largura de topo ( B ) é a largura da seção do canal na superfície livre,
funçáo da forma geométrica da seção e da altura d'água
-

Cap. 7 Escoamentos em Superficie Livre


223

-
g) Altura hrdráulica ou altura média (H,) é a relação entre a área mo-
lhada e a largura da seção na superfície livre. É a altura de um retân-
gulo de área equivalente à área molhada.

h) Decltvrdade de fundo (I,) é a declividade longitudinal do canal. Em


geral, as declividades dos canais são baixas, podendo ser expressas
por I, = tg a sen a.
i) Declividade piezoméfrica ou declividade da linha d'água (IJ.
j) Declividade da linha de energia (If) é a variação da energia da cor-
rente no sentido do escoamento.

7.3 TIPOS DE ESCOAMENTOS


Os escoamentos nos canais podem ter por parâmetros de variabilidade o es-
I paço e o tempo, isto 15, características hidráulicas como altura d'água, área molha-
da, raio hidráulico podem variar no espaço, de s q ã o para sevão, e no tempo.
Conforme foi definido no Capítulo 1, tomando como critério compara-
tivo o tempo, os escoamentos podem ser permanentes e niío permanentes ou
variáveis.
O escoamento ou regime é permanente se a velocidade local em um
ponto qualquer da corrente permanecer invariável no tempo, em módulo e
direção. Por conseguinte, os demais parâmetros hidráulicos em uma mesma
seção transversal, como profundidade, vazão, área molhada etc., guardam um
valor constante e existe entre as diversas seções do canal uma "continuidade
de vazão".
Ao contrário, o escoamento ou regime é não permanente se a velocidade
em um certo ponto varia com o passar do tempo Neste caso, não existe uma
continuidade de vazão e as características do escoamento dependem, por sua
vez, das coordenadas do ponto considerado e do tempo. Este tipo de escoamen-
to ocorre, por exemplo, quando da passagem de uma onda de cheia através de
um canal. Deve-se, entretanto, observar que o fato de o escoamento ser perma-
nente ou não depende da posição do observador em relação à corrente, assim
o escoamento de um rio em volta do pilar de uma ponte é permanente para o
observador postado sobre a ponte e não permanente para o observador em um
barco impelido pela corrente.
Tomando como critério comparativo o espaço, os escoamentos podem

I ser uniformes e não uniformes ou variados. O escoamento ou regime é unifor-


me desde que as velocidades locais sejam paralelas entre si e constantes ao
-
-
H~dráullcaBásica Cap. 7
224

-
longo de uma mesma tr'ajetória; elas podem, entretanto, diferir de uma traje-
tória para outra. As trajetórias são retilíneas e paralelas, a linha d'água é pa-
ralela ao fundo, portanto a altura d'água é constante e I, = I,= Ir.:
Quando as trajetórias não são paralelas entre si, o escoamento é dito não
nniforme, a declividade da linha d'água não é paralela à declividade de fun-
do e os elemento; característicos do escoamento vanam de uma seção para ou-
tra. Neste caso, a declividade de fundo difere da declividade da linha d'água
I. # Ia.
O escoamento variado pode ser permanente ou variável, acelerado ou
desacelerado, se a velocidade aumenta ou diminui no sentido do movimento
O escoamento variado, por sua vez, é subdividido em gradualmente
variado e rapidamente variado. No primeiro caso, os elementos característi-
cos da corrente variam de forma lenta e gradual, de seção para seção, e no
segundo, há uma variação brusca na altura d'água e demais parâmetros, sobre
Exltlrb uma forma geom6tn~ada
.*i0 reta de um cana1 no qus1 o raio uma distância comparativamente pequena. 0 s escoamentos bmscamente va-
hidrbdlco 6 igual B altura hrdrbulica7
riados serão estudados como fenômenos locais, cujos principais exemplos são
o ressalto hidráulico, que é uma elevação bmsca da superfície livre que se
produz quando uma corrente de forte
velocidade encontra uma corrente de
fraca velocidade, e a queda brusca,
que consiste em um abaixamento notá-
vel da linha d'água sobre uma distân-
cia curta.
A Figura 7.2 apresenta alguns
tipos de escoamentos permanentes em
um canal uniforme e de declividade
constante.
Figura 7.2 Tipos de escoamentos permanentes, uniformes e variados Em resumo, os escoamentos em
canais são classificados como:

Escoamento permanente

Escoamento não permanente [var:ado


rápido
r
uniforme (muito raro)
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre

IzxI
Ainda do ponto de vista classificatório, pode-se distinguir, comp nos
condutos forçados, dois tipos de regime, laminar e turbulento. As principais
forças que amam sobre a massa líquida são a força de inércia, da gravidade,
de pressão e de atrito, pela existência de viscosidade e rugosidade, e são ex-
pressas, sendo L uma dimensão geométrica característica, como.
Força de inércia + F, = ma = pL3V2/L= pVZL2
Força da gravidade -r F, = mg = pL3 g
Força de pressão + F, = pLZ
Força viscosa -t F, = y (AVlAy) A = yVL2 1 L = yVL
O número de Reynolds é a relação entre a força d e inércia e a força
viscosa e, no estudo dos canais, este adimensional é expresso por:

Rey
pVL
=---
- VR,
v v
em que V é a velocidade média na seção considerada, Rh, O taio hidráulico da
seção e v, a viscosidade cinemática da água.
Como para os condutos forçados circulares Rh = D14 e para Rey < 2000
caracterizava regime laminar, pela Equação 7.2, para os canais tem-se Rey <
500 no regime laminar. A grande maioria das aplicações práticas ocorre para
números de Reynolds bem maiores que 500, caracterizando escoamentos tur-
bulentos.
Em um escoamento em canal a linha
O número de Reynolds permite classificar os escoamentos livres em t&s de ansrgia pode cruzar e linha d bgua?
E t linha piszam6trica pode?
tipos, como se segue:
a) Escoamento laminar Rey < 500
b) Escoamento turbulento Rey > 2000
c) Escoamento de transição 500 < Rey < 2000
Outro adimensional muito utilizado em estudos de canais é o número de I wiiiiam Froude. engenheiro briuni-
Fraude,' definido como a raiz quadrada da relação entre a força de inércia e CO. 1810.1879

a força de gravidade, e expresso por:

em que V é a velocidade média na seção, g, a aceleração da gravidade e L,,


uma dimensão característica do escoamento. Nos canais. é comum definir
-
-
H l d r a l l c a Básica Cap 7
226

como dimensão característica a altura hidráulica da seção, de modo que o


número de Froude é apresentado como:

O número de Froude é utilizado para classificar os escoamentos livres


que ocorrem nas aplicações práticas em três tipos, como se segue:
a) Escoamento subcrítico ou fluvial, Fr < 1.

Ai -- - -.dc b) Escoamento supercrítico ou torrencial, Fr > 1.


C) Escoamento crítico, Fr = 1.

No Capítulo 10, este adimensional será melhor analisado.

7.4 DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADE


Nos capítulos que serão desenvolvidos a seguir, será feitaa utilização da
velocidade média em uma seção. Embora este conceito simples seja de gran-
de utilidade, não se deve perder de vista o fato físico de que as velocidades das
várias partículas em um canal não estão uniformemente distribuídas na seção
reta do mesmo. Enquanto nos condutos forçados em tubulações circulares
existe um perfil de velocidade com simetria axial, na seção reta dos canais,

I
principalmentenos canais naturais, as velocidades variam acentuadamente de
O escoamento gradualmente variado 6
nao uniforme e permanente? um ponto a outro. A desuniformidade nos perfis de velocidades nos canais

YF-
depende da forma geométrica da seção e é devida às tensões cisalbantes no
fundo e paredes e à presença da superfície livre. De modo geral, nos canais
prismáticos, a distribuição vertical da velocidade segue uma lei aproximada-
mente parabólica, com valores decrescentes com a profundidade e a máxima
velocidade ocorrendo um pouco abaixo da superfície livre.
,, - r ,,;.\cbi ~li,\~~l A Figura 7.3 mostra, para a
~ ....- -.
.
I,\( .i.jr seção transversal de um canal pris-
mático, a forma das isotáquias ou
vmáx. / I linhas de igual velocidade e, para
0.6 Z uma seção longitudinal, um perfil

u Vmed
de velocidades.

A velocidade média em uma


Figura 7.3 Distribuiçáa de velocidade em uma seção. seção longitudinal é calculada, na
prática, como sendo a média arit-
mética entre as velocidades pon-
tuais a 0,2 h e 0,8 h, em que h é a
-
Cap. 7 Escoamentos em Superficie Livre
227

-
profundidade da seção longitudinal, ou aproximada- N.A.
mente igual à velocidade pontual a 0,4 h.
r-F&[

~LT
Um escoamento permanente que dependa de três
coordenadas x, y, e z para a definição de suas proprie-
dades e caractedsticas é dito tridimensional. Esta situa-
r v=""<
ção ocorre em canais retangulares estreitos nos quais a
relação entre a largura na superfície livre e a altura
o s
YO.!
d'água é menor que 3. & . medida que esta proporçáo a 2
m.
cresce, pode-se utilizar um modelo mais conveniente D

para descrever o campo de velocidades, chamado bidi-


mensional, no qual v(x,y). A velocidade média na seçáo Figura 7.4 Velocidade média em urna seção longitudinal.
. longitudinal de altura d'água y é dada por:
I ./- = h

Y o
J dqL@,,&
2\/^,".&+~@,s'.
Os cálculos são consideravelmente simplificados com a adoção do mo- -- - ~ ~~

de10 unidimensional, no qual v(x), isto é, a velocidade pontual, só depende de 2


uma coordenada geométrica ao longo do canal, e a velocidade média na seção
reta é a velocidade única e representativa.
Devido à não uniformidade na distribuição das velocidades nas seções
dos canais, em algumas aplicações às vezes é necessário fazer uso dos coefi-
cientes de correção da energia cinética e da quantidade de movimento, coefi-
ciente de Coriolis e Boussinesq, respectivamente, discutidos na Seção 1.2.3.
As Equações 1.14 e 1.17 apresentam estes coeficientes como:

em que A é a área da seção reta, v, a velocidade pontual e V, a velocidade


média na seção.
Se o escoamento for bidimensional como em um canal retangular lar-
go (B > IOy), no qual A = B y e, portanto, dA = B,dy, em que y é a distância
do fundo do canal ao ponto de velocidade v, as Equações 7.6 e 7.7 ficam:
7

Hidraulica Básica Cap. 7


s28

As integrais das Equações 7.8 e 7.9 podem ser resolvidas analiticamen-


te, desde que se conheça a função v = v(y), isto é, a equação do perfil de ve-
locidade ou, numericamente, desde que se tenham medidas pontuais d a ~
velocidades em várias verticais.
Devido i não uniformidade na distribuição das velocidades, a carga
cinética, que é uma das componentes da carga total em uma seção, assume um
valor maior que aquele computado por VZ/2g,em que V é a velocidade média
na seção. Quando a equação da energia é usada, a verdadeira carga cinética
deve ser expressa por aV2/2g.
Dados experimentais indicam que o valor de a varia entre 1 ,O3 e 1,36
para escoamento turbulento em canais prismáticos razoavelmente retilíneos. O
valor de a é geralmente maior para os canais pequenos e menor para canas
maiores com considerável altura d'água. Nas mesmas condições, os valores de
P ~ ~ Z O ~ ~ I I Inunca pode ser
CB
ascendente? p vanam de 1,01 a 1,12. Para canais retilíneos de seção reta regular, o efeito
da não uniformidade das velocidades é pequeno e, na maioria das aplicações
práticas, os coeficientes a e p são assumidos iguais à unidade.

EXEMPLO 7.1

I Y Considere o escoamento bidimensional em um ca-


~ ~ ~ ~ - ~ - - - - . - ~---.......
....-..-.-..-.
.- - -.
..
-..
-.
~..
~.-- - - ~---... na1 retangular largo, cujo perfil de velocidade é mostrado na
o,60 m/$ Figura 7.5. A velocidade próxima ao fundo é de 0,30 m/s e
a 1,20 m do fundo a velocidade é máxima e igual a 0,60
1,SOm mls. O perfil de velocidade pode ser aproximado por uma
1.20 m
parábola, como na figura. Determine a velocidade média
0.30 m/s - na seção e os coeficientes a e p. Verifique se o regime de
7 / / ~ / / / / / / i / / / ~ / ,/,///////A escoamento é larninar ou turbulento e também se é fluvi-
Figura 7.5 Pertil develocidadedo Exemplo 7.1.
al ou torrencial. Viscosidade cinemática da água
v= m2/s.
Cap. 7 Escoamentos em Superficie Livre
I 1
229

Sendo a distribuição vertical da velocidade descrita por um perfil para-


bólico, é da forma v(y) = ayZ+ by + c, com a, b e c parâmetros a determinar.
As condições do problema são:

Portanto, das três equações, os valores dos parâmetros são: a = - 0,2083,


b = 030 e c = 0,30, e o perfil é dado por: v(y) = - 0,2083 y2 + 0,50.y + 0.30.
A velocidade média é dada pela Equação 7.5, para uma abscissa x fixa.

Pela Equação 7.8, o coeficiente a vale:

Pela Equação 7.9, o coeficiente P vale:

Para um canal retangular largo, o raio hidráulico é aproximadamente


igual à altura d'água, pois:

A
R h --=-
- P BB+ '2y, y , como B» y .O. R,= y + R, = 1.5 m, daí:
-.

-
Hidráulica Básica Cap. 7
230

-
V.Rh
Rey = -- - 0'519'1'5 = 7,785.10' > 2000 ;. regime turbulento.
v ~ o - ~
Para um canal retangular, a altura hidráulica é a própria altura d'água,
pois pela Equação 7.1:

portanto, pela Equação 7.4, o número de Froude vale:

V 0,s 19
Fr =--- = 0,135 < 1 .: regime fluvial

Para uma distribuição de velocidades dada de forma discreta através de


um conjunto de pares de pontos de velocidade pontual (v) e ordenada marcada
a partir do fundo do canal (y), a determinação dos coeficientes a e P pode ser
feita com o uso do programa COEF.EXE.* Este programa determina a velo-
cidade média e os coeficientes a e P para uma seção trapezoidal com largura
fianico www.earsac.usp.brlPnr na
de fundo b, altura d'água y e proporção horizontal da inclinação do talude Z
6rea Ensino de Gi*du.~ao. (lV:ZH), dado o perfil de velocidade, pela integraçáo numérica das Equações
1.14 e 1.17. Para o escoamento hidimensional, canal retangular largo, é feita
a integração numérica das Equações 7.8 e 7.9, e o programa pode ser usado
fazendo Z = O e adotando um valor b >> y (ver Problema'7.3).

7.5 DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO


Outra componente da equação de energia é a carga de pressão plyem
um determinado ponto do escoamento e que pode ser medida pela altura
alcançada pela água em um piezômetro colocado no ponto.
Em relação ao perfil de pressão em uma determinada seção, os escoa-
mentos em canais podem ser classificados como paralelo, no qual as linhas de
corrente são retas paralelas, não apresentam curvaturas e o efeito de compo-
nentes de acelerações normais & direção do fluxo, devido à força centrífuga,
é desprezível,e curvilíneo, quando o efeito centrífugo devido & curvatura das
linhas de corrente não é negligenciável.
Considere o escoamento livre de um fluido incompressível sobre o fuu-
do côncavo de um canal, como na Figura 7.6.
-

Cap. 7 Escoamentos em Superficie Livre


231

Conforme foi visto na Seção 1.2, a equação do movimento de um flui-


do em que não se manifestam os efeitos da viscosidade e conseqüentes esfor-
ços cisalhantes, Equação 1.2, pode ser escrita como:

na qual os termos do lado direito são a aceleração de transporte e a aceleração


local. Para o escoamento permanente de um fluido incompressível, a acelera-
ção local é nula e a equaçilo pode ser escrita como:

A Equação 7.11 é a equação de Euler aplicada ao longo de uma linha


reta s no campo de escoamento, e o termo do lado direito é a aceleração nor-
mal da massa que se desloca segundo uma linha curva de raio r, conforme a
Figura 7.6.
Admitindo que todas as linhas de corrente tenham a mesma velocidade
e o raio de curvatura r seja constante, a Equação 7.1 1 pode ser integrada na for-
ma:

Figura 7.6 Escoamento sobre um fundo


côncavo.

De acordo com a Figura 7.6, as condições de contorno para a equação


são.
a) para s = O (z = 0 ) + p = Cte ou, no fundo do canal, pr = cte.
6 ) para s = h (z = y) + p = p, = O (pressão atmosf&ica)+
+ y y = - p - hv2
tcte.
r
A lei de dimtibuipiio de pnosiio hi-
Portanto, a distribuição de pressão entre a superfície livre e o fundo do dlOsldtiC& em um canal significa que
canal é dada por: em uma determinada ~ $ 9 a0 preooiio
v e m Ilnearnnnta? por qus, na pi611ca,
pwibse aplicar sala lei aos
ircoamamos permsmntes gadual-
m n t e variado*?
-
-
Hidráulica Msica Cap. 7
232

A Equação 7.13 mostra que a distribuição


de pressão é a soma do efeito hidrostático, carga
de pressão yy, com o efeito centrífugo devido à
aceleração normal do escoamento, que aumenta a
pressão no fundo se a curva for côncava e diminui
se for convexa, conforme Figura 7.7.

7.5.1 ESCOAMENTO PARALELO


Efeito cenfriiugo
Figura 7.7 Distnbuiçáo de pressáo em fundo curvo.
Se o escoamento for paralelo, isto é, se as
linhas de corrente forem retas paralelas como no
escoamento uniforme, na Equação 7.13 tem-se r-tm e
a aceleração normal é nula, portanto:

*
pf=yy=yhcosa (7.14)

.---__ _ 7.5.2 INFLUÊNCIA DA DECLIVIDADE


1, DE FUNDO
'Y hcosa -----...--L
Considere as condições de escoametito em um
canal de grande declividade no qual não há aceleração
Figura 7.8 Distnbuiqáo de pressão em escoamento paralelo. normal e a velocidade é uniforme na seção e paralela ao
,

. .:..
fundo, isto é, as linhas de corrente são paralelas ao fun-
- 7.9.
do do canal, conforme a Figura
Sobre o elemento.de volume de espessura dx, largura unitá-
ria e altura h, as forças atuantes na direção s são a componente do
.:..
L>>. peso do elemento e a força de pressão na base. A condição de equi-
líbrio na direção s impõe:
dw=yhdx
pdx=yhdxcosa (7.15)
Q\
Como h = y.coscc, em que y é a altura do escoamento medi-
Figura 7.9 Canal de grande declividade. da verticalmente, vem:

Observe que, apesar de o escoamento ser paralelo e a velocidade, uni-


forme, a distribuição de pressão dada pela Equação 7.16, isto é, a carga de
pressão ply para qualquer altura vertical é igual a esta altura multiplicada pelo
fator de correção cos2a. Como em rios e canais a declividade de fundo, em
geral, não assume valores maiores que 0,01 mfm, o que corresponde a cos2a =
0,9999, pode-se confundir a altura y, medida na vertical, com a altura h, me-
dida formando um ângulo reto com o fundo do canal.
-

Cap. 7 Escoamentos em Supeificie Livre


233

-
O mesmo não acontece, por exemplo, com o escoamento no trecho
retilíneo, e de grande declividade, de um vertedor de uma barragem, como na
Figura 7.2.
Portanto, no escoamento em canais, a superfície livre coincide com a
linha piezométrica, desde que a distribuição de pressão seja hidrostática, isto
é, se a curvatura vertical das linhas de corrente e acelerações forem desprezí-
veis e o canal for de baixa declividade.
No escoamento permanente gradualmente variado, levando em conta
que a alteração da altura d'água de seção a seção é suave e a curvatura das
linhas de corrente, pequena, para efeito prático, o escoamento será assumido
paralelo e a distribuição de pressão, hidrostática.
Desta forma, na grande maioria dos casos a serem
estudados em canais de fraca declividade, abertos ou fecha-
dos, existirá a distribuição hidrostática de pressão e a linha r
piezométrica coincidirá com a linha d'água. Para estas con- .....
dições, a carga piezométrica (p/? + z) é constante na seção e
a energia total, por unidade de peso, em relação a um certo
plano horizontal de referência, assumindo que a distribuição P.H.R.
de velocidade seja uniforme (a= 1) e a distribuição de pres-
são, hidrostática (p = y y), é dada por: Figura 7.10 Carga total em uma seção, distribuição hi-
drostática.

H = z + - +P - vZ = z + y + -v2 (m)
Y 2g 2g

7.6 PROBLEMAS

7.1 Classifique, quanto à variabilidade no espaço e no tempo, os seguintes


escoamentos:
a) Escoamento em uma sarjeta de uma ma durante uma chuva.
h) Escoamento em um longo canal prismático, de dimensões fixas, com
declividade e rugosidade constantes.
C) Escoamento em um vale após o rompimento de uma barragem
d) Escoamento com vazão constante no tempo em uma tubulação na
qual a seção reta aumenta na direção do fluxo.
7.17 a um escoamento do tipo da
7.2 Em um canal regular de seção trapezoidal de declividade constante, com Figura 7 e?

largura de fundo igual a 1 , O m, inclinação dos taludes 1H:IV (Z = I), a altu- I


ra d'água é igual a 0,80 m e a velocidade média, 0,85 d s . Verifique a influên-
-
7

Hidráulica Básica Cap. 7


234

-
tia das forças viscosa e da gravidade avaliando os regimes do escoamento atra-
vés da determinação dos números de Reynolds e Froude. Viscosidade da água
v = 106 m2/s.
[Rey = 3.75-105: Fr = 0,365; Regime turbulento e fluvial]

7.3 As velocidades medidas em várias alturas do escoamento em um canal


trapezoidal de largura de fundo igual a 4,O m e inclinação dos taludes 1V:ZH
(2 = 2) e altura d'água de 1,20 m são listadas na tabela seguinte. Utilizando
o programa COEEEXE, determine a velocidade média e os coeficientes a e
p da seçáo.
Repita o cálculo assumindo escoamento bidimensional (canal retangu-
lar largo).

7.4 A distribuição de velocidade em um rio muito largo de 3,O m de profun-


didade pode ser aproximada pela equação v = 0,s + (y/3)0,5com ~ ( d se)y(m),
em que y é a ordenada medida a partir do fundo. Determine os coeficientes n
e p analiticamente através das Equações 7.5, 7.8 e 7.9 e usando p programa
COEEEXE, adotando os valores de y a cada 0,20 m e calculando os corres-
pondentes valores de v.
[Analftico+ a = 1,12; P = 1,04; Numérico- n = 1,13; B = 1,041

7.5 Considere o escoamento em um canal retangular de grande declividade,


como na Figura 7.9, no qual a declividade de fundo é 0 e a altura d'água
medida verticalmente é y. Mostre que a força devido à distribuição de pressão
sobre as paredes verticais do canal e o momento desta força em relação à base
da parede valem respectivamente:

7.6 Considere um escoamento bidimensional em um canal com profundidade


h. Assumindo um perfil de velocidade logatítmico dado pela equação:
Cap 7 Escoamentos em Superfície Livre
235

-
v =o
- ( ) (ver Problema 2.5)
u*

na qual z é uma ordenada medida a partir do fundo do canal e v é a velocida-


de pontual, demonstre que:
a) vmédia5 v~qh,isto 6, a velocidade média é aproximadamente a velo-
cidade a 40% da profundidade da seção, medida a partir do fundo.
b) vmédia5 112 ( V O ,+Z ~
vg,gh), isto é, a velocidade média é aproximada-
mente a média aritmética entre as velocidades medidas a 20% e 80%
da profundidade.
Repita a aplicação adotando um perfil de velocidade parabólico com as
seguintes condições:

7.7 Considere duas seções de canais, uma circular de 1 m de diâmetro es-


coando a meia seção e outra retangular com altura d'água igual à da seção cir-
cular Se os números de Froude dos escoamentos nas duas seções forem iguais,
mostre que entre a velocidade média na seção circular, V,, e a velocidade
média na seção retangular, V,, existe a seguinte relação:

7.8 Estude a distribuição de pressão, segundo a vertical de um escoamento


uniforme, circulando em um canal inclinado de 30" com a horizontal. Calcule a
pressão em um ponto do líquido distante verticalmente 2 m da superfície livre.
[p = 14,70 kNím2]

7.9 Considere o escoamento permanente, livre, no pé do vertedor de uma


barragem como sendo aproximado por um modelo em que as linhas de corren-
te são arcos de círculos, e que a distribuição de velocidade ao longo da linha
AO obedece ao padrão de vórtice livre ou zrrotacional, isto é, dada por: V =
CíR, em que C é uma constante e R, o raio de curvatura de uma linha de cor-
rente qualquer, conforme Figura 7.11. Sendo Ri e R, os raios de curvatura das
7

-
Hidráulca Básica Cap. 7
236

-
linhas de corrente limites, superfície Iivre e fundo, e conhecendo a velocida-
de Vi da linha de corrente de raio Ri, mostre que a pressão devido ao efeito
centrífugo na base do vertedor, segundo a Figura 7.7, é dada por:

7.10 Em um experimento de laboratório instalou-se, lia parede vertical de um


canal de 0,25 m de profundidade, 5 tomadas de pressão igualmente espaçadas
Figura 7.11 Problema 7 9 na vertical, de 5 cm, a partir da superfície livre Os valores das cargas de pres-
são medidas e5tão na tabela abaixo, em mmH20. Determine.
a) a força sobre a parede do caiial por unidade de comprimento;
b) a relação entre a força determinada experimentalmente e aquela que
se obteria adotando-se uma distribuição de pressão hidrostática.
CANAIS - ESCOAMENTO PERMANENTE E
UNIFORME

Conforme visto no capítulo anterior, o escoamento uniforme é aquele


em que há uma constância dos parâmetros hidráulicos, como área molhada, al-
tura d'água etc., para as várias seçóes do canal.
Obviamente, este tipo de escoamento no qual a velocidade média é
constante só ocorre em condições de equilíbrio dinâmico, isto é, quando hon-
ver um balanceamento entre a força aceleradora e a força de resistência que
tente sustar o movimento.
A força de resistência depende da velocidade média do escoamento,
portanto é necessário que esta velocidade atinja um determinado valor para que
haja equilíbrio entre essas forças. Também, é necessário que o canal prismático ,+.L~c
. r^*-
tenha um comprimento razoável e declividade e rugosidade constantes, para
que haja possibilidade do estabelecimento do escoamento permanente e uni-
forme, fora dos trechos onde existe a influência das extremidades de montante
.
i c""C
-e
i~
' : --

e jusante.
Considere o escoamento apresentado na Fi-
gura 8.1, em que um canal prismático, de decli-
Escoamento
-- variado
Escoamento
unifomievariado - Escoamento

vidade e mgosidade constantes, é alimentado por ....~


..~
~ ~ . . ~
~...~
. . . _
--.. ... ------~---
.......... ~L>EEEEEEEEEEEEEE
um reservatório mantido em nível constante e ter- ...~.~...~-
~ .~
.~
mina em uma queda brusca.
Admitindo-se que o canal seia suficientemen-
I
te longo para que possa ser estabelecido o escoa-
mento uniforme, o desenvolvimento do fenômeno
pode ser descrito da seguinte forma.
A força resistiva originada por uma tensão
t'
Figura 8.1 Escoamento uniforme e não uniforme.
de cisalhamento entre a água e o perímetro mo-
lhado, que depende da viscosidade do fluido e da rugosidade do canal, é fun-
ção da velocidade média. A força aceleradora é a componente da força da
gravidade na direção do escoamento.
-
1
Hidráulica Básica Cap. B
238

-
No trecho inicial do canal, haverá uma aceleração do escoamento neces-
sária para a velocidade passar de um valor praticamente zero no reservatório
para um valor finito. Neste trecho, há um desbalanceamento das forças, já que
a componente da força de gravidade supera a força resistiva. Com o aumento
da velocidade, cresce a força de resistência até que esta se toma, em módulo,
igual e oposta à componente da gravidade. Ao se atingir o equilíbrio, chega-se
a um movimento com velocidade constante, que é caracterizado pela constân-
cia da vazão através da seção reta e constância da altura d'água, identificando
o escoamento uniforme. Próximo i extremidade de jusante, o escoamento é in-
fluenciado pela presença da queda livre e existe novamente o desbalancea-
mento das forças, caracterizando um escoamento acelerado no qual a altura
d'água varia gradualmente, o que é chamado de escoamento permanente gra-
dualmente variado.
Desta maneira, pode-se verificar que, em canais curtos, as condições de
escoamento uniforme não são atingidas e que este tipo de escoamento é difí-
cil de ocorrer na prática, porém a adoção deste modelo forma a base para os
cálculos de escoamentos em canais.
Este capítulo tratará essencialmente de canais prismáticos, de baixa
declividade, com fronteira rígida (não sujeita à erosão) e altura d'água cons-
tante y, chamada altura normal.
I, ükv*~
* 9-)t;UD-r;.k~~~ = U.
r\- ,IL.cc~~\M.&~\.~.O-A+=-

8.2 EQUAÇÕES DE RESISTÊNCIA


-C
- -o &a
.
4ecc;E, --o
--!azxya -r--
<-\O -
Como nus condutos forçados, os cálculos em canais estáo baseados em
equações de resistência, equações que ligam a perda de carga em um trecho à
\>
velocidade média, ou vazão, através de parâmetros geométricos e da mgo-
L iL-%i..h<P"
ra,:o!L
sidade do perímetro molhado. Para o caso do escoamento permanente e uni-
\'i>% forme em canais prismáticos com declividade de fundo baixa, isto pode ser
cbLn-c.. \L.. r.c2.. -
feito a partir da condição de equilíbrio dinâmico entre as forças que atuam so-
bre a massa d'água.
Para um trecho de canal com declividade de

\Gf-
fundo I,, tal que se possa tomar a altura d'água me-
dida na vertical, conforme foi visto no capítulo ante-
rior, as forças que atuam sobre o volume de controle
~~...~.
..~~.. ABCD, da Figura 8.2, são a componente da força de
gravidade na direção do escoamento, W.sena, as for-
ças de pressão hidrostática e a força de cisalhamento
nas paredes e fundo.
Aplicando a 2"ei de Newton ao volume de
controle, tem-se:
Figura 8.2 Forças que atuam sobre a massa fluida.
~ a p . - 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme 1 1
239

Já que, por hipótese, o escoamento é uniforme, yi = yz = YO, e, portan-


to, F, = F2,e como W = y A L, em que A é a área molhada e P, o perímetro, a
Equação 8.1 fica:

e daí:

Como, para ângulos pequenos (a < 6 O ) , pode ser feita a aproximação:


sen a = tg a = Az/L = I,

fica:

em que .L, é a tensão média de cisalhamento sobre o perímetro molhado. .L< O c%,,.* ..c,,,?.~ ,IC.IC.A.T~~>:<
Observe que a Equação 8.4 é a mesma equação deduzida na Seção 1.4,
Equação 1.25, para cundutos forçados, trocando-se a perda de carga unitária
I*= 1- = Ty,,
. ,L,
J pela declividade de fundo do canal I,, que no caso é igual à declividade da
linha de energia Ir.

como:
Conforme a Equação 1.27, a tensão de cisalhamento pode ser escrita
+:A
rko
I

q7
L .(c.
j
o
,~~&-dn
Lc

L?

em que f é o fator de atnto, função do número de Reynolds e da rugosidade


da parede. Assumindo que o raio hidráulico seja o parâmetro que serve para
levar em conta as diferenças de forma entre seções retas de tubos circulares e
canais prismáticos, a Equação 8.4 pode ser comparada com a Equação 8.5
que após desenvolvida fica:

Fazendo C =
E - tem-se finalmente:

1. Antoina m Chery. engenheiro e mate


A Equação 8.8 é conhecida como fórmula de Chéq, L em que C é o coe-
m b t i c ~Irances, 1718.1798. ficiente de resistência ou coeficiente de mgosidade de Chézy. Esta equação é
indicada para os escoamentos turbulentos mgosos em canais.
Utilizando-se a equação da continuidade, a fórmula de Chézy toma-se:

- I
L-

Esta é a equação fundamental do e-ento -- permanente uniforme em


canais.
A Equação 8.8 pode ser deduzida diretamente da equação de Darcy-
Weisbach, Equação 1.20, em sua forma generalizada, usando o conceito do
diâmetro hidráulico da seção. Isto fica a cargo do leitor.
Considere agora o caso mais geral, no qual
o escoamento é permanente variado, portanto a
velocidade média pode mudar na direção do es-
coamento. A Figura 8.3 mostra um volume de
controle elementar e as forças que atuam sobre a
água, como no caso anterior, gravidade, atrito e de
pressão. Como hipótese, a declividade de fundo é
pequena e a distribuição de pressão, hidrostática.
Figura 8.3 Forças que atuam sobre o volume elementar

a ) Força da gravidade
A componente do peso na direção do escoamento é dada por:
Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

Iu1 I
como a declividade é assumida pequena, sen a s tg a z d z l d x . Note que
o sinal é negativo, indicando que a cota topográfica z diminui com o anmen-
to de x. Assim:

b) Força de pressáo
Entre as seções I e 2, temos as seguintes variações
A altura d'água na seção 1 é y e na seção 2 é:

A área da seção reta na seção 1 é A e na seção 2 é:

A força de pressão sobre uma superfície plana de área A, em que i é a dis-


tância vertical que vai desde a superfície livre até o centro de gravidade da
área. vale:

desprezando-se as diferenças de ordem superior. Portanto, existe entre as se-


ções 1 e 2 uma força de pressão desbalanceada igual a:

Como tanto quanto A são função de y e este, por sua vez, é função de x,
pode-se escrever:
-
-
Hidráulica Básica Cap 8
242

1_

Como a coordenada do centro de gravidade de uma área plana, segundo a


Figura 8.3, é dada por:

d dA
mas como - l y d A = y-
dy dy

vem finalmente:

Substituindo na Equação 8.12 a resultante das forças de pressão na direção


x, fica:

C) Força de atrito
A força de atrito que se opõe ao movimento é igual ao produto da tensão
média de cisalhamento z,pela área de contato com o perímetro molhado P.

A resultante das três forças na direção do escoamento é dada por:


Cap 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

243 1
Pela 2qe1 de Newton, a força resultante é produto da massa do volume de
controle pela aceleração na direção x. Como, por hipótese, o escoamento é
permanente e a aceleração local é nula, só há aceleração de transporte ou
convectiva; deste modo, fica:

portanto

O termo entre parênteses é a carga total H na seção, conforme Equação


7.17, logo:

em que Ir = - dH/dx é a declividade da linha de energia.


A Equação 8.22 é válida para escoamentos permanentes, uniformes ou não
uniformes. Se o escoamento for uniforme, a linha de fundo é paralela à li-
nha d'água e à linha de energia (I, = I, = If),de modo que a Equação 8.4
toma-se um caso particular da Equação 8.22.
Para os canais, o conceito de velocidade de atrito discutido na Seção 1.4
fica, usando a Equação 8.22:

8.2.1 FÓRMULA DE MANNING


Diferentes fórmulas de ongem empírica são propostas para o cálculo do
coeficiente C de Chézy, ligando-o ao raio hidráulico da seção. Uma relação
-
-
Hidráulica Básica Cap. 8
244

-
simples, e atualmente a mais empregada, foi proposta por Manningz em 1889,
através da análise de resultados experimentais obtidos por ele e outros pesqui-
mando, 1816-1897
sadores. A relação empírica é da forma:

Substituindo a Equação 8.24 na Equação 8.8, vem:

A Equação 8.25 é denominada fórmula de Manning, válida para os es-


coamentos permanentes, uniformes e turbulentos mgosos, com grande número
de Reynolds. Nestas condições, o coeficiente n de Manning permanece cons-
tante para uma rugosidade dada, enquanto o coeficiente de Chézy é proporcio-
nal à mgosidade relativa da seçáo Rdn.
Combinando-se a Equação 8.24 com a Equação 8.9, chega-se a:

Esta equação será a base de cálculo para os problemas sobre escoamen-


tos livres.
Deve-se observar que a fórmula de Manning, além de ter uma origem
empíriea, carrega um coeficiente n que não é um adimensional. Os valores do
coeficiente n para vários tivos de revestimentos em canais artificiais e em
cursos d'água naturais encontram-se nas7Tabetas 8.5 e 8.6.
(P='~ :.2 3 3 ,'
. -
8.3 OS COEFICIENTES C E n
De acordo com a Equação 8.7, o coeficiente C da fórmula de Chézy
depende do fator de atrito f, que é função do número de Reynolds e da rugo-
sidade da parede Embora o comportamento do fator de atrito em tubos circu-
lares seja bem definido, conforme foi visto no Capítulo 2, o mesmo não ocorre
com o coeficiente C nos canais. A dificuldade na especificação do fator de re-
sistência nos canais é devida à gama muito maior de revestimentos de paredes
e às formas geométricas.
Ainda tomando como modelo o escoamento em tubos circulares, foi mos-
trado na Seçáo 2.1.2. que os escoamentos turbulentos podem ser divididos em
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme
245

A
.. -
:
hidraulicamente liso, de transição e hidraulicamente mgoso e que o parâmetro - -4,3.n&~a/''*~
número de Reynolds de mgosidade servia de base na classificação como: & *= L L m E
/3
- & si ~ 2 ~ 7 0
U* E
5 5 Rey* =-570 (8.27) - / 3ur mo :
v
h*;
b
O escoamento é considerado turbulento liso se Rey* < 5, mgoso se
Rey* > 70 e de transição no intervalo.
O que foi discutido na Seção 2.3 sobre a influência do número de Reynolds
e da rugosidade relativa sobre o fator de atrito em tubulações circulares pode ser
estendido para os canais, de modo a caracterizar o tipo de escoamento para o
qual os coeficientes C e n ficam constantes.
Como no diagrama de Moody, a partir de um determinado número de
Reynolds, o fator de atrito fica constante, as Equações 8.8 e 8.25 só devem ser
aplicadas quando o escoamento no canal se tomar turbulento mgoso Rey* > 70,
pois nesta faixa os coeficientes C e n são constantes.
Como o coeficiente n da fórmula de Manning não tem um significado
físico determinado, enquanto o parâmetro E tem base física e é relacionado
com o tamanho da mgosidade da parede e pode ser medido, é interessante ob-
servar a dependência entre os dois no escoamento turbulento rugoso. Para isso,
basta comparar a equação empírica de Manning com uma equação de resistên- de ~ U ~ O S In~6 ~um
Wparametio
adimensianll como o fatoi de atrito f?
cia mais exata.
Utilizando o conceito do diâmetro hidráulico da seção, a Equação 2.34
desenvolvida para os condutos rugosos pode ser escrita como:

Pela Equação 8.7, o valor de C pode ser posto em função de E como:

Assumindo que o coeficiente C seja proporcional ã mgosidade relativa


Rdc, na forma:
-
-
Hidráulica Basica Cap 8
246

o coeficiente de proporcionalidade m pode ser


determinado por meio do gráfico das Equações
8 29 e 8.30, F~gura8 4. O valor de m é aquele que
mais aproxima as duas curvas e vale m = 25,6.
Assim, tem-se finalmente:

Figura 8.4 Comparação entre equações de resistência que resulta em:

Portanto, a fórmula de Manning, no escoamento turbulento rugoso, pode


ser posta como:

Pela Equação 8.33, visto que E está elevado à potência 116, um erro na
estimativa de seu valor tem efeito bem menor no cálculo de V, quando com-
parado com aquele introduzido por um erro similar na estimativa de n.
Apesar deste detalhe, como a fórmula de Manning é a mais popular em
projetos de canais, é comum a especificação do coeficiente n retirado de tabe-
las e não da rugosidade absoluta equivalente, E. Na aplicação da fórmula de
Manning, a ser detalhada na Seção 8.4, a parte cmcial é a escolha do valor do
coeficiente n e deve-se ter em mente que os valores recomendados nas Tabe-
las 8.5 e 8.6 são valores médios indicativos. A escolha do valor de n para um
canal particular exige do projetista critério e bom senso, na medida em que,
mesmo nos canais regulares, outros fatores além do revestimento podem alterar
a rugosidade, como crescimento de vegetação, processos de erosão ou sedimen-
tação e até mesmo a presença de curvas pela alteração dos perfis de velocidade.
Para cursos d'água naturais, as fotografias apresentadas nas referências Chow
(11) e Chaudhry (10) auxiliam na determinação do coeficiente.
-
Cap. B Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
247

-
Uma metodologia para a estimativa do valor de n em um canal largo, a
partir de dados de velocidades levantados em campo, é mosirada no ExempIo 8.1.

EXEMPLO 8.1

Estime o valor do fator de atrito f, do coeficiente de mgosidade C de


Chézy e do coeficiente de mgosidade n de Manning em um canal largo de
1,50 m de profundidade, no qual as medidas de velocidades a 20% e 80% da
altura d'água foram, respectivamente, v020 = 0,80 m/s e v030 = 1,20 mls.
Assuma distribuição de velocidade logarítmica na vertical, escoamen-
to turbulento mgoso e que a altura d'água é igual ao raio hidráulico.
AEquação 2.31, desenvolvida a partir da hipótese de perfil logarítmico,
pode ser posta em forma mais conveniente (ver Problema 2.5) como:

em que y é uma ordenada medida a partir do fundo e v, a velocidade pontual.


Para y = 0,80 h e y = 0,20 h, fica:

v0,80
Fazendo X = - -
v0.20

dividindo uma equação pela outra e desenvolvendo, vem:

Usando o conceito de diâmetro hidráulico, a velocidade média é dada


pela Equação 2.32, na forma:
-
-
Hidráulica Básica Cap. 8
248

._

Pela Equação 2.26, que relaciona a velocidade média com o fator de


atrito, tem-se:

1=$=5,a[ o,776x - 1,378 + 6,46 = 2 x + 1,464


Ut I-X X-1

Para X = - = 1,5, o fator de atrito vale f = 0,100 e da Equação 8.7:


0,80

e, finalmente, como

o coeficiente de rugosidade de Manning vale n = 0,038.

8.4 CÁLCULO DE CANAIS EM REGIME UNIFORME


Os termos do lado esquerdo da equação básica para o cálculo de canais
e m regime uniforme, Equação 8.26, são os parâmetros necessários para o
dimensionamento da seção, enquanto o lado direito é meramente geométrico.
Evidentemente, escolhida uma determinada forma geométrica, existirá mais de
uma combinação entre os elementos da seçáo (largura de fundo, altura d'água
etc.) que satisfaça a Equação 8.26. Deste modo, o cálculo de canais em regi-
me uniforme é predominantemente um problema geométrico.
Seja uma seção transversal de forma definida e h uma dimensão carac-
terística da seção, em função da qual são dadas as outras dimensões para que
se possa desenhar a seção. Seja A a área molhada e Rh, O raio hidráulico cor-
respondente. É sempre possível exprimir A e Rh em função de h, na forma,
-
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
249

em que a e p são chamados parâmetros de forma da seção.


Fixada a forma geométrica da seção do canal, a e P são determinados
de uma vez para sempre, e valem para urna infinidade de seções de mesma for-
ma geométrica.
Substituindo as Equações 8.34 e 8.35 na fórmula de Manning, fica:

e fazendo

R = ap213e L = 9,
fica:
Jió

Chamando M = coeficiente dinâmico, e K = R@, coeficiente de


1 >~'. <~ , !c
forma, a Equação 8.36 toma-se: %',,-i
1/
C( -
. ,L= 1 1 ,

O valor do coeficiente de forma K da


seção pode ser calculado e tabelado para di-
versas formas geométricas usadas em projetos
de canais.
Para a seção trapezoidal e, por exten-
são, para a seção retangular e triangular, o
coeficiente de forma pode ser determinado
-
como se segue.
b
Para a notação adotada na Figura 8.5, a
forma de uma seção trapezoidal pode variar Figura 8.5 Elementos geométricos da seção trapezoidal.
Jp0a.f ~:uQiiru- . (&-+a . Z.=o
Hidráulica Básica Cap. 8

em função de dois adimensionais m = bly,, chamado razão de aspecto, e a in-


clinação do talude Z = cotg a.
Escolhendo para dimensão característica da seção a altura d'água no
regime uniforme h = y,, pode-se escrever:

portanto:

e finalmente:

Desta forma, a fórmula de Manning pode ser escrita de modo compac-


to como:

I
M
y, =-, em que M =
K

O coeficiente de forma K foi tabelado para vários valores de m e Z e apre-


sentado na Tabela 8.2. Nesta tabela, para Z = O e m = O têm-se, respectiviunen-
te, os valores do coeficiente de forma para a seção retangular e triangular.
Para a seção circular, que é utilizada em projetos de sistema de esgotos
sanitários e galerias de águas pluviais, um desenvolvimento adimensional aná-
D
logo pode ser realizado. De acordo com a notação utilizada na Figura 8.6,
pode-se expressar as seguintes relações geométricas:

(0-sen0)
A=D
Figura 8.6 Seção circular. 8
Cap. 8 I,:
Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

D (1 - sen 8/8)
R, =
4

0 = 2 arccos ( 1 -2y,/D) (8.44)

Escolhendo como dimensão característica da seção circular 2 = D, diâ-


metro da seção, pode-se determinar os parâmetros de forma:

(O - sen O) (O - sen 0)
:. u =
8 8

portanto:

- (O - sen O)
R=ap -
8
Finalmente, o coeficiente de forma da seção circular é dado por:

Desta forma, a fórmula de Manning para a seção circular, de modo


condensado, toma-se:
-
-
Hidráulica Básica Cap. 8
252

-
Dando-se valores à relação y,/D, lâmina d'água relativa, pela Equação
8.44, pode-se calcular os correspondentes valores de O e daí os valores de Ki,
pela Equação 8.46, com os quais montou-se a Tabela 8.1.

EXEMPLO 8 , f
<L;:? ,\. ,t. ',
Determinar a altura d'água em uma galeria de águas pluv&ài"s, de concreto
~
-~ -

n = 0,013, diâmetro igual a 0,80 m, declividade de fundo I, = 0,004 m/m, trans-


portando uma vazão de 600 Vs em regime permanente e uniforme.
O coeficiente dinâmico vale:

-Pela Equação 8.47,

Na Tabela 8.1, para KI = 0,570, determina-se o valor da Iâmina d'água


relativa, isto é, a altura normal dividida pelo diâmetro.
Para KI = 0,570, tira-se y d D = 0,625, e daí y, = 0,50 m.

EXEMPLO 8.3

Qual a relação entre as vazões transportadas, em regime permanente e


uniforme, em uma galeria de águas pluviais, com lâmina d'água igual a 213 do
diâmetro e a meia seçáo.
Na Tabela 8.1, para lâminas d'água iguais a y d D = 0,666 e ydD = 0,50,
os coeficientes Ki valem, respectivamente, 0,588 e 0,498.
Pela Equação 8.47, fórmula de Manning, como o diâmetro é o mesmo,
tem-se:

e para a mesma deciividade e mgosidade fica:


-
Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
253

Tabela 8.1 Valores do coeficiente de forma K, para canats circulares


Hidráulica Básica Cap. 8
254
5;c,&ySi'-m:
- - +=-,<\o
cc.c_L-k-
e
Yo j

Um dos problemas mal5 comuns em um sistema de drenagem urbana de


águas pluviais é determinar, para uma certa seção do canal e vazão, a cota do
nível d'água. Esta cota é importante para a fixação das cotas de fundo das
galerias que chegam ao canal, a fim de evitar o afogamento destas.
A determinação da altura d'água y, com auxílio da Tabela 8.2 levaria a
um processo de tentativas e erros, uma vez que o valor da razão de aspecto m
é desconhecido. Para contornar esta situação, pode-se reescrever a fórmula de
Manning de modo a construir uma tabela que forneça o valor da relação llm =
y,/b, em função das outras variáveis.
Usando as relações geométricas desenvolvidas na seção anterior, a fór-
mula de Manning, para uma seção trapezoidal (retangular), é dada por:

que desenvolvida e adimensionalizada fica.


gosldade C da tbrmula de Chery
correspondente a um tatoi de atrilo
1 = 0.0401
(1 + z)"?

P
\

i nQ
Fazendo K, = 8,3
b A'
pode-se montar uma tabela na qual, para vários valores d e y,/b e para cada
inclinação do talude Z, tem-se os correspondentes valores de Kz. Isto é apre-
sentado na Tabela 8.3.
rsoiucL% d 4 '

No dimensionamento de canais, o projetista muitas vezes deve decidir


primeiro o estabelecimento da forma geométrica da seção e, após esta defini-
ção, quais serão suas dimensões para escoar uma determinada vazão, dados a
deelividade de fundo e o coeficiente de rugosidade.
O problema de dimensionamento não leva a uma única solução, isto é,
existe mais de uma seção de forma definida que satisfaz a fórmula de Manning.
Gomo o canal pode ter interferência com outros elementos do local de sua
-
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
255

implantação, existem condições de contorno que limitam a liberdade do pro-


jetista. Entre outras condições, pode-se citar a natureza do terreno, a limitação
do gabarito do canal pela presença de avenidas construídas ou projetadas, li-
mitação de profundidade por questões de escavaçáo, lençol freático, ou tipo de
revestimento a ser usado, compatível com a velocidade média esperada etc.
Assim, o dimensionamento do canal, embora simples e rápido do pon-
to de vista hidráulico, envolve fatores técnicos, constmtivos e econômicos
muito importantes.
Observando a fórmula de Manning, Equação 8.26, verifica-se que, para
declividade de fundo e mgosidade fixadas, a vazão será máxima quando o raio
hidráulico adquirir o máximo valor possível, o que ocorre quando o períme- 6,0 "Ide largura na ouper(icis liurs e
tro molhado for o mínimo compatível com a área. 3.0 n~de profundidade no centro. s8
sua forma geometrica puder ser
aproximada p ~uma i parlibola, com
Desta maneira, uma seção com esta propriedade de mínimo perímetro v4nice no ponto mais W i o da
molhado é uma das que devem ser estudadas nos projetos, uma vez que, além se*% mootre que seu ,ai.$ hidraulico
vale 1,35 m. ~ e l e m b i eo conceito
de ser eficiente do ponto de vista hidráulico, é também econômica devido à matemlitico de comprimento de arco,
mínima superfície de revestimento, que representa, de modo geral, uma das
partes mais dispendiosas da obra.
Na prática, entretanto, nem sempre é possível projetar uma seção na
condição de mínimo perímetro molhado, pois a seção pode resultar profunda,
com o custo de escavação, rebaixamento do lençol freático etc. superando o
custo do revestimento. Outras vezes a seção resultante é tal que a largura de
fundo é pequena em relação à altura, o que pode dificultar a constmção. Ain-
da pode acontecer de a velocidade média resultante para a vazão de projeto não
ser compatfvel com o tipo de revestimento empregado, podendo provocar ero-
são nos taludes e fundo.
Para uma determinada área, a figura que apresenta o menor perímetro
molhado é o círculo, porém sua constmção é inexequível, a não ser que seja
pré-fabricada como as tubulações para sistemas de esgotos ouadrenagem de
águas pluviais.

8.5.1 TRAPÉZIO DE M~NIMOPERíMETRO MOLHADO


Foi mostrado que a área molhada e o perímetro molhado de uma seção
trapezoidal são expressos por:

Combinando-se as equações anteriores, fica:


-
--.
Hidráulica Básica Cap. 8
256

Derivando-se a Equação 8.52 em relação a m, razão de aspecto da se-


ção, igualando a zero, para área A constante, e desenvolvendo, chega-se a:

Esta é a condição que deve haver entre os dois adimensionais da seção


trapezoidal para que ela tenha o mínimo perímetro molhado.

8.5.2 RETÂNGULO DE M~NIMOPERCMETRO MOLHADO


O retânwlo é um caso particular do trapézio quando o ângulo do talude
for 9P, isto é Z = cotg 90° = O , Substituindo esta condição na Equação 8.53, fica:

Portanto, a seção retangular de máxima vazão é aquela na qual a largura


é igual a duas vezes a altura d'água.

8.6 ELEMENTOS HIDRÁULICOS DA SEÇÃO CIRCULAR

1Pode-se Mimar qw o e o s o a m t o em
um canal, na condl~aode minimo
peiimetro molhado, 6 escoamento
Crlflco?
Em alguns tipos de problemas como, por exemplo, em projetos de sis-
temas de esgotos, em que as tubulações trabalham parcialmente cheias, é in-
teressante conhecer os elementos hidráulicos e geométricos para vánas alturas
d'água. Também é necessário saber, para uma determinada lâmina d'água, qual
é a relação entre a vazão que está escoando e aquela que escoaria se a seção
fosse plena. Estas relações podem ser fornecidas por gráficos, como na Figu-
ra 8.7, ou através de tabelas
As relações entre o raio hidráulico, a velocidade e a vazão em uma de-
terminada lâmina, e na seção plena são obtidas a partir das expressões:

O = 2 arccos (1-2 y,/D)


-
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
257

(1 - sen 810)
R, = D
4

Pela fórmula de Manning, as relações entre as velocidades e


entre as vazões, em que Vp e Qp são, respectivamente, a velocidade
e a vazão na seção plena, são dadas por- , -\r
racw --a i

QIQP VIVP WRhp


Como para a seção plena de um condirto circular tem-se A,
= .rr D2/4 e RhP = Dl4, as Equações 8.55 ficam: Figura 8.7 Elementoshidráulicos da seção circular

v
- = (1 - sen o / o ) ~ ~ '

2= -
1
(8 - sen 8)(1 - sen 0/8)"~ (8.57)
Q, 2n:

Estas relações foram postas em forma gráfica, como na Figura 8.7, e na


Tabela 8.4.

EXEMPLO 8.4
&= Z
Dimensione um canal trapezoidal com taludes 2H:lV, declividade de
fundo I, = 0,0010 mim, revestimento dos taludes e fundo em alvenaria de
~~ - - 8- 5
i-%.
pedra a r g a z a d a em condições regulares, para transportar uma vazão Q = ~ lac;?r
i
6,5 $1~. Utilize uma razão de aspecto m = bly, = 4. Calcule a velocidade
média e verifique se a seção encontrada é de mínimo perímetro molhado.
Na Tabela 8.5, determina-se o coeficiente de mgosidade n = 0,025.
Na Tabela 8.2, determina-se o coeficiente de forma K, em função de m =
4 e Z = 2, e vale K = 1,796.
O coeficiente dinâmico vale:
7

-
Hidraullca Básica Cap. 8
258

Pela fórmula de Manning, Equação 8.39:

Então:

b
m = -= 4 :. b = 4,12 m (largura de fundo)
Yo

A área molhada vale: A = (m + 2) yO2= (4 + 2).1,032 = 6,36 m2.


A velocidade média é igual a V = Q/A = 6,5/6,36 = 1,O2 mls.
Para que a seção dimensionada tenha o mínimo perímetro molhado, é
necessário que seja verificada a Equação 8.53, isto é:

Conclusão, a seção iião é de &imo perfmetro molhado

8.7 CANAIS FECHADOS


Em muitos projetos é necessária a utilização de seções fechadas, como
drenagem subterrânea em estradas, coleta de esgoto e de água pluviais. Estes

I
Mostre qus a iegao traperoidal de
condutos podem ter cobertura plana, simplesmente uma laje de cobertura, ou
minimo primetro molnada 6 circuno- cobertura em forma de abóbada.
erita B uma semicircunferBnciq cujo
di8metro coincida com a superfície
livre.
No primeiro caso, a cobertura não exerce influência sobre as condições
de escoamento, a não ser no caso limite em que a lâmina d'água entre em con-
tato com ela. Já no segundo caso, a forma geométrica da cobertura influi no
escoamento pela alteração gradual do perímetro molhado e, conseqüentemente,
do raio hidráulico.
-
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme
259

-
8.7.1 SEÇÓES CIRCULARES
São as mais empregadas na maioria das obras em que são necessárias
seções fechadas.
Como pode ser visto na Figura 8.7, existe uma peculiaridade na maneira
pela qual o raio hidráulico varia em relação ?
l iâ m a líquida. A medida que a 1â-
mina líquida aumenta, há um aumento gradual da área molhada e do perímetro
molhado. Entretanto, a partir de uma certa altura, devido à conformação geo-
métrica da cobertura, um pequeno acréscimo na altura d'água provoca aumen-
to proporcionalmente maior no perímetro molhado do que na área molhada.
Portanto, o raio hidráulico aumenta até uma altura d'água em que o perímetro
molhado cresce mais lentamente que a área molhada, e decresce daí em diante.
Pode-se observar também que a curva de velocidade acusa uma dimi-
nuição no crescimento no mesmo ponto em que ocorre a diminuição do raio
hidráulico. Isto é evidente, uma vez que, pela fórmula de Manning, para n e
I, fixados, a velocidade é diretamente proporcional ao raio hidráulico. Para a
vazão, o ponto de máximo é diferente do ponto de máximo da velocidade,
como mostra a Figura 8.7, pois a vazão depende conjuntamente do raio hidráu-
lico e da área molhada, e como a área é sempre crescente, o máximo da vazão
ocorre para uma altura d'água maior.
Matematicamente, esta diferença entre os pontos de máximos pode ser
constatada a partir do emprego da fórmula de Manning e das expressões geo-
métricas dadas pelas Equações 8.40 e 8.42. Substituindo essas expressões nas
Equações 8.25 e 8.26, chega-se a:

Para n, D e I, constantes, a vazão e a velocidade só dependem do ângulo


O e, portanto, de y,. De-do estas equações em relacão a 0 e igualando a
zero, chega-se a:

V = V,,,, quando 0 = 257', que corresponde a y, = 0,81 D.


Q = Q.jx, quando 0 = 302,S0, que corresponde a y, = 0.94 D.

Isto mostra que os máximos ocorrem em alturas diferentes e que a va-


zão máxima no conduto livre circular não ocorre quando a seção é plena. Para
-
Hidraulica Básica Cap. 8
260

pgpósitos práticos, esta particularidade não é explorada porque a altnra da lã-


mina na seção de máxima vazão é tão próxima do diâmetro que, se houver
qualquer instabilidade no escoamento, o conduto passa a funcionar à seção
plena como conduto forçado. ,J- T ~ C ~ . G - L .

Nos projetos usuais, o limite da lâmina líquida é fixado em y,o= 0,75 D.

8.7.2 SEÇOES ESPECIAIS


Em obras de esgotamento de médio e grande porte, como interceptores
e emissários de esgoto, galerias de drenagem sob aterros rodoviários etc., são
utilizadas algumas vezes seções fechadas de formato especial. Entre elas se
destacam a seção capacete, oval normal invertido, arco de círculo alto etc., con-
forme a Figura 8.8.
São concepções interessantes do ponto de vista hidráulico porque, mes-
mo para pequenas lâminas, devido à forma do fundo, mantêm uma velocida-
de média que evita deposição de materiais e sedimentos carreados. Além disso,
a geometria propicia vantagens estruturais e construtivas, pelo uso do efeito es-
trutural do arco, que conduz quase sempre a seções transversais de pequena es-
pessura com baixa percentagem de armadura e possibilita o emprego de
formas deslizantes no processo construtivo.
O dimensionamento hidráulico da galeria é feito pela fórmula de
Manning, calculando-se as condições relativas à seção plena, para a qual se co-
molhada coireswndenta n>gxima nhece a área e o raio hidráulico, e depois utilizando gráficos adimensionais
Velocidade na0 6 tamt4m a seção de
mbrima vazão?
como os da Figura 8.8, que fornecem as curvas de QIQ, e VN, em função da
lâmina relativa h/H, altura d'água sobre a altura da seção. Os gráficos são
usados tanto no processo de dimensionamento da galeria quanto de verifica-
ção da capacidade de vazão.
A Figura 8.8 apresenta para cada forma geométrica os valores da área,
do perímetro e do raio hidráulico, em função de D e H, para a seção plena, isto
é, seção geométrica da galeria. Na referência Lencastre (34) são mostrados os
esquemas geométricos que permitem, a partir das grandezas geométricas H,
altura da seção e D, "diâmetro", desenhar a seção da galeria.
Os gráficos de QIQ, e V N , são análogos àqueles da Figura 8.7.

EXEMPLO 8.5

D e t e m n e a capacidade de vazão de uma galeria em concreto em boas


condições, com secão caaacete, funcionando com uma lâmina d'água - igual
- a
h = 0,?0 H, em que H é altura interna da seção. "Diâmetro" da seção igual
a 1,80 m e declividade de fundo I, = 0,15%. Calcule a velocidade média
-
Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
261

-
Na Tabela 8.5, tira-se o valor do coeficiente de mgosidade, n = 0,014.
Na Figura 8.8 para a seção capacete, a área molhada e o raio hidráuli-
co na seção plena valem, respectivamente:

OVAL NORMAL INVERTIDO

Valores a seção plena


- --para
-- -- -
D = 0,667 H
H = 1,5D
A , , = 1,149 D 2 = 0,511 H'
P,, = 3.965 D = 2.643 H
R,,p= 0,289 D = 0.193 H
CAPACETE

V--
alores~ a seção plena:
-..-

Valores vara a seqão plena:

ARCO DE CÍRCULO BAIXO

Valores para a seção


-- plena:
- -.

I I
Figura 8.8 Gráficos para seçóes especiais - Lencastre (34).
-

Hidráulica BAsica Cap. 8


262

Ums tubuls@o de dlmetro D escoa


Da fórmula de Manning, calcula-se a vazão à seção plena:
uma sem varáo em ieglme psimanen-
te e unllorme. com uma dstsiminads
Iamina dlgua Mostre que entre o
I*or d~ atrito I da f6imula universal e
o coeficiente n da fbrmula de ~ a n n i n g
existe te asguinte eiala'áo:
1 = 78.4 n 2 R i " .

Do gráfico da Figura 8.8 para h1H = 0,70 + QIQ, = 0,90, daí Q =


3,97 m3/s.
A velocidade à reção plena vale. V, = Q,/Ap = 4,4112,744 = 1,61 d s
Na Figura 8.8, na curva da velocidade, para h/H = 0,70 + V N p = 1,I 2,
a velocidade média correspondente à vazão escoada vale V = 1,80 d s .

8.8 O PROGRAMA CANAIS3.EXE*


Os problemas relativos ao dimensionamento (cálculo dos parâmetros
geométricos da seção), verificação (determinação da capacidade vazão) e de-
terminação da altura d'água ou largura de fundo em vános tipos de seções po-
dem ser resolvidos com o programa CANAIS3.EXE. As seções que podem ser
analisadas são: trapezoidal (retangular), circular, fundo circular e lados incli-
nados e seções compostas, estas últimas a serem discutidas no Capítulo 9. As
rugosidades dos taludes e fundo podem ser diferentes.
O programa presta-se a análises rápidas de alternativas em que qualquer
parâmetro do problema (vazão, mgosidade, inclinação do talude, razão de as-
pecto, diâmetro etc.) pode ser alterado e a solução, comparada, sem sair do am-
biente.

