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FACULDADE DA SERRA GAÚCHA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL:


Movimentos de Massa

Disciplina: Geotecnia Aplicada – CIV027/1411


Prof.: Fernando E. Boff
SUMÁRIO
Conceitos
Movimentos de massa (tipos e fatores
causadores)
Classificação
Principais fatores que contribuem para os
movimentos de massa
Métodos de Avaliação de Instabilidade de
Taludes
Ruptura Planar
Ruptura em cunha
Ruptura rotacional 2
1- Conceitos
Encosta – superfície natural inclinada (declive) que une duas outras superfícies
caracterizadas por diferentes energias potenciais gravitacionais. Utilizado em
caracterizações de escalas regionais.
Taludes naturais – encostas de maciços terrosos, rochosos ou mistos, de solo e
rocha, originados por agentes naturais e de superfície não horizontal, mesmo que
tenha sofrido algumas ações antrópicas (cortes, desmatamentos, introdução de
cargas, etc.). Empregado em descrições locais.
Talude de corte – talude natural ou encosta, resultante de algum processo de
escavação promovido pelo homem.
Talude artificial (aterro) – declives de aterros construídos a partir de vários
materiais tais como, argila, silte, areia, cascalho e rejeitos industriais ou de
mineração.
As escavações de taludes de corte ou artificiais são requeridas em obras de
infraestrutura linear (rodovias e ferrovias), canais, gasodutos, explotações
minerais, e consolidação de ocupações urbanas em áreas de encostas e em
geral qualquer construção que requeira uma superfície plana em uma zona 3
inclinada ou alcançar uma profundidade determinada abaixo da superficie.
Crista
Representação das declividades e
formas das encostas
Determinação da
declividade
média através de
carta topográfica

6
2 - Movimentos de massa
Importância do estudo:
Problemas de escorrregamento de encosta e taludes provocam
milhares de mortes e dezenas de bilhões de dólares em prejuízos
por ano em todo o mundo.
Alguns acidentes no Brasil:

7
Movimentos de Massa
Quando são formados a partir da ruptura de uma certa porção de
material que forma o talude, a qual se destaca da massa
remanescente.
Vários sistemas de classificação, devido:
complexidade de tipos de movimentos de massa em encostas;
envolvimento de profissionais das mais diferentes áreas
(Geomorfologia, Geologia, Engenharia, etc.).
As classificações dos movimentos de massa (encosta) tem se
baseado:
Na morfologia do movimento de massa (da superfície de ruptura ou da
área deposicional);
Da maneira como os movimentos ocorrem;
Da taxa dos movimentos;
Do material de origem envolvido;
Da idade da ruptura
Varias outras combinações das classificações acima.
Classificação de Varnes (1978)
O sistema de classificação mundialmente mais aceito atualmente
(International Geotechnical Societes) é o de Varnes (1978) que enfatiza o tipo
de movimento e o tipo de material. Os movimento são divididos em cinco
tipos: falls (quedas), topples (tombamentos), slides (escorregamentos ou
deslizamentos), spreads (espalhamento) e flows (corridas/escoamento).

TIPO DE MOVIMENTO TIPO DE MATERIAL


SOLOS (ENGENHARIA) ROCHA
Predominantemente Predominantemente
fino grosso
QUEDAS(falls) de terra de detritos de rocha
TOMBAMENTOS (topples) de terra de detritos de rocha
ESCORREGAMENTOS ROTACIONAL Poucas Abatimento de terra Abatimento de Abatimento
(slides) unidades detritos de rocha
TRANSLACIONAL Desliz.blocos terra Desliz.blocos Desliz.blocos
Muitas detritos rocha
unidades Desliz. terra Desliz. detritos Desliz. rocha
ESPALHAMENTOS LATERAIS de terra de detritos de rocha
(lateral spreads)
CORRIDAS/ESCOAMENTOS (flows) de terra de detritos de rocha
(rastejo de solo) (rastejo de solo) (rastejo
profundo)
COMPLEXO: combinação de dois ou mais dos principais tipos de movimentos
Classificação Quanto a
Velocidade e Profundidade
Classificação quanto à velocidade do movimento de massa (Fonte: Varnes, 1978)

Classificação quanto a profundidade da massa deslocada (GeoRio, 1999)

10
Proposta de Augusto Filho (1992)
Características dos principais grandes grupos de movimento de massa.
Fonte: Augusto Filho (1992).

