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I INSTITUTO MILITAR D E ENGENHARIA

Fortificação e Construção

Prof. MariaJosé C. i?Alves de Lima


MOVIMENTOS DE MASSA

Classificaçáo dos movimentos de massa

Deslizamentos rotacionais

Deslizamentos translacionais

Escoamentos ou fluxos

Fatores e causas dos movimentos de massa


OBRAS DE TERRA TALUDES - INTRODUÇÃO 1 -

MOVIMENTOS DE MASSA

Quando uma massa de solo ou rocha apresenta uma superfície, permanentemente inclinada com a
horizontal, diz-se que ela constitui um TALUDE.

Quando o talude se produz de forma natural, sem intervenção humana, denomina-se ENCOSTA
NATURAL ou simplesmente ENCOSTA.

0 s taludes construídos pelo homem são os TALUDES ARTIFICIAIS e estão neles incluidos os ater-
r3s, as barragens, os cortes e as escavações não escoradas.

A nomenclatura usual em taludes Coroamento

simples pode ser representada na


figura ao lado..

Terreno de Fundago
I"
. - -

Todos os taludes apresentam a tendência natural de buscar uma forma mais estável, em direção a
horizontal ou seja, encontram-se numa situação de instabilidade, sujeitos a movimentos e a ruptu-
ras.

Em todo o mundo, o problema das movimentações dessas massas de terra, quer sejam lentas ou
rápidas, conduzindo a um colapso do terrapleno, tem se constituído numa das grandes dificuldades
para a construção das grandes obras modernas.

Foram os escorregamentos de terra que levaram a criação da Mecânica dos Solos e têm proporcio-
nado o desenvolvimento da Mecânica das Rochas.

Com efeito, em torno de 1917, os escorregamentos da Ferrovia Federal Sueca conduziram o pro-
fessor Fellenius a organizar uma Comissão, com a finalidade de estudar o assunto. Com o relatório
dessa Comissão surgiu o primeiro subsidio, muito importante para a Mecânica dos Solos e e para o
desenvolvimento do processo de verificação de estabilidade que levou o nome de Fellenius, usado
até hoje.

Aproximadamente na mesma época, a Alemanha teve problemas com o Canal de Kiel onde houve
numerosos deslizarnentos, entre eles o famoso Rosengarten. Coube ao prof. Krey coordenar os
estudos desse problema, resultando num pronunciamento importante para o estudo do assunto.

Finalmente, na Construção do Canal do Panamá deslizamentos de grande extensão que se tor-


naram célebres, levaram a Associação Americana de Engenheiros Civis a organizar um Comitê, sob
a Presidência do prof.Cummings, que apresentou um relatório descritivo e conclusivo sobre os
fenômenos ocorridos.

Esses três relatórios tiveram uma importância fundamental no advento da Mecânica dos Solos.

Embora o problema tenha sido na origem tão importante, ainda é um tema atual em todo o mundo.
No Brasil pincipalmente, pelo seu clima com chuvas intensas em áreas de topografia acidentada e
sua geologia, propiciou o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções de projeto, com reper-
cussão internacional.
OBRAS DE TERRA TALUDES-INTRODUÇÃO-2

A maioria das nossas grandes cidades está construída ao longo de uma cadeia de montanhas que
se estende ao longo do litoral , do sul ao norte do pais. Assim, movimentos de massa são comuns e
alguns tomaram-se famosos pelas suas consequências lutuosas.

São muito citados os deslizamentos ocorridos em morros da cidade de Santos, em Lobato na Ba-
hia, os desabamentos na antiga rodovia BR-2 ( São Paulo - Curitiba) e na variante de Araras da BR-
116 no estado do Rio de Janeiro. Falam-nos mais de perto os acontecimentos de 1966167 na área
urbana da cidade do Rio de Janeiro.

Naqueles anos, o Rio de Janeiro sofreu o pior aguaceiro da sua história. Os postos pluviométricos
registraram em três dias o correspondente a cerca da metade da média anual de chuva no antigo
estado da Guanabara. Como consequência, houve um número elevado de desabamentos, pelo seu
vulto, sem precedentes na história de todas as cidades importantes do mundo.

Infelizmente, o Rio transformou-se num grande laboratório de experimentação de escorregamentos


de taludes, não somente para a observação do modo de ocorrência de tais fenômenos, como tam-
bém, para o comportamento das estruturas de suporte então utilizadas.

Passou nessa prova de fogo, ou melhor dizendo, nessa prova de água, um tipo de escoramento
recente na época, desenvolvido de modo pioneiro no Brasil. São as cortinas ancoradas em solos e
rochas, conhecidas como o método das ancoragens.

A circunstância dessas cortinas poderem ser executadas de cima para baixo, em condições de
apoio vertical precário, permitiu que as mesmas prestassem uma grande colaboração durante
aquela catástrofe, na sustentação de emergência de taludes instáveis e na estabilização de blocos
de rochas, que ameaçavam inutilizar ou já haviam inutilizado vias de tráfego e propriedades a
jusante.

Ainda como conseqüência daquelas ocorrências, foi estabelecida uma legislação, regulamentando
as construções em encostas e tomadas providências destinadas a eliminar as causas de futuros
deslizamentos. Entre outros assuntos, foram consideradas, principalmente, as escavações indis-
criminadas dos morros para a exploração de saibreiras e a remoção de favelas.

*:* CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MASSA

Os movimentos de massa de solos e rochas podem ser, no início, meramente inconvenientes, mas
com o decorrer do tempo, tomarem-se desastrosos nas suas proporções e efeitos.

Em vista dos diferentes modos pelos quais esses movimentos podem ocorrer, é necessária a exis-
tência de um processo descritivo para que os relatos de um observador possam ser entendidos pe-
los outros. Não existe consenso na definição desse sistema. Muitos métodos de classificação têm
sido propostos, para os diferentes tipos de instabilidade. Numerosos são os fenômenos envolvidos
em um movimento de massa e de cada aspecto considerado pode resultar uma classificação difer-
ente.

Nos sistemas de classificação apresentados por diversos autores, os movimentos de massa podem
ser grupados quanto: a forma da superfície de deslizamento, a mecânica do movimento, a natureza
do material deslocado, a idade ou velocidade do movimento e o estágio do desenvolvimento.

Aos poucos, os sistemas de classificação dos diversos autores foram convergindo para uma classi-
ficação em função do mecanismo do movimento. Uma dessas classificaç6es é a proposta por Costa
Nunes (1968), análoga a indicada por Terzaghi. Costa Nunes incluiu a erosão como um tipo de
ruptura nas massas de solo, definida como ruptura superficial, provocada por arrastes por vento e
pela água, nos taludes.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-01

CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MASSA

FATORES DETERMINANTES

si forma da superfície de deslizamento


+ idade ou velocidade do movimento
i estágio de desenvolvimento
4 natureza do material deslocado
.r mecanismo dos movimentos

CLASSIFICAÇÃO USUAL DOS MOVIMENTOS

QUEDAS A queda de solo ou rocha é característica de taludes


extremamente íngremes.
queda livre Na queda livre, o material se destaca do solo ou ro-
cha matriz, cai em queda livre, pulando ou rolando,
tombamento com pequena ou nenhuma interação entre as diver-
sas unidades em movimento.
No tombamento, o bloco de rocha pivota em relação
a um ponto abaixo do seu centro de gravidade.

1
I

DESLIZAMENTQ São movimentos típicos de cortes e aterros.

rotacional Deslocamento finito de uma massa do terreno, muito


translacional rápido, ao longo de uma superfície pré-existente ou
compostos de neo-formação no interior do corpo do talude, po-
remontantes dendo atingir a fundação.

FiLJXOS Massa de solo apresentando deformações internas


elevadas e movimentos contínuos, sem a formação
ESCOAMENTOS de uma superfície de ruptura.

O conceito de fluxo não está associado ao valor da


velocidade do movimento: CREEP ou RASTEJO
(lento) e CORRIDAS (rápido).
Si
1
b OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-2
b
b
MOVIMENTOS DE MASSA
b
QUEDAS
u
Quedas em Rochas
As quedas em rochas se dão segundo planos de acamamento, juntas ou zonas de falha

Causas mais comuns:


I I
INTEMPERISMO DIFERENCIAL EMPUXO HIDROSTÁTICO
Rocha resistente apoiada em rocha que sofre A presença de água nas juntas exerce
rápido intemperismo- Aparecimento de juntas empuxo hidrostático em bloco de rocha,
de traçáo no bloco deixado sem apoio. que se desloca.

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
A variação de temperatura ou a ação alternada
de congelamento ou degelo,provoca fissura- tos por efeito de explosivos.
mentos e deslocamentos da rocha.
@
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-3
b
5
b MOVIMENTOS DE MASSA
B
B QUEDAS
B
Quedas em Solos
B
B As quedas em solos podem ocorrer nas seguintes situações
b
t camada facilmente erodivel, subjacente a um material resistente a erosão
b
? t argilas altamente consolidadas - no período chuvoso a água infiltra-se através gretas e
b fissuras na crista do talude.
b
b
I DESLIZAMENTOS 1
b
! Nos deslizamentos a superfície de ruptura forma-se no interior do talude, quando existe um
? estado de esforços cortantes que vence de forma, mais ou menos rápida, a resistência ao
C cisalhamento do solo que o constitui.
e, A forma da superfície de deslizamento caracteriza os diferentes tipos de deslizamento.,.

ROTACIONAIS
Em decorrência da geologia local, do perfil estratigráfico e da natureza dos materiais, as
superfícies de ruptura podem ser:

Cilíndricas São mais comuns em materiais argilosos homogêneos ou solos cujo


comportamento mecânico está regido basicamente pela fração argilosa.
Afetam, em geral, zonas relativamente profundas do talude,definidas
comumente pela relação DIL - quanto maior a inclinação do talude,
maior esta relação. ( D /L - 0,15 a 0,33)

Conchoidais Se na ruptura cilindrica for afetada uma largura do terreno muito


pequena em relação ao comprimento, a ruptura toma o aspecto
conchoidal.

Ruptura de frente ampla Ruptura conchoidal


B OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-4
a
MOVIMENTOS DE MASSA

I DESLIZAMENTOS

RUPTURAS ROTACIONAIS

Situações típicas
Nomenclatura de uma zona de ruptura rotacional

Escarpa principal

Aterro apoiado em solo fraco .A superfície Diz-se que ocorre uma ruptura de pé de
de deslizamento está contida parte no talude quando esta envolve apenas o corpo
corpo do aterro e parte no terreno de do terrapleno.
fundação. R+
, \R 4'0
\
,'
, / \
\ 'R/
// 1
\

-
-\q
~,~
\ / \
/ \
/
,
/
\
- . , .,
. . . . 'i.
.
- - ..' . I
. .. . . .. .. ... .. . .

Quando a inclinação do talude é muito O talude está limitado em sua base por
suave, a superfície de deslizamento uma camada de terreno resistente.
desenvolve-se em pouca profundidade, ,@
/
resultando numa ruptura superficia/. i

R
,
, r.
P /
/
?'%,
\R
\
,,- /

I \
\

. . .. . .. - ........
~

. .~

:.i..
. . . . . . .
.......
: .. resistente
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-5

MOVIMENTOS DE MASSA

DESLIZAMENTOS 1
RUPTURAS ROTACIONAIS

IDENTIFICAÇÃO NO CAMPO DE DESLIZAMENTOS EM DESENVOLVIMENTO

A identificação de movimentos incipientes faz-se através do aspecto e da disposição das


trincas de traçáo encontradas no terreno.
Se as trincas dispõem-se, no plano como na figura conhecida como patadecavalo está em
curso um deslizamento rotacional.

[U Direqão do movimento I
Observam-se, na cabeça do talude, trincas
K-%,
----
,e. levemente curvas e côncavas na dire@o do
movimento.
/ Deprersio \
/'
/ Nas laterais o aspecto das trincas é

r'
/' i \\
escalonado.

1 ilevaçàa

IDENTIFICAÇÃODA OCORRÊNCIA DE DESLIZAMENTOS ROTACIONAIS

A parte superior do material deslocado conserva porções do terreno natural.Toda a cabeça


está sulcada por trincas e as árvores apontam para cima.

A massa de solo que se move Contra talude ,.


rompe-se e desagrega-
se.Aparecem trincas longitudi-
nais, depressões e áreas en,
charcadas.Segue-se a zona de
elevação e trincas longitudinais
na base.

O pé é zona de fluxo de terra,


em forma de gomos e as ~rvores; cercas,etc
árvores inclinam-se para frente. para frente
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES4

MOVIMENTOS DE MASSA

I DESLIZAMENTOS

DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS

Estes deslizamentos, em geral, consistem de movimentos de translação do corpo do talude


sobre superfícies de ruptura basicamente planas, associadas a presença de horizontes de
solos pouco resistentes, localizados a pouca profundidade abaixo do talude.
A superfície de ruptura desenvolve-se paralela a camada fraca e termina em duas pequenas
cunhas, em geral formadas por fendilhamento.
Solos que provocam esses desiocarnentos: argilas moles, areias finas, siltes plásfims fofos.
A baixa resistência do material está ligada a elevadas pressões neutras da água contida
nos vazios.
Os deslizamentos podem estar ligados as temporadas de chuva na região.

SITUAÇ~EST~PICAS
Deslizamento em bloco, associado a
, descontinuidades e fraturas dos materiais
.. . -
que formam um corte ou uma encosta
.. .-
natural.