EXEMPLO 8.6

Utilizando o programa CANAIS3 EXE, determine a altura d'água nor-


mal em um canal trapezoidal, com taludes 2H lV, mgos~dadede fundo e ta-
ludes n = 0,018, largura de fundo b = 4,O m, vazão transportada Q = 6,s m3/s
e deelividade de fundo I, = 0,0005 m/m.
Os resultados do uso do programa estão listados a seguir, em que apa-
recem os dados de entrada do problema e os demais parâmetros de interesse.
No Capítulo 9 serão feitas aplicaçóes do uso do programa CANAIS3.EXE.
-

Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme


263

-
P R O J E T O - E X E M P L O 8.6

I RESULTADOS
...............I
I RUGOSIDADE n --
I DECL TALUDE Z -
I LÂMINA Y -
I LARG FUNDO B -
-

I ÁREA MOLHADA A --
I LARG SUP T -
I VEL MÉDIA V M P ~=
I VAZÃO
I FROUDE
I DECL. FUNDO I --

8.9 PROBLEMAS

8.1 Um canal de drenagem, em terra com vegetação rasteira nos taludes e


fundo, com taludes 2,5H:IV, declividade de fundo I, = 30 c d k m , foi dimen-
sionado para uma determinada vazão de projeto Q,, tendo-se chegado a uma
seção com largura de fundo b = 1,75 m e altura de água y, = 1,40 m.
a) Qual a vazão de projeto?
b) A seção encontrada é de mínimo perímetro molhado?
C) Se o projeto deve ser refeito para uma vazão QI = 6,O m3/s e a seção
é retangular, em concreto, qual será a altura de água para uma largura
de fundo igual ao dobro da anterior?
a) [Q = 4,35 m3/sl b) [Não] c) [y, = 1,57 m]

8.2 Uma galeria de águas pluviais de 1,O m de diâmetro, coeficiente de


tugosidade de Manning n = 0,013 e declividade de fundo I, = 2,5.10 d m trans-
porta, em condições de regime permanente uniforme, uma vazão de 1,20 m3/s.
a) Determine a altura d'água e a velocidade média
b) A tensão de cisalhamento média, no fundo, e a velocidade de atrito.
c) Qual seria a capacidade de vazão da galeria, se ela funcionasse na
condição de máxima vazão?
a) [y, = 0,82 m: V = 1,74 d s l b) [z, = 7.46 N/m2; u, = 8,63.10 d s ]
C) [Q = 12.9 m3/s]
-
Hidraultca Básica Cap 8
264

8.3 Um canal trapezoidal, em reboco de cimento não completamente liso,


com inclinação dos taludes 2H:l V, está sendo projetado para transportar uma
vazão de 17 m3/s a uma velocidade média de 1,20 m/s. Determine a largura de
fundo, a profundidade em regime uniforme, a declividade de fundo e a velo-
cidade de atrito para a seção hidráulica de máxima eficiência.

8.4 Um canal trapezoidal deve transportar, em regime uniforme, uma vazão


de 3,25 m3/s, com uma declividade de fundo I, = 0,0005 m/m trabalhando na
seção de mínimo perímetro molhado. A inclinação dos taludes é de 0,5H.IV
e o revestimento será em alvenaria de pedra argamassada em condições regu-
lares. Determine a altura d'água, a largura de fundo e a tensão média de cisa-
lhamento no fundo do canal.
[y, = 1,56 m; b = 1,95 m; .L, = 334 N/mZ]

8.5 Dimensione um canal para irrigação, em terra, com vegetação rasteira


no fundo e nos taludes, para transportar uma vazão de 0,75 m3/s, com decli-
vidade de fundo I, = 0,0005 mlm, de modo que a velocidade média seja no
máximo igual a 0,45 m/s Inclinação dos taludes 3H:lV.
[y, = 0,65 m; b = 0,65 m ou y, = 0,53 m; b = 1,60 m]

8.6 Dimensione um canal trapezoidal, com taludes 2H:IV, declividade de


fundo I, = 0,001 mfm, com taludes e fundo em alvenaria de pedra argamassa-
da, em boas condições, para transportar em regime uniforme uma vazão de 8,O
m3/s, sujeita às seguintes condições:
a) A máxima altura d'água deve ser de 1,15 m
b) A máxima velocidade média deve ser de 1,30 m/s
c) A máxima largura na superfície livre deve ser de 8,O m.
[y, = 1,ll m; b = 3,33 m; B = 7,78 m]

8.7 Qual o acréscimo percentual na vazão de uma galeria circular quando a


área molhada passa da meia seção para a seção de máxima velocidade?
[AQ = 97,6%]

8.8 Um trecho de um sistema de drenagem de esgotos sanitários é constituído


por duas canalizações em série, com as seguintes características:
-
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
265

-
Trecho 1 - Diâmetro: Di = 150 mm
Declividade: 11= 0,060 mím
Trecho 2 - Diâmetro Di = 200 mm
Declividade 1 2 = 0,007 mím
Determine a máxima e a mínima vazões no trecho para que se verifi-
quem as seguintes condições de norma:
a) Máxima lâmina d'água: y = 0,75D.
b) Mínima lâmina d'água: y = 0,20D.
C)Máxima velocidade: V = 4,O d s .
d) Mínima velocidade: V = 0,50 d s .
Coeficiente de rugosidade de Manning, n = 0,013.
[Qm&= 0,025 m3/s; Qmí, = 0,0033 m3/s]
8.9 Um emissário de esgoto, de concreto em condições regulares, cnja se-
ção tem a forma de arco de círculo baixo com altura H = 1,25 m, transporta
uma vazão de 1,70 m3/s Sendo a declividade de fundo I, = 0,001 mím, deter-
mine a lâmina d'água e a velocidade média.
[h = 0,88 m; V = 1,13 d s ]
1
8.10 Determine a mínima declividade necessária para que um canal tra-
pezoidal, taludes 4H:IV, transporte 6 m3/s, com uma velocidade média igual
a 0,60 m/s. Coeficiente de rugosidade, n = 0,025.
[I,, = 3,2.1W4m/m]

8.11 Determine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana,


com 2,O m de base e 1,O m de altura d'água, declividade de fundo igual h I, =
0,001 m/m e taludes 1,5H:IV O fundo corresponde a canal dragado em con-

11 dições regulares e os taludes são de alvenaria de pedra aparelhada em boas


condições. Esta seção é de mínimo perímetro molhado? Use o programa
CANAIS3.EXE.
[Q= 332 m3/s: Não]
8.12 Uma tubulação circular de diâmetro D escoa certa vazão em regime per-
manente e uniforme com altura d'água igual a y, = 0,70 D Mostre que entre
i o fator de atrito f da equação de Darcy-Weisbach e o coeficiente de mgosidade
n da fórmula de Manning existe a seguinte relação:
[f = 117,64 n2 D '"1
-
Hidráulica Básica Cap. 8
266

-
8.13 Determine a relação de vazões entre um canal trapezoidal em taludes
1H:lV, largura de fundo igual a três vezes a altura d'água, e um canal tra-
pezoidal de mesmo ângulo de talude, mesma área molhada, mesma mgosidade
e declividade de fundo, trabalhando na seção de mínimo perímetro molhado
[QIIQz = 0,951

8.14 Demonstre que o raio hidráulico de um canal trapezoidal na seção de


mínimo perímetro molhado, para qualquer ângulo do talude, é igual à metade da
altura d'água.
8.15 Determine o "diâmetro" D e a altura internada seção H deum interceptor
de esgoto com seção oval normal invertida, de concreto em más condições,
para transportar uma vazão de 2,70 mvs com lâmina d'água igual a h = 0,60 H.
Declividade de fundo I, = 0,001 mlm. Calcule a tensão média de cisalhamento
no fundo da galeria.
[D = 1,70 m; H = 2,55 m; 7, = 5,56 Nlmz]

8.16 Mostre que, em um escoamento permanente e uniforme em um canal,


a relação entre a velocidade média V e a velocidade de atrito u* é dada por:
816

V=- '" , na qual n é o coeficiente de mgosidade de Manuing

8.17 Uma galeria de águas pluviais de diâmetro D transporta uma determi-


nada vazão com uma área molhada tal que R h = DI6. Nestas condições, calcule
as relações VIV, e QIQ,.
[VIV, = 0,762; QIQ, = 0,1831

8.18 Compare as declividades de um canal semicircular escoando cheio e


de um canal retangular de mesma largura, mesmaárea molhada, mesmo reves-
timento e transportando a mesma vazão em regime permanente e uniforme.
[IJI, = 0,841

8.19 Um trecho de coletor de esgotos de uma cidade cuja rede está sendo
remanejada tem 100 m de comprimento e um desnível de 0 3 0 m. Verifique se
o diâmetro atual, de 200 mm, permite o escoamento de uma vazão de 18,6 11s.
Em caso contrário, qual deve ser o novo diâmetro desse trecho, Determine a
lâmina líquida correspondente e a velocidade média. Material das tubulações,
Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Undonne
267

-
nanilha cerâmica, n = 0,013 e adote como lâmina d'água máxima no coletor
{ID = 0,50
D = 250 mm; y, = 102 mm; V = 0,99 d s ]

1.20 No projeto de um coletor de esgotos, verificou-se que, para atender à


:ondiçáo de esgotamento dos lotes adjacentes, ele deveria ter uma declividade
ie0,015 mim. Sendo 20 11s a vazão de esgotos no fim do plano e 10 11s a vazão
ama1 (iníc~ode plano), determine:
a) o diâmetro do coletor e a velocidade de escoamento, para o final do
plano;
b) a lâmina líquida atual e a correspondente velocidade média.

Material das tubulações, manilha cerâmica, n = 0,013, e adote como


Iaiina d'água máxima no coletor y/D = 0,50.

[D= 200 mm; V = 1,29 mís] b) [y, = 68 mm; V = 1,06 m í s ]

;1 Um túnel de 2000 m de comprimento liga dois grandes reservatórios


ntidos em níveis constantes. A diferença de cotas entre os níveis d'água nos
ervatórios éde 4,O m. O primeiro trecho do hínei, de 1200 m de comprimento,

1
'
possui seção quadrada de 2,O m de lado e é revestido em concreto, em más
condições,e o segundo trecho de se@o circular, de 1.5 m de diâmetro, revestido
I em concreto em boas condições. Desprezando as perdas de carga localizadas,
determine a v a s o que escoa no túnel. Observe que a fórmula de Manning é
válida para condutos forçados também.
[Q = 4,O m31s]

8.22 Determine a capacidade de vazão da galeria semicircular de diâmetro ...---


......
.
...
.
igual a 1,O m, mostrada na Figura 8.9, com declividade de fundo I, = 0,3% e
%=0,30m ,
cuja lâmina d'água é y, = 0,30 m. Material das paredes e fundo, reboco de
cimento não completamente liso.
D=l,Om
[Q = 0,338 m3/s]

Figura 8.9 Problema 8 22.


-
Hidráulica Básica Cap. 8
268

-
Tabela 8.2 Cálculo de canais valores do coeficiente de forma K.
-

Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme


269

-
Tabela 8.2 Cálculo de canais valores do coeficiente de forma K. (connnuaçdo)
Tabela 8 3 Cálculo da altura d'8gua normal Valores de K, = n Q i(bY"1:")
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme
271

-
Tabela 8.3 Cálculo da altura d'água normal. Valores de K, = n Q l(bRflIo"Z)(continuaçfio)
7

-
Hldraulica Basica Cap. 8
272

-
Tabela 8.4 Elementos hidráulico&c geoinétncos da seção ciiciilar
Cap 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme 273

-
Tabela 8.5 Valores do coeficiente de mgosidade da fórmula de Manning

Natureza das Paredes Condições


Muitn Boas Regu- Más
Boas lares
Tubos de ferro fundido sem revestimento ......... 0,012 0,013 0,014 0,015
Idem, com revestimento de alcatrão .................. 0.01 1 0,012* 0.013* ...
Tubosdefcrro galvaiiizado .............................. 0.013 0,014 0,015 0,017
Tubos de bronze ou de vidro ............................ 0,009 0,010 0.01 1 0,013
Condutos de barro vitrificada, de esgotos ......... 0,011 0,013' 0,015 0.017
Candiitos de barro, de drenagem ................... 0,011 0,012* 0,014* 0,017
Alvenaria de tijolos com argamassa de cimento:
condutos de esgoto, de tijol 0,012 0.013 0,015* 0,017
0,010 0,Ol 1 0,012 0,013
0,011 0,012 0,013* 0,015
0,012 0,013 0,015 0,016
0.010 0,011 0,012 0,013
0,010 0,012* 0,013 0,014
Idem, não aplainada 0,011 0,013' 0,014 0,015
0,012 0,016 ...
Canais com revestimento de concreto ...............
Alvenaria de pedia argamassa .................... . .
0,012
0,017
.014* OLc*
!ó,025'
0,018
0,030
Alvenaria de pedra seca ................................... 0,025 0,033 01033 0,035
Alvenaria de pedra aparelhada ......................... 0,013 0.014 0,015 0,017
Celhasmetálicas lisas (semicirculares) 0,01 1 0,012 0,013 0,015
0.023 0,025 0,028 0,030
0,017 0,020 0,023 0,025
Canais abertos em rocha, lisos e unifomes ....... 0.025 0,030 0,033* 0,035
Canais abertos em racha, irregulares, ou de
paredes de pedra irregulares e mal-arrumadas. 0.035 0,040 0,045 ---

0,025 0,028 0,030 0.033


Canais curvilin ............................ 0,023 0,025* 0,028 0,030

.
...
taludes ................. ................................... 0,025 0,030 0,035* 0,040
Canais com fundo de terra e taludes empedra-
do 0,028 0,030 0,033 0,035
ARROIOS E RIO
I . Limpos, retilineos e uniformes ..................... 0,025 0.028 0,030 0,033
2. Como em 1. porém com vegetação e pedras. 0,030 0,033 0,035 0,040
3. Com meandros, bancos e poços pouco pro-
fundas, limpos .............. .
... .................... 0,035 0,040 0,045 0,050
4. Como em 3, águas baixas, declividade fraca 0.040 0,045 0,050 0.055
i. Como em 3 , com vegetação e pedras ............ 0,033 0,035 0,040 0,045
6. Como em 4, com pedras ............................... 0,045 0,050 0,055 0,060
7 . Com margens espraiadas. pouca vegetação ... 0,050 0,060 0,070 0,080
8. Com margens espraiadas, muita vegetação ... 0,075 0,100 0,125 0,150
* Vslares aconselhados para proietos.
-
Hidráulica Básica Cap. 8
274

-
Tabela 8.6 Valores de n. (extraído de Bandini: Hidráulica,"01.1). 1
N" Natureza das Paredes n

01 Canais de chapas com rebites embutidos, juntas perfeitas e águas


limpas. Tubos de cimento e de fundição em perfeitas condições.... 0,011
02 Canais de cimento muito liso, de dimensões limitadas, de madeira
aplainada e lixada, em ambos os casos; trechos retilíneos compri- 0,012
dos e curvas de grande raio e água limpa. Tubos de fundição usa-
dos. ..................................................................................................
03 Canais de reboco de cimento liso, porém com curvas de raio
limitado e águas nio completamente limpas; construídos com 0,013
madeira lisa, mas com curvas de raio moderado.............. . ...........
04 Canais com reboco de cimento não completamente liso; de
madeira como no n" 2, porém com traçado tortuoso e curvas de 0,014
pequeno raio e juntas imperfeitas
05 Canais com paredes de ciment
curvas estreitas e águas com detritos; construídos de madeira não 0,015
aplainada de chapas rebitadas
06 Canais com reboco de cimento não muito alisado e pequenos
depósitos no fundo; revestidos por madeira não aplainada; de 0,016
alvenaria construída com esmero; de terra, sem vegetaç!áo ..............
07 Canais com reboco de cimento incompleto, juntas irregulares,
andamento tortuoso e depósitos no fundo; de alvenaria revestindo 0,017
taludes não bem perfilados............................................................
08 Canais com reboco de cimento rugoso, depósitos no fundo, musgo
nas paredes e traçado tortuo
09 Canais de alvenaria em m
com barro, ou de alven
constmídos, sem vegetação e com curvas de grande raio ................
10 Canais de chapas rebitadas e juntas irregulares; de terra, bem
construídos Com pequenos depósitos no fundo e vegetqão rasteira 0,022
nos. taludes ................... . .
... ....... .
11 Canais de terra, com vegetação rasteira no fundo e nos taludes...... 0,025
12 Canais de terra, com vegetação normal, fundo com cascalhos ou
irregular por causa de erosões; revestidos com pedregulhos e 0,030
vegetaç
13 Álveos ........................ 0,035
14 A~veosnaturais, andamento tortuoso................ .
.. ................ 0,040
OBSERVAÇOES SOBRE O PROJETO E
CONSTRUÇAO DE CANAIS
violento
MBS ninguém diz violentas
AS margens que o nimprimem."

9.1 INTRODUÇAO [Benoit Biecht]

Como foi visto no capítulo anterior, os processos de cálculo para dimen-


sionamento e verificação de canais prismáticos em regime uniforme são bem
simples e rápidos, seja utilizando o programa computacional ou as tabelas e
gráficos apresentados. Deste modo, para as principais formas geométricas
utilizadas em projetos, os problemas se restringem a determinação de pa-
râmetros geométricos tais que a fórmula de Manning seja satisfeita, com uma
ou outra condição hidráulica estabelecida.
Na prática o planejamento, projeto e constmção de um canal estão con-
dicionados por uma série de restrições de natureza variada. O projeto de um
canal em um sistema de drenagem urbana, por exemplo, pode depender de
condições topográficas, geotécnicas, constmtivas, de influência do sistema
viário, existência de obras de arte, faixa de domínio etc. Todas estas condições
de caráter não hidráulico/hidrológico limitam a liberdade do projetista no
dimensionamento das seções. Neste tipo de projeto algumas observações são
pertinentes.

9.2 OBSERVAÇÓES GERAIS


1. As obras de r e t m alargamento ou canalização, devem ser fei-
-
tas, na medida do possível, de jusante para m o n t e . Esta é a regra
básica em obras de melhorias em cursos d'água, principalmente em
bacias hidrográficas urbanas. Se a obra for executada de montante
para jusante, melhorando inicialmente as condições de drenagem na
parte alta da bacia, quando ocorrer uma chuva, um volume maior de
água e em um tempo menor chegará às seções de jusante, agravan-
do ainda mais as condições de escoamento na parte baixa da bacia.
2. Prevendo-se o aumento da mgosidade das paredes e fundo dos canais,
pelo uso e má manutenção, recomenda-se adotar como coeficientede
~ w i & a d e de projeto, valores de 10 a 15% maiores
- do-que-aqueks
apresentados nastabelas,
~-~- para o revestimento usado. Em outras pa-
ia<& o prGetista deve prever o " e n v e l h e c ~ m e n ~ o ~ o c a n a l .
-
276 Hidráulica Básica Cap. 9

-
3. Deve-se, em canais abertos e principalmente em canais fechados,
deixar uma folgagurevanche de 20% a 30% da altura d m -
ma. do nível d'água
-. máximo_deqrojeto.
-- Com isto, tem-se uma certa 8

folga na capacidade de vazão do canaratende-se a uma possível so-


brelevação do nível d'água em uma curva do canal e também a uma
diminuição da seção por possíveis depósitos de material carreado, no
fundo do canal. Esta folga é importante como fator de segurança, uma
vez que a vazão de projeto é determinada por critérios hidrológicos
associados a uma certa probabilidade de a vazão de projeto vir a ser
superada, e as condições de impermeabilidade da bacia podem variar
ao longo do tempo, alterando a resposta da bacia.
4. Na medida do possível, em canais urbanos, deve-se vitar grandes
profundidades, maiores que 4,O m, por causa do custo de escavação,
da segurança de transeuntes e veículos e por questóes estéticas, já que
1
a seção só estará totalmente ocupada pela água durante a passagem
da onda de cheia.
5. Para canais regulares com perímetros de diferentes mgosidades, deve-
se- na fórmula de Manning, uma-mgosidade
.~ eguivalente da se-
çáo, dada por uma das seguintes expressões, originadas dos seguintes
c&5rios de cálculo:
Seja uma seção que pode ser subdividida em N subáreas, tendo cada
uma um perímetro molhado Pi e coeficiente de mgosidade de
Manninig constante ni (i = 1,2, ...N).
a) Assumindo que em cada uma das subáreas os escoamentos parciais
têm a mesma velocidade média, igual à velocidade média da se-
ção total (V = vi = vz = - v ~ )a ,mgosidade equivalente da seção
é dada por:

na qual n, é a mgosidade equivalente, P, o perímetro molhado to-


tal da seção e N, o número de subseções.
b) Assumindo que a força total de resistência ao escoamento, origi-
nada pelo efeito de cisalhamento junto ao perímetro P, é igual a
soma das forças de resistência em cada subárea de perhetro P,, a
mgosidade equivalente é dada por:
-

Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Cana~s


277

A Equação 9 2 foi utilizada no programa CANAIS3 EXE para o cál-


culo da rugosidade equivalente de uma seção regular ou de geometria
composta.
6. Para canais de concrtzh, deve-se prever a utilização dedrenos nas
paredes e f a c o m certo espaçãmento longitudinal, para evitar
súbpressão quando o nível do lençol freático estiver alto. Deve-se
prever também juntas de dilataçáo na laje de fundo.
7. Em canais urbanos para drenagem de águas pluviais, feitos com ta-
ludes de pedras argamassadas e fundo de concreto magro, o uso dos
drenos nos taludes é dispensável,.pois a alvenaria de pedraspemte
uma certa aermeabilidade.
8. Em canais de secão com~ostaou de lei- C W 7
NA ~Cm\d
I I 2
to múltiplo (canais siameses), como na
Figura
- 9.1, as equações
- . de resistência A,
não dão bons resultados se aplicadas à
seção completa. Neste caso, para seções
com uma única rugosidade ou rugosi-
\\ /
dades diferentes, estas devem ser subdi- B C I
I
vididas por linhas verticais imaginárias Figura 9.1 Seção composta ou de leito múltiplo.
e, para cada snbseção, deve ser utilizada
a fórmula de Manning para o cálculo da
vazão parcial. A vazão total da seçáo será o somatório das vazões das
seções parciais. As linhas verticais imaginárias não devem ser com-
putadas no cálculo do perímetro molhado de cada subseção.
9. Cuidados especiais devem ser tomados na retificação de canais e
córregos, principalmente em cortes de meandros devido à diminuição
do comprimento longitudinal e conseqüente aumento da declividade
da linha d'água e velocidade média. O aumento da velocidade média
pode provocar um processo de erosão, com aumento do transporte
sólido e assoreamento a jusante. O anmento da declividade e dimi-
nuição da lâmina d'água pode prejudicar eventuais sistemas de cap-
tação de água a jusante ou interferir no nível do lençol freático,
prejudicando culturas ribeirinhas.
10. A declividade de projeto em canais deve ser tal que a velocidade
m ~ e l o c i d a d mínima
e
estabelecida para evitar deposição de lama, lodo, material emsuspn-
são e crescimento de plantas aquáticas. Por outro lado, a &cidgde
-
média deve ser m~"orqueuma velocidade máxima est&zld~a&a
-&ar erosão do material dasparedes e fundo do can&Os seguintes
- - -

valores são aconselháveis em função do tipo de material de revesti-


mento das paredes e fundo.

Tabela 9.1

Material das Paredes do Canal Velocidade Média (mls)


Areia muito fina 0 2 3 a 0,30
Areia solta media 0,30 a 0,46
Areia grossa 0.46 a 0.61
Terreno arenoso comum 0.61 a 0,76
Terreno sllte-argiloso 0.76 a 0,84
Teneno de aluvião 0,84 a 0,91
Terreno argiloso-compacto 0.91 a 1.14
Terreno argiloso duro 1,14a 1.22
Solo cascalhado 1.22a 1,52
Cascalho grosso, pediegulho, pisara 1 5 2 a 183
Rochas sedimentares moles-xistos 1,83 a 2,44
Alvenaria 2,44 a 3.05
Rochas compactas 3,05 a 4,00
Concreto 4.00 a 6 0 0
Fonte Ciirso de Canais, õEUFMG, Dep Engenhana Hidráulica, Edições Engenhana 58172

A adoção de uma velocidade média máxima compatível com o reves-


timento pode ser utilizada como critério de projeto para que a seção
seja estável. Em projetas de canais estáveis com fronteiras móveis,
utiliza-se o critério da mhrma tensão de cisalhamento, a partir da
Equação 8.4, que pode ser encontrado na literatura mais especializa-
da, como Chow (1 I), Henderson (28) e Graf (24), entre outros
11. Outra limitação quanto à estabilidade dos canais é o estabelecimen-
to da máxima inclinação dos
gulq de re~o~so-domaterial
- taludes, que deve ssr menor a u â n -
de r e v e s t 6 n t o para aueo_tah&seja
g ~ ~ c & a m e n t ~ e s t á . ~ evalores
l ~ O s médios comuns para os taludes
dos canais abertos são apresentados na Tabela 9.2.
Uma solução interessante em pequenos canais urbanos é o uso da seção
de leito múltiplo, na qual em época de estiagem a vazão fica confinada ã par-
te central do canal, de geometria circular pré-fabricada, e durante as cheias o
-
Cap. 9 Observaçóes sobre o Projeto e Construção de Canais
2,9

leito secundário é temporariamente ocupado. A solução é esteticamente con-


veniente e permite manutenção do leito secundário na época de seca. O Exem-
plo 9 1 trata desta seção.

Tabela 9.2 Inclinação usual dos taludes - Azevedo Netto (5)

Natureza das Pareda Z = cotg a

Canais em terra em geral, sem revestimento 2,5 a 5,O


Canais em saibro, terra porosa 2,O
Cascalho roliço 1.75
Terra compacta, sem revestimento 1.50
Terra muito compacta, paredes rochosas 1,25
Rochas estratificadas, alvenarra de pedra bruta 0,s
Rochas compactas, alvenaria acabada, em concreto 0,o

EXEMPLO 9.1

Determine a capacidade de vazão do canal NA.


.
cuja seção é mostrada na Figura 9.2 Os taludes
e as bermas são de alvenaria de pedra aparelhada,
em condições regulares, e o fundo de concreto em
boas condições. Declividade de fundo I,= I m~km.
Dividindo a seção em duas partes, I e 11,
por linhas verticais, tem-se:
Parte I, seção trapezoidal, pela Tabela Figura 9.2 Exemplo 9 1
8.5, revestimento n = 0.015.
N.A.
Parte 11, seção composta, pela Tabela
8.5, revestimento n = 0,014.
Parte I, trapezoidal, como:

m=- b . . m=- 2,oo =2,50


'
Yo 0,80

para Z = 1 e m = 2,50 na Tabela 8.2 + K = 1,440. Pela fórmula de


Manning, tem-se:
'1
-

Hldrauiica Básica Cap. 9


280

Parte LI, fundo circular:

NOprojeto de um canal, e m um sisi* A


ma de drenagem urbana. de que modo A = 0,80,1,20 + 7L'0'602= 1,53m2; P=z.0,60 = 1,88m e R, = - = 0,81m
O praletleta deve se precavsr quanto a 2 P
adoqáo de um valor para o soetis$ente
de rugosldade n de ~ a n n i n g ?
Pela fórmula de Manning:

[ = A R?'+
( m )1,53. 0,8171' :. Q,, = Z O O m3/ s
0'014'Q~1 =

A capacidade de vazão da seção total é igual a: Qtoiai= QI + Qii =


6,07 mVs.

EXEMPLO 9.2

',. :.L , 9,
Determine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana,
.---I!
com 2,O m de base e 1,0 m de altura d'água, declividade de fundo igual a I, =
I
\ L
; /
0,001 mlm e taludes 1,SH:1 V. O fundo corresponde a canal dragado em con-
L
dições regulares e os taludes são de alvenaria de pedra aparelhada em boas
condições. Esta seção é de mínimo perímetro molhado?
Pela Tabela 8.5, revestimento do fundo ni = 0,030; revestimento dos ta-
ludes nz = 0,014.
Da Equação 9.2, a mgosidade equivalente da seção é dada por:

Para Z = 1,s e m = 2, na Tabela 8.2 -+ K = 1,422


Pela fórmula de Manning:
Cap 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Canais
281

Condição de M.P.M.: f,"i,': K. ;1

EXEMPLO 9.3
NA.
Utilizando o programa CANAIS3.EXE, de-
termine a capacidade de vazão do canal cuja seção
é mostrada na Figura 9.3, sabendo que a declivi-
dade de fundo vale I, = 0,0005 m/m e que o coe-
ficiente de rugosidade n do perímetro ABCD vale
0,030 e do perímetro DEF vale 0,040.
Para as seçóes compostas, o usuário deve es- Figura 9.3 Exemplo 9.3.
colher no menu do programa a opção seção traped
ret mista. A seção pode ter um ou dois leitos se-
cundários (várzea), isto é, leitos fora da caixa do canal (leito principal). No
caso da Figura 9.3, os dados de entrada para o programa são:
Leito principal:
a ) largura do leito principal b, = 5 m;
b) máxima altura d'água (sem sair do leito principal) yi = 1 m;
c ) inclinação do talude Z, = 1 (459;
d ) rugosidade no = 0,030.
Leito secundário esquerdo, não existe na Figura 9.3, mas a entrada de
dados é:
a ) largura de fundo bi = 0;
b) altura d'água yl = 1,0 m (observe que é a altura que falta para com-
pletar os 2,O m);
c) inclinação do talude ZI = I (igual ao leito principal);
d ) rugosidade ni = 0,030 (mesmo perímetro)
Leito secundário direito:
a) largura de fundo bz = 10 m;
b) inclinação do talude Z2 = 1 (pode ser diferente da anterior ou não);
c) rugosidade n~ = 0,040;
d) declividade de fundo do canal I, = 0,0005 mlm.
-
282 Hidráulica Básica Cap. 9
l
Saída do programa:
PROJETO - EXEMPLO 9.3

I RESULTADOS I

I R U G . EQUIV. n = 0,036 1
I LÂMINA Y = 2.00 I
I A R E A MOLHADA A = 24,OO 1
I LARG. SUP. T = 19.00 1
i VEL. MÉDIA VMÉD = 0.74 1
I VAZÁO O .= 18.51 1
I D E C L . FUNDO I = 0.Ó00501

EXEMPLO 9.4

Em um canal de concreto com rugosidade absoluta E = 3 mm, largura


de fundo b = 3,O m, altura d'água yo= 0,50 m, declividade de fundo I, = 0,001
m/m e inclinação dos taludes IH: IV, escoa uma certa vazão em regime uni-
forme. Determine a velocidade média e verifique se a fronteira é lisa, de tran-
sição ou rugosa. Viscosidade da água v = 10-6m2/s.
Seção trapezoidal a área vale A = (m + Z) y 2 = (310,s +1) 0,502= 1,75 m2
O perímetro molhado vale:

Portanto, Rh = A/P = 0,396 m.


A velocidade de atrito pode ser determinada pela Equação 8.23, com
If = Io.

O número de Reynolds de mgosidade, pela Equação 8.27, vale:

Rey .u
=L=
E 0,0622.3.10-~
= 186,9 > 70 :. a fronteira é rugosa.
v 10-~

Nestas condições, é válida a Equação 8.32 e o coeficiente de mgosidade


da fórmula de Manning vale:
Cap 9 Observaçóes sobre o Proleto e Construção de Canais 283

Da Equação 8.25:

9.3 PROBLEMAS

9.1 Demonstre a Equação 9.1.

9.2 Considere o critério de divisão da área de uma seção


composta conforme a Figura 9.1. Argumente contra o incon- NA.

veniente hidráulico da divisão da seção ser feita por linhas


horizontais, em vez de linhas verticais.

9.3 Determine a capacidade de vazão da canaleta de drena-


gem de pé de talude, em uma rodovia, revestida de concreto
em condições regulares, com declividade de fundo I, = 0,008

Ta]
mim, conforme a Figura 9.4. Figura 9.4 Problema 9.3.

9.4 Uma galeria de águas pluviais de concreto, após anos de uso, ......... ..........
....~~. .......... ....
~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~

apresentou a formação de um depósito de material solidificado, como


mosha a Figura 9.5: Supondo que o nível d'água na galeria permaneça Y = 0,700
constante e que o coeficiente de rugosidade do material solidificado ';f .: , , , ,

seja o mesmo do concreto, determine em que percentagem foi redu- Y = 0,25~ .. . < . i..:

zida a capacidade de vazão da galeria.


Figura 9.5 Problema 9.4.
[AQ = 35,7%]

9.5 Em um projeto de um sistema de drenagem


de águas pluviais, determinou-se que, para escoar
uma vazão de 12 m3/s, era necessária uma galeria -
E . -
retangular em concreto, mgosidade n = 0,018, de- S . W.

clividade de fundo I, = 0,0022 mlm, com 3,O m de


largura, conforme a Figura 9.6a. Por imposição do
cálculo estrutural, foi necessário dividir a seção em 1.5 11, 1 5 ~
duas células de 1,5 m de largura com um septo no
Figura 9,6a ongind Figura 9.6b Seção modificada
meio, Figura 9.6b. Verifique se esta nova concepção
7
-
2gq Hidráulica Básica Cap. 9

-
estrutural tem condições hidráulicas de escoar a vazão de projeto, em condi-
ções de escoamento livre.
[Não tem]

9.6 Uma galeria de Aguas pluviais de seção retangular escoa uma certa va-
zão, e m escoamento uniforme, com uma largura de fundo igual a 0,90 m e
altura d'água de 0,70 m. Em uma determinada seção, deverá haver uma mu-
dança na geometria, passando para uma seção circular. Determine o diâmetro
da seção circular para transportar a mesma vazão, com a mesma altura d'água,
rugosidade e declividade de fundo.

9.7 Projetar um canal de seção retangular com declividade de fundo I, = 0,01


m/m para aduzir uma vazão de 5,O m3/s de água, de modo que a máxima ve-
locidade média seja de 2,0 m / ~ Material
. de revestimento reboco de cimento
não muito liso. O escoamento é fluvial ou torrencial?
[y,= 0,15 m, b = 16,70 m; torrencial]

9.8 Qual deve ser a declividade de fundo de um canal trapezoidal com talu-
des 2H:lV, largura de base b = 3,O m, para transportar uma vazão de 3,O m3/s
com velocidade média de 0,60 m/s. Coeficiente de rugosidade do fundo e ta-
ludes n = 0,018.
[I, = 2.104 m/m]
N.A.
9.9 Para a seção composta mostrada na Figura
9.7, a inclinação dos taludes vale 1,5H:lV, o coe-
ficiente de rugosidade do leito principal é ni =
0,022 e do leito secundário nz = 0,035. A decli-
vidade de fundo do canal I, = 0,0002 m/m. Deter-
mine a altura d'água yz do leito secundário quando
a vazão escoada for igual a 90 m3/s e a vazão limi-
Figura 9.7 Problema 9.9. te para não haver extravasamento do leito princi-
pal. Utilize o programa CANAIS3.EXE.
[Qii, E 18 m3/s; y2 = 1,82 m]

9.10 Um conduto circular de 900 mm de diâmetro e 3600 m de comprimento


está assentado com uma declividade uniforme e igual a lm/1500 m e liga dois
reservatórios. Quando os níveis d'água nos reservatórios estão baixos, o con-
duto trabalha parcialmente cheio e verifica-se que, para uma lâmina d'água de
-
Cap 9 O b s e ~ a ~ õ esobre
s o Projeto e Construção de Canais
285

-
600 mm, em regime uniforme, a vazão transportada é de 0,322 m3/s. Despre-
zando a perda de carga na entrada e saída da tubulação, detemne o coeficiente
de mgosidade n e a vazão descarregada quando a diferença de níveis d'água
entre os reservatórios for 4,5 m e o conduto trabalhar em pressão.
[n = 0,0148; Q = 0,562 m3/s]
w
9.11 Deseja-se projetar uma canaleta para desvio de água conforme a geo- .....

metria mostrada na Figura 9.8. Qual deve ser a largura L para que a canaleta
transporte uma vazão Q, igualmente distribuída entre a parte retangular e a
parte semicircular da seção?
[L = 1 2 8 m]
Figura 9.8 Problema 9 11
9.12 Demonstre que um canal trapezoidal, cuja seção molhada é um semi-
hexágono regular, funciona na condição de mínimo perímetro molhado.

9.13 Determine a largura de fundo de um canal trapezoidal, com inclinação


dos taludes 1V:2H, escavado em terra, n = 0,030, para que, transportando em
regime uniforme uma vazáo de 7,6 m3/s, a altura d'água seja y, = 1,20 m.
Declividade de fundo I, = 0,0005 d m .

9.14 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 2,O m, inclinação


de taludes 1V:3H, coeficiente de mgosidade n = 0,018 e declividade de fun-
do I, = 0,0003 d m , escoa uma determinada vazão em regime uniforme, de
modo que, em relação a uma galeria circular, sua área molhada é 2,5 vezes
maior que a da galena, a largura na superfície livre, 3 vezes maior e os núme-
ros de Froude dos escoamentos são iguais. Sendo a vazão transportada pela
galeria igual a 1,20 m3/s, determine a vazáo transportada pelo canal.
[Q = 2,74 m3/s]
9.15 Dimensione um canal de fundo circular e lados inclinados com taludes
lH:IV, em um projeto de macrodrenagem urbana, com raio de 3 m, para trans-
portar uma vazáo de 16,5 m3/s, com declividade de fundo I, = 0,0004 d m , re-
vestimento dos taludes grama Batatais, n = 0,021, e fundo de concreto magro
em condiçóes regulares. Verifique a velocidade média. Utilize o programa
CANAIS3.EXE.
[y, = 2,59 m; V = 1,30 mls]
-
Hidriulica Bisica Cap. 9
286

-
9.16 Determine a largura de fundo de uin canal com altura d'água igual a 1,25
in declividade dos taludes 1V:2H, declividade de fuiido igual a I , = 0,0596,
fundo revestido de alvenaria de pedra seca em condiçóes regulares, taludes de
alvenaria de tijolo com argamassa de cimento em boas condições e vazão a ser
transportada 6,75 m3/s. Verifique a velocidade média. Utilize o programa
CANAIS3.EXE.
[b = 3,82 m; V = 0,85 mls]

9.17 Uma galeria de águas pluviais, retangular, com 2 m de largura e altura


d'água igual a 1,80 m, transporta uma certa vazzo. Em um deteriniiiado pon-
to deverá haver uma mudança de seção da galeria, passando para uma seção
capacete. Dimensionar a seção capacete, de mesma iugosidade, para transpor-
tar a mesma vazão, na mesma declividade e sem alterar a lâmina d'água.
[H 2,58 m; D 2,27 m]

9.18 Os critérios de projeto de um canal trapezoidal com taludes 2H:lV,


declividade de fundo I, = 0,0015 mlm e revestimento de tei-ra,bem constmído,
sem vegetação e com curvas de grande raio, foram os seguintes:
a) velocidade média, para a vazão de projeto V = 0,76 mls.
b) número de Froude, para a vazão de projeto Fr = 0,47.
c) largura de fundo b = 0,80 m.
Determine a capacidade vazão do canal 110 regime permanente e uniforme.
[Q = 0,448 mVs]

9.19 Para o canal cuja seção reta é mostrada na Figura 9.9, com coeficiente
de mgosidade de Manning igual a n e declividade de fundo igual a I,, mostre
que a máxima vazão veiculada, em regime permanente e uniforme, sem que
haja extravasamento, é dada por
r 813
Q ma, = 2,3252 -
n

Figura 9.9 Problema 9.19


cendo na cerrelia O tapir das selvas ou e
ema do deseno ..."
[o Gvarsnr, ~ o s bde Alencarl

Muitos fenômenos que ocorrem em canais podem ser analisados utili-


zando-se o princípio da energia. Conforme o que foi visto no Capítulo 7, em
particular a Equação 7.17, a energia total por unidade de peso, em uma certa
seção de um canal onde a distribuição de pressão é hidrostática, é dada por:

Em 1912, Bakmeteff' introduziu o conceito de energca ou carga espe-


c$ca, como ~ e n d oa energia (carga) disponível e m uma seção, tomando como 1.Borls Bakmefeff, engenheiro russa,
1880-1051.
plano de referência um plano horizontal passando pelo fundo do canaI, naquela
seção. Em outras palavras, a energia específica é a distância vertical entre o
fundo do canal e a linha de energia, o que corresponde a fazer Z = O na Equa-
ção 10.1.
Este conceito simples é extremamente importante para estudar os pro-
blemas de escoamentos através de singularidades em canais, como alteração
da cota de fundo, alargamentos e estreitamentos Desta forma, a energia espe-
cífica para uma determinada seção de um canal, em escoamento retilíneo, é
dada por:

Portanto, a energia específica em uma seção do canal é a soma da altura


d'água com a carga cinética.
Utilizando a equação da continuidade, a equação anterior pode ser ex-
pressa por.
-

Hidráulica Básica Cap. 10


288

Logo, para uma dada seção do canal e para uma dada vazão, a energia
específica é função só da geometria e em particular da altura d'água

10.2 CURVAS y x E PARA q = CTE E y x q PARA E = CTE


Com a finalidade de tomar mais acessível a compreensão do conceito
de energia específica, é conveniente iniciar o estudo pelo escoamento em um
canal retangular e supondo que o coeficiente de Coriolis seja igual ?I unidade:
isto simplifica as equações e ilustra melhor os fundamentos. As propriedades
deduzidas poderão ser aplicadas aos canais de outras formas, conforme será
visto a seguir.
A hipótese de o canal ser retangular permite o uso da aproximação bi-
dimensional e a possibilidade da utilização da vazáo unitária ou vazão espe-
c$ca, definida como a relação entre a vazão Q e a largura do canal b, isto é:

Desta forma, a Equação 10.3 pode ser reescrita como:

Considerando agora que E v&a com y, para um dado valor constante de


q, pode-se construir um gráfico da Equação 10.5 no plano E - y.
A Equação 10.5 pode ser imaginada como sendo a soma de duas fun-
ções, E = A + B:
A = y, que é uma reta a 45'.

B=- " , que é uma curva do tipo hiperbólico.


2g y Z
Como condições de contorno, tem-se.
sey+O,A+O,B+-:. E=B+-
sey + m , B + O , A + m . ' . E = A = y + m
-
Cap 10 Energia ou Carga Especifica
289

-
Isto indica que a curva y x E tem duas assíntotas, uma ao eixo das
ahscissas E = B e outra à bissetriz dos eixos coordenados, E = y.
Assim, somando graficamente a reta a 45" e a hipérhole, chega-se
ao gráfico da Figura 10.1.
É também de interesse prático o estudo de como a vazão unitária
q varia com a altura d'água y para uma dada energia específica constante,
E = E,. A Equação 10 5 pode ser escrita como:

Aqui, também pode-se traçar um gráfico y x q, observando-se que Figura 10.1 Relação altura d'água-energia
as condições de contorno são: específica (vezao constante)

pri-[
se y -t O, q + O (não há água)
se y + E,, q + O (há água em condição estática)
Isto mostra claramente que deve haver um valor máximo de q para Y
algum valor de y entre O e E,. A curva tem o aspecto apresentado na Figu-
ra 10.2.
Com referência ao gráfico da Figura I O. 1, pode-se observar que, para
cada nível de energia prefixado, existem duas possibilidades de veicular
2
y, --.~
. ~ - ...,..
~.....~ yizs
.--~ - - ~ ~~

uma vazão q no canal retangular. O escoamento pode se dar com uma al-
tura d'água y ,, que corresponde à raiz da Equação 10.5 que se encontra no
ramo inferior da curva, ou pode se dar com uma altura d'água y2, que y, ......' ........:
!
corresponde à raiz da mesma equação que se encontra no ramo superior da
curva. Estes dois escoamentos têm caracten'sticas bem diferentes, o de al-
tura d'água yl é chamado de escoamento rápido, torrencial ou supercrítico 9 4,,ix 9
e o de altura d'água yz é chamado de escoamento lento,fluvial ou subcrítico Figura RelaEáoalturad.água-vazáo
e as profundidades y i e yz são chamadas de profundidades alternadas ou (energia específica cons-
correspondentes. tante).
Um ponto destaca-se nos gráficos das Figuras 10.1 e 10.2, aquele re-
ferente à energia mínima ou o seu correspondente referente à vazão máxima.
Evidentemente, estes pontos são correspondentes, já que ambos os gráficos são
a representação da mesma equação. A profundidade associada a estes pontos
é denominada profundidade crLtica y,, a qual corresponde à fronteira entre os
dois ramos da curva, e é um dos parãmetros utilizados para a identificação do
tipo de escoamento no canal.
Sintetizando as observações sobre a Figura 10 1, pode-se concluir que,
1. se y > y, + V < V,, escoamento subcrítico:
1

-
Hldraulica Baslca Cap 10
290

-
2. se y < y, -+V > V,, escoamento supercntico;
3. se y = y, + V = V,, escoamento crítico;
4. uma diminui~ãono nível de energia específica disponível provoca
um abaixamento na linha d'água, no escoamento fluvial e uma ele-
vação no escoamento torrencial.

10.3 ESCOAMENTO CR~TICO


O escoamento crítico é definido como o estágio em que a energia espe-
cífica é mínima para uma dada vazão ou o estágio em que a vazão é máxima
para uma dada energia específica
Diferenciando a Equação 10 5, tem-se:

Como q = V,y, a equação anterior toma-se:

No Capítulo 7 foi definido o grupo adimensional número de Froude


como sendo a raiz quadrada da relação entre as forças de inércia e da gravi-
dade e cuja expressão era:

Fr =-
v , na qual H, é a altura hidráulica da seção
Js.m
Como para a seção retangular a altura hidráulica é igual à altura d'água,
a expressão do número de Froude para esta seção é dada por.

Substituindo na Equação 10.8, fica:


-
Cap 10 Energia ou Carga Específica
291

Estudando o sinal da derivada da equação anterior, pode-se escrever:

dE dy
se- >O >O+Fr<l
dy dE

A Figura 10.3 mostra a representação gráfica da


Equaçáo 10.5 E = f(y) e o seu rebatimeuto em torno da
bissetriz, reta a 45O, cuja função é y = f(E) e os sinais e
valores das respectivas derivadas.
Analisando as desigualdades originadas do estudo
do sinal da derivada da Equaçáo 10.10, pode-se concluir
que, segundo a Figura 10.3:
1. se Fr < 1, a raiz da Equaçáo 10.5 encontra-se no
ramo superior da curva de energia específica,
portanto o escoamento é subcntico;
2. se Fr > 1, a raiz da Equação 10.5 encontra-se no E ou y
ramo inferior da curva de energia específica,
portanto o escoamento é supercrítico; Figura 10.3 Sinal da derivada da Equação 10.10.

3. se Fr = 1, as duas raízes são coincidentes e o es-


coamento é crítico.
Portanto, o número de Froude passa a ser o parâmetro adimensional im-
portante na identificação do tipo de escoamento que está ocorrendo.
As expressões relativas ao regime crítico podem ser geradas a partir das
Equações 10.5 e 10.7, como segue: -
'- - -,
1

-
Hidráulica Básica Cap. 10
s92

-
Isto indica um fato de grande importância: em um canal retangular a
profundidade crítica depende somente da vazão por unidade de largura.
Em continuação, a energza espec@ca miazma ou energta espec@ca cri-
ticapode ser calculada substituindo a Equação 10.1 1 em 10.5. Isto leva a.

1
A velocidade crítica V, pode ser calculada a partir da expressão dr
zão unitária.
Como q = V, y, tem-se na condição de regime crítico:

v A<,
e de
Será visto mais adiante que a velocidade crítica é igual à velocidad~
- c.+,L.:, -5

. -
a
f - - _L__
h4 2 y c
-0-0136 propagação de uma onda de pequena amplitude propagando-se sobre a super-
&.ntA.%m.

racterística física do escoamento crítico.


-..
fície de um meio líquido de profundidade y. Isto representa uma imporrantt.e*.

Outro parâmetro import.ante a ser analisado é a+cl@idade critica I,,


..">"
-<

.
-%cxn :
i
-
WCyf =-,.>C
declividade de um longo canal em que ocorre o escoamento uniforme crít:--
Para um canal retangular de grande largura, pode-se aproximar o raio hid:
,L".

ráu-
1 lico pela altura d'água, conforme mostrado no Capítulo 7.
^"e
-
v-.
-:.yc.),k, -4LLA,.'?
Assim, para condições de escoamento uniforme crítico em um c;
retangular largo, a fórmula de Manning pode ser escrita como:
I,

Como q = JgyC,tem-se: '

e finalmente a expressão da declividade crítica para um canal reTangular


go, isto é, quando Rh = y, é dada por:
-
Cap. 10 Energia ou Carga Espacifica
293

11.
1
;"
- --

YC'
1' (10.14)

Este parâmetro também pode ser usado como indicador do tipo do es-
coamento que está se processando, pela comparação com a declividade de
fundo I, do canal. Assim:
~ > A , z . -:.r> *u
se I, I,, o escoamento uniforme é subcrítico e o canal é dito de "j5ra-
I
cn declividade ";

f
t&&&<, 3.7
se I, > I,, o escoamento uniforme é supercrítico e o canal é dito de
'Yorte declividade".
Algumas observações sobre as condições do regime critico ainda são ne-
cessárias:
1. todas as equações desenvolvidas até agora, 10.4 a 10.6 e 10.1 1 a
10.14, valem única e exclusivamente para canais retangulares;
-
2. da Figura 10.1, pode-se observar que, nas proximidades da altura
crítica, uma pequena variação da energia específica implica uma
considerável variação na altura d'água. Fisicamente, significa que,
uma vez que muitas profundidades podem ocorrer para praticamente
a mesma energia específica, o escoamento nas vizinhanças da pro-
fundidade crítica possuirá uma certa instabilidade, a qual se mani-
festará pela presença de ondulações'na superfície do líquido. Isto
realmente ocorre no escoamento uniforme crítico;

:iG
3. conforme a Equação 10.1 1, a profundidade crítica é crescente Y
com a vazão q, portanto para vazões maiores as curvas da Figu-
ra 10.1 serão deslocadas para a direita, porém o lugar geométri-
co dos pontos de mínimo (escoamento crítico) será uma reta de
declividade 2Ec/3, como na Figura 10.4; &@>-..
Y../
4. o tratamento matemático desenvolvido pode ser feito partindo-se
da Equação 10.6 e chegando-se às mesmas expressões e proprie- Y . . ~ ~. ~
~ .._......
r_....
=qi -
dades. ...
Para determinar a variação da vazão unitária q com a profundidade E
y, para um valor fixado da energia E, em um canal retangular, pode-se re- mgura10.4 L~~~~geo,,,étnco dos pon-
escrever a Equação 10.6 na'forma:. tos d e mínima energia -

seção retanylar.
q2 = 2 g ~ y -2 Zgy' (10.15)
1
-
Hldr6ulica Básica Cap. 10
294

->. UyU'Ly'L" U.IIYLL"L LII".,LI" L,"* "'LL'L" Y LIWI'L, L, - V L,"U..Y" J - " "U
y = E. O aspecto da curva q = f(y) iiiostrado na Figura 10.2 pode ser ex-
plicitado pela determinação do ponto de máximo da função, diferenciando a
Equação 10.15 em relação a y, na forma.

"3
y- -,,.,,,_2.,,
6 J , "Y-.')I, i\ .i C
n Iin
<.",
dy
vel para um encoamento sm um canal
retangulsr 6 1,o m. quanto vales
vazão POI unidade de largura? Igualando a zero a Equação 10.16 e simplificando, vem:

y(2E-3y) = O (10.17)

Esta equação admite duas raízes; y = O e y = 2/3 E; só a segunda tem


importância física e é igual altura crítica dada pela Equação 10.12. Deixa-
se a cargo do leitor demonstrar que esta raiz corresponde a um ponto de má-
ximo, isto é, que a segunda derivada da Equação 10.15 é sempre negativa.
Então, para uma dada energia específica E, a vazão unitária q é máxima para
a altura crítica y,. A expressão
.-
da vazão unitária
- .
máxima pode ser
- . ..
obtida pela
substituição da raiz y = 213 E na bquação 10.15, que após simplificada se tor-
~~ ~

na:

Baseado nisto, curvas típicas de q = f(y), para um valor específico de E,


podem ser desenhadas para valores E2 > E > E,, como na Figura 10.5
P

10.4 DETERMINAÇÃO DAS ALTURAS ALTERNADAS E M CANAIS


RETANGULARES

H1 (zr?)~,
Em muitos problemas práticos é necessário determinar as raízes da
Equação 10.5, para uma dada vazão e energia específica, de modo rápido, sem
necessidade de resolver a equação do 3" grau resultante. Para isto, pode-se
adimensionalizar a Equação 10.5 usando a Equação 10.11, como:
Figura 10.5 Curvas q = f(y) para E
constante - seção retan-
9 1 y + Y ' , que dividida por y, fica:
2
gular.
E =y+ = 2
2g Y 2y2
-

Cap I 0 Energia ou C a r g a Especifica


295

-
um canal?

Os valores de Ely, podem ser deter- Y~Y, 4


minados para diferentes valores de y/y, e 3.8
3.6
colocados em forma gráfica como na Figu- 3.4
ra 10.6. 3.2
3
Observe que o gráfico da Figura 10.6 2.8
tem as mesmas propriedades e característi- 2,6
2.4
cas do gráfico da Figura 10.1. 2,2
2
1.8
EXEMPLO 10.1 1.6
1.4
b=3- l .2
Em um canal retangular de 3,0 m de I
largura, declivihade de fundo I, = 0,0005 mlm, 0.8
0.6
coeficiente de rugosidade n = 0,024, escoa, 0.4
em regime uniforme, uma vazão de 3,O m3/s. 0.2
1 1.2 1.4 1,6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2,8 3 3.2 3.4 3.6 3.8 4 4.2 4.4
Determine a energia específica e o tipo de
escoamento, fluvial ou torrencial, e, para a E~Y,
vazão dada, a altura crítica, a energia espe- Figura 10.6 Curva adimensional daenergiaespecifica paracanais retangulares.
cífica crítica e a velocidade crítica.
Pela Tabela 8.3, determina-se a altura d'água y,no regime uniforme

Daí, pela Equação 10.9, o número de Froude vale:


M O P I ~~~ Y e
B B X ~ ~ S S Bgeral
O da
declivid.de critica em um canal retan-
gula, de largura b e coeficiente de
rugosidade de Manning n B dada por:

rtanto Fr < 1 e o escoamento é fluvial ou subcrítico.

Da Equação 10.5:
-
-
Hidráulica Básica Cap 10
296

Nas condições de regime crítico pode-se usar as Equações 10.11 a 10.13

y = -(~gl)li(I)U.
=
9,s
= 0,47 m c yo = l,l5 m (Fluvial)

EXEMPLO 10.2
-

b
Um canal retangular tem 1,20 m de largura Quais são as duas profun-
didades nas quais é possível ter um escoamento de 3,s m3/s de água, com uma
E~cmmentocom profundidade crnisa energia ou carga específica de 2 3 6 m.
ocorre quando a energia espeinice B
m6xima, para uma dada v a s o ? A altura ctftica é dada pela Equação 10.11.

daí Ely, = 2,8610,954 = 3,O e, pelo gráfico da Figura 10.6, as duas alturas
adimensionais são y l/y, = 2,95 e ydy, = 0,45, o que fornece y I = 2 3 1 m (flu-
vial) e y2 = 0,43 m (torrencial).

Em escoamentos livres, outro parâmetro importante para caracterizar o


comportamento da corrente é a celeridade de uma onda gravitacional de pe-
quena altura ou amplitude. A celeridade c é definida como a velocidade da
onda (perturbação) que se propaga em um canal em relação ao meio, iqto é,
medida em relação à corrente e não às margens.
A expressão da celeridade de uma pequena onda gravitacional em um
canal retangular, horizontal e sem atrito nas paredes e fundo pode ser es-
tabelecida utilizando-se a equação da continuidade e o teorema da quantida-
de de movimento, em um volume de controle conveniente. Seja a Figura 107a,
Cap 10 Energ~aou Carga Especitica
1 I
297

na qual uma pequena perturbação de amplitude Fy << y se propaga com ve-


locidade absoluta V, (em relação às margens) no sentido da corrente para
jusante Como resultado da propagação, a velocidade média do escoamento
muda de V para V + FV, portanto o escoamento 6 náo permanente
Para utilizar um volume de controle no regime
permanente, sobrepõe-se ao campo de velocidade real .............. 34- .............
um campo de velocidade dado por -V,, isto é, no sen-
tido de montante, como na Figura 10.7b. Desta forma,
a aplicação das equações básicas da continuidade e do
teorema da quantidade de movimento, para o regime
permanente, entre as seções 1 e 2, por unidade de lar-
gura da seção, torna-se: Figura 10.7a. Figura 10.7b.
ai Continuidade

que desenvolvida e simplificada, desprezando os termos de maior ordem, fica:

b ) Teorema da quantidade de movimento


Como, por hipótese, o canal é horizontal e não há tensão de cisalha-
mento nas paredes e fundo, a única força sobre o volume de controle é a for-
ça de pressão hidrostática nas seções 1 e 2.

portanto:

expressão que desenvolvida e simplificada, desprezando os termos de maior


ordem, fica:

gFy = - GV(V - V,) C10.22)


-
-
Hidráulica Bristca Cap. 10
298

-
Combinando as Equações 10.21 e 10.22, tem-se:

Pela definição de celeridade, c é a velocidade da onda em relação a água


(velocidade relativa) e, como V, é a velocidade absoluta, V é a velocidade de
arrastamento do sistema relativo (água), segue-se da Equação 10.23 que

Deve ser notado que a Equação 10.24 é válida somente para ondas de
pequena amplitude, uma vez que, na dedução das Equações 10.21 e 10 22, des-
prezou-se termos na forma Fy &V,pois Fy << y. Posteriormente, uma expres-
são mais geral para a celeridade de ondas de gravidade será desenvolvida.
No escoamento crítico, o número de Froude é igual à unidade, assim,
pelas Equações 10.9 e 10.13, a velocidade crítica vale:

portanto, comparando com a Equação 10.24, conclui-se que:

Logo, a celeridade de uma onda de pequena amplihide no canal é igual


à velocidade média do escoamento, quando o escoamento ocorrer em condições
de regime crítico. Assim, se V < V,, o escoamento é subcrítico, e se V >V,, o
escoamento é supercrítico e o número de Froude pode ser definido como

Paraum canal de forma qualquer, as Equações 10.23 e 10.24 são escritas


como:
Cap 10 Energia ou Carga Especifica
1 299 1

sendo H, a altura média ou altura hidráulica da seção definida no Capítulo 7


Por conseqüência, a celerrdade absoluta V,de uma perturbação é dada por:

Estas conclusões e relações indicam um método aproximado, simples e


prático para estabelecer se o escoamento em uma seção de um canal é subcrí-
tico ou supercrítico. Lançando na corrente uma pequena pedra ou produzindo
uma ondulação superficial por qualquer outro modo, por exemplo, colocando
na superfície livre a ponta de um lápis e verificando a conformação da snper-
1 fície da água a montante e a jusante da ponta, como na Figura 10.8. Se a per-
turbação produzida pelo lápis se propagar para montante "enrugando" a
superfície da água atrás, o escoamento é fluvial, Figura
10.8a, Se a perturbação for arrastada para jusante for-
mando uma frente de onda oblíqua o escoamento é tor-
rencial, Figura 10.8b. Três diferentes situações para a
propagação da perturbação são possíveis, em função da
magnitude relativa da velocidade média V e da cele-
ridade c. A celeridade absoluta (em relação às mar-
gens) pode assumir três valores V, = V + c; V, = V -
c e V, = O, quando V = c.
Os três casos são mostrados na Figura 10.9.
V < c Fluvial
- V c - Toxencinl
a) Se V .:c, a onda com celeridade absoluta V, Figuras 10.8a e b Características da superfície da igua
se propaga tanto para montante quanto para
jusante com velocidades respectivamente, V -
c e V + c, este regime é fluvial ou subcrítico.
b) Se V > c, a onda com celeridade absoluta VU
se propaga somente para jusante com as fren-
tes de onda tendo velocidades, V - c e V + c,
este regime é torrencial ou supercrítico.
c) Se V = c, a celerida'de absoluta para montante
é nula e para jusante é igual a ZV, formando-se
na posição inicial da origem da perturbação
uma onda estacionária em relação a um obser-
vador colocado na margem, este regime é cd- Figura 10.9 Propagaçào da onda
-
-
H~draulicaB5slca Cap 10
300

-
10.6 SEÇAO DE
CONTROLE

~ . -"
~...===------------
.~..~.
~~.~ . . -...
! !r
0
1-L A
.........................
. . . . . . . .B-.~
1
ci /
É importante em hi-
dráulica dos canais o conhe-
,I, / ....... ~ ~ ~ C~ ~..... - . ,I' ~
~ 1 .
~

r*
I !
~~~~~

A ~~~~

C/ ! .. cimento de seções nas quais


alguma característica deter-
,,, , ,
.--
k<,, , ,, /
.....
------ .---------.
~

,!A';,
q,
...-....---
---

,
~

,,,,,,,, A ' q
BI, :,
',0
mina uma relação entre altu-
ra d'água e vazão. Tais seções
são chamadas de seções de
controle, porque controlam as
profundidades do escoamento
Figura 10.10 Conceito de seçáo de controle. em trechos do canal a sua
montante ou a sua jusante,
dependendo do tipo de escoa-
mento que está ocorrendo. Para o regime crítico, pode ser estabelecida uma re-
lação entre a l m a d'água e vazão, portanto uma seção crítica é uma seção de
controle. As maneiras como estas seções influenciam no escoamento são as
mais variadas possíveis. O conceito pode ser exemplificado através de uma
estrutura de transbordamento de um reservatório mantido em nível constante,
constituídwpor um vertedor de crista espessa como na Figura 10.10.
Considerando, para simplificar, que a estrutura seja retangular de largura
b e relativamente curta para que a perda de carga entre a seção de entrada e a
queda livre a jusante seja desprezível, duas situações são analisadas.
a) Quando a comporta de controle a jusante estiver totalmente fechada,
não haverá escoamento e a água estará parada, com altura y = E,
(energia específica disponível), situação correspondente ao ponto A
da curva de vazão. Abrindo-se parcialmente a comporta até a posição
B, ocorrerá uma pequena vazão e a altura d'água no vertedor cairá,
pois haverá transformação de energia potencial em cinética. Conti-
nuando a abrir a comporta de jusante, a vazáo vai crescendo e a al-
tura d'água y, diminuindo, até que se atinja o valor da vazáo máxima
dada pela Equação 10.18, e compatível com a energia específica dis-
ponível E,, cuja profundidade correspondente é a crítica, ponto C da
curva de vazão. A partir desta situação, a comporta não mais influi-
rá no escoamento e a vazão e a altura d'água não mais se alterarão.
b) Deixando a comporta de jusante totalmente aberta e operando outra
a montante, como indicado pontilhado na figura, quando esta estiver
totalmente fechada, a vazão será nula (não há água na estrutura),
portanto y = O (ponto D na curva de vazão). Abrindo-se esta comporta
crescerão continuamente a vazáo e a altura d'água até que se atinja,
como no caso anterior, a vazão máxima compatível com a energia es-
-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
301

-
pecífica disponível E,, cuja profundidade correspondente é a ctítica,
ponto C da curva de vazão.
No primeiro caso, que corresponde ao trecho AC da curva de vazão, o
elemento controlador do escoamento está a jusante da seção correspondente,
e o escoamento é fluvial No trecho DC da curva de vazão, o elemento con-
trolador do escoamento está a montante da seção correspondente e o escoa-
mento é torrencial
Este fato'tem uma importância prática significativa. O regime subcrítico
é controlado por alguma característica colocada a sua jusante e as perturba~ões
originadas em determinada posição propagar-se-ão para montante. No caso do
escoamento supercrítico, este é controlado por uma característica colocada a
sua montante. Como exemplo das duas situações, tem-se a constmção de uma
barragem em um n o (regime fluvial), condicionando a linha d'água a sua
montante pelo aparecimento de um remanso de elevação que se faz sentir à
grande distância da barragem, seção de controle, ver Figura 7.2. Ainda na
Figura 7.2, a seção de controle, barragem, condiciona o escoamento torrencial,
a sua jusante, pelo vertedor.
No jargão técnico, costuma-se dizer que o escoamento torrencial "igno-
ra" o que está ocorrendo águas abaixo; por exemplo, a descarga do vertedor da
Figura 7.2 não é afetada pela existência de um ressalto hidráulico localizado
ao pé do mesmo.
Como veremos no Capítulo 13, o conceito de controle será usado no cál-
culo da linha d'água no escoamento permanente e variado, cálculo que se ini-
cia em uma seção de altura conhecida, seção de controle, e prossegue no
sentido no qual o controle está sendo exercido, isto é, de jusante para montante,
se o escoamento for fluvial, e o contrário, se for torrencial.
pequenas panurba$óes propagam.oe
para montante e para jusante ou s6
para montante7
Os conceitos de energia específica e escoamento crítico, em conjunto com
os gráficos das CUNaS y x E para q = cte, Figura 10.1, e y x q para E = cte., Fi-
gura 10.2, são utilizados para analisar o comportamento da linha d'água, devi-
do àpresença de uma transição cuia como redução de largura, elevação do nível
de fundo ou combinação dos dois efeitos. O efeito da transição pode alterar o
escoamento de várias maneiras, alterando até o regime de subcrítico para
supercrítico ou o contrário, inclusive gerando o aparecimento de um ressalto
hidráulico. As aplicações serão inicialmente feitas para a seção retangular por
simplicidade, mas as propriedades e características dos escoamentos podem ser
estendidas à seção trapezoidal, tratada mais adiante. As transições analisadas
serão curtas e de geometria suave para que se possam desprezar as perdas de
carga. Em geral, o fluxo resultante é convergente e, como discutido na Seção
3.3.1, a perda de carga devido à aceleração é pequena.
-
Hidráulica Basica Cap 10
302

-
10.7.1 REDUÇÃO NA LARGURA
D O CANAL
Considere, como na Figura
10.1lb, um canal retangular com lar-
gura bi na seção 1 e largura bz < bi
na seção 2, sem variação da cota de
fundo entre as seções. A vazão unitá-
ria q? na seção 2 é maior que a vazão
42 '4, unitária qi na seção 1 e, conforme a
Figura 10.4, as curvas de energia es-
E, E; E pecífica se deslocam para a direita
Figura 10.11a. Figura 10.11b. quando q aumenta. Considerando o
escoamento na seção 1 fluvial, na Fi-
gura 10.1 la, a altura d'água compatível com a energia disponível Ei = cte. vale
yi (ponto A). A altura d'água na seção 2 é menor que yi e maior que y, e
corresponde ao ponto B, pois E1 = cte. Considerando o escoamento na seção 1
torrencial, na Figura 10.1Ia, a altura d'água compatível com a energia disponí-
vel E1 = cte. vale y l *(ponto A*). A altura d'água na seção 2 é maior que y ~ e*
menor que y, e corresponde ao ponto B'.
Portanto, a altura d'água decresce se o escoamento a montante for flu-
vial e cresce se for torrencial, sem haver, em cada caso, mudança de regime.
Se a largura da seção 2 for reduzida ainda mais, aumentando a vazão
unitária, até que a reta E, := cte tangencie a curva da energia específica dese-
nhada para a vazão qa, a altura d'água nesta seção será a altura crítica, inde-
pendente do tipo de escoamento na seção 1 ser fluvial (A+C) ou torreiicial
(A*+C). Trata-se, portanto, de uma situação limite na qual aenergia disponí-
vel em 1 ainda é suficiente para veicular a vazão. Reduzindo-se ainda mais a
largura em 2, conforme a Figura 10.1la, a reta Ei = cte. não cortará a curva
da energia desenhada para q2 > q,z, pottanto não há solução matemática para
o problema físico, nas condições iniciais de montante. Supondo que o escoa-
mento em 1 seja fluvial, as perturbações originadas pela transição propagar-
se-ão pafa montante e a altura d'água deverá ajustar-se por si mesma, até que
condições críticas sejam produzidas na seção 2, seção de controle. Em outras
palavras, haverá alterações nas condições de montante pelo aparecimento de
uma curva de, remanso com a altura d'água na seção 1 aumentado para o va-
lor y i+, ponto A+, até atingir uma energia, necessária para veicular a vazão uni-
tária qz > qc2 condizente com a largura da seção 2, bi< b,. Nesta situação, O
escoamento passará de fluvial a montante da transição para crítico na transi-
ção e, na sequência, para torrencial, retomando ao escoamento fluvial através
de um ressalto hidráulico se, a jusante, o canal for de fraca declividade. Des-
ta forma, a condição limite de largura na seção 2, para que o escoamento se pro-
cesse sem que sejam alteradas as condições de montanie, é que o escoamentona
seção 2 seja crítico e não haja elevação da linha de energia a montante.
-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
303

Se o escoamento na seção 1 for torrencial e a largura em 2 for menor


que a largura limite, haverá a formação de um ressalto hidráulico a montante
da transição e a perda de energia que ocorre no ressalto toma impo~sívelana-
lisar o problema usando somente o diagrama de energia específica y x E.

10.7.1.1 CALHAS MEDIDORAS DE VAZÁO


Como a redução de largura em um canal retangular pode produzir uma
seção na qual o escoamento é crítico, seção de controle, desde que a largura
contraída seja menor ou igual ê largura limite, este fato é utilizado para im-
plantar em canais medidores de vazão genericamente chamados de medidores
de regime crítico. Entre estes medidores destacam a calha Parshall, utilizada
em medições de vazão em estações de tratamento de água e es-

~&';~iL,i~-
goto, e a calha venturi, utilizada em sistemas de irrigação.
Tais estmturas de medição têm convencionalmente uma
entrada suavemente afunilada, uma seção contraída (garganta)
de paredes paralelas, um trecho divergente e em geral fundo
plano, conforme Figura 1 0 . 1 2 ~A. coníração lateral produz uma
variação da velocidade e da profundidade ao longo da calha que
- ,..~.
.....~..~. ~~~~~~
~~~~~
~~~~~

,
a) Calha venun.
podem ser relacionadas para a determinação da vazão. Duas si-
tuações de escoamento podem ocorrer, com diferentes linhas
d'água. Se as condições são tais que o escoamento permanece v 3 zg linha de energia,
J;iz I
fluvial em toda a calha, sem atingir a altura crítica, Figura
10.12a, a estrutura é chamada calha venturi e tem característi-
tas análogas aos medidores venturi usados em tubulações.
....~

yc
- I$!?&..
---....,..
....~
.~
~~~

Estas estruturas sáo robustas e permitem a passagem da h) Calha de ondaestacionha.

vazão de modo fácil, dificultando que os materiais flutuantes ou


em suspensão provoquem alterações ou se depositem, exigindo I gnrganfa I
uma lihitada iroteção contra a erosão.
Nesta condição, a vazão escoada pode ser determinada
pela aplicação da equação da energia específica entre as seções
1 a montante e a seção 2 na garganta, na forma:
C) Planta

Figura 10.12 Calha medidora de vazáo

da qual vem:
1

-
H~dmulicaBásica Gap 10

-
Para levar em conta a não uniformidade na distribuição de velocidade
e a pequena perda de carga na transição, a equação antenor é multiplicada por
um coeficiente de vazão Cd, com valor em torno de 0,97, ficando.

