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MANUAL

MINERALOGIA
I
M A N U A L DE M I N E R A L O G I A
VOLUME 1
OUTRAS OBRAS DO NOSSO FUNDO EDITORIAL

- ANDREws. Donald H. e KoKEs, Richard 1. - Químico Geral


- A m Jn., Frank - Cólculo Diferencial e Inie~rol- Teoria e Problemas
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- CIMBLERIS,Borisas - Termodinâmica - Problemas
- CoiMnnA, Alberto Luiz - Mecânico dos Meios Coniinuos
- DANTAS,Edmundo Menezcs - Elementos de Cálculo Vectorial
- FAIRES,Virgil Monng - T~rmodinâmica
- FONSECA, Adhemar - Curso de Mecânico - Tomos I e 11: Dstóiica,
Tomos 111 e IV: Dindmica
- GARCIA DE FREITAS, Renato e COELHOCOSTA,Carlos Alberto - Química
Orgânico - Tomos I s 11
- GARCIIDE FREITAS,Renato e COELHOCOSTA,Carlos Alberto - Quimica
Geral r Inor~ánica
- GILES, Ranald V. - Mecânico dos Fluidos e Hidrduiica - Teoria e Pro-
blemas - Col. Schaum
- HALLIDAY, David e RESNICK,Robert - Físico - Parte I: Mecânica, AcÚs-
rico, Calor - Parte 11: Elerricidade, Mopnelismo, Optica
- KINDLE,Joseph H. - Geometria Anolírica
- LEE, John F. e SEARS,Francis Weston - Termodinámica
- MCLEAN,W.G. e NELSON,E.W. - Mecânica - Teoria e Problemas -
Col. k h a u m
- MOORE.W.I. - Físico-Química
- PACITTI,TCrcio - Fortran-Moniior - Princípios
- PASSOS.1.A. - Cdlculo e Geometria Analíiico
- P A ~ I N GLinus
. - Química Geral
- ROUAULT,Marcel - Física Al8micn
- SEARS,Francis Weston - Física - Tomo I: Mecánica, Calor. Acúslica:
Tomo 11: Mogiierismo, Eletricidade: Tomo 111: Oiico
- S n v ~LEME. RUY -
. Amiiar da - Curso de Esrnfística - Elementos
- SPIECEL,Murray R. - AnBlise Veforiol - Teoria e Prohlemos - Col.
Schaum
- SPIECEL,Murray R. - Estarisrica - Teoria e Prohlemos - Col. Schaum
- WEHn, M. Russel e RICHARD JR., Jamer A. - Física do Átomo
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.. -.
'

KIRSCH, Helmut - Mineralogia Aplicada


KRAUSKOPF, Konrad B . - Introdução à Geoquímica - Vols. 1e2
MASON, Brian - Princípios de Geoquímica
MENDES, Josué Camargo - Conheça o Solo Brasileiro
MONIZ, Antonio C . - Elementos de Pedologia
WAHLSTROM, Esnest E . - Cristalografia Optica
WILLIAMS, Howel/e outros - Petrografia
l
i UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

REITOR: Prof. Dr. Luís ANTONIODA GAMAE SILVA


VICE-REITOR
E M EXERC~CIO:
Prof. Dr. HÉLIOLOURENÇO
DE OLIVEIRA

PRESIDENTE - Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri (Faculdade de Fi-


losofia, Ciências e Letras). Membros: Prof. Dr. A. Brito da Cunha
(Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), Prof. Dr. Carlos da Sil-
va Lacaz (Faculdade de Medicina), Prof. r . Miguel Reale (Fa-
culdade de Direito) e Prof. Dr. Pérsio de Souza Santos (Escola
Politécnica).
Espécime Fluorescente de Franklin, Nova Jersey. Tamanho nalural.

Espécime de Calcita Branca, Zincita Vermelha, Willemita Verde-Palido e


Franklinita Azul-Escuro Mostrado em Luz Branca.

O mesmo Espécime, visto acima, Mostrando Fluorescência em Luz Ultravioleta.


JAMES D. DANA

MANUAL

MINERALOGIA
VOLUME 1

REVISTO POR
CORNELIUS S. HURLBUT, JR
PROFESSOR DE MINERAL001A DA
UNIVERSIDADE DE HkRVARU

TRADUÇÃO
RUI RIBEIRO FRANCO
CHEFE DA DIV. DE ENSINO E F O R M A Ç ~ ODO I. E. A T ~ M I C A
DE S. PAULO. EX-CATEDR~TICO DE PETROLWIA E LIVRE
DOCENTE DE MINEPALOGIA E PETROLOGIA DA FACULDADE
DE FILOSOFIA. CIÊNCIAS E LETRAS DA V. S . P

AO LIVRO ' I f:CNICO S. A.


E
EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÁO PAULO
RIO DE JANEIRO
Copyright @ 1969 by l o h n Wiley & Sons, Inc. All Rights Reserved

Direitos Reservados, 1969. por AO LIVRO TECNICO S. A. - Rio de la-


miro - Brasil.

Atilhorired translation from English languaee edition piiblished h" John Wiley
& Sons, Inc., New York. Copyright @) 1959 by l o h n Wiley & Sons, Inc. All
Rights Reserved.

Tradiicão autorizada da ediçáo em língua inçlêsa. publicada por John Wiley


& Sons Inc., New York. soh o titula ''IIANA'S MANUAL O F MINERALO-
GY". Direitos Reservados, 1959, por John Wiley & Sons, Inc.

IMPRESSO NO BRhSU

PRINTED IN BI(AIV

CAPA
WAONER C. BARROSO

A O LIVRO TÉCNICO S. A.
Av. Rio Branco, 81/12.0 and. Z.C. 21 - C.P. 3.655
RIO D E JANEIRO - GB
Copyrignt (c, iyb9 by John Wiley & Sons, Inc. All Rights Resewed.
Direitos Reservados, 1969, por AO LIVRO TECNICO S.A. - Rio de Janeiro -
Brasil.
Direitos Reservado$ 1974, por LIVROS TECNICOS E CIENTIFICOS EDITORA
S.A. - Rio de Janeiro - Brasil.
Authorizcd translation from English language edition published by John Wiley &
Sons, Inc.. New York. Copyright @ 1959 by lohn Wiley & Sons. Inc. All RightS
Reserved.
Traduçáo autorizada da ediçáo em língua inglesa, publicada por John Wiley &
Sons, Inc., New York, sob o titulo "DANA'S MANUAL OF MINERALOGY. Di-
reitos Reservados. 1959, por John Wiley & Sons, Inc.

IMPRESSO NO BRASIL

PRIMED IN BRASIL

la Edição - 1969
Reimpressáo - 1970 e 1974

CAPA
WAGNERC. BARROSO

Tiragem desta impressão: 3 .MH) exemplares

(Pieparads pdo Centro de Catllogaplo-na.lonlo do


Siiidieato Nacional dor Editores de Livros. 6 B )

Dans. Jmmea D
D175m Manual de mlncr~iogli; revisto por Corneliul S . Aiirl.
bnt. Jr., tr&du(io do Rui Ribeiro Franco. Rio de Jsnoro.
Livros Tknicos s Cientlficos, 197.1.
2 ~ . uulit. za,sm.
fndice do. minerala.
Bibliografis.
-
1,Xineralogi. &Iaouaia. 2 . Crlrtaioqrafis
n u i i i . I . Hurlbut. Coineliu<i S . 11. Tltulo.
- Un-

CDD - 549.0202
548.0202
CDU - 5.19l075.8)
74.0185 548(075.8)

LIVROS TECNICOS E CIENTIFICOS EDITORA S.A.


Av. Venezuela, 163 ZC-14 -
C.P. 823 -
Rio de Janeiro, GB
NOTA DO TRADUTOR

Tendo em vista a existência de obras e Irabalhos em portugiiés dos qiiais


constam as ocorrências no Brasil de minerais, minérios e rochas referidos neste
livro, a êles renietemos o leitor para iniormacóes mais pormenonz;idar r
atualiudas.
Ativemo-nos na tradução. aos térmos geopráficos mencionados no texto
em inglés, sendo certo, no entanto, que não correspn<lern. em alguns caso%. às
denominafóei mais recentes resultantes das Irnnsforniaçóes polilicai oçorrid:is,
principalmente na África. onde se formaram paisri in<lrpnd:ntes. antes coli>-
nias eiiropéias. Seguindo a orientacio do texto em inglê5 n5o se esraheleceii
distinção entre Rússia e U.R.S.S.
D a mesma forma. mantivemcs os têrmos do Iexto rem correspondéncia
própria em pnuwês, ou de uso já consagrado ( l i o s Jerri, verrl orzriqrie. piiclis-
ronr, rpirgelriren e outros).
Na nomenclatura, levnmos em cont.1 a aspecto da prioridade, bem assim.
apresentanios algiins minerais com nomes divcrsos do^ cristentci em trnhalhos
antigos escritos em portupués visando n assemelh6-loc melhor aos ilsiiais eni
outras línguas (zircáo e náo zirconita. grossulárin e "50 grossul:irita, eipso e
não gipsita, cinábrio e n.ío cinabarita. e outros).
Na 16.a edição d o Monuol de Mineralogia de Dom, publicada em 1952,
afirmou-se que ". . . a relação entre a mineralogia, a química e a física, cada
vez mais íntima manifestou-se por muitas e novas técnicas mineralógicas e.
ainda mais importante, por novos pontos de vista." Esta afirmação aplica-se
náo só para os últimas sete anos mas também para a década anterior. As alte-
rações resultantes na ciência mineralógica fizeram-se no sentido de toroá-Ia
mais quantitativa e o nóuo material acrescentado nesta edição areflete estas mu-
danças. Introduziram-se métodos quantitativos sempre que possível mas de
modo a não prejudicar a utilidade das partes descritivas que devem perma-
necer em qualquer tratamento elementar da mineralogia.
O capitulo "Cristalografia" foi ampliado para incluir a discussão de: ( 1 )
a projeção estereográfica, ( 2 ) as trinta e duas classes cristalinas, ( 3 ) o cálculo
das relações axiais e ( 4 ) a cristalografia por meio das raios X. Tbdas elas
combinam-se para proporcionar um tratamento mais rigoroso da cristalografia
e iniciar o estudante no modo de pensar quantitativo como uma base melhor
para estudo avançado.
A maior alteração no livro está no emprego por tbda a parte da aborda-
gem cristaloquimica. Isto serve como uma f b r ~ abásica c unificadora relacio-
nando as propriedades dos minerais mediante consideraf"~ fundamentais de
estrutura e quimica. A seção sõbre "Química dos Cristais" foi ampliada para
incluir quanto bastasse dos princípios gerais destinados a servir como base B
melhor compreensão e interpretação das grupos minerais. Na seção sóbre
"Mineralogia Descritiva", uma diwursão breve d a quimica dor cristais em ca-
da classe precede a descrição das espécies individuais desta classe.
A classificação dos minerais. com exceção dos silicatos, é a usada nos
Volumes I e II d a sétima edição do Sysiem of Mineralopy (Mineralogia Sis-
temática). Tanto as subdivisões principais dos silicatos como o arranjo das
espécies individuais seguem a classificação usada por Hugo Strunz nas Minera-
logisclir Tabelletr (Tabelas Mineralógicas) que é essencialmente a que será
usada no Volume 111 do Sysrem o f Minero1op.v (Mineralogia Sistem5tica).
Na preparação do manuscrito para esta edição, fui auxiliado com grande
capacidade pelo Dr. Henry E. Wenden, Professor Assistente de Mineralogia
d a Universidade Estadual de Ohio.
A g r a d q o ao Professor E M . Shaub, do Smith College, as fotografias dos
modelos dos cristais.
1.O VOLUME
1. . . . . INTRODUÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2. . . . . CRISTALOGRAFIA .. .... ........................... 4

A. Introdução 4
B. Simetria 18
C. Notação Cristalográfica 23
D. Projeções dos Cristais 35
E. Medida dos Ângulos dos Cristais 45
F. As Trinta e Duas Classes de Cristais 47
G. Cristais Geminados e Agregados Cristalinos 109
H. Regras para a Orientaçào dos Cristais 118
I. Relacões Axiais - Cálculos 122
J. A Cristalografia por meio dos Kaios X 133

3. .. . . MINERALOGIA FtSICA .. . . . .. .. ..... .. .. ... .. .. .. . 157

A. Clivagem, Partição r Fratura 157


B. Dureza 161
C. Tenacid:ide 163
D. Densidade relativa (Specific gravity) 163
E. Propriedades Dependentes de Luz 170
F. Propriedades Elétricas e Magnéticas 179

4. .... MINERALOGIA QUíMICA .......................... 181

A. Introdução 181
B. Cristaloquimica 182
C. Dedução de uma Fórmula Química a partir da Análise
de um Mineral 219
D. Instrumentos e Métodos de Ensaio 120

5. . . MINERALOGIA DESCRITI\'A
A. Introdução 234
B. Elementos Nativos 236
C. Ss:Eetos 261
D. Sulfossais 794
E. Oxidos 303
. Halóides 342

INDICI? ALFABETICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
INDICE D<% MINERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.O VOLUME
G. Carbonatos 355
H. Nitratos 379
I. Boratos 382
J. Sulfatos e Cromatos 387
L. Fosfatos, Arseniatos e Vanadatos 402
M. Tungstatos e Molibdatos 419
N. Silicatos 423

6. . . . . OCORRENCIA E ASSOCIAÇAO DE MiNERAIS . . . . . . . .. . 565


A. R ~ h a es Minerais Formadores das Rochas 565
B. Os Veios e os Muierais dos Veios 581

USOS DOS MRVERAIS ... .... .... . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . 592


Minerais de Interêsse Gemológico 592
Minerais Ornamentais 593
Abrasivos 594
Fluxos 594
Cerâmica, Vidro, Esmalte 594
Fertilizantes 594
Aparelhos Ópticos e Científicos 594
Refratános 595
Minérios de Metais 595
Lista de Minerais Próprios para uma Pequena Cole-
çáo de Minerais 597
~IINERALOG~ADETERMINATNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398
Introdução 598
Tabelas Para a Determinqáo de Minerais 602
Minerais Arranjados de Acordo com a Densidade Re-
lativa (Specific Gravity) Crescente 641

1NDICE ALFABETICO ....................................... A1


fNDICE DOS MINERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.. . . . . A9
INTRODUÇAO

Embora o aparecimento da mineralosia como ciEncia seja rela-


tivamente recente. a prática das artes mineraló9icas é táo velhaquanto
a civilizaçáo humana. Pinturas em túmulos no vale do rio Nilo, exe-
cutadas há quase 5.000 anos, mostram artífices ocupados em pesar
malaquita e metais preciosos. em fundir metais e em negotiar com
gemas de lápis-lazúli e de esmeralda. Minerais e produtos derivados
de minerais figuram amplamente no crescimento de nossa cultura tec-
nológica atual. desde o sílex valioso da Idade da Pedra até os mi-
nérios de urânio d o cientista atômico do presente. Substf~nciase pro-
dutos minerais sáo indispensáveis ao bem-estar, à saúde e ao padrão
de vida do homem moderno, sendo os recursos naturais de uma
naçáo mais valiosos e guardados ciosamente.
Em vista da secular dependência do homem. relativamente aos
minerais para suas armas, seu confôrto. seus ornamentos e muitas
vêzes para suas necessidades prementes. é surpreendente que muitas
pessoas tenham sòmente uma vaga idéia sôbre a natiirem dos mine-
rais e fiquem alheias à existência de uma ciência sistemática a êles
concernente. Entretanto, quem quer que tenha escalado uma monta-
nha, caminhado por uma praia de mar ou trabalhado em um jardim,
viu minerais em sua ocorrência natural. As rochas de uma monta-
nha, a areia de uma praia e o solo no jardim são formados total-
mente, ou em grande parte, de minerais. Mesmo mais familiares na
experiência diána são os produtos feitos de minerais, pois todos os
artigos de comércio, se não minerais mesmo, são minerais na ori-
gem. Todos os materiais comuns usados em uma construção mo-
derna tais como o aço, o cimento, o tijolo, o vidro e o reboco
tiveram sua origem em minerais.
Em geral, podemos raciocinar a respeito dos minerais como
sendo os materiais de que as rochas da crosta da Terra são feitas e,
como tais, os minerais constituem a ligação mais importante e tan-
gível com a história de nosso planêta. Tendo em vista que uma das
metas da mineralogia é a elucidação dos aspectos físicos, químicos e
históricos da crosta terrestre, o têrmo mineral e o estudo da mine-
, ralogia limitam-se aos materiais de ocorrência natural. Assim, o aço,
o cimento, o reboco e o vidro não são considerados minerais por si,
pois foram elaborados pelo homem. Um mbi sintético, embora seja
idêntico química, estrutural e fisicamente a um rubi natural não 6
assim um mineral. Uma limitação ulterior imposta aos minerais é
a que êles sejam de natureza inorgânica. Nestas condiçóes, o carvão,
.. . o petróleo, o âmbar e os ossos de animais estão excluídos embora
ocorram naturalmente na crosta da Terra. Também a pérola produ-
zida por um animal e a própria concha, embora idênticas, química e
estmturalmente, aos minerais aragonita e calcita, não são classificadas
como minerais.
I Talvez a limitação mais importante e significativa imposta a de-
finição de um mineral é que êle deva ser um elemento ou um com-
posto químico. Esta restrição origina-se da imagem consistente da
estrutura de um sólido cristalino como sendo uma estrutura de áto-
mos, íons, ou grupo de átomos estendida indefinidamente, dispostos
em configurações geomktricas regulares. Um tal sólido devé obedecer
necessariamente as leis das proporçóes múltiplas e definidas e ser,
i como um todo, elètricamente neutro; donde, deve ter uma compo-
sição que possa ser expressa por uma fórmula química. Nestas con-
di~óes,estão eliminadas todas as misturas mecânicas, mesmo se in-
teiramente uniformes e homogêneas.
Agora, havendo determinado o que será incluído e o que será
excluído, podemos idealizar uma definição de mineral como sendo
um elemento ou composto químico de ocorrência natural formado
c o m um produto de processos inorgânicos. Esta definição estabelece
limites lógicos a esfera de atividade do mineralogista e permite a
elaboração de uma classifiaição consistente dos minerais.
A ciência mineralógica 6 um campo de estudo integrado re-
lacionado intimamente, de um lado, com a geologia e de outro com
a física e a química.
INTRODUÇÃO 3

O mineralogista pode, no campo, cartografar as formações ro-


chosas, os depósitos minerais, as feições estruturais da crosta ter-
restre e depois submeter os espécimes que colecionou a exame mi-
nucioso no laboratório, usando as técnicas d o químico e do físico.
Náo é necessário nem desejável encarar a mineralogia desmembra-
da em divisões definidas, porque as propriedades químicas, físicas
e cristalográficas estio intimamente relacionadas e sáo interdepen-
dentes.
Todavia. para facilitar mais o tratamento do assunto neste li-
vro, usam-se as seguintes divisões arbitrárias: cristalografia, mineralo-
gia física, mineralogia química e mineralogia dflscritiva.
Embora os mineralogistas modernos partilhem das disciplinas
científicas d o físico e d o químico e usem técnicas físicas e químicas
para construir um quadro mais verdadeiro e mais exato da natureza
intrínseca dos minerais cristalinos, nunca se esqueceram que são na-
turalistas, cujo propósito primário é a pesquisa das soluções dos
problemas da história da terra. Tampouco os mineralogistas. em sua
preocupação com os átomos e os retículos especiais. tornaram-se ,.
insensíveis ao apelo imaginativo do mundo de beleza ordenada situado - 2 '
sob seus pés.
A história da mineralogia mostra que as técnicas e a filosofia
têm sido mudadas profunda e repetidamente pela introdução de no-
VOS instrumentos e novos conceitos. A mineralogia é hoje um produto
vivo e podemos esperar, no futuro, revisões de ponto de vista e de
métodos semelhantemente drásticos.
CRISTALOGRAFIA

A. INTRODUÇÃO
Os minerais, com poucas exceções, possuem o arranjo interno,
ordenado, característico d o estado sólido. Quando as condições são
favoráveis, podem ser limitados por superfícies planas, lisas, e as-
sumem as formas geométricas regulares conhecidas como crisiais. A
maioria dos cristalógrafos usa hoje o têrmo cristal referindo-se a
qualquer sólido com estrutura interna ordenada, possua êle ou não
faces externas. As faces limitantes lisas são em larga escala um aci-
dente do crescimento e, desde que sua destmição não altere de forma
alguma as propriedades fundamentais de um cristal, êste uso é ra-
zoável. Podemos, assim, idealizar uma definição mais ampla de um
cristal como um sólido homogêneo possuindo ordem inferna tridimen-
sional que, sob condições favoráveis, pode manifestar-se externa-
! mente por superfícies limitantes, planas, lisas. O estudo dêstes corpos
sólidos e das leis que governam seu crescimento, forma externa, es-
trutura interna, chama-se cristalografia. Embora a cristalografia tenha
sido desenvolvida como ramo da mineralogia, ela tornou-se hoje uma
ciência separada que lida não sòmente com minerais mas também
com tôda substância cristalina. Assim, a cristalografia tornou-se ins-
I ttumento poderoso na química, física, metalurgia e cerâmica e tem

i sido usada para resolver problemas ligados a refratários, produtos


INTRODUCÃO 5

farmacêuticos, semicondutores, ligas metálicas, sabões, gemas sinté-


ticas e uma infinidade de outras substâncias feitas pelo homem.
Neste capítulo, os elementos da cristalografia são apresentados de
maneira breve e simples para introduzir o leitor nos fatos e princípios
essenciais ao assunto que são úteis na mineralogia elementar. A discus-
são ocupar-se-á primariamente com a geometria externa, ou morfolo-
gia, dos cristais bem formados, porque uma discussão sistemática da
estrutura interna está além do escopo dêste livro. Contudo, fica-se
melhor equipado para a compreensão das estruturas cristalinas quando
se possui base sólida de morfologia dos cristais. Além disso, o hábito
cristalino característico de muitos minerais é auxiliar valioso em sua
identificação.
O têrmo geral cristalino será usado neste livro para indicar a
posse de um arranjo ordenado deátomos na estrutura, a o passo que
o térmo cristal, sem um modificador, será usado em seu sentido tradi-
cional de forma geométrica regular, limitada por superfícies planas,
lisas. O têrmo cristal pode ser usado em seu sentido mais amplo
com modificadores indicando perfeição de desenvolvimento. Assim,
um sólido cristalino com faces bem formadas diz-se que é idiomórfico ;
(euédrico); se possui faces imperfeitamente desenvolvidas, subidiomór-
fico (subédrico) e, sem faces, informe (anédrico).
Certas substâncias cristalinas existem com granulações tão fi-
nas que a natureza cristalina sòmente pode ser determinada com
a ajuda d o microscópio. Tais substâncias são designadas como mi-
crocristalinas. Usa-se o têrmo criptocristalino para designar agregados
que estão divididos tão finamente que os indivíduos não podem ser
identificados com o microscópio, dando no entanto um padrão de
difraqão com os raios X.
Embora a maioria das substâncias, assim naturais como sintéticas,
sejam cristalinas, a algumas delas falta qualquer estrutura interna or-
denada. Diz-se que tais substâncias são amorfas. As substãncias amor-
fas de ocorrência natural são designadas por mineralóides.
Cristaliza$áo. Obter-se-á idéia melhor das leis fundamentais da
cristalografia, se considerarmos primeiramente os três modos proemi-
nentes da cristalização.
Os cristais são formados a partir de (1) solução, (2) de massa
em fusão, ou ( 3 ) de vapor.
A primeira, cristaliza~ãoa partir de uma solução, é a mais fa-
miliar em nossa experiência comum. Consideremos, por exemplo. uma
solu$ão de cloreto de sódio (sal comum) em água. Suponhamos que
pela evaporação a água escape vagarosamente. Nestas condições. a
solução conter& gradualmente cada vez mais sal por unidade de
volume. Por fim será alcançado o ponto em que a quantidade de
água presente não pode reter por mais tempo todo o sal em solução
e êste começará a precipitar-se. E m outras palavras, parte d o clo-
reto de sódio, que até êste ponto foi mantido em estado de solução
pela água, assume agora forma sólida. Se as condições são arranjadas
de tal forma que a evaporação da água progrida muito vagarosamente,
a separação d o sal em forma sólida progredirá igualmente de maneira
vagarosa e resultarão cristais definidos. Os íons de sódio e de cloro,
quando se separam da solução, vão se agrupando e constituindo
gradualmente um sólido de forma definitiva, que chamamos um cristal.
Os cristais podem ser formados também a partir d e uma solução
mediante abaixamento de temperatura, ou da pressão, da solução. A
água quente dissolverá um pouco mais de sal que a fria; e se per-
mitirmos que uma solução quente se esfrie, alcancaremos um ponto em
que a solução se toma supersaturada por sua temperatura e o sal se
cristalizará. Por outra parte, quanto mais alta a pressão a que a água
estiver sujeita tanto mais sal ela poderá manter em solução. Assim,
com o abaixamento da pressão de uma soluçáo saturada, a supersa-
turação sobrevirá e formar-se-ão os cristais. Em geral, portanto, os
cristais podem formar-se a partir d e uma solução pela evaporação
do solvente, pelo abaixamento da temperatura ou por diminuição na
pressão.
Um cristal se forma a partir da massa em fusão de maneira
muito parecida ao que acontece a partir de uma solução. O exemplo
mais familiar de cristalização a partir da massa em fusão é a for-
m a ~ ã ode cristais de $10, quando a água se congela. Embora não
seja considerada ordinariamente desta maneira, a água é gêlo fundi-
do. Quando a temperatura é abaixada suficientemente, a água não pode
permanecer líquida por mais tempo e torna-se sólida, cristalizando-se
em gêlo. As partículas de água que estavam livres e podiam mover-se
em qualquer direção no líquido, tornam-se agora fixas em sua posição
e se dispõem em uma ordem definida para constituírem massa cristali-
na sólida. A formação das rochas ígneas a partir de magmas, embora
mais complicada, é semelhante ao congelamento da água. No magma,
existem muitos elementos em estado dissociado. Quando o magma
se resfria, os vários íons são atraídos uns para os outros, formando
os núcleos cristalinos dos diferentes minerais. A cristalização progri-
de com a adição de mais íons, nas mesmas proporçóes, para formar
as partículas minerais da rocha sólida resultante.
O terceiro modo de formação dos cristais, aquêle em que os
cristais são produzidos a partir de um vapor, é menos comum d o
INTRODUÇÁO 7

que os outros dois descritos acima. Os princípios que estão na base


da cristalização são os mesmos. Os &tomosou moléculas dissociados,
mediante o resfriamento d o gás, unem-se cada vez mais intimamente
até que, por fim: formam um sólido com estrutura cristalina definida.
O exemplo mais familiar dêste modo de cristalizaçáo é a formação dos
flocos de neve: o ar carregado de vapor resfria-se e os cristais de
neve formam-se diretamente a partir do vapor. Outro exemplo dêste
tipo de cristalização pode ser visto na formação dos cristais de enxofre
em torno das bocas das fumarolas nas regiões vulcânicas, onde os
cristais se depositaram a partir dos vapôres impregnados de enxofre.

A Estrutura Interna dos Cristais


O fato mais importante e fundamental relativo a uma substância
cristalina é que as partículas de que é composta estáo dispostas de
maneira ordenada. Um cristal deve portanto ser representado como
constituído por um número muito grande de unidades excessivamente
miúdas, dispostas numa ordem tridimensional, que se vai repetindo.
A nota característica da estrutura cristalina é a repetição e os meca-
nismos de rcpetiçáo do arranjo interno dos cristais foram comparados
àqueles dos desenhos encontrados nos papéis de parede, nos ladrilhos
do chão etc. A geometria do arranjo das unidades que constituem
um crital pode ser descrita, da mesma forma que o desenho de um
papel de parede, em têrmos de um motivo ou de uma unidade de
desenho fundamental e das regas segundo as quais o motivo é
repetido.
Estas unidada de desentio idênticas estão dispostas em pontos em
um retículo tridimensional, de tal modo que todas possuem vizinhanças
idênticas. O retículo é definido pelas três direções e pelas distâncias,
ao longo delas, nas quais o desenho é repetido. A experiência demons-
trou que, geomètricamente, sòmente é possível têrmos 14 tipos de
retículos espaciais; outras combinações de pontos destroem aquilo
que o retículo exige, a saber, que a vizinhança em torno de cada
ponto seja idêntica àquelas em torno de todos os outros pontos. Isto
foi demonstrado por Bravais em 1848 e, a partir dai, os retículos
sâo conhecidos como os 14 retículos espaciais de Bravais. (Fig. 1 . )
A unidade mais simples de um retículo é um paralelepípedo,
conhecido como cela unitária. Na Fig. I, notar-se-á que alguns dêstes
possuem pontos sòmente nos vértices e são chamados primitivos, cada
um contendo uma unidade de desenho. Eles diferem uns dos outros
pelos comprimentos das várias arestas e pelos ângulos (a, P e y ) entre
8 CRISTALOGRAFIA

as arestas. Outros possuem pontos adicionais nos centros das faces,


ou ao longo das diagonais espaciais e são chamados celas múltiplas.
As unidades estruturais, que estão dispostas no espaço sobre a
estrutura reticular para formar os cristais, que podemos tomar nas

Isométrico

(4) CouP (5) R (6) P (7) I


Hexagonal Romboédrico Tetrogonal

Fig. 1. Os 14 Reticulos Espaviais de Bravais.

mãos e realizar testes com êles, são átomos ou grupos de átomos.


Em alguns, como nos elementos nativos, êstes átomos não estáo car-
INTRODUÇAO 9

Tipo de
Simetria Reticulo Fig. Pontos
Ângulos N.O e Pontos do Retículo* por
Arestas Símbolo Cela

Isométrica
a=p=?=900 (1)P Pontos sòmente nos vértices 1
(a = b = e ) ( 2 )1 Pontos nos vénicer mais ponta
o, = a, = <I. no centro da cela 2
(3)F Pontos nos vértices mais pontos
nos centros de todas as faces 4
Hexagonal
a = p = 90° P Pontos sòmente nos vértices I
7 = 120° (4) OU OU
(a = b f c ) C Cela hexagonal com pontos nas
a, = a, = o, f c vértices mais pontos nos cen-
tros das extremidades 3
Romboédnca
a = D = r f 90° P
o = b = e ( 5 ) ou Pontos sòmente nos vértices I
R

Tetragonal
a=p=7=90° (6)P Pontos sòmente nos vértices I
( a = b f c) (7) 1 Pontos nos v6rtices mais pontc
a, = a. # c no centro da cela 2
Ortorrômbica
a=p=7=900 ( 8 ) ~ Pontos sòrnente nos vértices I
o # b # c ( 9 )C Pontos nos vértices mais pontos
nos centros de dilas f a c ~ s020s~
tas 2

(10)1 Pontas nas vértices mais punc


no centro da cela 2
(1I)F Pontos nos virtices mais ponto
nos centros de todas s s faces 4
Monoclínica
a = r = 90° # 0 (12)P Pontos sòmente nos vértices I
a f b # c ( 1 3 ) C, Pontos nos vértices mais pontos
nos centros das extremidades 2
Triclínica
a # @ + ? (14)P Pontos sòmente nos vértices I
n f b # c

Embora exirtam pontos nos oito vérticcr de uma cela unitária de um rctíciilo ptimi-
mitiva, O quadro mortra apenas um ponto por cela. Isto C, parque cada ponto é paniihado
~ J oito
T celui adjacentes e sbmente iim oitavo dele pertence a qualquer cela individual.
U m wnto no centro de iima face é partilhado por duas celai, pertencendo metade a cada
"ma delas.

regados, mas, frequentemente, possuem cargas elétricas e chamam-se


íons. fons sáo átomos que se tornaram carregados elètricamente. Os
íons carregados positivamente chamam-se curíons porque, em uma
cela eletrolítica, êles se movem para o cátodo; os íons carregados
negativamente, ou aníons, chamam-se assim porque migram para o
ãnodo durante a eletrólise. A maioria dos minerais é constituída por
íons, ou grupos de íons unidos entre si pelas fôrças elétricas que
se originam entre corpos carregados com cargas opostas. O arranjo
no espaço dêstes íons e grupos iônicos e a natureza e a intensidade
das fôrças elétricas que os mantem unidos compreendem a estrutura
do cristal. Do mesmo modo que os educadores se referem ,muitas vêzes
a "tijolos e argamassa" falando dos edifícios e instalações reais de
um colégio, também nós englobamos no têrmo estrutura os "tijolos",
isto é, os átomos, íons e grupos iônicos, e a "argamassa" as fórças
elétricas que os mantêm unidos.
A cela unitária jamais pode ser tão pequena quanto o átomo
individual, porque as relaçks dos átomos entre si e das fôrças que
os unem são falares importantes na determinação das propriedades
do cristal. O número de átomos em uma cela unitária é geralmente
um número inteiro pequeno, o u u m múltiplo do número mostrado pela
fórmula química mais simples. Assim, no quartzo, a unidade estru-
tural mostrou ser 3 (SiOn), na halita, 4 (NaCl). Qualquer subdivisão
menor não teria as propriedades da espécie mineral.
Podemos pensar dos átomos, íons ou grupos iônicos, que for-
mam os cristais, como estando agrupados ou arrumados de acordo
com regras geométricas em tomo de nós, ou pontos, definindo o
retículo de Bravais. Contudo, demonstrou-se que as várias maneiras
de arrumação, combinadas com os quatorze tipos diferentes de reti-
culos, dão origem a sbmente 230 possíveis modos de arranjo. Estes
são conhecidos como grupos espaciais.

Evidência da Estrutura Interna Regular dos Cristais

A evidéncia de que os cristais possuem estrutura interna regular


acha-se na regularidade de sua forma externa, na presença da cliva-
gem e na reação dos cristais à luz, ao calor e aos raios X _
Fonna externa. Se considerarmos que os cristais são formados
pela repetição em três dimensões de uma unidade de estrutura, a cela
unitária, as superfícies limitantes dependem tanto da forma das uni-
dades quanto d o meio ambiente no qual se agrupam. Tal como usado
aqui, o meio ambiente inclui todas as influências externas, tais como
a temperatura, a pressão, a natureza da solução, a velocidade do cres-
cimento do cristal, a tensão superficial e a direção do movimento da
solução.
Como ilustração simples, consideremos uma pilha de tijolos co-
muns, de tamanho e forma idênticos. Se não empilhados juntos, de
acordo com um plano regular, a forma da massa resultante depen-
derá da forma dos tijolos individuais e das condições que governaram
seu arranjo. Massa cíibica pode resultar de um método de empilha-
mento e massa piramidal pode resultar de outro. Em qualquer caso,
se uma lei de arranjo foi seguida, a pilha resultante aparecerá, como
um todo, como um sólido regular, de forma definida. Por outro lado,
se tijolos de tamanhos e formas diferentes forem empilhados juntos
e de qualquer maneira. a aparência externa do todo careceria total-
mente de regularidade. E concebível que, empilhando-se os tijolos
sem seguir um plano definido, possa resultar casualmente numa forma
externa regular. Se, contudo, encontrássemos centenas de tais pilhas
tendo todas a mesma aparência externa e todas compostas de tijolos
do mesmo tamanho e forma, seria impossível admitir que resultaram
de uma casualidade: todas devem ter sido erigidas de acordo com
um plano definido.
O mesmo é verdadeiro com os cristais. A presença de um corpo
sólido único limitado por superfícies planas não constitui em si mesmo
prova lógica de um arranjo interno ordenado, mas se centena3 ou
mesmo milhares de cristais da mesma substância possuem forma ex-
tema similar, pode-se argumentar que a forma é o resultado da mes-
ma estrutura interna ordenada em cada cristal.

Fig. 2. Octaedrc Constrilído Fie. 3. Grande Cubo Can~truido


com Pequenos Cubos. com Pequenos Cubas.

Não é raro achar em uma dada localidade muitos cristais dii


mesmo mineral. tendo todos aparência idèntica. Todavia. cristais do
mesino mineral procedentes de outras localidades podem ter aparên-
cia inteiramente diferente. São construídos com as mesmas pedras
de construção (celas unitárias) mas empilhados de tal modo que
produzem forma externa diferente.
12 CRISTALOGRAFIA
-. -

As Figs. 2 e 3 mostram como é possível para cristais de um


mesmo mineral terem formas externas diferentes como a expressão
externa da mesma estrutura interna. Como no exemplo dos tijolos. '
as unidades de construção são idhticas tanto no cubo como no
octaedro, variando porém a velocidade de crescimento nas diferentes
direções. Tais formas são comuns no mineral galena, mas as unidades
de construção são tão pequenas que as faces externas resultantes são
superfícies planas, lisas. A fluorita, contudo, existe frequentemente
em octaedros construídos de muitos cubos pequenos e assemelha-se
à Fig. 2. Deve ser acentuado que cada cubo minúsculo é constituído
de muitas celas unitárias. Com uma dada estrutura interna existe,
entretanto, sòmente um certo número de planos prováveis, que servem
para limitar um cristal. Deve-se notar, além disso, que sòmente poucos
comparativamente ocorrem comumente. Quando consideramos a dis-

Bp
tribuição das faces em um cristal, preocupamo-nos sòmente com o
arranjo das unidades de estrutura que podem ser representadas, sob
a forma de diagramas, por pontos reticnlares, ou nós. A posição das
faces do cristal é determinada por aquelas direções, através da estru-
tura, que possuem um pêso específico
C alto dêsses nós. A frequência com que
uma dada face é observada em um

. cristal é aproximadamente proporcio-


na1 ao número de nós que jazem nela;
E quanto maior o número, tanto mais
comum a face. Consideremos a Fig. 4
o h* 3i
..
bg 9% 16 18- 28'

, I ' \
que representa uma camada de nós
em um retículo de cristal cúbico. Os
nós estão espaçados igualmente um do
A outro e têm um arranjo retilíneo. Po-
Fig. 4. Plano de Nós em um de-se notar que existem várias linhas
Reticulo Cristalino. possíveis através dêste retículo, as
quais incluem um número maior ou
menor de nós. Estas linhas representariam o traço, nesta seção, dos
planos possíveis do cristal e achar-se-ia que, dêstes planos possíveis,
aquêles que incluem o maior número de pontos do retículo, ou seja,
aquêles que cortam ao longo de AB e AC, seriam os mais comuns.
A regra acima, conhecida como Lei de Bravais, é geralmente
confirmada pelas observações. Embora haja exceções à lei, como
acentuaram Donnay e Harker,' é possível usualmente escolher o
retículo de tal modo que a regra permanece verdadeira.
' 1. O. H. Oonnay e Darid Harkcr, "A New Law of Cnrtal Morpholagy Extending
the Law of Rravais", Am. Min., Vol. 22, 1937.
Desde que a estrutura intema de qualquer substância cristalina
é constante e as faces do cristal têm relação definida com aquela
estrutura, segue-se que as faces devem ter também uma relação defi-
nida entre si. Este fato foi observado há muito tempo atrás (1669)
por Nicolaus Steno, que acentuou que os ângulos entre as faces cor-
respondentes nos cristais de quartzo eram sempre os mesmos. Gene-
ralizamos hoje esta observação, designando-a Lei de Steno da cons-
tância dos ângulos interfaciais, a qual afirma que os ângulos entre
faces equivalenfes de cristais da mesma substância, medidos à mesma
temiperatura, süo constantes. Por esta razão, a morfologia cristalina
é frequentemente instrumento valioso na identificação mineral. Um
mineral pode ser achado em cristais de tamanhos e formas largamente
variados, mas os ângulos entre pares de faces correspondentes são
sempre os mesmos.
Clivagem. Muitos cristais possuem clivagem, o que evidencia
a ordem intema. Aclivagem é a propriedade de um~cristalsegundo
a qual êle se fratura ao longo de superfícies~planas,lisas, paralelas
entre si através d o corpo do cristal.
No final do século XVIII, o abade R. J. Hauy observou que
os cristais de calcita, qualquer que fosse sua forma externa, rom-
piam-se sempre produzindo fragmentos romboédricos. limitados pelas
três direções da clivagem. Com base nessa o h s e ~ a ~ ã Hauy
o, propôs
a idéia que todos os cristais são formados por unidades estruturais
minúsculas, semelhantes na forma aos fragmentos de cilvagem. aos
quais aplicou o nome "moléculas integrantes". Este conceito da "mo-
lécula integrante" foi o precursor direto de nossa imagem moderna
da cela unitária. Vimos que a cela unitária é a unidade fundamental
que, repetindo-se sempre, de acordo com o desenho geométrico de
um dos retículos de Bravais, forma o cristal Se a estrutura interna
dos cristais fosse heterogênea, a clivagem seria inexplicável. Sòmente
podemos explicá-la, admitindo a existência de uma estrutura interna
definida que permite e controla uma tal propriedade.
Propriedades ópticas. Ainda uma outra linha de evidência que
indica a regularidade da estrutura interna dos cristais. &cha:scna
comportainto~a-l~uuznos~sris@is.
L. -- Se os cristais carecessem de regu-
laridade no arranjo interno e fossem compostos de átomos misturados
ao acaso e de maneira caótica, deveríamos esperar segundo as regras
gerais da probabilidade que a luz, ao mover-se através dos cristais,
acharia, na média, a mesma distribuição atômica ao longo de qual-
quer caminho. Seria, assim, retardada uma quantidade igual em
qualquer caminho independentemente da direqão. Isto é verdadeiro
em relação aos vidros e inferimos desta uniformidade do comporta-
mento da luz nos vidros que êles possuem estrutura interna caótica
e desordenada. Na maioria dos cristais, entretanto, a velocidade a
que a luz se move é uma função da direção na qual ela está vibrando. '
Na calcita, a diferença na velocidade entre a luz que vibra nos dois
planos que formam ângulos retos entre si é tão grande que se vê
uma imagem dupla, quando se examina um objeto através de um
bloco transparente dêsse mineral. (Ver Fig. 369.) A separação das
duas imagens é proporcional à espessura do bloco de calcita e pode
ser estabelecido que cada imagem é formada pela luz que está com-
pletamente polarizada, isto é, que tem um plano de vibração definido
relacionado com direções cristalográficas definidas. Tal fenômeno não
poderia ser explicado senão mediante a influência decisiva do cristal.

Propriedades dos Cristais

Dado que os cristais possuem estrutura interna regular, os planos


e direções diferentes dentro do cristal têm vizinhanças atbmicas dife-
rentes. Consideremos a Fig. 5 que mostra a fotografia de um modêlo
ilustrando o empilhamento de átomos no cloreto de sódio, o mineral
halita. Podemos ver que qualquer plano paralelo à face frontal do
modêlo cúbico, conterá átomos alternados de sódio e cloro ao longo
das direções paralelas às arestas e filas alternadas de átomos de sódio
e de cloro paralelamente às diagonais. De outro lado, um plano que
corte o vértice do cubo, como se mostra na Fig. 5, conterá sòmente
átomos de sódio, ou sòmente átomos de cloro, formando lâminas am-
plamente espaçadas. Os planos através do cristal cortando as arestas
do cubo e inclinados 4 5 O em relação às faces do cubo contêm filas
amplamente separadas de átomos alternados de s6dio e de cloro
paralelamente às arestas d o cubo. Se estudarmos cristais de estrutura
mais complexa, serão reveladas dependências ainda mais complicadas
do arranjo atâmico no plano de corte.
Esta condição dá origem a uma variação regular em algumas
das propriedades dos cristais na dependência do plano ou direção
que esteja sendo considerada. As propriedades que apresentam varia-
ção com a direçáo cristalográfica chamam-se vectorinis. A proprie
dade tanto tem grandeza quanto direção, isto é, para uma dada dire-
ção no cristal ela tem uma certa grandeza, diferente da grandeza para

'A luz vibra formando Inpulos rctoí com a dirsgão de propagagáo c . em todos
01Cristais. CICCIO OS do sistema isom&friu>, d a 6 dividida em dois raios que vibram não $6
pemendieulamcntc A diregãa do movimento mas tamb6m formando ãaeulor ratos entre ai.
outras direçóes. Algumas das propriedades vectoriais dos cristais são
dureza, condutibilidade do calor e da eleticidade, expansão térmica,
a velocidade da luz, a velocidade de crescimento, a velocidade de
dissolução; a difração dos raios X, elétrons e muitas outras.

Flg. S. Halita, NaCI, modêlo de empacotamento cubo-octaedro. Na branco.


CI prêto. Notar que os planos (001) consistem em camadas tendo números
iguais de ions de Na e CI, enquanto os planos (11 1) consistem em camadas
alternadas de ions de Na e camadas de íons de C1. Na e CI possuem número
de coordenação 6 em um reticulo de face centrada. Esta estmtura encon-
tra-se também na galena PbS, MgO e muitos outros compostos AX.

Destas propriedades, algumas variam continuamente com a dire-


$%odentro do cristal; isto é, podemos dizer de qualquer diresão esco-
lhida ao acaso que ela tem uma grandeza característica para a proprie-
dade que está sendo considerada. Tais propriedades podem ser re-
presentadas gràficamente por um sólido arredondado, liso, cuja super-
fície está sempre a uma distância do centro proporcional à grandeza da
propriedade. A dureza, a condutibilidade elétrica e do calor, a expan-
são térmica, a velocidade da luz no cristal sáo todas exemplos destas
propriedades vectoriais contínuas.
A dureza de alguns cristais varia tão amplamente com a diresáo
cristalográfica, que a diferença pode ser averiguada por simples testes
de risco. Assim, a cianita, um mineral que forma caracteristicamente
cristais alongados, em forma de lâmina, pode ser riscado com um
canivete comum em uma direção paralelamente ao comprimento dos
cristais; não se produz n o entanto qualquer risco quando a lâmina
do canivete é passada sobre os cristais perpendicularmente ao com-
primento. O corte e o polimento dos diamantes dependem do fato de
que algumas direçóes no cristal diamante são muito mais duras que
outras. Nestas condiqões, quando usamos um pó de diamante para
cortar ou polir. uma certa percentagem dos grãos apresenta sempre
a superfície mais dura e, por isto, é capaz d e cortar a o longo dos
planos no cristal de menor dureza. Se colocarmos em um cilindro
com abrasivo uma esfera perfeita cortada de um cristal e girarmos
por muito tempo. as porções mais moles d o cristal se gastam mais
ràpidamente. O sólido não-esférico resultante serve como um modêlo
de dureza para a substância que está sendo ensaiada.
O caráter direcional da conduribilidnde elétrica é de grande
importancia na fabricação de díodos de silício e de germânio, pedaços
minúsculos de crislais de silício e de germânio usados para retificar
a corrente alternada. De modo a obter o efeito retificador ótimo, o
pequeno pedaço de semimetal deve ser orientado cristalogràficamente.
pois a condução da eletricidade através de tais cristais varia grande-
mente com a orientação.
Os rolamentos d e esferas de rubi sintético são muito úteis, pois
a grande dureza d o mbi reduz o desgaste e dá vida longa ao rola-
mento. Todavia, o rubi, quando aquecido, expande-se vectorialmente
e as bolas de rubi d o rolamento torna-se-iam não-esféricas com a
elevação da temperatura pela fricção durante a operação. Contudo,
dado que a figura da expanrão tlrmicu é um elipsóide de revolução
w m uma seção circular, os rolamentos são práticos. A maioria dos
minerais tem coeficientes de expansão térmica desiguais em diferentes
diieções o que os faz ter resistência fraca ao choque térmico e a
rachar fàcilmetne com o aquecimento ou o resfriamento. O vidro de
quartzo. que tem uma estrutura interna muito menos regular que a
do próprio quartzo, é mais resistente ao choque tkrmico do que o
mineral.
As propriedades vectoriais dc,rrontíniros. por outro lado. perten-
cem shmente a certas direçóes ou planos definidos dentro d o cristal
e não podem ser representadas por iim sólido arredondado. liso. Náo
existem valores intermediários de tais propriedades em relaç''10 com
direçóes cristalográficas intermediárias. Um exemplo de propriedade
descontínua é a velocidade de crescimento. A velocidade de cresci-
mento de um plano em um cristal está intimamente ligada com a
densidade de pontos no plano. Vimos que um plano tal como AB na
INTRODUCÁO 17

Fig. 4 tem uma densidade de pontos muito maior que os planos


A D AE ou AF. Os cálculos da energia implicada indicam que a
energia das partículas em um plano tal como AB, no qual existe
uma densidade elevada de pontos, é menor que a energia das parti-
culas em planos com menor número de pontos, como plano AF.
Donde, o plano AB será o mais estável, porque no processo de crista-
lização a configuração de energia mais baixa é a de estabilidade má-
xima. Os planos AF, AD, A E etc. crescerão contudo mais ràpida-
mente que, AB, porque necessitam de adição de menor número de
partículas por unidade de área. No crescimento de um cristal a partir
de um núcleo. as ftmnas precoces que aparecem no cristal juvenil
serão aquelas de e r rgia relativamente alta e de crescimento rápido.
A adição contínu: de material a éstes planos constmí-10s-á completa-
mente enquanto . s planos que crescem menos ràpidamente irão fican-
do para trás. Assim, os vértices e as arestas de um cubo podem ser
completados pela adição de material aos planos que cortam os vir-
tices e as arestas, ao passo que pouco material é acrescentado às
faces do cubo. A medida que o crescimento progride, as faces que
crescem ràpidamente desaparecem, construindo-se as formas de cres-
cimento mais vagaroso e mais estáveis no processo.
Depois que &te estádio se completa, o crescimento é muito mais
vagaroso, porque a adição ocorre agora inteiramente na forma de
crescimento mais lento, de energia mais baixa. Assim. os próprios
cristais, se tomados em estádios vários do seu desenvolvimento. ser-
vem como modelos de velocidade de crescimento do composto que
está sendo estudado.
A velocidade de dissolução de um cristal em solvente químico
que o ataca é igualmente um processo vectorial descontínuo e a dis-
solução de um cristal ou de qualquer fragmento de um cristal único
pode produzir um poliedro de dissolução mais ou menos definido.
Uma ilustração mais clara da natureza vectorial da velocidade
de dissolução é fornecida pelas figuras de corrosão. Se um cristal é
tratado brevemente com um solvente químico que o ataca, as faces
são corroídas. A forma destas figuras de corrosão é regular e depende
da estrutura d o cristal, da face que é atacada e da natureza do sol-
vente. Informagão valiosa sôbre a geometria interna do arranjo dos
cristais pode ser obtida pelo estudo de tais figuras de corrosão.
A difrafiio dos raios X , elétronr e nêrctrons pelos cristais cons-
titui a mais direta e poderosa de todas as técnicas de pesquisa
de que dispõem os mineralogistas. Os fenômenos de difração são
exemplos das propriedades vectoriais descontínuas dos cristais. (Ver
página 133.)
i 18 CRISTALOGRAFIA

A clivagem pode ser considerada como propriedade vectorial


descontínua e, da mesma maneira que a forma d o cristal, reflete a
estrutura interna, pois a clivagem ocorre sempre ao longo daqueles
planos através dos quais existem as forças elétricas mais fracas.
Aquêles planos são geralmente os mais largamente espaçados e os
mais densamente povoados de pontos.

B. SIMETRIA
Todos os minerais mostram pelo arranjo de suas faces uma sime-
tria definida, o que permite agrupá-los em diferentes classes. As várias
operações, que podem ser efetuadas com um cristal, que resultam
em fazê-lo coincidir com a posição inicial são conhecidas como
operações de simefria. As operações fundamentais de simetria são:
(1) rotação em torno de um eixo, ( 2 ) reflexão sobre um plano,
( 3 ) rotação em torno de um eixo combinada com inversão (inversáo
rotatória). A inversão em torno de um só centro é considerada por
alpuns como uma operação de simetria distinta. Desde que ela é
equivalente a um eixo unitário de inversão rotatória. não é conside-
rada fundamental aqui, embora o têrmo centro seja usado por con-
veniência.
Plano de simetria. Um plano de simetria é um plano imaginário
que divide um cristal em duas metades, cada um das quais, sob a
forma de um cristal perfeitamente desenvolvido, é a imagem num
espelho da outra. A porção sombreada da Fig. 6 ilustra a natureza
e a posição dêste plano de simetria. Para cada face, aresta, ponto de
um lado do plano existem uma face, aresta ou ponto correspondentes
em posição semelhante do outro lado do plano.

Fig. 6. PI:tno de Simetria. Fig. 7. Eixo de Simetria.

E i o de simetria de rota@o. Um eixo de simetria é uma linha


imaginária através de um cristal, em tomo da qual pode-se girar o
cristal que se repete a si mesmo em aparência duas ou mais vêzes
durante uma rotação completa. Na Fig. 7, a linha CC' é um eixo de
simetria do cristal representado; êste, após girar em torno dela, terá,
depois de uma rotação de 180°, a mesma aparência que a princípio;
ou, em outras palavras, faces, arestas e ângulos sólidos semelhantes
aparecerão nos lugares das faces, arestas e ângitlos sólidos conespon-
dentes da posição original. O ponto A' ocupará a posição original
de A , B' aquela B etc. Tendo em vista o fato de que o cristal se
repete duas vêzes na aparência durante uma rotação completa, diz-se
que êste eixo é de simetria binária ou eixo de simetria binário. Além
dos eixos de rotação de simetria binários, existem eixos de simetria
ternários (trigonais), quaternários (tetragonais) e senários (hexago-
nais). A natureza dos cristais é tal que não
podem existir outros eixos de simetria se-
não os unitários, binários, ternários, quater-
nários e senários.
Centro de simetria. Diz-se que um
@ I ,
I I

cristal tem um centro de simetria, quando


uma linha imaginária pode ser passada de
um ponto qualquer sobre sua superfície atra-
vés de seu centro' achando-se, sobre ela,
-<.\v
c,--
p,/c
,, - ----
um ponto semelhante, a uma distância igual
além do centro. Esta operação é conhecida A'
como inversão. 0 cristal na Fig. 8 tem Fig. 8. Centro de Simetria.
assim um centro de simetria, pois o ponto
A é repetido em A' sobre a linha que passa de A através do centro,
C , do cristal; as distâncias A C e A ' C são iguais. Faces semelhaiites
e paralelas nos lados opostos do cristal indicam um centro de simetria.
Eixo de simetria de inversão rotatória. B t e elemento de sime-
tria composto combina uma rotação em tomo de um eixo com inver-
são através do centro. Ambas as operações devem completar-se antes
que se obtenha a nova posição. Se a única simetria possuída por
um cristal é um centro, a notação de simetria é dada usualmente
como sendo um eixo unitário de inversão rotatória. Existem também
eixos de inversão rotatória binários, ternários, quaternários e senários.
Consideremos o mecanismo de um eixo de inversão rotatória. Na ope-
ração de um eixo de rotação quaternário, serão localizados quatro
pontos idênticos - um a cada 90°. de rotação - todos na parte
superior ou todos na parte inferior do cristal. Na operação de um
eixo quaternário de inversão rotatória, serão localizados também
quatro pontos idênticos, mas dois estarão na parte superior e dois na
parte inferior do cristal. A operação dêste eixo implica em quatro
20 CRISTALOGRAFIA

de 900, cada uma delas seguida por uma inversão. Assim,


se o primeiro ponto está n a superior do cristal, o segundo está
na inferior, o terceiro está na superior e o
quarto está na inferior. A Fig. 9 ilustra um
cristal com um eixo quaternário de inversão
rotatória.
Outro elemento de simetria composto
combina uma rotação em tórno de um eixo
com reflexão sôbre um plano perpendicular ao
eixo (reflexão rotatória). Mediante uma tal
operação pode-se desenvolver a mesma sime-
,i---.. tria obtida com a inversão rotatória; mas, des-
de que a inversão rotatória foi adotada por
acordo internacional, dá-se preferência a ela,
aqui.
Fig. 9. Eixo Quaternário Notas50 de simetria. O eixo, o piano, o
de Inversão Rotatória.
eixo de inversão rotatória (ou reflexão rota-
tória) e o centro são conhecidos como os
elementos de simetria. Ao descrever a simetria de um cristal, é con-
veniente usar uma espécie de notação taquigráfica dos elementos de
simetria. Um eixo de rotação é indicado por A., onde n é 2 , 3, 4 ou 6 ;
um plano por P e um centro por C. Usando estas notações, a simetria
de um cristal com um centro de simetria, um eixo de rotação quater-
nário, quatro eixos de rotação binários e cinco planos de simetria
seria escrita: C , IA,, 4A,, 5P. Desta maneira, é possível expressar
todas as condições de simeiria possível, exceto duas. Uma destas é
a ausència de simetria; a outra, ilustrada pela Fig. 9, é um eixo
quaternário de inversão rotatória, ou reflexão rotatória. f represen-
tada pelo símbolo #.
O sistema acima de notação da simetria é um dos muitos que
foram propostos pelos cristalógrafos e é mencionado aqui porque C
direto e fácil de ser compreendido e usado pelo estudante principian-
te. Contudo, os símbolos Hermann-Mnuguin foram aceitos por acôr-
do internacional e dá-se-lhes preferência. Mediante seu uso, pode ser
expressa não só a simetria externa (grupo de pontos), mas tam-
bém a simetria interna muito mais complicada (grupo espacial).
A seguir é dada explanação resumida dos símbolos Hermann-Mauguin:
1. Os eixos de simetria de rotação são indicados pelos números
1, 2, 3, 4, 6;-e eixos
- - de- inversão rotatória por números com linhas
acima, como I , 3, 4, 6 (ler um barra, três barra etc.). Os planos
de simetria indicam-se por m. Um eixo de simetria com um plano,
SIMETRIA 21
-
-

de simetria perpendicular a êle é dado como um número sôbre m, por


exemplo, 2 / m , 4 / m .
2 . Nos sistemas hexagonal, tetragonal, isométrico e monoclínico,
a primeira parte d o símbolo refere-se a o eixo principal de simetria,
como 4 no símbolo 4mm.
3 . N o sistema tetragonal, o segundo e o terceiro símbolos refe-
rem-se aos elementos de simetria axial e diagonal, respcctivamcnte.
Por exemplo, na classe tetragonal escalenoédrica, 42m, o 2 refere-se
ao eixo binário coincidente com os eixos cristalográficos a; o m,, a
um plano de simetria na posição 4S0.
4 . No sistema hexagonal, o segundo e o terceiro símbolos refe-
rem-se, respectivamente, aos elementos de simetria axial c axial alter-
na. Assim, na classe dihexagonal-piramidal, 6 m m , existem três planos
de simetria verticais, nos quais estão os três eixos cristalográficos. e
três planos de simetria adicionais, verticais, a 30° nas posições axiais
alterna.
5 . N o sistema ortorrômbico, os símbolos referem-se aos ele-
mentos de simetria na ordem a, h, c. Por exemplo, na classe rômbico-
-piramidal mm2, os eixos a e b jazem nos planos de simetria verticais
c o eixo c é uni eixo de simetria binário. Esta ordem é mais signifi-
cativa para indicar grupos espaciais d o que para indicar classes de
cristais.
6 . No sistema isométrico, a segunda e a terceira partes d o sím-
bolo referem-se, respectivamente, aos elementos de simetria temána
e binária.
O elemento binário pode ser um eixo, como na classe giroédrica
ou icositetraédrica pentagonal, 432, ou um plano como na classe hexa-
tetraédrica 43n1, ou uma combinação de um eixo e de um plano,
como na classe hexaoctaédrica, 4/nt32/ni.
A primeira vista, pode parecer que os símbolos Hermann-Mau-
guin não exprimem a simetria completamente. Contudo, deve-se acen-
tuar que os elementos de simetria operam uns sòbre os oiitros tanto
quanto sôbre as faces d o cristal. Consideremos o símbolo 622. O pri-
meiro 2 representa um eixo binário coincidente com um eixo crista-
lográfico horizontal e o segundo 2 representa outro eixo de rotação
binário, horizontal, a 30° em relação ao primeiro. A operação sôbre
êsses dois eixos binários com o eixo de rotação senário gera, a partir
de cada um. dois outros, perfazendo um total de três de cada espécie.
Há, assim. seis eixos de rotação binários.
Os símbolos Hermann-Mauguin usados aqui são completos, mas
alguns cristalógrafos usam símbolos mais abreviados para expressar a
mesma simetria. Por exemplo, a simetria 622 pode ser expressa sim-
C

I 22 CRISTALOGRAFIA

As Trinta e Duas Classes Cristalinas

I
Símbolos de
Sistema
cristalino
I Classe cristalina

Hexaoetaédrica 4/m
Hermann-
-Mallguin
? Z/m
Simetria

C, 3A., 4A., 6AI, 9 P


Giroédrica (Icositetraédri-
ca pentagonal) 432 3A<, 4Aa, 6A.
Hexatetraédrica 43m 3A9, 4A., 6 P
IsomCtrico Diploédrica (Didodecaé-
drica) 2/m? C, 3A., 4A+ 3 P
Tetartoédrica (Pentagono
dodecaédrica tetraédri-
cal 23 ~ A z 4Ai
,

Bipiramidal-dihexagonal 6/m Z/m 2/m C, IAs, 6A,, 7 P


Trapezoédrica-hexagonal 622 IAs, 6A,
Hexagonal Piramidal-dihexagonal 6mm IAa 6 P
divisão Ripiramidal-ditfigonal 6m2 IA., 3A., 4 P
Hexagonal Bipiramidal-hexagonal 6/m C, IA., I P
Piramidal-hexagonal -
6 IA8
Ripiramidal-trigonal 6 IA,, 1 P
-
Esialenoédrica-hexagonal 3 2/m C, IAa, 3A2, 3 P
Hexagonal Trapezoédricafrigonal 32 IAS, 3A2
divir5o Piramidal-ditrizonaI 3m IA.. 3 P
Romboédrica Ki>rnboédricr 7 C, IA.
Piramidal-trigonal 3 IA.

Bipirarnidsl-ditehsgonal 4 l m 21m 2/m C, IA,, 4A,, 5 P


Trapezoéùrica-tetraganal 422 IA,, 4A2
Piramidal-ditetragonal &mm IA,, 4 P
Tetragonal Escalenoédrica-tetrama1 42m 3An, 2 P
Bipiraniidal-tetragonal 4/m C, IA4, I P
Piramidal-tetragonal 4 IA,
Riesfenoédrica-tetragonal 4 .41'.

Ripirsmidal-rômbica 2/m 2/m 2/m C, 3A2, 3P


OrtorrÔmhico Hiesfenoédrica-rombica 222 3A2
Piramidal-rbmbiea mm2 IA,, 2P

Prismátiça 2/m C, IA,, 1 P


Monoclínico Esfenoédrica 2 IA,
Domática m 1P
-
Pinaioidaf 1 C
Triclinico Pedial 1 Nenhuma simetria

plesmente por 62; porque se existem três eixos binários hori-


zontais, três outros estão implícitos nas posições alternas. O símbolo
2 / m 2 / m 2 / m pode ser abreviado para rnntrn. O símbolo mais curto
indica três planos de simetria mutuamente perpendiculares, o que
implica eixos de simetria binário's em suas linhas de interseqão.
NOTAÇ&O CRISTALOGRACICA 23

Classes de simetria. Demonstrou-se que existem sòmente trinta


e duas combinações possíveis dos vários elementos de simetria, dando
origem a trinta e duas classes de cristais (grupos de pontos). Estas
classes são depois agmpadas em seis sistemas cristalinos, tendo as
classes de cada sistema certas relações estreitas umas com as outras.
A maiona dos minerais comuns cristaliza-se em quinze classes de
cristais. No quadro da página 22 estão relacionadas todas as classes
de cristais com seus elementos de simetria; aquelas de maior impor-
tância para o mineralogista estio indicadas em negrito.
Usaram-se muitos nomes diferentes para designar cada uma das
classes de cristais. Os nomes usados aqui foram propostcs por
Grothl e derivam do nome da forma geral em cada classe cristalina.
isto é, a forma cujas faces cortam todos os eixos cristalográficos a
distâncias diferentes entre si.

NOTAÇÁO CRISTALOGRAFICA

+
C.
Eixos cristalográficos. Ao descrever os cristais, achou-se conve-
niente tomar, segundo os métodos da geometria anaiítica. certas
linhas que passam pelo centro do cristal ideal como eixos de referência
Estas linhas imaginárias chamam-se eixos crisia-
lográficos e se tomam paralelamente às arestas
de interseçáo das faces principais do cristal.
Ademais, as posições dos eixos cristalográficos
são mais ou menos fixada pela simetria dos
cristais, pois na maior parte dos cristais elas são -b
eixos de simetria, ou perpendiculares aos planos
de simetria.
Todos os cristais, com excqão dos que per-
tencem ao sistema hexagonal (ver página 6 5 ) .
são referidos aos três eixos cristalográficos. No
caso geral (sistema triclínico), todos os eixos -c
são de comprimentos diferentes e formam ângii- Eixos de
10s oblíquos uns com os outros; mas, para sim- Crista1 Ortorrôrnbico.
plicidade na descrição de sua orientação con-
vencional, consideremos aquêles ilustrados na Fig. 10. Aqui, os três
eixos são miltuamente perpendiculares e quando colocados na posição
conveniente para descrição estão orientados da seguinte maneira:
um eixo. chamado a, é horizontal e está em posição ântero-posterior;
outro. denominado b, é horizontal e está em posição orientada da
Paul Groth. Phy8ikolirchr Krislullogrophie, Verlag von Wilhclm Engelmann. Leipris.
IR91.
24 CRISTALOGRAFIA

direita para a esquerda; o terceiro eixo, chamado c, é vertical. As ex-


tremidades de cada eixo são designadas por um sinal + ou -; a
extremidade frontal de a, a extremidade direita de b e a extremidade
superior de c são positivas; as extremidades opostas, negativas.
Sistemas cristalinos. Algumas das trinta e duas classes de cris-
tnis mencionadas anteriormente possuem características de simetria em
comum com outras, o que permite sua transferência para grupos
maiores denominados sistema.7 cristalinos. Os seis sistemas cristalinos
estão relacionados abaixo com os eixos cristalográficos e a simetria
característica de cada um.
Sistema isométrico. Todos os cristais no sistema isométrico pos-
suem quatro eixos temários de simetria e são referidos aos três eixos
perpendiculares entre si, de comprimentos iguais.
Sistema hexagonal. Todos os cristais no sistema hexagonal têm
um eixo de simetria único ternário ou senário. Eles são referidos a
quatro eixos cristalográficos; três eixos horizontais, iguais, cortam-se
em ângulos de 120°, o quarto é de comprimento diferente e perpen-
dicular ao plano dos outros três.
Sistema tetrogonal. Um único eixo de simetria qiiaternário carac-
teriza os cristais do sistema tetragonal. Os cristais são referidos a três
eixos mùtuamente perpendiculares; os dois eixos horizontais são de
comprimento igual, mas o eixo vertical é mais curto, ou mais longo,
do que os outros dois.
Sistema ortorrômbico. Os cristais no sistema ortorrômbico tem
três elementos de simetria binária, isto é, planos de simetria ou eixos
de simetria binários. São referidos aos três eixos perpendiculares
entre si, todos de comprimento diferente.
Sistema monoclínico. Os cristais do sistema monoclínico são
caracterizados por um eixo de simetria único, binário, ou por um
plano de simetria único, ou pela combinação de um eixo binário e
rim plano de simetria. Os cristais são referidos aos três eixos desiguais,
dois dos quais estão inclinados entre si formando um ângulo oblíquo,
sendo o terceiro perpendicular ao plano dos outros dois.
Sistema triclínico. Os cristais no sistema triclínico têm um eixo
de simetria unitário como sua única simetria. Este pode ser um eixo
simples rotatório, ou um eixo unitário de inversão rotatória. Os cris-
tais são referidos aos três eixos desiguais, que se cortam formando
ângulos oblíquos.
Relaeo axial. Em todos os sistemas cristalinos, com a exceção
do isométrico, existem eixos cristalograficos que diferem no compri-
NOTA-O CRISTALOGRAFICA 25 I

mento. Se fosse possível isolar uma cela unitária e medir cuidadosa-


mente as dimensões ao longo das arestas, que são paralelas aos eixos
cristalográficos, poderíamos escrever as relações entre os comprimen-
tos das arestas. O cristalógrafo, empregando os raios X, náo pode
isolar a cela, mas pode medir acuradamente as dimensões da mesma
em unidades angstrom (A)'. Assim, para o mineral ortorrômbico,
enxôfre, as dimensões da cela são dadas como 10,48 A ao longo do
eixo a, 12.92 A ao longo do eixo b e 24,55 A ao longo do eixo c
(Fig. 1 1 ) . Estabelecendo para b valor igual a 1 , podemos escrever
as relações a : b : c = 0,81:1 : 1.90. Assim, as relações expressam os
comprimentos relativos, não os absolutos, das arestas da cela que
correspondem aos eixos cristalográficos.
As relações axiais foram calculadas muitos anos antes que os
raios X possibilitassem determinar as dimensões absolutas da cela
unitária. Medindo os ângulos interfaciais no cristal e fazendo certos
cálculos, é possível chegar As relaqões axiais que expressam os com-
primentos relativos dos eixos cristalográficos. £ interessante observar
quão aproximadamente as novas relações axiais, calculadas a partir
das dimensões da cela unitária, se comparam com as relações mais
antigas derivadas das medições morfológicas. Por exemplo, as relações
para o enxofre são:
a : b : c = 0,8131 : 1 : 1,9034, a partir dos cálculos morEol6gicos
a : b : c = 0,811 : 1 : 1,900, a partir das medições da cela unitária.

Fig. 11. Cela Unitária da Fig. 12. Bipirâmide de


Enxôfre. Enxofre.

Na página 122, inicia-se uma breve discussão dos cálculos das


relações axiais nas classes de simetria mais alta.

Uma unidade anpstrorn é 0.OWNOOI centirnçtro. isto C. 10-Qccntirnelra


26 CRISTALOGRAFIA

Parârnetros. As faces d o cristal são definidas mediante a indi-


cação de suas interceptações nos eixos cristalográficos. Assim, ao
descrever uma face d o cristal é necessário determinar se é paralela
aos dois eixos e corta o terceiro, ou se é paralela a um eixo e corta
os outros dois, ou se corta os três. Além disso, deve-se determinar
a que distância relativa a face corta os diferentes eixos. Vimos na
discussão das relações axiais que as relações expressam os compri-
mentos relativos dos eixos. Para o enxofre, o eixo a é 0,8 d o eixo b
e o eixo c é 1,9 vêzes tão comprido quanto o eixo b. Para a face
de um cristal que corta os eixos cristalográficos a estas distâncias rela-
tivas (tomadas como unidades de distância) as interceptações seriam
dadas como 1 sôbre a, 1 sôbre b, 1 sôbre c ou lu, lb, l c (ver Fig. 12).
Uma face que corta os dois eixos horizontais a distâncias que são
proporcionais a seus comprimentos unitários e que corta o eixo ver-
tical a uma distância duas vêzes o seu comprimento unitário relativo
terá por parâmetros lu, lb, 2c. Deve-se acentuar que êstes parâme-
tros são estritamente relativos em seus valores e não indicam qualquer
comprimento de corte real. Para ilustrar isto ainda mais, considere-
mos a Fig. 13, que representa um possível cristal de enxofre.
A forma prcsente nêle são duas bipirâ-
I mides de inclinação difefente mas cada
4 uma cortando todos os três eixos do cris-
tal, uma vez prolongados conveniente-
mente.

,'Wz+.-
--
Existe aaui o oroblema. como em

'v-
--y= -..--- m u i t a cristai;, de ~scolher&ai bipiri-
'\ xi , mide deve ser selecionada como forma
fundamental, isto é, qual delas deve ser
considerada a que corta todos os três
\ \ I I eixos cristalográficos a distâncias unitá-
+ '\(I,'

I
rias. Na ausência de outra evidência, é
costume selecionar como fundamental a
Fig. 13. Emôfre forma com as faces maiores. Isto, na Fig.
13, é a bipirâmide inferior e os parâme-
tros da face desta forma, a qual corta as extremidades positivas dos
três eixos, seriam lu, lb, lc. A bipirâmide superior cortaria os dois
eixos horizontais, como mostram as linhas pontilhadas, também a
distâncias que, embora maiores d o que na bipirâmide inferior, são
ainda proporcionais aos comprimentos unitários. EJa corta o eixo ver-
tical, todavia, a uma distância que, quando considerada em relaçáo
a suas interseções com os eixos horizontais, é proporcional a 1/3 d o
comprimento unitário de c. Os parâmetros de uma face desta forma
NOTAÇÁO CRISTALOGRAFICA 27

seriam, portanto, lu, Ib, 1/3c. D o que ficou dito, vê-se que os parâ-
metros Ia, l b não representam nos dois exemplos as mesmas distân-
cias reais de corte, mas exprimem sòmente valores relativos. Os pa-
r3metros de uma face não determinam de modo algum seu tamanho.
porque uma face pode ser movida paralelamente a si própria em
uma distância qualquer sem mudar os valores relativos de suas inter-
seçóes com os eixos cristalográficos.
Indices. Vários métodos de notasão foram imaginados para ex-
primir as interceptaçóes d e qualquer face d o cristal sobre seus eixos
e diversos dêsses métodos foram usados. O sistema de índices de
Miller é o mais empregado.
Os índices de Miller de uma face consistem em uma série de
números inteiros derivados dos parâmetros por sua inversão e, quando
necessário, pela redução subsequente das fraçóes. Os indices de uma
face são sempre dados de modo que os três números (quatro no sis-
tema hexagonal) se referem aos eixos a, b e c, respectivamente, e por
conseguinte as letras que indicam os diferentes eixos são omitidas.
Tal como os parâmetros, os índices exprimem uma relação, mas para
ser breve omite-se tambkm o sinal da relação. A face da bipirâmide
ilustrada na Fig. 13, que tem lu, lb, l c por parâmetros, teria ( 11 1)
(ler: um, um, um) por índices. A face, Fig. 14, que tem por parâ-
metros Ia, Ib, m c e na inversão 1/1, 1/1, l / m , teria (1 10) por

Fig. 14. Prisma e Bipi- Fig. 15. Bipirârnide.


râmide.

indices. As faces que têm, respectivamente, os parâmetros lu, Ib.


1/2c e Ia, l b , 2c produziriam na inversão 1/1, 1/1, 2 / 1 e 1/1, 1/1,
1/2. Nestas condições, na redução das fraçóes os índices resultantes
seriam, respectivamente, (112) e (221).
28 CRISTALOGRAFIA

Algumas vêzes é conveniente, quando se desconhecem as inter-


ceptaçóes exatas, usar um símbolo geral ( W t l ) para os índices de
Miller; aqui, h, k e I representam, cada um, um número inteiro sim-
ples. Neste símbolo, h, k e 1 são, respectivamente, as recíprocas de
interceptaçóes racionais mas indefinidas ao longo dos eixos a, b e c.
O símbolo (hkl) indicaria que uma face corta todos os três eixos
cristalográficos. Se uma face é paralela a um dos eixos cristalográ-
ficos e corta os outros dois, os símbolos gerais seriam escritos como
(Okl), (h01) e (hkO). Uma face paralela a dois eixos é considerada
como cortando o terceiro à distância unitária e os símbolos seriam,
portanto, ( 1 0 0 ) , ( 0 1 0 ) e ( 0 0 1 ) .
Na discussão acima, foram consideradas sòmente as faces que
I interceptam as extremidades positivas dos eixos cristalográficos. Para
indicar a interceptação na extremidade negativa de um eixo, coloca-se
ama linha sobre o número ou letra apropriada, como aparece na
Fig. 15.
No início do estudo dos cristais, descobriu-se que para dadas
faces os índices seriam sempre expressos por números inteiros sim-.
ples. As relações entre êles podem ser 1:2, 2 : 1 , 2 : 3 , 1 : m etc., mas
nunca 1:\/Zetc. Conhece-se êste fato como lei dos índices racionais.
Forma. Em sua significação mais comum, o têrmo forma é
usado para indicar a aparência externa geral. Na cristalografia, a
configuracão externa é indicada pela palavra hábito ao passo que
forma é usada em um sentido especial e restrito. Assim, uma forma
consiste em um gmpo de faces do cristal, todas tendo a mesma relação

Fh. 16. Apofilitn. -Fia. 17. Pirita.

para com os elementos de simetria e exibindo as mesmas proprieda-


des físicas e químicas porque todas são formadas pelos mesmos áto-
mos no mesmo arranjo geométrico. Embora as faces de uma deter-
minada forma possam ser de contornos e tamanhos diferentes por
NOTAÇAO CRISTALOGRÁFICA 29

causa da malformação d o cristal, a semelhança evidencia-se frequen-


temente por estriações naturais, corrosões ou crescimentos, como vis-
tos nas Figs. 16 e 17. Em alguns cristais, a semelhança das faces de
uma forma sòmente pode ser vista após a corrosão com ácido.
Na Fig. 16, existem três formas, cada uma tendo uma aparência
física diferente das outras e, na Fiç. 17, existem duas formas. Incluiii-
d o as faces não visíveis nos desenhos, as formas têm o seguinte nú-
mero de faces: Fig. 16, a 4 , p-8, c-2 e na Fig. 17, a-6, e-12.
Em uma discussão dos índices de Miller, vimos que uma face
do cristal pode ser designada por um símbolo entre parênteses, como
(hkl), (010) ou (1 11 ). Os índices de Miller podem ser usados iam-
bém como símbolos de forma e neste caso estão entre chaves, como
{hkl), {O101 etc. Assim, na Fig. 15, (111) refere-se a uma face
específica, ao passo que { 111} abrange todas as oito faces. A o esco-
lher um símbolo de forma, é aconselhável selecionar se possíve1.0
símbolo da face com números dígitos positivos; { I l l } ao invés de
{ l i 1 1, {OlO} de preferência a {OTO}.
Em cada classe de cristal, existe uma forma cujas faces cortam
cada um dos eixos cristalográficos em comprimentos diferentes; esta
é a forma geral { h k l } . Tôdas as outras formas que possam estar pre-
sentes são formas especiai,~. Nos sistemas cristalinos ortorrômbico,
monoclínico e triclínico { l 1 I } é uma forma geral, pois o comprimento
unitário ao longo de cada um dos eixos é diferente. Nos sistemas
cristalinos de simetria mais alta em que as distâncias unitárias ao
longo de dois ou mais dos eixos cristalográficos são as mesmas, uma
forma geral deve cortar' ós eixos iguais a múltiplos diferentes da
distância unitária. Assim, { 121 } é uma forma geral no sistema tetra-
gonal, mas uma forma especial no sistema isométrico e 41231 é uma
foyna geral no sistema isométrico.
A Fig. 15 ilustra uma forma de cristal única, conhecida como
bipirâmide. Na classe de simetria a que elaF pertence, os três eixos
do cristal são eixos de simetria binários e os planos axiais são planos
de simetria. Com esta simetria, se admitirmos a presença da face
(11 11, deve haver sete outras faces, pois tôdas têm as mesmas rela-
~ õ e spara com os elementos de simetria. Estas oito faces constituem
uma forma e, visto que encerram espaço, chama-se forma fechada.
Também vemos o mesmo nas Figs. 33-42. As formas ilustradas pelas
Figs. 23-32 não encwam espaço e, por conseguinte, chamam-se
formas abertas.
Um cristal exibe usualmente diversas formas em combinação
umas com as outras, mas pode ter sòmente uma desde que seja uma
forma fechada. Dado que qualquer combinaçáo de formas deve encer-
30 CRISTALOGRAFIA

I
Fie. 21. Erfenóide. Fie. 22. Fig. 23. Prisma
Biesfenóide. Trigonal.

Fip. 24. Prisma Te- Fig. 25. Prisma He- Fig. 26. Prisma Di.
traeonal. xagonal. hexagonal.

Fig. 27. Prisma Vertical Fig. 28. Prisma Horizontal


Orlorr6mbico. Ortorrbmbico.
NCTAÇIO CRISTALOGRAFICA 31

rar espaço, torna-se necessário um mínimo de duas formas abertas.


As duas podem existir por si mesmas, ou estar em combinação com
outras formas fechadas, ou com outras formas abertas. A o todo, exis-
tem quarenta e oito tipos diferentes de formas d e cristal que podem
ser distinguidas pelas relações angulares de suas faces. Trinta e duas
estão representadas pelas formas gerais das trinta e duas classes de
cristal, dez são formas especiais fechadas d o sistema isométrico e seis
são formas abertas especiais (prismas) dos sistemas hexagonal e tetra-
gonal. As várias formas serão discutidas na classe ou classes em que
se acham. Cada forma do sistema isométrico tem um nome especial,
mas os mesmos nomes gerais são usados para as formas presentes
, .
nos outros sistemas; são as seguintes:
Pédio. Uma face única compreendendo uma forma (Fig. 18).
Pinacóide. Uma forma constituída por duas faces paralelas
(Fig. 19).
Domo. Duas faces não paralelas simétricas em relação a um
plano de simetria (Fig. 2 0 ) .
Esfenóide. Duas faces não paralelas simétricas em relação a um
eixo de simetria binário ou quaternário (Fig. 21).
Biesfenóide. Uma forma de quatro faces, na qual duas faces do
esfenóide superior se alternam com duas do esfenóide inferior
(Fig. 22).
Prisma. Uma forma composta de 3, 4, 6, 8 ou 12 faces, todas
paralelas ao mesmo eixo. Com exceção de certos prismas no sistema
monoclínico, o eixo é um dos principais eixos cristalo_eráficos
(Figs. 23-28).
Pirâmide. Uma forma composta de 3, 4, 6, 8 ou 12 faces não
paralelas que se encontram em um ponto (Fiss. 29-32),
Escolenocdro. Formas fechadas com oito faces (tetragonal,
Fig. 33) ou com 12 faces (hexagonal, Fig. 34). As faces estão agru-
padas em pares simétricos. Para as formas de oito faces, existem
dois pares de faces acima e dois pares abaixo em posições alternadas.
Para as formas de 12 faces, existem três pares acima e três abaixo
em posições alternadas. Nos cristais perfeitamente desenvolvidos, cada
face é um triângulo escaleno.
Trapezoedro. Formas de 6, 8 ou 12 faces com 3, 4 ou 6 faces
acima giradas em relação a 3, 4 ou 6 faces abaixo (Figs. 35-37).
Além destas, existe um trapezwdro isométnco, uma forma de 24 faces.
Nos trapezoedros bem desenvolvidos, cada face é um trapézio.
Bipirâmide. Formas fechadas de 6, 8, 12, 16 ou 24 faces (Figs.
38-42). As bipirámides podem ser consideradas como formadas por
pirâmides mediante reflexão sobre um plano de simetria horizontal.
Fig. 29. Pirâmide Fig. 30. Pirâmide Fig. 31. Pirgmide Fig. 32. Pirâmide
Tnponai. Tetragonal. Hexagonal. Dihexagonal.

Fig. 33. Fxale- Flg. 34. Esca- Fig. 35. Trape- Fig. 36. Trapezoedro
, noedro Tetrapo- lenoedro Hexa- zoedro Trigo- Tetragonal.
nal. gonal. nal.

Romboedro. Forma fechada composta de seis faces, cujas ares-


tas de interseção não formam ângulos retos entre si. Os romboedros
acham-se sòmente nos cristais da divisão romboédrica d o sistema
hexagonal.

Fig. 37. Trapezae- Fip. 38. Bipirâmide Fig. 39. Bipirâmide


dro Hexagonal. Trigonal. Tetragonal.

Nos desenhos de cristais, achou-se conveniente indicar as faces


de uma forma pela mesma letra. A escoiha da letra que deve ser
atribuída a uma dada forma depende muito da pessoa que descreve
NOTAÇAO CRISTALOGRAFICA

o cristal em primeiro lugar. ~ o n t u d d ,exttem certas formas simples


que, por convenção, recebem usualmente a mesma letra. Assim, os
três pinacóides que cortam os eixos a, b e c recebem, respectivamente,

<.., : , . ._: c
Fig. 40. Bipirâi ide
Hexagonal.
Fig. 41. Bipirâmide
Ditetragonal.
Fiz. 42. Bipirâmide
Dihexagonal. ..
as letras a, b e c (Fig. 4 3 ) . A letra m dá-se usualmente a { 110)
e p a { l l l } (Fig. 4 4 ) .

Fig. 43. Fig. 44.


Simbolismo Convencional nos Desenhos de Cristais.

Zonas. Um dos aspectos principais em muitos cristais é o ar-


ranjo de um grupo de faces de tal modo que suas arestas de inter-
seção são mùtuamente paralelas. Consideradas coletivamente, estas
faces formam uma zona. Chama-se eixo da zona a uma linha através
do centro do cristal que seja paralela às linhas de interseçáo das faces.
Na Fig. 45, as faces m(,a, m e b estão em uma zona e as faces b, r, c
e r' em outra. As linhas designadas por [O011 e [I001 são os eixos
das zonas.
Uma zona pode ser indicada por um símbolo semelhante aos
índices de faces de Miller, sendo sua expressão generalizada [uvw].
Duas faces quaisquer não paralelas determinam uma zona e o símbolo
da zona para duas faces tais ( h k l ) e ( p q r ) é [kr-lq, l p h r , hq-kp].
Admitamos, por exemplo, que a face m, Fig. 45, é ( M l ) com
o índice (110) e que a face b é (pqr) com o índice (0,lO). O sím-
bolo da zona é escrito da seguinte maneira: [1.0 -
0.1, 0.0 - 1.0,
1.1 - 1.01 ou [OOl]. Se a face c é (001) e r é (Oll), Fig. 45, O

Fig. 45. Zonas do Cristal e Eixos de Zonas.

símbolo da zona pode ser determinado como [100]. Note-se que os


símbolos da zona estão incluídos em chaves, como [uvwl, para dis-
tingui-los dos símbolos da face e da fonna.
Hábito do cristal. Entende-se por hábito do cristal a forma
característica e comum, ou a combinação de formas em que o mineral
se cristaliza. O hábito do cristal inclui a configuração geral e as

Fig. 46. Cubo. Fig. 47. Cubo Fig. 48. Octae-


Malformado. dro.

Fig. 49. Octae- Fig. 50. Dode- Fig. 51. Dodecaedro


dro Malfor- caedro. Malformado.
mado.
PRWECÕES DOS CRISTAIS 35

irregularidades de seu crescimento, se estas irregularidades são de


ocorrência comum. A galena, por exemplo, tem um hábito cúbico,
a magnetita, octaédrico e a malaquita, fibroso. Isto significa que, em-
bora êstes minerais sejam encontrados em cristais que mostram outras
formas, tais ocorrências são relativamente raras e seu "hábito" é cris-
talizar na maneira indicada. Pouco se sabe quanto aos fatores deter-
minantes do hábito; pensa-se, no entanto, que a natureza da solução,
a velocidade do crescimento d o cristal, a temperatura e a pressão de-
sempenham um papel nessa determinação.
Os cristais podem crescer mais ràpidamente em uma direção
do que em outra; outros cristais ao redor podem interferir e, de várias
maneiras, o crescimento simétrico não se realiza. Diz-se dêstes cris-
tais que são malformados. Ordinariamente, a quantidade de malfor-
mação não é tão grande a ponto de impedir o cristalógrafo de ima-
ginar prontamenie qual seria o cristal desenvolvido idealmente e, assim,
determinar sua simetria. Deve-se notar que a simetria real de um
cristal não depende da configuração simétrica e do tamanho de suas
faces, mas antes da aparência física das faces e do arranjo simétrico
dos ângulos interfaciais. Nas Figs. 46 a 51, estão representadas várias
formas de cristal, primeiramente, desenvolvidas de maneira ideal e,
depois, malfonnadas.

D. PROJEÇÓES DOS CRISTAIS


Introdução. A projeção de um cristal é um meio de represen-
tá-lo tridimensionalmente sôbre uma superfície plana bidimensional.
Usam-se diferentes projeçks para diferentes fins, mas cada uma é
feita de acordo com uma regra definida. de modo que a projeção apre-
senta uma relação conhecida e reproduzível para o.cristal. Os dese-
nhos dos cristais neste livro denominam-se projeçóes clinográficm e
são um tipo de desenho em perspectiva que representa uma imagem
semelhante a um retrato dos cristais em duas dimensões. Este é o
melhor meio de transmitir a aparência de um cristal e, de modo geral,
serve muito melhor ao propósito do que uma fotografia.
Dado que a configuração e o tamanho reais das diferentes faces
de um cristal são, principalmente, o resultado de acidentes do cresci-
mento, desejamos, ao projetar, reduzir ao mínimo êste aspecto do
cristal. Ao mesmo tempo, é importante acentuar a relação angular
das faces umas para com as outras, pois, como ressalta a lei de Steno,
existe uma constância dos ângulos interfaciais em todos os cristais
de uma dada espécie mineral.
Projegão esf6rica. Podemos usar a projeçáo esférica para loca-
lizar as faces estritamente de acordo com suas relações angulares e
sem consideração pelo tamanho ou configuração. Podemos encarar a
feitura desta projeção da seguinte maneira. Imaginemos um modêlo
oco de um cristal contendo uma fonte de luz brilhante. .Coloquemos
agora êste modêlo dentro de uma grande esfera oca, de material trans-
parente, de modo tal que a fonte de luz fique no centro da esfera.
Se fizermos agora um furinho em cada face, de maneira que o raio
de luz que emerge daquele seja perpendicular à face, êstes raios de
luz cairão sobre a superfície intema da esfera, fazendo aí pontos bri-
lhantes. A situação toda assemelha-se muito a um planetário em que
o modêlo do cristal com sua fonte de luz intema e furinhos é o pro-
jetor e a esfera transparente, a abóboda. Se marcarmos agora sôbre
a esfera a posição de cada ponto de luz, poderemos remover o mo-
dêlo e ter um registro permanente de suas faces. Cada uma das quais
é representada na esfera por um ponto chamado pólo de face. Esta é
a projeçáo esférica.
A posição de cada pólo e, portanto, sua relação angular com os
outros pólos pode ser fixada pelas coordenadas angulares na esfera.
Faz-se isto de maneira semelhante à localização de pontos sôbre a
superfície terrestre por meio da longitude e da latitude. Por exemplo,
as coordenadas angulares 74O00' de longitude ocidental, 40°45' de la-
titude norte localizam um ponto na cidade' de Nova Iorque. Isto signi-
fica que o ângulo, medido no centro da Terra, entre o plano do
equador e a linha que vai do centro da Terra e passa por aquêle
ponto em Nova Iorque, é exatamente 40°45', e o ângulo entre o meri-
diano de Greenwich e o meridiano que passa pelo ponto em Nova
Iorque, medido na direção ocidental no plano do equador, é exata-
mente 74O00'. Estas relaçóes aparecem na Fig. 52. Pode-se usar um sis-
tema semelhante para localizar os pólos das faces sobre a projeçáo
esférica de um cristal. Existe grande diferença e.ntre localizar pontos
sôbre uma projeçáo esférica e localizar pontos sobre a superfície da
Terra. Nesta, a latitude é medida em graus ao norte e ao sul do equa-
dor, ao passo que o ângulo usado na projeçáo esférica é a colatitude,
ou ângulo polor, que é medido em graus a partir do pólo norte. O
p610 norte da projeção de um cristal está, portanto, a uma colatitude
de 0°, e o equador, a 90°. A colatitude de Nova York é 49O15'.
Designa-se êste ângulo em cristalografia pela letra grega (rô).
A "longitude" do pólo de uma face sobre a projeção esférica
mede-se, da mesma maneira que as longitudes sobre a Terra, em graus
até 180°, no sentido da marchados ponteiros de um relógio, ou em
sentido contrário, a partir de um meridiano inicial análogo ao meri-
PRWEÇúES DOS CRISTAIS 37

diano de Greenwich na geografia. Para localizar êste meridiano ini-


cial, orienta-se o cristal d e maneira convencional com a face (010)
A direita d o cristal. O meridiano que passa sobre o pólo desta face
toma-se como zero. Assim, para se determinar a longitude de qual-
quer face d o cristal, passa-se um meridiano sobre o pólo da mesma
e o ângulo entre êle e o meridiano zero é medido no plano d o equa-

Fig. 52. Latitude e Longitude da Cidade de Nova lorque.

dor. Este ângulo é designado pela letra grega 4 (fi). Se passarmos


qualquer plano através da esfera. êle cortará a sua superfície circular-
mente. Os círculos de diâmetro máximo são os formados por planos
que passam através d o centro e têm diâmetro igual a o da esfera.
Chamam-se círculos máximos. .Todos os outros círculos, formados
por planos que passam através da esfera, são círculos menores. Os
meridianos sobre a Terra e o equador são círculos máximos, ao passo
que os paralelos de latitude sáo círculos menore.7.
A projeçáo esférica de um cristal demonstra claramente relaçóes
zonais interessantes, porque os pólos de todas as faces em uma zona
ficam ao longo de um círculo máximo de projeçáo. Na Fig. 53 (pro-
jeçáo esférica), as faces (OOl), (101), (100), (101) e (007) situam-
se em uma zona com o eixo de zona [OlO]. Como o círculo máximo,
ao longo do qual se situam os pólos destas faces, passa pelos pólos

Fig. 53. Projeçáo Esférica de Formas Isorn6tricas

norte e sul da projeçáo, chama-se círculo máximo vertical. O eixo da


wna é sempre perpendicular ao plano que contém os pólos das faces
e, assim, todos os círculos verticais possuem eixos de zona horizontais.
Projeçáo estereográfica. A projeçáo esférica é análoga a um
globo terrestre, isto é, um mapa da Terra sobre a superfície de uma
esfera. Por conseguinte, o processo de redução da projeçáo esférica
a uma projeçáo bidimensional é Análogo ao processo pelo qual o
PRWEWES DOS CRISTAIS 39

cartógrafo rednz a superfície da Terra, substanciaimente esférica, a


um mapa plano. O cartógrafo preocupa-se com a preservação de con-
figuraçóes e áreas tanto quanto em manter relações que possam ser
reproduzidas entre pontos separados. A escolha que êle faz da pro-
jeção é, na melhor das hipóteses, uma transigência, porque a esfera
não pode ser representada em uma fôlha de papel sem alguma distor-
ção. Afortunadamente, ao fazer o mapa das faces dos cristais, não
se está preocupado com a configuração ou a área. Deseja-se sòmente
representar as posições angulares das faces de tal modo que possa
ser desenhada uma versão idealizada do cristal, revelando sua simetria
verdadeira. Deseja-se também poder fazer cálculos a partir da pro-
jeção, recuperar dela os dados angulares usados quando foi feita e,
ocasionalmente, fazer desenhos de perspectiva do cristal com base
nela. Para êstes fins, duas projeçóes são muito úteis: ( 1 ) a projeçüo
estereográfica, melhor para determinar a simetria, mais compacta e
mais fácil de se fazer, sendo, por isto, a única que será considerada
aqui. E (2) a projeçóo g d n i c a que é mais usada para se fazerem
desenhos do cristal (projeçóes clinográficas) e determinações gráficas
das relaçóes axiais e para correlacionar, indicando-lhes os índices,
as faces do cristal com os dados derivados das medidas de difração
dos raios X.
A projeção estereográfica é a representação em um plano de
metade da projeção esférica, geralmente o hemisfério norte. O plano
de projeção é o equatorial e o círculo primitivo (círculo que con-
torna a projeção) é o próprio equador. Se alguém f h s e ver os pólos
das faces do cristal localizados no hemisfério norte com o Ôlho pósto
no pólo sul, as interseções das linhas da vista com o plano equatorial
seriam os pólos correspondentes na projeção estereográfica.
Podemos, assim, fazer uma projeção estereográfica traçando li-
nhas do pólo sul aos pólos das faces no hemisfério norte. Os pólos
correspondentes na projeção estereográfica estão localizados onde
estas linhas cortam o plano equatorial. A Fig. 54 mostra a relação
das duas projeçks.
Dado que na prática os pólos são localizados diretamente na
projeção estereográfica, é necessário determinar as distâncias estereo-
gráficas em relação aos ângulos da projeção esférica. A Fig. 55 mos-
tra uma seção vertical através da projeção esférica de um cristal
no plano d o "meridiano zero", isto é, o plano que contém o pólo
de (010). O ângulo de qualquer face que se situa nesta seção
é O0 quando à direita do centro e 180" se à esquerda do mesmo.
N e S são, respectivamente, os pólos norte e sul da esfera de proje-
ção, O é o centro do cristal projetado. Consideremos a face (011).
OD é a perpendicular à face (011) e D é o pólo desta face na pro-
jeção esférica. A linha vinda do pólo sul, SD, corta o traço do plano
do equador, FG, no ponto D', o pólo estereográfico de (01 1): O ân-

Fig. 54. Relação das Projeções Esférica e Estereográfica. Segundo E. E.


Wahlstrom, Oprical Crystallography, John Wiley and Sons, Nova Iorque, 1951.

gulo NOD será reconhecido como o ângulo p (rô). De modo a loca-


lizar D diretamente sobre a projeção estereográfica, é necessário deter-
minar a distância OD' em têrmos do ângulo p. Sendo o triângulo
ASOD isóscele, L ODS=L OSD. L ODS+ L OSDi-L NOD= p.
Por conseguinte,.^ OSD = p/2. OS = r , O raio do primitivo da pro-
jeção.
tg p / 2 = OD'/r, OU OD' = r tg P / %

Resumindo, para se achar a distância, projetada estereogràfica-


mente a partir do centro da projeção do pólo de qualquer face, é ne-
cessário achar a tangente natural da metade de p daquela face e mul-
PROJEÇóES DOS CRISTAIS

tiplicá-Ia pelo raio da projeção. A distância obtida desta maneira será,


quaisquer que sejam as unidades, usada para medir o raio do círculo
primitivo da projeçáo.

Fig. 55. Seção através da Esfera de Projegáo mostrando a RelacZo dos Pólos
Esféricos para com os Estereográficos.

Além de determinar a distância a que um p610 deve situar-se a


partir do centro da projeçáo, é preciso determinar também sua "lon-
gitude" ou ângulo +. Como o ângulo é medido no plano do equador,
o qual é também o plano da projeção estereográfica, êle pode ser
marcado diretamente no primitivo por meio de um transferidor circular.
Primeiramente, é necessário fixar o "meridiano zero", fazendo um
ponto no círculo primitivo para representar o pólo de (010). Uma li-
nha reta passando por êste ponto e pelo centro da projeçáo é o meri-
diano zero. Com a margem d o transferidor ao longo desta linha e o
ponto central no centro da projeção, o ângulo + pode ser marcado.
Numa linha traçada do centro da projeção passando por êste ponto,
situam-se todos os pólos de faces possíveis, tendo o ângulo + espe-
+
cificado. Os ângulos positivos são marcados no sentido dos ponteiros
de um relógio a partir de (010); os negativos são marcados em sentido
contrário aos mesmos, como mostra a Fig. 56. Para localizar o pólo
que tem êste dado valor, é necessário achar a tangente natural de
metade de p, multiplicá-la pelo raio da projeção e marcar a distância
42 CRISTALOGRAFIA

resultante ao longo da linha +. Embora possa ser escolhida qualquer


projeçáo d o raio, usa-se habitualmente uma de 10 centímetros. Esta e
suficientemente grande para ser exata sem ser incomoda e, ao mesmo
tempo, simplifica os cálculos. Com um raio de 10 centímetros, é

Fig. 56. Projeção Estereográfica das Faces do Cristal.

necessário sòmente ver a tangente natural, mover a vírgula decimal


uma casa para a direita e localizar o resultado em centímetros a partir
do centro da projeção. Quando os pólos das faces d o cristal estão loca-
lizados estereogràficamente, como explicado antes, sua simetria de
arranjo deve ser aparente (ver Fig. 57). Vimos (página 37) que
um círculo máximo na projeção esférica é o lugar dos pólos das faces
que se situam em uma zona d o cristal. Quando projetados estereogrà-
ficamente, os círculos máximos verticais tornam-se diâmetros da pro-
jeção. Todos os outros círculos máximos projetam-se como arcos de
círculo que subteudem um diâmetro. O limite dêstes círculos máximos
é o primitivo da projeçáo que é, êle próprio, um círculo máximo co-
mum às projeções tanto esférica como estereográfica. Os pólos das
faces verticais d o cristal situam-se no primitivo e, assim, êles são
projetados sem distorção.
PROJECóES DOS CRISTAIS 43

Fip. 57. P r o j e ç i o Estereográfica de Faces I s o m é t r i c a s . Segundo E. E. Wahls-


t r o m . Opricnl Crvstallopr<rph~.John Wiley and Sons. Nova lorque, 1951.

Rêde estereográfica. Tanto a medição como a localização dos


ângulos na projeção estereográfica são grandemente facilitadas por
meio da rêde estereográfica' (Fig. 58). Todos os círculos, tanto os má-
ximos como os menores, estão desenhados na rêde com intervalos de
l 0 ou 2O. Na Fig. 58, os intervalos são de 2 O . Uma projeção feita em
papel transparente pode ser colocada sôbre a réde, lendo-se os ângulos
diretamente. Os ângulos + sáo determinados onde uma linha reta vinda
do centro da projeção e passando pelo pólo da face corta o primitivo.
Para se determinar o ângulo p , a projeçáo deve girar em tomo do
centro até que o pClo da face fique em um dos círculos máximos ver-
ticais. O ângulo pode ser lido então diretamente na réde.
Se os ângulos 4 e p são conhecidos, o estereograma pode ser feito,
invertendo-se o processo. Primeiramente, marca-se um ponto no primi-

A rêde estcreoerhfica 6 chamada lambem rêde de Wulff. de G. V. Wulff, crinald-


prafo russo (1863-1725). Ver no fim deste livro a rEde estercoer5fiea de 10 ccntlmctror de
rili0
44 CRISTALOGRAFIA

tivo em + = O0 de modo que a projeção possa sempre retornar à sua


posição inicial. O pólo de uma face é localizado da seguinte maneira:
( I ) marcar um ponto no primitivo do ângulo +; (2) girar a projeção
até que êste ponto esteja na extremidade de um círculo máximo verti-
cal; (3) marcar o ângulo ao longo desta linha à distância exata
do centro. Este é o pólo da face.

Fip. 58. Rêde Estereográiica (Wulff). Raio Igual a 5 Centímetros.

