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Fortificação e Construção
Deslizamentos rotacionais
Deslizamentos translacionais
Escoamentos ou fluxos
MOVIMENTOS DE MASSA
Quando uma massa de solo ou rocha apresenta uma superfície, permanentemente inclinada com a
horizontal, diz-se que ela constitui um TALUDE.
Quando o talude se produz de forma natural, sem intervenção humana, denomina-se ENCOSTA
NATURAL ou simplesmente ENCOSTA.
0 s taludes construídos pelo homem são os TALUDES ARTIFICIAIS e estão neles incluidos os ater-
r3s, as barragens, os cortes e as escavações não escoradas.
Terreno de Fundago
I"
. - -
Todos os taludes apresentam a tendência natural de buscar uma forma mais estável, em direção a
horizontal ou seja, encontram-se numa situação de instabilidade, sujeitos a movimentos e a ruptu-
ras.
Em todo o mundo, o problema das movimentações dessas massas de terra, quer sejam lentas ou
rápidas, conduzindo a um colapso do terrapleno, tem se constituído numa das grandes dificuldades
para a construção das grandes obras modernas.
Foram os escorregamentos de terra que levaram a criação da Mecânica dos Solos e têm proporcio-
nado o desenvolvimento da Mecânica das Rochas.
Com efeito, em torno de 1917, os escorregamentos da Ferrovia Federal Sueca conduziram o pro-
fessor Fellenius a organizar uma Comissão, com a finalidade de estudar o assunto. Com o relatório
dessa Comissão surgiu o primeiro subsidio, muito importante para a Mecânica dos Solos e e para o
desenvolvimento do processo de verificação de estabilidade que levou o nome de Fellenius, usado
até hoje.
Aproximadamente na mesma época, a Alemanha teve problemas com o Canal de Kiel onde houve
numerosos deslizarnentos, entre eles o famoso Rosengarten. Coube ao prof. Krey coordenar os
estudos desse problema, resultando num pronunciamento importante para o estudo do assunto.
Esses três relatórios tiveram uma importância fundamental no advento da Mecânica dos Solos.
Embora o problema tenha sido na origem tão importante, ainda é um tema atual em todo o mundo.
No Brasil pincipalmente, pelo seu clima com chuvas intensas em áreas de topografia acidentada e
sua geologia, propiciou o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções de projeto, com reper-
cussão internacional.
OBRAS DE TERRA TALUDES-INTRODUÇÃO-2
A maioria das nossas grandes cidades está construída ao longo de uma cadeia de montanhas que
se estende ao longo do litoral , do sul ao norte do pais. Assim, movimentos de massa são comuns e
alguns tomaram-se famosos pelas suas consequências lutuosas.
São muito citados os deslizamentos ocorridos em morros da cidade de Santos, em Lobato na Ba-
hia, os desabamentos na antiga rodovia BR-2 ( São Paulo - Curitiba) e na variante de Araras da BR-
116 no estado do Rio de Janeiro. Falam-nos mais de perto os acontecimentos de 1966167 na área
urbana da cidade do Rio de Janeiro.
Naqueles anos, o Rio de Janeiro sofreu o pior aguaceiro da sua história. Os postos pluviométricos
registraram em três dias o correspondente a cerca da metade da média anual de chuva no antigo
estado da Guanabara. Como consequência, houve um número elevado de desabamentos, pelo seu
vulto, sem precedentes na história de todas as cidades importantes do mundo.
Passou nessa prova de fogo, ou melhor dizendo, nessa prova de água, um tipo de escoramento
recente na época, desenvolvido de modo pioneiro no Brasil. São as cortinas ancoradas em solos e
rochas, conhecidas como o método das ancoragens.
A circunstância dessas cortinas poderem ser executadas de cima para baixo, em condições de
apoio vertical precário, permitiu que as mesmas prestassem uma grande colaboração durante
aquela catástrofe, na sustentação de emergência de taludes instáveis e na estabilização de blocos
de rochas, que ameaçavam inutilizar ou já haviam inutilizado vias de tráfego e propriedades a
jusante.
Ainda como conseqüência daquelas ocorrências, foi estabelecida uma legislação, regulamentando
as construções em encostas e tomadas providências destinadas a eliminar as causas de futuros
deslizamentos. Entre outros assuntos, foram consideradas, principalmente, as escavações indis-
criminadas dos morros para a exploração de saibreiras e a remoção de favelas.
Os movimentos de massa de solos e rochas podem ser, no início, meramente inconvenientes, mas
com o decorrer do tempo, tomarem-se desastrosos nas suas proporções e efeitos.
Em vista dos diferentes modos pelos quais esses movimentos podem ocorrer, é necessária a exis-
tência de um processo descritivo para que os relatos de um observador possam ser entendidos pe-
los outros. Não existe consenso na definição desse sistema. Muitos métodos de classificação têm
sido propostos, para os diferentes tipos de instabilidade. Numerosos são os fenômenos envolvidos
em um movimento de massa e de cada aspecto considerado pode resultar uma classificação difer-
ente.
Nos sistemas de classificação apresentados por diversos autores, os movimentos de massa podem
ser grupados quanto: a forma da superfície de deslizamento, a mecânica do movimento, a natureza
do material deslocado, a idade ou velocidade do movimento e o estágio do desenvolvimento.
Aos poucos, os sistemas de classificação dos diversos autores foram convergindo para uma classi-
ficação em função do mecanismo do movimento. Uma dessas classificaç6es é a proposta por Costa
Nunes (1968), análoga a indicada por Terzaghi. Costa Nunes incluiu a erosão como um tipo de
ruptura nas massas de solo, definida como ruptura superficial, provocada por arrastes por vento e
pela água, nos taludes.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-01
FATORES DETERMINANTES
1
I
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
A variação de temperatura ou a ação alternada
de congelamento ou degelo,provoca fissura- tos por efeito de explosivos.
mentos e deslocamentos da rocha.
@
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-3
b
5
b MOVIMENTOS DE MASSA
B
B QUEDAS
B
Quedas em Solos
B
B As quedas em solos podem ocorrer nas seguintes situações
b
t camada facilmente erodivel, subjacente a um material resistente a erosão
b
? t argilas altamente consolidadas - no período chuvoso a água infiltra-se através gretas e
b fissuras na crista do talude.
b
b
I DESLIZAMENTOS 1
b
! Nos deslizamentos a superfície de ruptura forma-se no interior do talude, quando existe um
? estado de esforços cortantes que vence de forma, mais ou menos rápida, a resistência ao
C cisalhamento do solo que o constitui.
e, A forma da superfície de deslizamento caracteriza os diferentes tipos de deslizamento.,.