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Tipos de Movimentos de Massa
Quedas

Tombamentos

Escorregamentos/
deslizamentos

Espalhamento lateral

Corridas/escoamentos
Quedas

Características principais:
Sem planos de deslocamento;
Taludes íngrimes
Envolvem blocos ou lascas de rocha em movimento tipo queda livre
(pouca ou nenhuma deformação cisalhante)
Inclinação > 76o = queda direta
Velocidades muito altas (vários m/s). Podem atingir velocidades de
até 180 Km/h;
Em áreas rochosas descobertas são comuns a ocorrência de
avalanches de rochas e ou detritos;
Potencializados por: dilatações térmicas e por descontinuidades.
13
Quedas e rolamentos

14
Quedas (rochas ígneas)

Devido as
descontinuidades

15
Quedas (em rochas sedimentares)

16
Tombamentos
Características principais:
Definição: giro (basculamento) para fora do talude
de uma massa de solo e/ou rocha sobre um ponto na
base devido a estruturas geológicas com grandes
mergulhos;
Velocidade variável (extremamente lenta a
extremamente rápida)
Pode ser por flexão ou dobra (depende da
geometria e resistência do material)
Tombamentos de detritos devido a erosão no sopé

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Tipos tombamentos

Direto (dobra): centro de gravidade fica fora da


linha de base do bloco – momento crítico de
tombamento.

Flexural: ocorre quando uma camada de rocha


aflora no talude e a tensão principal paralela a
face do talude induz o deslizamento entre as
camadas o que provoca a fratura da rocha
intacta e resulta no tombamento.

18
Condições para deslizamento e tombamento
se c=0
Desliza :  > 
Tomba: bloco alto e esbelto (h>b), o vetor peso
(W) pode cair para fora da base b, e quando isso
acontecer o bloco tende a tombar

Bloco estável, tende a não tombar ou


deslizar

Bloco desliza porém não tomba.

Bloco pode tombar e deslizar.

Bloco tomba, porém não desliza.


19
Tombamentos

20
Tombamentos por dobra

21
Tombamentos (flexura)

22
Tombamentos por flexura de blocos

23
Tombamentos por flexura

24
Risco Potencial ao Tombamento
Escorregamento

Movimento de massa de solo, rocha, detritos


com superficies de ruptura relativamente finas
que concentram a deformação cisalhante;
o material rompido pode deslizar além do pé da
superfície de ruptura cobrindo a superficie original
do terreno.
velocidades médias (m/h) a altas (m/s)

26
Escorregamento
Características principais:
 Podem ser rotacionais, translacionais, em cunha e compostos:
 Rotacionais: superfície de ruptura curva ou concava, em materiais
homogêneos (ex. aterros);
 Em cunha: ocorrem em saprólitos ou maciços rochosos com duas
estruturas planares
 Translacionais: deslocamento sobre uma superf. plana ou ligeiramente
ondulada; mais rasos;
 Compostos: condição intermediária (ex.: formação de grabens)

27
Escorregamento

Escorregamentos Circulares (Rotacionais)