Em vez de medir os ângulos + e p, o estudante mede usualmente


os ângulos interfaciais, que podem ser localizados fàcilmente com o
auxílio da rêde estereográfica. Como exemplo, consideramos a Fig. 59,
um desenho de cristal do mineral ortorrômbico, a anglesita. O ponto
de partida, como em todas as projeçóes, é o lado pinacóide (OlO),
face b (Fig. 60). O pólo desta face deve ser colocado no primitivo,
em OO. Os ângulos interfaciais b A n = 32X0, e b A m = 52O podem
ser medidos e localizados como ângulos 4 no primitivo. A face c é o
pinacóide basal, (001); ela faz um ângulo de 90° com b e seu pólo
MEDIDA DOS ANGULOS DOS CRISTAIS 45

deve ser colocado no centro da projeção. A face o está na zona com c


e b e, assim, tem um ânguld + de OO. Seu ângulo p, c A o = 5 2 0
pode ser medido diretamente e localizado ao longo do círculo máximo

Circulo menor

Fig. 59. Anglesita. Fig. 60. i+calizaçáo de Pólos Usando a


Rêde Estereogrifica.

vertical. A face d situa-se em uma zona vertical, formando um ângulo


de 90° com a zona c, o, b. Ela. tem, assim, + t90° e c A d r 3 9 P ,
que pode ser localizado ao longo do círculo máximo vertical da rêde.
O pólo da face y não'pode ser localizado diretamente, mas os ân-
gulos b A y = 50° e c A y = 57O podem ser medidos. Para localizar
êste pólo, gira-se a projeção de 90°, de modo que b fique ao longo
dos raios dos círculos menores da rêde e faz-se um traço do círculo
de 500. Este círculo menor é o lugar de todos os pólos a 50° de b.
Gira-se de novo a projeção até que éste traço do círculo corte um
círculo máximo vertical a 57O (c A y ) . 'oste é o pólo de y.
Para verificar esta posição, deve-se medir o ângulo m A y=3g0.
Agora, com o pólo rn colocado ao longo dos raios dos círculos meno-
res, traçar o círculo meflor de 38O. Ele deve cortar também no ponto
comum. Tendo localizado o pólo y, seus ângulos + (32X0) e p (57O)
podem ser lidos diretamente na rêde estereográfica.

E. MEDIDA DOS ÂNGULOS DOS CRISTAIS


Na seção precedente sobre projeção de cristais, acentuou-se co-
mo registrar gràficamente os ângulos entre as faces de cristais. A me-
46 CRISTALOGRAFIA

dida dêstes ângulos executa-se com instrumentos conhecidos como


goniôrnetros. Para medição precisa, particularmente com pequenos cris-

Fix. 61. Medição Angular com o Goniómetro de Reflexão.

tais, usa-se o goniômetro de reflexão.


Este é um instrumento sobre o qual
se monta o cristal a ser medido, de
modo a ser girado em tôrno de um
eixo de zona e a refletir raios de luz
de suas faces, através de um telescó-
pio, ao ÔIho do observador. O ângu-
lo a ser girado pelo cristal para que
lance raios de luz sucessivos de duas
faces adjacentes dentro do telescópio
Fig. 62. Goniómetro de Contato. determina o ângulo entre as faces.
Vê-se na Fig. 61 que o ângulo
entre m e a pode ser determinado, registrando-se as posiçóes de refle-
xão, primeiro da face a e depois da face m, anotando-se a diferença
angular. O ângulo determinado desta maneira é o ângulo interno.
Estes ângulos internos, suplementos dos ângulos interfaciais externos,
são os que se mencionam nos dados cnstalográficos.
Um instrumento mais simples, usado para trabalho aproximado
e com cristais de maior tamanho, 6 o goniômetro de contato. A Fig. 62
ilustra sua aparência e uso. Usando-se o goniômetro de contato, é
imperativo que o plano determinado pelas duas aiidades d o goniô-
metro seja exatamente perpendicular A aresta entre as faces medidas.
AS TRINTA E DUAS CLASSES DE CRISTAIS 47

Devese lembrar também que é o ângulo interno que é registrado.


Assim, na Fig. 62, o ângulo deve ser lido como 40°, não como 140°.

F. AS TRINTA E DUAS CLASSES DE CRISTAIS


Na sefão seguinte, as trinta e duas classes de cristais, relacio-
nadas na página 22, são descritas nos sistemas cristalinos em que
estão agrupadas. A simetria de cada classe é dada em têrmos de pla-
nos e eixos, mas é mostrada também por meio de estereogramas,
dando as projeçóes de tôdas as faces das formas gerais. Estas são as
formas das quais as classes derivam seus nomes. Nos estereogramas, é
necessário mostrar as faces tanto no hemisfério sul como no norte,
para dar-se completamente a simetria da classe. Faz-se isto superpon-
do-se as projeçóes estereográficas dos dois hemisférios, com os pólos
no hemisfério norte representados por pontos sólidos e os no hemis-.
fério sul, por círculos. Nestas condiçEks, se dois pólos se situam dire-

Fig. 63. Figa 64.

Cristal com simetria 2/m3. O estereograma mostra um plano de simetria for-


mando ângulos retos, com cada um dos eixos binários de rotaçáo e quatro
eixos ternários de inversão rotatória. O círculo primitivo sólido denota um
plano de simetria horizontal que indica faces na parte inferior do cristal dire
tamente abaixo das situadas na parte superior.

tamente um sobre o outro na esfera, serão representados por um


ponto sólido rodeado por um círculo. Uma face vertical é representada
por um ponto único no primitivo, porque, embora tal pólo apareça
nas projeçóes tanto da parte superior como da inferior do ctistal, re-
presenta apenas uma face.
48 CRISTALOGRAFIA

A Fig. 63 é o desenho de um cristal com um plano de simetria


horizontal.' O estereograma dêste cristal, Fig. 64, conseqüentemente,
tem para tôdas as faces pontos sólidos, rodeados por um círculo para
indicar as faces ~Òrres~ondentes nas partes superior e inferior do cris-
tal. A Fig. 65 é o desenho de um cristal a que falta um plano de si-
metria horizontal. Seu estereograma, Fig. 66, tem doze pontos sólidos
como pólos das faces no hemisfério norte e doze círculos como pólos
das faces no hemisfério sul.

Fig. 65. Fig. 66.

Cristal com simetria ?3m. O estereograma mostra três eixos quaternários de


inversão rotatória, seis planos de simetria e quatro eixos de rotação temários.
O circulo primitivo interrompido indica a ausência de um plano de simetria
horizontal e as faces na parte superior do cristal não se situam acima das
da parte inferior.

SISTEMA ISOMÉTRICO
Eixos cristalográiicos. As formas dos cristais de tôdas as classes
do sistema isométrico são referidas a três euos de igual comprimento
formando ângulos retos entre, si. Como os eixos são idênticos, são
todos permutáveis e todos designados pela letra a. Quando orientado
convenientemente, um eixo, a,, é horizontal e orientado no sentido

Um cirnilo primitivo s6lido na proicqKo indica um plano horirontal de simetria: um


circulo primitivo interrompido indica a ausência de um plano de simetria horiEontaL Uma
linha sólida de~snhada somo um circulo m b i m o (vertical ou riso) indica um Plano de
simctna. An linhas retas intcrmmpidai indicam ar msisões d a eixos do cristal ou dor eixos

fcrndrio,'. eira qustcrnlrio,


-
de simetria; on riros do cristal 5.50 rotulados o, b ou c. ao passo que os eixa de r i m e
tiia são indicados por rFmbalos nas extremidades destas linhas. 0 s eixos de rotaGã0 de ri-
mcuia sHo indicados u>m simbolos sólidos da seguinte maneira: eixo binário. A &o
eixo sm6ria. Os eiroa de invcrsáo rotatdtia são indicada
com simholos abrrtoi. como: A temirio, quaternátio. 0 sen5rio.
-'
SISTEMA ISOMmRICO 49

ântero-posterior, az é horizontal, indo da direita


para a esquerda e a, é vertical (ver Fig. 67). 1
Símbolos das formas. Embora o s í m b

-+'i-
lo de qualquer face de uma forma de cristal
possa ser usado como símbolo da forma, con-
vencionou-se empregar, quando possível, uma -S
em que h, k , 1 são todos positivos. Nas formas
com duas ou mais faces com h, k e 1 positivos, Fia. 67. Eixos de
a afirmação anterior é ambígua. Nestes casos, a IsomCtrico.
regra seguida é tomar c símbolo da forma com
h < k < I . Por exemF o, a forma com um símbolo de face (123) tam-
bém tem faces com ,.imbolos (132), (213), (231), (312) e (321).
Seguindo a regra, 123) seria tomado como o símbolo da forma, pois
aqui h < k < 1.
Ao dar as coordenadas angulares de uma forma, é costume dá-las
sòmente para uma face; as outras podem ser determinadas conhecendo-
se a simetria. A face para a qual são dadas estas coordenadas é aquela
com os valores mínimos de + e p. Esta é a facé da forma em que
h<k<l.

Classe Hexaoctaédrica - 4/m 22/m

Simehia. C, 3A4, 4A,, 6A2, 9P. Existe um centro de simetria.


Os trés eixos cristalográficos são eixos de simetria quaternários (ver
Fg. 68). Há também quatro eixos diagonais de simetria ternária.
Esteseixos emergem no meio de cada um dos oitantes formados pela

Fig. 68. Fig. 69. Fig. 70.


Eixos de Simetria Isom~lriws,Classe Hexaoctaédrica.

interseção dos eixos cristalográficos (Fig. 69). Ademais, existem seis


eixos diagonais de simetria binária, cada um dos quais divide em duas
partes iguais um dos ângulos entre dois dos eixos cristalográficos,
como pode ser visto na Fig. 70.
50 CRISTALOGRAFIA

Esta classe tem nove planos de simetria: três dêles são conhecidos
por planos axiais, porque cada um inclui dois eixos cristalográficos
(Fig. 71) e seis chamam-se planos diagonais, porque cada um divide
o ângulo em dois iguais, entre dois dos planos axiais (Fig. 72).

Fig. 71. Fig. 72.

Planos de Simetria Isornétricos, Classe HexaoctaCdrica.

Esta simetria, a mais elevada possível nos cristais, define a classe


hexaoctaédnca do sistema isoméfrico. Cada forma de cristal e cada
combinação de formas pertencentes a esta classe devem mostrar sua
simetria completa. importante lembrar que nesta classe os três eixos
cristalográficos são eixos de simetria quatemária. Assim, os eixos cris-
talográficos podem ser localizados facilmente e o cristal ser orientado
convenientemente.

Fig. 73. Hexaoctaedro. Fig. 74. Estereograma do Hexaoctaedro.

O hexaoctaedro, a forma geral de que a classe deriva seu nome,


pode ser visto na Fig. 73. A Fig. 74 é um estereograma mostrando a
simetria da classe, ao dar os pólos das faces do hexaoctaedro. Uma
vez que o estudante compreenda o uso do estereograma, toma-se evi-
SISTEMA ISOMÉTRICO 51

dente quio elegantemente a simetria pode ser dada por seu uso, pois
em um diagrama se mostra a mesma simetria que nos cinco diagramas
das Figs. 68-72.
Formas. 1. Cubo ou Hexaedro (001). O cubo é uma forma
composta de seis faces quadradas que fazem entre si ângulos de 90°.'
Cada face corta um dos eixos cristalográficos e é paralela aos outros
dois. A Fig. 75 representa um cubo simples.

Fig. 75. Cubo. Fig. 76. Octaedro.

2 . Octuedro { 111 1 . O octaedro é uma forma composta de oito


faces triangulares, equiláteras, cada uma cortando todos os três eixos
cristalogrhficos igualmente. A Fig. 76 representa um octaedro simples

Fig. 77. Fii. 78.

Cubo e Octaedro.

e as Figs. 77 e 78 mostram combinações de um cubo e de um octaedro.


Quando em combinação, o octaedro pode ser reconhecido por suas
oito faces similares, cada uma inclinada igualmente em relação aos

I Na descri~ão dar formas nas paginas seguintes o modêlo eeomèrricamente perfeito

da forma náo modificada C considerado em cada caso. D e v e ~ e ter presente no espirito


que na natureza raramente se obtem èrte ideal e as cristais são não 9 6 malformador fre-
qiicntemcnfc. mas fambem limitados ordlnàriamentc por uma combinasão dc formar.
52 CRISTALOGRAFIA

três eixos cristalográficos. Deve-se notar que as faces de um octaedro


truncam simètricamente os vkrtices de um cubo.
3. Dodecaedro ou rombododecaedro { O l l ) . O dodecaedro é
uma forma composta de doze faces rômbicas. Cada face corta em
partes iguais dois dos eixos cristalográficos, sendo paralela ao tercei-
ro. A Fig. 79 mostra um dodecaedro simples e a Fig. 80, uma wm-
binaçâo de dodecaedro e cubo; as F i e . 81 e 82, combinações de

Fie. 79. Dodccaedro. Fie. 80. Cubo e Fig. 81. Octaedro e


Dodecaedro. Dodecaedro.

dodecaedro e octaedro e a Fig. 83, uma combinação de cubo, octaedro


e dodecaedro. Note-se que as faces do dodecaedro truncam as ares-
tas tanto do cubo como do octaedro. O dodecaedro é chamado algu-
mas vêzes de rombododecaedro para distingui-lo do dodecaedro
pentagonal e do dodecaedro geométrico regular.

Fig. 82. Dodccaedro e Fig. 83. Cubo, Octaedro e


Octaedro. Dodecaedro.

4 . Tefraexaedro {Okl). O tetraexaedro é uma forma composta


de vinte e quatro faces, configuradas em triângulo isóscele, cada uma
das quais corta um eixo à distância unitária, corta o segundo eixo a
algum múltiplo, sendo paralela ao terceiro. Existem tetraexaedros que
SISTEMA ISOMmRICO 53

diferem uns dos outros no que se refere à inclinação de suas faces.


O mais comum dêles tem as relaçóes paramétricas m a,, 2a2, Ia?, cujo
símbolo é (012). Os índices das outras formas são {013), {014),
( 0 2 3 ) etc. ou, em geral, {Okl). E. interessante notar que o tetraexae-
dro, como seu nome indica, é igual a um cubo cujas faces foram
substituídas por quatro outras. A Fig. 84 mostra um tetraexaedro sim-
ples e a Fig. 85, um cubo com suas arestas biseladas pelas faces de
um tetraexaedro.

Fig. 84. Tetraexaedro. Fig. 85. Cubo e Tetraexaedro.

5 . Trapezoedro ou trioctaedro tetragonal 1 hhl). O trapezoedro


é uma forma composta de vinte e quatro faces, configuradas em tra-
pézio, cada uma das quais corta um dos eixos cristalográficos, à dis-
ráncia unitária, e os outros dois, a múltiplos iguais. Existem vários
rrapezoedros cujas faces tÊm ângulos de inclinação diferentes. Um tra-
pezoedro comum tem por parâmetros Za,, Za,, la,, e seu símbolo seria
{ 112). Os índices para os outros trapezoedros são { 1131, { 114),
( 2 2 3 ) etc , ou em geral {hhl). Note-se que um trapezoedro é uma

Fig. 86. Trapezoedro. Fig. 87. Dodecaedro e Trapezoedro

forma semelhante a um octaedro e pode ser concebido como sendo


um octaedro n o qual cada uma das faces foi substituída por três
outras. Conseqüentemente, chamam-no algumas vêzes trioctaedro te-
tragonal. Usa-se o qualificativo tetragonal para indicar que cada
uma das faces tem quatro arestas e para distingui-lo de outra forma
54 CRISTALOGRAFIA

trioctakdrica, cuja descrição é dada a seguir. Trapezoedro é, todavia,


o nome mais comumente usado. O que se diz a seguir auxilia no re-
conhecimento da forma quando ocorre em combinações: as tr8s faces
semelhantes encontradas em cada oitante; as relações de cada face
para com os eixos e o fato de que as arestas medianas entre as três
faces em qualquer oitante se dirigem para pontos equidistantes das
extremidades de dois eixos cristalográficos adjacentes. A Fig. 86
mostra um trapezoedro simples e as Figs. 87 e 88 mostram, cada
uma, um trapezoedro em combinação com um dodecaedro. Note-se
que as faces do trapezoedro comum n {I121 (Fig. 87) truncam as
arestas do dodecaedro. A Fig. 89 mostra uma combinação de cubo
e trapezoedro.

Fig. 88. Dodecaedro e Fig. 89. Cubo e Tra-


Trapewedro. pezoedro.

6. Triocraedro ou trioctaedro trigonal ( h l l ) . O trioctaedro 6 uma


forma composta de vinte e quatro faces, cada uma conbgiirada em
triângulos isósceles. Cada face corta dois dos eixos cristalográficos A
distância unitária e o terceiro eixo a algum múltiplo. Existem vários

Fig. 90. Trioctaedro. Fi. 91. Octaedro e


Triocteedro.

trioctaedros, cujas faces tem inclinações diferentes. Urn trixtaedro


comum tem para parâmetros 2al, luz, lua, sendo seu símbolo { 122).
Outros trioctaedros têm os índices (1331, { 1441, (233) etc. ou eni
SISTEMA ISOMfiRICO 55

geral { h l l ) . Nota-se que o trioctaedro, como o trapezoedro, é uma


forma que pode ser concebida como um octaedro no qual cada face
foi substituída por três outras. Dão-lhe frequentemente a denominação
de trioctaedro trigonal, e o qualificativo indica que cada uma de suas
faces tem três arestas e, assim sendo, diferem das do trapezoedro.
Mas quando a palavra iriocfaedro é usada sòzinha refere-se a esta
forma. As explicações seguintes ajudarão em sua identificação, quando
encontrados em combinações: as três faces semelhantes em cada oi-
tante; suas relaçóes para com os eixos e o fato que as arestas que as
limitam se dirigem para as extremidades dos eixos cristalográficos. A
Fig. 90 mostra o trioctaedro simples e a Fig. 91, uma combinação de
um trioctaedro e um octaedro. Nota-se que as faces do trioctaedro
biselam as arestas d o octaedro.
7 . Hexaocfuedro {Irkl). O hexaoctaedro é uma forma composta
de quarenta e oito faces triangulares, cada uma cortando de maneira
diferente todos os três eixos cnstalogr&ficos. Existem vários hexaoc-
taedros que possuem relações variáveis de intersefáo com os eixos. Um

Fig. 92. Hexaoctaedro. Fig. 93. Cubo e Hexaoctaedro.

Fig. 94. Dodecaedro e Fig. 95. Dodecaedro, Fig. 96. Dodecaedro e


Hexaoctaedro. Trapezoedro e Hexa- Trapezoedro.
octaedro.
hexaoctaedro comum tem para suas relacões paramétricas 6al, 3a2.
2an, com índices { 123). Outros hexaoctaedros tem índices { 1241,
{ 1351 etc. ou em geral { h k l } .Nota-se que o hexaoctaedro é uma forma
que pode ser considerada como um octaedro no qual cada face foi
56 CRISTALOGRAFIA

substituída por seis outras. Quando em combinação, pode ser reco-


nhecido pelos seguintes fatos: existem seis faces semelhantes em cada
oitante e cada face intercepta diferentemente os três eixos. A Fig. 92
mostra um hexaoctaedro simples; a Fig. 93, uma combinação de cubo
e hexaoctaedro; a Fig. 94, uma combinação de dodecaedro e hexaoc-
taedro e a Fig. 95, uma combiiação de dodecaedro, trapezoedro e
hexaoctaedro.
D e t e d n a ç á o dos índices das formas isométricas. Na determina-
ção das formas presentes em qualquer cristal isornétrico da classe he-
xaoctaédrica, é necessário em primeiro lugar localizar os eixos cris-
talográficos (eixos de simetria quaternária). Uma vez que o cristal foi
orientado por êstes eixos, as faces d o cubo, do dodecaedro e d o octae-
dro são facilmente reconhecíveis porque cortam, respectivamente, um,
dois e três eixos, a distâncias unitárias. Os índices podem ser pron-
tamente obtidos para as faces de outras formas que truncam simètrica-
mente as arestas entre faces conhecidas. As somas algébricas dos
índices h, k e 1 de duas faces dáo os índices da face que trunca simè-
tricamente a aresta entre elas. Assim, na Fig. 96, a soma algébrica das
duas faces do dodecaedro (101) e (01 1) é ( 1 12) ou os índices de
uma face do trapezoedro.
Ocorrência de formas isoméúicas da classe hexaoctaédrica. O
cubo, o octaedro e o dodecaedro são as formas isométricas mais co-
muns. O trapezoedro é observado também com frequência como a
única forma de alguns minerais. As outras formas, a saber, o tetra-
hexaedro, o trioctaedro e o hexaoctaedro são raros e observados ordi-
nariamente apenas como pequenas facêtas em combinações.
Um grande grupo de minerais cristaliza-se na classe hexaoctaédri-
ca. Alguns dos mais comuns são:
analcita galena leucita
cerargirita granada ouro
cobre grupo do espinélio prata
cuprita halita rilvita
fluorita lazurita uraninita

Classe Icositetraédrica Pentagonal (Giroédrica) - 432


Simetria - 3A4, 4A,, 6A2. Os eixos de simetria são idênticos
aos da classe hexaoctaédrica, como pode ser visto nas Figs. 54-56.
Contudo, não existem planos de simetria nem centro. O desenho
(Fi.97) representa o iwsitetraedro pentagonal (giroedro) e a Fig.
98, seu estereograma, mostra a simetria desta classe.
SISTEMA ISOMt%RIW 57

Formas. O icositetraedro pentagonal (giroedro) { h k l ) direito e


o esquerdo 1 khl). Estas formas têm cada uma vinte e quatro faces
e são enanliomorfas, isto é, têm relação uma com a outra como a
máo direita tem com a esquerda; a reflexão de uma forma produz a
outra. Todas as formas da classe hexaoctaédrica, com exceçáo do
hexaoctaedro, podem estar presentes na classe icositetraédrica penta-
gonal (giroédrica).
Por muitos anos, a cuprita foi considerada giroédrica, mas estu-
dos mais recentes mostraram que ela é provàvelmente hexaoctaédrica.
Com a eliminação da cuprita, nenhum mineral conhecido cristaliza-se
na classe icositetraédrica pentagonal (giroédrica).
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Fip. 97. Giroedro. Fig. 98. Estereograma do Giroedro

Classe Hexatetraédrica - T3m


Simetria - 3A,, 4A,, 6P. Os três eixos cristalográficos são eixos
de simetria aparente binária; na verdade, são eixos quaternários de

Flg. 99. Eixos de Simetria. Fig. 100. Plano? <li. Simetria.


Simetria da Classe Hexatetraedrica.

inversão rotatória. Os quatro eixos diagonais são eixos de simetria ter-


nária (Fig. 99). Existem seis planos diagonais de simetria (Fig. 100),
58 CRISTALOGRAFIA

os mesmos planos mostrados na Fig. 72 para a classe hexaoctaédrica.


A forma geral, o hexatetraedro, está ilustrada na Fig. 101 e um
estereograma da mesma pode ser visto na Fig. 102.

Flg. 101. Hexatetraedro. Fig. 102. Estereograma d o


Hexatetraedro.

Fonnas. 1. Tetraedro { 11 1 } positivo e { l i l } negativo. O te-


traedro é uma forma composta de quatro faces, tendo cada uma a
configuração de um triângulo equilátero. c a d a face corta todos os
cixos cristalográficos em comprimentos iguais. Pode ser considerado
como derivado do octaedro da classe he-
xaoctaédrica por omissáo das faces alternas
e prolongamento das outras (Fig. 103). A
Fig. 104 mostra também esta forma, conhe-
cida como tetraedro positivo { 111 1. Se as
outras quatro faces do octaedro tivessem
sido prolongadas, o tetraedro resultante te-
ria tido um2 orientação diferente, como mos-
tra a Fig. 105. Este é conhecido como o
Fik 103. Relaçáo entre o tetraedro negativo { 111 1. Os tetraedros po-
Octaedro e sitivo e negativo quando ocorrem sòzinhos
sao idênticos geomètricamente e a única
razao para reconhecer a possibilidade da existência de duas orienta-
çóes diversas é que elas podem ocorrer tmncando um ao outro, como
pode ser visto na Fig. 106. Se um tetraedro positivo e um,negativo
ocorressem juntos, com desenvolvimento igual, o cristal resultante não
poderia ser aistinguido de um octaedro a menos que, como acontece
muitas vezes, as faces das duas formas exibissem brilhos, corrosóes
Ou estnaçóes diferentes que serviriam para diferencá-10s.
SISTEMA ISOMCTRICO
- 59

Fig. 104. Tetraedro Fig. 105. Tetracdro Fig. 106. Tetraedra


Positivo. Negat: '^ Positivo e Negativo

Fig. 107. Trite- Fig. 108. Dehoide- Fig. 109. Hexate.


traedro. ddecaedro. traedro.

Fig. 110. Cubo e Fig. 111. Fig. 112. Tetraedro


Tetraedro. e Ddecaedro.

2 . Tritetraedro { hhl} positivo, { h $ l ) negativo. Eltes formas têm


doze faces que correspondem à metade das faces de um trapezoedro
(Fig. 107). tomadas ein p p o s alternados de três acima e três abai-
xo. A forma positiva pode-se tornar negativa mediante uma rotação de
90° em torno de um eixo vertical.
3 . Deitoidedodecaedro { h l l ) positivo, { h ? [ }negativo. Esta é uma
forma de doze faces as quais correspondem à metade das do trioctae-
dro, tomadas em grupoi de três acima e trés atbaixo (Fig. 1 0 8 ) .
4. Hexatetraedro { h k l ) positivo, { h k l ) negativo. O hexatetrae-
dro (Fig. 1 0 9 ) tem vinte e quatro faces que correspondem à metade
das faces do hexaoctaedro, tomadas em grupos de seis acima e seis
abaixa
O cubo, o dodecaedro e o tetrahexaedro estão preserites também
na classe hexatetraédrica. As Figs. 110 e 111 mostram combinaçóes de
60 CRISTALOGRAFIA

cubo e tetraedro. Note-se que as faces do tetraedro truncam os vértices


alternos do cubo, ou que as faces do cubo truncam as arestas de um
tetraedro. A Fig. 112 mostra a combinação do tetraedro com o do-
decaedro. A Fig. 113 representa uma combinação de cubo, dodecaedro
e tetraedro. A Fig. 114 mostra uma combi'naçáo de tetraedro e de
tritetraedro.

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I *

L.
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Fig. 113. Dodecaedro, Cuba Fig. 114. Tetraedro e Trite-
Tetraedro. traedro.

A tetraedrita e a tennantita com ela relacionada são os únicos


minerais comuns que ordinàriamente mostram formas distintas hexate-
traédricas. A esfalerita exibe-as ocasionalmente, mas geralmente seus
cristais são complexos e malformados. Acreditava-se que o diamante
fôsse hexatetraédrico, mas levando em conta o desenvolvimento da
forma usual deve ser considerado da classe hexaoctaédrica.

Classe Diploédrica (Didodecaédrica) - 2 / m 7


Simehia - C, 3A2, 4A,, 3P. Os três eixos cristalográficos são
eixos de simetria. binária; os quatro eixos diagonais, emergindo cada
um do meio de um oitante, sáo eixos de simetria ternária; os três

Fig. 115. Eixos de Simetria. Fig. 116. Pl.iri<ii <li. Simetria.

Simetria da Classe Diploédrica.

planos axiais sio planos de simetria (Figs. 115 e 116). A Fig. 117
ilustra um diploedro positivo e a Fig. 118, um estereograma mostrando
sua simetria.
SISTEMA ISOMÉTRICO 61

Fig. 117. Diploedro.

Formas. 1. Piritoedro ou pentagonododecaedro (h01) positivo e


{ O k l ) negativo. Esta forma consiste em doze faces, cada uma confi-
gurada em um pentágono. Cada face corta um eixo cristalográfico à
distância unitária, corta o segundo eixo a algum múltiplo da distância
unitária, sendo paralela ao terceiro. Existem piritoedros que diferem

Fig. 119. Piritoedro Fig. 120. Piritoedro Fig. 121. Rc1a~;io entre
Positivo. Negativo. Piritoedro e Tetraexaedro.

uns dos outros no que se refere à inclinação de suas faces. O piritoe-


dro positivo mais comum tem as relações paramétricas 2a,, m a2, iaa,
cujos índices são ( 1 0 2 ) (Fig. 119). A Fig. 120 mostra o piritoedro
negativo correspondente.
Note-se que o símbolo geral { O h l ) para o piritoedro negativo é o
mesmo que para o tetraexaedro. Um pintoedro pode ser considerado
como derivado do tetraexaedro correspondente por om~issáodas faces
alternas e pelo prolongamento das restantes. A Fig. 121 mostra as
relações das duas formas. As faces sombreadas do tetraexaedro são
as que, quando prolongadas, formariam as faces do piritoedro.
2 . Diploedro ( khl) positivo, { hkl) negativo. O diploedro é uma
forma rara composta de vinte e quatro faces que correspondem à me-
tade das faces de um hexaoctaedro. O diploedro pode ser imaginado
como tendo duas faces formadas sôbre cada face d o piritoedro (Fig.
118). Como no caso d o pintoedro, uma rotação de 900 em tôrno de

Fig. 122. Cubo Fig. 123. Cubo e Piri-


estriado. toedro.

Fii. 124. Fig. 125. Fig. 126.


Piritoedro c Octaedro.

um dos eixos cristalográficos leva o diploedro positivo à posição ne-


gativa.
Além do piritoedro e do diploedro, podem estar presentes nesta
classe o cubo, o dodecaedro, o octaedro, o trapezoedro e o trioctaedro.
Em alguns cristais, estas formas podem aparecer isoladas e tão perfei-
tamente desenvolvidas que não podem ser distinguidas das formas da
classe hexaoctaédrica. Isto acontece muitas vêzes no caso dos octae-
dros de pirita. Usualmente, entretanto, mostrarão pela presença de li-
nhas de estriação ou figuras de corrosão que n%opossuem a alta sime-
tria da classe hexaoctaédrica, mas que se conformam antes com a si-
metria da classe diploédrica. Pode-se ver isto na Rg. 122 que repre-
senta um cubo de pirita com estriaçóes características, dispostas de tal
forma que o cristal mostra uma simetria mais baixa. A Fig. 123 re-
presenta uma combinação de cubo e piritoedro em que se nota que
as faces do piritoedro truncam assimètricamente as arestas do cubo. As
Figs. 124, 125 e 126 representam combinações de piritoedro e octae-
dro com vários desenvolvimentos. A Fig. 127 mostra um cubo trun-
cado pelo piritoedro e pelo octaedro. A Fig. 128 representa uma com-
SISTEMA ISOMhRICO 63

binação de cubo e diploedro { 1241. Estas figuras devem ser estudadas


para que se adquira uma impressão da simetria característica da classe.

Fig. 127. Piritoedro, Fig. 128. Diploedro


Cubo e Octaedro. e Cubo.

O principal mineral da classe diploédrica é a pirita; outros mais


raros desta classe são a skuttemdita, a cloantita, a gersdorffita e a
sperrylita.

Classe Tetartoédriea (Pentagonododecaédrica


Tetraédrica) - 23

S i - 3A2, 4A3. Os três eixos cristalográficos são eixos de


simetria binária e os quatro eixos diagonais são eixos de simetria ter-

Fig. 129. Tetartoedro. Fig. 130. E~tereogramado Tetartoedro

nária. Os eixos de simetria são os mesmos que os da classe diploédrica


(Fig. 115), mas não existem planos de simetria nem centro. A Fig. 129
é um desenho do tetartoedro positivo direito e a Fig. 130, seu este-
reogama.
64 CRISTALOGRAFIA

Formas. Existem quatro formas distintas de tetartoedro. São


elas: positivo direito { h k l ) , positivo esquerdo { k h l ) , negativo direito
{ k h l ) , negativo esquerdo { h z l ) . Eles compreendem dois pares enan-
tiomorfos: positivo direito e esquerdo e negativo direito e esquerdo.
Outras formas que podem estar presentes são o cubo, o dodecaedro, os
piritoedros, os tetraedros e os deltoidedodecaedros.
A cobaltita e a ullmanita, NiSbS, são os representantes minerais
mais comuns que se cristalizam na classe tetartoédrica.

Características dos Cristais lsométricos

As características mais notáveis dos cristais isométricos que aju-


dam em seu reconhecimento podem ser resumidas da seguinte maneira:
Os cristais sem deformação têm as mesmas dimensões nas três
direçóes que formam ângulos retos entre si. Estas três direções são as
dos eixos cristalográficos. Os quatro eixos de simetria temária são co-
muns a todas as classes do sistema isométrico. Os cristais comumente
mostram faces que são quadrados ou triângulos equiláteros, ou estas
figuras com vértices truncados. Caracterizam-se pelo grande número
de faces semelhantes; seis é o menor número em qualquer forma de
classe hexaoctaédrica. Cada forma por si própria constitui um sólido
e é, assim. uma forma fechada. Os mesmos índices usam-se para
formas nas diferentes classes e, portanto, ao referir-se a uma forma
por seus índices, é necessário citar a classe.
Alguns ângulos inierjaciais importantes do sistema isométrico, que
podem auxiliar no reconhecimento das formas mais comuns,. são os se-
guintes:
Cubo (100) A cubo (010) = 90000'
Octaedro ( 1 11 ) A octaedro (71 1) = 700 32.
Dodecaedro (011) A dodecaedro (101) = 60° 00'
Cubo (100) A octaedro (1 11) = 54O 44'
Cubo (100) A dodecaedro (110) = 45O 00'
Octaedro ( 1 1 1) A dodecaedro ( 1 10) = 350 16'

SISTEMA HEXAGONAL

Existem doze classes cristalinas no sistema hexagonal, divididas em


dois grupos - a div&üo hexagonal e a divisúo rornboédriccr. As clas-
ses cristalinas na divisão hexagonal possuem um eixo de simetria se-
SISTEMA HEXAGONAL' 65
--

I.

nário de rotação ou de inversão rotat&ia, ao passo que as da divisão


romboédrica têm um eixo ternário de rotação ou de inversão rotatória.
Contudo, mesmo nos cristais bem formados, pode ser difícil deter-
minar a classe cristalina sòmente por sua morfologia. Os cristais rom-
boédricos podem parecer hexagonais por causa da presença de: formas
hexagonais dominantes e os cristais hexagonais podem parecer rom-
boédricos, porque um eixo senário de inversão rotatória ( 6 ) é equiva-
lente a um eixo ternário com um plano perpendicular a êle (3/m).
Eixos cristalográficos. As formas de amhas as divisões, a hexa-
gonal e a rombofdrica, referem-se a quatro eixos cristalográficos, na
forma proposta por Bravais. Três dêles, os eixos a, situam-se no plano
horizontal e são de comprimento igual, formando ângulos de 120°
entre as extremidades positivas; o quarto eixo c é vertical. O compri-
mento dos eixos horizontais é tomado como a unidade e o eixo ver-
tical, que é de comprimento diferente em cada mineral hexagonal, ex-
prime-se em função daquela unidade. Assim, para o herilo, o eixo
vertical, designado por c, tem um comprimento que, em relação ao
comprimento dos eixos horizontais, pode ser expresso por c = 0,499.

I-c
Fig. 131. Fig. 132.
Eixos do Cristal Hexagonal.

Quando orientado convenientemente, um dos eixos cristalográfi-


cos vai da esquerda para a direita e os outros dois formam ângulos de
30° de cada lado de uma linha perpendicular a ele. A Fig. 131 mostra
a posição exata dos erxos horizontais quando olhados na direção do
eixo vertical. Como os três eixos são permutáveis entre si, são desig-
nados usualmente por a,, az, o?. Note-se que a extremidade positiva
de a, esti na frente e à esquerda, a extremidade positiva de ai está
à direita e a extremidade positiva de a, está atrás e à esquerda. A
Fig. 132 mostra os quatro ttxos em projeçáo clinogrsica. A o darmos
os índices para qualquer face de um. cristal hexagonal, temos de
mencionar quatro números ( o símbolo de Btavais), pois existem
66 CRISTALOGRAFIA

quatro eixos. Os números que expressam as recíprocas das intercep-


taçóes de uma face sobre os três eixos horizontais são dados na ordem
a,, a2, a, e o número expressando a recíproca da interceptação sobre
o eixo vertical é dado por último. O símbolo da forma geral de Bravais
é { h k i l ) com h > k . O terceiro dígito d o índice é sempre igual à soma
dos dois primeiros multiplicada por ( - I ) , ou, dito de outro modo,
h+k+i=O.

DIVISA0 HEXAGONAL

Classe Bipiramidal-Dihexagonal - 6 / m 2/m 2/m


Simeíria - C, IA6, 6A2, 7 P . O eixo vertical é um eixo de si-
metria senária. Existem seis eixos horizontais de simetria binária, três

Fip. 133. Eixos de Simetria. Fig. 134. Planos de Simetria.

Simetria da Classe Bipiramidal-Dihexagonal.

Fig. 135. Ripirâmide Fig. 136. Estereograma da


Dihexagonal. Bipirâmide Dihexagonal.

déles coincidentes com os eixos cristalográficos e os outros três situan-


do-se a meio caminho entre êles (Fig. 133). Há seis planos verticais
SISTEMA HEXAGONAL 67
--

de simetria perpendiculares aos eixos binários e um plano horizontal de


simetria (Fig. 1 3 4 ) . A Fig. 135 é uma ilustraqão de umabipirâmide
dihexagonal e a Fig. 136 é seu estereograma, mostrando a simetria da
classe.
Formas. 1 . Pinacóide basal { 0 0 0 1 } . O pinacóide basal é uma
forma composta de duas faces horizontais. E mostrado em combinação
com diferentes prismas nas Figs. 137, 138 e 139.
2 . Prisma d e primeira ordem { 1 0 7 0 } . Consiste esta forma em
seis faces verticais, cada uma delas cortando igualmente dois dos eixos
crlstalográficos e sendo paralela ao terceiro. A Fig. 137 mostra o pris-
ma de primeira ordem.

Fig. 137. Prisma de Fig. 138. Prisma de Fig. 139. Prisma


Primeira Ordem. Segunda Ordem. Dihexagonal.

Prismas Hexagonais,

3 . Prisma d e segunda ordem { 1120). Esta é uma forma consis-


tindo em seis faces verticais, cada uma delas cortando igualmente dois
dos eixos horizontais e o eixo intermediário horizontal a metade desta
distância. A Fig. 138 mostra o prisma de segunda ordem. Os prismas
de primeira e de segunda ordens são formas geomètricamente idênti-
cas; a distinqão entre êles é sòmente em sua orientkão.
4 . Prisma dihexagonal {hkiO). O prisma dihexagonal tem doze
faces verticais cada uma delas cortando os três eixos cristalográficos
em comprimentos diferentes. Existem vários prismas dihexagonais, de-
pendendo de suas diferentes relações para com os eixos horizontais.
A Fig. 139 mostra um prisma dihexagonal comum com índices
{2150).
5 . Bipirâmide de primeira ordem ( h 0 2 l ) . Esta forma consiste em
doze faces, cada uma delas configurada em um tCangulo isóscele e
cortando igualmente dois dos eixos cristalográficos horizontais. Cada
68 CRISTALOGRAFIA

face é paralela ao terceiro eixo horizontal e corta o eixo vertical (ver


Fig. 140). Várias pirâmides de primeira ordem são possíveis, depen-
dendo da inclinação das faces sobre o eixo c. A forma fundamental
tem os índices { 10711.
6. Bipirâmide de segunda ordem { h h B l ) . Esta é uma forma
composta de doze faces, cada uma delas configurada em um triin-
gulo isóscele. Cada face corta igualmente dois dos eixos horizontais
cristalográficos e o terceiro eixo intermediário horizontal à metade
desta distância; corta também o eixo vertical (Fig. 141). São possí-
veis várias bipirâmides de segunda ordem; dependendo da inclinação
das faces em relaçãio a c. Uma forma comum (Fig. 141) tem os índi-
ces { 1122). As relações entre as bipirâmides de primeira e de segunda
ordens são as mesmas que entre os prismas correspondentes.

Fig. 140. Bipirâmide Fia. 141.Bipirâmide Fig. 142. Bipirâmide


de Primeira Ordem. de Segunda Ordem. Dihexagonal.
Bipirâmides Hexagonais.

Fig. 143. Fig. 144. Fig. 145.


Combinações de, Formas Hexagonais

Se em um cristal está presente sòmente uma bipirâmide, ela é


geralmente catalogada na primeira ordem. Se estão presentes bipirâmi-
des de ambas as ordens, a dominante, na falta de outra evidência, é
considerada de primeira ordem. Se uma bipirâmide está combinada
SISTEMA HEXAGONAL 69

com formas prismáticas, a orientação do cristal é determinada ordinà-


riamente pela bipirâmide.
7 . Bipirâmide dihexagonal {hkil}. A bipirâmide dibexagonal é
uma forma composta de vinte e quatro faces triangulares. Cada face
é um triângulo escaleno que corta diferentemente todos os três eixos
horizontais, cortando também o eixo vertical. Uma forma comum
{ 2 1 3 1 } pode ser vista na Fig. 142.
As Figs. 143-145 mostram combinaç0es das formas desta classe.
O berilo é o melhor exemplo de mineral representativo desta clas-
se. Outros minerais são a molibdenita, a pirrotita e a niccolita.

Classe Trapezoédrica-Hexagonal - 622

Simetria - IAS, 6A2. O eixo vertical é um eixo de rotação de


simetria senário e, em um plano formando ângulos retos com êle, si-
tuam-se seis eixos de simetria binários. Os eixos de simetria são os
mesmos que os da classe bipiramidal-dihexagonal (Fig. 133), mas não
existem nem planos nem centro de simetria. A Fig. 146 mostra um
trapezoedro hexagonal e a Fig. 147, um estereograma desta forma.

Fig. 146. Trapezoedro Fig. 147. Estereograma do


Hexagonal. Trapezoedro Hexagonal.

Formas. O trapezoedro hexagonal {hkil} direito e { i h k l } es-


querdo são formas enantiomorfas, cada uma delas tendo seis faces,
cada uma das quais configurada em um trapézio. Outras formas que
podem estar presentes são o pinacóide, os prismas e as bipirâmides de
primeira e segunda ordens e os prismas dihexagonais.
O quartzo de alta temperatura e a kalsilita são os únicos minerais
representativos desta classe.
70 CRISTALOGRAFIA

Classe Piramidal-Dihexagonal - 6 m m

Simetria - IA6, 6P. Existe um eixo vertical de simetriaSenário


e seis planos verticais de simetria que cortam êste eixo. A Fig. 148 é
uma pirâmide dihexagonal e a Fig. 149 é um estereograma desta forma
mostrando a simetria da classe.

Fig. 148. Pirâmide Di, Fig. 149. Estereograma da Fig. 150. Zincita.
hexagonal. Pirâmide Dihexagonal.

Formas. As formas da classe piramidaldihexagonal são seme-


lhantes às da classe bipiramidal-dihexagonal, mas conio não existe um
plano horizontal de simetria aparecem diferentes formas na parte su-
perior e na inferior do cristal. A pirâmide dihexafonal tem, portanto,
duas formas: { h k i l } superior e {hk;i} inferior. As formas piramidais-
-hexagonais são: {hOhl} superior e {hOhT} inferior e { h h z h l ) supe-
perior e {hh2/11} inferior. O pinacóide não pode existir aqui mas em
seu lugar há dois pédios (0001 } e { o o o ~ }Podem
. estar presentes os
prismas hexagonais de primeira e de segunda ordens e o prisma di-
hexagonal.
A wurtzita. a greenockita e a zincita são os minerais mais comuns
representativos desta class-. A Fig. 150 rqresenta um cristal de zin-
cita com um prisma hexagonal termimdo em cima por uma pirâmide
hexaeonal e embaixo por um pkdio.

Classe Bipiramidal-Ditrigonal - 6m 2

Simetria - 1A:,, 3A,, 4P. O eixo vertical é um eixo senário d e


inversão que é equivalente a um eixo ternário de rotação com um
plano de simetria horizontal. Existem três planos de simetria adicionais
que se cortam no eixo vertical. Três eixos horizontais binários situam-
SISTEMA HEXAGONAL 71

se nos planos verticais de simetria. A Fig. 151 representa a bipirâmi-


de ditrigonal e a Fig. 152 é seu estereograma.

Fig. 151. Bipirârnide Fig. 152. Estereograma da


Ditrigonal. Bipirârnide Ditrigonal.

Formas. A bipirâmide ditrigonal { h k i l ) é uma forma d e doze fa-


ces. com seis na parte superior do cristal e seis na inferior. As formas
adicionais que podem estar presentes são: pinacóide, prismas trigonais
(ver página 8 0 ) , prisma hexagonal de segunda ordem, prismas ditn-
gonais, bipirâmides trigonais e bipirâmides hexagonais de segunda
ordem.
A benitoíta é o único mineral que foi descrito como se crista-
lizando definitivamente nesta classe.

Classe Ripiramidal-Hexagonal - 6 / m

Simetria - C, I A G , 1P. Existe um eixo vertical de simetria se-


nária, um plano horizontal de simetria e um centro de simetria. A
Fig. 153 é um desenho da bipirâmide hexagonal e a Fig. 154 é seu
estereograma.
Fonnas. As formas gerais desta classe são as bipirâmides
{hkTl) positiva {hkTl] negativa. Estas formas consistem em doze faces,
seis acima e seis abaixo, que correspondem em posiçáo à metade das
faces de uma bipirâmide dihexagonal. Outras formas que podem estar
presentes sáo: pinacóide e prismas hexagonais { h k i o } .
A classe bipiramidal-hexagonal tem como seus principais repre-
sentantes minerais os do grupo da apatita. A bipirâmide que revela a
simetria da classe é ~ i s t araramente, mas está ilustrada como face v,
Fig. 155.
Fig. 153. Bipirâmide Fig. 154. Estereograma da Bipirâ-
Hexagonal. mide Hexagonal.

Fig. 155. Apatita.

Simetria - IAB. Um eixo de rotação vertical, senário, é a única


simetria desta classe. O estereograma (Fig. 157) mostra os pólos da
forma geral, a pirâmide hexagonal (Fig. 156).

Fig. 156. Pirâmide Hexagonal. Fi. 157. Estereograma da Pirâmide


Hexagonal.

Formas. Existem quatro pirâmides hexagonais { h k i l ) , duas na


parte superior e duas na inferior do cristal, cada uma das quais cor-
SISTEMA HEXAGONAL 73

responde às seis faces da bipirâmide dihexagonal. Outras formas que


podem estar presentes são pédios e prismas hexagonais {hkiO}.
O desenvolvimento da forma dos cristais raramente é suficiente
para tomar possível, sem outra evidência, sua colocação de maneira
inequívoca nesta classe.
O mineral nefelina é o representante principal da classe.

Classe Bipiramidal-Trigonal - 6

Simeh4a - IA,, 1P. O eixo verticál 6 um eixo senário de in-


versão rotatória (5) equivalente a um eixo ternário de rotação com
um plano de simetria formando ângulos retos com êle ( 3 / m ! ) .A Fig.
158 mostra a bipirâmide trigonal e a Fig. 159, seu estereograma.

Flg. 158. Bipirâmide Trigonal. Fig. 159. Estereograma da


Bipiramide Triponal.

Fonnas. Há quatro hipirâmides trigonais { h k i l } , cada uma c o m


seis faces correspondentes às seis faces da bipirâmide dihexagonal. As
outras formas que podem estar presentes são o pinacóide e os prismas
trigonais {hkiO 1.
A simetria não permite prismas hexagonais, mas em seu lugar
existem dois prismas trigonais. Por exemplo, o prisma hexagorial de
primeira ordem { 10i0} converte-se em dois prismas trigonais { 1070)
e {alio).
Não existe exemplo de mineral autêntico ou outra substância
cristalina pertencente a esta classe de cristal.

As formas das classes de cristal da divisão romboédrica do sistema


hexagonal são referidas aos mesmos eixos cristalográficos que as for-
74 CRISTALOGRAFIA

mas nas classes da divisão hexagonal. Contudo, alguns autora usam


três eixos paralelos às três arestas culminantes do romboedro funda-
mental para descrever as formas. Tôdas as classes caracterizam-se por
um eixo temário seja de rotação, seja de inversão rotatória. Os cristais
mostram ordinàriamente uma simetria mais baixa do que os da divisão
hexagonal, a qual é reconhecida geralmente por uma distribuição ter-
nária das faces nas extremidades do eixo principal. Na seção da mi-
neralogia descritiva, o sistema' cristalino dos minerais que se crista-
lizam na divisão romboédrica designa-se por Hexagonal-R.

Classe Escalenokdrica-Hexagonal - 5 2 / m
Simetria - C , IA,, 3A2, 3P. O eixo cristalográfiw vertical é de
simetria ternária e os trés eixos cristalográficos horizontais são eixos

Fig. 160. €&os de Simetria. Flg. 161. 1'i;inos de Simetria.

Simetria da Classe Escalenoédncn-Hexagonal

de simetria binária (ver Fig. 160). Existem três planos verticais de


simetria que dividem em duas partes iguais os ângulos entre os eixos
horizontais (ver Fig. 161 ). A Fig. 162 é o escalenoedro hexagonal e
a Fig. 163, o estereograma desta forma mostrando a simetria da classe.
Formas. 1 . Romboedro {hOhl} positivo, {Ohhl) negativo. O
romboedro é uma forma consistindo em seis faces, cada uma configu-
rada em um rombo, que correspondem em sua posição às faces alter-
nas de uma bipirâmide hexagonal de primeira ordem. A Fig. 164
mostra a relação destas duas fonnas entre si. Pode-se também imaginar
o romboedro como um cubo deformado na direção de um dos eixos
de simetria ternária. A deformaçio pode aparecer seja como alonga-
mento ao correr do eixo de simetria produzindo um ângulo solido
agudo, seja como compressão ao longo do eixo de simetria produ-
zindo um ângulo sólido obtuso. Dependendo do ângulo, o romboedro
denomina-se agudo ou obtuso.
SISTEMA HEXAGONAL 75

Existem duas orientações diferentes do romboedro. A Fie. 165


mostra um romhedro posifivo e a Fig. 166, um negativo. Note-se que,

Fig. 162. Escalenoedro Fig. 163. Estercograma do


Hexagonal. Escalenwdro Hexagonal.

Fig. 164. Relasão entre a Fig. 165. Romboe- Fig. 166. Romboe-
Bipirâmide Hexagonal de dro Positivo. dro Negativo.
Primeira Ordem e o Rom-
boedro.

quando orientado convenientemente, o romboedro positivo tem uma


de suas faces voltlda para o observador e o negativo, uma de suas
arestas. Há vários romboedros diferindo uns dos outros pela inclina-
são de suas faces em relação ao eixo c. O símbolo do índice do rom-
boedro positivo fundamental é { 10i1} e o do romboedro negativo fun-
damental, { O l T l } . As Figs. 167-175 mostram combinaçóes caracterís-
ticas de romboedros positivo e negativo entre si e com outras formas
hexagonais. Como nos tetraedros do sistema isométrico, a distinção
entre os romboedros positivo e negativo é apenas questão d e orienta-
ção.
O romboedro é uma forma de tal importância no sistema hexa-
gonal que não precisa aparecer externamente em um cristal para de-
terminar-se a sua orientação. A orientação da calcita é determinada
pela clivagem romboédrica e a orientação do coríndon, pela partição
76 CRISTALOGRAFIA

romboédrica (ver página 159). Assim, na calcita, a única forma rom-


boédrica externa pode ser negativa e, no coríndon, a partição rom-
boédrica necessita invariàvelmente que o cristal seja orientado de tal
modo que o prisma seja de segunda ordem. Contudo, se em um cristal

Fig. 167. Fig. 168. Fig. 169.

Fig. 170. Fig. 171. Fig. 172.


Calcita.

Fig. 173. Chabazita. Fig. 174. Coríndon. Fig. 175. Coríndon.

está presente apenas um romboedro, êle está orientado, na falta de


outras propriedades determinantes, na posição positiva (Fig. 174).
2. Escalenoedro {hkil} positivo, { k h z ) negativo. Esta forma
consiste em doze faces, cada uma delas configurada em triângulo esca-
leno. Estas faces correspondem em posição aos pares alternos das fa-
ces de uma bipirâmide dihexagonal, tal como mostrado na Fig. 176. As
características notáveis do escalenoedro são a aparência em ziguezague
das arestas médias, o que o difelencia da bipirâmide e a altemância
SISTEMA HEXAGONAL 77

dos ângulos mais ou menos obtusos, cujas arestas se encontram nos vér-
tices da forma. O escalenoedro está na posição.positiva quando uma
aresta com o ângulo maior está voltada para o observador e, na po-
sição negativa, quando uma aresta com o ângulo menor é que está
voltada para o observador (ver Figs. 177 e 178).

Fig. 176. Relação entre Fig. 177. Escalenoedro Fig. 178. Escalenoedro
a Bipirâmide Dihexn- Positivo. Negativo.
gonal e o Escalenoedro.

Fig. 179. Escale- Fig. 180. Esca- Fi. 181. Pris- Fig. 182. Pris-
noedro Positivo lenoedro Po- ma, Escalenoe- ma Escalenot-
e Romboedro sitivo, Prisma dro Positivo e dro Positivo,
Positivo. de Primeira Dois Romboe- Romboedro Po.
Ordem. dros Positivos. sitivo, Romboe.
dro Negativo.

Existem muitos escalenoedros diferentes possíveis, dependendo da


inclinação variável das faces. Uma fonna comum na calcita é o esca-
lenoedro (2131) mostrado na Fig. 177.
O romboedro e o escalenoedro da classe escalenoédrica-hexago-
na1 podem combinarse com formas achadas em classes de simetria
hexagonal mais elevada. Assim, os prismas hexagonais de primeira e
78 CRISTALOGRAFIA

de segunda ordens, os prismas dihexagonais, a bipirâmide dc segunda


ordem e o pinacóide basal acham-se em combinação com o romboedro
e o escalenoedro (Figs. 170-175 e 180-182).
Diversos minerais comuns cristalizam-se nesta classe. O principal
entre êles é a calcita e os outros membros d o grupo da calcita. Outros
minerais sáo o coríndon, a hematita, a brucita, o salitre do Chile, o
arsênico, a millerita, o antimônio c o bismuto.

Classe Trapez;oédrica-TrigonaZ - 32

Simetria - IA:,,3Az. O eixo cristalográfico vertical é um eixo


de simetria ternário. Os três eixos cristalográficos horizontais são
eixos de simetria binários. Os eixos de simetria são os mesmos que na
classe escalenoidrica, não existindo, entretanto, os planos de simetria.
O estereograma (Fig. 184) é uma projeção do trapezocdro trigonal po-
sitivo direito da Fig. 183.

Fix. 183. Trapezoedro Fig. 184. Estereograma do


Trigonal. Trapezoedro Trigonal.

Formas. Existem quatro trapezoedros trigonais, cada um dêles


constituído por seis faces, cada uma delas configurada em um tra-
pézio. Estas faces correspondem em posição a quarta parte das faces
de uma bipirâmide dihexagonal e têm, portanto, símbolos semelhantes,
como segue: positivo direito { h k i l ) , positivo esquerdo {iXhl}, negativo
esquerdo { khTl}, negativo direito {%i&l}. Estas formas podem ser agru-
padas em dois pares enantiomorfos, cada um com uma forma direita
e outra r,.~querda.As outras formas que podem estar presentes são:
o pinacóide, o prisma hexagonal de primeira ordem, os prismas ditn-
gonais e os romboedros. 3 prisma hexagonal de segunda ordem não
está presente, mas em lugar dêle existem dois prismas trigonais { 1120)
SISTEMA HEXAGONAL 79

e (ZTiO}.D a mesma forma, a bipirâmide hexagonal de s e y n d a ordem


transforma-se em duas bipirâmides trigonais { h h 2 m } e {Zhiihl).
O quartzo de baixa temperatura é o mineral mais comum que se
cristaliza nesta classe, mas só raramente podem ser observadas faces
do trapezoedro trigonal. Quando esta forma está presente, podem ser
distinguidos como direitos (Fig. 185) ou esquerdos (Fig. 186). de-
pendendo se, estándo uma face do prisma defronte do observador, as
faces trapezoédricas trigonais, x, truncam as arestas entre o prisma e
as faces d o romboedro situado na parte superior, à direita ou à es-
querda. As faces marcadas com um s são bipirâmides trigonais.

Fig. 185. Quartzo Direito. Fig. 186. Quartzo Esquerdo

O cinábrio e o mineral raro, berlinita, AIPO,. cristalizam-se tam-


bém na classe trapezoédrica trigonal.

Simetria -
IAp, 3P. O eixo vertical é um eixo.de simetria ter-
nário e existem três planos de simetria que se cortam neste eixo. A
Fig. 187 representa a pirâmide ditrigonal e a Fig. 188 é seu estereo-
grama.
Formas. As formas são semelhantes àquelas da classe escale-
noédrica-hexaçonal, mas sòinente com a metade do número de faces.
Por causa da falta de eixos binários de simetria, as faces na parte
superior dos cristais pertencem a formas diferentes das daquelas si-
tuadas na parte inferior. Existem quatro pifimides ditrigonais. Cada
uma destas formas corresponde à metade das faces seja d o escalenoe-
dro positivo, seja do negativo, com índices: J,hk;l), {khTl}, {l~kTi}.
{khTq. Outras formas que podem estar presentes sáo pfdios, prismas
e pirâmides hexagonais de segunda ordem, pirâmides trigonais, pris-
mas trigonais e prismas ditrigonais. Existem quatro pirâmides tri-
gonais; duas delas estio na parte superior do cristal, uma correspon-
dendo às três faces superiores d o romboedro positivo e a outra cor-
respondendo às três faces superiores d o romboedro negativo. Seus
índices respectivos são {hOhl) e {Ohhl). As duas pirâmides trigonais
na parte inferior do cristal correspondem às faces inferiores d o rom-
.,. .

Fig. 187. Pirâmide Fig; 188. Estereograma da


Ditrigonal. Pirâmide Ditrigonal.

boedro com índices {0h&i}e {hOh}. Os prismas trigonais { I O T O } e


{ O I i O } correspondem, cada um, às três faces do prisma hexagonal de
primeira ordem. Existem dois prismas ditrigonais { hk?O} e {kh?O} ca-
da um dêles correspondendo à metade das faces de um prisma dihexa-
gonal.

Fiz. 189. Fig. 190. .Fig. 191. Fig. 192.

Cristair de Turmalina.

A turmalina é o mineral mais comum que se cristaliza nesta clas-


se. mas além dela existem a pirargirita, a proustita e a alunita. As
Figs. 189-192 representam cristais de turmalina característicos, mos-
trando a simetria da classe piramidal ditrigonal.
SISTEMA HEXAGONAL 81

Classe Romboédrica -3
Simetria - C, IAs. Existe um eixo de inversão ternário. Este é
equivalente a um eixo de rotação ternário e um centro, como p&e
ser visto no estereograma, Fig. 194, do romboedro, Fig. 193.';. .

Fig. 193. Romboedro. Fig. 194. Estereograma do Romboedro.


Formas. O romboedro, a forma geral aqui {hkil), está descri-
to na página 74 como uma forma especial da classe escalenoédrica-
.
-hexagonal. Se aparecesse sòzinho em um cristal, êste teria a simetria
morfológica daquela classe ( T 2 / m ) . Sòmente em combinação com
outras formas é que sua simetria verdadeira se toma aparente. Além
do romboedro, podem existir o oinacóide e vários prismas hexagonais
{ hkio}.
A dolomita é o mineral mais comum que se cristaliza nesta classe;
outros representantes são a ilmenita, a willemita e a fenacita.

Classe Piramidal-Trigonal -3
Simetria - 1Aa. A única simetria é um eixo de rotação terná-
rio. A pirâmide trigonal pode ser vista na Fig. 195 e seu estereogiama
r.a Fig. 196.
A pirâmide trigonal, { hkil}, é a forma geral. Em combinaçáo com
o pédio, ela parece ter a simetria da classe piramidal-ditrigonal ( 3 m )
com três planos 'verticais de simetria (Fig. 187). Sòmente quando
certas pirâmides trigonais estão em combinação entre si é que se revela
a verdadeira simetria. Além das pirâmides trigonais, podem estar pre-
sentes as formas pédio e prismas trigonais.
O mineral gratonita, PbsAs,S,,, possivelmente pertence a esta
classe; não existem outros minerais representativos.
82 CRISTALOGRAFIA

Fig. 195. Pirâmide Fig. 196. Estereograma da


Trigonal Pirâmide Trigonal.

SISTEMA TETRAGONAL

Eixos cristalográficos. As formas do sistema tetragonal são re-


feridas a três eixos cristalográficos que fazem ângulos retos entre si.
Os dois eixos horizontais, a, são do mesmo comprimento e permutá-

Fig. 197. Fig. 198.


Eixos de Cristal Tetragonal

veis, mas o eixo vertical, c, é de comprimento diferente, característico


para cada mineral tetragonal. A Fig. 197 representa os eixos cristalo-
gráficos do mineral tetragonal, zircáo, onde c é menor que a. A Fig.
198 representa os eixos cristalográficos da octaedrita onde c é maior
que a. O comprimento dos eixos horizontais é tomado como unidade
e o wmprimentÒ relativo d o eixo vertical expressa-se em têrmos do
horizontal. Este comprimento deve ser determinado para cada mineral
tetragonal, medindo-se os ângulos interfaciais em um cristal e fa-
zendo-se os cálculos convenientes (ver página 130). Para o zircáo,
SISTEMA TETRAGONAL 83

o comprimento d o eixo vertical expressa-se por c = 0,901, para a


octaedrita, por c z 1,777. A orientação exata dos eixos cristalográficos
e o método de sua notação são semelhantes aos do sistema isométrico,
podendo ser vistos nas Figs. 197 e 198.

Classe Bipiramidal-Ditetragonal - 4 / m 2 / m 2 / m

Simetria - C, IA,, 4A:, 5 P . O eixo cristalográfico vertical é


um eixo de simetria quaternário. Existem quatro eixos de simetria bi-
nários, dois dos quais coincidem com os eixos cristalográficos. ao passo
que os outros dois dividem, em dois iguais, os ângulos formados pelos
eixos cristalográficos horizontais. A Fig. 199 mostra os eixos de si-
metria. Existem cinco planos de simetria, um horizontal e quatro ver-
ticais. Cada um dos eixos de simetria horizontais está contido em um

Fig. 199. Eixos de Simetria. Fi. 200. Planos de Simetria

Simetria da Classe Bipiramidal-Ditetragonal.

Fig. 201. Bipirâmide


Ditetragonal.
-

8e

*
I"'
e

Fig. 202. Estereograma da Bipirkmide


Ditetragonal.

dos planos de simetria verticais. A Fig. 200 mostra a posição dos


planos de simetria. A Fig. 201 representa uma bip~râmideditetragonal
e a Fig. 202, um estereograma desta' forma.
84 CRISTALOGRAFIA

Fonnas. As formas da classe bipiramidal-ditetragonal estão re-


lacionadas a seguir. Quando se usam os símbolos da forma geral, tem-
se h < k.
1 . Pinacdide basal {OOl}. O pinacóide basal, também chamado
plano basal ou base, é uma forma composta de duas faces horizontais.
Pode ser visto em combinaçáo com diferentes prismas nas Figs. 203.
204 e 205.
2 . Prisma de primeira ordem { 110). O prisma de primeira or-
dem consiste em quatro faces verticais retangulares, cada uma das
quais corta, igualmente, os dois eixos cristalográficos horizontais. A
forma está representada na Fig. 203.
3 . Prisma de segunda ordem {OIO}. O prisma de segunda or-
dem consiste em quatro faces verticais retangulares, cada uma das
quais corta um eixo cristalográfico horizontal e é paralela aos outros
dois eixos. A Fig. 204 representa esta forma. Os prismas de primeira
e de segunda ordens são formas idênticas, exceto em sua orientação.
Podem ser convertidos um no outro mediante uma revolução de 45'
em torno d o eixo vertical. Como ambos podem ocorrer juntos no
mesmo cristal é necessário reconhecer as duas formas.

Fig. 203. Prisma de Fig. 204 Prisma de Fig. 205. Prisma


Primeira Ordem. Segunda Ordem. Ditetragonal.
Prismas Tetraponais

4 . Prisma ditetragonal {hkO}. O prisma ditetragonal é uma for-


ma consistindo em oito faces verticais retangulares, cada uma das quais
corta, desigualmente, os dois eixos cristalográficos horizontais. Exis-
tem vários prismas ditetragonais na dependência de suas diferentes
relaçóes para com os eixos horizontais. Uma forma comum, repre-
sentada na Fig. 205, tem índices { 120).
5 . Bipirâmide de primeira ordem { hhl}. A bipirâmide de primei-
ra ordem é uma forma consistindo em oito faces. cada uma delas con-
SISTEMA TETRAGONAL 85

figurando um triângulo isóscele e cortando todos os três eixos cris-


talográficos com interceptações iguais nos dois eixos horizontais. Exis-
tem várias bipirâmides de primeira ordem, dependendo da inclinação
de suas faces em relação a c. A bipirâmide fundamental { 11 1 } que
corta todos os eixos em seus comprimentos unitários é a mais comum.
Os índices de outras bipirâmides de primeira ordem são ( 2 2 1 }, ( 3 3 1 },
{ 112 1, { 113 } etc. ou, em geral, { hhl}. A Fig. 206 representa a bi-
pirâmide unitária do zircão.
6 . Bipirâmide de segunda ordem {Okl). A bipirâmide de segun-
da ordem é uma forma composta de oito faces, cada uma con-
figurada em um triângulo isóscele. Cada face corta um eixo
horizontal e o eixo vertical, sendo paralela ao segundo eixo
horizontal. Existem várias bipirâmides de segunda ordem, com
diferentes interseções sôbre o eixo vertical. A forma mais comum é
a bipirâmide unitária ( 0 1 1 ) . Outras bipirâmides de segunda ordem
têm os índices (0211, (0311, {012}, ( 0 1 3 ) ou, em geral, (Okl}.
A Fig. 207 representa a bipirâmide (011 ) no zircáo. A relação entre
as bipirâmidm de primeira e de segunda ordens é semelhante à que
existe entre os prismas de primeira e de segunda ordens.
Como regra geral, na ausência de outra evidência, se uma bipirâ-
mide está presente em um cristal é considerada como de primeira or-
dem. Se duas bipirâmides de ordens diferentes estão presentes, a do-
minante é usualmente catalogada como de primeira ordem. Na
orientação de um cristal, os prismas são subordinados às bipirâmides.
Nestas condições, um prisma importante pode ser relegado à segunda
ordem pela presença de uma bipirâmide pequena.

Fig. 206. Bipirâmide Fig. 207. Bipirâmide Fig. 208. Hipirârnide


de Primeira Ordem. de Segunda Ordem. Ditetragonal.

7 . Bipirâmide diterragoml {hkl}. A bipirâmide ditetragonal é


uma forma composta de dezesseis faces triangulares, cada uma das
quais corta todos os três eixos cristalográficos, sendo os dois eixos ho-
CRISTALOGRAFIA

rizontais cortados em comprimentos diferentes entre si. Existem várias


bipirâmides ditetragonais, dependendo das interseções diferentes dos
eixos cristalográficos. Uma das mais comuns é a bipirâmide { 131 }
mostrada na Fig. 208.
Vários minerais comuns cristalizain-se na classe bipiramidal-dite-
tragonal. Os representantes principais são o rutílio, o anatásio, a cassi-
terita, a apofilita, o zircão e o idocrásio.
Combinações tetragonais. Nas Figs. 209-218 estão representadas
combina~ões características de formas bipiramidais-ditetragonais tais
como achadas em cristais de diferentes minerais.

Fig. 209. Fig. 210. Fig. 211. Fig. 212.


Combinaçõe5 de Formas Tetragonais Vistas em Cristais de Zircáo.

Fia. Y 3 . Idocrásio com Fig. 214. Idocrásio com FQ. 215. Rutílio com
Prisma de Primeira Prismas de Primeira Prismas de Primeira
Ordem, Ripirâmide e Segunda Ordens, e Segunda Ordens e
de Primeira Ordem e Ripirâmide de Pri- Bipirâmides de Pri-
Pinacóide Basal. meira Ordem e Pi- meira e Segunda Or-
nacóide Rasal. dens.

Classe Trapezo6drica-Tetragonal - 422


Simetria - I A , , 4 A a . O eixo ver!ical é um eixo de simetria qua-
ternário, existindo quatro eixos binários fazendo ângulos retos com
êle. Os eixos de simetria são os mesmos que os da classe bipiramidal-
-ditetragona1 (Fig. 199), mas não existem nem planos de simetria nem
centro. A Fig. 219 representa um trapezoedro tetragonal e a Fig. 220,
seu estereograma, mostra a simetria.
SISTEMA TETRAGONAL
-
- --O?

Fie. 216. Cassiterita Fig. 217. Apofilita com Fie. 218. Apofilita com
com Bipirâmides de Bipuâmide de Pri- Bipirâmide de Pri-
Primeira e Segunda meira Ordem e Pris- meira Ordem, Pris-
Ordens. ma de Segunda Or- ma de Segunda Or-
dem. dem, Prisma Ditetra-
gonal e Pinacóide Ba-
sal.

Formas. O trapezoedro tetragonal tem oito faces, corresponden-


d o à metade das faces da bipirâmide ditetragonal. Existem duas formas
enantiomorfas, direita { h k l ) (Fig. 219) e esquerda { h k l ) . Outras for-
mas que podem estar presentes são: pinacóide, prismas tetragonais de
primeira e de segunda ordens, prisma ditetragonal, bipirâmides tetra-
gonais de primeira e segunda ordens.
I

lal
Fig. 219. Trapzoedro Fig. 220. Estereograma do
Tetragnnal. Trapezoedro Tetragonal.

A fosgenita, Pb2C03C12 é o único mineral representativo desta


classe.

Classe Piranzidal-Ditetragonal - 4mm


SimeMa - IA,, 4P. O eixo vertical é um eixo de simetria qua-
ternáno e quatro planos de simetria cortam-se neste eixo. A Fig. 221
é uma p i r h i d e ditetragona1 e a Fig. 222, seu estereograma.
88 CRISTALOGRAFIA

1
Fig. 221. Pirâmide Fig. 222. Estereograma da Pirâmide
Ditetragonal. DiWragonal.

Fornas. A falta de um plano de simetria horizontal dá origem a


formas diferentes na parte superior e na inferior dos cristais desta
classe. Estas formas são pédios { 0 0 1 } e {OOT}. As pirâmides tetra-
gonais de primeira ordem { h h l } e de segunda ordem {h01} têm as
formas inferiores correspondentes {hhi} e { h ~ i )A. pirâmide ditetra-
gonal { h k l ) é uma forma superior, ao passo que { h k l } é a forma
inferior. Podem estar presentes os prismas tetragonais de primeira e
de segunda ordens assim como o prisma ditetragonal.
A diaboleíta, mineral particularmente raro, Pb2Cu(OH),C12, é
o úniw representante nesta classe.

Classe Escalenoédrica-Tetragonal -. 42rn


Simetria - 3A2, 2P. O eixo cristalográfico vertical é um eixo
quatemário de inversão rotatória que aparece morfològicamente como

Fig. 223. Eixos de Simetria. Fig. 224. Planos de Simetria.


Simetria da Classe Escalenoédrica, Sistema Tetragonal.

um eixo binário de rotação. Os eixos cristalográficos a são eixos biná-


rios de simetria. Fazendo ângulos retos com estes eixos estão dois
SISTEMA TETRAGONAL 89

planos verticais de simetria que se cortam no eixo vertical (ver Figs.


223 e 224). A Fig. 225 representa o escalenoedro tetragonal e a
Fig. 226 é seu estereograma.

Fig. 225. Escalenoedro Fig. 226. Estereograma do


Tetragonal. Escalenoedro Tetragonal.

Formas. 1. Os biesfenóides { hhl) positivo, { h i l } negativo são


as únicas formas importantes nesta classe. Consiste em quatro faces
triangulares, configurada cada uma em um triângulo isóscele, que cor-
tam todos os três eixos cristalográficos com interceptaçóes iguais nos
dois eixos horizontais. As faces correspondem em sua posição às faces
alternas da bipirâmide tetragonal de primeira ordem. Podem existir
diferentes biesfenóides dependendo de suas interseções variadas com
o eixo vertical. As Figs. 227 e 228 mostram dois biesfenóides dife-
rentes. Pode haver também uma combinação de um biesfenóide posi-
tivo com um negativo, como representado na Fig. 229.

Fig. 227. Fig. 228. Fig. 229. Biesfenóides


Biesfenóides Positivos. Positivo e Negativo.

O biesfenáide difere d o tetraedro pelo fato que seu eixo crista-


lográfico vertical não tem o mesmo comprimento que seus eixos hori-
zontais. O único mineral comum da classe escalenoédrica-tetragonal
é a caicopihta, da qual os cristais mostram sòmente o biesfenóide.
{ 112). Este biesfenóide assemelha-se muitíssimo a um tetraedro e são
necessárias medições acuradas para provar seu caráter tetragonal.
90 CRISTALOGRAFIA

2 . Escalenoedro ierragonal { h k l ) . Esta forma, Fig. 225, se fôs-


se ocorrer por si prbria, seria limitada por oito triângulos escalenos
semelhantes, que correspondem em sua posição a pares alternados de
faces da bipirâmide ditetragonal. E uma forma rara e observada sò-
mente em combinação com outras. Outras formas que podem estar
presentes são: pinacóide, prismas tetragonais de primeira e segunda
ordens, prismas ditetragonais e bipirâmides tetragonais de segunda
ordem.
A calcopirita e a estanita são os únicos minerais que se cristalizam
nesta classe.

Classe Bipiramidal-Tetragonal - 4/m


Simetria - C, IA,, 1P. Há um eixo de simetria vertical qua-
ternário com um plano de simetria fazendo ângulos retos com êle. A
simetria se representa no estereograma da Fig. 231 da bipirâmide t e
tragonal da Fig. 230.
Fonnas. A bipirâmide tetragonal { h k l ) 6 uma forma de oito fa-
CR, tendo quatro faces superiores diretamente acima das quatro faces
inferiores. Por si própria, esta forma parece ter simetria mais elevada
e deve estar em combinaçáo com outras formas para revelar a au-
sência dos planos de simetria verticais. O pinacóide basal e os prismas

Fig. 230. Bipirâmide Fig. 231. Estereograma da Bipirâ- Fig. 232.


Tctragonal. mide Tetragonal. Escapolita.

tetragonais { h k O ) podem estar presentes. O prisma tetragonal { h k O )


é equivalente a quatro faces alternadas do prisma ditetragonal e está
presente naquelas classes que não possuem planos de simetria verticais
ou eixos de simetria binários horizontais.
SISTEMA TETRAGONAL 91

Os minerais representativos nesta classe são: a fergusonita, a


scheelita, a powe1lita.e a escapolita. A Fig. 232 ilustra um cristal de
escapolita mostrando a simetria verdadeira desta classe.

Classe Piramidal-Tetragonal -. 4

Simetria - I A , . O eixo vertical é quaternário. Náo existem nem


planos de simetria nem centro. A pirâmide tetragonal pode ser vista
na Fig. 233 e seu estereograma na Fip. 234.

Fig. 233. Pirâmide


Tetragonal.

Fig. 234. Esteriograma da Pirâmide Fiz. 235. Wulfenita.


Tetragonal.

Formas. A pirâmide tetragonal é uma forma dc quatro faccs.


A forma superior {hkI} é diferente da inferior { h k i } e cada uma delas
tem uma variante direita e outra esquerda. Existem assim dois pares
enantiomoifos d e pirâmides tetragonais. Também podem estar pre-
sentes pédios e prisma tetragonal.
Como em algumas outras classes, a simetria verdadeira não se
mostra morfològicamente a menos que a forma geral esteja em com-
b i n a ~ á ocom outras formas. A Fig. 235 é um desenho da wulfenita.
Desconhecem-se outros reprmentantes minerais.
92 CRISTALOGRAFIA

Classe Riesfenoédrica-Tetragonal - 4'

Simetria - lR,.O eixo vertical é um eixo quaternário de in-


versão rotatória. Não existe outra simetria. A Fiz. 236 mostra o bies-
fenóide tetragonal e a Fig. 237 o seu estereograma.

Fiz. 236. Biesfenóide Fie. 237. Estereogrania do


Tetragonal. Riesfenóide Te1r:igonal.

Formas. O biesfenóide tetragonal { h k l ) é uma forma fechada


composta de quatro faces, cada uma delas configurada em cunha. Na
ausência de outras faces modificadoras, a forma parece ter dois
planos verticais de simetria, dando-lhe a simetria 42m. A verdadeira
simetria mostra-se sòmente em combina~ãocom outras formas. Podem
estar presentes também o pinacóide e os prismas ietragonais.
O mineral raro, cahnita, CaB(OH)4As0, é o único mineral re-
presentativo desta classe.

Características dos Cristais Tetragonais

As características salientes dos cristais tetragonais podem ser


resumidas d o seguinte modo: um e sòmente um eixo de simetria qua-
ternário; o comprimento d o cristal paralelamente a êste eixo é ordina-
riamente niaior ou menor que suas outras dimensões; a scção trans-
versal d~ um cristal bem formado quando vista na direção d o eixo de
simetria tctragonal é um quadrado ou um quadrado truncado. A cal-
copirita é o Único mineral tetragonal comum ao qual não se aplica o
SISTEMA ORTORRbMBICO 93

que acaba de ser dito, mas pode ser reconhecido fàcilmeínte por seus
cristais biesfenoidais e por suas propriedades físicas.

SISTEMA ORTORRBMBICO
Eixos cristalográficos. As formas das classes cristalinas d o sis-
tema ortorrômbico são referidas a três eixos cristalográficos de com-
primento desigual, que fazem ângulos retos entre si. Os comprimYntos
relativos dos eixos ou as relações axiais devem ser determinados para
cada mineral ortorrômbico. Na orientação de um cristal ortorrômbico
foi adotada pelos cristalógrafos a convenção de colocar o cristal de
modo que c < a < b. No passado, todavia, esta convenção não foi
necessàriamente observada, sendo costume conformar-se com a orien-
tação dada na literatura. Acha-se, portanto, que qualquer dos três
eixos pode ter sido escolhido como o eixo vertical, ou eixo c. O mais
longo dos outros dois é então tomado como eixo b e o mais curto co-
mo eixo a.
A decisão no passado sôbre qual dos eixos devia ser escolhido
como o eixo vertical, ou eixo c, baseou-se amplamente no hábito do
cristal d o mineral considerado. Se os cristais dêle mostravam comu-
mente um alongamento em uma direção, esta direção era escolhida
convencionalmente como o eixo c (ver Figs. 251-253, página 9 6 ) .
Se, por outro lado, os cristais mostravam um pinacóide principal e
eram, portanto, tabulares no hábito, êste pinacóide era tomado usual-
mente como o pinacóide horizontal (basal) com o eixo c perpendicular
a êle (ver Figs. 256-258, página 9 6 ) . A clivagem também ajudou
na orientação dos cristais ortorrômbicos. Se, como no topázio, havia
uma clivagem pinacoidal, ela era tomada como a clivagem basal. Se,
como na barita, havia duas direçóes equivalentes de clivagem, elas eram
colocadas verticalmente e suas arestas de interseçáo determinavam o
eixo c. Depois que a orientasão havia sido determinada, o compri-
mento do eixo escolhido para b era tomado como unidade e os com-
primentos relativos dos eixos e e c eram dados em têrmos dêle, eixo
b. A Fig. 238 representa os eixos cristalográficos d o mineral ortor-
rômbico, enxofre, d o qual as relações axiais são: a: b : c = 0,813: 1:
1,903.

Classe Bipiramidal-Rómbica - 2/m 2/m 2/m


Simetria - C, 3A2, 3 P . Os três eixos cristalográficos são eixos
d'e simetria binários (Fig. 239) e perpendicularmente a cada um dêles
existe um plano de simetria (Fig. 240). Segue-se desta combinação de
94 CRISTAWGRAFIA

eixos e planos de simetria que existe também um centro de simetria.


A Fig. 241 é um desenho de uma bipirâmide rômbica, a forma geral,
e a Fig. 242 é seu estereograma, mostrando a simetria da classe.

Fie. 238. Eixos de Fig. 239. Eixos de Fig. 240. Planas de


Cristal Ortorrômbico. Simetria. Simetria.
Simetria da Classe Bipiramidal-Ortorrômbica.

Fig. 241. Bipirâmide Fig. 242. Estereograma da Bipirârnide


Rômbica. Rômbica.

Formas. Existem três tipos de formas na classe bipiramidal-


-rÔmbica: pinacóides, prismas e bipirâmides. São as seguintes:
1 . Pinucóide frontal ou Pinacóide a ( 1001. O pinacóide a tem
duas faces paralelas, cada uma das quais corta o eixo a e é paralela
aos eixos b e c. Está representado na Fig. 243, em combinaçáo com
os pinacóides basal e lateral.
2 . Pinacóide lateral ou Pinacóirfe b {OlO}. O pinacóide lateral
é uma forma consistindc em duas faces paralelas, cada uma delas
cortando o eixo b e sendo paralela aos eixos a e c (Figs. 243 e 245).
SISTEMA ORTORRõMBICO 95

3 . Pinocóide basal ou Pinacóide c (001 ). O pinacóide basal ou


c é uma forma consistindo em duas faces paralelas, cada uma delas
cortando o eixo c e sendo paralelas aos eixos a e b (Figs. 243 e 246).

F ~ R .243. Pinacóides Fig. 244. Prisma Fundamental


Ortorrômbicos. de Primeira Ordem e Pina-
cóide Frontal.

4 . Prisma de primeira ordem {Okl). O prisma de primeira or-


dem consiste em quatro faces que são paralelas ao eixo a ou pri-
meiro eixo e corta os eixos b e c. Existem vários prismas de primeira
ordem com diferentes intercepta$Ões axiais. A forma fundamental
(01 1 ) está ilustrada na Fig. 244 em combina~áocom a pinacóide
frontal.

Fig. 245. Prisma Fundamental de Fig. 246. Prisma Fundamental de


Segunda Ordem e Pinacóide La- Terceira Ordem e Pinacóide Bn-
teral. sal.

5 . Prisma de segunda ordem { hOl}. O prisma de segunda ordem


é uma forma consistindo em quatro faces, cada uma das quais corta
os eixos a e c, sendo paralela ao b, ou segundo eixo. Existem vários
prismas de. segunda ordem com interceptaçóes axiais diferentes. A Fig.
245 mostra a forma fundamental { 101 } em combinação com o pina-
cóide lateral.
6 . Prisma de terceira ordem { hkO}. O prisma de terceira ordem
tem quatro faces verticais, paralelas ao eixo c ou terceiro eixo e que
cortam os dois eixos horizontais. Existem vários prismas de terceira
ordem com interceptações axiais diferentes, dando valores vários para
h e k. O prisma fundamental { 110) corta os dois eixos horizontais
em comprimentos unitários (Fig. 246).

Fig. 247. Bipirârnide Fig. 248. Fig. 249. Fig. 250.


Ortorrôrnbica. Enxofre. Estaurolita.

Fig. 251. Fig. 252. Fig. 253.


Topázio.

Fig. 254. Brmkita. Fie. 255. Anglesita.

Fig. 256. Fig. 257. Fig. 258.


Barita. Celestita.

Tendo em conta que cada um dos prismas corta dois eixos e é


paralelo ao terceiro, um prisma será transformado em outro, mediante
uma oiientação diferente dos eixos.
SISTEMA DRTORR6MBICO 'LiiI

7 . Bipirâmide { hkl). Uma bipirâmide ' ortorrômbica tem oito


faces triangulares, cada uma das quais corta todos os três eixos crista-
lográficos. E a forma geral da qual a classe bipiramidal-rômbica recebe
seu n o m . A Fig.247 representa a bipirâmide fundamental { 111 1.
Combiriaçõcs. Pràticamcnte, todos os cristais ortorrômbicos con-
sistem em combinaçoes de duas ou mais formas. As Figs. 248-258
mostram combinafóes características das virias formas.
Existem muitos minerais representativo? Jesta classe. Entre os
mais comuns estáo os seguintes:
andaluzita coli~mbita ~oethita
ant<rfilit;t cordierita lawsonitn
aragonita (grupo) d:inburita marca\cit;~
hnrita (gnipo) ~nstatita nlivins
ù~.ookit;i
crisoberilo
enxofre
estibinita (antimnnita)
sillimanita
topázio
- , . a
4'

Simetria - 3A2 Existem três eixos binários de simetria que


coincidem com os cixos cristalográficos (Fig. 239). Náo existcni pla-
nos nem centro de simetria. A Fig. 259 ilustra um biesfenóidc e a Fig.
260 é seu estereograma.
:
..- . . .

Fig. 260. Estereogrania do


Rie5fenóide Rornbico.

Formas. O biesfenóide rômbico é uma forma composta de qua-


tro faces, duas no hemisfério superior e duas no inferior. Assemelha-se
ao biesfenóide tetragonal, mas cada face é um triângulo escaleno, ao
passo que no biesfenóide tetragonal cada face é um triângulo isóscele.
Existeni dois biesfenóides. O direito { h k l } e o esquerdo { / t i l } são
formas enantiomorfas.
98 CRISTALOGRAFIA

Os três pinacóides e os três prismas podem estar presentes nesta


classe. Embora haja vários minerais representativos que se cristalizam
nesta classe, são no entanto relativamente raros. Os mais comuns são
a epsomita e a olivenita.

Classe Piramidal-Rômhica -. mm2

Simetria - IA,, 2P. O eixo cristalográfico c é um eixo de sime-


tria binário.

Fig. 261. Piiii- Fig. 262. Estereograma da Pirâniide Fig. 263. Hemi-
niiile Il6iiibic;i. Rôrnliica. rnorfita.

Dois planos de simetria fazendo 3ngulos rctoi entre si cortam-se


neste eixo. A Fig. 261 é um desenho da pirâmide rombica e a Fic. ?52
é seu estereograma.
Formas. Por causa da ausência dc um plano de simetria hori-
zontal, as formas na partc superior d o cristal s5o difercntes daquelas
situadas na parte inferior. A bipirâmidc r6mbica transfornia-se. assini,
em duas pirâmidcs rembicas, { I r k l ) na parte superior e {hki} na infe-
rior. Não existem igualmente os prismas de primeira e de segunda
ordens. No lugar dc cada um dêles, existem, dois domos (formas ccm
duas faces). {Okl} c (0kT) sáo os domos de primeira ordeni e
{hOl} e {hOT} são os domos de segunda ordem. Além destas foi-mas,
existem também pédios 1001 } e {OOi} e prismas de terceira ordem.
Sòmente alguns minerais cristalizam-se nesta classe; os mais co-
muns são a hemimorfita, Fig. 263, e a bertrandita.
SISTEMA MONOCLINICO 99

SISTEMA MONOCLÍNICO
Eixos cristaiográficos. No sistema monoclínico, as formas cris-
talinas são referidas a três eixos cristalográficos de comprimentos desi-
guais. Os eixos a e b e b e c formam ângulos de 90° uns com os ou-
tros, mas a e c formam ângulo oblíquo entre si. Os comprimentos
relativos dos eixos e o ângulo entre os eixos a e c variam para cada
mineral monoclínico e devem ser determinados através de medições
apropriadas.
Quando orientado adequadamente, o eixo b é horizontal e colo-
cado em posição indo da esquerda para a direita; o eixo a está
inclinado para baixo e para a frente e o eixo c é vertical. O com-
primento do eixo b é tomado como unidade e os comprimentos dos
eixos a e c em função dêle. O maior dos dois ângulos suplementares
que a e c fazem entre si designa-se por B. A Fig. 264 representa os
eixos cristalográficos do mineral monoclínico, o ortoclásio, do qual as
constantes axiais se exprimem por a:h:c = 0,658: 1:0,555; p =
= 116O 03'.

Fiz. 264. Eixos de Cristal Fig. 265. Eixo de Fig. 266. Plano de
Monoclínico. Simetria. Simetria.
Simetria d o Sistema Monoclinico.

Em qualquer cristal monoclínico, as posições do eixo 6 e d o plano


no qual se situam os eixos a e c estão fixadas pela simetria (ver Figs.
265 e 266). Contudo. as direções que devem servir como os eixos a e
c são assunto de escolha e dependem d o hábito e da clivagem d o cris-
tal. Se os cristais da substância mostram um desenvolvimento alon-
gado (hábito prismático) paralelamente a alguma direçáo no plano
a-c, esta direçáo serve muitas vêzes como o eixo c (ver Figs. 278-280,
página 103). Além disso, se existe uma face ou faces principais, incli-
nadas, tais como as designadas por c nas Figs. 283-285 ou por faces r
nas Figs. 280 e 281, o eixo a pode ser tomado como paralelo a elas.
E inteiramente possível que possa haver duas ou mesmo mais escolhas
diferentes que sejam igualmente boas quanto às direções dos eixos a e
CRISTALOGRAFIA

c no cristal monoclínico. Uma vez estabelecida, a orientação dos cris-


tais de uma dada substância é seguida usualmente nas descrições
subsequentes.
A clivagem é também fator importante na orientação de um cris-
tal monoclínico. Se existe uma boa clivagem pinacoidal, paralelamente
ao eixo b, como no ortoclásio (Fig. 283), ela é tomada ordinàriamen-
te como a cliva~embasal. Se existem duas direçóes de clivagem equi-
valentes, como nos anfibólios e piroxênios, são consideradas ordinà-
riamente como clivagens prismáticas verticais.

Classe Prismática -. 2/m

Simetria - C , IA,, 1P. O eixo cristalográfico b é um eixo de


simetria binirio. O plano a-c dos eixos cristalográficos E um plano de
simetria. Nestas condições, com um eixo binário fazendo ângulos retos
com um plano de simetria, deve haver também um centro de sime-
tria. O estereograma (Fig. 268) mostra a simetria d o prisma (quarta
ordem) (Fig. 267). Como o eixo a se inclina para baixo e para a
frente, êle não se situa no plano equatorial e a extremidade positiva
corta a esfera de projeção no hemisfério sul.

Fip. 267. Prisma Fig. 268. Estereograma do Prisma


Monoclínico. Monoclínico.

Formas. Existem apenas dois tipos de formas gerais na classe


prismática d o sistema monoclínico: pinacóides e prismas. São as se-
guintes:
1 . Pinacóide frontal ou Pinacóide a { 1 0 0 } . O pinacóide frontal
(ver Fig. 269) tem duas faces paralelas, cada uma das quais corta o
eixo a e é paralela aos eixos b e c. A Fig. 269 mostra { 1001 em
combinação com { 0 1 0 } e { O O l } .
SISTEMA MONOCL[NICO 101

2 . Pinacóide lateral ou Pinacóide b {OIO}. O pinacóide lateral


(ver F i e . 269 e 272) consiste em duas faces paralelas, cada uma
das quais corta o eixo b e E paralela aos eixos a e c.
3 . Pinac<íide basal ort Pinacóide c (001). O pinacóide basal
(ver Figs. 269 e 270) consiste em duas faces paralelas, cada uma das
quais corta o eixo c e' C paralela aos eixos a e h. Diferentemente d o
pinacóide basal do sistema ortorrómbico, Ele é perpendicular ao eixo c.

Fig. 269. Pinacóide~ Fig. 270. Pii~acóide Fig. 271. Pinacóide


Frontal, Lateral e de Serunda Or- de S e g ~ n d a Or-
Basal. dem, Positivo e dem. Negativo e
Pinacóide Bnial. Pinncótde Bnwl.

Fig. 272. Pinawides de F ~ K273.


. P r i m a dc Fig. 274. P r ~ s m a de
Segunda Ordem. Positi- Primeira Ordcni e Terccirn Ordem e
vo e Negativo, e Pins- Pinacóide Frontal. PinacGide Rasal.
cóide Lateral.

4 . Pinacóide.7 de srgunda ordem { h011 positiiw, { E01) negativo.


Estas formas são compostas, cada uma, de duas faces paralelas e.
como o pinacóide basal e o frontal, sao paralelas ao eixo b. Contudo,
situam-se em posiqão intermediária relativamente aos outros pinacóides
e cortam, portanto, ambos os eixos a e c. Existem vários pinacóides
de segunda ordem com interceptaq6es axiais diferentes. Como as extre-
midades opostas do eixo a no sistema monoclínico não são permutá-
veis, há dois tipos distintos de pinacóides de segunda ordem, depen-
dendo se a face na extremidade superior d o cristal corta a extremidade
1O 2 CRISTALOGRAFIA

positiva ou negativa d o eixo a. Se uma tal face corta a extremidade


positiva do eixo a, a forma é designada como um pinacóide de se-
gunda ordem positivo; se ela corta a extremidade negativa do eixo a,
a fonna é designada como um pinacóide de segunda ordem negativo.
Deve ser acentuado que estas duas formas são inteiramente indepen-
dentes uma da outra e a presença de uma não necessita absolutamente
a presença da outra: O pinacóide de segunda ordem fundamental,
positivo 1101 } & o pinacóide de segunda ordem fundamental, negativo
{ r o l } são vistos, respectivamente, nas Figs. 270 e 271 em combina-
ção com o prisma vertical e com o pinacóide basal. Na Fig. 275 as
duas formas estão ilustzadas juntas em combinação com o prisma
vertical e com o pinacbide basal.
5 . Prismas de primeira ordem {Okl). O prisma de pimeira or-
dem é uma forma tendo quatro faces, cada uma das quais corta os
eixos b e c, sendo paralela ao eixo inclinado a. Existem vários prismas
de primeira ordem com interceptações axiais diferentes; a forma fun-
damental ( 0 1 1 ) está representada na Fig. 273.
6 . Prismas verticais ou prismkzs de terceira ordem { M O } .O pris-
ma monoclínico de terceira ordem tem quatro faces verticais, cada
uma das quais corta os eixos a e b, sendo paralela ao eixo c. Existem
vários prismas verticais com interceptações axiais diferentes; a forma
fundamental { 110) está representada nas Figs. 274-277.

Fig.275. Pinacóides de Fip. 276. Prisma de Fig 277. Prisma de


Segtinda Ordem, Posi- Quarta Ordem, Positi- Quarta Ordem, Negati-
tivo e Negativo, Pina- vo, Pinacóide Rasa1 e vo, Pinawide Basal e
cóide Basal e Prismn Prisma Vertical. Prisma .Vertical.
Vertical.

7 . Prismas de quarta ordem { h k l } positivo, { - - 1 ) negativo. Cada


uma dessas formas e composta de quatro faces, situando-se entre os
prismas {Okl) e {hkO); cortam, portanto, todos os três eixos. Exis-
tem vários prismas de quarta ordem, dependendo das interceptaçÕes
axiais. Há duas formas independentes que se distinguem uma da outra,
SISTEMA MONOCLINICO 103

determinando-se se as duas faces da metade superior do cristal cortam


a extremidade positiva ou negativa d o eixo a . Se duas de tais faces
de uma forma cortam a extremidade positiva do eixo ri, a forma é
conhecida como um prisma dc quarta ordem positivo; se cortam a
extremidade negativa do eixo a, conhece-se a forma como um prisma
de quorta ordem negativo. Acentue-se que estas duas formas são in-
teiramente independentes entre si, podendo existir uma delas sem a
presença da outra. O prisma de quarta ordem fundamental, positivo,
representado na Fig. 276 e o prisma de quarta ordem fundamental,
negativo, visto na Fig. 277, são mostrados em combinação com o
prisma vertical e o pinacóide basal.

Fig. 278. Fig. 279. Fig. 280. Fiz. 281.


Piroxênio. Anfibólio.

Fig. 282. Fig. 283. Fig. 284. Fig. 285.


Gipso. Ortocl6sio.

Notar-se-á que a única forma monoclínica que está absolutamen-


te fixada em sua designação é o pinacóide lateral. As outras formas
podem variar com uma modificação na escolha das direções dos eixos
a e c. Por exemplo, o pinacóide frontal, o pinacóide basal e o
pinacóide de segunda ordem podem ser convertidos uns nos outros
mediante uma rotação em torno do eixo b. Da mesma maneira, os
três prismas podem ser mudados de uma para outra posição.
104 CRISTALOGRAFIA

Combinações. As Figs. 278-285 mostram combinações caracte-


rísticas das formas descritas anteriormente.
Muitos minerais cristalizam-se na classe prismática monoclínica;
alguns dos mais comuns são:
amrita espodumênio ouropigmento
Mrax gipso realgar
calaverita heulandita talco
caolinita malaquita tilanita
clorita monazita tremolita (e outros
colemanita rnoscovita (e outras anfib6lios)
datolita micas) wolframita
diopsidio (e outros ortoclá?io
piroxênios)
epidoto

Classe Esfeno6drica - 2
Simetria - I A 2 O eixo cristalográfico b é um eixo binário de
simetria. A Fig. 286 é ilustração do esfenoedro e seu estereograma
pode ser visto na Fig. 287.

Fip. 286. Esfenóide. Fig. 287. Estereograma do Esfenóide.

Fonnas. Náo existindo o plano de simetria a-c, o eixo b é polar


e diferentes formas estão presentes nas extremidades opostas. O pina-
cóide { 0 1 0 } na classe 2 / m transforma-se em dois pédios { 0 1 0 } e
{OiO}. Da mesma forma, os prismas de primeira, terceira e quarta
ordens resolvem-se, cada um, em um par de esfenoedros enantiomor-
fos. Um esfenoedro é uma forma de duas faces com simetria em
torno de um eixo, b , em contraste com um domo com simetria em
relaçeo a um plano. A forma geral é, portanto, o esfenoedro { h k l )
com seu enantiomorfo equivalente {/&I}. As outras formas prismáti-
cas especiais, da classe 2/m, transformam-se em esfenoedros {Okl},
(07il) e {hkO}, {hkO}. Os pinacóides { 1 0 0 } , { 0 0 1 } e {hOl} podem
estar presentes.
SISTEMA MONOCLINICO 105

A natrolita cristalia-se na classe esfenoédrica. Outros represen-


tantes são raros, mas os principais, entre êstes são os membros d o
grupo isoestmtural da halotriquita, do qual a pickeringita, MgAi,
(S04),.22H20 é o membro mais comum.

Classe Domática - m
Simetria - 1P. Existe um plano vertical de simetria (010) que
i n c l ~ ios eixos 'cristalográficos a e c. A Fig. 289 é o estereograma do
domo visto na Fig. 288.

Fig. 288. Domo. Fig. 289. Estereograma do Fig. 290. Hilgardita.


Domo.

Formsv. O domo é uma forma de duas faces simétricas, em re-


lação a um plano de simetria, em c'ontraste com o esfenoedro (Fig.
286) que é simétrico em torno de um eixo de simetria binário. As
formas gerais { h k l } e {hkl) correspondem, cada uma. a duas das fa-
ces do prisma de quarta ordem da classe prismática. Os prismas
especiais {Okl) e {hkO) da classe 2/m também se transformam em
domos, {Okl), {Oki) e {hkO), {hkO}. A forma 1010) é pinacói-
de, mas todas as faces que se situam sôbre o plano de simetria, como
{ IOO}, {TOO), {O01 1, {O071 e {hol), {hOl) são pidios.
Os minerais raros, Xilgardita, CapBIR03õCI,.4 H 9 0 (Fig. 290) e
clinoedrita, H2CaZnSiOa, cristalizam-se nesta classe.

Características dos Cristais Monoclinicos


A maior parte dos cristais monoclínicos tem sido orientada com
o eixo cristalográfico c como eixo de alongamento, mas alguns como
o feldspato ortoclásico são alongados na direçáo do eixo a. Alguns mi-
nerais, como o epídoto, são alongados paralelamente ao eixo b. Os
106 CRISTALOGRAFIA

cristais monoclínicos distinguem-se principalmente por sua simetria bai-


xa. O fato que possuem sòmente um plano de simetria. ou um eixo
binário de simetria ou uma combinação de um plano e um eixo, fa-
zendo ângulos retos entre si, serve para distingui-los dos cristais de
todos os outros sistemas. Usualmente, a inclinação das faces do cristal
que são paralelas ao eixo a é acentuada e sòmente em casos raros
o ângulo entre os eixos a e c se aproxima muito de 90°.

SISTEMA TRICLÍNICO
Eixos cristalográficos. No sistema triclínico, as formas cristali-
nas são referidas a três eixos cristalográficos de comprimentos desi-
guais que fazem ângulos oblíquos uns com os outros (Fig. 291).
As três regras que o estudante deve seguir na orientação de um
cristal triclínico e, portanto, na determinaçáo da posicâo dos eixos
cristalográficos, são: (1) A zona mais pronunciada deve ser colo-
cada verticalmente. O eixo desta zona torna-se então o eixo c.
( 2 ) O pinacóide basal deve inclinar-se para a frente e para a direita.
( 3 ) Na zona vertical, selecionar-se-ão duas formas: uma, como o
pinacóide frontal, a outra, como o pinacóide lateral. As direções dos
eixos a e b são determinadas, respectivamente, pelas intersecões dos
pinacóides lateral e frontal com o pinacóide basal. O eixo b deve

Fig. 291. Eixos de Fig. 292. Pinacóide. Fig. 293. Estereograma


Cristal Tnclinico. do Pinac6ide.

ser mais longo que o eixo a. Ao reportar a cristalografia de um


mineral triclínico novo ou de um ainda não registrado na literatura,
deve ser seguida a convenção segundo a qual c < a < b. Os compri-
mentos relativos dos três eixos e os ângulos entre êles podem ser
estabelecidos sòmente com dificuldade e devem ser calculados para
cada mineral a partir de medições apropriadas. Os ângulos entre as
extremidades positivas d e b e c, c e e e a e b designam-se, respectiva-
SISTEM4 TRICLINICO 107

mente, por a, e y (ver Fig. 2 9 1 ) Z o r exemplo. as constantes


cristalinas d o mineral triclínico, a axinita, são as seguintes: a : b : c =
- 0,492:1:0,480; a = 82054'; fi = 91°52'; y = 131032'.

Classe Pinacoiíial - i
Simetria - C. A simetria consiste em um eixo unitário de in-
versão rotatória, equivalente a um centro de simetria. A forma geral,
um pinacóide, pode ser vista na Fig. 292, sendo a Fig. 293 seu este-
reograma.
Fonnas. Tódas as forma? da classe pinacoidal são pinacóides,
consistindo, portanto, em duas faces semelhantes c paralelas. Uma
vez que o cristal seja orientado, os índices de Miller de uma face d o
cristal estabelecem sua posição. Contudo, dão-se nomes aos vários
pinacóides que, de modo geral, indicam sua relação para com os
eixos cristalográficos. Além dos pinacóides frontal, lateral e basal,
existem pinacóides de primeira, segunda, terceira e quarta ordens.
1 . Pinacóides fronta!, lateral e basal. Cada um dêstes pinacói-
des corta um eixo cristalográfico e é paralelo aos outros dois. O pina-
cóide frontal, ou pinacóide a {IOO}, corta o eixo a e é paralelo aos
outros dois; o pinacóide lateral ou pinacóide b (0101 corta o eixo b;
o pinacóide basal ou pinacóide c 1001) corta o eixo c. Estes três
pinacóides são vistos em combinação na Fig. 294.