Deslizamento em bloco, atingindo o corpo do


do pela estratificação do

. . . . : . . . . . . .- . . . . . . . .
. .

+
.
...................... -i-'.
.. .. .. .. .. .. ..... . . . . .. ... .. . .. . .. .
~

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- - i - -
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- . . . ~. . G t. .
P.
resistente .....::..........,<r
. . . . ., ,. /., .y ./ /. A
. . . .. . . <m

Ruptura da camada superficial, típica de encostas naturais formadas por argilas alteradas.
0 efeito da sobrecarga imposta por um aterro construido na encosta, provoca o
deslizamento.

. . . .

. . . . .. . .
. .
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-7

MOVIMENTOS DE MASSA

DESLIZAMENTOS

DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS
Além da diferença de forma da superfície de deslizamento, há outra diferença fundamental
entre os movimentos rotacionais e os translacionais:

t nos rotacionais, o sistema de forças que inicia o deslocamento diminui com o aumento
da deformaçáo,devido a resistência oferecida pela massa de solo movimentada.

t nos translacionais, o sistema de forças permanece constante.

DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS EM ROCHAS

Deslizamento Plano
Para que um talude rochoso sofra uma ruptura segundo um único plano, sua geometria
deve satisfazer as seguintes condições:
t o plano de ruptura deve ter direçáo paralela ou subparalela a face do talude.

F O mergulho do plano de ruptura deve ser inferior ao mergulho da face do talude

t o mergulho do plano de ruptura deve ser maior que o ângulo de atrito, no plano

t superfícies de alívio devem prover resistências laterais desprezíveis ao


escorregamento ou, ainda, não existirem.

A presença de fendas de traçáo é o principal fator tendendo a produzir a instabilidade da


rocha
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES4

MOVIMENTOS DE MASSA

I DESLIZAMENTOS

MOVIMENTOS TRANSLACIONAIS EM ROCHAS

Deslizamento em Cunha

É o caso mais geral de ruptura plana em


rocha.

Dois ou mais sistemas de descontinuidades


isolam a cunha.

DESLIZAMENTOS COMPOSTOS
Movimentos em que se combinam a rotaçáo e a translaçáo, dando lugar a superfícies de
ruptura compostas, com trechos planos e curvos, assimiláveis a arcos circulares.

Condicionantes:
F presença de heterogeneidades no interior do talude ( falhas,juntas,terreno mais fraco )
F quanto menor a profundidade da heterogeneidade, maior a componente de translaçáo.
OBRAS DE TERRA ESTABILJDADE DE TALUDES-9

MOVIMENTOS DE MASSA

DESLIZAMENTOS MÚLTIPLOS OU REMONTANTES


Também designados como sucessivos ou retrogressivos, desenvolvem-se em etapas
sucessivas rumo a montante da encosta.

Remontantes Rotacionais
Cada escorregamento
unitário afeta a estabilidade
da massa de material a
montante, causando novo
escorregamento. ..
..
- -
. . . .. . - .- . . _ -. ..
. .. _ .=:L-
.. ..--.. .-. .-..: :

Ocorrências:
-locais de topografia escalonada, com problemas de erosão.
-argilas sobreadensadas ou fissuradas.

Remontantes Translacionais
Ocorrem em camadas
superficiais e muitas vezes
associadas a argilas
fissuradas.

Sucessivos
As rupturas produzem-se
com várias superfícies de
deslizamento, sejam
simultâneas ou em rápida
sucessão.

Ocorrências:
-cortes e encostas naturais ,suaves.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-10

MOVIMENTOS DE MASSA

Escoamentos são representados por deformações ou movimentos, contínuos, estando ou


não presente uma superfície de ruptura ao longo do qual a movimentação ocorra.

Englobam movimentos lentos denominados creep ou rastejo e rápidos ,designados


corridas.

São movimentos lentos ( 3 cml ano ) e contínuos de material de encostas com limites, via de
regra, indefinidos.
Abrangem grandes áreas, sem diferenciação através de uma superfície, entre material em
movimento e material estacionário.

Rastejo Periódico ou Sazonal


Atinge as camadas mais superficiais, sujeitas a variação térmica.
A expansão e contração do materia1,devida a modificação da temperatura e eventual
satura@o do solo,associadas ao efeito da gravidade, provocam o movimento encosta
abaixo.

Rastejo Permanente
Ocorre nas camadas inferiores, sob a ação exclusiva da gravidade, daí resultando uma
razão de movimentação constante.

E v l d ê n c i a ç e r f í c i e do terreno

(A) blocos deslocados de sua


posição inicial
(B) árvores inclinadas ou com
troncos recurvados;
(C) estratos e camadas rochosas
sofrendo variações bruscas
(encosta abaixo) ou xistosidade;
(D) deslocamentos de postes e
cercas;
(E) trincas e rupturas em elemen-
tos rígidos, como muros: muretas,
/ / paredes;
OBRASDETERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-I I

MOVIMENTOS DE MASSA

ESCOAMENTOS OU FLUXOS Jl

Distribuição da velocidade do movimento com a profundidade.

A distribui80 da velocidade, em
profundidade,torna possível
classificar corretamente o tipo de
movimento em ação.

No creep, a velocidade é máxima


na superfície e diminui com a
profundidade:
w reflexo nos elementos verti-
cais,que se tornam perpendicu-
lares ao talude;

w causa de fendilhamento e
escalonamento do terreno que
provocam a ruptura de estruturas
longitudinais ( muros, cercas, etc).
Translação segundo BB

DIFERENCAS ENTRE RASTEJO E DESLIZAMENTOS

DESLIZAMENTOS RASTEJO
Período curto de tempo Processo lento e contínuo

Massa relativamente pequena e bem Pode envolver área muito grande, não
jefinida havendo diferenciação nítida entre material
em movimento e material estacionário.

'reduzido pela ação da gravidade.


I Ação combinada entre a força da gravidade
e outros agentes ( temperatura e umidade)
3 deslizamento ocorre quando os esforços A carga que dá início ao rastejo é menor do
2tuantes atingem a resistência ao que a resistência ao cisalhamento e
:isalhamento do material. denomina-se pressão de fluência.
j OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-12
B

MOVIMENTOS DE MASSA
-

ESCOAMENTOS OU FLUXOS

Nos fluxos, a massa deslocada assemelha-se ao


escoamento de um líquido viscoso, pela forma
assumida pelo material em movimento ou
aparente distribuição das velocidades e deslocamentos.

A superfície de deslizamento não é visivel ou se desenvolve durante um lapso de tempo


muito pequeno.

O material sucetivel de sofrer uma corrida pode ser qualquer formação não
consolidada,constituida de: solos granulares finos, argilas moles, depósitos de talus ou
fragmentos e blocos de rocha.

Uma massa de solo, no estado sólido pode ser tornar um fluido por:
t simples adição de água
t efeito de vibrações (terremotos,ou cravação de estacas nas profundidades)
t processo de amolgamento de argilas muito sensíveis.

FLUXOS EM MATERIAIS SATURADOS


Provocados por encharcamento do solo provocado por pesadas chuvas ou longos períodos
de chuvas de menor intensidade
t o desencadeamento do processo está mais ligado a resistência dos materiais
do que as formas topográficas.
t a velocidade de deslocamento pode ser elevada, daí o risco de destruição.

FLUXOS DE ARGILA FLUXO DE AREIA OU SILTE

Quando os materiais finos contem A gênese desse movimento inclui o


quantidade de água muito elevada, o fluxo fenômeno da liquefação espontânea desses
denomina-se fluxo de lodo. solos, provocada por rápida variação do
nível d'agua vinda de uma fonte em posição
mais elevada ou externa.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-13

MOVIMENTOS DE MASSA I

ESCOAMENTOS OU FLUXOS 1

FLUXOS EM MATERIAIS SECOS


Admite-se que o ar contido entre os fragmentos, comprimido sob forte pressão, desempenha
um papel semelhante, na gênese do fluxo, ao da pressão da água dos vazios.
A origem do acréscimo de pressão está ligada ao efeito de vibrações por choques ou
terremotos.

Fluxo de Areia Fluxo em "loess"

I NOTA: Loess- sedimento eólico de granulação fina I

AVALANCHES OU CORRIDAS DE DETRITOS


Representam uma das formas mais catastróficas de movimento de massa.
Envolvem, geralmente, material contendo quantidade apreciável ( da ordem de 50% ) de
pedregulhos, blocos ou fragmentos de rocha, embebidos na matriz de solo mais fino, como
é comum suceder nos depósitos de talus ou em encostas de solo residual.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-14

MOVIMENTOS DE MASSA

FATORES DE MOVIMENTOS DE MASSA

A estabilidade de um talude depende de várias circunstâncias que podem ser denominadas


I
AGENTES OU FATORES DE MOVIMENTOS DE MASSA.
I

Causa é o modo de atuação de determinado agente, isto é, as variações desses agentes no


sentido desfavorável a estabilidade.

Um mesmo agente pode se expressar


por meio de uma ou mais causas

Os fatores subdividem-se em : fatores predisponentes e fatores efetivos

FATORES PREDISPONENTES

Conjunto de condições geológicas, geométricas e ambientais em que o movimento de


nassa irá ter lugar.
Trata-se de um conjunto de características intrínsecas, função apenas de condiçóes
iaturais, nelas não afuando, sob qualquer forma, a ação do homem

FATORES EFETIVOS

Conjunto de elementos responsáveis pelo desencadeamento do movimento de massa,


nele se incluindo a açáo do homem.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDE-15

MOVIMENTOS DE MASSA
FATORES DE MOVIMENTOS DE MASSA

AGENTES PREDISPONENTES
AGENTES EFETIVOS
COMPLEXO GEOLÓGICO COMPLEXO COWLD(O CLIMÁ TICO-
MORFOL~GICO HIDROL~GICO

Natureza petrográfica . Inclinação superficial . Clima . Pluviosidade

. Alteração por intemperismo . Massa . Regime de águas . Erosão pela água ou vento
meteóricas e subterrâneas
. Acidentes tectônicos . Forma de relevo . Variação de temperatura
(falhamentos, dobramentos) . Tipo de vegetação original
. Congelamento e degelo
. Atitude das camadas
. Dissolução química
(orientação e mergulho)

. Formas estatigráficas . Ação de fontes e mananciais

. Variação do lençol freático

. Oscilação do nível dos


lagos e marés

. Ação humana e de animais


OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-16

MOVIMENTOS DE MASSA

I CAUSAS DE MOVIMENTO DE MASSA R


As causas podem ser gnipadas, dependendo de sua posição em relação ao talude.

São as que levam ao colapso sem que se verifique qualquer


CAUSAS INTERNAS mudança nas condições geométricas do talude e que resultam de
uma diminuiçáo da resistência interna do material.

Efeito de oscilações térmicas: Diminuição dos parâmetros de resistência por


intemperismo:
Oscilações térmicas diárias ou sazonais provocam
variações volumétricas em massas rochosas,
O processo leva a um enfraquecimento gradual do
podendo conduzir a destaques de blocos. O
meio rochoso ou terroso com: dissolução dos ele-
fenômeno atinge sua expressão máxima em
mentos com função de cimentação em rochas e
condições climáticas com predominância de intem-
solos sedimentares; remoção dos elementos
perismo físico sobre o químíco.
solúveis; desenvolvimento de rede de pequenas
Diminuição da resistência ao cisalhamento por fissuras.
saturação: O enfraquecimento produz diminuição da wesáo e
Aumento da pressáo hidrostática. ângulo de atrito interno.

I
São as que provocam um aumento das tensões de cisalhamento,
CAUSASEXTERNAS sem que haja diminuição da resistência d o material.

Mudança da geometria do sistema: Efeito de vibrações:


Acréscimo de sobrecarga na porção superior ou Agentes como: terremotos, bater de ondas,
remoção de parte de sua massa na porção inferior. explosdes, trdfego pesado, cravaçCio de estacas e
O pr6prio retaludarnento pode vir a reduzir, não só operaçCio de máquinas pesadas transmitem
as forças solicitantes, mas também a pressão vibrações ao substrato e consequentemente, a
normal no plano potencial de ruptura e conse- força delas resultante e os carregmentos ciclicos,
quentemente a força de atrito resistente. com aumento progressivo das pressões neutras.

Mudanças naturais na inclinaçáo das encostas:


Processos orogênicos onde as cadeias
montanhosas sofrem lentas e contínuas mudanças
estruturais. As encostas sofrem contínuas
mudanças de inclinação o que resulta no
aparecimento de fenômenos de instabilidade.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES 17 -

I CAUSAS DOS MOVIMENTOS DE MASSA

Resultam de efeitos causados por agentes externos, no


interior do talude.

Elevação do nível piezométrico em massas Elevação da coluna de água em des-


homogêneas: continuidades:

Quando numa massa saturada de solo ou Blocos ou massas rochosas de baixa


rocha intensamente saturada, a água que permeabilidade intrínseca,separados por
ocupa os vazios se acha sob forte pressão juntas, diáclases e planos de fraqueza,
(aplicação do princípio da pressão efetiva) sofrem o efeito da elevação da coluna
d'água. A pressão da água no maciço
rochoso age perpendicularmente aos
planos de descontinuidade.
Erosão subterrânea retrogressiva:

11 areias finas. 21 folhelhos. 3)margas.


41 cone para uma rodovia

Rebaixamento rápido do lençol freático:


(a)

ia) Talude submerso, sujeito a um rebaixamento rápido.