ROTACIONAIS
Em decorrência da geologia local, do perfil estratigráfico e da natureza dos materiais, as
superfícies de ruptura podem ser:
I DESLIZAMENTOS
RUPTURAS ROTACIONAIS
Situações típicas
Nomenclatura de uma zona de ruptura rotacional
Escarpa principal
Aterro apoiado em solo fraco .A superfície Diz-se que ocorre uma ruptura de pé de
de deslizamento está contida parte no talude quando esta envolve apenas o corpo
corpo do aterro e parte no terreno de do terrapleno.
fundação. R+
, \R 4'0
\
,'
, / \
\ 'R/
// 1
\
-
-\q
~,~
\ / \
/ \
/
,
/
\
- . , .,
. . . . 'i.
.
- - ..' . I
. .. . . .. .. ... .. . .
Quando a inclinação do talude é muito O talude está limitado em sua base por
suave, a superfície de deslizamento uma camada de terreno resistente.
desenvolve-se em pouca profundidade, ,@
/
resultando numa ruptura superficia/. i
R
,
, r.
P /
/
?'%,
\R
\
,,- /
I \
\
. . .. . .. - ........
~
. .~
:.i..
. . . . . . .
.......
: .. resistente
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-5
MOVIMENTOS DE MASSA
DESLIZAMENTOS 1
RUPTURAS ROTACIONAIS
[U Direqão do movimento I
Observam-se, na cabeça do talude, trincas
K-%,
----
,e. levemente curvas e côncavas na dire@o do
movimento.
/ Deprersio \
/'
/ Nas laterais o aspecto das trincas é
r'
/' i \\
escalonado.
1 ilevaçàa
MOVIMENTOS DE MASSA
I DESLIZAMENTOS
DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS
SITUAÇ~EST~PICAS
Deslizamento em bloco, associado a
, descontinuidades e fraturas dos materiais
.. . -
que formam um corte ou uma encosta
.. .-
natural.
. . . . : . . . . . . .- . . . . . . . .
. .
+
.
...................... -i-'.
.. .. .. .. .. .. ..... . . . . .. ... .. . .. . .. .
~
: : '~ ..
. ..: superfície de
- - i - -
x' . .
......
- . . . : .i
:,.
. i-;-
-.. . i.:.- .............
. .
~ í
- . . . ~. . G t. .
P.
resistente .....::..........,<r
. . . . ., ,. /., .y ./ /. A
. . . .. . . <m
Ruptura da camada superficial, típica de encostas naturais formadas por argilas alteradas.
0 efeito da sobrecarga imposta por um aterro construido na encosta, provoca o
deslizamento.
. . . .
. . . . .. . .
. .
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-7
MOVIMENTOS DE MASSA
DESLIZAMENTOS
DESLIZAMENTOS TRANSLACIONAIS
Além da diferença de forma da superfície de deslizamento, há outra diferença fundamental
entre os movimentos rotacionais e os translacionais:
t nos rotacionais, o sistema de forças que inicia o deslocamento diminui com o aumento
da deformaçáo,devido a resistência oferecida pela massa de solo movimentada.
Deslizamento Plano
Para que um talude rochoso sofra uma ruptura segundo um único plano, sua geometria
deve satisfazer as seguintes condições:
t o plano de ruptura deve ter direçáo paralela ou subparalela a face do talude.
t o mergulho do plano de ruptura deve ser maior que o ângulo de atrito, no plano
MOVIMENTOS DE MASSA
I DESLIZAMENTOS
Deslizamento em Cunha
DESLIZAMENTOS COMPOSTOS
Movimentos em que se combinam a rotaçáo e a translaçáo, dando lugar a superfícies de
ruptura compostas, com trechos planos e curvos, assimiláveis a arcos circulares.
Condicionantes:
F presença de heterogeneidades no interior do talude ( falhas,juntas,terreno mais fraco )
F quanto menor a profundidade da heterogeneidade, maior a componente de translaçáo.
OBRAS DE TERRA ESTABILJDADE DE TALUDES-9
MOVIMENTOS DE MASSA
Remontantes Rotacionais
Cada escorregamento
unitário afeta a estabilidade
da massa de material a
montante, causando novo
escorregamento. ..
..
- -
. . . .. . - .- . . _ -. ..
. .. _ .=:L-
.. ..--.. .-. .-..: :
Ocorrências:
-locais de topografia escalonada, com problemas de erosão.
-argilas sobreadensadas ou fissuradas.
Remontantes Translacionais
Ocorrem em camadas
superficiais e muitas vezes
associadas a argilas
fissuradas.
Sucessivos
As rupturas produzem-se
com várias superfícies de
deslizamento, sejam
simultâneas ou em rápida
sucessão.
Ocorrências:
-cortes e encostas naturais ,suaves.
OBRAS DE TERRA ESTABILIDADE DE TALUDES-10
MOVIMENTOS DE MASSA
São movimentos lentos ( 3 cml ano ) e contínuos de material de encostas com limites, via de
regra, indefinidos.
Abrangem grandes áreas, sem diferenciação através de uma superfície, entre material em
movimento e material estacionário.
Rastejo Permanente
Ocorre nas camadas inferiores, sob a ação exclusiva da gravidade, daí resultando uma
razão de movimentação constante.
E v l d ê n c i a ç e r f í c i e do terreno
MOVIMENTOS DE MASSA
ESCOAMENTOS OU FLUXOS Jl
A distribui80 da velocidade, em
profundidade,torna possível
classificar corretamente o tipo de
movimento em ação.
w causa de fendilhamento e
escalonamento do terreno que
provocam a ruptura de estruturas
longitudinais ( muros, cercas, etc).
Translação segundo BB
DESLIZAMENTOS RASTEJO
Período curto de tempo Processo lento e contínuo
Massa relativamente pequena e bem Pode envolver área muito grande, não
jefinida havendo diferenciação nítida entre material
em movimento e material estacionário.
MOVIMENTOS DE MASSA
-
ESCOAMENTOS OU FLUXOS
O material sucetivel de sofrer uma corrida pode ser qualquer formação não
consolidada,constituida de: solos granulares finos, argilas moles, depósitos de talus ou
fragmentos e blocos de rocha.
Uma massa de solo, no estado sólido pode ser tornar um fluido por:
t simples adição de água
t efeito de vibrações (terremotos,ou cravação de estacas nas profundidades)
t processo de amolgamento de argilas muito sensíveis.