Fie. 294. Pinacóides Fig. 295. Pinacóide Fie. 296. Pinacóider


Frontal, Lateral e Frontal e Pinacói- de Segunda Ordem
Rasal. dec de Primeira e Pinacóide Late-
Ordem. ral.
2 . Pinacóides de primeira ordein (Okl} positivo, (Okl) negativo.
Estas formas são paralelas ao eixo a ou primeiro eixo e cortam os
outros dois (Fig. 295). As formas positivas cortam a extremidade
(+) do eixo b, as negativas a extremidade ( - ) .
3 . Pinacóihs de segunda ordem (k01) positivo, {ZOl} nega-
tivo. E.stas formas cortam os eixos a e c e são paralelas ao eixo b
ou segundo eixo Fie. 296). As formas positivas cortam a extre-
midade (+) d o eixo a; as negativas, a extremidade ( - ) .
108 CRISTALOGRAFIA

4 . Pinacóides de terceira ordem { 11kO} positivo, { hkO } negativo.


As faces destas formas são paralelas a o eixo c ou terceiro eixo e são
verticais. Cortam os eixos a e b. As formas positivas cortam a extre-
midade (+)d o eixo b; as negativas, a extremidade (-). A Fig. 297
mostra o pinacóide hasal em comhinaqão com os pinacóides de ter-
ceira ordem { 1101 e { ITO}.

Fig. 297. Pin:icÓides <Ir Terceir.~ Fie. 298.Pinacóides de Q u a r t ~


Ordem e Pinacóide Basal. Ordem.

Existem vários pinacóides de primeira, segunda e terceira ordens


com interceptaçóes axiais diferentes. A presenqa de um pinacóide
positivo não indica absolutamente que esteja presente a forma negativa
correspondente.
5 . Pinacóides de quarta ordem {hki} positivo, direito {likl}po-
sitivo, aqirerdo, {hkl) negutivo, direito, { h k i } negativo, esquerdo.
Cada um dêstes é uma forma com duas faces e pode existir indepen-
dentemente dos outros. São possíveis vários pinacóides de quarta
ordem, dependendo das interceptaçóes axiais. A Fig. 298 mostra uma
combinaçao dc quatro pinacóides fundamentais de quarta ordem.
Entre os minerais que se cristalizam na classe pinacoidal, estão:
ambliponiia polialila
cnlcanfita rodonira
feldspato~ plapioçláricos tiirqueia
microclinio ulexitn
neciolita rvollastonita

Classe Pedia1 - I

Simetria - Existe sòmente uni cixo de rotaçáo unitário o que


equivale a uma ausencia de simetria. O cstereograma (Fig. 300) mos-
tra assim sòmente um pólo, o do pédio (Fig. 299).
Formas. A forma geral {hkl} assim como tôdas as outras for-
mas são pédios e portanto cada face não possui.outra, simétrica e
igual. Cada forma pinacoidal da classe (i) transforma-se em dois
pédios.
CRISTAIS GEMINADOS E AGREGADOS CRISTALINOS 109

A axinita é o único mineral comum que se cristaliza na classe


pedial.
,H--\
\
\
//' TI \
/
. '
I
I
*=
\
\
I
I . I
I wbl
\ I /
\
\ zd /'
'.---H'

Fig. 299. Pédio. Fic. 300. E?lcreo~rarnad o Pédio

Características dos Cristais Triclínicos

Com a exceçáo dos feldspatos plagioclásiws, há poucos mine-


rais triclínicos comuns e êles formam cristais distintos, bem desen-
volvidos. Quando ocorrem cristais nestas condiç0es. são reconhecidos
usualmente pelo fato que não possuem plano nem eixo de rotação
de simetria. As Figs. 301 e 302 representam cristais triclínicos carac-
terísticos.

Fig. 301. Rodonita. Fig. 302. Calcantita

G . CRISTAIS GEMINADOS E AGREGADOS


CRISTALINOS
Na discussão precedente dos vários sistemas cristalinos, consi-
derou-se o caráter dos cristais individuais desenvolvidos idealmente.
Tais cristais são a exceção, e os minerais são encontrados com mais
frequência naqueles que não apresentam a simetria ideal, ou são
intercrescidos uns com os outros. Um intercrescimento pode resultar
em um agrupamento paralelo, quase-paralelo ou causal das unidades
118 CRISTALOGRAFIA

cristalinas. Mais raramente, observam-se dois ou mais cristais inter-


crescidos segundo uma lei definida, sendo chamados cristais gemi-
nados.

Cristais Geminados

Quando dois ou mais cristais intercrescem de acordo com alguma


lei que pode ser deduzida, de modo que cenas direçóes dos retículos
são paralelas ao passo que outras direçóes estão em posição reversa,
dá-se a êste grupo o nome de crisfal geminado. As partes compo-
nentes de um cristal geminado estão relacionadas umas com as outras
dos seguintes modos: (1) A relação pode ser tal como se uma pane
fôsse derivada da outra mediante reflexão sobre um plano comum
a ambas. Este plano em torno d o qual as duas partes do cristal
geminado estão dispostas sirnktricamente chama-se plano do gemi-
nado. ( 2 ) Uma parte d o geminado pode dar a aparência de ter sido
derivada da outra por uma revolução em tôrno de alguma direção
do cristal comum a ambas. Embora existam algumas exceções, a
revolução angular é usualmente de 180° e a linha em torno da qual
ela pode ser considerada como tendo ocorrido chama-se eixo do gemi-
nado. ( 3 ) Os dois indivíduos podem ser simétricos em tôrno de um
ponto. Neste caso, diz-se que o geminado tem um centro. A gemi-
nação é definida por uma lei que afirma a existência de um centro,
um eixo ou um plano de geminação e dá a orientação cristalográfica
para o eixo ou plano.
A superfície sobre a qual os indivíduos estão unidos é conhecida
pelo nome de superfícic de composição. Se esta superfície é um plano.
chama-se plano de composição. O plano de composição é comumente,
mas não invariàvelmente, o plano do geminado. Contudo, se a lei
de geminação pode ser definida sòmente por um plano de geminação,
êste plano é sempre paralelo a uma face possível mas nunca é para-
lelo a um plano de simetria. O eixo do geminado é um eixo de zona,
ou uma direção perpendicular a uma face possível do cristal; mas
nunca pode ser um eixo de simetria par (binário, quaternário, senário)
se a rotação considerada é de 180°. Uma rotação de 90° em torno de
um eixo binário pode ser considerada uma operação de geminaçáo.
Os geminados designam-se usualmente seja como geminados de
contato, seja como geminados de penetraçáo. Os geminados de con-
tato têm uma supetfície de composição definida separando os dois
indivíduos e a lei de geminação é definida por um plano de geminação
(Fig. 308). Os geminados de penetração são constituídos por indi-
CRISTAIS GEMINADOS E AGREGADOS CRISTALINOS 111

víduos que se interpenetram tendo uma superfície irregular dc com-


posiçáo e a lei de geminario i definida por um eixo do seminado
(ver Fig. 309).

Fig. 303. Geminados da Albita. Fig. 304. Calcita Geminada Segundo


o Ronihoedro P:egntiun.

Fig. 305. Rutilio. F ~ R306.


. Crisoherilo.

Geminaçjio Ciclica.

gemi nado.^ miíltiplos ou repetidos são formados de tr?s ou mais


partes, todas geminadas de acordo com a mesma lei. Se todas as
superfícies sucessivas de composição são paralelas, o grupo resultante
chama-se geminado poliusint<'tico. Se os planos de composiç5o suces-
sivos não sã^ paralelos, resulta um ge~ninarlociclico. Exemplos co-
muns de geminação polissintética são a albita geminando-se no felds-
pato plagioclásico (Fig. 303) e a geminaçáo segundo o romboedro
ncgntivo ( O l i 2 ) na calcita (Fie. 304). Quando um grande número
de indivíduos em um geminado polissintético estão muito próximos
entrc si, as faces do cristal ou as clivagens atravessando os planos de
composição mostram estriações devido às posições reversas dos indi-
víduos adjacentes. As Figs. 305 e 306 d o rutílio e d o crisoberilo
ilustram geminaçóes ciclícas.
112 CRISTALOGRAFIA

A geminação nos gmpos de simetria mais baixa produz geral-


mente uma simetria d o agregado resultante mais elevlda do que a de
cada indivíduo, porque o plano de geminação é um plano de simetria
adicionado.
Leis comuns dos geminados. Sistema isométrico. Na classe he-
xaoctaédrica d o sistema isométnco, o eixo do geminado com algumas
exceções raras é um eixo de simetria ternário e o plano d o geminado
é, assim, paralelo a uma face d o octaedro. A Fig. 307 mostra um
octaedro com o plano bb sendo um possível plano do geminado e

Fig. 307. Octaedro Mostrando a Fig. 308. Geminado do Espi


Oricntaqão do Plano do nélio.
Geminado.

Fi.309. Geminado de Penetraçáo Fig. 310. Cruz de Ferro da Pirita.


da Fluorita.

a Fig. 308 mostra um octaedro geminado de acordo com esta lei,


formando um geminado de contato. Este tipo de geminado é cohum
especialmente no espinélio nobre e, por conseguinte, chamado gemi-
nado do espinélio. A Fig. 309 mostra dois cubos formando um gemi-
nado de penetração com o eixo de simetria ternário como eixo do
geminado.
Na classe diploédrica d o sistema isométrico, são comuns gemi-
nados de penetração de dois piritoedros, mostrados na Fig. 310.
Aqui, o eixo do geminado é normal a uma face d o rombododecaedro.
CRISTAIS GEMINADOS E AGREGADOS CRISTALINOS 113
. ---

Unia rotação de 90" cm torno do eixo binário produziria o mesmo


resultado. Conhece-se êste geminado como crrrz de fcrro.
Sistemu hc.rogotiu1. Na divisáo liexagonal dêste sistema, os ge-'
minados são raros e carecedores de importancia, iiias na divisão rom-
boédrica os geminados são comuns. Os carbonatos romboEdricos, es-
pecialmente a calcita, servem dc excelentes ilustraçóes de três das leis
de geminaçáo. O plano do geminado pode ser paralelo ao pinacóide
basal, com o eixo e como eixo d o geminadr, (Figs. 311 e 312). Um
plano paralelo a uma face do rombocdro necativo ( 0 1 7 2 ) serve
comumente como plano do geiiiinado (Fig. 3 13 ). A geminaçáo polis-

Fie. 311. Fig. 312. FIE. 313. Ciilciia Gernin;idu


Calcira Geminada Sepiinda a Base. Segundo 0 l i 2 / .

Fig. 314. Geminação Artificial Fig. 315. C;ilcita Geniinadn


d a Calcita. Segundo { 1071j.

sintética ocorre frequentemente segundo esta lei e pode formar-se conio


resultado de uma pressão (Fiç. 304). Um fragmento de clivagem d o
espato da Islândia podc ser geminado artificialmente pela presstio da
lâmina de uma faca, dc acordo com a mesma lei, como pode ser visto
na Fiç. 314. Na Fig. 315, um plano paralelo a uma face d o rom-
boedro positivo { 10íI } serve como um plano d o geminado.
114 CRISTALOGRAFIA

Na classe trapezoédrica trigonal, o mineral quartzo mostra vários


tipos de geminação. Na Fig. 316, ilustra-se a lei do Braril com o
plano d o geminado perpendicular a um dos eixos cristalográficos a.
Aqui, os indivíduos direito e esquerdo formaram um geminado de
penetração. A Fig. 317 mostra um geminado do Delfinado. Este é
geminado de penetração tendo o eixo c como o eixo d o geminado.
Tais geminados são compostos seja de dois indivíduos direitos seja
de dois esquerdos. Na Fig. 318, ilustra-se a lei do Japão com o plano
do geminado paralelo a um romboedro, {1122). Os ângulos reen-
trantes, presentes usualmente nos cristais geminados, não se mostram
nem nos geminados d o Brasil nem nos d o Delfinado.

Fia. 316. Gemi- Fia. 317. Geminado Fiz. 318. Gemilado


nado do Brasil. do Delfinado. do Japão.
Geniinaçãa do Quartzo.

Fiz. 319. Fig. 320. F ~ K321.


. Fie. 322. Zircio.
Cassiterita. Rutílio.

Sistema tetragonal. O tipo de geminado mais comum no sistema


tetragonal tem como plano do geminado, um plano paralelo a uma
face da bipirâmide de segunda ordem (011 1. As Figs. 319-322 repre-
sentam cristais de cassiterita. rutílio e zircáo geminado5 de acordo
com esta lei.
CRISTAIS GEMINAWS E AGREGAWS CRISTALINOS 115

Sistema ortorr6mhico. No sistema ortorrômbico, um plano pa-


ralelo a uma face d o prisma serve muito frequentemente como plano

Eis. 323. Aragoniia. Fig. 324 SeCáo Trany- Fig. 325. Ceriir~ita
versal do Ceniinado Ci-
clico da Araganita.

Flg. 326. Fic. 327. Fig. 328.


Geminados da Estaurolitu. Gipso.

Fig. 329. Fig. 330. Fie. 331. Fig. 332.


Geminado Ceminado de Ceminado de Geniinacáo da
de Carishad Mnnebach. Ravena. Albita.

do geminado. A Fig. 323 representa um geminado de contato da


aragonita e a Fig. 324, uma seção transversal de um geminado cíclico
do mesmo mineral formado desta maneira. A Fig. 325 mostra um
geminado cíclico semelhante de cerussita. O aspecto pseudo-hexago-
116 CRISTALOGRAFIA

na1 das Figs. 324 e 325 resulta d o fato que os ângulos do prisma
estão próximos de 60°. Dois tipos de geminaçáo são comuns no
mineral estaurolita, como pode ser visto na Fig. 326, onde o plano
do geminado é um plano paralelo a uma face d o prisma de primeira
ordem {032}, e na Fig. 327, onde o plano d o geminado é um plano
paralelo a uma face da bipirâmide {232}.
Sistema monoclinico. No sistema monoclínico, a geminação se-
gundo os pinacóides { 1 0 0 ) ou {O01 } é a mais comum. A Fig. 328
do gipso ilustra a geminação, com o pinacóide frontal { 1 0 0 ) sendo
o plano do geminado. A Fig. 330 é de um seminado de Manehach
do ortoclásio em que o pinacóide basal {O01 } é o plano d o geminado.
O ortoclásio forma também geminados de penetração segundo a lei
de Carlshad, em que o eixo cristalográfico c é um eixo d o geminado
e os indivíduos estão unidos sobre uma superfície mais ou menos
paralela a ( 0 1 0 ) (Fig. 329). O geminado de Raveno acha-se também
no ortoclásio. Aqui, o plano d o geminado é um plano paralelo a uma
face d o prisma de primeira ordem 1 0 2 1 ) (Fig. 331).
Sistema triclínico. Os feldspatos ilustram da melhor maneira a
geminação do sistema triclínico. Estão quase sempre geminados de
acordo com a lei da albita, sendo o pinacóide lateral {OIO} o plano
do geminado (Fig. 332). Outro tipo importante no feldspato é a
geminação segundo a lei do periclínlo com o eixo cristalográfico b
sendo o eixo do geminado.

Hábito Cristalino e Agregados Cristalinos

Dão-se a seguir certos têrmos usados para exprimir a aparência


ou o hábito dos cristais individuais, ou dos agregados de cristais:
I . Os segiiintes têrmoi podem ser usados. quando um mineral consiste em
cristais isolados e distintos:

o. Aciciilar. Em cristais delgados semelhantes a agulhas.


b. Cnpilnr ou filifornir. Em cristais semelhantes a cabelos ou fios.
c. Lnmiriado. Cristais alongados, achatados como a lâmina de uma faca.

2. Usam-se os seguintes têrmas, quando um mineral consiste em um grupo


de cristais distintos:

o. Deri<lrílico. Arborescente, em ramos delgados divergentes, semelhan-


tes em algo a uma planta, constituí<lo de cristais mais ou menos distintos.
b. Rcliculndo. Grupos de cristais delgados semelhantes a reticulos.
c. Diwr~errre ou rndindo. Grupos de cristais radiados.
d . Di-rlsifornie. Uma superfície é d ~ s i f o r m e ,quando coberta por uma
camada de cristais pequenos.
HABITO CRISTALINO E AGREGADOS CRISTALINOS 117

3. Usam-se os seguintes têrmos, quando um mineral consiste em grupos


de indivíduos paralelos ou radiados:
o. Colrrnor. Em indivíduos grossos semelhantes a colunas.
b. Larninado. Um agregado de muitas lâminas achatadas.
c. Fibroso. Em agregados fibrosos, delgados.
d. Esrrelodo. Indivíduos radiados formando grupos circulares ou seme-
lhantes a estrêlas.
c. Globiilor. Indivíduos radiados formando prupas esféricos ou semi-
-esféricos.
f. Borrióide. Quando as formas globulares estão em grupos. A palavra
deriva do grego, significando semelhante a um cacho de uvas.
g. Reniforme. Indivíduos radiados terminando em massas arredondadas
que se assemelham a um rim (Fig. 333).

Fiç. 333. Hematita KeniIorrne, C:iimberland, England

h. Momilor. Massas grandes, arredondadas, assemelhando-se a mamas.


formadas por indivíduos radiados.
i. Esferoidnl. E frequentemente difícil distinguir entre os agregadas re-
presentados pelos três últimos têrmos, resu!tando disto ter sido proposto o
i ê m o esferoidal para incluir tôdai as formas mais ou menos esféricas.
4. Usam-se os seguintes têrmos quando um mineral consiste em escamas
OU lamelas:
a. Foliáceo. Quando um mineral se separa fàcilmente em lâminas ou
fólhas.
b. Mic<íceo. Semelhante a o anterior, mas o mineral pode ser fendido em
lâminas muitissimo delgadas, como nas micas.
c. Zanielar ou t~brdlor. Quando o mineral consiste em indivíduos acha-
tados, semelhantes a lamelas sobrepostas umas às outras ou aderindo umas
às outras.
118 CRISTALOGRAFIA

d. Pir<moso. Consistindo em escamas finas com estrutura divergente ou


semelhante a penas.
S. Qitando um mineral consiste em gráos:

Gratiular. Quando um mineral consiste em um agregado de grãos peque-


nos ou grandes.
6. Miscelânea.
a. Esralocritico. Quando um mineral ocorre em cones ou cilindros pen-
dentes. Estalactites formam-se pela deposição de águas contendo minerais que
gotejam d o teto de alguma cavidade.
h . Concinfrico. O mineral consiste em camadas mais ou menos circnla-
res superpostas umas sobre as outras em redor de um centro comum.
c . Pisolirico. U m mineral consistindo em massas arredondadas d o tama-
nho aproximado de ervilhas.
r/. Ooliiico. Um agregado mineral formado de pequenas esferas asse-
melhando-çe a ovas de peixe.
c. Rnndndo. Quando um mineral ocorre em faixas estreitas de cor ou
textiira diferentes.
f . Morico. U m mineral composto de material compacto com forma
irregular. sem qualquer aparência peculiar, como os descritos antes.
p. Ami.~.?ni<iide. Quando uma rocha, como o basalto. contém nódulos
com a çonfigiiraçác de amêndoas.
/I. Geudos. Quando uma cavidade é revestida pela deposição de mate-
rial mineral, mas não é completamente cheia, a concha mineral mais ou menos
esférica chama-se geodo. O mineral é muitas vêzes listrado, dadas as depo-
sicães sucessivas de material. e a superfície interna está recoberta frequente-
mente por cristais salientes.
i . Concreçóes. Massas aproximadamente esféricas formadas pela depo-
sição de material sobre um núcleo.

H. REGRAS PARA A ORIENTAÇÃO DOS CR-ISTAIS

Em geral, o processo de orientação consiste em correlacionar


os aspectos inorfológicus visíveis d o cristal com os eixos coordenados
cristalogriíficos. O estudante deve ter sempre em mente uma distinção
nítida entre os eixos cristalográficos, que são um artifício puramente
sintético, e os eixos e planos de simetria que são um aspecto tão real
do cristal como o são as faces, as arzstas e os ângulos sólidos que
indicam sua presença. Quando orientamos um cristal, estamos pro-
curando levar a disposiçáo regular dos átomos que o constituem a
uma pcsiçáo padrão para o estudo, usando como guia a morfo!ogia
e a simetria aparente.
E possível, em cristais de qualquer classe de simetria, distinguir
três zonas principais nas quais se situam as faces de todas as formas,
com exceçáo da forma geral. Nos sistemas ortorrômbico, monoclí-
REGRAS PARA A ORIENTACÃO DOS CRISTAIS 119

nico e triclínico, estas três zonas principais são definidas pelos pina-
cóides { 1001, {010} e 1001 } e têm como seus eixos de zona os três
eixos cri~talo~ráficos a, b e c. Podemos designar estas zonas pelos
seguintes números romanos:
Zona Determinada'pelos Eixo de zona
I pinacóides basal (001) e lateral (010) a
I1 pinacóidrs basal (001) e frontal (100) h
111 pinacóides frontal (100) e lateral (010) C

Os estereogramas (Fig. 334) mostram as relações entre estas


três zonas principais nos sistemas ortorrômbico, monoclínico e tn-
clínico.
Para se dar nome às formas de qualquer cristal dêstes três siste-
mas e dar-lhes os índices de Miller, deve-se orientá-lo segundo as
regras habituais para o sistema cristalino a que êle pertença. Depois
gire-o sucessivamente em redor de cada um dos três eixos de zona
principais.
1 . Qualquer face situada na interseçáo de duas zonas principais
é um pinacóide principal (ver a tabela dada anteriormente).
2 . Qiialquer face em uma zona com dois pinachides principais
é da ordem dada pelo número da zona. Todas as faces na Zona I
pertencem às formas de primeira ordem, todas as faces na Zona 11, às
formas de se~undaordem e todas as faces na Zona 111, às formas de
terceira ordem.
3 . Qualquer face náo situada em uma zona principal pertence a
uma forma geral, cujo nome é dado à classe.

Zona Ortorrómbico Monoclícico Triclínico


I Prisma de primeira Prisma de primeira t; Pinacóide de pri-
ordem ordem meira ordem
(0C1) (Okl) tokr) (010
11 Prisma d e segunda t; Pinacóide de se- r Pinacóide de sc-
ordem punda ordem gunda ordem
(h011 (h01) (fi01) (1~01)
111 Prisma de terceira Prisma de terceira t; Pinacóide de ter-
ordem ordem ceira ordem
(bkO) (hkO) (hk0) (hk0)
. .. Bipirâmide rômbica t; Prisma de quarta iD .
Pinacóide d e
(hkl) ordem
quarta ordem
(hkl) (hkl)
(1ik1) (hX.1)
120 CRISTALOGRAFIA

(4 (4 (4
Fig. 334. Estereogramas ( a ) Ortorrômbico, i b ) Monoclinico, ( c ) Tricli-
nico mostrando ar relafóer entre as três zonas principais.

Regras para a orientação. Na orientação dos cristais dos sis-


temas ortorrombico, monoclínico e triclínico, convencionou-se esco-
lher os eixos cristalográficos de tal forma que c < a < b caso se conhe-
çam as dimensões da cela, ou se estabeleçam as relações axiais e caso
a simetria o permita. Se, como é o caso comumente, não se conhe-
cem as dimensões da cela nem as relações axiais, o cristal deve ser
orientado na base de seu desenvolvimento morfológico.
Nos sistemas cristalinos inclinados, existem alguns princípios ou
regras gerais que auxiliarão na escolha adequada da orientação, na
base do hábito do cristal.
I . Uma orientação que produz índices simples é preferível ge-
ralmente a outra que produz índices mais compiexos. Assim, uma
orientação que atribui as faces presentes a formas de primeira, segun-
da ou terceira ordens é preferível a outra que atribui as mesmas faces
a bipirâmides ou formas de quarta ordem. A lista de formas, cujos
índices produzem o total numérico mais baixo, corresponderá com
mais probabilidade ao conjunto convencional dos elementos de sime-
tria baseado na estrutura interna. A base física desta regra é a esta-
bilidade geralmente maior e a abundância das faces que têm elevada
densidade de pontos reticulares.
2 . Quando existe a possibilidade de escolha entre formas positivas
e negativas, são preferíveis os conjuntos, que produzem índices posi-
tivos para as formas principais.
3 . Procurar-se-ão conjuntos, que produzem ângulos interaxiais
próximos de 90". Tais orientações produzirão eixos cristalográficos
que estão muito próximos d e serem ortogonais, acentuando as seme-
lhanças morfológicas com os sistemas de simetria mais elevada.
Ortorrômbico. Far-se-á com que coincidam os três elementos
de simetria binária, característicos d o sistema ortorrômbico, com os
REGRAS PARA A O R I E N W Á O DOS CRISTAIS 121
--~-

três eixos cristalográficos. Nas classes 2 / m 2 / m 2 / m e 222, colo-


cam-se os três eixos binários de simetria como eixos cristaloqáficos,
transformando-os nos eixos de zona das três zonas principais. Na clas-
se mm2, o único eixo binário é escolhido como eixo c. Os pinacóides
são perpendiculares aos eixos de simetria, sendo, portanto. fàcilmente
reconhecidos. Os prismas situam-se nas zonas principais e as bipirâ-
mides entre elas.
Se 1180 se considera a convenção c < a < h, existem trés maneiras
possíveis de orientar um cristal ortorrômbico. No passado. os cristais
ortorrômbicos eram orientados usualmente com o eixo c paralelo à
dimensão mais longa, ou perpendicular à mais curta. FEZ-se isto sem
levar em conta a convenqão de c < a < h, não sc tendo feito qualquer
tentativa de reorientar êstes cristais. Contudo, uma vez que êstes
cristais t5m o eixo r fixado, toma-se usualrnentc como o a mais curta
das outras duas direções ortogonais e como b, a mais longa
Monoclinico. Nas classes 2 / m e 2 . tonia-sc o eixo binário de
sinietria como o eixo cristalográfico h ; faz-se coincidir o plana de
sinietria da classe m com o plano dos eixos a e c. Esta regra não
comporta exceç6es. Escolhe-se geralmente como um pinacóidc basal
uma face principal na zona cujo eixo de zona 6 b, de modo a fazer
com que o eixo a se incline ligeiramente para haixo na direçZo d o
observador. Caso não se tenha desenvolvido face alguma adequada,
esforçar-se-á por selecionar um prisma de primeira ordem cuja aresta
de intersefão definirá o eixo a. Note-se que sòmente o pinacóide
lateral é perpendicular ao eixo por ele cortado.
Triclínico. a s cristais dêstc sistema permitem a amplitude má-
xima na escolha do conjunto c resulta disto grande diversidade de
opinião, no que se referc à interpretação adequada d a morfologia.
Tôdas as formas são pinacóides na classe T,pédios na classe 1 e sua
denominação depende inteiramente da orientação. Costuma-se esco-
Iher a zona mais importante nesses cristais como paralela ao eixo
cristalográfico c. Nesta zona, escolhem-se como pinacóides frontal e
Iateral as faces principais, de'tal modo a fazer o ângulo cristalográ-
fico 7 (gama) tão próximo de 90° quanto possível. Escolhe-se então
uma face principal como o pinacóide basal, de modo a fazer os
ângulos cristalográficos P (beta) e n (alfa) obtusos e tão próximos
de 90" quanto possível. Na ausência de faces adequadas. que possam
ser selecionadas como pinacóides principais, escolher-se-áo pinacóides
de primeira, segunda e terceira ordens de tal forma que definem um
sistema axial o mais ortogonal possível. Note-se que nenhum dos
pinacóides ou pédios principais éperpendicular a um eixo cristalo-
gráfico.
122 CRISTALOGRAFIA

Hexagonal. Em tõdas as classes, existe um único eixo de sime-


tria senário ou ternário que 6 tomado como o eixo cristalográfico c.
Quando existem três eixos de simetria horizontais, hinários, faz-se com
que coincidam com os eixos cristalográficos a. Na ausência de eixos
de simetria horizontais, ou quando existem seis dêsses eixos, há uma
ambigüidade de orientação que leva a dois conjuntos possíveis. Nestes
casos, costuma-se colocar as formas dominantes, quer inclinadas quer
verticais, em posiçáo tal que uma Irce fica voltada para o observador.
Tetragonal. Toma-se como eixo cristalográfico c em todas as
classes, o único eixo de simetria quatemário, seja eixo de rotação
seja de inversão. Nas classes com quatro eixos horizontais de sime-
tria, binários, dispõem-se os eixos cristalográficos de modo a coinci-
direm com dois daqueles. Existem duas orientações possíveis. A pre-
ferida consiste em fazer de primeira ordem as formas dominantes,
isto é, orientadas de tal modo que cortam ambos os eixos cristalo-
gráficos horizontais.

I. RELAÇOES AXILAIS - CÁLCULOS


Vimos que se descrevem os cristais com referência a eixos coor-
denados, cujos ângulos interaxiais são os mesmos que os da cela
unitária, ou do retículo espacial sobre o qual o cristal é construido.
Para os cristais no sistema triclinico, é necessário que se especifiquem
todos os três ângulos interaxiais, a. P e y. pois são todos desiguais.
No sistema monoclínico, entende-se que n = y = 900, sendo neces-
sário dar sòmente p ( + 9W). Nos sistemas ortorrômbico, tetragonal
e isométrico, diz-se que as direções axiais são ortogoriais, pois todas
formam ângulos retos. Embora os cristais formados nos retículos hexa-
gonal e romboédrico possam ser descritos com referência aos três
eixos, a maioria dos cristalógrafos adotou o esquema de quatro eixos
de Bravais. Aí, os ângulos interâxiais entre os três eixos horizontais
a são todos de 120° e o ângulo entre o eixo c e um eixo a é de 90°.
Dado que o tamanho de uma cela unitária difere de um cristal
para outro, mesmo quando ambos têm a mesma simetria, não é pra-
ticável estabelecer os eixos coordenados segundo uma escala linear
absoluta, tais como unidades angstrom ou milímetros. Isto resultaria
em interceptações altametite irracionais e faria com que os parâmetros
de uma determinada face dependessem do tamanho do cristal e da
distância da face à origem. Por conseguinte, concebem-se os eixos
como sendo proporcionais aos comprimentos das arestas da cela uni-
tária e a "unidade" num eixo depende do período de identidade dentro
do cristal, naquela direção.
RELAWES AXIAIS - CALCULOS 123

Se êstes períodos de identidade se medem por métodos de difra-


ção de raios X, sáo designados pela letra d o eixo paralelamente ao
qual a translação unitária é medida, a, b ou c, com iim subíndice
zero. Donde, nos sistemas triclínico, monoclínico e ortorrômbico. nos
quais tôdas as três arestas da cela unitária ou periodos de identidade
são diferentes, as dimensões da cela são dadas como a,bo e c", geral-
mente em unidades angstrom.'
Nos sistemas tetragonal e hexagonal, as arestas iguais e permutá-
veis da cela indicam-se por ao e a diferente por co. No sistema iso-
métrico, as arestas da cela unitária são idênticas e permutáveis e dá-se
sòmente uma dimensão da cela, a,.
Dêste modo, qualquer cela unitária pode ser descrita completa-
mente, dando-se os ângulos interaxiais e as arestas da mesma, ou
translações unitárias.
Estes comprimentos reais não são importantes para determinar
a geometria d o arranjo das faces externas no cristal. São sòmente
as relafões dos comprimentos das arestas de uma cela unitária que
determinam as inclinações das faces, dado que estas faces podem
ser de qualquer tamanho e estar a qualquer distância da origem do
sistema coordenado. E axiomático que qualquer face pode conside-
rar-se como movida paralelamente a si prúpria sem afetar a simetria
d o cristal ou seus índices d e Miller. O tamanho e a configuração das
faces de um cristal são acidentes do crescimento e n2o têm significa-
ção na interpretação d a forma externa, em têrmos da estrutura interna.
Por esta razão, é costume na descrição morfológica substituir-se as
dimensões da cela pelas r~laçóesaxiais, mesmo naqueles casos em que
se conhece completamente a estrutura interna. Expressam-se as rela-
ções axiais como relações entre os comprimentos da cela unitária
a o longo dos três eixos, em têrmos de um dêles, tomado como uni-
dade. Convencionou-se tomar o eixo b como unidade nos sistemas em
que a, b e c são de comprimentos diferentes (ver página 2 4 ) e tomar
o eixo a como unidade nos sistemas em que os eixos a são iguais e
permutáveis. Assim, nos sistemas onorrômbico, monoclínico e triclí-
nico, as relaçóes axiais estruturais são iguais a
ao bo co
ao:bo:co=-:-:-
ho bo bii
Assim, para omineral aragonita, simetria 2/m 2/m 2/m, o System
o1 Mineralogy de Dana, 7.a edição, dá as dimensões da cela unitária
como a, = 4,94 kX, bo = 7,94 k X , c,, = 5,72 kX. Destas dimen-
Em alpun5 livros. os dados são mencionados em unidades k X . Um anprlrom = 1.W202
k X unidades.
CRISTALOGRAFIA
-124
s k s da cela, as relações axiais podem ser calculadas como:
a,: b,,: c,, = 0,622: 1 :0,720. Note-se que as relações axiais são
representadas por números sem dimensões.
Agora. desde que se conhecem as dimensões relativas e, portanto,
a configuração dos blocos unitários de construçáo da aragonita, a
trigonometria nos permite calcular as hclinações e as relações angu-
lares das faces externas. Podemos imaginar a face (021) como uma
superfície inclinada (semelhante a uma das faces das pirâmides de
Gizeh) formada pelos blocos de construsáo do cristal e assemelhando-
se a um lance de degraus, cada um deles tendo a largura de uma cela
unitária na dimensão b e altura de duas celas na diresão c. A Fig. 335
mostra esta relação. Se imaginarmos que o número de degraus se
torna quase infinito. o lance dêles torna-se, para todos os fins

(a) fb)
Fig. 335. Uma Siiperfície Inclinada Resultante d o Empilhamenlo Regular de
Unidades Refangulares.

práticos, idêntico ao plano paralelo à inclinação. Este é o caso dos


cristais. Note-se que as inrerceptações nos eixos Ib e 2c devem ser
usadas para determinar a altura relativa do degrau quando compa-
rada com a largura. Os índices (021) levam às interceptações ou
parâmetros m a , lb, 2c pela inversão e redução das frações - o in-
verso do processo mediante o qual se obtêm os índices a partir dos
parâmetros.
Na Fig. 335h, estão mostradas as relações trigonométricas
entre a face (021 ), a normal à face ( O P ) , os eixos cristalográficos
,,
6 e c e o ângulo cristalográfico (rô). O ângulo POC, o ângulo entre
o eixo c e a normal à face, é o ângulo r , igual ao ângulo CBO. Destas
relações vemos que tg CBO = tg = 2c/b.
RELAWES AXIAIS
--
- CALCULOS --

Assim, para a aragonita, como b é sempre tomado como I . a


tangente de p = 2c = 2 X 0,720. Se procurarmos 2 X 0.720 = 1,440
,,
em uma tabela de tangentes naturais, acharemos = 55*14'. A face
(021) está na zona cujo eixo de zona é a, como indicado pelo zero
para o primeiro índice, então, 4 deve ser = OOOO'. Em conseqüência,
podemas escrever agora sob a forma de uma tabela de ângulos:

Forma + P
021 0000' 55O14'

A mediqão real de um cristal de aragonita revela uma face sendo


+ = OUOO' e p = 55O14!1'. Podemos identificar esta face confiante-
mente como (021).
A geometria torna-se um pouco mais complexa quando se toma
uma forma geral, isto é, a que corta todos os três eixos ein intercepta-
qóes diferentes. Consideremos o exemplo mais simples de uma face
geral destas, ( 1 3 2 ) , mostrada na Fig. 336. O P é normal à face e
OD é normal a AB. O ângulo DOE é o ângulo cristalogrúfico 6 e
no triângulo DOE, o ingulo OBD é 90° -- h. Então, no trinngulr
AOB. o ângulo OAB deve também ser 4.
Reduzindo os índices (132) a interceptaçóes, achamos a aresta
A O = 60, O C = 3c e a aresta OB = 211 = 2. dado que h = 1 .
Portanto, podemos achar o 4 d a face (132) de qualquer das duas
maneiras seguintes:

2 6n
tg OAB = tg =- ou cotg 4 = -
60 2

tuindo o valor de n para a aragonita, cotg + -


A ultima expressáo í. usualmente mais fácil de calcular-se. Substi-
1.866 e 4 = 2X01 I'.
Para achar-se o ângulo de umri facc desta?, t necesrário pri-
meiro ter calculado +, como acabamos de fazer. Apora. no triângulo
COD, tg = 3c/OD. No triânçulo BOD. cos = ODi2. Igualan-
d o ambas estas expressóes a OD, temos:

Eliminando OD entre estas equações, trmos:

3c 3c
- = 2cos4 tgp = --
tg P 2~ +
O S
Substituindo-se os valores para a aragonita, tg = 1,225 3 e
, = 50°4R'. Por conseguinte, a face (132) da aragonita tem as
coordenadas angulares + = 2R01 l', p = 50'48'.

(C)

Fig. 336. Interceptaçóe\ da Face (132).

Miiito mais frequenteriente, não s í o disponíveis os dados dos


raios X r. o cristal6çr;lfo sc defronta cor11 o problema de determinar as
relaçóes axiais. a partir dc mcdiçC)cs iiiorfoli,gicas fei!as com um
gonibnietro. Antes qut: se dcsenvolvc~sem as técnicas de difraçáo
dos raios X, detcrrninavani-se desta maneira tòdas as relaçócs axiais.
Mesmo hoje, usam-se tais medições para melhorar a precisáo da
determinaçáo das relações axiais. Por conseguinte, devemos consi-
derar como se podem calcular as relações axiais, partindo-se dos
dados angulares.
Com o goniòrnetro d e contato os ângulos medidos em um cristal
sáo urualnierite ângulos interfaciais que devem ser transformados nos
ângulos cristalo~ráficos .P e (ver páginas 36-45). Estes são dis-
pmtos em quadros sob a forma de uma tabela de ângulos da seguinte
maneira:
RELAÇÓES AXIAIS
- --
- C6LCULOS
- - -

Tabela de rinpiilnn *

Forma
---
@ P Forma + P

C 001 ... 00 ow i 07.1 no no' 550 14;:'

Obtiveram-se os 2npulor na iahcla. tirada do Syrirm o1 M i ? z r r o l o a ~ .de Dsnzi. iissn-


do-se um poniamçtro de reflcx%o. São, portanto. de prccir50 maior do q u e o\ iihlido$ ckiin
um poniòmrtro de contato.

As letras prefixadas aos índices das formas na tahcla sXo atri-


buídas arhitràriamente. Na maioria das tabel:is, dáo-sc as Zngulos
com aproximaqão de meio minuto, pois esta C., em seral. a preciszo-
-limite d o método de medição. Para a localizaqão e s t e r m ~ r i f i c a e
para muitos cilciilos cristalográficos, é satisfatória unia precisio niuito
menor.
Os c;ilculos cristalográficos envolveni geralmente trcs variáveis:
( 1 ) os rplaç6fs axiais, ( 2 ) os índices e ( 3 ) os 6rigulo.s <I r
Ouan- ,.
d o se conhecem duas destas variáveis, pode calcular-se a terceira.
Estes cálculos são sinples e diretos para os sistemas cristalino$ orto-
gonais, nias tornam-se coniplicaJos e fati~_:intesnos sistemas inclina-
dos. Como náo se sanha111 princípios novos. fazeiiclo-se c2lculos nos
sistemas iiicliriados c o trabalho i ~raiiilemrnteaiinicntatlo, os exeni-
plos neste livro ser20 limitados aos sistemas orto~onais.
Vimos n o cxcniplo dado sntes que existem rclações triconomé-
trici~ssiniplcs eritre os inpulos 4 c p, os índices da f:ice ( h l < l )e as
relações axiais. Tiansforniasdo aquelas relacóes de modo qur: elas
possam ser resolvid;is para as relaqões axiais, temos:

C =-
l t z p cos +
a=
h cotg +
k k

onde o r r são os comprimentos axiais relativos, com 6 tomado


conio I ; 11, L. I são os índices d e Miller. Experimentemoi estas rela-
~ õ e spara o mineral arasonita. usando a face E (132) (ver a tabela
de ângulos dada antes).
128 CRISTALOGRAFIA

Donde, a : h : c = 0,622 3 : 1 : 0,720 6.


Este resultado está de acordo até a quarta cifra significativa com
as relações axiais publicadas para a aragonita. Podemos considerar
esta computação como um exemplo de um problema do primeiro tipo,
a saber: Dados os índices de uma face de uma forma geral e suas
coordenadas angulares + e p, determinar as rclações axiais. Note-se
que. no exemplo dado, usam-se os índices em vez das interceptações
e, por conseguinte. os valores de h, k e 1 estão em relação inversa
aos comprimentos reais cortados nos eixos.
A solução de um problema d o primeiro tipo é possível usando-se
faces de formas que cortam sòmente dois eixos, mas neste caso devem
usar-se duas faces: uma cortando a e h c a outra cortando seja b e c,
seja a e c. A fórmula a = ( h cotg + ) / h não contém 1 e, por conse-
guinte. pode ser usada com u n a face que não corta c. A fórniula
c = (I tg p cos + ) / k não contém h, podendo ser usada, portanto. com
uma face que não corta a . As faces que não cortam a situam-se na
zona cujo eixo de zona é a e têm + = OOOO'. Como o cos 0000' = I ,
a fórmula reduz-se a c = ( i tg p ) / k para as faces naquela zona.
Podemos tomar como um exemplo as laces m ( 1 10) e i (021). Para
obter a partindo da face m ( 1 10)

a = cotg = 0,622 4

Agora, dos ângulos da face i (021)

Deixa-se como um problema para o estudante achar a relaçáo


axial c partindo da face u (101 ). Note-se que os valores das relações
axiais obtidos de todas as faces devem concordar. A falta de con-
cordância indica qualidade deficiente das medições, cálculos errados
ou engano na atribuição dos índices. O último caso pode ser des-
coberto, fàcilmente, pelo fato que a relação axial incorreta é um
múltiplo simples ou uma fração do valor obtido das outras faces do
cristal.
RELACóES A X I A I S - CALCULOS 129

Pode enunciar-se do seguinte modo um problema do segundo


tipo: Dador os ângulos medidos de uma face e as relaçóes axiais,
achar seus índices.
Um exemplo é um cristal de aragonita no qual se mediu uma face
dando #. = 38O46%', = 61°35H'. As relações axiais são conhecidas
(ver tabela de ângulos). Achar os índices da face. Este tipo de pro-
blema surge com muita frequência na descrição de cristais de cspécies
conhecidas contendo formas incomuns, como as procedentes de uma
nova localidade.
Primeiro, pela inspeção, vemos que a face pertence a uma forma
que corta todos os três eixos. Se não fôsse assim, seja #. seja p seria
0°00' ou 90°00'. Podemos, portanto, escrever as equações gerais de
tal forma que nos permita resolver as relo~õesdos índices h:k e k:l
da seguinte maneira:
h a k tgpcos h
--
- - --
-
k cot #. 1 C

Substituindo:

Por conseguinte, h:k:l= 1:2:1 e os índices são (121).


Pode-se enunciar um problema do terceiro tipo d o seguinte mo-
do: dados os índices de Miller e as relaqões axiais, achar os ângu-
los #. e p.
Este tipo de problema surge quando se desejam calcular as co-
ordenadas angulares, dado que os valores observados são òbviamente
inexatos; também na cristalografia tecnológica, quando se deseja achar
a atitude de um plano em um cristal de modo que êste possa ser
serrado ao longo daquele plano, ou tratado de outra maneira qualquer.
Suponhamos que, sendo conhecidas as relaçóes axiais, desejamos
cortar um cristal orientado de aragonita paralelamente ao plano ( 122).
E m primeiro lugar, podemos transpor as fórmulas para uma forma
conveniente.

cotg #. = -
ka
k
tg ,>=- kc
I cos #.
Substituindo:
cotg +122 = 2 X 0,622 4 = 1,244 8 4 = 38046%'
130 CRISTALOGRAFIA

Todos os três tipos de problemas podem ser resolvidos para faces


que cortam sòmente dois eixos, simplesmente pelo uso das funç8es
de 0000' e 90°00', quando apropriadas, lembrando-se que a divisão
por zero é impossível.

Cálcalos no Sistema Tetragonal

Os cálculos das relações axiais no sistema tetra~onalusam as


mesmas relasões geométricas formais que no sistema ortorrômbico,
substituindo-se o eixo b pelo eixo a:! e o eixo a pelo a,. As relasões
axiais são a, : a 2 : c = 1 : 1 : c e, por conseguinte, pode ser enuncia-
do mais simplesmente a : c : = 1 : ?, ou mesmo mais brevemente
eixo c = ?
A solução de todos os três tipos de problemas, usando a forma
geral ( h k l ) , efetua-se d o mesmo modo que no sistema ortorrômbico,
pelo emprego da fCrmula

Se usamos uma bipirâmide de primeira ordem na qual


+ = 45O00'. cos 4 é igual a 0,707 11; enquanto, com uma bipirâmide
de segunda ordem na qual 4 = 0°00', cos + torna-se igual a 1 e a
fórmula transforma-se em c = (Itg p ) l k .
Por exemplo, a face (231) no rutílio que é bipiramidal ditetra-
gonal. 4/n7 2/ni 2/m, tem os ângulos 4 = 33O41!6', p = 66O42W'.
Acha-se a relação axial a : c da seguinte maneira:
tg 66O42W' cos 33O41!1' - 2,322 9 x 0,832 O
c = - = 0.644 2 .
3 3
Donde, a : c = 1: 0,644 2.
O problema - qual é o ângulo p da face (221) do rutílio? -
simplifica-se pelo fato que os índices { h h l ) mostram que a forma é
uma bipirâmide de primeira ordem, por conseguinte + = 4S0, com
a relaqão

tg p hhl =
Substituindo-se:
0,707 I 3
RELACÕES AXIAIS - CáLCULOS 131

Cálculos no Sistema Hexagonal

A r e l a ~ ã oaxial no sistema hexagonal expressa-se por n:c = 1 :?,


ou eixo c = ?, como no sistema tetragonal, pois os tres eixos a são
iguais e permutáveis e todos tomados como a unidade. O perigo
latente principal para o estudante, ao fazer cálculos neste sistema. é
a convenção segundo a qual a extremidade negativa d o eixo al se
toma como 4 = OOOO'.
A convenção em todos os outros sistemas nos levaria a esperar
que fosse escolhida a extremidade positiva do eixo a,. Segundo esta
convenç3o o ângulo 4 das f o m a s dc segunda ordem é 0°00', ao
passo que o das formas de primeira ordem é 30000'. Esta contra-
dição aparente oferece vantagens definidas, pois, ao se trabalhar com
cristais da divisa0 romboédrica, dá valores positivos de 4 em todas
as formas positivas e negativo$ em todas as formas negativas (ver
Fig. 3 3 7 ) . O + da face típica da forma geral positiva estará
'situado entre 0° e 30° como limites. O cálculo d o eixo c. partindo
dos ângulos 4 e p, para uma face da Corma geral utilizará essencial-
mente a mesma fórmula usada para as formas gerais dos sistemas

4 = 60' $=O'
Fig. 337. Distribuisão das Formas Ramboédricas.

ortorrômbico e tetragonal. A única diferença i que c deve ser expres-


so em tèrmos do eixo a:, tomado como unidade, pois êste eixo está
na posição de 4 = 0". A recíproca das interceptações neste eixo é
+
i = h k X (- 1 ) . A fórmula para determinar c partindo dos ân-
gulos da forma geral é. portanto:
132 CRISTALOGRAFIA

Quando se usa uma forma de segunda ordem, & = Oo e cos 4 = 1;


+
em conseqüência, o têrmo cos desaparece da equação, deixando

Fig. 338. Forma5 Hera-


gonais de Primeira e
de Segunda Ordens.

Se se usa uma forma de primeira ordem, & = 3O000', cos & = 0,866 O
e a equação torna-se

Consideremos alguns exemplos baseados na tabela de ângulos do


mineral hematita.

Tabela rle ângulos

Forma d P Forma d P
c 0001 ... 0° 00' p 1133 O0 00' 4Z0 18%

Calculando a relação axial a partir da forma geral x (1232):

Repetindo o cálculo com os dados da face i (426.5).


CRISTALOGRAFIA POR MEIO DOS RAIOS X 133

Uma boa concordância indica que os índices escolhidos para estas faces
são miituamente consistentes. Podemos testar a relação axial por meio
de uma bipirâmide de segunda ordem ( 1 1 2 3 ) .

Podemos agora calcular os índices da forma desconhecida u. O


+ = 30" indica que se trata de uma bipirâmide de primeira ordem
com os índices do tipo (h0%1). Portanto, devemos achar a relação
de h : l
0,394 1 x 0,866 - 1
- t g p x 0,866 -
h
- - --
I C 1,365 7
Donde, os índices da face u devem ser 1014.

J . CRISTALOGRAFIA POR MEIO DOS RAIOS X


A aplicação dos raios X ao estudo dos cristais foi o máximo im-
pulso isolado jamais dado à cristalografia. Antes de 1912, os cris-
talógrafos haviam deduzido corretamente, a partir da clivagem, das
propriedades ópticas e da regularidade da fonna externa, que os
cristais possuíam uma estrutura ordenada; porim, sua opinião con-
cernente à geometria dos reticulos do cristal tinha sòmente a fôrça
de uma hipótese. Desde o uso dos raios X, foi possível não sòmente
medir a distância entre os planos atômicos sucessivos, mas também
determinar as posições dos vários átomos dentro do cristal.
Os raios X foram descobertos acidentalmente por W~lhelmCon-
rad Roentgen em 1895, enquanto estava experimentando a produção
de raios catódicos em tubos de descarga fechados, cobertos com
papel prêto. O feixe de eléctrons no tubo de descarga, chocando-
se com o vidro do tubo, produzia uma radiação-X de intensidade
baixa que fazia com que algum material fluorescente próximo lu-
zisse no escuro. Roentgen concluiu corretamente que estava sendo
produzido um tipo novo de radiação electromagnética penetrante.
denominando-a adequadamente de "radiação-X, por causa dos muitos
mistérios com ela relacionados. Roentgen não teve êxito em seus es-
forços para medir o comprimento de onda dos raios X e foi êste
problema não resolvido que levou à descoberta da difraçáo dos raios
X pelos cristais.
O fato que a maioria das substâncias é mais ou menos transpa-
rente aos raios X determinou seu emprêgo quase imediato nos hospi-
134 CRISTALOGRAFIA
- -

tais para fins médicos na localização de fraturas, corpos estranhos e


tecido doente, de modo muito parecido ao usado hoje em dia. A pro-
duqão de imagens sombreadas por meio dos raios X chama-se radio-
grafia. sendo usada amplamente não só para fins médicos, mas tam-
bém para inspeção industrial e processos de controle.
Sòmente em 1912, dezessete anos após a descoberta da radia-
ção-X, foram os raios X usados no estudo dos cristais por sugestão de
Max von Laue. As experiências originais foram executadas na Uni-
versidade de Munique, onde Von Laue era um conferencista no de-
partamento d o Prof. Sommerfeld. Este estava interessado na nature-
za e excitação dos raios X e Laue nos fenômenos de interferência.
Também estava na Universidade de Munique, Paul Heinrich Groth, um
eminente cristalógrafo. Com a reunião de um grupo de cientistas tão
notáveis, tendo êstes interêsses especiais, o palco estava montado para
a descoberta sensacional.
Em 1912, Paul Ewald estava trabalhando sob a direção de Som-
merfeld em uma dissertação de doutorado, envolvendo a dispersão das
ondas de luz ao passarem através de um cristal. Meditando sôbre
êste problema, Von Laue levantou a dúvida: qual seria o efeito se
fosse possível o uso de ondas electromagnéticas tendo essencialmente
o mesmo comprimento de onda que as distâncias interatômicas nos
cristais? Atuaria o cristal como uma rêde de difração tridimensional
formando espectros que pudessem ser registrados? Em caso de res-
posta positiva, seria possível medir com precisão o comprimento de
onda dos raios X empregados, admitindo-se como conhecido o es-
paçamento interatômico dos cristais; ou, admitindo-se como conhecido
o comprimento de onda dos raios X, medir o espaçamento entre os
planos do cristal. Discutiram-se os métodos para a execução dessa ex-
periência e Friedrich e Knipping, dois pesquisadores. concordaram em
executá-la. Várias experiências com sulfato de cobre não tiveram êxi-
to. Finalmente, passaram um feixe delgado de raios X através de uma
placa de clivagem de esfalerita, ZnS, fazendo o feixe incidir sôbre
uma chapa fotográfica. A chapa revelada mostrou um grande número
de pontos pequenos dispostos em padrão geométrico em redor de
um ponto grande produzido pelo feixe de raios X direto. Mostrou-se
êste padrão ser idêntico ao que se podia predizer da difração dos raios
X. por um arranjo regular dos pontos de dispersão situados dentro d o
cristal. Assim. uma experiência única demonstrou o arranjo ordenado,
regular, das partículas atômicas dentro dos cristais e a concordância
quanto à ordem de grandeza d o comprimento de onda dos raios X,
com o espaçamento entre os planos do cristal. Embora substituída
CRISTALOGRAFIA POR MEIO DOS RAIOS X 135

amplamente por meios de investigação de raios X mais poderosos,


esta técnica, o método Laue, ainda está em uso.
Dentro dos anos seguintes, fizeram-se grandes avanços como re-
sultado d o trabalho dos físicos inglêses. William Henry Bragg e William
Lawrence Bragg, pai e filho. Em 1914, a estrutura do primeiro com-
posto, a halita, NaCI, foi determinada pelos Braggs e, nos anos se-
guintes, resolveram muites outras estruturas. Os Braggs simplificaram
também grandemente as generalizações matemáticas de Von Laue,
quanto à geometria da difração dos raios X, e divulgaram os resulta-
dos de suas pesquisas através de seus livros bem escritos sôbre o
assunto.'
As ondas electromagnéticas formam uma série continua, variando
no comprimento desde as ondas longas do rádio da ordem de milhares
de metros até a radiação cósmica cujos comprimentos de onda são da
ordem de 10-l2 metro (um milionésimo de um milionésimo de um
metro!). Tôdas as formas de radiaçáo electromagnética têm certas
propriedades em comum, tais como a propagação em linhas retas a
uma velocidade de 300.000 metros por segundo no vácuo. reflexão.
refração de acordo com a lei de Snell, difração em bordas, aberturas
ou rêdes e uma relação entre a energia e o comprimento de onda.
dada pela lei de Planck: e = hv = hclh, na qual P é a energia, v
a frequência, c a velocidade de propagação, h o comprimento de onda
e h a constante de Planck. Assim, quanto menor a onda tanto maior
Comprimento de onda em
centimetros

--
30.00 30 3x10-~ 3 ~ 1 O - ~ 3 x 1 0 ~ ~3 ~ 1 0 " '
I I I I I I
Infra- Ultm- Raios Raios
Ondas de rádio verm. violeta goma cósmicos

Luz Raios X
visível
Fig. 339. O Especlro Eleclromagn6tico.

a energia despendida em sua produção e tanto maiores seus podêres


de penetração. Os raios X ocupam sòmente uma pequena porção d o
espectro, com comprimentos de onda variando entre ligeiramente mais
do que 100 A e 0,02 A (ver Fig. 339). O s raios X empregados

'W. H. Brapp e W. L . Bragg, X - ~ W I m d Cristal Srnrctures. G. Bell and Sons, Ltd..


Londres. 1924.

.
W. H. Brapg c W. L. Bragg. Thr Cryrroliine Srotr, me MacMiilan Company, N o v a
.... ..-, ,.-,, A*-.
,"."..O
W. H. Braep, An Iniroducrion 10 Clyrlal Anolysis. G . Bell and Sons.. Londres. 1928.
W. L. Brapp, Aromic Soucfurr of Minrrais, Cornell University Freis. Ithaca, Nova
lorqlie. 1937.
136 CRISTALOGRAFIA

na investigação dos cristais têm comprimentos de onda da ordem


de 1 A. A luz visível tem comprimentos de onda entre 7 . 2 0 0 e
4 . 0 0 0 A, portanto mais de 1 , 0 0 0 vêzes maior e, por conseguinte,
é menos penetrante e de menor energia do que a radiação-X.
Os raios X se produzem quando os eléctrons, movendo-se a uma
velocidade elevada, se chocam com os átomos de qualquer elemento.
Os eléctrons orbitais das camadas K, L e M, situados profundamente
dentro da estrutura extranuclear d o elemento sob bombardeio são ele-
vados fugazmente a estados de excitação pela contribuição da energia
dos eléctrons que bombardeiam. Dêstes estados excitados, os eléc-
trons orbitais retomam a seu estado básico, estável, emitindo no pro-
cesso quanta de radiação de energia. Esta é a radiação-><.
Primitivamente, os tubos de raios X não diferiam muito dos tubos
de descarga ou de raios catódicm, sendo essencialmente tubos de
vidro providos de elétrodos de metal opostos através dos quais se
podia aplicar um potencial elevado de corrente contínua. Quando em
operação, o tubo é esvaziado até que a pressão cai acêrca de 0,01
milímetro de mercúrio. Aplicando-se a alta voltagem, a ionização do
gás remanescente produz íons positivos que são atraídos para o cátodo
e o bombardeiam, liberando eléctrons. Então, êstes eléctrons são ace-
lerados pela alta voltagem, de modo a atingirem velocidades muito
elevadas, e produzem raios X ao se chocarem com o ânodo, ou alvo.
Nestes tubos, chamados tubos de gás, há interdepetidência entre pres-
são, voltagem e corrente. Como a pressão do gás cai quando o tubo
está em operação, determinando a mudança do caráter dos ra'os X
emitidos, êstes tubos exigem a t e n ~ ã oconsiderável.
Por causa destas desvantagens inerentes. o tubo de gás foi subs-
tituído amplamente pelo tubo de Coolidge, ou de alto vácuo. Faz-se
neste tubo o vácuo mais completo possível. O cátodo é um filamento
de tungstênio que emite eléctrons térmicos ao ser aquecido pela pas-
sagem de uma corrente. A aplicação de uma voltagem elevada de
uma corrente contínua acelera êstes eléctrons e seu impacto sabre o
ânodo positivo, ou alvo, gera a radia~ão-X. Nestes tubos, a corrente
e a voltagem são essencialmente independentes, podendo ser man-
tido constante o caráter dos raios X.
A natureza dos raios X depende d o metal do alvo e da voltagem
aplicada. Não se produzem raios X até que a voltagem alcance um
certo valor mínimo dependente do material d o alvo. Neste momento,
gera-se um espectro contínuo de raios X. Aumentando-se o potencial,
, a intensidade de todos os comprimentos de onda aumenta e o valor
d o comprimento de onda mínimo torna-se progressivamente menor
(Fig. 340a). Este espectro contínuo que contém todos os compri-
CRISTALOGRAFIA POR MEIO DOS RAIOS X 137

nientos de onda dentro de uma dada faixa é análogo à luz branca


no espectro visível e denomina-se ratiiaçüo branra.
Quando a voltagem vai aumentando no tubo, aparece siiperposto
sôbre a radiação branca um e.<pcctrolinrar ou radiarüo caracteríitica,
peculiar ao material do alvo. Esta radiação característica, muitas vêzes
mais intensa do que a radiaçáo branca, consiste cm vários compri-
mentos de onda isolados. dos quais pode ser selecionado um com-
primento de onda único, mediante filtração (Fig. 340h). Sendo aná-
loga à luz monocromática no espectro visível, denomina-se radiaiüo-X
mon~cromática.~

Ia) (b)
Fig. 340. ( a ) Distribuiçáo d a intensidade c o m o comprimento de o n d a n o
espectro continiio d e rziios X d o tungsiênio ii várias voltagens. ( h ) Curva
da inlensida<le mostrando o cornpriniento d e onda car:icteríslico siipcr-
posto s0bre o espectro continuo d e raios X do molihdeno. (Sesurido
Ulrey. Kci,.. 11. 4 0 1 . )

Em seguida à experiência original, cheia de éxito, com raios X,


em Munique, Von Laue deduziu trés equações (as equaçóes de Laue)
para explicar os fenômenos observados de difração. Mostrou que,
para produzir-se uma mancha em uma chapa fotográfica, devem ser
01 compdmcntos de onda da radisç3o.X csractsrlrtica. emitida nelas vlrios metais.
foram dctsminados ncuradnmenle. «r coniprimentos de onda K d dor emliregador mair co-
mumeots 60:
Molibdeno 0.709 I A Cobalto 1.188 9
Cobre 1.540 5 Ferro 1.9360
Níquel 1.657 LI Cromo 2.289 6
138 CRISTALOGRAFIA

datisfeitas simultâneamente três condições. Pouco depois, W. L. Bragg,


trabalhando em difração dos raios X, na Inglaterra, acentuou que, em-
bora os raios X sejam de fato difratados pelos cristais, atuam como
se fossem refletidos de planos dentro d o cristal. Contudo, diferente-
mente da reflexão da luz. os raios X não são "refletidos" continua-
mente de um determinado plano d o cristal. Usando um comprimento
de onda dado, A, Brdgg mostrou que, sbmente sob certas condições, se
produz uma "reflexão" a partir de uma família de planos paralelos.
Estas condições devem satisfazer à equação: n A = 2d seno. na qual
n é um número inteiro (1, 2 , 3 . . ., n), A o comprimento de onda, d
a distância entre os planos sucessivos, paralelos, e O o ângulo de in-
cidência e reflexão d o feixe de raios X a partir d o plano atômico dado.
Esta equação, conhecida como a lei de Bragg, exprime de modo mais
simples o preenchimento simultâneo das três equasóes de Laue.

DEDUÇÃO DA EQUAÇÃO DE BRAGG


Vimos na página 7 que os cristais são formados por átomos ou
grupos de átomos, tendo uma repetição periódica em pontos reti-
culares, e as faces, que aparecem com mais probabilidade nos cristais,
são as paralelas aos planos atômicos possuindo a densidade máxima
dêstes pontos reticulares. Paralelamente a cada um, existe uma fa-
mília de planos idênticos com espaçamento igual. Quando um feixe
de raios X incide sobre um cristal, penetra no mesmo e a "reflexão"
resultante não é a partir de um plano único, mas de um número quase
infinito de planos paralelos, cada um dêles contribuindo um pouqui-
nho para a "reflexão" total. Para que a "reflexão" seja de in-
tensidade suficiente para ser registrada, as "reflexões" individuais de-
vem estar em fase entre si. W. L. Bragg demonstrou que para o re-
forço da intensidade são necessárias as seguintes condições.
Na Fig. 341, as linhas p, p,, p, representam o traço de uma fa-
mília de planos atômicos com espaçamento d . Os raios X incidindo sô-
bre qualquer dêstes planos seriam refletidos a um ângulo de incidên-
cia O, qualquer que seja o valor de O. Contudo, para se reforçarem
entre si, de modo a dar uma reflexão que possa ser registrada, êstes
raios refletidos devem estar em fase. O percurso das ondas ao longo
de DEF refletidas em E é mais comprido d o que o das ondas ao
longo de ABC refletidas em B. Se os dois conjuntos de ondas devem
estar em fase, a diferen~ade percurso entre ABC e DEF tem de ser
um número inteiro de comprimentos de onda ( n h ) . Na Fig. 341, BG
e BH são perpendiculares a Ai3 e BC, respectivamente, de modo
MÉTODO DE LAUE 139

que AB = DG e BC = HF. Para satisfazer a coiidição segundo a


qual as duas ondas estejam em fase, G E +
E U devem ser iguais a
um número inteiro de comprimentos de onda. B E C perpendicular
as linhas p e p, e igual ao espaçamento entre os planos, d. No
A G B E , d sen 0 = GE e no A H B E , d sen O = E H . Assim, para
a reflexão em fase G E + EH = 2dsen 6 = nh.

Fia. 341. Geometria da Reflexão dos Raios X.

Esta é a equação de Bragg. Para um espaçamento d e um com-.


primento de onda A dados as reflexões ocorrerão sòmente para os
3ngulos de 0 que satisfaçam a eqtiaçáo. Suponhamos, por exemplo, que
um feixe monocromático de raios X é paralelo a uma placa de clivagem
de halita. montada de tal maneira que possa ser girada em tôrno d e
um eixo formando ângulos retos com um feixe de raios X. Quando a
halita é girada vagarosamente, não há reflexão até que o feixe incidente
faça um ângulo O que satisfaça a equação de Bragg. com n = 1. Pros-
seguindo a rotação, haverá outras reflexões sòmente quando a equa-
ção for satisfeita para certos ângulos O com n = 2, 3, 4, 5 etc. Estas
se conhecem como reflexões de primeira, segunda, terceira ordens etc.

MÉTODO DE LAUE
No método de Laue, usa-se um cristal único que permanece fixo.
Coloca-se umz chapa fotográfica ou u m película plana, metida dentro
de um envelopz à prova de luz, a uma determinada distância d o cris-
tal, geralmente 5 centímetros. Passa-se através do cristal um feixe
de radiação-X branca formando ângulos retos com a chapa foto-
gráfica. O feixe direto provoca um escurecimento no centro d a fotogra-
fia, de modo que, para interceptá-lo e absorvê-lo, coloca-se ordinà-
riamente diante da chapa um pequeno disco de chumbo. O ângulo de
incidência, O, entre o feixe de raios X e os vários planos atômicos com
140 CRISTALOGRAFIA

seus espaçamentos d dados, dentro do cristal, é fixo. Contudo, como


estio presentes raios X de todos os comprimentos de onda, cada fa-
mília de planos atômicos pode satisfazer a lei de Bragg, nA = 2d sen O,

Fig. 342. Fotografia de Laue.

desde que (2d sen B ) / n esteja dentro do limite dos comprimentos de


onda fornecidos pelo tubo. Em redor do ponto central de uma foto-
grafia de Laue dispõem-se manchas de difra~áo,cada uma delas resul-

tando da reflexáo dos raios X a partir de uma certa série de planos


atômicos (Fig. 342).
O método de Laue, pôsto que de grande interêsse histórico, foi
substituído amplamente por outros métodos mais potentes d e análise
cristalográfica pelos raios X. Hoje em dia, é empregado principalmen-
te para a determinação de simetria. Se um cristal é orientado de tal
modo que o feixe de raios X i paralelo a um elemento de simetria,
a disposição das manchas na fotografia revela esta simetria. Uma
fotografia de Laue de um mineral, tomada com o feixe de raios X
paralelo ao eixo binário de um cristal monoclínico, mostrará uma
disposição binária de manchas; se o feixe é paralelo ao plano de
simetria, a fotografia mostra uma linha de simetria. A fotografia de
um cristal ortorrômbico com o feixe paralelo a um eixo cristalográfico
mostra uma distribuição binária assim como duas linhas de simetria.
A Fig. 343 mostra um arranjo senário de manchas, tal como dado
pelo berilo com o feixe de raios X paralelo ao eixo senário de simetria.

METODO DE ROTAÇÃO
No método de rotação e em todos os seus aperfeiqoamentos,
usa-se um cristal único. O cristal deve ser orientado de tal maneira
que possa ser girado em tôrno de um dos eixos cristalográficos prin-
cipais. Se estão presentes as faces d o cristal, a orientaçáo pode ser efe-
tuada mais fàcilmente por meio de um goniómetro óptico; sem as fa-
ces, a orientação é possível, mas laboriosa. A câmara é um cilindro de

Fie. 344. Método de RotaçSo .4plicado :i Eccolecita

diâmetro conhecido, coaxial com o eixo de rotação do cristal. Uma


película fotográfica, protegida da luz por um envelope, é posta dentro
142 CRISTALOGRAFIA

da câmara cilíndrica de modo a revestir-lhe a parede interna. Um feixe


de raios X monocromáticos penetra na câmara através de uma fenda
e incide sôbre o cristal.
Nestas condições, com um cristal fixo, qualquer reflexão ocorrente
será fortuita. Contudo, quando se gira o cristal vagarosamente, várias
famílias de planos atômicos serio trazidas a uma posição tal que, para
êles, 8 tem um valor que, com o comprimento de onda A conhecido,
satisfará nh = 2d sen 8. Uma família dada de planos origina reflexões
separadas quando n = 1, 2, 3, 4 etc.
Quando se revela uma fotografia de rotação e se endireita a pe-
lícula (Fig. 344), encontram-se manchas dispostas em filas paralelas,
conhecidas como níveis, formando ângulos retos com o eixo de rota-
ção do cristal. Cada mancha resulta da reflexão de uma série de planos
atômicos, mas como a orientação d o cristal não é perfeitamente co-
nhecida, não existe um meio fácil de identificar os planos que deram
origem a uma mancha em particular. Chama-se numerar à identifica-
ção dos planos, que dão origem às reflexões numa fotografia por meio
dos raios X, porque os planos se identificam pclos índices de Miller.
Desenvolveram-se várias modificações do método de rotação para per-
mitir a numeração completa, por meio de ín'dices, das reflexões. Os
métodos usados mais comumente são o método da oscilaçüo no qual o
alcance da rotação é limitado, a fim de tornar nitidamente circuns-
crito o número de planos que produzem manchas; o método de
Weissenberg, no qual a câmara se traslada continuamente durante a
rotação, de modo a espalhar as linhas níveis; e o método da rve-
cessúo em que uma película plana e o cristal se movem segundo uma
trajetória girat6.ria complexa com a finalidade de separar as reflexões
individuais e permitir sua numeração por meio de índices. A considera-
qão dêstes métodos está além do escopo desta discussão. Todavia, pode
obter-se informação valiosa de uma fotografia de rotação sem identi-
ficar as reflexões individuais.
Aprendemos que um cristal está formado por um retículo tridi-
mensional com uma periodicidade característica, ou período de iden-
ridade, ao longo de cada um dos seus eixos cristalográficos. Vimm
também que êste retículo atua como uma grade de três dimensões na
difração dos raios X. Podemos imaginar a difração como acontecendo
independentemente ao longo das filas principais de átomos, paralela-
mente aos eixos cristalográficos, mas para que um feixe difratado
possa ser registrado na película fotográfica, a difração a partir das
filas, em todas as três dimensóes, deve estar em fase.
Consideremos uma fila isolada de pontos de difração de perio-
dicidade c (Fig. 345). Os raios difratados reforçar-se-ão entre si
MIZTODO DE ROTAÇÃO 143

quando estiverem em fase, isto


é, quando tiverem uma diferença
de percurso de um número in-
teiro de compriniento de onda.
Nestas condiçôes a difração em
fase faz ângulos definidos com a
fila de átomos dependendo da Frente de ardem
periodicidade ao longo da fila c onda zero
do comprimento de onda dos
raios X.
Na Fig. 346, os raios I e
2 sòmente estarão em fase quan-
do nh = c cos +. Para qualquer
valor de nh, + é constante e os
raios difratados formam um co-
ne com a fila de pontos como
eixo. Como os raios difratados
estarão em fase para o mesmo Fig. 345. Difragão das Raios x por Unia
ângulo + no outro lado do feixc Fila de Átorn<is.
incidente. haverá para aquêle
lado outro cone semelhante. mas invertido (Fig. 347). Quando n =
= O, o cone E um plano que inclui o feixe incidente. Quanto maior
seja o valor de n tanto maior é o valor de d e, por consesuinte, tanto
mais estreitos os cones. Todos têni o mesmo eixo, todavia, e todos
têm seus vértices no mesmo ponto, a saber, a interseçáo do feixe
incidente e a da fila de átomos.
Em um retículo tridimensional, existem duas outras direções
axiais. cada uma delas com sua ptriodicidade característica de pontos
difratantes e cada uma capaz de perar sua própria série de cones
colocados uns dentro dos outros com ângulos apicais característicos.
Os cones de difração originados das três filas de átomos difratantes
cortam-se entre si, mas sòmente quando todas as três se cortarem em
uma linha comum haverá um feixe difratado (Fig. 348). Esta linha de
interseção e a direção do feixe que é registrada na película. Para todas
as outras direções possíveis, ocorre interferência destruidora Quando
os três cones se cortam em linha comum, satisfaz-se também a lei de
Brasg. nh = 2d sen 8.
Quando se tira uma fotosrafia de rotaGáo, o cristal é girado em
torne de uma das principais filas de retículos, comumente um eixo
cristalográfico. Esta fila de retículos forma ângulos retos com o fcixe
de raios X incidente. Conseqüentemente, quaisquer que sejam os feixes
144 CRISTALOGRAFIA

difratados que se originem, devem situar-se ao longo dos cones tendo


eixos em comum com os eixos de r o t a ~ ã odo cristal.
Este eixo é também o eixo de película cilíndrica e, por conse-
guinte, as interseçóes dos cones sobre a película serão uma série de
círculos (Fig. 349). Quando se indireita a película, os círculos apa-
recem como linhas retas paralelas. Cada uma destas é um nível que

Fig. 346. Condições para a Difraçso dos Raios X a Partir de lima Fila de
Atomm.

Fig. 347.
.
Cones de Difração a Partir de uma Fila de Átomos.

corresponde a um cone de raios difratados para o qual n tem algum


valor inteiro. Assim, o nivel que inclui o feixe incidente s r denomina
nível zero, o primeiro nível é aquêle para o qual n = I , o práximo
n = 2 e assim por diante. Os níveis não são contínuos, porque as
METOM) DE ROTACÃO 145

Fie. 348.
.
Cones de Difração a Partir de Três Filas de Atamos Difratantes.
Os Cones Cortam-se em Linha Comum.

de 3.' ordem

de 2.' ordem

de 1 .a ordem

de ordem zero

Fig. 349. Inteneção de Cones de Difração com Película Cilíndrica.


146 CRISTALOGRAFIA

manchas de difração aparecem sòmente onde todos os três cones se


cortam.
A separasão dos níveis é determinada pelos ângulos dos cones
que, por sua vez, dependem do espaçamento na fila reticular em re-
dor da qual se fêz o cristal girar. Portanto, se conhecermos: (1) o
diâmetro da película cilíndrica ( Z r ) , ( 2 ) o comprimento de onda
dos raios X (A), ( 3 ) a distância do nível zero ao nível na película
(y.), será possível determinar o espaçamento, ou período de identi-

Nivel de
.'
1 ardem

Nível de
ordem zero

Roio do cdmoro

(a) fb)
Fig. 350. Geometria para o Cálculo do Período de Identidade, I.

dade ( I ) , ao longo do eixo de rotação do cristal, a partir das se-


guintes rela~óes:
Y. nA
- = tgv (Fig. 350a) I = -(Fig. 3 5 0 6 ) .
r sen v
Se tirarmos fotografias de rotação com o cristal girando em torno
de cada um dos três eixos cristalográficos, poderemos determinar as
dimensGes da cela iinitária. Os períodos de identidade determinados gi-
rando o cristal sucessivamente em redor dos eixos cristalográficos a ,
b e c são as arestas da cela unitária, ao, bo e c,,, respectivamente.
Isto é verdadeiro para um cristal de qualquer simetria. Contudo, no
sistema isométrico, é suficiente uma única fotografia para determinar-
se ao; no sistema tetragonal e no hexagonal, são necessárias duas £0-
tografias. uma em torno do eixo c e outra em redor de um eixo a.

I
A raridade relativa de cristais bem formados e a dificuldade de
efetuar a orientação precisa, exigida pelos métodos de Laue e da
rotação do cristal, levaram à descoberta do método do pó na investi-
gação por meio dos raios X. Para êste método, o espécime é reduzido
a pó tão fino quanto possível e grudado por um material amorfo, como
o colódio flexível, a uma haste acicular de 0,2 a 0,3 milímetro de
diâmetro. Esta haste, a montagem do pó, consiste idealmente em par-
tículas cristalinas cuja orientação é completamente fortuita. Para asse-
gurar-se que a orientação destas partículas é inteiramente fortuita com
respeito ao feixe de raios X incidente, gira-se geralmente a montagem
d o pó no percurso d o feixe durante a exposição.
A câmara d o p ó é uma caixa plana, em forma de disco, como
uma lata de biscoitos redonda, com um pino ajustável no centro
para prender a montagem. A parede cilíndrica da câmara é perfu-
rada simètricamente por um sistema de colimadores desmontáveis,
opostos diametralmente. A tampa, à prova de luz, pode ser removida
para permitir a inserção e a remoção da película que, para o tipo de
câmara mais corrente, é uma tira estreita cujo comprimento é d e 14
polegadas aproximadamente e a largura de 1 polegada. Fazem-se na
película dois orifícios, localizados de tal modo que, quando ela se
ajusta à curva interna da câmara, os colimadores passam através dêles.
Este tipo de montagem denomina-se método de Straumanis (Fig. 351).

Fig. 351. Câmara do Pó.

Faz-se passar um feixe fino de raios X monocromáticos através


d o colimador e cair sobre a montagem. Esta deve ser cuidadosamente
centrada no eixo curto da câmara, de tal forma que a montagem
148 CRISTALOGRAFIA
- - -- --

permanece no feixe de raios X, enquanto ela gira durante a exposiqão.


O feixe que não sofreu desvio passa através e ao redor da montagem e
penetra no colimador oposto, revestido de chumbo, pelo qual o feixe
deixa a câmara.
Quando o feixe de raios X monocromáticos se choca com a mon-
tagem. ocorrem simultâneamente todas as difrações possíveis. Se a
orientafio das partículas cristalinas na montagem é verdadeiramente
fortuita, para cada família de planos atômicos com seu espaçamento
característico d, existem muitas partículas cuja orientação é tal que fa-
zem o ângulo 8 conveniente com o feixe incidente, de modo a satis-
fazer a lei de Bragg, nh = 2dsen 8. As reflexões a partir de um
dado grupo de planos formam cones com o feixe incidente, como eixo,

Feixe de mios X

Fig. 352. Difra~Bodas Raios X. a Partir de Uma Montagem de Pó, Regis-


Irada Sôbre uma Chapa Plana.

e o ângulo interno 48. Qualquer conjunto de planos atômicos produz


uma série de cones colocados uns dentro dos outros correspondendo
a reflexões de primeira. segunda, terceira ordens e ainda mais al-
tas ( n = 1, 2, 3 . . . ) . As diferentes famílias de planos com es-
paGamentos d diferentes satisfarão a lei de Bragg para valores apro-
priados de 8 em relação aos valores inteiros diferentes de n, dando,
assim, origem a conjuntos separados de cones de raios refletidos.
Caso se permita que os raios formando êstes cones caiam sobre
uma chapa fotográfica plana, formando ângulos retos com o feixe in-
cidente, resultará uma série de circulos concêntricos (Fig. 352). Con-
tudo, sòmente podem ser registradas desta maneira reflexões com pe-
quenos valores do ângulo 28.
De modo a registrar reflexões de 28 para cima até 1RO0, ajus-
ta-se a película dentro de uma câmara cilíndrica em cujo eixo se en-
contra a montagem a estudar n o percurso do feixe ds raios X. Nestas
condições, a película intercepta os cones dos raios refletidos ao longo
de linhas curvas (Fig. 353). Como os eixos dos cones coincidem com
o feixe de raios X, haverá para cada cone duas linhas curvas na pe-
lícula, dispostas simètricamente de cada lado da fenda através da qual
os raios X deixam a câmara. A distância angular entre êstes dois arcos
é 48.
Quando a pelicula é revelada e estendida, vê-se que os arcos têm
seus centros nos dois orifícios da película. As reflexões de ángulo 0
baixo têm seu centro no orifício de saída através do qual o colimador
passa através da película. Partindo dêste ponto, os arcos aumentam de
raio até 2 8 = 90°, quando são linhas retas. As linhas produzidas por
reflexões com 20 > 90° curvam-se na direção oposta e são conctn-
tricas em torno do orifício através d o qual os raios X entram na c$-
mara. Estas reflexües se conhecem como rc,f/exóes por retroce,~so.

Fig. 353. Difraçnn dos Raios X, a Partir de Prepar;iç;i<i do Pó, Regislriida em


Película Cilindric;i.

Se empregarmos uma película plana e f6r conhecida a dist2ncia D


do espécime i película, será possível calcular' 8 medindo S, o diâ-
metro dos anéis. Pode ver-se na Fig. 3 5 2 que tg 28 = S / 2 D . Ouando
se usa uma câmara cilíndrica, mede-se a distância S com a pelicula
estendida. Nestas condiçües, S = R X 48 em radianos' ou O = S / 4 R
em radianos, onde R é o raio da câmara e S E medido nas mesmas
unidades que R. A maioria das câmaras para exame do pó são cons-
truídas com um raio tal que S . medido em milímetros na pelicula pla-
na, pode ser convertido fàcilmente em 8. Por exemplo, quando o raio
da câmara é 57,3 milímetros, a circunferência mede 360 milímetros.
Usando uma câmara assim, cada milímetro medido ao longo da pelí-
cula é igual a 1°. Donde, uma distância S de 60 milímetros, medida
sobre a película, é igual 60° = 40 e 8 igual a 15O.
Não é possível medir a distancia simétrica S para valores de B
que excedam de muito a 40° (S = 160 milímetros), nas películas com
dois orifícios do tipo Straumanis. Para obter B para linhas de B maior
U m radiano = 57.30.
150 CRISTALOGRAFIA

do que 40° aproximadamente, deve-se primeiramente achar o centro


em torno do qual as linhas de 8 baixos são concêntricas, o que se
consegue pela medição de certo número destas linhas. Pode-se medir
então a distância S/2. E preciso ter presente no espírito que, se o
raio da câmara não é de 57,3 graus, deve aplicar-se um fator de cor-
reçáo. Assim, quando se emprega uma câmara de raio 28,65 milíme-
tros, o fator de correção é 57,3/28,65 = 2, e todos os valores medi-
dos de S devem ser divididos por 2 para obter-se 8 em graus.
O método de Straumanis, o tipo da montagem descrito, com dois
orifícios na película, emprega-se agora amplamente. Nas câmaras para
exame do p ó de tipo mais antigo, o feixe de rai& X penetrava entre
as extremidades da película cilíndrica e saía através de um orifício
centrado. A câmara de Straumanis tem a vantagem que o diâmetro efe-
tivo da película pode ser calculado a partir de medições da película.
Durante o processo de revelação, a película geralmente se contrai e,
nestas condições, para trabalhos acurados, não se leva em conta o
diâmetro da câmara e usa-se o diâmetro efetivo da película quando
se fazem as mediçóes.
Quando se determinou o ângulo de reflexão 8 correspondente a
uma linha dada, em uma fotografia obtida com a câmara para exame
do pó, é possível calcular o espaçamento interplanar da família de
planos atômicos que deu origem à reflexão, mediante o emprêgo da
equação de Brage nA = 2dsen O, ou d = nA/(2 sen 8 ) . Dado que é
impossível usiialmente dizer a ordem de uma reflexão dada. atribui-se
a n na fórmula anterior o valor I e a é determinado em cada caso
como se a linha tivesse sido produzida por uma reflexão de primeira
ordem. Para substâncias que se cristalizam nos sistemas isométricos,
tetragoual, hexagonal e ortorrômbico, é possível atribuir-se índices às
linhas de uma fotografia do pó e, assim, determinar as dimens6es da
cela e as relações axiais. Este mktodo é pouco usado a não ser para
cristais do sistema isométrico, sendo impossível empregá-lo para cris-
tais dos sistemas monoclínico e triclínico.
O método do pó acha seu uso principal em mineralogia como
um instrumento determinativo. Pade ser usado para êste fim sem se
saber coisa alguma da simetria ou da estrutura do cristal. Cada subs-
tância cristalina produz seu padrão próprio de pó que, sendo depen-
dente da estrutura interna, é característico para aquela substância. Fa-
la-se da fotografia do p ó muitas vêzes como sendo a "impressão di-
gital" de um mineral, pois ela difere d o padrão d o pó de qualquer
outro mineral. Assim, quando se suspeita ser um mineral desconhe-
cido o mesmo que um mineral conhecido, tiram-se fotografias d o p6
de ambos. Se as fotografias correspondem exatamente, linha por li-
nha, os dois minerais são idênticos. Muitas organizações mantêm ar-
quivos grandes de fotografias-padrão de minerais conhecidos e, por
compara$ão, pode identificar-se prontamente um mineral desconhecido.
se existir alguma indicação de sua natureza provável.
Contudo, está-se, com frequência, completamente sem indicaçks
quanto à identidade de um mineral desconhecido e consumir-se-ia
tempo excessivo em uma comparação sistemática de milhares de fo-
tografias no arquivo de referência. Quando isto ocorre, o investi~ador
volta-se para o fichário de dados de difração dos raios X preparado
pela American Society for Testing Materiais (ASTM) (Sociedade
Americana para Ensaio de Materiais) (Fig. 354).
Nestas fichas, existem registrados os espaçamentos d para milha-
res de substâncias cristalinas, d o mesmo modo que as impressóes di-
gitais dos criminosos conhecidos estão conservadas nos fichários' da
Polícia. Para usar estas fichas, o investigador tem de calcular os espa-
çamentos d para as linhas principais no padrão do pó de sua subs-
tância desconhecida e avaliar a intensidade relativa das linhas em uma
escala em que a linha mais forte é tomada como 100. Pode, então,
procurar uma série correspondente de d no fichário ASTM, que está

Fig. 354. Ficha ASTM para 0 Quartzo. Na Parte Superior da Ficha, Estão
Dadas as Três Linhas mais Fortes e siins Intensidades Relativas. O Quarto d
é do EspaFarnento Máximo.

disposto em ordem decrescente de d da linha de máxima intensidade.


Considerando que muitas substâncias têm linhas intensas correspon-
dendo ao mesmo valor d e que muitos fatores podem atuar para
alterar a intensidade relativa das linhas em um padrão d o pó, tódas
as substâncias são investigadas em relação às suas segunda e terceira
152 CRISTALOGRAFIA

linhas mais intensas. Depois de terem sido selecionadas d o fichário


as "suspeitas" mais prováveis, a comparação das reflexões mais fracas,
também relacionadas na ficha ASTM, identificará prontamente a subs-
tância, na maioria dos casos. Dêste modo, uma substância completa-
mente desconhecida pode ser identificada usualmente em curto espaço
de tempo por meio de um ensaio que não consome o material em
um volume de amostra muito pequeno.
O método do p ó é de utilidade mais ampla, todavia, existindo
várias outras aplicações em que é de grande valor. As variações na
composição química de uma substância conhecida implicam a substitui-
ção por átomos em geral d e tamanho algo diferente dos que ocorrem
normalmente e m certos lugares do retículo. Como resultado desta subs-
tituição, alteram-se levemente as dimensões da cela e, por conseguinte,
os espaçamentos interplanares, deslocando-se em conseqüência as po-
sições das linhas correspondentes a êstes espaçamentos na fotografia
do pó. Medindo-se êstes pequenos desvios na posição das linhas nos
padrões d o pó de substâncias de estrutura conhecida, podem ser des-
cobertas acuradamente, muitas vêzes, as alterações na composi~ãoquí-
mica.
Além disso, as proporções relativas de dois ou mais minerais co-
nhecidos em uma mistura podem ser determinadas muitas vêzes de
maneira conveniente pela comparação das intensidades das linhas na
mistura com as das mesmas linhas em fotografias de contrôles prepa-
rados, de composição conhecida.

DIFRATÔMETRO DE RAIOS X
Nos últimos anos, a utilidade d o método d o pó aumentou con-
sideràvelmente e seu campo de açáo ampliou-se pela introdução do
difrafômefrode raios X . Este poderoso instrumento de pesquisa usa a
radiação->< monocromática e uma amostra finamente pulverizada, co-
mo se faz no método d o p ó fotográfico, mas registra a informação
quanto às reflexões em um papel apropriado. A Fig. 355 mostra o
equipamento fornecido por um fabricante.
Prepara-se a amostra para a análise no difratômetio reduzindo-a
a um p ó fino que é depois espalhado uniformemente sôbre a super-
fície de um porta-objeto de vidro, usando-se pequena quantidade de
adesivo. O instmmento é constmído de tal forma que êste porta-objeto,
quando prêso no lugar apropriado, gira no percurso d e um feixe de
raios X para a frente e para trás enquanto um tubo de Geiger,
montado sôbre um braço, gira em tomo dêle para colhêr os feixes
de raios X refletidos.
DIFRATBMETRO DE RAIOS X 153

Quando o instrqmento se situa na posição zero, o feixe de raios X


é paralelo ao porta-objeto e passa diretamente para dentro d o tubo de
Geiger. A montagem do porta-objeto e o tubo de Geiger movem-se
por meio de um motor mediante engrenagens distintas de modo que,
enquanto o porta-objeto e o espécime giram um ângulo 8, o tubo
de Geiger gira um ângulo 28. A finalidade déste arranjo consiste em
manter uma relação entre a fonte de raios X, a amostra e o tubo
de Geiger tal que não sejam cortadas. pel'o porta-objeto de vidro,
quaisquer reflexões.

Fi& 355. Difrafôrnetro de Raios X. Cortezia de Philips Electronics Co., Inc.,


Mount Vernon, N . Y.

Se o espécime tiver sido convenientemente preparado, haverá mi-


lhares de partículas cristalinas minúsculas sobre o porta-objeto em
todas as orientaqóes. Como na fotografia do pó, ocorrem simultâ-
neamente todas as reflexões possíveis a partir dos planos atômicos.
Contudo, em vez de registrar todas elas ao mesmo tempo em uma
película. o tubo de Geiger recebe cada reflexão separadamente.
CRISTALOGRAFIA
Quando em operação, a amostra. o tubo de Geiger e o registra-
dor s i o todos postos em movimento simultâneamente. Se um plano
atômico tem um espaçamento d tal que ocorre uma reflexão a 8 =
= 20°. não existe evidência desta reflexão até que o tubo de Geiger
tenha girado um ângulo 28, ou 40°. Neste ponto, o raio refletido
penetra no tubo. tornando-o um condutor. O impulso da corrente,
assim gerado. amplifica-se determinando uma deflexão na folha de
registro. Assim, a medida que o tubo de Geiger esquadrinha, o pa-
pel vai registrando os picos das reflexões oriundas do espécime. O ân-
gulo 29, em que ocorreu a reflexão, pode ser lido diretamente a partir
da posição do pico no papel registrador. As alturas dos picos são
diretamente proporcionais às intensidades das reflexões que os pro-
duzem. O papel em que o registro é desenhado está dividido em dé-
cimos de polegada e move-se a uma velocidade constante. geralmente
de 0 , s polegada por minuto. A esta velocidade do papel e a uma
velocidade de esquadrinhamento d o tubo de Geiger de l 0 por minuto,
0,s polegada no papel é equivalente a 28 de 1 ° . As posições dos picos
no papel podem ser lidas fàcilmente a um ângulo 28 de 0.05O e os es-
paçamentos d dos planos atômicos que os originam podem ser deter-
minados pelo uso da equação nh = 2dsen 8. Tal como na fotografia
do p6, as reflexões são tôdas consideradas como de primeira ordem,
a menos que se devam atribuir índices ao registro com o objetivo de
determinar as constantes da cela. Embora o difratômetro produza da-
dos semelhantes aos derivados ,de uma fotografia do pó, apresenta
vantagens definidas. O método do pó exiee várias horas de exposição
mais o tempo necessário para a revelação. fixação. lavagem e secagem
da película; um registro pelo difratômetro pode fazer-se em uma
hora. Frequentemente é difícil avaliar a intensidade das linhas em
uma Fotografia d o pó, ao passo que a altura dos picos, em um re-
gistro difratométrico. pode ser determinada graficamente com boa pre-
cisão. A fotografia do pó tem de ser medida cuidadosamente para
que se obtenham os valores de 20. ao passo que 28 pode ser lido di-
retamente de um registro obtido pelo difratómetro. A Fig. 356 com- I

para êste registro como uma fotografia do pó do mesmo mineral e


indica conio os dados podem ser usados para se recorrer ao fichário
ASTM.

Crirlalografia Geométrica

F. C. Phillips.A n i~ilrorlr,crion ro crysiollo~gr<iphy.Lonpmans, Green and Co.,


N e w York, 1956.
156 CRISTALOGRAFIA
-
M. J. Buerger, Elementary crystolloxraphy. John Wiley and Sons, New York,
1956. Um tratamento minucioso da cristalografia geométrica do ponto de
vista da simetria.
C. W. Wolfe, M a n u a l f o r ~eomerrical crystallopraphy. Edwards Brothers, Ann
Arbor, 1953.
C. Tunnell e J. Murdoch, Laboralory mnnr<al of crisralloprophy f o r srudents of
min~rnlopv nnd geolopy. Wm. C. Brown Co., Dubuque, 1957.

Crirtsloprafia par meio dos raim X


H. P. Klug e L. E. Alexander, X-rny diffrncrion procedurer f o r polycrystallinr
ond amorphous tnarerial. John Willey and Sons, New York, 1954, Capí-
tulo 5. Uma discussão do uso da difratômetro.
L. V. Azaroff e M. I. Buerger, Tlre powder merhod in x-ray crystallopraphy.
McGraw Hill Book Co.. New York, 19%. Um tratamento exaustivo do
método do pó.
K. Lonsdale, Crystolr o,id x-ra.ys. G . Bell and Sons, Londres, 1948. Um relato
interessante dos vários métodos que empregam os raios X.
C. W. Bunn, Chemical rrystalloprnphy. Clarendon Press, Oxford, 1946. Os ca-
pítulos 5 e h lidam com os métodos do p6 e da rotaçáo.
W. H. Bragg e W. L. Bragg, X-roy ond crystal slrucfure. G. Bell and Sons, Lon-
dres. 1924, pp. 103-188.
MINERALOGIA FISICA

As propriedades físicas são muito importantes para a deter-


minação rápida dos minerais, pois a maioria dêles pode ser reconheci-
da pela vista ou determinada mediante ensaios simples.

A . CLIVAGEM, PARTIC,ÃO E FRATURA

I . Clivagem. Diz-se que uni mineral possui clivagem quando,


aplicando-se -~uma.~f&ça.adequada, & l e s e rompe de modo a produzir
superfícies planas definidas. A clivagem pode ser perfeita como nas
micas, mais ou menos indistinta como no berilo e na apatita, ou
faltar de todo como em alguns cristais.
A clivagem depende da estrutura do cristal e ocorre sòmente pa-
ralelamente aos planos de átomos. Se uma família de planos de átomos
paralelos tem entre si uma força de ligação fraca. é provável que a
clivagem ocorra ao longo dêstes planos. Esta menor resistência pode
ser devida a um tipo mais fraco de ligação, a um espaçamento reti-
cular maior no cristal formando ângulos retos com a clivagem, ou fre-
quentemente a uma combinação dos dois. A grafita tem uma cli-
vagem em placas. Dentro das placas existe uma ligação forte, mas
entre elas há uma ligação fraca dando origem à clivagem. Uma ligação
fraca acompanha-se geralmente de um espaçamento reticular grande.
pois a força de atração não pode manter os planos bem juntos uns aos
158 MINERALOGIA FISICA

Fia. 357. Clivagem. (a) Galena (001 }; ( b ) Fluorita { l l l ); (c) Esfalerita


{O11 }; ( d ) Calcita { 1 0 i l ) ; (e) Barita { 110) e 1001 ); ( f ) Topázio 1001 );
( s ) Feldspato {OOI}, (010); ( h ) Escapolita (110) e secundária {OIO}.
outros. O diamante não tem mais do que um tipo de ligação e sua cli-
vagem excelente ocorre ao longo daqueles planos reticulares tendo o
espaçamento máximo (ver Fig. 398).
Sendo a clivagem o rompimento de um cristal entre planos de
átomos, é uma propriedade direcional e qualquer plano paralelo atra-
vés do cristal .é um plano de clivagem potencial. Além disto, ela é
sempre paralela às faces, ou às faces possíveis do cristal (usualmente
àquelas com os índices mais simples), pois tanto as faces como a
clivagem refletem a mesma estrutura cristalina.
Na descrição de uma clivagem, deve-se indicar sua qualidade,
facilidade de produção' e dueção cristalográfica. A qualidade se ex-
pressa como perfeita, boa, regular etc. Expressa-se a direção pelo
nome ou pelos índices da forma a que a clivagem é paralela, como
cúbica (001 ) (Fig. 357), octaédrica ( 111 ), romboédrica ( 10T1).
prismática 4 1101, 'pinacoidal (001) etc. A clivagem é sempre con-
sistente com a simetria; assim, quando se desenvolve uma dirqão de
clivagem octaédrica, isto implica que deve haver três outras direções
semelhantes a ela. Se está presente uma direção de clivagem dodecaé-
drica, estão implícitas igualmente cinco outras direções semelbantes.
Nem todos os minerais apresentam clivagem e sòmente poucos, com-
parativamente, a exibem em grau notável, mas nestes casos ela serve
como critério diagnósticn decisivo.
2. Parfiçio. Certos minerais, quando sujeitos a tensão ou pres-
são, desenvolvem planos de menor resistência estmtural ao longo
dos quaiS podem romper-se subseqüentemente. Os cristais geminados.

Fig. 358. Particão Basal do Fii. 359. Partição Romboé-


Pirox&nio. drica do Coríndon.

especialmente os geminados polissintéticos, podem separar-se fàcilmen-


te ao longo dos planos de composição. Quando se produzem superfícies
planas em um mineral por meio de seu rompimento ao longo de
algum dos tais planos predeterminados, diz-se que o cristal tem uma
160 MINERALOGIA FISICA

partição. Este fenômeno assemelha-se à clivagem, mas deve ser dis-


tinguido dela pelo fato de que nem todos os espécimes de um certo
mineral o apresentarão, mas sòmente os que são geminados ou tenham
sido sujeitos a pressão adequada. Mesmo nestes espécimes. há sòmente
um certo número de planos em uma determinada dircção a o longo da
qual o mineral se romperá. Se um mineral possui clivagem, cada es-
pécime dêle, em geral, a exibirá e poderá produzir-se em uma dada
diresão em tôdas as partes d o cristal. Acham-se exemplos familiares
de partição na partição octaédrica d a magnetita, na basal do pi-
roxênio e na romboédrica d o coríndon (ver Figs. 358 e 359).
3 . Fratura. Entende-se por fratura de um mineral a maneira
pela qual êle se rompe quando isto não se produz ao longo de su-
perfícies de clivagem ou de partição.
Os têrmos seguintes usam-se comumente para designar as dife-
rentes espécies de fratura:

a. Conc6ide. Quando a fratura tem superíicies lisas, curvas, semelhantes


A superfície interna de uma concha (ver Fig. 360). Esta é a observada mais
comumente em substância como o vidro e o quartzo.

Flg. 360. Fratura Concóide da Obsidiana.

b. Fibrosa ou Esfillrnçada. Quando a mineral se rompe mostrando esti-


Ihafos ou fibras.
c. Serriltiada. Quando o mineral se rompe segundo uma superfície den-
teada, irregular, com bordas cortantes.
d. Desigual ou Irregular. Quando o mineral se rompe formando super-
fícies rugosas e irregulares.
B. DUREZA
A drrreza de um mineral é a resistência que sua superficie lisa
oferece a o ser riscada ( a dureza é designada por D). Como as outras
propriedades físicas dos minerais, a dureza depende da estrutura d o
cristal. Quanto mais fortes as fôrçai de união entre os átomos. tanto
mais duro o mineral. O grau de dureza C determinado, observando-se
a facilidade ou dificuldade relativa com que um mineral C riscado
por outro, por uma lima ou um canivete. Pode dizer-se então ser a
dureza de um mineral a sua "possibilidade de ser riscado". Escolheu-
se uma série de dez minerais comuns para servir como escala. poden-
do ser dita a dureza relativa de qualquer mineral mediante compara-
ção com a dos da escala. Os minerais seguintes, dispostos na ordem
de sua dureza crescente, comprecnhn o que se conhece por esccrln
de dureza de Mohs:

Escala de Dureza

1. Talco 6. Ortoclásio
2. Gipso 7. Quartzo
3. Calcita R . TopBrio
4 . Fluorita 9 . Corindon
5 . Apatita 10. Diamante

O talco, número 1 na escala, tem uma estrutura constituída de


placas tão dèbilmente unidas entre si que a pressão dos dedos é sufi-
ciente para fazer deslizar uma placa sobre a outra. Na outra extre-
midade da escala está o diamante com seus átomos constituídos de
carbono tão firmemente ligados uns aos outros que nenhum outro
mineral pode separá-los de modo a produzir um sulco.
Para determinar-se a dureza relativa de qualquer mineral nos têr-
mos desta escala, é necessário achar quais dêstes minerais êle pode
riscar e quais não. Ao fazer a determinaçáo, observar-se-á o se-
guinte: algumas vézes, quando um mineral é mais mole d o que o
outro, porçóes d o primeiro deixarão marca s0bre o segundo que pode
ser tomada por engano como um traço. Todavia, ela pode ser remo-
vida esfregando-se. a o passo que um sulco será permanente. Alguns
minerais alteram-se frequentemente em sua superficie transformando-se
em material que é muito mais mole d o que o mineral original. Deve-se,
por conseguinte, usar uma superficie recente do espécime a ser ensaia-
do. A natureza física de um mineral pode impedir uma determinação
correta de sua dureza. Por exemplo, se um mineral é pulverulento,
granular ou estilha~ado,êle pode ser rompido e aparentemente riscado
162 MINERALüGIA FISICA

por um mineral muito mais mole d o que êle próprio. E sempre acon-
selhável, quando se faz o ensaio da dureza, confirn~á-10,invertendo-se
a ordem do processo; isto é, não tentar sempre riscar o mineral A com
o mineral B, mas também tentar riscar B com A.
Os seguintes materiais podem servir juntamente com a escala aci-
ma: a dureza da unha d o dedo é pouco mais do que 2; uma moeda
de cobre é aproximadamente 3; o aço de um canivete um pouco
acima de 5; o vidro da vidra&a 5% e o aço de uma lima 6%.Com um
pouco de prática, a d u r a a dos minerais abaixo de 5 pode ser deter-
ra,r minada ràpidamente pela facili-

Ebonodo,,
I
dade com que podem ser risca-
Di~manle dos com um canivete.
844 A dureza, vimos, depende
da estrutura do mineral. Como
a intensidade das forças unindo
os átomos difere em diferentes
direções, a dureza é uma pro-
priedade vectorial. Nestas condi-
ções, os cristais podem mostrar
graus variados de dureza depen-
dentes das direçóes em que são
Corbtto sulcados. As diferenças de du-
dr
BO~O
i
"J' reza direcional nos minerais
mais comuns são tio pequenas
c~rhtto que, quando podem ser desco-
&
siiicio P , ~ , o ' 1410 bertas, só se consegue isto me-
diante o uso de instrumentos
delicados. Duas exceções são a
cianita e a calcita. Na cianita,
D = 5, paralelamente ao com-
primento, mas D = 7, a 90° do
comprimento. A dureza da cal-
cita é 3 sobre todas as superfí-
1,o
Fig. 361. Dureza Relativa dos Mine- cies, exceto {O001 }. Nesta for-
rair na Escala de Dureza (segundo ma, todavia, pode ser riscada
Woodell). com a unha do dedo, tendo du-
reza 2. Pode-se ver que a de-
tenninaçáo quantitativa da dureza é possível sòmente dentro de limi-
tes relativamente amplos. Além disto, varia o intervalo da dureza
entre os diferentes pares de minerais na escala. Por exeniplo, a dife-
rença de dureza entre o coríndon e o diamante é muitas vêzes maior
do que entre o topázio e o coríndon. A Fig. 361 baseia-se em dados
DENSIDADE RELATIVA 163

quantitativos, obtidos por um investigador que determinou que, se o


quartzo fôr 7 e o corindon, 9, em dureza, em uma escala absoluta,
o diamante será 42,4.