(b) Quando o material que constitui o talude é permeável. o nível


d'água interno acompanha o externo e a resultante da pressáo
neutra na superfície de deslizamento é pequena.

(C) Nos taludes impermeáveis, inverte - se a direção do fluxo e a


,, '...
,

fluxo
superfície de deslizamento suporta elevada pressão piezométrica
Sumário
MÉTODOS DE EQUIL~BRIO LIMITE
a Princípios básicos
a Conceito do fator de segurança
a Classificaçao dos métodos de equilíbrio limite

SUPERF~CIEDE DESLIZAMENTO PLANA


e Talude de extensão ilimitada

a Método de Culmann

SUPERF~CIEDE DESLIZAMENTO CIRCULAR


a Método de Fellenius
a Método de Bishop
a Análise em termos de tensões totais
Outros métodos de análise
MÉTODOS DE EQUIL~BRIOLIMITE

Uma vez determinadas a configuração geométrica de um talude e as condições do seu subsolo


poderá ser realizada a análise de sua estabilidade, empregando-se determinações analiticas, tabelas ou
gráficos de estabilidade e recursos computacionais.
Do ponto de vista teórico, um talude apresenta-se como uma massa de solo submetida a três
campos de forças:
as devidas ao peso próprio
as provenientes da percolação da água
as decorrentes da resistência ao cisalhamento
A análise da estabilidade de um talude tem como objetivo verificar se a estrutura apresenta uma
certa segurança, para determinadas condições de trabalho, em função dos valores assumidos pelos
três campos de forças.
Na aplicação de um método de análise, busca-se uma avaLação qgantitativa da estabilidade de um
talude, com a determinação de um número denominadofator de segtirança ( F ).
O valor F = 1 para o fator de segurança corresponde a uma situação de equiDbno Lmite, ou seja,
uma pequena variação das forças em equilíbrio pode conduzir à ruptura da massa de solo.
A situação de instabikdade ou nptgrw é representada pelo fator de segurança F 1. Ao se obter
essa condição em um projeto, ele precisará ser refeito ou modificado pois não terá condições de ser
executado.
F > 1 indica uma situação estável - o talude conta com uma reserva de resistência em relação
às forças que tendem a derrubá-lo.
A determinação de F exige o estabelecimento de alguns critérios:
como deve ser definido
como será determinado
qual seu valor adequado
O conjunto desses critérios constitui um Método de Análise de Estabilidade e evidentemente, o
fator de segurança está vinculado ao método pelo qual foi determinado. O talude possui o seu fator
de segurança real. A escolha correta do método permitirá que o valor calculado se aproxime do va-
lor real.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

A maioria dos procedimentos utilizados baseia-se nos princípios do equilibn'o limite.


Nas análises de equilíbrio limite, estuda-se a estabilidade de uma massa de solo que se encontra
na iminência de uma ruptura segundo uma superficie, denominada superfície potencial de ruptura.
Nessas condições, as forças que tendem a provocar o derrubamento são exatarnente balanceadas
pelas forças que resistem ao movimento.
As condições locais de um talude podem exigir diferentes métodos para a sua análise. Entre-
tanto, todos os métodos de análise desse tipo devem d e h i r os seguintes aspectos: o mecunismo dos
movimentos, a lei de resistência dos solos e oofar de segIrrunça.

2.1 Mecanismo do movimento


No mecanismo do movimento de uma massa de solo estão caracterizados os seguintes ele-
mentos: a forma da superfície potencial de ruptura, as forças atuantes na massa de solo e a cinemá-
tica dos movimentos.

Forma da superfície de ruptura


As condições geológicas de um talude influenciam a forma e o desenvolvimento da superficie
potencial de ruptura, ocorrendo com frequência rupturas planas, rupturas em cunhas e rupturas
com forma cilíndrica ou circular. Em terrenos com estatigrafia complexa, podem ocorrer combina-
ções de mais de um desses tipos ou mesmo superfícies de forma qualquer.
Assim, nas hipóteses básicas de cada método deve ficar definida a forma da superfície de ruptu-
ra esperada.

Forças atuantes
Admitindo-se conhecida a superficie potencial de ruptura, a massa de solo por ela delimitada e
pelo contorno do talude, poderá estar submetida aos seguintes campos de forças, tal como repre-
sentado na figura 2.1. a
peso do solo, resultante da ação da gravidade.
cargas aplicadas na superficie ou no interior do maciço
de solo
resultante das pressões neutras, decorrentes da presença
do lençol freático ou da percolação através do talude

Fig.2.1 Carp aplicadas a um talude


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

A resultante dessas forças denominada resultante das forças de massa poderá ser decomposta
na direção normal à superficie de ruptura (N) e na direção tangencial a ela (2). Esta força cisalhante
representa a parcela das forças de derrubamento que deve ser resistida pela resistência mobilizada
pelo terreno, para que não ocorra o deslocamento da massa de solo.
A lei de resistência adotada em mecânica dos solos é a de Mohr-Coulomb, traduzida pela equa-

ção da envoltória da resistência ao cisalhamento [ T =~c' +( o - u )t&']. Com ela se poderá ava-
liar a capacidade do solo para resistir aos esforços de derrubamento

Cinemática dos movimentos


Entende-se por cinemática dos movimentos, a natureza dos deslocamentos que ocorrerão, se a
resistência do terreno for ultrapassada pelas forças de derrubamento. A superficie de ruptura cons-
titui uma delimitação entre o volume de solo instável, que vai se movimentar, e o solo estável, situa-
do abaixo dela.
Os métodos de análise reproduzem essas situações, existentes na prática.
A figura 2.2 ilustra uma ruptura segundo uma superficie plana, situada a relativamente pouca
profundidade, em que o solo sofre um movimento de translação como se fosse um corpo rígido.

Fig. 2.2 Talude infinito - deslizamento translacional

Na figura 2.3 está representado um des-


lizamento do tipo rotacional, onde a superfí-
cie de ruptura é um arco de círculo e o solo
deslocado sofre grandes deformações, assu-
mindo no íinal do movimento, uma confip-
ração totalmente diferente da inicial.

Fig. 2.3 Deslizamento rotacional de um talude

3
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Conceito de fator de segurança


O conceito de fator de segurança é de fundamental importância nos projetos relacionados a
taludes. Uma de suas principais funções é proteger o projeto das incertezas, isto é, defendê-lo do
desconhecimento e da falta de confiabilidade de alguns fatores que participam da análise da estabili-
dade, tais como, os parâmetros de resistência, a distribuição das pressões neutras e a estatigrafia do
terreno. Em geral, quanto menor for a qualidade da campanha de investigação do terreno, maior
deverá ser o fator de segurança, principalmente se o projetista não tiver experiência com o material
que estiver trabalhando.
Existem diferentes maneiras de se definir um fator de segurança, nos convencionais métodos
de equilíbrio limite. O significado desse termo deve ser bem compreendido pois uma definição
adotada dentro do contexto de um determinado método de análise, pode ser muito diferente do
correspondente a outro método.
Na maioria dos métodos de equilíbrio limite, deíine-sefator de segtrranfa(4como a relação entre
a resistência ao cisalhamento disponível ( r ) e a resistência ao cisalhamento mobilizada ou necessária
(r,), na superfície de ruptura. Assim, o fator de segurança tem a expressão

A tensão mobilizada corresponde, evidentemente, à tensão cisalhante que atuará na superfície


de ruptura, em decorrência das cargas atuantes e será determinada por cálculos.
A tensão de cisalhamento disponível depende das propriedades do solo e são obtidas nos en-
saios de laboratório (envoltórias de resistência) ou de campo. Nos terraplenos artificiais, como ater-
ros e barragens de terra, o material empregado pode ser selecionado, chegando-se aos parâmetros
de resistência desejados. Entretanto, nas encostas naturais de solos e rochas isto não será possível.
Utilizando-se a equação de Mohr-Coulomb na expressão (1) ter-se-á, em termos de tensões
efetivas:

0 s parâmetros (c' e 4') são os parâmetros disponíveis e a expressão ( 2 ) pode ser modificada
para:

A expressão (3) leva à conclusão que o fator de segurança, assim definido, afeta igualmente, a
coesão e o ângulo de atrito.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Em algumas situações, é recomendável a utilização de fatores diferentes para a coesão (F,) e


para o ângulo de atrito (F+).Isso ocorre quando o grau de confiabilidade desses parâmetros é dife-
rente.
c' tg4'
Nesse caso c: = - e t&', = - onde c: e qm são, respectivamente, a coesão
F, F,
e o ângulo de amto mobilizados.
O fator de segurança global será:

Outros métodos de análise d e h e m os fatores de segurança de forma diferente, tal como re-
presentado na figura 2.4.

(a (b)
Fig. 2.4 Critérios para a determinação do fator de segurança

Na figura 2.4 (a), correspondente a uma ruptura plana, o fator de segurança é definido pela re-
lação entre a força resultante da resistência do solo mobilizada e a resultante das forças de denuba-
mento.
No método que admite a superficie de ruptura circular (figura 2.4b), deiine-se o fator de segu-
rança pela relação entre o momento das forças resistentes e o momento das forças de derruba-
mento, tomados em relação ao centro do círcuio.
A figura 2.5 contém uma classificação de diversos métodos de equilibrio limite, com a indicação
dos respectivos mecanismos de ruptura e das forças atuantes.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

METODOS DE EQUIL~BRIOLIMITE - CLASSIFICAÇAO

MeODO HIPÓTESES BASICAS

Culmann (1866) Ruptura ocorre segundo um


plano passando pelo pé do
talude.

Talude de extensão O talude é constante e de ex-


ilimitada (Resal - 1910) tensão ilimitada.Urna coluna
vertical é representativa de
toda a massa.

Método das Cunhas Mecanismo de desiizamento de


(Culrnann - 1866) blocos, com a consideração dos
empuxos de terra

Método das Fatias A massa desiizante é dividida em


(Fellenius) fatias. As forças laterais são iguais
nas faces verticais de cada fatia.
N'
Método de Bishop Considera as forças atuantes em
(1955) cada face das fatias.

Bishop Simplificado A resultante das forças laterais


é horizontal.

Circulo de Atrito A resultante das forças atuantes


(Taylor - 1937) no arco de ruptura é tangente ao //I4
círculo concêntrico de raio Rsen4

/i P

Método de Spencer Janbu (1954) - Morgenstem - Price (1965)

Fig. 2.5 Classificação dos métodos de equilibcio limite


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

3. TALUDE DE EXTENSÁO ILIMITADA


Do ponto de vista prático, qualquer talude de grande extensão, com o solo apresentando ca-
racterísticas uniformes, segundo qualquer vertical, pode ser denominado um talude infinito ou de
extensão ilimitada. De acordo com esta definição, a massa de solo não é necessariamente homogê-
nea com a profundidade, mas tem características idênticas, num determinado estrato, paralelo à su-
perfície.
Geralmente, o plano de ruptura para tais taludes é paralelo à superfície do terreno e situa-se na
profundidade marcada por uma significativa mudança nas caracteristicas do material, a relativamente
pouca profundidade. São exemplos deste tipo de ruptura os taludes constituídos de solos residuais
ou coluviais, apoiados em rochas superficiais, taludes compostos de materiais não coesivos como as
areias, etc.
A análise da estabilidade é feita considerando-se apenas o equilíbrio de uma coluna de solo li-
mitada pelo talude, pelo plano potencial de ruptura e por dois planos verticais, sendo
ignorados os efeitos das extremidades.
O fator de segurança é defmido por uma comparação entre a força estabilizadora e a de dem-
bamento, atuantes na base da coluna de solo ou de suas correspondentes pressões.

Na expressão (5),S é a força decorrente da resistência ao cisalhamento do solo e T a força de


desestabilização, correspondente à componente do peso da massa deslizante, segundo o plano de
ruptura. Dividindo-se essas forças pela área da base da coluna de solo, ( b l w s i ) , obtém-se as pres-
sões normais e tangenciais, correspondentes à essas forças.
A figura (3.1) contém um talude de extensão ilimitada, constiuido por um material com peso
específico (y).Estão representadas as características geomémcas do talude e as forças que devem ser
consideradas no estudo do equilibrio da coluna de solo. A pressão neutra, -do na superficie de
deslizamento, está representada pela altura piezométrica ( h p ) .
As forças exercidas nas paredes da fatia de solo, não são consideradas no estudo da estabilida-
de, pois são iguais em valor e de sentido contrário, provocando momento nulo na base da coluna
de solo. Face a essas hipóteses, as forças envolvidas são as seguintes:
peso da coluna de solo W=yHb
componente normal do peso N=Wcosi=yHbcosi
componente tangencial do peso T=Wseni=yHbsenz
resultante da pressão neutra na base U = u .b/cos j = h, .y e .blcosi
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

i- .

u
ruptura

Fig. 3.1 Diagrama mostrando as forças atuantes numa coluna típica de um talude intinito

Dividindo-se as forças anteriormente determinadas, pela área da base da coluna de solo, tem-se
as pressões normais e cisalhantes, com as quais se estabelece uma expressão geral para o fator de
segurança.

tensão normal <T = yHb .cosi = yHcos2i


blcosi

tensão cisalhante y Hbsen i


7, = = y Hsen i a s i
bjcosi

pressão neutra u = y; h,

No equilíbrio limite o fator de segurança seria igual a F = 1, pois as tensões disponível e mobi-
lizada seriam iguais. Numa situação diferente desta, o fator de segurança será, obtido da relação

Substituindo em (6) os valores já determinados das tensões, tem-se:

yH seni cosi
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Partindo-se da equação geral do fator de segurança, poderão ser estudadas diversas situações
particulares, tais como taludes formados de solos coesivos ou solos não coesivos.
Para diversas condições de percolação da água no talude, correspondem valores diferentes de
(h,), os quais devem ser determinados, para cada caso em pamcular.