Se o escoamento é fluvial em toda a calha, se diz que ela está operan-


do afogada e muitas vezes esta situação é inevitável, por condicionamento de
jusante ou vazão alta. Esta condição de funcionamento necessita, para o cal-
culo da vazão, de duas medidas de alturas d'água y i e yz, de valores próximos,
e com o inconveniente que a superfície d'água na garganta tende a ser instá-
vel.
Para que a calha se constitua em uma estrutura de medição convenien-
te e mais eficaz, é necessário estabelecer uma seção de controle, isto é, uma
relação direta entre a vazão e uma única altura d'água. Isto é possível se o grau
de contração na largura e as condições do escoamento são tais que a superfí-
cie livre passe pela altura crítica, na garganta, conforme aFigura 10.12b. Neste
caso, após a seção crítica, o escoamento é torrencial, com a formação de um res-
salto hidráulico na saída da garganta, retomando ao regime fluvial a jusante da
transição. Esta é a forma de funcionamento para a qual normalmente se proje-
ta uma calha medidora, e o modo de operação é dito calha de onda estacioná-
ria. A relação entre a vazão veiculada e a altura d'água no regime fluvial y i, que
se pode medir com boa precisão, é determinada, como anteriormente, pela apli-
cação da equação da energia.
Desprezando as perdas de carga entre as seções 1 e 2 e para o mesmo
nível de fundo, pode-se escrever:

Se a velocidade de aproximação é baixa, a carga cinética pode ser con-


siderada desprezível, E, = yi, o que simplifica a equação anterior e permite de-
terminar a vazão com uma precisão bem razoável, na forma:
Cap. 10 Energia ou Carga Esopecifica
1 305 1

Assim, medindo-se a altura d'água imediatamente a montante da seção


contraída de largura b ~ em
, uma região em que o escoamento é paralelo e,
portanto, a distribuição de pressão é hidrostática, para validade da Equação
10.2, a vazão pode ser calculada pela Equação 10.32.

EXEMPLO 10.3
\o. yvn
Um canal retangular com 3,b m de largura, rugosidade n = 0,014 e
declividade de fundo I, = 0,0008 mlm transporta em regime permanente e
uniforme uma vazão de 6,&m7s+&m uma determinada seção, a largura é re-
duzida suavemente para 2; m, assim qual a altura d'água nesta seção? Qual
deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico,
sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas
na transição.
A altura d'água no regime uniforme, que será a altura d'água imedia-
tamente antes da constrição, pode ser determinada pela Tabela 8.3, como se-
gue:

Critico, Sempre ocorre um ressalto


hidrdulico B iusante?

O número de Fruude do escoamento a montante da transição vale:

V 6,Ol (3,0,1,26)
Fr, = --- = 0,45 :. escoamento fluvial.
&= 455%
Pela conservação da energia específica entre uma seção do canal e a
seção contraída, tem-se:
-
I

Hldraulica Básica Cap. 10


3,,6

-
A altura crítica na seção 2 vale:

portanto a mínima energia necessária nesta seção, para que o escoamento ocor-
ra sem alterar as condições de montante, vale:

3 3
E,, = - y,, = - . 0,86 = 1,29m < E , = 1,39m
2 2

assim o escoamento na seção 2 continuará fluvial.


A Equação I pode ser resolvida por tentativa e erro, observando que a
raiz que satisfaz a condição física do problema é aquela correspondente ao
escoamento fluvial, ou utilizando o gráfico da Figura 10.6, com:

E
NaFigura 10.6, para A =1,61 -+a=
1,35 :. y, = 1,16m
Yc2 Y c2
Logo, houve um abaixamento da linha d'água na seção 2 de 0,10 m.
A largura limite da seção 2 para que o escoamento a montante não seja
alterado corresponde à condição EI = 1,39 m = E,z. Assim:

Como, por continuidade, Q = 6,O m3/s = qi bi = qc2 b,2 :. b,2 = 2,14 m.


Observe que, se a largura for contraída a menos de 2,14 m, a energia
inicial EI = 1,39 m não será suficiente e o escoamento a montante será alte-
rado pelo estabelecimento de uma curva de remanso, elevando o nível d'água
até que a energia na seção 1 seja suficiente. Neste caso, o escoamento na se-
ção 1, com mais razão, será fluvial, passando a crítico na seção contraída e, na
sequência, a torrencial, voltando a fluvial após a transição, pois o canal é de
fraca declividade y, > y,i, depois de um ressalto.
-

Cap 10 Energia ou C a r g a Especifica


307

10.7.2 ELEVAÇÁO NO NíVEL DE FUNDO


Considere, como na Figura 10.13b, um canal retangular de largura cons-
tante, portanto com vazão unitária q constante, no qual, em uma determinada imagine um eoeaarnenta fluvial em um
canal ~tanguiar,no qual em uma
seção, há uma elevação no fundo de altura AZ.Desprezando as perdas de car- determinada seqão a largura 6 diminul-
da. Hb po~Sibiiidadede ocorrer escoa-
ga, a equação da conservação da energia entre as seções 1 e 2 é escrita como: mente critico na S B F ~ Ocontraídasem
alterar as condip6ei do escoamento a
montante desta sepão?
E, = E? + AZ (10.33)

Deve ser observado que a energia específica E é sempre medida na se-


ção em relação ao fundo do canal. Como no caso da transição devida a uma
redução na largura, serão analisadas duas condições iniciais na seção de mon-
tante, seção 1.
Considerando o escoamento na seção 1 fluvial, na Figura 10.13a, a al-
tura d'água compatível com a energia disponível E] vale yi (ponto A). A altura
d'água yz na seção 2 é menor que y 1 e maior que y, e corresponde ao ponto
B, pois E2 = E , - AZ. Considerando o escoamento na seção 1 torrencial, na
Figura 10.13a, a altura d'água compatível com a energia disponível EI vale yi*
(ponto A*). A altura d'água na seção 2 é maior que y i 8 e menor que y, e
corresponde ao ponto B*. Portanto, a altura d'água decresce se o escoamento
for fluvial e cresce se for torrencial, sem haver, em cada caso, mudança de
regime.
Se a altura AZ na seção 2 for aumentada ainda mais, até que a reta E2
tangencie a curva da energia específica desenhada para a vazão q = cte. (A2=
C e E2 = E<),a altura d'água nesta seção será a altura crítica, independente
do tipo de escoamento na seção 1 ser fluvial (A-C) ou torrencial (A*+C).
Trata-se, portanto, de uma situação limite na qual a energia disponível em 2
ainda é suficiente para veicular a vazão. Aumentando-se ainda mais o nível do
fundo em 2, conforme a Figura 10.13a, a reta E2 estará à esquerda da reta I5 e
não cortará a curva da energia desenhada para q = cte., portanto não há solução
matemática para o problema físico nas condições iniciais de montante. Supon-
do que o escoamento em 1 seja fluvial, as perturbações originadas pela tran-
sição propagar-se-ão para montante e a altura d'água deverá ajustar-se por si
mesma, até que condições críticas sejam produzidas na seção 2, seção de con-
trole. Em outras palavras, haverá alterações nas condições de montante pelo
aparecimento de uma curva de remanso com a altura d'água na seção 1 aumen-
tada para o valor y i+,ponto A+, até atingir uma energia EI+=E, +a+, neces-
sária para veicular a vazão unitária q condizente com a altura de fundo da
seção 2, AZ+> a. Nesta situação, o escoamento passará de fluvial a montante
da transição para crítico na transição e, na sequência, para torrencial, re-
tomando ao escoamento fluvial através de um ressalto hidráulico se, a jusante,
o canal for de fraca declividade. Desta forma, a condição limite de elevação de
-
-
Hidraulica Básica Cap. 10
308

-
fundo na seção 2, para que o escoa-
mento se processe sem que sejam al-
teradas as condições de montante, é
que o escoamento na seção 2 seja
crítico e não haja elevação da linha
de energia a montante.
Se o escoamento na seção 1
for torrencial e AZ > AZ,, haverá a
formação de um ressalto hidráulico
a montante da transição e a perda de
energia que ocorre no ressalto toma
E, E, E, E: E I impossível analisar o problema
Figura 10.13a. Figura 10.13b. usando somente o diagrama de ener-
gia específica y x E.

10.7.2.1 VERTEDOR RETANGULAR DE PAREDE ESPESSA


Do mesmo modo que a redução na largura de um canal retangular pode
ser usada como um medidor de vazão tipo calha venturi, uma elevação do
fundo em um trecho curto pode ser utilizada com a mesma finalidade.
A Figura 10.14 mostra um medidor de vazão denominado
vertedor retangular de parede espessa, que consiste basicamente em
Q
uma elevação do fundo do canal, suficientemente grande para que as
condições do escoamento a montantesejam alteradas com a elevação
do nível d'água (AZ> a,). Isto, como foi visto anteriormente, pro-
I 2 duz em cima do degrau o escoamento crítico e permite, pela aplica-
Figura 10.14 de parede .ção da equação da energia, determinar a vazão. Tal vertedor deve ter
espessa. uma soleira suficientemente longa para estabelecer em algum ponto
dela o paralelismo dos filetes (distribuição hidrostática), mas não exa-
geradamente longa para não produzir uma perda de carga por atrito
que não satisfaça as hipóteses admitidas. O escoamento a jusaute, que será em
um certo trecho torrencial, deve ser livre (não afogado) e o bordo de ataque do
calha venlur~e uma calha de onda vertedor, arredondado, para não haver turbulência e descolamento da lâmina.
estanonAiia7
Maiores detalhes deste tipo de vertedor serão vistos no Capítulo 12.
Aplicando a equação da energia entre a seção 1, na qual a distribuição
de pressão é hidrostittica, e a seção 2, de um canal retangular de largura b, para
um referencial passando em cima da soleira do vertedor, e desprezando a carga
cinética de aproximação, fica:
-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
309

Equação que desenvolvida se toma:

Na Equação 10.34, h é chamado de carga sobre a soleira, e como as


perdas de carga foram desprezadas, a vazão é dita vazdo teórica. Observe que
a Equação 10.34 é da mesma forma que a Equação 10.32 estabelecida para o
escoamento em uma calha, indicando que os dois fenômenos são essencial-
mente semelhantes.

EXEMPLO 10.4

Em um canal retangular de 5 m de largura escoa em regime permanente


euniforme uma vazáo de 16 m7/s, com uma declividade de fundo I, = 1 mlkm
e coeficiente de rugosidade n = 0,021. Em uma determinada seção, um degrau
de 0,20 m de altura é constmído no fundo do canal e nesta mesma seção a
largura é reduzida para 4 m.
Desprezando as perdas de carga, verifique se a transição afetou as con-
dições a montante e determine a altura d'água na seção. Se as condições do
escoamento a montante não foram afetadas, qual deverá ser a máxima altura
do degrau, sem que isto ocorra?
Trata-se de uma aplicação em que há sobre o escoamento os dois efei-
tos, redução na largura e elevação do fundo. Evidentemente, o problema pode
ser tratado de modo individualizado e o efeito total será a sobreposição dos
dois.
A altura d'água no escoamento uniforme a montante da transição pode
ser determinada pela Tabela 8.3, como segue:
1

-
Hidraulica Básica Cap. 10
310

-
A energia disponível antes da transição vale:

A altura crítica antes da transição vale:

.'. escoamento fluvial.


Na seção 2 (transição), a mínima energia específica necessária para vei-
cular a vazão é dada por:

Para um referencial passando no fundo do canal, a mínima energia na


seção 2 será, E,í,,z = AZ + E,? = 0,20 + 1,766 = 1,966 m. Como na seção 1 a
energia disponível vale E1 = 2,113 m > Emini,as condições a montante não
serão alteradas e o escoamento na seção contraída continuará a ser fluvial.
A conservação da energia entre as seções 1 e 2 permite determinar a
altura d'água na transição.

Como a altura d'água crítica na seção 2 vale y,z = 1,177 m, a raiz da


equação precedente, no regime fluvial, é dada pela Figura 10.6.
Na Figura 10.6, para:

A condição limite para não alterar as condições a montante é que


y2 = yc? e Ez = Ea.
-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
311

Portanto, EI = Eci + AZ, .: 2,113 = 1,766 + AZc :. AZc = 0,35 m


10.8 OCORRÊNCIA DA PROFUNDIDADE CRITICA
Na Seção 10.7, foi mostrado que uma transição no canal, seja por ele-
vação no fundo ou redução na largura, pode gerar o escoamento crítico e al-
terar o tipo de escoamento, desde que provoque a elevação da linha d'água a
montante. A mudança do regime de subcrítico para supercrítico, ou vice-ver-
sa, é feita com a passagem do escoamento por condições críticas. No pnmei-
ro caso, a mudança se dá de maneira gradual e a posição da altura crítica pode
ser estabelecida com alguma facilidade. No segundo caso, devido à presença
do ressalto hidráulico, isto é difícil.
A questão a ser colocada é: onde ocorre a profundidade crítica na transi-
. gradual
ção - do escoamento fluvial para torrencial? Um desenvolvimento ma-
temático pode ser feito para analisar as condições entre a vazão, a energia
disponível e a geometria, que promovam a ocorrência da altura crítica. Duas
situações serão analisadas em um canal retangular, na ausência de perdas de
carga, e as conclusões podem ser estendidas para outras geometrias. O pnmei-
ro caso corresponde à alimentação de um' longo canal retangular de largura b,
com uma certa declividade de fundo, por um reservatório mantido em nível

-%-
-2%
constante; e o segundo, a um canal retangular e horizontal de largura unifor-
memente variada, como na calha venturi.
I A Figura 10.15a ilustra
a ocorrência da profundidade ~ - - ~ ~ ~

2 -=---- , --....-----
.4.- , , --...
----..
crítica
de fortenadeclividade, I, >canal
entrada de um I,, e -
--
S .
.
.

a Figura 10.15b, a ocorrência ..-.:.:. ---... yò--------......-.


Lago Y,
YC Lago
da profundidade crítica nas 10'lc 1 6
proximidades da saída (queda
bmsca) em um canal de fraca
i declividade, < I,. Figura 10.15a Forte declividade.
( kar- -4)
Figura 10.15b Fraca declividade.

I
Supondo desprezíveis a /+CQ)
perda de carga na passagem do reservatório para o canal e a carga cinética de
aproximação, o que significa dizer que a energia disponível é somente a ener-
gia potencial H, o primeiro caso pode ser tratado matematicamente, com H e
q constantes, na forma:

I, Diferenciando esta equação em relação a x, distância medida ao longo


do canal, vem:
7

-
Hidráulica Básica Cap 10
312

Utilizando a Equação 10.10, fica:

Esta equação demonstra as particularidades descritas na seção sobre tran-


sições, Seção 10 7.2, com o uso da curva y x q. Por exemplo, se o escoamento
for subctit~co(Fr < 1) e ocorrer uma elevação do fundo do canal (dZ/dx > O), a
Equação 10.36 mostra que, necessariamente, dyldx < O, isto é, ocorrerá um
abaixamento da linha d'água sobre o degrau. O contrário ocorre se o escoa-
mento for supercrítico.
Em relação ao canal de forte declividade alimentado pelo reservatório,
com uma transição feita por uma crista de curta distância (trecho horizontal),
tem-se dZ/dx = O e, como dyldx # 0, pois a água está sendo acelerada para este
ponto, a Equação 10.36 mostra que, necessariamente, Fr = 1. Isto é, o escoa-
mento na entrada do canal (ponto mais alto da crista) é crítico e a vazão uni-
tária, dada pela Equação 10.18, é a máxima compatível com a energia
específica disponível H = E, que é a diferença de cotas entre o nível d'água no
reservatório, em uma região não perturbada pela transição, e a cota de fundo
do canal na seção de entrada. Esta caractedstica é válida em situações análo-
gas, para seções diferentes da retangular, como será tratado posteriomente.
Após o escoamento passar pela altura critica na entrada do canal, continua a
ser acelerado, atingindo o regime uniforme torrencial, seção I, que perdura até
a extremidade final na queda bmsca, seção 3, uma vez que o escoamento tor-
rencial ignora a presença da queda a jusante.
Para o canal de fraca declividade, tem-se, na seção 1, suficientemente
afastada da entrada, o regime uniforme fluvial. Como este regime é controla-
do por jusante, o escoamento uniforme ocorre na seção de entrada, seção 2. A
vazão escoada pode ser determinada compatibilizando-se as equações de re-
sistência e da energia específica, respectivamente:

Estas equações permitem determinar o par de valores Q e y, que satis-


fazem o problema.
-
Cap 10 Energia ou Carga Especifica
313

Como o escoamento uniforme é fluvial, comandado porjusante e na


saída do canal, seção 3, não existe condicionamentos que possam refletir para
montante, nesta seção o escoamento vai ocorrer com a mínima energia espe-
cífica. ou seja, em regime crítico. Na verdade, devido ao efeito da curvatura
das linhas de corrente no final do canal, a altura crítica não ocorrerá exatamen-
te na seção 3, no bordo da queda. Segundo Rouse (48), para um canal horizon-
tal ou de fraca declividade e seção retangular, a altura crítica y, ocorre a uma
distância a montante da queda da ordem de 3 a 4.y, e a altura d'água no bordo
da queda, medida verticalmente, é aproximadamente dada por y b = 0,715 y,.
Portanto, uma queda vertical em um canal retangular de declividade
fraca pode ser usada como uma estrutura de medição de vazão, em que não se
exija grande precisão, medindo-se a altura d'água no bordo da queda, calcu-
lando-se a altura crítica e a vazão unitária pela Equação 10.11.
Neste problema de um reservatório alimentando um canal, em princípio
não se sabe se o canal é de declividade forte ou fraca, pois não se conhece a
vazão escoada. Assim, inicialmente pode-se levantar a hipótese de que a de-
clividade é forte, determina-se a vazão pela Equação 10.18, se a seção do ca-
nal for retangular, e daí a altura crítica y, e a altura normal y,, pela fórmula de
Manning, e verifica-se que a hipótese é verdadeira se y, < y,, caso contrário
a declividade é fraca (ver Exemplo 13.2). Todas estas propriedades e caracte-
rísticas sáo válidas para outras seções que não a retangular.
No caso de um canal retangular e horizontal com largura variável, isto
é, b = b(x), a energia específica em uma dada seção vale:

Diferenciando a equação em relação a x, na ausência de perdas, fica:

Desenvolvendo a derivada, observando que tanto b quanto y são funções


de x, chega-se a:
-
-
Hidráulica Basica Cap. 10
314

-
Pela Equação 7.4, o número de Froude para uma seção qualquer é dado
porr

Deste modo, a expressão anterior pode ser posta na forma:

Pela equaçáo precedente, quando o escoamento for crítico, portanto


Fr = 1, necessarxamente deve-se ter db(x)/dx = 0, isto é, ocorrerá escoamento
crítico na seção de mínima largura. Derivando-se a Equação 10.38, pode-se
mostrar que o regime crítico não ocorre na seção & máxima largura e sim na
de mínima, pois a denvada segunda é posinva.

10.9 CANAIS DE FORMA QUALQUER


As propriedades e características desenvolvidas na análise dos escoa-
mentos na seção retangular podem ser generalizadas para canais de forma
qualquer (trapezoidal, circular, triangular, parabólica etc.), e observando que,
para seções irregulares, seguindo a definição de energia específica, o re-
ferencial deve passar no ponto mais baixo da seçãb e a distnbuição hidrostática
de pressão deve ser preservada.
Pela Equação 10.3, para a = 1, a equaçáo da energia específica em uma
determinada seção é dada por:

Para Q = cte., a condição de escoamento crítico é obtida como antes,


diferenciando a equaçáo anterior em relação à altura d'água y.

A variação da área molhada A com a altura y pode ser obtida utilizan-


do-se a notação da Figura 10.16.
Cap. I 0 inerga ou Carga Especif~ca
lli I
Sendo B a largura da seção na superfície livre, tem-se dA =
Bdy e assim:

d~ = I - - Q ? B (10.41)
A
dy g ~ 3

Observe que a Equação 10.41 é a correspondente da Equa- Figura 10.16 Canal de forma qualquer
çáo 10.7 para a seção retangular, e que aquela passa a ser um caso .'

particular desta. @'L l e nuai,

Nas condições de regime crítico, dE/dy = 0, portanto:

Tão, "Oca B"CO"1IDU um cana1 retangu-


lar, relativamente lisa e de baixa
equação importante cuja raiz é a profundidade crítica para a seção em questão. daclividads. com largura de 0.80 m,
descsrrsgando livremente em um
pequeno reSerVa161io situado em cota
A relação AíB foi definida como altura hidráulica ou altura média da mais baixa que o fundo do canal.
Como voo€ procederia para estimar a
seção e, desta forma, a expressão do número de Froude pode ser generaliza- v a ~ i i otran~portada,contando somente
da, em termos da vazão, na forma: com uma regua graduada?

Todas as conclusões relativas à ocorrência do escoamento crítico em ca-


nais retangulares são igualmente válidas em canais de forma qualquer, desde que
o escoamento se processe dentro da calha, sem extravasar para fora da seção.
Combinando-se as Equações 10.39 e 10.42, pode-se estabelecer a rela-
ção entre a energia mínima E,, em um canal de forma qualquer, e a geometria
do escoamento Na condição de regime crítico, da Equação 10.42 vem:

que substituída em 10.39 fica:


; ,*c. h* Gw.(.k~a
equação geral que toma a Equação 10.12 um caso particular e mostra que a
carga cinética no regime crítico é metade da altura hidráulica da seção.

EXEMPLO 10.5

4.1-P. Um canal circular de raio R escoa uma determinada vazão com uma
altura d'água correspondente à meia seção, e o regime é crítico. Determine a
rel,ãoy,.
h: Na condição da lâmina d'água, y, = R, A, = z y,Z/Z e B, = 2y, e, pela
I Equação 10.44, tem-se. p
7 5
Usando a laimulabe c h 6 m ~* r s
que a dedividade critico de um cand
reiangular bem Isrgo B dada pai:
1. = WC'.

10.10 PROBLEMAS T~PICOS


A determinação dos parâmetros do escoamento crítico, vazão, altura
d'água, energia mínima, largura de fundo etc. é facilmente alcançada quando
a seção é retangular. Para as seções trapezoidal e circular, a complexidade geo-
métrica torna mais difícil tal determinação e, desta forma, é necessário desen-
volver gráficos para facilitar o cálculo, em vários tipos de problemas.
Os gráficos apresentados a seguir são a representação de expressóes
adimensionais desenvolvidas no trabalho de Porto e Arcaro (40) para a análi-
se do escoamento crítico em canais trapezoidais, sem necessidade de proces-
sos de tentativa e erro.
a) Problema 1
Determinação da altura crítica em um canal trapezoidal, conhecendo-se
a vazão Q, a largura de fundo b e a inclinação do talude Z, e em um canal
circular, conhecendo-se a vazão Q e o diâmetro D.
A solução deste problema é a raiz da equação geral do escoamento crí-
tico, Equação 10.42, que foi adimensionalizada e posta em forma gráfica, a
partir dos adimensionais:

A Figura 10.17 apresenta o gráfico da função =f ((z).


-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
317

De modo análogo, a Equação 10.42 foi adimensionalizada para a seçáo


circular, utilizando-se as expressões geom4tricas dadas pelas Equações 8.40,
8 44 e 8.45, e colocada em gráfico, como na Figura 10.18.

Figura 10.17 Altura crítica em canais trapezoidais.

0.9
0.8

0.7
0.6

0.5
0.4

0.3

0.2
0.1

o
0.01 0.1 1 10
pdDTn
Fipra 10.18 Altura crítica em canais circulares.
7

-
Hidráulica Básica Cap. 10
318

-
b ) Problema 2
Determinação da altura crítica em um canal trapezoidal, conhecendo-se
a vazão Q, a energia mínima E, e a inclinação do talude Z.
Partindo-se da Equação 10.44 e das relações geométricas da seção
trapezoidal, foi gerada uma expressão adimensional em função de dois pa-
râmetros.

Em um mnsl de forma geometrica


A Figura 10.19 apresenta o gráfico da função fi = f (o).
q~alquer.no regime srnico. mastia
que a altura hldlSUlica relaciona-se
C ) Problema 3
com a v8280 e a largura na ouperflcie
livre. na forma:
I Em muitos problemas práticos, como, por exemplo, a alimentação de
um canal de forte declividade por um reservatório, Seção 10.8, um dado ini-
cial importante é a energia específica mínima E,, que na ausência de perdas na
entrada do canal e negligenciando a carga cinética de aproximação, é igual à
diferença de cotas entre o nível d'água no reservatório e o fundo do canal, na
seção de entrada. Determinação da vazão de alimentação Q de um reservató-

Figura 10.19 Resolução do Problema 2


-
Cap 10 Energia ou Carga Especifica 319

rio para um canal trapezoidal de forte declividade, de largura de fundo b e


inclinação do talude Z, dada a energia mínima E.
Foi desenvolvidauma expressão que toma explícita e imediata a deter-
minação da vazão, como uma função de dois adimensionais:

A Figura 10.20 apresenta o gráfico da função o = f (6).


No caso de um canal circular de diâmetro D, conhecendo-se E,, a vazão
em condições críticas pode ser calculada por um processo de tentativas, ado-
tando valores para y,, usando a Equação 10.44 com o auxílio da Tabela 8.4 e
relações geométricas do círculo. Com o valor de y,, que satisfaz a Equação
10 44, determina-se Q no gráfico da Figura 10.18.
De modo mais prático, pode-se utilizar as Equações 10.45 e 10.46, adap- nua! a V-0 naves de uma galeria
degguas pluviais de 1,0 m da diPme
tadas de Henderson (28). 110, trabalhando s meia reqão,se o
escoamento for critico?

E
--
~0.60
- ,~ O ( 2
1 , 5 0 3 ~ , ' para D ( 0,8

E
9
D
= 1 , 3 7 8 ~ ~ ' para
.' 0,8 ( c ( 1,2
D
(10.46)

d) Problema 4
Henderson (28) apresenta como um problema importante a determina-
ção da largura de fundo b, de um canal trapezoidal, dados Q, y, e Z, e indica
que este problema só pode ser resolvido por tentativas. Porto e Arcaro (40)
desenvolveram expressões adimensionais que tomam explícita e imediata a
determinação da largura de fundo, em termos dos adimensionais:

A Figura 10.20 apresenta o gráfico da função h = f (v)


-
-
Hidráulica Básica Cap. 10
320

0.01 0,l

Figura 10.20 Resolução das Problemas 3 c 4 .


,
,/
EXEMPLO 10$'
/

~ & mprojeto de drenagem urbana prec'isã-se verificar se o gabarito-de


u m a m e existente sobre um canal permite a passagem da vazão de projeto,
sem provocar remanso a sua montante. O canal trapezoidal projetado para uma
vazão de 16 m3/s tem declividade de fundo I, = 0,001 d m , e coeficiente de
mgosidade n = 0,030, largura de fundo b = 4,O m e taludes 1,5H:I,OV. A seção
da ponte tem, como gabarito retangular, largura de 4,50 m e altura útil de 2,80 m.
As cotas de fundo do canal e da seção da ponte são iguais. Verifique se a seção
da ponte é suficiente para passar a vazão de projeto, sem alterar a linha d'água
a sua montante (remanso). Calcule a altura d'água na seção da ponte. Se a
seção da ponte não for suficiente, determine a altura d'água imediatamente
antes da ponte. Despreze as perdas de carga na transição das seções trapezoidal
para retangular.
Cálculo da altura d'água normal e da energia disponível antes da ponte.

nQ 0,030.16 = 0,376 Tabela 8.3 -t -=0,485


K2 = bS",'i, =4 , 0 v 3 W b
-
Cap. 10 Energia ou Carga Específica
321

+v=-Q = -
16 = 1,19 mls
A 13,41

Para não ocorrer remanso a montante da ponte, a energia disponível


antes deve ser maior ou no máximo igual a mínima energia necessária para
passar a vazão de 16 m3/s, na seção retangular do gabanto da ponte.
Na seção da ponte, a vazão unitária e a energia crítica valem:

Portanto, a energia disponível antes da ponte E, = 2,01 m é maior do que


a mínima energia na seção da ponte, logo não haverá alteração no nível d'água
a montante, e, pela equação da energia entre as seções O e 1, a altura d'água
na seção da ponte vale yl = 1,82 m (fluvial).
/
EXEMPLO $7
\
Um reservatório de grandes dimensões alimenta um canal trapezoidal de
declividade de fundo I, = 0,009 m/m e coeficiente de rugosidade n = 0,018.
Sendo a largura de fundo do canal igual a 3,O m, a inclinação dos taludes
2H 1V e sabendo que o fundo do canal na seção de entrada está 1,5 m abai-
xo do nível d'água no reservatório, determine a vazão descarregada. Despre-
ze as perdas na transição.
Se, por hipótese, a declividade do canal for forte, I, > I,, a profimdidade
na entrada do canal será crítica e, como a perda de carga na transição é despre-
zível, tem-se H = 1,5 m = E, Para E, = 1.5 m, b = 3,O m e Z = 2, o adimensional
i $ vale:
-
-

Hrdriulica Básica Cap. 10


322

-
ZE, - 2.15 = 1
$=----
b 3

e na Figura 10.20, o = 0,33 = Q


2 . 2 J f
e dai, Q = 16,10 m3/s.
Verificação da hipótese do canal ser de forte declividade.
Se a declividade do canal for forte, a altura d'água normal y,, regime
uniforme, é menor que a altura crítica y,. Na Figura 10.19, para 0 = 0,33, vem:

A altura normal é determinada na Tabela 8.3

Logo, a hipótese foi verificada, o escoamento uniforme é torrencial e a


vazão descarregada é a calculada.

Uma galeria de águas pluviais d e u m d e diâmetro escoa uma deter-


minada vazão, em regime uniforme, funcionando na seçáo de máxima veloci-
&aLe., Qual deve ser a declividade de fundo para que este escoamento Gã
crítico? Determine a capacidade de vazão da galeria nestas condições. Adote
n = 0,014.
A seção de máxima velocidade em um canal circular corresponde a uma
lâmina d'água relativa, ydD = 0,81, veja a Seçáo 8.7.1.

Para y0 = YC = 0,81
D
na Figura 10.18 tira-se:
-

Cap. 10 Energia ou Carga Especifica


323

D5/2
=2
-
.: Q=2,0 m3/s

Pela Equação 8.47

M
D =- e na Tabela 8.1, para
K, .

= 0,81 tem-se Ki = 0,643. Pela Equação 8.47:


D

EXEMPLO 10.9

Pelo canal trapezoidal mostrado na Figura 10.21escoa uma vkzão de 3,5


m3/s, em regime permanente e uniforme com altura d'água y, = 1,O m. Em
uma determinada seção, existe um degrau no fundo, de
cantos arredondados, como na figura. Desprezando as
..
..~
... - - -
perdas, qual deve ser a altura AZ do degrau para que o
escoamento sobre ele seja crítico sem, contudo, haver al-
teração da linha d'água no escoamento a sua montante?
. , . . . , . .. . . . . .
Cálculo da energia disponível a montante do de-
grau e do tipo de escoamento. -2 i.
A = (m + Z)yOZ= (1,0/1,0 +-1,5) I * = 2,5 mZ \Ju Figura 10.21 Exemplo 10 9
\

Para Q = 3,5 m3/s, b = 1,O m e Z = 1,5, o adimensional z da Figura 10.17


vale:
3211 Hidráulica Básica Cap. 10

edaí, y r = 0 , 9 = 1/(1,5 y,),portanto yc=0,74m, logo y, = 1 , 0 m > yc=0,74m,


regime fluvial a montante do degrau, e haverá abaixamento da liqha d'água em
cima do degrau.
A equaçáo da energia entre a seção de montante e a seção do degrau
permite escrever, na condição limite de escoamento crítico sobre o degrau, a
relação (ver Equação 10 44):

Como na seção do degrau a largura de fundo depende do valor de AZ,,


já que bz = 1,O + 2,Z.AZ, = 1,O + 3 AZ,, o problema pode ser resolvido por um
processo de tentativas, adotando-se valores para AZ,,com auxílio do gráfico
da Figura 10.20. Para cada valor de AZ, determina-se EC2pela equação ante-
rior e, com o valor de b2;calcula-se o adimensional o,daí o adimensional $,
na Figura 10.20, e finalmente E,z. Quando os valores da energia mínima fo-
rem iguais ou bem próximos, o processo convergiu.

Portanto, A& 0,26 m.

EXEMPLO 10.10

Água é descarregada de um lago com nível d'água constante na eleva-


ção 33,O m, em relação a uma R.N., em um canal de forte declividade e de
seçüo reta irregular, conforme Figura 10 22. Na saída do lago, a seção reta do
canal é dada pela tabela abaixo, relacionando largura do canal i elevação do nível
d'água 0.ponto mais baixo da seção reta do canal está na elevação 30,O m.
Determine a vazão descarregada e trace a curva da altura d'água no canal
contra a vazão Despreze a perda de carga na entrada do canal.
-

Cap. 10 Energia ou Carga Especifica


325

-
Como a seção reta na entrada do canal é irregular, não há uma relação
explícita para a profundidade crítica que se estabelece na entrada do canal.
Assim, o problema pode ser resolvido vra planilha eletrônica, observando que,
na ausência de perdas, a relação vazão - altura d'água, correspondente à Equa-
ção 10 6, é dada por:

em que E,é a energia disponível, carga sobre a soleira na entrada do canal e


igual a 3,O m. Como y e, conseqüentemente, A são variáveis, discretiza-se a
altura y a cada 0,3 m e monta-se a planilha EXEM(lO.lO).XLS (ver diretório
Canais) mostrada a seguir. Na planilha, as áreas foram discretizadas em Figura 10.22 Exemplo 10.10.
trapézios de altura igual a 0,30 m e em cada estágio calculada como:

1
A, = -(B, +B,-,) .0,3 + A,-, , em que B, é a largura da seção. Obsarve a Figum 10.4. Considere um
1 2 csnai tmpezoidai de 4.0 m de largura
*fundo e inclinapio dos taludes
IH:iV. VOEOacha que, para esta
eeqo, o lugar geometrico das ponton
de mínima energia 6 uma &? se for
Planilha d e cálculo do Exemplo 10.10 uma m a , ela te6 coeficienteangular

Como o canal é de forte declividade, a vazão será a máxima compatí-


vel com a energia disponível e vale, pela planilha, 56,43 m3/s.
Observe o formato do gráfico y = f(Q), na planilha de cálculo, e com-
pare com o gráfico da Figura 10.2.
-

Hidráulica Básica Cap. 70


326

-
EXEMPLO 10.11
I I,:

p d'água,Um1,50canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1.50 m, altura


m e inclinação dos taludes 1H:IV transpqrta uma vazão de
I
m3/s. Em uma determinada seção, existe uma transição passando para uma
s q o circular, com o mesmo nível de fundo da seção trapezoidal. Para evitar
2 ,., ,.?,.
a deposição de sedimentos, deseja-se estabelecer um escoamento tão rápido
-.
.~
quanto possível na seção circular, sem, contudo, afetar as condições do escoa-
\. mento a montante. Desprezando as perdas, determine o diâmetro necessário à
6 I :s, ,,. seção circular.
I
Energia disponível e tipo de escoamento no canal trapezoidal:

Para Q = 5,5 m3/s, b = 1,5 m e Z = 1 o adimensional z vale:

Na Figura 10.17:

,,= 1.7 = !?
Yc
:, y, = 0,88m ( y, = 1,5m .: fluvial.

Para não haver alteração do escoamento a montante e o fluxo ser o mais


rápido possível, deve-se ter: Ei = E2 = E, = 1,576 m, pois o nível de fundo é
o mesmo nas duas seções.
Supondo que EJD < 0,8, a Equação 10.45 fornece:

E 1,576
Como 2 = -= 0,77 ( 0,8, a suposição é válida.
D 2,06
-

Cap. 10 Energia ou Carga Especifica


327

-
10.11 PROBLEMAS

10.1 Uma galeria de água pluviais de 1,O m de diâmetro, n = 0,013, de-


clividade de fundo I, = 0,007 mlm, transporta em regime uniforme uma vazão
de 0,85 m3/s. Determine
a) a altura d'água;
b) a tensão de cisalhamento média no fundo;
c) o tipo de escoamento, fluvial ou torrencial;
d) a declividade de fundo para que, com a mesma vazão, o escoamen-
to uniforme seja crítico.
a) [y, = 0,455 m]; h) [z, = 16,12 N/m2]; c) [Torrencial]; d) [I, = 0,0041 mim]

10.2 Um canal trapezoidal, com largura de fundo igual a 2,O m, taludes


3H:lV, n = 0,018 e I, = 0,0003 m/m, escoa uma determinada vazão, de modo
que, em relação a uma galeria circular, sua área molhada é 2,5 vezes maior que
a da galeria, a largura na superfície livre, 3 vezes maior e os números de Froude
dos dois escoamentos são iguais. Sendo a vazão transpottada pela galeria igual a
1,2 m3/s, determine a vazão transportada pelo canal e o tipo de escoamento.
[Q = 2,74 m7/s; fluvial]

10.3 A água está escoando com uma velocidade média de 1,O mis e altura
d'água de 1,O m em um canal retangular de 2,O m de largura. Determine a nova
altura d'água produzida por:
a) uma contração suave para uma largura de 1,7 m: e
b) uma expansão suave para uma largura de 2,3 m
c) Calcule também a maior contração admissível na largura, para não
alterar as condições do escoamento a montante.
a) [y2 = 0,97 m]; b) [yz = 1,Ol m]; c) [b, = 1,09 m]

10.4 Um canal trape oidal com altura d'água de 1,05 m deve transportar, em
f
regime uniforme, 16, O m3/s de água sobre uma distância de 5 km. A inclina-
ção dos taludes é de 2H: 1V e a diferença total de nível d'água nos 5 km é de
850 m. Qual deve ser a largura de fundo do canal para que este escoamento
se faça à velocidade crítica? Qual é o coeficiente de mgosidade de Manning,
correspondente?
[b = 3,69 m; n = 0,0121
7

-
Hldráullca Bastca Cap 10
328

-
10.5 Seja um canal retangular com largura igual a 1,O m, no qual há, em uma
determinada seção, uma mudança de declividade de fundo e o coeficiente de
mgosidade de Manning vale 0,010. As profundidades normais do escoamen-
to, a montante e a jusante do ponto de\mudança de declividade, valem, respec-
tivamente, 0,40 m e 0,20 m. A declividade de fundo a montante da seção de
mudança vale I, = 0,005 m/m. Determine:
a) Há mudança do tipo de escoamento nos dois trechos? Justifique
b) A partir de qual vazão há uma mudança do tipo de escoamento?
a) [Não]; b) [Q,í, = 4,75 m3/s]

10.6 Em um canal trapezoidal de largura de fundo igual a 3,O m, taludes


1H:lV. n = 0,014, Q = 20 m3/s (regime uniforme) e I, = 0,020 mím, determi-
ne a altura crítica, velocidade crítica, energia específica crítica, declividade crí-
tica e classifique o tipo de escoamento, utilizando três critérios distintos.
[y, = 1,40 m; V, = 3,23 mls; E, = 1,94 m; I, = 0,0024 m/m; torrencial]

10.7 Em um canal cuja seção reta é parabólica, dada pela Equação Y = K XZ,
em que K é uma constante, mostre que a relação entre a altura crítica e a ener-
gia mínima é dada por: Y, = 0,75 Et.

10.8 No projeto de um canal trapezoidal, em alvenxia de pedra argamassada,


em condições regulares, fixou-se o seguinte:
a) velocidade média do escoamento: V = 0 3 0 m/s;
b) número de Froude do escoamento: Fr = 0,35;
c) altura d'água: y, = 0 3 0 m;
d) taludes: 2H:lV.
e) declividade de fundo: I, = 0,001 m/m
Determine a largura de fundo e a vazão de projeto.
[b = 1,60 m; Q = 2,03 m3/s]

10.9 Em um canal retangular de largura de fundo igual a 5,O m e vazão de


20,5 mVs, a altura normal para aquela vazão é de 2,42 m. Determine:
a) Quais são o regime de escoamento e a energia específica deste canal?
b) Coloca-se no fundo do canal uma estnitura curta (degrau) de 1,O m
de altura. Desprezando a perda de carga, verifique se o escoamento
a montante do degrau foi modificado. Justifique.
I

Cap. 10 Energia ou Carga Especifica


329

-
I
c) Se foi, calcule as alturas d'água imediatamente a montante e a jusante
do degrau.
a) [Fluvial; E = 2,57 m]; b) [Foi modificado]; c) [yn, = 2,676 m e yt,, = 0,63 m]

10.10 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,O m, taludes


1.5H:IV, n = 0,015 e 1, = 0,001 rnlm transporta em regime permanente e uni-
fome uma vazão Q = 3.50 m3/s Em uma determinada se@o existe um degrau
no fundo de altura AZ = 0,15 m. Despreze as perdas na transição.
a) Determine o tipo de escoamento a montante do degrau.
b) Verifique se o degrau afetou as condições do escoamento a montan-
te. Em caso afirmativo, determine a altura d'água imediatamente an-
I tes do degrau.
c) Determine a altura d'água sobre o degrau.
pluvial]; b) [Não]; c) [yz = 0,82 m]

D.11 No projeto do bueiro de seção circular mostrado na Figura 10.23, ado-


indo como critério que, para a vazão de projeto, o bueiro funcione com uma
carga na entrada igual ao diâmetro, nível de água tangenciando a geratriz su-
perior do tubo, a saída é livre e se estabelece uma seção crítica na entrada, a
carga cinética de aproximação é des-
prezível e a perda de carga na entrada
é igual a 15% da carga cinética crítica, .-.-------......-.--------.....
~..
......
mostre que Q = 1,3305 D"'. D

10.12 Um reservatório de grandes


dimensóes alimenta um aqueduto cir- Figura 10.23 Problema 10.11.
cular, aberto, de 2,O m de diâmetro, co-
eficiente d e rugosidade n = 0,015,
declividade I, = 0,002 d m . Sabendo que o fundo do aqueduto na seção da sa-
ída do reservatório está 1 ,I 5 m abaixo do nível d'água deste, e que a perda de
carga na entrada do aqueduto é cerca de 10% da energia disponível a montante,
determine a vazão. Justifique a resposta.
\
[Q = 2,36 m3/s]

10.13 Determine a relação entre a altura crítica e a energia mínima y,/E,,


para a seçáo mostrada na Figura 10.24.
[ytlE, = 0,761

Figura 10.24 Problema 10.13.


-
-
Hidráulica B a s i c a Cap 10
330

-
10.14 Se 13 é o ângulo mostrado na Figura 10.25 iio escoamento em um ca-
nal circular, mostre que, se o escoamento é crítico. a seguinte relação é verda-

Q2
-- - (b-senbcosp)'
64senp

Figura 10.25 Problema l0.14. 10.15 Determine a capacidade de vazáo de uin canal trapezoidal, com talu-
des l,5H:IV, de alvenaria de pedra argamassada, em condições regulares, e
fundo de concreto magro. A altura d'água no regime uniforme é 0,80 m e a lar-
gura de fundo 1/30 m. Verifique se esta seção é de mínimo perímetro molha-
do e calcule o número de Froude do escoamento. Declividade de fundo, I, =
0,0007 mim.
[Q = I ,72 m'/s ; Não ; Fr = 0,3281

10.16 Um canal retangular de coiicreto, n = 0,015, de 1,O m de largura, trans-


porta em regime u n i f o r m uma vazáo de 1.6 m3/s, coin declividade I, =
0,0043 m/m e passa através de uma transiçio ria qual o fundo se eleva de
0,10 m. Qual deve ser a nova largura requerida para que o nível d'água perma-
neça constaiite. Despreze as perdas na transição.

10.17 Para determinar a vazão ein um canal de 8,0 m de largura na super-


Mostre que em um cena1 ietangulsr fície livre e em regime fluvial, provocou-se uma perturbaçáo na supeifície íjo-
laigq a ieiaç8a entre a altura normal e gou-se uma pedra) e mediu-se o tempo necessário para que as pequenas ondas
a ~IIYI. ~ , i t t ~eadada por:
produzidas atingissem uma seção a 20 in do centro da perturbação. No senti-
do do escoamento este tempo foi de 5 s e em sentido contrário foi de 7,5 S .
em que f é o iafor de atrito da equaçaa
Determine a vazão.
Oe Oarcy.Welsbach e I. a deciividade
de funda. [Q = 6,05 m3/s]

10.18 O canalete de concreto do Laboratório de Hidráulica da EESC possui


seção útil de 21 cm de largura por 35 cm de ;iltura. Para uma vazão de 12 Ils,
a altura d'água no canalete é de 8 cm. Determine:
a) o tipo de escoamento no canalete para aquela vazão.
b) qual a máxima altura de um veiíedor retangular de parede espessa
(degrau), a ser colocado no fundo do caiialete, para que com a vazão
de 12 l/s a água não extravase para fora. Despreze as perdas.
a) [Fluvial]: b) [AZ, = 0,248 m]
-

Cap. 10 Energia ou Carga Especifica


331

-
10.19 Um longo canal trapezoidal, de largura de fundo igual a 1,50 m, ta-
ludes lV.IH, declividade de fundo I,,= 0,0025 mlm e coeficiente de ru-
gosidade de Manning n = 0,018, é alimentado porum reservatório de grandes
dimensões e termina por uma queda brusca. Na extremidade final do canal,
nas proximidades da queda brusca, a altura d'água é 0,75 m. Determine a al-
tura da superfície livre do reservatório acima da soleira de fundo na seção de
entrada do canal. Despreze as perdas de carga na entrada do canal-
[H = 1 ,O7 m]
10.20 Um reservatório de grandes dimensões, mantido em nível constante,
descarrega emum canal retangular bastante largo, de fraca declividade e igual
a I, = 0,001 d m , coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,020. A carga
específica disponível é igual a E, = 2,O m (diferença entre o N A. no reservatório
e o fundo do canal na seção de entrada). Assumindo que a perda de carga
localizada na entrada do canal seja igual a 5% da energia disponível, isto é, 5%
de E,,, determine a vazão unitária no canal.
[q = 3,64 m31(sm)]
,
10.21 Mostre que, para um canal retangular na seção de mínimo perímetro
molhado, se o escoamento uniforme for crítico, sendo n o coeficiente de
mgosidade de Manning, a vazáo e a declividade críticas são dadas por:

10.22 O trecho final de uma galeria de águas pluviais, em concreto n = 0,013,


tem diâmetro de ],O m e declividade de fundo I,,= 0,0006 d m . A galeriades-
carrega livremente em um córrego com o nível de fundo mais alto que o ní-
vel d'água do cótrego e a altura d'água na saída da galeria é igual a 0,40 m.
Determine:
a) a vazão descarregada;
b) a altura d'água no regime uniforme;
C)O número de Froude no regime uniforme.
a) [Q = 0.5 mVs]; b) [y,, = 0,71 m]; c) [Fr = 0,331
10.23 Em um canal de irrigação retangular de 6.0 m de largura, n = 0,015 e
declividade de fundo L, = 0,00016 mim, escoa uma certa vazão em regime
uniforme e a altura d'dgua é igual a 1,0 m. Uma calha venturi será instalada
no canal com o objetivo de levantar o nível d'água a sua montante. Acalha de
1

Hidráulica Básica Cap. 10


332

-
largura 3,O m, seção retangular, deverá ter uma elevação no fundo (degrau) de
altura AZ,tal que a altura d'água imediatamente a sua montante eleve-se para
1,30 m. Desprezando as perdas na mudança de seção, determine.
a) a vazão no canal,
b) a sobrelevação necessária AZ.
a) [Q = 4,17 mYs]; b) [AZ= 0,44 m]

10.24 Um canal circular de 2,O m de diâmetro, n = 0,015 e com declividade


constante é alimentado por um reservatório d e grandes dimensões Sendo
Q = 3,O m3/s a vazão escoada, determine a altura d'água na seção inicial do ca-
nal e a altura H da superfície livre do reservatório acima da soleira desta se-
ção, desprezando as perdas de carga na entrada do canal, para declividade de
fundo igual a.
a) I, = 0,030 m/m

a) [y z 0.82 m; H = 1,13 m]; b) [y


,- = 1,O m; H = 1,02 m]
10.25 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,O m, inclinação
dos taludes 1,5H:I,OV,n = 0,015 e declividade de fundo I, = 0,001 m/m, trans-
porta em regime uniforme uma vazão de 3,50 m3/s. Em uma determinada se-
ção existe uma transição suave para uma seção ainda trapezoidal, com a
mesma inclinação de taludes, porém com largura de fundo igual a b. Despre-
zando as perdas, determine:
a) o tipo de escoamento a montante da seção contraída;
b) a mínima largura b, para que as condições do escoamento a montante
da seção não sejam alteradas;
oTa altura d'água na seçáo contraída, na condição de largura mínima.
a) [Fluvial]; b) [b, = 055 m]; c) [y = y, 2 0,85 m]

10.26 Para a galeria mostrada na Figura 10.26 o escoamento uniforme é cti-


tico com altura d'água y, = 0,60 m. Sendo o coeficiente de mgosidade n = 0,018,
determine a vazão e a declividade de fundo.
[Q = 1'62 m3/s; I, = I, = 0,0298 m/m]
I 1,20m I 10.27 Em uma indústria existe um reservatório com água, mantido em ní-
Figura 10.26 Problema 10 26 vel constante, que alimenta uma canaleta de forte declividade com seção tri-
angular e ângulo de abertura de 90". O nível d'água no reservatório está a 0.35
m acima do fundo da canaleta, na sua seção de entrada. Estime a vazão, des-
-
Cap. 10 Energia ou Carga Especifica
333

-
prezando as perdas de carga na transição do reservatório para a canaleta. Su-
gestân: utilize
a Equação 10.44.
[Q = 9,18 10-2m3/s]

10.28 Mostre que em um canal retangular com altura d'água yi e regime


fluvial, a máxima elevação a ser dada no fundo do canal, sem afetar as con-
diçóes do escoamento a montante. isto é, sem provocar elevação na linha de
energia, é dada por.
'\

Fr,
AZ,=y,[l+-- 1,5 . ~ r , ~ " ]
2

em que Fri é o número de Froude na seção 1, a montante da elevação

10.29 Para a seção mostrada na Figura 10.27, determine: ......

a) a relação entre a altura crítica e a energia mínima y&;


b) se a declividade de fundo for igual à I, ( d m ) , calcul
a tensão média de cisalhamento no fundo, em funçã %
de y,eI,.
Figura 10.27 Problema 10.29.
Dado peso específico da água y = 93x10' N/m3.

10.30 Determine a altura crítica, para uma vazão de 2,O m3/s, no canal de
seção quadrada mostrada na Figura 10.28.
[y, = 0,944 m]

10.31 Um canal retangular de largura b transporta uma certa vazão Q e o


escoamento é crítico. Mostre que nestas condições o perímetro molhado é
mínimo se a altura d'água for igual à y, = (3/4).b.
Figura '10.28 Problema 10.30.
10.32 Mostre que, para um canal retangular, a relação entre a vazão uni-
tária q e a máxima vazão unitária q,á, e a altura d'água y e a correspondente
altura crítica y, é dada por:
7

-
Hldrául~caBásica Cap. i 0
334

-
10.33 Determine a altura y na entrada de um longo canal trapezo~dalde largu-
ra de fundo igual a 4,O m, inclinação de taludes lH.IV, alimentado por um gran-
de reservatório de nível constante, sendo conhecida a descarga Q = 7,O m3/s e a
carga específica disponível E, = 1,0 m (diferença entre o N A. no reservatório e
o fundo do canal na seção de entrada). Despreze a perda de carga na transição
[y E 0,86 m]

10.34 Demonstre que em um canal triangular, com taludes 1V:2H, a vazão


crítica é dada por: QL= 4,43 S.'.

10.35 Verificou-se que uma determinada vazão q pode escoar, em um canal


retangular, em regime fluvial com uma altura d'água igual a 2h e em regime
torrencial com um altura d'água igual a h. Determine a relação entre a altura
crítica y, e a altura h, para aquela vazão.

10.36 Água escoa em regime permanente e uniforme em um canal retangular


com largura b = 10 m e coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,025
Sendo y, a altura d'água, I, a declividade de fundo e Fr o número de Froude
do escoamento, mostre que.

10.37 Mostre que, para um canal retangular muito largo, Rh = y, a decli-


vidade dHundo I é forte se

em que n é o coeficiente de rugosidade Manning e q a vazão específica

10.38 Qual deve ser o diâmetro D de uma galeria de águas pluviais, para que
com uma declividade de fundo I, = 4,5 m/km e uma altura d'água y = 0,40D,
o escoamento uniforme seja crítico. Coeficiente de rugosidade n = 0,015.
[DE1,50m]
Cap. 11 Ressalto Hidráulico

1 1
331

11.1 GENERALIDADES
um ceno retinir como ferro e cadeias.
O ressalto hidráulico ou salto hidráulico é o fenômeno que ocorre na que, junto ao furioso estrondo da
transição de um escoamento torrencial ou supercrítico para um escoamento hgu8, qus lhas fazia acompanhamento,
poriam pavor a quem quer qus nao
fluvial ou subcrítico. O escoamento é caracterizado por uma elevação bmsca tom D~~ ouixots."

no nível d'água, sobre uma distância curta, acompanhada de uma instabilida- [DomOU;XO~da h hiaocha. cap. xx -
?*pane - Miguel da Cervantss
de na superfície com ondulações e entrada de ar do ambiente e por uma con- Saavedra]
sequente perda de energia em forma de grande turbulência. O ressalto ocupa
uma posição fixa em um leito uniforme, desde que o regime seja permanen-
te, e pode ser considerado como uma onda estacionária. Este fenômeno local
ocorre frequentemente nas proximidades de uma comporta de regularização ou
ao pé de um vertedor de barragem. O ressalto é, principalmente, utilizado
como dissipador de energia cinética de uma lâmina líquida que desce pelo pa-
ramento de um vertedor, evitando o aparecimento de um processo erosivo no
leito do canal de restituição. O ressalto também pode ser encontrado naentrada
de uma estação de tratamento de água, na calha Parshall, e é usado para pro-
mover uma boa mistura dos produtos químicos utilizados no processo de pu-
rificaçao da água.

11.2 DESCRIÇÃO DO RESSALTO


Serão estudadas as características de ressaltas que
ocorrem em canais horizontais ou de pequena declividade.
A Figura 11.1 mostra o aspecto habitual de um ressalto. Há
uma diminuição da velocidade média do escoamento, na
direção do escoamento, com a presença de uma acentuada
turbulência. Se a elevação da linha d'água é pronunciada,
observa-se sobre a superfície criada na parte ascensional do
ressalto a formação de rolos d'água de forma mais ou me-
nos regular e posição relativamente estável. A agitação da /
Torrencial Fluvial
I
Fiwra 11.1 Ressalto hidráulico.
2 p = f,L1 . ~ 1 .
massa d'água favorece a penetração de ar no escoamento
com o aparecimento de bolhas de ar. A turbulência criada no
interior do ressalto e o movimento dos rolos d'água produ-
zem uma importante dissipação de energia.
-
Hidráulica Básica Cap. 11
336

O ressalto estacionário fica confinado entre duas seções, uma a montan-


te, onde o escoamento é torrencial, e outra a jusante, onde o escoamento é flu-
vial, nas quais a distribuição de pressão é hidrostática. As alturas d'água destas
seções, y w r a --.s ou pd-gsg_ao't. . A
diferença, y2 - y i , ~ ~ a ~ ~ ~ s e _ s l t u ~ ~e~édum
. -~~., ~ -parâmetro
~ ~ s s ~ importante
n_l~
na caracterização do ressalto como dissipador de energia. A diferença de co-
tas na linha de e n e r g i a s chama-se m a
&o.
-......
- >=
~..~. - - --- >--
-,L
---
....
- -
,1/1//1/,1/1/11//
-
....==-
....../9 -
- / / / / / / / / / / / / / / / / /
Deve-se observar que o aspecto físico do ressalto
varia de acordo com a velocidade na seção de montan-
a) ~ e s s d t oondulado I <FC, < 1.7 b) Ressalto fraco 1,7< F'i, < 2.5 te ou, mais precisamente, com o número de Froude nesta
seçáo. Distinguem-se as diferentes formas de um ressal-

fi
-- -
~~ ~/
~~.~.~.~.~ & ,
,,,,,,,,,,,,,,,r
,
-- J
e -
*
. ~ ~-
, , ,
5
',~ . ,
, , ,
2 -
, ,
1-,
, , ,i, ) ,
to dependendo da elevação mais ou menos impoaante da
superfície da água. A Figura 11.2 estabelece uma clas-
, sificação do tipo de ressalto em função do número de

0
c1Rrssalto oscilante 2,s < Fi,<4.5 <i) essalto eslacionário 4.5 < Fr, < 9.0
Figura 11.2 lipos de ressaltas hidráulico em função do número
Froude na seção de montante.
No ressalto ondulado, a transição entre o escoa-
de Fraude a montante. meuto torrencial e o fluvial ocorre de modo gradual e as
perdas de carga são essencialmente devidas ao atrito nas
paredes e.fundo.
O ressalto fraco ainda tem aspecto ondular, mas com zonas de separação
na superfície líquida, e as perdas de carga são baixas. Em geral, para Fri < 2,
não se considera o fenômeno como ressalto propriamente dito.
Para 2,s < Frl < 43, o ressalto já se apresenta sob seu aspecto típic
Nesta faixa o ressalto tem a tendência de se deslocar para jusante, não guar-
dando posição junto à fonte geradora.
O aspecto apresentado ria Figura 11.2d corresponde ao que se denomi-
na ressalto ordinário ou ressalto estacionário e que cobre o domínio de ap.'
cação do ressalto como dissipador de energia em obras hidráulicas. Pa
números de m u d e na faixa entre 4,s e 9,0, a dissipação de energia varia e
tre 45% e 70% de energia disponível a montante.
Para Fri > 9, que caracteriza o ressalto forte, em geral não é utilizar
nas construções hidráulicas devido a efeitos colaterais sobre as estruturas i
dissipação, como processos abrasivos ou mesmo cavitação.
L- u0;G
11.3 FOAÇA ESPEC~FICA
Como problema importante no estudo do ressalto, apresenta-se aque
relativo ao relacionamento das alturas conjugadas, para uma dada geometr
do canal e uma dada vazão. Por ser o escoamento bmscamente variado, acon
panhado de uma brusca mudança na força hidrostática, seu estudo deverá si
feito a partir do teorema da quantidade de movimento, aplicado ao líquido coi
finado ao volume de controle limitado pelas seções nas quais ocorrem as al-
turas conjugadas.
Para um escoamento permanente, o teorema da quantidade de movitnen-
to mostra que a resultante de todas as forças que atuam sobre o volume de con-
trole é igual ao fluxo da quantidade de movimento através da superfície de
controle
Supondo um canal de fraca declividade e observanx que a componente
do peso e a força tangencial nas paredes e fundo são opostas e de pequenas
magnitudes, pode-se desprezá-las com o intuito de obter uma expressão sim-
ples. Assim, sobre o volume de controle atuarão as forças de distribuição de
pressão nas seções 1 e 2 da Figura 11.l.Desta forma, tem-se, para escoamento
unidimensional:

Da Estática dos Fluidos, a força de pressão sobre uma área plana é dada
por: F = y A, em que, como na Seção 8.2., L é a distância vertical desde
a superfície livre até o centro de gravidade da seção molhada. Portanto:

Na equação anterior, para um dado valor de Q, os demais termos são


funções da altura d'água y.
Definindo como força espec@ca ou, segundo outros autores, como im-
pulsão total a função:
7

Hbdraultca Básica Cap T i


338

verifica-se que, no ressalto hidráulico estacionário, esta função assume o mes-


mo valor a montante e a jusante, isto é:

&tu,&
,,
«r#b 2 ~ ~ $ 3 j ) 5 '= Colocando-se em gráfico a altura d'água y contra a força específica F,
para uma dada geometria do canal e vazão, obtém-se a curva de força espe-
d b . E =
--
c$ca que possui as seguintes propriedades (ver Equação 1 1 5 e Figura 1 1.3).
a) se y -,O :. F + e a curva 6 assintótica ao eixo das abscissas;
bl se y + m .: F4 e a curva estende-se indefinidamente para a di-
reita;
c) se y = y, , F passa por um mínimo, qualquer que seja a forma do canal;
d) para um dado valor da força específica F, a curva apresenta duas al-
turas yi e yz, que são as alturas conjugadas do ressalto.
A terceira propriedade da curva da força específica pode ser facilmen-
te deduzida observando a Figura 11.3, diferenciando a Equação 11 5 e igua-
lando a zero. Assim:
Y 1

-d -F(Y) - -- Q= d A + - (dY A-) = O


- (11.7)
dy g.4' dy dy

Conforme mostrado na Equação 8.14, a última


derivada da equação anterior é a própria área, assim:
F .d

Figura 11.3 Curva da força específica

daí:

equação cuja raiz é y = y,, portanto no regime crítico de escoamento a força


específica é mínima, para uma dada vazão, qualquer que seja a forma do ca-
-
Cap. 11 Ressalto Hidráulico
339

nal. Observe que a Equação 11.8 foi deduzida pela aplicação do teorema da
quantidade de movimento, enquanto chegou-se a este meimo resultado no
Capítulo 10, Equação 10.42, usando a equação da energia.