C. TENACIDADE
Conhece-se como tenacidade, a resistência que um mineral ofe-
rece ao ser rompido, esmagado, curvado ou rasgado - em resumo,
sua coesão. Os têrmos seguintes usam-se para descrever as várias es-
.C
pécies de tenacidade nos minerais:
1 . Que-brodico. Um mineral que se rompe ou pulveriza facilmente.
2 . Maledvel. Um mineral que pode ser transformado e m lâminas del.
gadas por percussão.
3. S k r i l . Um mineral que pode ser cortadu em aparas delgadas com
um canivete.
4 . Dúril. Um mineral que pode ser estirado para formar fios.
5. Fkxivel. Um mineral que se encurva, mas não retoma sua forma
primitiva quando a pressáo cessou.
6 . Eldsrico. U m mineral que depois de ter sido encurvado retoma sua
p o s i f h original, a o cessar a pressão.

D. DENSIDADE RELATIVA
A densidade relativa (d)' de um mineral é um número que ex-
prime a relação entre seu pêso e o de um volume igual de água a
4OC. Se um mineral tem 2 por densidade relativa, isto significa que
um espécime dado dêste mineral pesa duas vêzes tanto quanto o
mesmo volume de água. A densidade relativa de um mineral de com-
posição fixa é frequentemente importante auxílio em sua identificação,
particularmente quando se trabalha com cristais raros ou pedras pre-
ciosas, casos em que outros ensaios danificariam os espécimes.
A densidade relativa de uma substância cristalina depende de
dois fatores: (1) a espécie de átomos de que é composto e ( 2 ) a ma-
neira pela qual os átomos estão arranjados entre si. Nos compostos
isoestruturais (ver página 209) em que o arranjo é constante, os áto-
mos com pesos atômicos mais altos terão usualmente a densidade re-
lativa mais elevada. Os carbonatos ortorrômbicos relacionados a se-
guir, em que a diferença principal reside nos catíons, mostra isto
muito bem.

1 S ~ e c i l i r proviry ou r d a l i v e denrify corresponde, em portuguei. a ' densidade rr-


lativa. ou. ~irnplesmente. densidade. não tendo, portanto, dimensáo. D e n d n corrwondc.
em Portumês. a ~ e s oeapecifico. isto 6. pCso por unidade de volume.
164 MINERALOGIA FISICA

Mudança da densidade relativa com a mudança no cation


- -

Mineral Composi~ão Pêso atsmico Densidade


do catíon relativa
Aragonita CaCO, 40.08 2.95
Estroncianita SCO, 87,63 3-7
Witherita BaCO, 137,36 4,3
Cenissita PbCO, 207,21 635

Muitos pares de minerais isoestruturais formam séries de solu-


ç&s sólidas (ver página 215), em que a composição pode variar
continuamente. Nestas séries, há uma mudança contínua na densi-
dade relativa. Por exemplo, o mineral olivina é uma série de solução
sólida entre a forsterita, Mg2Si04 (d 3,2) e a fayalita, F%Si04
(d 4,4). Assim, pela determinação da densidade. relativa, é possível
obter-se uma boa aproximação da composição química.
A influência do empacotamento dos átomos sobre a densidade
relativa está bem ilustrada nos compostos polimorfos (ver página 184).
Nestes, a composição permanece constante, mas o empacotamento dos
átomos varia. O exemplo mais notório encontra-se no diamante e na
grafita, ambos carbono elementar. O diamante com a densidade relativa
3,s tem uma estrutura compacta, dando densidade elevada de átomos
por unidade de volume, ao passo que na grafita, densidade relativa 2,2,
os átomos estão arranjados menos compactamente.
Densidade relativa média. Muitas pessoas manejando objetos de
uso diário adquirem um sentido do pêso relativo. Com apenas peque-
na prática, desenvolve-se sentido semelhante em relação aos minerais.
Por exemplo, a ulexita (d 1,96) parece leve, ao passo que a barita
(d 4,s) parece pesada, para minerais não-metálicos. Isto significa que
a pessoa desenvolveu uma idéia de uma densidade relativa média, ou
uma sensação do que deve pesar um mineral não-metálico de um
dado tamanho. Esta densidade relativa média pode ser considerada
estar entre 2,65 e 2,75. A razão disto é que o quartzo ( d 2,65), o
feldspato (d 2,60-2,75) e a calcita ( d 2,71), os minerais não-metá-
licos mais comuns e abundantes, estão dentro desta faixa. O mesmo
sentido pode desenvolver-se em relação aos minerais metálicos. A
grafita (d 2,2) parece leve enquanto a prata (d 10,s) parece pesada.
A densidade relativa média para os minerais metálicos pode ser con-
siderada aproximadamente 5,0, ou seja, a da pirita. Assim, com uma
pequena prática, pode-se tornar suficientemente perito para distinguir
uns dos outros, pelo simples fato de levantar um espécime, minerais
que têm diferenças comparativamente pequenas de densidade relativa.
DENSIDADE RELATIVA 165

Para determinar-se acuradamente a densidade relativa de um


mineral, devem ser observadas várias condiçôes. O mineral deve ser
puro, exigência frequentemente difícil de ser preenchida. Deve tam-
bém ser compacto, sem fendas nem cavidades em cujo interior pu-
dessem ficar aprisionadas bolhas ou películas de ar. Para o trabalho
mineralógico normal, o espécime deve ter um volume de aproxima-
damente dois centímetros cúbicos; isto seria um cubo medindo 12,6
milímetros de aresta. Não podendo ser preenchidas estas condiçóes,
tem pouca significação uma determinação da densidade relativa por
qualquer método rápido e simples.
Os passos necessários para fazer-se uma determina~ãocomum da
densidade relativa são resumidamente os seguintes: pesa-se primeira-
mente o mineral no ar; representemos êste pêso por Por. Então o mi-
neral é imerso em água e pesado de novo. Nestas condiqões, êle pesa
menos, pois qualquer objeto imerso em água é impelido para cima
por uma força equivalente ao pêso da água deslocada. Representemos
por P o pêso na água. Então P a,- P é igual à perda de pêso
causada pela imersão na água, ou ao pêso de um volume igual de
água. A expressão ( P _ / P - PdPYO) produzirá, por conseguinte, um
número que é a densidade relativa d o mineral. Como a densidade re-
lativa é simplesmente uma relação, não é necesário determinar-se o
pêso absoluto d o espécime, mas sòmente algum valor que seja propor-
cional ao pêso.
Balança de Joiiy. Um dos melhores métodos de obter-se a den-
sidade relativa d e um mineral é por meio da balança de lolly, F i g 362,
na qual os dados para os cálculos se obtêm medindo-se o alongamento
de uma mola espiral. Estão suspensas da mola duas pequenas cestas
metálicas, c e d, uma acima da outra. Dispõe-se o aparelho de modo
que a cesta inferior, 4 esteja sempre imersa em um vaso de água que,
descansando sobre a plataforma ajustável B, possa ser colocado à al-
tura desejada. Em todos os tipos de balança de Jollp, é necessário
ajustar o aparelho de maneira que, estando a cesta inferior imersa na
água, o indicador na mola corresponda ao zero. Coloca-se então o mi-
neral na cesta superior e determina-se por meio de uma escala afixada
o alongamento da mola, Por, necessário para levar novamente o indi-
cador a o zero. Coloca-se então o espécime na cesta inferior, faz-se
novo ajustamento e anota-se a leitura Pá,,,a. Calcula-se agora a den-
sidade relativa por
166 MINERALOGIA FISICA

A Fig. 363 representa um tipo aperfeiqoado de balanqa de Jolly,


concebida por Kraus. Sua descriqáo dada pelo fabricante1 é a seguinte:
A balanca consiste em um tubo vertical a o qual estão presos o vernier
fixo, interior, e a escala móvel duplamente graduada. este tubo contém outro,
redondo que se pode mover por meio de uma cremalheira especial. A êste
segundo tubo, fixa-se o vernier móvel externo. U m movimento do tubo interno
para cima arrasta o segundo vernier e a escala graduada. Dentro d o tubo
redondo. existe uma haste de comprimento ajustável que sustenta a mola espiral,
o indicador e as pequenas cestas da escala. Com esta forma de balança, bastam
sòmente duas leituras e uma simples divisão para determinar-se a densidade
relativa.
Quando se usa a balança, é necessário que, estando a cesta inferior imena
na água. estejam no zero a escala graduada, o i dois verniers e o indicador
que está prêso à mola espiral. Consegue-se isto ajustando-se aproximadamente
com a mko o comprimento da haste que sustenta a mola e fazendo-se depois
a correfão necessária por meio do parafuso micrométrico. Coloca-se enlão
um fragmento na pequena cesta superior e girando-se a cremalheira, o tubo
redondo, a escala graduada e o vemier exterior são levados para cima até
que o indicador na mola esteja de nôvo no zero. O vernier fixo inferior, W.

Fia. 362. Halan~a Fig. 363. B a l a n ~ a de


de Jolly. Jolly Aperfei~oada.

registra agora o alongamento da mola ocasionado pelo pêso d o fragmento no


ar. Prende-se então a escala. por meio de um parafuso, à extremidade inferior
dêle. Transfere-se agora o fragmento para a cesta inferior imergindo-a na
água e o tubo redondo é abaixado pela cremalheira até que o indicador esteja
no zero. Durante esta operação, o vernier exterior move-se para baixo na

I Fabricada Dar Eberbaeh snd Son, Ann Arbor, Michigan.


DENSIDADE RELATIVA 167

escala graduada e sua posição pode ser indicada agora por L. Esta é, òbvia-
mente, a d i m i n u i ~ ã on o alongamento da mola provocada pela imersáo do frag-
mento na água. As leituras em W e L são todos os dados necessários para
o cálculo da densidade relativa.
Pêso no a r L
Densidade relativa = -- -.
Perda de pêra na água W
e tambhm óbvio que estas leituras sejam registradas, para que possam ser
verificadas, se necessário, depois de completados a operação e o cálculo.

H. Berman adaptou uma delicada balança de torsão para obter


densidades relativas de pequenas partículas com pêso inferior a 25
miligramas (Fig. 364)'. Esta balança é particularmente útil para o

r
Fie. 364. Balança de Berman.

investigador adiantado em mineralogia, interessado na determinação


precisa da densidade relativa, pois, com frequência. sòmente se conse-
gue obter um fragmento mineral minúsculo, livre de impurezas. Toda-
via, ao usá-la, tem-se de fazer correçáo da temperatura e empregar
um líquido com tensão superficial baixa.

Esta halanga é distribuída por Bethlehern Instrumcnt Cmnany. Belhlehem. Pensil-


vânia.
168 MINERALOGIA FISICA

Balanp de braco. A balança de braço 6 um instrumento muito


preciso e exato para a determinação da densidade relativa. Além
disto, dada sua simplicidade, pode ser construída fàcilmente e com

Fig. 365. H a l n n ~ ade B r a ~ i i .

poucos gastos, em casa. A balança ilustrada na Fig. 365 foi ideali-


zada por S. L. Penfield, sendo a seguinte a descrição de seu modo
de operar, ligeiramente modificada:

O braço feito de madeira ou latão é apoiado em h sobre um arame fino


ou agulha, permitindo-lhe oscilar livremente. O braço longo bc é dividido
em escala decimal; o curto sustenta um arranjo duplo de p q u e n a i cestas sus-
pensas, d e m o d o que uma delas está no a r e a outra na água. U m a peça de
chumbo, posta sôbre a braço curto. serve para contrabalançar o brafo longo.
Quando as cestas estjo vazias, o braço é colocado em posição horizontal,
marcada sobre a peça vertical próxima a c, por meio de um cavaleiro d.
Necessitam-se alguns contrapesos; mas como o que se rcgistra é sua posiç8o
no braço e náo seu pêso real. não precisa ser de qualquer denominação espe-
cífica. Depois que o braço é ajustado por meio do cavaleiro d, póe-se iim
fragmento do mineral na certa fora da água e escolhe-nc u m contrapêso que,
quando colocado perto d a extremidade d o braço longo, o trará à posição hori-
zontal. A posição d o contrapêso na escala d á um valor, P.., propr>rcional a o
pêso do mineral no ar. Transfere-se e m seguida a mineral para a cesta
inferior e o mesmo contrapêso é trazido mais para perto d o fulcro b até que
o braço se torna novamente horizontal. A posição d o contrapêso d á agora
um valor P,,,, proporcional a o pêso d o mineral na água. Pode determinar-se
então a densidade relativa d a seguinte maneira:

Picnômetro. Quando não se pode obter um mineral em massa


homogênea suficientemente grande para permitir o emprêgo de um
dos métodos de balança, pode-se conseguir com exatidão a densidade
relativa de um pó ou de um agregado de fragmentos do mineral, por
meio do pic&metro.
DENSIDADE RELATIVA 169

O picnômetro é um pequeno frasco (Fie. 366)


adaptado com uma rolha de vidro, através da qual
foi perfurada uma abtrtura capilar.
A o fazer-se uma determinação da densidade
relativa, pesa-se primeiramente o frasco vazio com
sua rolha (P,). Introduzem-se então no frasco os
fragmentos do mineral e faz-se uma segunda pesa-
gem P p + _ . Enche-se parcialmente o frasco com
água destilada e ferve-se por alguns minutos para
expulsar quaisquer bôlhas de ar. Depois de res-
friado, enche-se o picnômetro com á e a destilada e
pesa-se P p + m + n tomando-se cuidado para que a
água suba até a parte superior da abertura capilar, 366.
mas que nenhum excesso de água esteja presente. Picnometra,
Faz-se a última pesagem Pp+a depois de esvasiar
o frasco e tornar a enchê-lo sòmente com água destilada. Pode assim
ser determinada a densidade relativa:

Líquidos pesados. Na determinação de densidade relativa de


minerais usam-se algumas vêzes vários líquidos com densidades relati-
vas comparativamente elevadas. Os dois líquidos usados mais fàcil-
mente são o bromofórmio (d 2,89) e o iodeto de metilênio ( d 3.33).
Estes líquidos são miscíveis entre si e também com a acetona ( d 0.79)
e assim, misturando-os, pode obter-se uma solução de densidade rela-
tiva intermediária. Introduz-se uma partícula d o mineral no liquido pe-
sado e dilui-se a solução com um líquido de densidade relativa me:ior
até que o mineral nem suba nem afunde. A densidade relativa do lí-
quido e o d o mineral sáo então o mesmo e o do líquido pode determi-
nar-se prontamente por meio de uma balança de Westphal.
Empregam-se frequentemente os líquidos pesados na separação de
partículas de minerais de misturas compostas de vários constituintes.
Cálculo da densidade relativa. Quando se conhecem o núniero
das várias espécies de átomos na cela unitária e o volume desta, po-
de-se calcular a densidade relativa. A fórmula química d o mineral dá
as proporções dos diferentes átomos. mas não necessàriamente o nú.
mero exato, pois alguns minerais têm váribs pesos da fórmula por cela.
O número, usualmente pequeno, é indicado por Z . Por exemplo, na
aragonita, C a c o 3 , a relação dos átomos é ICa:IC:30, mas existem
170 MINERALOGIA FISICA

quatro pesos da fórmula por cela, ou 4Ca, 4C, 120. O pêso molecular
P,,,, do C a c o n é 100,09; o pêso molecular d o conteúdo da cela uni-
tária ( Z = 4 ) é 4 X 100,09 = 400,36.
O volume da cela unitária, V, nos sistemas cristalinos ortogo-
nais, acha-se multiplicando as dimensões da cela, por exemplo, ao X
x h, X c,, = V . A o obter o volume, nos sistemas inclinados, devem
também considerar-se os ângulos entre as arestas da cela. A aragonita
é ortorrômbica com as seguintes dimensões da cela: ao = 4,95A, bo =
= 7,96, c,, = 5,73. Por conseguinie, V = 225,76 A?.
Convertendo A:' em cm" dividimos por (lOR)" = 102' ou V =
= 225,76 X cm3. Conhecendo-se os valores de P, e V, a den-
sidade, P,, pode-se calcular empregando a fórmiila:

em que N é o número de Avogadro 6,023 38 x lW". Substituindo os


valores para a aragonita, temos

Este valor, 2,945, para o pêso específico calculado da aragonita está


em perfeito acordo com os melhores valores medidos que são
2.947 I 0,002.
No estudo de minerais novos, não se conhece comumente o valor
numérico de Z. Donde ser necessário fazer tentativas sucessivas dos
cálculos acima. usando diferentes valores de Z até que se alcance a
melhor concordância possível com as densidades relativas medidas.
Z é sempre número inteiro e geralmente pequeno.

E . PROPRIEDADES DEPENDENTES DA LUZ


Brilho. Chama-se brilho a aparência geral da superfície de um
mineral à luz refletida. O brilho dos minerais pode ser dividido em
dois tipos, metálico e não-metálico. Não existe qualquer linha nítida
dividindo êstes dois grupos e os minerais, situando-se entre êles, de-
nominam-se submetálicos.
Um mineral tendo a aparência brilhante de um metal tem um
brilho metálico. Além disso, êsses minerais são inteiramente opacos
à luz e, conseqüentemente, dão traço negro ou niuito escuro (ver
página 172). A galena, a pirita e a calcopirita são minerais comuns,
com brilho metálico.
PROPRIEDADES DEPENDENTES DA LUZ 171

Todos os minerais sem uma aparência metálica têm, como O têr-


mo implica, um brilho não-metálico. São, em geral, claros e trans-
mitirão a luz através de bordas delgadas. O traço de um mineral não-
-metálico é sem c61 ou de côr muito clara. Usam-se os têrmos se-
guintes para descrever a aparência dos minerais não-metálicos:

Virreo. Tendo brilho de vidro. Exemplo: quorrzo.


Re.~inoso. Tendo a aparência de resina. Exemplo: esfalerita.
Nocarado. Tendo a aparencia iridescente de uma +rola. Isto se observa
usualmente nos minerais, nas superficies paralelas aos planos de clivagem.
Exemplo: plano hasal da apofilita.
Gorduroso. Com a aparencia de estar recoberto por uma camada dcl-
gada de 61eo. Exemplos: nefelina e alguns esp6cimcs de esfalerita e de quartzo
maci~o.
Sedoso. Como séda. € o resultado de um agregado paralelo de fibras
finas. Exemplos: gipso fibroso, malaquita e serpentina.
Adarnonrino. Tendo brilho igual a o do diamante. Deve-se ao elevrido in-
dice d e refra@o d o mineral (ver página 175). Moitram-no 05 minerais trans-
parentes de chumbo, como a cerussita e a anglesita.

Côr. A côr dos minerais é uma de suas propriedades físicas


mais importantes. Para muitos minerais, especialmente os que exi-
bem brilho metálico, a côr é propriedade definida e constante e ser-
virá como meio de identificaqão significativo. O amarelo-latão da
calcopirita, o cinza-chubo da galena, o prêto da magnetita e o verde
da malaquita são exemplos em que a cor é propriedade notável do
mineral. Note-se, contudo, que as alterações da superfície podem
mudar a côr mesmo nos minerais em que ela é constante. Vê-se isto
na côr amarela observada na pirita e na marcassita. na côr purpúrea
observada na bornita etc. Ao notar a cor de uni mineral. deve-se
examinar, por conseguinte, uma superfície recente. Contudo, muitos
minerais não exibem uma côr constante em seus diferentes espécimes.
Esta variação de côr na mesma espécie pode ser devida a diferen-
tes causas. L h a diferença na cor produz-se, muitas vêzes, por uma
mudança na composição: A substituição progressiva do zinco pelo
ferro na esfalerita (ver página 215) mudará sua cor, d o branco pas-
sando pelo amarelo e pelo castanho ao prêto. Os minerais d o grupo
dos anfibólios mostram variação semelhante na cor. A tremolita,
silicato contendo como bases sòmente o cálcio e o magnésio, é de
côr muito clara; a actinolita e a hornblenda. anfibólios contendo
quantidades crescentes de ferro variam na c61 entre o verde e o
prêto. Além disso, um mineral pode exibir ampla gama de cores sem
qualquer alteração aparente na composição. A fluorita é um exem-
plo notável disto, pois é encontrada em cristais incolores, brancos,
172 MINERALOGIA FfSlCA

róseos, amarelos. azuis, verdes e violeta. Todavia, variaçóes de côr


tão amplas assim são raras.
Frequentemente, os minerais são coloridos também por várias
impurezas. A variedade criptocristalina vermelha do quartzo, conhe-
cida como jaspe, é colorida por pequenas quantidades de hematita. Do
que ficou dito, vê-se que, embora a côr de um mineral seja uma de
suas propriedades físicas importantes, n j o é sempre constante e deve,
por conseguinte, ser usada com cautela na identificação .de algu-
mas espécies.
Traço. A cor d o pó fino de um mineral conhece-se como
traço. Usa-se o traço, frequentemente, na identificação dos minerais,
pois, embora a sua côr possa variar dentro de amplos limites, êle é
usualmente constante. Esta propriedade pode ser determinada conve-
nientemente no laboratório esfregando-se o mineral sôbre uma peça de
porcelana não-polida, conhecida como placa para traço. Esta placa
tem uma dureza aproximadamente 7, não podendo. assim, ser usada
com minerais de maior dureza.
Jôgo de cores. Diz-se de um mineral que apresenta um
jógo de córes quando, ao virá-lo. se vêem várias cores espectrais em
rápida sucessão. Vê-se isto especialmente bem no diamante e na
opala preciosa. Diz-se que um mineral mostra uma mudança de clir,
quando. ao ser girado, as cores mudam vagarosamente com a posi-
ção. Observa-se isto em algumas Iabradoritas.
Iridescência. Um mineral é iridescente quando mostra uma sé-
rie de cores espectrais em seu interior ou sôbre unia superfície. Uma
iridescência interna é causada usualmente pela presenca de pequenas
fraturas ou planos de clivagem, ao passo que uma externa é deter-
minada pela presença de uma película ou revestimento superficial
delgado.
Opalescência. Conhece-se como opalescéncia uma reflexâo lei-
tosa ou nacarada do interior de um espécime. Observa-se a opales-
cência em algumas opalas, pedra-da-lua e olho-de-gato.
Embaçamento. Diz-se que um mineral exibe embaçamento
quando a côr da superfície difere d a - d o interior. Os minerais de co-
bre, a calcocita, a bornita e a calcopirita mostram com frequência o
embaçamento depois que superfícies recentes foram expostas ao ar.
Acatassolamento. Alguns minerais têm na luz refletida uma apa-
rência sedosa que resulta da presença de muitas inclusões dispostas pa-
ralelamente a uma direçáo cristalográfica. Quando se lapida uma
gema, na forma de cabuchão, de um mineral dêstes, êle é cruzado
PROPRIEDADES DEPENDENTES DA LUZ 173

por um feixe de luz que forma ângulos retos com a direçáo dac
inclusões. Esta propriedade, conhecida por acatassolamento (cha-
toyancy), é exibida pelo Clho-de-@o, uma variedade gemológica d o
crisoberilo.
Asterismo. Alguns cristais, especialmente os do sistema hexago-
gonal, quando vistos na direção do eixo vertical, mostram raios de
luz como uma estrêla. Este fenômeno origina-se de peculiaridades de
estrutura ao longo das direções axiais ou de inclusões dispostas em
ângulos retos quanto a estas direções. O exemplo notável t. a safira
astérica ou estrelada.
Pleocroísmo. Alguns minerais possuem uma absorsão seletiv;~da
luz nas diferentes direções cristalográficas, podendo, assim. aparecer
com várias cores, quando vistos em diferentes direções na luz transmi-
tida. Conhece-se esta propriedade como pleocroi.imo. A propriedad;
chama-se dicroísmo se o mineral tem sòmente duas destas dircções
de absorção. As variedades transparentes da turmalina. a cordierita s
o espodumênio apresentam esta propriedade.
Luminescência. Denomina-se lrrminrscência qualquer emissáo
de luz por um mineral que não seja o resultado direto da incan-
descência. O fenômeno pode ser produzido de várias maneiras. na
aparência inteiramente independentes entre si. Na maioria dos casos,
a luminescência é tênue, podendo ser observada sòmente no escuro.
A triholuminescência é a propriedade possuída por alcuns mine-
rais pela qual se tornam luminosos ao serem esmagados. riscados ou
esfregados. A maioria dos minerais que possui esta propriedade são
não-metálicos e anidros, mostrando boa clivagem. A fluorita, a esfa-
lerita e a Iepidolita podem ser triboluminescente e, mesmo coniumen-
te, a pectolita, a ambligonita, o feldspato e a calcita.
A /ernioluminesc?ncia é a propriedade possuída por alguns mi-
nerais de emitirem luz visível quando aquecidos a uma temperatura
abaixo do vermelho. Como a triboluminescéncia os minsrais nio-me-
tálicos. anidros, exibem melhor êste fenomeno. Quando se aquece um
mineral termoluminescente, a luz visível inicial geralmente tênue sur-
ge a uma temperatura entre 50° e 100°C, cessaiido usualmente de
ser emitida a temperaturas superiores a 475OC. Desde há muito se
soube que a fluorita possui esta propriedade; a sua variedade clorofana
recebeu esta denominação por causa da luz verde emitida. Outros
minerais comumente termoluminescentes são a calcita. a apatita, a es-
capolita, a lepidolita e o feldspato.
Flirorescência e fosforescência. Os minerais que se tornam lu-
minescentes durante a exposição a luz ultravioleta, aos raios X, ou aos
raios catódicos são fluorescentes. Diz-se que o mineral é fosforescente
se a luminescência perdura após a interrupção dos raios excitantes.
174 MINERALOGIA FISICA

Observou-se a princípio a fosforescência em alguns minerais que, de-


pois de expostos aos raios solares, produziam luz quando removidos
para um quarto escuro. Não existe distinção nítida entre fluorescência
e fosforescência, porque se pode mostrar mediante métodos aper-
feiçoados que alguns minerais, que pareciam tei. sòmente fluorescência,
continuam a produzir luz por uma pequena fração de segundo após a
cessação dos raios excitantes. Em conseqüência, para alguns autores
existiria apenas um fenômeno e não dois.
Os minerais exibem fluorescência em maior escala do que outros
tipos de luminescência e, como ela é mais fácil de produzir-se, muitos
trabalhos foram feitos a seu respeito. Algumas fluoritas, o mineral de
que a propriedade recebe seu nome, exibem fluorescéncia. Outros mi-
nerais que têm fluorescência, frequentemente, não porém de maneira
absoluta, são a willemita, a scheelita, a calcita, a escapolita, o dia-
mante, a hialita e a autunita. A fluorescência não é propriedade que
se possa predizer, pois alguns espécimes de um dado mineral a exi-
birão, ao passo que outros espécimes, na aparkncia semelhantes, não o
farão. Não só as cBres fluorescentes dos diferentes minerais e dos di-
ferentes espécimes d o mesmo mineral variam amplamente, mas também
não guardam relaçáo com a côr natural dos minerais. Uma exposição
bem arranjada de minerais fluorescentes constitui uma exibição bonita
e notável (ver frontispício).
Produz-se a fluorescência de maneira mais comum pela excitação
com a luz ultravioleta, vendo-se, a cada ano que se passa, serem
aperfeiçoados os métodos de produção desta.luz. E melhor ter uma
fonte de luz ultravioleta com um mínimo d e luz visível, para que
os efeitos fluorescentes não sejam diminuídos pela reflexão. Usam-se,
comumente, a lâmpada de vapor de mercúrio e o tubo de argônio. O
comprimento de onda ou a côr da luz emitida durante a fluorescência
varia consideràvelmente com o comprimento de onda ou fonte da luz
ultravioleta.
A fluorescência está tendo significa~ãocomercial e industrial cres-
cente e fazem-se muitos trabalhos sobre material sintético. E m conexão
com minerais, a propriedade tem utilidade prática em Franklin, Nova
Jersey, onde se usa a luz ultravioleta para determinar a quantidade de
willemita que vai parar no refugo. Além disso, como a maioria das
scheelitas-apresentam fluorescência, executa-se a prospqão do mi-
neral frequentemente à noite, com o auxilio da luz ultravioleta.
Aparentemente não existe relação simples entre a luminescência
das várias espécies, pois qualquer delas pode existir isoladamente ou
em combinação com qualquer das outras. Além disso, a cor dos dife-
rentes tipos de luminescência pode variar no mesmo espécime. Os com-
PROPRIEDADES DEPENDENTES D A LUZ 175

postos puros raramente mostram luminescência e, por coiiseguinte,


uma pequena quantidade de impureza pode ser um fator comum a
todos os minerais luminescentes.
Diafaneidade. Conhece-se como diafnneidadc, a propriedade pos-
suída por alguns minerais de permitirem que a luz os atravesse. Usam-
se os seguintes têrmos para exprimir os vários graus desta proprie-

. dade:

Trattspnre,rre. Um mineral é transparente se o contôrno de um objeto


visto através déle é perfeitamente distinto.
Trat,rlijcido. U m mineral é translúcido se a luz chega ;i atravessá-lo.
não pondendo, porém, os objetor serem vistos :\través déle.
Opaco. Um mineral é opaco se a Iitz nko o atravessar. mesmo em siias
bordar mais delgadas.

Refraçáo da lua. Quando a luz entra em contato com um mine-


ral não-opaco, parte dela se reflete na superfície e parte penetra no
mineral. A luz que penetra no mineral é, em geral, refratada. Quando
a luz passa de um meio menos denso para outro mais denso, por
exemplo, passando d o ar para o mineral. retarda-se sua velocidade.
Esta mudança na velocidade acompanha-se de alteraçáo correspop-
dente na direçáo em que a luz caminha, conhecendo-se como refra-
ção da luz esta mudança na direção de propagação. A quantidade de
refraçáo de um raio de luz dado é diretamente proporcional à rela-
ção existente entre a velocidade da luz no ar e a verificada no mine-
ral. A relação entre estas duas velocidades representa-se por r i , o
índice de refraçáo. A relação C igual a V/\.. em quc V representa

pode ser considerada igual a I e, por conseguinte, n -


a velocidade da luz no ar e ir,a no mineral. A velocidade da Iiiz no ar
I / v . ou seja,
o índice de refraçáo é igual i recíproca da velocidade da luz. Assim,
se o índice de refraçáo de um mineral é 2,0, a luz caminhará no
mineral com metade da velocidade que tem no ar.
Na Fig. 367, representemos por M-M a superfície de um cristal
de fluorita. S e j a N - O normal a esta superficie. Seja A-O um entre
os raios de luz paralelos, incidindo sobre a superficie M-M, de tal
modo a fazer o ângulo i (ângulo de incidência) com a normal N-O.
Esteja O-P formando ângulos retos com os raios e represente a
frente de onda da luz no ar. Como o cristal C o me.:o mais denso, a
luz caminhará nêle mais vagarosamente. Por conseguinte, quando
cada raio, por sua vez, incide sobre a superficie M-M. será retardado
e mudada a direção de seu percurso proporcionalmente. Indo de um
meio menos denso para outro mais denso o raio inclinar-se-á em di-
reçáo à normal N-O. Para achar a direção dos raios e a linha da
176 MINERALOGIA FISICA

frente de onda no cristal, deve-se proceder da seguinte madeira: como


o índice de refração da fluorita é 1.43, o raio A caminhará no cristal
no tempo que leva o raio C para caminhar de 'i a R , 1/1,43 daquela
distancia, ou a algum ponto no arco circular, cujo raio OA' tem com-
primento igual a 1 ./ 1.43 da distância P-R. Semelhantemente,+o raio Li
caminhará no mineral durante o período de tempo em que o raio C
caminhará de S a R , ou seja, uma distância igual a 1/1,43 da dis-
tância S-R, ou o raio TB'. O mesmo raciocínio será verdadeiro para
todos os outros raios. A frente de onda no cristal pode então ser
determinada, desenhando-se uma tangente - a linha A'B'R - a estes
vários arcos circulares; e as linhas perpendiculares a esta frente de
onda representar20 a direçáo em que a luz caminha no mineral e o
ângulo N O A ' ou r será o ângulo de refração. A Fig. 368 mostra o

Fig. 367. Fig. 368

Refraqh adii Luz.

mesmo desenho que o da Fig. 367. mas aqui se admite que o mineral
em causa é o diamante. Como o índice de refração do diamante
( n = 2,421 é muito maior d o que o da fluorita, a luz caminhará nêle
com velocidade ainda mais baixa. Conseqüentemente, no diamante a
r e f r a ~ ã oserá maior. As duas figuras mostram isto, sendo o mesmo,
em amhas, o ângulo de incidência.
O poder de refraqão em relação à luz que um mineral pos-
sui tem muitas vêzes um efeito distinto sobre a aparência do mineral.
Por exemplo. a massa de criolita pode ser identificada quase sempre a
olho nu devido a sua aparência peculiar algo semelhante à da neve
úmida e inteiramente diferente daquela das substincias brancas co-
muns; isto se deve ao fato que, o índice de refraçáo da criolita é,
de maneira fora d o comum, baixo para um mineral. Uma experiência
instrutiva pode ser tentada, pulverizando-se um pouco de criolita bran-
PROPRIEDADES DEPENDENTES D A LUZ 177

ca, pura, e arremessando-se o p ó dentro d'água, onde êle aparente-


mente desaparece, como se tivesse sido dissolvido instantâneamente.
Contudo, o pó é insolúvel c pode-se ver indistintamente quando êle se
assenta no fundo do vaso. A razão para êste desaparecimento da
criolita é que o seu índice de refração (aproximadamente 1,34) é
próximo ao da água (1,335); em conseqüência, a luz caminha quase
tão prontamente através d o mineral como da água e, por isto, sofre
pouca reflexão ou refração
As substâncias com um índice de refração alto, pouco comum,
têm aparência difícil de definir, falando-se geralmente de brilho ada-
mantino. Esta espécie de brilho pode ser melhor comprendicla pelo
exame de espécimes de diamante ( n = 2,419) ou dc cerussita ( n =
= 2,l aproximadamente). Eles possuem uma cintilação e qualidade,
alguns diamantes chegam quase a apresentar a aparfncia ao aço, que os
minerais de índice de refração baixo não possuem; comparemos, por
exemplo, a cerussita e a fluorita ( n = 1,434). E seu elevado índice
de refração que dá a muitas gemas minerais seu grande brilho e
encanto.
.Muitos minerais não-opacos possuem um índice de refração não
longe de 1,5, o que Lhes dá o brilho de vidro, designado como vítreo.
Bons exemplos dêsses minerais são o quartzo e o feldspato.
Dupla refra~ão. Todos as minerais cristalinos, exceto os que
pertencem ao sistema isométrico, mostram em geral dupla refraçáo
da Juz. Isto é, quando um raio de luz penetra num dêsses minerais,
desdobra-se em dois raios. cada um dêles caminhando através do mi-
neral com uma velocidade característica e tendo seu índice de refraçáo
próprio. Nestas condições, o ângulo de refração será diferente para os
dois raios e êles divergirão. E,m outras palavras, a luz sofre dupla
refração. Na maioria dos minerais, a quantidade desta dupla refraçáo
é pequena e sua existência sòmente pode ser demonstrada por ins-
trumentos especiais. Contudo, a calcita exibe dupla refração tão
forte que pode ser observada fàcilmente. A Fiç. 369 mostra isto, po-
dendo-se ver aí uma imagem dupla através de um bloco de calcita
clara (Espato de Islândia).
A divergência dos dois raios em um mineral dado depende, pri-
meiro, de sua birrefringência ( a diferença entre o índice de refração
máximo e o mínimo); segundo, da espessura d o bloco d o mineral e,
finalmente, da direção cristalográfica segundo a qual a luz caminha.
Nos minerais hexagonais e tetragonais, existe uma direção ( a do
eixo cristalográfico vertical) em que não ocorre a dupla refração
(Fig. 370). T ã o depressa um raio de luz no mineral se desvia desta
178 MINERALQGIA FISICA

Fiz. 369. Calcitn Vista Normalmente à Face do Romboedro Mostrando


Dupla Refração. Vê-se a repetição dupla de "calcita" na parte superior da
fotografia através de uma face cortada no espécime, paralelamente à base.

Fi%. 370. Calcita Não Exibindo Dupla Refraçso Alguma. Vista paralela-
mente rn eixo c.
PROPRIEDADES ELLTRICAS E W N C T I C A S
-

direção, é êle refratado duplamente e a quantidade de dupla refração


aumenta quando o percurso da luz se torna mais oblíquo, atingindo
seu máximo quando forma ângulos retos com o eixo vertical. Estes
minerais classificam-se como uniaxiais. Nos minerais ortorrômbicos,
monoclínicos e triclínicos, existem duas direçóes semelhantes à descrita
antes, em que não ocorre dupla refração alguma. referindo-se. por con-
seguinte, aos minerais dêstes sistemas como sendo òpticamente biaxiais.
As propriedades ópticas dos minerais comprcendein um ramo
importante da mineralogia, mas estão fora do alcance dêste livro.
Para considerasão adequada das propriedades ópticas, o leitor deve
procurar livros de natureza mais especializada.

F. PROPRIEDADES ELÉTRICAS E MAGNRTICAS

Piezelefricidade. Diz-se que o cristal mostra ~>iezeletricidnde


quando se desenvolve uma carga elétrica na sua superfície, ao exer-
cer-se pressão nas extremidades de um eixo seu. Sòmente podem
mostrar esta propriedade os minerais que se cristalizam em classes
de simetria a que falta um centro da mesma, tendo, assim, eixos pola-
res. Fazendo-se referência ao quadro da página 22, ver-se-á que
existem vinte e uma classes destas. O quartzo é provàvelmente o mi-
neral piezelétrico mais importante, pois uma pressão extremamente
leve. paralelamente a um "eixo elétrico" (qualquer um dos três eixos
a ) , pode ser revelada pela carga elétrica produzida. Por causa desta
propriedade, emprega-se o quartzo amplamente em placas cuidado-
samente orientadas, para controlar a frequência do rádio. Têm-se
usado também a turmalina, em escala menor. de maneira semelhante
sendo mais importante no entanto na construção de aferidores de
pressão. Fabricam-se hoje várias substâncias cristalinas sinttticas que
possuem resposta piezelétrica intensa.
Pireletricidade. Chama-se pireletricidadr o de~etivolvimentosi-
multâneo de cargas de eletricidade positiva e negativa nas extremida-
des opostas de um eixo do cristal, sob condiç0es adequadas de alte-
ração da temperatura. Considera-se que mostram pireletricidade pri-
mária ou verdadeira sòmente os cristais que pertencem às dez clas-
ses cristalinas, tendo um único eixo polar. Por exemplo, a turmalina
tem um único eixo polar c, pertencendo, portanto, a êste grupo,
ao passo que o quartzo com os seus três eixos polares a a êle não
pertence. Contudo, o gradiente de temperatura em todos os outros
cristais a que falte um centro de simetria, tais como o quartzo, pro-
diizir:i uiii efeito pirelétrico. Em cristais assim, a polarização é o re-
180 MINERALOGIA FISICA

sultado da deformação resultante da expansáo térmica desigual que


produz efeitos piezelétricos. Se o quartzo fôr aquecido a 100°C apro-
ximadamente. desenvolverá, ao ser resfriado, cargas positivas em três
arestas prismáticas alternadas e negativas nas três restantes. Estas
cargas chamam-se polarização pirelétrica secundária.
Magnetismo. Diz-se que são magnético? os minerais que, em
seu estado natural, sáo atraídos por um ímã. Os dois únicos minerais
comuns magnéticos são a magnetita, Fe,O,, e a pirotita. Fe,, =,S.
Existe uma variedade da magnetita que tem por si própria o poder
de a t r a ~ á oe a polaridade de um ímã verdadeiro.
Muitos outros minerais, especialmente os que contêm ferro, são
atraídos pelo ímã no campo magnético de um eletroimã poderoso.
Por isto, o eletroímá é um meio importante para separar misturas
de grãos minerais possuindo suscetibilidades magnéticas diferentes.
MINERALOGIA
QUIMICA
A. INTRODUÇÃO
A composiçáo química de um mineral é de importância funda-
mental, pois tôdas as outras propriedades dependem dela em grande
escala. Contudo, estas propriedades dependem náo só da composi-
cáo quimica, mas também da geometria do arranjo dos átomos cons-
tituintes e da natureza das forças elétricas que os mantctn unidos.
Por mais de um século, estabeleceu-se, firmemente, a classifica-
cão dos minerais, sôbre uma base química. Consequcntemente. a
prova final da identidade de um mineral foi a composição química.
A classificação moderna dos minerais, todavia, considera a estrutura
assim como a composição química e toma conhecimento da ampla
latitude no conteúdo químico, permitida pela substituição d m átomos
de um elemento pelos de outro em uma dada trama estrutural. Da
introduçáo dos conceitos estruturais na classificação mineral, resulta
esclarecimento considerável das relações entre os minerais, podendo
ter significação econômica.
Por exemplo, o valor de muitos minerais origina-se do fato de
conterem um metal que é um constituinte acessório, e não essencial.
Isto é verdade em relaçáo ao tório na monazita, à prata na tetraedrita
e, em geral, ao gálio. ao germânio, ao índio e a muitos outros ele-
mentos. Nestes casos, um conhecimento d o mecanismo, pelo qual os
182 MINERALOGIA QUIMICA

constituintes acessórios chegaram a estar presentes, pode ser de gran-


de significação econômica.
Nesta seção sobre mineralogia química, discutem-se, sob o título
cristuloquímica, os princípios gerais relacionando a química dos mine-
rais à sua cristalografia e propriedades físicas. Segue-se a isto descri-
ção breve dos métodos de ensaio para os diferentes elementos achados
nos minerais. Por causa d o escopo e tamanho dêste livro, é neces-
sário admitir que o leitor está familiarizado pelo menos com o essen-
cial do fato e da nomenclatura químicos.

B. CRISTALOQUÍMICA
Reconheceu-se no século XVIII que existe uma rela~ão_entre
-
a composição química e a morfologia-d9~:istais
.~ A possibilidade
de determinar a estrutura dos cristais pelos métodos de difração dos
raios X acrescentou nova dimensão a esta relacão e despertou inte-
rêsse entre os químicos e cristalógrafos. Nestes últimos anos, formou-
se uma nova ciência, a cri.~taloquímicu. A meta desta ciência é a
elucidaçáo das relações entre a composição quimsica, a estrutura inter-
na e as propriedades físicas da matéria cristalina, e a meta corolária,
a síntese de materiais cristalinos tendo qualquer combinacão desejada
de propriedades.
Muitos dos conceitos da cristaloquímica aplicam-se diretamente
i mineralogia e sua introdução resultou em simplificação e clarifica-
ção consideráveis d o modo de pensar mineralágiw. A função da
cristaloquímica na mineralogia é a de servir como fio unificador de
fatos da mineralogia descritiva que, aparentemente, muitas vêzes, não
estão relacionados.

RELAÇÃO DA QUfMICA COM A CLASSIFICAÇÃO


MINERAL
A composição química é a base para a classificação moderna
dos minerais. De acordo com êste esquema, dividem-se os minerais
em classes dependentes d o aníon ou grupo aniônico dominante (ver
página 235). Existem razões pelas quais êste critério foi adotado pelos
mineralogistas, c o m base válida para a estrutura ampla da classifi-
cação mineral. Primeiro, os minerais possuindo o mesmo ânion ou
grupo aniônico dominante em sua composição têm inegàvelmente se-
melhanças familiares, em geral mais fortes e mais claramente acen-
tuadas, do que as partilhadas pelos minerais que contêm o mesmo
RELACÁO DA QUIMICA COM A CLASSIFICAÇÁO MINERAL 183

cation dominante. Assim, os carbonatos assemelham-se entre si mais


intimamente d o que acontece com os minerais de cobre. Segundo, os
minerais relacionados pela dominância do mesmo aníon tendem a
ocorrer juntos, ou em ambientes geológicos idênticos ou semelhantes.
Assim, os sulfetos ocorrem em associação mútua íntima em depósitos
do tipo de filão ou de substituição, ao passo que os silicatos constituem
a grande massa das rochas da crosta terrestre. Terceiro, um esquema
de classificação mineral, concebido por esta forma, concorda bem
com a prática química corrente na denominação e classificaçáo dos
compostos inorginicos.
Todavia, é fora de dúvida que um ponto de vista assim unilateral
da natureza dos minerais deixa sem resposta muitos problemas incô-
nod dos. Por que os minerais se desviam tão amplamente das proprie-
dades esperadas na base tão-só da composição química? Por que os
grupos aniônicos influenciam as propriedades da maioria dos com-
postos mais do que os catíons? Que uniformidade une aquelas subs-
tâncias de cristalografia e propriedades semelhantes. mas de compo-
sicão química diferente? Teremos de lidar com estas e muitas mais
questões, antes que possamos esperar alcançar compreensão adequada
da natureza das substâncias minerais.
Ordinhriamente. a primeira tarefa de um estudante em um curso
de química geral consiste em fazer a seguinte discriminação: as pro-
priedades e alterações físicas são opostas as propriedades e alterações
químicas. A observação mais ligeira revela que tanto as proprieda-
des físicas como as químicas dependem em certa escala da composi-
qáo. O chumbo é pesado, tendo os conipostos que o contêm geral-
mente densidades relativas notàvelmente altas, que refletem a influên-
cia dos elementos componentes sobre as propriedades físicas. Seme-
Ihantemente, os radicais que são grupos ou combinaçôes de elementos,
embora não possam existir no estado livre como um elemento, pos-
suem propriedades características que conferem a todos os compostos
que os contêm. Assim, o radical carbonato reage de modo caracte-
rístico com os ácidos para produzir dióxido de carbono, liberado da
cena de reação sob a forma de bolhas de gás.
Podemos, por conseguinte, especificar as propriedades químicas
d o composto carbonato de chumbo, o mineral cemssita, em parte pela
enumeração dos ensaios ou reações características dos elementos nêle
contidos. Esta especificaçáo de ensaios dos elementos habilita-nos a
colocar a cerussita, sem qualquer ambigüidade, no esquema da clas-
sificação dos minerais de acordo com a composiçáo química. Pode-
mos tornar mais rigorosa a definição química d o mineral cerussita
especificando não só que ela deve dar os ensaios qualitativos do
184 MINERALOGIA QUIMICA
-

chumbo e d o carbonato. mas também que a análise química quanii-


tativa deve produzir proporçóes, em pêso de chumbo e carbonato,
de 83,s por cento de PbO e 16,s por cento de CO,.
Polimorfismo. Parece, a partir destas considerações, que a com-
posição química quantitativa deveria servir admiràvelmente como
base dc classificaçáo exata e rigorosa. Contudo, se examiiiarmos corn-
postos de ions carbonato e cálcio, acharemos sem demora que a clas-
sificação química quantitativa não é destituída de ambiguidade.
E,xistem na natureza dois compostos de cálcio e de carbonato está-
veis, tendo precisamente o mesmo conteúdo percentual de cál.'CIO e
carbonato. Não podemos distinguir por meios químicos êstes minerais,
a calcita e a aragonita, que diferem no entanto um d o outro em quase
tôdas as outras propriedades. A calcita i. escalenoédrica hexagonal;
a aragonita, ortorr6mbica. A calcita tem clivagem romboédrica per-
feita; a aragonita, clivagem pinacoidal e prismática. Ambos os mi-
nerais diferem ligeiramente na dureza e na densidade relativa e mos-
tram padrões de difração dos raios X totalmente desiguais. fato êste
que afasta inteiramente qualquer idéia de identidade entre êles.
Outros exemplos mais desta ambiguidade sZo: a pirita e a mar-
cassita que compartilham da composição FeS,; a grafita c o diamante,
ambos carbono elementar; e o sistema sílica que abrange nada mcnos
do Que oito substâncias fisicamente distintas de cristalografia diversa,
tendo tôdas a composição Si0...

Comparaqáo de Minerais Dimorfos

Siihstancia Sistema Densidade


Oiiimica Mineral Cristalino Dureza Relativa

C Diamante Isomérrico 10 3,5


Crafita Hexagonal I 2.2
FeS, Pirita Isométrico 6 5.0
Marcassita Ortarrômbica h 4.85
CaCO. Calcita Romboédrica 3 2.71
Araganiia Ortarrômbico 3% 2.95

Dá-se a êste fenômeno, em quc a mesma substância química^


--
existe....~sob duas o u mais formas. fisicamente distintas, Q nome de.
polim~orfismo ou ulotropia. Dizem-se dimorjos os compostos que
existem em duas modificações, trimorjos, em três.
A introdução em nosso modo de pensar dêste fator da estrutura
resolve o problema apresentado pelas formas polimorfas. O diamante
é mais duro e mais denso do que a grafita, simplesmente porque
186 MINERALOGIA QUIMICA

suas partículas componentes de carbono estão empacotadas mais


densamente e ligadas umas às outras, mais fortemente. O conceito
da importância da estrutura não sòmente explica cada caso d e poli-
morfismo, como também resolve a dificuldade apresentada pela varia-
ção, aparentemente anômala, das propriedades físicas de outros com-
postos, em relação às que se podiam prever tendo por base táo-sò-
mente a composiçáo química. Assim, com base na composição, po-
der-se-ia prever que todos os compostos de chumbo haveriam de ter
densidades altas. Isto é verdadeiro, mas, de fato, os compostos de
chumbo não mostram uma relação simples, proporcional, entre a den-
sidade e a percentagem de chumbo. Em têrmos de estrutura, é pos-
sível explicar fàcilmente êstes desvios, com base nas diferenças de
empacotamento. Uma consideração semelhante explica o fato, de outra
forma enganador, que o coríndon, AI2OI, constituído inteiramente de
elementos leves, é quase tão denso quanto a calcopirita, CuFeS2,
composto formado de elementos muito mais pesados.

ÁTOMOS, fONS E A TABELA PERI6DICA


Pode ser útil rever brevemente a natureza das unidades de que
está composta toda a matéria. Nesta era atômica, quase todos estão
cientes de que estas unidades são átomos ou íons. Uma pesquisa
recente revelou a existência de trinta e quatro espécies diferentes de
partículas subatômicas, sejam conhecidas seguramente, sejam infe-
ridas com razoável certeza. Afortunadamente para os estudantes de
mineralogia, necessita-se considerar sòmente três destas partículas
- o próton. o nêutron e o eléctron - para se ter um entendimento
satisfatório do papel dos átomos na estrutura dos cristais.
Pode considerar-se um átomo como a subdivisão mínima da ma-
téria, retendo as características do elemento. Pode imaginar-se o átomo
como consistindo em um núcleo pequeno, maciço, de prótons e nêu-
trons, rodeado por uma região muito maior com população rarefeita
de eléctrons. Os átomos são tão pequenos que é impossível vê-los
mesmo com o aumento máximo d o microscópio eletrônico (100.000
diâmetros), embora com êste aumento as moléculas de tamanho má-
ximo aparqam como unidades distintas. Contudo, os tamanhos dos
átomos foram medidos e expressam-se em geral como raios atômicos,
ATOMOS, fONS E A TABELA PERIÕDICA 187

em unidades angstrom. Por exemplo, o átomo mínimo, hidrogênio,


tem raio de 0,46 h sòmente, ao passo que o máximo, césio, tem
raio de 2,62 A (ver tabela na página 185).
Devemos ao físico dinamarquês Niels Bohr a imagem, aceita
mais amplamente, do átomo. Como resultado de suas investigações
sobre a relação entre os eléctrons e o n ú c l e o , ~ o h rdesenvolveu em
1912 o conceito do átomo "planetário", em que se imaginam os eléc-
trons circulando em redor d o núcleo em "órbitas" ou níveis de energia,
a distâncias do núcleo que dependem das energias dos eléctrons. Se-
gundo êste modêlo mecânico, o átomo pode ser considerado como
um sistema solar minúsculo. No centro, correspondendo ao sol, está
o núcleo que, exceto no átomo de hidrogênio, é formado de prótons
e nêutrons. O núcleo do hidrogênio é formado de um único próton.
Cada próton tem uma carga unitária de eletricidade positiva; o nêu-
tron, está implícito no nome, é elètricamente neutro. Cada eléctron
que, semelhantemente a um planêta do sistema solar, se move em
uma órbita em redor do núcleo, tem sua carga de eletricidade nega-
tiva. Sendo o átomo, como um todo, elètricamente neutro. deve haver
tantos eléctrons quantos prótons. O pêso do átomo está concentrado
no núcleo. pois a massa de um eléctron é apenas 1/ I ,850 a d o núcleo

Litio Oxigenio FlIor


-
Neònio

Fig. 371. Diagrama Esquemático de Átomos

mais leve. Embora os eléctrons e os núcleos sejam extremamente


pequenos, os eléctrons movem-se t i o ràpidamente em torno dos nú-
cleos que dão aos átomos diâmetros efetivos relativamente grandes
- dez a vinte mil vêzes o diâmetro do núcleo.
O átomo mais simples é o d o hidrogênio em que o núcleo tem
apenas um eléctron movendo-se em redor dêle, como aparece sob a
MINERALOGIA QUIMICA
--

forma de diagrama, na Fig. 371. Os átomos dos outros elementos


naturais possuem de dois eléctrons (hélio) a noventa e dois (urânio),
movendo-se eni órbitas em tôrno de seus núcleos.
A diferenqa fundamental entre os átomos dos diferentes ele-
mentos está na carga elétrica d o núcleo. Esta carga positiva é a
mesma que o número de prótons, e êste número, igual ao número
de eléctrons, chama-se o niimero atirmico. O p8so atômico de um
elemento é um número expressando seu pêso relativo, em têrmos d o
pôso do elemento oxigênio, que é tomado como 16,0000. Assim, o
hidrogênio tem um pêso atômico de 1,0080 e o titânio, de 47,9. Isto
significa que um átomo de hidrogénio tem aproximadamente 1/16
da massa de um átomo de oxigénio, ao passo que um atomo de titâ-
nio tem cêrca de 3 vêzes a massa de um átomo de oxigênio. O nú-
mero atâmico e os pesos atâmicos dos elementos esta0 relacionados
com os símbolos destes na pásina 190.
Até o presente, estabeleceu-se a ocorrência de cento e três ele-
mentos diferentes. Este número inclui os onze elementos transurâ-
nicos produzidos recentemente, desconhecidos antes de 1940. Com
a exceção dos &ases na atmosfera, acham-se nos minerais todos os
elementos naturais.
Os atributos químicos dos elementos, com os quais se preocupa
o mineralogista, dependem da configuração da superestrutura eletrô-
nica de seus útomos. Considera-se que os eléctrons, cujo número
depende da carga do núcleo. estão dispostos em redor do núcleo em
níveis de energia, ou camadas, anteriormente chamadas camadas
K, L, M, N, O. P e Q , mas designadas hoje, mais comumente, pelos
números 1, 2. 3. 4. 5 , 6 e 7. Cada camada contém um certo número
de subcamadas. cada uma capaz de conter dois eléctrons cujo "spin"
é tal que seus momentos magnéticos se cancelam. Estas subcamadas
designam-se pelas letras s, p, d e f. A subcamada s pode conter apenas
um par de cléctrons. a p, três pares, a d, cinco e a f, sete. A camada
1 contém sùmente dois eléctrons, ambos na subcamada I-s. A cama-
da 2 pode conter um máximo de oito eltctrons, dois na subcamada
2-s e seis na 2-11. A camada 3 pode conter um total de dezoito eléc-
trons, dois na subcamada 3-s, seis na 3-p e dez na 3-d. E m tôdas
as camadas de número mais alto. a subcamada f pode ser ocupada
por um máxinio de catorze eléctrons. Nos átomos mais pesados e
complexos. a subcamada 7-s está completamente ocupada, ocorrendo
alguns eléctrons em tôdas as subcamadas de números mais baixos,
exceto na 6-f.
Nos elementos mais leves, entre o hidrogênio e o argônio (nú-
meros atômicos 1 a I S ) , adicionam-se eléctrons em sucessão regular
ATOMOS, IONS E A TABELA PERIÓDICA 189

às camadas 1 , 2 e 3 atC que tôdas as subcamadas inclusive a 3-p,


estejam ocupadas, produzindo iim total de dezoito elEctrons.
Existe uma relação íntima entre a superestrutura d o átomo. as
propriedades químicas d o elemento e o lugar na tabela periódica.
Os elementos entre o hidrogênio e o argônio constituem os três pri-
meiros períodos "curtos" da tabela periódica. No primeiro período.
o hidrogênio possuindo um núcleo que contém apenas um próton e
tendo, por conseguintc, uma carga positiva de uma unidade, possui
sòmente um único eléctron planetário que ocupa a subcamada I-S.
O hélio tem dois prótons e, portanto, lima carza nuclear de 2. pos-
suindo dois eléctrons que enchem completamente a subcamada I-s.
Os átomos que têm completamente ocupadas as camadas de el6ctrons
exteriores sáa extremamente estáveis, formando um grupo de elemen-
to; denominado os gases nobres, dos qiiais o mais leve é o hélio. Um
terceiro próton, dando uma carga nuclear de 1rl.s. exige trés cléctrons
orbitários. dos quais dois preenchem a camada I . ciiquanto o terceiro
ocupa normalmente a subcamada 2-.v. Este terceiro elktron esrlí liga-
do de maneira relativamente fraca e podc ser fàcilnientc perdido. for-
mando um íon carregado positivamente com elevada atividade qui-
mica. Este é o elemento Iítio, o mais leve do grupo de metais alca I'inos.
A adiçáo de outro próton produz um núcleo com unia carga de
quatro, existindo, por conseguinte, quatro eléctrons orbitários. dois na
subcamada I-r c dois. na 2-s. Embora a siibcamada 2-s esteja ocupa-
da, não acontece o mesmo com a camada 2 c temos o metal bcrilio,
quimicamente capaz de perder seus dois eléctrons niais externos para
formar íons positivos bivalentes.
De maneira semelhante.. podemos construir o padrão da camada
de eléctrons mais externa do boro, em que o quinto elktron entra na
subcamada 2-p. Existe pouca diferença de energia entre os eléctrons
2-s e 2-p, assim o boro perde usualmente todos os três eléctrons de
sua camada 2 , para formar íons trivalentes. Semelhantemente, o car-
bono forma íons positivos tetravalentes. Os sete, oito e nove eléctrons
característicos, respectivamente, do azoto, oxigênio e flúor enchem de
maneira semelhante as subcamadas I-s e 2-s e penetram na 2-p. As
exigências de energia de 2-p possibilitam a kstes átomos apanharem
eléctrons de seu meio ambiente para a formaçáo de íons negativos
trivalentes para o azoto, bivalentes para o oxigênio e monovalentes
para o flúor. Um aumento ulterior da carga d o núcleo exige um total
de dez eléctrons, enchendo completamente a camada 2. Este é outro
gás inerte, o neônio, mais pesado, mas essencialmente o mesmo em
suas propriedades químicas que o primeiro do grupo, o hélio.
19tl MIN'ERALOGIA QUIMICA

PESOS AT6MIC05 INTERNACIONAIS


1956
A formação dos elementos do terceiro período, entre o sódio e
o argônio, segue exatamente o mesmo padrão. As camadas 1 e 2
permanecem ocupadas, enquanto a 3 vai sendo cheia progressivamen-
te, um eléctron de cada vez, formando uma série de elementos entre
o sódio e o cloro que se assemelham intimamente aos elementos
correspondentes do segundo período. A série encerra-se com um ter-
ceiro gás inerte, o argônio. As semelhanças químicas que unem o lítio
e o sódio; o beríiio e o magnésio; o boro e o alumínio; o silício e o
carbono; o azoto e o fósforo; o oxigênio e o enxofre; o flúor e o cloro;
e o hélio, o neônio e o argônio têm sua origem na configuração
semelhante dos eléctrons mais externos dos elementos similares. Na
maioria das reaçóes químicas e na maior parte dos meios ambientes,
sòmente os eléctrons mais externos participam na mudança que os
átomos sofrem e, portanto, são êstes eIéctrons os que determinam o
comportamento químico e as relações periódicas.
A adição de mais um eléctron à superestrutura do argônio resulta
em um átomo (potássio) quimicamente semelhante ao sódio; a adição
de dois, um átomo (cálcio) assemelhando-se quimicamente ao mag-
nésio. Estes dois eléctrons, todavia, penetram na subcamada 4-s e não
na 3-d,que permanece vazia. Mais eléctrons náo podem ulteriormente
ocupar a 4-s e, por conseguinte, penetram na 3-d. Uma sequência
de dez elementos intervêm, assim, antes que 3-12 fique ocupada e a
adição ulterior à camada 4 possa continuar. Estes dez elementos,
indo do escândio ao cobre, são metais de transição e não se parecem
com os elementos dos períodos curtos. Comportam-se, geralmente.
como metais e formam íons positivos. Com o zinco, os eléctrons
penetram novamente na camada 4, formando uma sequência de ele-
mentos, indo do gálio ao bromo, que se assemelha aos elementos dos
três períodos curtos. O quarto período, o primeiro período "longo",
termina com um gás nobre, o criptônio.
O quinto período da tabela periódica é análogo ao quarto, come-
çando com um metal alcalino (mbídio) e uma terra alcalina (estrôn-
cio) e contendo uma sequência de metais de transição, indo do ítrio
ao paládio. Este é seguido por uma sequência assemelhando-se aos
períodos curtos, da prata ao iôdo, encerrando-se com outro gás nobre,
o xenônio. Os metais de transição, em que um eléctron isolado, não
formando par, penetra em um subnível, podem apresentar propriedades
magnéticas, porque o momento magnético daquele eléctron está des-
compensado. São exemplos o ferro, o cobalto e. o níquel.
O sexto período é semelhante ao quinto, mas é complicado pela
sequência longa de terras raras, indo do cério ao lutécio. Nesta
sequência, enchem-se as subcamadas 5-s, 5-p e 6-s, enquanto vão
192 MINERALOGIA QUIMICA

sendo adicionados eléctrons extras a subcamada 4-f. Esta fica efeti-


vamente mascarada pelas subcamadas de energia mais elevadas supra-
jacentes que as adições de eléctrous têm pouco efeito sôbre as pro-
priedades dos elementos; e m conseqüência, tôdas as terras raras têm
propriedades semelhantes e tendem a ocorrer juntas na natureza.
Existindo, por todo o "longo" sexto período, pouca alteração na
arquitetura geral da superestrutura dos eléctrons, os átomos com que
êle termina são aproximadamente do mesmo tamanho dos com que
começa. Esta anomalia no tamanho dos átomos, de que resulta ter
o ouro (pêso atômico 197) o mesmo raio atômico da prata (pêso
atômico 108), chama-se contraçüo lantanídica, sendo de significação
considerável na determinação da possibilidade da substituição de uns
elementos pelos outros.

ABUNDÂNCIA DOS ELEMENTOS


No universo, até onde o conhecemos, o hidrogênio e o hélio,
03 elementos mais leves, são, de muito, os mais abundantes. A abun-
dância dos elementos restantes está, aproximadamente, na proporção

Abundância dos Elementos Químicos *


(Em pêso por cento para todos os elementos em maior abundância do que
0,01 por cento em pêqo.)
No Nas Rochas Nos Are- Nos Folhe- Nos Cal- N o Oceano
Universo feneas nitos lhas cários

V 01015 Zr 0;012
v 0,012
Iack Grccn, Geachemieal Tablc of the Elementr for 1953, Bi<llerin Geoloxicol Soeirly
o1 Americo, 64, 1953.
FORCAS DE LIúAQiO NOS CRISTAIS 193

inversa de seus números atômicos com picos de abundância pouco


comum, como acontece com o ferro. Contudo, os elementos mais
leves não são copiosos na Terra, porque a força de gravidade desta
é insuficiente para retê-los. A segregação e a concentração dos ele-
mentos restantes processaram-se na Terra pela operação de vários
processos de diferenciaçáo geológica, tais como a separação de mine-
rais dos magmas pela ação d a gravidade e a diferenciaçáo química
das rochas pela ação d o tempo sobre sua superfície. Os processos
vitais das plantas e dos animais, a separação de diferentes minerais
da água d o mar e a ação seletiva dos processos de sedimentação são
todos parcialmente responsáveis pela diferenciaçáo dos elementos
químicos. A abundância dêstes nos diferentes ambientes (ver quadro
na página 192) mostra os resultados dêstes processos. Notar-se-á que,
embora as percentagens em todas as listas totalizem mais de 99 por
cento, não aparecem em qualquer delas elementos tão importantes
como o zinco, o chumbo, a prata, o ouro, o estanho. o mercúrio, o
níquel, o arsênico e o antimônio. E m todas as rochas, o oxigênio é.
de longe, o elemento mais abundante e, por ser relativamente leve,
ocupa, do ponto de vista volumétrico, um lugar muitíssimo importante
na crosta da Terra.

FÔRÇAS DE LIGAÇÃO NOS CRISTAIS


As forças que ligam entre si as partículas componentes dos sóli-
dos cristalinos são de natureza elétrica. A espécie e a intensidade
destas forças são de grande importância na determinação das proprie-
dades físicas e químicas dos minerais. A dureza, a clivagem. a fusi-
bilidade, a condutibilidade elétrica e térmica e o coeficiente de expan-
são térmica estáo diretamente relacionados com a espécie e a inten-
sidade das forças de ligação. Em geral, quanto mais forte é a ligação,
tanto mais duro o cristal, tanto mais alto seu ponto de fusão e tanto
menor seu coeficiente de expansão térmica. Assim, atribuímos a
grande dureza d o diamante às fôrças elétricas muito fortes que ligam
seus átomos constituintes de carbono. Os padrões de estrutura dos
minerais periclásio, MgO, e halita, NaCI, são semelhantes, entretanto
o periclásio se funde a 2.800°C ao passo que a halita, a 801°C.
A maior quantidade de energia calorifica exigida para separar os
átomos no periclásio indica a existência neste mineral de uma ligação
elétrica mais forte d o que na halita.
Estas forças elétricas são ligações químicmr, sendo descritas como
pertencendo a um ou outro dos quatro tipos principais de ligação:
iônico, covalente, metálico e de van der Waals. Deve ficar claramente
194 MINERALOGIA QUIMICA

entendido, no entanto, que esta é uma classificação de conveniência,


podendo existir transições entre todos os tipos. Cada estrutura crista-
lina representa uma solução única do problema do arranjo geométrico
das unidades estruturais em espaço compatível com a neutralidade
elétrica e com o mínimo de energia reticular. A açáo recíproca elé-
trica entre os íons ou átomos que constituem as unidades estruturais
determina as propriedades do cristal resultante. O uso da classificação
dos mecanismos de ligação justifica-se pela semelhança das proprie-
dades entre cristais, tendo tipos semelhantes de interação elétrica.
Assim, as fôrças de ligação unindo os átomos de silício e de oxigênio
no quartzo, apresentam em quantidade quase igual as características
da ligação iônica e da covalente. Semelhantemente, o mineral galena,
PbS, apresenta algumas das características da ligação metálica, tais
como boa condutibiiidade elétrica, e algumas da iônica, como cliva-
gem excelente e fragilidade. Além disso, muitos cristais, como a mica,
por exemplo, contêm dois ou mais tipos de ligação de intensidade e
caráter diferentes. Chamam-se heterodésmicos êstes cristais, em con-
traste com outros como o diamante, o quartzo e a halita em que tadas
as ligaçôes são da mesma espécie - hommiésmicos.

A Ligaçáo Iónica
Comparando-se a atividade química dos elementos com a confi-
guração de suas camadas exteriores de eléctrons, ou ralência, chega-se
à conclusão que todos os átomos têm forte tendência de completar
uma configuração estável da camada exterior, na qual estejam cheios
todos os lugares possíveis de eléctrons. Esta condição está satisfeita
nos gases nobres: hélio, neônio, argônio, criptônio e xenanio, que
são quase completamente inertes. Vimos que o sódio, por exemplo,
tem valentia de um único eléctron na camada 3-s que êle perde fàcil-
mente, deixando o átomo com uma carga positiva não equilibrada.
Chama-se íon êste átomo carregado. Chama-se catíons os átomos
carregados positivamente e um átomo tendo uma carga positiva única,
como o sódio, é um catíon monovalente, representado pelo símbolo
Na'. De maneira semelhante, diremos catíons bivalentes, trivalentes,
tetravalentes, pentavalentes (Ca", Fe"', Ti+4 e P5). De outro lado,
o cloro e outros elementos do sétimo grupo da tabela periódica atin-
gem mais fàcilmente a configuração estável aprisionando um eléctron
para encher a única vaga em suas camadas de valência exteriores.
Isto produz aníons monovalentes (CI-, B r , F- , I- ) com uma carga
negativa, líquida, não equilibrada. O oxigênio, o enxofre e os elemen-
tos do sexto grupo formam aníons bivalentes (O=, S=, Se=, Te=).
F6RCAS DE LIGA-O NOS CRISTAIS 195

Imagina-se uma solução de cloreto de sódio como contendo íons


livres de sódio tendo cargas elétricas positivas, unitárias, e íons de
cloro carregados negativamente. O colidir incessante das moléculas
do solvente com os íons os mantém dissociados, enquanto se conserva
elevada na solução a energia livre das partículas. Se, todavia, se re-
duz a temperatura, ou se diminui o volume da solução abaixo de um
certo valor crítico, a atração mútua das cargas elétricas opostas dos
íons de sódio e de cloro excede as forças disruptivas da colisão, e
os íons unem-se entre si para formar o núcleo de um cristal. Quando
um número suficiente de íons se unir ao núcleo em crescimento, êste
separa-se da solução.
Um cristal de cloreto de sódio retirado da solução, em que se
cristalizou, tem as propriedades definidas e características pelas quais
pode ser reconhecido. O hábito cristalino cúbico, a clivagem, a den-
sidade relativa, o índice de refraqão etc., estão sujeitos a pouca va-
riação. Estas propriedades não se assemelham em coisa alguma às
do metal brilhante ou às d o gás acre, esverdeado, que são os cons-
tituintes elementares da substância. Se tocamos o cristal com a língua
sentimos o gósto da solução.
As propriedades transmitidas ao cristal por suas partículas cons-
tituintes são as propriedades dos íons, não dos elementos. Podemos
inferir corretamente que o cristal é constituído de íons que exigem
sòmente a presença de um dissolvente adequado para se dissociarem
em partículas livres, carregadas. Estes íons estão unidos na estrutura
do cristal pela atração de suas cargas eletrostáticas diferentes e, por
conseguinte, refere-se a êsse mecanismo de ligação, como ligaçüo
iónica ou eierrostática.
Como vimos no exemplo do cloreto de sódio, a ligação iônica
confere aos cristais, nos quais é dominante, a propriedade importante
de dissolução em solventes polares, como a água, para produzir solu-
ções condutoras contendo íons livres.
Fisicamente, os cristais com ligação iônica são geralmente de
dureza e densidade relativa moderadas, têm pontos de fusão e ebuli-
ção razoàvelmente altos, sendo muito maus condutores d o calor e de
eletricidade. Estando a carga eletrostática. que constitui a ligação
iônica, espalhada sobre tWa a superfície do átomo, êste tipo de liga-
ção não é altamente direcional e a simetria d o cristal resultante é
geralmente elevada.
Raio iônico. Os átomos e íons não possuem superfícies defini-
das. devendo ser imaginados como núcleos minúsculos, muito densos,
providos de cargas elevadas, rodeados por um espaço ocupado por
nuvens de eléctrons muito disseminados, cuja densidade varia w m a
196 MINERALOGIA QUIMICA

distância ao núcleo, caindo finalmente a zero. Por conseguinte, O


raio de um íon não pode ser definido com precisão, exceto em têrmos
de sua interação com outros íons.
Entre qualquer par de íons providos de cargas contrárias, existe
uma fôrça de atração eletrostática diretamente proporcional a o pro-
duto de suas cargas e inversamente ~roporcional a o quadrado da
distância entre seus centros (lei de Coulomb). Quando os íons se
aproximam uns dos outros, entram em ação fôrças d e repulsão que
se originam da interação das nuvens de eléctrons carregadas negati-
vamente e da oposição dos núcleos carregados positivamente, e cres-
cem ràpidamente a medida que diminui a distância internuclear.
A distância a que estas forças de repulsão equilibram as fôrsas de
atração E o espaqamento interiônico característico dêste par de íons.
No caso mais simples, quando tanto os catíons como os aníons são
razoavelmente grandes e suas cargas fracas, e ambos têm numerosos
vizinhos dispostos simètricamente, de sinal contrário, os íons podem
ser considerados como esferas em contato. Um bom exemplo é o
cloreto de sódio, no qual o catíon e o aníon são monovalentes, rela-
tivamente grandes e rodeados por seis vizinhos de polaridade oposta.
Nestes cristais, a distância interiônica pode ser considerada como a
soma dos raios dos dois íons em contato.
A distância interiônica pode medir-se como um espaçamento
entre planos, a partir dos dados da difração dos raios X (ver pá-
gina 141 ). Assim, se presumirmos o valor d o raio de um dos íons,
podemos achar o raio d o outro. Foi dêste modo que se obtiveram
os raios iônicos da tabela periódica (página 185). Os valores mos-
trados aí baseiam-se, em parte, em um raio de 1,31 h para o íon
de oxigênio, mas contém numerosos fatores de correção. Estes raios
iônicos aplicam-se sòmente aos cristais com ligação iônica e, estrita-
mente, só àqueles em que tanto os catíons como os aníons possuem
seis vizinhos muito próximos. O s átomos e os íons não são corpos
rígidos, mas respondem com dilatação e deformação às fôrças elétri-
cas externas. Um número maior de íons vizinhos tendem a distender
o ion central e um número menor permite que êste se contraia um
pouco. Alguma distorção da configuração pode acompanhar a dis-
tensão dos íons. Estes efeitos chamam-se, coletivamente, polarização,
sendo de grande importância nas estruturas dos cristais.
Se a ligação não é predominantemente iônica, o espaçamento
interiônico não concordará como a soma dos raios tomados da tabela,
mesmo depois de aplicar a correçáo relativa à polarização. Assim. a
ligqão silício-oxigênio nos silicatos é, caracterlsticamente, de 1,6 A .
aproximadamente, muito menos do que a soma dos raios tomados da
FóRÇAS DE LIGAÇÁO NOS CRISTAIS 197

Tab. (1,75 A ). A grande discrepância no caso d a l i ~ a ç á osilício-


-oxigénio, que se considera como iônica em cêrca de 50 por cento e
covalente em 50 por cento, pode contrastar-se com a boa concordân-
cia da soma dos raios tabelados, com o espafamento interiônico me-
dido na halita. (Soma dos raios tomados da tabela = 2.78 A; o espa-
çamento interiônico medido a partir dos dados dos raios X é 2,81 A,)
E m resumo, o tamanho dos íons da mesma família na tabela
periódica cresce, à medida que aumenta o número atômico, até o
elemento 57, lantânio. Acima de 57, o tamanho dos íons de uma
dada carga diminui na sequência das terras raras, dando origem à
rontração lantanídica, depois do que o tamanho cresce de novo. Para
qualquer número atômico, o tamanho d o íon depende d o estado de
ionização. Os catíons são, em geral, menores, mais rígidos e menos
extensíveis d o que os aníons e, para um dado elemento, os estados
de ionização positiva são iimpre acentuadamente menores do que os
negativos. Assim, o ' enxofre forma tanto íons bivalentes negativos,
como íons tetra- e hexavalentes positivos. O contraste entre os raios
iônicos que caracterizam os diferentes estados de valência é típico.

Os aníons são, eni geral, maiores, mais fàcilmente polarizados


e menos sensíveis à variação no tamanho, com a niudança na valência,
do que os catíons.
Intensidade da ligação e propriedades físicas. A intensidade da
ligação iônica, isto C, &quantidade-deenergia exiçida para rompê-la,
&pende de .dois fatores; o espaçamento de centro a centro entre os
dois íons e sua carga total. Em um cristal. como o cloreto de sódio,
com um mecanismo de ligaçáo iônica "puro", esta lei c;mpre-se
rigorosamente.
O efeito que produz o aumento da distância interiônica sôbre a
intensidade d a ligação iônica vê-se prontamente nos halóides de sódio.
A tabela a seguir mostra os pontos de fusão e a i distâncias interiôni-
cas dêstes compostos. Observa-se que a intensidade da ligação, quan-
do medida pela temperatura de fusão, é -inversamente proporcional
ao comprimento da ligação. As temperaturas de fusão dos fluoretos
dos metais alcalinos ilustram que náo importa se foi o tamanho d o
aníon ou do catíon que variou; a intensidade da ligação varia em
proporção inversa a o comprimento da ligação. O L i F oferece uma
exceção curiosa a esta generalização, explicada pela repulsáo aníon-
-aníon em uma estrutura que possui um catíon muito pequeno.
198 MINERALOGIA QUIMICA
~-

Ponto de Fnsáo versus Distância Interiônica em Compostos


Ligados Iônicamente *
Composto Distancia Ponto de Composto Distância Ponto de
Interihnica Fusáo Interiônica Fusão
--
(A) oc --
(A) oc
NaF 2.31 980-997 SrO 255 2.430
NaCI 2.81, 801 HaO 2.75 1.923
NaRr 2.97 755
Na1 3.23 65 1 LiF 2,OI 870
NaF 2.31 980-997
MgO 2,lO 2.800 KF 2.67 880
CaO 2.40 2.580 RbF 2.82 760
. Dador tirados do H o n d b w k of
Publirhina C o .
Chem. and Phyr.. 31.a cdiq8o. Chem Rubbcr

Dureza versus Distância Interiônica eni Compostos Ligados


Iônicamente *
Composto Distancia Dureza Composto Distância Dureza
Interihnica (Mohs) Tnterionica (Mohs)
(A) pp ~ - --
tn)
ReO 1.65 9.0 Na+F- 2.31 3.2
M%O 2.10 6.5 MeZ+O-i 2.10 6.5
CaO 2.40 4.5 Sc:4+N-:+ 2.23 7-8
SrO 2.57 3.5 TVSC-4 2,23 8-9
BaO 2.77 3.3
' Dados tiradnr de C r v t n l Chemisiry. R . C . Evani, Cnmbridpe Vniversify Preri, 1952.

A carga dos ions coordenados tem mesmo um efeito mais pode-


roso sobre a intensidade da ligação. A comparação dos valores abso-
lutos da temperatura de fusão para os óxidm alcalino-terrosos; que
são compostos bivalentes, como os valores absolutos para os fluoretos
alcalinos monovalentes, nos qnais os espaçamentos interiônicos sáo
estritamente comparáveis, revela a grandeza dêste efeito. Embora a
distância interiônica, ou comprimento da ligaqão, seja quase a mesma
para os óxidos e fluoretos correspondentes, as ligações que unem os
ions mais fortemente carregados são òbviamente muito mais fortes.
A tabela mostra o efeito d o espaçamento interionico e da carga sobre
a dureza em certo número de substâncias. Todas as substâncias
citadas como exemplos na tabela têm a mesma estrutura e podem
considerar-se como ligadas ionicamente.

A Ligação Coiialente
Vimos que os íons d o cloro podem entrar em cristais ligados
Cinicamente como unidades de estrutura estáveis porque, ao tomarem
FdRÇAS DE LIGAÇAO NOS CRISTAIS 199

do meio ambiente um eléctron livre, completam uma camada de va-


lência exterior. Um átomo isolado de cloro, com um vazio em sua
camada de valência, não é estável, ficando em uma condição em que
sua capacidade de reação é muito elevada. Este cloro monmtômico
tem alta capacidade de reação em um sentido químico e apreende
e combina-se com quase qualquer coisa situada em sua vizinhança.
Geralmente, o vizinho mais próximo dêste átomo de cloro isolado
é outro átomo de cloro e os dois se unem, prontamente, de tal ma-
neira que um eléctron faz serviço duplo nas camadas de valência
exteriores de ambos os átomos e os dois alcançam, por essa forma,
a configuração de um gás inerte, estável. Ao compartilharem um
eléctroo, os dois átomos de cloro ligam-se entre si em uma relação
íntima, extremamente apertada.
Esta ligação em que os eléctrons são compartilhados, ou cova-
lente, é a mais forte das ligações químicas. Os minerais, assim ligados,
caracterizam-se por insolubilidade geral, grande estabilidade e pontos
de fusão e de ebulição muito altos. Não produzem íons em soluções
tais como êles formam e, por conseguinte, não são condutores de ele-
tricidade tanto no estado sólido como em solução. Estando as fõrças
elétricas que constituem a ligação localizadas nitidamente na vizinhan-
ça do eléctron compartilhado, esta ligação é altamente direcional e a
simetria dos cristais resultantes deve ser provtivelmente mais baixa
do que nos casos em que ocorrem, ligação ionica. No cloro, a energia
de ligação se consome inteiramente na união com um vizinho e re-
sultam moléculas estáveis CI, que mostram pouca tendência de união
entre si. Certos outros elementos - em geral os que se localizam
próximo da parte média da tabela periódica, como o carbono, o silí-
cio, o alumínio e o enxofre - tem dois, três e quatro espaços vazios
na camada exterior de elkctrons e, por conseguinte, nem toda a ener-
gia de ligação é consumida na união com um átomo vizinho. Estes
elementos tendem, portanto, a unir-se em ligação covalente com certo
número de átomos adjacentes, formando grupos de átomos muito
estáveis, de configuração e dimensões rigidamente fixadas, que podem.
então, unir-se uns aos outros para a formação de grupos ou agregados.
O carbono é um exemplo notável de um dêstes átomos. Os áto-
mos de carbono têm quatro vazios em suas camadas de valência que
podem preencher compartilhando eléctrons com quatro outros átomos
de carbono, formar uma configuração muito estável, ligada
firmemente, tendo a forma de um tetraedro com átomos de carbono
em seus vértices. Cada átomo de carbono une-se desta maneira a
quatro outros formando uma trama contínua. A energia da ligação
está localizada fortemente na vizinhança dos eléctrons compartilhados,
200 MINERALOGIA QUIMICA

produzindo uma estrutura muito rígida e altamente polarizada - a do


diamante, a substância natural mais dura.
Raios atômicos covalentes. Nas estruturas ligadas covalente-
mente, a d i s t ~ n ~ a j n t e r a t ô m i céageralmente i g u a l &_médiR_aritmetica
d a s ~ i ~ $ ~ c i a s - ~ t e F ~ ô ~ i cnos
a s cristais das substâncias elementares,
Assim, no diamante, o espaçamento C-C é 1,54 A; no silício metálico,
a distância Si-Si é 2,34 A. Podemos supor, portanto, que se êstes
átomos se unirem para a formaçáo de um composto, SiC, a distância
silício-carbono será próxima de 1,94 A, a média aritmética dos espa-
çamentos elementares. A medição por meio dos raios X determina
êrte espaçamento no abrasivo sintético familiar, carbureto de silício,
como sendo 1,93 A.
Avaliagão do caráter do mecanismo de ligaçáo. Reconhece-se,
geralmente. agora, que na maioria dos cristais ligados iônicamente
existem alguns eléctrons compartilhados, ao passo que os átomos nas
substâncias com ligações covalentes apresentam muitas vêzes algumas
cargas eletrostáticas. A determinação das proporções relativas do
caráter covalente para com o iônico é baseada em parte na fôrça
polarizante e na capacidade de polarização dos íons envolvidos. Com-
postos de um íon altamente polarizante com um íon fàcilmente pola-
rizado, com o AgI, podem mostrar caráter fortemente covalente.

,~

Diferença em eletronegatividode-
(X.4 -X,)
Fig. 372. Curva Relacionando a Quantidade de Caráter lanico de uma liga-
$50 AB para com a diferenfa em Elefronegatividade X A - X e d o s Atomos.
(Segundo Linus Pauling, Tlie Narure of rlie Chemical Bond, Cornell Uni-
venity Press. Ithaca, 1948.)

Em contraste, AgF, por causa d a capacidade de polarização mais


baixa do íon menor d o flúor, C um composto predominantemente de
F6RCAS DE LIGACAO NOS CRISTAIS 201

ligação iônica. Em geral, apresença de íons de pequeno tamanho e


carga elevada tende a favorecer o mecanismo de ligação em que os
eléctrons são compartilhados.
As ligações entre elementos do primeiro e do sétimo grupos da
tabela periódica e entre o segundo e o sexto grupos são predominan-
temente iônicas. São exemplos os halóides alcalinos e os óxidos alca-
lino-terrosos. As ligações entre átomos iguais, ou átomos próximos
na, tabela periódica, serão covalentes. A ligação silício-oxigênio é
50 por cento iônica, a ligação alumínio-oxigênio, 63 por cento, mas a
ligação boro-oxigênio é iônica sbmente em 44 por cento. Pauling
generalizou êste conceito e o tomou quantitativo atribuindo a cada
elemento um valor numérico de elerronegaiividade. Quanto maior a
diferença em eletronegatividade entre dois elementos quaisquer, tanto
mais iônica a ligação entre êles (ver tabela adiante e Fig. 372).

Elehonegatividade dos Elementos *

Ligação de van der Waals


Retornando às moléculas de cloro, se tomarmos energia destas
moléculas Cl,, mediante resfriamento do gás, elas passarão por fim
ao estado líquido em que estarão dispostas em desordem, empilhadas
cerradamente. Se retirarmos ainda mais energia, a amplitude da vibra-
ção das moléculas CI2 sofrerá redução ulterior e, finalmente, os dimi-
nutos campos elétricos de dispersão, existentes em redor dos átomos
essencialmente neutros elktricamente, servirão para encerrar na estru-
tura ordenada do estado sólido as moléculas que se moviam vagaro-
samente. Este fenômeno da solidificação do cloro ocorre em tempe-
202 MINERALOGIA QUIMICA

raturas muito baixas e o aquecimento acima de -102OC permitirá


às moléculas romper as ligações muito fracas e retomar ao estado
desordenado de um líquido. Esta ligação fraca que une moléculas
neutras e unidades de estrutura essencialmente desprovidas de carga,
em um retículo, em virtude das pequenas cargas residuais existentes
em suas superfícies, chama-se a ligação de van der Waals, ou ligação
de campo de dispersão, sendo a mais fraca das ligações químicas.
Comum sòmente nos compostos inorgânicos e nos gases solidificados,
não se encontra, muitas vêzes, nos minerais, mas, quando isto ocorre,
ela define uma zona de clivagem fácil e de dureza baixa. Exemplo
é o mineral grafita que consiste em camadas de átomos de carbono
ligados covalentemente, unidas sòmente por ligações de van der
Waals.

Ligação metálica
O metal sódio elementar t macio, brilhante, opaco, suscetível
de ser cortado, e conduz bem o calor e a corrente elétrica. A análise
da difraçso dos raios X revela que as unidades estruturais estão dis-
postas, como as do cloreto de sódio ou d o cloro sólido, segundo o
padrão regular, periódico, de um verdadeiro sólido cristalino. As pro-
priedades do metal diferem de tal forma das de seus sais e das dos
gases solidificados que somos levados a suspeitar um mecanismo de
ligação diferente. O sódio, como todos os verdadeiros metais, conduz
eletricidade o que significa que os eléctrons podem mover-se livre-
mente, com grande rapidez, através da estrutura. O sódio e seus se-
melhantes próximos, césio, mbídio e potássio são de tal forma liberais
com seus eléctrons que o impacto da energia radiante da luz libera.
da estrutura, um considerável número dêles. Este efeito fotelétrico,
do qual dependem instrumentos como os medidores de exposição,
mostra que os eléctrons estão ligados muito fracamente na estrutura
do metal. Podemos assim admitir que as unidades de estrutura dos
metais verdadeiros são realmente os núcleos atômicos unidos pela
carga elétrica agregada de uma nuvem de eléctrons que os rodeia.
Um eléctron não pertence a qualquer núcleo em particular, sendo livre
para mover-se através da estrutura ou mesmo inteiramente fora dela
sem romper o mecanismo de ligação. Chama-se êste tipo de ligação.
muito adequadamente, ligação metálica. A ela, devem os metais suas
plasticidade, tenacidade, ductilidade e condutibilidade elevadas, bem
como sua dureza, pontos de fusão e de ebulição geralmente baixos.
Entre os minerais, sòmente os metais nativos apresentam ligação me-
tálica pura.
O PRINCIPIO DA COORDENAWO 203
~- -
Cristais com mais do que um tipo de ligação
Entre as substâncias que ocorrem naturalmente, com sua enorme
diversidade e complexidade, é rara a presença de um tipo de ligação
único, co-existindo na maioria dos minerais dois ou mais tipos de
ligação. Quando isto acontece, o cristal participa das propriedades
dos diferentes tipos de ligação representadas, resultando muitas vêzes
propriedades fortemente direcionais. Assim, no mineral grafita, a coe-
são das camadas delgadas, em que o mineral ocorre geralmente, é o
resultado da ligação covalente forte no plano das camadas, ao passo
que a clivagem excelente, uma das melhores entre os minerais, reflete
a ligação fraca de van der Waals unindo as camadas umas as outras.
As micas que consistem em camadas de tetraedros de sílica ligados
fortemente (ver página 500), com a'ligação i8nica relativamente fraca
unindo as camadas por meio dos catíons, refletem semelhantemente,
em sua clivagem digna de nota, a diferença na intensidade dos dois
tipos de ligação. O hábito prismático e a clivagem dos piroxênios e
anfibólios, e o hábito maciço, em blocos, e a clivagem dos feldspatos,
como veremos, podem ser atribuídos semelhantemente h influência
das ligações relativamente fracas unindo unidades de estrutura mais
fortemente ligadas que têm a configuração de cadeias, faixas ou blocos.

O PRINCÍPIO DA COORDENAÇÃO
Quando íons de cargas opostas se unem para formar uma estru-
tura cristalina na qual as fôrças de ligação são predominantemente
eletrostáticas, cada íon tende a apanhar para si, ou coordenar, tantos
íons de sinal oposto quantos lhe permite seu tamanho. Quando os
átomos estão unidos por ligaçóes eletrostáticas simples, podem con-
siderar-se como esferas em contato, sendo simples a geometria. Os
íons coordenados agrupam-se sempre em torno de um íon coordena-
dor central, de tal modo que seus centros ficam nos vtrtices de um
poliedro regular. Assim, em uma estrutura estável de cristal, cada
catíon está no centro de um poliedro de cmrdenação de aníons.
O número de aníons no poliedro é o número de coordenação (N.C.)
do catíon relativamente ao aníon dado, sendo determinado por seus
tamanhos relativos. Assim, no NaC1, cada Na tem seis vizinhos C1
muito próximos e dizemos que está em coordenação 6 com o
C1 (N.C. 6). Na fluorita, CaF2, cada íon de cálcio está no centro
de um poliedro de coordenação consistindo em oito íons de flúor
e, por conseguinte, está em coordenação 8 relativamente ao flúor
(N.C. 8).
204 MINERALDGIA QUIMICA
- -- --

Podem-se considerar também os aníons como ocupando os cen-


tros de poliedros de coordenação formados de catíons. No NaCI,
cada íon cloro tem seis vizinhos sódio e, por conseguinte, está em
coordenação 6 relativamente ao sódio. Dado que tanto o sódio como
o cloro estão em coordenação 6, deve haver igual número de ambos,
concordando com a fórmula NaCI. De outro lado, a observação da
estmtura de fluorita (ver Fig. 467) revela que cada íon de flúor tem
quatro vizinhos cálcio muito próximos, estando, por conseguinte, em
coordenação 4 relativamente a o cálcio (N.C. 4). Embora êstes quatro
íons de cálcio não se toquem uns nos outros, formam um poliedro
de coordenação definido, em redor do íon de flúor central, de tal
modo que os íons de cálcio estão nos vértices de um tetraedro regu-
lar. Como cada íon cálcio tem oito vizinhos flúor, ao passo que o
íon flúor tem sòmente quatro vizinhos cálcio, é óbvio que existem
duas vêzes mais íons de flúor do que de cálcio, na estrutura. Isto
concorda com a fórmula CaF2 e com as valências usuais d o cálcio
e do flúor.
Vê-se fàcihente que os tamanhos relativos dos íons de cálcio e
do flúor permitiriam uma estrutura contendo números iguais de cada
um, com ambos os íons em coordenação 8. O fato que, na fluorita,
esteja preenchida a metade sòmente dos lugares possíveis do cálcio,
chama a atenção para uma restrição importante sobre as estruturas
dos cristais, a saber, os niímeros totais de íons de todas as esptcies
em qualquer estrutura cristalina estável deve ser tal que o cristal,
como um todo, seja neutro elètricamente. Isto é, o número total de
cargas positivas deve ser igual ao número total de cargas negativas;
portanto, na fluorita, sòmente pode haver íons d e cálcio, positivos,
bivalentes que representem a metade d o número de íons de flúor,
negativos, monovalentes.

RELAÇÃO DOS RAIOS

Embora cada íon em um cristal afete em certa medida cada


outro íon, as forças mais fortes são as existentes entre íons que são
vizinhos mais próximos. Diz-se que êstes constituem a primeira ca-
mada de coordenação. A geometria do arranjo desta camada e, por
conseguinte, o número de coordenação dependem dos tamanhos rela-
tivos dos íons coordenados. O tamanho relativo dos íons expressa-se
geralmente como uma relapio dos raios, R,: R,, onde R, é o raio
do catíon e R x o raio d o aníon, em unidades angstrom. A relação
dos raios do sódio e do cloro, na halita, NaCI, é portanto
RELAÇÁO WS RAIOS 205

RNa = 0,97 A R,, = 1.81 A


R,= : R,, = 0,97/1,81 = 0 3 4 .
A relação dos raios d o cálcio e do flúor na fluorita CaF-, é
Rca = 0,99 A RF = 1,36 ,A
R ca : R F = 0,99/1,36 = 0,73.

Quando dois ou mais catíons estão presentes em uma estrutura,


coordenados com o mesmo aníon, podemos calcular as relações dos
raios para cada um. Assim, no espinélio, MgAI2Or, tanto o magnésio
como o alumínio coordenam aníons do oxigênio. Donde,
RNP = 0,66 A R,, = 0,51 A R, = 1,32 A
R : R = 0,66/1,32 = 0,50 R : R = 0,51/1,32 = 0,39.
MP O AI O
Quando os íons coordenadores e coordenados têm o mesmo
tamanho, a relação dos raios C 1 . Fazendo-se uma experiência com
um conjunto de esferas idênticas, como bolas de pingue-pongue,
observa-se que as unidades esfé-
ricas idênticas podem ser empa-
cotadas juntas de maneira está-
vel em qualquer dos dois modos
igualmente econômicos, chama-
dos empacotamento hexagonal
mais denso (como na bmcita,
ver Fig. 585) e empacotamento
cúbico mais denso (como
cobre, ver Fig. 389). Em qual-
quer modo, cada esfera tem
suas doze vizinhas mais próxi- Fig. 373. Coordenn$;io Cúbica ou 8 de
mas todas mùtuamente em con- fons X em torno de um lon A.
tato (N.C. 12). A coordenação K, : R , > 0.732.
12 é rara nos minerais, ocorren-
do nos metais nativos d o grupo d o ouro que náo são, todavia, ligados
iônicamente e nas micas, em que o catíon metálico, alcalino, tem
N.C. = 12 relativamente ao oxigênio.
Quando o catíon coordenador é ligeiramente menor d o que os
aníons, a coordenaçio 8 é estável. Esta chama-se também coordena-
ção ccúhica porque os centros dos aníons se localizam nos oito vérti-
ces de um cubo (Fig. 373). Se considerarmos um poliedro de coor-
denação cúbica em que os aníons se tocam uns nos outros assim
como no catíon central, podemos calcular o valor-limite da relação
dos raios para N.C. = 8. Supondo o raio do aníon igual à unidade.
206 MINERALOGIA QUIMICA

o raio do catíon para esta condição limitante tem de ser 0,732


(Fig. 374). Em conseqüência, a coordenação cúbica tem estabilidade
máxima para as relaçóes dos raios entre 0,732 e 1,000.

.i --
A~f?
+
( l1+ +x =~ )d~1=+ (2 1=) 1,732
~
x = 0,732
1 I
I I
r--*-
Fip. 374. Condição Limitante da Coordena~ãoCúbica.
Para os valores de relações dos raios menores d o que 0,732, a
coordenação 8 não é tão estável quanto a 6, em que os centros dos
íons coordenados estão nos vértices de um octaedro regular. De acôr-
d o com esta disposição, a coordenação 6
chama-se coordenação octaédrica (Fig.
375). Podemos, como antes, calcular o
valor-limite da relação dos raios para a
condição em que os seis aníons coorde-
nados tocam-se entre si e no catíon cen-
tral. Acha-se que o limite mais baixo da
relação dos raios para a coordenação 6
é 0,414 (Fig. 376). Por conseguinte, po-
demos esperar que seis seja o número de
coordenação comum, quando a relação
dos raios está entre 0,732 e 0,414. O Na Fig. J7S. Coordenação Oc.
e o CI, na halita, o Ca e o CO:,, na calcita, taédric, 6 de fons x
os cátions d o tipo B no espinélio e os íons em tomo de um lon A.
do tipo Y nos silicatos são exemplos de RA: Rx = 0,732-0,414.
coordenação 6.
A Fig. 377 ilustra a mudança de coordenação 6 para a coorde-
nação 8 nos cloretos alcalinos, com o raio iônico crescente d o catíon.
I? interessante notar que o rubídio pode estar na coordenação 6 ou
na 8 e, assim sendo, o cloreto de rubídio é polimorfo.

(l+xP = + (1)2
l+x = T
, /2= 1,414
x = 0,414

Fig. 376. Condiçáo Limitante da Coordenação Octaédrica.


RELAÇhO DOS RAIOS 207

Pode provar-se de maneira semelhante que a coordenação 4 ou


zetraédrica, em que os centros dos íons coordenados estão nos vérti-
ces de um tetraedro regular, tem a estabilidade máxima entre os limi-
tes das relações dos raios de 0,414 e 0,225. A coordenaqão tetraédri-
ca está representada pelo grupo Si04 nos silicatos, pelo íon d o tipo
A no espinélio e pela estrutura ZnS (Fig. 378).

Fig. 377. Empacotamento de fons.

o. Cloreto de Lítio d. Cloreta de Rubídio


b. Cioreto de Sódio e. Cloreto de Rubídio
c. Cioreto de Potássio f. Clareto de Césio

a, h, c e d têm a e5tnitura do cloreto de sódio com a coordlnaçáo 6;


e e f têm a estrutura do cloreto de césio com a coordenaçáo 8. Em cada
figura, os circulos maiores representam os aníons e os menores, os cations.

A coordenaqão 3 ou triangular é estável dentro dos limites de


0,225 e 0,155, sendo comum, na natureza, nos grupos iônicos COn,
NOa e BOn (Fig. 379).

Fie. 37X. ( .i<irdenação Pig. 379. < 8 .srdenaçáo Tri-


Tetraédiica oii 4 de fons angular aii i de fons em
X em torno de um lon A. tôrno de itm lon A.
RA: RX = 0,414-.0,225. RA: RX = 0,225-0.155.
MINERALOGIA QUíMICA
- . -

A coordenação 2 é muito rara nos cristais ligados iônicamente.


Temos exemplos dela no grupo uranila (UO?)", no grupo nitrito
(NO,) = e no cobre, em relação ao oxigénio, nd cuprita, C u 2 0
(Fig. 380).
Embora raros, conhecem-se exemplos de coordenação 5, 7, 9 e
10. Estes números de coordqnação são possíveis sòmente em estru-
turas complexas, resultando do preenchimento dos interstícios entre
outros poliedros de coordenação.
Se o mecanismo de ligação não é puramente ionico, as consi-
derações referentes à relação dos raios não se podem empregar com
segurança para a determinação do número de coordenação. Quanto
menor e mais polarizante seja o catíon co-
ordenador, ou quanto maior e mais pola-
rizável o aníon, tanto mais ainplo o desvio
que se pode esperar, partindo-se dos limi-
tes teóricos da relação dos raios.
Fia. .$VI$. Coordrn
near oii Z d e lons X e i i i torno
Obviamente, cada íon em uma estrutura
de um lon A. de cristal tem algum efeito sobre todos os
R*: R,y < 0,155. demais íons - de atração se as cargas são
contrárias, de repulsão, se idênticas. Por
conseguinte, os íons tendem a agrupar-se no.espaço para a formação
de retículos cristalinos, de tal maneira que os catíons estejam afasta-
dos uns dos outros o máximo possível, máximo consistente entretanto
com a coordenação dos aníons que resultará na neutralidade elétrica.
Assim, quando os catíons compartilham aníons entre si, fazem-no de
tal maneira que se colocam tão afastados quanto possível. Em con-

(8) Ib) (c)

Fiz. 381. Tetraedros Compartilhando VBrtices, Areitas e Faces

sequência, os poliedros de coordenação formados em redor de cada


um são unidos mais comumente pelos vértices do que pelas arestas
TIPO ESTRUTURAL 209
- --

ou faces (Fig. 381). Os catíons tendem a compartilhar o menor nú-


mero de aníons possível, sendo raro que compartilhem mais do que
três ou quatro.
Regras de Pauiing. Cada cristal estável, em sua arquitetura
interna, ordenada, testemunha a operação de certos princípios uni-
versais que determinam a estrutura da matéria sólida. Estes princí-
pios foram enunciados em 1929 por Pauling sob a forma das cinco
regras seguintes:
Regra 1 . Um poliedro coordenado de aníons é formado em
tôrno de cada catíon, sendo a distância catíon-aníon determinada
pela soma dos raios, e o número de coordenação do catíon pela rela-
ção dos raios.
Regra 2. O princípio da i~alênciaeletrosrática. Em uma estru-
tura de coordenação estável, a intensidade total das ligações de valên-
cia que alcançam um aníon, vindas de todos os catíons vizinhos, e
igual à carga do aníon.
Regra 3. A existência de arestas e, particularmente, de faces,
comuns a dois poliedros de aníons, em uma estrutura coordenada,
diminui sua estabilidade; êste efeito é grande para os catíons com
valência alta e número de coordenação pequeno, sendo especialmente
grande, quando a relação d o s raios se aproxima do limite mais baixo
de estabilidade d o poliedro.
Regra 4. Em um cristal contendo catíons diferentes, os de
valência elevada e número de coordenação pequeno tendem a nãio
compartilhar os elementos d o poliedro com os outros.
Regra 5. O princípio de economio. O número das espécies de
constituintes essencialmente diferentes em um cristal tende a scr pe-
queno.
Estas regras constituem uma afirmação formal de princípios que
foram discutidos alhures. A regra 5, o princípio da economia, não se
refere às espécies de constituintes diferentes quimicamente, mas aos
tipos de lugares atômicos estruturalmente distintos. Assim. em cris-
tais de composição muito complexa, íon$ diferentes podem ocupar a
mesma posição estrutural. Estes íons devem ser considerados um
"constituinte" único no sentido da regra 5.