3.1 TALUDES SEM PERCOLAÇÃO

Material não coesivo


Neste caso, como (c' = O ) e ( h , = O ) , a expressáo (7) transforma-se em:

F = -tg4'
tgi
Nos taludes constituídos de solos não coesivos a inclinação máxima do talude será a corres-
pondente ao ângulo de atrito do material, dai esse valor ser algumas vezes chamado de ângulo de
repouso do material.

Material coesivo
Neste caso o material tem a lei de resistência ao cisahamento do tipo ('C= c 1 + o f t g 4 ' ) , tal
como apresentado na figura (3.2).

Fig. 3.2 Envoltória de Mohr-Coulomb mostrando situação de resistência limite

O estado de tensões na base de uma coluna de solo, para taludes com diferentes profundidades
(H) da superfície de ruptura, quando levados a um gráfico (o,?), estarão sobre uma reta passando
pela origem, com a mesma inclinação do talude ( i ). Essa reta intercepta a envoltória de resistência
ao cisalhamento num ponto M, defuiindo portanto, uma situação limite crítica para uma altura de
talude, em que a tensão mobilizada na base, corresponde à resistência do solo. T = 7,
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

c
H C --.- 1 1
- (10)
Y cos2 i (tgi - tg$)
'

Nos solos coesivos a inclinação do talude pode exceder o ângulo de atrito, entretanto, a altura
( H ) fica limitada a um valor crítico.
O fator de segurança para um talude de altura H pode ser deduzido da expressão 0,
fazendo
(hp= O), pois não há percolação.

+-tg$
C
F=
y H seni. cosi tgi

3.1 TALUDES COM PERCOLAÇÃO PARALELA A SUPERF~CIE


A superfície da água é paralela à inclinação do talude, bem como as demais linhas de percola-
ção. A profundidade do nível d'água é definida pelo parâmetro ( m ) tal que H, = m . H ,sendo
O(m(1.

Fig. 3.3 Talude de extensão ilimitada com percolação paralela à superficie


Na figura 3.3 as diferentes grandezas representam:
AC = linha equipontecial AC = ADcosi = mH .cosi
AB = altura piezométrica A B = ACcosi=mH.cosZi
U = pressão neutra u = m H . c o s Z iye
.

Sendo o solo constituído de camadas com diferentes pesos espeáficos pois é parcialmente sa-
turado:o=[(l-m)y+my,,]~cos2i e z = [(I- m)y + n z y , , ] ~seni.cosz
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

A expressão geral do fator de segurança será então:

3.1.1 Percolação paralela ao talude e nível da água na superfície


Este é um caso particular do caso geral em estudo, onde a percolação ocorre paralelamente ao
talude e a linha superior de percolação comcide com a supeficie do talude (figura 3.9, a pressão
2 -
neutra a uma profundidade (H) é (u = y ,H cos2 i ) e a pressão efetiva é o' = (Y - "/,)H cos I,
%
pois m = 1

Fig. 3.4 Talude de material coesivo com percolação coincidindo com a superficie do terreno

Material coesivo
Partindo da expressão 12, admitindo m = 1 e considerando os valores da tensão normal e pressão
neutra na base, já estabelecidos para esta situação, poderá ser calculado o fator de segurança.

F=
C'

y,, H seni . cosi


+ (Ym- %).H
Y in.i--
tgi
(13)

A altura crítica será determinada admitindo-se F = 1, na expressão (13), calculando-se H.


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O fator de segurança pode ser escrito em função da relação de poro-pressão, definida por
Bishop, r,, = u / y H , onde u é a pressão neutra num ponto e H a altura de solo nesse mesmo ponto.

C
+ (1 - r,i """
)oosZ i . t&'
F = Y, .H (15)
sen i . cosi
0 s valores de (ruj variam, normalmente, entre O e 0,5, sendo nulo quando o talude não sofre
percolação.

Material não coesivo


Partindo da equação 13 e fazendo C' = 0 , chega-se ao fator de segurança dos solos não coesi-
VOS.

Quando C' = O ou quando é extremamente pequena em relação a (rH), esta parcela pode ser
desprezada e o fator de segurança transforma-se em:

3.1.2 Determinação do fator de segurança utilizando a força de percolação


Na figura 3.5 estão representadas as forças em equilíbrio, atuantes num elemento de solo so-
frendo percolação. Para o estudo do equilíbrio do elemento são considerados o peso do solo (AC),
o peso da água (CB), as forças de contorno (ED e DE) com resultante BE e a força de percolação
CE. O equilíbrio está representado pela resultante das forças de massa AE, obtida compondo-se o
peso saturado do solo AB com a resultante das forças de contorno BE ou como a resultante do
peso submeno AC com a força de percolação CE.

I
Fig. 3.4 Determinação da resultante das forças de massa
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O equilíbrio de um talude extenso, com percolação paralela à superfície e totaimente saturado, pode
ser estudado, comparando-se as forças de derrubamento e de estabiiização.

Fig. 3.6 Determinação da força de percolação

Forças de derrubarnento
Força de percolação (Fp) Fp=y,Ki=y,bH.senz

Componente tatigencial do peso submerio ( T ) T = y3uY H. sen i


, u

Pelo acima exposto, ao se trabalhar com a força de percolação deve ser considerado o peso sub-
merso.

Forças de estabilização
Resistência de atrito (4 S = N ' . t g v =ysub . b H . c o s i . tg4'

CÁLCULO DO FATOR DE SEGURANÇA

F=--
R. tgi - y,, .b H . cosi. tg4' - y_, tg$
T + F, b ~ . s e n i . ( ~ , +
, y a ) ,y tgi
A expressão obtida é idêntica à equação (16), anteriormente estabelecida.
Esse tipo de dedução para o cálculo do fator de segurança pode ser empregado em qualquer direção
da percolação. Para cada caço deve ser determinado o gradiente hidráulico ( i ), necesskio ao cál-
culo da força de percolação.

13
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

+ Aplicação numérica

Um talude i n h i t o é constihído por um material coesivo com as seguintes características:

y = 18,O 1 d ~ l r n ' c =36kililrn2 $= 1


4
' H=3m i = 22'

Desprezando a percolação e a pressão neutra, determinar:

a) a tensão cisalhante máxima desenvolvida:

b) a resistência ao cisalhamento máxima disponível

X) a altura critica, para c,,, = c e I $=~I$

d) fator de segurança relativo a coesão

e) fator de segurança contra o deslizamento.

Solução:

a) t, = y H s e n i ~ c o s i = 1 8 ~ 3 ~ s e n 2 2 ~ c o s 2 2

d) c, = yíi cos2i . (tgi- tg4,)

Admitindo 4, = 14'

tg4 - 36 tg14
e) F =
C
+- - +- = 2,63
yH-seni.cosi tgi 18.3.sen22.cos14 tg22
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

4 Aplicação numérica
Um talude natural extenso, inclinado a 12" é constituído de argila

O nível d' água está na superfície e a percolação é, aproximadamente, paralela a essa superfície.
Uma potencial superficie de escorregarnento desenvolve-se segundo um plano paralelo à superficie
e a uma profundidade de 5,O m.
A argila tem os seguintes parâmetros geotécnicos:

Determinar o fator de segurança segundo o plano de escorregarnento.

Solução:
m =I pois o nível superior da água coincide com a superficie do talude.

ou pela utilização direta da fórmula:


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

4. DESLIZAMENTO SEGUNDO UMA SUPERF~CIEPLANA


( Método de Culmann )

Este tipo de análise, proposto por Culmann em 1866, está baseado na hipótese de que a ruptu-
ra ocorre segundo uma superficie plana que passa no pé do talude. As condições gerais de equilibrio
aplicam-se contudo, a qualquer cunha de solo que tenda a deslizar segundo uma superficie plana,
mesmo passando acima do pé do talude.
Esse tipo de ruptura é caracteristica de aterros ou encostas naturais que apresentem um plano
onde o material possua caractensticas de resistência mais fracas em comparação com o material que
o envolve. Ocorrem também, em escavações realizadas em depósitos estratificados, onde as cama-
das mergulham na direção da escavação.
Embora uma superfície plana não seja uma hipótese realistica do deslizamento de maciços
formados de solos homogêneos, ela constitui um mecanismo simples de ruptura, adotado em várias
análises de estabilidade e projetos de estabilização de taludes.

Fig.4.1 Talude com superficie de ruptura plana

Na figura 4.1 estão identificados os seguintes elementos, referentes à geometria de um talude,


cuja superficie potencial de ruptura (AC), passa no pé do talude

i - inclinação do talude com a horizontal


a - inclinação da crista com a horizontaí
H- altura do talude

0 -inclinação da superficie de ruptura AC ,com a horizontal


L - comprimento E ,traço da superficie de ruptura com o plano da figura
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Maciços homogêneos

Em função das relações geométricas e trigonométricas da figura, pode-se estabelecer as expres-


sões para o cálculo do peso da cunha de solo deslizante e do comprimento L.

L=--.H sen (i - a )
seni sen (0 - a)
O peso será igual ao produto do volume de solo pelo peso especifico do material:
1 sen (i - 0 )
W =-LyH
2 sen i
No caso mais geral:

W =-.yH 2.[ sen (i - 0 ) sen (i - a )


2 sen2i s~II(~-a)

O mecanismo da ruptura se processa do seguinte modo:

As componentes do peso ( W), nas direções tangencial e normal à superficie de desliza-


mento são, respectivamente, ( T = W s e n e ) e ( N = W coso);

A componente ( T ) tende a provocar o movimento da massa de solo, segundo a supert-


cie de ruptura;

A componente ( N ) provoca no terreno esforços intergranulares, cuja resultante é igual a


( N ) e dá origem à resistência de atrito entre os grãos, cuja resultante é ( N t g 4 ) ;

As duas forças ( N ) e ( Ntg4 ) terão como resultante R, inclinada de um ângulo (4) com
a normal à superficie de deslizarnento.

O diagrama dessas forças consta também da figura (4.1).

A condição de equilíbrio limite (F= 1) ocorrerá, quando a força cisalhante de derrubamento


( T), for igual à resistência ao cisahamento disponível do solo (S = CL + W c o s e t g 4 ) .

Quando as condições geológicas defuiem perfeitamente o ângulo ( 0 ), o fator de segurança


global poderá ser determinado pela relação
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Nos maciços homogêneos, será necessário determinar a inclinação ( 9 ) do plano que ofereça o
menor fator de segurança ao deslizarnento e portanto, este será considerado a superfície potencial
de ruptura.

Para tanto, aplica-se a lei dos senos ao polígono de forças constante da figura (4.1) e composto
- + -
pelas forças CL,W e R . Chega-se a
cL - W
sen(9 - 4) - C O S ~

Substituindo-se o valor de ( W ) indicado na expressão (19), obtém-se a expressão :

1 sen(e-$).sen(i-e)
c=-yH (22)
2 sen i. cosb

Note-se que a inclinação do terreno (a),na crista do talude, não aparece na equação (22) e
portanto, não interfere diretamente nos cálculos.

Por outro lado, esta equação conduz à determinação da coesão necessária, para que seja manti-
do o equilibrio, quando o solo utiliza sua resistência de atrito, representada pelo ângulo de atrito
interno (4).

Quando se pretende dotar a resistência de atrito de um fator de segurança ( F4), tal que

tg4, = -, 4 o plano crítico será aquele que mobilizar a maior coesão, para que o equilíbrio seja
F+
ac
mantido. A conseqüência será a inclinação desse plano obtida na equação -= 0, correspondente
ae
ao máximo da função (22).

A inclinação do plano crítico com a horizontal será então:

Levando-se o valor de ( BCnt) à expressão (22), chega-se à coesão (c,), a qual precisa ser mo-

bilizada, para que o equilíbrio seja mantido.

seni -tos+,

C
O fator de segurança relativo à coesão será (F, = -).
Cm
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

A equação ( 24 ) pode ser manipulada, para a determinação de uma altura crítica, admitindo-se
F = 1 e considerando-se os parâmetros de coesão e ânguio de amto, os disponíveis na resistência ao
cisalhamento do solo.

Nos casos em que I$ = O e o talude vertical, isto é, i = 90°, a altura crítica será:

Quando se tratar de um solo ( c - I$), e se pretenda um coeficiente de segurança global

F = F, = F+, o problema é resolvido, por tentativas, partindo-se de um valor de F+ e calculando-se

o valor F,, pela expressão ( 25 ). As tentativas são repetidas até se obter F, = Fb

4.1 EXEMPLOS DE PROBLEMAS E SOLUÇÕES PELO MÉTODO DE CULMANN

Problema:
l0
Há um plano de fraqueza no talude, previamente conhecido. Esse será o plano critico, definido
por um ângulo (0)

Elementos conhecidos

Parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão (C) e ângulo de atrito (I$)


Inclinação da superI?cie potencial de ruptura (8).