11.4 CANAIS RETANGULARES


Para uma seção retangular, a Equação 11.4 pode ser escnta como:

Como yl # y2, tem-se:

Dividindo por :,fica:


-'1

Hidraulica Básica Cap 11


340

Como para haver ressalto yztyi > 1 tem-se:

equação esta que fornece a relação entre as alturas conjugadas em função do


número de Froude na seção de montante, em canais retangulares.
Se somente as condições de jusante, seção 2, forem conhecidas, um de-
senvolvimento análogo leva a:

Então, se a altura e a velocidade média do escoamento forem conheci-


das em um dos lados do ressalto, os correspondentes valores do outro lado
podem ser determinados usando-se a Equação 11.10 ou 11 1 1.
Para que o ressalto ocorra é necessário que y2> yi, portanto

OkeNe que o segundo termo da lado


direito da Equação 11.5. y A, 6 o

.
momento eotstico da seç&o molhada,
cuia da~ivadaem relaqso a y e a
pbpria Bica. O conceito de momento
Logo: 1 + 8 ~ r >
: 9 .: ~ r>
: 1 .: Frl > 1
esIá1ico de uma mção tambbm 6
Utilizado em RBOistCnCia dos Materld~.
h Donde se conclui que 86 haver8 ressalto se o escoamento a montante da
singularidade for/torrencial.
É importante observar que esta condição não é necessária e suficiente,
é só necessária, isto é, se o escoamento for torrencial e a singularidade produzir
a altura requerida yino regime fluvial, o ressalto se forma; se não, o escoamen-
to continua torrencial, sem a formaçáo do ressalto. Isto é válido qualquer que
seja a forma da seção.
-
V
Cap 11 Ressalto Hidráulico
341

-
11.5 CANAIS NÃO RETANGULARES
Para canais trapezoidais, circulares, triangulares ou parabólicos, podem
ser desenvolvidas, a partir da Equação 11.4, expressões adimensionais que re-
lacionam as alturas conjugadas com o número de Froude na seção em que o
escoamento é torrencial.
Para as seções trapezoidais simétricas, com largura de fundo b e incli-
nação dos taludes IVZH, um desenvolvimento adimensional daEquação 11.4
pode ser feito a partir das seguintes considerações geométricas.
A força de pressão hidrostática em um canal de seção trapezoidal simé-
trica de altura d'água y é dada por:

Deste modo, a expressão da força específica na seção torna-se:

O número de Froude é dado pela Equação 10.43, na forma:

A Equação 1 1.1 3 pode ser adimensionalizada em função de três adimen-


sionais, o número de Froude na seção do escoamento torrencial, Fri, a relação
entre as alturas conjugadas, Y = yzlyi, e uma espécie de razão de aspecto da
seção, M = Zy $/h.A expressão é desenvolvida, tomando-se:

2
1
-[i - y2]
M
+ -[1
3 [
-y3]= Fr, ( I + M ) ~ ( I + M )
I+ , ][,(I
, +MY) (11.15)

A Figura 11.4 apresenta os valores de Y para cada valor de Fri e M, os


quais foram obtidos como a raiz positiva da Equação 11.15.
-
-
Hidráulica Básica Cap. 11
342

-
seção retangular, enquanto M = cones- -
Na Figura 11.4, M = 0 corresponde à

ponde h seção triangular e, para Fri fixo, a


relação entre as alturas conjugadas Y de-
cresce quando M cresce.

EXEMPLO 113
; ap,*rs ,+i-n*++-rr c+ L-) o3 4
Um vertedor de uma barragem des-
(carrega em um canal retangular, su=e-
'mente longo, uma vazão unitária q = 4,0 mY
(sm). O canal tem declividade de fundo I, =
0,0001 mlm, revestimento de concreto em
condições regulares e pode ser considerado

1 2 3 4 5 6 7 8 9
-
larzo. Ocorrendo um ressalto hidráulico nes-
te canal, determine suas alturas conjugadas.
.--
Fr, =L & Se o canal é wgo, o raio hidráulico
JsHmi
é igual à altura d'água, e a altura normal
Figura 11.4 Relaçáo das alturas conjugadas em funçáo de Fr, e M , canais trape- ~ o d eser determinada IDela fórmula de
Manning, na forma: c>!? >> iJ
fia; .?L-, 3

2
Cálculo da altura crítica: y, = ( 4 ) ' 1 3 + yc = 1,18 rn < y, = 3,05 m
g

Portanto, o canal é de fraca declividade e o escoamento uniforme é flu-


vial. ,\
Como o cana1 é longo, em alguma seção a jusante do pé do vertedor
ocorrerá um ressalto hidráulico, com altura d'água conjugada no regime flu-
vial y2 = y, = 3,OS m O número de Froude no regime fluvial vale:

2
O I ~ E S ~ I I Ohianu~icosempre ocorre Fr22 -- -q = l6 = 0,057 4 Fr, = 0,24
na pasnagern de urna proiundadads gy; 9,8. 3,0S3
inferior & normal para urna supriar?

Pela Equação 11.1 1, a altura conjugada no regime torrencial vale:


-
Cap. 11 Ressalto Hidráulico
343

EXEMPLO 11.2

Um canal retangular de 3 m de largura transporta uma vazão de 14 m3/s


i altura d'água uniforme e igual a 0,60 m . Em uma determinada seção, a
/ largura é reduzida para produzir um ressalto hidráulico. Calcular a largura da
constrição para que o ressalto se forme exatamente a montante da garganta.
I Despreze as perdas após o ressalto.
I

I Determinação do tipo de escoamento no canal:

Fr,2 = - (14/3,0), = 10,29 ;. Fr, = 3,21 1, escoamento torrencial


gy: - 9,8.0,60

A altura conjugada no regime fluvial y2 é dada pela Equação 11.10

Como a redução na largura alterou as condições do escoamento a mon-


tante, o regime fluvial y2 = 2,44 m passará a crítico na garganta e, na sequên-
cia, retomará a torrencial. A energia na seção 2 vale:

I
e como na garganta, seção 3, o escoamento é crítico, a equação da energia
1 (observe que é após o ressalto) fica:
1
3
E, =E,, = - y,, = 2,63 m
2
:. y,, = 1,75 m

:. bl = 1,93 m.
I Pela continuidade, Q = q, . b3 = 14
7

H~dráulicaBásica Cap. 11
344

-
, 2'
EXEMPLO 11.3
I , :"

\ 1.1
, ,. ,
,: ; .:. i ,"
A aliura d'água no regime torrencial em um canal trapezoidal com largura
de fundo igual a 3,O m, inclinação dos taludes Z = 1,5 e vazão de 20 m3/s vale
y I = 0 5 0 m. Determine a altura conjugada no regime fluvial.
I- I ~?;,, -.P: Na seção 1, os parâmetros geométricos e hidráulicos valem:
? sr
área A] = (ml + Z)yi2 = (3,0/0,50 + 1,5) 0,502 = 1,875 m2;
I;, -~ .:.c'>",?: \P.
largura na superfície Bi = b + 2.Zy1 = 3.0 + 2.1,5.0,50 = 4,5 m;
altura hidráulica H,i = Ai031= 1,875/4,5 = 0,417 m;
velocidade média Vi = Q/Ai = 2011,875 = 10,67 m/s.

Número de Froude Fr, = v] 1057


= JGGE =

M = -Zy, -
-
1,5.0,50 = 0.25
1' 3,O
Na Figura 11.4, para Fri = 5,28 e M = 0,25 vem:
Y = yz/yi = 5,4 :. y2 = 2,70 m

11.6 PERDA DE CARGA NO RESSALTO


A perda de carga no ressalto é igual A diferença de energia antes e de-
pois do salto. Desta forma:

No caso particular do canal retangular, a equação anterior pode ser de-


senvolvida, chegando-se a:

o que mostra que a perda de carga aumenta consideravelmente com a altura do


ressalto (yi - yi).
Cap 11 Ressalto Hidráulico
345

-
Se a perda de carga no ressal-
to pode ser calculada a partir de
I expressão deduzida analitica-
ite, o mesmo não se dá com o
iprimento do ressalto, distância
,.,,,e as seções em que ocorrem as
alturas conjugadas. A experiência
tem mostrado que, para canais re-
tangulares. o comprimento Lj de um
ressalto estacionário é bem definido
e se situa normalmente entre 5 e 7
vezes o valor de sua altura (yz - y i),
ou, segundo certos autores, o com-
I
primento é da ordem de 6y2.
Figura 11.5 Comprimento do ressalto em função do número deFroude. seção rctnnplar
1 A Figura 11.5 apresenta o grá-
I fico adimensional do comprimento
do ressalto, em canais retangulares, em função do niimero de Froude na entrada
do ressalto.
Devem ser observados na Figura 11.5 as faixas de desempenho do res-
salto em função do número de Froude e que, para 4,5 < Fri < 10, que é a fai-
xa normalmente utilizada em projetos de diss~paçãode energia, o compnrnento
, do ressalto é cerca de seis vezes o valor da altura alternada no regime fluvial.
A eficiência do ressalto é medida pela sua capacidade de dissipação da
' energia mecânica do escoamento torrencial e é definida por:

na qual AE é a perda de carga dada pela Equação 11.17 e E, é a energia espe-


cífica na seção a montante do ressalto.
Importante também é a inter-relação entre as curvas de energia específi-
que se estabelega um escoamento
ca e força específica para um ressalto A Figura 11.6 apresenta este relaciona-
mento, em que deve ser observado que não se deve confundir alturas alternadas
com alturas conjugadas.
Devido à perda de carga no ressaIto, a altura yz é sempre menor do que
sena a altura alternada de y 1 (yí) se não houvesse o ressalto, como mostra a
Figura 11.6. O nível crítico corresponde ao ponto de mínimo das duas curvas.
H~draulicaBásica Cap 11
346

EXEMPLO 11.4

Um canal retangular bem


longo, de 2,O m de largura, em con-
creto em boas condições, possui
uma comporta plana e vertical de
mesma largura, como na Figura
11.7. Sendo a perda de carga na
comporta igual a 5% da energia
, ,
disponível a sua montante, detenni-
8 ,
he qual deve ser a declividade do
Figura 11.6 Inter-relaçáo entre as curvas y x E e y x E canal para que a altura conjugada
no regime torrencial, do ressalto que
se forma a jusante da comporta, seja
igual a 0,30 m. Determine também a perda de carga no ressalto, a eficiência e
seu comprimento. A altura de água na seção contraída da lâmina vale 0,25 m.
Aplicando a equação da energia entre uma seção a montante da compor-
ta e a seção contraída da lâmina, na qual a disirihuição de pressão é hidrostática
(escoamento paralelo), vem: E, = E, + AHoi.

Portanto: y,+-,= q2 y, +- q2 + AHo,,daí


2gy, 2g Y?

1,60 + ¶* = 0,25 + q2 +
19,6.1,60 19,6.0,25*

+ 0,05,(1,60+ q2 ) .: q=1,26 m3/(sm)


Figura 11.7 Exemplo 11.4. 19,6.1,60
I Na seção contraída da lâmina, o número de Froude vale:

V (132610,25)
Fr=-- = 3,22, portanto escoamento torrencial

Como o canal é longo, a altura conjugada do ressalto no regime fluvial


será a altura d'água no regime uniforme. Pela Equação 11.10, a altura con-
jugada yz vale:
-
Cap 11 Ressalto Hidráulico
347

Cálculo da declividade de fundo para uma altura normal y,, = 0,90 m e


Q = q . b = 1,26 2,O = 2,52 m31s,

yo='-- O 90 nQ - 0.014 2,52


Para - 0,45 Tabela 8.3 + K, = = 0,172
b 2,O b8I3& - 2.0'~'fi

Logo: I,,= 0,00104 m/m


I A perda de carga é dada pela Equação 11.17
1

A eficiência vale:

(1'26'0'30)
&-,/m-=
Para Fr, =--- - 2,45 (ressalto fraco), na Figura 11.5 o

lmprimento L, vale: L,/y2 = 4,8 .'. L, = 4,32 m.

1.7 PROBLEMAS

1.1 Em um canal retangular está ocorrendo um ressal-


...hidráulico, como na Figura 11.8. Na impossibilidade de
AH

I .......
~ ~~. ~...

.~~....
. ~ ~ ~ ~ ~ . .
medir as alturas conjugadas y i e y,, foram colocados dois 1
-
\
~2

tubos de Pitot. Para Ay = 0.50 m e AH = 0,05 m, determine


Y,
as alturas conjugadas e a vazão por unidade de largura.
[yi= 0,58 m; y2 = 1,08 m; q = 2,26 m3/(sm)]
Figura 11.8 Problema 11.1.
H~draulicaBásica Cap 11
348

-
11.2 Um canal trapezoidal de largura de fundo igual a 1,O m e taludes
1H:IV transporta uma vazão de 3,5 m3/s e, em uma determinada seção A, a
altura d'água vale 0,95 m Verifique se uma singularidade qualquer, a jusante
desta seção, poderá produzir um ressalto hidráulico no canal entre a seção A
e a singularidade. Justifique sua resposta.
[Não há possibilidade de ocorrer o ressalto]
11.3 Partindo da equação da força específica, para as seções de montante
e jusante de um ressalto hidráulico em um canal retangular, mostre que, entre
os números de Froude nas seções, existe a relação:

11.4 Demonstre que, em um canal retaugutar na condição de regime críti-


co, existe a seguinte relação entre a força específica, por unidade de largura,
e a energia mínima: F, = y, Ec.

11.5 Em um canal no qual está ocorrendo um ressalto hidráulico, o núme-


ro de Froude na seção de escoamento torrencial é igual a 5,O. Para uma altu-
ra do ressalto igual a 1,20 m, determine a vazão unitária e a perda de cargano
ressalto.
[q = 1 5 6 m3/(sm); AE = 1,42 m]

11.6 Em um longo canal retangular de 2,s m de largura, coeficiente de


mgosidade n = 0,016 e declividade de fundo I, = 0,010 m/m, escoa uma va-
zão de 10,O m3/s, e m regime uniforme. Em uma seção existe um degrau
c o n s t ~ í d opara provocar um ressalto hidráulico, a sua montante. Assumindo
escoamento crítico sobre o degrau, determine as alturas conjugadas do ressalto
e a altura do degrau.
[y i = y, = 0,96 m; y2 = 1,43 m; AZ = 0,062 m]

11.7 Em um longo canal trap40idal com 1.0 m de largura de fundo, incli-


naçáo dos taludes 2H:IV, coeficiente de mgosidade n = 0,015, declividade de
fundo I, = 0,0015 mlm, foi colocado um vertedor de parede espessa (degrau)
de 0.25 m de altura, provocando o aparecimento de um ressalto a sua jusante
e de um remanso de elevação a sua montante. A altura d'água em cima do
degrau é de 0,65 m. Determinar a vazão, a altura d'água no canal antes da co-
locação do degrau e a altura d'água imediatamente a montante do degrau.
-

Cap. 11 Ressalto Hidráulica


349

-
11.8 A partir da equação das alturas conjugadas de um ressalto hidráulico
em um canal retangular, demonstre que:

11.9 Um escoamento torrencial de 4,80 m3/s ocorre a uma profundidade de


0,80 m em um canal aberto em forma de V (triangular), com inclinação dos ta-
ludes Z = 1,5. Calcule a profundidade imediatamente a jusante de um ressalto.
[yz = 1 6 0 ml

11.10 Qual a relação entre as alturas conjugadas de um ressalto em um ca-


nal retangular, que dissipa 113 da energia total do escoamento de aproximação.
[ydyi = 4,521

11.11 Para as condições da Figura 11.9, calcule y, AZ e yz sa-


bendo que o escoamento é bidimensional. Estabeleça qualquer
hipótese necessária à resolução do problema.
[y = 0,61 m; AZ = 0,64 m; y2 = 1 ,O8 m]
Figura 11.9 Problema l l . l l .
11.12 Um vertedor de uma barragem descarrega uma vazão
unitária q = 7,O m3/(sm) em uma bacia de dissipação retangu-
lar de mesma largura que o vertedor. A formação de um ressalto
hidráulico deverá ser realizada pela colocação de uma so-
leira elevada na extremidade da bacia. Assumindo esco-
....
amento crítico sobre a soleira, determine a altura AZ
requerida pela soleira para que o ressalto se forme den-
tro da bacia de dissipação. Despreze as perdas de carga
no escoamento pelo vertedor.
[AZ= 1,1Om]

11.13 Em um canal trapezoidal de 1.20 m de largura de


k,,K
Figura 11.10 Problema l l . l 2 .
644 20

=.?
.

fundo, inclinação dos taludes 1V:2H, está ocorrendo um


ressalto hidráulico com alturas conjngadas yi = 0,48 m e y i = I ,44 m. Estime
a vazão.
[Q = 6,36 m3/s]
7

Hidráulica Básica Cap. 11


350

-
11.14 Mostre que a relação entre o ganho de energia potencial, definido pela
diferença y2 - yi. e a perda de energia cinética, definida pela diferença.
~ Y Y ?I
V:-V1 , no ressalto hidráulico em um canal ietangular vale.
2g (YI +

11.15 Um vertedor de uma barragem descarrega em um caiial retatiguiar su-


ficientemente longo uma vazão unitária q = 7,O m?/(sm). O canal tem decli-
vidade de fundo I, = 0,0001 mlm, revestimerito de concreto em condições
regulares e pode ser considerado largo. Ocorrendo um ressalto hidráulico neste
canal, determine suas alturas conjugadas.
[y i = 0,49 m; y2 = y, = 4,26 m]

11.16 Em um canal retangular escoa uma vazão unitária q = 0,5 m"(sm). Em


uma determinada seção há uma soleira de fundo com altura AZ = 0,25 m,
como na Figura 10.13b, e ocorre um ressalto hidráulico imediatamente a
montante da soleira. Assumindo escoamento crítico em cima da soleira, deter-
mine as alturas conjugadas do ressalto. Despreze as perdas de carga após o
ressalto.

11.17 Partindo da definição de altuia do ressalto, h, = y2 - y I , mostre que em


um canal retangular, a relação entre a altura do ressalto e a energia específica
na entrada E l só depende do númeio de Froude no escoamento de aproxima-
ção e vale.

Faça um gráfico de h,/Ei versus Frl. (1 < Fri < 14)


11.18 Em um canal retangular, no qual está ocorrendo um re~saltohidráulico,
mostre que a)relação entre a altura crítica y, e as alturas conjugadas do ressalto
y i e y? , é dada por:
-
- Tubos Curtos - Vededores
12 Cap 12 Orifícios 351

I ORIF~CIOS- TUBOS CURTOS - VERTEDORES

Serão analisados neste capítulo alguns tipos de escoamentos de escala


e características distintas dos escoamentos em canais tratados até agora. O corriasBm .erpondei
E os pobres zagais do monte
estudo dos escoamentos através de orifícios, tubos curtos e vertedores se faz ~ a d .sabiam dizern
com uma base teórica simples que, na maioria dos casos, não dispensa o acom- [ P ~~ ~ ~~correia]
~ i ~ ~~ -
panhamento de resultados da investigação experimental, na forma de coefici-
entes corretivos. Trata-se de um assunto de grande importância na Hidráulica
pela sua aplicação em diversas estmturas hidráulicas, como projetos de iniga-
ção, eclusas para navegação fluvial, bacias de detenção para controle de cheias
urbanas, estações de tratamento de água, medição de vazão de efluentes indus-
triais e de cursos d'água, tomadas d'água em sistemas de abastecimento, pro-
jetos hidmelétricos etc.

Define-se como orifício uma abertura de perímetro fechado, de forma


geométrica definida (circular, retangular, triangular etc), realizada na parede
ou fundo de um reservatório ou na parede de um canal ou conduto em pres-
são, pela qual o líquido em repouso ou movimento escoa em virtude da ener-
gia potencial e/ou cinética que possui. O escoamento pelo orifício pode ser dar
para um ambiente sob pressão atmosférica ou para uma região ocupada pelo
mesmo Iíquido. No primeiro caso, a saída do Iíquido é dita ser descarga livre
e, no segundo caso, é chamada de descarga afogada ou por orifcio submerso.

Há vários critérios de classificação dos orifícios, segundo suas princi-


pais características. Deste modo, de acordo com a forma geométrica de seu
perímetro, podem ser circulares, retangulares, triangulares etc, e segundo a
orientação do plano do orifício em relação à superfície livre do líquido, podem
ser verticais, horizontais ou inclinados, isto é, perpendiculares, paralelos ou
1 formando um certo ângulo com o plano horizontal do Iíquido. Sendo H a dis-
1 tância vertical entre o plano da superfície livre do líquido e a linha de centro
1 352 1 Hldrátl~caBasica Cap 12

AT
h1
H/

,
~ a r e c ~fina
c
<I.s*
Parede espessa
do orifício, denomiiiada carga sobre o orjfcio, estes podem ser clas-
sificados como pequeitos e graizcles. São ditos pequeiios se sua dimeii-
são geométrica verrical, diâmetro ou altui-a. é menor que um terço da

carga H.
Quanto ã espessura da parede na qual está inserida a abertura
e a forma do jato em contato com a superfície interna da parede, os
orifícios são classificados como de parede$na ou delgada e de pa-
rede
a
grossa ou espessa. Os orifícios de parede fiiia são aqueles em que
veia líquida só está em contato com a linha de contorno, perímetro
Figura 12.la. Figura 12.lb. do orifício, Figura 12.1a, e nos orifícios de parede espessa o jato adere
i parede da abertura segundo uma superfície, Figura 12.1b. Neste
último caso, a espessura da parede é menor que unia vez e meia a
menor dimensão do orifício. Se a espessura da parede for duas a três vezes
maior que a menor dimensão da abertura, esta é classiticada como um bocal.
O estudo dos orifícios de parede espessa se faz do mesmo modo que o dos
bocais.

12.3 DESCARGA LIVRE EM ORIF~CIOSDE PAREDE FINA


A Figura 12.2 representa a seção traiisversal de um orifício vertical des-
carregando o líquido de um reservatório para a atmosfera. As partículas líquidas
afluem ao orifício de todas as direçóes, segundo trajetórias convergentes. Devido
à própria inércia e às compoiientes de velocidades paralelas ao plano do orifí-
cio, as partículas não podem mudar de direção de forma bmsca ao se aproxima-
rem da saída e continuam, portanto, movendo-se em trajetórias curvilíneas,
obrigando o jato a se contrair um pouco além da borda interna da abertura. Esle
fenômeno é chamado de contração do jato, de certa forma análogo ao que foi
discutido na Seção 3.3.1, sobre coiitração bmsca em mudariça de seção, no es-
coamento sob pressão. A seção a-a em que esta coiitração, provocada pelo on-
fício, é máxima é a seção contraída ou vena contrata, seção em que as trajetórias

-
-
q L.'
A- A ,
s/
,,-Seção

-V
coiiliai<lri
das partículas são sensivelmente paralelas entre si, a distribuição de velocidade
é uniforme, com área traiisversril igual a aproximadamente 60% da Brea geomé-
trica do orifício, e na qual a pressão é praticamente uniforme em todos os pon-
tos e igual$ pressão exterior da região em que a descarga está se dando.
Para uin orifício circular de aresta viva e diâmetro D, a seção conti-aí-
da do jato situa-se a uma distância aproximada da parede interna da abertura
igual a 0,5 D.
A relação entre a área transversal do jato A , na seção contraída, e a
Figura 12.2 Seçáoçontraída de uiii jaio área do orifício A é deiiomiriada coejicienfe de contração, C , (ver Equação
I~vre. 3.8), e pode ser determinada experimeiitalmente. Para orifícios circulares de
~ Cap. 12 Oflflcior - Tubos Curtos - Venedores 111 I
parede fina, o valor médio de C, é da ordem de 0,62, variando com as dimen-
sões do orifício e com a carga H.

c
" A,
I--
- área da seção contraída
área do orifício

12.3.1 VAZAO DESCARREGADA


Não considerando o efeito de contração do jato nem as perdas de car-
ga que ocorrem durante o escoamento do líquido através de um orifício de pe-
quenas dimensões, o problema de determinar a vazão descmegada livremente
pode ser resolvido com a aplicação da equação de Bemoulli. Infelizmente, nas
aplicações práticas, nem as perdas de energia, nem a contração da veia podem
ser negligenciadas, uma vez que o conjunto dos dois efeitos faz com que a
vazão efetivamente descarregada seja aproximadamente 60% da vazão que teo-
ricamente passaria pelo orifício, como será visto a seguir.
Trata-se, portanto, de um assunto que, apesar de ser descrito por formu-
lações simples, não dispensa o auxilio da experimentação para o levantamento
de coeficientes que comjam as equações teóricas. Deve-se ter em conta que es-
tes coeficientes experimentais, apresentados na literatura, dependem do tipo e
forma da abertura e da carga sobre o orifício, entre outros fatores, com algu-
ma variação entre valores recomendados por fontes distintas. Isto implica que
a determinação da vazão nas aplicações práticas está afetada por uma certa
margem de incerteza, em geral em tomo de + 5 %.
Considere, como na Figura 12.3, um orifício vertical, de pequenas di-
mensões, de parede delgada e área A, através do qual escoa um Iíquido de peso
específico y, entre duas regiões A e B. Sobre a superfície do Iíquido em A ama
uma pressão p~ e a região B está ocupada pelo ar atmosférico, de peso espe-
cífico desprezível, e sujeita ã pressão p ~Na
. região próxima ao orifício, a ve-
locidade média de aproximação do Iíquido é V,.
Considerando a linha de corrente a-b, a equação de Bemoulli para es-
coamento permanente e na ausência de perdas, aplicada entre os pontos C, no
líquido da região A, e D, no Iíquido na seção contraída, onde todas as linhas
de corrente são paralelas e a pressão é uniforme, fica:

e por ser h = hc + zc,


-

H~drhulicaBásica Cap. 12
354

!?FJ&&J, que é a expressão geral entre a velocidade teórica e a carga h em qualquer

i
ponto da trajetória. Tomando outra linha de corrente, ou trajetória, já que o
d escoamento é permanente, a velocidade dada pela Equação 12.3 variará para
C
@ @ cada linha de corrente, conforme o valor da carga h. Entretanto, consideran-
do o orifício de pequenas dimensões em relação àcarga h, pode-se considerar
Figura 12.3 Escoamento Por um orifício. que na seção contraída c-c a velocidade é uniforme e igual àquela correspon-
- média H, distância vertical da superfície do Iíquido até o centro
dente à carga
de gravidade da seção contraída.
Aplicando a equação de Bemoulli ao tubo de corrente entre as seções
d-d e c-c, assumindo distribuição uniforme na seçáo d-d, coeficiente de Coriolis
a = 1 e velocidade média V,, obtém-se o valor teórico da velocidade na seção
contraída, como:

Nos casos mais comuns de aplicação prática, as dimensões da região A,


em geral um reservatório, são muito maiores do que a área da seção contraí-
da e a carga cinética de aproximação pode ser desprezada. Além disso, em
geral as regiões A e B estão sujeitas à mesma pressão e igual à pressão atmos-
férica, o que simplifica a Equação 12 3, na forma:

A Equação 12.5, que fornece a velocidade teórica na seção contraída de


um jato através de um pequeno orifício, é uma das mais antigas leis racionais
da Hidráulica, estabelecida no século XVII e conhecida como teorema de
1. Evangelista Tonicelli. física Italiano,
1608-1647.
Torncelli. '
Para propósitos práticos, a carga H da Equação 12 5 será assumida igual
à distância vertical desde a superfície livre do Iíquido até a linha de centro do
orifício, se este for vertical ou inclinado, ou até o plano do orifício, se este for
horizontal. Neste último caso, despreza-se a distância entre o fundo do reser-
vatóno e a seção contraída da veia líquida.
Cap 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vetiedores

I I
Devido à existência de perdas de energia no escoamento ao entrar no
orifício e durante a passagem pelo mesmo, a velocidade real na seção conmída
L ligeiramente inferior à velocidade teórica dada pela Equação 12.5. A relação
entre a velocidade real V e a velocidade teórica VI, que teria lugar se não hou-
vesse perdas, denomina-se coeficiente de velocidade, C,, cuja ordem de gran-
deza para orifícios circulares de parede fina é 0,98. Assim:

c V
=-=
velocidadereal
" V, velocidade teórica

A vazão real é o produto da área da seção contraída A, pela velocidade


real V.

Finalmente, a vazão pelo orifício, usando a Equação 12.1, é dada por:

Ao produto C, C, dá-se o nome de coeficiente de vazáo ou de descar-


ga, Cd
Assim, a expressão geral para a vazão descarregada através de um ori-
fício de área A, de pequenas dimensões e parede fina, sujeito a uma carga H,
fica

A Equação 12.10 é chamada de lei dos orifcios e é semelhante a Equa-


ção 4.31.
O coeficiente de vazão Cd tem valor médio prático igual a 0,61, para
orifícios circulares de parede fina, variando com a forma geométrica, dimen-
sões e valor da carga. Os valores dos coeficientes de contração, velocidade e
vazão são levantados experimentalmente, e seus valores estão disponíveis em
obras como Lencastre (34), Avila (4). Balloffet et al. (7), entre outras.
A Tabela 12.1 apresenta os valores do coeficiente de vazão para orifí-
cios verticais, circulares e de parede fina, em função do diâmetro e da carga.
-v
-
356 Hldraulica Básica Cap 12

-
Tabela 12.1 Valores do coeticienre de vazão para orifícios circulares,
verticais de parede fina - Azevedo Netto (6)

12.4 PERDA DE CARGA EM ORIF~CIOS


A passagem de um líquido através de um orifício se faz com um certo
consumo da energia disponível a montante da abertura. Esta perda de energia
é produto das resistências passivas devidas à viscosidade do líquido e ofere-
cida pela parede do depósito e pelo próprio ar. Portanto, nem toda energia
potencial, representada pela carga H, é transformada em energia cinética.
Considerando um fluido saindo de um orifício para a pressão atmosfé-
rica, sob carga total H, a velocidade real é dada por V = C, @,portanto
a carga original vale:

A energia remanescente do jato é a carga cinética correspondente à ve-


um 0 1 ~ 1 ~ de
~ 1pequenas
0 dlmensho, locidade real V e dada por V2/2g.A perda de carga é a diferença entre a ener-
suiealo a uma carga H e escoando
livremente para s atmaof=m-pade ser gia inicial e a remanescente e igual a:
maior do que 12p117

1 v2 v2 v2
Ah=----=
ct 2g 2.g (C: )
--I ,-
2g

A perda de carga também pode ser expressa como um fator da carga


inicial H, relacionando-se as Equações 12.11 e 12.12, o que leva a:
-

Cap 12 Orif!cios - Tubos Curtos - Vertedores 357

I Para C, = 0,98, a perda de carga vale Ah 5 0,04,H, o que equivale dizer


que 4% da carga hidrostática é consumida por atrito.
As Equações 12.12 e 12.13 são válidas para qualquer tipo de orifício de
pequenas dimensões, incluindo os de parede espessa, cujo coeficiente de ve-
locidade seja conhecido.

1 12.5 DETERMINAÇÁO
U M ORIF~CIO
EXPERIMENTAL DOS COEFICIENTES DE

Em geral, do ponto de vista prático em Engenharia, o que interessa é a


descarga pelo orifício; o coeficiente Cd relativo a ela é o que tem mais valia e
este coeficiente pode ser calculado pela Equação 12.10, s e forem determina-
das experimentalmente a descarga Q, de modo gravimétrico com auxílio de um
recipiente calibrado e um cronômetro, a área do orifício A e a carga total H.
O coeficiente Cd em geral não é constante para um dado orifício, variando com
a carga, as condições de afluxo e a viscosidade de líquido.
1 A determinação experimental do coeficiente de contração C, é feita por
meio de um calibrador de compasso instalado na seção contraída, medindo-se
o diâmetro da seçáo. Se a localização exata da seçáo contraída for difícil, co-
loca-se o calibrador a uma distância da parede do orifício igual a 0,5 D, em que
D é o diâmetro da abertura.
O coeficiente de velocidade C, pode ser determinado por via direta, co-
locando-se um tubo de Pitot na seção contraída e determinando-se a velocidade
real V, que dividida pela velocidade teórica V, =@ fornece o valor do
coeficiente. Outra maneira de determinar o coeficiente de velocidade é através
do método das coordenadas, descrito a seguir.
A Figura 12.4 mostra um jato saindo de um orifício em parede vertical,
e passando na seção contraída, horizontalmente, com velocidade V. Devido à
presença da gravidade, o jato assume uma trajetória em forma parabólica, re-
sultante da composição de um movimento retilíneo e uniforme na horizontal
\ e de um movimento vertical uniformemente acelerado com aceleração g e
velocidade inicial nula. Sejam x e y as coordenadas de um ponto qualquer da
hajetória e desprezando-se a resistência ao movimento exercida pelo ar, pode-
se utilizar as equações da cinemática, nas duas direções, horizontal e vertical. Figura 12.4 Determinação do coefi-
ciente de velocidade.
A componente horizontal da velocidade do jato é constante e igual a V,
portanto a abscissa x em um tempo qualquer vale:

Na vertical, o movimento é regido pela lei da queda dos corpos, portanto


no mesmo tempo t a partícula se encontra em uma ordenada:
-

Hidráulica Básica Cap. 12


358

Eliminando o tempo t nas duas equações, tem-se:

A pwda dm c a r p am um oriiicio de
pequenas dlmens6eo, sendo H a carga
dlsponivel e v, a velocidade tediisa.
pode ser a p r e s s a por
que é a equação de uma parábola, de vértice em A, que fornece V em função
de x e y, determinados experimentalmente, e daí C, como:
H --7 v:
2e

Este método das coordenadas também é empregado, de maneira práti-


ca, na determinação da vazão pela extremidade aberta de um tubo horizontal

12.6 TEORIA DOS GRANDES ORIF~CIOS


Se a dimensão vertical de um orifício é grande, a carga hidros-
..~....... ..... ..... tática que produz o fluxo é substancialmente menor no bordo supe-
rior da abertura que no bordo inferior. Então, a vazáo determinada
pela Equação 12.10 para um pequeno orifício, usando a carga H
dh
medida em relação ao centro do orifício, não é a vazão verdadeira,
uma vez que as velocidades dos filetes líquidos diferem razoavel-
mente do topo até o fundo da abertura. O método utilizado é calcu-
lar a vazão elementar através de uma faixa horizontal de altura
infinitesimal, usando a Equação 12.10, como na Figura 12.5, e inte-
grar do topo até o fundo da abertura para obter a vazão teórica, da
Figura 12.5 Ontício de grandes dimensóes
qual a vazão real pode ser obtida se o coeficiente de vazão for co-
nhecido.
A vazão elementar, em uma faixa horizontal de espessura dh, é dada

Admitindo que o valor do coeficiente Cd seja praticamente o mesmo


para todas as faixas, se obtém:
Cap 12 Onficios - Tubos Cultos - Vettedores 359

A integração da expressão anterior exige o conhecimento da função


que relaciona a largura b com a altura h, função que depende da forma ge-
ométrica do orifício. No caso particular de. um orifício retangular de largura
b, altura a e área A, como na Figura 12.6, a Equação 12.19 toma-se:

Figora 12.6 Orifício retangular de gran-


des dimznsões.

Conforme definido na Seç5o 12.2, o orifício é classificado como de pe-


quenas dimensões se sua dimensão vertical é menor que um terço da carga mé-
dia H. Esta propriedade pode ser mostrada comparando-se as vazões
Iculadas pela Equação 12.10 (pequenas dimensões) e pela Equação 12.20
randes dimensões). Para o mesmo coeficiente de vazão, dividindo-se a Equa-
10 12 20 pela Equação 12.10, tem-se o fator a dado por:

Como pela Figura 12.6, h2 = H + d 2 e h1 = H - d 2 , vem:


1

360 Hldraullca Básica Cap 12

-
O fator a pode ser calculado em função da relação H/a (carga média/
altura do orifício), como na Tabela 12.2.

Tabela 12.2 Valores do fator a em função da relabão carga médidaltura do orifício

Portanto, um orifício retangular em que a carga sobre o centro de gra-


vidade é três vezes maior do que a dimensão vertical, a = 1, pode ser consi-
derado como de pequenas dimensões e a vazão descarregada pode ser
caIculada pela Equação 12 10, em vez da Equação 12 20.

12.7 ORIF~CIOSAFOGADOS
O orifício é dito afogado ou submerso quando a cota do nível d'água a
jusante é superior à cota do topo do orifício. Sejam, como na Figura 12.7, dois
reservatórios de grandes dimensões, nos quais a área da seção transversal é muito
maior que a área A do orifício, de modo que a carga cinética de aproximação seja
v,zo;, Ib desprezível. Sendo H a diferença de nível, no escoamento permanente, a aplica-
ção da equação de Bemoulli entre as seções a-a e b-b, esta última coincidente
com a seção contraída do jato, levando em conta a perda de carga, fica:

Figura 12.7 Orifício afogado vZ


h, = h , + - + A h =
v2
2g

A aplicação da equação de Bemoulli entre uma seção no reservatório de


montante e a seção b-b pressupõe que nesta última seção a distribuição de
pressão seja hidrostática, hipótese válida se h2 for muito maior que a dimeu-
são vertical do orifício.
A Equação 12.23 toma-se:

A vazão é dada por uma equação análoga h Equação básica 12.10, na


forma:
\
1- Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores

Os valores do coeficiente de vazão são praticamente os mesmos dos


orifícios com descarga livre.
Deve ser observado que, se a equação de Bernoulli fosse aplicada entre
os pontos 1 e 2, o resultado seria h, = h2 + Ah + hi - h2 = H = Ah, portanto
a perda de carga localizada é semelhante à que ocorre na ligação entre uma
tubulação e um reservatório de grandes dimensões, dada por Ah = K V2/2g
(veja a Seção 3.3.1). De fato, pela Equação 12.23 resulta:

Para C, = 0,98, vem K = 1,04, valor próximo àquele do coeficiente de


A reiarao entre a vaza0 real e s teorisa
perda de carga localizada na entrada de uma tubulação em um reservatório. em um orificio e dada por c.c,?

Nas análises efetuadas nas seções anteriores, consideram-se orifícios de


parede fina, nos quais o jato livre possuía contração total ou completa. Supôs-
se que a região de aproximação dos filetes líquidos não era influenciada por
nenhuma fronteira sólida, isto é, os filetes chegam ao orifício por todas as di-
reçóes, incluindo as paralelas à parede da abertura, sem que as laterais, ou
qualquer outra causa, altere o ângulo entre a trajetória dos filetes e o eixo do
orifício.
Há, entretanto, casos práticos em que as trajetórias das partículas são
afetadas pela posição ou mgosidade das paredes do reservatório ou canal, re-
duzindo consideravelmente a contração do jato.
De modo geral, a contração incompleta em um orifício ocorre
\ quando as paredes ou o fundo do reservatório se encontram a distâncias
inferiores a 3D (D é o diâmetro do orifício) ou a 3a (aé a menor dimen-
são em orifícios retangulares), como na Figura 12.8.
Neste tipo de orifícios, denominados de contração incompleta ou
parcial, se aplicam todos os conceitos até aqui desenvolvidos, e para os
quais é necessário somente corrigir o coeficiente de vazão, de um ori-
fício com contração completa, através de equações empíricas, na forma: Figura 12.8 Condição para a ocorrência da
contração completa do jato.
Cd' = Cd (1 + 0,15. K), para orifícios retanguIares (12.27)
362 H~dráultcaBásica Cap. 12

Cd*= Cd (1 + 0,13 . K), para orifícios circulares (12.28)

O coeficiente K é a relação entre a parte do perímetro em


que há supressão da contração e o perímetro total do orifício.
Confonne o exemplo da Figura 12.9, para um orifício retangu-
lar de dimensões a e b, o valor do coeficiente K é dado por:
P
\
Figura 12.9 Çontraçáo incompleta do jato. b
K = (12.29)
2(a + b)
Para orifícios circulares a correção no coeficiente de vazão é feita ado-
tando-se K = 0,25, para orifícios junto a uma parede lateral ou ao fundo do re-
servatório ou canal, e K = 0,50, para orifícios junto a uma parede lateral e ao
fundo do reservatório ou canal.
I
EXEMPLO 12.1
I

Dois orifícios idênticos, verticais, de pequenas dimensões, parede fina,


e mesmo coeficiente de velocidade, lançam jatos livres com o mesmo alcan- '
ce, sob cargas diferentes, como na Figura 12.10. Mostre que: I

Como o alcance dos dois jatos é o mesmo, pela Equação 12.16, tem-se:

Figura 12.10 Exemplo 12.1.

12.9 ESCOAMENTO SOB CARGA VARIAVEL


Uma hipótese básica assumida até este ponto, para o escoamento pelos
orifícios, é que o regime é permanente. Isto implica que a carga hidráulica so-
bre o orifício é constante no tempo, portanto há uma alimentação compensadora
para o reservatório, de valor igual à vazão descarregada pelo onfício.
Serão analisadas agora as leis que regem a descarga do líquido pelo
orifício, na situação em,que a carga varia, tomando a vazão de saída função do
tempo. Estas situações es& ligadas a problemas práticos na Engenharia, como
atenuação de cheias em re~el~atórios naturais ou artificiais, operação de eclu-
Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos -Vertedores

1 ~
sas para navegação, operação de limpeza de decantadores em estações de tra-
tamento de água etc.
Uma das situações práticas é a determinação do tempo necesshio para
que a cota da superfície livre do líquido, em um depósito de certa configura-
ção geometrica e dispondo de um orifício no fundo, passe d e um valor
h, para hz.
Seja, como na Figura 12.11, um reservatório no qual não há ali-
mentação compensadora, de modo que a abertura do orifício no fundo
provoca uma diminuição gradual da profundidade e, consequentemen-
te, da pressão sobre o orifício.
Admitindo o coeficiente de vazão Ca do orifício de área A,, cons-
tante, isto é, independente da carga, o problema pode ser tratado pela
aplicação da equação da continuidade e usando a Equação básica 12.10.
Figura 12.11 Escoamento sob carga variavel.
Para uma carga genérica h sobre o orifício, em um tempo qual-
quer t, a vazão é dada pela Equação 12.10. No intervalo d e tempo dt, a
equação da continuidade aplicada ao volume de controle é dada por:

Q ( t ) = C , A, J2gh=--d dt
Vol
-
--
dh
A(hIdt

Observe que o sinal negativo na derivada indica que o volume diminui


quando o tempo aumenta. Isolando as variáveis t e h, fica:

Integrando entre o tempo inicial t = O até t = T, que corresponde à va-


riação do nível de h, para hz, tem-se:
\

A integral pode ser feita analiticamente, ou por processos numéricos ou


gráficos, desde que se conheça a função A(h).
No caso particular de um reservatório prismático A(h) = A = cte., a
Equação 12.32 toma-se:
7
I -

364 Hidráulica Básica Cap. 12

equação formalmente análoga à Equação 4.35, indicando a semelhança entre


o esvaziamento de um reservatrírio por um orifício e por uma tubulação de
pequeno diâmetro. \
Na Equação 12 33, fazendo-se h2 = 0, será obtido o tempo necessário
para o esvaziamento total do reservatório, a partir da altura hi. Neste caso, deve
ser observado que este tempo é aproximado, uma vez que, para cargas peque-
nas sobre o orifício, as condições de aproximação são alteradas, podendo ocor-
rer a formação de um vórtice, que destruiria a distribuição hidrostática de
pressão. Portanto, o coeficiente Cd só pode ser considerado praticamente cons-
tante enquanto o onfício puder ser considerado pequeno.

EXEMPLO 12.2

0 s dois reservatórios prismáticos, de áreas iguais, mostrados na Figu-


ra 12.12, estão, no tempo t = 0, com os níveis d'água distanciados em 6,O m.
Determinar o tempo necessário para que a superfície livre do reservatório do
lado direito se eleve em 2,O m. O orifício de intercomunicaçâo tem área
igual a 0,5 mz e coeficiente de vazão, suposto constante, igual a 0 5 . Admi-
ta orifício de pequenas dimensões.
Figura 12.12 Exemplo 12.2. Em um tempo t qualquer a carga do lado esquerdo, sobre o orifício
vale hi e a carga do lado direito vale hz. A condição do problema é tal que
as duas equações devem ser satisfeitas:
l.H=hi-h-2+dH=dhl-dhz
2. Volume que sai de 1 = - volume que entra em 2
Da segunda equação:

dhz ... dh i -- - dh, pois A, = ~z


dt
Mostre que, para uma snuapuo iam*
mante h da ~ i g u r a12.11, para que a
superiicie livm e b ~ i x ea uma velocide
de constante. a Brea do ieseivat6iio I Continuidade:

Como dH = dhi - dhz e dhi = - dhz + dH = - 2 dhz, daí fica:


Cap. 12 Orificios - Tubos Curtos - Vertedores 365

Substituindo os valores numéricos: T = 677,63 [m K ]


-
Como as áreas dos reservatórios são iguais, num certo intervalo de tem-
po o abaixamento do nível d'água i esquerda é igual à elevação do nível
d'água à direita. Deste modo, pela condição do enunciado, H1 = 6,O m e HZ=
2,O m
Finalmente, T = 677,63 [J6Tõ - JZ;Õ]= 701,53 s (11 nun e 41 s).

1 12.10 INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA PAREDE


Quando a parede no contorno de um orifício não tem arestas afiladas,
conforme a Figura 12.lh, o orifício 6 de parede grossa e permite que o jato,
após passar a seção contraída, tenha espaço para se expandir e chegar a ocu-
par a totalidade da seção. Entre a seção contraída e a seção final ocorre uma
rápida desaceleração, acompanhada de turbulência e forte perda de energia.
Quando se pretende dirigir o jato e alterar o coeficiente de vazão de um
orifício, adiciona-se ao orifício um certo comprimento de tubo, de modo
geral de mesma geometria que o orifício, como na Figura 12.13. Este dis- N.A.
positivo é chamado de bocal ou tubo adicional e é caracterizado por ter um
comprimento L variando entre 1,5D e 5,OD, em que D é o diâmetro do ori-
fício.
Os bocais podem ser classificados segundo sua geometria e posição
em relação ao reservatório. Podem ser cilíndricos ou cônicos (convergen-
\ tes ou divergentes) e externos ou internos.
1 1210.1 BOCAL CIL~NDRICOEXTERNO
Seja, conforme a Figura 12.13, um bocal cilíndrico externo de com-
Figura 12.13 Bocal ou tubo adicional

primento L e diâmetro D, sujeito a uma carga H, no qual há a formação da se-


ção contraída de área A,, que se caracteriza por uma região de alta velocidade
e baixa pressão, pressão inferior àquela que contorna o jato após deixar o bo-
cal, seção S de área A.
H~draulicaBasica Cap 12
366

-
A lei de descarga do bocal, equação equivalente &Equaçãobásica 12.10,
pode ser determinada pela aplicação das equações de Bemoulli e da continui-
dade e das definições dos coeficientes dos orifícios, A equação de Bemoulli
aplicada entre a g q ã o do ~ v ed'água
l no reservatório de área A, »A e a seção
de saída fica:

na qual Ah é a perda de carga entre as seções, que se resume à perda localizada


no processo de expansão da veia dentro do bocal. Conforme foi visto na Seção
3.3 1, a maior parcela da perda localizada ocorre na fase de expansão do jato.
A perda de carga localizada Ah é dada pela equação de Borda-Camot,
Equação 3.5, para a qual certos autores propõem adicionar à expressão teón-
ca uma pequena fração k da energia cinética a jusante da contração, dada a
impossibilidade de determinar analiticamente todas as perdas de energia As-
sim, a Equação 12.34 toma-se:

H =
vZ
-+ (V, - v ) 2+ k-v2
2g 2g 2g

Bélanger propôs o valor de k = 119, independente da relação de áreas,


enquanto Hanocq, citado por Schlag (50), propôs, de uma maneira geral, a se-
guinte relação:

Pela equação da continuidade, entre as duas seções de interesse tem-se,

Usando as Equações 12.36 e 12.37, a Equação 12.35 fica:


Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores
367

Expressão que após desenvolvida se toma:

Para um valor medi0 do coeficiente de contração igual a C, = 0,62, o


coeficiente de proporcionalidade entre a velocidade real V e a carga H vale
0,82 Assim, a Equação 12.39 fica.

V = 0,82 (12 40)

A jusante do bocal, o jato não mais apresenta seção contraída e C, = 1,


portanto a vazão pelo bocal será:

Comparando a vazão através do bocal, dada pela Equação 12.41, com


a vazão através de um orifício de parede fina, de mesma área A e sujeito à
mesma carga H, com Cd = 0,61, Equação 12.10, observa-se que, apesar da
perda de carga Ah, a instalação do bocal promove um aumento na vazão de

'
cerca de 34%.
Isto ocorre porque na seção contraída a pressão é inferior à pressão at-
mosférica, o que se pode constalar aplicando a equação de Bemoulli entre a
superfície livre do reservatório e aquela seção, na forma.

E pelas Equaçóes 12.37 e 12.40, tem-se:


-

368 Hidraulica Básica Cap. 12

Portanto, a pressão na seção contraída do jato é infenor à pressão atmos-


férica local em 314 da carga sobre o bocal. Este fenômeno foi observado expe-
no, 1746-1822. rimentalmente por Venturiz, que conectando através de um tubo um recipiente
aberto colocado e m nível inferior à seção contraída verificou que a água se
elevava no tubo até uma altura igual a 314 H.
Para ocorrer escoamento no bocal, há um limite físico da carga H, dado
pela Equação 12.44, de modo a não provocar cavitação no bocal. No caso li-
mite em que a pressão na seção contraída p, seja igual à pressão de vapor
saturante p, a carga máxima é dada por:

H,,, 4 P,-P"
= --
3 Y
Para valores de H se aproximando do valor dado pela Equação 12.45,o
escoamento se toma intermitente com quebra de continuidade da veia líquida
Os valores do coeficiente de vazão de um bocal cilíndrico, colocado
perpendicularmente ao plano da abertura, em função da relação compnmen-
to L diâmetro D, são mostrados na Tabela 12.3.

Tabela 12.3 Valores do coeficiente de v a ~ á opara bocais

12.10.2 BOCAL CIL~NDRICOINTERNO OU BOCAL DE BORDA


A presença de um tubo adicional instalado em um orifício provoca, em
certas circunstâncias, apreciáveis variações nas condições de escoamento, tanto
no valor da vazão quanto na característica do jato. Um tubo cilíndrico, como
na Figura 12.14, colocado normalmente ao plano do orifício e a sua montan-
te, e com comprimento entre 2 e 2,5 diâmetros da abertura, é chamado de bo-
cal de Borda.
-

Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Veriedores 369

-
I O bocal de Borda propicia um jato líquido bem regular, com uma con-
tração na entrada do bocal maior que a observada nos orifícios, sem tocar as
paredes internas do mesmo.

1
I
Este tipo de bocal permite um tratamento analítico para determinar a
relação entre os coeficiente de contração e de velocidade.
Sendo H a carga sobre a linha média do bocal, A, sua área geométrica
e A,, a área da seção contraída, para um reservatório de grandes dimensões, a
distribuição de pressão é hidrostática na seção a-a, isto é, a carga N.A.
cinética de aproximação é desprezível. Seja o volume de controle limi-
tado pelas seções a-a e c-c, sendo que nesta última a pressão é igual a
atmosférica, a aplicação do teorema da quantidade de movimento, na di-
reção x, ao líquido dentro do volume de controle, na condição de esco-
I
amento permanente, fica:

( ZF,= ~ v , ( ~ Y . ~ Ã ) (12.46) Figura 12.14 Tubo adicional interno


sc
I
I
Na seçáo a-a, o esforço hidrostático dado por F,, = y H A não é com-
pensado pela resistência da parede na seçáo de abemira do bocal, provocan-
1 do a velocidade do jato. A resultante das forças na direção x é somente o
esforço hidrostático e a Equação 12 46, para fluxo unidimensional, torna-se:
I
Y H A = V, (pV, A,) = PV:A, = p2gHAC=2yHA, (12.47)

I De onde se conclui que C, = AJA = 0,50, na condição de velocidade


I teórica. Considerando a velocidade real do jato V = C,Vt, a Equação 12.47 fica:

\ Portanto:

Para um coeficiente de velocidade C, = 0,98, fica C, 0,52 e Cd = Cc.Cv=


0,51 A vazão pelo bocal de Borda é então:
-
370 H~dtáulicaBásica Gap 12

-
Se o comprimento do bocal for menor que 2D, o coeficiente de vazão
aumenta, tendendo ao valor de C* correspondente aos orifícios de parede es-
pessa. Se o comprimento do tubo for maior que 2,5D, a veia líquida, após atin-
gir a seção contraída, preenche totalmente a seção do bocal, produzindo uma
descarga análoga aos tubos adicionais cilíndricos externos.

12.11 TUBOS CURTOS COM DESCARGA LIVRE \


Do ponto de vista hidráulico, o termo tubo curto significa uma estrutura
destinada a dar passagem à água, em geral com pequena carga. Embora os
problemas de dimensionamento ou verificação desse tipo de descarregador não
exijam tratamento complexo, é importante ressaltar que a simples aplicação
das formulações estabelecidas para as tubulações sob pressão (encanamentos
longos) pode levar a erros graves.
De fato, dependendo do comprimento da tubulação, não se pode deixar
de considerar as perdas de carga na entrada e saída, além das perdas distribu-
ídas e a carga cinética residual na saída.
De maneira geral, a distinção entre os diversos casos práticos pode ser
feita em função do comprimento relativo da tubulação, isto é, da relação en-
tre o comprimento e o diâmetro, conforme a convenção a seguir:
a) Se 1,5 I WD 2 5,O + bocais.
b) Se 5,O < L/D < 100 + tubos muito curtos
c) Se 100 < LID < 1000 + tubulações curtas
4 Se L/D > 1000 + tubulações longas (ver Seção 3.5)
A classificação acima deve ser entendida como indicativa para o trata-
mento do problema, requerendo por parte do projetista cuidados exigidos pela
natureza e risco que a obra possa apresentar.
Para os tubos muito curtos, do ponto de vista prático, é mais fácil con-
tinuar a considerar o escoamento como sujeito à lei dos orifícios, em que o
coeficiente de vazão C* traduz o efeito das perdas localizadas e distribuída no
tubo. A formulação a ser usada é a Equação básica 12.10,

observando que a carga H é a diferença de nível entre a superfície do reserva-


tório e a linha de centro da seção de saída do tubo, pois este não necessana-
mente estará na horizontal. A submergência, altura d'água entre a superfície
Cap 12 Orifictos - Tubos Curtos - Vertedores 371

-
I
livre do reservatório e a geratnz superior na entrada do tubo, deve ser no mí-
(
nuno igual a uma vez e meia a carga cinética, para evitar a formação de vór-
tice na entrada do tubo.
O coeficiente de descarga para os tubos curtos é dado pelas tabelas a
seguir.

Tabela 12.4 Valores de C, para tubos de ferro fundido de 0.30 m


I de diâmetro Manual de Hidraullca, Azevedo Netto

Tabela 12.5 Valores de C, para condutos circulares de concreto com entrada arredondada:
Manual de H~dráulrca,Armando Lencastre (34).

Com a finalidade de quantificar erros inerentes ao uso de formulações


inadequadas, em um problema simples, o Exemplo 12.3 apresenta uma com-
paração da aplicação da lei dos orifícios a um tubo curto UD = 100, com o uso
da equação de resistência de Darcy-Weisbach, com e sem perdas localizadas.

I
7
-

372 Hidráulica Básica Cap 12

Tabela 12.6 Valores de C, para condutos circulares de concreto com entrada em aresta viva
Manual de Hidráulica, Armando Lencastre (34)

NA.
~~~~.
.... .....
~~~~
~ ...1'.
......
~ ~ ~~~~

- EXEMPLO 12.3

A tomada d'água para o abastecimento de uma indústria


é feita em um reservatório de grandes dimensões, através de
uma tubulação de ferro fundido novo, mgosidade absoluta E =
0,25 mm, comprimento, 30 m, diâmetro de 0,30 m, sob carga
de 0.70 m e descarregando livremente na atmosfera, como na
Figura 12.15 Exemplo 12.3. Figura 12.15.
Analise a capacidade de vazão da tubulação, seguindo
quatro procedimentos distintos:
a) tubulação longa, em que se desprezam as perdas de carga localizadas e
a carga cinética;
b) tubulação curta, considerando um coeficiente de perda de carga na en-
trada K = 0,8, sem perda de carga na saída e levando em conta a carga
cinética na saída da linha;
c) tubulação curta, considerando um comprimento equivalente na enirada
tipo Borda, sem perda na saída e desprezando a carga cinética na saída;
4 considerando um tubo curto, utilizando a lei de descarga dos orifícios,
com o coeficiente de descarga extraído da Tabela 12.4.
-
Cap 12 Orifíc~os-Tubos Curtos - Vertedores 373

-
Discuta a solução.
Modo (a)
A perda de carga unitária é dada por: J = AHL = 0,70130 = 0,0233 d m .
Para E = 0,25 mm, D = 0,30 m e J = 2,33 d100m. a Tabela A2 fome-
I ce a vazão Q = 0,188 m3/s.
Modo (b)
Equação da energia:

Resolvendo por tentativas com auxílio da Tabela Al, vem.


1. Seja V = 2,O d s +Tabela Al+ f = 0,0195 -+ AZ = 0,765 m + H = capacidads de " m o de um bi>-I
cilíndrico sxtsrno B maior que a do
0,70 m. orifício de parede fina?

2 Seja f = 0,0195 4 Equação V = 1,91 m/s -t Tabela Al+ f = 0,0195.


Portanto, V = 1,91 m/s 4 Q = 0,135 m3/s.
Modo (c)
Entrada de Borda -+ Tabela 3.6 + L, = 9,06 m -t L, = 39,06 m.
A perda de carga unitária é dada por:

.i= bWL = 0.70139,06 = 0,0179 mim


I Para E = 0,25 mm, D = 0,30 m e J = 1,79 m/100m, a Tabela A2 forne-
' ce a vazão Q = 0,164 m3/s.
I Modo ( d )
Lei dos orifícios -+ Q = C d ~ J ; ? g H , ~ a L/D
r a = 100, a Tabela 12.4
\ fornece o valor do coeficiente de descarga Cd = 0,55.

. 0,302
Daí: Q = 0,55.
R
4
Jm= 0,144 m3/s

1I Conclusáo: O cálculo mais preciso é dado pelo procedimento (b), equa-


ção da energia na forma completa. A pior avaliação é dada pelo procedimen-
to (a), enquanto a lei dos orifícios forneceu uma vazão com somente 7% de
I dilean~apara o valor do procedimento (b).
-
374 Hidriiulica Básica Cap. 12

-
12.12 COMPORTAS DE FUNDO PLANAS
Um tipo de controle utilizado em canais é uma comporta pla-
na, como na Figura 12.16, a maioria das vezes vertical e de mesma
I
largura que o canal (sem contrações laterais). Tal dispositivo contro-
la as características do escoamento fluvial a montante e torrencial a
sua jusante. Trata-se, basicamente, de uma placa plana móvel que, \ I,
ao se levantar, permite graduar a abertura do orifício e controlar a
descarga produzida. A vazão descarregada pela comporta é função
do tirante de água a sua montante e da abertura do orifício inferior,
com o escoamento podendo ser considerado bidimensional. Depen-
dendo da condição hidráulica de jusante, o escoamento após a com-
porta pode ser livre, em geral seguido de um ressalto hidráulico, e
Figura 12.16 Comporta plana vertical. suhinerso ou afogado,como será discutido adiante.
Na situação de uma comporta de fundo colocada em um ca-
nal retangular de fundo horizontal e mesma largura, nZo há contraçóes laterais
do jato e este pode ser tratado como bidimensional.
I
O escoamento pode ser tratado através da lei dos orifícios, observando
que a lâmina líquida descarregada pelo orifício de abertura b, a partir do ponto
A, sofre uma conhação vettical até alcançar um valor y2 = C, b a uma distância
L _= 1,3.b (seção contraída). Na seção contraída, as linhas de correntes são ho-
rizontais e têm uma distribuição de pressão hidrostática. A montante da com- 1
porta, a energia disponível é a soma do tirante de água yl e da carga cinética
de aproximação ~ : / 2 que ~ , se toma mais importante à medida que a relação
yl/b diminui.
A distribuição de pressão sobre a comporta e na seção do
orifício é mostrada lia Figura 12.17,juntamente com os principais
parumetros geométricos de interesse.
A determinação da vazão descarregada pode ser feita atra-
v&sde um balanço de energia e continuidade, entre duas seções
com alturas d'água substancialmente uniformes (distribuiç?
hidrostática de pressão). Considerando descarga livre e despreza]
do as perdas de carga entre as seções 1 e 2, pode-se escrever:

Figura 12.17 Pressão e condtçóei do escoamento bldi-


meniional aab uma comporta H=yl +--

que desenvolvida fica:


C a p . 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores 375

Tomando como referência uma velocidade expressa por && e ob-


servando que yz = C, b, a Equação 12.53 pode ser colocada na forma da lei dos
orifícios, como:

Fazendo

a equação anterior toma a forma da lei dos orifícios.