TIPO ESTRUTURAL
Embora pareça haver pouco em comum entre a uraninita, UOI e
a fluorita, CaF,, seus padrões de pó, aos raios X, mostram linhas
análogas, embora diferentes no espaçamento e na intensidade. A aná-
210 MINERALOGIA QUIMICA

lise da estrutura revela que os átomos d e urânio na uraninita estão


em coordenação 4, com respeito ao oxigênio, ao passo que oitc áto-
mos de oxigènio estão agrupados em torno de cada um de urânio. Na
fluorita, quatro íons de cálcio estão agrupados em tôrno da cada um
de flúor e oito íons de flúor estão dispostos em torno da cada cálcio.
A uraninita e a fluorita têm estruturas que são análogas sob todos os
aspectos embora as dimensões da cela sejam diferentes e as proprie-
dades, naturalmente, sejam inteüamente desiguais. Diz-se que estas
duas substâncias são isoestruturais ou isofípicas e pertencem ao mes-
mo tipo de estrutura. Considera-se que pertencem ao mesmo tipo
de estrutura todos os cristais, em que os centros dos átomos consti-
tuintes ocupam posições geomètricamnte semelhantes, independente-
mente do tamanho dos átomos ou das dimensões absolutas da estm-
tura. Por exemplo, todos os cristais, em que existem números iguais
de catíons e de aníons em coordenação 6, pertencem ao tipo da estru-
tura NaCI. Um grande número de minerais de composição diversa
pertencem a êste tipo de estrutura, incluindo-se aí o KC1, silvita; o
M;O, periclásio; o NiO, bunsenita; o PbS, galena; o MnS, alabandita;
o AgC1, cerargirita; o TiN, osbornita e muitos outros.
Na mineralogia, é de grande importância o conceito do grupo
isoeslrutural, a saber, um grupo de minerais relacionados entre si por
estruturas análogas, tendo geralmente um aníon comum e apresentando
frequentemente substituição iônica ampla. Muitos grupos de minerais
são isoestmturais, sendo talvez os melhores exemplos o grupo barita
dos sulfatos, o gmpo calcita dos carbonatos e o grupo aragonita dos
carbonatos. Ilustra-se com o grupo aragonita aqui relacionado a rela-
çáo extremamente íntima existente entre os membros de muitos
grupos.

Grupo Aragonita

Composição Kelações axiais


Mineral Química a : b : c 1 1 0 A 170 Clivagem

Aragonita Caco, 0.622 : 1 : 0.721 63"48' {IIO) {OlO}


Witherita BaCOa 0,603 : 1 : 0,730 62O12' { 110) {010/
Estroncianita SrCO, 0,609 : 1 : 0.724 62O41' (110)
Cemssita PbCO, 0,610 : I : 0,723 hZ04fi' {110} {O211

VALENCIA ELETROSTÁTICA
Um princípio fundamental da organização dos cristais ligados
iônicamente é que a soma da intensidade de todas as ligações que
VALENCIA ELETROSTATICA 21 1
- - ---
alcançam um íon deve ser igual à valência dêsse íon. Podemos, por-
tanto, calcular a intensidade relativa de qualquer IigaçTio em uma
estrutura cristalina dividindo a carga total existente no ion coorde-
nador pelo número de vizinhos mais próximos a que êle esteja ligado.
O número resultante, chamado valência elefrosrática (v.e.), é a me-
dida da intensidade de quaisquer das ligações que alcançam o íon
coordenador, vindas de seus vizinhos mais próximos. Por exemplo,
no clorcto de sódio, cada íon sódio tem uma única carga positiva e
tem seis vizinhos mais próximos; por conseguinte, a valência eletros-
tática é igual a 1/6. Este número é a medida da fôrça d a ligação al-
cançando qualquer íon de sódio, vinda de qualquer íon de cloro vizi-
nho. Os íons de cloro têm também uma carga única e estão em
coordenação 6 em relação ao sódio; portanto, a v.e. para o cloro é
também 1/6. Chamam-se isodésmicos os cristais, em que tódas as
I i g a ~ k ssão de força igual. Esta generalização é tão simples que
parece banal, mas em alguns casos surgem resultados inesperados do
cálculo das valências eletrostáticas. Por exemplo, os minerais d o
grupo dos espinélios têm fórmulas d o tipo AB204,nas quais A é um
catíon bivalente como o magnésio ou o ferro ferros0 e B, um catíon
trivalente como o alumínio ou o ferro férrico. Muitas vezes, êstes
compostos denominaram-se aluminatos e ferratos. anàlogamente a
compostos como os boratos e os oxalatos. Esta nomenclatura sugere
que estejam presentes na estrutura grupos ou radicais iônicos. Os
dados dos raios X revelam que os íons A estão em coordenação 4,
ao passo que os íons B estão em coordenação 6. Donde, para os
íons A, v.e. = 2/4 = 1/2, e para as ions B, v.e. = 3 / 6 = 1/2.
A despeito da aparência das fórmulas, t&as as ligações são da mesma
intensidade. Estes cristais são isodésmicos e são óxidos múltiplos, náo
oxissais.
Quando os catíons pequenos, altamente carregados, coordenam
aníons maiores e carregados menos fortemente, resultam grupos com-
pactos, ligados firmemente, como os carbonatos e nitratos. Quando
se calcula a intensidade das ligaçíies dentro dêstes agrupamentos, o
valor numérico da v.e. é sempre maior d o que a metade da carga total
do aníon. Isto significa que, nesses grupos, os aníons estão mais forte-
mente ligados ao catíon central coordenador do que possam estar,
eventualmente, a qualquer outro íon. Por exemplo, no grupo carbo-
nato, o carbono tetravalente (raio iônico 0,16 A ) coordena o oxigênio
bivalente (raio iônico 1,32 A ) . A relação dos raios igual. a 0,121
indica que a coordenação 3 será estável e, por conseguinte, podemos
calcular a v.e. = 4 / 3 = 1. 1/3. Esta é maior d o que a metade da carga
no íon oxigênio e, portanto, existe um grupo funcional. ou radical.
212 MINERALOGIA QUIMICA

que é o triângulo carbonato, ou seja, a unidade estrutural básica dos


minerais carbonatos. Outro exemplo é o grupo sulfato. O enxofre
hexavalente, positivo (raio iônico 0,30 A) coordena o oxigênio. A
relação dos raios igual a 0,234 indica que a coordenação 4 será e ~ t á -
vel; por conseguinte, a v.e. = 6/4 = 1%. Como esta é maior d o que
a metade da carga d o ion oxigênio, o radical sulfato forma um grupo
compacto, estando o oxigênio ligado ao enxofre mais fortemente d o
que poderia estar a qualquer outro íon na estrutura. Esta é a uni-
dade tetraédrica que é a base fundamental da estrutura de todos os
sulfatos. Diz-se que os compostos, como os sulfatos e os carbonatos,
são anisodésmicos.
Naturalmente, deve entender-se que, se os radicais são consi-
derados como unidades estruturais simples, então, em um composto
como a calcita, CaCO,, todas as ligações carbonato-cálcio são de
intensidade igual e assemelham-se às de um cristal isodésmico. D a
mesma forma, em sulfatos simples como a banta, todas as ligações
sulfatebário podem ser iguais em intensidade. Todavia, os cristais
chamam-se anisodésmicos por causa da presença das ligações fortes
carbono-oxigênio e enxofre-oxigênio. além das mais fracas carbona-
to-cálcio e sulfato-bário.
A lógica requer um terceiro caso: aquêle em que a intensidade
das ligaçóes unindo o cation coordenador central a seus aníons coor-
denados é exatamente igual à metade da energia de ligaçáo do aníon.
Neste caso, cada aníon pode estar ligado a alguma outra unidade na
estrutura tão fortemente quanto ao catíon coordenador. A outra uni-
dade pode ser um catíon idêntico, e o aníon, compartilhado entre os
dois catíons, pode entrar nos poliedros de coordenação de ambos.
Consideremos o caso dos agrupamentos boro-oxigênio. O boro é
trivalente, com raio iônico 0,23. Portanto, a relaçáo dos raios com
o oxigênio é 0,173, indicando coordenação triangular, e a v.e. será,
portanto, 3/3 = 1. Esta é a metade da força de l i g a ~ ã od o íon oxi-
gênio. Conseqüentemente, um triângulo BO? pode unir-se a algum
outro íon táo fortemente quanto ao íon cetral B. Se êste íon é
outro B"', podem resultar dois triângulos, unidos por um oxigênio
comum, para formar um grupo único B 2 O c 4 . De maneira semelhante,
triângulos BOt podem juntar-se ou polimerizar-se, para formar ca-
deias, camadas ou armaçks, compartilhando íons de oxigênio. Dá-se
a êstes cristais o nome mesodé.rmicos, sendo os silicatos o exemplo
mais importante.
Tendo por base a intensidade relativa de suas ligações, todos
os cristais iônicos podem, agora. ser classificados em isodésmicos,
mesodésmicos e anisodésmicos.
VARIACAO N A COMPOSICÁO DOS MINERAIS 213

VARIA(240 NA COMPOSIÇÁO DOS MINERAIS


Na natureza, os minerais cristalizam-sz a partir d e soluções de
composição complexa, sendo oferecidas, por conseguinte, amplas opor-
tunidades para a substituição de um íon por outro. Resulta disto
que. pràticamente, todos os minerais apresentam variação em sua
composição química conforme as localidades de procedência e mes-
mo entre um espécime e outro da mesma localidade.
A variação na composição dos minerais ocorre por substituição,
em uma dada estrutura, de um íon ou grupo iônico por outro íon
ou grupo iônico. Podemos denominar suhstiiuiçüo ibnica a esta rela-
ção. Existem vários fatores que determinam a extensa0 em que ela
pode ocorrer, sendo o mais importante o tamanho do íon. OF íons
de dois elementos podem substituir-se mùtuamente, de maneira fácil,
sòmente se seus raios iônicos são semelhantes e diferem entre si em
menos de 15 por cento. Se os raio? de dois íons diferem em 15 a 30
por cento entre si, a substituição é limitada e rara; se diferem em
mais de 30 por cento, existem escassas possibilidades de substituição.
Estes limites são apenas aproximados, mas baseados em dados em-
píricos derivados d o estudo de sistemas minerais apresentando subs-
tituição iônica. Outro fator de grande importância é a temperatura

2 YP -
?.m
.o
NO
1w

0' 10 20 M 40 50 60 70 84 UI 90W
ZnS Mo1 por cerito de FcS- FcS
FIg. 382. SiibstiiuiçBo 30 Zn pelo Fe" na Esfalerita (segiindo Kulleriid).

na qual o cristal se desenvolveu. Quanto mais alta a temperatura,


tanto maior é a desordem térmica e menos rigorosas as exigências
de espaço d o retículo. Portanto, os cristais crescidos em temperaturas
elevadas podem exibir substituição iônica ampla que não teria ocor-
rido em temperaturas mais baixas. Um exemplo é o feldspato de
potássio de alta temperatura, sanidínio ou sanidina, que contém quan-
MINERALOGIA OUIMICA

tidades de sódio muito maiores d o que poderiam acomodar-se estàvel-


mente em cristais crescidos em temperaturas mais baixas.
Em alguns casos, a extensão da substituição iônica está defini-
damente limitada. Assim, o ferro bivalente pode entrar no retículo
da esfalerita, ZnS, em quantidades até 36 por cento, aproximada-
mente, não podendo, contudo, substituir completamente o zinco na
esfalerita, porque a troilita, FeS, é hexagonal, ao passo que a esfale-
rita é isométrica. Embora os raios iônicos indicassem uma substitui-
ção possível e ampla do zinco pelo íon ferroso, esta substituição é
muito restringida. Investigaçóes recentes mostraram que a tempera-
tura de cristalização, mais d o que o raio iônico, é o principal fator
determinante da extensão em que o ferro pode substituir o zinco na
esfalerita. Na Fig. 382, mostra-se a relação entrc o conteúdo de
ferro e a temperatura de cristalização.

SURSTITUIÇÃO IÔNICA POR ACOPLAMENTO


Pode parecer que, na substituição de um íon por outro, os dois
devem ter a mesma carga. Isto não é necessàriamente assim, pois fre-
quentemente um íon pode substituir outro de carga diferente. A neutra-
lidade elétrica se mantém pela substituição simultânea, em outra parte
do retícu!o, por outro íon cuja carga equilibra a deficiência ou o exces-
so causado pela primeira substituição. Assim, o Ca" pode ser substituí-
do fàcilmentz pelo Na', porque os íons são de tamanho quase idêntico. A
deficiència de um eléctron causado pela substituição d o Ca" pelo Na'
pode ser equilibrada pela substituição simultânea, em outro tipo de
posição iônica, do AI"' pelo Si+'. Nestas condições, Ca" + AI"' =
= Na' + Si+, e o cristal em crescimento conserva sua neutralidade
elétrica. Este é o mecanismo da variação na composiçáo nos feldspatos
álcali-cálcicos, sendo denominada substituição por acoplarmento. O aco-
plamento pode envolver dois catíons, como no exemplo citado; um ca-
tíon e um aníon, dois aníons, ou mesmo a substituiçáo de um ca-
tíon ou um aníon por um átomo neutro, ou uma vacância reticular,
para alcançar-se a neutralidade elétrica. Os átomos neutros, introduzi-
dos nas vacâncias reticulares por esta forma, podem ter efeitos im-
portantes sobre as propriedades elétricas e ópticas d o cristal.

SOLUÇÃO SÓLIDA OU ISOMORFISMO


Os grupos minerais isoestruturais oferecem numerosos exemplos
de substituição iônica completa. No gmpo d a calcita, o ferro fer-
SOLU-O WLIDA OU ISOMORFISMO 215

roso pode entrar no retículo da magnesita, MgCOa, em qualquer pro-


porção, e o magnésio é capaz igualmente de entrar no retículo da
siderita, FeCO,, em todas as proporçóes. E evidente que as exigèn-
cias espaciais dos retículos da magnesita e da siderita estão suficiente-
mente próximas umas das outras, de modo que qualquer dos dois
íons pode preencher aquelas exigências com igual facilidade. Coma
a carga de ambos os íons é a mesma, a substituição é simples. Em
um caso assim, a relação entre a siderita e a magnesita pode ser
imaginada como sendo a de uma solução .sólida, e os minerais de
composição intermediária, considerados como se fossem soluções ho-
mogêneas de MgCO:, no FeCOa, ou vice-versa.

Fig. 383. Substituicão Fortuita na Estrutura do Cloreto de Sódio. Cations -


Pequenos. Escuros; Anions - Grandes. Brancos e Prêtos.

Compreende-se, naturalmente, de maneira clara, que não existem


moléculas reais de quaisquer dêstes compostos puros e que a substitui-
ção iônica é completamente fortuita dentro da estrutura do retículo
(ver Fig. 383). Contudo, a idéia da solução sólida é útil e pode ser
usada para exprimir as relações em qualquer série mineral em que
as composiçks se situem entre dois compostos puros, denominados
membros extremos, como limites. Temos exemplos dessas séries de
soluçôes sólidas nos feldspatos plagioclásicos, em que os membros fi-
MINERALOGIA QUIMICA
-
nais são a albita, NaAISi,OR, e a anortita, CaA1,SipOs, e nas granadas
em que as relaçôes de solução s6lida completas existem entre a maio-
ria das variedades.
O têrmo isomorfismo, proposto em 1819 para descrever cristais
com a mesma forma externa, é empregado hoje por muitos minera-
logistas como sinônimo de soluç30 sólida. Seria mais acertado resta-
belecer para o t ê m 0 isoinorfismo sua significaçáo original e empre-
gar a denominafáo solução sólida nos casos de substituição iônica
completa dentro da estrutura d e um grupo isoestrutural.

EXSOLUC~O(DESMISTURAÇÃO)
Outro aspecto do crescimento dos cristais ao qual a relação dos
raios e a geometria d o empacotamento fornecem uma abordagem cla-
ra é o dos cristais desordenados, não em equilíbrio. Que acontece a
um cristal halóide alcalino, crescido ràpidamente a partir de uma so-
lução que contém todos os metais alcalinos e todos os halogêneos?
Se a cristalização se processa e m uma temperatura suficientemente ele-
vada e o crescimento é bastante rápido, há uma boa parte de "jôgo" na
estrutura, a organização fica frouxa e podem incorporar-se na estru-
tura íons, cujos tamanhos não satisfazem às exigências de equilíbrio da
relação dos raios, como, por exemplo, Rb' e Cs' na estrutura do NaCI.
Quando um cristal nestas condições se resfria, existem, como resul-
tado da má adaptação dos íons de tamanho anômalo, grandes tensões
que tendem a eliminá-los da estrutura. Se há tempo suficiente, êstes
íons mal-ajustados migram através d o retículo e tendem a agrupar-se
localmente. Essas concentrações de íons estranhos arranjam-se, então,
em coordenações melhor adaptadas a seus tamanhos e formam nú-
cleos de estrutura diferente que crescem no corpo sólido do cristal
hospedeiro.
Denomina-se ex~olução(desmisruração) a êste processo de sepre-
gação e crescimento d e íons rejeitados dentro dos domínios de um
cristal no estado sólido, a partir de um cristal desordenado. Ela é
importante na interpretacão de muitos intercrescimentos naturais.
Assim, as lamelas delgadas de feldspato de sódio no feldspato potássi-
co interpretam-se como o resultado da exsolução d o excesso de só-
dio existente no feldspato ytássico, depois da cristalização. Estes in-
tercrescimentos, chamados perrirnr, são muito comuns em rochas e esta
explicação química de sua formação auxilia materialmente na inter-
preta~ãoda história da rocha. D e maneira semelhante, interpretam-se
como cristais desmisturados as massas lenticulares de ilmenita na mag-
netita.
PSEUDOMORFOS 217

Homomorfismo. Embora as semelhanças em cristais de diferen-


tes minerais resultem usualmente de íons quimicamente idênticos, ou
similares, na estruttira, alguns minerais assemelham-se muito a ou-
tros no hábito cristalino, não obstante sejam inteiramente diferentes
d o ponto de vista químico. Se é a mesma a geometria do arranjo
dos íons que não são semelnantes, podem resultar cristais de apa-
rência semelhante, como, por exemplo, o rutílio, Tio2 e o zircáo,
ZrSiO*. Ambos êstes niinerais são.teíragonais, com formas cristalinas e
relações axiais semelhantes a despeito de suas composições químicas
desiguais. Estes minerais chamam-se homomorfos.

PSEUDOMORFOS
Se um cristal de um mineral está alterado de modo que se mudou
a estrutura interna, ficando preservada no entanto a forma externa,
chamam-no um ps~udomorfo,ou forma falsa. A composição química
e a estrutura de um pseudomorfo pertencem a uma espécie mineral, ao
passo que o contorno d o cristal corresponde a outra. Por exemplo, a
pirita pode mudar-se em limonita, mas preservar todos os aspectos
externos da pirita. Descreve-se um cristal assim como um pseudomorfo
da limonila sôbre a pirita. De acordo com a maneira pela qual foram
formados, os pseudomorfos definem-se, além disto, em geral, como
pseudomorfos por:

1 . Substitulçáo. Neste tipo de pseudomorfo. há uma remwáo gradual


d o material primitivo e uma substituição correspondente a simult~neadêle par
outro, sem qualquer reação química entre ambos. U m exemplo comum dkto
é a substituição, por si:ica, da fibra de madeira, para formar madeira petri-
ficada. Outro exemplo 6 o quartzo SiO*, sôbre fluorita, CaF,.

2. Incrustsçáo. Na formacão dêste tipo de pseudornorfo, deposita-se


uma crosta de um mineral sobre cristais de um .outro. Exemplo comum C
o quartzo incrustando cubos de fluorita. Esta pode, mais tarde. desaparecer
inteiramente por solução, mas sua presença anterior permanece indicada pelos
moldes deixados no quartzo.

3 . A l t e r a ~ á o . Neste tipo de pseudomorfo, houve rômente adição parcial


de material novo, ou remoçáo parcial de material primitivo. A alteração da
anidrita. CaSO., em gipso. CaSO,.ZH,O, e a alteraçáo da galena. PbS. em
em anplesita, PbSO,, sáo exemplos de pseudomorfos por alteraçáo. Nesses.
pseudomorfos, pode achar-se um núcleo d o mineral não alterado.
4 . P a r a m o ~ i s m o . Denomina-se paramorfo um cristal cuja estrutura in-
terna se mudou para a de uma forma polimorfa, sem que se produzisse qual-
quer alteração na forma externa. Assim, z arag0nita converte-se cm calcita
e o rutíiio muda-se em brookita.
MINERALOGIA QUfMICA

MINERALÓIDES
Existe um certo número de suòstâncias minerais, cujas análises
não dão fórmulas químicas definidas que, ademais, não mostram si-
nais de que sejam de natureza cristalina. Foram chamadas minerais
coloidais ou mineralóides. Um mineral pode existir em fase cristalina
com estrutura de cristal e composição definida, ou, formada sob con-
d i $ & ~diferentes, a mesma substância pode ocorrer pràticamente como
um mineralóide. Os mineralóides formam-se sob condições de pressão
e temperatura baixas e, comumentz, são substancias que se originam
durante processos de alteração dos materiais da crosta da Terra. Ocor-
rem, caracterkticamente, sob a forma de massas mamilares, botrioidais,
estalactíticas e configuradas semelhantemente. A capacidade que têm
êstes minerais de absorver outras substâncias em escala considerável
explica suas variações de composiçáo química, muitas vêzes amplas. A
limonita e a opala são exemplos comuns de minerais coloidais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Químlra dos cristais

R. C. Evans. An Inrroducrion 10 crysrol chernisrrj. Cambridge University


Press, Cambridge. England, 1952. Uma discussão das princípios gerais da
química dos cristais.

W. L. Bragg. Alomic slructure o f minera1.r. Cornell Univenity Press. Ithaca.


1937. Uma apresentação da estrutura cristalina de minerais selecionados
e uma discussão dos princípios gerais referentes às estruturas minerais.
L. Pauling, T h p narure
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Um estudo das vários mecanismos de ligação e seus efeitos sôbre as pro-
priedades físicas e químicas das estnituras dos cristais.
Brian Mason, Principies of Ceocheminry, Z.a ed. lohn Wiley and Sons, New
York. 1958. Capítulos 1-4. Estudo resumido da estrutura e da composi-
ção da Terra, abundância dos elementos e alguns princípios termodinâ-
micos da química dos cristais.

Paul Niggli, (traduzido por R. L. Parker), Rock ond mineral drposirs. W . H .


Freeman, S5o Francisco, 1954. Os capítulos 2-4 lidam com as estruturas
dos principais minerais.

A. N. Winchell e Horace Winchell, Elernenrs of oprical minernlom, Par< 11,


4.a ed. John Wiley and Sons, New York, 1951. Cont6m informaçóes
abundantes, referentes à variaç5o das propriedades dos minerais quando se
altera a composição química.
DEDUÇAO DE UMA FÓRMULA QUIMICA 219
- -- -
.~ -- .

C. DEDUÇÃO D E UMA FÓRMULA QUÍMICA


A PARTIR D A ANÁLISE D E UM MINERAL
Tôdas as fórmulas químicas atribuídas aos minerais foram cal-
culadas a partir de análises químicas. Uma análise fornece a com-
posição percentual de um mineral, ou, em outras palavras, as partes,
em pêso, em 100 partes dos diferentes elementos ou radicais presentes.
Consideremos a seguinte análise da calcopirita:

1 2 3 4
Proporçóes
Percentagens Pesos Atômicos Atòmicas Relacão Atômica

Na primeira coluna, os números dados indicam as percentagens


ponderais do5 diferentes elementos no mineral; mas, como êstes ele-
mentos têm pesos atômicos diferentes, os números não representam
as relações dos diversos átomos entre si no composto químico. Para
deduzir as proporç6es relativas dos átomos dos diferentes elementos
entre si, as percentagens são divididas em cada caso pelo pêso atô-
mico do elemento. Isto fornece uma série de números que repre-
sentam as proporções atômicas no composto. e das quais se podem
deduzir prontamente as relações atômicas. Na análise da calcopirita,
estas relações se convertem em S:Cu:Fe = 2: 1 : 1. Conseqüentemente,
CuFeS, constituirá a fórmula química d o mineral.
Se o mineral for um composto oxigenado, dão-se, por conven-
çáo, os resultados da análise como percentagens dos óxidos presentes.
Mediante um cálculo semelhante ao esboçado acima, determinam-se
as relações dêstes óxidos entre si. A única diferença será que, neste
caso, os números percentuais se dividirio pela soma dos pesos
atômicos dos elementos presentes nos diferentes óxidos. Consideremos
como exemplo a seguinte análise do gipso:

Pesos Proporçócs
Percentagens Moleculares Moleculares Relacáo Molecular
--
CaO = 32.44 56.1 = 0,578
SO. = 46,61 80,06 = 0,582
H:O = 20.74 18.0 = 1,152
--
99.79
220
- MINERALOGIA
.- ~-
~ QUIMICA

Vê-se destes resultados que as rela$Ões dos óxidos entre si no


composto são S03:CaO:Hs0 = 1:1:2. Conseqüentemente, a compo-
sição do gipso pode ser representada por C a 0 . S 0 2 . 2 H 2 0 ou
CaS04.2H20.
Frequentemente, é desejável determinar a composição teórica de
um mineral, partindo-se de sua fórmula química, para controlar a
validez desta Última. O processo de cálculo é o inverso do descrito
precedentemente. Tomemos, por exemplo, o mineral calcopirita
CuFeS*; quais são as proporções ponderais dos diferentes elementos
em 100 partes do mineral? Consiste o processo, em primeiro lugar, em
adicionar os pesos atômicos dos diferentes elementos presentes, obten-
do-se, assim, o pê3o molecular do composto, como segue:
Pesos atômicos
Cu = 63,54
Fe = 55,85
S, = 32,07 x 2 = 64,14
Pêso molecular CuFeS* = 18333

Do que ficou dito antes, é óbvio que em 183,53 partes, em pêso,


da calcopirita existem 63,6 partes de cobre etc. Para achar-se a parte
do cobre em 100 partes do mineral, ou, em outras palavras, a per-
centagem, arma-se a seguinte proporçíio:

Resolvida esta equação, x converte-se em 34,62, ou seja, a per-


centagem teórica do cobre na calcopirita. As percentagens do f e n o
e do enxofre obtêm-se de maneira semelhante.

D. INSTRUMENTOS E MÉTODOS DE ENSAIO


Nas páginas seguintes, descrevem-se uma série de ensaios, cha-
mados coletivamente "ensaios com o maçarico", que têm sido o pro-
cedimento mineralógico padrão desde a metade do século XIX. O Ma-
nual de Mineralogia Determinativa (1874), de George J. Rmsh, vul-
garizou os ensaios e a décima-sexta edição (1926), revista por Samuel
L. Penfield', vem sendo uma referência padrão. Durante o século vin-
te, com o uso crescente dos novos métodos de estudo mineralógico. os
ensaios com o maçarico caíram em desuso em mãos de alguns pro-

l Oeorge I. Brush c Samuel L. Penfield, Thr Mrinuul of Delrrminai1r.r Minrrology


whith nn Inrroduenon on Blowplpe Anolyris. 16: edis8o. lohn Wiley and Sons. Nsw York.
1926.
INSTRUMENTOS E MmODOS DE ENSAIO 221
- -

fessôres de mineralogia. Contudo, o autor está convencido de que o


maçarico é útil na mineralogia moderna, especialmente no curso ini-
cial. Os minerais são elementos ou compostos químicos, sendo sua
química a mais importante de suas proprieda-
des. Os ensaios com o maçarro, além de serem
procedimentos determinativos excelentes, man-
têm a química dos minerais constantemente
diante d o estudante.
O maçanco e seus usos. Muitos ensaios ,' I
;

químicos feitos nos minerais realizam-se pronta t


e fàcilmente por meio de um maçarico. Este, i

1
ordinàriamente, consiste em essência em um tu-
bo pontiagudo terminando em uma pequena
abertura através da qual se pode forçar o ar,
I
de modo que este saia sob a forma de um jato 'a
fino, sob alta pressão. Quando se dirige esta cor-
rente de ar para dentro de uma chama luminosa,
ocorre a combustão mais rápida e completamen- ?
te, produzindo chama muito quente. 1
A Fig. 384 representa um tipo comum de Fig, 384,
maçarico. O bocal, seja c ou c', é adaptado na cnmum.
extremidade superior d o tubo e o ar, procedente
dos pulmões, forçado para dentro dêle, sai pela pequena abertura no
outro lado. A ponta do m a ~ a n c o ,b, coloca-se justamente dentro de
uma chama rica em carbono, estreita. pontiaguda e clara. Pode usar-se
uma vela, caso não se disponha de gás de iluminação.

Fig. 385. Chama do macarico. o - chani.8 oxidantc. h - chama rcdiitora.


c - gás não queimado, o e r indicam as p a s i ~ ó e sda amostra, respectiva-
mente, nas chamas oxidante e redutora.

A Fig. 386 ilustra um maçarico mais aperfeiçoado. Assemelha-


se ao maçarico descrito anteriormente, mas é constmído com um
coletor de gás c (Fig. 386), d e tal modo que o ar, f o r ~ a d opara den-
MINERALOGIA QUíMICA

tro do tubo através do bocal a e o gás, admitido através d o tubo d ,


saem juntos através da abertura c .
A arte de usar O inacarico. Usualmente, exige-se alguma pritica
antes que se possa produzir uma chama do maçarico firme e contínua.
Podem realizar-se alguns ensaios com o maçarico antes que seja ne-
cessário tornar a encher o suprimento de ar dos pulmões. Frequente-

mente, contudo, uma operação toma tempo maior do que o permitem


os pulmões e uma interrupção, para enchê-los de novo, interfere ma-
terialmente com o êxito da experiência. Conseqiientemente, toma-se
importante muitas vêzes ser capaz de manter uma corrente firme de
ar no maçarico, por um tempo considerável. Realiza-se isto disten-
dendo-se as bochechas de modo a formar iim reservatório de ar. na
boca. Quando o suprimento de ar dos piilmóes se exauriu, fecha-se a
passagem da boca para a garganta levantando-se a raiz da língua e,
enquanto se está obtendo um iiovo suprimento pela respiração através
do nariz, uma corrente contínua de ar está sendo forçada também
para fora do reservatório da boca. Desta maneira. pode obter-se uma
chama constante.
Fusão por meio da chama do maçarico. Unia boa chama do ma-
çarico pode alcançar uma temperatura de l 500°C, mas a temperatura
varia algo, dependendo d o tipo do giis usado na mistura d o gás e do
ar. A determinação do grau de fusibilidade de um mineral é um auxi-
liar importante para sua identifica$io. Deve ser acentuado que, cci-
hora a temperatura da chama do maçarico seja alta, a quantidade de
calor é pequena. Assim, para os melhores resultados, pequ-nos frag-
mentos de tamanho uniforme deverão ser usados. Conhece-se como
amostra o pequeno fragmento mineral sobre o qual se faz um ensaio
por meio do maçarico.
INSTRUMENTOS E METODOS DE ENSAIO 223
- -

Ao fazer-se o ensaio de fusão. a amostra, se possível um frag-


mento pontiagudo do mineral, deve ser introduzida na chama do ma-
çarico justamente além da extremidade do cone interno, onde a com-
bustão é mais rápida e a temperatura, máxima. Se êle se funde e se
arredonda, perdendo seu contorno nítido, diz-se que é fusível na cha-
ma d o maçarico.
Os minerais podem, portanto, dividir-se em duas classes, os fusí-
veis e os não fusíveis nesta chama. Os minerais fusíveis podem ser
classificados ulteriormente, de acordo com a facilidade com que se
fundem. Para ajudar nesta classificação, escolheu-se uma série de seis
minerais, que mostram diferentes graus de fusibilidade, como uma es-
cala, em relação à qual podem ser referidos todos os minerais fusí-
veis. Por exemplo, quando se diz que um mineral tem fusibilidade de
3, isto siçnifica que êle se fundirá tão ficilmente quanto o mineral
relacionado como 3, na escala. Quando se fazem êstes ensaios compa-
rativos, é necessário usar fragmentos d o mesmo tamanho e ter unifor-
mes as condiçües da experiência. No quadro abaixo, dão-se os niine-
rais da escala d e fusibilidade com a temperatura aproximada em que
cada um se funde.

Escala de Fusihilidade

Número

1
blineral

E~tibnita
I
i
Po*to
Aproximado
de Fur.i«

525°C
1
I

'1
Obqerva~õer

Fiincle-se f;\cilrnente na chama de


veia
2 Calcopirita Um pequeno fragmenta fundir-se4
fàcilniente na chama de um queima.
8nnn dor de Bunsen
3 I Granada 1 0500 Não se funde na chama do queima-
I (Almandina) dor de Bunsen. ma3 se funde ficil-
mente na chama do mafarico

~
4 Artinolita i 1 200° Um estilhafo de pontas agudas fun-
de-se com pouca dificuldade na cha.
I ma d o maçarico
5
~ Ortoclásio

I
I 300° As arertas dos frapmentos arredon-
, dam-se com dificuldade na chama
d o mafarico
6 Ríonzita
I 4000 I Não se funde pràticamente na cha-
ma d o mafarico. Sbmente se m e -
dondam as extremidades finas d<ir
/ estilhaço^
-
7 Quartzo 1 710° NXo se funde na chama do ma(arico
I
224 MINERALOGIA QUíMICA

Chamas oxidantes e redutoras. A redução consiste essencial-


mente em retirar oxigênio de um composto químico e a oxidação, em
se lhe adicionar oxigênio. Estas duas reações químicas opostas podem
ser realizadas por meio seja de um queimador de Bunsen, se)a de uma
chama do maçarico. O cone b, Fig. 385, contém CO, monóxido de
carbono. Este é um agente redutor, pois, por causa de sua farte ten-
dência de tomar oxigênio para converter-se em C 0 2 , dióxido d e carbo-
-.'no, retirará, se possível, oxigênio de outra substância em contato com
ele. Por exemplo, caso se mantenha um pequeno fragmento de óxido
férrico, Fe203, nesta parte da chama do maçarico, êle será reduzido,

Fiz. 387. Bloco de Carwio Vegetal coin Auréol.i dç Óxido de Antimônio.

pela remoção do oxigênio, a óxido ferroso, FeO. Na Fig. 385, o cone


h é a parte redutora da chama d o maçarico e, caso seja executado
um ensaio de redução, o fragmento do mineral colocar-se-á em r.
Quando se vai realizar uma oxidação, o mineral tem de ser colocado
inteiramente fora da chama, onde o oxigênio do ar tem livre acesso
a êle, e, em local onde possa ainda obter em larga escala o calor
da chama. Nestas condiçóes, se a reação 6 possível, o oxigênio juntar-
-se-á ao mineral e a substância será oxidada. A parte oxidante da
chama d o maçarico está em o (Fig. 385). A pirita, FeS2, por exem-
plo, se colocada na chama oxidante, converter-se-á em óxido férrico,
Fe,On, e auidrido sulfuroso, S02.
Uso do carvão vegetal com o maqarico. Empregam-se, em cer-
to número de ensaios com o maçarico (Fig. 387), pequenos blocos de
carvão vegetal de cèrca de 10 cm de comprimento, 3 cm de largura
e 1 cm de espessura. Usa-se o carvão vegetal como suporte sobre o
qual várias reações são realizadas. Por exemplo, alguns metais, indi-
cados no quadro seguinte, podem ser reduzidos de seus minerais por
meio da chama do maçarico, realizando-se a experiência sóbre o
carvão vegetal.
INSTRUMENTOS E MÉTOWS DE ENSAIO 225

Glóbulos Metálicos Reduzidos Sobre o Carvão Vegetal

Elemento CÔr e Caráter


d o Glóbulo 1 Observações

Ouro Amarelo, mole, não se O ouro metálico pode ser reduzido, ficil-
Aii altera, permanece bri- mente, a partir dos teluretos de ouro s-m
lhante fliixo ou fundente.
Prata Branca. mole. n5o se Usualmente necessário usar uma mistura
AS altera, permanece bri. redutora. Para distingui-lo de outros g16-
Ihante biilos, dissolvè-lo em ácido nitrico, juntar
ácido cloridrico para obter um precipitado
branco de cloreto de prata
I
Estanho Branco, mole, torna-se Os glóbulos formam-se com dificuldade
Sn fôsco a o resfriar-se. mesmo com mistura redutora. O glóbulo
Revestimento branco de metálico oxida-se no ácido nitrico e passa
pelicula de óxido a um hidróxido branco.
Cobre Vermelho, mole, super- Os minerais de cobre devem ser calcinados
Cii ficie negra quando frio. para se Ihes retirar o enxofre. o arsênico e
dificilmente fusível o antimônio antes de misturá-los com a
mistura redutora.
Chumbo Cinzento, mole, fusivel. O carváo vegetal incandescente reduzirá o
Pb Brilhante na chama re- chumbo. Para distingui-lo de outros gló-
dutora, iridescente na bulos. dissolvê-la em ácida nitrico e, da
chama oxidante solução clara, precipitar o sulfato branca
de chumbo pela a d i ~ ã ode ácido sulfúrico.

NOTI: Obtêm-se muitas vêzer perotar mct6licar. fAcilmcnte luríveir. pelo aquecimento
de ~ o m ? o s t o l mclálicos contendo ~ n i ó f r c . antimónio ou rrsênico. Eitar ~ C r o l a rsão sempre
muito fráeeir e. muitas vêzer, maentticar. Obtçm-se as massas maeneficas ou gl6buion.
quando $e aquecem sóbre o carvão vegetal compostos de frrro, níquel c cobalfo.

E impossível extrair-se o metal de alguns minerais pelos meios


correntes d o maçarico. Outros metais podem ser reduzidos por meio
de um fluxo e alguns simplesmente pelo aquecimento sobre o carvão
vegetal. Uma mistura de carbonato de sódio e carvão vegetal em
proporções iguais, chamada mistura redutora, serve como um bom fun-
dente para a maioria das reduções.
Um dos usos importantes do bloco de carvão vegetal é a obten-
ção de auréolas de óxidos características sobre sua superfície. O qua-
dro da página 226 dá uma lista dos elementos que produzem aurio-
Ias quando seus m,inerais se aquecem na chama oxidante, sobre o
carvão vegetal. Em alguns casos, obtêm-se auréolas mais características
quando se acrescenta ao material a ser examinado algum reagente
químico. O reagente mais importante é o chamado fluxo d o bismuto
ou d o iodeto, uma mistura de iodeto de potássio e enxofre. Quando
se usa êste reagente. podem resultar auréolas de iodeto coloridas.
MINERALOGIA QUIMICA
-- . -- .

Sublimados Sôbre o Carvão Vegetal

Elemento / Composição
da Auréola I Cor e Caráter da Auréola
Sõbre
^ o Carvão Vegetal I Observaq5es

As
I
I
Oxido
arsenioso
As20.
Branca e volátil, deposi-
tando-se a alguma distân-
cia da amostra
Us~ialmente acompanha.
d o por odor de alho

Branca e volátil. deposi- Menos volátil d o que c


tando-se próximo da amos- óxido de anênico

I
Branca. volátil, tingida de Acompanhado por odor
selênio vermelho na parte exterior; peculiar. Tocada com a
cinzenta priiximo da amos- chama rediltora. a au-
tra I réola produz chama azul
Te Oxido de Branca, densa: volátil. Na Na chama redutora, a
telúrio p a n e exterior, de cinzenta aiirbola produz chama
TeO, a acastanhada de cor verde-azulada
Zn Oxido de Se misturada com carbo. 4 auréola, umedecida
zinco nato de sódia sabre o czir- com nitrato de cobalto e
ZnO vão vegetal. produz subli- aquecida, muda-se para
mado qiie não se volatili- verde
za; amarela. a quente,
branca, a frio. próximo da
amostra
Sn

I Oxido de
estanho
SnOi
Amarela desmaiada
quente, branca. a frio.
a

N á o se volatiliza na cha-
m a oxidante
A ailrbola, umedecida
com nitrato de cobalto e
aquecida. muda-se para
verde-azulada
Mo Óxido de Amareia pálida. a quente, A auréola. tocada por
molibdeno branca, a frio. Pode ser um momento por uma
Moos cristalina. Volátil na cha- chama redutora, muda-
ma oxidante M o o 2 verme. se para azul-escura
- Oxido de
lho sob ;i amostra

Amarela perto d o mineral A auréola pode ser com-


chumbo e branca mais longe. Vo- posta de sulfêto branco
PbO látil e sulfato de chumlx:
Pb
I ~ d e l ode
chumbo
Pbl,
i Amarelocromo t
--
i
alem d o óxido

P r o d ~ ~ ? ea reaçãn
quando os minerais de
chumbo sáo aqriecidr>r
com iluxo de iodeto

~
Oxido de Amarela perto d o mineral Deve ser distinguida da
bismuto e branca mais lonee. Vo- auréola d a Gxida
- :Ri látil chiimho por meio do en-
aio dn iodeto
Ri
Iodeto de Verme!ha brilhante com Prodiiz-se esta reaçãci
bismuto anel amarelo próximo da quando os minerais de
Ril. amostra hismuto sáo aquecido?
com fluxb de iodeto
7
INSTRUMENTOS E MÉTOWS DE ENSAIO 227
-- ~

Emprêgo dos tabletes de gêsso. Em a l p n s casos. é preferível


recolher os sublimados sobre a superfície de um tablete de gêsso do
que sobre o carvão vegetal. Coloca-se o material a ser ensaiado em
uma pequena depressão feita próximo de uma extremidade do ta-
blete e aquece-se, entáo, diante do maçarico, exatamente como no
carvão vegetal. Usa-se o tablete de gêsso para obter-se a côr dos su-
blimados que se observam mal sôhre o fundo negro do carvão ve-
getal. As auréolas de iodeto acentuam-se especialmente sobre o
tablete de gêsso.
Sublimados Sôbre o Gêsso

Composição d a
Côr e Cariter d a 1
Elemento auréola 1 Auréola Sobre o
Tablete de Fissa 1 Observóçóes

Se Óxidci de selênio Vermelha para u car- Volatiliza, prodiizindil


SeO, mesim. Volátil gases avermelhados c
odor caracteristico
Te Oxido de telúrio
TeO. 1 Castanha escura.
Ihtil
Vo- Na chama redutora. a
aur6ola produz chama
de côr verde-azclada
!
i Amarela-esverdeada. I
é vdátil
Cd Oxido de cádmio
CdO com castanho.. tanto
I perto d a amostra coma
1 Não
i distância
Ph Iodeto de chumbo Amarelo-cromo com ,
Phl, fluxo de iodeto
--
Bi lodeto de bismuto Cartanho-chocolate cun,
Ril, c& vermelha subjacen-
te, com fluxo de io-
1 Silhnietlda a vapbrer rle
amônia; a aur6ola tor-
na-se primeiramente a-
deto marela-alaranjada. e,
I depois. vermelha
Iodeto de R r a n c ~na chania ox; A auréola torna-se
iiiulih<leno 'Iarite. MOO, vermelhci azul ultramarina, qilan-
MOO, SOO a amostra do tocada com a cha-
Mo I ma redutora
I
1 Iodeto de Aml-ultramarina com i
rnolibdeno fluxo de iodeto

i
antimônio
Sbl, iodeto
1
Alaranjada para v-r- Desaparec? quando sub-
rnelha com fluxo dc metjda a vapores de
amonia

Ensaio em tuho aberto. Quando se fazem ensaios cm tubo


aberto. emprega-se um tuho de vidro duro. O tubo, com diâmetro
interno de 6 mm. deve ser cortado cm um comprimento de cêrca
de 15 cm. Pulveriza-se uma pequena quantidade do material a ser
testado e coloca-se n o tubo em um ponto aproximadamente a um
têrço de uma de s u a s extremidades. Inclina-se, então, o tubo a um
228 MINERALOGIA QUIMICA

ângulo tão agudo quanto possível, com o mineral situando-se mais


próximo da extremidade inferior. Mantém-se o tubo sobre a chama de
um queimador de Bunsen, d e tal maneira que ela incida sobre a parte
superior do tubo; isto serve para converter o tubo inclinado em uma
chaminé, na qual uma corrente de ar flui de baixo para cima. De-
pois de um momento, o tubo é mudado de posição, de modo que a
chama o aqueça em um ponto justamente acima d o mineral, ou, em
alguns casos, possa ser colocada diretamente sob o mineral. Nestas
condições, o mineral está sendo aquecido em uma corrente contínua
de ar e será oxidado, caso seja possível esta reação. Vários 6xidos
podem desprender-se como gases, escapando-se pela extremidade do
tubo, ou condensando-se sobre suas paredes como sublimados. O
quadro a seguir dá uma lista dos elementos que produzem reações
características nos tubos abertos.

Sublimados nos Tubos Abertos


Produtos da Oxidação
Elemento ObservaçUes
Composição 1 Cor e Caráter

I_ Anidrido
sulfuroso
O SOn C gás inco-
lar, saindo pela ex-
tremidade superior
do tubo
O gás tem odor acre e irritante.
Se se coloca uma tira úmida de
papel de tornassol azul na extre-
midade superior d a tubo, ela tor-
na-se vermelha, pela reação áci-
da do ácido sulfuroso
As Oxido Branco, altamente O sublimado condensa-se, a uma
arsenioso volátil e cristalino distância considerável acima da
As,O$ porção aquecida, em pequenos
cristais octabdricos
óxido anti- Branco, volátil e O sublimado forma um anel
monioso cristalino branco mais próximo da porção
Sb,O, aquecida do tubo do que o Óxi-
do arsenioso. Obtêm-se dos com-
postas de antimônio isentos de
Sb enxofre
Tetróxido de Amarelo-pálido, a Sb,O, obtida da sulfêto de anti-
antimônia quente, branco, a mônio e das sulfantimonitas. As-
Sb,O, frio. Denso, amorfo, senta-se principalmente na parte
não se volatiliza inferior do tubo, sendo acompa-
nhado usualmente pelo SblO.
Mo Trióxido de De amarelo-pálido Tocados com a chama redutora,
malibdeno para branco; seus os crktais tornam-se azuis

I
cristais f <ri rn a m
uma trama perta da ,
parte aquecida

Ensaio em tubo fechado. O tubo fechado feito de vidro mole


deve ter um comprimento de aproximadamente 10 cm e um diâmetro
INSTRUMENTOS E MLTODOS DE ENSAIO 229

interno de 3 a 4 mm. Podemos fazer dois tubos fechados, tomando


uma peça de tubo aberto de 20 cm de comprimento, fundindo-a em
sua parte central e separando-a em seguida em duas metades. O ensaio
em tubo fechado serve para determinar o que ocorre quando se aquece
um mineral na ausência de oxigênio. Na execução d o ensaio, reduz-se
o mineral a pequenos fragmentos, ou a pó, colocando-o na extremida-
de fechada do tubo que, em seguida, se aquece na chama de um quei-
mador de Bunsen.
Ensaios em Tubo Fechado

Elemento Substância / Côr e Caráter Observações

Agua Líquido incolor, Os minerais que contèm água de


fàcilmente volátil cristalizaçáo, ou hidroxila. pro-
duzem a um aquecimento mode-
rado um depósito de gótas de
água nas paredes superiores, frias
d o tubo. A água pode ser ácida
por conter ácido clorídrico, fluo-
ridrico. sulfúrico oii outro ácido
volátil
S Enxôfre Vermelha, a quen- Dado sòmente pelo enxofre nati-
te, amarelo, a frio. vo e pelos sulfetos contendo alta
Volátil oercentaeem de enxofre
Dois anéis em re- Dado pelo arsènico nativa e al-
dor d o tubo: iim guns arsenietos
de material amor-
f o prêto; o outro,
perto da extremi-
dade inferior, de
material cristalina
de côr cinza-pra-
ta, o "espelho de
arsênico"
Sulfetos de Liquido vermelho Dado pelo realgar, AsS, e ouro-
arsènico intensa, a quente, -pigmento, A%S,. e alguns sulfe-
AsS sólido amarelo- tos de arsênico
AsS, -avermelhado, a
frio
Oxissulfeto Aurtola levemen- Dado pelo sulfèto de antimônio
de antimô- te castanha-aver- e alguns sulfoantimonietos
nio melhada próximo
Sb,S,O d a extremidade in-
ferior do tubo
Sulfèto de Sublimado amor- Produz-se êste ensaio quando o
mercúrio fo. negro cinálirio, HgS é aquecido sòzinho
HES
Hg
I Mercúrio
Hg
Glóbulos metáli-
cos, cinzentos
Obtém-se o mercúrio metálico
quando o cinábrio é misturado
com carbonato de sódio e aque-
cido
MINERALOGIA QUIMICA

Colorações das Chamas

Estrôncio Carmesim Os minerais de estrôncio que dáo d r à chama,


Sr I produzem também resíduos alcalinos depois de
l 1 aquecidos
Litio i Carmesim Os minerais de litio que produzem a côr da chama
Li não fornecem resíduos alcalinos depois de aqueci-
dos (diferem por esta forma do ertrôncio)
Cálcio Alaranjada Na maioria dos casos, obter-se-á uma chama de
Ca cálcio, nítida, sòmente depois que a amostra fôr
umedecida com HCI
Sódio Amarela Reação muito delicada. A chama deve ser muito
intensa forte e persistente para indicar a presença d o sódio
no mineral como constitiiinte essencial
Verde- Os minerais que dáo a chama d o bário produzem
-amarela também resíduos alcalinos depois ;o aquecimento
Obtida d o Óxido ou d o sulfêto de molibdeno
-amarela
Verde- Os minerais que dão a chama d o boro produzem
B -amarela raramente resíduos alcalinos depois de aquecidos.
Muitos minerais de boro darão chama verde sò-
de terem sido desintegrados pelo áci-
i ou ixlo "fliixo de boro"

Verde- Obtida d o óxido de cobre


-esmeralda
I
Aziil-celeste Obtida do cloreto de cobre. Qualquer mineral de

I cobre dará a chama d o cloreto de cobre depois de


ter sido umedecida com ácido cloridrico

Cloro i Azul-celeste. Se um mineral que contém cloro f6r misturado


C1 (Chama do com óxido de cobre e introduzido na chama, resul-
I cloreto de tará a chama do cloreto de cobre
cobre)
Fósforo Verde-azulada U m mineral de fósforo pode não dar a c6r da cha-
P pálida ma até que seja umedecido com ácido sulfúrico.
Não é ensaio decisivo
Zinco Verde-arulada, Aparece usualmente como traços brilhantes na
Zn chama
-
Antimônio Verdr-pálida Observa-se melhor a chama quando se funde o mi-
Sb neral sôbre o carvão vegetal. A côr aparece em re-
dor da amostra

Chumbo Azul-celeste. Pode observar-se a chama aparecer em t6rno da


Pb pálida amostra quando se funde um mineral de chumbo
sôbre a carvão vegetal

Potássio Violeta Para obter-se a cor da chama, pode ser necessário


K decompor o mineral com um fluxo de gipso,
CaSO.ZH,O
INSTRUMENTOS E MÉTOWS DE ENSAIO 131
- -

Ensaios de chama. Certos elementos podem ser volatilizados


quando se aquecem intensamente os minerais que os contêm, confe-
rindo, assim, à chama, côres características. Pode-se fazer um ensaio
da chama mediante o aquecimento de um pequeno pedaço do mineral
seguro com uma pinça; obtém-se, no entanto, usualmente um ensaio
mais decisivo quando o pó fino do mineral é introduzido na chama
d o queimador de Bunsen, estando colocado em alça de platina. Alguns
minerais contêm elementos que, normalmente, conferem uma côr à
chama, mas, por causa de não se volatilizarem em conseqüência da
natureza de sua combinação química, deixam de dar a chama caracte-
rística, até que se desintegrem mediante a ação de um ácido ou d e um
fluxo.
Frequentemente, a côr de uma chama se mascara pela presença
de uma chama de sódio. Embora um mineral possa não conter sódio,
pode estar revestido da poeira de um composto de sódio sempre pre-
sente no laboratório, sendo possível que possa resultar uma chama
amarela. Um filtro de vidro azul, mantido diante da chama, absorverá
completamente a chama amarela d o sódio e permitirá que sejam obser-
vadas as côres das chamas características de alguns outros elementos.

1
Reacóes de cores com os fluxos. Alguns elementos, quando dis-
solvidos em certos fluxos, emprestam uma côr característica à massa
fundida. Os fluxos usados mais comumente são o bó-
rax, Na,B,O7~10H2O, o carbonato de sódio, Na,CO,
e o sal de fósforo HNaNH4P0,,4H,O. Realiza-se a
operaçáo mais satisfatòriamente, fundindo primeira-
mente o fluxo em uma pequena alça de platina sob a
forma de uma pérola configurada em uma lente. Para
resultados melhores a alca de platina deve ter a forma
e o tamanho vistos na Fig. 388. Depois de ter sido I
fundido o fluxo numa pérola, no fio, introduz-se nêle
o pó d o mineral que é dissolvido mediante o aqueci- !,
mento ulterior'. A côr da pérola resultante pode de-
pender de haver sido ela aquecida na chama oxidante
ou redutora. Fip. 388. Alta
no Fio de Pla-
Além disso, quando o carbonato de sódio com rina.
óxido de manganês é aquecido com um grão de nitro,
na chama oxidante, produz uma pérola que não é transparente, verde,
a quente, verde-azulada, a frio. Quando aquecido na chama redutora,
produz uma pérola incolor.
Todos OS minerais metzlican dcvsm ser calcinados antes de serem introdiizidnr na
pérola. pois SEU bxido e
e o que desejado. +e<pecialmenie <ie.eiivel eliminar-se a mineral
de arrenico, pois mesmo peqcicnar qitnnlidadci deste elemento tornam a platina que-
hradi(a c fazem com que re rompa a cxlrcmidadc dii fio.
232 MINERALOGIA QUIMICA

Ensaios de corrosiio. Usa-se uma série de ensaios de corrosóo


para a determinação de misturas de granulaçáo fina de minerais me-
tálicos. O espécime deve ser polido primeiramente e colocado em
montagem apropriada, de modo que a superfície polida possa ser
examinada microscòpicamente. Quando examinados assim, muitos mi-
nerais têm uma aparência característica, podendo ser reconhecidos pela
inspeçáo. Todavia, os minerais que se assemelham entre si na superfície
polida podem ser diferenciados pela corrosio de suas superfícies, com
reagentes apropriados. Os mineralogistas que se preocupam com a

Reaqóes de Côres com os Fluxos*


(Ensaios de Pérolas)

1 Pérola de bórax 1 Pérola de Sal de Fósforo


Oxidi>\ de Chama Chama Chsma Chama
0xiJ:inic Rrdutiir~ OxiJnnie Kediitora

Titânio Incolor a
branca 1-
Violeta-
acastanhada
Incolor Violeta

Tungstênio Incolor ou Amarela a 1 ~ncoior 1 AZUI

Molibdeno

Cromo
branca

Incolor ou
branca
Verde-
castanha-
-amarelada
Castanha

Verde
1/ Incolor

Verde
II verde

Verde
-amarelada
I
Vanádio Verde- Verde Amarela Verde
-amarelada
quase incolor
Urânio Amarela Amarela- Amarela- Verde
-pálida a -esverdeada-
quase incolor -uálida
Amarela Verde- Amarela a Quase incolor
-garrafa- quase incolor
&lida
Cobre Verde-azulada Vermelha- Azul Vermelha-
-opaca com -opaca
muito óxido
Cobalto Azul Azul Azul Anil
Níquel Castanha- Cinzenta- Amarela a Amarela a
-avermelhada -opaca amarela- amarela-
-avermelhada -avemelhada
Manganês Violeta- Incolor Violeta Incolor
-avermelhada

As d r c s dadas silo as que se obtem depois quc a Perora fica fria.


INSTRUMENTOS E MLTODOS DE ENSAIO 233
-- -- -- -- -.
-

geologia econômica, particularmente, usam este método no estudo dos


minérios. A técnica tornou-se táo altamente especializada que temos de
referir-nos a livros específicos para tratamento adequado do assunto.
Reaçóes microqufmicas. Outro método de determinação dos ele-
mentos nos minerais usa o microscópio para observar as reações quí-
micas e os produtos dessas reaçóes. O método microquímico aplica-sc
particularmente a pequenas quantidades, tendo assim vantagem defini-
da sobre outros métodos, quando se trata de uma quantidade limitada
de material. Todavia, seu emprêgo exige um microscópio petrográfico
e um conhecimento das propriedades ópticas das substâncias cristali-
nas. Conseqüentemente, uma discussão dêste método está por igual
além d o escopo dêste livro, devendo o leitor procurar livros espe-
cializado~sobre o assunto.
MINERALOGIA
DESCRITIVA
I
A. INTRODUÇÃO
! Nas páginas seguintes, acha-se uma descrição de 200 minerais,
aproximadamente. Este é um número relativamente pequeno, pois os
mineralogistas reconheceram e descreveram cêrca de 1.500 minerais,
como espécies bona fide. Esta lista de 200 inclui todos os minerais
I comuns e os que são, econômicamente, de máxima importância. Dáo-
se os nomes de alguns outros minerais e de suas composições qui-
micas.
Nas descriçóes individuais, consideram-se, primeiramente, as pro-
priedades cristalográficas, químicas e físicas gerais e, depois, os as-
pectos e ensaios que auxiliam a reconhecer o mineral e a distingui-lo
dos outros. Faz-se também um relato resumido d o modo de ocorrência
e as associações minerais características. Mencionam-se, por igual, as
localidades em que um mineral ocorre em quantidade e qualidade no-
táveis. Para os minerais que se encontram abundantemente por todo
o mundo. citam-se principalmente as localidades norte-americanas. Se
o mineral possui valor econômico, enunciam-se resumidamente seus
usos. Quando possível, dá-se a derivação d o nome do mineral. No
fim de algumas das descrições individuais, existe um titulo "Espécies
semelhantes"; a semelhança das espécies relacionadas com o mineral,
cuja descrição precede, pode ser na base ou da composição química,
ou da estrutura d o cristal. Conseqüentemente, os nomes dêsses mine-
rais não estão necessariamente nos lugares onde apareceriam. se êste
livro fosse ampliado para incluir suas descrições.
Os títulos sob os quais se dispóem os vários dados de cada
mineral são:

Cristalografia Alteraçáo
Propriedades físicas Ocorrência
CO~~OSIF~O USO
Ensaios _ Nome
Aspectos diagnósticos EipCcie~ semelhantes

A classificação mineral, usada neste livro', baseia-se na com-


posição química. da qual as divisões mais amplas são as seguintes
classes:

1. Elementos. Cêrca de 20 elementos se encontram como mi-


neraissob forma não combinada, dizendo-se que ocorrem no e s c d o
nativo. E x g m n 1 0 ~ ~ 1 ~ -
2 . Sulfetos. Esta classe consiste, na maior parte, em combina-
çóes de vários metais com enx6fre..selênio ou telúrio.
-~
A maioria dos
minérios metálicos estáo nesta classe. Exemplo, galena, PbS.
3 . Sulfossais. Os minerais compostos de chumbo, cobre ou
prata em combinação com enxofre e antimônio, arsênico ou bismuto
são incluídos na classe dos sulfossais. Exemplo, enargita, CusAsS4.
4 . bxidos. a . bxidos simples e múltiplos. O s minerais desta
classe contêm um metal em combinação com o oxigênio. Exemplo,
hematita, Fe,O:,.
h. Hidróxidos. Os óxidos minerais contendo água ou a oxi-
drila ( O H ) , como radical importante, estão incluídos nesta classe.
Exemplo, brucita, Mg(OH)2.
5 . Halóides. Esta classe inclui os cloretos, fluoretos. brometo?
e iodetos naturais. Exemplo, fluorita. CaF,.
6 . Cmhonafos. Nesta classe, estáo os minerais, cujas fórmulas
incluem o radical carbonato, COs. Exemplo, calcita, C a c o 3 .

A cliuiificacáo deste livro haqcia-se na usada nos seguintes trabalhos:


I . C. Palache. H. Bermann. C. Frondd. Dana's Swfrm o1 Min=raloe?. 7.' cd.. Vol. 1
(19441, Vol. 11 (1952). John Wilcy rnd Sons. New York. Uma descrii2o critica de
todw 0s minerais, erceto oi siliçatos.
2. H. Struw Mincrologische Tohcllrn. 3.+d., Akadernische Verlags.. LciDZia. 1957.
U m a mlaglo c clnssificagáo em harcs cristaloqiiimirar dc todos os minrrais c um sumário
rrrirmido dar propricdadci.
1 236 MINERALOGIA DESCRITIVA

7 . Nitratos. Os minerais que podem ser considerados sais do


ácido nítrico e contêm o radical NO:, incluem-se nesta classe. Exem-
plo, nitro, KNOa.
8. Boratos. Os baratos contêm o grupo BO:,. Exemplo,
bórax Na,B,O, .10H,O.
9 . Fosfatos. Estão incluídos nesta classe os minerais, cujas
fórmulas contêm o radical PO,. Exemplo, apatita, Ca,(F, CI)-(P04)3.
10. Sulfatos. Estão nesta classe os minerais cujas fórmulas
incluem o radical sulfato, S04. Exemplo, barita BaS04.
11. Tungstatos. . Os poucos minerais que estão incluídos nesta
classe têm o radical tungstato, WO,, em suas fórmulas. Exemplo,
scheelita, CaWO,.
12. Silicatos. Os silicatos formam a classe química máxima en-
tre os minerais. Contêm vários elementos, dos quais os mais comuns
são o s a i o , o potássio, o ~ á l c i o ,o magnésio, o alumínio e o ferro,
em combinação com o silício e o oxigênio, formando frequentemente
estruturas químicas muito complexas.
As classes acima subdividem-se em famílias na base dos tipos
químicos, e a família, por sua vez, pode ser dividida ulteriormente
em grupos que mostram semelhança íntima estmtural e cristalográfica.
Um grupo é constituído de espécies que podem formar séries entre si
e, finalmente, uma espécie pode ter diversas variedades. E m cada
classe, dão-se, primeiramente, os -..
minerais-com a relação mais elevada
do-metal sobre o não-metal, seguidos pelos que contêm progressiva-
mente menos metal. O número de minerais descritos neste livro é re-
lativamente tão pequeno que, muitas vêzes, se representa sòmente um
membro de um grupo ou de uma família, não sendo, assim, prática
a adesão rigorosa à divisão e à subdivisão.
Como introdução a cada uma das classes químicas, fazem-se al-
gumas observações preliminares relativas à cristaloquímica da classe.
Estas discussões, de nenhum modo, são completas, sendo dadas, no
entanto, como base para a compreensão das razões das semelhanças
e diferenças dos membros da classe.

B. ELEMENTOS NATIVOS
Excetuando-se os gases livres da atmosfera, encontram-se no
estado nativo sòmente cêrca de vinte elementos, que podem ser di-
vididos em (1) metais; ( 2 ) semimetais; ( 3 ) não-metais. Os metais
nativos mais comuns constituem três grupos isoestruturais: a c u p o 0
-doourc: ouro, prata, cobre e chumbo; o grupo-da platina: platina,
paládio, irídio e ósmio e o grupo d o ferro: ferro e fer:qnjquel,Adi-
-
ELEMENTOS NATIVOS

cionalmente, encontram-se o mercúrio, o tãntalo, o estanho e o zinco.


Os semimetais nativos formam dois grupos isoestruturais: o arsênico,
o antimónio e o bismuto cristalizam-se na classe escalenoédrica-he-
xagona!, e o selênio e o telúrio, menos comuns, na classe trapezd-
'dricaltrigonal. Os não-metais importantes são o carbono, sob a forma
de diamante e grafita, e x e n ~ ô f r~e- .,

Metais Nativos
E adequado que a mineralosia descritiva comece com uma dis-
cussão d o grupo do ouro, porque o conhecimento humano das pro-
priedades e utilidade dos metais se originou da descoberta casual de
pepitas e massas dêsses minerais. Muitas culturas primitivas, relativa-
mente avançadas, como a amerindia, restringiram-se, em seu uso de
metal, ao que acharam no estado nativo.

Fig. 389. Modêli> do enipucotament<i do cobre, Cii. A fotografia mostra os


átomos de cobre em coordenaçáu 12 (rnipacotarnento cúbico mais compacfo).
dispostos em retici~lo cúbico de faces centradas. A prata, o oilro e miiitos
otitros metais têm esta e\trutura.

Os elementos do grupo do ouro pertencem à mesma família na


classificação periódica dos elementos e, portanto, seus átomos têm
propriedade? químicas algo semelhantes: todos são suficientemente
I 238
- MINERALOGIA DESCRITIVA

l inertes para ocorrerem livres na natureza. Quando não estáo combi-


i
I
nados.- com- outros elementos, os átomos déstes cristais estáo unidos
~

I em estruturas cristalinas mediante ligação metálica relativamente fraca.


Os minerais sáo isoestruturais e construídos em retículo cúbico de fa-
ces centradas com átomos idênticos em coordenação 12 (Fig. 389).
As propriedades semelhantes dos membros dêste grupo originam-
se da estrutura comum. T@os-sápre-tivamente moles;- t~dos.-s~áo~
e&
l~& -d e s&teis, Todos sáo excelentes onduto-s de.ca1or.e
&id&de, exibem b&metá!ico e fratura serrilha-, tendo p-os-
de f u s ã o . b e m - k i ~ ? . Estas propriedades são conferidas pela ligação
metálica. Todos são i&~c&os, hexaoctaédricos e tém densidades
muito elevadas. Estas propriedades provém d o empacotamento muito
econômico, chamado , e m p q c ~ ~ m e n t o ~ c ú b ~ ~ o ~ ~ a ~ ? ~ .
As propriedades, relativamente às quais diferem os minerais dês-
te grupo, originam-se das dos átomos dos elementos individuais. Assim,
azare-d~ou~, o branco da prata, o yermelho-do-cobr~sãop-
pr_iedad atômica- As densidades rzativas dependem igualmente das
propriedadés atômicas e mostram p~oporcionalidad~ aproximada~para
com os pesos. atÔrnic0s-i
Os membros dêste grupo são isoestruturais e o fator dominante
que controla a solução sólida entre êles é o raio atômico. Assim, o
ouro e a prata, com o mesmo raio atômico (1,44 A ) , apresentam so-
lubilidade sólida mútua, completa, mas ordinàriamente contêm apenas
quantidades de cobre pequenas (raio a!òmico 1,28 A ) . Inversamente,
o cobre nativo tem sòmente traços de outro e prata na soluqão sólida.
0 s membros d o grupo da platina, dos quais sòmente esta será
---
tratada neste livro, sZo mais d u o s e ttêm pontos de f@a-do
que os do grupo d o-- ouro.
. . . - A platina assemelha-se em sua estrutura
ao ouro.
Os cristais dos metais do grupo do ferro, embora isométricos, têm
.~-
um retículo cúbicq. de corpo centrado em que cada átomo t o c a ~ o s . .
_troslpito,Sua estrutura é assim semelhante à do cloreto de césio
(Fig. 3 7 6 ) . O ferro e o níquel têm ambos raios atômicos de 1,24 A,
podendo o ferro substituir, de maneira parcial e, usualmente o faz, o
níquel. Esta solução sólida, ferqo-níquel-é particularmente característi-.
ca dos meteoritm de Cerro, acreditando-se que constitua grande parte
d o núcleo da Terra.
Metais Nativos
GRUPOw Oiino Gni:poDA PLATINA
Ouro Ali Platina Pt
Prata AC Gaupo no FERRO
Cohre Cii Ferro Fe
ELEMENTOS NATIVOS 239
p~ --

OURO - Au
Cristalografia. Isométrico; hexaoctaidrica. Comumente, os cris-
tais são octaédricos (Fig. 390), raramente mostrando as faces do do-
decaedro, d o cubo e do trapezoedro { I1 3 ) . Muitas vêzes, em grupos
de cristais arhorescentes, alongados na direção de um eixo de simetria
ternário, ou achatados paralelamente a uma face do octaedro. Cristais
formados irregularmente, adquirindo configurações filiformes. reticula-
das e dendriticas (Fig. 391). Raramente, mostra formas de cristal;
usualmente, em placas, escamas ou massas irregulares.
Propriedades físicas. D 2!i-3. d 19,3, quando puro. A presença
de outros metais diminui a densidade relativa que pode baixar até 15.
Muito maleável e dúctil. Opaco. Vários matizes do amarelo dependcn-
do da pureza, tornando-se cada vez mais pálido com o aumento da
percentagem de prata presente.

Fig. 390. Octnedro de Oiirii Fig. 391. O ~ i r i . I>enií:ítico.


Maliormado.

CompcrriçZo. Ouro. Existe unia série completa de solução só-


lida entre o ouro e a pratu e a maioria do ouro contém alguma prata.
O ouro da Califbrnia centirn 10 a 15 por cento de prata. Quando
a prata está presente eiii quantidades maiores do que 20 por cento,
conhece-se a liga por eicrr-o. Podem estar presentes pequenas quanti-
dades de cobre e £?,no, aisim como traços de bismuto, chumbo, esta-
nho. zinco e platina. A pureza d o ouro é expressa em partes por
i 000. A maioria do ouro contim aproximadamente 1 0 por cento de
outros metais, tendo assim iim2 pureza de 900.
Ensaio.<.. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade
(1 063°C). Insolúvel nos ácidos comuns, mas solúvel na ríniio régio
(uma mistura de ácido nltrico e clorídrico).
240 MINERALOGIA DESCRITIVA
~ --

Aspectos dia,onósticos. O ouro distingue-se de certos sulfetos


amarelos (particularmente da pirita e da calcopirita) e das lâminas
amarelas das micas alteradas por sua maleabilidade, sua insolubilidade
no ácido nítrico e sua densidade relativa alta.
Ocorrência. Embora o ouro seja um elemento raro, êle ocorre
na natureza distribuído, amplamente, em pequenas quantidades. En-
contra-se mais comumente nos filões tendo relação genética com os
tipos silícicos das rochas ígneas. Em alguns lugares, foi encontrado
intimamente associado com rochas ígneas, como no complexo ígneo de
Bushveld, no Transvaal, Africa do Sul. A maior parte d o ouro ocorre
como metal nativo; o telúrio e possivelmente o selênio são os únicos
elementos combinados com êle na natureza.
A principal fonte de ouro são os chamados filões hidrotermais
de quartzo aurífero onde, juntamente com a pirita e outros sulfetos,
.
.a- .
.
.
'
se depositou o ouro a partir de soluções ascendentes que continham
os minerais. Na superfície da Terra e próximo dela, os sulfetos con-
tendo ouro oxidam-se naturalmente, libertando o ouro e tornando
fácil sua extraçáo. Estes minérios denominam-se "livres" porque seu
conteúdo em ouro pode ser recuperado mediante amalgamação com
o mercúrio. O minério, finamente moído, é lavado sobre placas de
cobre revestidas com mercúrio. Quando os sulfetos estão presentes em
qualquer quantidade, nem todo o ouro pode ser recuperado por
amalgamação, devendo empregar-se os processos de cianetação ou de
cloração. No proceso de cianetação, trata-se o minério finamente moí-
do com uma solução de cianeto de potássio ou sndio, com o que se
forma um cianeto solúvel. Recupera-se, então, o ouro por precipitação
com zinco, ou por eletrólise. O processo de cloração transforma o
ouro em uma forma solúvel mediante o tratamento, com cloro, d o
minério esmagado e calcinado. Na maioria dos filóes, o ouro está tão
finamente dividido e uniformemente distribuído que sua presença no
minério não pode ser descoberta com a vista. Com os processos quí-
micos de extração d o ouro, os minérios com valores tão baixos como
um dólar por tonelada podem ser trabalhados lucrativamente. E in-
teressante notar que com o valor do ouro a 35 dólares por 31,lO gra-
mas, êsse minério conteria aproximadamente 0,0001 por cento de ouro,
em pêso.
Quando os filões que contêm ouro são submetidos à açáo do tem-
po, o ouro liberado ou permanece no manto d o solo, ou é levado para
os riachos vizinhos. No solo, ocorre uma concentração residual e nos
riachos formam-se depósitos denominados "pláceres", ou aluviks de
minérios. Por causa de sua densidade relativa alta, separa-se o ouro
mecânicamente das areias e cascalhos mais leves do leito dos riachos.
ELEMENTOS NATIVOS 241
--

Dêste modo, ocorre uma concentraç80 atrás das irregularidades que se


projetam d o leito do riacho e nas cavidades, e forma-se um "pláccr"
de ouro. Encontra-se o ouro em pcpitas e grãos redondos ou achata-
dos. Lâminas muito finas de ouro podem ser levadas a Ioiigas distân-
cias pelas correntes. Pode recuperar-se o ouro da aluvião pelo batea-
mento das areias e lavagem posterior para a concentração dos minerais
pesados, dos quais será possível separar o ouro fàcilmente. Usam-se
calhas para a operação em grande escala. Lava-se a areia aurifera em
calhas. onde o ouro se acumula atrás de travessóes adequadamente co-
locados para retê-lo. Ai, êle fonna amálgama com o mercúrio que foi
pósto atrás dos travessóes. Empregam-se, algumas vêzes, desmontes
hidráulicos para remover grandes quantidades de cascalho pelas calhas.
Utilizam-se hoje, em muitas minerações de alúvios, draeas, algumas
das quais são tão grandes que podem extrair o ouro de milhares de me-
tros cúbicos de cascalho, por dia. Certas dracas podem operar econo-
micamente cascalhos que, em média, não contêm mais do que dez . I. .
centavos de dolar, em ouro, por metro cúbico. Alguns depósitoi de
ouro de aluvião foram cobertos por derrames de lavas e, assim. preser-
vados como pláceres soterrados. Grande parte do ouro aluvionar da
Califórnia provém de depósitos dessa natureza e situam-se, azora, na -
parte alta dos divisores entre vales, dadas as mudanças na elevação
e rearranjo da drenagem.
Os Estados produtores de ouro mais importantes dos Estados Uni-
dos, na ordem da quantidade de ouro produzida presentemente. são:
Dakota d o Sul, Utah, Califórnia, Alaska, Arizona, Colorado. Nevada
e Montana. Cem anos depois que se descobriu o ouro na Califórnia,
em 1848, era êste Estado o principal produtor de ouro. Em 1949, sua
produ;ão foi excedida por Dakota do Sul e, em 1950. por Utah. Os
distritos da Califórnia produtores de ouro mais importantes s5o os de
Mother Lode, uma série de filóes de quartzo aurifero ao longo da
vertente ocidental da Serra Nevada, e Amador, Calaveras, Eldora-
do, Tuolomne e Mariposa Counties. Quase metade do ouro da Cali-
fórnia vem dos pláceres trabalhados na maior parte mediante opera-
çóes de dragagem. A niaioria do ouro beneficiado no Alaska provém
dos pláceres. A mina de ouro de máxima produtividade dos Estados
Unidos, hoje, é a mina de Homestake, em Lead. em Dakota d o Sul.
Quase 40 por cento da produção do ouro (mais de 14 milhóes de
onças por ano). vêm da União Africana. principalmente de Witwa-
tersrand, "The Rand", perto de Johannesburgo, no Transvaal. O ouro
está espalhado por conglomerados de quartzo Precambriano que mer-
gulham fortemente, estendendo-se por mais de 100 milhas na d i r e ~ ã o
leste-oes:-. Mais recentemente. depósitos semelhantes. no sul do Estado
242 MINERALOGIA DESCRITIVA
- --

Livre de Orange, tornaram-se os maiores produtores. Acredita-se que


o segundo produtor do mundo seja a U . R . S. S. Embora não sejam
disponíveis cifras acuradas, estima-se sua produção em cêrca de
9 000 000 de onças por ano. A maior parte dêle vem de aluviões aurí-
feras na Sibéria e das minas nas vertentes dos Montes Urais. Outros
países produtores são: Canadá, principalmente Ontário, Quebec e
Territórios a Noroeste; Austrália, especialmente Kalgoorlie (teluretos,
em grande parte), Bendigo e Ballarat; Ilhas Filipinas; México, Co-
lômbia e fndia.
Uso. O principal uso do ouro é o de ser um padrão monetário.
Outros usos: joalharia, instrumentos científicos, galvanoplastia, falha
de ouro e na odontologia.

PRATA - Ag
Cristalografia. Isométrico; hexaoctaLdrica. Cristais ordinària-
mente malformados e em grupos ramificados, arborescentes ou reti-
culados. Encontrada usualmente em escamas, placas e massas irre-
gulares; em certos lugares, como fio fino ou grosso.
Propriedades físrcas. D 2%-3. d 10,5 quando pura, 10-12 quan-
do impura. Fratura serrilhada. Maleável e dúctil. Brilho metálico. CÔr
e trafo: branco da prata, manchado muitas vêzes de castanho ou de
prêto-acinzentado.
Composiçüo. Prata, contendo frequentemente mercúrio, cobre e
ouro ligados, mais raramente traços de platina, antimônio e bismuto.
Amálgama é uma solução sólida de prata e mercúrio.
Ensaios. Corresponde ao número 2 (960,S°C) na escala de fu-
sibilidade, produzindo um glóbulo brilhante. Solúvel no ácido nítrico,
dando pela adição de ácido clorídrico um precipitado branco, coa-
lhado, de cloreto de prata.
Aspectos diagnósticos. A prata pode ser distinguida dos mine-
rais de aparência semelhante por sua natureza maleável, sua cor em
superfície e sua densidade relativa alta.
Ocorrência. A prata nativa está distribuída amplamente em pe-
quenas quantidades, principalmente na zona oxidada dos depósitos do
minério. Os grandes depósitos de prata nativa são provàvelmente o
resultado da deposição primitiva da prata proveniente das soluções
hidrotermais. Existem três dbses tipos: prata nativa com sulfetos e
outros minerais de prata, com minerais de cobalto e níquel e com a
nraninita.
As minas de Kongsberg, Nomega, trabalhadas há várias centenas
de anos, produziram espécimes magníficos de fios de prata cristali-
ELEMENTOS NATIVOS 243

zada. Outras antigas e famosas minas de prata estão em Freiberg e


Schneeberg na Saxônia. Acha-se também a prata nativa na Boêmia,
Alsácia, Sibéria, Nova Gales d o Sul, em Broken Hill, e no México.
Nos Estados Unidos, achou-se a prata nativa juntamente com o
cobre nativo nas minas de cobre do Lago Superior; em Montana, em
Butte, e na mina de Elkhorn, em Jefferson County; em Idaho, na mina
Poorman, distrito de Silver City; em Colorado, em Aspen, e no Arizo-
na, na mina Silver King. No Canadá, achou-se a prata nativa abun-
dantemente em Cobalt, Ontário (extraiu-se dali um bloco com o pêso
de aproximadamente 800 kg) ; no distrito de Thunder Bay, na margem
norte d o Lago Superior, em Silver Islet, e associada com a uraninita
no Lago do Grande Urso, Territórios do Noroeste.
Uso. Um minério de prata, embora na maior parte do supri-
mento do mundo venha de outros minerais. A prata é usada para
propósitos ornamentais, cunhagem e prateação. Liga-se ordinàriamen-
te com o cobre. A moeda padrão de prata nos Estados Unidos contém
uma parte de cobre para nove partes de prata.

COBRE - Cu
Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Comumrnte com fa-
ces tetraexaédricas (Fig. 392), também o cubo, o dodecaedro e o
octaedro. Cristais usualmente malformados e em grupos ramificados e
arborescentes (Figs. 393 e 394). Usualmente em escamas, placas e
massas irregulares. Em formas torcidas e semelhantes a fios.
Propriedades físicas. D 2%-3. d 8.9. Altamente dúctil e maleável.
Fratura serrilhada. Côr: vermelho do cobre sôbre superfície recente,
usualmente escuro, com brilho apagado, por causa do embacia-
mento.

Fig. 392. Cristal de Cobre. Fig. 393. Cobre Drndriticci

Composição. Cobre, contendo muitas vêzes pequenas qmntida-


des de prata, bismuto. mercúrio. arsênico e antimônio.
MINERALOGIA DESCRITIVA
-

Ensaios. Corresponde ao número 3 ( l.0X3°C) da escala de fu-


sibilidade, fundindo-se sob a forma de um glóbulo. Dissolve-se pronta-
mente no ácido nítrico, tomando a solução uma cor azul intensa. ao
juntar-se um excesso de hidróxido de amonio.

Fie. 394. Cobre Nativo. Peninwla de Keweenaw. Michipan

aspecto.^ diagnóstico.;. O cobre nativo pode ser reconhecido por


sua côr vermelha nas superfícies recentes, sua fratura serrilhada, den-
sidade relativa alta e maleabilidade.
Ocorrência. Distribui-se o cobre nativo amplamente em filões
de cobre, mas usualmente em pequenas quantidades. Encontra-se co-
mumente, nas zonas oxidadas dos depósitos de cobre, associado com a
cuprita, malaquita e azurita.
O depósito de cobre nativo mais notável conhecido no mundo
está na península de Keweenaw, no norte de Michigan, na margem
meridional do Lago Superior. A regi50 é constituída por uma série
de derrames magmáticos, em degraus, intercalados com conglomera-
dos. Tôda a série mergulha na direção norte. Acha-se o cobre nos
filões que cortam esta série de rochas, nas faixas amigdalóides situa-
das no topo de vários dos derrames. e como material de cimentação no
conglomerado. Este último tipo forneceu os depósitos de minério mais
importantes, tendo sido alguns trabalhados bem mais de um quilômetro
e meio de profundidade. O cobre atuou não sòmente como cimento
para unir o conglomerado, mas penetrou muitas vêzes nos matacões
da rocha a uma profundidade de 30 cm ou mais. Está associado com
minerais como o epídoto, a datolita, a calcita e várias zeólitas. 0 s
ELEMENTOS NATIVOS

índios trabalharam as minas superficialmente; todavia, desde a metade


d o século XIX, foram elas desenvolvidas ativamente. A maior parte d o
cobre do distrito ocorre em partículas irreplares. muito pequenas,
mas grandes massas dignas de nota, foram encontradas; dsscobriu-SE
em 1857 uma que pesava 420 toneladas.
Encontraram-se ocorrências esporádicas, semelhantes 5 do distri-
to do Lago Superior, nas áreas de arenito da resiáo oriental dos Es-
tados Unidos, not2velmente em Nova Jersey, e no depósito glacial que
cobre uma área semelhante, em Connecticut. Na Bolívia. em Corocora,
a siidoeste de La Paz. existe ocorrência notávcl no arenito. O cobre
nativo ocorre em pequenas quantidades. associado com minérios de
cobre oxidado. no Arizona, Nôvo México e Mzxico setentrional.
Uso. Um mincrio de cobre secundário. Os sulfetos de cobre são
hoje os principais minérios d o metal. Usa-se o cobre principalmente
para fins elftricos, especialmente sob a forma de fios. Usa-se tambi'm
amplamente em ligas, como o latáo (cobre e zinco), o bronze (cobre
e estanho com algum zinco) e prata alemã (argent5o) (cobre, zinco
e níquel). Estes e muitos outros. empregos de menor importância fa-
zem d o cobre o segundo metal. em essencialidade. da civilização mo-
derna, o primeiro sendo o ferro.

PLATIXA - pt

Crirtalograjia. IsomGtrico; hexaoctaédrica. Os cristais cúbicos


são raros e, de ordinário, malformados. Achada usualmente em peque-
nos grãos e escamas. Em alguns lugares. sob a forma de massas irre-
gulares e pepitas de maior tamanho.
Propriedades físicas. D 4.4;:. (Excepcionalmente alta para um
metal). d 21.45, quando pura; 14-19, quando nativa. Maleável e
dúctil. Côr: cinzento d o aço; com brilho reluzente. Magnctica. quando
rica em ferro.
Composicüo. Platina, usualmente ligada com vários por cento
de ferro e com quantidades menores de iridio. ósmio, paládio; ligada
também com cobre. ouro e níquel.
Ensaios. Infusível. Não é atacada pelos reagrntes comuns; so-
Iúvel apenas na água régia muito quente (uma mistura de ácidos ní-
trico e clorídrico).
Aspecro.~dia,~n<islicos.A platina fica determinada por sua den-
sidade relativa, rnaleahilidade, infusibilidade e insolubilidade elevadas.
Ocorrêrrcia. A platina é um metal raro que ocorre q u u ~ex-
clusivamente no estado nativo. Conhece-se apenas um composto natu-
MINERALOGIA DESCRITIVA

ral raro, a sperrylita, PtAs2. A maior parte da platina pode relacio-


nar-se genèticamente com rochas ultrabásicas, especialmente dunitos.
Quando "in ritu", está associada usualmente com a olivina, cromita.
piroxênio e magnetita. Tem sido explorada extensamente em aluviões,
usualmente próximas das rochas ígneas que contêm platina.
A platina foi descoberta, primeiramente, nos Estados Unidos da
Colômbia, América do Sul. Foi levada para a Europa em 1735, onde
recebeu o nome de platina, da palavra plala (prata em espanhol), por
causa de sua semelhança com a prata. Na Colômbia, ainda se produz
pequena quantidade de platina, em pláceres situados em dois distritos
próximos da Costa d o Pacífico. Em 1822, descobriu-se a platina em
pláceres no rio Tura Superior, na vertente oriental dos Montes Urais,
U . R . S . S . Desde aquela ocasião até 1934, a maior parte do su-
primento de platina proveio dos pláceres daquele distrito, situados
Em redor da cidade de Nizhne Tagil. Em 1934, o Canadá tornou-se o
principal produtor de platina. Ela encontra-se associada ali com o mi-
nério de níquel-cobre do distrito de Sudbury, Ontário. Desde 1954,
a União Sul-Africana tornou-se o principal produtor do mundo em me-
tais de platina. Parte da produção origina-se como subproduto da
mineração do ouro no Rand, mas a fonte principal está cm Merensky
Reef, nas rochas ultrabásicas do complexo igneo do Bushveld. O Me-
rensky Reef é um horizonte desta rocha intrusiva, em camadas, me-
dindo aproximadamente 30 centímetros de espessura. Estende-se por
muitos quil0metros com um teor unifornie de platina de cêrca de
quinze gramas por tonelada de minério. As operações de mineração
principais estão próximas de Rustenburg no Tranrvaal. Em quantida-
des menores, a platina tem vindo de Borneo, Nova Gales do Sul, Nova
Zelândia, Brasil, Peru e Madagascar.
Nos Estados Unidos, rec~ipcraram-sepequenas quantidades de
platina das areias auríferas da Carolina do Norte e dos pláceres de
areia negra da Califórnia, Oregon e Alaska. No Canadá, cncontra-se
a platina nos pláceres dc ouro, em várias localidades, mas em quan-
tidades insignificantes quando comparadas com as relativamente gran-
des, recuperadas dos minérios de níquel-cobre de Sudbury.
Uso. Os enipregos da platina dependem principalmente de scu
ponto de fusão elevado (1.755OC), de sua resistência ao ataque qui-
mico e de sua dureza superior. Emprega-se em aparelhamento quími-
co, equipamento elçtrico e joalheria. Usa-se tambPm em odontologia,
instrumentos cirúrgicos, pirometria e fotografia.
Esp<:ries srmelhantes. Irídio; iridosniirra, uma liga de irídio e de
ósmio; e pulórlio sáo minerais raros d o grupo da platina, associados
com esta última.
ELEMENTOS NATIVOS
.-

Ferro - Fe
Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Os cristais são raros.
Terrestre: em massas grandes e em vesículas; meteórico: em placas
e em massas Iamelares, mostra frequentemente um padrão octaédrico
na corrosão em superfície polida; artificial: em cristais octaédricos,
raramente cúbicos e crescimentos dentríticos.
Propriedades físicas. Clivagem {OIO) má. D 45. d 7,3-7,9. Fra-
tura serrilhada. Maleável. Opaco. Brilho metálico. Côr: do cinzento d o
aço ao negro. Fortemente magnético.
Composição. Ferro, sempre com algum níquel e frequentemente
com pequenas quantidades de cobalto, cobre, manganês, enxofre e car-
vão. O mineral ferro-níquel contém aproximadamente 76 por cento de
níquel.
Ensaios. Infusível. Solúvel no ácido clorídrico. O hidróxido de
amônio precipita-o, da solução ácida, sob a forma de hidróxido férrico
vermelho, em flocos.
Aspec1a.s diagnóstico.^. Pode-se reconhecer o ferro por seu mag-
netismo forte, sua maleabilidade e pelo revestimento de óxido, usual-
mente, sôbre sua superfície.
Ocorrência. Ocorre, escassamente, como ferro terrestre e nos
meteoritos. O ferro terrestre é considerado como um constituinte mag-
mático primário, ou um produto secundário, formado pela redução dos
compostos de ferro pelo carbono assimilado. A localidade mais impor-
tante está na costa ocidental da Groenlândia, onde estão incluídos, nos
basaltos, fragmentos oscilando entre pequenos grãos e massas de mui-
tas toneladas. Sabia-se, em 1819, que os nativos o usavam, mas só em
1870 foi que a fonte se tornou conhecida. Encontrou-se o ferro ter-
restre em algumas outras localidades, em associa~ãosemelhante.
O ferro meteorítico, com um conteúdo de níquel variando entre
5 e 15 por cento, forma quase toda a massa dos meteoritos de ferro
e mostra um padrão hexagonal sôbre uma superfície.polida e corroída.
O ferro acha-se disseminado em meteoritos silicatados, em grânulos pe-
quenos. Reconhecem-se usualmente os meteoritos por sua superfície
fundida, cheia de cavidades e por um revestimento de óxido férrico.

Semimetais Nativos
Os semimetais nativos formam um grupo isoestrutural com pro-
priedades semelhantes, Pertencem à classe escalenoédrica-hexagonal e
têm boa clivagem basal..São comparativamente frágeis e piores condu-
tores de calor e de eletricidade do que os meiais nativos. Estas pro-
priedades refletem um tipo de ligação intermediária entre a metálica
MINERALOGIA DESCRITIVA
-

- - . . ~ portanto. é mais forte e mais direcional em


verdadeira,^ a covalente; -
siia? propriedades. levatido a uma sinietria inferior. A estrutura pode
ser imaginada conio iim tipo niodificado de coordenaçZo h. em que
cada itomo cst5 ligado niais forteniente a três de seu? vizinhos d o que
aos outros trés. A estrutura sc constitui assim de caniadas dc átomos

Fig. 395. Modilo de Ei:ip;icir:,iiiiciit<> < l i , l 3 i \ i ~ i i i ; < , . ti,. O iiii>iitlo niostra a


nzitiireza
eni cnrnad;is d:i ectriltili,i ire\ultnntr <i<i fato qiie cada átomo está
maiq próximo de trêc de seti? vizinhos do qiie dos oiitroi :ri.%.

ligadas fortemente a uma outra adjacente e. fracametite, à outra. AI


camadas s i o paralelas 3 base e a l i ~ a ç á ofraca entrc grupos de f6-
lhas duplas d á origem ?I clivagem.
Além d o arsênico e d o btsmuto. encontra-se também o antimô-
nio no estado nativo, mas 6 menos comum.

Seminzetais Nntioox
A r ~ ê n t c o As Btmuto Bi

Cri<ralofirafia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Cristais pseudocúbi-


cos raros. Usualmente, m a c i ~ ogranuloso, reniforme e estalactítico.
ELEMENTOS NATIVOS 249

Propriedades físicas. Clivagem perfeita {O001 1. D 3%. d 5,7.


Brilho quase metálico em superfície recente. Cor: branco d o estanho
na fratura recente, que se torna cinzento-escuro quando a superfície
da fratura é exposta ao ar. Traço cinzento. Frágil.
Coniposiçüo. Arsénico, muitas vêzes com antimônio c traqos
de ferro. prata, ouro e bismuto.
Et~saio.~.Volátil sem fusáo. Diante do maçarico, sôbre o car-
vão vesetal, dá aurEola branca. volátil, de óxido arsenioso e odor
de alho. No tubo aberto. prodiia depósito cristalino, vol;ítil, de óxido
arsenioso.
Ocorr<'ncia. O arsênico é uma espécie comparativamente rara,
encontrado em filócs nas rochas cristalinas, associado com minérios de
prata, cobalto ou níquel. Encontrado nas minas de prata de Freiberg,
na Saxônia; em Andreasberg. nas Montanhas do Harz; na Boêmia;
Rumânia c Alsácia. Er,iontrado escassamente nos Estado? Unidos.
Nome. O nome arsênico deriva de uma palavra srega'que sig-
nifica masculino, acreditando-sc que os metais eram de sexos dife-
rentes. O t ê r h o foi aplicado em primeiro lugar no sulfêto de arsênico
por causa de suas poderosas propriedades.
Uso. Minério dc arsênico milito secundário (vcr sob arsenopiri-
ta. p5gina 289.
Esp4cie.~similares. Allemontiia, AcSb, composto intermediário
de arsênico e antimônio.

Risniuto - Bi
Cristalojirnfia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Os cristais bem for-
mados s5o raros. Usualmente, Iaminados e granulosos; podem ser re-
titulados ou arborescentcs. Os cristais artificiais sao pseudocúbicos
{0112).
Propriedades física.r. Clivagem perfeita {O001 1. D 2.2%.d 9,8.
Séctil. Frágil. Brilho metálico. Côr: branco da prata com um tom
marcado avermelhado. Traço branco d a prata. brilhante.
Composição. Bismuto. Podem estar presentes pequenas quan-
tidades de arsênico, enxófre. telúrio e antimônio.
Ensaios. Corresponde ao número I (271°C) d a escala de fusibi-
lidade. Diante d o maçarico, sobre o carváo vegetal, produz glóbulo me-
tálico e auréola, indo do amarelo para o branco, de óxido de bismu-
to. O glóbulo é algo maleável, mas não pode ser batido até conver-
ter-se em folha táo fina quanto o chumbo. Misturado com iodeto de
potássio e enxofre e aquecido sobre o carvão vegetal, produz uma
auréola indo d o amarelo brilhante para o vermelho.
250 MINERALOGIA DESCRITIVA
.- .-. - - --

Aspectos diagnósticos. Reconhece-se o bismuto principalmente


por sua natureza lamelar, sua côr de prata-avemelhada, sua clivagem
perfeita e sua sectilidade.
Ocorrência. O bismuto é um mineral comparativamente raro,
ocorrendo usualmente em conexão com minérios de prata, cobalto,
níquel, chumbo e estanho. Encontrado nos filões de prata da Saxônia;
na Noruega e Suécia, e em Cornwall, na Inglaterra. Encontram-se de-
pósitos importantes na Austrália, mas os mais produtivos estão na Bo-
lívia. Encontra-se em pequenos filões, associado com minerais de prata
e cobalto. em Cobalt, Ontario, Canadá. Encontrado, escassamente ape-
nas, nos E-tados Unidos.
Uso. O minério principal do bismuto. O bismuto forma ligas
de pontos de fusão baixos com o chumbo, o estanho e o cádmio,
usados para fusíveis elétricos e tampões de segurança nos sistemas de
aspersão de água. Cêrca de 75 por cento d o bismuto produzido des-
tinam-se à medicina e à fabricação de cosméticos. O nitrato de bis-
muto é relativamente opaco aos raios X, sendo tomado internamente
quando os órgãos digestivos devem ser fotografados.
Nome. Disputa-se a etimologia; possivelmente, vem do grego,
significando branco do chumbo.

Não-Metais Nativos
Enxofre S Diamante C Grafita C

ENXOFRE - S
Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. De hábito piramidal
(Fig. 396), muitas vêzes, com duas bipirâmides, prisma de primeira
ordem e base em combinação (Fig. 397). Comumente, em massas irre-

Fig. 397.
Cristais de Enxôfre.

gulares, cristalizados imperfeitamente. Também sob a forma de massas


reniformes maciças, estalactíticas, como incrustações, terrosas.
ELEMENTOS NATIVOS
-

Existem três formas polimorfas do enxofre. O enxofre natural.


corrente, é ortorrômbico; as outras duas são monoclínicas e muito raras
como minerais.
Propriedades físicas. Fratura concóidc a desigual. Frágil. D 1:;-
21:. d 2,OS a 2,09. Brilho resinoso. Cor: amarelo do enxofre, variando,
conforme as impurezas, em matizes amarelos do verde, cinzento e
vermelho. Transparente e translúcido. Mau condutor do calor. Quando
se segura um cristal na mão, próximo do ouvido, ouvir-se-á estalar.
Isto se deve à expansão das camadas superficiais, por causa d o calor
da mão, enquanto no interior não existe êste fato, porque a condu-
tibilidade do calor é vagarosa. Portanto, os cristais de enxofre devem
ser manipulados com cuidado.
Cornposiçüo. Enxofre; impuro, muitas vêzes. com argila ou as-
falto. Pode conter pequcnas quantidades de selênio.
En~aios. Corresponde ao número 1 (1 12,X°C) da escala de fu-
sibilidade; queima com uma chama azul produzindo anidrido sulfiiroso.
Sublima em tubo fechado, dando, a quente, liquido vermelho a ama-
relo-escuro e, a frio, sólido amarelo.
As/>ccro.s dia~nri.rticos. O enxofre pode ser distinguido por sua
cor amarela e pela facilidade com que se queima. A ausência de uma
boa clivagem distingue-o do ouro-pigmento.
Ocorrência. O enxofre ocorre muitas vêzes nas bordas das cra-
teras dos vulcões extintos ou ativos, ou próximo delas, onde se depo-
sitou dos gascs emanados das fumarolas. Estas podem fornecer enxô-
fre como produto direto de sublimação ou pela oxidação incompleta
do gás sulfídrico. Pode ser formado também pela redução dos sulfa-
tos, especialmente d o gipso. Pode ser depositado a partir das águas
contendo enxofre pela ação das bactérias chamadas sulfobactérias. Po-
de-se encontrar o enxófre em filões, associado com sulfetos metálicos,
tendo sido formado pela oxidação dos sulfetos. E encontrado muito
comumente nas rochas sedimentares terciárias e mais frequentemente
associado com gipso e calcário; muitas vêzes, nas rochas argilosas; com
frequência, com os depósitos betuminosos. Os grandes depósitos pró-
ximos de Girgenti, na Sicília, são notáveis pelos belos cristais. associa-
dos com celestita. gipso, calcita e aragonita. Encontra-se também o
enxofre associado com os vulcões do México, Hawaii, Japão e, em 01-
lague, no Chile. onde é explorado a uma altura de 5 . 7 0 0 metros.
Nos Estados Unidos, os depósitos de maior produção estão no
Texas e na Luisiânia. Aqui. o enxofre está associado com a anidrita,
gipso e calcita, nas rochas que cobrem os domos de sal. Presentemente,
mais de 80 por cento da produção do enxofre dos Estados Unidos
252 MINERALOGIA DESCRITIVA

provêm do Texas; existem várias localidades produtoras, mas a maior


é a de Boling Dome. Na Luieiânia, a principal produção está locali-
zada em Grand Ecaille, Plaquemines Parish. Há muitos outros de-
pósitos de enxofre que podem ser explorados, associados com domos
de sal. Obtém-se o enxofre dêstes depósitos pelo método de Frasch.
Bombeia-se água superaquecida, para baixo, até o horizonte do en-
xofre, onde ela funde êste mineral; o ar comprimido injetado força
a saída do enxofre em fusão para a superfície. Encontra-se o enxofre
nos Estados de wyoming, Utah e Califórnia.
Uso. Usa-se o enxofre na indústria química principalmente na
fabricação do ácido sulfúrico. Usa-se também nos fertilizantes, inseti-
cidas, explosivos, produtos de alcatrão de. hulha, borracha e na pre-
paracão da polpa de madeira para a fabricação de papel.