28
Escorregamento
Escorregamentos Circulares (Rotacionais)

29
Escorregamento rotacional em arenitos, folhelhos e argilito
Escorregamento Translacional

30
Escorregamento (Exemplo)
Escorregamento Translacional Planar

Angra dos Reis

31
Escorregamento em Cunha

32
Escorregamento Composto
Escorregamento ocorrido no Alasca durante o terremoto de 1964

LINHA DE
ESCARPA ENCOSTA

33
Escorregamento (Exemplo)

34
Escorregamento causado por
descontinuidades

35
Escorregamento em aterro

36
Escorregamento em tálus

37
Escorregamento em corte de estrada

38
Espalhamento lateral
Características principais:
Movimentos repentinos em níveis aquíferos de areia ou silte
sobrepostos por camadas homogêneas de argila ou carregadas
por aterros;

Extensão lateral de uma massa de solo ou rocha combinada


com um movimento geral de subsidência dentro de um material
inferior mais mole;

Os spreads podem resultar de liquefação ou fluxo (e extrusão)


dos materiais moles.

39
Espalhamento lateral

40
Espalhamento lateral
Terremoto de 1964 no Alaska

41
Corrida
Características principais:
Definição: são gerados a partir de um grande aporte de
material para as drenagens, combinado com um
determinado volume d’água, acaba formando uma massa
com um comportamento de líquido viscoso;
Movimento semelhante a um líquido viscoso
Velocidades médias a altas
Desenvolvem ao longo das drenagens
Mobilização do solo, rocha, detritos e água
Grandes volumes de material
Extenso raio de alcance mesmo em áreas planas
Causado por índices pluviométricos excepcionais
42
Corrida

43
Rastejo
 São movimentos lentos, cujo deslocamento resultante ao longo
do tempo é mínimo (poucos centímetros/ano), podendo ser
contínuos ou pulsantes, estando associados a alterações
climáticas sazonais.
 Vários planos de deslocamento (internos);
 Velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes
com a profundidade;
 Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes;
 Solo (depósito tálus, coluvião), depósitos, rocha
alterada/fraturada;
 Geometria indefinida;
 Indícios: embarrigamento de árvores, deslocamentos de muros
e outras estruturas, pequenos abatimentos ou degraus na
encosta;
 Podem causar danos em obras civis adjacentes a taludes ou
encostas e problemas em fundações de pilares de pontes,
viadutos, etc. 44
Rastejo

Movimento diferencial por rastejo


após 1 ano na Groenlândia
45
Rastejo
A foto abaixo mostra uma área afetada por rastejo, pode-se notar o
encurvamento dos troncos das árvores e o estufamento de algumas porções
do solo (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999).

46
A grande diversidade de movimentos de massa reflete na diversidade de
condições que causam a instabilidade do talude e processos que
desencadeia o movimento.

Mais importante definir os fatores causadores (naturais ou antrópicos)


desde a formação da rocha até o movimento de massa  raramente
são únicos

Estágios de estabilidade: estável, estável marginalmente e ativamente


instável

Classificação dos fatores que causam movimentos de massa:


•Condicionantes
•Desencadeadores 47
Fatores que influenciam na
estabilidade
Fatores condicionantes são intrinsecos aos materiais naturais. Nos solos a
composição, estratigrafia e as condições hidrogeológicas determinam as
propriedades resistentes e o comportamento do talude. No caso de maciços rochosos
o fator condicionante é a estrutura geológica (a disposição e frequência das
superficies de descontinuidades, o grau de fraturamento, o grau de alteração e a
litologia).
Fatores desencadeadores provocam a ruptura. São fatores externos que atuam
sobre os solos ou maciços rochosos, modificam suas características e propriedades e
as condições de equilíbrio do talude.