MOVIMENTOS DE MASSA I
ESCOAMENTOS OU FLUXOS 1
MOVIMENTOS DE MASSA
FATORES PREDISPONENTES
FATORES EFETIVOS
MOVIMENTOS DE MASSA
FATORES DE MOVIMENTOS DE MASSA
AGENTES PREDISPONENTES
AGENTES EFETIVOS
COMPLEXO GEOLÓGICO COMPLEXO COWLD(O CLIMÁ TICO-
MORFOL~GICO HIDROL~GICO
. Alteração por intemperismo . Massa . Regime de águas . Erosão pela água ou vento
meteóricas e subterrâneas
. Acidentes tectônicos . Forma de relevo . Variação de temperatura
(falhamentos, dobramentos) . Tipo de vegetação original
. Congelamento e degelo
. Atitude das camadas
. Dissolução química
(orientação e mergulho)
MOVIMENTOS DE MASSA
I
São as que provocam um aumento das tensões de cisalhamento,
CAUSASEXTERNAS sem que haja diminuição da resistência d o material.
fluxo
superfície de deslizamento suporta elevada pressão piezométrica
Sumário
MÉTODOS DE EQUIL~BRIO LIMITE
a Princípios básicos
a Conceito do fator de segurança
a Classificaçao dos métodos de equilíbrio limite
a Método de Culmann
Forças atuantes
Admitindo-se conhecida a superficie potencial de ruptura, a massa de solo por ela delimitada e
pelo contorno do talude, poderá estar submetida aos seguintes campos de forças, tal como repre-
sentado na figura 2.1. a
peso do solo, resultante da ação da gravidade.
cargas aplicadas na superficie ou no interior do maciço
de solo
resultante das pressões neutras, decorrentes da presença
do lençol freático ou da percolação através do talude
A resultante dessas forças denominada resultante das forças de massa poderá ser decomposta
na direção normal à superficie de ruptura (N) e na direção tangencial a ela (2). Esta força cisalhante
representa a parcela das forças de derrubamento que deve ser resistida pela resistência mobilizada
pelo terreno, para que não ocorra o deslocamento da massa de solo.
A lei de resistência adotada em mecânica dos solos é a de Mohr-Coulomb, traduzida pela equa-
ção da envoltória da resistência ao cisalhamento [ T =~c' +( o - u )t&']. Com ela se poderá ava-
liar a capacidade do solo para resistir aos esforços de derrubamento
3
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
0 s parâmetros (c' e 4') são os parâmetros disponíveis e a expressão ( 2 ) pode ser modificada
para:
A expressão (3) leva à conclusão que o fator de segurança, assim definido, afeta igualmente, a
coesão e o ângulo de atrito.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Outros métodos de análise d e h e m os fatores de segurança de forma diferente, tal como re-
presentado na figura 2.4.
(a (b)
Fig. 2.4 Critérios para a determinação do fator de segurança
Na figura 2.4 (a), correspondente a uma ruptura plana, o fator de segurança é definido pela re-
lação entre a força resultante da resistência do solo mobilizada e a resultante das forças de denuba-
mento.
No método que admite a superficie de ruptura circular (figura 2.4b), deiine-se o fator de segu-
rança pela relação entre o momento das forças resistentes e o momento das forças de derruba-
mento, tomados em relação ao centro do círcuio.
A figura 2.5 contém uma classificação de diversos métodos de equilibrio limite, com a indicação
dos respectivos mecanismos de ruptura e das forças atuantes.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
/i P
i- .
u
ruptura
Fig. 3.1 Diagrama mostrando as forças atuantes numa coluna típica de um talude intinito
Dividindo-se as forças anteriormente determinadas, pela área da base da coluna de solo, tem-se
as pressões normais e cisalhantes, com as quais se estabelece uma expressão geral para o fator de
segurança.
pressão neutra u = y; h,
No equilíbrio limite o fator de segurança seria igual a F = 1, pois as tensões disponível e mobi-
lizada seriam iguais. Numa situação diferente desta, o fator de segurança será, obtido da relação
yH seni cosi
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Partindo-se da equação geral do fator de segurança, poderão ser estudadas diversas situações
particulares, tais como taludes formados de solos coesivos ou solos não coesivos.
Para diversas condições de percolação da água no talude, correspondem valores diferentes de
(h,), os quais devem ser determinados, para cada caso em pamcular.
F = -tg4'
tgi
Nos taludes constituídos de solos não coesivos a inclinação máxima do talude será a corres-
pondente ao ângulo de atrito do material, dai esse valor ser algumas vezes chamado de ângulo de
repouso do material.
Material coesivo
Neste caso o material tem a lei de resistência ao cisahamento do tipo ('C= c 1 + o f t g 4 ' ) , tal
como apresentado na figura (3.2).
O estado de tensões na base de uma coluna de solo, para taludes com diferentes profundidades
(H) da superfície de ruptura, quando levados a um gráfico (o,?), estarão sobre uma reta passando
pela origem, com a mesma inclinação do talude ( i ). Essa reta intercepta a envoltória de resistência
ao cisalhamento num ponto M, defuiindo portanto, uma situação limite crítica para uma altura de
talude, em que a tensão mobilizada na base, corresponde à resistência do solo. T = 7,
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
c
H C --.- 1 1
- (10)
Y cos2 i (tgi - tg$)
'
Nos solos coesivos a inclinação do talude pode exceder o ângulo de atrito, entretanto, a altura
( H ) fica limitada a um valor crítico.
O fator de segurança para um talude de altura H pode ser deduzido da expressão 0,
fazendo
(hp= O), pois não há percolação.
+-tg$
C
F=
y H seni. cosi tgi
Sendo o solo constituído de camadas com diferentes pesos espeáficos pois é parcialmente sa-
turado:o=[(l-m)y+my,,]~cos2i e z = [(I- m)y + n z y , , ] ~seni.cosz
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Fig. 3.4 Talude de material coesivo com percolação coincidindo com a superficie do terreno
Material coesivo
Partindo da expressão 12, admitindo m = 1 e considerando os valores da tensão normal e pressão
neutra na base, já estabelecidos para esta situação, poderá ser calculado o fator de segurança.
F=
C'
O fator de segurança pode ser escrito em função da relação de poro-pressão, definida por
Bishop, r,, = u / y H , onde u é a pressão neutra num ponto e H a altura de solo nesse mesmo ponto.
C
+ (1 - r,i """
)oosZ i . t&'
F = Y, .H (15)
sen i . cosi
0 s valores de (ruj variam, normalmente, entre O e 0,5, sendo nulo quando o talude não sofre
percolação.
Quando C' = O ou quando é extremamente pequena em relação a (rH), esta parcela pode ser
desprezada e o fator de segurança transforma-se em:
I
Fig. 3.4 Determinação da resultante das forças de massa
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
O equilíbrio de um talude extenso, com percolação paralela à superfície e totaimente saturado, pode
ser estudado, comparando-se as forças de derrubamento e de estabiiização.