DIAMANTE E GRAFITA
O diamante e a grafita, ambos carbono elementar, fornecem o
exemplo mais espetacular de polimorfismo. Em temperaturas suficien-
temente elevadas. ambos podem ser calcinados completamente produ-
zindo dióxido de carbono. A despeito desta identidade química, o dia-
mante difere da grafita em quase todos os outros aspectos, sendo as
diferenças imputáveis diretamente às estruturas. O diamante tem uma
estrutura excepcionalmente unida e com ligações fortes, na qual cada
átomo de carbono está unido por ligações covalentes poderosas e alta-

Fip. 398. d o Cnipac<ita-


Lli><i?ii> Fiz. 399. hliidL.lo <lu Empacota-
rnento d o Diamante. rnentci da Grafita.

mente direcionais a quatro carbonos vizinhos, dispostos nos vértices de


um tetraedro regular. A estrutura resultante, ilustrada na Fig. 398,
embora ligada fortemente, não está empacotada compactamente e sd-
ELEMENTOS NATIVOS

mente está cheio o espaço correspondente a 34 por cento. Na Fig 398,


pode ser observada a presença, na estrutura, de camadas de átomos de
carbono paralelas aos planos ( 1 11). Estas camadas são os planos onde
existem o máximo de átomos e explicam a clivagem principal do dia-
mante { 11 1 }.
A estrutura da grafita, ilustrada na Fig. 399, consiste em cama-
das de anéis de seis membros nos quais cada átomo de carbono tem
três vizinhos próximos, dispostos nos vértices de um triângulo equi-
Iátero. Três do$ quatro eléctrons de valência de cada átomo de car-
bono podem ser considerados como fixados por ligações covalentes
apertadas com seus três vizinhos próximos no plano da camada. O
quarto fica livre para vagar sóbre a superfície da camada. criando uma
carga elétrica dispersa que confere à grafita sua condutibilidade elé-
trica relativamente alta. Contrastando com isto, o diamante. no qual
todos os quatro eléctrons de valência estáo fixados por ligações cova-
lentes, é um dos melhores isolantes elétricos conhecidos. As camadas
que compõem o cristal de grafita esta0 empilhadas de tal modo que
ar camadas alternadas estão em posição idêntica, com a camada inter-
mediária deslocada a uma distância de metade de um período de
identidade no plano das camadas. A distância entre as camadas é
muito maior do que um diâmetro atâmico e as f0rças de ligação de
van der Waals, perpendicularmente &s camadas, são muito fracas.
Esta separação ampla e fraca ligação dão origem à clivagem basal
perfeita e ao deslizamento fácil paralelamente & r camadas. Por causa
desta estrutura aberta, sòmente 21 por cento, aproximadamente, do es-
paço disponível na grafita estão preenchidos, e a densidade relativa é
proporcionalmente menor do que a do diamante. A relação
% do enchimento do espaço na grafita densidade relativa da grafita
-
-
% do enchimento do espaço no diamante densidade relativa do diamante
é quase exata numèricamente, indicando que as ligações carbono-car-
bono nas duas estruturas são muito semelhantes.
A síntese d o diamante em 1955 foi a realização do sonho de
muitos anos, estabelecendo firmemente as relações de estabilidade en-
tre as formas dimorfas d o carbono, dentro de ampla faixa de pressão
e temperatura. A Fig. 400, um diagrama de fase tirado d o relatório da
General Electnc, mostra estas relaçóes. O diamante, como era de se
esperar, devido a sua densidade relativa alta e a seu empacotamento
razoàvelmente compacto, é a forma dimorfa de pressão alta. Sendo
baixas as pressões ou as temperaturas, ele é instável relativamente à
grafita, podendo ser convertido nesta última, em temperaturas mode-
radas, em recipientes fechados. A razão pela qual o diamante e a grafita
254 MINERALOGIA DESCRITIVA

podem coexistir nas temperaturas e pressões do ambiente é porque


a reação se processa muito lentamente. Para se permitir a conversão
da grafita em diamante, necessitam-se temperaturas extremamente ele-
vadas para se conseguir que os átomos de carbono se separem pela

.I I I
Temperoturo eni O C
. I I
Zem Temp Ferra Arco 5up~rlic~e
ob~oluto ambiente em furdo voltaico da Sol

Fic. 400. Diagrama de Fase do Carbono. (Mnn-Mode Diomonds. General


Electric Research Laborntory, Research Inforrnation Service. 1955.)

agitação térmica no reticulo da grafita, tornando-os disponíveis para a


formação do retículo d o diamante. Essas temperaturas aumentam tam-
bém a pressão exigida para produzir a conversão. Por conseguinte,
não se sintetizaram os diamantes até que se pôde construir um apare-
lhamento que, simultâneamente, exercesse uma pressáo muito alta e
suportasse temperaturas elevadas. Essa prensa foi construída pelos en-
genheiros da General Electric e os primeiros diamantes foram sinteti-
zados em 1955, usando-se pressões de 42.186 a 105.465 kg/cm2 e
temperaturas de 750 a 2 . 750°C.
O feliz êxito da síntese d o diamante encorajou a experimentação
com o nitreto de boro, BN, cuja estrutura é semelhante à da grafita.
Em 1956, preparou-se um dimorfo do nitreto de boro de alta pressão
e elevada temperatura, tendo a estrutura e a dureza d o diamante. Co-
nhece-se este composto, no comércio, pelo nome de Borazon, esperan-
do-se que seja de grande uso industrial. O Borazon não é um mine-
ral, mas sua síntese é exemplo da aplicaqão a problemas industriais
dos conceitos da química dos cristais, desenvolvidos e ensaiados primei-
ramente nos minerais.
ELEMENTOS NATIVOS 255

DIAMANTE - C

Cristalografia. Isométrico; hexatetraédrica, talvez hexaoctaé-


drica. Usualmente, os cristais são de aparência octaédrica, com { 111 }
e { l i 1 } igualmente bem desenvolvidos. São comuns os cristais achata-
dos e alongados. Observam-se frequentemente faces curvas, especial-
mente dos hexatetraedros positivo e negativo, ou do hexaoctaedm
(Figs. 401 e 402). São raras as faces do cubo e do dodecaedro. Ra-
ramente maciço. São comuns os geminados do tipo espinélio, de ordi-
nário, achatados, paralelamente ao plano do geminado. O Bort, uma
variedade d o diamante, tem formas arredondadas e exterior áspero, re-
sultante de um agregado radiado ou criptocristalino. Aplica-se tamhém
o têrmo aos diamantes mal coloridos ou com jaça, sem valor como
gema preciosa.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { 111 } e { 1 i 1 }. D 10
(o mineral conhecido, mais duro). d 3,5. Brilho adamantino; os cris-
tais ao natural têm uma aparência gordurosa característica. O índice
de refração muito elevado, 2,42 e a forte dispersão da luz são respon-
sáveis pela brilhância e "fogo" do diamante cortado. Usualmente, sua
cor é amarelo-pálida ou incolor; também matizes pálidos de vermelho,
alaranjado, verde, azul e castanho. Matizes mais intensos são raros.
O carbonado ou carvüo é um "bort" prêto ou prêto-acinzentado. Não
aprcsenta clivagem, é opaco e menos frágil do que os cristais.

Fig. 401. Fig. 402. Fig. 403.


Cristais de Diamante.

Composição. Carbono puro.


Ensaios. Insolúvel nos ácidos e nos álcalis. Em uma temperatura
elevada, no oxigênio, queimar-se-á, produzindo gás C 0 2 e não deixan-
do cinza alguma.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se o diamante dos minerais
com aparência semelhante por sua grande dureza, brilho adamantino e
clivagem.
256 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ocorr~nciu. Descobriram-se os diamantes em muitas localidades


diferentes, mas sòmente em poucas. em quaztidade netável. Acha-se o
diamante mais comumente nas areias e cascalhos das leitos dos rios,
onde se preservou por causa de sua natureza química inerte. sua gran-
de dureza e sua densidade relativa razoàvelmente alta. Encontram-se
diamantes em um peridotito alterado, conhecido por kimberlito, na
Africa do Sul e. mais recentemente, em outros países d o continente
africano, assim como no Arkansas. A fndia, o Brasil, a União Sul-
-Africana e o Congo Belga forneceram até hoje, pràticamente, a pro-
dução de diamantes de todo o mundo. Os principais campos de dia-
mantes da India estavam localizados nas porqóes oriental e meridio-
nal da península mas a maior parte das minas faniosas estáo agora
abandonadas. Produzem-se. presentemente, dos cascalhos que. durante
um período de 2.000 anos, forneceram mais de 20.000.000 de quilates.
apenas algumas centenas de quilates. Até o século XVIII, a índia per-
maneceu como a única fonte de diamantes, e encontraram-se ali mui-
tas das pedras famosas.
Descobriram-se diamantes no Brasil na primeira metade d o século
XVIII e, desde aquela ocasião, a garimpagem continua. Atualmente.
todavia, a produção é comparativamente pequena, cêrca de 250.000
quilates por ano. Encontram-se os diamantes no cascalho dos rios em
vários distritos diferentes, estando localizados os dois mais importantes
nos Estados de Minas Gerais e da Bahia. A cidade de Diamantina,
em Minas Gerais, está situada no centro d o campo de maior produ-
tividade, encontrando-se os diamantes principalmente nos cascalhos d o
Rio Jequitinhonha e d o Rio Doce. Exploram-se também extensos de-
pósitos. terras a dentro, de cascalhos e argilas contendo diamantes. O
carbonado prfto procede sòmente da Bahia.
Cêrca de 95 por cento da produção mundial de diamantes pro-
vêm presentemente d o continente africano. O Congo Belga é, de mui-
to, o maior produtor, fornecendo depósitos de aluvião acima de 50 por
cento do suprimento mundial. Estes diamantes d o Congo são em sua
maioria do tipo industrial e representam, aproximadamente, apenas 13
por cento do valor total dos diamantes produzidos.
Descobriram-se os primeiros diamantes africanos, em 1867, noi
cascalhos do Rio Vaal, na Africa do Sul. Em 1871, descobriram-se a s
diamantes incluídos na rocha de diversos "necks" e chaminis vulc2-
nicas localizados perto da atual cidade de Kimberley, em Griqualand-
-West: ao sul do Rio Vaal, próximo dos limites d o Estado Livre de
Orange. Encontraram-se, primeiramente, os diamantes neste distrito,
no solo resultante da desintegração d o peridotito suhjecente alterado.
ELEMENTOS NATIVOS

Este solo estava colorido de amarelo pelos óxidos de ferro, sendo c@


nhecido por "chão amarelo".
As minas principais perto da cidade de Kimberley são a Kim-
berley, Du Toitspan, De ~ e e ~Wesselton
s, e Bultfontein. A mina Kim-
berley foi explorada até uma profundidade de aproximadamente 1.000
metros, antes que fosse abandonada. Originalmente, exploraram-se as
minas a céu aberto, mas, quando sua profundidade aumentou, adota-
ram-se métodos subterrâneos. O método primitivo de exploração con-
sistia em triturar a massa azul em fragmentos grandes e espalhá-los
sóbre plataformas para desintegrá-los, gradualmente, sob as influên-
cias atmosféricas. O método atual consiste em triturar a rocha tão fi-
namente que possibilite a concentração imediata. Separam-se final-
mente os diamantes em mesas vibradoras que foram revestidas com
graxa, à qual aderem os diamantes, enquanto o resto d o material é
levado embora.
Na província do Cabo, na costa deserta justamente ao sul da foz
do Rio Orange. deycobriram-se mais tarde depósitos semelhantes ao
longo da costa. ao norte do Rio Orange. na Africa Sudoeste, numa
extensão de 80 a 95 quil0metros. Em outras partes da África, encon-
traram-sc diamantes nos aluviões. na Angola Francesa, em Cana, na
Africa Equatorial Francesa e em Serra Leoa. A descoberta africana
mais recente foi em Tanganica, que tornou aquêle pais um produtor
principal. Por niiiitos anos, a Cuiana Britânica e a Venezuela tive-
ram uma pequena produção, mas recentemente a d a Venezuela au-
mentou substancialmente.
Encontraram-se cscassamentc os diamantes em várias partes dos
Estados Unidos. Descobriram-se ocasionalmente pequenas pedras nas
areias dos rios ao longo da vertente oriental das Montanhas Apalaches.
desde a Virgínia até a Geórgia, ao sul. Referiram-se também diaman-
tes provindos das areias auríferas do norte da Califórnia e do sul d o
Oregon. Notaram-se ocorrências esporádicas de diamantes n o depósito
glacial em Wisconsin, Michigan e Ohio. Em 1906, encontrou-se o pri-
meiro diamante em uma nova localidade situada perto de Murfrees-
boro, Pike County, Arkansas. Encontraram-se as pedras aqui não sò-
mente no solo detritico, mas também embutidas em rocha peridotítica
subjacente, de maneira inteiramente similar à d a ocorrência sul-africa-
na. A localidade em Arkansas produziu cêrca de 40.000 pedras, mas
presentemente já não é mais produtora. Em 1951, as instalações d a
velha mina foram abertas aos turistas que, mediante retribuição mó-
dica, ficavam autorizados a procurar diamantes. Durante os primeiros
seis meses, encontraram-se por esta forma vários diamantes pequenos.
MINERALOGIA DESCRITIVA
- - --

U.so. . V n r i . Empregam-se fragmentos de cristais de dia-


mante para cortar « vidro. O p6 fino usa-se para desgastar e polir
diamantss e outras pedras preciosas. Impregnam-ie discos com pó de
diamante para cortar rochas e outros materiais duros. Fabricam-se
brocas de aço com diamantes, especialmente d a variedade criptocrista-
lina, carbonado, para a fabricação de perfuradoras de diamante empre-
gadas nos trabalhos de exploraçSo das minas. Usa-se também o dia-
mante para os estiradores de arame e em ferramentas para a retificaçáo
de r0ddS ou discos abrasivos.
Em Remos. O diamante é a mais importante das pedras pre-
ciosas c. sòmente nos tempos modernos, vem sendo usado para outros
fins. Seu valor depende de sua dureza, de seu brilho que se. deve
a seu índice de refração elevado. e a seu "foeo" produzido por forti'
dispersáo da luz dando as cores d o espectro. Em geral. as pedras mais
valiosas sáo as sem jaça que sáo incolores ou possuem cor "branca-
-azuladam. Uma c6r amarela-palha desmaiada quc o diamante exibe
muitas vEzes diminui muito seu valor. O s matizes intensos de amarelo.
vermelho. verde ou azul que se conhecem como pedras de fantasia ~ ã o
muito apreciados e as belas pedras destas c6res alcançam preços muito
elevados. Pode-se conferir aos diamantes matizes inteiisos de verde pela
irradiação com partículas nucleares de energia elevada, nêutrons. dêu-
terons e partículas alfa, e de azul, expondo-o a eléctrons que se mo-
vem ràpidamente. Uma pedra colorida de verde pela irradiação pode
tomar cor amarela intensa mediante tratamento térmico adequado.
Estas pedras coloridas artificialmente sáo difíceis de serem distingui-
das das de côr natural.
O valor dc um diamante lapidado depende de sua cor e pureza.
da habilidade com que foi lapidado e de seu tamanho. Unia pedra de
uni quilate pesa 200 miligrama? e, se lapidada sob a fornia de um
brilhante, teria 6,25 milímetros de diâmetro e 4 milímetros d s es-
pessura: Uma pedra de dois quilates da mesma qualidade teria um va-
lor três a quatro vêzes maior.
Prdrus 1umo.su.s. O s diamantes famosos mais antigos incluem os
seguin;cs: o Kollinoo;, pesando 106 quilates. uma das jóias d a coroa
da Gri-Bretanha; o R e , c y n / ~ou Pitt, pesando 137 quilates. pertencente
à Franca: o Orloff, montauo no cetro imperial russo. com 199 qiii!n-
tes; o diamante amarelo Florenfino. coni 137 quilates e o Es/r<:lu do
Sul. com 129 quilates.
Entre as yrandes pedrus encontradas inaii r:ccnieiiicntc n;i Á f r i c , ~
(10 Si11 entoo a i seguintes: o Virciri<i ou I r n l > ~ r i que
~ l pesava 468 qiii-
la!ei qii;rndo cnc<intrado e 236. quando lapid;iilo. 'Iodavia. foi relapi-
<lado m a i i t;rrclc. nei;indr> atii;ilincntr I Y O qi~ilatei.O .Sle~<.orr.pc.<;iv;!
ELEMENTOS NATIVOS

antes e depois d a lapidaçáo 296 e 123 qiiilatc~, reipectiv;iniente. O


diamante Tiffuny, de còr amarela hrilhante. pes;tv;i 2x7 qiiilatcc antes
e 125 quilates depois da lapidaçiiu. O diamante verde, Ori~.v(It~it pesa
50 quilates e o azul, Hopr. 45. O Colrnso. ã a d o de presente a o Muscu
Britânico. em 1887. por John Ruskin, pesa 133 quilates. O b~..rcel,iior.
encontrado em Jagersfontein em 1903, pesava 650 qiiilates; conhecido
agora por Juhilru. pesa 245 quilates. O Ciillinun ou E.itr6lu (111 Áfricu,
encontrado na mina Premier, no Transvaal, foi a maior pedra jamais
encontrada. pesando 3.106 quilates. ou cerca de 6 7 0 g, e medindo,
aproximadamente. em milímetrris. 100 por 63.5 por 50. O sovi-rno d o
Transvaal presenteou o rei Eduardo VI1 com esta pedra que foi cor-
tada em nove pedras grandes e noventa e seis menores. as duas maio-
res pesando 530 e 317 quilates. respectivamente. Em anos recentes.
a maior pedra encontrada na Africa, conhecidapor diamante Jonkrv,
.I'
foi dcscoherta por Jacobus Jonker, em 1934, nos cascalhos de um
ri«. perto da mina Premier. Pesava 726.25 quando encontrado e.
desde aquela ocasião. tem sido cortado. O encontro mais recente de
uma pedra grande foi ;I descoberta d o diamante Vurgas, no Brasil,
eni 1938. Pesava cêrca de meio quilate mais do que o diamante
Jonker.
Artificiril. Por bem mais do que um século. fizeram-ee muitas
experiências na esperança de sintetizar-se o diamante. tendo sido sua
síntese reivindicada muitas vêzes. Todavia, sòmente em 1955. a Ge-
neral Electric Company produziu diamantes autênticos (ver página
254. Até agora. os diamantes sintéticos são pequenos, n5o sendo
apropriados para sereni lapidados como gemas. Contudo, estão sendo
produzidos em competição com os pequenos diamantes naturais para
fins industriais.
Nome. O nome diamante c uma corrupção d a palavra e r e p
~ i d a i ~ i usignificando
.~. ini~rnciifel.

GRAFITA - C

Crisnulr~~rufiu. Hcxaponal: hipiramidal-dihexagonal. Em cristais


tahul:ires de contfirno hexagonal. com plano basal bem desenvolvido.
Sáo niuito raras as faccs distintas de outras formas. As marcas tri:in-
fularer n;i hasc cão o resultado de iim deslizamcnto ao lonyo de um?
piriinide dc si.$iind;i orileni indeterminada. Usiialmentr. apresenta-se
si>h ;r fornia de iiiassiis laniinadai oii cscaniocas. podendo hrr. no en
tant<l. rn<li;~d;icoii :rr;inulosas.
260 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. Clivagem perfeita {0001}. D 1-2 (marca


facilmente o papel e suja os dedos. d 2,2 . Brilho metálico, algumas
vêzes terroso, opaco. Cor: entre o negro e o cinzento d o aço. Traço
! preto. Sensação de gordura. Folhas flexíveis, mas não elásticas.
Composiçâo. Carbono. Alguma grafita é impura, contaminada
pelo óxido de ferro, argila ou outros minerais.
Emaios. Infusível, mas pode queimar-se, produzindo C 0 2 , em
temperatura elevada. Não é atacada pelos ácidos.
Aspectos diagnósticos. A grafita é reconhecida por sua cor, na-
tureza laminada e maciez. Distingue-se da molibdenita por sua cor ne-
gra ( a molibdenita tem uma tonalidade azul). Na porcelana despo-
lida, a grafita deixa um traço negro ( a molibdenita um traço esver-
deado).
Ocorréncia. A grafita ocorre mais comumente nas rochas me-
tamórficas, como calcários cristalinos (mármores), xistos e gnaisses.
Pode ser encontrada em placas cristalinas grandes na rocha, ou disse-
minada em pequenas escamas em quantidade suficiente para formar
uma proporção considerável da rocha. Conhecem-se casos em que ca-
madas de carvão, sob a influência de forte ação metamórfica, tal como
a intrusão nelas de uma rocha ígnea, converteram-se em grafita, em
maior ou menor escala. Exemplos dessa ocorrência encontram-se nos
carvões de grafita de Rhode Island e nos campos carboníferos de So-
nora, no México. A grafita ocorre também em veios de fraturas, asso-
ciada com outros minerais nos depósitos de Ticonderoga, no Estado de
Nova lorque. Aqui os veios atravessam um gnaisse e, além de grafita,
contêm quartzo, biotita, ortoclásio, turmalina, apatita, pirita e titanita.
A grafita pode ter sido formada nestes veios a partir dos hidrocarbetos
nêles introduzidos durante o metamorfismo da região, e derivados das
rochas circunvizinhas contendo carbono. A grafita ocorre ocasional-
mente como constituinte original das rochas ígneas, como os basaltos
de Ovifak, na Groenlândia, em nefelina sienito na fndia e em um peg-
matito granítico no Maine. Encontrou-se, também, em alguns me-
teoritos.
Os depósitos mais produtivos de grafita, presentemente, estão na
ilha do Ceilão, onde massas de granulacão grossa foliadas se encontram
em veios nos gnaisses intercalados com calcários. Ocorre também em
grandes quantidades na Austria, na Itália, na fndia, México etc. En-
contra-se a grafita em quantidade em rochas xistosas de Madagascar.
Os depósitos principais dos Estados Unidos estão na região de Adi-
rondack de Nova Iorque, Essex, Warren e Washington, Counties, parti-
cularmente em Ticonderoga.
SULFETOS 261

A grafita artificial é fabricada em grande escala nos fornos elétri-


cos, em Niagara Falls. Submete-se o carvão antracito, ou o coque
d o petróleo, com pequena quantidade de cinza uniformemente distri-
buída, ao calor intenso do forno elétrico, convertendo-se o todo em
grafita. A produção da grafita artificial supera de muito a da natural.
Uso. Usa-se na fabricação de cadinhos refratários para as in-
dústrias do aço, do latão e d o bronze. Importa-se d o Ceilão a maio-
ria da grafita para a fabricação de cadinhos. Usa-se amplamente,
quando misturada com óleo, como lubrificante. Misturada com argila
fina, forma a mina d o lápis, provindo de Sonora, no México, muita da
grafita usada para êste fim nos Estados Unidos. Emprega-se também
na fabricação de tinta para a proteção de estruturas de ferro e de
aço. Usa-se no revestimento de moldes de fundição, em baterias, elé-
trodos, estufas e em electrotipia etc.
Nome. Derivado da palavra grega significando escrever, em alu-
sáo a seu uso nos lápis.

C. SULFETOS
Os sulfetos formam importante classe de minerais que incluem a
maioria dos minérios. Estão classificados com êles os selenietos, telure-
tos, arsenietos e antimonietos, semelhantes mas mais raros.
A fórmula geral dos sulfetos dá-se como A,X. em que A repre-
senta os elementos metálicos e X o elemento náo-metálico. A ordem
de enumeração dos vários minerais é a de uma relação decrescente de
A : X.

Argentita A& Cinábrio HgS


Calcocita cus Realgar AsS
Bornita Cu.FeS. Ouro-pigmento AsS.
Galena PbS Estibnita Sbs.
Esfalcrita ZnS Bismutinita Bis.
Calcopirita CuFeS, I'irita FeS,
Estanita Cu,FeSnS. Cobaltita (Co,Fe)AsS
Greenockita CdS Marcassita Fes,
Pirrotita Fe.3 Arsenopinta FcAsS
Nicolita NiAs Molibdenita MOS,
Millerita NiS Calaverita AuTe*
Pentlandita (Fe,Ni)& Silvanita (Au,Ag)Te,
Covellita cus Skutterudita (Co,Ni,Fe)As
262 MINERALOGIA DESCRITIVA
-- ~ ~ -~ -
~- ~

Os siilfetos podem ser divididos em pequenos grupos estruturais.


não sendo possível' no entanto, generalizar-se amplamente com rela-
ção 5 sua estrutura. Muitos sulfetos têm ligação iónica. ao passo que
outros, exibindo a maioria das propriedades dos metais. tem ligação
metálica pelo menos em parte. A esfalerita tem uma eytrutura seme-
lhante ao diamante e. como êste. tem uma ligação covalente.

Cris/<iloprafia. Is»ni<trico. hexaoctaédrica acirn;i de 180°C: or-


torr6mbica na temperatura amhiente. Cristais. paramorfoi [Ia forma de
alta teniperatura; mais coniiimente apresentam o cubo. o octaedro. (1
dodecaedro. nias frcquentcnicnte estão dispostos eni prupoc ramifica-
dos ou reticulados. Mais comumente, maciça, ou conin um revesti-
mento.
A fic<rt~rirli
L: o Ap2S. ortorrombico. existente na temperatura ani-
biente.
Propriedades físicas. D 2-2;:. d 7.3. Muito séctil; pode ser cor-
tado com ur.1 canivete como » chumbo. Brilho metálico. Cor e traço:
cinzento d o chumbo. escuro. Traço brilhante. Opaco. Brilhante em
superfície recente. mas que se torna prêto opaco. a o ser exposta ao
ar. em consequéncia d a formaqáo de um sulfêto terroso.
Cot>iposi~ão. Sulfêto de prata. A&S. Ag K7.1-S 12.9 por cento.
I5nsuior. Situa-se a nieio caminho entre os nunicros I e 2 d a
escala de fusibilidade. fundindo-se com intumesc2ncia. Quando fun-
dida sóbre o carvão vegetal iia chama oxidante. dcsprciide odor de
anidrido sulfuroco e produz um glóbulo de prata nictálica.
Aspectos diaytuj.sfi<~o.s. A argentita pode ser distinguida por sua
cor, sectilida.de e densidade relativa elevada.
Ocorrência. A argcntita i. importante niineral de prata primá-
rio. encontrado em veios. associado com a prata-nativa. pratas verme-
lhas. polibasita. cstefanita. pilena e esfalerita. TambGm pode ser de
origem secundária. Encontra-se nas inclusóes microscópicas na chama-
da galena argentífera. A argentita 6 um minério iniportantc nas minas
de prata de Guanajuato c alhures no México. no Peru. Chile e Bo-
lívia. As localidades importantes d a Europa onde ocorre são: Frei-
berg. na Saxónia; Joachinisthal. na Boêmia; Scheninitz e Kremnitz. na
Checoslováquia, e Kongsherg, n;i Noruega. Nos Estados Unidos. tem
sidn minério importrinte rni Nevada. principalmente çm Comstnck LI,-
SULFETOS
-. - - --

de e Tonopah. Encontra-se tambkm nos distritos de prata do Colorado


e, em Montana, na localidade de Rutte. associada com minérios de
cobre.
Uso. Uni importante minérto de prata.
N o m e . O nome argentita procede do latim ciry~n~rrnr.
signifi-
cando prata.

CALCOCITA - CuiS
Clurüo r i ~Cohrr

r i . ~ o r i .Ortorrfimhico. hipiramidal (abaixo de 10SnC.


nrtorr6nihico; acima <le 105OC. hexagonal). Crictais niuito raros. iisunl-
nicnte pcqiieliiw e t;ihiilares coni cont6rno hexnonal: estriados, para-
lelanientc 210 eixo n f Fips. 4 0 4 c 4 0 5 ) . Comiimente. de granulaçán
fina c maciça.

Fie. 404. Fie. 405.

C r i ~ t a i *de C a l c i ~ i l a

Pro/~riedudr.sfiricus. Fratura concóide. D 23-3. d 5,5-5.8. Bri-


lho metálico. Imperfeitaniente sectil. Cor: cinza do chumbo. brilhante,
embaçando, a« ser exposta ao ar, de modo a tornar-se prêto escuro.
Traço prêto-acinzentado. Algumas calcocitas são moles e fuliginosas.
C u n i y o s i ~ ü o . Sulfêto de cobre. Cu2S. C U 79.8-S 20.2 por cento.
E f l . ~ a i ( ~ s .Situa-se a meio caminho, entre os números 2 e 3 da
escala de fusihilidade. Aquecida no tubo aberto sóbre o carvão vegetal
produz odor de anidrido sulfuroso. O mineral calcinado, umedecido
com ácido clorídrico, dá chama anil-celeste. Reduzida fàcilmente a
cobre metálico s6hre o carvão vegetal.
Aspectos diaynóslicos. A calcocita distineue-se por sua cor cin-
za d o chumbo e sua sectilidade.
Ocorri.n<ia. A calcocita é um dos minérios de cobre mais impor-
tantes. Oci~rreprincipalmente como um mineral siipérgeno nas zona7
264 MINERALOGIA DESCRITIVA

enriquecidas dos depósitos de sulfetos. As maiores minas de cobre dos


Estados Unidos exploram hoje o que se chama minério de "cobre porfi-
ritico". Nestes depósitos, os minerais de cobre primitivos, disseminados
através da rocha, usualmente um pórfiro, alteraram-se, dando calco-
cita, e enriqueceram-se, por esta forma, para constituir um minério
suscetível de ser explorado. A quantidade de cobre nesses depósitos é
pequena, raramente maior d o que 2 a 3 por cento, podendo ser t i o
baixa quanto 0,75 por cento. A calcocita ocorre também com bornita
e outros minerais hipógenos nos veios de sulfetos.
Encontraram-se belos cristais em Cornwall, na Inglaterra, e em
Bristol, em Connecticut. Encontrada como minério em Monte Catini,
na Toscana; Tsumeb, na Africa do Sudoeste; no Congo Francês; no
México; no Pem e no Chile. Encontrada em grandes quantidades em
muitos distritos mineiros no oeste dos Estados Unidos: Butte, em
Montana; Miami, Morenci e Clifton, no Arizona; Bingham, em Utah,
e Ely. em Nevada. Em Kennecott, no distrito do Rio do Cobre, no
Alaska.
Uso. Um minério de cobre importante.
Espécies semelhantes. A digenita, Cu8S,. indo do azul ao prêto,
associada com a calcocita. A stromeyerita (Ag, CuI2S é um mineral de
,cor cinza do aço, encontrado nos veios de prata e cobre.

BORNITA - CusFeS4
Minério de Cobre Purpúreo. Minério Pavão

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Raramente em cris-


tais cúbicos e menos comumente em cristais dodecaédricos e octaé-
dricos. Usualmente, maciça.
Propriedades físicas. D 3. d 5,06-5,08. Brilho metálico. Côr:
bronze pardacento em superfície recente. Exposta ao ar, embaça-se
ràpidamente, adquirindo côres purpúrea e azul variegadas, chegando
finalmente quase ao prêto. Traço prêto-acinzentado.
Composição. Sulfêto de ferro e cobre, CuSFeS,. Cu 63,3-Fe
11.2-S 25,s por cento. Vesículas microscópicas, misturadas, de outros
minerais faze'm com que a composição do que parece ser bornita va-
rie consideràvelmente, mas as análises do material puro concordam
com a fórmula anteriormente citada.
Ensaios. Situa-se a meio caminho, entre os números 2 e 3 da
escala de fusibilidade. Desprende odor de anidrido sulfuroso sobre o
carvão vegetal. No tubo fechado, produz muito pouco enxofre. Na
chama redutora, torna-se magnética. Se. depois de calcinada, se ume-
dece com ácido clorídrico e aquece, produz chama azul-celeste (co-
bre).
Aspectos diagnósticos. Distingue-se a bornita por sua cor de
bronze característica em fratura recente e, por adquirir cór purpúrea,
quando emba~ada.
Alteração. A bornita altera-se prontamente, dando calcocita e
covellita.
Ocorrência. A bornita é um minério de cobre que ocorre am-
plamente; encontra-se, usualmente, associada com outros minerais de
cobre em depósitos hipógenos. Encontra-se muito menos frequente-
mente como mineral supérgeno, formado na zona enriquecida, su-
perior, dos filões de cobre, pela aqão das soluções descedentes con-
tendo cobre, sobre a calcopirita. Encontra-se disseminada nas rochas
básicas, nos depósitos metamórficos de contato, nos depósitos de subs-
titui~ãoe nos pegmatitos. A bornita ocorre com frequência em mis-
turas íntimas com a calcopirita e calcocita. Quantitativamente o mi-
nério de cobre não é tão importante quanto a calcocita e a calcopirita.
Encontraram-se belos cristais de bornita associados com cristais
de calcocita em Bristol, em Connecticut, e em Cornwall, na Inglaterra.
Encontrada em grandes massas no Chile, Pem, Bolívia e México. En-
contra-se nos Estados Unidos na mina Magma, em Pioneer, no Ari-
zona; em Butte, no Estado de Montana; na mina Engels, em Plumas
County na Califórnia; em Halifax County, na Virgínia e em Superior,
no Arizona.
Uso. U m minério de cobre.
Nome. Bornita provém do nome de um mineralogista alemão,
von Born (1742-1791).

GALENA - PbS

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. A forma mais co-


mum é o cubo (Fig. 406). Algumas vêzes, o octaedro está presente

Fh. 406. F ~ E407.


. Fix. 408.
Cristais de Galena.
MINERALOGIA DESCRITIVA
-- .~ .

I como truncaturas do c ~ i b o(Fies. 407 e 408). São raros o dodecaedro


e o trioctacdro. Na Fig. 409. mostra-se um grupo de cristais de galena.
A galena tem uni tipo de estrutura d o NaCI, com o Pb em lugar
I do Na c o S. no do C!.

(:livi~gein perfeita ( O 0 1 / . D 2!;. d 7.4-7.6.


P r < > p r i ? d ~ d p ,li,%if<i,$.
<
Brilho rnct~licorzluzente. Chr e traço: cinza do cliumbo.
Corripusiçüo. Sulfêto de chumbo. PbS. Pb 86.6-S 13.4 por cento.
Usualmente. a prata está presente, com probabilidade sob a forma
de misturas de minerais de prata como a argentita ou a tetraedrita.
A galena pode conter também pequenas quantidades de zinco, cádmio,
antimônio. bismuto e cobre. O enxofre pode ser substituído pelo
selênio. tendo sido referida uma série completa de. PbS-PbSe.
Ensaios. Corresponde a o número 2 da escala de fusibilidade.
Reduzida sobre o carváo vegetal a um glóbulo de chumbo. com for-
mação de uma auréola de óxido de chumbo. indo d o amarelo ao
branco. Quando a falena é aquecida rapidamente na chama oxidante.
a auréola f mais pesada e consiste principalmente em uma combina-
ç5o branca. volátil. de óxidos de chumbo e enx6fre. que se assemelha
à auréola do óxido de antimonio. Odor de anidrido sulfuroso. quando
calcinada sobre o carváo vegetal.
SULFETOS 267

Aspectos diagnósticos. A galena pode ser reconhecida fàcil-


mente por sua boa clivagem. densidade relativa elevada. maciez e
traço cinza d o chumbo.
Alteração. Pela oxidaçâo, a galena se converte em sulfato,
anglesita, e e m carbonato, cerussita.
Ocorrência. A galena é um sulfêto metálico muito comum,
encontrada em veios, aisociada com a esfalerita, pirita. marcassita,
calcopirita, cerussita, anglesita. dolomita, calcita. quartzo. barita e
fluorita. Quando encontrada em filões que mostram ligaç0es estreita
com as rochas ígneas, a galena está associada frequentemente com
minerais de prata; contém. muitas vêzes, a própria prata. tornando-se
assim mincrio de prata importante. Uma grande parte do suprimento
de chumbo orieina-se, como produto secundirio, dos minhios explo-
rados principalmente por causa de sua prata. Uni si.gi!ndo tipo de
depósito de galena está associado com calcários. seia conio veios.
preenchendo espaços abertos, ou como depósitos de substituiçáo. Os
depósitos de substituiçâo em calcários acompanham-se, comumente,
de uma dolomitizaçáo da rocha, e podem njio ter arsociaçáo aparente
com as rochas ígneas. Encontra-se também a p l e n a nos depósitos
metamórficos d e contato.
As localidades estrangeiras mais famosas são: Freiberg, na Sa-
xônia; as Montanhas do Harz; Westfália e Nassau; Piibram, na Boê-
mia; Cornwall, Derbyshire, e Cumberland, na Inglaterra, e Broken
Hill. na Austrália.
Nos Estados Unidos. existem muitos distritos produtores de chum-
bo; mencionam-se aqui sòmente os mais importantes. No sudeste do
Missouri, o minério ocorre sob a forma de camadas com a galena
disseminada através d o calcário. No distrito triestadiial tle Missouri.
Kansas e Oklahoma, tendo como centro Joplin, no Missouri, a galena
está associada com minérios de zinco, encontrando-se em veios e
bolsões irregulares no calcário e no silex. Encontra-se de maneira
semelhante, mas em menor quantidade, erii Illinois, Iowa e Wisconsin.
Os depósitos do sudeste d o Missouri são particularmente produtivos.
E m Idaho, um importante estado produtor, o chumbo deriva princi-
palmente de depósitos de veios plumbo-argentíferos. localizados perto
de Wallace, em Shoshone County. Produz-se o chumbo em Utah, na
localidade de Brigham, e também dos depósitos de prata dos distritos
de Tintic e Park City; no Colorado, principalmente dos. minérios de
prata-chumbo d o distrito de Leadville.
Uso. Pràticamente, a única fonte de chumbo. e um minério im-
portante de prata. O chumbo metálico é usado principalmente como
segue: para conversáo em branco de chumbo (carbonato básico de
I 268 MINERALOüIA DESCRITIVA

chumbo), principal ingrediente de muitas tintas brancas, ou em óxi-


dos (litargírio, PbO, e minio, Pb:,O,), usados na fabricação de vidro
e em dar brilho à cerâmica; como tubos e falhas, e para chumbo de
caça. E um ingrediente principal de várias ligas como a solda (chumbo
e estanho), metal para tipos (chumbo e antimónio) e ligas de baixa
fusáo (chumbo, bismuto e estanho). Usam-se grandes quantidades de
chumbo metálico em acumuladores, e como proteção no trabalho
com urânio e outras substâncias radioativas.
Nome. O nome galeoa derivou-se da palavra latina galena, dada
originalmente ao minério de chumbo.
Espécies semelhantes. A altaíta, PbTe, e a alabandira, MOS,
como a galena, têm uma estrutura d o tipo NaCI.

-
ESFALERITA - ZnS
Blenda de Zinco

Cristalografia. Isométrico; hexatetraédrica. As formas comuns


são o tetraedro, o dodecaedro e o cubo (Figs. 410 e 411), mas os
cristais, com frequência altamente complexos e usualmente malfor-
mados ou em agregados arredondados, mostram muitas vêzes gemi-
nação polissintética. Encontrada, usualmente, em massas suscetíveis
de clivagem, granulação grossa a fina. Compacta, botrioidal, cripto-
cristalina.
A estrutura da esfalerita é semelhante a do diamante. com meta-
de dos átomos de carbono do diamante substituída por zinco e a outra
metade, por enxôfre. Cada átomo de zinco é rodeado por quatro
átomos de enxôfre e ligado a este e, por sua vez, cada átomo de
enxôfre é ligado a quatro átomos de zinco (Fig. 412).

Cristais de Esfalerita.

A forma dimórfica d o ZnS, wurtzita, é hexagonal.


Propriedades físicas. Clivagem perfeita (011 }, mas a esfalerita
de algumas localidades é de granulação excessivamente fina para
SULFETOS 269
-

mostrar clivagem. D 3%-4. d 3,9-4,1. Brilho não-metálico e resinoso


a submetálico; também adamantino. Quando pura, tem côr branca,
e verde quando quase assim. Comumente amarela, indo do castanho
para o negro, escurecendo à medida que aumenta a quantidade de
ferro presente. Também vermelha (zinco rubi). Transparente a
translúcida. Traço branco a amarelo e castanho.
Composiçr70. Sulfêto de zinco, ZnS. Zn 67-S 33 por cento,
quando pura. Quase sempre contém ferro (Zn. Fe) S; o conteúdo
máximo de ferro é aproximadamente de 36 por cento. Demonstrou-
se' que, em presença de ferro em excesso, quanto mais alta a tem-
peratura da formação, tanto maior a quantidade de ferro presente,
até X94OC. quando há 36,5 por cento de FeS na solução sólida
(ver Fig. 382). A quantidade de ferro é, assim, uma indicação da
temperatura de formação e a esfalerita torna-se um termômetro geo-
lógico. O manganês e o cádmio estão presentes. usualmente. em pe-
quenas quantidades, na solução sólida.
Ensaios. O sulf8to de 7inco puro não é fusível: torna-se fusível.
mas também dificilmente, à medida que aumenta a quantidadc de
ferro. Quando aquecido sobre o carvão vegetal. desprende odor de
anidrido sulfuroso. Quando aquecido sôbre o carvão vegetal. com
mistura redutora. produz auréola de óxido de zinco (amarela, a quen-
te. branca a frio) que não se volatiliza na chama oxidante.
As/>rctos diagnósticos. A esfalerita pode ser reconhecida por
seu brilho resinoso notável e clivagem perfeita. As variedades negas
podem ser distinguidas por seu traço castanho-avermelhado.
Ocorréncia. A esfalerita. o minério de zinco mais importante,
é um mineral extremamente comum, estando associada à galena,
pirita, marcassita, calcopirita, smithsonita. calcita e dolomita. Em
sua ocorrência e maneira de origem, ela está estreitamente aliada à
galena. com a qual se encontra comumente. Está amplamente distri-
buída, mas principalmente em filóes e nos depósitos de substituição
irregulares no calcário. A esfalerita encontra-se também nos filóes
de rochas ígneas e nos depósitos metamôrficos de contato.
As ocorrências européias mais notáveis estão em Schemnitz e
outras localidades nos distritos de mineração de ouro e prata da Che-
coslováquia e Rumânia; em Alston Moor e outros lugares nos dis-
tritos de mineração de chumbo do norte da Inglaterra; e em Binnen-
thal, na Suíça, em belos cristais. Na Austrália, no Canadá e no Mé-
xico existe. ampla mineração de esfalerita. Nos Estados Unidos,
encontram-se grandes depósitos de zinco nos Estados de Miesouri,

' Kullerud, Gunnar. Thc FcS-ZnS s y t c r n : a gcoloeical thcrmorneier. Nnrxk. Glol.


Tidrsk., Vol. 32. pp. 81-141. 1953.
MINERALOGIA DESCRITIVA
--

Colorado. Montana. Wisconsin, Idaho e Kansas. A principal locali-


dade por sua produçáo 6 o distrito de .Ioplin, na parte sudoeste d c
Missouri. e nos distritos adjacentes de Kansas e Oklahoma.

Fie. 412. Esfaleiita. ZnS. hl<idèli>de Fmpac<>tiinient«.Zn (prêto) e S ihranci))


esráo amhos em coordcnaçio 4. N o t a r a i camadas de átomos paralelas a
í i 1 1 ) . Sc forem giradas, alternadamenle. 180°. rerultari a estrutura da
w~crtzita.

Uso. A esfalerita é o mais importante minério de zinco. O s


principais usos d o zinco metálico, o u zinco comercial, são na galva-
nização do ferro; na fabricação d o latão, uma liga de cobre e zinco:
nas baterias elétricas e como folhas de zinco. O óxido de zinco.
ou branco de zinco, é usado extensamente. para a fabricação de tintas.
Usa-çe o cloreto de zinco na preservação da madeira. Emprega-se o
sulfato de zinco n a tinturaria e na medicina. A esfalerita é também
n fonte niais importante de cádmio, índio. gálio e germânio.
,hronit.. O nome esfalerita procecle d o grego. significando trai-
ç o c i ~ o . Rienda. porque. embora assenielhando-se muitas vezes à ea-
lena, náo produ7 chumbo; d a palavra serrnânica signific;indo ilirslji-i;;
ou rn.coriador.
Cri.sfolo,qr<ifio. Tetragonal: escalenoédrica. Comuniente pseudo-
tetraédica no aspecto. coni faces ecfenoidais / 1 1 2 ) presentes (Fir.
41 3 ) . Outras fornias niostradas nas Figs. 414 e 41 5 s i « raras. Usual-
mente. maciça.

Propriedades fisicai. D 3K-4. d 4.1-4.3. Brilho metálico. Fráeil.


CÔr:_amarelo d o latão; embaçada muitas vêzes, adquirindo cor de
bronze ou iridescente. Traco prêto-esverdeado.
Composipio. Um sulfêto de cohre e ferro. CuFeS.. Cii 34.5.
Fe 3 0 5 , S 35.0 por cento. As análises niostram muitas vêzes varia-
~ õ e sdas proporções dadas. por causa das misturas mcc2nicas de oii-
tros sulfetos. principalmente pirita.
En.raio.~. E o número 2 da escala de fusibilidade. produzindo.
a o fundir-se, um glóbulo magnético. Desprende odor de anidrido siil-
furoso quando aquecida sôhre o carvão vegetal. Decrepita c produz
enxofre. no tubo fechado. Depois de calcinada e umedecida com áci-
d o clorídrico. d i a chama azul-ceieste do cloreto de cobrc.
,$spccios diugnósiicos. Reconhecida por sua cor amarela d«
latáo. traço prêto-esverdeado c baixa diirezki. Distingue-se da piritzi
por ser mais mole d o que o aco. e d o ouro p«r scr quebradiça. Conhc-
cida como "ouro d o louco". e x p r e ~ s á oque se aplica tamh6ni piritn.
Ocorrêrrrin. A calcopirita ! c o mineral de cohre quc ocorrc
mais extensamcntc. scridn uiiia das fontes niaiç iniportaiitcç dè.;r:.
nietal. Encontrn-sc distrihuida amplamente cni \elos niet:ilicc>\. c<-
peciaimente d o tino cic t?ni~rcr;itiirir elc\ada. E c i i ;iç.;o;i;id;i cori! :,
pirita. pirrotita. csfnlcrit;~. $aiei?;i. uiiartíci. c;iicitii. <loit>niit;i. .idci?::i
272 M4NERALffiU DESCRITIVA
I . - . -. ~ ~- - - -.

e vários minerais de cobre. Comumente, é de origem primária, deri-


vando dela, por vários processos de alteração, muitos minerais de
cobre secundários. Também ocorre como constituinte original das
rochas ígneas; em diques pegmatíticos; nos depósitos metamórficos
de contato e disseminada nas rochas xistosas. Pode conter ouro ou
prata, tomando-se um minério dêsses metais. Muitas vêzes, em quan-
tidades menores, em grandes massas de pirita, fazendo com que
estas sirvam como minérios de cobre de baixo teor.
1 Algumas localidades em que a calcopirita é o principal minério
de cobre são: Cornwall, na Inglaterra; Falun, na Suécia; Schemnitz,
na Checoslováquia; Schlaggenwald, na Boémia; Freiberg, na Saxô-
nia; Rio Tinto, na Espanha; Africa do Sul; norte da Rodésia e Chile.
Encontrada extensamente nos Estados Unidos, mas, usualmente, em
conexão com outros minerais de cobre em quantidade igual ou maior;
encontrada em Butte, no Estado de Montana; Bingham, em Utah;
Jerome, no Arizona; Ducktown. no Tennessee; e em vários distritos
na Califórnia, no Colorado e Novo México. As ocorrências mais
importantes no Canadá estão em Sudbury. no Ontário. e no distrito
de Rouyn, em Quebec.
Alteração. A calcopirita altera-se muitas vêzes. produzindo
malaquita, covellita, calcocita e óxidos de ferro. As concentraçóes de

~ cobre na zona de enriquecimento supérgeno são muitas vezes o resul-


tado dessa alteração e da remoção do cobre em solucão com sua
rubsequente deposição.
Uso. Importante minério de cobre.
Nome. Derivado das palavras greeas significando latão e pirira.

Estanita - CuzFeSnS,

Cristalo~rufia. Tetragonal; e5talenoédrica. Aparenta pseudo-isu-


métrica pela geminação. Pràticamente sempre macica.
Propriedades físicas. D 4. d 4,4. Brilho metálico. Cor: indo do
cinzento do aço ao negro do ferro. Traço prêto. Opaca.

~
! Composição. Um sulfèto de cobre. estanho e ferro. S 29,9-
-Cu 29,s-Sn 27.5-Fe 13,l por cento.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 1 e 2 da
escala de fusibilidade. Ligeiramente magnética depois de aquecimento
na chama redutora. Após calcinqão e umedecimento com ácido
cloridrico, dá, quando aquecida, a chama azul do cloreto de cobre.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua baixa fusibilidade
e pelos ensaios para o cobre, estanho e ferro.
SULFETOS 273

Ocorrência. A estanita ocorre nos veios contendo estanho, as-


sociada com a cassiterita, calcopirita, wolframita, pirita e quartzo.
E um mineral raro, encontrado na Boêmia. em vários lugares
em Cornwall e nos minérios de estanho da Bolívia.
Uso. Um minkrio secundário de estanho.
Nomr. Da palavra latina sigificando estanho.

Greeiiorkita - Cds

Crisralo,qrafio. Hexagonal: piramidal~dihexagonal. Cristais ra-


ros e pequenos, mostrando face de prisma e terminados usualmente
com ptdio na parte inferior e com pirâmides na parte superior. Usual-
mente pulvrrulento e como incrii-tnq6ei pulveri~lentai
Proprirdodrs fisicas. D 3-3!i. d 4 9 . Brilho adamantino a re-
sinoio. terroso. A cor apresenta várias tonalidades do amarelo e do
alaranjado. Traco entre amarelo-alaranjado c vermelho-tijolo.
Compí>siçüo. Sulfêto de cádmio. CdS. Cd 77,X - S 22.2 por cen-
to. A wurtzita. ZnS, e a greenockita são isoestruturais. existindo uma
série completa de soluqão sólida entre os dois minerais.
Ensaios. Não é fusível. Desprende odor de anidriclo sulfuroio.
quando aquecida sôbre o carvão vegetal oii no tubo aberto. O icido
clorídrico a decompõe com produção de gás sulfídrico. Di uma aoréo-
Ia de óxido de cádinio castanha-avermelhada, quando aquicida com
carbonato de sódio sobre o carvão vegetal.
Aspecros diagriósticos. Caracterizada por sua côr amarela e lor-
ma pulvemlenta, estando associada com niinirios de ziiico.
Ocorrência. A greenockita é o mineral mais conilim contendo
cádmio, mas se encontra sòmente em poucas localidades e eni peque-
nas quantidades, usualmente como revestimento terroso sôbre miné-
rios de zinco, especialmente esfalerita.
Encontrada sob a forma de cristais em Bishopton. Renfrcw, na
Escócia; em Tsumeb, na Africa Sudoeste. e também na Roêmia e Ca-
ríntia. Nos Estados Unidos, encontra-se associada a mincrios de zinco
no distrito triestadual de Missouri. Kansas e Oklahoma, em Arkansas.
e em pequenas quantidades em Franklin, no Estado de Nova Jersey.
Uso. Uma fonte de cádmio. O cádmio é usado em ligas em-
pregadas na fabricaçáo de rolamentos contra a fricção e em ligas de
fusão baixa. Pequenas quantidades, menos do que 1.5 por cento.
endurecerão o cobre e a prata. O maior emprêgo é na galvanoplastia
de outros metais para formar um revestimento resistente ao ataque
274 MINERALOGIA DESCRITIVA

químico. Usa-se também o cádmio em muitos pigmentos e produtos


químicos.
Nome. Greenockita provém d o nome de Lorde Greenock (mais
tarde conde Cathcart). O primeiro cristal foi encontrado aproxima-
.damente em 1810. Tinha mais de um centínietro de espessura e foi
confundido com a esfalerita.

PIRROTITA
- -
- 'F~,-~s
. ~

Piritas Magnéticas

Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal-dihexagonal. Os cristais


usualmente sáo tabulares, em alguns casos piramidais (Fig. 416).
Pràticamente sempre maciça, com hábito gra-
nuloso ou lamelar.
Propriedades físicas. D 4. d 4,58-4,65.
Brilho metálico. Cor: bronze pardacento. Tra- '
ço prêto. Magnética, mas variando muito de
Fie. 416. Pirrotita. intensidade, as espécies menos magnéticas
tendo mais ferro. Opaca.
Cornpusi~.ão. Sulfêto de ferro, Fe S, com x entre O e 0,2.
1-1
O mineral troilita aproxima-se do FeS; a maior parte das outras pir-
rotitas têm composição variada, mas apresentam uma deficiência em
ferro.
Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade.
Aquecida sóbre o carvéo vegetal, ou no tubo aberto desprende odor
de anidrido sulfuroso e torna-se fortemente magnética. No tubo fe-
chado, pouco ou nenhum enxofre.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida usualmente por sua natu-
reza maciça, cor de bronze e propriedades magnéticas.
Ocorrência. A pirrotita é um constituinte comum, de menor
importância, das rochas ígneas. Ocorre em grandes massas, associada
com a pentlandita, calcopirita e outros sulfetos nas rochas ígneas bási-
cas, das quais pode ter sido segregada por alguma forma de diferen-
ciação magmática. Encontra-se também nos depósitos metamórficos
de contato, nos depósitos de filóes e nos pegmatitos.
Encontrada em grandes quantidades na Finlândia, Nonega c
Sukcia em Sudbury. no Ontário, Canadá. Os minerais de níquel estão
associados a ela e, nestas condições, a pirrotita é explorada em larga
escala por causa do níquel contido nos minerais que a acompanham.
Na Alemanha, provém de Andreasberg, nas montanhas do Harz; en-
SULFETOS 275

contrada também em Schneeberg, na Saxônia, e em Bodenmais, na


Bavária. Nos Estados Unidos, em cristais procedentes de Standish, no
Estado do Maine; na mina Gap, Lancaster County, na Pensilvânia;
e em quantidade considerável em Ducktown, no Tennessee.
Uso. A pirrotita é explorada por causa de seu níquel associado,
particularmente em Sudbury, no Ontário.
Nome. O nome pirrotita provém do grego, Iíngiia em que signi-
fica avermelhado.

--
NICOLITA
. --
- NiAs .. -
Níquel-Cobre

Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal-dihexagonal. Raramente


em cristais. Usualmente maciça, reniforme com estrutura colunar.
Propriedades físicas. D 5-5%. d 7,78. Brilho metálico. Côr:
vermelho do cobre, pálido (razão pela qual se chama n í q u e l ~ o b r e ) ,
embaçando-se e adquirindo côr que vai do cinza ao prêto. Traço
prêto-pardacento. Opaca.
Composição. Arsenieto de níquel, NiAs. Ni 43.9 - As 56,l por
cento. Usualmente, com um pouco de ferro, cobalto e enxofre.
Frequentemente, o arsênico é substituído em parte pelo antimônio.
E'nsaios. Corresponde ao número 2 da escala de fusibilidade.
Quando aquecida sôbre o carvão vegetal, forma-se um depósito bran-
co, volátil, de óxido arsenioso, desprendendo-se odor de alho. Dá o
ensaio do níquel com a dimetilglioxima.
Aspectos diafnósticos. Caracterizada por sua côr vermelha d o
cobre.
Alteração. Na atmosfera úmida, altera-se prontamente dando
onabergita (flor de níquel).
Ocorrência. A nicolita, com outros arsenietos e sulfetos de ní-
quel, pirrotita e calcopirita, ocorre frequentemente em noritos ou as-
sociada com estas rochas. Encontrada também e m depósitos de veios
com minerais de cobalto e prata.
Encontrada na Alemanha nas minas de prata d a Saxônia, nas
Montanhas do Harz, em Hessen-Nassau e em Cobalt, no Ontário.
Uso. Um minério de níquel de menor importância.
Nome. O primeiro nome dêste mineral, kupfernickel, deu o
nome níquel ao metal. Nicolita procede da palavra latina niccolunt
(níquel).
276 MINERALOGIA DESCRITIVA

_ Millerita - NiS
Piritas Capilares
Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Usualmente em
hifos semelhantes a cabelos e em gmpos radiados de cristais entre
delgados e capilares. E m incrustações aveludadas.
Propriedades físicas. Boa clivagem { 1011 }. D 3-3:;. d 5,5&0,2.
Brilho metálico. Cõr: amarelo d o latão, pálido, com um matiz esver-
deado quando em massas finas semelhantes a cabelos. Traço negro,
algo esverdeado.
Composiç~o. Sulfêto de níquel, NiS. Ni 64,7 - S 35,3 por cento.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 1 e 2 da
escala de fusibilidade, produzindo um glóbulo magnético. Desprende
odor de anidrido sulfuroso quando aquecida sobre o carvão vegetal,
ou tubo aberto. O mineral calcinado empresta colorido castanho-aver-
melhado à pérola de bórax, na chama oxidante. D á a reação d o ní-
quel com a dimetilglioxima.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por seus cristais capilares;
distinguindo-se dos minerais de cor semelhante pelas reações do níquel.
Ocorrência. A millerita forma-se como um mineral de tempe-
ratura baixa. encontrand+se muitas vêzes em cavidades, e como uma
alteração de outros minerais de níquel. ou como inclusões de cristal
em outros minerais.
Ocorre em várias localidades na Saxõnia. Westfália e Hessen-
-Nassau, e na Boémia. Nos Estados Unidos, encontra-se com a he-
matita e a ankerita em Antuérpia, no Estado de Nova lorque; com a
pirrotita na mina de Gap, em Lancaster County, nn Pensilvânia; em
geodos n o calcário, em São Luiz. no Estado de Missouri; em Keokuk,
no de Iowa, e em Milwaukee, no de Wisconsin.
Uso. Um mineral secundário de níquel.
Nome. Em honra d o mineralogista, W. H. Miller (1801-1880).
o primeiro a estudar os cristais.

Pentlandita - ( F ~ . N ~ ) I S H
Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Maciça, usualmente
em agregados granulares.
Propriedades físicos. Partição octaédrica { 1 11 ). D 3%-4.d 4.6-
-5,O. Quebradiqa. Brilho metálico. Cõr: bronze-amarelado. Traço
castanho d o bronze, claro. Opaca, não-magnética.
Composição. Um sulfêto de ferro e níquel (Fe,Ni),S,. A rela-
ção Fe:Ni está usualmente próxima de 1 : 1. Em geral, contém peque-
nas quantidades d e cobalto.
Ensaios. Situa-se a meio caminho dos números 1 e 2 da escala
de fusibilidade. Desprende odor de anidrido sulfuroso no tubo aberto;
ao ser aquecida, torna-se magnética. O mineral calcinado empresta
colorido castanho-avermelhado a pérola de bórax, na chama oxidante.
Dá a reasão d o níquel com a dimetilglioxima.
Aspectos diagnósticos. A pentlandita assemelha-se muito à pir-
rotita, na aparência; pode distinguir-se dela, no entanto, por sua par-
tição octaedrica e pela falta de magnetismo.
OcorrCncia. A pentlandita está quase sempre associada a pir-
rotita e, usualmente, ocorre nas rochas básicas tais como os noritos,
sendo talvez derivada dêles por segregaçáo magmática. Encontrada
também com a calcopirita e outros minerais de ferro e níquel.
Encontrada em localidades amplamente separadas, em pequenas
quantidades. mas suas ocorrências principais estão no Canadá, onde,
associada à pirrotita, é a fonte principal do níquel em Sudhury, no
Ontário, e na área do Lago Lynn, em Manitoba. E também minério
importante, em depósitos semelhantes. no distrito de Petsamo, na
Rússia.
Uso. O principal minério de níquel. Usa-se o níqucl principal-
mente no aqo. O asa-níquel contém de 2%-3%por cento de níquel,
o que aumenta muito a resistência e a tenacidade da liga, de modo
que se podem construir máquinas mais leves sem perda de resistência.
A fabrica~ãodo metal Monel (68 por cento de níquel e 32 por cento
de cobre) e do Nicromo (38-85 por cento de níquel) consome grande
quantidade do níquel produzido. Outras ligas são a prata alemã (ní-
quel, zinco e cobre); o metal para a cunhagem - a moeda de cinco
centavos dos Estados Unidos contém 25 por cento de níquel e 75
por cento de cobre -; os metais de baixa expansão para molas de
relógios e outros instrumentos. Usa-se o níquel na galvanoplastia;
embora o cromo o substitua agora. grandemente, na camada superfi-
cial, usa-se o níquel para uma camada subjacente mais espessa.
Nome. Origina-se de J. B. Pentland, o primeiro a notar o mi-
neral.

Covellita - CuS
Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal-dihexagonal. Raramente
em cristais hexagonais, tabulares. Usualmente, maciqa, como revesti-
mentos ou disseminaçóes através de outros minerais de cobre.
Propriedades física.^. Clivagem perfeita {O001 }, dando placas
flexíveis. D 1%-2. d 4,6-4,76. Brilho metálico. Côr: azul-anil ou mais
escura. Traso cinza-chumbo a prêto. Muitas vêzes, iridescente. Opaca.
278 MINERALOGIA DESCRITIVA

Composição. Sulfêto de cobre, CuS. Cu 66,4 - S 33,6 por cento.


Pode estar presente uma pequena quantidade de ferro.
Emaios. Situa-se a meio caminho entre os números 2 e 3 da
escala de fusibilidade. Desprende odor de anidrido sulfuroso sobre o
carvão vegetal e no tubo aberto, produzindo muito enxofre n o tubo
fechado. O mineral calcinado, umedecido com ácido clorídrico e aque-
cido, dá a chama azul d o cloreto de cobre.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pela cor azul-anil, cliva-
gem micácea que produz placas flexíveis, e associação com outros sul-
fetos de cobre.
Ocorrência. A covellita não é um mineral abundante, mas é
encontrado na maioria dos depósitos de cobre como um mineral supér-
geno, usualmente como um revestimento, na zona de enriquecimento
dos sulfetos. Está associada a outros minerais de cobre, principal-
mente a calcocita, calcopirita, bornita e enargita. sendo derivada delas
por alteração. A covellita primária é conhecida, mas pouco comum.
Encontrada em Bor, na Sérvia; na Iugoslávia e em Leogang,
na Austria. Em grandes cristais iridescentes, provindos da mina Cala-
bona, em Alghero, na Sardenha.
Nos Estados Unidos, encontra-se a covellita em quantidades
apreciáveis em Butte, no Estado de ~ k n t a n a em
; Summitville, no d o
Colorado e no distrito La Sal, n o de Utah. Encontrada antigamente
em Kennecott, no Alaska.
Uso. Um minério secundário de cobre.
Nome. Em honra de N. Covelli (1790-1829), o descobridor
da covellita d o Vesúvio.

CINABRIO - Hgs
Cristalo~rafia. Hexagonal-R; trapemédrica-trigonal. Os cristais
são usualmente romboédricos, muitas vezes geminados de penetração.
As faces trapezoédricas são raras. Usualmente. maciço, finamente
granular; também terroso, como incrustaç0es e disseminaçóes através
da rocha.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita {IOTO}. D 2%.d 8,10.
Brilho adamantino quando puro; quando impuro chega a ser terroso,
'fosco. Quando puro a cor é vermelhão-vermelha, quando impuro,
vermelha-pardacenta. Traço escarlate. Transparente a translúcido.
O cinábrio hepático é uma variedade inflamável, da cor parda d o fíga-
do e, em alguns casos, traqo acastanhado, usualmente granular ou
compacto.
Composiçúo. Suliêto de mercúrio, HgS. H g 86,2 - S 13,8 por
SULFETOS 279

cento. Frequentemente impuro, estando misturado com argila, óxido


de ferro e betume.
Ensaios. Inteiramente volátil, quando livre de impurezas. Quan-
do aquecido sòzinho no tubo fechado, produz sublimado préto de
sulféto de mercúrio. Quando aquecido no tubo fechado com carbo-
nato de sódio s&o, produz glóbulos de mercúrio metálico.
Aspectos diagnósticos. Reconhecido por sua cor vermelha e
traço escarlate, alta densidade relativa e clivagem.
Ocorrência. O cinábrio é o minério de mercúrio mais impor-
tante, encontrando-se, no entanto, em quantidade, em relativamente
poucas localidades. Ocorre como impregnações e como enchimentos
de veios perto de rochas vulcânicas recentes e fontes termais e depo-
sitado próximo da superfície, provindo de soluções que eram, provà-
velmente. alcalinas. Associado com a pirita, marcassita, estibnita e
sulfetos de cobre em uma ganga de opala, calcedônia, quartzo, barita,
calcita e fluorita.
As localidades importantes de ocorrência do cinábrio s3o em
Almaden. na Espanha; em fdria, na Gorizia, na Itália; em Huancave-
lica, no sul do Peru; e nas províncias de Kweichow e Hunan, na
China. Nos Estados Unidos, os depósitos importantes estão na Cali-
fórnia, em Nova fdria, em San Benito County, em Napa County
e em Nôvo Almaden, em Santa Clara County. Ocorre também em
Nevada, Utah, Oregon, Arkünsas, Idaho e Texas.
Uso. A única fonte importante de mercúrio. O uso mais impor-
tante do mercúrio era no processo de amalgamação para a recuperação
do ouro e da prata de seus minérios, mas outros métodos de extraçáu
diminuíram sua procura para êste fim. Usa-se nos termômetros, barô-
metros e em vários equipamentos científicos c elétricos, incluindo-se
aí a pilha de mercúrio; em drogas, e sob a forma de amálgama com
a prata na odontologia, e com o estanho na "prateação" dos espelhos.
Várias instalações nos Estados Unidos utilizam o vapor do mercúrio
em vez do vapor de água, para a geração da força. 6 êste um grande
uso potencial d o mercúrio. Entre as aplicacões militares importantes,
incluem-se a fabricação de fulminato de mercúrio para detonar explo-
sivos d e alta potência, e de tinta para os cascos dos navios.
Nome. Supóe-se que o nome cinábrio proveio da fndia, onde
se aplica a uma resina vermelha.

REALGAR - AsS

Cri.rtalo~rafia. Monoclinico; prismática. Encontrado eni cristais


curtos, estriados verticalmente, prismáticos (Fig. 417). Frequente-
280 MINERALOGIA DESCRITIVA

mente de granulaçáo grossa a fina; terroso, muitas


vêzes, e como uma incmstaçáo.
Propriedades físicas. Clivagem { 0101. D 15-2.
d 3,48. Séctil. Brilho resinoso. Côr: vermelho-alaran-
jado. Traço vermelho a alaranjado. Translúcido a
transparente.
Composição. Monoisulfêto de arsênico, AsS. As
70,l-S 29,9 por cento.
Fig. 417. Ensaios. Na escala de fusibilidade, corresponde
Realgar. ao número 1. Aquecido sôbre o carvão vegetal, pro-
duz um sublimado branco, volátil, de óxido arsenioso,
com odor de alho característico. Calcinado no tubo aberto, dá su-
blimado cristalino, volátil, de óxido arsenioso e odor de anidrido sul-
furoso.
Aspecios diaqnósticos. O realgar pode distinguir-se por sua côr
vermelha, brilho resinoso e associação quase invariável com o ouro-
-pigmento. Seu traço vermelho-alaranjado serve para distingui-lo dc
outros minerais vermelhos.
Ocorrência. Encontra-se o realgar nos filões de minkrios de
chumbo, prata e ouro, associado com o ouro-pigmento. outros mi-
nerais de arsênico e estibnita. Ocorre também como um produto de
sublimação vulcânica e como um depósito de fontes termais.
Encontra-se o realgar associado com os minérios de prata e de
chumbo da Hungria, Boêmia e Saxônia. Encontrado em belos cristais
em Nagyág, na Transilvânia; Binnenthal, na Suíça e Allchar, na Ma-
cedônia. Nos Estados Unidos, encontrase o realgar em Mercur, no
Utah, em Manhattan, no Estado de Nevada e como depósito das
águas dos gêiseres em Norris Geyser Basin, no Parque Nacional de
Yellowstone.
Uso. Usou-se o realgar nos fogos de artifício para dar-lhes
uma luz branca brilhante quando misturado ao salitre d o Chile, e
aceso. Presentemente, usa-se para êste fim o sulfêto de arsénico
artificial. No passado, usou-se como pigmento.
Nome. O nome provém do árabe, Rahj al ghar, pó da mina.

OURO-PIGMENTO --

Crislalo.qafia. Monoclínico; pnsmática. Cristais pequenos, tabu-


lares (Fig. 418) ou prismáticos curtos e raramente distintos. Usual-
mente, em massas larninadas ou colunares.
SULFETOS 281

Propriedades físicas. Clivagem perfeita (0101. Lâminas de cli-


vagem flexíveis mas não-elásticas. Séctil. D 1%-2. d 3.49. Brilho re-
sinoso, nacarado na face de clivagem. Côr: amarelo
do limão. Translúcido.
ConrposiçEu. Tri'sulfêto de arsênico. As&.
As 61- S 39 por cento.
Ensaios. Os mesmo que os do realcar (ver
página 279).
Aspectos diaqnósricos. Caracterizado por sua
côr amarela e estrutura Iaminada. Distingue-se do
enxofre por sua clivagem perfeita.
Ocorrência. O ouro-pigmento i um mineral
raro, associado, usualmente, com o realçar e forma-
do sob condições semelhantes. Encontrado em vários 1 ir. 418.
lugares na Rumânia, no Kurdistão, no Peru. no Ja- ourii-~ipmento.
pão etc. Nos Estados Unidos. ocorre em Mercur. no
Utah e em Manhattan, no Estado de Nevada. Depositado com o
realçar, existentes ambos nas águas dos gêiseres de Norris Geyser
Basin, no Parque Nacional de Yellowstone.
Uso. Usado na tinturaria e em um preparado para a remoçáo
de cabelos das peles. Usa-se amplamente o sulfêto de arsênico artifi-
cial em lugar d o mineral. No passado, usavam-se o realgar e o ouro-
pigmento como pigmentos. mas não os empregam mais presentemente.
por causa de sua natureza venenosa.
Nome. Derivado do latim. auripiymenrum, "pigmento de ouro".
aludindo-se à sua cor e porque se supunha que a substância continha
ouro.

ESTIRNITA
.- - Sb& .
/-
Cristalografia. Ortorrõmbico; bipiramidal. Hábito prismático.
delgado, zona d o prisma estriada verticalmente. Cristais terminados.
muitas v'zcs, em ponta (Fig. 419). Cristais curvos, algumas vêzes
(Figs. 420 e 421 ) . Muitas vêzes, em grupos de cristais radiados, ou
em formas Iamelares com clivagem nítida. Maciça, granulaçáo grossa
a fina.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita ( 0 1 0 ) . D 2. d 4,52-4.62.
Brilho metálico, reluzente nas superfícies de clivagem. Côr e traço:
cinza d o chumbo a prêto. Opaca.
Composiçãn. Trissulfêto de antimônio, Sb,S,. Sb 7 1.4 - S 28,6
por cento. Pode conter pequenas quantidades de ouro, prata, ferro,
chumbo e cobre.
282 MINERALüGlA DESCRITIVA
-

Ensaios. A estibnita é o número 1 da escala de


fusibilidade. Aquecida sobre o carvão vegetal, produz
auréola de cor branca, densa, de trióxido de antimô-
nio, e odor de anidrido sulfuroso. Quando calcinada

cI
i no tubo aberto, d á sublimado branco que náo se vola-
tiliza, perto da parte inferior d o tubo, e outro branco,
volátil. como anel, em redor do tubo.
I I
Fig. 419. Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua fu.
~ ~ ~ , b ~ i ~ ~ fácil,
sibilidade . hábito lamelar, clivagem perfeita em
uma direção, cor cinza d o chumbo e traço prêto, mole.
Ocorrência. A estibnita é depositada pelas águas alcalinas, usual-
mente associada com o quartzo. Encontrada em veios ou camadas de
quartzo no granito e gnaisse, com poucos outros minerais, presentes.
Pode ocorrer como substituição nos calcários e piçarras, provàvelmente
em conseqüência de sua origem relacionada com depósitos termais.
Associada muitas vêzes com rochas intrusivas. Associada com outros
minerais de antimônio que se formaram como produto de sua decom-
posição c com a galena, cinábrio, esfalerita, barita, realgar, ouro-
-pigmento e ouro.
Encontrada em vários distritos mineiros na Saxônia, Rumânia,
Boêmia, Toscana e França Central. Ocorre em cristais magníficos na
província de Iyo, na ilha de Shikoku, no Japão. O distrito produtor
mais importante d o mundo está na província de Hunan. na China.
Ocorre também em Bornéu. Bolívia,. Peru e México. Nos Estado;
Unidos, encontra-se em quantidade, sòmente em poucas localidades,
estando os depósitos principais na Califórnia, em Nevada e no Idaho.
Uso. O principal minério de antimônio. Usa-se o nietal em vá-
rias ligas. como chumbo antimonial nas baterias de acumuladores,
metal tipográfico, metais peltre, babbitt, britânia e nietal contra a
fricção. Emprega-se o sulfêto na fabricaçóo de fogos artificiais, fós-
foros e cápsulas detonantes. Empregado na vulcanização da borracha.
Usado na medicina como tártaro emético e outros compostos. Empre-
ga-se o trióxido de antimônio como pigmento e para a fabricação de
vidro.
Nome. O nome estibnita provém de uma antiga palavra grega
que foi aplicada ao mineral.

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Em cristais acicula-


res, estriados. Usualmente maciça com textura foliada ou fibrosa.
SULFETOS 283

i: . . . . .~ ~~ ~

Flq. 420. Cristal Curvo de Eliibnit;i, Ischinokowa. Japão.

Pro11r;edades jísicos.Clivagem perfeita (010). D 2. d 6,7X t


i; 0,03.Brilho metálico. Côr e traqo: cinza d o chumbo. Opaca.
Compo.~isãr~.Trissulfêto de hismuto. Bi2S:,. Ri 81.2 - S 18.8 por
cento. Muitas vêzes, associada ao antimonio, chumbo, cobre e ferro.
Composição. Trissulfêto de bismuto. Bi2S:,. Bi 81,2 - S 18.8 por
Calcinada no tubo aberto, ou sobre o carvão vegetal, produz auréola
284 MINERALOGIA DESCRITIVA
-- -- -

de cdr vermelha característica. Misturada com fluxo de iodeto e


aquecida sobre o carváo vegetal, dá a auréola vermelha característica.
Aspectos diagnóslicos. Assemelha-se à estibnita; reconhecida
pela reafão d o bismuto.
Ocorrência. A hismutinita é um mineral raro que ocorre fre-
quentemente em veios, mostrando êstes, relafóes definidas para com
as rochas ígneas.
Encontrado em Cornwall e Cumberland, na Inglaterra; na Saxô-
nia; na Suécia, na Boêmia e no México. Na Bolívia, ocorrem depó-
sitos importantes, associados com minérios de estanho c tungstênio.
Nos Estados Unidos, provém de Beaver County, em Utah; Haddam,
em Connecticut; Delaware County, na Pensilvânia; várias localidades
do Colorado; e Manhattan, em Nevada, com realgar e ouro-pigmento.
Uso. Um minério de bismuto.

-PIRITA
- - FeS2
Piritas de Ferro

Cristaio~rafia. Isométrico; diploédrica. Frequentemente em cris-


tais. As formas mais comuns são o cubo, tendo as faces usualmente
estriadas; as estrias nas faces adjacentes são perpendiculares entre si
(Fip. 422); o piritoedro (Fig. 423) e o octaedro. Ar Figs. 424-426
mostram combinações características destas formas. A Fig. 427 mostra
um geminado de penetração, conhecido como cruz de ferro (com
{O11 } sendo o plano de geminação). Apresenta-se tambémmaciça.
granular, reniforme, globular e estalactitica.

Fip. 422. Fie. 423. Fig. 424.

Pirira

A pirita tem um tipo modificado de estrutura d o NaC! (Fig. 428)


com o Fe ocupando a posição do Na e com os grupos Sz, a do Cl.
Os pares de enxofre estão juntos ao longo dos eixos ternários e cada
SULFETOS 285

enxofre de um par toca três átomos de ferro. Cada átomo de ferro


é rodeado por seis átomos de enxofre. Notar-se-á que sòmente um
par de enxofre, em quatro, se situa ao longo de um dado eixo ternário.
Propriedades físicas. Quebradiça. D 6% (de dureza pouco co-
mum para um sulfêto). d 5,02. Brilho metálico, reluzente. Cor: ama-
relo d o latãio, pálido; pode ser mais escuro pelo embaçamento. Traqo
esverdeado ou prêto-acastanhado. Opaca.

Fie. 425. Fia. 426. Fig. 427.

Composição. Bissulfêto de ferro, FeS?. Fe 46.6 - S 53.4 por


cento. Pode conter pequenas quantidades de níquel e cobalto. Algu-
mas análises mostram níquel em quantidade considerável. podendo
existir uma série completa de solução sólida, entre a pirita e a broivirri
(Ni.Fe)S,. Contém frequentemente quantidades diminutas de oiiro e
cobre, nias provàvelmente como impurezas microsc6pica:.
Ensaios. Situa-se além do meio caminho entre os números 2
e 3 da escala de fusibilidade. produzindo um glóhulo magrnético. Pro-
duz muito enxofre no tubo fechado. Desprende anidrido sulfuroso
quando aquecida no tubo aberto ou sobre o carvão vegetal.
Aspecros dia~n6sricos. Distingue-se da calcopirita pela sua cor
mais pálida e pelo fato que não pode ser riscada pelo aço; do ouro,
por sua fragilidade e dureza, e da marcassita por sua cor mais escura
e forma cristalina.
Alteração. A pirita altera-se fàcilmente dando óxidos de ferro.
usualmente, limonita. Em geral, todavia, é muito mais estável do que
a marcassita. Sãocomuns os cristais pseudomorfos de limonita sobre
a pirita. Os filóes de pirita estão recobertos usualmente por um depó-
sito celular de limonita, denominado gossan. As rochas que contém
pirita são impróprias para construções porque a pronta oxidação da-
quele mineral serviria não só para desintegar a rocha, mas também
para manchá-la, com o óxido de ferro prodiizido.
286 UINERALOGIA DESCRITIVA

Ocorrtncia. A pirita é o sulfêto mais comum e disseminado.


Formou-se tanto nas temperaturas altas como baixas, mas as massas
maiores se formaram provàvelmente em temperatura alta. Ocorre como
segregação magmática direta e como um mineral acessório na rocha
ignea, também em depósitos de filões e metamórficos de contato.
A pirita é um mineral comum nas rochas sedimentares, sendo tanto
de origem primária como secundária. Está associada com muitos mi-
nerais, sendo encontrada, no entanto, mais frequentemente, com a
calcopirita, a esfalerita e a galena.

Fig. 428. Pirita, FeSs. blodèlo de F.mpi<cr~lamrnio. i-ç prCli?, 5 branca. Notar
que o s pares de enxbfre estão alinhados ao longo dos eixos ternários de
simetria.

Em Rio Tinto e alhures na Espanha, também em Portugal, ocor-


rem depósitos grandes e extensamente desenvolvidos. Nos Estados
Unidos, os depósitos importantes de pirita estão em Prince William.
Louisa e Pulaski Counties; em St. Lawrence County, no Estado de
Nova York; na mina Davis, perto de Charlemont, em Massachusefts e
em vários lugares na Califórnia, no Colorado e no Arizona.
Uso. Explora-se muitas vêzes a pirita pelo ouro ou cobre as-
sociados. Por causa da grande quantidade de enxofre presente no mi-
neral, usam-no como minério de ferro sùmente nos países onde não
SULFETOS 287

se dispóe de minérios de óxidos de ferro. E usada principalmente para


fornecer enxofre para a fabricação de ácido sulfúrico e caparrosas
(sulfato ferroso). O ácido sulfúrico é talvez o produto químico mais
importante de todos, sendo usado para muitos ,fins diferentes, dos
quais alguns dos mais importantes são a purificação d o querosene e
a preparação dos fertilizantes minerais. O gás SOt. derivado seja pela
queima d o enxofre, seja pela calcinação da pirita, usa-se extensamente
na preparação da polpa d a madeira para a fabricação do papel. Usam-
se as caparrosas na tinturaria, na manufatura de tintas, como preser-
vativo da madeira e como desinfetante.
Nome. O nome pirita provém do grego, significando fogo, alu-
dindc-se ao fato que, quando golpeada com aço, emite fagulhas bri-
lhantes.

Cristalografia. Isométrico; tetartoédrica. Comumente em cubos


ou piritoedros com as faces estriadas conio na pirita. Também gra-
nular.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { O O l ) . Quebradiça.
D 5%. d 6,33. Brilho metálico. C6r: branco da prata, tendendo para
o vermelho. Traço prêto-acinzentado.
Composição. Sulfarsenieto de cobalto com quantidade consi-
derável de ferro (máximo aproximadamente 10 por cento) e quanti-
dades menores de níquel, (Co,Fe)AsS. A gersdorffita, NiAsS, e a
cobaltita formam uma série completa de soluçáo-sólida, mas os mem-
bros intermediários são raros.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 2 e 3 da
escala de fusibilidade. Sôbre o carvão vegetal, dá um sublimado bran-
co, volátil, de óxido arsenioso com odor característico de alho. Na
chama oxidante, na pérola de bórax, dá cor azul intensa (cobalto).
Aspectos diagnósticos. Embora sob a forma de crista!, a cobal-
tita se assemelha a pirita, pode ser distinguida dela por sua cor de
prata e por sua clivagerri.
Ocorrência. Encontra-se usualmente a cobaltita nos depósitos
de alta temperatura; como disseminaçóes nas rochas metamórficas, ou
nos depósitos de filões, com outros minerais de cobalto e níquel.
Ocorréncias notáveis de cobaltita estão em Tunaberg, na Suécia, e em
Cobalt, no Ontário. Hoje, o maior produtor de cobalto C o Conso
Belga, onde estão associados os minérios oxidados de cobalto e cobre.
Uso. Um minério de cobalto.
288 MINERALOGIA DESCRITIVA
-

MARCASSITA - FeS,
Piritas de Ferro Brancas

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Os cristais são co-


mumente tabulares, paralelamente a o plano basal, apresentando tam-
bém prismas verticais, curtos, e prismas de primeira ordem, baixos
(Fig. 429). Os prismas de primeira ordem usualmente estriados, pa-
ralelamente ao eixo a. Muitas vêzes. geminados, apresentando grupos
sob a forma de crista de galo e de ponta de lança (Figs. 430 e 431).
Usualmente sob formas radiadas. Estalactítica. muitas vêzes, tendo
um núcleo interior com estrutura radiada e coberto exteriormente por
grupos de cristais irregulares. Tamb6m globular e reniforme.

Fig. 429. Marcasrita

Fig. 430. Fig. 431.

Marcassiia em "Crisla de Galo"

Propriedades físicas. D 6-6;:. d 4,89. Brilho metálico. Côr:


amarelo do bronze. pálido, a quase branco, em fratura recente; quan-
do embacia, torna-se amarela a pardacenta. Traço preto-acinzentado.
Opaca.
Composiçáo. Bissulféto de ferro. com a pirita, FeS,. Fe 46,6 -
- S 53,4 por cento.
Ensaios. Situa-se além do meio caminho entre os números 2 e
3 da escala de fusibilidade, produzindo glóbulo magnético. Aquecida
sobre o carvão vegetal ou no tubo aberto, dá odor de anidrido sulfu-
roso. No tubo fechado, produz muito enxofre. Quando se trata o pó
fino com ácido nítrico frio e se deixa a soluçáo repousar até que cesse
a ação intensa e, depois, se aquece, o mineral se decompõe com se-
paração do enxofre. A pirita, tratada d o mesmo modo, ter-se-ia dis-
solvido completamente.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida e distinguida usualmente da
pirita por sua côr amarela, pálida, seus cristais ou seu hábito fibroso
e pelo ensaio químico mencionado anteriormente.
Alteração. A marcassita desintegra-se, usualmente, de maneira
mais fácil do que a pirita, com a formação de sulfato ferros0 e ácido
sulfúrico. O p6 branco que se forma sôbre a marcassita é a melanterita.
FeS0,.7H20.
Ocorréncia. Encontra-se a marcassita nos filões metalíferos, fre-
quentemente com minérios de chumbo e de zinco. Também nas rochas
sedimentares. fi menos estável d o que a pirita, decompondo-se fàcil-
mente e sendo muito menos comum. A marcassita existente nas solu-
ções ácidas deposita-se nas temperaturas baixas, formando-se comu-
mepte, sob as condições da superfície, como um niineral supérgeno.
Ocorre mais frequentemente como depósitos de substitui<ão no cal-
cário e. muitas vêzes, como concreçóes incrustadas em argilas, marear
e piqarras.
Encontrada abundantemente na argila próximo de Carlsbad e
alhures na Boêmia; em vários lugares na Saxônia e nas margas cal-
cárias de Folkestone e Dover, na Inglaterra. Nos Estados Unidos,
encontra-se a marcassita associada aos depósitos de zinco e chumbo
do distrito de Joplin, no Estado de Missouri; em Mineral Point, no
de Wisconsin e, em Galena. no de Illinois.
Uso. Emprega-se a marcassita, em pequena escala, como fonte
de ácido sulfúrico.
Nome. Derivado de uma palavra árabe, que se aplicou geral-
mente à pirita.

ARSENOPIRITA - FeAsS
Mi.vpique1

Cri.rtalografiu. Monoclínico; prismática. Os cristais são ordinà-


riamente prismáticos. paralelamente ao eixo c e, menos comumente.
ao eixo b (Fig. 432). A zona do prisma é estriada verticalmente.
também n { 101 } é estriado, conforme mostrado na Fig. 433. A ge-
minação segundo { I 0 0 1 e {OOI} produz cristais pseudo-ortorrôm-
bicos; segundo { 101 }, geminados de contato ou penetração, podendo
ser repetidos como na marcassita; segundo {012}, geminados estre-
lados.
i 290 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. D 5% - 6 d 0,07 5 0.15. Brilho metálico.


Côr: branco da prata. Traço prêto. Opaca.
Composição. Essencialmente, sulfarsenieto de ferro, FeAsS.
-
Fe 34,3 -As 46 S 19,7 por cento. O cobalto pode substituir uma
parte do ferro (danaíta).

Fig. 432. Fig. 433.

Arsenopirita

Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade,


produzindo um glóbulo magnético. Aquecida sobre o carvão vegetal,
dá auréola volátil de óxido arsenioso, desprendendo odor de alho
característico. No tubo aberto, produz odor de anidrido sulfuroso e um
anel volátil de óxido arsenioso. No tubo fechado, dá o espelho do
arsênico.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se da marcassita pelo seu co-
lorido branco argênteo. Sua forma cristalina e a ausência da reaçáo
d o cobalto distinguem-na da skutterudita.
Ocorrência. A arsenopirita é o mineral mais comum contendo
arsênico. Ocorre com os minérios de estanho e tungstênio nos depó-
sitos de alta temperatura; em filóes formados pela deposição do
mineral contido em águas aquecidas; associada com os minérios de
prata e cobre, galena, esfalerita, pinta e calcopirita. Frequentemente
associada com o ouro. Encontrada muitas vêzes em quantidade escassa
nos pegmatitos, nos depósitos metamórficos de contato, disseminada
nos calcários cristalinos.
A arsenopirita é um mineral muito espalhado, encontrando-se em
abundância considerável em muitas localidades do estrangeiro, notada-
mente em Freiberg e Munzig, na Saxônia; com os minerais de estanho
em Cornwall, na Inglaterra; em Tavistock, Devonshire; em vários lu-
gares na Bolívia. Nos Estados Unidos, em bonitos cristais em Fran-
conia, no Estado de New Hampshire; em Roxbury, no de Connecticut;
em Franklin, no de Nova Jersey. Associada com ouro em Lead, no
South Dakota. Grandes quantidades ocorrem em Deloro, no Ontário.
Uso. Um minério de arsênico. A maior parte do arsênico pro-
duzido é recuperado sob a forma de óxido, como subproduto na fusão
dos minérios arseniacais de cobre, ouro, chumbo e prata. O arsênico
metálico é empregado em algumas ligas, particularmente. no chumbo
de caça. Usa-se o arsênico principalmente. contudo, sob a forma de
arsênico branco ou óxido arsenioso, na medicina, nos inseticidas, pre-
servativos, pigmentos e vidro. Usam-se os sulfetos de arsênico em
tintas, e na pirotecnia.
Nome. Arsenopirita é uma contraçáo da expressão mais antiga
piritas arseniacais.

MOLIBDENITA - Mos2
Cristalografia. Hexagonal; bipiramidaldihexagonal. Cristais em
placas configuradas de maneira hexagonal ou em prismas curtos, ligei-
ramente cônicos. Comumente, laminada, maciça ou em escamas.
Propriedades físicas. Clivagem basal perfeita (0001 1. Lâminas
flexíveis, mas não-elásticas. Séctil. D 1-1%. d 4,62-4,73. Ao tato, sen-
sação de gordura. Brilho metálico. Côr: cinza do chumbo. Traço prêto-
-acinzentado. Opaca.
Composição. Sulfêto de molibdênio, MOS,. Mo 59,9 - S 40,l por
cento.
Ensaios. Não é fusível. Aquecida com o maçarico, produz cha-
ma verde-amarelada. Calcinada no tubo aberto, produz odor de ani-
drido sulfuroso e depósito de placas delgadas de óxido molíbdico que
cruzam o tubo acima do mineral. Quando aquecida com iodeto de
potássio e enxôfre sobre um tablete de gêsso, produz um sublimado
azul intenso.
Aspectos diagnósticos. Assemelha-se à grafita, mas distingue-se
dela por sua densidade relativa mais alta, por uma tonalidade azul
de sua cor, ao passo que a grafita tem um matiz castanho. e pelas suas
reações 'para o enxôfre e o molibdeno. Na porcelana, a molibdenita
produz um traço esverdeado, a grafita, um prêto.
Ocorrência. A molibdenita forma-se como um mineral acessório
em certos granitos, pegmatitos e aplitos. Comumente em depósitos de
filóes, associada com a cassiterita, scheelita, wolframita e fluorita.
Também em depósitos metamórficos de contato, com silicatos de cál-
cio, scheelita e calcopirita.
Ocorre com minérios de estanho na Boêmia; em vários lugares
na Nomega e na Suécia; em Nova Gales d o Sul, na Inglaterra, na
China e no México. Nos Estados Unidos, encontra-se a molibdenita
292 MINERALOGIA DESCRITIVA

em muitas localidades: em Blue Hill, no Maine; em Westmoreland,


no New Hampshire. e em Okanogan County, no Estado de
Washington. Encontra-se em vários lugares em Ontário. no Canadá.
A maior parte da produção mundial provém de Climax, no Colorado,
onde a molibdenita ocorre em filóes pequenos de quartzo, no granito
silicificado, com a fluorita e topázio. Muito molibdeno é produzido
em Bingham Canyon, em Utah, como subproduto da mineração de
cobre.
Uso. Um minério de molibdeno.
Nome. O nome molibdenita procede d o vocábulo grego signi-
ficando chrrmho.

-
Calaverita
-. ~
- AuTep
. ~~~

Cri.~talop-afio. Monoclínico; prismática. Raramente em cristais


distintos que são alongados paralelamente ao eixo h; as faces desta
zona são estriadas profundamente. Terminados nas extrcmidades do
eixo h por um grande número de faces. Geminaçáo frequente. Usual-
mente granular.
Pr~opriedadesfisicris. D 2%. d 9,35.Brilho metálico. Cor: entre
o amarelo d o latão e o branco da prata, em alguns casos com emba-
ciamento amarelado. Traço amarelado a cinza-esverdeado. Opaca.
Muito quebradiça.
Compo.rição. Bitelureto de ouro, AuTc?. Au 44,03 - T e 55,97
por cento. A prata usualmente substitui o ouro. em pequena escala.
Ençaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Funde-se sobre o carvão vegetal com chama verde-azulada, produzin-
do glóbulos de ouro metálico. Quando decomposta em ácido sulfúrico
concentrado, fervente, a solução toma cor vermelha intensa (telúrio),
separando-se massa esponjosa de ouro.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se da silvanita pela presença
de uma pequena quantidade de prata, apenas, e pela falta de clivagem.
Ocorr#nciu. A calaverita forma-se sob condiç6is semelhantes às
da silvanita. estando associada com esta última e com outros teluretos.
Encontrada no distrito de Cripple Creek. no Colorado. e em. Kalgo-
orlie, na Austrália Ocidental.
Usr~. Um minério de ouro.
Nonie. O nome deriva dc Calaveras County, na Califórnia,
onde foi encontrada originàriamente. na mina Stanislaus.
EspCcics sernelhuntes. Outros teluretos raros sáo: krrtinerita,
AuTe?; olraíto, PbTe; hessii<r, Ag2Te; prrzita, ( A ~ , A UTe
) ~ e nagyá-
gira, um sulfotelureto de chumbo e ouro.
Silvanita - (Au,Ag)Tez

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais distintos são


raros. Usualmente laminada ou granular. Muitas vêzcs, sob a forma
de esqueleto, depositada sobre as superfícies das rochas e assemelhan-
do-se, na aparência, a uma escrita.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { O l O ) . D I!:-2. d 8-8.2.
Brilho metálico. Cor: branco da prata. Traço cinzento. Opaca.
Composiçüo. Um bitelureto de ouro E prata, (Au,Ag)Te:. A
relação das quantidade? de ouro e de prata varia de algum modo;
quando Au:Ag = 1 : 1' temos Te 62,l - Au 24,s - Ag 13,4 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número I na escala de fusibilidade.
Quando se aquece,um pouco de mineral pulverizado em ácido sulfú-
rico concentrado, a solução toma côr vermelha intensa (telúrio).
Quando decomposta pelo ácido nítrico, fica massa esponjosa de ouro,
de côr de ferrugem; a solução em ácido clorídrico dá precipitado bran-
co de cloreto de prata. Aquecida sôbre carvão vegetal, produz gló-
bulo de ouro-prata e a reação d o telúrio.
Aspectos diagnósticos. Determinada pelos ensaios acima e por
sua côr de prata, distinguindo-se da calaverita por sua boa clivagem.
Ocorrência. A silvanita é um mineral raro, associado com a
calaverita e outros teluretos. pirita e outros sulfelos em pequenas
quantidades, ouro, quartzo, calcedônia, fluorita e carbonatos. Usual-
mente em filóes formados em baixas temperaturas, podendo existir,
no entanto, em veios formados em temperaturas mais elevadas.
Encontra-se em Offenbánya e Nagyág, na Transilvania; em Kal-
goorlie e Mulgabbie na Austrália Ocidental. Nos Estados Unidos.
encontra-se, de maneira escassa, em várias localidades na Califórnia
e no Colorado, mas a ocorrência mais notável está em Cripple Creek,
no Colorado.
Uso. Um minério de ouro e prata.
Nome. Derivado de Transilvânia, onde foi encontrado pela pri-
meira vez, e em alusão a syli~aniurn,um dos nomes propostos primei-
ramente para o elemento telúrio.

SKUTTERUDITA . - (Co.Ni,Fe)As,
Cristnlo~rafia. Tsométrico; diploédrica. As formas comuns dos
cristais são o cubo e o octaedro, mais raramente o dodecaedro e o
piritoedro. Usualmente maciça, densa a granular.
Propriedades físicas. D 5%-6. d 6,5 2 0,4. Quebradiça. Brilho
metálico. Côr: branco d o estanho a cinza da prata. Traço prêto. Opaca.
294 MINERALOGIA DESCRITIVA

Composiçáo. Essencialmente, um arsenieto de cobalto e níquel


(Co,Ni)As,. Usualmente algum níquel ou cobalto C substituído por
ferro, de modo que a fórmula pode ser escrita (Co,Ni,Fe)As?. As va-
riedades mais ricas em níquel denominam-se níquel-skutterudito.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 2 e 3 da
escala de fusibilidade. Sob a a ~ ã odo rnaçarico sobre o carvão vegetal,
produz auréola volátil de óxido arsenioso com odor de alho. Na
pérola de bórax, na chama oxidante, dá cor azul (cobalto).
Aspectos diagnósticos. Torna-se necessário fazer o ensaio do
cobalto para distinguir a skuttemdita da arsenopirita maciça, pois as
duas não se distinguem por quaisquer propriedades físicas.
Ocorrência. A skutterudita está usualmente associada com a
cobaltita e a nicolita em filões formados em temperatura moderada.
A prata nativa, o bismuto, a arsenopirita e a calcita também estão
associados comumente com ela.
As localidades dignas de serem mencionadas são Annaberg.
Schneeberg e Freiberg, na Saxónia, e Cobalt, no Ontário, onde a
skutterudita está associada com minérios de prata.
Uso. Um minério de cobalto e níquel. Usa-se o cobalto, prin-
cipalmente, em ligas para a fabricação d e ímãs permanentes e aço de
ferramenta de alta velocidade. O óxido de cobalto é empregado como
pigmento azul na cerâmica e nos artigos de vidro.
Nome. Provém da localidade de Skutterude, na Noruega.
Espécies semelhantes. A lineíta, Co3S,, associada com minerais
de cobalto e níquel. O nome esmaltita 6 comum na literatura, refe-
rindo-se provàvelmente ao mineral aqui descrito como skutterudita.
A fórmula da esmaltita, COAS,, baseou-se provàvelmente em análises
!
de material impuro, pois demonstrou-se que não existe a série de
biarsenietos.

O têrmo sulfossal foi proposto originàriamente para indicar que


um composto era o sal de um de uma série de ácidos em que o enxô-
fre tinha substituído o oxigênio de um ácido comum. Como tais ácidos
podem ser puramente hipotéticos, será talvez enganador esforçar-se
por explicar, assim, esta classe de minerais. Contudo, o têrmo sulfos-
sal é útil, sendo conservado aqui para indicar um certo tipo de mine-
ral de enxôfre não-oxidado, diferente de um sulfêto.
Os sulfetos são os minerais em que um metal ou um semimetal
se combina com o enxofre. Se estão presentes tanto o metal como o
semimetal, êste toma o lugar do enxofre na estrutura, como na arseno-
SULFOSSAIS 295

pirita, FeAsS, e age, assim, como um elemento eletronegativo. Nos


sulfossais. os semimetais desempenham um papel mais ou menos igual
ao dos metais. na estrutura, e nestas condições, em certo sentido, os
sulfossais podem ser considerados sulfetos duplos. A enargita,
Cu,AsS,, pode ser considerada como 3Cu,S. As,S,. Existem quase
100 sulfossais, mas sòmente alguns são bastante importantes para
teiem assegurada a descrição aqui.

Sulfossais
Polibasita A&SbzSii Tetraedrita (Cu,Fe.Zn,Ag),,Sb,S,.
Estefanita A&SbS< Enargita Cu,AsS,
Pirargirita Ag$bSa Bournonita PbCuSb8
Proustita AgAsSa Jamesonita Pb,FeSbS,,

Polibasita - Ag~sSbxS,,
Cristalografia. Monoclínico; priamática. Na simetria, os cristais
são pseudorromboédricos, ocorrendo em prismas hexagonais curtos,
muitas vêzes tabulares, delgados. Os planos basais mostram marcas
triangulares. Também granular.
Propriedades físicas. D 2-3. d 6,O-6,2. Brilho metálico. Côr:
cinza do aço ou prêto d o ferro. Traço negro. Opaca.
Composição. Essencialmente um sulfêto de antimônio e prata,
Ag,,Sb2S,,. Ag 74.3 - Sb 10,5- S 15,2 por cento. O cobre pode subs-
tituir a prata em cêrca de 30 por cento. O arsênico pode substituir
o antimônio em cêrca de 60 por cento, formando uma série parcial
até a pearceíta, ( A ~ , C U ) ~ ~ A S ~ S ~ ~ .
Ensaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Sôbre o carvão vegetal, funde-se formando um glóbulo e produz au-
réola de côr branca, densa, de trióxido de antimônio, com odor de
auidrido sulfuroso.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se das espécies semelhantes
principalmente por seus cristais.
Ocorrência. A polibasita é um mineral de prata comparativa-
mente raro, associado com outros sulfantimonietos de prata e com
minérios de prata em geral.
Encontrado nas minas de prata do México, Chile, Saxônia e
Boêmia. Nos Estados Unidos, encontra-se em Comstock Lode e
Tonopah, no Estado de Nevada; Ouray e Leadville, no Colorado
e em Silver City e Delamar, em Idaho.
Uso. Um minério de prata.
Norne. O nome 6 uma alusão às muitas bases metálicas contidas
no mineral.
296 MINERALOGIA DESCRITIVA

Estefanita - AgsSbS,

Cristalografia. Ortorrômbico; piramidal. Os cristais são usual-


mente prismáticos, pequenos e curtos, e tabulares paralelamente à
base. As arestas dos cristais acham-se truncadas por várias pirâmides.
A zona do prisma vertical mostra usualmente as quatro faces do
prisma e as duas do pinacóide lateral, todas fazendo ângulos de quase
60° entre si e dando, assim, aos cristais um aspecto hexagonal. Tam-
bém geminada em cristais pseudo-hexagonais. Maciça, compacta, ou
disseminada.
Propriedades físicas. D 2-25. d 6,2-6,3. Brilho metálico. Que-
bradiça. Côr e traço: prêto do ferro. Opaca.
Composição. Sulfêto de antimbnio e prata. Ag,SbS,. Ag 68,s -
- Sb 15,2 - S 16.3 por cento.
Enraios. Corresponde a o numero 1 na escala de fusibilidade.
Sôbre o carváo vegetal, dá, diante do maçarico, sublimado branco,
denso, de trióxido de antimônio e odor de anidrido sulfuroso.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por seus cristais grossos,
pseudo-hexagonais e pelos ensaios mencionados anteriormente. Diferè
da argentina por ser quebradiça, e da tetraedrita por ser mole.
Ocorrência. A estefanita é um mineral de prata raro, de origem
primária, sendo, usualmente, um dos últimos minerais que se formam
nos filóes de prata. Associada com outros sulfossais de prata, argen-
tita, prata, tetraedrita e outros sulfetos mais comuns.
As localidades dignas de nota por seus belos cristais são:
Ptibram, na Checoslováquia; Freiberg, na Saxônia; Monte Narba, na
Sardenha e Zacatecas, no México. Nos Estados Unidos, representz
minério importante em Comstock Lode e outros depósitos de prata
no Estado de Nevada. Também em Leadville, no Colorado.
Uso. Um minério de prata.
Nome. Em honra ao Arquiduque Stephan, antigamente Diretor
de Minas, da Austria.

PIRARGIRITA - Ag3SbSs
Prata Vermelha-escura
Cristalografia. Hexagonal-R; piramidal-ditrigonal. Cristais pris-
máticos com desenvolvimento hemimórfico, muitas vêzes com termi-
nações piramidais. Usualmente, apresentando distorçóes e com desen-
volvimento complexo. Frequentemente, geminada. Também maciça,
compacta, em gráos disseminados.
SULFOSSAIS 2W

Propriedades física^. Clivagem { 10TI ). D 2%..d 5,85. Brilho


adamantino. Translúcida. Cor: entre o vermelho intenso e o prêto;
em fragmentos delgados, de colorido vermelho d o rubi, intenso. Traço
vermelho.
Composição. Sulfêto de antimônio e prata, Ag,SbS,. Ag 59,7
- Sb 22,5 - S 17,s por cento. Pode conter pequena quantidade de
arsênico. Compare-se com a proustita.
Ensaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Sobre o carvão vegetal, produz auréola branca, densa, de trióxido d e
antimônio. Depois de aquecimento prolongado, a auréola vai se tin-
gindo de uma cór avermelhada perto da amostra, em virtude da .vo-
latilização de pequena quantidade de prata. Quando aquecida n o tubo
aberto, produz o odor do anidrido sulfuroso e revestimentos de óxidos
de antimônio.
Aspectos diagnósticos. Semelhante à proustita, mas de côr
vermelha mais intensa e menos translúcida.
Ocorrência. A pirargirita encontra-se em certas localidades co-
mo minério de prata importante. Ela se forma nos filões de prata,
em baixas temperaturas, como um dos últimos minerais que se cris-
talizam na sequência da deposição primária. Associada com a prous-
tita e outros sulfossais de prata, argentita, tetraedrita e prata.
As localidades dignas de menção compreendem ~ndreaslierg,nas
Montanhas do Harz; Freiberg, na Saxônia; Pi'ibram, na Boêmia;
Guanajuato, no México e Chanarcillo, no Chile; na Bolívia. Nos
Estados Unidos, encontra-se em vários filões de prata no Colorado,
Nevada, Nóvo México e Idaho. No Canadá, encontra-se nos veios
de prata e m Cobalt, no Ontário.
Uso. Um minério de prata.
Nome. Derivado de duas palavras gregas significando fogo e
prata, em alusão à sua côr e composição.

PROUSTITA - AgaAsS,
Prata Vermelha-clara

Cristalografia. Hexagonal-R; piramidal-ditrigonal. Cristais, co-


mumente, prismáticos com terminações piramidais acentuadamente
agudas. Apresenta muitas vêzes distorções e, frequentemente, é com-
plexa no desenvolvimento. Comumente, maciça, compacta, e m grãos
disseminados.
298 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicos. Clivagem { 1071 ). D 2-2%. d 5,55. Que-


bradiça. Brilho adamantino. Cor: vermelho do rubi. Traço verme-
Ihão. Translúcida. transparente à luz vermelha.
Composição. Sulfêto de arsênico e prata, Ag,AsS,. Ag 65,4 -
- As 15,2 - S 19,4 por cento. Pode conter pequena quantidade de
antimonio. Compare-se com a pirargirita.
Enaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Aquecida sobre o carvão vegetal, produz sublimado volátil de óxido
arsenioso com odor característico de alho. No tubo aberto, produz
odor de anidrido sulfuroso e sublimado de óxido arsenioso cristalino,
volátil. No tubo fechado, produz sublimado de sulfêto de arsênico
abundante, prêto-avermelhado, a quente, amarelo-avermelhado, a frio.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada principalmente por sua
cor vermelha d o rubi, trafo vermelhão e seu brilho reluzente. Dis-
tingue-se da pirargirita por sua cor mais clara e por dar a reaqão
do arsênico.
Ocorrência. A proustita é menos comum do que a pirargirita,
sendo encontrada, no entanto, nas mesmas localidades, e com modo
semelhante de ocorrência e associaqóes.
Uso. Um minério de prata.
Nome. Em honra ao químico francês. J. L. Proust (1755-1826).