Relação dos principais fatores condicionantes e desencadeadores que


influenciam na estabilidade dos taludes

48
Principais fatores influem nos movimentos de massa e
processos correlatos na dinâmica ambiental brasileira:

 Características climáticas, com destaque para o regime


pluviométrico;
 Características e distribuição dos materiais que compõe o
substrato das encostas/taludes, abrangendo solos,
rochas, depósitos e estruturas geológicas (xistosidade,
fraturas, etc.);
 Características geomorfológicas, com destaque para
inclinação, amplitude e forma do perfil das encostas
(retilíneo, convexo e côncavo);
 Regime das águas de superfície e subsuperfície;
 Características do uso e ocupação, incluindo cobertura
vegetal e as diferentes formas de intervenção antrópica
das encostas (cortes, aterros, concentração de água
pluvial e servida, etc.) 49
Principais fatores que contribuem para os
movimentos de massa:

1.Condições geológicas
 Materiais de baixa resistência;
 Materiais sensitivos (frágeis);
 Materiais intemperizados;
 Materiais cisalhados;
 Materiais fissurados ou fraturados;
 Descontinuidade estrutural (falha, contato,
discordância, cisalhamento flexural, contatos
sedimentares, etc.) com orientação desfavorável
(Figura).
50
1.Condições geológicas
Descontinuidade estrutural com orientação desfavorável

51
1.Condições geológicas
Duas possíveis orientações das foliações de uma rocha metamórfica e
os efeitos de estabilidade numa rodovia.

(a) Quando a inclinação é para fora da rodovia há menor probabilidade de


instabilização;
(b) Quando a foliação é inclinada em direção a rodovia a rocha oferece risco 52ao
deslizamento.
2.Condições hidrogeológicas

A presença de água em um talude reduz a sua estabilidade e


diminui a resistência do terreno e aumentam as forças que
predispõem a instabilidade. Seus efeitos mais importantes são:
 Redução da resistência ao corte dos planos de ruptura ao
diminuir a tensão normal efetiva (n);
 A pressão exercida sobre as gretas de tração aumenta as
forças que tendem ao deslizamento
 Aumento do peso do material por saturação
 Erosão interna por fluxo subsuperficial e subterrâneo
 Intemperismo e mudanças na composição mineralógica
dos materiais
 Abertura das descontinuidades por água congelada
53
2.Condições hidrogeológicos
 Contraste de permeabilidade
criando poropressão elevada
abaixo da camada ou
mantendo um lençol de água
suspenso (Figura);
 Contraste de rigidez
(material rijo sobre material
plástico);
 Fraturas com água (Figura);
3. Processos morfológicos
 Soerguimento vulcânico ou tectônico
 Soerguimento por descarregamento glacial
 Erosão no sopé do talude (fluvial, por ondas, por
glaciares)
 Erosão subterrânea (dissolução ou erosão interna
(piping))
 Carregamento deposicional na crista ou no corpo do
talude
 Remoção da vegetação (por erosão, incêndio, seca
(alterações climáticas))

55
3. Processos morfológicos
Fatores:
1. Interceptação da chuva
Efeitos da vegetação na estabilidade de 2. Aumenta a capacidade de infiltração
um talude
3. Extrai a umidade do solo
4. Trincas de dissecação
5. Raízes reforçam o solo
6. Ancoram os solos superficiais aos mantos
mais profundos
7. Aumentam o peso sobre o talude
8. Transmitem ao solo a força do vento
9. Retêm as partículas do solo diminuindo a
suscetibilidade a erosão
A remoção da vegetação pode afetar a
estabilidade do talude de varias formas:
1. Diminui as tensões capilares da umidade
superficial
2. É eliminado o fator de reforço das raízes
3. Facilidade a infiltração maciça de água
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4. Processos físicos
 Chuvas intensas em curto período de tempo
 Rápido derretimento da neve
 Precipitações fortes e prolongadas
 Rápido rebaixamento do nível do lençol freático seguido por
enchente, elevação da maré ou brechamento (ruptura) de
barragem natural
 Terremoto
 Erupção vulcânica
 Gretas de contração (fissuras) na depressão de lagos
 Descongelamento (derretimento) de permafroste (solos
permanentemente congelados das regiões árticas)
 Intemperismo por congelamento e descongelamento
 Intemperismo por contração e expansão de solos (argilas)
expansivos
57
Chuvas intensas em curtos períodos de
tempo
As precipitações influem na estabilidade ao modificar o conteúdo de água do terreno.