Forças de derrubarnento
Força de percolação (Fp) Fp=y,Ki=y,bH.senz
Pelo acima exposto, ao se trabalhar com a força de percolação deve ser considerado o peso sub-
merso.
Forças de estabilização
Resistência de atrito (4 S = N ' . t g v =ysub . b H . c o s i . tg4'
F=--
R. tgi - y,, .b H . cosi. tg4' - y_, tg$
T + F, b ~ . s e n i . ( ~ , +
, y a ) ,y tgi
A expressão obtida é idêntica à equação (16), anteriormente estabelecida.
Esse tipo de dedução para o cálculo do fator de segurança pode ser empregado em qualquer direção
da percolação. Para cada caço deve ser determinado o gradiente hidráulico ( i ), necesskio ao cál-
culo da força de percolação.
13
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
+ Aplicação numérica
Solução:
a) t, = y H s e n i ~ c o s i = 1 8 ~ 3 ~ s e n 2 2 ~ c o s 2 2
Admitindo 4, = 14'
tg4 - 36 tg14
e) F =
C
+- - +- = 2,63
yH-seni.cosi tgi 18.3.sen22.cos14 tg22
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
4 Aplicação numérica
Um talude natural extenso, inclinado a 12" é constituído de argila
O nível d' água está na superfície e a percolação é, aproximadamente, paralela a essa superfície.
Uma potencial superficie de escorregarnento desenvolve-se segundo um plano paralelo à superficie
e a uma profundidade de 5,O m.
A argila tem os seguintes parâmetros geotécnicos:
Solução:
m =I pois o nível superior da água coincide com a superficie do talude.
Este tipo de análise, proposto por Culmann em 1866, está baseado na hipótese de que a ruptu-
ra ocorre segundo uma superficie plana que passa no pé do talude. As condições gerais de equilibrio
aplicam-se contudo, a qualquer cunha de solo que tenda a deslizar segundo uma superficie plana,
mesmo passando acima do pé do talude.
Esse tipo de ruptura é caracteristica de aterros ou encostas naturais que apresentem um plano
onde o material possua caractensticas de resistência mais fracas em comparação com o material que
o envolve. Ocorrem também, em escavações realizadas em depósitos estratificados, onde as cama-
das mergulham na direção da escavação.
Embora uma superfície plana não seja uma hipótese realistica do deslizamento de maciços
formados de solos homogêneos, ela constitui um mecanismo simples de ruptura, adotado em várias
análises de estabilidade e projetos de estabilização de taludes.
Maciços homogêneos
L=--.H sen (i - a )
seni sen (0 - a)
O peso será igual ao produto do volume de solo pelo peso especifico do material:
1 sen (i - 0 )
W =-LyH
2 sen i
No caso mais geral:
As duas forças ( N ) e ( Ntg4 ) terão como resultante R, inclinada de um ângulo (4) com
a normal à superficie de deslizarnento.
Nos maciços homogêneos, será necessário determinar a inclinação ( 9 ) do plano que ofereça o
menor fator de segurança ao deslizarnento e portanto, este será considerado a superfície potencial
de ruptura.
Para tanto, aplica-se a lei dos senos ao polígono de forças constante da figura (4.1) e composto
- + -
pelas forças CL,W e R . Chega-se a
cL - W
sen(9 - 4) - C O S ~
1 sen(e-$).sen(i-e)
c=-yH (22)
2 sen i. cosb
Note-se que a inclinação do terreno (a),na crista do talude, não aparece na equação (22) e
portanto, não interfere diretamente nos cálculos.
Por outro lado, esta equação conduz à determinação da coesão necessária, para que seja manti-
do o equilibrio, quando o solo utiliza sua resistência de atrito, representada pelo ângulo de atrito
interno (4).
Quando se pretende dotar a resistência de atrito de um fator de segurança ( F4), tal que
tg4, = -, 4 o plano crítico será aquele que mobilizar a maior coesão, para que o equilíbrio seja
F+
ac
mantido. A conseqüência será a inclinação desse plano obtida na equação -= 0, correspondente
ae
ao máximo da função (22).
Levando-se o valor de ( BCnt) à expressão (22), chega-se à coesão (c,), a qual precisa ser mo-
seni -tos+,
C
O fator de segurança relativo à coesão será (F, = -).
Cm
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
A equação ( 24 ) pode ser manipulada, para a determinação de uma altura crítica, admitindo-se
F = 1 e considerando-se os parâmetros de coesão e ânguio de amto, os disponíveis na resistência ao
cisalhamento do solo.
Nos casos em que I$ = O e o talude vertical, isto é, i = 90°, a altura crítica será:
Problema:
l0
Há um plano de fraqueza no talude, previamente conhecido. Esse será o plano critico, definido
por um ângulo (0)
Elementos conhecidos
EIzI
Solução
Calcular o peso (W) da provável cunha de deslizamento. Se houver a presença de água seu
peso deve ser considerado;
Determinar as componentes do peso segundo as direções normal (N) e tangencial à super-
fície de ruptura 0.
Qualquer sobrecarga atuante na superfície do talude contribuirá, tam-
bém, no cálculo de (N) e 0;
Calcular a resultante da pressão neutra (U), atuante na supeficie de deslizamento, conside-
rando uma rede de percolação eventualmente presente;
Comparar as forças resistentes e dembamento atuantes na superficie de ruptura, calculan-
.r"!,
do o fator de segurança F = - = -
T z
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
+ Aplicação numérica
Trata-se da execução de um corte num maciço constituído de dois materiais. O inferior é um solo
coesivo, altamente impermeável.
A resistência ao cisahamento entre as duas camadas obedece i equação:
I
@)
Fig. 4.2 Seção transversal do talude
2O Problema:
Talude homogêneo onde que não se conhece, previamente, o plano critico de ruptura mas
existe um fator de segurança ( F), estabelecido a priori, para a determinação da altura máxima de
uma escavação
Elementos conhecidos
Solução
A resposta procurada poderá ser a altura máxima do talude ou sua máxima inclinação, se o va-
lor de ( H ) estiver determinado.