TETRAEDRITA - (Cu,Fe.Zn,Ag),,Sb,S,,
Cobre Cinzento
Cristalo~rafia. Isométrico; hexatetraédrica. Hábito tetraédrico
(Figs. 434 e 435); pode estar em grupos de cristais paralelos. As

Fig. 434 Fig. 435


Tetraedrita.

formas comuns são o tetraedro, o tritetraedro, o dodecaedro e o cubo.


Frequentemente, em cristais. Também maciça, granular com dimen-
sões grossas ou finas.
SULFOSSAIS 299

Propriedades físicas. D 3-4%. d 4,6-5.1 (com tennantita mais


dura e de maior densidade relativa do que a tetraedrita). Brilho me-
tálico a submetálico; muitas vêzes reluzente. Cor: entre o prêto-acin-
zentado e o prêto. Traço entre o prêto e. o castanho. Opaca.
Composição. Essencialmente um sulfêto de antimônio, cobre,
ferro, zinco e prata (Cu, Fe, Zn, Ag)liSb,S,,. O cobre é sempre
dominante, ocorrendo, entretanto, substituição considerável pelo ferro
e pelo zinco e, menos comumente, pela prata, chumbo e mercúrio.
O arsênico pode tomar o lugar do antimônio em tôdas as proporções
e, assim, existe uma série completa desde o membro final de antimô-
nio puro, terraedrita, até o membro final de arsênico puro, tennantita.
Conhece-se como frribergita a variedade agentífera mais rica.
Ensaios. Situa-se entre os números 1 e 2 da escala de fusibili-
dade. Sôbre o carvão vegetal ou no tubo aberto, dá as reaqões d o
antimônio ou do arsênico. ou de ambos. Depois de calcinada e ume-
decida com ácido clorídrico, produz chama azulseleste d o cloreto de
cobre. 6 decomposta pelo ácido nítrico com separação d o enxofre e
d o trióxido de antimônio; tornada alcalina pela adiqão de amônia, a
soluqão fica azul. A tetraedrita e a tennantita podem ser distinguidas
uma da outra sòmente pelo ensaio da presenqa de antimônio e arsê-
nico e, como ambos estão presentes muitas Vêzes no mesmo espécime,
pode ser necessária uma análise quantitativa. a fim de determinar-se
positivamente a que extremidade da série êle pertence.
Aspectos aiagnósticos. Reconhecida por seus cristais tetraédri-
cos. ou. quando maciça, por sua fragilidade, brilho e côr cinza.
Ocorrência. A tetraedrita, o membro mais comum d o grupo dos
sulfossais, encontra-se mllito espalhada em ocorrência, e variada em
associaqão.. A tennantita está distribuída menos amplamente. Encon-
trada, comumente, nos filões hidrotermais de minerais de cobre o u
prata, formados em temperaturas baixas a moderadas. Raramente
em filões de temperatura mais alta, ou em depósitos de metamorfismo
de contato. Associada, usualmente, com a calcopirita, pirita, esfa-
lerita. galena e vários outros minerais de prata, chumbo e cobre. Pode
conter prata bastante para tornar-se um minério importante dêste
metal.
Localizações di'gnas de nota: Cornwall, na Inglaterra; as Monta-
nhas d o Harz, na Alemanha; Freiberg, na Saxônia; Ptibram, na Boê-
mia; vários lugares da Rumânia; e as minas de prata d o México,
Peru e Bolívia. Encontrada nos Estados Unidos em várias minas de
cobre e prata no Colarado, Montana, Nevada, Arizona e Utah.
Uso. Um minério de prata e cobre.
MINERALOGIA DESCRITIVA

Nome. Tetraedrita em alusão à forma tetraédrica dos cristais.


Tennantita em honra d o químico inglès, Smithson Tennant (1761-
-1815).

1 ENARGITA - Cu3AsS4
Cristalografia. Ortorrômhico; piramidal. Cristais alongados pa-
ralelamente ao eixo c e estriados verticalmente; tambéi.1 tabulares,
paralelamente a { 001}. Colunar, laminada, maciça.
Propriedades físicas. Clivagem prismática perfeita {110}. D 3.
d 4,43-4.45. Brilho metálico. Côr e traço: entre o prèto-acinzentado
I e o prèto do ferro. Opaca.
Composição. Sulfêto de arsènico e cobre, Cu, - AsS,. Cu 48,3 -
- As 19,l - S 32,6 por cento. O antimônio pode substituir o arsènico
até 6 por cento, em pèso. Estão presentes usualmente algum ferro
e zinco.
Ensaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Sobre o carvão vegetal, produz sublimado de Óxido arsenioso branco,
volátil, desprendendo odor de alho característico. Calcinada sôbre o
carvão vegetal, depois umedecida com ácido clorídrico e, de novo,
posta em ignição, produz a chama azul-celeste do cloreto de cobre.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua côr e sua cliva-
gem. Distingue-se da estibnita pela reação do cobre.
Ocorrência. A enargita é um mineral comparativamente raro,
encontrado em filões e em depósitos de substituição, associado com
a pirita, esfalerita, bornita, galena, tetraedrita, covellita e calcocita.
Localidades dignas de nota: Bor, perto de Zajecar, na Iugos-
lávia. Encontrada abundantemente em Morococha e Cerro de Pasco,
no Peru; também no Chile e na Argentina; ilha de Luzon, nas Fili-
pinas. Nos Estados Unidos, é um mineral importante em Butte, no
Estado de Montana e, em menor escala, em Bingham Canyon, no
Estado de Utah. Ocorre nas minas de prata das Montanhas de San
Juan, no Colorado.
Uso. Um minério de cobre. Em Butte, também se obtém dela
o óxido de arsènico.
Nome. Provém da palavra grega significando distinto, em alu-
são à clivagem.
Espécies semelhantes. A famatinita, Cu3SbS4, é o análogo de
antimônio da enargita, mas os dois minerais não são isoestruturais.
Bournonita - PbcuSbS:,
Minério em Roda Denteada
Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Cristais usualmente
prismáticos, curtos, a tabulares. Podem ser complexos, com muitas
faces de prisma vertical e de pirâmide. Fre-
quentemente geminados, dando cristais tabu-

@
lares com ângulos reentrantes recorrentes na
zona [O011 (Fig. 436), donde o nome co-
c4
mum de minério em roda denteada. Tambim
macisa, granular a compacta. c.
Propriedades fisicas. D 25:-3. d 5,8- Fig. 436.
5,9. Brilho metálico. Côr e traso: entre Bournonita.
o cinza d o aço r o prêto. Opaca.
Composiçüo. Um sulfêto de chumbo, cobre, antimonio,
PbCuSbS,. Pb 42,4 - Cu 13,O - Sb 24,9 - S 19,7 por cento. O ar-
sênico pode substituir o antimonio na proporçáo aproximada de
Sb: As=4 : 1.
Ensaios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade.
Sob a açáo d o masarico sôbre o carvão vegetal, dá uma auréola em
que se combinam os óxidos de chumbo e de antimônio. Calcinada
no tubo aberto, produz sublimados de óxidos de antimônio. Aquecida
sôbre o carvão vegetal com uma mistura de iodeto de posássio e
enxofre, dá uma auréola de cor amarela do cromo, de iodeto de
chumbo.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por seus cristais caracte-
rísticos, alta densidade relativa e pelos ensaios antes referidos.
Ocorrência, A bournonita, um dos sulfossais mais comuns,
ocorre, tipicamente, nos filões hidrotermais formados em temperatura
moderada. Está associada com a galena, tetraedrita, calcopirita, es-
falerita e pirita. Notada, frequentemente, com inclusões microscó-
picas na galena.
As localizações dignas de nota são: as Montanhas do Harz;
Kapnik e alhures na Rumânia; Liskeard, em Cornwall; encontrada
também na Austrália, no México e na Bolívia. Nos Estados Unidos,
tem sido encontrada em vários lugares no Arizona, Utah, Nevzda.
Colorado e Califórnia, em qualidade e quantidade pouco notáveis,
porém.
Uso. Um minério de cobre. chumbo e antimônio.
Nome. Em honra ao conde J. L. de Bournon (1751-1825).
mineralogista e cristalógrafo francés.
302 MINER4LOGIA DESCRITIVA
i
Jamesonita - Pb,FeSb,S,,
I Minério Plúmeo Quebradiço
Cristalografia. Monoclínico; prismática. Usualmente, em cris-
I
i tais aciculares, ou em formas capilares com aparência de uma pena.
Também entre fibrosa e maciça compacta. "Minério em pena" é a
denominação dada, muitas vêzes, a vários compostos diferentes.
Propriedades físicas. Clivagem (001 ). Quebradiça. D 2-3.
d 5,5-6. Brilho metálico. CÔr e traço: entre o cinza do aço e o
prêto-acinzentado. Opaca.
Composiçáo. Sulfêto de antimônio, ferro e chumbo, provàvel-
mente Pb,FeSb,S,,. O cobre e o zinco podem estar presentes em
pequenas quantidades.
Ensaios. Corresponde a o número 1 na escala de fusibilidade.
Sôbre o carvão vegetal, produz uma auréola combinada de óxidos de
chumbo e antimônio. Calcinada no tubo aberto, produz sublimados
de óxidos de antimônio. Aqnecida sobre o carvão vegetal com fluxo
de iodeto, produz uma auréola de iodeto de chumbo de colorido
amarelo do cromo.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por sua aparência fibrosa
característica (em forma de pena), distinguindo-se da estibnita pela
falta de boa clivagem no sentido do comprimento. Difícil de distin-
guir-se das espécies semelhantes (ver mais adiante).
Ocorrência. A jamesonita 'encontra-se nos filões de minério
formados em temperaturas baixas a moderadas. Associada com ou-
tros sulfossais de chumbo, com galena, estibnita, tetraedrita e esfa-
lerita.
Encontrada em Cornwall, na Inglaterra, e em várias outras loca-
lidades na Checoslováquia, Rumânia e Saxônia, na Tasmânia e na
Bolívia. Nos Estados Unidos, provém d o Sevier County, Arkansas. e
de Silver City, no Estado de Dakota do Sul.
Uso. Um minério de chumbo de importância reduzida.
Nome. Em honra ao mineralogista Robert Jameson (1774-
-1854), de Edinburgo.
Espécies semelhantes. Incluem-se sob a denominação minérios
em pena alguns minerais semelhantes à jamesonita na composição e
nas características físicas gerais. Esses minerais são: a zinkenita,
PbaSblaS2,; a boulangerita, PbsSb4S,,; a meneghinita, Pb13SblS~3.OU-
tros minerais de composição semelhante, mas de hábito diferente, são:
a plagionita, PbSSbRS17; a semeyíta, PbBSb,S,; a geocronita,
Pba(Sb,As)pSs.
Os óxidos classificam-se em óxidos simples, óxidos múltiplos,
óxidos contendo hidroxila e hidróxidos, mas, tendo em vista o pe-
queno número de minerais descritos aqui, estão agrupados simples-
mente em óxidos e hidróxidos. Dentro da estrutura da classificação,
existem grupos minerais importantes, notadamente, os grupos da he-
matita, d o espinélio e d o rutilio. Cada um dêstes grupos contém um
ou mais minerais de importância económica. Dentro da classe dos
óxidos estão os principais minérios de ferro (hematita e magnetita),
de cromo (cromita), de manganês (pirolusita, manganita e psilome-
lana), de estanho (cassiterita) e de alumínio (bauxita).
Tipo A,O.' O óxido sólido de hidrogênio, o gêlo, é um mineral
verdadeiro, e uma substância geológica de grande importância. Dife-
rentemente da maioria dos minerais, é molecular, formado por mo-
léculas de água bipolares, mantidas juntas, de modo que cada uma
tem quatro vizinhas muito próximas, localizadas nos vértices de um
tetraedro quase regular. As ligações que unem estas moléculas são
relativamente fracas d o que resulta pouca dureza, ponto de fusão
baixo e deformação fácil por geminação e deslizamento. O arranjo
ordenado das moléculas de água característico d o gêlo persiste, em
parte, no estado líquido, até 4°C acima do ponto de fusão. Nesta
temperatura, a estrutura relativamente aberta d o gêlo torna-se instá-
vel e contrai-se em um arranjo mais compacto e desordenado. A o
resfriar-se a água, ocorre o processo inverso, e a ordenafão das
moléculas de água explica a expansáo anômala, na temperatura de
4*C.
Tipo AO,. Nos bióxidos, aparecem em geral dois tipos de es-
trutura. Um tem a estrutura da fluorita (ver Fig. 467) na qual cada
oxigênio tem quatro catíons vizinhos, dispostos em tôrno dêle nos
vértices de um tetraedro mais ou menos regular, ao passo que cada
catíon tem oito oxigênios em redor dêle, nos vértices de um cubo.
Possuem esta estrutura os óxidos dos elementos tetravalentes: urânio,
tório e cério, atualmente de interêsse considerável por causa de sua
conexão com a química nuclear. Pode esperar-se que tenham esta
estrutura e sejam isométncos, hexaoctaédricos, todos os bióxidos nos
quais a relação dos raios d o catíon e do oxigênio ( R :R ) se situe
A O
dentro dos limites da coordenação 8 (0,732-1).

I Nesta diicuasão de óxidos, u i a m l c f6rmulas gerais como ABO,. nas quair A c B


são catlonr e O 6 o origenio.
304 M:INERALOGIA DESCRITIVA

Relações dos Raios nos Oxidos do Tipo AO2 (h= 1,32A)


RA RA/Ro Elemento Mineral Tipo de Estrutura

060 0,45 Mn Pirolusita Rutílio


0,68 0,52 Ti RutÍlio Rutilio
0,7 1 0,54 Sn Cassiterita Rutilio
0,94 0,71 Ce Cerianita Fluorita
0.97 0,73 U Uraninita Fluorita
1,02 0,77 Th Torianita Fluorita

Fig. 437. Modelo de Empacotaniento do Riitiiio l i 0 , . O O (branco) está


em coordena~ joh em torno do Ti (prêto) e o Ti cstá em coordenação S em
torno do O. Esta estrutura 6 estável para os compostos AX, nos qilais a
relação dos raios é 0,414-0,732. A cassiterita SnOAe a pirolusita MnOl têm
lambem esta estrutura. Compare-se com ;i Fig. 467 (fluorita).

O segundo tipo de estrutura comum AO2 é o representado p-10


mtílio. Nesta estrutura, o catíon é menor, com a relação dos raios
R :R situando-se entre os limites 0,732 e 0,414 e tendo, portanto,
A o
coordenação 6. Conseqüentemente, existem seis oxigênios agrupados
em torno de cada catíon. Tendo em conta que as exigências da neu-
tralidade elétrica impõem que deva haver catíons representando me-
ÓXIDOS 305

tade dos oxigénios. sòmente estão preenchidos metade dos lugares A


possíveis, e existem sòmente trés cations agrupados em torno de
cada oxigênio (Fiç. 437). O efeito desta redução no número de
catíons é a deformação do arranjo octaédrico usual. característico da
coordenação 6, trazendo-o para uma configuraç5o de simetria mais
baixa. Os minerais do grupo do rutilio sáo. por conseguinte, tetrago-
nais, com o hábito prismático a refletir a estrutura em cadeia.
Tipo A B , 0 4 . Um grande número de compostos sintéticos, as-
sim como de minerais tém a fórmula geral ABIO, e pertencem ao
tipo de estrutura d i espinélio. Nesta estrutura. o cation A é maior
do que o B, é ger Jmente bivalente e tem um raio entre 0,6 e 0.8 A.
O. cation B c p..dlmente trivalente, coni o raio entre 0,s c 0,7 h Na

Fk. 438. Modélo de Emp;icot;inicnt<i <li, E\pincli<>. IrlpAIIC),. Alguns mine-


rais afins, incluindo-se aí :i ni;ignetita FrFrL)., :i g;ihnitii ZnAI,O, e n cro-
mitd FeCr.0,. têm também esta entriittira, na qiial i>Mg. o Fe" ou o Zinco
(preto pequeno) está em cor>rdennçá« 4 e o AI, o Fe"' ou o C r (pri.10 sran-
de1 esfá eni coordenaçZo h com c, 0 fhrancol.

estrutura típica d o espiiiélio. os ions A têm quatro vizinhos oxiginio


próximos. ao passo que os íons B têm seis (Fig. 438). Esta é uma
estrutura isodésmica e os espinélios são considerados adequadamente
como óxidos múltiplos.
306 MINERALOGIA DESCRITIVA
-
A estrutura do espinélio está construida em torno de uni retículo
cúbico, dando origem a cristais isométricos, hexaoctaédricos, de há-
bito octaédricu. A ausência de clivagem, as densidades relativas com-
parativamentr altas, a grande dureza refletem o empacotamento com-
pacto e a ligação uniforme, apertada. Como todos os membros do
grupo do espinélio são isoestruturais, a substituição iónica é comum
dentro dos limites impostos pelo tamanho dos íons afetados. A subs-
tituição de um ion B por outro depende do tamanho iônico e do poder
polarizante, sendo incompleta a solução sólida relativamente aos íons
B. Assim, embora algum ferro férrico e cromo trivalente possam
ocorrer no espinélio e na gahnita, não existe uma série completa entre
o espinélio, hlgAllOl e a magnesioferrita, MgFe.,O,. Por outro lado,
parece haver solugão sólida substancialmente completa relativamente
ao cation A. Em consequéncia, no subgzupo em que B é o alumínio,
existe substituição mútua mais ou menos complrta do magnésio, ferro
ferroso, zinco e manganês bivalente.
Esta solução sólida extensa dá origem a uma ampla faixa nas
propriedades dos minerais d o grupo dos espinélios, tais como a cor
e a densidade relativa que dependem, principalmente, da composição
química. O hábito cristalino e as propriedades dependentes da geo-
metria da estrutura e da natureza da ligação são, contudo, notavel-
mente constantes em todo o grupo.

Cuprita cu,o Grupo da Goethita


Gêlo H*O Diásporo HAIO,
Zincita ZnO Goethita HFeO,
Grupo da Hematita Grupo d o Espinélio
Coríndon Espinélio MgAI,O.
Hematita Gahnita ZnAl,O.
Ilmenita Magnetita Fe,Oi
Grupo do Rutílio Franklinita (Zn,Fe,Mn)iFe.Mn)lOs
Rutilio Cromita FeCr,04
Pirolusita Crisoberilo BeAllO.
Cassiterita Coli~mbita (Fe.Mni(Nb.Tai.0,
Uraninita

Hidróxidos
Brucita MgfOH)z Limonita FeOfOH).»H,O
Mangdnita MnOfOH) Bauxita Hidratos de alumínio
Psilomelana BnMn"Mn~.O,,,(OH).
CUPRITA - CuzO

Cobre Rubi. Minirio de Cobre Vermelho


Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Comumente, em
cristais mostrando o cubo, o octaedro e o dodecaedro, frequentemente
em combinação (Figs. 439 e 440). Algumas vêzes, em cristais cúbi-
cos muito alongados, capilares no tamanho; conhecido como "cobre
pelúcia" ou calcotriquita. Frequentemente, em agregados de granula-
ção fina ou maciqa.
Propriedades físicns. D 3%-4. d 6,l. Brilho adamantino-me-
tálico nas variedades cristalizadas, claras. Côr: vermelho de várias
tonalidades; vermelho do rubi nos cristais transparentes. Traço ver-
melho-acastanhado.
Composição. Oxido cuproso, Cu,O. Cu 88.8 - O 11,2 por
cento. Usualmente pura, mas o óxido de ferro pode estar presente
como impureza.

Fig. 439. Pig. 440.

Cuprita.

Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade.


Se a cuprita for umedecida com ácido clorídrico e depois aquecida,
obtém-se a chama azul-celeste do cloreto de cobre. Na chama redu-
tora do maçarico, dá sóbre o carvão vegetal, um glóbulo de cobre.
Quando dissolvida em pequena quantidade de ácido clorídrico concen-
trado, a solução diluída com água fria produz um precipitado branco
de cloreto cuproso (ensaios do cobre cuproso).
Aspectos diagnósticos. Distingue-se usualmente dos outros mi-
nerais vermelhos por sua forma cristalina, brilho forte, traço e asso-
ciação.
Ocorrência. A cuprita é um minério de cobre supérgeno, im-
portante. Encontra-se nas porções oxidadas, superiores, dos filões de
cobre, associado com a limonita e outros minerais secundários do
cobre. como o cobre nativo, a malaquita, a azurita e a crisocola.
i 308 MINERALOGIA DESCRITIVA

Os países estrangeiros dignos de nota, onde a cuprita é um mi-


nério são: Chile, Bolívia, Austrália e Congo Francês. Encontram-se
belos cristais em Cornwall, na Inglaterra; em Chessy, na França. e
nos Montes Urais. Encontrada nos Estados Unidos em cristais mag-
níficos em conexão com os depósitos de cobre em Bisbee, no Arizona.
Encontrada também em Clifton e Morenci,. no Arizona.
Uso. Um minério de cobre.
Nome. Derivado d o latim cuprum, cobre.
Espécies semelhantes. A tenoritu ou melaconita, o óxido cúprico,
CuO. é um mineral prêto, supérgcno.
i
I GÊLO - H20
Aguu
Cristulografia. Hexagonal; piramidal-ditrigonal. O gêlo. sob a
forma de neve, mostru grande diversidade de hábito nos bonitos cris-
tais com a forma de cordões. Pode-se ver o contorno hexagonal nos
cristais incontáveis que diferem em pormenores. O gêlo ocorre e m
maior abundância sob a forma maciça e granular.
Propri~dadesfísicas. D I!;. d 0,917. Brilho vítreo. De incolor
a branco.
Composiçáo. H.O. H 1 I ,I9 - 0 88,8 1 por cento. Frequcnte-
mente, contém material estranho.
Ocorrtncia. O gêlo forma-se sôbre a superfície da água livre
nas regiões frias; precipita-se sob a forma de neve e de granizo e
cristaliza-se "in loco" como gcada. Nas regiões polares, o gêlo existe
permanentemente; presentemente. as maiores massas estão nas regiões
geladas da Groenlândia e da Antártida. Encontram-se quantidades
menores nas geleiras das montanhas e, noinverno, sôbre a superfície
dos lagos e dos rios e, como neve, sobre a terra, nas zonas mais tem-
peradas.

ZINCITA - ZnO
Cristalografia. Hexagonal; piramidal-dihexagonal. Os cristais
são raros, terminados em uma extremidade pelas faces de uma pirâ-
mide aguda e, na outra, por um pédio (ver Fig. 150). Usualmente
maciça, com aparência achatada ou granular.
Propriedades físicas. Clivagem nítida { 10i0); partição i 0 0 0 1 ).
D 4-4;;. d 5,6. Brilho subadamantino. Cor: vermelho intenso a
amarelo-alaranjado, Pode estar revestida com uma película de cor
negra-azulada. Traço amarelo-alaranjado. Translúcída.
Composiçüo. Óxido d r zinco, ZnO. Zn 80,3 - O 19.7 por
cento. O manganês bivalente (Mn") está presente muitas vêzes e,
provàvelmente, empresta colorido ao mineral; o ZnO quimicamente
puro é branco.
Ensaios. Não é fusível. Solúvel no ácido clorídrico. Quando
o mineral finamente pulverizado é misturado com a mistura redutora
e aquecido intensamente sobre o carvão vegetal, produz uma auréola,
que não se volatiliza, de óxido de zinco, amarela a quente, branca a
frio. Usualmente. dá cór violeta-avermelhada na chama oxidante só-
bre a pérola de bórax (manganês).
Aspectos diapnósticos. Distingue-se principalmente por sua cor
vermelha, traço amarelo-alaranjado e a associação com a franklinita
e a willemita.
Ocorrência. A zincita está confinada quase exclusivam~nte nos
depósitos em Franklin, em Nova Jersey, onde está associada com a
franklinita e a willemita, muitas vêzes em mistura íntima (ver fron-
tispício). Incluída também na calcita rósea. De outras localidades,
há referência apenas de pequenas quantidades.
Uso. Um minério de zinco. usado particularmente para a pro-
dução do branco de zinco (óxido de zinco).

Crisfalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Cristais usualmen-


te prismáticos no hábito ou em pirâmides hexagonais pontiagudas
(Figs. 441 e 442). Muitas vêzes arredondados sob a forma de barris.

Fig. 441. Fig. 442. Fig. 443.


Corindon.

Frequentemente com estriações horizontais profundas. Podem mostrar


faces romboédricas (Fig. 443). Usualmente, cristais malformados ou
310 MINERALOGIA DESCRITIVA

maciços, com planos de partição quase cúbicos no ângulo; granular


com dimensões grossas ou finas.
Propriedades físicas. Partição {O001} e { lOil}, esta última
produzindo ângulos quase cúbicos; a partição prismática é mais rara.
D 9 (próximo do diamante em dureza). O coríndon pode alterar-se,
transformando-se em mica, devendo tomar-se cuidado em obter uma
superfície recente para o ensaio de dureza. d 4,02 (excessivamente
elevada para um mineral não-metálico). Brilho adamantino a vítreo.
Transparente a translúcido. Apresenta várias cores; usualmente, al-
gum matiz de castanho, rosa ou azul. Pode ser branco, cinzento,
verde, vermelho-rubi ou azul-safira.
As diferenças de cor dão origem a diversas variedades d o corín-
don sob a forma de gema. O rubi é vermelho intenso e a safira é
azul. O coríndon, sob a forma de gema de outras cores, é denomi-
nado segundo as outras gemas. com o prefixo oriental. Assim, a ame-
tistu oriental é purpúrea, o topózio oriental é amarelo e a esmeralda
oriental é verde. Embora êstes têrmos sejam comuns, são enganado-
res e seu uso está sendo desencorajado pelas organizações de joalhei-
ros. As variedades do coríndon, tendo uma opalescência estrelada,
quando vistas na direfão d o eixo c d o cristal. denominam-se estrela-
das (astéricas), ou sufiru-estrela ou rubi-esfrêla.
O esmeril é um coríndon granular negro misturado intimamente
com a magnetita. a hematita ou hercinita.
Composição. Oxido de alumínio, AlzO,. AI 52,9 - O 47,l
por cento.
Ensaios. Não é fusível. Insolúvel. O material finamente pulve-
rizado, umedecido com nitrato de cobalto e aquecido intensamente,
torna-se azul (alumínio).
Aspectos diagnósticos. Caracterizado principalmente por sua
grande dureza. brilho intenso, densidade relativa e partição.
Ocorrência. O coríndon é comum como um mineral acessório
nas rochas metamórficas, tais como calcário cristalino, mica xisto e
gnaisse. Também encontrado como constituinte primário de certas
rochas ígneas; usualmente as deficientes em sílica, como os sienitos
e nefelina sienitos. Pode ser encontrado em grandes massas na zona
que separa os peridotitos das rochas encaixantes adjacentes. Está
disseminado em pequenos cristais em certos diques de lamprófiros,
encontrando-se em grandes cristais nos pegmatitos. Encontrado fre-
quentemente em cristais e seixos rolados, em solos detríticos e nas
areias das águas correntes, em que se preservou por sua dureza e
inércia química. Os minerais associados são comumente a clorita, as
micas. a olivina, a serpentina, 3 mapnetita. o espinélio. a cianita e
o diásporo.
Encontram-se os rubis principalmente na Birmânia, Sião e Cei-
Ião. Na Birmânia. a localização mais importante é perto de Mogok,
cêrca de 150 quilômetros ao norte de Mandalay. Aqui, encontram-se
as pedras principalmente no solo resultante da solução de um calcário
m-tamórfico. Os ruhis são encontrados "in situ" no calcário. Os
rubis do Sião encontram-se perto de Ban-kok. no Gôlfo do Sião,
onde ocorrem em unia argila, derivada da decomposição de um ba-
salto. Encontram-se os rubis do Ceilão. com outras pedras preciosas,
nos cascalhos dos rios. Nos Estados Unidos, encontraram-se alguns
rubis nos cascalhos e em conexão com os g r k d e s depósitos de corín-
don da Carolina do Norte.
Encontram-se as safiras associadas com os rubis do Sião e do
Ceilão. Ocorrem em Kashmir, na lndia e sobre extensa área no
Queensland Central, na Austrália. Nos Estados Unidos, encontram-se
pequenas safiras de bela eBr em v6riaa localidaden, no Estado de Mon-
tana. Foram descobertas pela primeira vez nas areias dos rios a
leste de Helena. durante a mineração do ouro existentes em pláceres
e, mais recentemente, foram encontradas incluídas na rocha de um
dique de lamprófiro, em Yogo Gulch. Expõe-se a rocha ao ar, por
algum tempo, para que se decomponha, deixando as safiras. Esta
mina deixou de ser operada em 1929, em virtude de razões econo-
micas mais do que por falta de safiras.
Encontra-se o coríndon comum em grandes cristais no Transvaal,
na União Sul-Africana. Estes cristais encontrados soltos no solo ou
em pegmatitos constituem a principal fonte do coríndon abrasivo im-
portado nos Estados Unidos. O coríndon comum encontra-se nos Es-
tados Unidos em várias localidades, ao longo da vertente oriental dos
Montes Apalaches, nos Estados da Carolina do Norte e da Geórgia.
Antigamente, foi explorado extensamente na parte sudoeste da Caro-
lina do Norte. Ocorre, aqui, em grandes massas situadas nas bordas
das massas intrusivas de uma rocha de olivina (dunito), pensando-se
ter sido uma separação do magma original. Encontrado como consti-
tuinte primitivo de um nefelina sienito na Província de Ontário, no
Canadá. Em certos lugares, o coríndon é tão abundante que forma
mais de 10 por cento da rocha.
O esmeril encontra-se em grandes quantidades no cabo Emeri, na
ilha de Naxos e em várias localidades na Asia Menor, onde foi explo-
rado extensivamente por séculos. Nos Estados Unidos, o esmeril tem
312 MINERALOGIA DESCRITIVA

sido explorado em Chester, no Estado de Massachusetts e em Peeks-


kill. no de Nova Iorque.
Artificial. Do bauxito, fabrica-se em larga escala o coríndon
artificial. Este material sintético juntamente com outros abrasivos ma-
nufaturados, notadamente o carbeto de silício, tomou amplamente O
lugar do corindon natural como abrasivo.
Desde 1902, fabricam-se, pelo processo Verneuil, rubis e safiras
sintéticos, coloridos com pequenas quantidades de cromo e de titánio.
As safiras e os rubis sintéticos eram feitos sòmente na Suíça, França
e Alemanha, até 1940, quando a Linde Air Products Company em-
preendeu sua fabricação nos Estados Unidos. A Linde Company teve
muito bom êxito na síntese do coríndon; sua realizasão máxima foi
o desenvolvimento das safiras e rubis sintéticos estrelados. Isto foi
alcan~adointroduzindo-se titânio que, durante tratamento térmico ade-
quado, sofreu processo de exsolu$ão como rutílio orientado, produ-
zindo a estrêla. As pedras artificiais rivalizam-se com as naturais em
beleza, sendo difícil para a pessoa não exercitada distinguir umas
das outras.
Antes do processo Verneuil, fundiam-se juntamente pequenos
grãos e lascas de rubi natural, obtendo-sz massas maiores das quais
se podiam lapidar pedras de dois a três quilates em tamanho. Estas
pedras sáo conhecidas como rubis reconstmídos ou reconstituidos.

Uso. Como pedra preciosa. O rubi vermelho intenso é uma das


gemas mais valiosas, superando-a sòmente a esmeralda. A safira
azul é também valiosa e as pedras de outras cores se vendem por
bons preços. As pedras com qualidade de gemas usam-se na relo-
joaria e, como rolamentos, nos instrumentos científicos. Usa-se o
coríndon como um abrasivo, seja moído a partir do material maciço,
puro, seja em sua forma impura, como esmeril.

HEMATITA - Feros
Criiralografia. Hexagonal-R; escalenoédrica-hexagonal. Cristais
usualmente tabulares entre espessos e delgados. Planos hasais acen-
tuados, mostrando muitas vêzes marcas triangulares (Figs. 444 e 445).
As arestas das placas podem ser biseladas com formas romhoédricas
(Fig. 446). Placas delgadas podem estar agmpadas em forma de
rosetas (rosas de ferro) (Fig. 447). Mais raramente, os cristais sáo
nitidamente romboédricos, com ângulos quase cúbicos, muitas vêzes.
Usualmente terrosa. Também em configurações botrioidais a renifor-
mes com estrutura radiada, minério em forma de rim (ver Fig. 333,
página 117). Também pode ser micácea e laminada, especular.
Chama-se martita quando em pseudomorfos octaédricos sóbre a mag-
netita.

Fig. 446. Fiz. 447.


Hematita.

Propriedades fí.ricas. Partição (0001) e { IOTl} com ângulos


quase cúbicos. D 5%- 6%. d 5,26 para cristais. Brilho metálico nos
cristais e opaco nas variedades terrosas. Cór: castanho-avermelhado
a prêto. Conhece-se como ocra vermelha a variedade terrosa verme-
lha. Traço vermelho-claro a escuro que se torna prêto pelo aqueci-
mento. Translúcida.
-
Composiçüo. Óxido férrico, Fe,Os. Fe 70 O 30 por cento.
Pode conter titânio.
Ensaios. Não é fusível. Torna-se fortemente magnética pelo
aquecimento na chama redutora. Solúvel lentamente no ácido clorí-
drico; a solução, com ferrocianeto de potássio, dá precipitado azul-
-escuro (ensaio para o ferro férrico).
Aspector diagnósticos. Dintingue-se principalmente por seu tra-
ço vermelho.
Ocorrência. A hematita é um mineral amplamente distribuído
em rochas de todas as idades e forma o minério de ferro mais abun-
dante e importante. Pode ocorrer como produto de sublimasão em
conexão com as atividades vulcânicas. Ocorre nos depósitos meta-
mókicos de contato e, como mineral acessório, nas rochas ígneas
feldspáticas, tais como o granito. Substitui também em grande escala
,.
as rochas silícicas. Encontrada desde a forma de escamas microscó-
~ i c a saté a de massas enormes em relação c6m as rochas metamór-
314 M'IMERALOGIA DESCRITIVA

ficas regionais. onde se pode ter originado pela alteração da limonita.


siderita ou marnetita. Tal como a limonita, pode ser formada em
massas ou camadas irregulares como resultado da ação do tempo
sobre as rochas contendo ferro. O s minérios oolíticos são de origem
sedimentar e podem ocorrer em camadas de tamanho considerável.
Encontrada nos arenitos vermelhos, como o material de cimentação
que liga entre si os ~ â n u l o sde quartzo.
As localizações dignas de mcnção onde se encontram os cristais
de hematita são a ilha de Elba; São Gotardo, na Suíça, em "rosas de
ferro"; nas lavas d o Vesúvio; em Cleator Noor, em Cumberland, na
Inglaterra.
Nos Estados Unidos, encontram-se as variedades colunar e ter-
rosa em camadas enormes que fornecem uma grande proporção d o
minério de ferro d o mundo. O s principais distritos de minérios dz
ferro dos Estados Unidos estão agrupados em redor das margens sul
e noroeste do Lago Superior, nos Estados de Michigan, Wisconsin e
Minnesota. De leste para oeste, os distritos principais são: o de Mar-
quette, ao norte de Michigan; o de Menominee, em Michigan a sudo-
este de Marquette, o de Penokee-Gogebic, ao norte de Wisconsin. E m
Minnesota, o de Mesahi, a noroeste de Duluth; o de Vermilion. perto
do limite com o Canadá, e o de Cuyuna, a sudoeste do dz Mesabi.
O minério de ferro destas classes diferentes vai desde a iariedade es-
pecular, dura, até o tipo terroso, mole, vermelho. Explora-se o mi-
nério, em parte. por métodos subterrâneos e, em parte, onde é mole
e jaz suficientemente próximo da superfície, por meio de grandes pás
elétricas, em poços abertos.
Encontra-se a hematita também. nos Estados Unidos, nas rochas
da formação Clinton, que se estende desdz a região central do Estado
de Nova Iorque, para o sul, ao longo da linha dos Montes Apalaches,
até o Alahama central. Os depósitos mais importantes da série si-
tuam-se na parte oriental d o Estado de Tennessze e setentrional do
Estado de Alahama, perto de Birmingham. Tem sido encontrada a
hematita na Iron Mountain e Pilot Knob, na região sudeste d o Estado
de Missouri. Em Wyoming, nos Laramie e Carbon Counti-s, estão
localizados depósitos de importância considerável.
Embora a produção de minério de ferro dentro dos Estados
Unidos permaneça grande, acima de 100 milhóes de toneladas por
ano, os depósitos ricos estão a esgotar-se ràpidamente. No futuro,
muito ferro deverá vir dos depósitos de qualidade inferior, ou ser im-
portado. Depois de muitos anos de experimentação, desenvolveram-se
processos de concentração do minério de ferro a partir d o taconito, a
formação de ferro de qualidade inferior, rica em sílica, da qual deri-
varam os depósitos de qualidade superior. As reservas de minério
de ferro em taconito são muito maiores do que as reservas originais
de minério de qualidade superior.
Fora dos Estados Unidos, a exploração teve bom êxito, nos anos
recentes, na localização de várias grandes massas de minério com
muitas centenas de milhões de toneladas de minério de qualidade su-
perior. Isto aconteceu de maneira notável na Venrzuela, no Brasil e
no Canadá. Estima-se que a montanha de ferro do Brasil, Itabira,
tenha 15 bilhões de toneladas de hematita muito pura. O transporte
deficiente nos 500 quilômetros, aproximadamente, entre o depósito e
o mar impediu até agora sua exploração em maior escala. Em 1947,
descobriu-se Cerro Bolivar, na Venezuela, um depósito de hematita
extremamente rico e, em 1954, o minério estava sendo embarcado
dali para os Estados Unidos. No Canadá, localizaram-se vários depó-
sitos novos de minério de ferro, mas os principais situam-se ao longo
dos limites entre Quebzc e Labrador. Uma estrada de ferro de cêrca
de 550 quilômetros, construída nesta área, antes inacessível, comeGou
em 1954, a entregar minério de ferro a um pôrto do rio São Lourenço.
Uso. A hematita é o mais importante minério de ferro. Usada
também em pigmentos, ocra vermelha, e como pó para polir.
Nome. Derivado de uma palavra grega significando sangue,
e m alusão à côr do mineral pulverizado.

ILMENITA - FeTiO:$
Minério de Ferro Titanífero. Menacanita
Cristalografia. Hexagonal-R; romboédrica. Cristais usualmente
tabulares, espessos, com planos basais acentuados e pequenas trun-
caturas romboédricas. As constantes dos cristais estão próximas das
da hematita. Muitas vêzes, em placas delgadas. Usualmente, maciça,
compacta; também em grãos ou como areia.
Propriedades físicas. D 34-6. d 4,7. Brilho metilico a subme-
tálico. Côr: prêto do ferro. Traço a vermelho-acastanhado.
Pode ser magnética sem aquecimento. Opaca.
Composiçãoáo. Oxido de ferro e titânio, FeTiO?. Fe 36,8 - Ti
31,b - O 31,b por cento. Pela introduçáo d o óxido férrico, a rela-
ção entre o titânio e o ferro varia amplamente. O óxido férrico em
excesso pode ser devido largamente a inclusões minúsculas de hema-
tita. O magnésio e o manganês podem substituir o ferro ferroso.
316 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ensaios. Não é fusível. Magnética após aquecimento. O pó


fino da ilmenita, fundido na chama redutora com carbonato de sódio,
produz massa magnética. Depois da fusão com carbonato de sódio.
pode ser dissolvida no ácido sulfúrico, tornando-se a solução amarela,
ao juntar-se peróxido de hidrogênio.
Aspectos diagnósficos. A ilmenita-pode distinguir-se da hema-
tita por seu traço, e da magnetita porque lhe falta magnetismo forte.
Nos casos duvidosos, como nos intercrescimentos com a magnetita,
é necessário recorrer-se a ensaios químicos.
Ocorrência. A ilmenita ocorre em camadas e em massas lenti-
culares encaixadas no gnaisse e em outras rochas metamórficas cris-
talinas. Encontrada, frequentemente, em filões o u massas grandes,
como um produto de segregação magmática. Associada com a magne-
tita. Ocorre também como mineral acesssório nas rochas ígneas. Um
dos constituintes das areias pretas, associada com a magnetita, o rutí-
lio. o zircão e a monazita.
Encontrada em grandes quantidades em Kragero e outras locali-
dades na Noruega; na Finlândia; e em cristais em Miask, nas Monta-
nhas Ilmen, na Rússia. Explorada em quantidades consideráveis a
.partir das areias das praias, notadamente na lndia e no Brasil. En-
contrada, nos Estados Unidos. em Washington, no Estado de Con-
necticut; em Orange County, no de Nova Iorque, e em muitos depó-
sitos de magnetita da região de Adirondack, notadamente em Taha-
wus, no Essex County, onde é explorada ativamente. Encontrada
também na baía de St. Paul e no lago Allard, em Quebec.
Uso. E empregada como uma fonte de titânio. O bióxido de
titânio fabricado está sendo usado em quantidades cada vez maiores
como pigmento, em pintura, substituindo os pigmentos mais antigos,
notadamente os compostos de chumbo. Está sendo realizado muito
trabalho de pesquisa sobre o uso do titânio metálico como material
de estruturas. Por causa d o valor elevado da relação resistência
para com o pêso, o titânio está provando ser material desejável para
a construção aeronáutica, seja nas estruturas, seja nos motores. A il-
menita não pode ser usada como minério de ferro por causa das
dificuldades em sua fundição, mas as misturas de ilmenita e magne-
tita, e ilmenita e hematita são separadas, de modo que possam ser
recuperados o titânio e o ferro.
Nome. Provkm da denominação geográfica Montanhas de Il-
men, na Rússia.
RUTÍLIO - T i o 2
Cristalografia. Tetragonal; bipiramidal-ditetragonal. Os cristais
~rismáticos com terminações bipiramidais são comuns (Fig. 448).
Estriados verticalmente. Frequentemente em geminados configurados
em wtovêlo, repetidos muitas vêzes (Figs. 449 e 450). O plano de
geminação é a bipirâmide de segunda ordem 401 1 ). Cristais fre-
quentemente aciculares. delgados. Também compacto, macico.

Fig. 448. Fig. 449. Fie. 450.


Rutilio

Propriedades físicas. D 6-6%. d 4,18-4,25. Brilho adamantino


a submetálico. Côr: vermelho, castanho-avermelhado a prêto. Traço
castanho-pálido. Usualmente subtranslúcido, podendo ser transpa-
rente.
Composição. Bióxido de titânio, Tio,. Ti 60 - O 4 0 por
cento. Usualmente, está presente um pouco de ferro, podendo elevar-
se sua quantidade a 10 por cento.
Ensaios. Não é fusível. Insolúvel. Depois de fusãio com car-
bonato de sódio, pode ser dissolvido em ácido sulfúrico, tornando-se
a solução de cór amarela, quando se adiciona peróxido de hidrogênio
(titânio).
Aspectos diagnósticos. Caracterizado por seu brilho adamantino
peculiar e côr vermelha. Distingue-se da cassiterita por sua densidade
relativa mais baixa.
Ocorrêmia. Encontra-se o rutílio no granito, nos pegmatitos
graníticos, gnaisse, mica xistos, calcário metamórfico e dolomita. Pode
estar presente como mineral acessório na rocha, o u em f i l k s de
quartzo que a atravessam. Ocorre, muitas vêzes, como cristais del-
gados que penetram no quartzo. Encontrado em quantidades consi-
deráveis nas areias negras, associado com magnetita, zircão e monazita.
318 MINERALOGIA DESCRITIVA

As localizações notáveis na Europa são: Kragero, na Noruega;


Yrieix, perto de Limoges, na França; na Suíça e no Tirol. O rutilio.
oriundo das minas nds áreas costeiras da região norte da Nova Gales
do Sul e do sul de Queensland, faz da Austrália o seu maior produtor.
Nos Estados Unidos, cristais dignos de nota procedem da Montanha
Graves, em Lincoln County, no Estado de Geórgia. Encontrados
também em Alexander County, no Estado da Carolina do Norte, e
em Magnet Cove, em Arkansas. Tem sido explorado em Amherst e
Nelson Counties, no Estado de Virgínia e derivado em quantidades
comerciais das areias pretas d o nordeste da Flórida.
Artificial. Fabricam-se cristais de rutílio pelo processo Verneuil.
Com o tratamento térmico adequado, podem tornar-se transparentes
e quase inmlores, inteiramente diferentes do mineral natural. Por
causa de seu índice de refração elevado e alta dispersão, êste material
sintético fornece uma gema bonita tendo apenas leve tonalidade ama-
rela. E vendida sob uma variedade de nomes, sendo os seguintes os
melhores conhecidos: titânia, gema de Kénia e miridis.
Uso. Usa-se a maior parte do rutílio produzido como revesti-
niento de hastes de solda. Emprega-se em ligas algum titsnio derivado
do rutilio; em elétrodos; em arcos voltáicos; para dar côr amarela à
porcelana e aos dentes postiços. Usa-se o óxido fabricado, como
pigmento, na pintura (ver ilmenita).
Nome. Provém d o latim, rutilus, em alusão à côr.
Espbcies semelhantes. A octaedrifu ou anatisio (tetragonal) e a
hroakita (ortorrômbico) são formas poliformas do Tio2.
A perovskita, CaTiO,,, é um mineral de titânio, isométrico, en-
contrado usualmente nas rochas metamórficas.

PIROLUSITA - MnO2
Cristalografia. Tetragonal; bipiramidal-ditetrapnal. Raramente
em cristais bem desenvolvidos, polianita. Muitos cristais pseudomorfos
sôbre a manganita. Usualmente, em fibras ou colunas radiadas. Tam-
bém maciça, granular; muitas vêzes em películas reniformes e confi-
gurações dendríticas (Fig. 45 1 ) .
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { I 10). D 1-2, (sujando
os dedos muitas vêzes). A dureza da polianita cristalina é 6-6%.
d 4,75. Brilho metálico. Côr e traço: prêto do ferro. Fratura esti-
Ihaçada. Opaca.
Composição Bióxido de manganês, MnOi. Mn 63,2 - 0 36,R
por cento. Comumente, contém um pouco de água.
Ensaios. Não é fusivel. Uma pequena quantidade do mineral
pulverizado dá, com o carbonato de s6di0, uma pérola opaca, verde-
-azulada. No tubo fechado, produz oxigênio que fará com que um
fragmento de carváo vegetal se incendeie, quando colocado no tubo
acima d o mineral e aquecido.

Aspectos diagnósticos. A pirolusita se distingue dos outros mine-


rais de manganês e se caracteriza por seu traço prêto. dureza baixa
e pequena quantidade de água.
Ocorrência. A pirolusita é um mineral supérgeno. O manganês
dissolve-se das rochas cristalinas, nas quais está quase senipre pre-
sente em pequenas qiiantidades. e deposita-se sob a forma de vários
minerais. principalmente pirolusita. Observam-se, frequentemente, re-
vestimentos dendriticos de pirolusita sobre as superfícies de fraturas,
e revestindo seixos. Encontram-se depositos nodulares de pirolusita
no fundo do mar. Ninhos e camadas de minérios de manganês são
encontrados incluídos nas argilas residuais, derivados da deterioração
dos calcários manganíferos. Acredita-se que os óxidos de manganês
foram originariamente coloidais, tendo assumido forma cristalina sub-
seqüentemente à deposi~ão. Encontrada também nos filões com o
quartzo e vários minerais metálicos.
320 MINERALOGIA DESCRITIVA

A pirolusita é o minério de manganês mais comum, sendo de


ocorrência muito disseminada. Os principais países produtores de
manganês são: a Rússia, Ghana, fndia, União Sul-Africana, Marrocos
Francês, Brasil e Cuba. Nos Estados Unidos, encontram-se os miné-
rios de manganês na Virgínia, na Virgínia Ocidental, na Geórgia, em
Arkansas, no Tennessee, com os minérios de hematita dos distritos
do Lago Superior e na Califórnia.
Uso. O minério de manganês mais importante. Usa-se o man-
ganês com o ferro na fabricação d o spiegeleisen (ferro espelho) e
do ferromanganês, empregados na fabricação do aço. Usado também
em várias ligas com cobre, zinco, alumínio, estanho e chumbo. Usa-
se a pirolusita como um oxidante na manufatura d o cloro, d o bromo
.- e d o oxigênio; como um desinfetante, no pennanganato de potássio;
como secante, nas tintas; para descorar o vidro e nas pilhas sêcas e
'c . baterias elétricas. Usa-se também como material corante nos tijolos,
cerâmica e vidros.
Nome. A palavra pirolusita deriva de duas outras, gregas, sig-
nificando fogo e lavar, porque é usada para livrar o vidro, através de
seu efeito oxidante, das côres devidas ao ferro.
Esp8cies semelhantes. A alabandita, MnS, é comparativamente
rara, associada, nos veios, com outros sulfetos.
Dá-se o nome de wad ao minério de manganês composto de uma
mistura de óxidos hidratados de manganês.

CASSITERITA - SnO2
Pedra de estanho
Crisfalografia. Tetragonal; bipiramidal-ditetragonal. As formas
comuns são os prismas e as bipirâmides de primeira e de segunda
ordens (Fig. 452). Frequentemente em geminados configurados em
cotovêlo com entalhe característico, dando origem à expressão d o mi-
neiro viseira de estanho (Fig. 453); o plano d o geminado é a bipirâ-
mide de segunda ordem, ( 0 1 1). Usualmente granular, maciça; mui-
tas vêzes em configurações reniformes, com aparência fibrosa radiada,
estanho lenhoso.
Propriedades físicas. D 6-7.d 63-7,1 (pouco comum para um
mineral com brilho não-metálico). Brilho adamantino a submetálico
e fôsco. Côr: usualmente castanho ou prêto; raramente, amarelo ou
branco. Traço branco. Translúcido, raramente transparente.
Composição. Bióxido de estanho, SnO,. Sn 78,6-021,4 por
cento. Podem estar presentes pequenas quantidades de ferro.

Fie. 452. Fig. 453.

Cassiterita.
..
Ensaios. Não é fusível. Produz glóbulo de estanho com auréola '
..J
de óxido de estanho branco, quando o mineral finamentz pulverizado
c fundido sobre o carvão vegetal com a mistura redutora. Insolúvel.
Quando se colocam fragmentos de cassiterita em ácido clorídrico di-
luído, juntamente com um pouco de zinco metálico. a supzrfície da .. ..
cassiterita se reduz, e o espécime fica revestido por um depósito cin-
zento-fosco de estanho metálico que se torna brilhante, ao ser es-
fregado.
Aspectoi diagnrlsticos. Reconhecida por sua densidade relativa
elevada, brilho adamantino e traço claro.
Ocorrência. A cassiterita está distribuída amplamente, em pe-
quenas quantidades, mas é produzida, em escala comercial, apenas em
poucas localidades. Constituinte originário das rochas ígneas e peg-
matitos, encontra-se mais comumente em veios. associados com o
quartzo, nas rochas graniticas ou próximo delas. Os veios coui cassi-
terita têm, usualmente. minerais que contêm flúor ou boro. tais como
a turmalina. o topázio, a fluorita e a apatita. e os minerais das paredes
das rochas estio, comumente, muito alterados. Associada, conioinen-
te, com a wolframita. Encontra-se tambzm a sassiterita sob a forma
de scixos rolados nos pláceres. e.stanho de rio.
A maior parte do suprimento mundial de estanho provim dos
Estados Malaios, da Bolívia. Indonésia. Congo Belga e NigCria. No
passado, Coriiwall, na Inglaterra, produziu grandzs quantidades de
minério de cstanho. Nos Estados Unidos, a cassiterita náo se encontra
em quantidades suficientes para assegurar a niineração, m2s está sem-
pre presente em pcquenas quantidades. em numerosos pegmatitos.
322 MINERALOGIA DESCRITIVA
- -- -- --

Uso. A cassiterita é o principal minério de estanho. O uso prin-


cipal do estanho c na fabricação da folha de flandres e latas para
acondicionamento de alimentos. Prepara-se a lata, aplicando-se um
revestimento de estanho e chumbo em lugar de estanho puro. Usa-se
também o estanho com o chumbo. nas soldas; no metal Rabitt, com
antimônio e cobre. e no bronze e metal dos sinos. com o cobre.
O "bronze fosforado" coiitém 89 por cento de cobre, 10 por cento
de estanho e 1 por cento d r fósforo. O óxido de estanho artificial
é um pó para polimento.
Nome. A palavra cassiterita provém d o grego, significando
estanho.

Uraninita - UOi

Cristalo~rafia. Isométrico. Em octaedros, também como rom-


bododecaedros; por vêzes possui faces de ccbo. Cristais raros. Usual-
mente maciça r botrioidal (pichehlenrla).
Proprirdudes física.^. D 5':. d 9-9,7 (extraordinàriamente zlta);
nas variedades coloidais d 6,5-8.5. Brilho entre subnittá:ico e apa-
rència de piche, opaca. Chi: prêto. Traço prêto-acastanhado.
Compo.rição. Bióxido de urânio, UO,. A uraninira está sempre
parcialmziite oxidada e por êsse motivo a composição verdadeira fica
entre UO., e U:,O,. O tório pode substituir o urânio e uma série com-
pleta entre a uraninita e a torianita, ThO,,. tem sido observ~daem
preparacões artificiais. As análises mostram comumente a Iresença
de pequenas quantidades de chumbo e os eiementos raros, r á i o . tório.
ítrio. nitrogeriio, hélio e agôni'o. O churnbo est5 present: como pro-
duto final estável da desintegração radioativa do urânio e do tório.
São encontrados dois isótopos do chumbo: Pb2*+esulta da òesin-
tegrafão radioativa do isólopo do urinio U2:'Y;Pb'2"í restilta da de-
sintepraç90 do V:'? Na desintegracio sáo emitidos áti~mosionizados
de hélio (partículas i r ) e eléctrons (partículas P). O hélio é encon-
trado sempre na uraninita. Como a desiiitegração radioativa se dá
em ritmo uniforme. a acumulação de h6lio e c!iumbo pode ser usada
conio uma medida do tempo decorrido desde que o mineral se cris-
talizou. Ambas as relaqões. cliumbo-urânio e hélio-urânio, foram usa-
das pelos geologos para determinar a idade das roclias.
Foi no niineral uraninita que se descobriu o hélio pela primeira
vez, na Terra, pois anteriormente era notsdo sòmente no espectro
solar. Também o rádio foi descoberto nêle.
Emaios. Infusível. Confere à pérola de sal d e fósforo, na
chama oxidante, côr verde-amarelada e na chama redutora, côr verde.
Estas pérolas ou uma pérola de bórax fluorescem sob a luz ultravio-
leta. Este comportamento é um ensaio muito sensível para o urânio.
A uraninita, bem como outros compostos de urânio, podem ser desco-
bertos em pequenas quantidades pelos contadores Geiger-Muller, câ-
maras de ionizaqão e instrumentos semelhantes, pela sua radioativi-
dade.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada principalmente pelo seu
brilho de piche, densidade relativa alta, côr e traço.
Ocorréncia. A uraninita ocorre como um constituinte primário
de rochas graníticas e pegma!itos e também como um mineral secun-
dário, associado aos minérios de prata, chumbo e cobre de Johanngeor-
genstadt, Marienberg e Schneeberg, na SaxOnia; em Joachimsthal e
Piibram, na Boèmia; Rezbánya. na Rumânia e Cornwall, na Inplater-
ra. Náo obstante serern localizaqões antigas. tem havido mineraçzo
ativa para uraninita em muitas delas.
Muitos países estão produzindo uraninita. mas os produtores mais
importantes são o Congo Belga e o Canadá. A produção d o Congo
Belga vem da mina de Shinkolobwe, onde a uraninita estS associada
a muitos minerais de a l t e r a ~ ã ointensamente coloridos Wilberforce,
Ontário. t e n sido uma localidade canadense bem conhecida, mas pre-
sentemente as maiores fontes sáo as minas situadas nas niargcns do
Great Bear Lake. Northwest Territory; a região de Bcaverlodge, Sas-
katchewan e a área de Blind Kiver, Ontário. A uraninita é recuperada
também dos conglomerados xdríferos de Witwatersrand, União Sul-
-Africana.
Nos Estados Unidos. achou-se a iiraninita, primeiramente sob a
forma de cris!ais isolados. em pegrnztitos. na área de Middletown,
Glastonbiiry e Elanchville, no Corinecticut c nas minas de mica do
Miíchell County, na Carolina cio Norte. Nas proximidades de Central
City, em G i l ~ i nCounty, no Colorado, houve mineração d e uraninita,
ericoritrada em liiáo poiico espêsso. Receiites exploracóes no Colora-
do Plateaii, Arizoria. no Colorado, no Estado d o Nôvo México e
Utah Iocaiizarain muitos dzpósitos exploráveis de uraninita e mine-
rais associa<'ios de urinio.
Uzo. Na décima-quinta edição dêste livro, escrita em 1940, ha-
via uma afirma~ão,"O urânio i e n sòmente um riso limitado". C) zu-
tor desconhecia, naquela época, o €$ande e crescente iiiter:psse no
urânio, ccino fcnte de energia atônica. Desde essa época, a uraniniti,
csmo a principal fonte de vrânio, tem recebido mais atenção das
! 324
--
MINERALOGIA DESCRITIVA

cientistas e do público em geral d o que qualquer outro mineral. Até


o mês de agôsto de 1945, quando a primeira bomba atômica foi lan.
I
çada, a importância da uraninita era conhecida sòmente por uns pou-
cos, mas desde aquela ocasião o povo em todos os países d o mundo
tomou consciência d o grande papel que o urânio desempenhará no
futuro. Como resultado disso, tem havido pesquisa intensa de mine-
rais de urânio. Desde 1945, descreveram-se 41 minerais novos de
urânio e reestudaram-se muitos dos antigos. Presentemente, existem
85 minerais conhecidos de urânio e 1 0 a 2 0 mais, descritos parcial-
mente. Embora a uraninita permaneça como o principal minério de
urânio, outros minerais são agora fontes importantes d o elemento, a
saber, a carnotita (página 417), a tyuyamunita (página 418), a
torbernita (página 416) e a autunita (página 415).
O urânio assumiu lugar de importância entre os elementos, dada
sua suscetibilidade à fissão nuclear, um processo pelo qual os núcleos
dos átomos de urânio sáo cindidos com a produção de imensas quan-
tidades de energia. Esta é a fonte de energia da bomba atômica. Fi-
zeram-se progressos substanciais na utilização desta energia para ou-
tras finalidades. Reatores nucleares estão em funcionamento para a
produção de eletricidade, sendo usados também para a propulsão de
navios de superfície, submarinos e mesmo aviões.
A uraninita é também fonte do rádio, embora o contenha em
quantidades muito pequenas. Aproximadamente, são necessárias 750
toneladas de minério para produzir 12 toneladas de concentrados;
o tratamento químico dê:,tes concentrados dá cêrca de 1 grama de
sal de rádio. O urânio. na forma de vários compostos, tem uso limi-
tado tia coloraqão do vidro e da porcelana, em fotografia e como rea-
gente químico.
Nome. Uraninita, em alusão à composição.
E.5pécie.r semelhantes. A toriunita, ThO,, de côr entre o cinza-
-escuro e o préto, com brilho submetálico. E encontrada, principal-
mente. em pegmatitos, e como cristais rolados, nos cascalhos fluviais.

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Usualmentz em cris-


tais delgados. tabulares paralelamente a {010/. Laminar. maciço :a-
minado, disseminado.
Propriedades firicas. Clivagem perfeita pinacoidal {OlO:.
D 6::-7. d 3,35-3.45.Brilhu vítreo. exceto na face de clivagem onde
é nacarado. Transparente a translúcido. Côr: branco, cinza. anare-
lado, esverdeado.
Composiçr?~. óxido de alumínio e hidrogênio, HAIO,. AI,02
85-H,O 15 por cento.
O diásporo corresponde à fórmula geral tipo ABOZ e difere da
boehmita A I O ( 0 H ) por não ter os gnipos ( O H ) . O hidrogênio atua
como um catíon na coordenação 2 com o oxigênio.
Ensaios. Infusível. Insolúvel. Decrepita e produz água quando
aquecido em tubo fechado. Aquecido com nitrato de cobalto, torna-se
azul (alumínio).
2

Aspecto diagnóstico. Caracterizado por sua boa clivagem, há-


bito laminar e dureza (6%-7).
Ocorrência. O diásporo associa-se, comumente. com o coríndon
na rocha esmeril e com aquêle mineral em dolomitos e clorita xistos.
Ocorre em depósitos de bauxita e nas argilas aluminosas. Tem sido
encontrado em calcários metamórficos, sob a forma de mineral aces-
sório.
As localidades dignas de menção são: Os Montes Urais; Schem-
nitz, na Checoeslováquia; Campolungo, na Suíça. Nos Estados Uni-
dos, encontra-se em Chester County, na Pensilvânia; em Chester, no
Massachusetts; em Mt. Robinson, Rosita Hills, no Colorado, asso-
ciado a alunita, formando massas rochosas. E encontrado, abundante-
mente, em bauxita e argilas aluminosas em Arkansas, no Missouri e
em outras regiões dos Estados Unidos.
Uso. Como um refratário.
Nome. Derivado da palavra grega significando espalhar, uma
alusão 3 decrepitação quando aquecido.
Espécies semelhantes. A boehmita, A I O ( 0 H ) e a gibbsifa,
AI(OH), encontram-se sob a forma de partículas disseminadas como
constituintes do bauxito.

Goethita - HFeO,
Minério de Ferro do Pântano
Crisfalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Raramente em cris-
tais prismáticos distintos e estriados verticalmente. Muitas vêzes acha-
tada paralelamente ao pinacóide lateral. Cristais aciculares. Também
maciça, reniforme, estalactítica em agregados fibrosos radiais. Lami-
nado. O minério, a que se dá o nome de minério do pântano é geral-
mente de pouca consistência e de textura porosa.
Propriedades físicas. Clivagem {OIO} perfeita. D 5-5%. d 4,37;
pode ser tão baixa quanto 3,3 para material impuro. Brilho adaman-
tino a opaco; sedoso em certas variedades finamente escamosas ou
326 MINERALOGIA DESCRITIVA

fibrosas. Côr: castanho-amarelado a castanho-escuro. Traço casta-


nho-amarelado. Subtranslúcida.
Composigão. Oxido de ferro e hidrogénio, HFeOl. Fe 62,9-0
27,O - H,O 10,l por cento. O hidrogênio atua como um catíon na
coordenação 2 com o oxigénio e, assim, a goethita difere da lepido-
crocita F e O ( 0 H ) não tendo os grupos ( O H ) . O manganês está mui-
tas vêzes presente em quantidades acima de 5 por c-nto. As varie-
dades maciças contêm, muitas vezes, água adsorvida ou água capilar.
Ensaios. Dificilmente fusível, estando situada entre os números
5 a 5s na escala de fusibilidade. Torna-se magnética na chama redu-
tora. Em tubo fechado, desprende água e converte-se em Fe,O:,.
Aspectos diagnósticos. A cor de seu traço; disting~e-seda li-
monita pela sua clivagem, crescimerito radial e outras evidsncias de
cristalinidzde. Grande parte do material, classificado antigamente sob
a denominação de limonita, conhece-se hoje como goethiza.
Ocorrência. A goethita é um dos minerais mais comuns e for-
ma-se de modo típico, sob condiçõzs de oxidaqão, como produto de
intemperisiro dos minerais portadores de ferro. Fornia-se, tamKm,
como um precipitado direto. inorgânico ou biogênico, existente na
água, sendo amplamente disseminado como depósito em pantanos e
fontes. A goethita. com a limonita. forma o "gossan" ou "chapéu de
ferro", sobre os filões ou vieiros metaliferos. Encontram-se grandes
quantidades de goethita como mantos lateriticos residuais. resultantes
da intemperizaçio de serpentinas. Os pseudomorfos muito comuns
do que se vem chamando limonita, formada As expensas da pirita,
provàvelmente consistem eni sua maior parte de goethita.
Os depósitos, conhecidos pelo nome de min6rio ferro do pântano,
s5.o formados por solução. transporte pqia ação das águas superficiais
e nova precipitação de minerais de ferro preexistentes. A solução é
realizada por pequenas quantidades de ácido carbõnico existentes na
água. O ferro C transportado como uin carbonato até a superfície e
depois levado p-ias águas corre!?tes para os brejos e depressões com
água estagnada. Aí, o carbonato transforma-se em óxido pela eva-
poração da água e a conseqüente perda do ácido carbônico e através
dos agentes de aqáo redutora da matéria carbonosa. O óxido separa-
se formando inicialmente uma espuma iridescente na superficie da
água e depois vai para o fundo. Esta separaçáo é também auxiliada
pelas bactérias conhecidas por ferruginosas que absorvem o ferro da
água e depois o depositam como hidróxido férrico. Neste processo,
sob condições favoráveis, as camadas de gotthita impura po.dem ser
formadas no fundo de brejos e pântanos. Tais depósitos são muito
comuns mas, dados os materiais estranhos associados. são raramente
de suficiente pureza para serem explorados comercialmente.
Os depósitos de goethita são também encontrados com calcá-
rios portadores 'de ferro. O conteúdo de ferro do calcário pode ser
gradualmente dissolvido por águas circulantes e, sob condições favo-
ráveis, pode, como goethita, substituir o carbonato de cálcio da rocha.
O intemperismo gradual e a soluqão do calcário podem deixar como
resíduo o conteúdo de ferro sob a forma de massas residuais de hidró-
xido férrico, localizadas na argila, acima da formação calcária. Estes
depósitos são, muitas vezes de dimensões consideráveis e, dada a sua
maior pureza, são mais frequentemente explorados do que os depósi-
tos de pintanos.
E m algumas localidades, a goethita constitui um minério de ferro
iniportante.. Eln é o principal constituinte dos valiosos minerios da
Alsicia-Iaorena. Outras localidades europiias dignas de nota são: Ei-
serfe!d, na Westphalia; Plibram, na Bdniia; Cornwall, na Inglaterra.
Em Mzyari e Moa, em Cuba, encontram-se grandes depósitos dc Iute-
ritos ricos de ferro, compostos essencialmente de goethita.
Nos Estados Unidos, a goethita é comum nos depósitos de hrma-
tita situados no Lago Superior e tem sido obtida em belos espkcimes
em Negaunee, proximidades de Marquette, no Michigan. A goethita
é encontrada em calcários portadores de ferro, ao longo dos Montes
Apalaches. desde a região oeste de Massachusetts até o Alabamn.
Estes depósitos são particularmente importantes nos Estados de Ala-
bama. Gebrgia. Virginia e Tennessee. Material beni cristalizado, asso-
ciado a quartzo enfumaçado e microclínio, ocorre no Colorado, em
Fluorissant, e n2 região de Pikes Peak.
Uso. Um minério de ferro.
Nomp. Em homenagem a Goethe, o poeta alemão.
Espécies semelhantes. A furpira, 2Fe,0x.H?0, associa-se fre-
quentemente à goethita, mas distingue-se dela pelo seu traço verme-
lho. A lepidocrocifa, FeO(OH), é dimorfa com a goethita e ocorre
com ela.

GRUPO DO ESPINÉLIO - ABnOl


Como foi mencionado à página 305, os minerais do grupo dos
espinélios, com a fórmula geral AB,O,, compreendem um grupo iso-
estrutural intimamente relzcionado, com soluqáo sólida ent:e os mem-
bros. H á substituição quase completa dos elementos bivalentes, mag-
nésio, ferro ferroso, zinco e manganês nas posiqões A, mas sbmente
318 M~INERALOGIAM X R I T I V A

substituição limitada dos elementos trivalentes, alumínio, ferro férrico


e cromo nas posições B. A tabela, a seguir, mostra a relação dos
principais membros do grupo.

Gmpo do Espinélio, AB,O,


A B = AI B = Fe B = Cr
Mg Espinélio MgAI,O, Magnésio- Magnésio-
ferrita MgF-0, cromita MgCraO.
Fe Hercinita FeAI,O, Magnetita FeFenOb Cromita FeCr,O.
Zn Gahnita ZnAbO, Franklinita ZnFe20,
Mn Galaxita MnAI,O, Jawbsita MnFe,O,

ESPINELIO - MgAlDn

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Usualmente, em cris-


tais octaédricos (Fig. 454). Em octaedros geminados (geminados do
espinélio) (Fig. 456). O rombododecaedro pode estar presente como
pequenas facêtas (Fig. 455). Outras formas são raras.
Propriedades físicas. D 8. d 3,5-4,l. d 3 3 5 para a composição
teórica. Não-metálico. Brilho vítreo. Várias côres: branco, vermelho,
azul, verde, castanho, prêto. Traço branco. Usualmente translúcido.
podendo ser claro e transparente.
Composição. MgAI,O,. MgO 28,2 -
A1,0, 7 1 3 por cento.
O ferro ferroso, o zinco e o manganês menos comumente, substituem
o magnésio em todas proporçks. O ferro férrico e o cromo podem
substituir em parte o alumínio. O espinélio de magnésio, quase puro,
de cor vermelho-claro, é conhecido por rubi espinélio. O pleonasto
é o espinélio de ferro, côres verde-escuro a prêto e a picotita é o de
cromo, de cores amarelada a castanho-esverdeada.
Ensaios. Infusível O mineral finamente pulverizado dissolve-se
completamente na pérola do sal de fósforo (provando a ausência de
sílica).
Aspectos diagnósticos. Reconhecido pela sua dureza ( 8 ) , seus
cristais octaédricos e pelo seu brilho vítreo. O espinélio de ferro pode
ser distinguido da magnetita pelo seu caráter não-magnético e traço
branco.
Ocorrência. O espinélio é um mineral metamórfico comum que
ocorre incluído em calcários cristalinos, gnaisses e serpentina. Ocorre
também como um mineral acessório em muitas rochas ígneas escuras.
O espinélio forma-se, frequentemente, como um mineral metamórfico
de contato e está associado à flogopita, à pirrotita, à condrodita e
h grafita. Eiicontra-se, frequentemente, o espinélio, como seixos rola-
dos nas areias dos rios, dada sua resistência física e propriedades quí-
micas. Os espinélios de cor rubi encontram-se, por esta razão, asso-
ciados muitas vêzes com o coríndon de interêsse gemológico, nos

Fig. 454. Fig. 455. Fig. 456.


Espinhlio.

depósitos arenosos do Ceiláo, do Siáo, da parte norte da Birmânia e


em Madagascar. Encontra-se o espinélio comum em várias locali-
dades dos Estados de Nova Iorque e de Nova Jersey, nos Estados
Unidos.
Uso. E. usado como gema quando se apresenta transparente e
com bela coloração. E. conhecido pelas designações rubi espinélio ou
rubi balas, quando vermeiho. Algumas pedras são azuis. A maior
pedra lapidada, conhecida, pesa 80 quilates, aproximadamente. As
gemas são usualmente de preços não muito elevados.
Artificial. Obtém-se espinélios sintéticos pelo processo de Ver-
neuil (ver coríndon), em cores variadas que rivalizam em beleza com
a s pedras naturais. Os espinélios são também usados como refra-
tários.
Espécies semelhantes. A hercinita, FeA1,0,, um espinélio de
ferro, encontra-se associada ao coríndon em alguns esmeris; encon-
tra-se, também, com a andaluzita, a siiiimanita e a granada. A gala-
xita, MnAI,O,, não tem sido encontrada pura na natureza; tem-se
feito referência, entretanto, a galaxita de ferro (Mn,Fe)A120,.

Gahnita - ZnALOl
Espinélio de zinco

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Comumente octaé-


drica com faces estriadas paralelamente h aresta entre o dodecaedro
330 MINERALOGIA DESCRITIVA

e o octaedro (Fig. 457). Dodecaedros e cubos bem desenvolvidos


sao menos frequentes.
Propriedades físicas. D 7%-8. d 4 5 5 . Brilho vítreo. Côr: verde-
-escuro. Traço acinzentado. Translúcida.
Composição. Um espinélio de zinco,
ZnAl,O,. O ferro ferroso e o manganês po-

dido com carbonato de sódio sobre o carvão


vegetal, dá uma auréola branca, não v d á -

Aspectos diapfihsticos. 'O espinélio


Fig. 457. Gahnita. caracteriza-se pela sua forma cristalina (oc-
taedros estriados) e dureza.
Ocorrência. A gahcira é um mineral raro. Ocorre nos depósi-
tos de zinco e também nos calcárics cristalin«s, como um mineral dr
contato. Ericontra-se em Bodenmais, na Bivèria. em grandes cristais;
em um talco xisto próximo de Falun, na Suécia. Encontra-se, nos
Estados Unidos, em Charlemont, no Estado de Massachusetts e em
Franklin, Nova Jersey.
Nome. Em homenagem ao químico sueco, J . G . Gahn, o des-
cobridor do manganês.

MAGNETITA - Fe@+

Cristalo~rafia. Isométrico; Iiexaoctaédrica. Frequenteme~teem


cristais de hábito octaédiico ( F i g 458), geminado ocasionalmente.
Os dodecaedros sáo mais ramr (Fig. 4.59). Os dodecaedros podem
ser estriados paralelamente à interseçáo coni as faces do octaedro
(Fig. 460). Outras formas sáo raras. Usualmente maciqa granular;
granulação grossa ou fina.
Propriedades físicas. Par:ição octaédrica em alguns espécimes.
D 6. d 5,18. Bri!ho inetálico. Côr: prêto do ferro. Traço prêto.
Fortemente magnética; comporta-se conio um ímã natural, conhecida
como lodestone. Opaca.
Composição. Fe301 ou FeFepOI.Fe 72,4 - O 27,6 por cento.
A composiçáo da magnetita usiialmente corresponde àquela mostra-
da pela fórmula. Contudo, algumas análises mostram alguns por
cento de magnésio e manganês bivalente.
Ensaios. Infusível. Vagarosamente solúvel em ácido clorídrico,
a solu~aoreagindo tanto para o ferro ferroso como para o ferro fér-
rico,

Fig. 458. Fig. 459. Fig. 560.


Magnetiia.
I1
Aspectos dingnhsticos. Caraterizada principalmente pelo seu
forte magnetismo. cor preta e su3 dureza ( 6 ) . Distingue-se da fran-
klinita magnética pelo t r a g ~ .
BcorrPncifl. A magnetita é um minério de ferro comum. En-
contra-se distribuída. sob a forma de um mineral acessório. em muitas
rochas magmáticas. Em certos tipos de rocha, através de segregação
,- magmática, torna-se um dos principais constituintes e pode, assim,
formar grandes corpos de minério. Estes corpos sgo muitas vêzes
altamente titaníferos. A magnetita está associada, mais comumente,
com rochas metamórficas cristalinas; ocorre tambem, frequentemen-
te, em rochas ricas de minerais ferro-magnesianos. a saber, diontos,
gahros e peridotitos. Ocorre também, sob a forma de ramadas ou
lentes imensas, incluídas em rochas metarriórficas antifas. En~mntra-
se nas areias pretas das praias, Aparece em placas delgadas e rob
a forma de crescimentos dendríticos entre as Iâmicas das micas. As-
socia-se intimamente, rruitas vêzes, com o coríndon. para formar o
material conhecido pela designação de esmeril.
Os maiores depósitos no mundo estão situados na parte norte da
Suécia, em Kiruna e Gellivare; êstes depósitos, acredita-se, ter-se-iam
formado por segregaçáo m a ~ n á t i c a . Outros depósitos importantes
C
encontram-se na Noruega, ,:!I Rumânia e nos Montes Urais. Os ímãs
naturais mais poderosos encontram-se na Sihéria, nas Montanhas do
Harz, na ilha d'Elba e no complexo rochoso de Bushveld. no Trans-
vaal.
Nos Estados Unidos, a magretita eiicontra-se, em quantidades
com?.rciais, em diversas localidades da região dos Adirondack, no Es-
tado de Nova Jorque; em Utah; na California; em Nova Jersey e na
332 MINERALOGIA DESCRITIVA

Pensilvânia. Encontra-se, sob a forma de lodestone (ímãs natu-


rais) e cristais, em Magnet Cove, no Arkansas.
Uso. Um importante minério de ferro.
Nome. Deriva-se, provàvelmente, da localidade Magnesia, nos
limites da Macedônia. Uma fábula, atribuída a Plínio, liga seu nome
a um pastor chamado Magnes que descobriu o mineral pela primeira
vez no Monte Ida, ao notar que os pregos de seus sapatos e a argola
de ferro de seu bordão aderiam ao chão.
Espécies semelhantes. A magnésio-ferrita, MgFezO,, é um mi-
neral raro que se encontra principalmente em fumarolas. A jacob-
sita, MnFez04, é um mineral raro que se encontra em Langban, na
Suécia.

FRANKLINITA - (Zn,Fe,Mn) (Fe,Mn)tQ

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Hábito caracteris-


ticamente octaédrico. O dodecaedro ocorre como truncaturas. Outras
formas são raras. Os cristais são muitas vêzes arredondados. E
maciça, de granulação grossa a fina e ocorre ainda em grãos arredon-
dados.
Propriedades físicas. D 6 . d 5,15. Brilho metálico. Côr:
prêto do ferro. Traço castanho-avermelhado a castanho-escuro. Li-
geiramente magnética.
Composi~ão. Dominantemente ZnFen04; há sempre, contudo,
substituisão por ferro ferros0 e manganês na posição A e por manga-
nês trivalente na posição B. As análises mostram uma ampla varia-
são nas proporsóes dos diferentes elementos.
Ensaios. Infusível. Pelo aquecimento, na chama redutora, tor-
na-se fortemente magnética. Confere uma cór verde-azulada à pé-
rola de carbonato de sódio, na chama oxidante (manganês).
Aspectos diagnósticos. Assemelha-se à magnetita, mas é fraca-
mente atraída pelo ímã e tem traço castanho-escuro. Identifica-se,
usualmente, por sua característica associasão com a willemita e com
a zincita.
Ocorrência. A franklinita, sòmente com raras excesóes, con-
fina-se aos depósitos de zinco de Franklin, em Nova Jersey, que cons-
tituem grandes lentes encaixadas em calcário granular. Associa-se,
principalmente, com os minerais zincita e willemita e com êles, muitas
vêzes, cresce intimamente (ver frontispício).
Uso. Um minério de zinco e manganês. O zinco converte-se
em branco de zinco, ZnO, e o resíduo transforma-se, por fusão, em
uma liga de ferro e manganês, denominada spiegeleisen, usada na
manufatura do aço.
Nome. De Franklin, em Nova Jeney, nos Estados Unidos.

Cristalografia. Isométnco; hexaoctaédrica. Hábito octaédrico.


Cristais pequenos e raros. Comumente maciça, granular a compacta.
Propriedades físicas. D 5%. d 4,6. Brilho metálico a submetá-
lico; frequentemente com a aparência do piche. Côr:. prêto d o ferro
a prêto-acastanhado. Traso castanho-escuro. Subtranslúcida.
Composição. FeCr,Ol. FeO 32.0- Crz03 68,O por cento.
Certa percentagem de magnésio está sempre presente substituindo o
ferro. O alumínio e o ferro fémco podem substituir certa permnta-
gem do cromo.
Ensaios. Infusível. Finamente pulverizada e fundida no car-
vão vegetal com carbonato de sódio produz um resíduo magnético.
Confere uma car verde às pérolas de bórax, e sal de fósforo (cromo).
Aspectos diagndsticos. A cromita distingue-se usualmente pelo
seu brilho submetálico, mas o diagnóstico é a pérola verde de bórax.
Ocorrência. A cromita é um constituinte comum dos peridoti-
tos e dos serpentinitos dêles derivados. E um dos primeiros minerais
a se separar do magma que se resfria; pensa-se que os grandes depó-
sitos de cromita se teriam formado por essa diferenciação magmática.
Associa-se com a olivina, a serpentina e o coríndon.
Países dignos de menção pela importância de suas produçóes são:
a Rússia, a Uniáo Sul-Africana, a Turquia, a República das Filipinas,
Cuba e a Rodésia Meridional. Encontra-se nos Estados Unidos es-
cassamente. Os Estados da Pensilvânia, de Maryland, da Carolina
do Norte e de Wyoming produziram-na no passado. Hoje, são peque-
nos produtores, os Estados da Califórnia. do Alaska e do Oregon;
contudo, a principal produção, nos Estados Unidos, vem do Estado
de Montana, onde a cromita ocorre em camadas no complexo mag-
mático de Stillwater.
Usos. A cromita é o único minério de cromo. Os minérios
de cromita estão grupados em três categorias - metalúrgica. refra-
tária e química - com base no conteúdo de cromo e na rela~ão
cromo-ferro. Como metal, o cromo é usado na forma de uma liga
com o ferro para dar ao aço as propriedades combinadas de alta
dureza, grande tenacidade e resistência ao ataque químico. O cromo
é um dos principais constituintes no aço inoxidável. Usa-se o ni-
cromo, uma liga de níquel e cromo, para resistências em equipamen-
334 MINERALOGIA DESCRITIVA

tos elétricos de aquecimento. Usa-se o cromo, amplamente, na cro-


meaçiio de material sanitário, acess6rios para automóveis etc.
Dadas suas qualidades de refratário, a cromita é usada na fabri-
cação de tijolos para revestimento de fomos metalúrgicos. Os tijolos
szo fabricados usiialmente de cromita ao natural e alcatrão de car-
vão; fabricam-se, também, de cromita com caolim, bauxito ou outros
materiais. O cromo é um constituinte de certos pigmentos verdes,
amarelos, alaranjados e vermelhos e toma parte nos compostos K2Cr20
e Na?Cr?O;. usados como niordentes para a fixação de tintas.
Espécics semelhantes. A magn4sio-cromita, MgCr20,, asseme-
lha-se B uoniita, quer no modo de ocorrência, quer na aparência.

CRISORERILO - BeAlz04
Cr;~ialojirafin. Ortorrômbico; Sipiramidal. Usualmente em
cristais ~cliatsi!os parnleianente a 1001, cujas faces são estrisdas
ucrticai!iicnte. Comuiiiente geniinado. adquirindo a aparência hexa-
5:onal (Fig. 461 ) .
Pela sua f61.muia. BeAi,O,. poderia parecer que o crisoberilo
é um mcinbro do grupo do espin&!io. Contudo por causa do peque-
no tamanho do ion do berílio (Raio iônico 0.35 A ) . o crisoberilo tem
uma estrutura contraída. de siriictria mais baixa do que os espinélios.
Pr»prirrla<lcs firic'rs. Clivaccm { 110). in fi:; (extraordinària-
niente al!a). d 3.65-3,8. Rrilho vítreo. Várias tonaiidades de verde.
castanho e amarelo; pode ser vermelho por limztransniirida.
A al~xondrira6 um;i variedade de côr verde-esniera:da; a luz
transmitida confere-lhe. entretanto. a c6r ver:neiha. Geralmente cxi-
Se esta última cor em Iiiz artificial. O Ulho-de-,varo. ou cinlofnnci.
: uma variedade que, quando policl:~. exibe brilho opalesccntc e na
L

superfície polida aparecera uma faixa luminosa,

k;;::.:?f-g
9 3 estreita c lonea que miida a san posiçâo a cada
I P i, - ,,,, o moviinento que se 6ã à genia. Esic efeito,
conhecido pel;! desipnacão de acatassolamento
(clintoyancy) é obtido em seu máximo de in-

v=-
tensidade quando o crisobrriio é iapidado eni
c a b ~ c h ã ooval ou redondo. Tudo iridica que
esta propriedade decorra da presenqa de nurnc-
Fie. 461. rosas cavidades tubiilares ficíssiinas, arranjadas
Crisoherilo. eni lima posição paralela. 0 crisoberilo é o
vel.dadeiro ólho-dc-_rato c não deve ser confun-
dido com virios outros minerais que possaem propíiedaiies semelhan-
tes (p. ex., qiiartzo)
Composiçáo. Óxido de beríiio e alumínio, BeA120r. BeO 19,8-
-AI20:T80,2 por cinto. Be 7 , : por cento.
Ensaios. Infusível. insolúvel. O mineral transformado em
pó fino é inteiramente solúvel na pérola d o sal de fósforo (ausência
de sílica). O mineral, umedecido com nitrato de cobalto e aquecido,
torna-se azul (aluminio) .
Aspectos diagnósticos. Caracterizado por sua dureza extrema;
sua cór verde-esmeralda e seus cristais geminados.
Ocorrência. O crisoberilo é cm mineral raro. Ocorre em ro-
chas graníticas, nos pegmatitos e em mica xistos. Frequentemente nas
areias de rios e cascalhos. Encontram-se no Brasil e no Ceilão os
mais notáveis depósitos aluviais de gemas; a variedade alexandrita
provém dos Montes Urais. O crisoberilo de qualidade para gema
raramente é encontrado nos Estados Unidos. Enconira-se em On-
ford County, no Maine; em Haddam, no Estado de Connicticut e
em Greenfield, no de Nova Iorque. Achadz no Colorado recente-
mente.
Uso. Serve como uma pedra preciosa. As pedras comuns,
verde-amareladas são relativamente baratas; as variedades alexan-
drita e ÔIho-de-gato são de alio valor.
Nome. Crisoberilo significa b ~ r i l odoirrado. O nome cimo-
fana deriva de duas palavras zregas, signicicando onda e parocer,
em alusão ao efcito do acatassolamento (chatoyancy) exibido por
algumas pedras. O nome o1ernndri:a foi dado em homenagem a
Alexandre 11, da Rússia.

Crista!ozra{ia. OrtorrGiribicc; bipiramidal. Comumente em


cristais. O hábito é prlsmático curto, cu tabular deleado; muitas
vêzes ocorre em prismas quadrados, dado o deserivolvimento acen-
tuado dos pinacóides verticais. Os cristais terminam pelo plano ba-
sal, pelas piramides e pelos p:ismis liorizontais; formas iompiexas,
frequentemente ( F i g ~ .462-4641. Também em geminados com a
forma de coração.
Propriedades físicas. Clivagem {010/, boa. D 6. d 5,2-7,9
variando com a. composicão; d aumenta de valor de acórdo cn:n a
tlevaqão da pcrccntigem 30 &ido de lântalo píestrite. Brilho scb-
metálico. Côr: prêto d o ferro. Subtransl5cida.
Coniporição. Um óxido de nióbio, tântalo, ferro ferros0 i
nanganés (Fi,Mn) (Nb,Ta)?On que varia de ccniposiçáo, desde a
solumbita pura (Fe.Mn)Nb?O", até a tonta:ira piira (Fe,Pdn)Ta20R.
336 MINERALOGIA DESCRITIVA

'. Fig. 462. Fig. 463. Fig. 464.

- Columbita.

Contém muitas vêzes, pequenas quantidades de estanho e tungstênio. A


variedade conhecida pelo nome d e manganotantalita é, essencialmente,
uma tantalita com manganês bivalente que substitui a maior parte d o
ferro ferroso.

.. -
.->O
O 7
O
,
t
a

-
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Calumbita Tontalito
(Fe.Mn) Nb20, (Fe,Mn)Tap06

Fia. 465. Columbita-Tantalita. Variação da Densidade Relativa Segando a


ComposiçBo.

Ensaios. Fusível dificilmente, estando situada entre os núme-


ros 5 e 5;; na escala de fusibilidade. Funde-se com o bórax; a pérola
dissolve-se em ácido clorídrico; a solução aquecida com estanho ad-
quire c6r azul (nióbio). Geralmente, quando fundida com carbo-
nato de sódio produz uma pérola opaca, verde-azulada (manganês).
Fundida com carbonato de sódio, sobre carvão vegetal, p r o d ~ zmassa
magnética.
Aspectos diagnósticos. Reconhece-se a columbita-tantalita,
usualmente, pela sua côr preta, traço mais claro e densidade relativa
alta. Distingue-se da wolframita por ter densidade relativa mais bai-
xa e clivagem menos distinta; distingue-se da turmalina por seus cris-
tais ortorrômbicos e densidade relativa mais alta.
Ocorrência. A columbita ocorre em rochas graníticas e em
diques de pegmatito, associada aos minerais: quartzo, feldspato, mica,
turmalina, berilo, espodumênio, cassiterita, samarskita, wolframita,
microlita e monazita.
Localidades dignas de menção por suas ocorrências sáo: o Con- ;. '

go Belga; a Nigéria; o Brasil; a região próxima de Moss, na Nomega;


Bodenmais, na Bavária; os Montes Ilmen, na Rússia; a Austrália
*. ,
- .
-.
Ocidental (manganotantalita) e Madagascar. Nos Estados Unidos, é . '

encontrada em Standish, no Maine; Haddam, Middletown e Branch- . . , ,


viüe, no Connecticut; em Amelia County, na Virgínia; em Mitchell
County, na Carolina do Norte; Black Hills, no Estado de Dakota
. .., --
do Sul e Canon City, no Colorado.
Uso. Fonte dos elementos raros, tântalo e nióbio. Usou-se o
tântalo, entre os anos de 1903 e 1911, para a fabricaçáo de filamen-
tos das lâmpadas eléhicas incandescentes. Dada a sua resistência à
açáo corrosiva dos ácidos, o tântalo é usado para a fabricação de
. e.
equipamentos químicos; em cimrgia, para placas e suturas do crânio,
e também em alguns aços para ferramentas e tubos eletrônicos. O
principal uso do nióbio é na prodiiçáo'de ligas para aços de soldagem
de alta velocidade; em aços inoxidáveis e ligas resistentes 3s altas
temperaturas, tais como as usadas nas turbinas de gás da indústria
aeronáutica.
Nome. O nome columbita vem de Colômbia, o nome de um
país da América, donde foi obtido o espécime original. O nome
tantalita deriva do nome mítico, Tântaio, em alusão à dificuldade com
que se dissolve em ácido.
Espkcies semelhantes. A microlita, CaTa,Os, encontra-se em
pegmatitos; o pirocloro e a fergusonita são óxidos de nióbio, tântalo
e terras raras que se acham associados a rochas alcalinas. . ,

Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Os cristais usual-


mente tabulares, com planos basais distintos, mostrando, por-vêzes,
pequenas truncaturas romboédricas. Comumente foliácea, maciça.
Propriedades físicas. Clivagem (0001 perfeita. As camadas
foliáceas são flexíveis mas náo elásticas. Séctil. D 2%. d 2,39. O bri-
338 MINERALOGIA DESCRITIVA
-

lho é nacarado sôbre a base, vítreo a ceroso nas demais faces. Cór:
branco, cinza e verde-claro. Transparente a translúcida.
Composição. Hidróxido de magnésio, Mg(OH),. MgO 69,O-
- H 2 0 31,O por cento. Podem estar presentes o ferro e o manganês.
Ensaios. Infusível. Reluz diante do masarico. Produz água
em tubo fechado. Solubiliza-se tàcilmente no ácido clorídrico e,
depois que se fêz a solução tornar-se amoniacal, a adição de fosfato
de sódio dá um precipitado granular, branco, de fosfato de amónio
e magnesio (ensaio para o magnésio).
Aspectos diagnósficos. Reconhece-se a brucita por sua natu-
reza foliácea, cór clara e brilho nacarado sôbre a face de clivagem.
Distingue-se do talco por sua dureza mais alta e ausência d o tato oleo-
so; da mica por não ser elástica.
Ocorréncia. A brucita encontra-se associada à serpentina, a
dolomita, a magnesita e à cromita, como produto de decomposição
de silicatos magnesianos, especialmente a serpentina. Encontra-se
também em calcários cristalinos.
Localidades dignas de menção por suas ocorréncias são: Unst,
uma das ilhas Shetland, e Aosta, na Itália. Encontra-se nos Estados
Unidos, em Tilly Forster Iron Mine, Brewster, Estado de Nova lor-
que em Wood's Mine. no Texas; Pensilvânia; e Gabbs, no Estado de
Nevada.
Uso. A brucita encontra emprêgo como matéria-prima para
refratários de magnésia.
N o m ~ . Em honra a um dos mais antigos mineralogistas norte-
-americanos, Archibald Bruce.

MANGANITA - M n O ( 0 H )
Cristalografia. Ortorrómbico; bipiramidal. Os cristais são usu-
almente prismáticos, longos, com terminações obtusas; acentuadamen-
te estriados. verticalmente. Muitas vêzes, os cristais são geminados.
Os cristais agrupam-se, muitas vezes. em feixes ou massas radiadas;
também colunar.
Propriedades físinis. Clivagem i0101 perfeita. D 4. d 4.3.
Brilho metálico. C o r : do cinza do aço ao prêto d o ferro. Traço cas-
tanho-escuro. Opaca.
Composição. M n O ( 0 H ) . Mn 62,4 - O 27,3 - HxO 10.3 por
cento.
Ensaios. Infusível. O niineral reduzido a pó confere uma cór
verde-azulada a pérola. com carbonato de sódio. Aquecida a man-
ganita em tubo fechado. e;a produz muita água.
Aspectos diagnórticos. Caracteriza-se por sua côr preta, cris-
tais prismáticos, dureza (4) e traço castanho. Os dois últimos ser-
vem para distingui-la da pirolusita.
Ocorrência. A manganita acha-se associada a outros óxidos
de manganês e tem origem semelhante. Frequentemente, altera-se em
pirolusita. Acha-se, muitas vêzes, em veios associados a rochas
ígneas graníticas, preenchendo cavidades, ou como material de subs-
tituição das rochas circunvizinhas. A barita e a calcita sáo associados
frequentes. Ocorre em Ilfeld, nas Montanhas do Harz, sob a forma
de belos cristais; também em Ilmenau, na Turíngia, e Cornwall, na
Inglaterra. Encontra-se, nos Estados Unidos, em Ncgaunee, no Es-
tado de Michigan. Encontra-se também na Nova Escócia.
Uso. Um minério secundário de manganês.

PSILOMELANA - BAMn"Mn"80,,:(OH)4
Cristalografia. Ortorrômbico. Maciça, botrioidal, estalactítica.
Aparece amoria, às vêzes.
Propriedades físicas. D 5-6. d 3,7-4,7. Brilho submetálico.
Côr: prêto. Traço pr'to-acastanhado. Opaca.
Composiçüo. BaMn"Mn4,0in(OH),. Pode ocorrer substitui-
ção considerável do bário e do manganès bivalente por magnésio,
cálcio, níquel, cobalto e cobre.
Ensaios. Infusível. Fundida com o carbonato de sódio produz
uma pérola opaca, verde-aziilada. Aquecida em tubo fechado, for-
nece muita água.
Aspectos diag~tó.rrico.s. Distingue-se dc~soutros óxidos de man-
ganês pela sua dureza maior e falta aparente de estrutura cristalina;
da limonita por seu traço prêto.
Ocorrênci<r. A psilomelana ocorrc usualmente coni a pirolusi-
ta; sua origem e associaçZo sáo semelhantes i s dtstc ílltiiiio mineral.
Uso um minério de manfanês (ver pirolusita. pipina 320).
Nonie. Derivado de duas palrvras frc:as. significanclo liso c
prpto, em alusão 5 sua aparéncia.

Hc~rnrrriinCa.st<rtiho.Mi~iGriodc Ferro (10 Pfiiitrriio


Crirtolograf;(r. Amorfa. Em masças mamilares a estalactíti-
cas. Também em concrcçúes, nodnlar e terrosa.
340 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. D 5-5%. A limonita, quando dividida


finamente. pode ter dureza aparente tão baixa quanto 1. d 3.6-4.
Brilho vítreo. Cor: entre o castanho-escuro e o prêto. Traqo casta-
nho-amarelado. Subtranslúcida.
Composição. F e O ( 0 H ) . n H 2 0 com algum Fe,O,.nH,O. hlui-
tas vêzes impura, dada a presença de pequenas quantidades d: hema-
tita. minerais argilosos e óxidos de manganês. O conteúdo de água
da limonita varia amplamente e é provável que o mineral szja es-
sencialmente uma farma amorfa da goethita, com água capilar e de
adsorção.
Ensuios. Dificilmente fusível, estando situada entre os niimz-
ros 5 e 5X na escala de fusibilidade. Depois de aquecida na chama
redutora, torna-se fortemente magnética. Produz muita áo_iia quando
aquecida em tubo fechado.
Aspectos diagnósficu.r. Caracteriza-se, principalniente, pelo
seu traço castanho-amarelo; distingue-se da goethita por sua aparência
vítrea e ausência de clivagem.
Ocorrência. A liriionita origina-se sempre por processo suptr-
geno e forma-se através da alteração ou s o l u ~ á ode minerais portado-
res de ferro prèviamente existentes. Pode-se formar, "in situ". conio
o resultado de oxidação direta ou de precipitação inorgânica ou bio-
gênita cm depósitos aquosos. Os minerais, limonita e goethita, s5o
os constituintes principais do "gossan" ou "chapéu dc ferro" que é.
militas vêzes, a express50 da superfície oxidada dos veios ou filõcs
de sulfetos. O mineral principal de muitas ocorrências, anteriormen-
te considerado como limonita. 6 agora classificado como goethita. E
impossível, com base na mineralogia, a separafão das localidades
dêstes dois minerais (ver goethita, página 325). Além de indicar
a natureza amorfa do material, o nome limonita deve ser, por con-
veniência, conservado como um têrmo de campo para referir-se aos
óxidos de ferro hidratados naturais, cuja identidade verdadeira c
incerta.
A limonita é o material corante das argilas e solos amarelos;
misturada a argilas muito finas produz a ocra amarela. A limonita
associa-se, comumente, em sua ocorrência, aos minerais: goethita.
hematita, turgita, pirolusita, calcita e siderita.
Uso. Como um pigmento, a ocra amarela, e como um miné-
rio de ferro.
Nome. Deriva da palavra grega significando prado, em alusao
a sua ocorrência nos pântanos ou brejos.
Cristalografia. E uma mistura. Pisolítica, em concreções gra-
nulares arredondadas; maciça, terrosa, semelhante à argila.
Propriidades físicas. D 1-3. d 2-2,55. Brilho opaco a terroso.
CÔr: branco, cinza, amarelo e vermelho. Translúcida.
Composição. Uma mistura de óxidos de alumínio hidratados
de composiçáo indefinida. Algumas bauxitas têm composição que
se aproxima de perto à da gibbsira, AI(OH)a, mas em sua maioria
são uma mistura, contendo ferro, usualmente. Como resultado disso.
a bauxita não tem sido considerada como uma espécie mineral e. em
uma classificaçáo rígida, o nome bauxita deveria ser usado, sòmente,
como um nome de rocha (bauxito). Os constituintes principais do
bauxito sáo: a gibbsita; a boehmila, A I O ( 0 H ) e o diásporo. HAIO?.
qualquer dêles podendo ser o dominante. Cliachita é o nome pro-
posto para o constituinte amorfo e de granulação muito fina do
bauxito.
Ensaios. Infusivel. Insolúvel. Assume a côr azul quando é
umedecida com o nitrato de cobalto e posteriormente aquecida (alu-
mínio). Produz água no tubo fechado.
Aspec!os diagnósticos. Reconhece-se facilmente o bauxito pela
sua estrutura pisolítica. .
Ocorrência. O bauxito origina-se através de processo supér-
geno; forma-se, comumente, sob condiiões climáticas subtropicais a
tropicais, por intemperismo prolongado e lixiviação da sílica de rochas
portadoras de alumínio. Deriva-se, também, por intemperismo, de
calcários contendo argila. Origina-se, aparentemente, como um pre-
cipitado coloidal. Ocorre, por vêzes, "in situ", como um derivado
direto da rocha original, ou pode ter sido transportada e depositada
em uma formação sedimentar. Nos trópicos, encontram-se. nos solos
residuais, depósitos conhecidos como lateritos, consistindo, em larga
escala, em hidróxidos de alumínio e óxidos férricos. Estes variam
amplamente em composição e pureza, mas podem tornar-se valiosos
como fontes de alumínio e ferro.
O bauxito ocorre no sul da França, em uma área extensa, c
Baux, nas proximidades de Arles, é um distrito importante. Os pro-
dutores principais no mundo são o Surinam, a Jamaica e a Guiana
Inglèsa. A Indonésia e a Hungria são também grandes produtores.

' A baiixita náo tem sido congidcrada como uma especic mineral, mas a nome foi
mantido, aqui. porque CIc se tornou a denominacão d t uma rubst&ncia comercial de im-
port&cia.
MINERALOGIA DESCRITIVA

Nos Estados Unidos, o terceiro produtor mundial, os depósitos prin-


cipais encontram-se nos Estados de Arkansas, Geórgia e Alabama.
O bauxito, no Arkansas, formou-se através da alteração de um nefe-
lina sienito.
Uso. O minério de alumínio. Oitenta e cinco por cento do
bauxito produzido é consumido como minério de alumínio. Este me-
tal, dadas sua baixa densidade e grande resistência, tem sido adapta-
do para muitos usos. Chapas, tubos e peças fundidas de alumínio
são usados em automóveis, aeroplanos e carros de estradas de ferro,
onde é desejável material leve. Usa-se o alumínio em utensílios de
cozinha, aparelhos domésticos e mobílias. E m certa escala, o alumí-
nio está substituindo dcobre nas linhas de transmissão elétrica. Forma
ligas com o cobre, o magnésio, o zinco, o níquel, o silício, a prata
e o estanho. Outros usos compreendem tintas, falhas e numerosos
sais.
O segundo grande uso do bauxito é a manufatura de Al,Oa,
usada como abrasivo. Emprega-se, também, o bauxito, na fabrica-
ção de refratários aluminosos. Usa-se por igual, a alumina sintética
como o principal constituinte da porcelana refratária, tais como velas
de automóveis.
Nome. Deriva-se de sua ocorrência em Baux, França.

F. - HALÓIDES
A classe químicn dos halóides caracteriza-se pela predominância
dos íons halogênicos eletronegativos, CI-, B r , F- e I-. Esses íons
são grandes, carregados fracamente e de fácil polarização., Quando

Fig. 466. Modêlo de Empacotamento da Halit;i. NaCI. N a branco, CI cinza.


se combinam com catíons de baixa valência, relativamente grandes e
fracamente polarizados, catíons e íons comportam-se quase como se
fôssem corpos perfeitamente esféricos. O empacotamento destas uni-
dades esféricas conduz a estruturas da mais alta simetria possível; e,
assim, a halita (Fig. 466), a silvita e a fluorita (Fig. 467) são todas
isométricas e hexaoctaédricas.