9=cdh& (12.55)
0.6
Observe que. na lei de vazão de uma comporta, a carga a
montante é o próprio tirante de água, e não a distância vertical des- 0,5
de a superfície livre até o centro de gravidade do orifício.
08
Os coeficientes de contração e de descarga, para uma com- cd !
porta vertical, dependem da relação yi/b e têm sido objeto de de- 0.3
terminação experimental por vários investigadores, como Henry 0,2
), cujo trabalho é considerado O mais extensivo e confiável, e
1s resultados foram confirmados por Rajaratnam e Subramanya O, I
1 e posteriormente reanalisados por Swamee (57).
Henry apresenta um gráfico para determinação do coeficiente O 2 4 6 8 10 12 14 16
de vazão, para escoamento livre ou submerso, em função da aber- Y I ~
tura relativa y i h e do grau de submersão do escoamento a jusante Figura 12.18 C o e f i c i e n t e de descarga de uma
y&, conforme a Figura 12.18. comporta plana vertical. Henry (29).
Para propósitos práticos, o coeficiente de contração pode ser
considerado constante, praticamente independente da relação y i h , e igual a C,
=0,61.
I comporta plana e ietangular,pode-se
Recentemente, Swamee (57) apresentou equações para o coeficiente de assumir distribuipã~hidrmt6tica de
I pressa.,?
descarga, para condições de escoamento livre ou submerso, e uma relação geo-

I
-

Hidráulica Básica Cap. 12


376

-
métrica para definir a separação entre escoamento livre e submerso, baseado
no gráfico de Henry.
As expressões, levantadas via análise de regressão, são as seguintes
a) Descarga livre:

b) Descarga afogada:

C) Condição para existência de descarga livre (ver Figura 12.16).

EXEMPLO 12.4

Uma comporta plana e vertical descarrega uma certa vazão em um tre-


cho curto de um canal retangular, horizontal e liso. Na extremidade de jusante,
existe uma soleira com altura AZ = 0,50 m, seguida por uma queda livre, con-
forme a Figura 12 19. Para um coeficiente de contração C, = 0,61, determine
a vazão unitária e a altura d'água em cima da soleira. Utiltze a Equação 12 56
e despreze a perda de carga na soleira.

O coeficiente de vazão e a vazão unitária são dados por:


0,072 0,072
Yi -b = 0,s
C, =0,611( y, + 15b =0611( 1,80 +-15.0,20
1,80 0,20

q = C, b = 0 , 5 6 5 . 0 , 2 0 . \ I m = 0,67 m3/(sm)

Figura 12.19 Exemplo 12 4 A energia específica disponível na seção contraída vale:


-
Cap. 12 Orifínos -Tubos Curtos - Vertedores 377

Como o canal é curto e liso, a perda de carga entre as seções 2 e 3 é des-


prezível e, para que não haja mudança de regime, com o escoamento torren-
cial se mantendo em cima da soleira, deve-se ter E2 - AZ > E, = 1,s y, (ver
Seção 10.7.2).
A altura crítica vale:

A energia específica mínima vale E, = 1,5.0,36= 0,54 m, portanto Ez -


AZ = 1,16 m > 0,54 m, a descarga é livre e o escoamento permanece torren-
cial
A altura d'água em cima da soleira é dada pela raiz da equação seguinte,
correspondente ao regime torrencial.

12.12.1 ESCOAMENTO AFOGADO


A característica do escoamento Iivre sob uma comporta de fundo é a
existência do regime torrencial, com um tirante d'água inferior à abertura b.
Se um condicionamento qualquer a jusante da comporta, como por exemplo,
a existência de uma soleira de fundo, como na Figura 12 19, impuser a ocor-
irência de um ressalto hidráulico, dois casos podem ser analisados.
Se a posição de equilíbrio do ressalto for afastada da comporta, o escoa-
mento se produzirá como veia livre e o nível d'água a jusante, em regime flu-
vial, não exercerá influência sobre a vazão Se a altura d'água no regime fluvial
y, for maior que a correspondente altura conjugada do escoamento na seção
contraída yi, o ressalto não encontrará condição de equilíbrio no canal e se
moverá para montante, até alcançar a parede do orifício e a veia líquida, afo-
gando o escoamento e produ71ndo uma zona de movimento turbilhonar, e a
vazão resulta influenciada pelo tirante a jusante y3, como na Figura 12.20.
7

-
378 Hidráulica Básica Cap. 12

-
N.A.
Uma análise simples e aproximada do escoamento afo-
.....
gado, em uma comporta retangular, pode ser feita a partir de
algumas hip6teses estabelecidas aos escoamentos nas seções 1,
2 e 3.
a) Nas três seções o escoamento é assumido bidimensional.
b) Na seção 2, seção contraída, o escoamento é divididaem
duas partes, a parte inferior ocupada -por água em moviien-
i i 3 to direcionado e a parte superior por água estagnada, onde,
Figura 12.20 Escoamento afogado sob uma comporta. embora com grande turbulência, não há um movimento re-
sultante em qualquer direção (água morta). A vazão uniti-
ria na seção 2 é dada por q = C, b VZ.
c) A distribuição de pressão nas três seções segue a lei hidrostática
d) A perda de carga entre as seções 1 e 2 é desprezível (escoamento con-
vergente), isto é, toda a perda se concentra no trecho em que há ex-
pansão do jato, entre as seções 2 e 3.
Aplicando a equação da energia entre as seções 1 e 2, vem:

Observe que na equação anterior o termo hidrostático, na seção 2, é a


altura total y e não a altura do jato yz.
A equação do momento ou da força específica, Equação 11.4, aplicada
às seções 2 e 3 toma-se:

e aqui também o empuxo hidrostático na seção 2 é baseado na altura total y


e não em yz.
A Equação 12.60 pode ser rearranjada na forma:
-

Cap 12 Orifícios- Tubos Curtos - Vetiedores


379

-
Pode se verificar pela Equação 12.61 que, para uma vazão q constante,
isalturas y e y3 variam no mesmo sentido, isto é, a diminuição de y3 produz
uma diminuição simultânea em y, até a condição limite em que:

Nesta situação, a veia é livre (não afogada) e o ressalto ocorre imedia-


tamente a jusante da seção contraída. O valor de y3 que corresponde à situa-
ção limite é, evidentemente, a altura conjugada de y = yz = C,b.
As Equações 12.59 e 12.61 formam o conjunto necessário para resolu-
ção dos problemas relativos ao escoamento afogado, nas variáveis yi, y, ys, b
e q.

EXEMPLO 12.5

Considere uma comporta plana e vertical para a qual o tirante d'água a


montante é yi = 2,40 m. Determine qual deve ser a abertura b para que a va-
zão unitária seja q = 2,33 m3/(sm), em condição de veia livre. Com esta mes-
ma abertura, e mantida a carga a montante yl = 2,40 m, qual a vazão unitária
descarregada quando o tirante d'água a jusante da comporta for y3 = 130 m?
Adote como coeficiente de contração C, = 0,61 e despreze a carga cinética de
aproximação para a comporta.
a)Para

Da Equação 12.55 +q = C, b 6,
substituindo a relação anterior:

d) Verificação prévia da condição de escoamento livre.


Para que o escoamento seja livre, pela Equação 12.58 é necessário que:

portanto, o escoamento é afogado.


Utilizando as Equações 12.59 e 12.61, substituindo os valores numéri-
cos e desprezando a carga cinética na seção 1, fica:
- -
380 H~dráulicaBasioa Cap. 12

Uma maneira mais rápida de calcular a vazão é utilizando o gráfico da


Figura 12.18.
Para yilb = 2,40/0,60 = 4 e ydb = 1,80/0,60 = 3, do gráfico sai Cd = 0,37.
Pela Equação 12.55, tem-se:

Observe a pequena diferença entre os resultados e o fato de que o de-


senvolvimento teórico, Equações 12.59 e 12.61, é aproximado.

EXEMPLO 12.6

Uma comporta plana e vertical deve veicular uma vazão unitária


q = 1,O m3/(sm), com carga a montante yi = 4,O m e tirante d'água no canal
de deságue y3 = 3,O m. A que altura deve ser elevada a comporta? Permanecendo
a comporta com a abertura calculada antenomente, a mesma carga y I = 4,O m
e o nível d'água de jusante variando, qual deve ser a vazão e o tuante d'água y3,
para que a descarga comece a ocorrer sob condições de lâmina livre. Adote co-
eficiente de contração C, = 0,61 e despreze a carga cinética de aproximação
para a comporta.
a) Se, por hipótese, a comporta estiver afogada, para y3 = 3,O m, as
Equações 12.59 e 12.61 ficam:
-

Cap 12 Oriflcios -Tubos Cuilos - Veriedores 381

-
Verificação da hipótese.
A condição limite para que a comporta funcione livre é que o tirante
d'água y? seja igual a altura conjugada de y = yz = C, b = 0,21 m, para a va-
zão q = 1,O m3/(sm).

1,02
Alturas conjugadas tA =
0,21 2 9,8.0,213

portanto, a altura conjugada da profundidade da água na seção contraída é


menor que o tirante d'água a jusante, a comporta estará afogada e a hipótese
verificada.

b) Para a descarga livre, a vazão descarregada é dada por:

Alturas conjugadas +-
0,21
=
2
1,82'
9,8. 0,2i3
-1
1
.: y, =1,69 m

Portanto, a comporta com abertura b = 0,345 m e carga a montante yi =


4,O m funcionará livre, desde que o tirante d'água a jusante seja y3 < 1,69 m. Se
y3 > 1,69 m, o escoamento se dará com lâmina afogada.
Um cálculo mais rápido e aproximado do tirante d'água y3 pode ser feito
pela Equação 12.58, na forma:

12.13 VERTEDORES
Vertedor ou descarregador é o dispositivo utilizado para medir e/ou con-
trolar a vazão em escoamento por um canal. Trata-se, basicamente, de um ori-
fício de grandes dimensões no qual foi suprimida a aresta do topo, portanto a
parte superior da veia líquida, na passagem pela esttutura, se faz em contato
com a pressão atmosférica. A presença do vertedor, que é essencialmente uma
1
-
Hidráulica Basica Cap 12
382

-
parede com abertura de determinada forma geométrica, colocada, na maioria
dos casos, perpendicularmente à corrente, eleva o nível d'água a sua montante
até que este nível atinja uma cota suficiente para produzir uma lâmina sobre
o obstáculo, compatível com a vazão descarregada. A lâmina líquida des-
carregada, adquirindo velocidade, provoca um processo de convergência ver-
tical dos filetes, situando-se, portanto, abaixo da superfície livre da região não
pemirbada de montante. \
Os vertedores são estmturas relativamente simples, mas de grande im-
portância prática devido a sua utilização em numerosas constmções hidráuli-
cas, como sistemas de irngação, estações de tratamento de água e esgotos,
barragens, medição de vazão em córregos etc.

12.13.1 NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇAO


Conforme a Figura 12.21, as principais partes constituintes de um
vertedor são.
a) Crista.0~soleira é a parte superior da parede em que há contato com
a Iâmina vertente. Se o contato da lâmina se limitar, como nos orifí-
cios de parede fina, a uma aresta biselada, o vertedor é de parede
delgada; já se o contato ocorrer em um comprimento apreciável da
parede, o vertedor é de parede espessa.
b) Carga sobre a soleira h é a diferença de cota entre o nível d'água a
montante, em uma região fora da curvatura d a Iâmina em que a dis-
tribuição de pressão é hidrostática, e o nível da soleira. Em geral, a
uma distância a montante do vertedor igual a seis vezes a carga, a
depressão da Iâmina é desprezível.
c) Altura do vertedor P é a diferença de cotas entre a soleira e o fundo
do canal d e chegada.
d) Largura ou luz da soleira L é a dimensão da soleira através da qual
há o escoamento.
Os vertedores uodem ser classificados de diversas
P
, Lâmina vertente
maneiras:
a) Quanto à forma geométrica da abwtura: retangulares,
triangulares, trapezoidais, circulares, parabólicos.
b ) Quanto à altura relativa da soleira: descarga livre se P
> P' (são os mais usados) e descarga submersa se P < P',
isto é, se o nível d'água de saída for superior ao nível da
Figura 12.21 Vertedor de parede delgada. soleira
-
Cap. 12 Orificios - Tubos Curtos - Vertedores 383

-
C)Quanto à natureza da parede: parede delgada se a espessura da pa-
rede for inferior a dois terços da carga, e < 213 h, e de parede espes-
sa caso contrário, e > 213 h.
6)Quanto à largura relativa da soleira: sem contrações laterais se a lar-
gura da soleira for igual à largura do canal de chegada, L = b, e com
contrações laterais se a largura da soleira for inferior à largura do
canal de chegada, L < b.
e ) Quanto à natureza da lâmina: lâmina livre se a região abaixo da 1â-
mina for suficientemente arejada, de modo que a pressão reinante
seja apressão atmosférica, lâmina deprimida se a pressão abaixo da
lâmina for inferior à pressão atmosférica e lâmina aderente quando
não há bolsa de ar abaixo da lâmina e esta cola no paramento (face)
de jusante, sem, entretanto, ser afogada.
f ) Quanto à inclinação do paramento da estrutura com a vertical, podem
ser: vertical ou inclinado.
g ) Quanto à geometria da crista: de crista retilínea, circular e poligonal
ou em labirinto.

12.13.2 VERTEDOR RETANGULAR DE PAREDE FINA


SEM CONTRAÇÕES
Esse tipo de vertedor tem sido, ao longo dos anos, o mais exaustivamen-
te estudado. Trata-se de uma placa delgada, com soleira horizontal e biselada,
instalada perpendicularmente ao escoamento, ocupando toda a largura do ca-
nal, portanto sem contrações laterais e com o espaço sob a lâmina vertente
ocupado com ar ii pressão atmosférica. Um vertedor com estas características,
em geral utilizado para medidas de vazão com boa precisão, é denominado
descarregador B ~ z r n . ~
Alguns detalhes de construção e instalação são necessários para que o
vqedor se constitua em um bom dispositivo de medida de vazão.
a ) A seção de instalação deve ser precedida por um trecho retilíneo e
uniforme do canal, de modo a garantir uma distribuição de velocidade
na chegada a mais uniforme possível. Em geral, um comprimento de
canal maior do que 20 Rh, em que Rh é O raio hidráulico da seção de
medição, é suficiente. Eventualmente, pode-se usar elementos tran-
quilizadores de fluxo, a montante do vertedor, como cortinas perfu-
radas e telas.
b ) Deve-se garantir a presença da pressão atmosférica por baixo da Iâ-
mina, promovendo o arejamento da região pela instalação de um tubo
perfurado que conecte aquele espaço com o exterior.
-
-
384 Hldraulica Básica Cap. 12

-
c) A medida da carga deve ser feita a montante do vertedor a uma dis-
tância em torno de seis vezes a máxima carga esperada. A cota do
nível d'água para a medida da carga deve ser feita em um poço de
medição externo ao canal, para suavizar as flutuações da corrente.
6)Com o propósito de evitar que a lâmina vertente cole na parede, a
carga mínima deve ser da ordem de 2 cm.
\
e) A largura da soleira deve ser, em geral, superior a três vezes a carga
f) Não são recomendadas cargas altas, superiores a 50 cm
Detalhes conshwtivos, de instalação e operação, bem como recomenda-
ções de norma e coeficientes experimentais, deste e de outros tipos de ver-
tedores, podem ser encontrados na literatura especializada como Bos (8) e
Ackers et a1 (2).
A Figura 12.22 apresenta uma seção longitudinal do escoamento
sobre um vertedor retangular, de parede fina e sem contrações laterais. As-
sumindo algumas hipóteses simplificadoras, uma análise elementar pode
ser feita para a determinação da vazão em relação aos outros elementos
hidráulicos e geométricos. Supondo que a distribuição de velocidade a
montante do vertedor seja uniforme, que a pressão em tomo da seção AB
da lâmina vertente seja atmosférica, que os efeitos oriundos da viscosida-
de, tensão superficial, turbulência e escoamentos secundários possam ser
. de Bemoulli oode ser a~licadaà linha de corrente
des~rezados.a eauacão>

Figura 12.22 Escoamento sobre um ver-


DC. O escoamento pode ser tratado como essencialmente bidimensional,
tedor retangular sem efeitos de contração lateral.
Tomando como plano horizontal de referência um plano passando
em B, a equação de Bernoulli fica:

portanto:

Sendo dq = V i dy a vazão unitária elementar em uma faixa de altu-


ra dy, a integração sobre toda a vertical permite calcular a vazão unitária q,
na forma:
7

Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores 385


I

1 que resulta em:

1 A Equação 12.66 é conhecida como equaçüo de Weisbach


Na dedução da equação anterior foram feitas hipóteses simplificadoras,
como assumir na seção AB que as velocidades tenham direção horizontal, com
distribuição parabólica dada pela Equação 12.64, efetuando a integração en-
tre os limites O e h. Isto é equivalente a admitir que na seção AB o tirante de
água tem dimensão h. Por outro lado, na aplicação da equação de Bemoulli ao
longo da linha de corrente DC, admitiu-se distribuição hidrostática de pressão,
o que implica uma distribuição uniforme de velocidades V, e Vi, em con-
traposição com a distribuição parabólica dada pela Equação 12.64. Na verdade,
existe um efeito de contração vertical dos filetes, os quais passam por uma
seção contraída, onde a distribuição de pressão se afasta da hidrostática. Re-
sultados experimentais para este tipo de vertedor indicam que o ponto mais
alto alcançado pela face inferior da lâmina situa-se 0,12 h acima da crista, isto
é, 0,88 h abaixo da superfície horizontal de montante. Na vertical daquele
ponto, a carga de pressão é máxima e igual a 0,18 h, conforme Figura 12.23.

I O efeito da contração vertical da veia pode ser expresso pela introdução,


na Equação 12.66, do coeficiente de contração C,, o que resulta em:

A vazão unitária pode ser expressa de modo mais conveniente, para o


escoamento real sobre o vettedor, pela introdução do coeficiente de descarga
Cd, formalmente análogo ao escoamento em orifícios, como:
-

386 Hidraulica Básica Cap. 12

-
na qual
0.65 h
r V~ ... v2 I

'
A Equação 12.68 é a expressão fundamental da relação gntre
Figura 12.23 Dsstrtbutção de pressão na seqãa vazão e carga em um vertedor retangular, e tanto o coeficiente de contra-
contraída ção C, quanto o termo Vo2/2ghdependem da configuração geométrica do
escoamento, em particular da relação h P (cargalaltura do vertedor), e
consequentemente o coeficiente de descarga Cd também depende de h/P
Sendo L a largura da soleira, igual à largura do canal, a vazão total
descarregada vale:

Observe que a equação anterior também pode ser obtida da lei de vazão
em um orifício retangular de grandes dimensões, Equação 12.20, fazendo-se
nesta hi = O (não há aresta superior), h2 = h e b = L
Portanto, na Equação básica 12.70, o coeficiente de vazão Cd incorpo-
ra todas as hipóteses simplificadoras e os efeitos secundários da viscosidade,
tensão superficial, rugosidade da placa e do padrão de escoamento a montante.

Bazin possa ser usado em medipies de 12.13.3 VALORES DO COEFICIENTE DE VAZÁO C,


vazóes com b ~pracisse,
. D que deve
Per garantido na distiibuipãa de ve,oci.
dade de chegada a sua montante? O problema da relação entre carga e vazão em um vertedor tipo Bazin é
objeto de estudos analíticos e levantamentos experimentais há mais de 100 anos.
Kolupaila (33), citado por Ackers et al. (2), apresenta uma lista de 100 referên-
cias sobre o desenvolvimento histórico de vertedores e formulações para
vertedores de parede fina, retangulares e de outras geometrias, das mais varia-
das procedências, e conclui que, "apesar de todo esforço realizado, não é pos-
sível recomendar com segurança uma determinada formulação". A determinação
experimental do coeficiente de vazão e sua relação com a geometria e condições
do escoamento, como carga h, altura da soleira P e largura do canal b =L, fai-
xa de vazão, velocidade de aproximação etc, foi objeto de estudo de vários pes-
quisadores. Serão apresentadas somente as quatro expressões mais encontradas
na literatura. Deve-se observar nas formulações seguintes as condições e limi-
tes dos parâmetros experimentais e que, do ponto de vista prático na Engenha-
ria, é perfeitamente aceitável variaqão de tesultados na faixa de 5%.
-
Cap. 12 Orificios -Tubos Curtos - Vertedores 387

a ) Bazin (1889)

I
I
sujeito a: 0,08 < h < 0,50 m, 0,20 < P < 2,O m.
'
b) Rehbock (1912)
4. meodor ~ehbock.engenheiro s pro-
Iesoor slemso. 1864-1950. I
I
sujeito a: 0,25 < h < 0,80 m, P > 0,30 m e h < P.
I
I C) Rehbock (1929)

sujeito a: 0,03 < h < 0,75 m, L > 0,30 m, P > 0,30 m e h < P.
A equação de Rehbock fornece bons resultados quando detalhes
como boa ventilação da lâmina, soleira bem polida, dispositivos de
uniformização do campo de velocidade a montante forem considera-
dos, sendo indicada em trabalhos de laboratórios, por sua precisão. Os
valores obtidos pelas expressões de 1912 e 1929 são concordantes.
d) Francis (1905)

I \
sujeito a: 0,25 < h < 0,80 m, P > 0,30 m e h < P.
Para P/h > 3,5, o valor da carga cinética de aproximação é pequeno
e o coeficiente médio da equação de Francis torna-se Cd = 0,623, po-
dendo-se utilizar a fórmula prática.

A Equação 12.75, ainda que leve a valores aproximados, mas su-


ficientes para resolver muitos problemas hidráulicos, pela sua simpli-
cidade é a expressão mais utilizada na prática.
e) K~ndsvatere Carter (30) (1957)
Baseado em cerca de 250 experimentos realizados no Georgia Ins-
titute of Technology, em vertedores retangulares sem coutrações late-
1
-
388 Hidraulica Básica Cap. 12

-
rais e contraídos, os autores propuseram uma expressão para o coeti-
ciente de vazão similar à expressão de Rehbock, na forma:
veltedor retanwlar de parsde tina nlo
deve ser medida cxalatamenfa na seqüo
de instalavüo do medidor?

sujeito a: 0.10 < P < 0,45 m, 0,03 < h < 0,21 m e L = 0,82 d, obser-
vando que, para levar em conta efeitos de tensão superficial e visco-
sidade do líquido, a largura da soleira e a carga foram reduzidas em
1 mm, pela introdução dos conceitos de carga efettva h, e largura
efetiva L, Deste modo, a equação básica, Equação 12 70, é escnta
como:

na qual L, = L - 0,001 e h, = h - 0,001, ambos em metros.

relangular tipo Bmn. Iãmina araiada?


Nas medições de vazão em campo, sejam em canais artificiais ou
córregos naturais, não se tem, evidentemente, as situações encontradas em la-
boratórios. Uma destas situações corresponde à instalação de um vertedor re-
tangular de largura L no meio de um canal de largura b > L, o que provoca o
aparecimento de contrações laterais. Com a finalidade de manter a validade das
equações discutidas e os valores do coeficiente de vazão, considera-se, em vez
da largura L da soleira, a largura efetivamente disponível para o escoamento.
Segundo Francis, a contração lateral em um vertedor retangular, com o bordo
vertical afastado da parede do canal mais de 4h e largura L > 3h, é igual aum
décimo da carga h. Para uma contração lateral dupla, a largura efetivamente
ocupada pelo escoamento deve ser a largura geométrica da soleira diminuída
em 2W10.
Assim, a fórmula prática e aproximada de Francis, Equação 12.75, para
um vertedor retangular, parede fina e duas contrações laterais, é escnta como

12.14 VERTEDOR TRIANGULAR DE PAREDE FINA


Os vertedores triangulares são particularmente recomendados para
medição de vazões abaixo dos 30 Ys, com cargas entre 0,06 e 0,50 m É um
vertedor tão preciso quanto os retangulares na faixa de 30 a 300 11s.
-

Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores 389

-
Considerando a Figura 12.24, que mostra um vertedor triangular com
ângulo de abeaura a e carga h, a relação entre vazão e carga pode ser facil- b
mente determinada, desprezando a carga cinética de aproximação. n b L 4
i
n
A descarga teórica elementar através da faixa de altura dy e largura 2x
vale :

P
Como tg ( d 2 ) = x/(h-y), a vazão elementar torna-se:
Figura 12.24 Vertedor triangular de parede
fina.

que integrada entre os limites O e h fica:

Compare este resultado com aquele obtido via Análise Dimensional, ver
o Problema 1.6, que já mostrava que a vazão era diretamente proporcional ao
produto da raiz quadrada da aceleração da gravidade pela carga elevada à po-
tência 512.
A vazão real é obtida multiplicando-se a vazão teórica por um coeficiente
de vazão, menor que a unidade.

que é a equação fundamental da lei de vazão para todos os vertedores triangu-


lares d e p r e d e fina.
Dentre os vertedores triangulares, o mais usado nas medições práticas
é aquele com ângulo de abertura a = 90°,e para esta abertura as fórmulas
experimentais mais usadas são:
a) Thomson

Q = 1,40 h5I2
sujeito a: 0,05 < h < 0,38 m, P > 3h, b > 6 h
-
390 Hldraullca BBsica Cap. 12

-
b) Gouley e Crimp

Q = 1.32 h2,48 (12.81)


sujeito a: 0,05 < h < 0,38 m, P > 3h, b > 6 h

12.15 VERTEDOR TRAPEZOIDAL DE PAREDE FINA


\
Os vertedores trapezoidais não encontram tanto interesse de aplicação
como os vertedores retangulares e triangulares. Unicamente, há alguma impor-
tância no vertedor chamado Cipoletti, em forma de um trapézio isósceles, cuja
geometria é obtida de maneira que as inclinações laterais compensem a dimi-
nuição de vazão devido ao efeito da contração lateral do vertedor retangular
de mesma largura de soleira. Para que isto ocorra, a inclinação dos lados do
vertedor trapezoidal deve estar na proporção 1H:4V.
Esta propriedade pode ser facilmente mostrada, imaginando que a va-
zão por um vertedor trapezoidal é a soma da vazão pelo vertedor retangular de
largura da soleira L e da vazão pelo vertedor triangular correspondente às duas
inclinações.
Admitindo o critério de Francis, Equação 12.78, a diminuição que so-
bre a vazão provoca as contraçóes laterais vale:

Adotando o mesmo coeficiente médio que levou à Equação 12.78,


Cd = 0,623, para o vertedor triangular, Equação 12.79, a inclinação lateral vale.

Tem sido determinado experimentalmente que o coeficiente de vazão de


?- um vertedor Cipoletti vale Cd = 0.63 e a vazão é determinada pela equação:
m

Q = 1,861 L h3I2 (12.83)

sujeito a: 0,08 < h c 0,60 m, a > 2 h, L > 3 h, P > 3 h e h (largura do canal)


Figura 12.25 Vertedor Cipoletti. de 30 a 60 h, conforme a Figura 12.25.
-

C a p . 12 Orificios - Tubos Curtos - Vertedores 391

-
EXEMPLO 12.7

Em um distrito de irrigação, existe um canal trapezoidal, com largura de


fundo igual a 1,20 m, declividade de fundo I, = 0,0003 d m , inclinação dos
taludes 1V:2H, revestido de cimento n = 0,020, transportando em regime uni-
forme, uma certa vazão com altura d'água igual a 0,45 m. Desejando-se, em
uma determinada seção, aumentar o tirante d'água para 0,75 m, optou-se pela
instalação de um vertedor retangular, parede fina, com duas contrações late-
rais e largura da soleira L = 1,50 m. Qual deve ser a altura da soleira P?
A vazão transportada é determinada pela fórmula de Manning, Equação
8.39, com auxílio da Tabela 8.2.
Para m = bly, = 1,20/0,45 = 2,67 e Z = 2 -t K = 1,603, e como:

I A carga sobre a soleira do vertedor, com duas contrações laterais, é


calculada pela Equação 12.78.

A altura d'água y = 0,75 m = P + h = P + 0,265 .: P = 0,485 m.

12.16 VERTEDOR RETANGULAR LATERAL


O uso mais comum dos vertedores, sejam de parede fina ou espessa, em
obras hidráulicas, é aquele em que a instalação do vertedor é feita perpendi-
cularm@nteao sentido da corrente. Nesse caso, a vazão unitária sobre a solei-
ra é essencialmente constante. Entretanto, há casos em sistemas de alívio de
vazões em drenagem urbana, partição de vazóes em projetos de irrigação,
controle de fluxo em estaçóes de tratamento, que o vertedor é colocado para-
lelamemente à corrente, quando então são chamados de vertedores laterais.
Hidraulicamente, o escoamento sobre a soleira de tais vertedores não
mantém uma vazão unitária constante e é do tipo espacialmente variado. I L

I
POI que O vsttedor triangular 6 mais
sensivel, na medida da vazão, que a
12.16.1 CARACTER~STICASDO ESCOAMENTO ",angular?
1 I
A presença de um vertedor lateral em um canal retangular, caso mais
comum, devido à distribuição de vazão ao longo de sua largura, altera o per-
-
-
Hldraullca Básica Cap 12
392

-
fil d'água imediatamente a sua montante e a sua jusante. Do ponto de
vista prático, as alturas d'água a montante e a jusante do trecho de lo-
calização do vertedor são assumidas como as alturas normais correspon-
dentes às vazões Qi de montante e Q 2 < Qi de jusante. A hipótese básica
para o desenvolvimento analítico das condições de escoamento é que,
dada a limitada largura da soleira, a energia específica no trecho do
vertedor permaneça constante. A característica da curva altura &água x
vazão para uma dada energia específica constante E, (ver Seção 10.2)
Q? Q, Q
é que a altura d'água decresce no sentido do fluxo, quando a vazão di-
Figura 12.26 Curve y r Q para E,,= cte. minui, se o escoamento for torrencial e cresce se o escoameiito for flu-
vial, conforme a Figura 12.26.
A Figura 12.27 apresenta os perfis d'água em três si-
tuações diferentes, em que P é a altura da soleira do vertedor,
Q,, a vazão vertida lateralmente e y,, a altura crítica, cluando
o escoamento a montaiite for fluvial ou torrencial.
Y,<Y, ?
Q

12.16.2 EQUACIONAMENTO
Aprorima$Ho: Supercririco Na hipótese da energia específica ser constante ao lon-
go da soleira, vertedor lateral retangular de altura P e com-
primento L, de soleira delgada ou espessa, canal principal
retangular de largura b e escoamento de aproximação fluvial,
caso mais comum na prática, de acordo com a Figura 12.28,
tem-se:
F ic I
1 ' 'YI QL

Energia específica +E, = y + Q'


2gb'y2

diferenciando em relação a x, abscissa ao longo da corrente,


fica:

Figura 12.27 Pertiq de dgua para diteientes condiçóes de


aproxlmaçáo
-
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos - Vertedores 393

-
Topo do canal
i I

Esta última equação diferencial relaciona a variação do


nível d'água à variação de vazão ao longo da soleira.
Assumuido que a vazão unitária de um vettedor retangu-
lar, parede fina, sem contrações laterais, em que C d é O coefici-
ente de descarga, é dada por:

e sendo a equação da energia específica, para o canal retan-


gular, Equação 10.6, dada por:
Planta
Figura 12.28 Vertedor lateral.
substituindo na Equação 12.84 vem:

que é a equação diferencial da linha d'água, e após desenvolvida, torna-se:

&ta equação foi integrada por de Marchis (17) em 1932, para x = O até
x = L, largura da soleira do vertedor, resultando em: 5. ~ i u l i o
dm ~ a r c h iengenheiro
sor italiano, 1890-1972.
. e profet

3 b
L =- - - , na qual
2Cd
7

394 H~draulicaBásica Cap 12

-
12.16.3 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DESCARGA
A determinação do coeficiente de descarga para um vertedor lateral de
parede fina ou espessa tem sido objeto de trabalhos experimentais, os quais
mostram a influência da presença de paredes no canal lateral sobre a trajetó-
ria das linhas de fluxo. O coeficiente de descarga é, basicamente, função do
O 86CWmen10 SObrBB soletra da um
tipo de escoamento a montante do vertedor, através do número de FroQde do
variedor lateral de lorrna refangulsr escoamento de aproximação.
Resultados de trabalhos experimentais, para a geometria retangular,
podem ser encontrados em Hager (271, Subramanya e Awasthy (55). Ranga
R~JU e t a l (441, Swamee et al. (56) e Singh er al. (53), entre outros.
No caso de um vertedor lateral convencional, sem estar conectado
a um canal lateral, Figura 12.29, os dados de Subramanya e Awasthy
(55) fomecem uma expressão do coeficiente de vazão, função do núme-
r0 de Froude no canal principal, a montante do vertedor, dado pela
Equação 12.89:
Q
L
F~I Cd = 0,622 - 0,222 Fr, O C P C 0,60 m (12 89)

válida para aproximação subcrítica ou supercrítica.


Figura 12.29 Vertedor lateral de parede fina
sem canal lateral -
No caso da presença de um canal lateral, Fieura 12.30. Ranea
Raju, Prasad e ~ u i t (44)
a recomendam a Equaçáo 12.90 para o coefi-
-
ciente de vazão.

Cd = 0,81 - 0,60 Fr, 0,20 < P C 0,50 m (12.90)

Para o caso de um vertedor de parede espessa com canal

-
QI
Fri
lateral (veja a Figura 12.28), a Equação 12 90 é modificada pela
introdução de um parãmetro K, que leva em conta o efeito do
comprimento M da crista do vertedor, na forma:

Cd = (0,Sl - 0,60 Fri) K (12 91)


Figura 12.30 Vertedor lateral de parede fina com canal
lateral
na qual

K = 1 para(y, - P ) 2 2 . M
K = 0.80 + 0,10(y, - P ) / M para (y, - P ) < 2.M (12 92)

Recentemente, Singh, Manivannan e Satyanarayana (53), apresentaram,


para um vertedor retangular de parede fina com canal lateral, uma expressão
I

Cap 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores 395

-
para o coeficiente de vazão Ca, em função de ambos, Fr, e da relação P/yi,
1 Equação 12.93.

EXEMPLO 12.8

Um canal retangular de 2,O m de largura transporta uma vazão de 0,80 m3/s,


em regime fluvial. Um vertedor retangular de parede fina deverá ser instalado na
lateral, para desviar uma vazão de 0,20 m3/s, de modo que a altura d'água após o
1 vertedor seja de 0 5 0 m. Se a altura do veriedor for P = 0,27 m, qual a sua largura?
Da condição do problema:

QI = 0,80 m3/s, Qv = 0,20 m3/s e Q2 = 0,60 m3/s


I
Energia específica após o vertedor:

Altura d'água a montante do vertedor, desprezando a perda de carga:


I

1 Substituindo os valores na Equação 12.88, os parâmetros C$, tomam-se:


I

O coeficiente de vazão é dado pela Equação 12.89, na forma:


-

396 Hidráulica Básica Cap. 12

-
Finalmente, a largura da soleira, pela Equação 12 88, vale: I

12.17 VERTEDOR DE SOLEIRA ESPESSA HORIZONTAL


Conforme discutido na Seçáo 10.7.2.1, o vertedor retangular de parede
espessa é uma elevação no fundo do canal de uma altura P, largura b e um certo
comprimento e, suficiente para produzir a elevação do nível d'água a sua mon- I,
tante. O comportamento da veia liquida é o que aparece na Figura 12.31, na '
I
qual se observa uma depressão da veia nas proximidades do bordo de montante
e, em continuação, um escoamento praticamente paralelo à crista. 1
O tratamento teórico feito na Seçáo 10 7 2.1, no qual foi desprezada aper- 1
da de carga, levou ao estabelecimento da relação carga-vazão, dada pela Equa-
ção 10.34. Na prática, devido ao efeito da não unifornudade do escoamento de
aproximação e do atrito da água sobre a crista do vertedor, a vazão real escoa-
da é um pouco menor que o valor teórico obtido pela Equação 10.34, sendo
1
dada na forma.

O coeficiente de vazão Cd é função das relações h/P e h/e e também da


mgosidade da crista e do fato de a aresta do bordo de ataque ser em ângulo
,
vivo ou arredondada.
I
Sempre que a crista for suficientemente longa (e > 3.h), as linhas de
corrente serão, na maior parte de seu comprimento, aproximadamente paralelas
â superfície da crista, a distribuição de pressão será hidrostática e, nas proxi-
midades do bordo de jusante a altura d'água será critica. Se, por outro lado, a
carga for relativamente grande (0,4.e .c h < 1,5.e), o vertedor é estreito e o pa-
drão do escoamento será predominantemente curvilíneo, não atingindo a pro-
fundidade crítica.
A determinação do coeficiente de vazão é assunto eminentemente expe- I
rimental e as informações disponíveis sobre este tipo de vertedor levam a re-
sultados controversos. Isto se deve à variação de condições sobre as quais os
investigadores têm desenvolvido os diferentes trabalhos, Govinda e Mu-
ralidhar (23).
Considerável discrepância existe nos resultados de diferentes expen- ,
mentos, especialmente para cargas abaixo de 0,15 m. Para cargas entre 0,15 e
0,45 m, os valores do coeficiente de vazão tornam-se mais uniformes. 1
-

Cap 12 Orifícios - Tubos Cuilos - Vertedores 397

-
Os dados apresentados na Tabela 12.7 foram adaptados Jv'izg
-___-.-.
de King (31), para vertedores de soleira espessa, horizontal e ...... .....

com bordo de montante em aresta viva (ângulo reto), descar-


regando livremente, sem condicionantes de jusante. A tabela
é o resultado de um tratamento feito por interpolação gráfica
~ ~

sobre vários dados experimentais de fontes distintas.


Para uma carga fixa, o valor do coeficiente diminui com
Figura 12.31 Vertedor de soleira espessa horizontal.
o comprimento da soleira, indicando o efeito da rugosidade
sobre a perda de energia.

Tabela 12.7 Valores do coeficiente de vazão C, para vertedores retangulares de parede


espessa. Adaptado de King (3 1).

Para vertedores com aresta de montante arredondada por um arco de


círculo, os valores da Tabela 12.7 devem ser acrescidos de cerca de 10%.

1 12.18 DESCARREGADORES DE BARRAGENS


Em obras projetadas para o controle de vazões importantes, como nos
i aproveitamedos hidrelétricos. a geometria do vertedor não depende somente
I de considerações hidráulicas. Com efeito, a estabilidade estrutural da obra, as
características do subsolo, a topografia e o tipo de barragem devem ser
igualmente levados em consideração.
A utilização de um descarregador com uma geometria trapezoidal
e soleira plana, como na Figura 12.32, para o porte das vazões deste tipo
de obra, é totalmente desaconselhável, uma vez que as mudanças bms-
cas de angulosidade nos paramentos de montante e jusante provocam a
separação da lâmina, criando zonas de alta turbulência, associadas a sub-
pressões importantes.
I trapezoidal.
-
Hldraulica Básica Cap. 12
398

-
Nestes casos de grandes vazões é comum o uso de vertedores-extrava-
sores, que são essencialmente grandes vertedores retangulares, projetados com
uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da Iâmina vertente
sobre toda a soleira. Isto tem por propósito, além de promover um coeficien-
te de descarga máximo para o vertedor, prevenir o aparecimeu o de pressões
L-
negativas, que podem originar um processo de cavitação no con reto Também
um perfil mal desenhado pode provocar o aparecimento de turbulência, des-
colamento e oscilação na veia vertente.
A idéia básica no projeto de uma soleira espessa que seja "hidrodi-
nâmica" é desenhá-la seguindo a forma tomada pela face inferior de uma Iâ-
mina vertente que sai de um vertedor retangular, de parede delgada, sem
contrações e bem arejada. Esta forma, chamada, de soleira normal, pode ser
estudada teoricamente, desprezando-se os efeitos da viscosidade e tensão su-
perficial, através dos princípios da balística e equações da cinemática.
A soleira espessa de um descarregador é dita normal, para uma deter-
minada vazão Q d , se o seu perfil é tal que se verifica a pressão atmosférica
local ao longo da soleira, quando veiculando a vazão Q d .

m'
.~~~~~
~.~.. - - ..- A Figura 12.33 apresenta a analogia entre a geometria da
lâmina sobre um vertedor retangular de parede fina e o descar-
regador de soleira normal. Deve ser observado que, em um ver-
tedor de soleira normal, a carga hd, chamada de carga de projeto,
é medida em relação ao ponto mais alto do perfil (crista).
Pela Figura 12.23, o ponto mais alto da face inferior do
(8) (h) jato livre, em relação à crista, no vertedor de parede fina, atin-
~i~~~~ 12.33 a) vertedor deparedefina; e b) vertedor. ge o valor AH = 0,12 h, que na Figura 12.33b é a distância ver-
extravasar de soleira normal. tical entre as cristas dos dois vertedores.
A lei de descarga de um vekedor-extravasor, de largura L,
segue a expressão básica, Equação 12.70, na forma:

O coeficiente de vazão C;, relativo à vazão Qd e, portanto, à carga de


projeto hd, relaciona-se ao coeficiente de vazão Cd de um vertedor Bazin, de
igual largura e vazão, como:
I Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vettedores

Como AH = h - hd = 0,12 h, portanto hd = 0,88 h, a relação anterior fica:

i-.
Portanto, para o mesmo nível d'água no reservatório d e montante, a
1 despeito do maior atrito desenvolvido na estrutura de soleira espessa, o coe-
ficiente de vazão da soleira normal é maior que do vertedor de parede fina.

1 12.18.1 GEOMETRIA DA SOLEIRA NORMAL "2 ,tg -

A busca de uma forma geométrica para o perfil da soleira que,


além da eficiência hidráulica, resguardasse a estrutura do aparecimen- .~~~
~ ~ ~ ~ - ~ ~ ~
to de pressões negativas, foi exaustivamente estudada analítica e ex-
perimentalmente, sendo desenvolvidos vários perfis, notadamente os R, = 0.5 h,,
perfis de Scimeni e Creager Baseados em dados experimentais levan- P R, =0,2 h,
tados pela Waterways Experiment Station (WES), este órgão propõe a =0,175 h,
um perfil padrão para um descarregador de paramento (face) de mon- Y ; b = 0.282 h,,
tante vertical, dado pela Equação 12.98, e parâmetros geométricos
1 apresentados na Figura 12.34. Figura 12.34 Pertil padrão WES, com paramen-
to de montanle vertical.
1 "1.85

na qual X e Y sáo coordenadas da soleira com origem no ponto mais alto do energia. para um vefiedor de parede
perfil (crista) e hd é a carga estática de projeto (sem considerar a velocidade BSPBSSB liso, considerando a carga
cinetica de apiexlmapáo, mostre que o
de aproximação) associada à vazão de projeto Qd. O trecho do perfil entre a coeficiente de V a s o C. da ~~~~~á~
12.96 pode ser determinado pela
crista e o paramento de montante fica definido por dois arcos de círculos de equaçao:
raios R I e R2, e distâncias a e b, como na Figura 12.34. o,isic: + 1 =C"*'
!
12.8.2 VARIAÇAO DO COEFICIENTE DE VAZÁO COM A CARGA em que P e a altura do u m d o r e h. a
um g m c o Cd r Ph.
carga estMica. ~ a ç a
Na Equação 12.95, que relaciona a vazão de projeto com a carga de pro-
' jeto, isto é, a carga com a qual se desenha a soleira normal, conforme a Equa-
ção 12.98. o coeficiente C, é denominado coeficiente básico de vazáo.Quando
a vazão pklo extravasor varia, tanto a carga quanto o coeficiente de vazão va-
riam e este último cresce quando a carga cresce. Considerando um vertedor
Bazin, quando a vazão aumenta para QI > Q d , a face inferior da lâmina afas-
ta-se da crista, mas no vertedor de soleira normal ela permanece aderente à
estrutura, criando então depressões sobre a soleira normal que dão lugar ao
1 aumento da velocidade e conseqüente aumento do coeficiente de vazão. Nes-
ta situação em que a carga de trabalho é maior que a carga de projeto h > h,,
!
a soleira é dita deprimida, funcionando com pressão inferior à atmosférica
-

400 Hidráulica Bdsica Cap. 12

local. Em caso contrário, isto é, quando h < hd, a soleira é dita comprimida,
funcionando com pressão superior à atmosférica local.
Para se prevenir contra o aparecimento de efeitos indesejáveib de des-
colamento da veia e cavitação na estrutura, como norma, a máxima va~ão
desviada pelo vertedor-extravasor deve ser tal que a carga correspondente seja
h,, = 1,33.hd
A expressão geral da vazão descarregada por um vertedor com perfil da
soleira dado pela Equação 12.98, de largura L, sem contrações laterais, em
função da carga de trabalho qualquer h é:

na qual o coeficiente de vazão C é função da relação h/hd entre a carga de tra-


balho ou efetiva e a carga de projeto.
Para os dados experimentais levantados pelo WES, relacionando hlhd e
CWES = e apresentxios em Abecasis (I), foi feito um ajuste de curva
que levou à Equação 12.100.

Pela equação desenvolvida, verifica-se que o funcionamento de uma


NOproieto de uma solein normal sm
um vertsdor de uma barragem, sm soleira tipo WES, para uma carga vez e meia superior à carga de projeto (h =
uma obra hldroslarisa. para que s e m
B oarga estbtica de projeto h.7 1,5 . hd), conduz a um acréscimo de cerca de 6% no coeficiente de vazão, em
relação a C, e, portanto, na vazão descarregada.

EXEMPLO 12.9

O vertedor de uma pequena barragem com perfil padrão WES, de 10,0m


de largura, altura P = 6,O m e paramento de montante vertical, funciona com uma
carga h = 0,60 m. Sabendo que o ponto de coordenadas (X; Y) = (1 ,O; 0,373)
pertence ao perfil da soleira, determine a vazão descarregada.
Como a carga relativa é pequena, isto é, a relação P/h = 6,0/0,60 = 10
é grande, a velocidade de aproximação é desprezível e, utilizando a equação
do perfil, Equação 12.98, vem:
Cap. 12 Onficios -Tubos Curios - Veriedores 401

Pela Equação 12.100, o coeficiente de vazão correspondente à carga de


trabalho vale:

portanto: Q = C L hVZ = 2 , 0 . 1 0 . 0 , 6 ~z~ 9,30 m' 1 s

As formulações e conceitos desenvolvidos nas seções anteriores são nti-


lizados em vários tipos de projetos na Engenharia Civil, como contenção de
cheias urbanas, eclusas para navegação fluvial, captação de água em projetos
de abastecimento urbano ou industrial, instalações hidráulico-sanitárias etc.
Com o objetivo de fazer uso das formulações, algumas aplicações práticas são
desenvolvidas a seguir.

A usina hidrelétrica de Ibitinga, localizada no rio Tietê, possui uma


c ~ ~ upara
s a permitir a navegação fluvial.
O enchimento da eclusa é feito através de oito comportas planas (siste-
mír de admissão de água assumido para fazer a aplicação), comandadas eletri-
I cainente com velocidade de abertura constante. Com os dados fornecidos,
dei~emine:
HB ris- de ssvitagao no concreto de
um vertedoi sniavasoi sa o escoamen-
a) a equação da altura d'água na eclusa, em função do tempo, durante to tor tal que a somia seja comprimida?
a abertura das comportas (de t = O até t = ti, tempo de abertura com-
pleta das comportas);
b) o nível d'água na eclusa quando terminar a abertura das comportas;
c) Ia equação da altura d'água na eclusa, em função do tempo, desde o
término da abertura das comportas, t = ti, até o enchimento total da
eclusa;
d ) o tempo gasto para encher a eclusa.
e ) Traçe o gráfico do nível d'água na eclusa contra o tempo. Dados:
nível d'água no reservat6rio = 404,OO m;
7

402 Hidráulica Básica Cap. 12

-
iiível d'água da eclusa = 379,70 ni, iio tempo t = 0;
e comportas: oito de (I x 1) m';
e coeficiente de descarga C,i = 0,63; /
e velocidade de abertura das compoitas = 0,125 mlmiii;
e eclusa: comprimento = 129,00 m;
e eclusa: largura = 11,10 m.

Obsema~no; Considere o nível d'água no reservatório e o coeficiente de


descarga das comportas como constaiites e assuma a lei dos pequenos orifícios
durante toda a manobra. A orientação das alturas é dada na Figura 12.35.
o)Cálculo da altura h? no final da abertura das comportas, que ocorre
para ti = 110,125 = 8 miii.
Como a área da comporta é fuii<;ãodo tempo, as equações ficam:
e Comportas + Q = RC,,~ ( t ) J Z b k
70 e Eclusa + Q = dVol1dt = - Sdhldt
Continuidade:
Figura 12.35 ApllcaçSo 12.19 1 dh
8 c , ~(t)Ji?gk=-s : . ~(t)dt=- S
dt sc,, a h - ~ ~dh
z (1)

Como a k e a de abertura das comportas varia linearmente com o tem-


po, vem: A(t) = A,.tlti, em que At é a área da comporta totalmente
aberta e ti, o tempo de abertura igual a 8 miii.
Substituindo em I, tem-se:

2A, ~ , ft2 i para O 5 t 5 8 inin (11)


t, S
Ao final dos 8 min, substituindo os dados, tem-se h? = 9,36 m, por-
tanto o nível d'água na eclusa é igual a 404,00 - 9,36 = 394,64 m
-

Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores 403

-
b) A equação do N.A. x tempo, desde o final da abertura das compor-
tas até o enchimento total da eclusa, pode ser desenvolvida usando as
mesmas equações, observando que a área das comportas fica constan-
te e igual a At. Assim:

1 que integrada fica:

Para h = 0, enchimento total, siibstituindo os dados, vem t = 872,23


s (14,511 min).
405
As Equações I1 e iIl representam a va-
nação do nível d'água com o tempo e foram
colocadas em gráfico, como na Figura 12.36.

12.19.2 ESVAZIAMENTO DE UM
--
E
-Y5
400 --

395 --
/"-
RESERVATÓRIO DE D
--
ij 390
ABASTECIMENTO PREDIAL v,
.a
I
No projeto de Instalações Hidráulico- 3 385 --
I
I Sanitárias de um prédio de apartamento, um
dos aspectos a serem considerados é o tempo
E
1 necessário para o esvaziamento do reservató-
rio superior. Em geral, tal reservatório de for-
ma prismática, com seção reta A e altura H, é
375
O
-
100 200 300 400 500 soo 700 no0 900
I conectado, no fundo, a uma tubulação metá- ~ e m p o(3)
lica de um certo diâmetro, como na Figura Figura 12.36 Curva de enchimento da eclusa.
12.37. A tubulação de 2,O m de comprimento
' possui um registro de gaveta aberto e um co-
tovelo 9 0 2 culto. Determinar o diâmetro da tubulação para que o tempo
de esvazi ento seja, conforme a NB-92, menor que 2 h. Despreze a diferença
de cotas entre o fundo do reservatório e a saída da tubulação. H

Em um tempo genérico t, a carga sobre a entrada do tubo vale y.


I Assumindo que o problema possa ser,tratado como um tubo curto des-
I
/carregando livremente na atmosfera, o Manual de Hidráulica, Azevedo Netto,
recomenda para tubos de pequenos diâmetros os seguintes valores dos coefi-
1 cientes de vazão: Figura 12.37 Aplicação 12.19.2.
1

404 HrdrAulica Básica Cap 12

I
A equação da continuidade pode ser escrita como:

DmnIB O prBOS88PO de enchimento


de uma sciusa, consaltuaimente
falando, voc6 ache que o coelicienui
de uaz&o do argdo alimentador fica
constante? Valores para aplicação, levando em conta os comprimentos equivalentes dos
acessórios dados pelaTabela 3.6: A = 4 m2,H = 1,5 m, L = 2 m, D = I", L=1,78
m e, portanto, Lt = 3,78 m.
Para Ll/D = 3,7810,025 = 151 tabela -t Cd = 0,42 +T = 10734 s (2,98
h) > 2,o h.
Adotando D = 1 1/2"+LtOhi=4,67 m -+ Lt/D = 4,6710,038 = 123
tabela -t Cd = 0,45
Portanto: T = 4336 s (1,20 h) O.K.
Este problema também pode ser tratado utilizando-se a equação da ener-
gia, a equação universal de perda de carga e as perdas de carga localizadas,
como escoamento não permanente (ver Seção 4.8).

=- .:.:.:.:.- 12.19.3 DERIVAÇÁO DE ÁGUA EM PROJETOS DE


ov ABASTECIMENTO
Em um sistema de captação de água diretamente de um
rio, foi projetado, com o intuito de elevação do tirante de água,
um muro como o da Figura 12.38, que tem uma largura de 5 m,
igual à largura do rio, e funciona como um vertedor retangular
de parede espessa. Nas proximidades do muro, em uma seção
a montante, será constmída uma obra de tomada de água, cons-
Figura 12.38 Aplicação 12.19.3. tituída por 3 comportas quadradas de 0,50 m de lado, para de-
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores 405
I

rivar uma vazão de 3 m3/s,em condições de descarga livre. Calcular o tirante


de água y necessário para efetuar a derivação, a vazão que passa sobre o muro
e a vazão total do rio.
As comportas funcionam como orificios de grandes dimensões com supres-
são da contração da veia na parte inferior. Para um coeficiente de vazão Cd = 0,62,
este é corrigido pela Equação 12.27 como:
I
, Cd = Cd (1 + 0,15 K), em que K = 0,512 = 0,25 + Cd = 0,643
A vazão descarregada é dada pela Equação 12.20 como:

Para cada comporta fica:

I
A vazão sobre o muro (vertedor de soleira espessa) é dada pela Equa-
ção 12.94 e vale: Q v = C, 1,704 L H ~portanto:
~ ~ ,

com Cd tirado da Tabela 12.7.A vazão total do rio será, portanto, de 5,09 m3/s.
Neste exemplo, partiu-se da premissa de que os orifícios eram de gran-
des dimensões, o que levou a um valor do tirante d'água y igual a 2,43 m e um
valor da carga sobre os orifícios igual a H = 2,43 - 0,45 = 1,98 m, o que re-
sulta em carga maior que três vezes a dimensão vertical do orifício, podendo
este ser tratado como de pequenas dimensões. De fato, para o mesmo valor de
Cd = 0,643, a lei dos pequenos orifícios, Equação 12.10, fica:

o que resulta, praticamente, no mesmo valor da altura d'água calculada.


-

406 Hldraulica Basica Cap 12

-
12.19.4 BACIA DE DETENÇAO EM SISTEMAS DE CONTROLE DE

-
CHEIAS URBANAS
Uma das estruturas utilizadas para o controle e atenuação da vazão de
pico de um hidrograma, em projetos de drenagem urbana, ou mesmo em ba-
cias rurais, é a implantação de uma bacia de detenção que propicie o ama-
zenamento temporário do volume de água que chega a uma determinada seçáo.
Ao projetista interessa saber o comportamento do órgão evacuador para as
várias vazões de entrada, de modo que a máxima vazão de saída da bacia de
detenção seja compatível com as condições hidráulicas do canal de jusante.
Uma dessas estruturas foi projetada para o
controle de cheias na Av. Pacaembu. na cidade de
São Paulo, constando basicamente de um reserva-
I tório, na Praca Charles Miller, de base retaumlar
.
com um volume útil de 74000 d,possuindo
, , como descarregadores uma abertura retangular
, . de 1,00 x 0,SO m no fundo (orifício), um vertedor
retangular de 2,O m de largura com soleira na
cota 742,40 m e uma soleira superior para aten-
der a excessos de vazão, na cota 744,00 m, como
na Figura 12.39.
75 ,-
, ,, I ,,
- O projeto hidrológico definiu como vazão
100 com período de retomo de 25 anos o valor 43 m31
Figura 12.39 Sistema extravasar da Praça a máxima de vazão da
Charles Milier. galeria existente na Av. Pacaembu é de cerca de
13 d l s .
Nestas condições, pede-se determinar a
curva de vazão da estrutura de descarga entre as
cotas de 737,75 e 744,OO m.
Chamando de y a altura d'água no reserva-
tór~o,até a cota 742,40 m, tem-se a lei de vazão
dada pelo orifício inferior, tratado como de pe-
quenas dimensões. Adotando, conforme dado da
projetista, THEMAG Engenharia Ltda, Canholi
(9), um coeficiente de vazão constante Cd = 0,62,
corrigido pelo fato de o orifício estar junto ao
fundo, na forma

hgura 12.40 Curva de vazão da bacia dedetençáo da PraçaCharles Miller


Assim:
-
Cap. 12 Orifícioç - Tubos Curtos - Vertedores 407

para 0,5 < y < 4,65 m


Com o N.A acima da cota 742,40 m, à lei de vazão anterior é adiciona-
da a lei do descarregador retangular, cujo coeficiente de vazão, assumido cons-
tante, foi adotado pela projetista como C = 2,15, portanto, pela Equação 12.99:

Q, = C L h' = 2,15.2,0.h15,em que h é a carga sobre a soleira, logo:

para 4,65 < y < 6,25 m


As duas equações foram postas em forma gráfica, como na Figura
12.40,em que se destaca a mudança de comportamento da vazão quando en-
tra em operação o vertedor retangular para y = 4,65 m, evidenciando o efeito
do valor do expoente (0,50, orifício, ou 1,50, vertedor) na lei de descarga.

12.19.5 DEFESA CONTRA INUNDAÇÓES


Uma das alternativas no projeto de defesa contra inundações em nú- N.A.
cleos urbanos é a constmção de barragens na parte alta da bacia
hidrográfica, no rio principal ou em seus afluentes. Um destes exemplos
encontra-se no rio Itajaí d'Oeste, a 4 km a montante da cidade de Taió, em
Santa Catarina, dentro do sistema de proteção contra cheias da cidade de
Blumenau. Tal barragem consta de um vertedor de superfície com lâmi-
na livre e 7 orifícios de 1,5 m de diâmetro com registro, como
descarregador de fundo, com capacidade total de descarga de 1170 mi/s.
Tal concepção permite o controle das vazões através da lei dos orifícios,
aplicada ao conduto curto instalado em Cota baixa, e da lei dos vertedores Figura 12.41 Aplicaçâo 12.19.5.
retangulares para cotas altas da água no reservatório.
Nesta linha de aplicação, pretende-se verificar qual será o nível
d'água no reservatório quando a vazão total descarregada pela estrutura mos-
trada na Figura 12.41 for de 62 m3/s. A estrutura é constituída por um des-
carregador retangular livre, com crista na cota 105,OO m, de 12 m de largura,
com coeficiente de vazão C = 2,10, e três descarregadores de fundo, tipo tubo
cuno, em concreto com entrada em aresta arredondada de 1,20 m de diâme-
tro e 9,O m de comprimento, descarregando livremente.
A máxima capacidade de vazão do descarregador de fundo, antes do
' vertedor começar a operar, é dada por:
-
Hidráulica Básica Cap. 12

-
Q = 3C, ~m
em que,o coeficiente Cd é dado na Tabela 12.5 I

Assim, para a vazão de 62 m3/s o vertedor também estará operando e a


lei de descarga, da estrutura como um todo, é dada por:

bacia de detenpso na Prapa Chadsõ


. sbo paul07
~ l l l e r em

o que resulta em N.A. = 106,10 m.

12.19.6 CONTROLE DE CANAIS POR COMPORTA PLANA VERTICAL


Uma comporta plana pode ser usada em um canal para controle de ní-
vel d'água a montante ou posicionamento do ressalto hidráulico a sua jusante,
para uma determinada vazão constante.
A comporta plana e vertical mostrada na
Figura 12.42, de largura igual a 1,O m e aberti-
ra, 0,50 m, tem coeficiente de contração igual a
Q - C, = 0,61 e admite água em u m canal retangu-
lar de mesma largura e declividade praticamente
nula. Qual deve ser o mínimo diâmetro de uma tu-
bulação curta, horizontal, de concreto com entrada ar-
Figura 12.42 Aplicação 1219.6,
redondada e saída livre, de 9,O m de comprimento,
para que o ressalto formado não afogue a comporta.
a) Cálculo da vazão unitária na comporta, pelas Equações 12.55 e 12.56:

daí fica:
q=0,551.0,5. Jm=
2,113m 3/(sm]
b) Condição limite para não haver afogamento da comporta de montan-
te:
yi = y,,,, = C, b -+ yi = 0,305 m (altura conjugada do ressalto)
9 Cap. 12

ParaFri = (qZ/gyi3)05 = 4,0, a altura con~ugadano regime fluvial vale:


Orificios - Tubos Curtos - Vertedores 409

y2= 1,58 m
c) Verificação da condição de afogamento.
Pela Equação 12.58, para não haver afogamento:

como y = 3,O m, o escoamento é livre e o coeficiente de vazão é o


calculado.
d) Cálculo do diâmetro da tubulação curta.

Q = C, ? r ~ ' / 4 W+ 2,113 = C , n ~ ~ / 4 4 1 9 , 6 . ( 1 , 5-DIZ)


8
Resolvendo por tentativas com auxilio da tabela 12.5 vem:

Portanto, deveremos ter D,, = 0.90 m.

12.20 PROBLEMAS

12.1 Através de uma das extremidades de um tanque retangular de


0,90 rn de largura, água é admitida com vazão de 57 11s. No fundo do
tanque existe um pequeno orifício circular de 7.0 cm de diâmetro, esco-
1,ZOrn
ando para a atmosfera. Na outra extremidade existe um vertedor retangu-
lar livre, de parede fina, com altura P = 1,20 m e largura da soleira igual
a 0,90 m. Determine a altura d'água Y no tanque e a vazão pelo vertedor, Figura 12.43 12,1,
na condição de equiliorio. Utilize a Equação 12.75.
[Y = 1,29 m; Q = 0,0447 m3/s]

12.2 Um vertedor triangular com ângulo de abertura de 90' descarrega água


com uma carga de 0,15 m em um tanque, que possui no fundo três orifícios
circulares de parede delgada, com 40 mm de diâmetro. Na condição de equi-
líbrio, detemune a vazão e a profundidade da água no tanque.
[Q = 0,0122 m3/s; y = 1,44 m]
7

-
410 Hidráulica Basoa Cap. 12

-
12,3 Um reservatório de barragem, com nível d'água na cota 545,OO
m está em conexão com uma câmara de subida de peixes, através de um
orifício circular com diâmetro Di = 0,50m. Essa câmara descarrega na
atmosfera, por outro orifício circular de diâmetro DZ= 0,70m, com
centro na cota 530,OOm. Após certo tempo, cria-se um regime perma-
nente (níveis constantes). Sabendo-se que os coeficientes de contraçáo
dos dois orifícios são iguais a C, = 0,61 e os coeficientes de velocida-
de, iguais aC, = 0,98,calcular qual é a vazão de regime e o nível d'água
na câmara de subida de peixes.
Figura 12.44 Problema 12.3.
[Q = 1,80m3/s; N.A. = 533.10 m]

12.4 Os dois reservatórios mostrados na Figura 12.45 estão em equi-


líbrio para uma vazão de entrada Q, = 65 11s. O reservatório da esquer-
da possui um orifício no fundo de 10 cm de diâmetro e coeficiente de
vazão Cd = 0,60,descarregando na atmosfera. O da direita possui um
vertedor triangular de parede fina com ângulo de abertura igual a 90".
Com os dados da Figura 12.45,determine as vazões descarregadas pelo
lu, orifício, Qi,e pelo vertedor, Qz. Use a fórmula de Thomson.
Figura 12.45 Problema 12.4.
[Q, = 21,2 Vs; Q,= 43,8 Vs]
12.5 A estrutura descarregadora mostrada na Figura 12.46é
constituída por um tubo de concreto, com entrada em aresta viva,
de 0,30m de diâmetro e 3,Om de comprimento, e por um vertedor
retangular, de parede fina, com largura da soleira igual a 0,50m
--.. e soleira na cota 0,80m. A estrutura encontra-se na parte final de
.. .,.. *. . ..i 00 um canal retangular de 1 ,O m de largura, junto ao fundo, e descar-
rega livremente. Determine:
Figura 12.46 Problema 12.5.
a) a máxima vazão descarregada quando o vertedor ainda não en-
trou em operação;
b) a cota do nível d'água no canal quando a vazão de chegada for
igual a 0,30m3/s.
a) [Qmax = 0,208m3/s]; b) [N.A.= 0,98m]
12.6 Um reservatório de seção quadrada de 1,Om de lado possui um orifí-
cio circular de parede fina de 2 cm2de área, com coeficiente de velocidade C, =
0,97e coeficiente de contração C, = 0,63,situado 2,O m acima do piso, con-
forme a Figura 12.47. Inicialmente, com uma vazão de alimentação Q, cons-
tante, o nível d'água no reservatório mantém-se estável na cota 4.0 m. Nestas
condições, determine:
a) a vazão Q,;
b) a perda de carga no orifício;
-

Cap 12 Orificios - Tubos Curios - Vededores


411

4.00 in
c) a distância x da vertical passando na saída do orifício até o poiito
onde o jato toca o solo (alcance do jato);
d) interrompendo-se bruscamente a alimentação, Q, = O, no instante
t = 0, determinar o tempo necessário para o nível d'água no reser-
vatório baixar até a cota 3.0 m.
a) [Qt z 0,77 Vs], b )[Ah = 0,118 m]; c) [x = 3,88 m]; d) [t = 16,50 min]
I

12.7 Um vertedor retangular de parede fina com I ,O in de largura, sem


contrações laterais, é colocado juntamente com um vertedor triangular de 90"
em uma mesma seção, de modo que o vkrtice do vertedor triangular esteja F i ~ r 12.47
a Problema 12.6.
0.15 m abaixo da soleira do vertedor retangular. Determinar:
a) a carga no vertedor triangular quando as vazões em ambos os verte-
dores forem iguais;
b) a carga no vertedor triangular quando a diferença de vazão entre o
vertedor retangular e triangular for máxima;
Utilizar as fórmulas de Thomson e Francis.
a) [H = 1,04 m]; b) [H = 0,70 rn]

12.8 A altura d'água em um reservatório de grandes dimensões é igual aY.


A que distância da superfície livre da água deve ser colocado um orifício ver-
tical, de pequenas dimensões, descaregando livremente, para que o alcance do
jato seja máximo.

