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EROSÃO E SUAS MANIFESTAÇÕES

Erosão
Processo de “desagregação e remoção de partículas do
solo ou de fragmentos e partículas de rochas, pela ação
combinada da gravidade com a água, vento, gelo e/ou
organismos (plantas e animais)” (IPT, 1989).
EROSÃO: Do latim: erodere – refere-se ao desgaste da superfície do terreno com
a retirada e o transporte de sedimentos.

 Os sedimentos são resultado da fragmentação das rochas promovida pelo


processo do intemperismo, que pode ser:

• Processo de desagregação
Físico
mecânica das rochas.
• Ação química da água sobre as
Químico
rochas.
• Ação dos seres vivos na
Biológico
desagregação das rochas.

 Principais Agentes Erosivos: ação das águas correntes, das ondas, do


movimento das geleiras e dos ventos.

 Os tipos climáticos influenciarão o predomínio de determinados agentes e


consequentemente de determinados tipos de erosão em cada região do globo.
 Os diferentes tipos de erosão são estabelecidos de acordo com os agentes
causadores, tais como:

Pluvial (chuvas)

Hídrica
(águas)
Fluvial (rios)

Marinha (oceanos)
Erosão
Eólica
(ventos)

Glacial
(geleiras)
DIFERENÇAS CONCEITUAIS
Erosão • Processo (causa)

Denudação • Consequência (efeito)

Erosão normal X Erosão acelerada


EROSÃO GEOLÓGICA OU NORMAL EROSÃO ACELERADA OU
ANTRÓPICA

Ocorre em condições de equilíbrio Ocorre em condições de


entre morfogênese e pedogênese desequilíbrio morfogenético natural
(balanço morfogenético). ou induzido pela ação antrópica.
Erosão normal Erosão acelerada
1 2

Na situação 1 nota-se a presença da cobertura vegetal, que responde pela maior infiltração da
água da chuva no solo, reduzindo assim o escoamento superficial capaz de remover os
sedimentos, que serão depositados nos rios. Recebendo menos sedimentos, os rios podem
erodir com mais intensidade seu próprio leito, aumentando a incisão vertical. Na situação 2,
tem-se a retirada da cobertura vegetal, em decorrência do uso do solo, e, com isso, menores
taxas de infiltração da água da chuva no solo. Assim, o escoamento será mais intenso e a
erosão dos sedimentos também. Esses sedimentos serão lançados nos rios, que ficarão
assoreados com a acresção (acréscimo) de sedimentos em seu leito.
FATORES CONDICIONANTES DA EROSÃO HÍDRICA

Clima

Cobertura vegetal

ASPECTOS FÍSICOS Relevo

Solos

Substrato rochoso
FATORES CONDICIONANTES DA EROSÃO HÍDRICA

Desmatamento
Agricultura

Pecuária
FATORES Uso da terra
ANTRÓPICOS

Abertura de loteamentos

Áreas urbanas

Obras de infraestrutura
 No caso da erosão hídrica, a desagregação e transporte de partículas
ocorre pelo fluxo do escoamento superficial, que pode ser:

• Rugosidades do terreno imprimem


Difuso padrão irregular ao escoamento.

• Chuvas concentradas (torrenciais) em


áreas de solo exposto, ou de
Laminar cobertura vegetal incipiente, tendem
a produzir fluxos em lençol.

• Fluxo concentrado em canais em


função das condições topográficas
Linear (caminhos preferenciais), entendidos
como rotas de organização do
escoamento superficial.
Principais modalidades de erosão hídrica
- Splash (ou salpicamento);
- Laminar (ou em lençol);
- Linear (ou por fluxo concentrado):
• Sulcos;
• Ravinas;
• Voçorocas (ou boçorocas).
- Interna;
 Splash – impacto das gotas de chuva sobre o solo - erosão por
salpicamento – deslocamento de partículas por impacto.

Ação erosiva da gota de chuva


Splash
Erosão laminar: arrasta uniformemente as
partículas do solo (primeiro as mais leves,
consequentemente a parte ativa do solo).
Ocorre em terreno inclinado e pouco
permeável.
Erosão laminar
A EROSÃO LINEAR E SEUS ESTÁGIOS EVOLUTIVOS

• Incisões de pequena proporção no


Sulcos
terreno.