EIzI
Solução

Calcular o peso (W) da provável cunha de deslizamento. Se houver a presença de água seu
peso deve ser considerado;
Determinar as componentes do peso segundo as direções normal (N) e tangencial à super-
fície de ruptura 0.
Qualquer sobrecarga atuante na superfície do talude contribuirá, tam-
bém, no cálculo de (N) e 0;
Calcular a resultante da pressão neutra (U), atuante na supeficie de deslizamento, conside-
rando uma rede de percolação eventualmente presente;
Comparar as forças resistentes e dembamento atuantes na superficie de ruptura, calculan-

.r"!,
do o fator de segurança F = - = -
T z
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

+ Aplicação numérica
Trata-se da execução de um corte num maciço constituído de dois materiais. O inferior é um solo
coesivo, altamente impermeável.
A resistência ao cisahamento entre as duas camadas obedece i equação:

T = 7,2 + o tg 25' . peso específico do material superior é y = 16,5 kN/m 3 .


( k ~ l m ' )O
As figuras abaixo contém a configuração do talude e as dimensões obtidas de relações geométricas e
trigonométricas.

------------------- Escala 1:100


(a)

I
@)
Fig. 4.2 Seção transversal do talude

Força de dembamento: T = Wsen30° = (2,6 x 3,6 x 112) 16,5.sen30° = 38,6kN/m


Força resistente: 2 57 ~2 x 7 2 + 7 7 , 2 , c o ~ 3 0 ~ . t g=2 583,42kN/rn
S = cL + W c o ~ 3 0 ~ t g = ~
S 83,42
Fator de segurança: F = - = -= 2,16
T 38,61
Como este valor é maior do que 1,5 o taiude é estável.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

2O Problema:
Talude homogêneo onde que não se conhece, previamente, o plano critico de ruptura mas
existe um fator de segurança ( F), estabelecido a priori, para a determinação da altura máxima de
uma escavação

Elementos conhecidos

Parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão (C)e ângulo de atrito (4)


Fator de segurança estabelecido para o projeto ( F ) .
A inclinação do talude ( i ) ou sua altura (H)

Solução

A resposta procurada poderá ser a altura máxima do talude ou sua máxima inclinação, se o va-
lor de ( H ) estiver determinado.
O fator de segurança pretendido aplica-se à resistência ao cisahamento, ou seja, à coesão e ao
C
ângulo de atrito. Assim serão mobilizados da resistência ao cisalhamento: c, = - e
F

1
Os valores de i e 4 , determinam a inclinação do plano de ruptura O , =-(i +O,)
2

O valor de H, será calculado pela expressão (26).

A expressão (24) mostra que na análise da estabilidade de um talude homogêneo, pelo método
de Culmann, estão envolvidos cinco parâmetros ( c, H, y, i e F ) . Esse número poderá ser reduzido
se algumas variáveis forem' reunidas no chamado número de
C
estabilidade, definido como -
yff '

/ O valor máximo do número de estabilidade será, então:

1 - C O S ( I -4)
(28)
4.seni.cos1$

0,10 / O número de estabilidade facilita a construção de ábacos


/
/ ( fgura 4.3 ), em que as entradas são: o número de estabilida-
0,05 / /
-,-
-
'4 -7 de e a inclinação do talude. A cada curva corresponde um
0

15 30 45 60 75 90 i valor do ângulo de atrito.

Figura 4.3 Ábaco do número de estabilidade


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

+ Aplicação numérica
3 2
Em um terreno que apresenta um peso específico y = 17,O W / m ,coesão C = 40,O kN/m e ân-

gulo de atrito 4 = 6 O , pretende-se executar uma escavação, adotando-se a inclinação de 203 :I@).
Determine a altura máxima da escavação (H,,) para que o fator de segurança seja F = 2.

Solução:
4c seni-cos4
H",, = --
-y [i - cos(i -$11
Determinação do ângulo do talude
tgi=2 i=63" e sen i = 0,894

Determinação dos parâmetros de resistência mobilizados


40
Coesão c, = - = 20kN/mZ
2
Ângulo de atrito 4=6" tg4=0,105,

Determinação da altura máxima de escavação


4 x 20 0,894 x 0,999
H",, = = 8,12m
17,6 [l - cos(63 - 3)]

3O Problema:
Aplicação do método de Culmann à análise da estabilidade de um talude homogêneo, sem um
plano de fraqueza conhecido.
De acordo com o ressaltado anteriormente, a hipótese de uma ruptura plana não é a mais indi-
cada para taludes homogêneos, principalmente os dotados de coesão, pois a prática tem mostrado
que o deslizamento ocorre segundo superfícies curvas. Nos taludes muito íngremes ainda se obtém
resultados aceitáveis. Entretanto, nos taludes abatidos os erros são inaceitáveis e perigosos.
Este problema foi incluído apenas para mostrar um procedimento geral, que utiliza um meca-
nismo simples.
1
1
I OBRAS DE TERRA ANkISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

1
I
1
1 Parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão (c) e ângulo de amto (4)
I
1
1 1 Solução

A determinação do fator de segurança relativo i resistência ao cisalliarnento ( F = F, = F, ),

será precedida por uma pesquisa do plano critico, utilizando-se um processo de tentativas.

4 .
e ele determinar 4, = -
Adotar um valor para ( ~ + )com
F* '.

Utilizando um ábaco ou a expressão ( 24), calcular (c,) e o correspondente fator de segu-

C
rança relativo à coesão (F,) = -. Caso F, # F, a pesquisa deve ser prosseguida, até se
cm
obter a igualdade dos fatores de segurança;

Dispondo-se de pelo menos três pares de valores de diferentes tentativas (F,,, e

Fco,a,a,), pode-se traçar o gráfico da figura 4.4. O valor h a l de ( F ) está na interseção de


uma reta inclinada a 45O com a curva.

,F, (calculado)

F
F, (arbitrado)
Figura 4.4 Tentativas para a determinação de F
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Nos taludes fmitos, as rupturas ocorrem segundo uma supetficie curva, aproximando-se bas-
tante de um arco circular. Geralmente, essas supeficies são uma mistura de arcos circulares e espi-
rais, que se apresentam achatados nas extremidades e aguçados no centro. Na realidade, isto é uma
descrição bastante simplificada de uma superfície de ruptura pois, devido à grande variação das pro-
priedades dos solos e das características dos taludes, cada talude natural terá sua própria supedcie
de ruptura.
Os estudos realizados por Peterson (1916) e Fellenius (1936), em função de grandes escorre-
gamentos de terra, ocorridos na Suécia, mostraram que os estudos conduzidos, admitindo-se super-
fícies de ruptura circulares, fornecem resultados satisfatórios, principalmente, em formações homo-
gêneas e isóaopas. Imprecisões poderão ocorrer face a presença de descontinuidades no interior do
maciço, tais como planos de separação, entre materiais com características distintas.
Quando o talude está submetido aos efeitos da pressão da água e se pretende conduzir a análise
em termos de pressões efetivas, é indispensável o conhecimento da dismbuição da pressão normal
efetiva ao longo da superficie de ruptura. Isso leva os métodos de análise a separar a mxsa de solo
em pequenos elementos e tratar cada um, como um único bloco deslizante. São os denominados
métodos das fatias.
Os métodos das fatias são métodos de equilíbrio limite e partem do pressuposto de que a su-
perficie de ruptura é previamente conhecida e seu fator de segurança é calculado. Após vá% tenta-
tivas, com diferentes superfícies potenciais de ruptura, será considerada crÍtica aquela que apresentar
o menor fator de segurança (figura 5.1).

crítica

Fig. 5.1 Pesquisa da superfície crítica, no método das fatias


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

5.1 Hipóteses básicas dos métodos das fatias


As hipóteses básicas dos métodos das fatias estão representadas na figura (5.2)

(b)
Fig. 5.2 Hipóteses básicas do método das fatias
a ruptura é cilimdrica, estando a superfície de deslizamento pré-determinada, em forma e loca-
ção.
a análise é bidimensional (estado plano de deformações), admitindo uma seção do talude com
um metro de extensão, na direção perpendicular à figura (figura 5.2 a).
a resistência ao cisalhamento obedece à lei de Mohr-Coulomb e é totalmente mobilizada, no
instante da ruptura, ao longo de toda a supedicie de deslizamento.
o talude é subdividido em (n) fatias verticais e estudado o equilíbrio de cada M a
o fator de segurança é dehido, como a relação entre a resistência ao ckalhamento disponível ao
longo da supe&cie de ruptura e os esforços cisalhantes, mobilizados na referida superfície.

Estudo do equilíbrio de cada fatia

-
Cada fatia é defmida pelos seguintes elementos geométricos:
x=Rsenu

Elementos Geométricos

R - raio do círculo potencialde ruptura

a- inclinação da base da fatia com a


horizontal = ângulo da normal com a
vertical
b - largura da fatia

1 - arco na base da fatia

Fig.5.3 Elementos geométricos de uma fatia


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Numa fatia isolada, devem ser consideradas as forças representadas na figura (5.4) e o poiígono
de forças traçado na figura (5.5).
Forças atuantes
O
W=yhb - peso total da lamela

M=nl .. força normaltotal atuante na base


S=rl - resultante das tensões cisalhantes
atuantes na base

E, E,+,_ resultante das forças totais horizon-


tais atuantes nas se~ões n e n+l

X,, &++ resultante das forças cisalhantes


- verticais atuantes nas seções n e
n+l

' /
w-'
Fig. 5.4 Forças atuantes numa fatia, considerada isoladamente

Para que cada fatia esteja em equilibrio a força cisalhante na base da fatia deve ser igual à resis-
tência ao cisalhamento oferecida pelo terreno.
Como se pretende usar, somente, parte da resistência
ao cisalhamento, isto é deseja-se um fator de segurança (4,
\
devemos ter:
c'
W F = - onde (t= c + o tg 4) é a resistência dispo-
=,
nível do terreno e (t,) a tensão cisalhante mobilizada pelas
forças que atuam na fatia.
X" - x,,
Se considerarmos a totalidade das fatias, teremos:

( + ) O e ~ ( x n - x n + i ) = o

Fig. 5.5 Diagrama de forças

Em duas fatias adjacentes, atuam forças de mesmo valor e sentido contrásio, daí seu somatório
ser nulo.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Como as forças estão em equilíbrio, o momento de todas as forças, em relação ao centro do


círculo de ruptura é nulo. E Mo = O
Assim tem-se:
Momento do peso CW.Xonde, x=R.sena
Momento da força cisalhante 2 S . R = T Z .R
Como o momento é nulo CW.X= ETZ.R= C I / F ( C ) I . R
W .R.sena = 1/F ( c +o @ I $ ) [ .R e daí obtém-se a expressão do fator de segurança.

A expressão (29) é básica para a determinação do fator de segurança de rupturas cirdares, pe-
los métodos que dividem a massa deslizante em fatias. Sua aplicação dependerá do valor de N , que
representa a força intergranular efetiva, normal à superfície de ruptura. Embora não apareçam, a-
plicitamente, na expressão do fator de segurança, as forças entre as fatias têm componentes na dire-
ção de N , e por conseguinte, N é uma função dessas forças. O problema toma-se indeterrninado
pois temos mais incógnitas do que equações para resolvê-las.
A diferença entre os diferentes métodos, que utilizam o recurso de dividir o talude em fatias,
reside nas hipóteses adotadas para a determinação de N .

3.2 Método de Fellenius

O método de Fellenius é o mais antigo método das fatias e o de mais f á d aplicação.


Para a determinação de N , faz-se a projeção das forças que compõem o polígono da figura
(5.5), na direção normal à superfície de ruptura @ase da lamela), ou seja na direção do raio.
Dessa projeção resulta: N = (w+x,- cosa - (E,-E,,,) sena, que levada à expressão
(29), conduz à expressão (30).

O método de Fellenius admite que as resultantes das forças atuantes nas paredes das fatias são
nula:

A expressão (31) representa o d o r hal do fator de segurança no método de Fellenius.

27
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

F=
W .sena
C (d+ w .cosa tg+) (31)

De acordo com o diagrama de forças, para as condições impostas, a


força N corresponde à componente do peso na direção norma2 à base da
fatia ou seja na direçzo do raio.

Fig. 5.6 Forças no método de Fellenius

Existem muitas superfícies de ruptura em potencial. A locação da mais desfavorável, isto é, a


que apresenta o menor fator de segurança é feita por tentativas. Algumas orientações, baseadas na
inclinação do talude e nas características do material, podem facilitar o início das pesquisas, em talu-
des homogêneos.

3.21 Procedimentos práticos para a aplicação do Método de Fellenius


a) Traçado de uma superfície cilíndrica, suposta a superficie potencial de ruptura.
Segundo Fellenius, para solos puramente coesivos (4 = O), a pesquisa deve ser iniciada pelo
ponto 01,determinado com os valores da tabela, conforme figura 5.7

Talude / Inclinação

13.
1
ditalude

/ 45
1 11 p
a
129 , 4 0
/
i28 37
I
1

Fig. 5.7 Primeira tentativa para solos puramente coesivos


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

/Para solos do tipo (c, I$), / Jumikis sugere que sejam ensaiados círculos, com centros na reta
0,-O,, indicada na e r a 5.8, onde o ponto O1 é o determinado no passo anterior.
Após algumas tentativas, identificam-se as áreas do desenho onde há a tendência de diminuição
do fator de segurança para círculos, com centro nelas localizados.

Fig. 5.8 ~ r a ~ a segundo


do Jumikis, para solos com coesão e atrito

b) Divisão da massa deslizante em um número arbitrário de fatias.