Gráfico de correlação chuva x escorregamento para a região de Cubatão-SP. 58

Fonte: Santos, 2002.


Chuvas intensas em curtos períodos de
tempo

Conjunção de inúmeros escorregamentos planares rasos naturais em trecho


paulista da Serra do Mar. 59
5.Processos químicos

 Intemperismo químico (redução da resistência)


 Mudança no pH da água
 Salinização do terreno (troca iônica)

60
6. Fatores antrópicos

 Carregamento do talude ou sua crista;


 Problemas em travessia de linhas de drenagem;
 Concentração de águas pluviais;
 Lançamento de águas servidas;
 Vazamentos na rede de abastecimento;
 Existência de fossas sanitárias;
 Declividade e altura excessiva de cortes
 Rebaixamento do nível freático (de reservatórios);
 Irrigação;
 Execução inadequada de aterros: criação de bota fora de resíduos (estéril)
muito desagregados;
 Deposição de lixo ou existência deste englobado nos aterros;
 Remoção indiscriminada da cobertura vegetal
 Vibração artificial (incluindo tráfego, cravação de estacas, maquinário
pesado, explosivos);
 Problemas de fundação: 61
6. Fatores antrópicos

Atividades
antrópicas indutoras
de escorregamentos

62
6. Fatores antrópicos

 Mineração e pedreiras Queda de blocos ou lascas


(mina a céu aberto ou
galerias subterrâneas);

Soluções:
•Remoção manual e individual dos blocos
instáveis;
•Fixação dos blocos instáveis através de
chumbadores ou tirantes;
•Execução de obras de pequeno porte
para segurança da encosta rochosa
(cintas, grelhas, montantes, etc.).
63
6. Fatores antrópicos

 Declividade e Altura Excessivas de Cortes

Soluções:
•Retaludamento
•Execução de obras de
contenção

64
6. Fatores antrópicos
 Vazamentos de águas de serviço (na rede de
abastecimento, esgoto encanado e de fossas);

•Serviços de manutenção na rede já


implantada;
•Implantação de rede e de dispositivos para
•Implantação de rede de abastecimento de tratamento e disposição de esgotos 65

água adequado.
6. Fatores antrópicos

 Manutenção defeituosa do sistema de drenagem e de


proteção superficial;

Solução:
•Implantação de sistemas adequados
de coleta e condução das águas
pluviais, juntamente com o
tamponamento das trincas com solo
argiloso compactado e execução de
proteção superficial.

66
6. Fatores antrópicos
 Remoção da cobertura vegetal
(desmatamento);

Desmatamento e variação esquemática da estabilidade das encostas (Wolle 1985)

Solução:
Implantação de cobertura vegetal
apropriada, associada, quando
necessário, a barreiras vegetais para
proteção contra possíveis massas
67
escorregadas.
6. Fatores antrópicos

 Lançamento e concentração de águas servidas;

Solução:
•Implantação de rede de coleta e
condução das águas servidas, de
preferência separada do sistema de
drenagem das águas pluviais

68
Execução de cortes com geometria inadequada (altura x
inclinação): escavação do talude ou seu sopé;

69
6. Fatores antrópicos

 Lançamento de entulho e
lixo nas encostas;

Solução:
•Remoção do lixo e definição de
locais adequados para sua
deposição;
•Implantação ou melhoria do serviço
público de coleta.

70
6. Fatores antrópicos

 Execução deficiente de aterro : má compactação, materiais


inadequados, geometria inadequada e deficiência de drenagem
superficial;

Solução:
•Execução de reaterro, associada a
drenagem e proteção vegetal
•Drenagem da fundação do aterro

71
Métodos para Análise de Estabilidade

 Métodos analíticos: baseados na teoria do equilíbrio-


limite e nos modelos matemáticos de tensão e deformação;
 Métodos experimentais: empregando modelos físicos
de diferentes escalas;
 Método observacional: calculados na experiência
acumulada com a análise de rupturas anteriores
(retroanálise, ábacos de projetos, opinião de especialistas,
etc.);
 Método da projeção estereográfica: estruturas
geológicas marcantes
Método gráfico: representação em escala do diagrama
de forças atuantes
Métodos Analíticos