12.9 Um vertedor retangiilar de parede fina, sem contrações laterais, é co-


locado em um canal retaiigular de 0,50 m de largura. No tempo t = O, a carga
H sobre a soleira é zero e, com o passar do tempo, varia conforme a equação
H = 0,20 t, com H (m) e t (min). Determinar o volume de água que passou pelo
vertedor após 2 minutos.

[Vol = 11,16 mil

12.10 A comporta plana e vertical A, mostrada na Figura


12.48, tem coeficiente de contraçáo igual a 0,61 e admite
água em um canal retangular curto de declividade pratica-
mente nula. Qual deve ser a mínima abertura de fundo na
b min. = ?
comporta E, idêiitica a A, para que o ressalto não afogue a
comporta A?
Figura 12.48 Problema 12.10
[b,;, s 0,76 m]
F
-
Hidráulica Bas~ca Cap. 12
412

-
12.11 Um reservatório de forma cônicd, cuja áiea superior é S e a área do
orifício no fundo é S,, tem coeficiente de descarga, suposto constante, igual a
Cd. Qual o tempo necessário para seu esvaziamento total?

2 S.h
[T=-
5 C', s, rn I
12.12 Calcule a vazão teórica pelo vertedor de parede fina mostrado na Fi-
Figura 12.49 Problema 12.11 gnra 12.50. A carga sobre a soleira é de 0,15 m. Utilize a Equação 12.79.

[Q = 40,23 Ils]
.:

7 12.13 As seguintes observações foram feitas em laboratório, durante um en-


saio em um vertedor retangular de largura L = 030 m.

1 0,20m 14""
Figura 12.50 Problema 12.12.

Se a relação de descarga é dada por Q = K L h" determine os parâmetros K


e n.

12.14 Se a equaçáo básica para um vertedor retaiigular, de soleira fina, Tem


contraçõeç laterais, Equação 12.70, for usada para determinar a vazão por uin
vertedor de soleira espessa, de igual larguia, qual deve ser o soeficiente de
vazão Cd naquela equação? Despieze a carga cinética de aproximação

12.15 Considere uma eclusa de seção reta coiistante A, e desiiível H, alimen-


tada por um orifício de pequenas dimensões de área A, e coeficiente de vazão
C*, suposto constante. Demonstre que, se o tempo de abertura total do orifí-
cio to for maior do que o tempo necessário para a equalização dos níveis
d'água do reservatório e da eclusa e que se orifício é aberto de modo que a área
da seção de passagem da água aumente lineameiite com o tempo, então o tem-
po necessário para o enchimento total da eclusa vale:
I I
Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores

413

12.16 Deseja-se substituir 4 orifícios de diâmetro d = 2 cm por apenas um


orifício equivalente, trabalhando com uma carga H = 3 m. Sabe-se que, para
uma carga de 3 m, tem-se os seguintes valores para Cd, dados na tabela abai-
xo. Determinar o diâmetro do orifício equivalente.

[d G 4,lO cm]

12.17 Em um recipiente de parede delgada, existe um pequeno orifício de se-


ção retangular junto ao fundo e afastado das paredes verticais. Sabendo-se que
a perda de carga no orifício é 5% da carga H, determinar a velocidade real e
o coeficiente de velocidade C,.

12.18 A captação de água para o abastecimento


de uma cidade na qual o consumo é de 250 11s (va-
zão de demanda) é feita em um curso d'água onde
a vazão mínima verificada (no período de estia-
gem) é de 700 Vs e a vazão máxima verificada (no @mgem
período das cheias) é de 3800 Vs. Em decorrência
de problemas de nível d'água na linha de sucção
da estação de bombeamento, durante a época da Captação
estiagem, construiu-se a jusante do ponto de cap- ~d = 250 lis Se920 da captavã?
tação uma pequena barragem cujo vertedor de 3 m
de soleira tem a forma de um perfil padrão WES, Figura 12.51 Problema 12.18.
que foi desenhado para uma carga de projeto =
0,50 m. Para o bom funcionamento das bombas, o
nível mínimo de água no ponto de captação deverá estar na cota 100,OO m,
conforme a Figura 12.51. Nestas condições, pergunta-se:
a) Em que cota estará a crista do vertedor-extravasar?
b) Durante a época das enchentes, qual será a máxima cota do nível
d'água?
a) [Ncr,so = 99,817 ml; b) [N.A.max.= 100,459 m]
- 1

Hidráulica Basica Cap. 12


414

-
N.A.
7 12.19 Na instalação mostrada na Figura 12.52, o
vertedor é triangular com ângulo de abertura igual a
90° e o tubo de descarga é de concreto com entrada
. ...~.
.~~~
~~~~~

6.00 m
em aresta viva. Determinar o diâmetro do tubo de des-
carga. Usar a fórmula de Thomson.
0,80 m i
[D = 0,15 m]

Fiaura 12.52 Problema 12.19. 12.20 Um tubo descarrega uma vazão Q em um re-
servatório A, de onde passa ao reservatório B por um
bocal de bordos arredondados e finalmente escoa para
a atmosfera por um bocal cilíndrico externo, conforme a Figura 12.53. Depois
de o sistema entrarem equilíbrio, isto é, os níveis d'água ficarem constantes,
I determine a diferença de nível Ah entre os reservatórios A e B e a vazão Q.
4 Dados: bocal de bordos arredondados: A = 0,002 m' - Cd = 0,98

IA ;1 , , 1 III
bocal cilíndrico externo: A = 0,001 mZ - Cd = 0,82

H, = O,80 m
[Ah = 0,12 m; Q = 3,O I/s]
Figura 12.53 Problema 12.20.
12.21 Determinar qual deve ser o diametro do tubo de concreto,
..............
com entrada em aresta viva e 15 m de comprimento, para que a
vazão seja igual à que passa pelo tubo de ferro fundido de 30 cm
1.20 m de diâmetro. Os tubos estão na horizontal e descarregam livremente
D=3flcrn
na atmosfera.
0.45m

L i - Q 1500m
D-1
[D E 0,30 m]

12.22 Um vertedor retangular de parede fina, com duas contraçóes


laterais e largura da soleira igual a 1,80 m, descarrega água em um
Figura 12.54 Problema 12 21 canal retangular de 2,O m d e largura, declividade de fundo
I, = 0,001 mlm, rugosidade n = 0,020, que termina, a 150 m a
jusante do vertedor, em uma queda brusca A altura d'água imediatamente a
montante da queda brusca vale 0,20 m. Determine a carga sobre a soleira do
vertedor. O canal é de forte ou de fraca declividade? Just~fique.

[h = 0,313 m; fraca declividade]


-
13 -
415

ESCOAMENTO PERMANENTE
GRADUALMENTE VARIADO

13.1 GENERALIDADES
Conforme foi definido anteriormente, o escoamento permanente é gra- ladeira, estava com vontade de chegar
dualmente variado quando os parâmetros hidráulicos variam de uma maneira 809 juazeiros do lim do p6tio.'l

progressiva ao longo da corrente. [VidmSecas, Oraciliano Ramos]

Assim, a construção de uma barragem em um canal de fraca decli-


vidade, por exemplo, interfere no tirante d'água criando uma sobrelevação do
nível d'água que pode ser sentida a quilômetros da barragem, a montante da
corrente. A nova linha d'água originada a montante da barragem é chamada de
curva de remanso. Sendo y a altura d'água em uma determinada seção no
-- .~ ---
esc~- e y, a- a "o escoamento uniforme, a diferèn:
ç a m c h a m a d a de remanso. Dependendo das características do canal, da
vazão e das condições de extremidades, tal diferença pode ser positiva ou ne-
gativa, ficando a curva de remanso acima ou abaixo do nível normal.
Com referência à curva de remanso criada por uma barragem, a eleva-
ção do nível d'água irá provocar inundação em terrenos ribeirinhos, que deve-
rão ser desapropriados pela companhia proprietária da obra. Este tipo de
problema é comum em obras de aproveitamento hidrelétrico. No presente ca-
pítulo, será tratada somente a determinação das características do escoamen-
to gradualmente variado em canais prismáticos.
De uma maneira geral, o escoamento gradualmente variado se estende
a distâncias consideráveis da singularidade que lhe deu origem, contrastando
com o escoamento bruscamente variado que se manifesta em um trecho cur-
to do canal.
Neste capítulo será estudada a equação diferencial de tal escoamento,
suficiente para estabelecer as propriedades e características das curvas de re-
manso em canais com várias declividades, e na sequência a metodologia nu-
mérica para a determinação da linha d'água.
-'
1

Hidráulica Básica Cap 13


416

-
13.2 EQUAÇAO DIFERENCIAL DO ESCOAMENTO PERMANENTE
GRADUALMENTE VARIADO
A equação diferencial de tal movimento pode ser deduzida utilizando-
se algumas hipóteses simplificadoras:
a) A declividade do canal é pequena, de modo que a altura d'água me-
dida perpendicularmente ao fundo do canal pode ser confundida com
a altura medida na vemcal.
b) O canal é prismático, isto é, qualquer seção é constante em forma e
dimensões.
c) A distribuição de velocidade em uma seção éfixa, isto é, o coeficien-
te a de Coriolis é unitário. Esta hipótese geralmente envolve peque-
no erro, particularmente no caso em que a carga cinética é pequena
quando comparada à altura d'água, como é o caso do escoamento em
canais de fraca declividade. Isto ocorre devido ao fato de o fator de
correção da velocidade estar muito próximo da unidade. Valores deste
fator sob várias condições têm sido encontrados variando entre 1,01
e 1,12, com média em tomo de 1,05. Se a distribuição desvia-se subs-
tancialmente da unidade, então o fator de correção da velocidade deve
ser considerado na derivação da equação do escoamento gtadualmen-
te variado.
d) A distribuição de pressão em uma seção é hidrostática, isto é, existe
um certo paralelismo entre as linhas de corrente do escoamento.
À luz destas hipóteses e utilizando-se da
Figura 13.1, determina-se a equação, para uma
seção qualquer, como se segue:
A energia disponível, por unidade de peso
do líquido, em uma seção S, em relação a um re-
ferencial arbitrário, vale:

' g
Figura 13.1 Elementos do esc&mento vanado.
Diferenciando a equação anterior com res-
peito a x, abscissa medida ao longo do canal e orientada no sentido do escoa-
mento, tem-se:
-

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


417

-
Observando que a derivada dWdx é sempre negativa, devido à orienta-
ção de x, e que vale dWdx = - Ir, em que If é a declividade da linha de ener-
gia, e que dzldx, definida como o seno do ângulo que o fundo do canal faz com
a horizontal, também é negativa e igual a dzldx = - I,, em que I, é a
declividade de fundo, a Equação 13.2 toma-se.

De acordo com as Equações 10.41 e 10.43, tem-se:

Combinando-se as equações anteriores, chega-se a:

Esta equação é a equação diferencial do escoamento gradualmente va-


riado, e deve ser observado que dyldx é a declividade da superfície livre do
líquido, referida ao fundo do canal. A sua integral y = f(x), que é a equação da
curva de remanso, não é em geral explicitamente resolúvel, porém vários
métodos numéricos têm sido desenvolvidos para sua solução.

13.3 CLASSIFICAÇÁO DOS PERFIS


Assumindo como válida uma equação de resistência qualquer, inicial-
mente destinada ao movimento uniforme, para o cálculo da declividade da linha
de energia Ir, a Equação 13.5 pode ser discutida para vários valores de I,.
Assim, adotando-se a equação de Chézy e a expressão geral do núme-
ro de Froude, a Equação 13.5 pode ser escrita como:

Desta maneira, a equação mostra que, para uma dada vazão Q, os ter-
mos Ii e Fr2 variam de forma inversamente proporcional a altura d'água y, já
que ambos têm uma forte dependência inversa com a área molhada A. Isto é
válido para todas as seções utilizadas normalmente em projetos de canais.
Para a discussão das propriedades e características das curvas de reman
so é necessário analisar os sinais do numerador e denominador da Equaçãc
13.5 e como estes sinais são afetados pela magnitude de y.
Inicialmente, deve ser observado que o numerador da equação, I, Ii -

depende somente das grandezas relativas da altura d'água y e da altura norma


y,, e que o denominador 1 - F? depende somente dos valores relativos da a1
tura d'água y e da altura crítica y,. A partir da equação de Chézy é fácil ver qui
Ii decresce à medida que o produto A2. RI,cresce e, como este produto aumen
ta com o aumento da altura d'água, conclui-se que If deve decrescer com o au
mento da profundidade. A variação de F? com a altura d'água foi estudada nc
Capítulo 10.
Desta forma, pode-se chegar facilmente às seguintes conclusões:

se y = y, i\ I, = I, (escoamento uniforme)
se y > y, -t I, < I,
se y < yo -t If > I,

se y < y, - t ~ r ' > 1


se y = y, + Fr2 = 1 (condição crítica)

Estas relações são fundamentais para estudar o sinal da derivada dyldx I


e as propriedades das curvas de remanso.
As cunras de remanso, para uma dada vazão, são classificadas em fun-
ção da declividade de fundo I,, podendo ser divididas em cinco classes, a se-
guir:
1 > O canais de declividade fraca ou Moderada I, < L,classe M (Mild slope) 1
canais de declividade forte ou Severa I, > I,, classe S (Steep slope)
canais de declividade crítica I, = I,, classe C (Critical slope)
I
I
I, = 0 canais horizontais, classe H (Horizontal slope) 1
I, < O canais em aclive, classe A (Adverse slope) 1
Considere inicialmente um canal de declividade fraca e, portanto y, > y,,
representado na Figura 13.2, na qual os níveis relativos às alturas y, e y, di-
videm o espaço em três regiões A, B e C. Pela Equação 13.5 e Expressões 13.7,
pode-se concluir imediatamente:
I
Região A y > y, > y, +Ir< I, e Fr < I .: dyldx > O
Região B y, > y > y, + Ir> I, e Fr < 1 .: dyldx < O
-

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


419

Região C y, > y, > y + I r > I, e Fr > 1 :. dy/dx > 0 $=i=+


A Y'YoSYc M, dx + --- Horiz
O sinal da derivada indica se a altura d'água aumenta ou NN
d
diminui ao longo da corrente, em cada região. d. = --= _
MZ Y
i
NC
As propriedades das três curvas de remanso podem ser des-
critas como segue:
_.,,,. dx
' -3egião A, curva ML
Quando y + y, :. I, + Ir e dy/dx + 0, isto é, a superfície -
Declividade i ~ a c a

-
da água é assintótica ao nível normal a montante.
Quando y + ;. Fr + 0 e dy / dx + I,, isto é, a superfí-
cie da água é assintótica a uma horizontal a jusante (observar o sis-
Figura 13.2 Canal de fraca declividade - curvas M,

tema de referência utilizado).


>E-,
Esse tipo de curva de remanso ocorre a montante de uma barragem.
, -
7 Região B, curva M2
Quando y + y, .: dyldx + O como antes.
Quando y + y, :.Fr -+ 1 e dyldx + -, a menos que y, = y,; salvo em
canais com declividade crítica, a curva M2 atravessa quase perpendicularmente
o nível crítico. Nas proximidades do nível crítico as linhas de corrente não são
mais retas e paralelas e, portanto, as hipóteses iniciais deixam de existir, por isso
esta curva, nas proximidades do nível crítico, é desenhada em linha pontilhada.
Este tipo de curva ocorre e uma queda bmsca.
I,,
-7 Região C, curva M3
Quando y + 0, tanto Ii como Fr tendem para infinito, então dyldx ten- EscollmenlO torrencial jamais pode
de para algum limite finito, de magnitude que depende da particular seção do O E O r n em Um Canal de fraca

canal. Como tirantes d'água de alturas próximas a zero não têm interesse prá-
tico, este limite perde o significado. Para efeito prático, a curvaM3, que é cres-
cente no sentido do escoamento, tem início em uma seção de altura finita, por
exemplo, a seção contraída de um jato sob uma comporta.
Quando y + y,, a curva tende a atravessar quase perpendicularmente o
nível crítico, porém, diferentemente do que ocorre com a curva Mz, uma vez
que, sendo o escoamento referente à curva M?, torrencial, e como o canal é de
fraca declividade, poderá haver a formação de um ressalto com mudança bms-
ca da curva M3 para o escoamento uniforme ou talvez para uma curva Mi ou
ML Ocorrendo a formação do ressalto, a sua altura conjugada no regime tor-
rencial será a máxima altura d'água atingida na curva M3 e, portanto, a altu-
ra crítica não é atingida, como no caso da curva M2.
Este tipo de curva ocorre em certas mudanças de inclinação e a jusante
de comportas com abertura inferior i altura crítica para a vazão descarregada.
1

-
Hidráulica Básica Cap. 13
420

-
Para um canal de forte declividade, um procedimento
-=-= análogo ao anterior determina as propriedades e características
das curvas S, representadas na Figura 13.3.
YC>Y>YO ~Y=z-_
dr + - Região A, curva SI
Yo
Y'0Y'cY NN A curva é convexa e crescente, a montante nasce quase
S3 &=:_+ perpendicularmente ao nível crítico, em geral após um ressalto,
dx -
e a jusante tende assintoticamente para uma horizontal.
Declividade forte D
Esta curva ocorre a montante de barragem descarreea-
Figura 13.3 Canal de forte declividade - curvas S dora,de estreitamentos como pilares_de_pmks. e em certas
mudanças -
----- de declividades.
Região B, curva SZ
A curva é contava e decrescente, a montante nasce quase perpendicu-
larmente ao nível crítico e a jusante tende rápida e assintoticamente ao nível
normal.
Esta curva ocorre em um canal de fone declividade alimentado por um
reservatório, como discutido na Seção 10.8.
Região C, curva S3
A curva é convexa e crescente, a jusante tende assintoticamente para o
nível normal.
Esta curva ocorre a j u ~ p o d a s d m u g m ~ ~ d e s c a r
Para um canal de declividade crítica, as curvas podem ser consideradas
como intermediárias às curvas M e S .
Região A, curva C1
A curva é crescente, com desenvolvimento praticamente horizontal, par-
tindo do nível crítico a montante e tendendo a jnsante para uma horizontal.
Região C, curva C3
A Y>(Y,=Y,) A curva é crescente, partindo de uma a h -
C __. rad'água iinita, e tendendo ao nível crítico apsan-
NC
YO=yc y<(yO=yc) --
~ Y - z - _- te, com desenvolvimento praticamente horizontal.
di
A curva C>, que corresponderia a alturas
de água compreendidas entre o regime uniforme
Figura 13.4 Canal de declividade crítica - curvas C e o crítico, não existe, já que no caso tem-se y =
yo = yc.
Para canais retangulares largos, tais que
Rh = y, utilizando a equação de Chézy, pode-se mostrar através da Equação
13.6 que todos os perfis em canais com declivrdade crítica são linhas retas e
horizontais.
-

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado 421

Para canais horizontais, a ausência da declividade não


permite a existência do regime uniforme, já que, neste tipo de
escoamento, é necessária uma transformação integral da ener-
gia potencial em perda de carga por atnto ao longo do escoa-
mento, para que o líquido não seja acelerado O nível crítico,

a
por só depender da geometria da seção e da vazão, subsiste.
Canal horizontal
As curvas de remanso são o caso limite das curvas M,
Figura 13.5 Canal horizontal - curvas H.
quando a declividade do canal tende progressivamente a zero.
Só existem os tipos H2 e H3 e ocorrem em situações análogas
às dos tipos M2 e M3.
Em canais de aclive ou contra declividade também não
se define escoamento uniforme. Os tipos A2 e A3 correspon- dy=;=_
dem aos tipos H2 e H3 e ocorrem em situações semelhantes. ~ Y L L = + N.C

Em cada uma das classes de curvas de remanso, os


respectivos tipos foram discutidos e analisados separadamen-
YC Y < YC ,/i3 dr -

te. Entretanto, em um canal com algumas seções .de contro- canalem aciive
le, o ~ e r f i d'água
l pode ser desenhado pela c o m p o s i ~ ~dos
o Figura 13.6 Canal em contra declividade - curvas A.
vários tipos de pems traçados a montante e a jusante de cada
seção de controle. Assim, a Figura 13.7 mostra os tipos de
curvas de remanso que ocorrem em um canal de fraca de-
clividade alimentado por um reservatório e ter-
minando por uma queda bmsca. Deve ser
observado primeiro que as curvas são da classe
M e que o tipo M3 ocorre porque a abertura da
comporta é inferior à altura crítica. A composi-
ção dos perfis, discutida anteriormente, leva ao
esquema apresentado.
Cabe ressaltar que, se a distância entre a
' comporta e a queda for suficientemente longa, Figura 13.7 Composição de perfis da linha d'kgua.
haverá a formação do ressalto com uma mndan-
ça brusca do perfil M3 para Mz ou mesmo para
o escoamento uniforme. A figura apresenta ainda a curva das alturas con-
jugadas, que é o lugar geométrico correspondente às alturas conjugadas de
cada uma das alturas d'água do perfil M3. Esta curva é de interesse na deter-
minação da localização do ressalto, quando após este acontece uma curva Mi
' ou M2. Se após o ressalto o escoamento for uniforme, sua localização é mais
1 fácil, pois a altura conjugada no regime torrencial pode ser calculada pela
1 Equação11.11.
I '
1

Hldraulica Básica Cap. 13


422

-
Finalmente, as características dos perfis que foram mostrados permite
as seguintes observações:
1. Em um canal uniforme, um observador se deslocando no sentido da
corrente vê a altura d'água diminuir, desde que a linha d'água este-
ja compreendida entre o nível normal e crítico (região B, curvas Mz,
Sz, H2 e Az), e aumentar, desde que a linha d'água seja exterior a este
intervalo (regiões A e C).
2. O conceito importante de seção de controle discutido na Seção 10 6
se aplica ao caso do escoamento gradualmente variado. Assim, o es-
coamento subcrítico possui um controle de jusante, por exemplo, cur-
vas Mi (barragem) e M2 (queda bmsca), enquanto o escoamento
supercrítico possui um controle de montante, por exemplo, curva M3
(comporta de fundo).

13.4 PERDA DE CARGA LOCALIZADA


Existe uma diferenciação fundamental entre perda de carga localizada
em um escoamento em conduto forçado e em conduto livre. Nos condutos
forçados, a existência de uma singularidade qualquer provoca um decaimento
local da linha de energia d e maneira definitiva e esta perda d e energia é
irrecuperável. No conduto livre, existe um mecanismo de compensação entre
ganho e perda de energia, que é possível graças à deformabilidade da super-
fície livre, o que não ocorre nos escoamentos a pressão. Assim, a existência de I ,
uma singularidade, por exemplo, uma comporta de fundo, cria curvas de re-
manso a montante e a jusante, de modo que a montante da comporta o líqui-
do ganha a energia necessária para transpor a singularidade, havendo uma
compensação exata entre o ganho de energia e a perda correspondente. Este
conceito pode ser evidenciado no escoamento apresentado na Figura 13.8,uti-
lizando-se curva de energia específica.
Supondo que o canal seja de fraca declividade e suficientemente longo
para que se estabeleça regime uniforme, a montante da comporta existe, pela
formaçáo da curva Mi, um decréscimo na velocidade com conseqüente dimi-
nuição da perda de carga, e o líquido recupera energia que será necessária para
transpor a comporta e o ressalto. I
Matematicamente, isto pode ser mostrado através da Equação 13.3, da
seguinte forma.
Para o perfil Mi, tem-se y > y, e, portanto:
\
Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

4U I
e a energia específica aumenta na direçáo do
escoamento.
I Para o perfil M3, tem-se y < y, e, por-
tanto:

dE
I( > I,, logo - <o
dx
,

e a energia específica diminui na direção do Figura 13.8 Compcnsaç;io eiicigrtica


escoamento.
Desta maneira, a presença da comporta eleva o nível d'água a montan-
te, e este acréscimo energético será gasto no trecho torrencial, curva M,, e prin-
cipalmente no ressalto, de modo que a jusante do ressalto o escoamento retorna
ao inesmo nível de energia original.

13.5 SINGULARIDADES
Vários tipos de singularidades, como miidaiiça de declividade, mudan-
ça de seção, alteração da cota de fundo, podem ocorrer ein canais; tais traii-
sições provocam o aparecimento de curvas de remanso. Serão eshidados três
casos, a seguir.
a) Mudança bmsca de declividade, pas-
\ sando de uma declividade inferior à
crítica para unia declividade superior
? crítica,
i conforme a Figura 13.9.
Para um canal suficientemente iongo,
em seções muito afastadas a montan-
Figura 13.9 Mudança de declividadc de frecil para forte.
te e a iusante da seção 0, ocorrerá,
respectivamente, escoameiito unifor-
me subcrítico com altura normal y,i e escoaiiiento uniforme super-
crítico com altura d'água y,2 < y,,. A transição entre estas duas
alturas iiormais será feita por duas curvas de remanso, M2 a montante
de O e Sz a sua jusante.

1 No trecho do escoamento variado a montante de 0, tem-se y < y,! e


Ii > I, e, a jusante de 0, tem-se y > y,2 e Ir < I,.
Assim, em algum ponto nas proximidades da seção O, tem-se Ii = I,,
E ~se
c ~ ~ . c ~ ~ , ~que ~ cverifica
B quando O
perfil da ruperficie livre se aproxima
do nivei normal?
I
e escrevendo a Equação 13.5 como:
-
HidrBulica Básica C&p 13
424

-
e como:

-*
dy
dx
o
já que o líquido estâ sendo acelerado, conclui-se que Fr = 1 e o es-
coamento é crítico.
Na verdade, a altura crítica não ocorre exatamente na seção em que
ocorre a mudança de inclinação, uma vez que nas vizinhanças desta
seção há uma convergência dos filetes e a distribuição da pressão se
afasta da hidrostática. Na realidade, o ponto correspondente ao escoa-
mento ctitico encontra-se um pouco a montante de seção 0, confor-
me visto na Seção 10.8; para muitas aplicações práticas, pode-se
considerar estas duas seções coincidentes.
6) Mudança bmsca de declividade,
passando de uma declividade su-
si perior à crítica para outra inferior
à crítica, conforme a Figura 13.10.

--- --- Neste caso, como a superfície


d'água deve atravessar o nível cri-
tico, necessariamente ocorrerá um
ressalto. O resultado dependerá
dos valores das declividades a
to< montante e a jusante. Sendo y,, e
Figura 13.10 M u d a n ç a de d e c l i v i d a d e de forte p a r a fraca. yo2 as alturas uniformes corres-
pondentes aos trechos rápido e
lento, respectivamente, e yi e yz
alturas conjugadas de y,z e y,i,
respectivamente, a localização do
ressalto pode ser descrita como
OuaI deve 58, C ~~~aoloristicada segue.
dedividade de fundo de um canal.
alimentado por uma compona de Primeiramente, deve-se observar pela Figura 11.3, gráfico da força es-
f""d0. Pala qYB O F0508men10 torre"-
cial na saida da comporta nao seis pecífica, que as alturas conjugadas do ressalto variam uma em sentido in-
seguido por um reooalto hidrr(ulica7
verso da outra, isto é, quando uma aumenta a outra diminui, e vice-versa.
Assim, se y2 > y02, O escoamento torrencial penetrará no canal de fraca
declividade, por meio de uma curva M3 (para aumentar a altura
conjugada no regime torrencial), e o ressalto localizar-se-á na seção em
que a altura d'água seja tal que sua conjugada seja y,~.
'.
Se, por outro lado, yz < y,z, o ressalto ocorrerá no trecho de inclinação
forte, seguido de uma curva de remanso do tipo SI (crescente), até en-
contrar y02.
-

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado 425


'
,
-
Uma terceira condição, mais rara, é aquela em que y,i e y02 são exa-
tamente as alturas conjugadas do ressalto; neste caso não se estabe-
lecem curvas de remanso nos dois trechos e o ressalto acontece no
ponto de mudança de declividade.
c) Elevação da cota de fundo em um canal de fraca declividade.
Suponha uma mudança na cota de fundo de um canal bastante longo,
de magnitude AZ tal que altere as condições do escoamento a montan-
te, criando uma curva de remanso. Como o canal é de fraca decli-
vidade, escoamento uniforme subcrítico, a influência da elevação
propagar-se-á para montante através de uma curva Mi. A energia es-
pecífica aumenta até que seja suficiente para vencer o desnível e o es-
coamento será crítico nas proximidades de mudança, seguido de um
curto trecho de transição, até retornar novamente ao escoamento
uniforme.
As curvas de energia específica da Figura 13.1 1 esclarecem o fenô-
meno.
Deve-se observar, no esquema anterior,
que o desenvolvimento do perfil d'água
seria completamente diferente se, em
vez de uma elevação permanente no
fundo, tivesse sido colocado, em um
trecho curto, uma soleira de fundo, um
vertedor de parede expressa, com a
mesma altura de AZ. Neste caso, após
a seção de controle ocorreria escoa-
mento supercrftico, retomando o escoa- E
mente às condições subcríticas através Figura 13.11 Elevação de fundo.
de um ressalto, conforme foi visto na
Seção 10.7.2. Este caso deverá ser ob-
jeto do Exemplo 13.3.

Figura 13.12 Composição de perfis


Y

-
Hldrauiica Basica Cap 13
426

-
Outras composições de perfis poderão ser vistas na Figura 13 12

EXEMPLO 13.1
, r J

-
A vazão em um longo canal trapezoidal de 3,O m de largura no fundo
\, : ',, /' - i! e taludes 2H:1V, com declividade constante, é de 28 m3/s. Os cálculos pela fór-
.~ i mula de Manning indicam que a altura normal para aquela vazão é de I ,8 m.
, ~ . Em uma certa seção A do canal, a profundidade é de apenas 1,O m. A profun-
. ~
didade do escoamento a jusante de seção A será maior, menor ou permanece-
rá a mesma? Justifique.
Cálculo da altura critica
Para Q = 28 m3/s, b = 3,O m e Z = 2, o gráfico da Figura 10.17 fornece:

b
< = ~ ~ ~ = 2 2 9,8.
9 ~ 3,05~ = 1 , 6 2 + ~z =Y ~1 ,y, 0= =1,50- m.:
BEtBbeleSem a passagem suave do
regime rdpida s montante para o
regime lento a jusante?
Tipo de canal:
Como y, = 1,80 m > y,= 1,50 m, canal de fraca declividade, curvas M
Tipo de curva de remanso:
Na seção A, y = 1.0 m < y, c y,, escoamento supercrítico + curva M7
Como a curva M3 é crescente, a profundidade aumentará para jusante

EXEMPLO 13.2

Um canal de seção retangular, de 3,O m de largura, declividade I = 0,001


mim, n = 0,014, escoa água de um lago cujo nível d'água está 2,80 m acima
do nível de fundo do canal, na seção de saída. Desprezando a velocidade de
aproximação e a perda de carga na entrada do canal, determine a vazão
No problema da descarga de um lago em um canal, a declividade des-
te desempenha papel importante. Conforme a Figura 10.15, duas situações po-
dem ocorrer:
Se o canal for de forte declividade, I,, > I,, ocorrerá escoamento crí-
tico na seção de entrada, seguindo-se uma curva de remanso Sz que
tende rapidamente ao escoamento uniforme torrencial. Neste caso, a
seção de controle está estabelecida e a vazão pode ser calculada pe-
las equações do reg-e crítico.
-

Cap 13 Escoamento Pennanente Gradualmente Variado


- -
42,

Se o canal for de fraca declividade, I, < L,não se estabelece uma se-


I ção de controle na entrada e a vazão deve ser calculada pela compa-
tibilidade das condtções de energia e do escoamento uniforme.
Assim, primeiramente, supondo I, > L,tem-se:

=-4 = 7,98 m3/(srn)


Pode ocorrer curva de remanso tipo
M, em um canal detone declividade?

Para escoar esta vazão em regime uniforme crítico, a declividade seria:

ConclusUo: I, = 0,001 m/m < I, + fraca declividade, não se estabele-


ce regime crítico na entrada do canal.
Para um canal de fraca declividade, as equações a serem usadas são:

Energia: E = 2,80m = y, + Q2

2g(3. y O l 2
1 3 ~ 0)2/3
Manning: --
3+2~,
I
1 Combinando-se as duas equações pela eliminação de Q, chega-se a:

Observando que 1 3 7 m y, < 2,80 m, a equação anterior pode ser re-


solvida por tentativas, fornecendo: y, = 2,56 m e daí Q = 16.7 m3/s.
Uma resolução gráfica pode ser usada empregado-se a curva da Figura
10.2 e a fórmula de Manning. O ponto de cmzamento das duas curvas fome-
f ce o valor da altura d'água, conforme Figura 13.13 a seguir.
-

Hidraulica Básica Cap. 13


428

-
Q=A- EXEMPLO 13.3
IR
YI ] fiQ=kAR23
Em um canal retangular, suficientemente
longo, escoa uma vazão de 8,s m3/s, em regime
uniforme, com uma altura
largura b = 3,O m. Em
canal, um degrau de 0,60 m de altura é construído
no fundo do canal e nesta mesma seção a largura é
reduzida para 2.4 m.
FiguraI 13.13 Solução gráfica do problema da alimentaçào de um canal Sendo esta singularidade curta, esquema-
de fraca dedividade por um lago.
tize os perfis das curvas de remanso esperados a
montante e a jusante da singulaidade, identifican-
do e calculando todas as alturas d'água importantes. Despreze as perdas na
transição.
a) Tipo de escoamento em uma seção,antes da singularidade.

escoamento fluvial
Portanto, somente curvas tipo M,podem acontecer no canal.
b ) Cálculo da mínima energia específica necessária na seção do degrau
para passar a vazão dada.

3
:. E,, = - y,
2
= 1,63 m

c) Verificação se a singularidade afetará as condições do escoamento a


montante.
Para não haver elevação na linha de energia, é preciso que o escoa-
mento tenha na seção a montante do degrau uma energia, no mínimo,
igual a:
Um canal pode sei de deellvidade
fraca para uma vaHo e de dsslividade
fone para outra7
I E = E,,
Como:
+ AZ = 1,63 + 0,60 = 2,23 m
~-
-

Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Vanado


429

- -

Logo, E, < E e se estabelece uma curva tipo Mi a montante da sin-


gularidade, e sobre o degrau tem-se: y2 = y,z = 1,09 m (ver Figura
13.14).
4 Altura d'água imediatamente antes do degrau (regime fluvial).

Para

o gráfico da Figura 10.6 fornece

e) Altura d'água imediatamente após o degrau (regime torrencial)

Na Figura 10.6, nas mesmas condições, tira-se:

f) O retomo às condições de escoamento subcrítico faz-se-á através de


um ressalto, que segue um perfil M1, como no esquema mostrado na
Figura 13.14.
..-.--
X LE

Figura 13.14 Exemplo 13.3


HidrLulica Básica Cap. 13
430

-
A altura y.,, conjugada de y, = 1,50 m, é calculada pela Equação
11.11. I
O perlli da supedicie livre oe apioxcma
do nivel critieo, que tipo de movimento
ocorre? O que acontece com os tlletes ,.,., , (curva M?)

EXEMPLO 13.4

100,oo
i I v Um canal trapezoidal, de 4,O m de largu-
h-..~....
~~~~~~

48,oo
ra de fundo e taludes 1H:lV, coeficiente de
mgosidade n = 0,015 e suficientemente longo
em seus dois trechos de declividades diferen-
tes, liga dois reservatórios em níveis constan-
tes, como na Figura 13.15.
Assumindo que o trecho inicial seja de
forte declividade, desenhe o perfil das curvas
de, remanso e, se ocorrer um ressalto hidráuli-
Figura 13.15 Exemplo 13.4.
co, verifique se ele se localiza a montante ou a
jusante do ponto A. Despreze as perdas na en-
trada do canal.
a ) Determinação da altura crítica e da vazão transportada.
Como E = E, = 2,O m, b = 4.0 m e Z = 1,0, tem-se da Figura 10.20:
-
Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado
431

-
na Figura 10.17 vem:

b) Verificando se o 1"recho é de forte declividade, I,


z i, ' i.w.~-*-\r.~

Para o escoamento uniforme crítico, tem-se:

b 4
m = - = -= 2,80 e com Z = I , a Tabela 8.2 fornece K = 1,495
Yc 1,43

Fórmula de Manning:

Conclusão I, > I,, o canal é de forte declividade e o cálculo do item


a é válido.
c) Cálculo da5 alturas normais nos dois trechos, com auxílio da Tabela
8.3.
Trecho 1:

0,015.26
=0,108 i-0,26= :.
y,, = 1,04 m
- 4,0'" &@% b

Trecho 2:

No primeiro trecho o escoamento é torrencial, curva SZ,e no çegun-


do trecho o escoamento é fluvial, curva MI, porque a altura d'água
na entrada do segundo reservatório é y = 2,50 m > yz, = 2,0 m.
-
Hidraullca Básica Cap. 13
432

-
4 Localização do resralto
Cálculo da altura coiijugada de y , ~, conforine Seção 11.5
Para:

A
H,,,, = - = 0,86 m
B

Do gráfico da Figura 1 1.4, lira-se:

Y?- - 1,7
- :. y, = 1,77 i11
Y "i

Como a altui-a yz coiijugada de y , ~é inenor


que y,?, o ressallo ocorrerá a montante do ponto A,
seguido por uma curva tipo S I até o nível normal do
seguiido trecho e daí. através de lima curva Mi, atin-
ge o nível d'água 96,50 in do reser\,atório inferioi;
coiifoi-rneFigura 13.16.

EXEMPLO 13.5
Figura 13.16 Linha d'água do Exemplo 13.4.
Uni canal retaiigular de 250 m de lai-gura,
coeficieiiie de rugosidade 11= 0.01 5,é alimentado
por uma comporta plana (H = 1,50 in e b = 0.30 m), de mesma largui-a,como lia
Figura 13.17. O primeiro trecho do canal tem declividade I,I = 0,0024m/m e o se-
gundo, la>= 0,006 m/m. Ambos os trechos são suficientemente loiigos para
Eap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado 433

que se estabeleçam condições de escoamento uniforme, e no final do canal


existe um vertedor retangular, de parede fina, com duas conirações laterais, lar-
gura da soleira 2,40 m e altura da soleira 0,30 m. Determine:
a) os tipos de curva de remanso que ocorrem no canal, esquematizando
o perfil d'água da comporta até o vertedor, indicando as alturas nor-
mais e críticas;
b) se ocorrer ressaltos no canal, caicule suas alturas conjugadas;
c) a carga sobre a soleira do vertedor.
Assuma descarga livre pela comporta e coeficiente de contração C, = 0,6 1.
Cálculo da vazão de alimentação para o canal.
O coeficiente de descarga da comporta é dado pela Equação 12.56
como:

Cálculo da altura crítica e das a h m s normais, com o auxflio da Tabela 8.3.


I , , I ( 'I

Trecho 1:
por que não pode ocorirx escoamento
p e m n s n f e uniforms sm um canal de
declividade nula?

Trecho 2:

K2 = b811II/Z - 2,5813
o2
a
U Q - 0,015 2,21 = 0,037 +h= 0,155 :. y,
b
= 0,39 m
-
Hidráulica Básica Cap. 13
434

-
Conclusáo: O primeiro trecho S de fraca declividade, curvas M, e o se-
gundo é de forte declividade, curvas S.
Determinação do perfii d'água.
PrOximo à comporta, y 0,30 m < y, < y, -t curva M3 seguida de um
ressalto.
Próximo ao vertedor, y = 0,30 + h, em que h é a carga sobre a soleira
Equação 12.78 -,Q = 1,838(L- 0,2h)h3" + S,21 = 1,838(2,40- 0,2h),

Portanto, h = 0,65 m e y = 0,95 m > y, > y, i curva Si precedida por


um ressalto.
Esquema do perfil da linha d'água entre a comporta e o vertedor.

Figura 13.17 Perfil da linha d'água do Exemplo 13.5

Cálculo das aliuras conjugadas dos dois ressaltas


Altura conjugada de y, = 0 5 3 m.
Observe que a curva de remanso imediatamente após a comporta inicia
em uma altura d'água y , ~ ,=~ C,.b = 0,61.0,30 = 0,18 m.

]I---/=
O,S3 2
[!
9,8,0,53~
.: y, = O,34 m > 0,18 m -t curva M,

Altura conjugada de yz, = 0,39 m

--
Yz L - ] y2 = 0.47 m c O,95m i curva Si
0,39 2 9,8.0,39~
-

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


435

13.6 DETERMINAÇÃO DO PERFIL D'ÁGUA EM


CANAIS PRISMÁTICOS
O escoamento permanente gradualmente variado vem sendo objeto de
estudo por parte dos hidraulicistas por mais de 100 anos, o que revela sua com-
plexidade e importância. Complexidade oriunda do próprio tratamento matemá-
tico das equações que regem o movimento e também do grande número de
parâmetros hidráulicos sujeitos a sensíveis variações ao longo da corrente.
A importância do estudo é evidenciada pela interferência do perfil
d'água sobre obras de engenharia como barragens, irrigação. operação e uti-
lização de reservatórios para os mais diversos fins, drenagem urbana etc.
Assim, foram desenvolvidos os mais vanados métodos para a integração
da Equação 13.5, podendo-se destacar o trabalho clássico de Bakhmeteff, que
criou as condições iniciais para a determinação do perfil d'água em canais
regulares de qualquer forma geométrica, evidentemente sob váriai hipóteses
e conhecendo-se os parâmetros de geometria do canal.
A determinação do perfil d'água em canais regulares pode ser feita atra-
vés de métodos de integraçáo gráfica, de métodos de integração direta e de
métodos de soluções numéricas passo a passo, conhecidos como "step methods",
cada um deles com suas características, vantagens e desvantagens.
Com o advento dos computadores, o engenheiro passou a contar com
uma ferramenta que o livrou dos tediosos cálculos inerentes à maioria dos mé-
todos. Criou-se a possibilidade de aumentar a acurácia dos métodos, porém
não se deve perder de vista o fato de que a excessiva precisão teórica é despro-
~orcionalàs hioóteses assumidas.

13.6.1 STEP METHOD


Conforme foi dito na Seçáo 13.1, na maioria dos casos a Equação 13.5
não admite uma solução explícita e deve-se lançar mão de métodos de in-
tegração numérica. Entre estes métodos destaca-se o chamado "direct step
method", que utilizando a equação da energia e um esquema de diferenças
finitas para a Equação 13.3 permite o levantamento da linha d'água em um
canal de seção e declividade constantes, para uma dada vazão.
Escrevendo a Equação 13.3 de forma mais apropriada, tem-se:

Em forma de diferenças finitas;fica:


-
-
136 Hldraulica Básica Cap. 13

Na equação anterior, tanto AE quanto Ii, para


uma determinada vazão, dependem de y.
A aplicação da Equação 13.9 a um trecho de
um canal de comprimento Ax entre duas seções con-
secutivas 1 e 2 pode ser feita na seguinte forma:

E, -E,
Ax= (x, - x,) = - (13.10)
I. -Tr
Figura 13.18 Computação da distância entre seções para altura d'água
especificada. na qual EZe E, são as energias específicas nas SeçÕes
consideradas e I, = f(xf, a declividade da linha de ener-
gia calculada pela fórmula de Manning, na seção do
trecho à qual corresponde uma altura d'água média

- 1
y = - (yi + yz) conforme a Figura 13.18.
2
Deve-se observar que Ax pode ser positivo ou negativo conforme a
de cálculo se dê ou não no sentido positivo do eixo dos x, sentido da
cálculo deve ter início em uma seção de controle e prosseguir no sen-
o controle está sendo exercido, isto é, de montante papju~ante,
se o escoamento for supercritico (Ax > O), e de jusante para montante,se for
subcrítico (Ax < O).
, 1
O cálculo deI, é tão mais preciso quanto menor for o intervalo Ax
Assumindo válido o uso de uma equação de resistência do movimento
passagem da urna curva Srpara uma uniforme, para o cálculo da declividade média da linha de energia, o proces-
EYW. $77
so de cálculo segue a seguinte sistemática: a partir da altura d'água inicial yi
(seção de controle), arbitra-se um valor para y2, calcula-se E1 e Ez e, portanto,
o numerador da Equaçáo 13.10; com o valor médio da altura d'água no trecho
1-2, calcula-se I, pela fórmula de Manning e daí determina-se h,distância en-
tre as duas seções, pela Equação 13.10. A partir da seção 2, repete-se o pro-
cesso para a seção seguinte, usando-se os resultados anteriormente obtidos na
seção 2. No processo numérico pode-se fixar em cada passo um valor constan-
te de Ay para o cálculo dos correspondentes Ax, observando que a natureza da
--

Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


437

-
curva influi no valor adotado para Ay, Assim, no cálculo de uma curva M3, que
é uma curva relativamente curta, utiliza-se, para melhorar a precisão do cáI-
culo, valores pequenos de Ay, enquanto se o perfil for Mi, que é de longa ex-
tensão, as seções poderão ser mais afastadas, Ay maior.
Os sinais do numerador e denominador da Equação 13.10 deverão ser
compatíveis com o tipo de curva de remanso e o correspondente sinal de Ax
deve ser coerente com o sentido relativo da marcha de cálculo. Exemplificando
no caso de um perfil M3. Para esta curva, y < y, +&> I,, portanto o deno-
minador é negativo. O numerador é sempre negativo, uma vez que, para esta
curva, a energia decresce no sentido da corrente e, portanto decresce com y,
pois a curva é crescente (ver Seção 13.4). Desta forma, Ax > O, o que confir-
ma que o cálculo procede de montante para jusante, isto é, no sentido em que
o controle está sendo exercido.
Outra forma de resolução numérica da Equação 13.10 é determinar a
declividade da linha de energia no trecho Ax, como a média aritmética das
declividades da linha de energia calculada com as alturas d'água y~ e yz nas
extremidades do trecho. Assim a Equaçáo 13.10 pode ser escrita como:

Se a diferença de alturas d'água nas extremidades do trecho for muito


pequena, ambos os métodos de cálculo produzem praticamente o mesmo va-
lor de5. Se, no entanto, esta diferença não for pequena, os valores dei, de-
terminados pela altura d'água média no trecho e pela média das declividades
da linha de energia são diferentes e naturalmente afetam o valor de Ax calcu-
lado pela Equação 13.10.
Segundo Reed e Wolfkill (46), citado por Ranga Raju ( 4 3 , o primeiro
método da altura d'água média é mais recomendado para o cálculo dos perfis
MI e Sz, enquanto o segundo é preferível no caso dos perfis Mz, M3, Si e S 3
O "direct step method" tem como desvantagens o fato de a altura d'água
y não poder ser determinada para uma localização x predeterminada e ser in-
conveniente para aplicação em canais não prismáticos.
Maiores detalhes do método poderão ser vistos pelo acompanhamento
dos exemplos numéricos a seguir.

13.7 COMPUTAÇÃO D O PERFIL D'AGUA


A maior ou menor precisão no cálculo da função y = f(x), independen-
te do uso de um ou outro critério para o cálculo da declividade média da linha
-
-
-
Hidraulica Básica Cap 13
438

-
de energia no trecho, está na adoção do valor do incremento ou decremento Ay,
Quanto menor for a diferença entre as alturas d'água nas extremidades do tre-
cho, menor será o correspondente valor de Ax e mais preciso será o procedi-
mento de cálculo.
Vários tipos de métodos numéricos para a integração da equação dife-
rencial do movimento permanente gradualmente variado são apresentados na
literatura, Chow (1 I), Chaudhry (10), como o método de Euler, método de
Runge-Kutta de 4%rdem, métodos tipo preditor-corretor etc. Com o advento
das planilhas eletrônicas, a solução da Equação 13.10 pode ser realizada, via
"direct step method", de forma prática e rápida.
Para as seções trapezoidais (retangulares) e circulares são apresentadas
ver diretdrio canais na endereça ele- as planilhas de cálculo para a linha d'água pelo "direct step method", respec-
trõnico www.es~c.usp.biloho na Are8
Ensino de Gradusç3o. tivamente, REMANSO.XLS e REMCIRC.XLS*. Nestes dois programas, os
parâmetros de vazão, declividade, mgosidade, inclinação do talude e largura
de fundo ou diãmetro são fixados no início da planilha, e a altura d'água ini-
cial (seção de controle) e o incremento ou decremento Ay adotado pelo usuá-
rio. Se houver qualquer alteração nos parâmetros fixados, a linha d'água é
imediatamente recalculada.
O uso dos programas aparece nos exemplos seguintes.

\
>-A , ~.&r>:

:o
,',
~~

M
-.

1~j L. 5
a
EXEMPLO 13.6

taludesUm
1H:lV.
canaldeclividade
trapezoidal,
decom
fundo I, =m0,030
2,50 de largura
rnlm, coeficiente
de fundo, inclinação
de mgosidade
n = 0,018, transportauma vazão de 5,7 m3/s. Em uma determinada seção, exis-
te uma comporta de fundo, plana e vertical, e a altura d'água a montante da
comporta é igual a 2,40 m. O escoamento no canal é uniforme a montante da
dos

-
7," .9U.-J-G
uXz2;;,- influência da comporta. Determine o perfil d'água a montante da comporta.
",
- o , 0 I<? C"
A altura d'água normal y,pode ser calculada pela Tabela 8.3.
,a 5,3
,~,- .
-
C*"
-

.
,,-
nQ 0,018.5,7
8- '
<
P a r a K 2 = ~ = = 0,051 + -= 0,17
' .-'/L
i
2J8/' @
, %Õ b
1 0

ca= A/p z $(&.i++ :. y, = 0,43 m


As = /.,.,
.; = ' .,
.--c
?. . .. =~ - .'2
r,., D
1
3
7 ~~

p-: 0 .I d.!.,:/i- A altura crítica yc pode ser calculada pela Figura 10.17, através do
.I
adimensional T, na forma:
- "'8:.
-
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado
439

Coino y, > y,, o canal é de forte declividade e somente curvas tipo S


podem ocorrer.
Como a altura d'água junto à comporta vale y = 2,40 m > y, > y,, ocor-
rerá uma mudança brusca do escoamento uniforme torrencial para uma curva
de remanso tipo Si, (fluvial) através de um ressalto hidráulico.
A altura conjugada de y, no regime fluvial é dada pela Figura 1 1 4
como:

Q
v--=-- 57 - 4,52 m/s ;. Fr, =
l- A 1,26

Do gráfico da Figura 11.4, tira-se:

O perfil do escoamento variado correspondente ?I curva S I pode ser com- ',

putado a partir da extremidade de jusante, junto ?I comporta (seção de contro-


le), até a seçáo de altura yz = 1,12 in após o
ressalto, como na Figura 13.19.
Para o cálculo de cada intervalo Ax, no pro-
grama REMANSO.XLS, foram escolhidas alturas
d'água com um decremento de 0,08 m, iniciando
em y = 2,40 m até a altura final, conforme a pla-
nilha de cálculo a seguii:
No resultado do cilculo deve ser observado
que a distância entre o ressalto e a comporta é de Figura 13.19 Perlil da linliii d'igua no Exeinplo 13.6.
cerca de 40 m e que os valores de Ax são negati-
-.
7

HldrauiicaBásica Cap 13
440

-
vos, indicando que a marcha de cálculo é feita no sentido em que o controle
está amando. Como o escoamento a montante da comporta é fluvial, a pertur-
bação causada propagar-se-á para montante.
Na plauilha REMANSO.XLS, a curva de remanso é determinada pelo
"step method", fixando-se nas células B4 a F4 os valores dos parâmetros ge-
ralmente conhecidos para este tipo de cálculo, o coeficiente de rugosidade n,
no a"# existe "ma comporta com a declividade de fundo I,, a vazão Q, a largura de fundo b e a inclinação do
abertura de fundo inferior b altura
Critica, paro a vasa transportada. talude Z ,
VOCP. ache passível a existancia de
uma curva de remanso tipo MZa Portanto, qualquer nutro exemplo é rapidamente calculado fixando-se a
altura d'água da seção de controle na célula H4 e adotando-se, na célula G4,
o incremento (decremeuto) Ay.
Outro modo de utilização da planilha é quando a vazão é a incógnita e se
tem duas alturas d'água no canal e a distância entre elas (ver Problema 13 18)
Neste caso vxla-se o valor da vazão na célula D4 até que o valor de x na
coluna 10 seja igual à distância entre as seções de alturas d'água conhecidas
, .
,, LI r.i'.i,C"
. .-:.: Planilha de cálculo do Exemplo 13.6.
VG.,,
~

J2:
Cap 11 Erioamenia Permanente Gradualmente Vanado MI I
EXEMPLO 13.7

Uma galeria de águas pluviais de 1,20 m de diâmetro, em concreto n =


0,014 e declividade de fundo I, = 0,003 mlm, transporta em regime uniforme
uma certa vazão com altura d'água yo = 0,90 m e termina em uma queda bms-
ca. Classifique o tipo de curva de remanso que ocorre entre a s q ã o em que o
escoamento é uniforme e a saída da galeria, e calcule a linha d'água.
A vazão é dada pela fórmula de Manning na forma da Equação 8.47.

M O 90
D = - e pela Tabela 8.1 para = = 0,75 + K, = 0,624
K1 D 1,20

Portanto:

A altura crítica para aquela vazão é dada pelo gráfico da Figura 10.15.

Logo, como y, > y, o canal é de fraca declividade e, terminando em uma


queda ~ N S Ca ~altura
, d'água final é a altura crítica (ver Seção 10 8). Entre a
altura y, = 0,90 m e a aliura final y, = 0,72 m ocorreiá uma curva decrescen-
te tipo Mz.
Utilizando-se a planilha REMCIRC.XLS chega-se ao resultado a seguir, ob-
servando que o cálculo foi realizado iniciando em uma altura d'água de 0,74 m,
pois nas proximidades da queda a curvatura dos filetes toma a distribuição de
pressão não hidrostática, e, portanto, uma das hipóteses na dedução da equa-
ção diferencial do movimento é violada.
Observando-se as planilhas de cálculo dos Exemplos 13.6 e 13.7, pode-
se verificar as diferenças entre as características das curvas tipo Si e Mz. No
Exemplo 13.6, curva Si,ocorreu uma variação total na altura d'água de 1,28 m
ao longo de cerca de 40 m, enquanto no Exemplo 13.7,curva Mi, a variação total
da altura d'água foi de somente 0,155 m em cerca de 158 m de extensão.
-

442 H~dráullcaBanca Cap 13

-
Planilha de cálculo do Exemplo 13.7.

13.7.1 LOCALIZAÇAO DO RESSALTO HIDRÁULICO


Conforme discutido anteriormente, as seções de controle do escoamento
em canais podem se apresentar nas mais variadas situações, como na entrada
de um canal de forte declividade, na saída de uma comporta de fundo, no ponto
de mudança de uma declividade fraca para uma forte etc. A marcha de cálcu-
lo das curvas de remanso originadas nas seções de controle é feita de montante
para jusante no escoamento torrencial (curvas M3,
Alturas conjugadar de M, S2, S3 OU H3) OU de jusante para montante no escoa-
mento fluvial (curvas MI, Mz, SI, ou Hz).
A presença de uma comporta em um canal,
com abertura de fundo inferior à altura crítica, per-
mite controlar o escoamento fluvial a sua montante
e o escoamento torrencial a sua jusante. A presença
de um ressalto hidráulico indica a mudança de regi-
me torrencial para fluvial.
Figura 13.20 Localização do ressalto hidriulico entre duas seções de Considere o escoamento torrencial de uma cer-
controle ta vazão sob a comporta mostrada na Figura 13.20,
I I
Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Vanado

u3

percorrendo um canal prismático de fraca declividade que termina em uma


queda brusca. Se o canal for suficientemente curto, o escoamento atinge a ex-
tremidade de jusante, ainda em reginie torrencial, segundo uma curva tipo M3.
Em um canal mais longo, coiuo a declividade é fraca, havei-5 a mudança de
regime com o aparecimento de urn ressalto entre as duas seções de controle,
a seção contraída da lâmina junto 2 comporta e a altura crítica na extremida-
de de jusante. Neste caso, o perfil da linha d'água é constituído por uma cur-
va Mn que pi-ecede o ressalto e uma curva M2 que o segue. A IocalizaçZo do
ressalto pode ser feita primeiro calculando a curva M3, a da seçáo con-
traída junto à comporta, em direção a jusaiite, até ficar coiifirmado que a pro-
fundidade atingirá a altura crítica antes do final do canal (no interior do
ressalto). Em seguida, calcula-se a curva de remanso M2 a partir da profundi-
dade crítica na extremidade de jusante do canal, prosseguindo o cálculo para
m0ntante.A~alturas conjugadas relativas a cada profundidade do perfil M? são
calculadas pela Equação 11.10 e traçadas graficamente como mostrado. A
interseção da curva das alturas conjugadas com a curva M? localiza a posição
do ressalto, a menos de seu compririieiito, em geral desprezível em face da
extensão das curvas M3 e M?.
O Exemplo 13.8 ilustra o procedimento de cálculo

EXEMPLO 13.8

Considere um vertedor de barragem com soleira normal tipo Creager e


coeficiente de descarga C = 135, largura de 5,O m, carga sobre a soleira h =
1,20 m e que descarrega água em um canal retangular liorizontal, de mesma
largura, rugosidade n = 0,020, comprimento 120 m e que termina em uma
queda brusca. O nível d35guano reservatório está ;ia cota 678,20 e o fundo do
canal na cota 671,70. Determine o perfil da linha d'água iiidicando as curvas
de remanso que ocorrem e calcule a que distância do pé do vertedor se loca-
liza o ressalto. Despreze as perdas de carga do escoamento pelo vertedor.
Cálculo da vazáo descarregada; pela Equação 12.99:

A vazão unitária e a altura crílica valem:


7

-
Hidráulica Básica Cap. 13
444

-
A altura d'água no pé do vertedor pode ser calculada usando a equação
da energia entre o nível d'água no reservat6rio e o fundo do canal, que na au-
sência de perdas fica:

25 - cuja raiz no regime torrencial vale y = 0,22 m e, portanto,


o número de Froude ao pé do vertedor vale Fr = 7,52.
2 -
Usando a planilha REMANSO.XLS, calcula-se a
' . Conjugadar de H,
kl curva Hg desde a seção de profundidade y = 0,22 m até a
1.5
seção de profundidade crítica y, = 0,845 m e verifica-se
-,.
E
I
H,
que esta seção está a menos de 120 m do pé do vertedor.
Em seguida, calcula-se a curva H2 desde a extremidade de
jusante na qual y = y, = 0,845 m até uma abscissa da or-
0,s
dem de 100 m.
H,
o - , Para cada valor de y da curva H3 determina-se a sua
n zo 40 60 80 100 120 altura conjugada, levantando a curva tracejada da Figura
x(m) 13.21. O gráfico da Figura 13.21 é o resultado das três cur-
Figura 13.21 Perfisdo Exemplo 13.8. vas e mostra que o ponto de cruzamento do perfil HLcom
a curva das alturas conjugadas, que é a localização do res-
salto, ocorre a cerca de 40 m do pé do vertedor (ver pla-
nilha EXEM(13.8).XLS), no diretório Canais.
No caso específico de um vertedor de barragem, pretende-se que o res-
salto se forme o mais perto possível do descarregador e, para isto, estruturas
como soleiras de jusante são constmídas para fixar o ressalto dentro da bacia
Considere O esquema da ~iguraTJ.ZO.
de dissipaçáo (ver Figura 11.10).
0 4UB BCOnlBEed 80 res88Ro
~ 0 dBCIIvidade do canal
h i d r 6 ~ 1 1 8.
aumentar? 13.8 FORMAS DA SUPERFíCIE DA ÁGUA
As curvas integrais do escoamento gradualmente vanado, Equação 13.6,
foram mostradas em função da declividade de fundo, para uma determinada
vazão, na Seção 13.3, e apresentam as seguintes propriedades.
a) As curvas são tangentes assintóticas à linha de profundidade normal,
y 'yo.
=
b) As curvas são ortogonais à linha de profundidade crítica y y,.
C) Se a profundidade cresce continuamente, y -t ==, as curvas tendem
assintoticamente a uma linha horizontal, dyldx + I,.
6 ) O escoamento a montante e a jusante da profundidade crítica não re-
úne mais as condições simplificadoras admitidas na dedução da
-

Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


445

-
Equação 13.6, pois o escoamento não é retilíneo e paralelo. Assim,
as partes correspondentes das curvas de remanso apresentadas em
tracejado, na Seção 13.3, são mais teóricas do que reais.
e) A Figura 13.22 mostra vários exemplos da ocorrência das curvas de
remanso, em diversas situações, juntamente com a presença do res-
salto hidráulico e da indicação da seção de controle.

- i
1 r--.._

--.
S c ~ à odc coiitrolc
--- Nivel critico
- . - Nivcl noriiial

Figura 13.22 Excmplos diveisos de curva3 de remanso.