O fator de segurança pretendido aplica-se à resistência ao cisahamento, ou seja, à coesão e ao
C
ângulo de atrito. Assim serão mobilizados da resistência ao cisalhamento: c, = - e
F
1
Os valores de i e 4 , determinam a inclinação do plano de ruptura O , =-(i +O,)
2
A expressão (24) mostra que na análise da estabilidade de um talude homogêneo, pelo método
de Culmann, estão envolvidos cinco parâmetros ( c, H, y, i e F ) . Esse número poderá ser reduzido
se algumas variáveis forem' reunidas no chamado número de
C
estabilidade, definido como -
yff '
1 - C O S ( I -4)
(28)
4.seni.cos1$
+ Aplicação numérica
3 2
Em um terreno que apresenta um peso específico y = 17,O W / m ,coesão C = 40,O kN/m e ân-
gulo de atrito 4 = 6 O , pretende-se executar uma escavação, adotando-se a inclinação de 203 :I@).
Determine a altura máxima da escavação (H,,) para que o fator de segurança seja F = 2.
Solução:
4c seni-cos4
H",, = --
-y [i - cos(i -$11
Determinação do ângulo do talude
tgi=2 i=63" e sen i = 0,894
3O Problema:
Aplicação do método de Culmann à análise da estabilidade de um talude homogêneo, sem um
plano de fraqueza conhecido.
De acordo com o ressaltado anteriormente, a hipótese de uma ruptura plana não é a mais indi-
cada para taludes homogêneos, principalmente os dotados de coesão, pois a prática tem mostrado
que o deslizamento ocorre segundo superfícies curvas. Nos taludes muito íngremes ainda se obtém
resultados aceitáveis. Entretanto, nos taludes abatidos os erros são inaceitáveis e perigosos.
Este problema foi incluído apenas para mostrar um procedimento geral, que utiliza um meca-
nismo simples.
1
1
I OBRAS DE TERRA ANkISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
1
I
1
1 Parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão (c) e ângulo de amto (4)
I
1
1 1 Solução
será precedida por uma pesquisa do plano critico, utilizando-se um processo de tentativas.
4 .
e ele determinar 4, = -
Adotar um valor para ( ~ + )com
F* '.
C
rança relativo à coesão (F,) = -. Caso F, # F, a pesquisa deve ser prosseguida, até se
cm
obter a igualdade dos fatores de segurança;
,F, (calculado)
F
F, (arbitrado)
Figura 4.4 Tentativas para a determinação de F
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Nos taludes fmitos, as rupturas ocorrem segundo uma supetficie curva, aproximando-se bas-
tante de um arco circular. Geralmente, essas supeficies são uma mistura de arcos circulares e espi-
rais, que se apresentam achatados nas extremidades e aguçados no centro. Na realidade, isto é uma
descrição bastante simplificada de uma superfície de ruptura pois, devido à grande variação das pro-
priedades dos solos e das características dos taludes, cada talude natural terá sua própria supedcie
de ruptura.
Os estudos realizados por Peterson (1916) e Fellenius (1936), em função de grandes escorre-
gamentos de terra, ocorridos na Suécia, mostraram que os estudos conduzidos, admitindo-se super-
fícies de ruptura circulares, fornecem resultados satisfatórios, principalmente, em formações homo-
gêneas e isóaopas. Imprecisões poderão ocorrer face a presença de descontinuidades no interior do
maciço, tais como planos de separação, entre materiais com características distintas.
Quando o talude está submetido aos efeitos da pressão da água e se pretende conduzir a análise
em termos de pressões efetivas, é indispensável o conhecimento da dismbuição da pressão normal
efetiva ao longo da superficie de ruptura. Isso leva os métodos de análise a separar a mxsa de solo
em pequenos elementos e tratar cada um, como um único bloco deslizante. São os denominados
métodos das fatias.
Os métodos das fatias são métodos de equilíbrio limite e partem do pressuposto de que a su-
perficie de ruptura é previamente conhecida e seu fator de segurança é calculado. Após vá% tenta-
tivas, com diferentes superfícies potenciais de ruptura, será considerada crÍtica aquela que apresentar
o menor fator de segurança (figura 5.1).
crítica
(b)
Fig. 5.2 Hipóteses básicas do método das fatias
a ruptura é cilimdrica, estando a superfície de deslizamento pré-determinada, em forma e loca-
ção.
a análise é bidimensional (estado plano de deformações), admitindo uma seção do talude com
um metro de extensão, na direção perpendicular à figura (figura 5.2 a).
a resistência ao cisalhamento obedece à lei de Mohr-Coulomb e é totalmente mobilizada, no
instante da ruptura, ao longo de toda a supedicie de deslizamento.
o talude é subdividido em (n) fatias verticais e estudado o equilíbrio de cada M a
o fator de segurança é dehido, como a relação entre a resistência ao ckalhamento disponível ao
longo da supe&cie de ruptura e os esforços cisalhantes, mobilizados na referida superfície.
-
Cada fatia é defmida pelos seguintes elementos geométricos:
x=Rsenu
Elementos Geométricos
Numa fatia isolada, devem ser consideradas as forças representadas na figura (5.4) e o poiígono
de forças traçado na figura (5.5).
Forças atuantes
O
W=yhb - peso total da lamela
' /
w-'
Fig. 5.4 Forças atuantes numa fatia, considerada isoladamente
Para que cada fatia esteja em equilibrio a força cisalhante na base da fatia deve ser igual à resis-
tência ao cisalhamento oferecida pelo terreno.
Como se pretende usar, somente, parte da resistência
ao cisalhamento, isto é deseja-se um fator de segurança (4,
\
devemos ter:
c'
W F = - onde (t= c + o tg 4) é a resistência dispo-
=,
nível do terreno e (t,) a tensão cisalhante mobilizada pelas
forças que atuam na fatia.
X" - x,,
Se considerarmos a totalidade das fatias, teremos:
( + ) O e ~ ( x n - x n + i ) = o
Em duas fatias adjacentes, atuam forças de mesmo valor e sentido contrásio, daí seu somatório
ser nulo.
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
A expressão (29) é básica para a determinação do fator de segurança de rupturas cirdares, pe-
los métodos que dividem a massa deslizante em fatias. Sua aplicação dependerá do valor de N , que
representa a força intergranular efetiva, normal à superfície de ruptura. Embora não apareçam, a-
plicitamente, na expressão do fator de segurança, as forças entre as fatias têm componentes na dire-
ção de N , e por conseguinte, N é uma função dessas forças. O problema toma-se indeterrninado
pois temos mais incógnitas do que equações para resolvê-las.
A diferença entre os diferentes métodos, que utilizam o recurso de dividir o talude em fatias,
reside nas hipóteses adotadas para a determinação de N .
O método de Fellenius admite que as resultantes das forças atuantes nas paredes das fatias são
nula:
27
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
F=
W .sena
C (d+ w .cosa tg+) (31)
Talude / Inclinação
13.