Embora essa divisão possa ser arbitrária, existem algumas recomendações que, se adotadas,
facilitam o trabalho.

adotar fatias com a mesma largura, para O


e

facilidade do cálculo
/
I----,-
----___

e evitar descontinuidades geométricas ,


ou de material, nos limites das fatias.

, '.

Fig. 5.9 Divisão da massa deslizante em fatias


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

c) Cálculo do peso das fatias, levando em conta o peso específico ( y ) e a espessura ( h ) de cada
camada.

W=bhy w=bIyh
Fig. 5.10 Determinação do peso de cada fatia
d) Determinação das componentes do peso ( W ), nas direções do raio ( N ) e tangencial ( T ) , isto
é, perpendicular ao raio.
Essa d e t e m a ç ã o poderá ser feita a partir dos ângulos ( a ) ,inclinações das bases das fatias, ou
seja, dos ângulos formados pelos respectivos raios com as verticais que passam pelo centro do
círculo.
Esse processo admite uma solução gráfica, exposix na figura 5.11.

Solu~ãoGráfica
O

Fig. 5.11 Determinação gráfica das componentes da altura das fatias

O O esforço tangencial ( T ) é positivo quando


ahia na dire~ãodo deslizamento, função da po-
sição da fatia em relação ao centro do círculo.

( fig. 5.12)

sinais pisa ( T )
Fig. 5.12 C~~yqÇE10ide

30
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

e) Repetir os procedimentos anteriores com outros círculos, supostos superfícies de destizamento,


até encontrar o que ofereça o menor fator de segurança.
Atualmente, recorre-se a meios computacionais para a determinação do fator de segurança mí-
nimo.
Lançada uma malha na região, onde provavelmente estará localizado o centro do círculo procu-
rado, o programa ensaiará, em cada vértice da malha, círculos com diferentes raios e chegará ao
de menor fator ( F), para esse ponto.
São traçadas curvas ligando os pontos de mesmo fator de segurança que induzem ao fator de
segurança mínimo e ao circulo crítico ( fig. 5.13).

Fig. 5.13 Apresentação dos resultados de uma análise pelo método de Fellenius
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

+ Aplicação numérica do método de FeUenius


Determinar, pelo Método de Fellenius, o fator de segurança do circulo traçado no talude abai-
xo, constihlido de material homogêneo com as seguintes características:

coesão c = 10kN/m2 ângulo de atrito 4 = 28" peso específico 11 = 18 !dV/m3

Fig. 5.14 Ansse da estabilidade método de FeiIenius

FATIA h (m) w @N/rn) 1 N @w T(kiNj


1 0,6 32 32 31 -8
2 2,4 130 3,1 128 -20
3 46 248 3,o 248 O

4 64 346 3,1 341 57

5 7,4 400 32' 378 130

6 83 448 3,5 381 218

7 72 389 3,9 298 251

8 3,7 246 69 150 186

LAC = 0.R = 91,7. (n /180).18,8 =30,lm CN=1955 6T=814


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

5.2.2 Consideraçiío da água na presença da água na estabilidade dos taludes


Se um meio poroso está submetido a um fluxo de água, as paaículas de solo sofrem o efeito
combinado das forças gravitacionais e das forças de percolação. A resultante dessas forças é
denominada restkante dasforças de massa. A resultante das forças de massa governa a tensão efetiva,
em qualquer plano no interior da massa de solo.
Forças gravitacionais

-
V volume de solo peso do solo saturado
saturado
A. A*

P,=ys.V 6
_YaV
I+e
"i,v
I+e
D
=&&.v

1 água
I 1
(a) Peso do solo saturado @) Peso c10 solo submerso

(c) Conceito de impulsão

Fig. 5.15 Determinação da resultante das forças gravitacionais


A figura 5.15a contém uma representação das forças gravitacionais referentes a um volume (V)
de um solo saturado.
-
A resultante das forças gra~itacionaisé AB, peso do solo saturado, obtido pela soma do peso
-
dos grãos de solo AD e do peso da água DB. Escrevendo-se cada parcela em função de relações já
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

conhecidas que envolvem a densidade real dos grãos (6) e do hdice de vazios (e), o peso total pode

(6 + e ) Ya.V=Y3m.V
ser expresso em função do volume total do solo (V). AB = -. (32)
l+e

A estrutura submersa do solo sofre um expuxo igual a DC = V, .ya = -.


v Ya (33)
l+e
---
O peso submerso do solo (fig.5.15b) é portanto, igual à diferença AC = AD - DC, entre o

-
Na figura 5.15c, o vetor CB denomina-se i@uLsão e representa um peso da água equivalente a
um volume V, igual ao volume total da massa de solo. Desse modo, o peso total do solo, ou seja, a
resultante das forças gravitacionais podem ser expressa também como a soma do peso submerso
dos grãos e da impulsão.

Forças devidas a percolação


O elemento ABCD foi destacado de um meio sofrendo percolação. Seus limites AI3 e CD são
linhas de fluxo e AD e BC são equipotenciais. A direção do escoamento forma um ângulo (e) com
a horizontal (fig. 5.16 a).

"
Fi.5.16 Dcterminaçáo das pressões da água no contorno

Os piezômetros inseridos nos vémces da figura indicam as pressões piezométricas nesses


pontos. As pressões em B, C e D são expressas em função de (uA),pressão neutra no ponto A.
Os pontos (A,D) e @,C) têm, respectivamente, a mesma carga total. Na figura fig. 5.16 b, entre
as equipotenciais AD e BC ocorre a perda de carga (h).
Para os pontos (A,D) e @,C), situados numa mesma equipotencial, a diferença de pressão pie-
zométrica decorre da diferença de suas profundidades.
34
OBRAS DE TERRA

u, = u , + ya(b.senO - Ah)
u, = u , +ya(b.senO+b.cosO-Ah)
u, = u , + ya b.cos0
Calculando-se as áreas dos diagramas de pressão da água em cada face do elemento, chega-se às
forças atuantes e às resultantes das forças da água no contorno (fig. 5.17).

yabLcosO
Fig. 5.17 Determinação das pressões da água no contorno

Assim, tem-se as seguintes resultantes


Resultante na face DC Resultante na face BC

u, - u , = y* b.cos8 -ltA = ya(b.senO-Ah)


R, = y, b2 .cose RB,=y,b2.sen0-Ah.ya.b

A parcela ( Ah.yo - b ) corresponde à força de percolação atuante no elemento, na direção do


escoamento:
~=~,.(Ah/b).b~=y,-i.b

Resultante das forças de massa


CondiçLlo estática: neste caso Ah = O
Na condição estática, a resultante das forças de pressão da água no contorno é vertical e igual a

Quando não há percolação a resultante das forças de massa é o peso submerso do solo, repre-

sentada pela força AC, na figura 5.18.


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Forças gravitacionais Resultante das Resultante das


forps na água forças de massa

Fig. 5.18 Determinação da resultante das forças de massa - Condição estática

Condição com percoiação


Forças gravitacionais Resultante das Resultante das
forças na água forças de massa

Ysub. v
C
F

resultante das forças


de agua no contorno
B

Fig. 5.19 Determinação da resultante das forças de massa - bfcio com percolação
-
Na figura 5.19, a força CE é a força de percolação e a resulmte da pressão da água no con-
-
tomo está representada pela força BE. Combinando-se o diagrama das forças gravitacionais, com o

diagrama das forças de contorno, clieg-a-se à procurada resultante das forças de massa AE .
-
A resultante das forças de massa deve ser equilibrada pelas forças intergrmulares para se conse-
guir o equilíbrio da massa de solo.

Ainda na figura 5.19, constata-se que AE pode ser determinada por diversas combinações de
forças.

a) Peso total saturado + resultante das pressões de contorno AB


- i
+
BE
-
= AE
- -
b) Peso submerso + forças de percolação AC + CE = AE
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

5.2 2 Aplicaçao do Método de Fellenius em taludes com percoiaçao


Quando existe no talude uma rede de percolação (fig. 5.20), a análise da estabilidade por
um método de fatias, normalmente adota o esquema de forças indicado na almea (a) do item 5.1,
isto é, a determinação da resultante das forças de massa por meio do peso total e das pressões de
contorno.

Fig. 5.20 Aplicação de método das fatias a uma barragem, na fase de operação
Assim, são considerados:
peso do material de cada fatia, levando em conta o peso específico saturado dos
solos, abaixo da linha de saturação;
as pressões neutras nas laterais e na base das fatias;
as pressões intergranulares nas laterais e na base.
Tratando-se do método de Fellenius, as hipóteses simplificadoras admitem nulas as for-
ças intergranulares entre as fatias e as resultantes das pressões neutras laterais, ao se considerar o
equilíbrio de toda a massa de solo.

(2) (b)
Fig. 5.21 Diagrama de forças no método de Fellenius -Talude com percolação
37
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O diagrama de forças ficará, então, reduzido ao apresentado na figura 5.21a e a detemi-


nação da pressão neutra na base da fatia, pocierá ser obtida graficamente da rede de fluo, como na
figura 5.21b.
Na barragem exemplificada na figura 5.20 está representada a distribuição das pressões
neutras, ao longo do arco da superficie potencial de ruptura, que rnergull~ana região da percolação.
A expressão do fator de segurança toma o aspecto das expressões (34) e (35).

4 Aplicação numérica do método de Fellenius a talude com percolaçáo


Usando o método de Fellenius, determinar o fator de segurança do talude mostrado na figura 5.22,
admitindo a superficie de ruptura circular indicada.
A dismbuição da pressão neutra ao longo da superficie de ruptura, está indicada. também na figura.

Para o solo: y = 20
,at
w/m3 c' = 10 IcN/m2 @ = 29"

.
1 W = ybh = 2Ox1,5xh = 30h
Wcosa = 30hcosa
Wsena = 30hsena
,, = 14,35m
L

F= c'L + tg+' z(Wcosa - ul)


I h cos a
I
I XWsena
19'

Fig. 5.22 Talude sujeito a percolação


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Planilha para o cálculo do fator de segurança:

FATIA no h cosa (m) h sena (rn) up/m2) 1 <m) ~1 p / m )

1 0,77 -0,20 6 1,55 9,3


2 1,80 O 12 1,50 18,O

3 2,71 0,70 16 1,55 24,s

4 3,28 1,22 19 1,60 30,4

5 3,44 1,83 17 1,70 28,9

6 3,06 2,57 11 1,95 21,4

7 1,92 2,3 1 O 2,35 O

8 0,32 0,72 O 2,15 O

Totais 17,30 9,15 14,35 132,SO

5.3 Método Simplificado de Bishop

(a)
Fig. 5.23 Força atuantes numa fatia e diagrama forças no método das fatias
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O método de Bishop também divide a massa de solo em fatias, para a determinação do fator
de segurança. Estuda o equilíbrio de cada fatia e o equilíbrio geral, pelo momento das forças em re-
lação ao centro da superfície circular de deslizamento.
Portanto, neste método, permanecem válidas, as forças atuantes em cada fatia e o diagrama de
-
forças, descrito anteriormente e reproduzido na figura 5.23. Nessas figuras. ( U ) é a resultante da
-
pressão neutra na base da fatia. .As pressões neutras laterais estão embutidas em ( E , e E.+i).
A expressão geral do fator de segurança é o mesmo deduzido pelo método das fatias:

-
Para a solução da força ( N ) ,o método faz a projeção das forças na direção vertical, obtendo a
igualdade:
-
N c'l
W + ( X , - X , + ~ ) = N ~ O S+C-tg+'sena+-sena+udcosa
L (37)
F F
Trabalhando-se a equação ( 3 7 , chega-se ao valor procurado:
,,.I\

N=
- W + (xn-x , >- l ( v c o s ~ + ~ s e n a )
\ ~ ~ ,

(38)

Valores de (F) e conduziriam a uma solução rigorosa do problema,


Admitindo-se AX = O, seria feita uma simplificação com relação às forças tangenciais nas pare-
des das fatias e na equação (38),o único elemento desconhecido passaria a ser o fator de segurança.
Infelizmente, por algoritimo algébrico não se consegue isolar o valor de (F) e outro recurso precisa
ser usado para resolver a equação. A solução encontrada por Bishop foi designar o denominador da
expressão (38) de ma
,
tg 4'
ma = c o s a - -
F
C'
W-ub--sena
resultando em N= F onde ( b = I c o s a )
(40)
m,
A introdução desse valor na expressão geral do fator de segurança e após as devidas simplifica-
ções, resultará na expressão do fator de segurança do método de Bishop simplificado.
A grandeza (4,aparece nos dois membros da equação, pois está embutido em ma.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O problema será resolvido por interações sucessivas, fixando-se um valor de (F) e determinan-
do-se um valor para (m,). Esse valor será utilizado para o cálculo de (i;),segundo a expressão (41).

Quando os dois valores de (i;) coincidirem ou forem muito próximos, ele será o valor procura-
do, para o círculo que está sendo ensaiado. A convergência dos valores de (i;)é rápida e pode ser
obtida por uma das seguintes metodologias:
A primeira tentativa de (F) seria o valor obtido pelo método de Fellenius, determinando-se
um novo valor (F,), pelo método de Bishop. Com esse valor calcula-se outro (Fz), que se
for próximo de (F,), será o fator de segurança procurado.
Fixam-se três valores para o fator de segurança ( valores admitidos Fl, Fz e Fz ), detemi-
nando-se os correspondentes valores, pela aplicação do método. Os pares de valores Fadmi.
tido serão marcados num gráfico. O valor de (i;) será determinado, por interpela-
x Fcaiculedo
ção, como mostrado na figura (5.24).