L
A

Hidráulica Básica Cap. 13


446

13.9 PROBLEMAS

13.1 Mostre que, em um canal de forma qualquer, a equação diferencial do


escoamento permanente gradualmente variado, Equação 13.5, pode ser escrita
como:

13.2 Em um canal retangular e horizontal, com largura de 1,5 m, a altura


do escoamento decresce de 0,90 m para 0,60 m em uma distância de 150 m. As-
sumindo que a declividade da linha de energia é dada por IP= 0,01.VZ/(2gy),de-
termine a vazão. Observe que a vazão unitária é dada por q = V.y = cte.
[Q = 1.66 m3/s]

13.3 Em um canal retangular de largura de fundo igual a 1,O m e vazão de


4,10 m3/s, a altura normal para esta vazão é de 0,80 m. Admitindo escoamento
uniforme, determine:
a) O tipo de regime e a energia específica para aquela vazão.
b) Se em uma determinada seção for colocada no fundo do canal uma
estrutura curta (degrau) de 0,50 m de altura, desprezando a perda de
carga, verifique se o escoamento a montante do degrau foi modifica-
do. Justifique. Se houve modificação, determine a altura d'água ime-
diatamente a montante do degrau
C)Na hipótese do aparecimento de um eventual ressalto hidráulico a
montante do degrau, calcule as alturas conjugadas e o tipo de curva
de remanso que se estabelece entre o ressalto e o degrau.
a) [torrencial; E = 2,14 m]; b) [foi modificado, y = 2,09 m], c) [ressalto com
yi = 0,80 m e yz = 1,71 m; curva Si]

13.4 Um canal retangular de 1,50 m de largura transporta, em regime uni-


forme, uma certa vazão com uma altura d'água igual a 0.40 m e número de
Froude igual a 0,71. Em uma determinada seção existe um bueiro de concre-
to, com entrada em aresta viva, descarregando livremente, de 0,60 m de diâ-
metro e 3,O m de comprimento. Sendo a mgosidade do canal n = 0,018,
determine,
-

Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado


44,

a) a vazão transportada;
b) a declividade de fundo;
c) a altura d'água imediatamente antes do hueiro;
d) as alturas conjugadas de um eventual ressalto (iustifique a ocorrên-
cia ou não);
e) o perfil da linha d'água, indicando os tipos de curva de remanso, os
níveis normal e crítico.
a) [Q = 0 3 4 m3/s]; b) [I, = 0,0038 mlm]; c) [y = 1,O m]; d) [não há ressalto];
e) [curva Mi de y, = 0,40 m até y = 1,0 m]

13.5 Em um canal retangular, bastante longo, com declividade de fündo I, =


2 mkm, rugosidade n = 0,015 e largura 3,O m, existe uma comporta plana verti-
cal de igual largura, cuja carga a montante é H = 1,8 m e abemira no fundo b =
0,JO m. Suficientemente afastado da comporta instalou-se um vertedor retangular
de parede tina com duas contraçóes laterais, largura da soleira igual L = 2,80 m
e altura p = 0,40 m. Verifique a possibilidade da ocorrência de um ressalto hi-
dráulico. Se houver, calcule as alturas conjugadas e trace o perfil d'água en-
tre a comporta e o vertedor, indicando claramente os tipos de curvas de
remanso que ocorrem, os níveis normal e crítico e a altura d'água imediata-
mente a montante do vertedor.
[Há ressalto; y l = 0,357 m; yz = y, = 0,585 m; perfil- curva M3, ressalto,
curva Mi de y,= 0,585 m até y = 1,12 m]

13.6 Um canal retangular, suficientemente longo, de 1,O m de largura, I, =


0,001 mim, n = 0,015, transporta em regime permanente e uniforme uma certa
vazão, com uma altura d'água igual a 0,50 m. Em uma determinada seção
necessita-se de uma altura d'água igual a 0,80 m e para isso instalou-se um
vertedor retangular de parede delgada, com largura igual à largura do canal.
Detennine:
a) a vazão transportada;
b) a altura p da soleira do vertedor;
c) o tipo de curva de remanso que ocorre a montante do vertedor. Justi-
fique.
a) [Q = 0,42 m3/s]; b) [p = 0,43 m]; c) [curva Mil
-
Hidraulica Básica Cap. 13
448

-
13.7 Um reservatório é controlado por uma comporta plana e vertical, com
abertura de fundo igual a 0,40 m e carga a montante igual a 3,28 m. A água é
descarregada em um trecho de canal com declividade de fundo I,) = 0,01 m/m
e coeficiente de mgosidade de Manning n = 0,020. Este pnmeiro trecho é segni-
do por outro no qual a altura d'água normal é y,z = 1,0 m. Considerando o ca-
nal bastante largo e os trechos l e 2 suficientemente longos para permitir a
ocorrência do regime uniforme, determine:
a) a vazão unitária;
b) a profundidade normal do trecho 1;
c) os tipos de regime nos dois trechos;
d) a linha d'água desde a comporta até a altura normal do trecho 2, in-
dicando claramente as curvas de remanso existentes e calculando as
alturas conjugadas de um eventual ressalto.
a) [q = 1,80 m3/(sm)]; b) [y,i = 0,54 m], c) [trecho 1 torrencial, trecho 2 fluvial];
d) [curva&,ressalto com yl = 0,455 m e yz = 0,869 m, curva Si até y02 = 1,0 ml

13.8 Um longo canal retangular de 0,s m de largura, n = 0,018, I, = 0,0047


m/m transporta uma certa vazão. Colocando-se no canal um vertedor retangu-
lar de parede espessa de 0,10 m de altura, a altura d'água imediatamente an-
tes do vertedor passou a ser y = 0,25 m e após o vertedor formou-se um
ressalto. Determinar:
a) a vazão no canal;
b) As alturas conjugadas do ressalto;
C) O tipo de curva de remanso a montante do vertedor
a) [Q = 0,055 m31s]; b) [yi = 0,077 m e yi = y, = 0,143 m]; c) [curva MI de
yo = 0,143 m até y = 0,25 m]

13.9 Um canal trapezoidal bastante longo,


com lagura de fundo igual a 1,20 m, taludes
lV.IH, n = 0,018 e declividade de fundo igual
a 0,001 m/m, termina com uma queda brus-
ca em um reservatório prismático de 2,0 m
de largura, controlado por uma comporta pla-
na e vertical de mesma'largura, com abertura
de fundo igual a 0,15 m, descarregando livre-
mente. Sendo a altura d'água na seção A igual
Figura 13.23 Problema 13.9. a 0,30 m, determine:
a) a vazão descarregada;
-
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado
449

-
b) o tipo de curva de remanso a montante da seção A;
c) a altura H a montante da comporta
a) [Q = 0,71 m3/s], b) [curva Mil; c) [H = 0,94 m]

13.10 Um canal retangular de 1,20 m de largura transporta, em regime uni-


forme, uma certa vazão com altura d'água igual a 0,25 m e número de Froude
igual a 2,O. Em uma determinada 9eção existe um bueiro de concreto, com
entrada em aresta viva, de 0,60 m de dilimetro e 3,O m de comprimento, des-
carregando livremente Sendo a rugosidade do canal n = 0,015, determine:
a) a vazão transportada;
b) a declividade de fundo;
C) a altura d'água imediatamente antes
do bueiro;
d) a possibilidade de ocorrência de um
ressalto hidráulico; se houver, calcu-
le as alturas conjugadas e a perda de
carga;
.-.---------..-
e) o perfil da linha d'água, indicando
os tipos de curvas de remanso e os
níveis normal e crítico. Figura 13.24 Problema 13.10.
a) [Q = 0,94 m3/s]; b) [I, = 0,022 mlm];
c) [y = 1,18 m]; d) [ressalto com yi = y,= 0,25 m e y2 = 0,593 m; AE 5 0,07
m]; e) [ressalto e curva SI de y2 = 0,593 m até y = 1,18 m]

13.11 Um reservatório de grandes dimen-


sóes descarrega em um canal retangular largo
e longo, de declividade de fundo I, = 0,005
mim, n = 0,020. Suficientemente afastada da
saída do resematório existe uma pequena bar-
ragem de elevação, com perfil tipo Creager e
coeficiente de vazão igual a 1,95. Desprezan-
do a perda de carga na entrada do canal e com
Figura 13.25 Problema 13.11.
os dados da Figura 13.25, determine:
a) a vazão unitária;
b) a altura d'água próxima da barragem;
c) o perfil da linha d'água no canal, indicando os tipos de curvas de re-
manso, as alturas conjugadas de um eventual ressalto hidráulico e os
níveis normal e crítico.
-
Hidraulica Básica Cap. 13
450

-
a) [q = 2,24 m9/sm];b) [y G 2,30 m]; c) [curva Sz, ressalto com yi = y, =
0,76 m e yz = 0,84 m , curva Si de yz = 0,84 m até y = 2,30 m]

13.12 Um loiigo canal retangular de 2,O m de largura, mgosidade n = 0,015


e declividade de fundo I, = 0,0004 mlin, possui lia extremidade de jusante uma
comporta plana e vertical de mesma largura e coeficiente de vazão dado pela
Equação (1 2.56). Quando a aberhira da comporta for b = 0,48 m, determine
qual deve ser a vazão i10 canal para que a montante da comporta não ocorra
curva de remanso nem tipo M I nem tipo Mi.

13.13 Uma comporta plana e vertical descarrega água em um canal retan-


gular de 1,50 m de largura, suficientemente longo para que se estabeleça re-
gime uniforme, rugosidade i i = 0,018. A comporta tem a mesma largura do
canal, abertura de fuiido b = 0,30 m, coeficiente de contiação da lâmina C, =
0,60, carga a montante H = 1,80 m e de~cairega liviemeiite. Deterinine.
a) a vazão descarregada no canal;
b) a energia específica disponível na seção contraída da lâmina;
C) a declividade de fundo do canal para que a alma coiijugada do ressalto,
a jusante da comporta, no regime torrencial, seja igual a 0,35 m,
d) a perda de carga no ressalto;
e) o tipo de curva de remanso que se forma entre a comporta e o ressalto
(justifique).
a) [Q = 1,47 m3/s]; b) [E G 1,70 m]; c) [I, = 3,74.10-' d n i ] ; d) [AE G 0,02 m];
e) [curva M31

13.14 Em uma determinada seçáo de um loiigo canal retaiigular, de 2,O m


de largura, rugosidade n = 0,020 e declividade de fuiido I, = 0,002 mlm, a al-
tura d'água é igual a 0,18 in e o número de Froude vale 3,28. Siificientemen-
te distante e a jusante desta seçáo existe uma comporta plana, vertical, de
largura igual à do çaiial, com abertura no fundo b = 0,25 in, descarregando li-
vremente.
a) Verifique a possibilidade de ocorrência de um ressalto hidráulico no
canal. Calcule, se for o caso, suas alturas conjugadas.
b) Venfique a possibilidade de ocorrência de uma curva de remanso a
montante da comporta. Justifique qual o tipo de curva.
-
Cap 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado
451

-
c) Existe a possibilidade de alterar a abertura da comporta para que ela
funcione sem provocar o aparecimento de alguma curva de remanso
a sua montante?
a) [há; y, = 0,22 m; yz = 0.65 m]; b) [curva Mil; c) [não há]

13.15 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,0 m, taludes


lH:lV, transporta uma certa vazão, em regime uniforme, com altura d'água
igual a 1,O m e o número de Froude do escoamento igual a 0,70. Em uma certa
\ seção existe uma barragem cujo descarregador é constituído por 3 tubos de
concreto com entrada em aresta viva, de 0,60 m de diâmetro, 6,0 m de com-
primento, colocados horizontalmente no fundo do canal e descarregando livre-
mente na atmosfera.
a) Determine a vazão transportada.
b) Determine a altura d'água imediatamente a montante da barragem.
c) Ocorre um ressalto hidráulico a montante da barragem? Justifique.
d) Ocorre curva de remanso no canal? Justifique qual.
a) [Q = 3,58 m3/s]; b) [y = 1,79 m]; c) [não ocorre ressalto]; d) [curva Mil

13.16 Em uma seção de um canal trapezoidal


de 10,0 m de larnura de fundo, inclinação dos ta- .. -
ludes 2H:lV, deilividade de fundo I, 10,001 m/
m e coeficiente de mgosidade n = 0,020, a cota de
/ e\ -
PO~+V

0.50 m
. ........
......
fundo é de 886,50 m. Para uma vazão máxima es- I ~~~~~~~

perada de 60,0 m31s, o nível d'água nesta seção al-


cança a cota de 889,50 m. Deseja-se construir
uma ponte a 1200 m a montante da seção, confor-
me a Figura 13.26, de modo a garantir uma folga
886.50m
de 0,50 m entre o nível d'água no canal e o tabu-
leiro da ponte. Determine a cota mínima do tabu-
leiro da ponte. Utilize a planilha REMANSO.XLS F i ~ r 13.26
a 13.16.
adotando um decremento Ay = 0,05 m.
[Cota = 890,45 m]
13.17 Na Figura 13.27, a profundidade do escoamento imedia-
tamente a jusante da comporta é de 0.60 m e a velocidade média
na seção, de 12 mfs. Para um canal bastante largo, com mgosidade
n = 0,018, em contra declividade com I = - 0,005 d m , determi-
ne a altura d'água na extremidade de jusante, 60 m da comporta.
C 60 m
[y = 0,854 m] Figura 13.27 Problema 13 17
-
Hidráulica BBsica Cap. I 3
452

13.18 Em um distrito de imgação existe um canal trapezoidal,


uniforme, com largura de fundo b = 6,O m, inclinação dos ta-
ludes Z = 2, declividade de fundo I, = 0,0005 m/m e coeficiente
de rugosidade da fórmula de Manning n = 0,018. Querendo-se
determinar a vazão, mediram-se as profundidades em duas se-
ções distantes 500 m entre si. Na seção de jusante, a altura d'água
é igual a yi = 1,60 m e, na seção de montante, yz = 1,50 m, con-
forme a Figura 13.28. Sendo o escoamento fluvial, determine a
Figura 13.28 Problema 13.18. vazão, usando a planitha REMANSO.XLS.

13.19 Num canal trapezoidal com largura de fundo h = 2,0 m, inclinação dos
taludes Z = 1 5 , declividade de fundo I, = 0,002 d m , rugosidade equivalente das
paredes e fundo E = 0,003 m (cimentado), transporta uma vazão Q = 12 m3/s
Existindo na extremidade de jusante um reservatório cuJa superfície livre está
na cota 1,60 m,sendo zero a cota de fundo do canal na saída, determine:
a) a curva de remanso que ocorre no canal;
b) a cota do nível d'água em uma seção situada a 100 m a montante da
entrada do reservatório.
a) [curva Mil; b) [cota = 1,632 m]

103.00 m 13.20 Uma comporta plana, vertical e de


mesma largura controla a entrada de água em
um canal retangular, de 2,O m de largura, decli-
vidade de fundo I, = 0,002 d m , rugosidade n =
..~~~. 0,020, suficientemente longo. e que desemboca
em um reservatório com N.A. na cota 98,50,m,
conforme a Figura 13.29. \
a) Determine vazão descarregada.
h) Determine tipo de declividade do canal, forte
Figura 13.29 Problerna 13.20 ou fraca. Justifique.
C)Esboce o perfil d'água da comporta até o re-
servatório de jusante, indicando claramente
as curvas de remanso existentes e as alturas
normal e crítica.
d) Ocorrendo um ressalto hidráulico determine as alturas conjugadas, a
perda de carga e o comprimento.
e) Sendo o coeficiente de contração da lâmina sob a comporta igual i C, =
0,60, calcule a que distância da seção contraída se formará o ressalto.
Cap 13 E a u r n s n t a Permanente Grsdwlrnente Varjado
83 I
a) [Q = 2,61 m7/s]; b) [fraca y, < y,]; c) [curva M? + ressalto+ curva Mil,
d) [y I= 0,294 m; y? = y, = 0,95 m; AE = 0,253 m; L, 2 4,6 m]; e) [ x = 12,7 m]

13.21 Um reservatório descarrega água através de 2 tubos circulares de con-


creto com entrada em aresta viva, de 3 m de comprimento e 0,30 m de diâme-
tro, todos horizontais e assentados na mesma cota, em um canal trapezoidal de
0,60 m de largura de fundo, taludes IH:IV, declividade I, = 0,001 mlm, n =
0 020, que termina 115 m a jusante da saída dos tubos, em uma queda brus-
c& altura d'água imediatamente antes da queda brusca é igual a 0,35 m.
Determine:
a) a vazão descarregada;
b) o tipo de declividade do canal, fraca ou forte;
c) a carga H sobre os tubos;
d) o tipo de curva de remanso que se forma a montante da queda brns-
ca; justifique.
a) [Q = 0,526 m3/s]; b) [fraca declividade]; c) [H = 1,10 m]; d) [curva Mz]

13.22 Um pequeno canal trapezoidal com 0,s m de largura de fundo, taludes


IH:lV, declividade de fundo I, = 0,030 m/m, coeficiente de rngosidade n =
0,020, transporta, em regime permanente e uniforme uma vazão de 0 3 0 m'ls.
Em uma determinada seção existe um vertedor trapezoidal, tipo Cipolletti, com
largura da soleira igual a 1,O m e altura p = 1 ,O m.
a) Determine o tipo de declividade do canal, forte ou fraca
b) Determine a altura d'água imediatamente antes do vertedor
c) Ocorrendo um ressalto hidráulico a montante do vertedor, determine
suas alturas conjugadas.
d) Esboce o perfil da linha d'água a montante do vertedor, indicando
claramente as curvas de remanso que ocorrem.
a) [forte declividade]; b) [y = 1,30 m]; c) [yi = y, = 0,195 m e y2 = 0,35 m];
d) [y, + ressalto + curva Si de y = 0,35 m até. y = 1,30 m]

13.23 Considere um canal de grande declividnde, com uma seção qualquer,


conforme a Figura 13.30. A carga total H, em uma seção, correspondente à
Equação 7.17, no caso, é descrita como:

h Q2
H = Z + - + ~ , na qual:
cose 2gA-
h é aprofundidade do canal na seção considerada, medida perpeii-
dicularmente ao fundo do canal.
-
H~draulicaBásica Cap. 13
454

-
e A é a área molhada da seção transversal do canal
1 - - -.,d-2gAt
z~ ,-0'
8, o ângulo formado entre o fundo do canal e a hori-

. zontal.
Q, a vazão no canal, em regime permanente.
Para o sistema de referência zx adotado, mostre
que a equação diferencial da linha d'água para canais
de grande declividade é dada por:
dh - tg8 -1, dH a declividade
em que I, = --é
x dx - 1- ~~2 dx
Figura 13.30 Problema 13.23. COSO
da linha de energia.

13.24 Em alguns açudes existentes na região semi-árida do Estado do Cea-


rá, os vertedores são colocados em uma lateral do reservatório, com soleira em
cota bem especificada, com uma folga em relação à cota de coroameuto da bar-
ragem, mesmo para um nível d'água no reservatório correspondente i vazão
máxima de projeto a ser descarregada. Tais estnituras são normalmente canais
retangulares curtos, com largura da ordem de grandeza do comprimento, ter-
minando em queda brusca ou transição em forte declividade. Os vertedores
têm baixas declividades, algumas vezes simplesmente abertos em rocha por
dinamitação, sem revestimento. Fator importante no projeto da estrutura glo-
bal é determinar a curva cota-descarga do vertedor, isto é, a relação entre o N.A.
no reservatório e a vazão descanegada, que geralmente tem a forma: q = aHp,
em que a e p são parâmetros a determinar por regressão; q, a vazão unitária; e
H, a carga sobre a soleira na entrada do vertedor, como na Figura 13.31. Deter-
minar a relação cota-descarga do vertedor, observando que por ser canal de fraca
declividade irá se estabelecer no ve~tedoruma curva de remanso tipo M2, com
altura d'água na saída igual a y,. Variar a altura d'água na saída de 0,5 m a N
m de 10 em 10 cm e calcular, em cada caso, a curva de remanso pelo "step
method", variando as alturas d'água nas seções, de 1 em 1 cm até o comprimento
L. Para cada valor de y, tem-se a vazão q e pela curva de remanso, o valor de
H corres~ondentea uma abscissa L. Determinar
.~~
~...~
... ~ . . . ~
~~.... oara os 10 ares de valores o e H os oarâmetros
a e p por regressão. Use uma planilha eletrônica
para desenvolver o "step method", adaptada da

Figura 13.31 Problema 13 24.


Dados: n = 0,040, I, = 0,0005 mim, L = 62 m e
b (largura) = 30 m.
ESCOAMENTO VARIÁVEL EM CANAIS
''Mastenha cuidado. A pwnoca 86d4
em iloo e canais de pouca prdundidade.
osinnaeviteaguao rasas, prasure
Iugare.11~ndos.com mais de 7 mevos.
k t ã a não haver6 periga" A pororoca d8
no -o& mieenchente, quando rios s
lgraper náoasuentama p W o &
mw4, nasuas bacasetianaba&m
numa onda de 1.5 a 2.5 me-, mmforça
e velasidsde incdveio.

[Velejando o Brasil, Geraldo Tollena


Linsk]

Nos capítulos anteriores desenvolveram-se as formulações matemáticas


para vários aspectos de escoamentos permanentes em canais. Entretanto, a
grande maioria dos escoamentos livres se dá normalmente em condições de re-
gime variado e não permanente, nos quais as características mudamem fun-
ção do tempo e do espaço.
Se as alterações sofridas pelo escoamento são de pequena magnitude e
ocorrem de modo progressivo, pode-se supor, como simplificação, que o es-
coamento seja permanente, ao menos em intervalos curtos de tempo, aplican-
do-se as conceituações já apresentadas. Há, entretanto, situações físicas em que
esta suposição não é admissível, como, por exemplo, ondas de cheia em canais,
nos ou sistemas de drenagem, alterações de nível e vazão produzidas pela par-
tida ou parada de bombas ou turbinas hidráulicas, ondas originadas por mano-
bras de comportas em canais de irrigação, rompimentos de diques ou barragem
etc.
O tratamento matemático deste tipo de escoamento é bem mais comple-
xo, mesmo em situações mais simples como a propagação de uma onda de
cheia em um canal prismático e retilíneo, no qual não ocorra extravasamento
da seção nem aporte lateral de vazão.

Uma onda é definida como uma variação temporal e espacial da altura


do escoamento (tirante de água) e da taxa de vazão. O comprimento de onda
L é a distância entre duas cristas sucessivas, a amplitude a da onda é a altura
entre o nível máximo da superfície livre e o nível d'água em repouso e a al-
tura H é a diferença de cotas entre as cristas e os cavados.
As ondas podem ser classificadas de várias maneiras, como ondas ca-
pilares, nas quais o fator preponderante na propagação é a tensão superficial.
e ondas de gravidade, cuja ação preponderante é a atração gravitacional. São
-
Hidráulica Básica Cap. 14
456

I_

chamadas de águas profundas se a relação entre o comprimento de onda L e


a profundidade da água y, distância entre o fundo do canal e o nível d'água
estático, for menor que 20 e de águas rasas, caso contráno. Uma onda é chama-
da de onda oscilatória se não existe transporte de massa na diueção de propaga-
ção; são em geral ondas provocadas pelos ventos e importantes em Hidráulica
Marítima. Ondas de translação são aquelas que envolvem deslocamento de mas-
sas líquidas da sua posição original, como ondas de cheias em rios e canais.
As ondas de translação podem ser classificadas como onda solitária, que tem
um tramo de ascensão e outro de depleção e um único pico, e trem ou siste-
ma de ondas, que é um gmpo de ondas sucessivas. Uma onda de translação que
tenha o tramo de depleção (frente de onda) de modo íngreme é chamada de surto
ou vagalháo. Em relação às ondas em canais, estas são ditas ondas positivas se
a altura d'água atrás da onda (intumescência) é maior que a altura d'água no es-
coamento não perturbado no canal e ondas negativas se a altura d'água atrás
da onda (intumescência) é menor que a altura d'água no escoamento não per-
turbado no canal (ver Figura 14.1).
Confonne foi discutido na SeçãolO.5, a celeridade da onda c é defini-
da como a velocidade relativa de propagação em relação ao meio liquido, en-
quanto a velocidade ou celeridade absoluta da onda V , é a velocidade medida
em relação as margens do canal. A relação entre estas duas velocidades, no es-
coamento unidimensional, é dada pela Equação 10.30, na forma:

na qual o sinal positivo é usado se a onda se propaga na sentido do escoamento


e o sinal negativo é usado se a onda se propaga no sentido contrário ao escoa-
mento.
Para ondas de gravidade de pequena amplitude, tratadas no Capítulo 10,
negligenciando os efeitos de viscosidade e tensão superficial, a expressão da
celeridade, desenvolvida por Airy, Henderson (28), é dada por:
\

em que L é o comprimento de onda e y, a altura do escoamento não perturbado.


No caso de ondas de águas profundas, em que y >> L, a tangente hi-
perbólica tende ao valor 1, tanh (2nyL) + 1, e a celeridade toma-se:
-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


457

-
Para ondas de águas rasas, em que L >z y, a tangente hiperbólica tende
ao valor do arco, tanh (2nylL) 3 2nylL, e então a celeridade de tais ondas é
expressa por:

Observe que a expressão é mesma deduzida na Seção 10.5


O tratamento matemático das ondas
de translação no escoamento não perma-
nente em canais pode ser dividido em dois
, -
a) Ondaposiuvadejusnnic

V-,
+ L+T
b) Onda n e g a I h de monlante

.- - -
Ay>O Ay<D v, +
gmpos. No caso das ondas de cheias, em ......
...... ~ ~ ~~...
~~~~~~
~~~~~

que o escoamento é considerado como len-


tamente variável, serão utilizadas as eaua-

1-e
ções deduzidas na Seção 14.4, enquanto se
o escoamento não estacionário for raprda- Escoamento 1 Intumescêncta Intuineicencia 1 Esçoainento
mente variado, se manifestando por uma inicial I inicial
brusca alteração na profundidade da água, Q Q+AQ Q+AQ I Q
AQ<O AQ<O
como, por exemplo, gerado pelo fechamen-
to rápido de uma comporta, equações bem C) Onda positiva de montante d ) Onda negativa dejusante
mais simples serão deduzidas na próxima
Seção.

14.3 ONDAS DE TRANSLAÇÁO -


1
ESCOAMENTO RAPIDAMENTE - (

VARIADO A a
Iniumesc8ncia i Escoamento Escoamento i Innimescência
I inicial ~niiial
14.3.1 NOTAÇÃO I
A i Q Q 1 Q+AQ
O escoamento não estacionário era- AQ>O AQ>O
pidamente variado caracteriza-sepor uma Figura 14.1 Geraçáo de ondas por variação brusca AQ de vazão.
superfície livre com uma bmsca variação na
profundidade da água. A variação bmsca na
linha d'água é provocada por uma variação bmsca de vazão AQ, que forma uma
descontinuidade Ay chamada defrente da onda. Após esta descontinuidade, de
comprimento desprezível, o corpo da oada se desenvolve paralelamente à super-
fície da água do escoamento estabelecido inicial (ver Figura 14.1). Como con-
seqüência, no corpo da onda a vazão é igual a Q + AQ.
Há quatro diferentes tipos de ondas nesta condição, conforme aFigura
14.1, Favre (201, páginas 33-44, e Graf (26), página 32.
-

Hidrâulica Básica Cap. 14


458

-
a) Se a perturbação é provocada por uma variação da vazão AQ em uma
seção situada a montante, a onda propagar-se-á no sentido da corrente
e 6 chamada de onda de montante.
a l ) Se o transitório for produzido por um aumento na vazão, AQ > O, a
linha d'água estará acima do nível d'água inicial, Ay > O, e a pertur-
bação é dita onda positiva de montante, ver Figura 1 4 . 1 ~ .
a2) Se o transitório for produzido por uma diminuição na vazão, AQ < 0,
a linha d'água estará abaixo do nível d'água inicial, Ay < 0, e a
perturbação é dita onda negativa de montante, ver Figura 14.lb.
b ) Se a perturbação é provocada por uma variação da vazão AQ em uma
seção situada a jusante, a onda propagar-se-á no sentido contrário da
corrente e é chamada de onda de jusante.
b l ) Se o transitório for produzido por um aumento na vazão, AQ > O, a
linha d'água estará acima do nível d'água inicial, Ay > O, e a pertur-
bação é dita onda positiva de jusante, ver Figura 14.ld.
62) Se o transitório for produzido poruma diminuição na vazão, AQ < 0,
a linha d'água estará abaixo do nível d'água inicial, Ay < O, e a
perturbação é dita onda negativa de jusante, ver Figura 14.la.
A Figura 14.2 apresenta os quatro tipos
Aberiurn da comparta Fechamento dr comporta de onda, em um escoamento rapidamente
variado, provocados pela abertura ou fecha-
de jusante de montante
mento de uma comporta plana e vertical em um
canal.
......
-~....... ......
.....
AQ>o - aQ.0 - 14.3.2 ALTURA E VELOCIDADE
P DE UMA ONDA
Figura 14.2 Exemplo dos quatro tipos de ondas de translação
Nesta Seção serão derivadas equações
que permitem a determinação da altura da onda
Ay e da celeridade absoluta V,, devido a uma súbita mudança na vazão. O
equacionamento é idêntico ao desenvolvido na Seção 10.5, para perturbaçõe~
de pequena amplitude. As hipóteses adotadas são praticamente as mesmas,
como canal horizontal sem atrito, distribuição de pressão hidrostática e distri-
buição uniforme de velocidade em ambas as seções a montante e jusante da
perturbação, descontinuidade abmpta na altura d'água, de comprimento des-
prezível e aspecto constante, e superfície da água atrás da onda paralela à li-
nha d'água não perturbada.
Seja, conforme a Figura 14.3a, o escoamento não permanente rapida-
mente variado provocado pela abertura brusca de uma comporta plana sobre
um escoamento uniforme inicial de velocidade média Vi. A velocidade média
Vz da água e o aumento da profundidade Ay, a montante da descontinuidade,
P

Cap. 14 Escoamento VariBvel em Canais 459

-
são provocados pelo aumento da
vazão AQ. A Figura 14.3a mos-
tra a visão de um observadores-
tacionário, postado na margem,
enquanto a Figura 14.3b mostra a
visão de um observador que se
desloca para jusante com veloci-
d e i g u a l à celeridade absoluta Figura 14.3 Transformação do escoamento variável em pemanente.
da onda V,.
A altura da onda e a sua celeridade podem ser determinadas pela apli-
cação da equação da continuidade e do teorema da quantidade de movimento ao
volume de controle da Figura 14.3b, transformando o escoamento variável em
escoamento permanente pela sobreposição de um campo de velocidade - V,,
à situação original da Figura 14.3a.
Na condição de escoamento permanente e fluido incompressível as
equações ficam:
a ) Equação da continuidade

IY.dà = O :. (V, -V,)A2 = (V, - V,)A,


(14.5)
SC

b) Teorem da quantidade de movimento


Para um canal horizontal e sem atrito, tensão de cisalhamento nula nas
paredes e fundo, as únicas forças que atuam sobre o volume de controle são
devidas às distribuições de pressão hidrostática nas seções 2 e 1, assim:

na qual C F, é a soma das forças externas sobre o volume de controle, na di-


reção positiva x, e y a altura vertical desde a superfície livre até o centróide
da seção de escoamento.

Substituindo o termo (V2 - Va) da Equação 14.5 na expressão anterior,


desenvolvendo e simplificando, fica:
-
H~dráulicaBásica Cap 14
460

-
(V, -V,)' = g A >(% A2 -71 Ai)
A , (A2 - A , )

Como no caso da Figura 14 3 trata-se de uma onda poiitiva de moiitan-


te, sua celetidade V, é superior i velocidade do eicoamelito não perturbado V I ,
pois a onda se desloca para jusante. Assim, a Equação 14 7 fica:

Por comparação com a Equação i 4 1, o teimo dentro da raiz na Equa-


ção 14 8 é a celeridade relativa da onda, então.

A altura da onda Ay = yz - y I, provocada pela mudança bmsca na vazão,


pode ser determinada pela seguinte relação entre alturas do escoameiito e ve-
locidades nas seções 1 e 2, obtida eliminaiido-se o parâmetro V, nas Equações
14.5 e 14.7, na forma:

Conhecendo-se os valores de yi e V I , ou Q I , para uma determinada


variação na vazão passando de Q I para Q2, pode-se determinar os valores de
yz e V2 pela Equação 14.10 e Q2 = VZA,, através de um processo de tentativa
e erro. A celeridade absoluta V,pode ser determinada pela Equação 14.8hara
uma onda positiva de montante.
No caso particular importante do canal ser retangular, as expressões são
simplificadas como segue. Sendo b alairgura do canal, A I = by I , A2 = byz, 7,
= y 11
2 e V, = ~212,substituindo essas relações na Equriqão 14.9 e simplificando,
vem:
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
461

-
Observe que para ondas de pequena amplitude, na qual y 1 = yz = y, a
Equação 14 11 toma-se a Equação 14.4.
A celeridade absoluta é determinada substituindo AI = byi e A: = by: na
Equação 14.5, e simplificando torna-se:

Ainda no caso da seção retangular, eliminando-se V, entre as Equações


14.7 e 14.12, chega-se a:

Esta equação representa a relação entre as velocidades inicial e final e


as alturas d'água a montante e a jusante da onda.
Levando-se em conta que, extraindo a raiz quadrada da Equação 14.13
obtém-se duas soluções, uma para a onda positiva se propagando para montan-
te e outra para jusante, com o mesmo argumento usado para chegar à Equa-
ção 14.8, pode-se escrever:
a) Onda positiva de montante V, = VI + c (sentido da corrente):

b ) Onda positiva de jusante V, = VI - c (sentido contrário da corrente):

Para o caso de uma onda negativa, Ay < O, um desenvolvimento aná-


logo leva às seguintes relações:
a) Onda negativa de montante V, = VI + c (sentido da corrente):

(V, -V,) = - J g(Y2-;;;;;-Y?)


7

Htdraulica Basica Cao 14


4h2

-
b) Onda negativa de jusante V, = Vi - c (sentido contrário da corrente):

EXEMPLO 14.1

Um canal retangular de 2,O m de largura transporta uma vazão de


1,60 m3/s, com altura d'água igual a 1,O m. Determinar a altura de uma onda
(vagalhão) e sua celeridade absoluta e relativa se a vazão é subitamente ele-
vada para 3.50 m3/s na extremidade de montante do canal.
~ AQ = QZ- Qi = 1,90 m3/s a montante, trata-se
Pela Figura 1 4 . 1 para
de uma onda positiva de montante.
A velocidade no escoamento não perturbado vale:

v, =----
QI - 1,60 = 0,80m/s
by, 2.1,0

Na seção 2 tem-se:

Substituindo na Equação 14.14, fica:

Portanto, a altura da onda vale:

Ay = y2 - yi = 1,214 - 1.0 = 0,214 m

Pela Equação 14.11, a celeridade relativa vale:


A celeridade absoluta é dada pela Equação 14.12, ou diretamente da
Equação 14.1 com o sinal conveniente:
V, = V i + c = 0,SO + 3,63 = 4,43 m/s

EXEMPLO 14.2
uma mda da translaF"io positiva, sm um
canal *,angular com profunmdade no
Um canal retangular de 3,O m de largura e lâmina d'água igual a 0,90 m escoamento nao perturbado y. = 1.20 m
alinieiita uiua estação elevatória que recalca uma vazão nominal de 2,O m3/s. e velocidade media V = 1.90 Ws, pode
subir O canal com uma celeridade
&vendo uma interrupção súbita das bombas, qual a altura e celeridade abso- absoluta de 3.80 mls?
luta da onda de translação no canal que se propaga para montante"
Com a paralisação total das bombas, tem-se AQ = - 2,O m7/s, portanto
na seção de jusante Qz = O e Vz = O. No escoamento não perturbado, tem-se:

v, =----
QI - 'O - 0,74m/s
by, 3.0,90

Para uma onda positiva de jusante, pela Equação 14.15, vem:

Portanto, a altura da onda será Ay = y? - yl = 1,137 - 0,90 = 0,237 rn.


Pela Equação 14.1 1, a celeridade relativa vale:

A celeridade absoluta vale: V, = V I - c = 0,74 - 3,55 = - 2,81 mls.

14.3.3 ONDA DE TRANSLAÇÃO NEGATIVA


Uma onda de translação negativa é caracterizada pelo abaixamento da
superfície líquida, em relação ao nível do escoamento não perturbado, assu-
mindo uma forma alongada com uma gradual inclinação da linha d'água.
Ocorre a jusante de uma comporta em uma manobra de fechamento ou a mon-
tante em uma manobra de abertura. Uma onda positiva apresenta uma frente
de onda em forma escarpada, com a parte superior da frente se propagando
mais rapidamente que a inferior, mas se estabelece um equilíbrio entre os dois
níveis e a onda positiva guarda uma forma estável que se assemelha a um
-
H~dráulicaBásica Cap. 14
464

-
reisalto hidráulico móvel. Já na onda negativa, a parte superior da frente que
se propaga com velocidade mais alta que a parte inferior tem a tendência de
se afastar desta. A forma de uma onda negativa não permanece estável, mas va-
ria em função do tempo à medida que a onda se afasta da comporta
Uma análise simplificada das características de uma onda negativa pode
ser feita utilizando-se a equação da continuidade e o teorema da quantidade de
movimento, assumindo a formação de uma perturbação elementar em um ca-
nal liso. A integração da equação gerada fomece o perfil da superfície líquida
como função do tempo e a velocidade de deslocamento da onda como função da
U m onda de tramla.la~áonegtniva de
profundidade ou como uma função da posição no canal e do tempo.
montante pode se propagar em senti-
do contr6rio h corrente? A partir de um desenvolvimento análogo ao efetuado na Seção 10.5,
pode-se combinar as Equações 10.21 e 10.22 para achar a equação diferencial
que relaciona a profundidade do escoamento à velocidade média na seção. Em
forma de diferenciais totais a combinação das duas equações leva a:

e daí:

o que leva a duas soluções

A integração da Equação 14.20 fomece a relação entre a velocidade


média em uma seçâo e profundidade, na forma:

O sinal superior (+) corresponde às ondas elementares negativas que se


propagam no sentido do escoamento inicial, ver Figura 14.lb. e o sinal infe-
rior (-) corresponde às ondas em sentido contrário, ver Figura 14.ld.
Para a determinação da constante de integração, adotando, como ante-
riormente, o índice 1 para a seção do canal ainda não atingida pela perturba-
ção, isto é, para V = Vi e y = y,, a constante é calculada e a Equação 14.21
toma-se:
Cap 14 Escoamento Variavel em Canais

1 I
465

Utilizando-se as Equações 14.1 e 14.4, obtém-se a celeridade absoluta


para as pequenas ondas, como:

Esta celeridade é a velocidade de propagação do elemento de altura Ay


da intumescência.
Para o caso de onda negativa de montante, conforme a Figura 14.4, a
Equação 14.23 é escrita como:

Assumindo como referência espacial a abscissa x = 0, posição da com-


porta no tempo t = O, a posição da onda, a jusante da comporta em um tempo
t qualquer é dada por x = V,(y) t, portanto.

A equação anterior é a expressão do lugar geomé-


trico dos pontos da superfície livre da onda, em cada ..
tempo t. A velocidade V(y) em função do espaço x e do
tempo t pode ser obtida eliminando-se y nas Equaçóes ----- .

14.24 e 14.25.
Figura 14.4 Onda negativa de montante.
v(y) = -
3
2-
VI + -x(y)
3 t
- -
2
3
6 (14.26)

Considerando-se uma onda negativa de jusante, ver Figura 14.I d, a


equação correspondente à Equação 14.23 fica sendo:

EXEMPLO 14.3 Adaptado de Graf (26), página 78.

Em uma instalação hidroelétrica, o canal de admissão de água para a


turbina é retangular, com largura b = 10,0 m. Para um escoamento permanen-
te e uniforme, com uma vazão Q = 40 m3/s, a altura d'água normal vale y I =
y, = 1,58 m. Quando ocorre uma redução de carga na máquina, a comporta pla-
-
466
Hidráulica Bhsica Cap. 14

-
na e vertical a montante da turbina é parcialmente fechada de modo instantâneo,
fixando a vazão de admissão em Qr = 0,5 m3/s.
a) Determine as características das ondas de montante e de jusante que
partem da seção da comporta.
b) Determine a forma da frente destas ondas.
Devido ao fechamento parcial da comporta, a situação hidráulica no ca-
nal é equivalente aquela mostrada na Figura 14.2b, com uma onda positiva de
jusante e outra negativa de montante.
a)) Cálculo da onda positiva de jusante
Para O escoamento não perturbado (uniforme), a velocidade Vi vale:
QI = V~.b,yl= 40 - + V I= 40/(1,58~10)= 2,53 m/s
Na seção da comporta, a vazão é bmscamente reduzida para 0,5 m3/se
a equação da continuidade fica:
Qr = Q2 = V2 b.yz = 0,5 +V2 = 0,5/(10.yz) = 0,051~2
Pela Equação 14.15, onda positiva de jusante, y2 > y I, vem:

1
A celeridade relativa da onda é dada pela Equação 14.11

I A celeridade absoluta é dada pela Equacáo


1
Onda positiva de psante
14.12, ou diretamente da Equação 14.~1com sinal
conveniente:
V,,, = Vi - C = 2,53 - 6,O = - 3,47 m/s
q-z,71rn
- Qf=0s5 m 3 1 ~ e n Acom Figura 14.5 mostra as características do escoa-
t o a onda positiva de jusante, de altura Ay =
1,13 m, se propagando para montante com uma frente
Figura 14.5 Exemplo 14.3: onda positiva de jusante.
escarpada e razoavelmente estável.
-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


467

a2)Cálculo da onda negativa de montante


Pela Equação 14.16, onda negativa de montante, yz < yl, com as mes-
mas condições iniciais da Seção anterior, vem:

Portanto, a altura da onda vale: Ay = yz - yi = - 0 3 0 m.


A celeridade relativa da onda é dada pela Equação 14.11.

k
A celeridade absoluta é dada p Ia Equação 14.12,
A Onda negativa de montante

Escoamento uniforme

ou diretamente da Equação 14.1, com o sinal conve-


niente:
V, = Vi + c = 2.53 + 2,39 = 4,92 mls
Figura 14.6 Exemplo 14.3:onda negativa de montante.
A Figura 14.6 mostra as características do escoa-
mento com a onda negativa de montante, de altura
Ay = - 0,80 m, se propagando para jusante com uma frente instável e que vai
se abatendo (achatando).
bz) Detemtinaçiio da forma da frente da onda negativa.
Para uma onda negativa de montante, a celendade absoluta, em função
da profundidade, é dada pela Equação 14.24.
As celeridades para a parte superior (y = yi = 1,58 m) e o pé da frente
de onda (y = yz = 0.78 m) são determinadas pela equaçáo anterior, como:
e para y = yl = 1,58 m

V,, = 2,53 + 34- -24-= 6,471111s

para y = yz = 0.78 m

V,, = 2,53 + 34- -2d- =2,95m/s

Para profundidades intermediárias, entre yz = 0,78 m e y~ = 158 m,as


celeridades são calculadas da mesma forma, conforme Tabela 14.1. Em segui-
da, pode-se determinar a posição x, de cada profundidade y no tempo t, após
o fechamento parcial da comporta, através da Equação 14.25.
Hidráulica Básica Cap 14
468

Arbitrando-se os tempos t, pode-se levantar a forma da onda negativa de


montante, x = f(y), pela equação citada Fixando-se três diferentes tempos t =
10, 60 e 120 s, após o fechamento da comporta, a forma da onda é calculada
na Tabela 14.1 através da planilha EXEM(14.3) XLS (ver diretóno Variável),
e mostrada na Figura 14.7.
Observe a mudança do aspecto da frente de onda (alongamento da frente)
com o passar do tempo.

O 100 200 300 400 SW 600 700 800 900 IMO


Dtstâncta x (m)
Figura 14.7 Forma da frente da onda negativa.

I
Uma onda do rransi.(io negravi d
um. O".% po.itiva i"".",.% ou um.
onda positiva movena-.. pai* l r k 7
Tabela 14.1 Determinaçáo da forma da frente de onda negativa de montante
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
469

-
O escoamento em um canal é dito não permanente ou variável se a
profundidade da água, assim como os outros parâmetros hidráulicos, va-
riam com o tempo. O escoamento não permanente é, em geral, também
não uniforme ou variado.
As leis básicas da Mecânica, as quais servem de base para os estu-
dos relativos aos transitórios hidráulicos em escoamentos livres, são a
equação da continuidade (conservação da massa) e a equação dinâmica
(quantidade de movimento). Tais relações podem ser obtidas a partir de
um conjunto de hipóteses, algumas delas já utilizadas na Seção 8.2, como:
escoamento unidimensional, distribuição de pressão hidrostática, canal de
baixa declividade, canal prismático-de declividade constante, fluido
incompressível com vazão dada por Q = V(x,t) . A(x,t) e perda de carga no
regime variável computada por uma equação de resistência do regime
permanente e uniforme.

14.4.1 EQUAÇÃODA CONTINUIDADE


Considere o volume de controle elementar de comprimento dx, no
qual o escoamento se processa da seção 1 para a seção 2, como mostrado
na Figura 14.8. Sendo x uma abscissa medida ao longo do canal, A, a área
da seção reta, y, altura ou tirante d'água, B, largura do canal na superfície 11-
vre, p, massa específica da água e V, velocidade média na seção 1, a equa-
ção da continuidade pode ser escrita, de uma maneira geral, na forma:

isto é, a vazão em massa através da superfície de controle (S.C) é


igual à diminuição por unidade de tempo da massa (p.dVol) no v
interior do volume de controle (V.C).
Na hipótese do fluido ser incompressível, p = cte., a equa- V,A+& (VrA)dn
ção da conservação da massa fica reduzida à conservação do
volume, na forma: Figura 14.8 Volume de controle elementar.

Aplicando a Equação 14.29 ao volume de controle da Figura 14.8,


observando que o produto escalar, na parte da superfície de controle corres-
pondente à seção 1, é negativo e que não há aporte lateral de vazão, vem:
-
Hidráulica Básica Cap. 14
4,0

A variação de volume é o resultado de uma modificação na superfí-


cie livre ayldt, entre as duas seções distanciadas de dx durante o intervalo de
tempo dt, e que corresponde a.

ay = Vy representa a velocidade
na qual B é a largura na superfície livre e -
at
com que está se movimentando verticalmente a superfície livre de água:
Portanto, a variação do volume fica sendo:

aA
ay d x =-dx
B
at at
Substituindo este resultado na Equação 14.31, a equação da conti-
nuidade torna-se:
-

Como para canais de fraca declividade a componente V, pode ser


considerada igual à velocidade média na seção V = QIA, vem:

Na equação anterior, A e V são variáveis dependentes e x e f , variá-


veis independentes. A Equação 14.33 também pode ser escrita na forma:

e como a equação da continuidade, assume também a forma:


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Se uma vazão lateral suplementar sai ou entra no canal, entre as duas


seções 1 e 2, a Equação 14.34 é modificada como:

na qual q, é a vazão suplementar por unidade de comprimento das margens,


com o sinal negativo se for influxo (entrada) e positivo se for efluxo (saída).

14.4.2 EQUAÇÃO DINÃMICA


-
A aplicação do Teorema da Quantidade de Movimento ao fluido que no
instante t ocupa um volume de controle genérico é dada por:

isto é, o somatório de todas as forças que atuam sobre o fluido contido no


volume de controle (V.C) é igual ao fluxo por unidade de tempo da quantida-
de de movimento através da superfície de controle (S.C), mais a variação por
unidade de tempo da quantidade de movimento da massa no interior do volu-
me de controle.
As forças aplicadas ao volume de conirole da Figura 14.9 são: a resul-
tante da força de pressão hidrostática nas seções 1 e 2, a componente da for-
ça gravitacional no sentido do escoamento e a força de atrito nas paredes e
fundo do canal. Estas três forças foram determinadas na Seção 8.2 e valem,
respectivamente.

a) pressão a
dF = -y A- Y dx, no sentido contrário a x;
Jx

b) gravidade + W, = -y A-dx
az = y AI, dx, no sentido de x;
ax
c) atrito + F, = - z, P dx, no sentido contrário de x, sendo P o perí-
metro molhado da seção.
A força de atrito pode ser escrita em função de Ir, declividade da linha
de energia, assumindo válida, para o escoamento não permanente, a Equação
8 5 e a equação generalizada de Darcy-Weisbach, na forma:
-

Hidráulica Básica Cap. 14


4,2

-
V' A dx V'
P dx =- pf- -dx =-yf- - A = - yd(AH)A
8 8 R, 4 % 2g

Como a declividade da linha de energia é dada por:

vem: F, = - y If Adx. Portanto, a força resultante sobre o volume de controle,


no sentido do movimento. vale:

O lado direito da Equação 14.37 pode ser determina-


do por partes, calculando-se as duas integrais, tendo em
vista o volume de controle da Figura 14.9, observando-se
o sinal do produto escalar da primeira integral.
As integrais são determinadas como:

~s,cY(PY.dÃ)=-P~2~+P~2~+-(P~2~)dx
a
Fiwra 14.9 Volume de controle.
ax

a
V(p d Vol) =-(pVA)dx = p [A-
aV aA
+ V-]dx (14.40)
a
t at at

Somando as Equações 14.39 e 14.40, para ter a variação total do


momentum, vem:

Mas pela equação da continuidade, Equação 14.33, tem-se:


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
473

Substituindo esta expressão na anterior e operando, fica:

Finalmente, comparando com a Equação 14.38, tem-se:

Dividindo todos os termos por p A dx, a expressão final fica:


L

As Equações 14 35 e 14.43, estabelecidas pela primeira vez por Saint-


Venant' em 1870, constituem um sistema de duas equações, em derivadas
parciais, em x e t, que descrevem, sob as hipóteses fixadas, os escoamentos não
permanentes em canais. A integração exata das equações de Saint-Venant é
muito complicada e sua solução analítica só é pos~ívelem casos muito espe-
ciais. Existem, entretanto, diferentes técnicas numéricas para sua resolução.
Os termos da Equação 14.43 podem ser rearranjados, de modo a se in-
dicar o significado de cada termo para um particular tipo de escoamento, na
forma:

1 - I - - - ay V
--
av iav
f - o
ax ax at

Permanente uniforme+ I 1 I
Permanente não uniforme-, I I
Não permanente não uniforme+ /
No caso do escoamento permanente não uniforme, em que aV& = O, a
Equação 14.44 se reduz ao resultado do Problema 13.1, mostre.
-
Hidráulica Basica Cap. 14
474

-
14.5 SIMPLIFICAÇÕES DAS EQUAÇOES DE SAINT-VENWT
As equações completas do escoamento não permanente variado, Equações
14.35 e 14.44, requerem, para sua resolução, elaboradas técnicas numéricas bem
como uma grande quantidade de dados hidráulicos do canal, principalmente se
forem aplicadas aos cursos d'água naturais ou ao escoamento superficial em
uma bacia hidrográfica.
Para a dedução das equações algumas hipbteses simplificadoras foram
adotadas: fluido incompressível; escoamento unidimensional, no qual a velo-
cidade média é representativa da variação espacial na seção e o sentido predo-
minante do escoamento é longitudinal; distribuição hidrostática de pressão na
vertical, desprezando-se eventuais efeitos de componentes de aceleração verti-
cal; variação gradual das seções transversais e ausência de singularidades como
contrações, pilares d e ponte, soleiras de fundo etc; e, finalmente, assumindo
que a declividade da linha de energia possa ser calculada por uma equação
estabelecida para o regime permanente e uniforme, como a fórmula de
Manning ou Chézy.
Observando-se cada um dos termos da Equação 14.44, estes podem ser
considerados como a representação de um gradiente ou declividade. O primei-
ro termo é a declividade energética que leva em conta o atrito. O segundo e
terceiro termos representam a declividade da linha d'água I, e são termos de
gravidade e pressão. O quarto e quinto termos representam a declividade de-
vido à variação da velocidade no espaço e no tempo e são termos de inércia.
A situação hidráulica do curso d'água, como declividade, largura da
seção, existência de várzeas etc., impõe uma importância relativa a cada um
dos termos da equação dinâmica geral, Equação 14.44. Segundo Henderson
(28) para rios com declividade de fundo I, > 0,002 mlm, os dois termos de
inércia na equaçâo são, em geral muito pequenos, podendo ser desprezados
com o objetivo de diminuir a dificuldade matemática da resolução do proble-
ma. Também, conforme Cunge et a1 (141, baseados na observação de uma onda
de cheia no rio Reno, mostram que a ordem de grandeza dos termos de inér-
cia é 10-', enquanto que a dos termos de atrito e gravidade é 10." Assim, des-
prezando-se os termos devido às acelerações local e convectiva, termos de
inércia, a Equação 14.44 é simplificada como:

Esta equação, associada à equação da continuidade, Equação 14.34, for-


ma a base do modelo hidráulico de propagação de ondas de cheias denominado
modelo de difusão ou não rnercial. Tais modelos são aplicados nos casos em
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
475

-
que não há grande variação espacial e temporal da velocidade no processo de
propagação.
Se além dos termos de inércia for também desprezado o termo de pres-
são, ayldx = O, aequação do momentum assume a sua forma mais simplificada
possível como:

com a declividade da linha de energia Ir sendo calculada pela fórmula de


Manning.
Esta equação, associada à equação da continuidade, Equação 14.34, for-
ma a base do modelo hidráulico de propagação de ondas de cheias denominado
modelo onda cinemática.
A utilização da Equação 14.34,juntamente com a Equação 14.44 em sua
forma completa, sem desprezar nenhum termo, constitui o modelo de propa-
gação de cheia denominado modelo hidrodinâmico. Tal metodologia propicia
uma maior precisão na descrição do escoamento, à custa de uma maior difi-
culdade numérica de resolução das eqÚações diferenciais e mais necessidade
de dados que os modelos de difusão e onda cinemática.

14.5.1 ONDA CINEMÁTICA


Partindo-se de uma equação de resistência válida para o escoamento
permanente e unrfonne, dada pela expressão de Chézy, a equação dinâmica,
Equação 14.44, pode ser escrita como:

Para o escoamento permanente e uniforme, a equação simplifica-se na


forma:

Portanto, a relação entre a velocidade média V, ou a vazão Q, e a pro-


fundidade y, ou o raio hidráulico R h , é dada por, ver Figura 14.10:
a) relação biunívoca pela Equação 14.48;
b) relação não biunívoca em forma de laço pela Equação 14.47. A lar-
gura do laço indica a importância relativa dos termos de inércia e de
pressão na Equação 14.47.
H~draullcaBasica Cap 14
476

Escoamento uniforme
A relação Q = f(y) é chamada de relação cota-descarga ou
f (onda cinemátaca) curva chave e possui as seguintes caracten'sticas:
a ) no escoamento não permanente, a mesma vazão Q ocorre para duas
profundidades y diferentes, conforme o nível d'água esteja subin-
do ou descendo, onda de cheia em ascensão ou depleção. Este fato
ocorre pela influência do termo de aceleração local (l/g)(aV/at);
(onda dinãmica) b) o nível máximo de água atingido não corresponde à máxima va-
zão, que ocorre antes deste nível ser atingido;
c) a linha tracejada intermediária corresponde ao escoamento unifor-
Figura 14.10 Repre8entação de uma curva de me, modelo onda cinemática.
descarga em laço.
O conceito de onda cinemática foi introduzido por Lighthill e
Whitham (36) como sendo uma onda na qual a vazão Q é somente
funçãa da profundidade y, o que implica que os outros termos de declividade
na Equação 14.44 sejam desprezíveis e, como conseqüência, I, = IE.Conside-
rando a existência de uma onda com estas características e utilizando a equa-
ção da continuidade, Equação 14.34, vem:

sendo B a largura na supedície, a equação anterior pode ser reescrita como:

Da teoria da diferenciação parcial, pode-se escrever:

Imaginando um observador que se desloca no sentido da onda com uma


veloc~dadeigual ? celendade
i da onda, do seu ponto de vista, tanto a vazão Q
quanto a profundidade y permanecem constantes Assim a Equação 14.51 tcr-
na-se:

Da comparação entre as Equações 14.50 e 14.52, conclui-se que:


-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


477

O termo CKé denominado celeridade da onda cinemática, que de acor-


do com a Equação 14.53 só admite valores positivos, diferentemente da ce-
lendade das ondas de gravidade, V
. = V f c, que pode assumir valores positivos
(no sentido da corrente) e negativos (sentido contrário i corrente).
Como ambos, A e Q, são funções de x e t, pode-se escrever a seguinte
equação usando a regra da cadeia da derivação:

Substituindo a Equação 14.54 na Equação 14.49 e desenvolvendo fica:

A onda cinemática possui as seguintes


propriedades: I,
a ) A onda cinemática propaga-se somen-
te para jusante, direção positiva de x.
b) O aspecto da onda cinemática não mu-
da ao longo do percurso, não havendo
atenuação na altura da onda, ver Figu-
ra 14.11.
c) A velocidade da propagação é dada por: Figura 14.11 Propagação da onda cinemática.

A Equação 14.53 também pode ser colocada na forma:

Demonstra-se que o termo dV/aA é sempre positivo, portanto a veloci-


dade da onda cinemática é superior à velocidade média do regime uniforme.
.
Hidrdulica Básica Cap. 14
478

-
A aplicabilidade do modelo onda cinemática, como uma aproximaçXo
válida para a equação dinâmica completa, é dada por Woolhiser e Liggett (59),
na forma:

na qual V ( d s ) é a velocidade média no regime uniforme, I,(m/m), a de-


clividade de fundo do canal e L(m), o comprimento do trecho do canal em
estudo.

EXEMPLO 14.4

Qual a relação entre a velocidade da onda cinemática CKe a velocida-


de média V em um canal retangular, suficientemente largo, Ri, = y, de de-
clividade de fundo I, e coeficiente de rugosidade de Manning n?
Para um canal retangular largo, a fórmula de Manning é escrita como:

Pela Equação 14.55, vem: C, = V + A- av


av = V +y -
JA ay

EXEMPLO 14.5

Para um canal retangular, nas mesmas condições do exemplo anterior,


se uma onda de gravidade se propaga para jusante com velocidade V, igual à
velocidade de uma onda cinemática CK,mostre que o número de Froude no
escoamento não perturbado vale 13.
5
A condição do enunciado impóe que: V, = V + c = C, =-V
3

Logo, C= a 2
= - V e da definição de número de Froude vem:
3
Cap 14 Escoamento Variivel em Canais
1 1
479

Para uma seção retangular de largura b, a expressão da celeridade da


onda cinemática, dada pela Equação 14.53, pode ser determinada, a partir da
fórmula de Manning, da seguinte forma:

Efetuando a derivada da vazão em relação a y e simplificando, obtém-se


uma expressão geral da celeridade da onda cinemática em canais retangulares.

EXEMPLO 14.6

Em um canal retangular, em concreto n = 0,015, de largura b = 4,O m


e declividade de fundo I, = 0,0015 m/m, escoa em regime uniforme uma va-
zão de Q, = 10,23 m3/s, com altura d'água y, = 1,20 m. Durante a passagem
de uma onda d e cheia, a vazão aumenta liriemente até um valor Q - 50 m3/s
T
no tempo tp = 20 min e decresce também linearmente até o valor inicial dava-
zão, nos 60 min seguintes. Usando o modelo onda cinemática, determine o
hidrograma de cheia em uma seção a L = 2000 m de distância da seção inicial.
Como o hidrograma de cheia é triangular, as relaçóes tempo-vazão são
dadas por funções lineares na forma:

para 2 0 < t C 8 0 m i n - t Q = Q p - Qp -Qo (t-t,) =


60

para t > 80 min + Q = Q, = 10,23 m31s.


-
Hidráulica Básica Cap. 14
480

-
- Ver diretono var!avel no endereqo
eleldnco www eeic so usp bdnhs na
Utilizando a planilha CINEMÁTICA.XLS*, monta-se o hidrograma
na seção x = O pelas expressões lineares anteriores, e para cada vazão deter-
area Ensino de Graduaqão
mina-se o parâmetro K2 = n.Ql(bgi3 ver Seção 8.4.1. A planilha calcula
o valor da relação ylb, dada pela Equação 8.49, e então o valor de y As
várias vazões do hidrograma inicial, de forma individual, são propagadas
para jusante, cada uma com sua própria celeridade calculada pela Equação
14.59, função de y. Para cada valor da celeridade CK,calcula-se o tempo de
percurso da onda At = L/CK,o tempo d e chegada da onda (vazão individual)
é a soma do tempo de partida, coluna 1, com o tempo de percurso, coluna
---e -
7, r- n- n-.-f n- -r.m arnlanilhn
.-..A -a -..,
-.- -a ceoiiir
Planilha de cálculo do E x e m ~ l o14.6.

2 ::yJ,200:'
10
\\ '-
1000 2WO 3W0

Tempo ( 5 )
Figura 14.12 Hidrogramas do Exemplo 14 6
4000 5000
,
6000
Na mesma planilha, coloca-se em gráfico o hidro-
grama original e o propagado, conforme Figura 14.12.
Observe que não há atenuação do pico de vazão do hi-
drograma propagado, há somente um deslocamento no
tempo.
O modelo onda cinemática, a despeito de suas Iim-
tações, pela simplicidade, muitas vezes é incorporado a
modelos de transformação chuva-vazão em projetos de
drenagem urbana, na simulação do escoamento em canais,
coletores pluviais ou mesmo sobre os terrenos da bacia.
Neste caso, em geral a relação biunívoca entre a vazão e a
altura d'água ou área molhada é dada por
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
481

-
em que a e m são parâmetros da onda cinemática para a geometria parti-
cular do canal.
Como restrição de aplicação, o modelo onda cinemática não é reco-
mendável em situações de escoamento com influência de jusante, como
remansos provocados por estrangulamentos, lagos, barragens etc, uma vez
que o termo relativo à pressão, aylax, foi desprezado.

14.6 PROPAGAÇÁO DE CHEIAS EM RIOS


A propagação de uma onda de cheia em um curso d'água natural é
um processo muito mais complexo que em um canal prismático e
retilíneo. Mesmo que no trecho do rio em estudo não haja afluentes, a
variação espacial da geometria da calha, da declividade e do pr6prio coe-
ficiente de rugosidade torna a descrição do fenômeno bem mais difícil. A
aplicação das equações gerais de Saint-Venant exige um esforço matemá-
tico e de levantamento de dados que muitas vezes toma seu uso impraticá-
vel.
Do ponto de vista prático, muitas vezes lança-se mão de métodos
aproximados, genericamente denominadormodelos hidrológicos ou de
armazenamento, que não levam em conta a equação da quantidade de
movimento, Equação 14.44, desprezando, portanto, os efeitos dos termos
de pressão, inércia, atrito e gravidade. Neste tipo de modelo, somente é con-
siderado no processo de propagação e atenuação da onda o efeito do arma-
zenamento temporário na calha principal e nas áreas de inundação.
Os modelos que usam as equações completas de Saint-Venant são
denominados modelos hidráulicos.
Os métodos hidrológicos são baseados nos conceitos de prisma de
annazenamento e cunha de armazenamento que ocorrem no trecho do canal du-
rante a passagem de uma onda de
cheia. O aspecto físico do problema
é revelado pela comparação do es- unha de amazenamento
coamento permanente e uniforme e
o escoamento decorrente da passa-
gem da onda pelo mesmo canal.
Considerando a Figura 14.13a e 1

denotando por I a vazão afluente


ao trecho e por O a vazão efluente, L
na condição de regime permanente Escoamento permanente e uniforme Escoamento variável
e uniforme I = O, a declividade d a
linha d'água é paralela ao fundo e a Figura 14.13 Passagem da onda de cheia no canal.

- -
-
-
Hidrauiica Bãsica Cap 14
482

-
trecho é relativamente fácil de ser obtido por uma equação S = f(0). Por ou-
tro lado, na propagação da cheia pelo trecho, o escoamento é não uniforme,
como mostra a Figura 14.13b, e a linha d'água tem declividade diferente da
declividade do fundo, além de se alterar se a cheia estiver na fase ascensional
ou em depleção. Na situação de escoamento não permanente, tem-se I # O e
Ai + AI.