1
ditalude
/ 45
1 11 p
a
129 , 4 0
/
i28 37
I
1
/Para solos do tipo (c, I$), / Jumikis sugere que sejam ensaiados círculos, com centros na reta
0,-O,, indicada na e r a 5.8, onde o ponto O1 é o determinado no passo anterior.
Após algumas tentativas, identificam-se as áreas do desenho onde há a tendência de diminuição
do fator de segurança para círculos, com centro nelas localizados.
facilidade do cálculo
/
I----,-
----___
, '.
c) Cálculo do peso das fatias, levando em conta o peso específico ( y ) e a espessura ( h ) de cada
camada.
W=bhy w=bIyh
Fig. 5.10 Determinação do peso de cada fatia
d) Determinação das componentes do peso ( W ), nas direções do raio ( N ) e tangencial ( T ) , isto
é, perpendicular ao raio.
Essa d e t e m a ç ã o poderá ser feita a partir dos ângulos ( a ) ,inclinações das bases das fatias, ou
seja, dos ângulos formados pelos respectivos raios com as verticais que passam pelo centro do
círculo.
Esse processo admite uma solução gráfica, exposix na figura 5.11.
Solu~ãoGráfica
O
( fig. 5.12)
sinais pisa ( T )
Fig. 5.12 C~~yqÇE10ide
30
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Fig. 5.13 Apresentação dos resultados de uma análise pelo método de Fellenius
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
-
V volume de solo peso do solo saturado
saturado
A. A*
P,=ys.V 6
_YaV
I+e
"i,v
I+e
D
=&&.v
1 água
I 1
(a) Peso do solo saturado @) Peso c10 solo submerso
conhecidas que envolvem a densidade real dos grãos (6) e do hdice de vazios (e), o peso total pode
(6 + e ) Ya.V=Y3m.V
ser expresso em função do volume total do solo (V). AB = -. (32)
l+e
-
Na figura 5.15c, o vetor CB denomina-se i@uLsão e representa um peso da água equivalente a
um volume V, igual ao volume total da massa de solo. Desse modo, o peso total do solo, ou seja, a
resultante das forças gravitacionais podem ser expressa também como a soma do peso submerso
dos grãos e da impulsão.
"
Fi.5.16 Dcterminaçáo das pressões da água no contorno
u, = u , + ya(b.senO - Ah)
u, = u , +ya(b.senO+b.cosO-Ah)
u, = u , + ya b.cos0
Calculando-se as áreas dos diagramas de pressão da água em cada face do elemento, chega-se às
forças atuantes e às resultantes das forças da água no contorno (fig. 5.17).
yabLcosO
Fig. 5.17 Determinação das pressões da água no contorno
Quando não há percolação a resultante das forças de massa é o peso submerso do solo, repre-
Ysub. v
C
F
Fig. 5.19 Determinação da resultante das forças de massa - bfcio com percolação
-
Na figura 5.19, a força CE é a força de percolação e a resulmte da pressão da água no con-
-
tomo está representada pela força BE. Combinando-se o diagrama das forças gravitacionais, com o
diagrama das forças de contorno, clieg-a-se à procurada resultante das forças de massa AE .
-
A resultante das forças de massa deve ser equilibrada pelas forças intergrmulares para se conse-
guir o equilíbrio da massa de solo.
Ainda na figura 5.19, constata-se que AE pode ser determinada por diversas combinações de
forças.
Fig. 5.20 Aplicação de método das fatias a uma barragem, na fase de operação
Assim, são considerados:
peso do material de cada fatia, levando em conta o peso específico saturado dos
solos, abaixo da linha de saturação;
as pressões neutras nas laterais e na base das fatias;
as pressões intergranulares nas laterais e na base.
Tratando-se do método de Fellenius, as hipóteses simplificadoras admitem nulas as for-
ças intergranulares entre as fatias e as resultantes das pressões neutras laterais, ao se considerar o
equilíbrio de toda a massa de solo.
(2) (b)
Fig. 5.21 Diagrama de forças no método de Fellenius -Talude com percolação
37
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Para o solo: y = 20
,at
w/m3 c' = 10 IcN/m2 @ = 29"
.
1 W = ybh = 2Ox1,5xh = 30h
Wcosa = 30hcosa
Wsena = 30hsena
,, = 14,35m
L
(a)
Fig. 5.23 Força atuantes numa fatia e diagrama forças no método das fatias
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
O método de Bishop também divide a massa de solo em fatias, para a determinação do fator
de segurança. Estuda o equilíbrio de cada fatia e o equilíbrio geral, pelo momento das forças em re-
lação ao centro da superfície circular de deslizamento.
Portanto, neste método, permanecem válidas, as forças atuantes em cada fatia e o diagrama de
-
forças, descrito anteriormente e reproduzido na figura 5.23. Nessas figuras. ( U ) é a resultante da
-
pressão neutra na base da fatia. .As pressões neutras laterais estão embutidas em ( E , e E.+i).
A expressão geral do fator de segurança é o mesmo deduzido pelo método das fatias:
-
Para a solução da força ( N ) ,o método faz a projeção das forças na direção vertical, obtendo a
igualdade:
-
N c'l
W + ( X , - X , + ~ ) = N ~ O S+C-tg+'sena+-sena+udcosa
L (37)
F F
Trabalhando-se a equação ( 3 7 , chega-se ao valor procurado:
,,.I\
N=
- W + (xn-x , >- l ( v c o s ~ + ~ s e n a )
\ ~ ~ ,
(38)
O problema será resolvido por interações sucessivas, fixando-se um valor de (F) e determinan-
do-se um valor para (m,). Esse valor será utilizado para o cálculo de (i;),segundo a expressão (41).
Quando os dois valores de (i;) coincidirem ou forem muito próximos, ele será o valor procura-
do, para o círculo que está sendo ensaiado. A convergência dos valores de (i;)é rápida e pode ser
obtida por uma das seguintes metodologias:
A primeira tentativa de (F) seria o valor obtido pelo método de Fellenius, determinando-se
um novo valor (F,), pelo método de Bishop. Com esse valor calcula-se outro (Fz), que se
for próximo de (F,), será o fator de segurança procurado.
Fixam-se três valores para o fator de segurança ( valores admitidos Fl, Fz e Fz ), detemi-
nando-se os correspondentes valores, pela aplicação do método. Os pares de valores Fadmi.
tido serão marcados num gráfico. O valor de (i;) será determinado, por interpela-
x Fcaiculedo
ção, como mostrado na figura (5.24).