Métodos de cálculo de estabilidade analíticos de rupturas (IPT, 1990)


Ruptura Plana
Ocorre quando uma estrutura plana tem direção
subparalela a do talude e mergulha com ângulo maior que
o ângulo de atrito.
Ruptura Plana (Exemplo)
Descontinuidade em rocha vulcânica
ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE
TALUDES
Deslizamento Devido a Carga Gravitacional (ruptura planar)

Tensão normal

Resistência ao cisalhamento:

Equilíbrio limite:

Se c = 0   
ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES

Influência da Pressão d’Água


A pressão da água na trinca aumenta linearmente
com a profundidade e a força total V, devido a
pressão da água atuando na face de trás do bloco,
força o bloco para baixo do plano inclinado. Na
superfície de deslizamento a distribuição da pressão
d’água resulta numa força de sobrepressão U que
reduz a força normal atuando através desta
superfície. Resultando no decréscimo da
estabilidade.

Condição de equilíbrio limite :


Definição dos Termos Geométricos
Mergulho (): inclinação
máxima do plano da
descontinuidade
Rumo do mergulho ():
direção do traço horizontal da
linha de mergulho (dip)
medida no sentido horário a
partir do N.
Direção – direção do traço da
descontinuidade c/ plano
horizontal.

Notação (rumo do mergulho/mergulho)


78
Reforço para Prevenir o Deslizamento

O tirante reduz a força


perturbadora forçando o
bloco para o plano
aumentando a força normal
e a resistência ao atrito.

Equilíbrio Limite:

Onde, T é a tração de carga exercida pelo tirante

Para estabilizar  = 
Fator de Segurança de um Talude (método analítico)
Teoria do equilíbrio limite  massa na eminência de ruptura

FATOR DE SEGURANÇA

Forças_resistentes
FS 
Forças_atuantes
FS = 1 limite de equilíbrio
Medidas de contenção (>FS):
•Redução de U, V por drenagem
•Aumentar a tensão no tirante (T)
•Redução do peso do bloco (P)

80
Fator de Segurança de um Talude
Fatores de segurança determínisticos e as respectivas condições de estabilidade
do talude (Carvalho, 1991)

Medidas de contenção (>FS):


•Redução de U, V por drenagem
•Aumentar a tensão no tirante
•Redução do peso do bloco (P)
FS para projetos mineração=1,3 e para obras civis = 1,8.
Fator de Segurança de um Talude
Exemplo de adoção de probabilidade de colapso em função das suas
consequências (Teixeira e Virgili, 1984)
Relação entre ângulo do talude X altura do talude
para diferentes materiais

Ruptura em material intacto de


rocha maciça c/ camadas
horizontalizadas

Ruptura plana em
descontinuidades como
juntas planares ou planos de
acamamento.

Ruptura em degrau em
blocos de rocha maciço tais
como calcário
83
Relação entre ângulo do talude X altura do talude
para diferentes materiais

Ruptura circular em rocha


densamente fraturada e em
depósitos de rejeito de
rocha

Ruptura circular em solos e


argilas – tipicamente em
aterros de resíduos e taludes
com sobrecarga

84
Ruptura plana sem Fendas de Tração
Ruptura plana é rara em maciços rochosos
A análise considera uma condição bidimensional.

Condições para ruptura:


•p ~  f (±20o)
• f > p
•p>
•A resistência nas superf. laterais são desprezadas.
Onde:
f = ângulo da face do talude;
p = ângulo da superfície de ruptura;
 = ângulo de atrito.