14.6.1 MÉTODO MUSKINGUM


A descrição do processo da propagação da onda de cheia pelo canal, no
método hidrológico, é baseada exclusivamente na equação da continuidade e
relações aproximadas entre o armazenamento na calha e as vazões de entra-
da I e de saída 0.A equação da continuidade, em forma de diferenças finitas,
aplicada ao volume de controle da Figura 14.13b, é escrita como:

Como tanto I quanto O varem com o tempo, então, para um dado in-
tervalo de tempo At, podem ser aproximados pela média aritmética dos valores
no início e no final do intervalo. Por outro lado, a variação no armazenamento
AS, positiva ou negativa, pode ser expressa como a diferença dos armaze-
namentos no final e no inlcio do intervalo. Assim, a Equação 14.61 pode ser
discretizada como:

O método Muskingum foi desenvolvido por McCarthy em 1938, a par-


tir de trabalhos e controle de cheias desenvolvidos na bacia do no Muskingum,
nos Estados Unidos, e utiliza a equação da continuidade, Equação 14.61, e
relações entre o armazenamento S e as vazões de entrada I e de saída O no tre-
cho. O armazenamento dentro do trecho do rio, em um dado tempo, é expresso
por.

na qual as vazões de entrada e saída são relacionadas com a.yn,pela fórmula


de Manning, com a e n constantes. O armazenamento no trecho é relaciona-
do com b ym,com b e m constantes e y, a altura d'água. O parâmetro x é um
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
483

-
fator de ponderação que espelha a influência relativa de I e O na determinação
do armazenamento no trecho.
O método Muskingum assume m/n = I e b/a = K, resultando em uma re-
lação linear simples entre armazenamento e vazões, na forma:

em que K tem unidade de tetiipo e é denominada constante de tempo de trân-


sito para o trecho, representando o tempo médio de deslocamento da onda
entre o início e o fim do trecho. O fator de ponderação x varia entre O e 0 3 ,
com valor típico para muitas correntes naturais igual a x = 0,2.
O procedimento numérico para o cálculo da propagação é feito usando
a equação da continuidade, na forma de diferenças finitas, para cada interva-
lo de tempo At adotado. Substituindo a Equação 14.64 na Equação 14.62 e
desenvolvendo, fica:

Resolvendo a Equação 14.65 paraQ,,~, obtém-se:

com:

Na Equação 14.66, pode ser visto que, se K, x, I, , I,+(e O, são conhe-


cidos, esta pode ser facilmente resolvida para O,+$.Este valor é usado como
O, no início do próximo intervalo de tempo At e assim sucessivamente.
-
Hidráulica Basica Cap 14
484

-
NO processo de propagação da cheia, para que não haja possibilida-
de da vazão estimada 0, ser negativa, a relação entre os parâmetros K, x e
o inrervalo de tempo At deve satisfazer.

No uso do método, os parâmetros K e At devem ter a mesma unida-


de, horas ou dias.
O processo numérico do cálculo da propagação da chela em um trecho
do canal, conhecidos as vazões de entrada I, e os parâmetros K e x e fixado o
intervalo de tempo At, torna-se bem simples com o uso de uma planilha eletrâ-
nica, como o programa MUSKINGUMI .XLS,* conforme Exemplo 14.7.
O método Muskmgum, assim como o método da onda cinemática, não
leva em conta efeitos de jusante, como remanso provocado por barragens, obs-
truções etc. Também não há g a p t i a de que uma cheia de maior envergadura
que a cheia medida, irá se comportar de maneira igual, isto é, terá os mesmos
valores de K e x.

EXEMPLO 14.7

As vazões medidas a cada seis horas, na seçáo de um rio são dadas


na tabela abaixo. Sendo os parâmetros do método Muskingum, para um
trecho a jusante da seção, dados por K = 12 h e x = O,],propague a cheia
usando um intervalo de tempo At = 6 h e assumindo para t = O vazões
iguais no início e fim do trecho.

Fixando nas células A4, B4, C4 e G4, da planilha, os valores de K, x,


At e 0 2 = 11= 28 m3/s os coeficientes C,, C, e C? são calculados diretameute
pela Equação 14.67 e a planilha calcula, pela Equação 14.66, o
hidrograma de cheia no final do trecho. Observe que, na propagação, a
onda foi atenuada com o pico passando de 280 m3/s para 197,41 m3/s e
atrasado em 12 h.
Outras simulações podem Ter feitas rapidamente, alterando-se na
planilha os valores de K e x
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
485

Planilha de cálculo do Exemplo 14.7

14.6.1.1 DETERMINAÇÁO DAS CONSTANTES K E x


No método Muskingum, o parâmetro K é usualmente estimado pelo
tempo de trânsito de uma onda de cheia através de um trecho do rio, enquan-
to o valor do parâmetro x é escolhido, em geral, entre 0,l e 0,3.Entretanto, se
ambos os hidrogramas na entrada e saída do trecho do cio forem conhecidos,
através do levantamento das vazões durante um episódio de cheia, melhor esti-
mativa de K e x pode ser feita por um método gráfico simples.
O volume acumulado ES-é grafado contra a vazão ponderada, xI + (1 -
x)O, para vários valores de x, e o gráfico que mais se aproximar de uma fun-
ção linear é o que provê o melhor valor de x. O método Muskingum assume
que esta relação é uma linha reta com coeficiente angular igual a K, dado pela
resolução da Equação 14.69, na forma:

Normalmente, um rio deve ser dividido em vários trechos para a apli-


cação do método Muskingum, cada um deles podendo ter valores diferentes
de K e x.
A planilha MUSKINGUM2.XLS pode ser usada para a determinação
rápida dos parâmetros do método, K e x, de um trecho de um rio, conhecen-
do-se os hidrogramas da cheia em duas seções distintas, conforme o Exemplo
14.8.
-

-
Hidráulica Básica Cap. 14
486

EXEMPLO 14.8

O levantamento de vazões em duas seções de um rio, no intervalo de 6


horas, é mostrado na tabela abaixo. Determine o valor do parâmetro de trânsito
K e o parâmetro de ponderação x mais indicados para a cheia registrada

Na planilha MUSKINGUM2,XLS, foi fixado na célula A4 o valor de x


assumido em cada tentativa e, na célula B4, o valor do intervalo de tempo das
medições, na unidade dia ou hora, conforme o caso. O armazeiiamento, coluna
5, é calculado com os valores médios das vazões de entrada e saída do trecho,
no intervalo At-Para cada valor de x adotado, colocaiido-se em gráfico as co-
lunas 4 e 6, rapidamente verifica-se a linearidade dos valores, dando um clique
com o botão direito do "monse" colocado sobre os poiitos. Abrindo o item "in-
serir linha de tendência", escolhe-se o modelo linear e se tem aequação da reta
de regressiio e o coeficiente de determiiiação. O coeficieiite angular da reta é
o valor da constante de trânsito K, conforme Equação 14.69. Para os três va-
lores escolhidos de x, x = O,], x = 0,2 e x = 0,3, aFigura 14.14 indica amelhor
linearidade para x = 0,2, coeficiente de determinação R' = 0,9964, portanto, pela
equação da reta, K = 24,64 h.

Figura 14.14 Gráficos para a determinação de K e x


-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
487

-
A tabela a seguir mostra os cálculos para x = 0.2

Planilha de cálculo do Exemplo 14.8

14.7 MÉTODOS NUMIERICOS PARA A RESOLUÇAO DAS


EQUAÇÕES DE SAINT-VENANT
As Equações 14.35 e 14.43 formam u i o n j u n t o de equações diferen-
ciais parciais do tipo hiperbólico, que, devido à presença de termos não linea-
res, só admite soluções analíticas em problemas muito simplificados.
Normalmente se lança mão de métodos numéricos, de diferentes tipos, para a so-
lução das equações. As técnicas numéricas de discretização do domínio mais
comumente utilizadas são o método das características, métodos de diferen-
çasjinita e método dos elementosfinitos. Nesta seçáo, serão discutidos o mé-
todo das características e métodos de diferenças finitas mais comumente
utilizados na simulação do escoamento variável com superfície livre.

14.7.1 MÉTODO DAS CARACTER~STICAS


Um dos métodos mais eficientes para o cálculo ou modelagem de um
escoamento transitório em canais é o método das características, que relacio-
na as derivadas com as celeridades de propagação das ondas. O método está
embasado no conceito da propagação das ondas dinâmicas, expressa pela
-
H~draulicaBasica Cap 14

-
celeridade relativa c. As equações diferenciais a derivadas parciais são trans-
formadas em um sistema deequações difereiiciais ordiiif~rias,por meio da as-
sociação entre as variáveis iiidepeiideiites x e t e a celeridade relativa de
propagação das ondas.
A equação da continuidade, Equação 14 35, obseivando que a derivada
parcial da área A em relação i variável x pode ser esciita na forma:

na qual B é a largura do canal na supeifície livre, toriia-se:

Uma combinação linear das Equações 14.43 e 14.7 1 pode ser obtida
multiplicando-se a Equação 14.71 por um inultiplicador descoiihecido h # O
e somando-se à Equação 14.43, o que i-esulta em:

que desenvolvida fica:

Os dois termos entre colchetes da equação aiiterior correspondem às


derivadas totais de dV/dt e dyldt, as quais são:

Comparando as Equações 14.72, 14.73 e 14,74, vem:


Cap 14 Escoamento Variavel em Canais
489

A celeridade relativa de uma onda de água rasa, em um canal de forma


qualquer, é dada pela Equação 10.29 como:

Multiplicando-se as Equações 14.75 e 14.76, obtém-se a relação entre


o multiplicador desconhecido h e a celeridade da onda c.

Substituindo a Equação 14.77 na Equação 14.75, fica:

Finalmente, a Equação 14.72 fica sendo:

-
d V + --
g d y = g(1, - I,) sujeita a
dt c dt

-d x= v + c
dt

Portanto, as duas equações diferenciais parciais foram transformadas em


um par de equações diferencias ordinárias, n0.s variáveis dependentes V e y. A
Equação 14.79 é chamada de caracter;stica positiva e a Equação 14.80, carac-
terística negativa. Em um plano x - t, a Equação 14.79 é válida ao longo da
curva característica positiva C+, enquanto a E q u a ç ã ~14.80 é válida ao longo
da curva característica negativa C-, ver Figura 14.15.
* - C B

X
>

Figura 14.15 Curvas caracte6sticas.


-
Hidráulica Básica Cap 14
490

-
Deve ser observado que, enquanto as Equações de partida 14.43 e 14.71
são válidas para quaisquer valores de x e t, as Equações transformadas 14 79
e 14.80 são válidas somente ao longo das curvas características.
Multiplicando as Equações 14.79 e 14.80 por dt e integrando ao longo
das características A P e BP, obtém-se:

P P P
dV - dy= g (I, - 1,)dt (14.82)
C
A A A

No cálculo das integrais, o$ valores de c e If ao longo das característi-


cas devem ser conhecidos, isto é, V e y ao longo das características devem ser
conhecidos, pois c e If sâo funções de V e y. Entretanto, V e y são as incógni-
tas do problema a serem determinadas, portanto algum tipo de aproximação
deve ser utilizado para calcular as integrais. Assim, assume-se que os valores
de c e Ir computados usando V e y no tempo anterior, pontos A e B, são váli-
dos ao longo de toda a linha característica AP e BP, respectivamente. Com esta
aproximação, as Equações 14.81 e 14.82 podem ser transformadas em:

nas quais os subscritos se referem aos pontos da grade de domínio no plano


x - t, em que as variáveis são calculadas
A resolução simultânea das Equações 14.83 e 14.84, conhecendo-se os
valores daV e y nos pontos A e B, fornece os valores destas variáveis no ponto
E? As equações podem ser rearranjadas para o cálculo das incógnitas VP e yp,
na forma:
Equação característica positiva 4 Vp = Cp- CAyp (14.85)
Equação característica negativa + VP = Cn+ CA yp (14.86)
-
Cap. I4 Escoamento Variável em Canais
491

-
nas quais as quantidades conhecidas são combinadas em duas constantes C, e
C,, dadas por:

Note que C, e C, são constantes durante o intervalo de tempo tp - t~ e


tp - t ~respectivamente,
, embora possam variar de um intervalo a outro.
A aplicação de qualquer método numérico para a modelação de escoa-
mento variável em um canal exige o conhecimento das condições iniciais, que
descrevem a altura do escoamento, velocidade ou vazão em todos os pontos do
canal no tempo t = 0.
Também são necessárias as chamadas condições defronteim ou condições
de contorno, que se referem à altura, velocidade ou vazão nas extremidades de
montante e jusante do trecho de canal, para todo tempo t z 0.
Discretizando o trecho do canal em N tramos de comprimento Ax, as
equações características desenvolvidas podem ser aplicadas, em cada tempo t,
em todo o domínio do problema, desde a seção xi = Ax até XN.I = (N-1)Ax.
Há necessidade de mais uma equação característica positiva entre as se-
ções XN-I e X N > condição de contorno de jusante, e outra equação característi-
ca negativa entre as seções xi e x,, condição de contorno de montante.

14.7.2 MÉTODOS DE DIFERENÇAS FINITAS


O processo numérico de resolução de equações diferenciais, ordinárias
ou parciais, consiste em substituir os termos que contenham derivadas por apro-
ximaçks de diferenças finitas e resolver as equações algébricas resultantes.
Considere uma função f(x) contínua, definida em um certo intervalo, e
x, um ponto conhecido e pertencente à função. A expansão, através de série de
Taylor, da função f(x) no entorno do ponto x, é dada por:
-
H~üraulicaBásica Cap 14
492

em que ~ [ ( A x )representa
~] os termos restantes da série que contêm potências
de As maiores ou iguais I? quarta ordem. Rearrajando cada equação e dividindo
ambos os membros por Ax, sendo O[(Ax)] os terinos restantes da série que
contêm potências de Ax maiores ou iguais a um, fica:

Se forem desprezados 07 termos ielativos ao erio O(Ax), obtém-se as se-


guintes expressões para as aproximaçõei poi diferenças finitas

fl(x,) =
f (x, + Ax) - f (x,)
(14.92)
As

f@) f(x,) -f(x,- Ax)


f ' ( ~ " )= ( I 4 93)
As

I . :_ x,-AX XX, X, + A X
,
x
A Equação 14.92 é chamada de rh~~rcn~(~~nif~ipro~re.isivn
Eq~lação14.93 é chamada de chfireng~~~finit~~
enquanto a
Ambos os esquemas são
~z~rt'.rs/'vn.
ditos de primeira ordem, isto é, os erros inerentes em ambas as equaçóes são de
primeira ordem. D o ponto de vista da repreçeiita$ão geométrica do coil-
ceito de derivada, conforme a Figura 14.16, a tangente à curva no ponto de
rigura
14,16 Aproni,naçjo por dire. abscissa x,, é o valor de f'(x,), enquanto as Equações 14.92 e 14.93 indicam, I-es-
renças finitas. pectivamente, a declividade das retas que passani por PB, na diferença finita pro-
gressiva, e AP na diferença finita regressiva.
Outra possibilidade de aproximaçáo do vnloi- da derivada no ponto, por
diferenças finitas, é através da declividade da linha que passa por AB, que pode
ser determinada eliminando-se f(x,) nas Equações 14.92 e 14.93, o que leva a:
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
493

-
A Equação 14.94 é chamada de diferençafinita centrada, e é um esque-
ma de aproximação de segunda ordem, isto é, com precisão melhor que os an-
teriores.
..,-o oue
~ L node
~ ~ - ser
r - verificado
~ - - ~ - eeometricamente na Fieura 14.16.
~ ---- ~~~~

0~~~~ ~~~ ~ ~ ~ 0

Na aplicaçáo da técnica de diferenças finitas a um problema físico qual-


quer, o domínio do problema (região dos valores assumidos pela variável in-
dependente geométrica) é discretizado por uma grade de pontos ou grade
computacional. Por exemplo, na modelação unidimensional do transitório em
um canal, por meio de métodos de diferenças finitas, o comprimento do canal
é dividido em tramos, normalmente de comprimento uniforme Ax, e as extre-
midades de cada tramo representa um nó da grade ou nó computacional. Se
o trecho do canal é dividido em N - 1 tramos, o primeiro nó (extremidade de
montante) tem índice 1 e o último nó (extremidade de jusante) tem índice N.
O primeiro e o último nó são chamados de nós de fmnteira e os restantes de
nós interiores. O processo computacional é feito em intervalos discretos de
tempo e a diferença entre dois valores de tempo consecutivos é chamada de in-
tervalo de tempo computacionol.
Para um problema hidrodinâmico unidimensional
em um canal, a formulação do problema é expressa pela
equação da continuidade e pela equação da quantidade de
movimento, aproximadas por técnicas de discretização do
domínio. A Figura 14.17 mostra uma grade de pontos
cujo objetivo consiste em determinar os valores de y(xi,tk) _ ,t
e V(xi,tk) nos pontos do domínio unidimensional O 5 x 5 L,
caracterizados por x, = 1,2,...,N e nos tempos tr = 1,2,...,M.
Neste caso, o domínio foi discretizado em intervalos de
comprimento Ax e o tempo t, em intervalos At, de modo Figura 14.17 Grade computacional.
que x, = (i - I)Ax e tk = (k - l)At.
Conhecendo, em um tempo t qualquer, a velocidade V e a altura d'água
y, em todos os pontos da grade (horizontal), pode-se determinar seus valores
no tempo t + At. Quando t = 0, corresponde às condições iniciais do proble-
ma que devem ser conhecidas.
Com a finalidade de simplificar a notação das equações discretizadas,
o seguinte critério é adotado na representação das variáveis dependentes. O
subscrito denota os pontos da grade na direção de x e o sobrescrito denota os
pontos da grade na direção de t, assim Vik refere-se à velocidade média do es-
coamento na i.ésima seção do canal no k.ésimo nível de tempo. O sobrescri-
to k corresponde ao nível de tempo no qual as condições do escoamento são
conhecidas e o sobrescrito k + 1, ao nível de tempo no qual as condições do
escoamento são desconhecidas.
-
Hidraulica Básica Cap. 14
494

-
Dependendo do tipo de diferença, finita, regressiva, centrada ou progres-
siva, a ser usado na solução de determinado problema, dois diferentes esque-
mas podem ser elaborados. Se a aproximação por diferença finita da derivada
espacial, derivada parcial em relação a x, for expressa em termos de valores
das variáveis no nível de tempo conhecido, as equações resultantes podem ser
resolvidas diretamente, para cada nó computacional em cada tempo. Este es-
quema é chamado de esquema explicito. Se, por outro lado, a aproximação por
diferença finita da derivada espacial for expressa em termos de valores das va-
riáveis no nível de tempo desconhecido, as equações algébricas do sistema in-
teiro são resolvidas simultaneamente e o esquema é dito esquema implícito.
No esquema implícito obtém-se um sistema de equações algébncas li-
neares ou não lineares, envolvendo as variáveis V(x,,tk) e y(x,,tk), que é resol-
vido por métodos conhecidos, de eliminação de Gauss, de Gauss-Seidel,
Newton-Raphson etc.

14.7.3 ESQUEMA EXPLíCIl0


Na solução de problemas transitórios em escoamentos livres, há vários
métodos que seguem esquemas explícitos de aproximação, entre eles o esque-
ma dlfusivo. No esquema difusivo, as seguintes aproximações são adotadas.

av v,:, -v,!,
-sz
a x 2 AX

em que O < a < 1 é um parâmetro de ponderação chamado fator de relaxaçáo.


Substituindo estas aproximações na equação da continuidade, Equação
14.71, e na equação da quantidade de movimento, Equação 14.43, tem-se.
-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


495

As Equações 14.97 e 14.98 são aplicadas para produzir os valores das


variáveis dependentes somente nos nós interiores, isto é, i = 2,3,....N - 1. Os
nós de fronteira, i = 1 e i = N, são dependentes das condições de contomo nas
extremidades do canal.
Um método numérico é considerado eficiente para a resolução de um
determinado sistema de equações diferenciais se ele for estável e se observar
acuracidade ao longo da solução. Um esquema numérico é dito estável se um
erro introduzido na solução não se desenvolve no processo computacional ao
longo do tempo, a ponto de perder as condições físicas impostas e comprome-
ter a solução. O esquema é dito instável se o erro é rapidamente amplificado com
o tempo, mascarando a solução em poucos intervalos de tempo. A acuracidade
é a capacidade de o método reproduzir os termos das equações diferenciais sem
introdução de termos extras espúrios, os quais podem ser suficientemente sig-
nificativos a ponto de afetar a solução.
Estas características são obtidas discretizando-se a malha computa-
cional, em termos de Ax e At, de modo bem refinado. No esquema difusivo do
sistema numérico explícito, a condição necessária para haver estabilidade é
dada pela relação chamada de condição de estabilidade de Courant, na forma:

em que máx(1 V+c 1) é o maior valor absoluto previsto para a velocidade ab-
soluta da onda, dada por: V f a
14.7.4 ESQUEMA IMPL~CITO
No esquema implícito, as derivadas parciais em relação ao espaço são
substituídas por aproximações de quocientes de diferenças finitas, em termos
das variáveis no nível de tempo desconhecido. Dependendo das aproximações
por diferenças finitas e coeficientes usados, várias formulações de esquemas
implícitos são usadas na técnica de modelagem do escoamento variável em
canais. Um destes esquemas mais utilizados para a análise do escoamento não
permanente com superfície livre é o esquema de Preissmann, ver Ligget e
Cunge (35).
-
Hrdrául~caBasica Cap 14
496

Um esquema de diferenças finitas do tipo explícito só será estável se os


passos de tempo e espaço, Ate Ax, forem tais que, ao longo do processo nu-
mérico, satisfaçam a condição de Courant.
Isto leva, muitas vezes, à necessidade de adoção de passos de tempo
muito pequenos, como será discutido no próximo exemplo numérico. Para
fugir desta condição de estabilidade, pode-se utilizar um esquema de diferen-
ças finitas implícito.
Seja uma função f(x,t) continua e derivável, como a velocidade média
V ou a altura d'água y. Esta função e suas derivadas são aproximadas, incor-
rendo-se em um erro de truncamento, segundo o esquema mostrado na Figu-
ra 14.18, por diferenças finitas, na forma:

em que 8 e 4 são fatores de ponderação no tempo e no espaço, respectivamen-


te, assumindo valores entre O e 1.
Para @ = 0 5 , as Equações 14.100 constituem o esquema clássico de
Preissmann, o que resulta em:
- 1 a) se 8 =O, o esquema é completamente explícito;
b) se 0 = 1, o esquema é completamente implícito;
c) se 8 = 0,5, o esquema é implícito centrado a quatro pontos
k- 4 i
i'J8 Para assegurar que o esquema seja numericamente preciso e

k- l
V %-+I estável, recomenda-se usar um valor do coeficiente de ponderação
0,55 < O < I. Em aplicações típicas, valores de 0 entre 0,6 e 0,7
X
i-I i?+i têm sido usados.
wX Substituindo-se as aproximações das Equações 14 100, com
@ =OS, nas Equações 14 71 e 14.44 e simplificando, obtêm-se as
Figura 14.18 Esquema de diferenças iinitas equações:
-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


49,

I I
Existe alguma re8111ç60 quanto ao
pBS80 dB
V B l O l a SBl adOtSd0 PBrS O
tempo AI no esquema de difemnçss
tinitas implicito?

Nas Equações 14.101 e 14.102, há quatro incógnitas no nível de tempo


k + 1, que são:

Cada nó da grade computacional tem duas incógnitas, V e y, e escreven-


do as equações para os n6s da grade i = 1,2,....N (N = número de trechos),
forma-se um conjunto de 2N equações. As Equações 14.101 e 14 102 não
podem ser escritas para o nó N + 1, uma vez que não existe o nó N + 2. Por-
tanto, há um total de 2(N + 1) incógnitas e existe a necessidade de buscar mais
duas equações para a resolução do sistema. As duas equações complementa-
res vêm das condições de fronteira nas extremidades de montante elusante do
canal.
O sistema de equações algébricas não lineares resultante, nas variáveis
V(x,,tk) e y(x,,tk), pode ser resolvido pelos métodos clássicos já mencionados.

14.8 O PROGRAMA EXEPLICMl.EXE*


O programa computacional para a resolução das equações completas de
Saint-Venant, aplicado ao cálculo de uma onda de cheia em um canal pris-
-
HidrAu~caBásica Cap. 14
498

-
mático, retangular, trapezoidal ou triangular, utilizando o esquema explícito de
diferenças finitas, é discutido no Exemplo 14.9.
Este programa, que consta da referência Graf (26), páginas 50 a 71, foi
traduzido, adaptado e utilizado conforme permissão dos autores, Prof. W. H.
Graf e Prof. M S. Altinakar, da Escola Politécnica Federal de Lausane.
Trata-se de um programa na linguagem Fortran para a resolução de
problemas transitórios em canais. no caso particular em que a condição de
contomo de montante é um hidrograma de cheia conhecido, aproximado por
uma forma triangular. A condição de contomo de jusante é simplesmente uma
rela~ãoaltura-vazão dada pela fórmula de Manning no regime uniforme
O exemplo numérico desenvolvido foi reproduzido exatamente como
consta na referência citada, página 50

EXEMPLO 14.9 Extraído de Graf (26).

Em um canal prismático retangular de 5 m de largura, em concreto,


coeficiente de mgosidade n = 0,020, o escoamento é uniforme com uma pro-
fundidade yo = 1,20 m. Durante a passagem de uma onda de cheia, a vazão
aumenta linearmente desde o valor correspondente ao regime uniforme até
uma vazão de pico Q, = 50 m3/s, em um tempo t' = 20 min, e decresce linear-
mente até o valor inicial em um tempo t" = 60 min. A declividade de fundo do
canal é I, = 0,001 m/m e o comprimento do trecho a ser estudado é L = 3 km.
Utilizando o programa ExepIicMl .exe, determine:
a) o hidrograma da cheia em duas estações: LI = 1,5 km (seção média
do trecho) e L2 = 3 km (extremidade de jusante);
b) em que tempo ocorrem as vazões máximas nas estações LI e L?;
c) qual a atenuação da profundidade máxima da água nas duas estaçóes;
d ) o tempo necessário para que as condições do escoamento voltem ao
regime permanente uniforme na estação L2.
A) Condições iniciais
No método explícito tratado na Seção 14.7.3, a profundidade e a veloci-
dade média, em cada nó da grade computacional, podem ser calculadas pelas
Equações 14.97 e 14.98, respectivamente, adotando um valor para o coeficien-
te de ponderação a, utilizando-se os valores conhecidos no passo de tempo an-
terior. Para iniciar os cálculos é necessário conhecer o valor da profundidade
inicial y, (variável H 0 no programa) e da velocidade média inicial V, (variá-
vel V 0 no programa), em cada nó no tempo t = 0, isto é, antes do início da
cheia.
-
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
- 499
I

Na condição de regime inicial uniforme (t = O), a altura d'água y, =


1,20 m é constante ao longo do eixo x (espaço) e, portanto, a velocidade,
média, a vazão e o tipo de escoamento (fluvial ou torrencial) podem ser
determinados para a geometria dada, a partir da fórmula de Manning.

M
Pela Equaçáo 8.39 + y, =- e M=
K

b 5
Para Z = O e m = - = -= 4,167, na Tabela 8.2 + K = 1,548
Y o 1.20
V8
portanto, M = = 1,20 . 1,548 + Q = 8,245 m'ls

Q 8,245
O que significafatar de raaiaçao?
I
A velocidade média vale V, = -= -- - - 1,374 m l s
A 5 . 1,20

V, -
O número de Froude vale, Fr = - 1,374 - 0,40 (fluvial)
-Jgy,-J?%W-
B) Discretizaçâo das equações
Para a resolução via esquema explícito, o domínio da solução no espa-
$0-tempo 6 representado sob forma de uma matnz de duas dimensõe~nas
variáveis V(x,,tk) e y(x,,tk), OU em termos das variáveis originais do programa
U(I,J) e H(I,J), em que J é o número da linha (tempo) e I, o número da colu-
na (espaço).
Segundo o esquema da grade computacioual da Figura 14.17, o trecho
do canal é dividido em I = NN estações (nós) e NN - 1 subtrechos. No pro-
grama o número de subtrechos é fixado em MAXDrV = 100 e, portanto, o
número máximo de nós (estações) é NNMAX = MAXDIV + 1 = 101.
O cálculo da profundidade e da velocidade média, a cada tempo,
nas estações internas, i = 2 a i = NN - 1, pode ser feito com as Equações
14.97 e 14.98, com o coeficiente de ponderação adotado a = I , o que, no
caso da seção retangular, transforma as equações em:
-
Hidráulica Básica Cap. 14
5,,,

Estas equações não podem ser aplicadas ao nó i = 1 e ao nó i = NN, uma


vez que não existem os nós i = O e i = NN + 1. O cálculo para estes nós de
extremidades são feitos utilizando-se as condições de contorno do proble-
so
Q m ' k ~ , ma,C) Condição de contorno de montante

Na extremidade de montante, estação i = I,conhece-se o hidrograrna


8,245 -t d e cheia, isto é, a variação da vazão com o tempo, conforme o enunciado
1' ' t e aFigura 14.19.
o 20 80 T (rní")
Na estação i = 1,a vazão é conhecida em cada tempo t, através dos
Figura 14.19 Condiçáo de contorno de dois segmentos de reta da Figura 14.19. Conforme a Figura 14.17. entre os
montante.
nós 1 e 2 pode-se escrever:

e a profundidade correspondente ao ponto P é dada por:

At
y:" = y: --[v:(yl<+, - y:)+ y:(v,:, -V:)] (seção retangular)
Ax

Portanto, a profundidade da água no passo de tempo k+l é calculada, e


a velocidade média também, pois:

e a área A?' depende da profundidade ype da geometria da seção do canal.


D) Condição de contorno de jusante
Na extremidade de jusante, i = NN, a situação é inversa da extremida-
de de montante. Conforme a Figura 14.17, entre os nós NN - 1 e NN pode-se
escrever:
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

e a profundidade correspondente ao ponto P é dada por:


At
ylf' = y: --[V: (yF - yL,)+y: (V: -V,!,)] (seção retangular)
Ax
A vazão na estação i = NN, no passo de tempo k + 1, não é conhecida,
mas admitindo-se válida a fórmula de Manning, a velocidade pode ser calcu-
lada como:

em que o raio hidráulico depende da profundidade e da geometria da seção do


canal. Assim: ~ " V?' f ' A?.
' tk

Com esta condição de contorno de jusante está admitindo-se, implici-


tamente, a validade da curva altura-vazão Q = f(y,), isto é, escoamento uni-
forme nesta estação.
E) Utilizaçüo do programa e análise de resultados
No diretório Variável, são apresentados o programa fonte ExeplicM1.For,
que pode ser alterado pelo usuário e depois compilado no ambiente Foman, e
o programa executável ExeplicMI.Exe, que pode rodar diretamente em qualquer
ambiente, Windows ou DOS, com saída em DOS que pode ser lida no apli-
cativo EDIT. O programa é dotado de uma caixa de diálogo para entrada de
dados, conforme a Tabela 14.2, e visualização dos primeiros cálculos nas con-
dições iniciais.
O primeiro ponto importante refere-se ao passo de tempo a ser especi-
ficado pelo usuário. No exemplo adotou-se um valor Dt = 0.10 s, muito me-
nor que o valor 6,242 s ditado pela condição de estabilidade de Courant,
calculada para as condições iniciais. É interessante que o usuário insira dife-
rentes combinações de Dx e Dt, para se dar conta de que os valores de Dt ne-
cessários para assegurar uma solução estável se situem sensivelmente abaixo
da condição de estabilidade de Courant inicial. A obrigação de utilizar peque-
nos passos de tempo para assegurar uma solução estável é uma desvantagem
da utilização do esquema explícito. No exemplo mostrado, um valor de Dt =
0,20 s gera, na seção média do canal, uma instabilidade nos cálculos, enquanto
para Dt = 0,25 s a condição de Courant é violada e o processamento pára.
Deve ser notado que o valor do passo de tempo, segundo a condição de
Courant, não é constante, mas varia de um tempo a outro e de uma estação a
-
H~dráulicaBásica Cap. 14
502

outra, segundo os novos valores da velocidade e da celeridade das ondas, que


é função da profundidade. A condição de Courant é continuamente verificada
para cada novo ponto calculado. Em caso de violação da condição, uma men-
sagem de erro é mostrada e o programa pára.
Outro ponto a ser observado é relativo ao resultado dos cálculos e sua
escrita em um arquivo de saída. Evidentemente, registro das profundidades,
velocidades e vazões em todos os nós em cada passo de tempo 6 impraticável.
Deste. modo, o usuário deve escolher três seções (estações) para os quais de-
seja conhecer a solução no tempo. No exemplo foram escolhidos os nós 1,51
e 101, que representam a seção inicial, a seção média e a seção final do tre-
cho de 3000 m. O número máximo de subtrechos adotado pelo programa é
100, e como conseqüência tem-se 101 nós (estações). O usuário deve também
fixar a frequência de escrita dos resultados como um número inteiro de pas-
sos de tempo Dt. No exemplo fixou-se o valor 1200 e, como Dt = 0,10 s, os
resultados são escritos a cada 120 s (2 min). Outro valor a ser adotado pelo
usuário é o tempo total de processamento, que no caso foi fixado em Tmáx =
12500 S.
O arquivo de saída do programa é mostrado na Tabela 14.3, na qual os
valores máximos da vazão, altura d'água e velocidade, para as três estações
escolhidas, estão marcadas com o sinal de asterisco (*). Uma representação
gráfica dos resultados é mostrada nas Figuras 14.20 e 14.21.
Da análise dos valores da Tabela 14.3 e também dos gráficos das Figu-
ras 14.20 e 14.21, as questões propostas no enunciado podem ser respondidas.
a) As estações com LI = 1,s km e Li = 3 km correspondem aos nós 51
e 101. Os hidrogramas, Q(t), para estas duas estações, e também para
a estação 1 que representa a extremidade de montante do canal, são
mostrados na Figura 14.20b. A evolução da profundidade e da velo-
cidade, pode ser observada nas Figuras 14.20a e c.
b) Pela Tabela 14.3, no nó 1, x = 0,O m, a vazão máxima, Q, = 50 m3/s,
e a velocidade máxima, V,&, = 2,66 d s , ocorrem ambas no tempo
t = 1200 s após o início da cheia, enquanto a profundidade máxima
ymax= 3.91 m manifesta-se 360 s mais tarde, no tempo t = 1560 S.
Para o nó 51, x = 1.500 m, observa-se que a velocidademáxima
Vma. = 2 3 3 d s ocorre no tempo t = 1440 s, antes da ocorrência da
vazão máxima Qmjx= 42.31 m3/s no tempo t = 1680 s e também da
profundidade máxima y,á, = 3.71 m no tempo t = 2280 S.
A Figura 14.21 mostra o aspecto em forma de laço (relação não uní-
voca) da curva Q(x) = f(y), "curva chave", conforme discutido na
Seção 14.5.1.
-

Cap. 14 Escoamento Variável em Canais


503

-
Na estação 101, x = 3000 m, os valores máximos da vazão, ,Q
, = 38,45
m7/s,da profundidade,,y, = 3,72 m e velocidade V,,, = 2,07 d s ocor-
rem simultaneamente no tempo t = 2400 S.
Em relação à Figura 1 4 . 2 0 ~é interessante observar que no nó 1, no
tempo t = 4800 s, a velocidade decresce até V = 1,06 d s , valor sen-
sivelmente abaixo da velocidade inicial V = 1,375 m/s corresponden-
te ao regime uniforme.
Isto ocorre devido ao fato de que, até o estado da cheia deixar de in-
fluir no nó 1, com a vazão descendo para Q = Q, = 8,25 m3/s, a onda
continua influindo nos nós de jusante. O escoamento é de certa forma
freado, conservando uma altura d'água y = 1 3 5 m superior iquela re-
lativa ao escoamento uniforme. As condições de escoamento un7for-
me no n6 1 s6 são restabelecidas no tempo t = 8760 S.
C) A atenuação dos valores máximos da profundidade, da vazão e da ve-
locidade, de uma estação a outra, pode ser vista nas Figuras 14.20a,
b e c. Os valores numéricos podem ser lidos no arquivo de saída do
programa, e são:

Nó x(m) ymax(m) Qmáx(m3/s) Vmix C ~ / S )


1 O 3,912 50 2,66

Há uma atenuação importante entre os nós 1 e 51, 3,912 - 3,714 =


0,198 m, na profundidade máxima, indicando uma característica
difusiva da cheia neste trecho. Já entre os nós 51 e 101, não há pra-
ticamente diferença entre as alturas máximas, indicando o caráter
cinemático da onda neste trecho.
d) O retomo ao escoamento uniforme em uma estação significa que os
valores da vazão, velocidade e profundidade tornam-se iguais aos
valores iniciais Q, = 8,25 m3/s,V, = 1,375 m/s e y, = 1,20 m. Na es-
tação 51, x = 1500 m, estas condições são atingidas aproximadamen-
te no tempo t = 11 160 s.
-
Hldraulica Bbica Cap. 14
504

u
Tabela 14.2 Quadro de entrada de dados para o programa ExeplrcM1 exe
~ -

Programa d e cálculo para escoamentos não permanentes


sistema d e unidades : métrico
Leitura dos dados relativos ao canal :
O canal pode ter uma seção trapezoidal, retangular (2= O) ou
triangular (b = O).
Largura de fundo do canal ? b (m) =5.0
Inclinação dos taludes ? Z (-) =0.0
Declividade de fundo do canal ? If (-) =0.001
Coeficiente de Manning ? n (mA-113s) =0.020
Profundidade no escoamento uniforme? hn (m)= 1.20
Comprimento total do canal? Lt Cm) = 3000
Utilizando a fúrmula de Manning
A vazão do escoamento uniforme vale Qo (m31s) = 8.249
kftura dos dados relativos às condições limites (montante) :
Admite-se um hidrograma triangular definido por Vês parâmetros:
Tempo de ascensão ? t'(s) = 1200
Vazão de pico 7 Qmax (m31s) = 50
Tempo de'depleçáo ? t"(s) = 3600
Atenção ! ...
para t > (t' + t") = 4800.000 (s), admite-se que Q = Qo
Leitura dos dados relativos ao passo de espaço, Dx:
O comprimento do canal é Lt (m) = 3000.00
Numero máximo de trechos autorizado para o programa, MAXDIV = 100
O valor mínimo de Dx é dado por Lt I MAXDIV = 30.00(m)
(nota importante! se você tem necessidade de mais trechos, modifique
o valor do parâmetro MAXDIV no programa principal)
Você esta de acordo com este valor? respondas Icr ou n
Leitura dos dados relativo ao passo de tempo, Dt :
A vazão no escoamento uniforme é, Qo (11131s) = 8.249
A velocidade media do escoamento é Uo ( d s ) = Q I S = 1.375
A celendade das ondas de gravidade é Co (mls) = (g*hn)"D.5 = 3.431
A condição de estabilidade de Courant exige que Dt c (DxI (abs(uo) + co)
O valor máximo de Dt é dado por: Dhnax= Dx 1 (abswo) + co) : 6.242 s
Qual é o valor de Dt (s) ? =0.10
Qual a duração dos cálculos, Tmax (s) ? = 12500
Você tem 101 estações ao longo do canal;
Você deseja imprimir os resultados ?
Escreva os números de 3 estações em formato livre = 1 51 101
Com que frequência você quer escrever os resultados ?
(número de passos de tempo) =I200
Nome do arquivo de,saida ? = RESPDAT
-

Cap. 14 Escoamento Variável e m Canais


505

-
Tabela 14.3 Arquivo de saída do programa ExeplicM1exe.

RESULTADO DOS C ~ L C U L O SD O ESCOAMENTO N A 0 PERMANENTE C O M O METODO EXPLICITO

DADOS RELATIVOS AO CANAL E AO ESCOAMENTO UNIFORME

LARGURA DO FUNDO DO CANAL, B (m) = 5.000 COEPICIENTE DE MANNING, n (mA-113s) = ,0200


INCLINACAO DOS TALUDES, rn (-1= .O00 PRONNDIDADE PARA ESCOA. UNIFORME, hn (m)= 1.200
DECLIVIDADE DE N N D O DO CANAL, If (-1= 00100 COMPRIMENTO TOTAL DO CANAL. LT (m)=3000.000
VAZA0 INICIAL, Q4(m3Is)= 8.249 VELOCIDADE INICIAL. UO ( d s ) = 1.375
CELERIDADE DAS ONDAS DE GRAVIDADE C0 (mls) = 3.431

TEMPO DE ASCENSAO, t' (s) = 1200.00


DEFINICAO DO HIDROGRAMA TRIANGULAR :
-
VAZA0 DE PICO, QMAX (m31s)= 50.000
TEMPO DE DEPLECAO, t" (s) 3600.00

NU-O
-
DE TRECHOS, NDIV = 100 COMPRIMENTO DOS TRECHOS, DX (m) = 30.000 NUMERO DE NOS, NN= NDIV+ 1 = 101
PASSO DE TEMPO, DT(s) ,100 DURACAO DOS CALCULOS, TMAX (s) = 12500.000 FREQUENCIA DE ESCRITA ((pas) = 1200

ESTACA0 1 ESTACA0 2 ESTACAO 3


TEMPO NO NUMERO = 1 X = ,000 NO NUMERO = 51 X =15M).000 NO NUMERO =I01 X =3000.00l
T Q H U Q H U Q H U
is) (m3ls) (rn) ( d s ) (m3ls) (m) i d s ) (rn3Is) im) (ds)
.O0 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
120.10 12.428 1.410 1.763 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
240.01 16.599 1.662 1.998 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
360.01 20.775 1.927 2.156 8.669 1.219 1.422 8.249 1.200 1.375
480.02 24.950 2,195 2.274 10.553 1.322 1.596 8.249 1.200 1.375
600.00 29.125 2.461 2.367 13.455 1.494 1.801 8.250 1.200 1.375
720.07 33.302 2.726 2.443 17.050 1.714 1.989 8.454 1.220 1.385
840.04 37.476 2.988 2.509 21,018 1.961 2.143 9.244 1.298 1.424
960.01 41.650 3.248 2.565 25.173 2.221 2.267 10.877 1.455 1.495
1080.08 45.828 3.505 2.615 29.421 2.487 2.366 13.388 1.686 1.588
1200.05 49.999* 3.761 2.659* 33.701 2.753 2.448 16.587 1.968 1.686
1320.02 48.608 3.853 2.523 37.993 3.019 2.517 20.232 2.277 1.777
1440.10 47.215 3.898 2.423 41.010 3.247 2.526' 24.138 2.598 1.858
1560.07 45.824 3.912* 2.343 42.004 3.397 2.473 28.174 2.922 1.929
1680.04 44.433 3.905 2.276 42.309* 3.506 2.414 31.462 3.180 1.978
1800.01 43.041 3.883 2.217 42.141 3.585 2.351 33.895 3.370 2.012
1920.08 41.649 3.849 2.164 41.649 3.643 2.287 35.671 3.507 2.034
2040.05 40.258 3.806 2.115 40.948 3.684 2.223 36.918 3.603 2.050
2160.06 38.866 3.756 2.070 40.178 3.707 2.168 37.743 3.666 2.059
2280.07 37.474 3.700 2.026 39.358 3.714* 2.120 38.230 3.703 2.065
2400.09 36.082 3.639 1.983 38.497 3.705 2.078 38.445* 3.719* 2.067*
-
Hidriulica Básica Cap. 14
506

-
1 Tabela 14.3 Arquivo de saida do programa ExeplicMl .exe. (conrinuaç~oQo)
-

Cap 14 Escoamento Variavel em Canais


507

-
Tabela 14.3 Arquivo de saida do programa ExeplicMl.exe. (continuação)

8640.08 8.249 1.m 1.373 8.271 1.205 1.373 8.375 1.213 1.381
8760.01 8.249 1.201 1373 8.267 1.201 1.374 8.354 1.211 1380
888004 8.249 1201 1.373 8.264 1.203 1.374 8.337 1.209 1.379
9C03.07 8.249 1.201 1.373 8.262 1.203 1.374 8.322 1.m 1.379
912003 8.249 1.201 1.373 8.259 1.202 1.374 8.310 1.m 1.378
924003 8.249 1.201 1.373 8258 1.202 1.374 8.302 1.205 1.377
9360.06 8.249 1.201 1.373 8.255 1.201 1.374 8.291 1.204 I377
948009 8.249 1.201 1.373 8.255 1201 1.374 8.284 1.201 1.377
96M02 8.249 1.201 1373 8.254 1.201 1374 8.278 1.203 1.376
9720.05 8.249 1.201 1.373 8.253 1.201 1.375 8.274 1.202 1,376
984008 8.249 1.201 1.373 8.253 1.201 1.375 8.269 1.202 1.376
9960.01 8.249 1.201 1.373 8.252 1.201 1.375 8.266 1.202 1.376
ICO80.04 8.249 1.201 1.373 8.252 1.201 1.375 8.263 1.201 1.376
10203.07 8.249 1.201 1.373 8.252 1.203 1.375 8.261 1.201 1.375
10320IO 8.249 1.201 1.373 8.251 12W 1.375 8.260 1.201 1.375
10440.03 8.249 1.201 1.373 8251 1.203 1.375 8.258 I201 I375
105H).05 8.29 1.201 1.373 8.251 12CO 1.375 8.257 1.201 1.375
10680.08 8.249 1.201 1.373 8.251 1203 1375 8.255 1201 1.375
1080301 8.249 1.201 1.373 8.251 1.203 1.375 8.254 1.201 1.375
IW20.01 8.249 1.201 1.373 8.251 1.m 1.375 8.254 1.203 1.375
llMO07 8.249 1.201 1.373 8.251 1203 1.375 8254 1.m 1.375
1116003 8.249 1.201 1.373 8.250 1.203 1.375 8.253 1203 I375
11280.M 8.249 1.201 1.373 8.250 1.203 1.375 8.253 1.203 1.375
114W.ffi 8.249 1201 1.m 8,250 1.203 1.375 8.253 IZW 1175
11520.W 8.249 1.201 1.373 i 8.250 1.203 1.375 8.253 1.203 1.375
11640.02 8.249 1.201 1.373 8.250 12CO 1.375 8.252 1.203 1.375
11760.05 8.249 1.201 1.373 8250 1.m 1.375 8252 120U 1.375
11880.08 8.249 1.201 1.373 8.250 1.203 1.375 8.252 1.ZW 1.375
120X)OI 8.249 I.201 1.373 8.250 1.203 1.375 8.252 1.203 I375
1212004 8.249 1.201 1.373 8.250 1.203 1.375 8.252 1.203 1.375
12240.07 828 1201 1.374 8.250 1.203 1.375 8.252 1.203 1.375
12360.10 8.249 1.201 1.374 8.250 1.203 1.375 8.252 1.203 1.375
12480.03 8.249 1.201 1.374 8.250 1.2W 1.375 8.252 1.203 1.375

FTM NORMAL DO PROGRAMA

A importância da escolha do passo de tempo, necessário para produzir


uma solução estável, é mostrada na Figura 14.22. O programa foi rodado para
Dt = 0,20 s, a condição de Courant em nenhum momento foi violada, porém
na estação 51, seção média, ocorreu oscilação numérica, principalmente nos
valores da vazão e da velocidade.
-
Htdraulica Bás~ca Cap 14
508

Figura 14.20 Gráfico das relações y(x) = f(t), Q(x) = f(t)e V(x) = f(t).

O 10 20 30 40 50
o (m3/s)
Figura 14.21 Relação Q(x) = f(y)para o n6 51, x = 1500 m.

-.
Figura 14.22 GrAfico das relações -=,f(t), Q(x) = f(t)e V(x) =f(t) com um passo de tempo At = 0,20 S.
-

Cap 14 Escoamento Variável em Canais


509

-
14.9 PROBLEMAS

14.1 Uma comporta plana e vertical alimenta um canal retangular com uma
vazão tal que a altura d'água no canal é igual a 1,O m e a velocidade média é
de 0,60 mís. A descarga de água é bruscamente aumentada em 100% pela aber-
tura da comporta. Determine a variação ocorrida na altura do escoamento e a
velocidade de propagação da onda para jusante.

[Ay = 0,147 m; Vm= 4,08 mís]

14.2 A altura d'água e a velocidade média do escoamento em um estuário


largo valem, respectivamente, 2,20 m e 0,60 d s . Um vagalhão provocado pela
subida da maré, de 1,O m de altura, penetra no estuário deslocando-se para
montante. Estime a velocidade com que a onda se desloca e a descarga Iíqui-
da em uma seção após a passagem da frente de onda por esta seção.

[V, = - 5,60 m/s; qz = 4,28 mZ/s]

14.3 A velocidade absoluta de propagação de uma frente de onda em um ca-


nal retangular largo é de 5,O mís. A velocidade média e a altura d'água no canal
no escoamento não perturbado valem, respectivamente, 0 3 0 m/s e 1,60 m
Determine a altura da vaga que se desloca para montante.

[Ay = 1,01 m]

14.4 As condições de escoamento em um canal retangular são mantidas por


uma comporta parcialmente fechada na extremidade de jusante. A altura
d'água no canal é de 1,5 m e a velocidade média, de 0,90 d s . A comporta é
subitamente abaixada em 0,15 m. Determine a altura da onda que se propaga
para montante e sua velocidade. Assuma que o coeficiente de descarga da
comporta, antes e depois da manobra, é constante, independente da carga e
vale CD= 0,56.

[Ay E 0'13 m; V, = - 3,18 m/s]

14.5 Um rio escoa uma certa vazão com altura d'água igual a 2,40 m e ve-
locidade média de 0,90 mís, quando encontra uma onda de maré com um au-
mento brusco na lâmina d'água para 3,60 m. Determine a velocidade com que
a onda se propaga para montante e a magnitude e a direçáo da velocidade da
água atrás da onda.

[Vo = - 5,74 mís; V2 = - 1,31 I ~ para


S montante]
-
Hidráulica Básica Cap. 14
510

-
14.6 As condições iniciais do escoamento uniforme são iguais às do Problema
14.1. Detemine a variação ocomda na altura do escoamento e a velocidade de
propagação da onda para montante se uma comporia na extremidade de jusante
for súbita e totalmente fechada.

[Ay = 0,20 m;V, z - 3,O mls]

14.7 Mostre que, para uma seção retangular em que a largura de fundo é igual
à altura d'água, o parâmetro m da onda cinemática, Equação 14.60, é igual a
413, usando a fórmula de Manning, e igual a 514, usando a fórmula de Chézy.

14.8 Partindo da Equação 14.60, mostre que a equação da onda cinemática,


Equação 14.55, pode ser escrita como

na qual V é velocidade média.

14.9 Em um projeto de drenagem urbana, a seção reta de um curso d'água


natural foi levantada topograficamente e assumida representativa de um cer-
to trecho do canal. Por análise de regressão, a relação entre o perímetro e a área
da seção foi obtida como P = 12,77 Se a declividade do trecho vale
I, = 0,00015 mim e o coeficiente de wgosidade de Manning, estimado em n =
0,040, mostre que a Equação 14.60 é dada por Q = 0,056 A' 4107.

14.10 Uma chuva dishibuída sobre uma bacia hidrográfica, mostrada na Fi-
gura 14.23, provoca simultaneamente, nas seções A e B, o
hidrograma mostrado na tabela abaixo. Usando o método
Muskingum de propagação de cheias, determine a máxima vazão
combinada e o tempo de ocorrência na seção C.Para o trecho AC,
os valores do tempo de trânsito e do coeficiente de ponderação
valem K = 6 h e x = 0,22. Adote At = 3 h.
-c
[Qp = 174 m3/s; t, = 18 h]
Figura 14.23 Problema 14.10.
Cap. t 4 Escoamento Variável em Canais
511

-
14.11 Os hidrogramas de entrada e saída de um certo trecho de um rio são
dados na tabela abaixo. Utilizando as planilhas MUSKINGUMI.XLS e
MUSKINGUM2 XLS, determine os valores de K e x mais convenientes para
o trecho e, com estes valores, propague o hidrograma dado na segunda tabe-
la, determinando a vazão de pico e o tempo de ocorrência.

[K = 2,28 dias, x = 0,22; Q, = 237 mi/s, t, = 6 dias]

14.12 Em um canal prismático trapezoidal de 2 m de largura de fundo, em


concreto, coeficiente de rugosidade n = 0,020, inclinação dos taludes I V:I H,
o escoamento é uniforme com uma profundidade y, = 1,40 m. Durante a pas-
sagem de uma onda de cheia, a vazão aumenta linearmente desde o valor cor-
respondente ao regime uiiiforme até uma vazão de pico Q, = 40 mS/s, em um
tempo t ' = 10 min, e decresce linearmente até o valor inicial em um tempo
t = 30 min. A declividade de fundo do canal é I, = 0,001 m/m e o comprimen-
to do trecho a ser estudado é L = 2 km. Utilizando o programa ExeplicMI .exe,
determine:
a) as vazões máximas em duas estações: Li = 1 km (seção média do
trecho) e L? = 2 km (extremidade de jusante);
b) em que tempo ocorrem as vazões máximas nas estações Li e Lz;
c) qual a atenuação da profundidade máxima da água entre as estações
L, = 0,O km (seção inicial) e Li = 1 km (seção média do trecho):
d) o tempo necessário para que as condições do escoamento voltem ao
regime permanente uniforme na estação L*.
a) [Qpi = 32,40 m7/s, Qp2 = 28,78 m3/s]; b) [Tpl = 960 s, TV?
= 1440 s];
C) [Ay = 0,16 m]; d) [T = 7320 s]
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A C Comportas de fundo planas, 374
Aceleração de transporte, 6 Caixa de. passagem. 96 Comprimento de equivalente, 84
Aceleração local, 6 Cálculo de canais em regime uniforme, 248 Comprimento de mistura de Prandtl-
Adequabilidade da fórmula de Canais de declividade crítica, 418 distribuições de velocidade, 32
Hazen-Williams, 56 Canais de declividade forte, 418 Comprimento de mistura, 33
Alargamentos e estreilamentos, 71 Canais de declividade fraca, 418 Comprimento do ressalto, 345
Altura d'água ou tirante d'água, 222 Canais de forma qualquer, 314 Computação do perfil d'água, 437
Altura de escoamento da seçáo, 222 Canais de seção composta, 277 Condiçáo de estabilidade de Courant, 495
Altura estática de recalque, 124 Canais em aclive, 418 Condições de fronteira ou condições de
Altura estática de sucção, 124 Canais fechados, 258 contomo, 491
Altura geométrica, 124 Canais horizontais, 418 Conduto equivalente a outro, 102
Altura geométrica de elevação, 19 Canal retangular largo, 230 Conduto equivalente a um sistema, 102
Altura hidráulica ou altura média, 223 Característica do sistema, 140 Condutos de seção não circular, 58
Altura manoméhica de recalque, 124 Característica negativa, 489 Condutos equivalentes, 101
Altura manométrica de sucção, 124 Característica positiva, 489 Condutos principais, 169
Altura manomktrica total, 124 Carga de posição, 9 Condutos secundários, 169
Altura normal, 238 Carga de pressão, 221 Conjunto elevatório, 123
Altura ou carga total de elevação, 124 Carga de pressão atmosférica local. 94 Conservação da água, 81
Altura total de elevação da bomba, 17 Carga de pressão dinâmica, 170 Constante de tempo de trânsito, 483
Altura total de recalque, 124 Carga de pressão disponivel, I 0 Constante de vou Kármin, 34
Altura total de sucção, 124 Carga de pressão estática, 176 Construção de canais, 275
Alturas ou profundidades conjugadas, 336 Carga de projeto, 398 C o q o da onda, 457
Análise de tubulações, 77 Carga sobre a soleira, 309 Cota de consumo per capita, 171
Análisedimensional, 13 Cavitação, 153 Cotapiezométrica, 9
Anéis ou malhas, 170 Celeridade absoluta da onda, 456 Cotovelos e curvas, 75
Área molhada, 222 Celeridade da onda, 456 Cunha de armazenamenlo, 481
Associação de bombas em série e Celeridade da onda cinemática, 477 Curva característica adimensional, 138
paralelo, 145 Coeficiente básico de vazão, 399 Curva característica de uma bomba, 136
Coeficiente da hora de maior consumo do dia Curva caractwstica de uma instalação, 139
B de maior consumo, 172 Curva de remanso, 415
Bacia de detenção, 406 Coeficiente de Boussinesq, 12,227
Bacia de dissipação, 444 Coeficiente decavitação d e n o m a s , 158 D
Bocal cilíndrico externo, 365 Coeficiente de contração Cc, 73, 352 Declividade da linha de energia, 223,243
Bocal cilíndrico interno, 368 Coeficiente de Conolis, 11,227 Declividade de fundo, 223
Bomba afogada, 123 Coeficiente de forma, 249 Declividade de projeto, 278
Bomba não afogada, 123 Coeficiente de potência, 21, 135 Declividade piezométrica ou declividade da
Bombas centrífugas, 132 Coeficiente de pressão, 21, 135, 139 linha d'água, 223
Bombas de escoamento axial, 133 Coeficiente de vazão, 21, 113, 135. 139, 355 DescmegadorBazin, 383
Bombas de escoamento misto, 133 Coeficiente de velocidade, 355 Descarregadores de barragens, 397
Bombas: tipos e características - rotação Coeficiente dinâmico, 249 Deteminação do perfil d'água em canais
especifica, I32 Coeficiente da dia de maior consumo, 171 prismáticos, 435
P

Hidraulica Basica
518

-
Diagrama de Moody, 46 variado, 4 H
Diagrama em colina, 138 variável, 4 Harpa deNikuradse. 36
Diâmetro econâinico. 129 Escoamento crítico, 226
Diâmetro equivalente, 58 Escoamento Iaminar, 3, 28 I
Diâmetro hidráulico, 58 Escoamento paralelo, 232 Inclinação dos taludes, 278
Diferença finita centrada, 493 Escoamento quase-permanente, 114 Influência relativa das perdas de carga
Diferença finita progressiva, 492 Escoamento sob carga variável, 362 localizadas, 78
Diferença finila regressiva, 492 Escoamento subcrítico ou fluvial, 226 Intervalo de tempo computacional, 493
Difusores, 7 4 Escoamento supercrítico ou torrencial, 226
Dimensionamento econômiw da tubulação Escoamento tu~bulento.3 0 L
desecalque, 125 Escoamento turbulento hidraulicamente Largura de topo, 222
Distribuição de pressão, 230 liso, 31 Lei da raiz sétima de Prandtl, 44
Disinbuição d e vazão em marcha. 97 Escoamento turbulento hidraulicamente misto Lei de distribuição universal de
Distribuição hidrostática de pressão, ou de transição, 3 1 velocidade, 34
233,374 Escoamento turbulento hidraulicamente Lei de Newton da viscosidade, 28
Bistribiiições de velociaade, 32 mgoso, 3 1 Lei dos orifícios, 113, 355
Escoamento turbulento mgoso, 246 - Lei universal de distribuição de
E Escoamentos em superfície livre, 221 velocidade, 35
Eclusa'para navegação, 401 Esquema implícito. 495 Linha de carga absoluta, 94
Eficiência do ressalto, 345 Experiênciade Nikuradse, 36 Linha de carga efetiva, 94
Elementos hidráulicos d a seção Extremidades mortas, 170 Linha de corrente, 8
circular, 256 Linha de energia, 9, 10
Energia ou carga cinética, 9 F Linha piezoméuica, 9,221
Energia ou carga de pressão, 9 Fator de atrito da tubulação f, 14 Localização do ressalto hidráulico, 442
Equação da energia, 4 Fator de atrito f, 47
Equação de Borda-Camot, 72 Fator de ponderação x, 483 M
Equação de Darcy-Weisbach, 1 4 Fator de relaxação, 494 Máxima tensão de cisalhamento, 278
Equação de Francis, 387 Força da gravidade, 240 Medidores Venluri, 7 4
Eq~iaçãode Mariotte, 125 Força de atrito, 242 Métcdo das características, 487
Equação deweisbach, 385 Força de pressão, 241 Método dos compriinentos equivalentes, 84
Equação diferencial do escoamento Força especifica, 336 Método Muskingum, 482,485
permanente gradualmente Fórmula d e Blasins, 37.50 Métodos de diferenças finitas, 491
variado. 41 6 Fórmula de Bresse. 129 Modelo de difusão ou não inercial, 474
Equaçjo dinâmica, 47 1 Fbrmula de Chézy, 240 Modelo hidrodinâmico, 475
EquaçUes de resistència, 53, 238 Fórmula de Colebrook-White, 44 Modelos hidráulicos, 481
Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, 56 Mosaicos de utilização, 149
Fórmula de Hagen-Poiseuille, 3 0 Movimento permanente gradualmente
Escoamenlo, Fórmula de Hazen-Williams, 53 variado, 97
bidimensional, 3 FOrrnula de Manning, 243, 260
em pressão, 4 Fórmula de Swamee-Jain, 4 8 N
em superfície livre, 4 Fórmula universal de perda de carga, 14.29 N.P.S.H. disponível, 155, 157
forçado, 4 Fórmulas empíricas para o escoamento N.P.S.H. requerido, I57
iamiiiar, 3 , 2 8 turbulento, 52 Nós de fronteira, 493
nZo permanente, 4 Frente da onda, 457 Número de cavitação, 158
não unifonne, 4 Número de Euler, 14
pennanenle, 4 G Número de Froude, 225
turbulento, 3, 30 Golpe de ariete, 95 Número de Reynolds de
unidimensional, 3 Grade de pontos ou grade mgosidade, 31
uniforme, 4 computacional, 493 Número de Reynolds, 14, 225
índice analitico 519

-
o Rede ramificada, 169 Tubulação de recalque, 123, 127
OconEncia da profundidade crítica, 31 I Redes de distribuição de água, 79, 169 Tubulação de sucção, I23
Onda cinemática. 475 Redes malhadas - método de Hardy
Onda de jusante, 458 Cross, 178 v
Onda de montante. 458 Redes ramificadas, 173 Valores da mgosidade absoluta
Onda negativa de jusante, 462 Registro de gaveta, 76 equivalente, 49
Onda negativa de montante, 461 Relação cota-descarga ou curva chave, 476 Valores do coeficiente K. 71
Onda oscilatória. 456 Relações desemelhança, 135 Valores do coeiicieiite K para diversos
Onda positiva de jusante, 461 Remanso, 415 acessários, 77
Onda positiva de montante, 461 Resistência do sistema, 140 Válvula de borboleta, 76
Ondas capilares, 455 Ressalto hidráulico, 224, 335 Vazão de adução, 171
Ondas de gravidade. 455 Rotação específica, 133 Vazão de distribuição, 172
Ondas de translação, 456 Rotação nominal, 135 Vazão equivalente, 99
Orifícios, 35 1 Rugosidade absoluta equivalente, 246 Vazáo equivalente ou vazão fictícia, 99
Orifícios afogados. 360 Rugosidade equivalente da seção, 276 Vazão fictícia, 174
Rugosidade relativa, 14 Vazão unitária de distribuição, 97
P Velocidade de atrito, 15, 16,38,243
Parâmetros de forma, 249 S Velocidade de cisalhamento, 16
Perda de carga em orifícios, 356 Seção contraída, 73 Velocidade econômica. 130
Perda de carga no ressalto, 336.344 Seções de minimo perímetro molhado, 254 Velocidade média temporal, 32
Perda de carga unitária, 16 Sifões, 110 Velocidades e vazões máximas em redes de
Perda de energia ou perda de carga, 9 Singularidades, 423 abastecimento, 173
Perdas de carga localizadas, 69 Sistema em paralelo, 103 Ventosas, 95
Perímetro molhado, 222 Sistema em série, 103 Vertedor Cipoletti, 391
Plano de carga absoluto, 94 Sistema pró-básico, 13 Vertedor de soleira espessa horizontal, 396
Plano de carga efetivo, 94 Sistemas elevatórios, 123 Vertedor retangular de parede espessa, 308
Ponto de operação ou ponto de Sistemas hidráulicos de tubulações. 93 Venedor retangular lateral, 391
funcionamento, 141 Soleira normal, 398 Vertedores, 381
Potência do conjunto elevatório, 125 Step method, 435 Vertedores-extravasares, 398
Potência hidráulica, 17 Subcamada limite larninar, 30 Viscosidade de redemoinho, 32
Pressão atmosférica, 157 Submergência. 150 Viscosidade de turbulência. 32
Pressão de vapor, 157
Prisma de armazenamento, 481 T
Problema dos três reservatórios, 107 Tendo de cisalhamento, 28
Programa CANAIS3.EXE, 262 Tensão de trabalho admissívei
Programa COEEEXE., 230 do material, 126
Programa EXEMPLICMI .EXE, 497 Tensão de vapor, I 10
Programa, REDEM.EXE. 181 Tensão média de cisalhamento, 15.239
Propagação de cheias em rios, 481 Tensão tangencial, 27
Tensões de Reynolds, 33
Q Teoremade Bernoulli. 7
Queda bruta. 19 Teorema de Tomcelli, 354
Qucda litil da turbina, 17 Teorema dos lis, 13
Teoria dos grandes orifícios, 358
R Traçado da tubulação, 94
Raio hidráulico, 15,222 Tubo de Pitot, 42
Razão de aspecto, 250 Tubos curtos com descargalivre, 370
Razão de aspecto ni, 254 Tubos lisos, 38
Rede malhada, 169 Tubos rugosos, 39

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