• Aprofundamento e alargamento das


Ravinas
incisões.

• Grandes incisões que interceptam o


Voçorocas ou boçorocas
lençol freático.

De acordo com a classificação do DAEE-IPT (1989), os sulcos constituem feições


alongadas e rasas (inferiores a 50 cm); as ravinas são feições de maior porte, de
profundidade variável, de forma alongada e não atingem o lençol de água subterrânea; as
voçorocas tem dimensões superiores às ravinas e atingem o lençol de água subterrânea,
havendo portanto processo de erosão interna (piping).
Sulcos
Sulcos na Fazenda da Usina São
Luiz em Santa Cruz do Rio
Pardo, SP
Ravina no córrego Tucum – São Pedro/SP
Voçoroca no córrego Tucunzinho – São Pedro/SP
Vista aérea da voçoroca do córrego Tucunzinho – São Pedro/SP
Voçoroca em São Pedro do Turvo/SP
Voçoroca em São Pedro do Turvo/SP
Erosão interna: movimento de partículas de
uma massa de solo carreadas por percolação
d’água, sendo que o fenômeno é iniciado sob
condições de gradiente hidráulico crítico e
provoca a abertura progressiva de canais
dentro da massa de solo. Também chamada de
erosão regressiva, entubamento ou pipping.
Erosão interna (pipping),
Córrego Água da Veada,
Ourinhos-SP
Outros tipos de
erosão
Erosão zoógena
Botucatu-SP

O pisoteio de animais remove a vegetação e compacta o solo,


criando canais de escoamento concentrado das águas pluviais.
Assim, os sedimentos são removidos pela enxurrada, resultando,
por exemplo, na formação de sulcos.
Sulcos rasos provocados por pisoteio do gado
Erosão fluvial: os rios, particularmente nas

regiões tropicais úmidas, exercem uma função

destacada na modelagem do relevo terrestre.

Realizam um trabalho geomorfológico

importante que consiste na erosão, transporte

e deposição de detritos rochosos (JATOBÁ;

LINS, 1995).
Um exemplo clássico de erosão fluvial é o trabalho erosivo realizado pelo rio
Colorado, nos EUA, modelando a bela paisagem do Grand Canyon.
Erosão eólica: provocada pelo vento; ocorre mais
intensamente em ambientes litorâneos arenosos e nas
regiões áridas e semiáridas. As partículas de sedimentos
são transportadas pelo vento, colidem com as rochas e
favorecem ainda mais o seu desgaste, esculpindo formas
na paisagem.
Erosão marinha: o embate das ondas é capaz de
desgastar por fricção (abrasão) as rochas, devido à
energia dissipada e as partículas de areia
transportadas em suspensão pela água. As correntes
marinhas litorâneas distribuem o material erodido
ao longo da costa.
Erosão Glacial: de grande importância nas regiões
de clima frio e temperado, o trabalho erosivos das
geleiras forma grandes vales glaciais, com acúmulo
de sedimentos nas porções inferiores.
Como estimar a
perda de solo por
erosão laminar?
EUPS (Equação Universal de Perda de Solo)
Método indireto de quantificação de perda de solo por erosão
laminar (t/ha)
A predição da perda média anual de solo da EUPS é
obtida por meio de seis fatores:

A = R K L S C P
Onde:
A é a perda de solo média (t ha-1·ano-1);
R é o fator de erosividade da precipitação (MJ·mm ha-1h-1ano-1);
K é a erodibilidade do solo ou a perda de solo por unidade de
erosividade da chuva e do escoamento de uma parcela padrão
(t.ha.h/ha.MJ.mm);
LS é o fator topográfico considerando o comprimento da rampa (L) e
o grau do declive (S), representando uma razão de perda de solo
da parcela padrão;
C é o manejo do solo e cobertura vegetal, representando uma razão
de perda de solo a respeito de uma parcela mantida
continuamente descoberta;
P são as medidas de conservação do solo, representando a razão da
perda de solo a respeito de um terreno cultivado com
determinada prática e as perdas de um plantio morro abaixo
(BERTONI; LOMBARDI NETO, 1999; ALMOROX et al., 2010).
Roteiro metodológico
para a definição das
classes de
suscetibilidade à
erosão laminar
Mapa de
Mapa de erosividade
erodibilidade