Bloco deslizante é limitado por


fatias com ângulos retos a face do
talude.
Análise para Talude com Fenda de Tração

Fenda no topo do talude

H = Altura do talude
f = Ângulo da face do talude
p= Ângulo da superfície de ruptura
z = Profundidade da fenda de tração
za = Prof. água na fenda de tração
Fenda na face do talude P = Peso da rocha apoiada sobre a
superfície de ruptura
U = Força de subpressão devido a pressão
da água na superfície de ruptura
V = Força horizontal devido a água na fenda
de tração
Cálculo FS para Talude com fenda de tração

1 𝑧 2
Onde 𝑃 = . 𝛾. 𝐻2 . 1− . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜓𝑝 . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜓𝑝 . 𝑡𝑔𝜓𝑓 − 1
2 𝐻

O peso (P) do material pode ser calculado através de:

Fenda de tração no topo

Fenda de tração na face

W - Peso específico da água  - Peso específico da rocha ou solo


Comparação de geometrias do talude, profundidade da água e influência da
resistência ao cisalhamento

P,Q,R,S são adimensionais.


Dependem da geometria e não das
dimensões do talude

(gráfico)

No topo: (gráfico)

Na face: (gráfico)

(geométrico)

(gráfico)
Valores das razões P, Q, S para diversas geometrias de
taludes
Influência da água subterrânea na estabilidade
a. Talude seco (completamente drenado)

U=V=0
ou

(Analítico) (Ábaco)

b. Talude seco com água na junta de tração (chuva intensa durante período curto de
tempo) com U=0.

ou

(Analítico) (Ábaco)

c. Água na junta de tração e na superfície de deslizamento (rocha fortemente fraturada)

d. Talude saturado com recarga pesada


Profundidade crítica da junta de tração

Influência da prof. da junta de tração (z) e da


prof. da água (za) na estabilidade.

•Considerando talude seco temos a prof.


da junta de tração crítica será:

zcrit H  1 cot  f . tan p

•Posição da junta de tração:

bcrit
 cot an f . cot an p  cot an p
H

Figura
Profundidade e localização crítica da junta de tração

Profundidade da junta de
tração para um talude seco

Localização da junta de
tração para um talude seco
Exemplo de junta de tração em Mina a Céu Aberto
Exemplos

Uma pequena fenda de tração na


Uma larga fenda de tração em uma
bancada de uma pedreira de ardósia
bancada de mina a céu aberto onde
indicando o início da instabilidade.
ocorreu um considerável movimento
Fotografado pelo Dr. R. E. Goodman.
horizontal e vertical.
Fenda de ruptura,UR-10 Recife

95
Exercício 1

Considerando um bloco, com peso de 100 MN, que repousa sobre um plano de
deslizamento numa mina a céu aberto. Qual deve ser o ângulo deste plano para
que o fator de segurança seja igual 1,3 (F=1,3), sendo o talude drenado (seco),
sem coesão e ângulo de atrito de 45o?
Resolução 1
Sendo:
=?
c= 0
= 45o
FS = 1,3
W = 100 MN
Então:
c. A  W . cos . tan  100. cos . tan 45 1,3  cot 
FS   1,3  
W . sen 100. sen

1 1
 1,3   tan
tan 1,3

 = 37,56859o
Exercício 2

Considerando o mesmo talude com plano de deslizamento mergulhando a 40o.


Qual deve ser a força aplicada ao tirante em sentido horizontal para que o fator de
segurança aumente para 2,5.
Resolução 2
Considerando:
 = 40o
T=?
FS = 2,5
 = horizontal = 40o
c. A  W . cos  T . sen  . tan 
FS 
W . sen  T . cos 