Fl = 1,3 (Fellenius)
-
-
m .
i:. E' 9. g 9 b h W a rena
1<
E0 .
i=
c
1%
a. u:b
7
4 -z-
-e,.D
-
1 3 20 0364 125 6.5 154.36 -7 -0.121 -18.80 37.5 10 1.2 13.44 138.9 50.6
2 3 20 0.364 11 10.5 219.45 -1 5.017 -3.80 33 10 2 0 21.95 197.5 71.9
3 3 20 0,364 11 14 29260 6.5 0.113 33.10 33 10 2 7 ' 29.26 263.3 95.8
4 3 20 0,3&( 9.3 17 300.39 13 0.225 67.60 27.9 10 3.2 30.04 270.4 98.4
5 3 20 0,364 9.3 18 318.08 18 0.309 98.30 27.9 1P 3.4 31.81 286.3 104.2
6 6 15 0.268 10.6 18 36252 2 5 ' 0,422 153.20 53 10 3.4 36.25 326.3 87.4
7 5 15 0,268 6 17 258.4 30 0,500 129.2 40 10 3.2 25.84 232.6 62.3
8 5 15 :O.2q' 7.8 15 2223 35 0,574 127.6 39 10 2.9 2223 200,l 53.6
9 5 15 0,268 4.5 13.5 115.5 40 0.643 74.3 22.5 10 2.6 11.55 104.0 27.9
10 5 15 0.288 4.7 12 107.2 44 0.694 74.4 23.5 10 2.3 10.72 96.5 25.9
-
11
1
5
17
15 0.268 5,5
18
6 63.6 47
18
0,731 61.1 27.5 10 ,1.5 8.36 75.2 20.2
-- -
- o 1/Mie) (17) -(16)
i:
- 2
- F-1.4.F-1.5 F-1.3 F-1.40 F-1.50 F-1.30
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
Entretanto, qualquer tipo de análise toma-se muito mais simples quando se pode representar a
resistência ao cisalhamento por um valor constante em toda a massa de solo e conseqüentemente,
ao longo da superfície de ruptura, nos métodos de equilíbrio limite.
Esse tipo de análise denomina-se 'Caso 4 = O" e pode dar bons resultados em determinadas
situações ou em verificações expeditas, inclusive com a utilização de ábacos.
A figura 5.27 representa a seção transversal de um talude com a superfície potenciai de ruptura
circular de raio R e centro 0.
TRINCAS DE TRAÇÃO
Nos solos coesivos há a tendência de se formar uma trinca de tração, próximo ao coroamento
do talude, quando se desenvolve uma condição de equilíbrio limite.
1- sen4
onde KA =
I + sen4
2c
Quando 4=O &=I e portanto zo = -
Y
O corpo deslizante de peso W será delimitado pelo arco AC, superncie do talude e a trinca de
tração.
Não se desenvolverá, portanto, qualquer resistência ao cisalhamento na ainca, mas ela pode
1
encher-se de água e nesse caso deverá ser considerada a força P, -,.ra
- o.. (43)
1
rubamento da parcela P, . y, = -. y a .z O 2 ' Y c (44)
2
OBRAS DE TERRA ANALISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
A expressão do fator de segurança, quando existe trinca de tração e presença de água, assume o
C,.R~.@
aspecto: F =
W . d +P,".y,
A resultante das forças de massa, ou seja o peso submerso, será combatida pelas forças
resistentes R = N. tg $ (força de atrito) e C = c L (força de coesão).
CONCLUSÁO: Nos taludes totalmente submersos, o efeito da água é considerado, quando no
cálculo do peso da massa desl'izante, utiliza-se o peso específico submeno do material
W = Wl +W2 + ~ . b . y ,
Wl=y.d.b
Wz = ysrrb.b. z
1 ,;@ir?,*
~......
1
A equação de equilíbrio da fatia tem
i ld
N a expressão:
são efetiva (o- u,), onde u, é o excesso de pressão hidrostática, provocada pelo percolação no
talude.
CONCLUSÃO: Nos taludes parcialmente submersos e ainda com a linha de saturação acima do
plano d'água de jusante, o cálculo do fator de segurança pode ser conduzido segundo o esquema da
figura com a consideração do excesso de pressão hidrostática, na base de cada fatia.
+ No cálculo do peso das fatias, adotar o peso específico saturado para os solos contidos entre a
linha de saturação e a superficie potencial de ruptura.
+ Prolongar a superfície potencial de ruptura até o plano de água NM e considerar o peso da água
como integrante da fatia corrspondente.
OBRAS DE TERRA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
4 Na base de cada fatia a pressão neutra é calculada pela altura da pressão piezométtíca.
b ÁBACOS PARA ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES
E
-
( Bishop Morgenstern )
FATORES EMVOLVIDOS
1
H - altura do talude
1
DH - profundidade da camada resistente
D - fator de profundidade
) j3 - ângulo em relação a horizonta1,referido a cotangente ( H : V )
h - altura de solo acima da superfície potencial de ruptura
b
1
b
o Os taludes são simples, não possuem bermas nem sobrecargas no topo
)
) o A pressão neutraem cada ponto da massa de solo é expressa em termos do parâmetro r, = uIyh,
admitido constante ao longo de uma superfície de deslizamento.
1
B
) o A resistência ao cisalhamento do material do talude é representada pela lei de Mohr-Coulomb
DETERMINAÇÃO DO FATOR DE SEGURANÇA
1
I Hipóteses para a construção dos ábacos
' De acordo com o Método de Bishop Simplificado, o fator de segurança é determinado pela
I
expressão:
I
I
portanto, o fator de segurança é função de sete variáveis:
I
Para a construção dos ábaws, Bishop - Morgenstern, admitiram:
I
pressão neutra ru e do ângulo de atrito 4'
I
Nos taludes simples, com determinada
I F resistência ao cisalhamento, admite-se, com
suficiente aprox~mação, que o fator de
I
seguranm F varia linearmente Com O valor
da pressão neutra, expresso pela
relação ru
0,O 0,2 0.4 0,6 0.8
r"
Variação de F com r,
onde
ma = cosa -t sena.-tg$'
F
Modificações da fórmula para transformar as dimensões lineares em
relações da altura do talude H.
Considerando: W=ybh e
F=
b h
C X - Hsen. a
c ' b
yHH H H
C'
b h
+-.-(1-ru)tg$'
Ia
.-
f 3 0
Características do solo:
2 3
c' = 20 kNlm 4' = 26' y = 17 kNlm r, = 0,08
Cálculos:
a Se r,,(r, for menor que r,, haverá um círculo mais profundo, com menor
fator de segurança
Características do solo:
3
c' = 56 k ~ / r n ~ $' = 30' y = 16 kN/m r, = 0,50
Cálculos:
C'
Interpolando para -=o ,035
YH
ÁBACOS DE BISHOP MORGENSTERN
Aplicação numérica:
z=18,0+crtg30° (k~lrn')
O peso específico do solo é y = 17,O kiV/rn3 e o parâmetro de pressão
neutra r, = 0,50.