Mapa final de
Mapa preliminar de
suscetibilidade à
suscetibilidade à
erosão laminar
erosão laminar

Mapa de
declividade
Comprimento
das encostas
CLASSE I. EXTREMAMENTE SUSCETÍVEL À EROSÃO

Corresponde às classes VII e VIII de capacidade de uso da


terra, onde os terrenos apresentam problemas complexos de
conservação, indicados para preservação ou reflorestamento.

CLASSE II. MUITO SUSCETÍVEL

Corresponde à classe VI de capacidade de uso da terra, onde


os terrenos apresentam problemas complexos de conservação,
parcialmente favoráveis à ocupação por pastagens, sendo mais
apropriado para reflorestamento.

CLASSE III. MODERADAMENTE SUSCETÍVEL

Corresponde à classe IV de capacidade de uso da terra;


terrenos indicados para pastagens e culturas perenes.
CLASSE IV. POUCO SUSCETÍVEL
Corresponde à classe III de capacidade de uso da terra,
sendo terrenos indicados para pastagens, culturas perenes,
culturas anuais, exigindo práticas de controle de erosão.

CLASSE V. POUCO A NÃO SUSCETÍVEL


Corresponde às classes I, II e V de capacidade de uso da
terra.
As classes de capacidade de uso da terra, segundo
LEPSCH et al. (1991), são oito, convencionalmente
designadas por algarismos romanos, em que a
intensidade de uso é decrescente no sentido I-VIII.
São elas:

Classe I: terras cultiváveis, aparentemente sem


problemas especiais de conservação;

Classe II: terras cultiváveis com problemas simples


de conservação e/ou de manutenção de
melhoramentos;
Classe III: terras cultiváveis com problemas
complexos de conservação e/ou de manutenção de
melhoramentos;

Classe IV: terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou


em extensão limitada, com sérios problemas de
conservação;

Classe V: terras adaptadas – em geral para pastagens,


e, em alguns casos, para reflorestamento, sem
necessidade de práticas especiais de conservação –
cultiváveis apenas em casos muito especiais;
Classe VI: terras adaptadas – em geral para pastagens e/ou
reflorestamento, com problemas simples de conservação –
cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas
permanentes protetoras do solo;

Classe VII: terras adaptadas – em geral somente para


pastagens ou reflorestamento – com problemas complexos de
conservação;

Classe VIII: terras impróprias para cultura, pastagem ou


reflorestamento, que podem servir apenas como abrigo e
proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para
recreação ou para fins de armazenamento de água.
O mapa de suscetibilidade à erosão laminar
reflete as características naturais do
terreno, em face do desenvolvimento dos
processos erosivos. Porém, a erosão laminar é
fortemente condicionada pela ação antrópica,
por meio do uso e ocupação do solo. Áreas
com o mesmo nível de suscetibilidade
ocupadas de maneira diferente apresentam
variados potenciais ao desenvolvimento da
erosão laminar.
Mapa de Mapa de
Mapa de uso
suscetibilidade potencial à
X e ocupação =
à erosão erosão
do solo
laminar laminar
Referências
ALMOROX ALONSO, J. et al. La degradación de los suelos por erosión
hídrica: métodos de estimación. Murcia: Universidad de Murcia, 2010.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo:


Ícone, 1999.

DAEE/IPT. Controle de erosão: bases conceituais e técnicas; diretrizes


para o planejamento urbano e regional; orientações para o controle de
boçorocas urbanas. São Paulo: DAEE/IPT, 1989.

LEPSCH, I. F.; BELLINAZZI JR., R.; BERTOLINI, D.; ESPÍNDOLA, C. R.


Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de
terras no sistema de capacidade de uso. 4ª aproximação. Campinas:
SBCS, 1991.

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