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Processos em vertentes:

movimentos de massa
O que é uma vertente?
 Vertentes (ou encostas) são superfícies
inclinadas responsáveis por direcionar os
fluxos de escoamento superficial.

 Há dois tipos principais de vertentes:

 Vertentes rochosas;

 Vertentes cobertas com manto de


intemperismo (ou regolito);
Quais são os processos atuantes em vertentes?
 Movimento de material vertente abaixo sob a ação da
força de gravidade, geralmente envolvendo a água em
processo de escoamento.

 Existem dois tipos principais:


 Movimentos de massa (movimento descendente de
material da própria vertente sob a influência
gravitacional apenas);

 Erosão hídrica (movimento descendente de material


da própria vertente sob influência gravitacional e da
água em movimento);
Fatores que afetam os processos em vertentes
 Materiais que compõem a vertente;
 Ângulo de inclinação da vertente;
 Clima;
 Vegetação;
 Atividade tectônica;
O que são movimentos de massa?
 São movimentos gravitacionais responsáveis pela
mobilização de solo, sedimentos, vegetação ou rocha
encosta abaixo, geralmente potencializados pela ação da
água. Ocorrem basicamente quando as forças de tração,
dadas pela gravidade atuando na declividade do terreno,
superam as forças de resistências, principalmente as
forças de atrito. A principal força de tração que causa
movimentos de massas é a força de cisalhamento, quando
esta supera o atrito, ocorre o movimento (MONTGOMERY,
1992).
Forças relacionadas aos movimentos de massa
 O entendimento das tensões (forças) e das
resistências é a chave para o entendimento dos
movimentos de massa.
Efeitos da gravidade sobre as vertentes

A gravidade atua como um peso


por unidade de área (pressão) dos
materiais do declive produzindo
uma tensão vertical (V).

Tensão de
cisalhamento*(S)
A
Tensão normal (N)
ângulo do plano de cisalhamento

Obs.: A tensão vertical (V) pode ser decomposta em duas componentes agindo em ângulos
retos entre si (S) e (N). A amplitude relativa de (N) e de (S) dependem de A.

*Cisalhamento: fenômeno de deformação ao qual um corpo está sujeito quando as forças que sobre ele
agem provocam um deslocamento em planos diferentes, mantendo o volume constante.
Condicionantes geológicos dos
movimentos de massa:
 Fraturas;
 Falhas;
 Foliação e Bandamento Composicional;
 Descontinuidades do Solo;
 Morfologia da Vertente (ou Encosta);
 Depósitos de Encosta (Tálus e Colúvios).
Fratura
Foliação e bandamento composicional em gnaisse do embasamento da
Província Mantiqueira, RJ. Foto: E. Salamuni.
Morfologia das vertentes
De acordo com os processos modeladores atuantes (erosão,
transporte e deposição), as vertentes podem ser:
Condicionantes antrópicos dos
movimentos de massa:

 Remoção da cobertura vegetal;


 Lançamento e concentração de águas pluviais e servidas;
 Vazamentos nas redes de abastecimento de água e esgoto e
presença de fossas;
 Execução de cortes de forma incorreta;
 Execução deficiente de aterros;
 Lançamento de lixo nas encostas e taludes.
Retirada de vegetação

Acúmulo de lixo nas encostas


Vazamentos nas redes de água e esgoto

Construção de edificações nas


encostas
Cortes e/ou aterros mal executados
Principais tipos de movimentos de massa
 Rastejos (Creep);

 Corridas (Flow);

 Escorregamentos (Landslide);

 Movimentos de blocos;
 Corridas (Flow): movimentos gravitacionais na forma de
escoamento rápido, envolvendo grandes volumes de materiais,
com extenso raio de alcance e alto potencial destrutivo.
Considerando as características do material mobilizado, as
corridas podem ser classificadas em 3 tipos básicos:

- Corridas de lama;

- Corridas de terra;

- Corrida de detritos;
 Corrida de lama (mud-flow): fluxo de solo com alto teor
de água, apresentando média velocidade relativa e com
alto poder destrutivo.

 Corrida de terra (earth-flow): fluxo de solo com baixa


quantidade de água, apresentando baixa velocidade
relativa.

 Corrida de detritos (debris-flow): material


predominantemente grosseiro, constituído por blocos de
rocha de vários tamanhos, apresentando um maior poder
destrutivo.
Corrida de lama na região serrana do RJ, em 2011
 Escorregamentos (Slides): são movimentos rápidos, de
curta duração, com plano de ruptura bem definido,
permitindo a distinção entre o material movimentado
e aquele não movimentado. Podem ser classificados,
em função de sua geometria e da natureza do
material que instabilizam, em:

- Planares (ou translacionais);

- Circulares (ou rotacionais);

- Em cunha;
Escorregamento planar (ou translacional)
Escorregamento circular (ou rotacional)
Escorregamento em cunha
 Movimentos de blocos: são movimentos rápidos de blocos
e/ou lascas de rocha que caem pela ação da gravidade,
sem a presença de uma superfície de deslizamento, na
forma de queda livre ou pelo salto e rolamento ao longo
de planos inclinados com declividades muito altas, sendo
divididos em 4 tipos:

- Queda de blocos;

- Tombamento de blocos;

- Rolamento de blocos;

- Desplacamentos;
Bloqueio por queda de blocos na BR-259 no noroeste do Espírito Santo
(Foto: Jackson Veríssimo / VC no ESTV)
Em geral, o tombamento ocorre em áreas com encostas bastante abruptas. A foto
acima apresenta um exemplo de tombamento de blocos, ocasionado pela
percolação de água nas fraturas do maciço, fazendo com que as mesmas sejam
alargadas pela alteração da rocha e seu consequente enfraquecimento. Com o
passar do tempo, tem-se o desprendimento e tombamento do bloco, seguindo
movimento de rotação em seu próprio eixo.
Esse processo geralmente acontece devido ao intemperismo de rochas ígneas ou
metamórficas, gerando grandes blocos rochosos em superfície (matacões) ou
saprolito que contém blocos de rochas envoltos em uma matriz de solo alterado.
Para remediar situações de risco
envolvendo blocos de rochas em
iminência de rolamento, pode-se optar
pelo desmonte parcial ou total do bloco
ou pela realização de obras de
contenção, com a finalidade de
assegurar condições de segurança para
uma comunidade, uma rodovia etc.
Desplacamento de blocos rochosos no
distrito de Conselheiro Paulino, em Nova
Friburgo (RJ).
Referências
FERNANDES, N. F.; AMARAL, C. P. Movimentos de massa: uma abordagem
geológico-geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.).
Geomorfologia e Meio Ambiente. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003.

GERSCOVICH, D. M. S.; Estabilidade de taludes. 2. ed. São Paulo: Oficina


de Textos, 2016.

INFANTI JUNIOR, N.; FORNASARI FILHO, N. Processos de Dinâmica


Superficial. In: OLIVEIRA, A. M .S.; BRITO, S. N. A. (Ed.). Geologia de
Engenharia. São Paulo: ABGE, 1998.

MONTGOMERY, C. W. Environmental geology. 3. ed. Dubuque: Wm. C.


Brown Publishers, 1992.

REIS, F. A. G. V. Geodinâmica Externa: Movimentos de massa. Disponível


em: http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09.html.
Acesso em: 25 jan. 2020.

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