Então:
100. cos 40  T . sen 40. tan 45 76,604  0,6427.T
2,5 
100. sen 40  T . cos 40  2,5 
64,279  0,766.T
160,697-1,915.T = 76,604+0,6427.T  84,092 = 2,558.T
T = 32,876 MN
Exercício 3
Análise de ruptura plana (análise paramétrica) sendo:
H=30m cj=50 kN/m2
f=60o j=30o
=26 kN/m3 p= 30o
Com fenda de tração seca no topo do talude 9m atrás da face c/ prof. 15m(z).
Calcular ainda para profundidades d’água de za/z = 0,5 e 1 e traçar gráfico em
função de F.
Resolução 3
Para zw/z = 0 (talude seco)
z 15
P= ? (gráfico)    0,5 p= 30o  P=1
H 30
z
Q=? (gráfico)   0,5 p= 30o e f= 60o  Q = 0,36
H
 w zw z
R=? (calculo)  R  . .
 z H
0

zw z 0 15
S= ? (gráfico)  z H 15 . 30  0 p= 30o  S=0
. 

2.c  .H .P  Q. cot p  R.P  S . tan 


FS 
Q  R.S . cot  p

2.50 /( 26.30).1,0  (0,36. cot 30o ). tan 30o


FS   1,356  1,36
0,36
Para zw/z = 0,5
z 15
P= ? (gráfico)   0,5 p= 30o  P=1
H 30
z
Q= ? (gráfico)  0,5 p= 30o e f= 60o  Q = 0,36
H
 w zw z 10 7,5 15
R=? (cálculo) R  . .  . .  0,09615
 z H 26 15 30
zw z 7,5 15
.
S= ? (gráfico) z H  .  0,25  = 30o  S=0,13
15 30 p

2.c  .H .P  Q. cot p  R.P  S . tan 


FS 
Q  R.S . cot  p

2.50 /( 26.30).1,0  [0,36. cot 30o  0,09615.(1  0,13)]. tan 30o


FS   1,115  1,12
0,36  0,09615.0,13. cot 30 o
Para zw/z = 1(trinca saturada)
z 15
P= ? (gráfico)    0,5 p= 30o  P=1
H 30
z
Q= ? (gráfico)   0,5 p= 30o e f= 60o  Q = 0,36
H
 w zw z 10 15 15
R=? (cálculo)  R  .
 z H
.  . .
26 15 30
 0,1923

zw z 15 15
.
S= ? (gráfico)  z H  .  0,5  = 30o  S=0,26
15 30 p

2.50 /( 26.30).1,0  [0,36. cot 30o  0,1923.(1  0,26)]. tan 30o


FS   0,779  0,78
0,36  0,1923.0,26. cot 30o

zw/z R S FS
0 0 0 1,36
0,5 0,09615 0,13 1,12
1,0 0,1923 0,26 0,78
ESTUDOS DE CASO - CAXIAS
CASO 1 – BAIRRO KAISER
Neste caso, um complexo problema
de instabilidade de encosta foi
caracterizado pelas rápidas
velocidades de movimentação. Um
maciço de saprólito com altura de
cerca de 30m e extensão de 200m
apresentou movimentos de até
5mm/h, provocando danos em uma
escola, abalando 7 casas, além de
outras repercussões no sistema viário
local (Figura 1). Durante o episódio,
30 famílias foram desalojadas, a
escola foi interditada e três ruas
tiveram o tráfego interrompido.

104
CASO 1 – BAIRRO KAISER

105
CASO 1 – BAIRRO KAISER

106
CASO 1 – BAIRRO KAISER

SOLUÇÃO PREVISTA

107
CASO 2 – BAIRRO CRUZEIRO
 O segundo caso está associado ao tombamento de blocos
decorrente do alívio de tensões laterais na encosta.

108
CASO 2 – BAIRRO CRUZEIRO
Vista do corte onde se manifestaram os tombamentos

109
CASO 2 – BAIRRO CRUZEIRO

110
Estrada de acesso a Veranópolis

111
Ler capítulo 9 – Livro: Geologia de Engenharia,
Oliveira & Brito, 1998.
Capitulos I e II – Ocupação de Encostas, Marcio
Angelieri, São Paulo, IPT, 1991.

PRÓXIMA AULA
Avaliação da estabilidade em cunha e
rotacional e Medidas de Contenção
112

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