Determinar o fator de segurança mínimo.
Cáilculos:
C'
Os coeficientes poderão ser obtidos diretamente dos ábacos com -= o,os
Y H
21+9
O valor máximo que D poderia assumir, neste caso seria: D = --- = 443,
21
Impermeável
HIP~TESESBÁSICAS:
* Material homogêneo apoiado em terreno impermeável, rígido e ao nível do pé do
talude.
* A resistência ao cisalhamento do material é representada pelos parâmetros efeti-
vos c' e I$'.
/
Antes do rebaixamento, o nível do reservatório coincide com a crista da barra-
gem, isto é, há uma condição total de submergência.
Durante o rebaixamento, admite-se B=i e h ' = O. A pressão neutra terá, então,
a expressão: u = y, h .
e A rede de fluxo reduz-se a uma malha quadrada, cujas linhas de fluxo são para-
t
b lelas à base do talude e as equipotenciais são perpendiculares a essa mesma
b base.
b
Impermeável
b
b Princípios para a constru~âodos ábacos:
b
b
* O fator de segurança mínimo para círculo tangente a uma determinada profundi-
b dade, varia com a profundidade do rebaixamento.
B
C e Não havendo dissipação, o fator de segurança diminui quando aumenta a distân-
b
cia do coroamento ao nível de rebaixamento. A correlação entre gi;,,,, eL/!
b
b
b
pode ser estabelecida, calculando-se Fl;,,,,,,para um intervalo de valores de L/H.
-
L I H proporção de rebaixamento
' Priilcípiaâ para â constrmo;ãs dos ábâeos:
I
'
I
a Análise da estabilidade dos taludes pelo método de Bishop simplificado e com-
APLICAÇÃO NUMÉRICA
Exempila 'i :
A barragem representada na figura tem as seguintes características:
F-= 1?2@
Exem pia 2:
Determinar o fator de segurança mínimo para a barragem anterior, admitindo um
rebaixamento a meia altura da barragem.
Sslu~ão
São necessárias várias hipóteses, admitindo-se diferentes superfícies de desliza-
mento
i! Te**
4-
i 8 .,. .tativa:
Círculo mais desfavorável tangente a base, ou seja L/H = 0,50:
a
3- Tentativa:
Como não há ábaco para este valor, o fator de segurança será obtido por interpola-
çáo linear entre os valores existentes.
Figura 1
ÁBACOS DE ESTABILIDADE PARA TALUDES
SUBMETIDOS A REBAiXAMERarO R ~ P I D O
!NORBERT MORGENSTERIS )
Figura 2
CURSO DE ESTABILIZAÇAO E CONTENÇAO DE ENCOSTAS - IMEIONER
relação de poro-pressão - r,, (definido pela relação entre a pressão neutra num ponto e o
A fórmula que permite a determinação do fator de segurança pelo método de Bishop sim-
plificado, foi devidamente trabalhada para a introduçáo dos coeficientes (172) e (I?), que reunem
Constataram os autores do método que o fator de segurança pode ser expresso como
No trabalho original. os valores (m) e (n) podiam ser obtidos em ábacos, para os seguintes
intervalos das variáveis: L , o / / ~ =O a 5,O; 9'= 20' a 40°; 0 = 1 a 1,5 e C' /://Y = O a 0,05. Posteri-
ormente, outros pesquizadores desenvolveram ábacos ampliando esses intervalos.
Esses ábacos estão reproduzidos nas figuras (4.17) a (4.22).
No livro Basic Soil Mechanics (Whitlow, R. 1995) constam tabelas forne'cendo os valores
de (m) e (n) para intervalos de variação do coeficiente adimensional, ampliado para c' /ytI = O
a 0,150, as quais estão transcritas na Tabela (4.1)
Calculado o valor de c' / y F I , seleciona-se a seção da tabela para a qual I1 = I e L.' /yfl é
o valor imediatamente superior ao do problema. Usando uma interpolação linear, determina-se
os valores de (//i) e (ir), correspondentes aos valores de coip, e 9'.Chegando a um valor de
(ir), sublinhado, significa que existe um circulo niais profundo que é mais critico. (I; menor).
Nesse caso. passar para a seção na tabela de I1 = 1,25 ( ou até I> i ,50), até encontrar um
valor de (i?)não sublinhado.
Utilizando-se a expressão (4.2), calculam-se os fatores de segurança (I;,)e (I/>), para va-
lores do coeficiente ( c ' /y/f ), acima e abaixo ao do talude. O fator de segurança procurado é
O valor de r,, é um valor medio, correspondente a massa de solo limitada pela superfície
percolação obtem-se os valores de r,, , em diferentes pontos da massa de solo. O valor médio
pode ser calculado dividindo-se o talude em fatias, calculando-se a média de i*,, em cada fatia
e determinando-se uma média ponderada de r,, , em funçáo das respectivas áreas das fatias
As etapas a serem seguidas no uso dos ábacos de Bishop - Morgenstern são identicas as
descritas para as tabelas. Entretanto, na pesquisa da profundidade do circulo critico, nos ába-
cos onde constam linhas tracejadas, deverá ser determinado o valor de (r',,,) por elas forneci-
dos. O valor de r,,, deve ser comparado com o r,, do problema. Se r,,, < r,,, então, haverá um
circulo critico mais profundo e a pesquisa prossegue, obtendo-se valores de 111 e n , no ábaco
com valor maior de 11.
4.5.1 A p l i c a ç ã o d o m é t o d o d e B i s h o p - Morgenstern
(Segundo Whitlow - 1955 Basic Soil Mechanics)
Projetou-se o corte de um solo argiloso, com uma inclinação de 1 vertical: 3: horizontal e
uma altura de 17m. O valor de r,, é 0,2 e o solo possui as seguintes propriedades:
Soluçao
Entrada na tabela
Na seção de c' /.lFl = 0,050 e D = 1,00, para os valores de COIP= 3 e (1' = 22",obtém-se
por interpolaçáo linear os valores de in = 1,97 e 11= 1,528
O sublinhado significa que existe um círculo crítico mais profundo.
Para c' / y H = 0,050 e D = 1,25; in = 1,976 e n = 1,644
A análise deste talude foi também efetuada pelos métodos de Fellenius e peios abacos de
Bishop - Morgenstern, que forneceram os seguintes resultados:
Fellenius 1,41
Bishop-Morgenstern 1,51