Fig.5.24 Determinação de F, por interpelação


Convém ressaltar que este procedimento é realizado, para cada círculo ensaiado, na busca da
superficie circular, que apresente o fator de segurança mínimo. Com o desenvolvimento dos recur-
sos computacionais, atualmente, o
uso do método de Bishop ficou
bastante facilitado.
Por outro lado, para facilitar cálculos
manuais, encontram-se na literatura,
publicações com tabelas para a de-
terminação de m, (Rogério, 1976) e
a curva constante da figura 5.25, cri-
ada por Janbu, com a mesma íinali-
L-1 Ifl
a P'Js dade.
Fig.5.25 Valores de m a
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

AplicaçBo numérica do método de Bishop


O método de Bishop será aplicado ao talude constante da figura (5.221, para o qual já se deter
minou o fator de segurança, pelo método de Fellenius (F=1,3)
A planilha abaixo foi construída com os valores obtidos na citada figura.

Fl = 1,3 (Fellenius)

Os fatores de segurança foram calculados pela fórmula (41):


1 1
F = ~ ~ s
.C--
e n a%
(c'b +(w- ub)tg+')

O valor adotado para a superficie ensaiada foi F = 1,40


OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

+ Aplicação do método de Bishop -Talude de montante de uma barragem


Características do maciço:
Areia fina e grossa argiiosa, c' = 3 t / m 2 e V = 20°, base das larnelas de 1 a 5
Areia fma siltosa, pouco argilosa c' = 5 t / m 2 e I$' = 15O, base das lamelas de 6 a 11
-
Situação do ensaio: Final de construção com B = 10%; ,y = 1,90t/m3 ( ensaio CD )

-
-
m .
i:. E' 9. g 9 b h W a rena
1<

E0 .
i=
c
1%
a. u:b
7
4 -z-
-e,.D

-
1 3 20 0364 125 6.5 154.36 -7 -0.121 -18.80 37.5 10 1.2 13.44 138.9 50.6
2 3 20 0.364 11 10.5 219.45 -1 5.017 -3.80 33 10 2 0 21.95 197.5 71.9
3 3 20 0,364 11 14 29260 6.5 0.113 33.10 33 10 2 7 ' 29.26 263.3 95.8
4 3 20 0,3&( 9.3 17 300.39 13 0.225 67.60 27.9 10 3.2 30.04 270.4 98.4
5 3 20 0,364 9.3 18 318.08 18 0.309 98.30 27.9 1P 3.4 31.81 286.3 104.2
6 6 15 0.268 10.6 18 36252 2 5 ' 0,422 153.20 53 10 3.4 36.25 326.3 87.4
7 5 15 0,268 6 17 258.4 30 0,500 129.2 40 10 3.2 25.84 232.6 62.3
8 5 15 :O.2q' 7.8 15 2223 35 0,574 127.6 39 10 2.9 2223 200,l 53.6
9 5 15 0,268 4.5 13.5 115.5 40 0.643 74.3 22.5 10 2.6 11.55 104.0 27.9
10 5 15 0.288 4.7 12 107.2 44 0.694 74.4 23.5 10 2.3 10.72 96.5 25.9

-
11

1
5

17
15 0.268 5,5

18
6 63.6 47

18
0,731 61.1 27.5 10 ,1.5 8.36 75.2 20.2

-- -
- o 1/Mie) (17) -(16)
i:
- 2
- F-1.4.F-1.5 F-1.3 F-1.40 F-1.50 F-1.30
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

5.4 Outros métodos de análise para superfície circular


Um grande número de pesquisadores desenvolveram procedimentos analíticos para a análise de ta-
ludes, adotando abordagem semelhante ao método de Bishop, mas alterando a forma de consideração das
forças entre as fatias.
Entre esses métodos, são amplamente utilizados o de Morgenstem-Price (1965) e o de Spencer
(1967). Foram, originalmente, desenvolvidos para superfícies de deslizamento circulares e mais tarde am-
pliados para superfícies quaisquer.
Na análise de Spencer admite-se que a resultante das forças entre fatias são paralelas, tal como repre-
sentado na figura (5.26a).
A análise conduzida de acordo com o método de Morgenstem-Price leva em conta as forças normais
e tangenciais nas paredes das fatias e também inclui os efeitos da pressão da água figura 5.26.

( a ) Hipóteses de Spencer ( b ) Hipóteses de Morgenstern-Price


Fig.5.26 Descrição das forças atuantes em iuna fatia
Em ambos os métodos, devem ser satisfeitas as condições de equilíbrio, relativas às forças e mo-
mentos que amam nas fatias.
Ressalte-se que o método de Bishop considera apenas o equilíbrio das forças na diieção vertical. A
aplicação rigorosa dos métodos de Morgenstem-Price e Spencer , toma a análise de estabilidade de um
talude complexa, pela forma das equações e os procedimentos matemáticos necessários. Na prática, são
utilizados programas de computador. Entretanto, ábacos desenvolvidos através desses programas, facili-
tam muito os mbalhos de calculo.
Os fatores de segurança, obtidos pela aplicação de diferentes métodos de fatias, não diferem muito
entre si, o que significa que os resultados não são muito sensíveis ao modo como se considera as forças
entre as fatias.
Apesar dos métodos de FeUenius e de Bishop não serem considerados métodos rigorosos de análise,
são de grande importância pritica, pela facilidade que oferecem aos cálculos manuais. Assim, permitem a
aferiçiio dos resultados de programas complexos, a execução de análises quando o computador não esti-
ver disponível e uma av'diação preliminar ou verificações de rotina para determinar se um talude requer
maiores estudos.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

5.5. Análise em termos de tensão total


De acordo com a lei de Coulomb ( z = c + o.tg I$ j a resistência ao cisalharnento varia linear-
mente com a pressão normal aplicada.

Entretanto, qualquer tipo de análise toma-se muito mais simples quando se pode representar a
resistência ao cisalhamento por um valor constante em toda a massa de solo e conseqüentemente,
ao longo da superfície de ruptura, nos métodos de equilíbrio limite.

Esse tipo de análise denomina-se 'Caso 4 = O" e pode dar bons resultados em determinadas
situações ou em verificações expeditas, inclusive com a utilização de ábacos.

São exemplos de emprego do Caso 4 = 0:


+ análise da estabilidade de cortes e aterros, constituídos de argila saturada, logo após a
construção.
Nesse caso z = c , onde c, é a coesão aparente obtida em ensaios de compressão
simples ou compressão triaxial não drenado.
+ casos de taludes em que a resistência ao cisalhamento aumenta com a prohrndidade,
mas no qual é possível estimar-se uma pressão o, média que, aplicada na expressão
z = c + o.tg 4, conduz a um valor 2, = s, admitido válido para toda a massa de solo.

A figura 5.27 representa a seção transversal de um talude com a superfície potenciai de ruptura
circular de raio R e centro 0.

A instabilidade é provocada pelo momento


do peso W da massa de solo acima da super-
fície de ruptura.
Momento de derrubamento: K d
A tendência de resistência ao movimento é
mobilizada pela resistência ao cisalhamento
ao longo do arco de círculo AB.

Fig. 5.27 Forças para a análise de tensão total


Comprimento do arco AB = Ri9
Força cisalhante resis- c, .R - i9
tente ao longo de AB
Momento resistente c,. .B
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Fator de segurança momento resisfenfe


F=
momento de derrubnmento

O valor de We d são obtidos pelos processos usuais de determinação do centro de gravidade.

TRINCAS DE TRAÇÃO
Nos solos coesivos há a tendência de se formar uma trinca de tração, próximo ao coroamento
do talude, quando se desenvolve uma condição de equilíbrio limite.

1- sen4
onde KA =
I + sen4
2c
Quando 4=O &=I e portanto zo = -
Y

Fig. 5.28 Consideração da trinca de tração na análise cla estabilidade


O desenvolvimento do círculo termina na trinca de tração e em conseqüência, o comprimento
do arco real é AC, como mostrado na figura 5.28.

O corpo deslizante de peso W será delimitado pelo arco AC, superncie do talude e a trinca de
tração.

Não se desenvolverá, portanto, qualquer resistência ao cisalhamento na ainca, mas ela pode
1
encher-se de água e nesse caso deverá ser considerada a força P, -,.ra
- o.. (43)

Pw representa o empuxo hidrostático, que atua horizontalmente e acresce o momento de der-

1
rubamento da parcela P, . y, = -. y a .z O 2 ' Y c (44)
2
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

A expressão do fator de segurança, quando existe trinca de tração e presença de água, assume o
C,.R~.@
aspecto: F =
W . d +P,".y,

5.6 SituaçBes especiais de análise de estabilidade -superfície de ruptura circular


5.6.1 Taludes totalmente submersos
Para se estudar a estabilidade de um talude totalmente submerso, considera-se as seguintes for-
ças atuantes na água.

Fig. 5.29 Talude totalmente submerso - ~ & r i b u i ~ das


ã o pressões de contorno
Forças atuantes na água
W, peso da massa de água delimitada pelo talude e pela superficie potencial de ruptura ( centro O)
Resultante das pressões de contorno
U, -resultante da pressão da água atuante no talude.
U, -resultante da pressão da água atuante no círculo de deslizamento.

Fig. 5.30 D i a p a das forças da água


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

O diagrama da fig. 5.30 deverá ser associado ao das


forças gravitacionais, para se obter a resultante das
forças de massa ( fig. 5.31)

Fig. 5.31 Resultante das forças de massa

A resultante das forças de massa, ou seja o peso submerso, será combatida pelas forças
resistentes R = N. tg $ (força de atrito) e C = c L (força de coesão).
CONCLUSÁO: Nos taludes totalmente submersos, o efeito da água é considerado, quando no
cálculo do peso da massa desl'izante, utiliza-se o peso específico submeno do material

5.6.2 Taludes parcialmente submersos


Na figura 5.32 a está representado um talude sujeito a um regime de percolação e com a
presença de água à jusante.
A análise parte da consideração do equilíbrio das forças atuantes em uma fatia destacada
do talude (5.32 b). Como essas for-
ças estão em equilíbrio, o momento
em relação ao centro do círculo
o
,.--t
,,,' ',
(O) é nulo.
_,,"
___."
.,- Cálculo do peso da fatia:
__.-I-

W = Wl +W2 + ~ . b . y ,
Wl=y.d.b
Wz = ysrrb.b. z

O solo abaixo da superficie da


água NM pode ser considerado
SubmerSo.

1 ,;@ir?,*
~......
1
A equação de equilíbrio da fatia tem
i ld
N a expressão:

Fig. 5.32 Talude parcialmente submerso


OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Na expressão (M), s = f [c;(o - u,)] é a resistência ao cisaiharnento do solo, função da pres-

são efetiva (o- u,), onde u, é o excesso de pressão hidrostática, provocada pelo percolação no
talude.

CONCLUSÃO: Nos taludes parcialmente submersos e ainda com a linha de saturação acima do
plano d'água de jusante, o cálculo do fator de segurança pode ser conduzido segundo o esquema da
figura com a consideração do excesso de pressão hidrostática, na base de cada fatia.

Existe também a seguinte alternativa para o cálculo:

Fig. 5.34 Talude parcialmente submerso -Alternativa para o uso de parâmetros

+ No cálculo do peso das fatias, adotar o peso específico saturado para os solos contidos entre a
linha de saturação e a superficie potencial de ruptura.

+ Prolongar a superfície potencial de ruptura até o plano de água NM e considerar o peso da água
como integrante da fatia corrspondente.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

4 O peso da fatiq constituída de água exclusivamente, é considerado como contribuinte da estabi-


lização do talude. Entretanto, a resistência ao cisalhamento (s) de seu arco na superfície de
mptura é admitida nula.

4 Na base de cada fatia a pressão neutra é calculada pela altura da pressão piezométtíca.
b ÁBACOS PARA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
E
-
( Bishop Morgenstern )

FATORES EMVOLVIDOS
1
H - altura do talude
1
DH - profundidade da camada resistente
D - fator de profundidade
) j3 - ângulo em relação a horizonta1,referido a cotangente ( H : V )
h - altura de solo acima da superfície potencial de ruptura
b

1
b
o Os taludes são simples, não possuem bermas nem sobrecargas no topo
)
) o A pressão neutraem cada ponto da massa de solo é expressa em termos do parâmetro r, = uIyh,
admitido constante ao longo de uma superfície de deslizamento.
1
B
) o A resistência ao cisalhamento do material do talude é representada pela lei de Mohr-Coulomb
DETERMINAÇÃO DO FATOR DE SEGURANÇA
1
I Hipóteses para a construção dos ábacos
' De acordo com o Método de Bishop Simplificado, o fator de segurança é determinado pela
I
expressão:
I

I
portanto, o fator de segurança é função de sete variáveis:

I
Para a construção dos ábaws, Bishop - Morgenstern, admitiram:

Para um determinado valor do numero


C'
I
4' = 30" adimensional -, o valor de F depende: da
I
YH
geometria do talude (cotp e D), da razao de
I

I
pressão neutra ru e do ângulo de atrito 4'

I
Nos taludes simples, com determinada
I F resistência ao cisalhamento, admite-se, com
suficiente aprox~mação, que o fator de
I
seguranm F varia linearmente Com O valor
da pressão neutra, expresso pela
relação ru
0,O 0,2 0.4 0,6 0.8
r"
Variação de F com r,

m e n são coeficientes de estabilidade m,n = f ( c', $', y, H, D e P )


Método de Análise
Método de Bishop Simplificado, utilizando na expressão do fator de segurança,
a relação de poro-pressão r.,

onde

ma = cosa -t sena.-tg$'
F
Modificações da fórmula para transformar as dimensões lineares em
relações da altura do talude H.

Considerando: W=ybh e

multiplicando e dividindo a expressão por y H H:


c ' b +-.-
b h
F=

F=
b h
C X - Hsen. a
c ' b
yHH H H

C'
b h
+-.-(1-ru)tg$'
Ia
.-

Para valores conhecidos de -


YH'
4' e r,

fator de segurança depende da geometria da massa de solo,


delimitada pela superfície de deslizamento .

a expressão simplificada, com relações adimensionais, permite a


determinação de E', usando coeficientes e reduzindo-se muito os
casos isolados.
Coeficientes de Estabilidade

Inclinação do talude (H:V) Inclinação do talude (H:V)

Detftrmina~Ssdos soeflcileknteks petm ábaeos


C'
Calcular - e cot P, que são as entradas nos ábacos
rH
Procurar o ábaco referente a esses parâmetros. Caso não exista ábaco
com o valor de L,usar o ábaco com o valor imediatamente superior e
rH
D = 1 e com ele determinar os parârnetros rn e n.
Calcular o fator desegurança correspondente Fí.
Repetir a operação para o ábaco com número de estabilidade i.
rH
imediatamente inferior, determinando outros coeficientes m e n. Calcular
novo fator de segurança Fz:
fator de segurança F do projeto será obtido, por interpolação linear de Fi e
F2
ÁBACOS DE BISHOP MORGENSTERN
Aplicação numérica:
Determinar o fator de segurança no final da construção da barragem
representada na figura.

f 3 0

Características do solo:
2 3
c' = 20 kNlm 4' = 26' y = 17 kNlm r, = 0,08
Cálculos:

O fator de segurança será determinado por interpelação:


* Alguns ábacos apresentam curvas tracejadas correspondendo a valores
iguais do parâmetro r,,, que vão definir a profundidade do círculo crítico.

a Comparar r,, com o r, de projeto.

a Se r,,(r, for menor que r,, haverá um círculo mais profundo, com menor

fator de segurança

+ Os coeficientes são obtidos no ábaco com o valor de D, imediatamente


superior

2:l 3:l 4:l 5:l


o
I''1,5:1 2:l 3:l 4:l 5:1
''I1,5:1
Inclinação do talude (H:V) Inclinação do talude (H:V)
ÁBACOS DE BISHOP MORGENSTERN
Aplicação numérica:
Determinar o fator de segurança para o talude representado na figura.

Características do solo:
3
c' = 56 k ~ / r n ~ $' = 30' y = 16 kN/m r, = 0,50
Cálculos:

O fator de segurança será determinado por interpolação:

C'
Interpolando para -=o ,035
YH
ÁBACOS DE BISHOP MORGENSTERN
Aplicação numérica:

Uma encosta é cortada segundo um ângulo p = 4:l. O corte tem uma


altura de 21,OO m e existe uma camada resistente a uma profundida-
de de 9,O m, abaixo do fundo corte.
A resistência ao cisalhamento do solo tem a expressão

z=18,0+crtg30° (k~lrn')
O peso específico do solo é y = 17,O kiV/rn3 e o parâmetro de pressão
neutra r, = 0,50.
Determinar o fator de segurança mínimo.
Cáilculos:

C'
Os coeficientes poderão ser obtidos diretamente dos ábacos com -= o,os
Y H

21+9
O valor máximo que D poderia assumir, neste caso seria: D = --- = 443,
21

D = 1,25 será o fator de profundidade crítico.


IP
rs, Estabilidade de taludes, na condição de rebaixamento rápido
gP

Impermeável

Não havendo dissipação da pressão neutra decorrente da varia-


ção da tensão principal maior Aõ,:

HIP~TESESBÁSICAS:
* Material homogêneo apoiado em terreno impermeável, rígido e ao nível do pé do
talude.
* A resistência ao cisalhamento do material é representada pelos parâmetros efeti-
vos c' e I$'.
/
Antes do rebaixamento, o nível do reservatório coincide com a crista da barra-
gem, isto é, há uma condição total de submergência.
Durante o rebaixamento, admite-se B=i e h ' = O. A pressão neutra terá, então,
a expressão: u = y, h .
e A rede de fluxo reduz-se a uma malha quadrada, cujas linhas de fluxo são para-
t
b lelas à base do talude e as equipotenciais são perpendiculares a essa mesma
b base.
b

Impermeável

b
b Princípios para a constru~âodos ábacos:
b
b
* O fator de segurança mínimo para círculo tangente a uma determinada profundi-
b dade, varia com a profundidade do rebaixamento.
B
C e Não havendo dissipação, o fator de segurança diminui quando aumenta a distân-
b
cia do coroamento ao nível de rebaixamento. A correlação entre gi;,,,, eL/!
b
b
b
pode ser estabelecida, calculando-se Fl;,,,,,,para um intervalo de valores de L/H.

-
L I H proporção de rebaixamento
' Priilcípiaâ para â constrmo;ãs dos ábâeos:
I
'
I
a Análise da estabilidade dos taludes pelo método de Bishop simplificado e com-

I putação eletrônica, para valores de BJH de O a ? , 3 ,admitindo CÍ~CL?IOS


tangenees
I 2 base do talude.
I
Parâmetros de entrada nos ábacos:
I c'
i ~ ú m e r ode estabilidade, adimensional j 3.03 25, O 025 e 0,05 ) 1

Proporção do rebaixamento, onde L é a distância do coroa-


~mentoda barragem ao nível do rebaixamento e H a altura da
li" Quando L m = 1 , o círculo mais desfavorável será tangente a base do talude e
o Frpain,
pode ser obtido diretamente dos ábacos.

Quando L/'W I , o Fn,, poderá corresponder a círculos tangentes a níveis


acima da base. Nesses casos os ábacos náo oferecem, diretamente, o fator de
segurança. Utiliza-se um artifício para a determinação de i.'.

APLICAÇÃO NUMÉRICA
Exempila 'i :
A barragem representada na figura tem as seguintes características:

Determinar o fator de segurança mínimo para um rebaixamento total do NA.

Como L/H = I , o fator de segurança é obtido diretamente do ábaco para cot P = 3 : l

F-= 1?2@
Exem pia 2:
Determinar o fator de segurança mínimo para a barragem anterior, admitindo um
rebaixamento a meia altura da barragem.

Sslu~ão
São necessárias várias hipóteses, admitindo-se diferentes superfícies de desliza-
mento
i! Te**
4-
i 8 .,. .tativa:
Círculo mais desfavorável tangente a base, ou seja L/H = 0,50:

A altura efetiva será ainda a altura total da barragem e portanto

Para cot p = 3:l e +' = 30°, obtem-se no ábaco FI = B,%2

Círculo mais desfavorável tangente a meia altura da barragem. ou seja:


,'

A altura efetiva será bS, = =M,42 e HJH = 1,00


O número de estabilidade será então:

O fator de segurança pode ser obtido diretamente do ábaco correspondente:

a
3- Tentativa:

Círculo mais desfavorável tangencial ao nível bJ/4, acima da base da barragem.

A altura efetiva será H, = 3áf/4 = 24,75 rn e L/Bd = iS,50/24,75= Q,67

Como não há ábaco para este valor, o fator de segurança será obtido por interpola-
çáo linear entre os valores existentes.

Como F2 e muito próximo de F', as pesquisas podem ser encerradas e adotado


b 9
b
>
1
b
I
I ÁBACQS DE ESTABILIDADE PARA TALUDES
b
SUBMETIDOS A REBAIXAMENTO R ~ I D O
L
1 ( NORBERT MORGENSTERN )

Figura 1
ÁBACOS DE ESTABILIDADE PARA TALUDES
SUBMETIDOS A REBAiXAMERarO R ~ P I D O
!NORBERT MORGENSTERIS )

Figura 2
CURSO DE ESTABILIZAÇAO E CONTENÇAO DE ENCOSTAS - IMEIONER

ÁBACOS DE BISHOP - MORGENSTERN


Analogamente ao processo de Taylor para a análise da estabilidade de taludes, em termos
de tensões totais, Bishop e Morgenstern (1960) desenvolveram um método que utiliza coefici-
entes de estabilidade, para uma análise considerando as tensões efetivas.
De acordo com a análise feita pelo método de Bishop simplificado, o fator de segurança
( I , ) depende das seguintes variáveis:
ãngulo do talude - p
fator de profundidade - /I
(identico ao definido por Taylor)
coeficiente adimensional - c' /yH

relação de poro-pressão - r,, (definido pela relação entre a pressão neutra num ponto e o

peso do material sobrejacente)

A fórmula que permite a determinação do fator de segurança pelo método de Bishop sim-
plificado, foi devidamente trabalhada para a introduçáo dos coeficientes (172) e (I?), que reunem

as variáveis acima relacionadas. e da relação de poro-pressão (r,,)

Constataram os autores do método que o fator de segurança pode ser expresso como

uma função linear de (I',,), do tipo

No trabalho original. os valores (m) e (n) podiam ser obtidos em ábacos, para os seguintes
intervalos das variáveis: L , o / / ~ =O a 5,O; 9'= 20' a 40°; 0 = 1 a 1,5 e C' /://Y = O a 0,05. Posteri-
ormente, outros pesquizadores desenvolveram ábacos ampliando esses intervalos.
Esses ábacos estão reproduzidos nas figuras (4.17) a (4.22).
No livro Basic Soil Mechanics (Whitlow, R. 1995) constam tabelas forne'cendo os valores
de (m) e (n) para intervalos de variação do coeficiente adimensional, ampliado para c' /ytI = O
a 0,150, as quais estão transcritas na Tabela (4.1)
Calculado o valor de c' / y F I , seleciona-se a seção da tabela para a qual I1 = I e L.' /yfl é
o valor imediatamente superior ao do problema. Usando uma interpolação linear, determina-se
os valores de (//i) e (ir), correspondentes aos valores de coip, e 9'.Chegando a um valor de
(ir), sublinhado, significa que existe um circulo niais profundo que é mais critico. (I; menor).
Nesse caso. passar para a seção na tabela de I1 = 1,25 ( ou até I> i ,50), até encontrar um
valor de (i?)não sublinhado.

Repete-se o procedimento descrito, para um valor de c' / y H , inferior ao do problema.


CURSO DE ESTABILIZAÇAO E CONTENÇAO DE ENCOSTAS - IMEIDNER

Utilizando-se a expressão (4.2), calculam-se os fatores de segurança (I;,)e (I/>), para va-

lores do coeficiente ( c ' /y/f ), acima e abaixo ao do talude. O fator de segurança procurado é

obtido por interpolaçáo entre (I;/)e (1.)

O valor de r,, é um valor medio, correspondente a massa de solo limitada pela superfície

de deslizamento e a superfície do talude. Da posição estática do lençol d'água ou da rede de

percolação obtem-se os valores de r,, , em diferentes pontos da massa de solo. O valor médio

pode ser calculado dividindo-se o talude em fatias, calculando-se a média de i*,, em cada fatia

e determinando-se uma média ponderada de r,, , em funçáo das respectivas áreas das fatias

As etapas a serem seguidas no uso dos ábacos de Bishop - Morgenstern são identicas as
descritas para as tabelas. Entretanto, na pesquisa da profundidade do circulo critico, nos ába-

cos onde constam linhas tracejadas, deverá ser determinado o valor de (r',,,) por elas forneci-

dos. O valor de r,,, deve ser comparado com o r,, do problema. Se r,,, < r,,, então, haverá um
circulo critico mais profundo e a pesquisa prossegue, obtendo-se valores de 111 e n , no ábaco
com valor maior de 11.

4.5.1 A p l i c a ç ã o d o m é t o d o d e B i s h o p - Morgenstern
(Segundo Whitlow - 1955 Basic Soil Mechanics)
Projetou-se o corte de um solo argiloso, com uma inclinação de 1 vertical: 3: horizontal e

uma altura de 17m. O valor de r,, é 0,2 e o solo possui as seguintes propriedades:

O fator de segurança será determinado pelos coeficientes efetivos de estabilidade, utili-


zando a tabela (4.1).

Soluçao
Entrada na tabela
Na seção de c' /.lFl = 0,050 e D = 1,00, para os valores de COIP= 3 e (1' = 22",obtém-se
por interpolaçáo linear os valores de in = 1,97 e 11= 1,528
O sublinhado significa que existe um círculo crítico mais profundo.
Para c' / y H = 0,050 e D = 1,25; in = 1,976 e n = 1,644

Portanto, 1.1 = 1,976 - 1,644 x0,2 = 1,647


CURSO DE ESTABILIZAÇAO E CONTENÇÃO DE ENCOSTAS - IMEIDNER

Para c' /yi-i = 0,025 e D = 1.00; in = 1,666 e n = 1.480

Portanto, h', = 1,666 - 1,480 s0,2 = 1,370

lnterpoiando entre (i;,) e (i;2):

A análise deste talude foi também efetuada pelos métodos de Fellenius e peios abacos de
Bishop - Morgenstern, que forneceram os seguintes resultados:

1 Método ' Fator de segurança

Fellenius 1,41
Bishop-Morgenstern 1,51

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