Halóides

Halita NaCI Fluorita CaF2


Silvita ' KCI Atacamita Cu.LI(OH).
Cerargirita AgCI Carnallita KMgCI,. 6H,O
Criolita NaiAIFi

Fig. 467. ModSIo d e Enipacotamento da Fiiorita. CaF*. F (branco) está


,, em coordenaf;<c 8 em relação ao Ca (préto). Por causa das exigências
de neutralidade elétrica, sòmente metade dos lugares possíveis dc Ca estão
preenchidos e o Ca está em coordenação 4 em relação ao F. Comparar
com a Fig. 437 (rutíiio). O UO, lambem tem a estrutura da fluorita.

As cargas eletrostáticas fracas, estando distribuídas sóbre toda


a superfície dos íons quase esféricos, os halóides são os exemplos
mais perfeitos de mecanismo iónico puro de ligação. Os halóides
isométricos têm dureza relativamente baixa, pontos de fusão mode-
rados a altos e são maus condutores de calor e eletricidade no estado
344 MINERALOGIA DESCRITIVA

sólido. Quando essa condução de eletricidade se realiza, faz-se por


eletrólise, isto é, mais pelo transporte de cargas pelos íons do que
pelos eléctrons. Quando a temperatura aumenta e os íons são libera-
dos pela desordem térmica, a condutibilidade elétrica aumenta ràpi-
damente, tornando-se excelente no estado de fusão. Tira-se vanta-
gem desta condutibilidade dos halóides em fusão, nos métodos co-
merciais, para a preparação d o cloro e do sódio por eletrólise do
cloreto de sódio em fusáo. nas celas Downs, e no processo Hall para
a preparação eletrolítica do alumínio, usando a criolita em estado de
fusão. Estas propriedades são as conferidas pela ligação iônica.
Quando os íons halogênicos se combinam com catíons menores
e mais fortemente polarizados do que os dos metais alcalinos, resul-
tam estruturas de menor simetria e a ligação tem propriedades algo
mais covalentes. E m tais estruturas, a água e a hidroxila entram
comumente como constituintes essenciais, como na atacamita e na
carnallita.

HALITA - NaCI
Sal-gema. Sal Comum
Cristalopzfia . Isométrico; hexaoctaédrica. Hábito cúbico
(Fig. 468). Alguns cristais possuem forma de tremonha (Fig. 469).
São raras outras formas. Encontra-se como cristais ou massas cris-
talinas granulares; exibe clivagem cúbica e é conhecida como saí-gema.
Também maciça, granular a compacta.

Fig. 468. Fig. 469.


Halita.

A estrutura da halita foi a primeira estrutura a ser determinada


pelos raios X (Fig. 466) e é típica de um grande número de com-
postos com uma relação de raios entre 0,41 e 0,73. É também o
exemplo clássico de um composto com ligação iônica.
Propriedades físicas. Clivagem {OOI} perfeita. D 2H. d 2.16.
Brilho transparente a translúcido. Cor: incolor ao branco; quando
impura pode exibir tonalidades de amarelo, vermelho, azul e púrpura.
Gôsto salgado. Diatérmana.
Composição. Cloreto de sódio, NaCI. Na 39,3 - C1 60,7 por
cento. Contém, comumente, impurezas, a saber, sulfatos de cálcio
e magnésio e cloretos de cálcio e magnésio.
Ensaios. Situa-se entre os números 1 e 2 na escala de fusi-
bilidade e produz chama amarela intensa de sódio. Na pérola do sal
de fósforo, juntamente com o óxido de cobre, dá uma chama de côr
azul-celeste do cloreto de cobre. Solubiliza-se rapidamente em água.
A solução tornada ácida, com ácido nítrico, produz um precipitado
de cloreto de prata, quando misturada com nitrato de prata.
Aspectos diagnósticos. A halita caracteriza-se pela sua clivagem
cúbica e sabor e distingue-se da silvita pela côr amarela da chama e
pelo sabor menos amargo.
Ocorrência. A halita é um mineral comum e distribuído am-
plamente; ocorre, muitas vêzes, em camadas e massas irregulares ex-
tensas, precipitadas das águas dos oceanos e interestratificadas com
rochas sedimentares. Associada ao gipso, silvita, anidrita, calcita,
argila e areia. Ocorre, também, dissolvida nas águas de fontes sal-
gadas, em mares salgados e nos oceanos.
Os depósitos de sal formaram-se pela evaporação gradual e des-
secação final de massas de água salgada encerradas. As camadas de
sal, originadas por êste processo, foram posteriormente cobertas por
outros depósitos sedimentares e enterrados gradualmente sob os es-
tratos de rochas dêles resultantes. A espessura das camadas de sal
vai desde alguns metros até cêrca de 30 metros e têm sido encontra-
dás a grandes profundidades. A história da formação destas camadas
de sal é a seguinte: as águas dos rios contêm uma pequena, mas
apreciável, quantidade de vários sais solúveis. Quando estas úruas se
coletaram eni um mar sem escoadouro, ou, em outras palavras, em
um mar em que a evaporação igualava ou excedia a quantidade de
água que fluia para êle, houve concentrafão gradual, no mar, dos
sais trazidos para êle pelos rios. A água do mar, com o tempo, tor-
nou-se, assim, fortemente carregada de sais solúveis. particularmente
cloreto de sódio. Quando se alcançaram os pontos de saturação dos
vários sais contidos em solução, êles se depositaram, progressivamen-
te, sôbre o fundo d o mar, a começar pelos menos solúveis. Este
processo podia ser interrompido durante as inundaqóes, nas quais a
água do mar se tornava menos salgada. Nessas ocasiões, os mate-
346
-- MINERALMIA DESCRITIVA

riais sílticos trazidos para o mar depositavam-se no fundo e, assim,


formaram-se camadas de argila alternadas com as de sal. Uma outra
teoria sôbre a origem postula que uma massa de água do mar se se-
parou do oceano pelo crescimento gradual de uma barragem de areia,
acompanhada de subsequente evaporação lenta, e concentração da
água encerrada. Tais depósitos de sal encontram-se agora soterrados
por estratos rochosos de tôdas as idades. Depósitos semelhantes estão
sendo formados, em nossos dias, no Grande Lago Salgado e no Mar
Morto.
! Países dignos de menção por sua produção de sal sáo: a Austria,
a Polônia, a Checoslováquia, a Alemanha, a Espanha, a Rússia e a
Inglaterra.
Nos Estados Unidos, cêrca de quinze Estados produzem sal em
escala comercial, seja existente nos depó'sitos de salgema, seja pela
evaporaçáo de águas salinas. Encontram-se camadas de sal, no Es-
1 tado de Nova Iorque, de Oatka Valley, em Wyoming County até a
leste de Morrisville, em Madison County, e ao sul desta linha, onde
quer que se furem poços suficientemente profundos para atingirem
as camadas.
As localidades produtoras mais importantes são: proximidades
de Siracusa, Ithaca, Watkins e Ludlowville e vários lugares em Wyo-
ming, Genesee e Livingston Counties. Estas camadas continuam no
Estado de Michigan, onde o sai é produzido em Saginaw, Bay, Mid-
land, Isabella, Detroit, Wayne, Manistee e Mason Counties. Encou-
tram-se também depósitos notáveis nos Estados de Ohio, Kansas e
Novo México. Obtém-se sal, por evaporação de águas de mares, na
Califórnia e no Texas e de águas do Grande Lago Salgado, no Es-
tado de Utah.
Nos Estados da Isuisiana e do Texas o sal é produzido de for-
ma extensiva a partir de donms salinos. Um.domo salino é uma massa
de sal com a forma de um cone de extremidade arredondada, quase
vertical, que parece ter sido empurrado para cima, na direção da su-
perfície, a partir de uma camada de sal subjacente. Associam-se, co-
mumente, aos domos salinos, a anidrita, o gipso e o enxofre nativo.
Já se localizaram mais de cem domos salinos, por meio de prospec-
ção,geofísica à procura de petróleo, frequentemente a êles associado.
Alguns dêles estão sob as águas do Golfo do México.
Usos. O maior uso da halita é na indústria química, onde êste
I
mineral serve como fonte de sódio e de cloro. O carbonato de sódio
anidro comercial, o bicarbonato de sódio, a soda cáustica, o carbo-
nato de s a i o e outros compostos de sódio modificados para lavande-
ria, para tratamento de tecidos e de madeiras e curtimento são alguns
dos importantes produtos alcalinos produzidos com a halita. Produ-
zem-se, com êste mineral, o sódio metálico, o ácido clorídrico e o
cloro.
O sal-gema é usado amplamente, no estado natural, para curtir
couros, nos fertilizantes, na estocagem de alimentos e como destmi-
dor de ervas daninhas. Além de seu uso nas f u n ç k s usuais em nos-
sos lares, o sal é usado na preparação de muitas espécies de alimen-
tos, a saber, na conservação da manteiga, do queijo, d o peixe e da
carne. E usado também como refrigerante nos vagóes. frigoríficos
e no congelamento e empacotamento dos sorvetes.
Há muitos outros usos para o sal-gema, mas os que acabam de
ser citados s i o os principais e ilustram sua importância na atividade
humana.
Nome. O nome halita vem de uma palavra grega significando
sal.

SILVITA - KCI

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. São frequentes


combinações de cubo e octaedro (Fig. 470). Usualmente em massas
cristalinas, granulares, mostrando clivagem cúbica;
compacta. A silvita tem a estrutura do cloreto de
sódio, mas dada a diferença nos raios iònicos dos ca-
tions (Na 0,97 A. K 1,33 A) há pouca solução si>-
lida.
Propriedades físicas. Clivagem {O101 perfei-
ta. D 2. d 1,99. Quando pura é transparente. Côr: Fig. 470.
incolor ou branco; tonalidades de azul, amarelo ou Silvita.
vermelho quando impura. Solubiliza-se ràpidamente
em água. Sabor salgado, porém mais amargo d o que o da halita.
Composiçáo. Cloreto de potássio, KCI. K 52,4 - C1 47,6 por
cento. P d e conter cloreto de sódio misturado.
Ensaios. Situa-se entre os números 1 e 2 da escala de fusibi-
lidade, produzindo a chama violeta do potássiò, que pode ser obscu-
recida pela chama amarela.do sódio presente. . A luz violeta d o po-
tássio torna-se visível quando se filtra a luz amarela do sódio por
meio de um filtro azul. Solubiliza-se rapidamente em água; adicio-
nando-se ácido nítrico à solução, produz-se com o Mtrato de prata,
um precipitado denso de cloreto de prata.
348 MINERALOGIA DESCRITIVA

Aspectos dia~nósticos. Distingue-se da halita pela cor violeta


da chama do potássio e por seu sabor mais amargo.
Ocorrência. A silvita tem a mesma origem, o mesmo modo
de ocorrência, e as mesmas associações da halita (página 343), mas
é muito mais rara. A silvita permanece na soluçãio-mãe, depois da
precipitação da halita, sendo um dos últimos sais a precipitar-se.
Encontra-se associada, em alguma quantidade, e frequentemen-
te bem cristalizada, aos depósitos salinos de Stassfurt, Prússia; e em
Kalusz, na Galícia. Nos Estados Unidos, a silvita encontra-se, em
grande quantidade, nos depósitos salinos, Permianos, nas proximida-
des de Carlsbad, no Estado do Novo México e no Oeste d o Texas.
Uso. A silvita é a principal fonte de compostos de potássio,
usados largamente como fertilizantes.
Nome. Cloreto de potássio é o sal digestivus Silvii, da química
antiga, donde o nome para a espécie.
Outros sais de potássio. Na Alemanha e no Texas, encontram-
se outros minerais de potássio, comumente associados à silvita, e
em quantidade suficiente para torná-los valiosos como fontes de sais
de potássio. Sáo êles: a carnallita, KMgCI,C>H,O (ver página 3 5 3 ) ;
a cainita, MgS04. KCL. 3 H 2 0 e a polialita, K2SOI. MgSO* . 2CaSOI.
2H30.

CERARGIRITA - AgCI
Prafa Córnea
Cri~talografia.Isométrico; hexaoctaédrica. Hábito cúbico, mas
os cristais são raros. Usualmente maciça, lembrando a cêra; muitas
vêzes, em placas e crostas.
Propriedades físicas. D 2-3. d 53'. Séctil, pode-se cortar
com um canivete, como se fosse chifre. Transparente a translúcida.
Cor: cinza-pérola a incolor. Escurece rapidamente na cor parda-
-violeta quando exposta à luz.
Composição. Cloreto de prata, AgCI. Ag 73,3 - Cl 24,7 por
cento. Existe uma série completa de solução sólida entre a cerargi-
rita (AgCI) e a bromirita, AgBr. Quantidades pequenas de iodo po-
dem estar presentes em substituição ao cloro ou bromo. Algumas
espécies contêm mercúrio.
Ensaios. Corresponde ao número 1 da escala de fusibilidade.
Sob a ação do maçarico, no carváo vegetal, produz um glóbulo de
prata. Com o óxido de cobre, na pérola d o sal de fósforo, produz
chama azul-celeste do cloreto de cobre.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se, principalmente, por s .
aparência córnea ou cérea e por sua sectilidade.
Ocorrência. A cerargirita é um minério de prata supérgeno
importante. Encontra-se sòmente na parte alta da zona enriquecida
dos filões de prata, onde as águas descendentes, contendo pequenas
quantidades de cloro, agiram sobre os produtos oxidados dos miné-
rios de prata primitivos d o filão. A cerargirita encontra-se associada
a outros minerais de prata, à prata nativa, à cerussita e a minerais
secundários, em geral.
Encontra-se, em quantidades notáveis, na Nova Gales do Sul,
no Peru, no Chile, na Bolívia e no México. Nos Estados Unidos, a
ceragirita foi um mineral importante nas minas de Leadville e alhu-
res no Colorado e em Comstock Lode, no Estado de Nevada. Em
Poorman's Lode, no Estado de Idaho, ela encontra-se sob a forma de
cristais.
U s o . E um minério de prata.
Nome. O têrmo cerargirita deriva de duas palavras gregas sig-
nificando, chifre e prata, em alusão à sua aparéncia e características
assemelhando-se a um chifre.
Espécies semelhantes. Os minerais: embolita, Ag(C1,Br);
bromirita, AgBr; iodobromira, Ag(CI,Br,I) e iodirita, AgI relacio-
nam-se intimamente com a cerargirita, são menos comuns do que
ela, formando-se, no entanto, sob condições semelhantes.

CRIOLITA - Na3AlF6
Cristalografia. Monoclínico; prismática. As formas principais
são ( 0 0 1 ) e { 110). Cristais raros, usualmente de aspecto cúbico e
em agrupamentos paralelos que crescem d o material maciço. Usual-
mente, maciça.
Propriedades físicas. Partição em três d i r e ~ k squase em ân-
gulos retos. D 2%.d 2,95-3,O. Brilho vítreo a oleoso. Cór: incolor
a branco-de-neve. Transparente a translúcida. O índice de refraçáo
baixo dá ao mineral a aparéncia de neve aguada ou de parafina. O
índice de refração é próximo ao da água e, por ésse motivo, o p6
do mineral quase desaparece quando imerso em água.
Composição. A criolita é um fluoreto de sódio e alumínio,
Na,AIF,. Na 32,8 - AI 12,8 - F 54,4 por cento.
Ensaio.7. Situa-se a meio caminho entre os números I e 2 da
escala de fusibilidade, com a produção de uma chama de sódio forte-
350 MINERALOGIA DESCRITIVA

mente amarela. Depois de ignição prolongada, o resíduo apresenta


reação alcalina sobre o papel de ensaio umedecido.
Aspectos diagnósticos. Caracteriza-se pela partição pseudo-
cúbica, cor branca e brilho peculiar; e, para a criolita da Groenlân-
dia, pela associação com os minerais, siderita, galena e calcopirita.
Ocorrência. O único depósito de criolita, importante, localiza-
se em Ivigtut, na costa ocidental da Groenlândia. Encontra-se, ali,
em uma grande massa de forma de filão, no granito. Associada, co-
mumente, com a siderita, a galena, a esfalerita e a calcopirita; menos
comumente, com o quartzo, a wolframita, a fluorita, a cassiterita, a
molibdenita, a arsenopirita e a columbita. Nos Estados Unidos, en-
contra-se ao pé do Pikes Peak, no Colorado.
Uso. Usa-se a criolita para a manufatura de sais de sódio, de
certos tipos de vidro e porcelanas, e como fluxo para a limpeza das
superfícies d e metais. Empregou-se, no passado, como fonte de alu-
mínio. Quando o bauxito tornou-se o minério d o alumínio, a crio-
lita passou a ser usada como um fluxo no processo eletrolítico. A
maior parte do fluoreto de sódio e alumínio, usado hoje na indústria
do alumínio, é produzida artificialmente.
Nome. O nome deriva de duas palavras gregas, significando
gêlo e pedra, em alusão a sua aparência de gêlo.

FLUORITA - CaF,

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrice. Hábito cúbico


(Figs. 471 e 473); muitas vêzes, em cubos geminados segundo
{ 111 1, como geminados de penetraGão (Fig. 472 e Fig. 477). São
raras outras formas, mas têm sido observadas todas as formas da
classe hexaoctaédrica; o tetrahexaedro (Fig. 474) e o hexaoctaedro
(Fig. 475) são característicos. Usualmente e m cristais ou em massas
suscetíveis d e clivagem. Também maciça; de granulação grossa ou
fina; colunar.
Propriedades físicas. Clivagem ( 111 ), perfeita. D 4. d 3,18.
Transparente a translúcida. Brilho vítreo. A c'ôr varia amplamente;
mais comumente: verde-claro, amarelo, verde-azulado e purpúreo;
também: incolor, branco, rosa, azul e castanho. E m algumas fluori-
tas, a cor resulta da presença de um hidrocarbeto Um único cristal
pode mostrar faixas d e cores variadas; a variedade maciça também
pode exibir, muitas vêzes, faixas coloridas. Algumas variedades, de
fluorita mostram o fenômeno da fluorescência (ver página 173),
advindo daí o seu nome.

Fig. 471. Fig. 472. Fig. 473.

Fig. 474. Fig. 475. Fip. 476.


Fluorita.

Composiç&. Fluoreto de cálcio, CaF2. Ca 51,3 - F 48,7 por


cento. As terras raras, particularmente o ítrio e o cério, podem subs-,
tituir o cálcio.
Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade
e o resíduo dá reação alcalina com o papel de cúrcuma umedecido.
Produz chama avermelhada (cálcio).
Aspectos diagnósricos. Caracteriza-se, comumente. pelos seus
cristais cúbicos e clivagem octaédrica; brilho vítreo, belas cores e
pelo fato de ser riscada pela lâmina de um canivete.
Ocorrência. A fluorita é um mineral comum e amplamente
distribuído. Encontra-se, comumente, seja em veios, nos quais é o
minera1 principal, seja como um mineral da ganga, associado a mi-
nérios de metais, especialmente os de chumbo e de prata. E comum
352 MINERALOGIA DESCRITIVA

em dolomitos e calcários; encontra-se, também, como um mineral


acidental, de menor importância, em várias rochas magmáticas e peg-
matitos. Associada a muitos minerais diferentes, a saber: calcita, do-
lomita, gipso, celestina, barita, quartzo, esfalerita, cassiterita, topá-
zio, turmalina e apatita.

Fie. 477. Cristais d e Fluorita Revestidos por Quartzo. Northumberland. In-


glaterra.

A fluorita encontra-se, cm quantidade, na Inglaterra, em Cum-


berland, Derbyshire e Durham; as duas primeiras localidades são
bem conhecidas por seus espécimes cristalizados, magníficos. En-
contra-se, comumente, nas minas da Saxónia. Espécimes belos pro-
cedem da Suíça, do Tirol, da Boêmia e da Noruega. Os grandes pro-
dutores de fluorita comercial (espato de flúor), além dos Estados
Unidos, são o México, o Canadá e a Alemanha. Nos Estados Uni-
dos, os depósitos mais importantes encontram-se na parte sul do Es-
tado de Illinois, proximidades de Rosiclare e Cave-in-Rock e na parte
adjacente de Kentucky. Em Rosiclare, a fluorita é informe e ocorre
em fendas de um calcário que, em alguns lugares, possuem cêrca de
13 metros de largura. A fiuorita. na forma de agregados cristalinos
de granulação grossa, revestindo espaços abertos, achatados, encon-
tra-se em unia região distante cêrca de 32 quilômetros de Cave-in-
-Rock. Explora-se ainda a fluorita nos Estados d o Colorado, do
Nôvo México, de Montana e de Utah.
U s o . Usa-se a fluorita, principalmente, como um fluxo na fa-
bricação do aço, na manufatura de vidros opalesccntes, na esmalta-
ção de utensílios de cozinha, para a preparação do ácido fluorídrico
e, ocasionalmente, como um material de ornamentafão de vasos e
pratos. Usam-se peqiicnes quantidades de fluorita óp:ica para lentes
e prismas, em sistemas ópticos diversos.
Nome. O nome deriva da palavra latina, flirprr. sisnificando
fluir, pois ela se funde mais fàcilmente d o que outros minerais com
os quais ela pode confundir-se, quando na forma de pedras lapidadas.

Cririalografia . Ortorrlimhico; bipiramidal. Cornvmente de há-


bito prismático de pequena espessura e com estriaçôes verticais. Ocor-
re, também, em formas tabulares paralelas ao piiiacóide lateral.
Usualmente, em agregados cristalinos confusos; fibrosa; granular.
Com o aspecto de "areia".
Propriedades físicas. Clivagem perfeita paralela a (010). D
3%. d 3,75-3,77. Brilho adamantino a vítreo. Côr: vários tons de
verde. Transparente a translúcida.
Composiçüo. Cloreto de cobre básico, C U ~ C I ( O H ) :Cu
~ . 14,XX
- CuO 55,87 - C1 16,60 - H 2 0 12,65 por cento.
Ensaios. Situa-se entre os números 3 e 4 na escala de fusibi-
lidade com a produção. sem o uso do ácido clorídrico, de uma chama
azul-celeste d o cloreto de cobre. Fundida no carvão vegetal com o
carbonato de sódio, produz glóbulo d,e cobre. Fornece água acidulada
no tubo fechado.
Aspectos diagn~ísficos. Caracteriza-se por sua côr verde e pelos
agregados cristalinos granulares. Distingue-se da malaquita por não
dar efervescência nos ácidos e da brochantita e antlerita por sua cor
azul-celeste d o cloreto de cobre, na chama.
354 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ocorrência. A atacamita é um mineral de cobre comparativa-


mente raro. Encontrada, originalmente, como areia, na província de
Atacama, no Chile. Ocorre em regiões áridas como um mineral su-
pérgeno na zona oxidada dos depósitos de cobre. Encontra-se, com
outros minérios de cobre, em várias localidades n o Chile, na Bolívia,
no México e em alguns distritos cupríferos da Austrália meridional.
Nos Estados Unidos, ocorre, escassamente, nos distritos cupríferos
do Arizona.
Uso. Um minério secundário de cobre.
Nom. D a província de Atacama, no Chile.

Carnallita - KMgCI3.6H,O
Cristalografia. Ortorròmbico; bipiramidal. Cristais raros. Ge-
ralmente maciça, granular.
Propriedades físicas. D 1. d 1,6. Brilho não-metálico, brilhan-
te, gorduroso. O mineral é branco-leitoso; muitas vêzes, avermelha-
do por causa das inclusóes de hematita. Transparente a translúcida.
Sabor amargo. Deliquescente.
Composição. Um cloreto de potássio e magnésio, hidratado,
KMgC1,.6H,O. KC1 2 6 3 1 - MgC1, 34,19 - H 2 0 39,O. O bromo
pode substituir o cloro em pequenas quantidades.
Ensaios. Situa-se entre os números 1 e 1% na escala de fusi-
bilidade, com chama violeta. Depois da calcinação, dá reaçáo alca-
lima no papel de ensaio umedecido. Aquecida em tubo fechado, for-
nece muita água. Solubiliza-se em água, fácil e completamente; com
a adição de ácido nítrico e do nitrato de prata, dá um precipitado
branco de cloreto de prata.
Aspectos diagnósficos. A carnallita distingue-se dos sais as-
sociados pela auséncia de clivagem e por sua natureza deliquescente.
Ocorrêncirr. Encontra-se associada à halita, à silvita etc., nos
depósitos de sal de Stassfurt, na Alemanha. Em menor escala, en-
contra-se nos depósitos potássicos do oeste do Texas e do leste do
Nôvo .México.
Uso. Uma fonte de compostos de potássio, e magnésio.
Nome. Em homenagem a Rudolph von Carna!l (1804-1874).
engenheiro de minas prussiano.
(CONTINUAÇÃO)

G. CARBONATOS
Quando o carbono se une com o oxigênio, tem tendência forte
a ligar-se com dois átomos de oxigênio compartilhando dois de seus
quatro elétrons de valência com cada um para formar uma unidade
química estável, a saber, uma molécula de dióxido de carbono. Na
natureza, o carbono junta-se também com o oxigênio para formar o
íon carbonato, CO:,=. A relação dos raios d o carbono e do oxigê-
nio (0,121) exige que três íons de oxigênio sejam coordenados pelo
mesmo íon carbono. Como o oxigênio tem uma carga de (-2) e o
carbono de (+4), a ligação carbono-oxigênio tem uma f ô r ~ aigual
a 1 1/3 unidades de carga. Esta é maior do que a metade da carga
total do ion oxigênio e, nestas condi~ões,cada oxigênio deve estar
ligado a seu carbono coordenador mais fortemente do que poderia,
possivelmente, estar ligado a qualquer outro ion, na estrutura. Alem
disso, os oxigênios não sZo compartilhados entre os grupos carbona-
to e os triângulos carbono-oxigênio devem ser considerados como
unidades separadas da estrutura. Estes gmpos achatados, confisu-
rados em trevo, d o radical carbonato, são as unidades de construqio
básicas dos minerais descritos neste capitulo, sendo amplamente res-
ponsi!,eis pelas propriedades a êles peculiares.
Embora a ligação entre o carbono central e seus oxigênios coor-
denados seja forte no radical carbonato, não o é, entretanto, tanto
quanto a ligaçáo covalente no dióxido de carbono. Em presença do
íon hidrogênio, o radical carbonato torna-se instável e decompõe-se
para produzir dióxido de carbono e água. Esta instabilidade é a
causa dos ensaios comuns d e efervescência com ácidos, o ensaio
usado amplamente para os carbonatos.
356 MINERALOGIA DESCRITIVA

Quando os grupos carbonato bivalentes se combinam com ca-


tíons bivalentes, de tal maneira que a relação de raios impóe a coor-
denação 6, resultam estruturas de geometria simples. Nesta estru-
tura que podemos denominar o tipo calcita (Fig. 478),alternam-se
as camadas de catíons metálicos e aníons carbonato. Tal como des-
crito por Bragg, pode-se imaginar a calcita como tendo um tipo de-
formado da estrutura do cloreto de sódio, na qual os íons Na são
substituídos pelo cálcio e os íons cloro, pelos grupos carbonato. Idea-
lizamos esta estrutura, orientada verticalmente em relação a um eixo
ternário e, depois, comprimida ao longo dêste eixo, de modo que as
faces façam entre si ângulos de 74O55' em vez do ângulo de 90° do
cubo. O eixo vertical é agora um eixo único, ternário, e perpendi-
cular às camadas que se alternam de íons de cálcio e de carbonato.
Os grupos carbonato achatados, em lugar dos íons esféricos de cloro,
reduzem a simetria do sistema isométrico da halita, para o romboé-
drico da calcita. Cada íon cálcio está coordenado em relação a seis
íons oxigênio e cada íon oxigênio está coordenado a dois íons cálcio
assim como ao íon carbono situado no centro dos radicais carbonato.
A clivagem característica do grupo da calcita, semelhantemente C cli-
vagem da halita, é paralela aos planos mais amplamente espaçados
de máxima densidade de átomos, mas, por causa da redução na si-
metria, a clivagem é romboédrica em vez de ser cúbica.
Embora esteja presente dentro do íon carbonato uma ligação
muito forte e parcialmente covalente, são simplesmente iônicas as
ligaçóes que o unem aos íons metálicos e as propriedades dos mem-
bros individuais do grupo da calcita são conferidas amplamente pelos
íons metálicos. Assim, a densidade relativa da maior parte dos mem-
bros do grupo é proporcional ao pêso atômico do catíon. A exceção
é o magnésio, muito menor do que o resto, de modo que o empa-
cotamento mais compacto, permitido, mais do que compensa seu
pêso atómico baixo. Por conseguinte, seu carbonato, a magnesita,
é mais denso do que o do íon cálcio mais pesado, mas muito maior.
Sendo isoestruturais todos os membros do gmpo da calcita, é
possível a substituição dos catíons metálicos, dentro dos limites im-
postos por seus tamanhos relativos. Nestas condições, o ferro fer-
roso ( R A = 0,74 h), o manganês bivalente (RA = 0,80 h) e O
magnésio ( R A = 0,66 A) substituem-se todos entre si, produzindo
substâncias intermediárias entre os compostos puros, a siderita, a rc-
docrosita e a magnesita, e a j a s propriedades físicas variam, propor-
cionalmente, As quantidedes dos três íons. A substituição do cálcio
na calcita por êsses íons não é tão completa, nem tão perfeitamente
fortuita por causa d o grande tamanho d o íon cálcio (RA = 0,99 A).

Fiz. 478. Modêlo de Empacotamento de Calcita CUCO*. Ca prêto; O branco:


náo se vê C n o centro do tri8ngulo Coa. O eixo c é veriical. Notar que as
camadas horizontais dos ions Ca" alternam-se com as camadas horizontais
dos íons COSx. A estrutura da dolomita é semelhante, mas tem as camadas
de íons Mg" alternando-se com as camadas de ions Ca".

A substituição d o cálcio pelo magnésio, ou do magnésio pelo


cálcio é particularmente difícil por causa das grandes diferenças nos
raios (33 por cento). Se se tenta fazer com que cresçam cristais de
magnesita ou de calcita em presença d e grandes concentrações de íons
tanto de cálcio como de k g n é s i o , não resulta solução sólida extensa.
Em vez disto, formam-se cristais estratificados consistindo em cama-
das de íons carbonato, alternando-se, em primeiro lugar, com uma
camada de íons magnésio e, depois, com outra de íons cálcio. Este
é o mineral dolomira, um exemplo notável d o mecanismo d e forma-
ção de um sal duplo. A estrutura da dolomita é, assim, semelhante
à da calcita, com camadas de catíons perpendiculares ao eixo c alter-
nando-se com as d e íons carbonato. Contudo, na dolomita, as cama-
das de catíons são alternadamente cálcio e magnésio. Na calcita, os
358 MINERALOGIA DESCRITIVA

eixos binários de simetria cortam-se no íon carbono no ceniro do


grupo carbonato, com camadas idênticas acima e abaixo. Na dolo-
mita, não existem êsses eixos binários por causa da falta de equiva-
lência das camadas de cálcio e magnésio. Nestas condições, a sime-
tria fica reduzida à da classe romboédrica, ?, tendo apenas um centro
de simetria e um eixo temário de inversão rotatória.
Quando o íon carbonato se combina com íons bivalentes gran-
des, as relações dos raios não permitem uma coordenasão 6 estável,
resultando estruturas ortorrômbicas. E êste o tipo aragoniia de es-
trutura (Fig. 479). Como na calcita, os íons do radical carbonato
estão em planos perpendiculares ao eixo c, mas com coordenasão di-
ferente. Na aragonita, cada íon cálcio está coordenado a nove íons
oxigênio e cada íon oxigênio, coordenado a três íons cálcio. Os ca-
tíons têm um arranjo na estrutura que se aproxima do empacotamen-
to hexagonal mais compacto, o que dá origem a uma simetria pseudo-
-hexagonal acentuada. Isto se reflete tanto nos ângulos d o cristal
como na geminação pseudo-hexagonal, característica de todos os mem-
bros do grupo.

Fia. 479. Modêlo de Ernpacotarnento da Aragonita, CACO.. Ca escuro;


O branco; C no centro do triângulo Coa, não é visto. Cada gmpo CO.
situa-se entre seis íons de cálcio.

A solução sólida dentro do grupo da aragonita é algo mais limi-


tada do que no grupo da calcita, sendo interessante notar que o
CARBONATOS 359

cálcio e o bário, respectivamente, o menor e o maior íons d o grupo,


formam um sal duplo muito análogo à dolomita. As diferenças nas
propriedades físicas dos minerais do grupo da aragonita são confe-
ridas em larga escala pelos cations. Assim, a densidade relativa é
aproximadamente proporcional ao pêso atômico do íon metálico (ver
páçina 163).
Da discussão precedente, pode ser visto que a estrutura assumi-
da por um carbonato depende amplamente do raio do cation, com os
íons menores entrando na estrutura rombocdrica e os maiores, na or-
torrômbica. O C a c o 3 está pr0ximo da rela$.5o dos raios, crítica, de
0,73 eritre os dois tipos e, portanto, cristaliza-se com estrutura rom-
boédrica, como calcita, e com a estrutura ortorrômbica, como ara-
gonita.
Carbonatos
Gnipo da Calcita Grupo da Aragonita

Calcita CaCO, Aragonita CaCO.


Dolomita CaMg(C0.). Witherita BaCO,
Magnesita MgCO, Estroncianita SrCO.
Siderita FeCO. Cerussita PbCO,
Rodocrosita MnCOi
Smithsonita ZnCO,
Malaquita CUCO~~OH).
Azurita CU.(COS~(OH)I

Os carbonatos anidros importantes pertepcem aos dois gmpos


isoestruturais, o da calcita e o da aragonita. Fora dos minerais dêstes
grupos, os únicos carbonatos de importância são os carbonatos bási-
cos de cobre, a azurita e a malaquita.

CALCITA - C a c o 3
Crisfalosrofio. Hexagonal-R; escalenoédrica-hexagonal. Os cris-
tais são extremamente variados no hábito, muitas vêzes altamente
complexos. Foram descritas mais de 300 formas diferentes. Três

Fiz. 480. Fig. 481. Fig. 482.


360 MIN~KALOGIA DESCRITIVA

Cnlcita

hábitos importantes: ( 1 ) prismático, ein prismas longos ou curtos.


nos quais as faces d o prisma sáo bem desenvolvidas, com tcrnii-
nações em pinacóide basal ou rombo2dricas ( F i ~ s .484 c 485); ( 2 )
romboédrico, em quc predominani as formas rombo&iricas, tanto ob-
tusas como agudas (Figs. 480. 482. 4 8 3 ) ; a foriiia funilniiicntal (cli-
vagem) não C comum (Fig. 481); ( 3 ) escalcno2dric«, em que pre-
dominam os escalenoedros (Fig. 486), frequcntementc com faces d o
prisma c truncaturas romboi.dricas (Figs. 4R7-490). O escalcnocdro
mais comum é o 12111 }. Encontram-se ti>das as varia~ócsc coni-
binaçóes possíveis dêstes tipos.
E muito comum a geminação tendo como plano d o geminado.
o romboedro negativo { 0 1 i 2 ) (Fig. 491); muitas vi.rcs, aprcseii-
ta-se com lamclas geminadas dc origcni sccundária, por exeniplii.
nos calcários cristalinos. Esta gcmiiinc.50 podc scr produzida artifi-
cialmente (ver página 113). S5o comuns os gcniinados em que o
plano de gernina~ãoC o pinacóide basal 10001 } (Figs. 4 9 1 c 4 9 3 ) .
I2 menos comum a geminaqão scgundo o romboedro fundamental
{ l o i l } (Fig. 494).
A calcita apresenta-se, usualmente. cm cristais, ou em agrega-
dos de grânulos entre grossos e finos. TambCm em massas de gra-
nulação fina a compacta, terrosas, e sob forma de estalactites.
Propriedades Físicas. Clivagem perfeita { 1071 } (ângulo de
clivagem = 74O.55'). Partiçáo 30 longo das lamelas de geminaçião
segundo 4 0 l i 2 ) . D 3 sobre a clivagem e 2% sòbre a base. d 2.72.
Brilho vítreo a terroso. Côr: usualmente branco ou incolor, poden-
do ser colorida variadamente, entretanto: cinza, vermelho, verde, azul
e amarelo. Também, quando impura, entre o castanho e o prêto.
Transparente a translúcida. Mostra intensa dupla refração (página
177), donde o nome de espato de dupla refrriçüo. Conhece-se como
espafo da Islândia, por causa de sua ocorrência na Islandia, a va-
riedade quimicamente pura c òpticamente clara e incolor.
Composição. Carbonato de cálcio, Caco.?. CaO 56,O - C02
44,O por cento. O cálcio pode ser substituído pelo manganês e pelo
ferro ferroso, estendendo-se uma série completa até a rodocrosita e
uma parcial em direção à smithsonita e i siderita. O magnésio subs-
titui o cálcio sòmente em pequenas quantidades.
Eilsaios. Infusível. Depois de ignição intensa, o resíduo dá
reaçáo alcalina com o papel de ensaio, úmido. Um fragmento d o
mineral umedecido com ácido clorídrico e aquecido produz uma
chama vermelha-alaranjada. Os fragmentos de calcita sáo atacados.
fàcilmente pelo ácido clorídrico diluído, frio, com efervescência..
Aspectos diagnósticos. A calcita distingue-se por sua durem
(3), sua clivaçem perfeita, cor clara e brilho vítreo. Distingue-se da
dolomita porque os fragmentos de calcita apresentam efervescência
362 MINERALOGIA DESCRITIVA

no ácido clorídrico frio, ao passo que não acontece o mesmo com os


de dolomita. Distingue-se da aragonita por ter densidade relativa
mais baixa e clivagem romboédrica.
Ocorrência. Como um Mieral de Rocha. A calcita é um dos
minerais mais comuns e disseminados. Ocorre como massas rocho-
sas sedimentares enormes e espalhadas amplamente, nas quais é o
mineral preponderante, sendo o único mineral presente em certos cal-
cários. Conhecem-se como mármores os calcários metamórficos cris-
talinos. O giz é um depósito de carbonato de cálrio pulverulento, de
granulação fina. A calcita é um constituinte importante das margas
e arenitos calcários. As rochas calcárias formaram-se em grande
parte pela deposição, sôbre um fundo de mar, de grandes camadas de
material calcário, sob a forma de carapaças e esqueletos de animais
marinhos. Uma proporção menor destas rochas formaram-se direta-
mente pela precipitação do carbonato de cálcio.

Fig. 487. Fig. 488. Fig. 489. Fig. 490

Calcita

Fie. 491. Calcita Geminada, Fig. 492. Calcita Geminada,


segundo o Romboedro Negativo. segundo a Base.
CARBONATOS 363

Fig. 493. Calcita Geminada, Fig. 494. Calcila Geminada


segundo a Base. segundo o Romboedro.
Fundamental.

Como Depósitos em Cavernas etc. As águas calcárias, evapo-


rando-se nas cavernas d e rochas carbonatadas, depositam, muitas
vêzes, a calcita sob a forma de estalactites, estalagmites e incrus-
tações. Estes depósitos são, com frequência, belos e espetaculares.
Usualmente, a calcita apresenta-se semitranslúcida e colorida em ama-
relo-claro. As águas de fontes calcárias frias ou quentes podem
formar um depósito de calcita que se conhece com o nome de tra-
vertino ou tufa, em tôrno de seus orifícios. Muitos depósitos de tra-
vertino de estrutura celular encontram-se nas regiões calcárias. O
depósito em Mammoth Hot Springs, no Parque de Yellowstone é mais
espetacular d o que a maioria de origem semelhante. O mármort*
ônix, conhecido como ônix mexicano, apresenta-se em faixas de cal-
cita e aragonita, ou de uma ou outra espécie, sendo usado como ma-
terial decorativo. Provém em sua maior parte da Baixa Califórnia,
no México.
Calcitas Silícicas. O s cristais de calcita podem incluir quantida-
des consideráveis de areia de quartzo (até 60 por cento) e formam
o que se conhece como cristais de arenito. Encontram-se tais ocor-
rências em Fontainebleau, na Fransa, (calcário de Fontainebleau), e
em Bad Londs, no Estado de Dakota do Sul.
A calcita ocorre como mineral secundário nas rochas ígneas,
como produto da decomposição de silicatos de cálcio. Encontra-se
como revestimento das cavidades amigdalóides, nas lavas. Ocorre em
proporsáo maior ou menor em muitas rochas sedimentares e meta-
mórficas. E o material de cimenta~ãoem alguns arenitos de colora-
são clara. A calcita é também um dos minerais mais comuns dos
filões, ocorrendo como material de ganga, com todas as espécies de
minérios metálicos.
Seria inteiramente impossível especificar todos os distritos ini-
portantes de ocorrência da calcita, em suas várias formas. Algumas
364 MINERALOGIA DESCRITIVA

das localidades mais notáveis onde se encontra a calcita muito bem


cristalizada são as seguintes: Andreasberg, nas Montanhas d o Harz;
vários lugares da Saxônia; Cumberland, Derbyshire, Durham, Corn-
wall e Lancashire, na Inglaterra; Islândia e Guanajuato, no México.
Nos Estados Unidos, em Joplin, no Estado de Missouri; no distrito
do cobre d o Lago Superior e em Rossie, no Estado de Nova Iorque.
Uso. O emprego mais importante da calcita é na fabricação de
cimentos e cal para argamassa. O calcário é a principal matéria-
-prima que, quando aquecido a 900°C aproximadamente, perde CO-
e se converte em cal viva, CaO. Esta, quando misturada com água,
forma hidrato de cálcio (cal extinta), incha, cede muito calor e en-
durece, ou, como se costuma dizer, "sets". A cal viva quando mis-
turada com areia forma a argamassa comum.
O maior consumo d o calcário é na fabricaçáo de cimentos. O
tipo particular produzido mais amplamente é o cimento Portland,
composto, aproximadamente, de 75 por cento de carbonato de cálcio
(calcário), 13 por cento de sílica e 5 por cento de alumina. Tam-
bém estão presentes pequenas quantidades de carbonato de magnésio
c óxido de ferro. A silica e a alumina são fornecidas pela argila ou
folhelho, misturados com o calcário, antes da "queima". Quando se
mistura água com o cimento, formam-se silicatos e aluminatos de
cálcio hidratados. Certos calcários possuem vários materiais argilo-
sos como impurezas, em proporções exatas, sendo conhecidos como
roclias-ci~~iento,ou cimentos nafurais. Conhecem-se como cimentos
hidráulicos os que têm a valiosa propriedade de endurecer debaixo
da água.
Usa-se a greda ou giz como fertilizante, para embranquecer c
5gua ou leite de cal, giz para lousas etc. Encontra-se, cm muitos lu-
pares da Europa, sendo famosos os penhascos calcários de Dover.
O calcário, particularmente de Indiana, utiliza-se como pedra
para construção. Exploram-se, anualmente, grandes quantidades de
calcários, utilizado como fundente, na fusão d e vários minérios me-
tilicos. Usa-se na litografia um calcário de granulaçáo fina.
Empregam-se amplamente os mármores como material de cons-
triiqão c ornamentação. As jazidas de mórmore mais importantes dos
Estados Unidos acham-se em Vermont, Nova Iorque, Geórgia e Ten-
nessee.
O espato da Islândia tem grande valor para a fabricação de vá-
rios instrumentos de óptica; seu uso, melhor conhecido, é sob a
forma de prisma de Nicol para a produção da luz polarizada.
h'otiie. Provgm da palavra.latina cal.x. significando cal queimada
CARBONATOS 365

DOLOMITA - CaMg(CO,),
Cristalografia. Hexagonal-R; romboédrica. Usualmente, os
cristais são o romboedro fundamental (Fig. 495), mais raramente
um romboedro agudo e base (Fig. 497). Frequentemente, as faces
são curvas, algumas de tal forma que formam cristais configurados
em sela de montar (Fig. 496). Outras formas são raras. Em massas
suscetíveis de clivagem, e de granulaqão grossa. Também em massas
de granulação fina, e compactas.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { 1 0 i 1 } (ângulo de cli-
vagem = 73O45'). D 3:;-4. d 2,85. Brilho vítreo; nacarado em al-
gumas variedades, espaio nacarado. Côr: usualmente alguma tona-
lidade do róseo, côr da carne; pode ser incolor, branco, cinzento,
verde, castanho ou prêto. Transparente a translúcida.
Composiçáo. Carbonato de cálcio e magnésio, CaMg(COa)z.
-
CaO 30,4 - MgO 21.7 COZ 47,9 por cento. Na dolomita comum, a
propor~ãodo C a c o 3 para o MgC03 é 1:l. Todavia, o magnésio
pode substituir o cálcio até aproximadamente Ca:Mg = 1 :5, nas posi-
çóes do magnésio, e o cálcio pode substituir o magnésio até apro-
ximadamente Mg:Ca = 1 :20, nas posições do cálcio. Assim, na do-
lomita, a relação do cálcio para o magnésio oscila entre 58:42 e 47% :
:52#. O magnésio pode ser substituído pelo ferro ferroso e, quando
a quantidade de ferro ferroso excede a do magnésio, o mineral cha-
ma-se ankerita. O magnésio pode ser substituído por pequenas quan-
tidades de manganês bivalente e zinco, e o cálcio, por pequenas quan-
tidades de chumbo.

Fig. 495. Fig. 496. Fig. 497.


Dolomita.

Enwioi. Infusivel. Dcpois de intensa igniqão, um fragmento


dar& reacáo alcalina com o papel de ensaio umedecido. No ácido
clorídrico diluído, os fragmentos grandes são atacados apenas vaga-
rosamen:c, mas o pó sc dissolve prontamente, com efer\tescência.
366 MINERALOGIA DESCRITIVA

Os fragmentos grandes são solúveis, com efervescència, no ácido


clorídrico quente.
Aspectos diagnósticos. A variedade cristalizada distingue-se por
seus cristais romboédricos curvos e, usualmente por sua cor rósea
da carne. A variedade rochosa maciça distingue-se do calcário por
sua reaçáo menos intensa com o ácido clorídrico.
Ocorrência. A dolomita ocorre, principalmente, sob a forma
de massas rochosas, muito extensas, como calcário dolomítico e seu
equivalente cristalisado, o mármore dolomítico. A ocorrência é a
mesma que para as rochas calcíticas. Muitas vezes, intimamente
misturada com a calcita. Imagina-se que a dolomita, como massa
rochosa, seja de origem secundária, tendo sido formada a partir d o
calcário comum pela substituição do cálcio pelo magnésio. Ocorre
também como mineral de filão, principalmente nos veios de zinco e
chumbo que atravessam o calcário.
Encontrada em grandes estratos rochosos na região dolomítica
do Tirol Meridional; em cristais oriundos de Binnenthal, na Suíça,
Traversella, no Piemonte; Inglaterra Setentrional e Guanajuato, no
México. Encontrada, nos Estados Unidos, sob a forma de massas de
rocha sedimentar em muitos dos Estados do Meio-Oeste, e de cris-
tais, no distrito de Joplin, no Estado de Missouri.
Uso. Emprega-se a dolomita como pedra de constmçáo e or-
namental. Para a fabricação de certos cimentos. Para a fabricasão
de magnésia, usada na preparação de revestimentos refratários dos
conversores, nos processos básicos de fabricação de aço. A dolomita
é um minério potencial de magnésio metálico.
Nome. Em honra do quúnico francês, Dolomieu (1750-1801).
Espécies semelhantes. A ankerita, Ca(Mg,FE) ( C 0 3 ) ~é um
carbonato romboédrico, análoga à estrutura da dolomita, na qual o
ferro ferros0 substitui parte do magnésio.

MAGNESITA - MgCO,
Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica-hexagonal. Rara-
mente em cristais. Usualmente, criptocristalina, em massas brancas,
terrosas, compactas; menos frequentemente, em massas granulares,
suscetíveis de clivagem, de granulação grossa a fina.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita { 10T1) (ângulo de cli-
vagem = 72O36'). D 3%-5. d 3,O-3,2. Brilho vítreo. Cor: branco,
cinzento, amarelo, castanho. Transparente a translúcida.
CARBONATOS 367

Composiçüo. Carbonato de magnésio, MgCO,. MgO 47,8 - CO,


52,2 por cento. O ferro ferroso substitui o magnésio, estendendo-se
uma sirie completa até a siderita. Podem estar presentes pequenas
quantidades de cálcio e de manganês.
Ensaios. Infusível. Depois de calcinação intensa, dá reação al-
calina fraca com o papel de ensaio umedecido. O ácido clorídrico
frio a ataca escassamente, mas se dissolve, com efervescência, n o
ácido clorídrico quente.
Aspectos diagildsticos. As variedades suscetíveis de clivagem
distinguem-se da dolomita apenas por sua densidade relativa mais
elevada e pela ausência de cálcio abundante. A variedade maciça,
branca, assemelha-se h calcedônia impura, distinguindo-se dela por
sua dureza inferior.
Ocorr?ncin. A magnesita existe comuniente em veios e massas
irregulares, derivada da alteraçno da serpentina através da acão de
iigiias contendo ácido carbônico. Estas niagnesitas são criptocristali-
nas. compactas r., muitas vêzes, contêm sílica opalina. As camadas de
magnesita cristalina, suscetível do clivagem, são ( 1 ) de origem meta-
mórfica, associadas com talco xistos. clorita xistos e mica xistos, e ( 2 )
de origem sedinientar: as rochas calcíticas são substituídas por solu-
ções contendo niaçnkio, formando-se a dolomita como um produto
intermediário.
Os dcpósitos notáveis d o tipo sedimentar da magnesita estão na
Mandchúria; em Satka, nos Montes Urais, e na Estíria, na Austria.
O depósito mais famoso d o tipo criptocristalino está na Ilha de Eu-
boea, na Grécia.
Nos Estados Unidos, encontra-se a variedade compacta em mas-
sas irregulares, na serpentina, na Coast Range, na Califórnia. En-
contram-se grandes massas do tipo sedimentar em Chewelah, em Ste-
vens County, no Estado de Washington, e em Paradise Range, em
Nye County, no Estado de Nevada. Existem numerosas localidades
de menor importincia na região oriental dos Estados Unidos, nas
quais a magnesita está associada com a serpentina, talco ou rochas
dolomíticas.
Uso. A magnesita calcinada, MgO, isto é, a magnesita que foi
calcinada em uma temperatura elevada e contém menos d o que 1 por
cento de C02, usa-se na fabrica~ãod e tijolos para revestimento de
fornalhas. A magnesita é a fonte de magnésia para a fabricação de
produtos químicos industriais. Foi usada, também, como um minério
de magnésio metálico, mas presentemente toda a p r o d u ~ á ode magné-
sio provém das salmouras e da água d o mar.
368 MINERALOGIA DESCRITIVA

h'onie. Denomina-se, assim, aludindo-se à sua composiçáo

SIDERITA - FeCO:t
Ferro Erpútico - Clialibira
Cristalografio. Hexagonal-R; escalenofdrica-hexagonal. O s cris-
tais, usualmente, sáo romboedros fundamcntais (os mesmos da for-
ma de clivagem), frequentemente com faces curvas. Em concreçóes.
Em concreçóes globulares. Usualmente granular, suscetível de cliva-
gem. Pode ser botriodal, compacta e tcrrosa.
Propried~i<le.~fisicas. Clivagem rombkdrica perfeita { 1Õ11 )
(ingulo de clivagem = 73O0'). D 3%-4.d 3,Y6 para o FeC03 puro,
diminuindo, entretanto, com a presença do manganês bivalente e d o
magnésio. Brilho vítreo. Usualmente, cór entre o castanho-claro e
o escuro. Transparente a translúcida.
Cornposiçüo. Carbonato ferroso, FcCO:,. FcO 62.1 - C 0 2 37,Y
por cento. Fc 4 8 2 por cento. O ferro ferroso pode ser substituído
pelo manganês bivalente c pelo magnésio, estendendo-se uma s6ric
completa, isomorfa, até a rodocrosita e a magnesita. O chlcio podc
estar presente em quequenas quantidades.
Ensaios. Dificilmente fusivel, situando-se entre os números 4
e 5 da escala de fusibilidade. Pelo aquecimento, torna-se fortemente
magnética. Aquecida n o tubo fechado, decompõe-se, e dá resíduo
magnético prêto. Solúvel, com efervescência, no ácido clorídrico
quente.
Aspectos dia,qnósticos. Distingue-se dos outros carbonatos por
sua cór e densidade relativa alta, e da esfalerita por sua clivagem
rombo?drica.
Al~erriçüo. São comuns os pseudomorfos de limonita sobre a
siderita.
OcorrGncia. Encontra-se a siderita com frequència sob a forma
de riiin<rio </eferro ar,siloso, impura por estar misturada com materiais
argilosos. em concreções com camadas concêntricas. Encontra-se
como min6rio em camadas negras, contaminado por material carbo-
noso, em formações estratificadas extensas, situadas em folhelhos e
associada comumente com camadas de carvão. Exploraram-se êstes
minérios, extensamente. no passado, na Grá-Bretanha, como princi-
pal fonte de ferro, mas presentemente a mineração dêles se faz sò-
mente em North Staffordshire e na Escócia. O minério de ferro argi-
CARBONATOS 369

loso é abundante também, nas camadas de carvão da parte ocidental


da Pensilvânia e oriental d e Ohio, mas não é usado em grande escala
como minério. Forma-se também, a siderita pela ação de substituição
das soluções ferrosas sôbre os calcários e, se êstes depósitos são ex-
tensos, podem ser de valor econômico. A ocorrência mais notável
dêste tipo é na Estíria, na Austria, onde se processa em larga exten-
sáo a mineração da siderita. Em sua forma cristalina, a siderita c um
mineral comum nos filões, associado com vários minérios metálicos
contendo minerais de prata, pirita, calcopirita, tetraedrita e galena.
Quando a siderita predomina nesses veios, pode ser explorada, tal co-
mo acontece na parte sul da Westfália, na Alemanha.
Uso. Um minério de ferro. A siderita é importante na Grã-
Bretanha e na Austria, mas de valor muito secundário nos Estados
Unidos.
Norne. Provém da palavra grega significando ferro. O nome
original era esferossiderita, dado à variedade em concreçóes e, subse-
qüentemente, abreviado para siderita para aplicar-se à espécie toda.
Minério espútico 6 um nome comum. Chalibita, usada por alguns mi-
neralogistas, derivou dos chalibes, que viveram no Mar Negro e fo-
ram, em tempos passados. trabalhadores em ferro.

RODOCROSITA - MnCO:,

Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica-hexagonal. Só ra-


ramente em cristais do romboedro fundamental; frequentemente com
faces curvas. Usualmente, maciça, suscetível de clivagem; granular
a compacta.
Propriedades físicos. Clivagem perfeita, romboédrica { 1011)
(ângulo de clivagem = 73O0'). D 3%-4. d 3,5-3,7. Brilho vítreo.
Usualmente, a c6r tem tonalidade vermelha-rósea; pode ser rósea a
castanho-escuro. Traço branco. Transparente a translucida.
Composi~ão. Carbonato de manganês, MnCO:,. MnO 61,7 -
CO: 38,3 por cento. O ferro ferros0 e o cálcio substituem o manga-
nês. estendendo-se séries completas à siderita e à calcita. Sòmente
quantidades limitadas de magnésio e zinco substituem o manganês.
Eftsnior. Infusivel. Solúvel no ácido clorídrico qucnte, com efcr-
vescência. Confere côr vcrde-azul à pkrola de carbonato dc s6dio.
Quando aquecida sôbre o carvão vegetal, torna-se preta mas n;io
niagnéticn.
Aspectos diognóslicos. Distingue-se usualmente por sua c6r ró-
370 MINERALOGIA DESCRITIVA

sea, clivagem romboédrica e dureza (4). Difere da rodonita por sua


dureza (rodonita, MnSiOa, D 5X-6X).
Ocorrência. A rodocrosita é um mineral relativamente raro,
ocorrendo em veios, com minérios de prata, chumbo e cobre e com
outros minerais de manganês. Encontrada nas minas de prata da
Rumânia e da Saxônia. Nos Estados Unidos, encontrada em Branch-
ville, no Estado de Connecticut; em Franklin, no de Nova Jersey, e
em Butte, no de Montana. Em cristais bem formados em Alicante,
Lake County; Alma, Park County; e em outros lugares no Colorado.
Uso. Um minério de manganês de menor importância. Em
Butte, no Estado de Montana, explorada em escala considerável.
Nome. Derivado das palavras gregas com a significafão de rosa
e côr, em alusão à sua côr rósea.

SMITHSONITA - ZnCO:,
Minério Osso Sêco

Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoódrica-hexagonal. Rara-


mente em cristais pequenos, romboédricos ou escalenoédricos. Usual-
mente, renifome, botrioidal ou estalactítica e em incrustafUes crista-
linas ou em massas com a forma de favos de mel, conhecidas como
minério osso sêco. Também granular a terrosa.
Propriedades físicas. Clivagem romboédrica perfeita .( 1 0 i 1 ),
observada raramente (ângulo de clivagem = 72O20'). D 4-4!4 (ex-
traordinàriamente alta para um carbonato). d 4,30-4,45. Brilho ví-
treo. Côr: usualmente castanho sujo. Pode ser incolor, branca, ver-
de, azul e rósea. A variedade amarela contém cádmio, sendo conhe-
cida por minério gordura de peru. Traço branco. Translúcida.
-
Composição. Carbonato de zinco, ZnCOa. ZnO 64,8 COI 35,2
por cento. O zinco pode ser substituído, parcialmente, pelo ferro
ferros0 e pelo manganês bivalente; também, menos comumente, pelo
cálcio, magnésio, cádmio, cobre, cobalto e chumbo.
Ensaios. Infusível. Solúvel, com efe~escência,no ácido clorí-
drico frio. Um fragmento aquecido na chama redutora produz tra-
ços verde-azulados na chama, em conseqüência da queima do zinco
volatilizado. Aquecida na chama redutora sôbre o carvão vegetal,
produz uma auréola não-volátil de óxido de zinco, amarela, a frio,
branca, a quente; quando se umedece a auréola com nitrato de cobalto
e se aquece novamente, ela se torna verde.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se por sua efewexência nos
ácidos, seus ensaios para o zinco, sua dureza (5) e sua densidade re-
lativa elevada.
Ocorrência. A smithsonita é um minério de zinco de origem
supérgena, encontrada usualmente com depósitos de zinco existentes
em rochas calcárias. Associada com a esfalerita, galena, hemimorfita,
cerussita, calcita e limonita. Encontrada, muitas vêzes, como pseu-
domorfos sôbre a calcita. O min6rio osso s6co é massa alveolar, com
a aparência de osso sêco, cuja textura resultou da maneira de depo-
siqáo do mineral. Algumas hemimorfitas, o silicato de zinco, estáo
incluídos sob êste têrmo. Encontrada em certas localidades sob a for-
ma de material translúcido verde ou azul-esverdeado, usado para fins
ornamentais. A localidade de Laurium, na Gricia, é afamada por
suas smithsonitas ornamentais e a Sardenha pelas estalactites amarelas
com faixas concêntricas. D a mina de Broken Hill, na RodCsia d o
Norte, e de Tsumeb, na Africa d o Sudoeste, tèm vindo espécimes
cristalizados muito bonitos. Nos Estados Unidos, a smithsonita ocorre
como um minério nos depósitos de zinco de Leadville, no Colorado;
Missouri; Arkansas; Wisconsin e Virgínia. Em Kelly, no Nôvo Mé-
xico, tem sido encontrado material azul-esverdeado, bem cristalizado.
Uso. Um minério de zinco. O emprego para fins de ornamen-
tasão é de menor importância.
Nome. E m honra de James Smithson (1754-1829), fundador
da Smithsonian Institution, em Washington. Anteriormente, os mine-
ralogistas inglêses deram a êste mineral o nome de calamina.
Espécies semelhanies. A hidrozinciia, Z ~ : ( O H ) O ( C O J )ocor-
~
re como mineral secundário nos depósitos de zinco.

ARAGONITA - C a c o ,
Cri.~talo~ralia.Ortorr6mbico; bipiramidal. Sáo comuns três há-
bitos de cristalização. ( 1 ) Piramidal acicular, consistindo em um pris-
ma vertical terminado por uma combinaçáo de uma bipirâmidc muito
aguda e um prisma de primeira ordem (Fig. 498). Usualmente em
grupos radiados de cristais cujo tamanho diminui sradativamente.
( 2 ) Tabular, consistindo em faces de pinacóide lateral, modificadas
por { I 1 0 1 e um prisma obtuso, k (Fig. 499). Geminada, ;I miúdo,
com { llO} como plano de geminação (Fie. 500). ( 3 ) Geminados
pscudo-hexagonais (Fig. 501). Este tipo mostra um prisma de apa-
rência hexagonal, terminado por uni plano baial, sendo formado por
372 MINERALOGIA DESCRITIVA

um intercrescimento de três indivíduos geminados, segundo a face d o


prisma com planos basais em comum. Os cristais distinguem-se das
formas hexagonais verdadeiras, ao notar-se que o plano basal é es-
triado em trfs direqões diferentes e também pelo fato que, não sendo
o 2ngulo do prisma dos critais simples exatamente de 60°, mas de
63O18', as faccs do prisma de composição d o geminado mostrarão,
iiiiiitas V ~ ~ Cângulos
S, ligeiramente reentrantes. Encontrada, também,
eni agregados reniformes, colunares e estalactíticos.

Fig. 498. Flg. 499. Fig. 500. Fig. 501.

Aragonita

Propriedades físicas. Clivagem imperfeita ( 0 1 0 ) e {110). Bri-


lho vítreo. Incolor, branca, amarela pálida e colorida variadamente.
Transparente a translúcida. D 3%-4.d 2,95 (mais dura e de densidade
relativa mais elevada do que a calcita).
Composiçúo. Carbonato de cálcio, C a c o 3 , polimorfa com a cal-
cita. CaO 5 6 - C02 44 por cento. O cálcio pode ser substituído pelo
estrôncio, chumbo e, mais raramente, pelo zinco. A aragonita é o
polimorfo instável em relação à calcita nas temperaturas e pressões
comuns. Aquecendo-se no ar, a aragonita comeFa a transformar-se
em calcita, a 400°C. Em contato com a água ou com solu~óescon-
tendo Caco:, dissolvido, a transforma@o pode ocorrer na tempera-
tura ambiente.
Ensoios. Infusível. Decrepita. Depois de calcinação intensa, seu
pó produz reação alcalina com o papel de ensaio umedecido. Os
fragmentos d o mineral desagregam-se sob a forma de pó (mudança
para a calcita), quando aquecidos ao rubro, no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se d a calcita por sua densi-
dade relativa mais elevada e pela ausência de clivagem romboédrica.
Os fragmentos de clivagem da calcita colunar são terminados por uma
clivagem e m cruz que não se apresenta na aragonita. Distingue-se
da witherita e da estroncianita por ser infusível, por causa da densi-
dade relativa mais baixa e por lhe faltar côr de chama particular.
Alteração. Sáo comuns os paramorfos da calcita sôbre a ara-
gonita. O carbonato de cálcio secretado pelos moluscos, como arago-
nita, transforma-se, usualmente, em calcita, na parte externa da
concha.
Ocorrência. A aragonita é menos estive1 d o que a cnlcita e
muito menos comum. Forma-se dentro de uma faixa estreita de con-
dições físico-químicas, representada por temperatura baixa, perto dos
depósitos superficiais. Mostrou-se experimentalmente que as águas
carbonatadas contendo cálcio depositam aragonita maior número dc
vêzes quando estáo quentes, e calcita, quando frias. A camada na-
carada de muitas conchas é aragonita. As fontes termais depositam
a aragonita; acha-se associada com camadas de xipso e depósitos dc
minério de ferro, onde pode ocorrer em formas que se assemelham
ao coral, sendo chamada flos fcrri (flor do ferro). Encontra-se for-
mando crostas fibrosas sôbre a serpentina e nas cavidades amigdalói-
des no basalto.
As localidades a seguir s5o notáveis pelos vários tipos crista1'mos:
encontram-se cristais geminados pseudo-hexagonais em Aragon, na
Espanha; Bastennes, no sul da França, e em Girgenti, na Sicília. O
tipo de cristal tabular é encontrado perto de Bilin, na Boêmia; o aci-
cular, em Alston Moor e Cleator Moor, Cumberland, na Inglaterra.
A flos ferri encontra-se nas minas de ferro da Estíria. Certos n~Rr-
mores hnix provenientes da Baixa Califórnia são aragonita. Nos Es-
tados Unidos, encontram-se geminados pseudo-hexagonais cm Lake
Arthur, no Estado d o Nôvo México; nesse mesmo E ~ t a d oocorre, nas
Orfan Mountains, a flos ferri, também cncontrada em Bisbce, no
Arizona.
Nome. Provéni de Aragon, na Espanha, onde os geniinados
pseudo-hexagonais foram reconhecidos pela primeira vez.

WITHERITA - BaCO,,

Cristalogra:rafin. Ortorrômbico; bipiramidal. Cristais sempre ge-


minados segundo { 1101, formando pirâmides pseudo-hexagonais polo
intcrcrescimento de três indivíduos. Cristais, alçumas vL.zes, biter-
s,d MINERALOGIA DESCRITIVA
-

minados; frequentemente, estriados profunda-

@ ~~ %

-:L-:: . -r-1 -~ 1 :
-

:
mente
de ângulos
?, na direçáo
reentrantes,
horizontal
têm e,a por
aparência
uma série
uma pirâmide coroando a outra (Fig. 502).
-
de

-.-. . ... - - ', .


: ~ . Também botrioidal a globular; colunar ou
.-~L

.~.>
~

-
~

.
-~

5 :? i L T $ ~
~

--
_.A.
-~
-
-~

. granular.
Clivagem má
~ ~~

Propriedades físicas.
.:~.
.... - = R *
- --. ,
~

{010) e )110{. D 3%.d 4,3. Brilho vítreo.


-.
-

Incolor, branca, cinzenta. Translúcida.


Composição. Carbonato de bário,
Fig. 502.
BaCO:. BaO 77,7 - C 0 2 22,3 por cento. O
Witherita. bário pode ser substituído por pequenas
quantidades de estrôncio e de cálcio.
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números
2%e 3, produzindo chama verde-amarelada (bário). Depois de calcina-
ção intensa, dá reaçáo alcalina com o papel de ensaio umedecido.
Solúvel, com efervescência, no ácido clorídrico frio. Todas as solu-
ções, mesmo as muito diluídas, dáo precipitado de sulfato de bário
com ácido sulfúrico (diferença em relação ao cálcio e ao estrôncio).
Aspectos diagndsticos. Caracteriza-se a witherita por sua ele-
vada densidade relativa e pela efervescência no ácido. Pode distin-
guir-se da estroncianita pelo ensaio da chama, e da barita por sua
efervescência no ácido.
Ocorrência. A witherita é um mineral relativamente raro, en-
contrado muito frequentemente em veios, associado com a galena.
Encontrada na Inglaterra, em belos cristais, perto de Hexham, em
Northumberland e Alston Moor, em Cumberland. Ocorre em Leo-
gang, em Salzburg. Nos Estados Unidos, encontrada perto de Lexing-
ton, no Estado de Kentucky, e em um grande veio com barita em
E1 Portal, Yosemite Park, na Califórnia. Também em Thunder Bay,
no Lago Superior, Ontário.
o . Uma fonte de menor importância de bário.
Nome. Em honra de D . W. Withering (1741-1799) que des-
cobriu e analisou o mineral, pela primeira vez.

ESTRONCIANITA - SrCOs

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Cristais geralmente


aciculares, radiados com o tipo (1) da aragonita. Geminaçáo fre-
CARBONATOS 375

quente segundo { 1101, dando-lhe aspecto pseudo-hexagonal. T a m


bém colunar; fibrosa e granular.
Propriedades físicas. Boa clivagem { 110). D 3%-4.d 3,7. Brilho
vítreo. Côr: branco, cinzento, amarelo, verde. Transparente a trans-
lúcida.
Composiçüo. Carbonato de estrôncio, SrCOz. SrO 70,2 - COz
29,s por cento. O cálcio pode estar presente, substituindo o estrôn-
cio.
Ensaios. Não é fusível, mas, sob calcinação intensa, incha-se e
emite ramos finos, produzindo chama carmesim (estrôncio) O resí-
duo dá reação alcalina com o papel dc ensaio umedecido. Eferves-
cência no ácido clorídrico. A soliição no ácido clorídrico, meio di-
luída, dará precipitado de sulfato de estrôncio, quando se juntam
algumas gôtas de ácido sulfúrico.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por densidade relativa ele-
vada e efervescência no ácido clorídrico. Pode ser distinguida da
witherita e da aragonita pelo ensaio da chama, e da celestita por sua
clivagem menos perfeita e efervescência no ácido.
Ocorrência. A estroncianita é um mineral hidrotermal de tem-
peratura baixa, associado com a barita, celestita e calcita, em filóes
ou na marga e, menos frequentemente, nas rochas ígneas e, como mi-
neral de ganga, nos veios de sulfetos. Ocorre, em depósitos comer-
ciais, na Westfália, na Alemanha; na Espanha; no México e na Ingla-
terra. Nos Estados Unidos, encontrada em geodos e filóes com calcita
em Schoharie, no Estado de Nova Iorque; emStrontium HiUs, ao
norte de Barstow, na Califórnia, e próximo de La Comer, no Estado
de Washington.
Uso. Fonte de estrôncio. O estrôncio não tem grande aplica-
~ ã comercial;
o usado na pirotecnia, em chamas vermelhas, foguetes
militares, na separação do açúcar existente nos melaqos, e em vários
compostos de estrôncio.
Nome. Provém de Strontian, em Argyllshire, na Escócia, onde
foi encontrada originàriamente.

CERUSSITA - PbC03

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. O hábito dos cris-


tais é variado, mostrando muitas formas. Muitas vêzes, tabular para-
376 MINERALOGIA DESCRITIVA

lelamente a {O101 (Fig. 503). Geminada frequentemente (Fig. 504);


pode formar grupos reticulados com as placas cruzando entre si, for-
mando ângulos de 60° (Fig. 505). O hábito pode ser piramidal;
também geminada em pirâmides pseudo-hexagonais, frequentemente
com ângulos reentrantes, profundos, na zona vertical. Também em
agregados cristalinos, granulares; fibrosa; m a c i ~ agranular; compacta,
terrosa.
Propriedades físicas. Clivagem boa { 110}, e regular {O21 ).
D 3-35. d 6,55 (elevada para um mineral com brilho não-metálico).
Brilho adamantino. Incolor, branca ou cinzenta. Transparente a sub-
translúcida.

Fig. 503. Fig. 504. Flg. 505.

Composição. Carbonato de chumbo, PbCOa. PbO 83,s - C02


16.5 por cento.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 1 e 2 da
escala de fusibilidade. Com carbonato de sódio, sôbre o carváo ve-
getal, produz glóbulos de chumbo e auréola de óxido de chumbo, de
colorasão indo do amarelo ao branco. Solúvel, com efervescência,
no ácido nítrico diluído, quente.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por sua densidade relativa
elevada, côr branca e brilho adamantino. A forma cristalina e a efer-
vescência no ácido nítrico servem para distingui-la da anglesita.
Ocorrtncia. A cerussita é um minério de chumbo supérgeno,
importante e amplamente disseminado, formado pela asão das águas
carbonatadas sobre a galena, na zona superior dos veios de chumbo.
Está associada com os minerais primários: galena e esfalerita e,
com vários minerais secundários, tais como, a anglesita, piromorfita,
smithsonita e limonita.
CARBONATOS 377
-
-

AI localidades notávcis por sua ocorrência são: Ems, em Nas-


sau; Mies, na BoSmia; Nerchinsk, na Sibiria; na Sardenha; em Tunis;
em Tsumch, Otavi, na África d o Sudoeste, e em Broken Hill, na No-
va Gales d o Sul. Encontrada, nos Estados Unidos, em Phoenixville,
na Pcnsilvânia; em Leadville, no Colorado; em vários distritos no
Arizona; nas Organ Mountais, no Nôvo México, e no distrito de
Cocur d'Alenc, no Estado de Idaho.
U.so. Um minério de chumbo importante
Not,il,. ProvCm da palavra latina significando chirnibo branco.
El11;ricssemellianres. A focgenifa, um clorocarbonato de clium-
bo, PhlCI,CO:,, tetragonal na cristalização, é um carbonato anidro
raro.

MALAQUITA - CU:CO:,(OH 1,
Carbonrrro de Cobre Verde

Cristalografia. Monoclínico; prismitica. Os cristais são, usual-


mente, prismáticos, delgados, mas raramente perfeitos. Podem ser
pseudomorfos sobre a zurita. Usualmente, em fibras radiadas for-
mando massas botrioidais ou estalactíticas. Muitas vêzes, granular
OU terrosa.

Propriedades físicas. Clivagem perfeita (001 }, raramente vista,


entretanto. D 3#-4. d 3,9-4,03. Brilho entre adamantino e vítreo, nos
cristais; sedoso, muitas vêzes, nas variedades fibrosas; fôsco no tipo
terroso. Cor: verde brilhante. Translúcida.
Composi~üo. Carbonato básico de cobre, Cu:CO:,(OH)-.
CuO 71,9 - C 0 2 19,9 - H,O 8,2 por cento. Cu 57,4 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala dc fusibilidade.
dando chama verde. Com fluxos, sobre o carváo vegetal, dá glóbulo
de cobre. Solúvel, com efervescência, no ácido clorídrico, produzindo
uma soluçáo verde. Muita água no tubo fechado.
Aipccfoí diapnósfiros. Reconhecida por sua cor vcrdc brilhiin-
tc c formas botrioidais, distinguindo-se dos outros minerais verdes d o
cobre, por sua efervcscência no ácido.
Ocorrência. A malaquita, é um minério de cobre suptrgeno lar-
gamente distribuído. Encontrada nas p o r ç k s oxidadas dos filóes dc
cobre, associada com a azurita, cuprita, cobre nativo, óxidos dc ferro
MINERALOGIA DESCRITIVA

c os vários sulfetos do cobre e do ferro. Ocorre, usualmente, nos


veios de cobre que penetraram no calcário.
As localidades notáveis por sua ocorrência 60:Nizhne Tagil,
nos Montes Urais; Chessy, perto de Lyon, na França, onde se en-
contra associada com a amrita; Tsumeb, na Africa do Sudoeste; Ro-
désia; Katanga, n o Congo Belga; e sul da Austrália. Nos Estados
Unidos, era antigamente um minério de cobre importante nos distritos
de cobre do sudoeste; em Bisbee, Morenci e outras localidades no
Estado de Arizona, e no Nôvo México.
Uso. Um minério de cobre. Usou-se em certa escala, parti-
cularmente na Rússia, como material de ornamentação dos vasos, no
chapeamento das mesas etc.
Nome. Derivado da palavra grega significando malva, em alu-
sáo à sua côr verde.

AZURITA - CU,(CO:,)?(OH),
Chessylita. Carbonato de Cobre Azul

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Hábito variado (Figs.


506 e 507). Os cristais são, frequentemente, complexos no hábito, e

malformados no desenvolvimento. Também em grupos esféricos ra-


diados.
Propriedades jísic<rs. D 3%-4.d 3,77. Brilho vítreo. Còr: azul-
-celeste intenso. Transparcnte a translúcida.
Composi~úo. Um carbonato básico de cobre, C U : B ( C O ~ ) ~ ( O H ) ~ .
-
CuO 69,2 - C 0 2 25,6 H 2 0 5,2 por cento. Cu 55,3 por cento.
NITRATOS 379
-- -- - - -

Eiixuios. Os mesmos empregados para a malaquita (página 377).


Aspectos dia,~násticor. Caracterizada principalmente por sua
cor azul-celeste intenso, e pela efervescência no ácido clorídrico.
Alrrro(óes. Observam-sc, comumentc, pseudomorfos de mala-
quita sobre a azurita; menos comiimente, sobre a ciiprita.
OrorrGncia. A azurita tem a mcsma origem e as mesmas acso-
ciações que a malaquita, mas existe muito mais frequcntcmente sob
a forma dc cristais. Encontrada em bonitos cristais em Chessy, perto
de Lyon, na Franca; Tsumeb, na África do Sudoeste; na Ruminia;
em Lnurium. na Grécia; na Sibéria; e em Broken Hill, na Nova Ga-
les do Sul. Encontrada nos Estados Unidos na mina Coppcr Quccn,
Bisbcc c Morenci, no Arilona. Amplamente distribuída com os mi-
nérios dc cohrc. Não f tão comum quanto a malaquita.
Uso. Um niinkrio de cobre de mcnor importância.
Nonic. Denominada assim em alusáo à sua cor.
Carbonatos hidratados raros. A auricalcita é um carbonato bú-
sico de zinco e cobre, de cor indo do verde-pálido ao azul, em cris-
tais aciculares. monoclínicos. A gaylussita, N a ~ C a ( C 0 ~ ) ~ . 5 H : mo-
0,
noclínico, e a !rena, Na3H(C03)2.2H20, monoclínico; encontram-se
ambas nos depósitos lacustres salgados.

H. NITRATOS

O nitrogênio pentavalente forma coni o oxiglnio grupos i6nicos


achatados, configurados 'em trevo, muito semelhantes ao grupo car-
bonato. Estes triângulos são o radical nitrato monovalente, NO.:-,
constituindo o bloco de construfão dominante dos nitratos. Da nies-
ma forma que o carbono no grupo carbonato, o íon nitroyênio alta-
mente carregado e polarizado une seus três oxigênios coordenados cm
um grupo compacto, em que a forca da ligaçáo nitroylnio-oxigSnio
1 é maior d o que qualquer outra liração possível no cristal.
Por causa da maior força desta liga~áoN-O, os nitratos sc dccom-
póem menos fAcilmcnte pclos ;ícidos do que os carbonatos.
Quando êstcs triângulos nitrogbnio-oxigênio sc combinani. em
proporções de um para um, coni os catíons monovalcntcs, cujos raios
permitcm a coordenn~ãoh, rcsultam estruturas anilogas ;is do griipo
calcita. Assim. o nitrato de sódio, NaNOB, c a calcita são isocstrii-
tiirais. coni a mcsma cristalografia c a mcsma clivagcm c Iionic«-
380 MINERALOGIA DESCRITIVA

morfos. Todavia, por causa de sua carga menor, o nitrato de sódio


C niais mole do que a calcita e funde-se em uma temperatura mais
baixa e, dado o piso atômico mais baixo d o sódio, tem densidade
relativa mais baixa. O nitro, KNO,, (raio iônico d o K = 1,33 A )
6 semelhantemente um análogo estrutural da aragonita, cxceto pela
iiionovalência dos íons.
E particularmente significativo que o salitre d o Chile, como a
calcita, tenha um polimorfo ortorrômbico com o nitro, tornando,
assim, completa a analogia. Alude-se, muitas vêzes, à estrutura da
calcita como a d o NaNO:, e à da araronita como a do tipo de estru-
tura do KNO:,.

Nitratos
Nilro de sódio NaNO, Nitro KNO,

NITRO DE SÓDIO - NaNO:,


Salitre d o Chili,

Cr61iriogrrrfiu. Hexagonal-R; escalenoCdrica-hexagonal. Os


cristais romboédricos são raros. Usualmente maciço, como uma in-
crustação ou em camadas. O salitre do Chile i homeomorfo com a
calcita, tendo semelhantes as constantes do cristal, clivagem e pro-
priedades ópticas.
Propriediidi,~físicus. Clivagern perfeita ( lTl I 1. D 1-2. d 2,29.
Brilho vítreo. Cór: incolor ou branco, t a m b h castanho-avermelhado,
cinzento, amarelo. Transparente a translúcido. Sabor refrescante. De-

Coniposiçüo. Nitrato de sódio, NaNO:,. Na,O 36.5 - N20; 63,s


por cento.
Btsuios. Corresponde ao número I na escala de fusibilidade,
datido chama de sódio amarela intensa. Depois de calcina~áointensa,
dá reaçáo alcalina com o papel de ensaio umedecido. Fácil e comple-
tamente solúvel na água. Aquecido no tubo fechado com bissulfato de
otássio desprende vapóres vermelhos de dióxido de nitrogénio.
Aspectos diagndsticos. Distingue-se por seu sabor refrescante
forte deliqüescência.
Ocorrênciu. Dada sua solubilidade na água, o salitre d o Chile
ncontra-se sòmente nas regiões 6ridas e desertas. Encontrado em
grandes quantidades nas províncias de Tarapaca c Antofa~ast;~. no
norte do Chile, e nas partes vizinhas da Bolívia. Ocorre d b r e dreas
imensas como uma camada de sal (caliche). intercstratificado com
areia, camadas de sal comum, gipso etc. Nos Estados Unidos, foi
notado em Humboldt County, em Nevada. e em San Bernardino Coun-
ty, na Califórnia.
Uso. No Chile, é explorado, purificado e usado como uma fon-
te de nitratos. O salitre do Chile compete agora com o nitrogênio
'lixado", existente no ar. Os nitratos são usados na composição dos
explosivos e dos fertilizantes.
Nome. Provém de sua composiçio. sendo o análogo sódico do
nirro, KNO;,.

NITRO - KNOz

Cri.~talí.cruliu. Ortorrómbico; hipiramidal. Usualmente, como


inscrustações delgadas ou como cristais aciculares sedosos. Gemina-
cão segundo { 110) comum. produzindo agrupamentos pseudo-hexa-
gonais. análogos à aragonita.
Propriedaíir.~firicos. Clivagem perfeita (O I I 1. D 2. d 2.09-2,14.
Brilho vítreo. Cor: branco. Translucido.
Composiçüo. Nitrato de potássio. KNO,,. K 2 0 46.5 - N20, 53.5
por cento.
E11.wios. Corresponde ao númcro I na escala de fusibilidade,
dando chama violeta (potássio). Depois de calcinação. dá reaqão
;ilcalina com o papel de ensaio umedecido. Aquecido no tubo fecha-
d o com bissulfato de potássio, produz vap6res vermelhos de dióxido
de nitrogênio. Facilmente solúvel na água. Sabor salino e refrescante.
A~pecrosdiagn6siico.s. Caracterizado por seu gosto refrescante;
distingue-se d o salitre d o Chile pela reação do potássio e por não
ser deliquescente.
Ocorr6%cia. O nitro encontra-se como crostas delicadas. como
cflorescência, nas superfícies d a terra, dos muros, das rochas etc.
Encontrado como constituinte de certos solos. Também no solo des-
tituído de coesão das cavernas calcárias. Não é tão comum como o
salitre d o Chile, sendo produzido. entretanto, a partir dos solos, n;i
Espanha. Itália, Egito, Arábia, Pbrsia e lndia.
Uso. Usado como lima fonte de compostos nitrozenados.
382 MINERALOGIA DESCRITIVA

I. BORATOS
Os boratos sáo de grande interêsse para o mineralogista porque,
da mesma maneira que os fluoretos de alumínio e os silicatos, sáo
capazes de formar grupos aniônicos polimerizados, tendo a forma de
cadeias, camadas ou grupos múltiplos isolados. Origina-se êste fato
da circunstância que o íon de boro trivalente, muito pequeno, coor-
dena três oxigênios em sua configuração mais estável. Como a carga
no catíon central é 3 e existem três vizinhos oxigênio muito próximos,
a força da ligação B-O deve ser uma unidadc, igual exatamente a
uma metade da energia de ligação d o íon oxigênio. Isto permite que
um único oxigênio seja compartilhado por dois íons boro, ligando,
assim, os triângulos boro em uma unidade maior.
Conhecem-se substâncias em que a estrutura fundamental d o cris-
tal é a cadeia BOz, de comprimento ilimitado, formada pela existin-
cia de oxigênios compartilhados e m cada triàngulo de boro, na qual
cada um dos oxigênios compartilhados une dois triângulos adjacentes.
A maior parte d o s boratos comuns parece ser construída em
torno de fÔlhns.interrompidas de triàngulos BO:r nos quais todos os
três oxigênios sáo compartilhados. As folhas são separadas por ca-
madas de moléculas de água e unidas pelos íons s a i o ou cálcio.
Embora seja possível preparar uma estrutura tridimensional cons-
tituída de triingulos BOs sOmcnte, e tendo a composiçáo B20:,, essa
configuração tem uma estabilidade muito baixa e se desintegra pron-
tamente, produzindo um vidro. Dada a tendéncia de formar rêdes de
triângulos B o a , algo desordenadas, o boro é considerado na fabrica-
çáo d o vidro como um "formador de rêdes", sendo usado na prepa-
raçáo de vidros especiais de pêso leve c alta transparência à radia-
çáo energética.

Boracita Mg,B,O,,CI Ulexita NaCaB;OpRHiO


Bórax Na,R,O,- IOH,O Colemanita Ca3R00,,5Hz0
Kernita Na2R~O74Hn0

Boracita - M~,B,o,,,cI

Cristalografia. Ortorrômbico; piramidal nas temperaturas ordi-


nárias, mas os cristais mostram formas isométricas, hexatetraédricas.
O cubo, o tetraedro e o dodecaedro estão presentes em combinaçáo,
usualmente (Figs. 508 e 509). Quando a boracita é aquecida a
BARATOS 383

265OC, a estrutura se converte em isomttrica, como exigido pela for-


ma cristalina. Os cristais estáo, usualmente, isolados e disseminados
em outros minerais. Tambtm maciça.
Propriedade.s fi~icas. D 7. d 2,9-3,O. Brilho vítreo. Côr: inco-
lor, branco, cinzento, verde. Transparente a translúcida.
Cor~~po.siçüo.Mg,B;O,:,CI. MgO 25,71 - MgCI, 12,14 - B203
62,15 por cento.
E~~saios.Corrcsponde ao número 2 na escala de fusibilidade,
com chama verde (bóro). Solúvel no ácido clorídrico. O papel de
cúrcuma, umedecido com uma soluqáo do mineral, e depois sêco a
100°C. torna-se castanho-avermelhado (boro).
A.rpectos diagrrdsficos. Caracteriza-se a boracita por sua ele-
vada dureza, cristais isomitricos e ensaio para o boro.
Ocorr6ncia. A boracita ocorre associada com camadas de hali-
ta, anidrita e gipso, como um dos produtos formados pela evapora-
ç.70 de niassas de água salgada. Encontra-se em Stassfurt e outras lo-
calidades da Alemanha. Nos Estados Unidos, foi observada nos resí-
duos insolúveis dos poços de sal da Luisiania.

Fie. 508. Fig. 509.


Boracita.

Nonlr. A' denoniinafáo boracita foi dada, aludindo-se à sua


composifio.

BÓRAX - Na2B40,.IOH,O
Crisfcrlograjia. Monoclinico; prismática. Cristais prismáticos,
alguns grandes (Fig. 510). Também como material celular maciço
ou incrustaç6es.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita {IOO}. D 2-2,5.
d 1,7% Brilho vítreo. Cor: incolor ou branco. Translúcido. Sabor
384 MINERALOGIA DESCRITIVA
-- --

alcalino-adocicado, Os cristais claros sofrem eflorescência e tornam-


se brancos com a formação de titical;.nnita, Na2BI0,.5HI0.
Co~nposi~üo.Borato de sódio hidratado, Na,B,O,.lOH,O.
Na20 16,2 - B,O:, 36,6 - H 2 0 47,2 por cento.
Ensaios. Na escala de fusibilidade vai d o número 1 ao meio
caminho entre os números 1 e 2 (1-I!;), com muita intumescência e
dando chama amarela intensa (s6dio) Fundido com fluxo de boro
da a chama verde brilhante do boro. Prontamente solúvel na água.
O papel de cúrcuma, umedecido com uma solução diluída do mineral
em ácido clorídrico, torna-se castanho-avermelhado, quando sêco a
100°C. Muita água no tubo fechado.
Asl>cctos diri,yncí.~tico.s. Caracterizado por seus cristais e pelos
ensaios para o boro.
Ocorrênciu. O bórax i. o mais espalhado dos minerais borata-
dos. Forma-se como um depósito pela evaporação dos lagos salgados
c conio uma eflorescência sôbrc a superfície d o chZo nas rcgióes ári-
das. Os depósitos do Tibet tèm fornecido gran-
des quantidades de bórax, exportado para a Eu-

@
m

2
O
ropa em seu estado bruto, sob o nome de titical.
Este foi o primeiro bórax a alcançar a civiliza-
ç?io ocidental. Obtido das salmouras e fontes
quentes no norte da Itália. Nos Estados Unidos.
foi encontrado pcla primeira vez em Lake Coun-
ty, na Califórnia; mais tarde em Death Vallcy,
Inyo County c cm San Bernardino C'ounty. na
Fig. 510. Bhrax. rcsião deserta do siidcste da Califórnia. Associa-
d o com a kcrnita, i. cxplorndo nos dcp6sitos si-
tiiados perto de Kramer, na Califórnia, sendo obtido comercialmente
das salmouras de Scarles Lake. em Trona. na Califórnia. Ocorre
1amhi.m nas partes adjacciltes d o Estado dc Nevada. O bórax está
associado com outros minerais depositados de maneira semelhante.
tais como a ulexita. hanksita, halita, gipso, colemanita e vários outros
horatos raros.
Uso. O bórax i. usado para lavagem c limpeza; como antisscp-
tico e-preservativo; na medicina; como um solvente de óxidos mctá-
licos nas soldas e ligas e. conio um fluxo, em várias operaçi~esde
fusiio c dc laboratdrio. O bórax c os outros minerais boratados s5o
n lontc do horo que parece ter usos sempre crescentes. O boro ele-
iiie:itar emprega-se conio desoxidante e eni liga coni metais nZo-fer-
1 0 ~ s nos
: retificndores e válvulas de contriile; e como absorvente de
BARATOS 385

nêutrons na blindagem de reatorcs at6micos. Usa-se o boro nos com-


bustíveis dos foguetes e como aditivo nos combustíveis de motores.
O carbeto de boro, mais duro que o corindon, emprega-se como
abrasivo.
Nome. O nome bórax procede do nome árabe corrcspondcntc
a esta substância.

KERNITA - Na,B,074H20

Crist<rlo~qrafiu. Monoclínico; prismitica. Usualmenlc, em agre-


gados grosos, suscctivcis dc clivagem.
/'ro~~rie<la~lrsiíricns. Clivagcm pcrfcita 1001) c 1001. Os
fr;l(mcntos da clivagcm são. assim, alongados paralelamente ao eixo
cristalográfico 6. D 3. d 1,95. Brilho cntrc vitrco c nacarado. CGr:
incolor a branco. Quando expostos durante niiiito tciiipo ao ar, os
cspCciincs incolores ficam brancos conio o fiz, cni conseqii21icin da
fornincão de uma pclicula dc tincalconita s6brc a supcrficic.
Còn111osi;Üo. Borato de sbdio hidratado, Na2B,07-4H20.Nii20
22.7 -
- B 2 0 3 51,O H-O 26,3 por cento.
Ens[rio.~. Sob a a720 d o macarico, inch;i-se c, cm scpiiida, fiin-
de-se, formando um vidro claro. A fusio ocorre entrc os nunicros
1 c 1% da escala de fusibilidade. Solúvel lentamcntc na áfiia fria.
A.spccros di[r:rirísriros. Caracteriza-se pelos frn;nicnt«s clc cli-
vasem esiilhacados, conipridos, e por sua densidade relativa baixa.
Ocorr<:ircin. A única localidade eni que sc encontra a kcriiit;~E
i10deserto de Mohave, em Kramer, na Califbrnia. Associada com o
b6rax em uma i r i e cstratificada de argilas do Tcrciirio, cxistc cm
srandc quantidade (milhões de toneladas). Êste depósito dc boratos
de sbdio mcdc. ;iproxinindarncntc. 6.6 kni dc coinprinicnto, 1.6 km
de largura e 30 m dc cspcssiira. encontrando-se entrc 170 c 250 m
ahaixo da superfície d o solo. Acredita-se qiic a keriiita se tenha for-
inado a partir d o bórax, por recristalizaçZo provocada pelo aunicnto
da temperatura e da presszo.
U s i ~ . Unia fontc importante do bórax c dos compostos dc boro.
Nome. Provtm de Kern County, na Califórnia, onde se encoii-
Ira o mineral.
386 MINERALOGIA DESCRITIVA

ULEXITA - NaCaB,0,.8H20
Bolas de Algodão

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Usualmente, em massas


arredondadas, de textura frouxa, consistindo em fibras finas que são
cristais aciculares ou capilares ("bolas de algodão").
Propriedades físicas. D 2%; o agregado tem uma dureza apa-
rente de 1. d 1,96. Brilho sedoso. Côr: branco. Insípida.
Coinposi~úo Um borato de sódio e cálcio hidratado,
- -
NaCa13,01.8H20. NapO 7,7 C a O 13,8 - B203 43,O H 2 0 35,5 por
cento.
Etiuios. Corresponde ao número 1 na escala de fusibilidade;
intumcsccndo atE formar um vidro cheio de bolhas, claro, emprestan-
do à chama colorafão amarela intensa. Umedecida com ácido sul-
fúrico. produz, momcntâneamente, a chama verde d o boro. Dá muita
ásua no tubo fechado.
A.s/)<,cto.sdi~iailcisticos. As "bolas de algodão" moles, com bri-
1110 sedoso. são características da ulexita.
0rorri.itcia. A ulexita cribtaliza-se, nas regióes áridas, a partir
das s i ~ l n i o ~ ~que
r a s se conccntraram nas bacias encerradas, nZo drena-
das. Usualmcntc, associada com o bórax. Ocorre, abundantemente,
nas planicics si.cas d o norte do Chile e na Argentina. Foi encontrada,
nos Estados Unidos, em certas bacias encerradas dos Estados de Ne-
vada e da CalifGrnia, e com a colemanita, nos depósitos, em camadas,
do Terciário.
Uso. Uma fonte do bórax.
Nor?ir. Eni horncna2em ao químico alemão, C . L . Ulex, que
descobriu Este mineral.

COLEMANITA - Ca-B,O,,.SH,O

Cristalo~ra/ia. Monoclínico; prismático. Em cristais prismáti-


cos curtos, altamente modificados. Maciça, suscetível de clivagem, a
granular e compacta.
Propriedudes fisicns. Clivagem perfeita { 0101. D 4-4X. d 2,42.
Brilho vítreo. Cor: incolor a branco. Transparente a translúcida.
Composiçúo. Borato de cálcio hidratado, Ca2BeOii.SHzO.
- -
CaO 27,2 B20s S0,9 H 2 0 2,9 por cento.
SULFATOS E CROMATOS
-- ~
387
~~.

Ensaios. Situa-se, na escala de fusibilidade, a meio caminho en-


tre os números 1 e 2. Sob a ação do maçarico, esfolia, cspedaça e
produz chama verde (boro). Agua no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por uma d i r e ~ á ode cli-
vagem muito perfeita e por uma esfoliaçáo ao aquecimento.
Ocorr61tcia. Os depósitos de colemanita est.ío interestratificados
com os depósitos lacustres da idade Terciária. A ulexita está usual-
mente associada com ela, acreditando-se que a colemanita se tenha
originado de sua altcraçáo. Encontrada, na Califórnia, em Los An-
geles, Ventura, San Bernardino e Inyo Counties, e no Estado de Ne-
vada, em Muddy Mountains e White Basin, Clark County.
Uso. Uma fonte de bórax que, ao tempo do descobrimento da
kernita, produzia mais d o que a metade do suprimento mundial.
Nome. E m honra de William T . Coleman, negociante de S.30
Francisco, que comerciava o produto das minas de colenianita.

J. SULFATOS E CROMATOS

Vimos nos minerais sulfetos que o enxofre c: importante sob a


forma d o anion sulfêto bivalente, grande. Este ion resulta do prccn-
chimento, pelos eléctrons captados, das duas vacâncias situadas na
camada eletrónica exterior, ou de valência. Os seis eléctrons prescn-
tes normalmente nesta camada podem ser perdidos, dando origem a
um íon pequeno, muito carregado, altamente polarizante. positivo
(Raio iânico = 0,30 A). A relação do raio dêste ion de enxi>fre.
hexavalentc, para o do oxifênio RA : Bx = 0.226) indica que será
estável a coordenaçáo 4, ou tetraédrica. A ligaqão enxófre-oxigênio
neste frupo iónico C muito fortc. e covalente em suas propriedades,
produzindo grupos ligados apertadamente que não são capazes dc
compartilhar os oxigênios. Estes grupos SO,=, o radical sulfato da
química, sáo as unidades de estrutura fundamentais dos minerais
sulfatos.
Os sulfatos anidros mais importantes e mais comuns s5o os
membros do grupo da barita, com grandes cations bivalentes coorde-
nados com o ion sulfato. A estrutura relativamente simples conduz
à simetria ortorrónihica. com clivagem perfeita {O01 ) e { 110). O
sulfato de cálcio, a anidrita. por causa do tamanho menor d o ion
cálcio, tem estrutura ligeirniiiente difcrcnte, possuindo três clivagens
pinacoidais. As propriedades físicas são em geral conferidas pelo
388 MINERALOGIA DESCRITIVA

cation dominante. A densidade relativa, por exemplo, 6 diretamente


proporcional ao pêso atômico.
Entre os sulfatos hidratados, o gipso é o mais importante c
abundante. Tal como sugerido pela clivagem perfeita {OlO}, sua
estrutura assemelha-se a uma superposiqão de fôlhzs, consistindo em
camadas de íons cálcio c sulfato, separadas por moléculas de água.
A perda destas molcculas de água faz com que a estrutura entre em
colapso, tomando a configuraçáo da anidrita, com grande diminuição
no volume específico e perda da perfeição na clivagem.
Um grande número de minerais pertencem a esta classe, mas
sòmente alguns dêles são comuns. A classe pode ser dividida em (1)
os sulfatos anidros e (2) os sulfatos básicos c hidratados.

Sulfatos Anidros Sulfatos Básicos ç Hldntados

Glouhcrita Na.Co(SO.), Antlerita CU,(OH).SO.


Grupo da Barita Polialita K,Ca,Mg(SO.)..ZHxO
Barita BaSO, Gipso Caso.-2H.O
Celestita SrSO, Epsomita MgSO,.7H,O
Anglesita PbSO. Calcantita CuSO..5H,O
Anidrita CaSO, Alunita KAUOHMSO.).
Crocoíta PhCrO,

Glauherita - NaoCa(S04)*
Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais delgados, ta-
bulares paralelamente à base.
Propriedades físicas. Clivagem {OOl}. D 2%-3. d 2,75-2,85.
Brilho vítreo. Côr: amarelo-pálido ou cinzento. Gosto levemente sa-
lino. Transparente a translúcida.
Composição. Um sulfato de sódio e cálcio, N ~ , C ~ ( S O I ) ~ .
- -
Na,O 22,3 CaO 20,l Soa 57,6 por cento.
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números 1):
e 2, dando chama amarela (sódio). Depois de calcinaçáo, dá reaçáo
alcalina sôbre o papel de ensaio umedecido. Depois de longa expo-
sição ao ar, entra em deliquescência e desintegra-se.
Aspectos diagnósticos. Caracteriza-se por seus cristais delgados,
tabulares, boa clivagem e associação.
Ocorrência. A glauberita é um constituinte muito espalhado nos
depósitos salinos, formados pela evaporação dos lagos salgados, es-
SULFATOS E CROMATOS

tando por isto associada com outros sais, como a thenardita, halita
e polialita.
Encontrada em Salzburgo, na Austria, e perto de Stassfurt, na
Alenianha. Encontrada nos Estados Unidos em Yavapai County, no
Arizona, e em Borax Lake, San Bernardino County, na Califórnia.
Nome. O nome de glauberita provfm do fato de conter o sal
de C;lirubrr (Na2SOI).

GRUPO DA BARITA

O s sulfatos de bário, estrôncio e chumbo formam um grupo


isoestrutural. Cri~talizam-seno sistema ortorròmbico com constantes
cristalinas intimamente relacionadas e hábitos semelhantes. Os mem-
bros d o grupo s5o: a barita, a relestita e a an,qlesira.

RARITA - BaS04
Baritai. Espato P<,sado

Crisfalosrafia. Ortorr6mbico; bipiramidal. Os cristais s i o usoal-


mcnte tabulares, paralelamente à base; muitas vêzes, configurados em
losangos, por causa da presença de um prisnia vertical (Fig. 51 1 ) .
Usiinlmente. esta0 presentes prismas de primeira e de segunda or-

dens, seja biselnndo os vfrtices dos cristais configurados em losango


(Fiç. S I ? ) , seja, se as ( 110) faces estáo faltanclo' hiselando as ares-
tas das bases e formando cristais prismliticos rctangulares, alongados
paralelaniente ao eixo a ou b (Fifs. 513 e 514). Os cristais podem
390 MINERALOGIA DESCRITIVA
.-

ser muito complexos. Frequentemente, em grupos de cristais tabula-


res divergentes formando a barita em crista ou rosas de barita. Apre-
senta-se tambim em lâminas grossas; granular, terrosa.
Propriedades firicas. Clivagem perfeita 4001 1, menos perfeita
(210). D 3-3%. d 4,5 (pesada para um mineral não-metálico). Bri-
lho vítreo; em alguns espécimes, nacarada na base. Incolor, branca
e com matizes claros de azul, amarelo e vermeiho. Transparente a
translúcida.
Composiçüo. Sulfato de bário, BaSO,. BaO 65,7 - SO:, 34,3 por
cento. O estróncio substitui o bário e uma s o l u ~ ã osólida completa
chega, provhvelmente, até a celestita, porém a maior parte d o mate-
rial está próximo de uma extremidade, ou da outra, da série. Uma
pequena quantidade de chumbo pode substituir o bário.
Ensaios. Corresponde a o número 4 na escala de fusibiidade,
produzindo a chama verde-amarelada do bário. Depois de calcinada,
dá reaqáo alcalina com o papel de ensaio umedecido. Fundida com
a mistura redutora, produz resíduo' que, quando umedecido, dá ori-
gem a uma mancha escura de sulfêto de prata sóbre uma superfície
limpa de prata.
Aspectos diagnósricos. Reconhece-se a barita por sua densidade
relativa elevada, clivagem característica e cristais.
Ocorréncia. A barita é um mineral comum, de distribuicão
ampla. Ocorre geralmente como mineral de ganga nos filões metáli-
cos, associada especialmente com minérios de prata, chumbo, cobre,
cobalto, manganês e antimónio. Encontrada em veios no calcário,
junto a calcita, ou como massas residuais na argila que recobre o
calcário. Também nos arenitos, juntamente com minérios de cobre.
Em certos lugares, age como cimento no arenito. Depositada oca-
sionalmente como sínter pelas águas das fontes termais. As localida-
des notáveis pela ocorrência de cristais de barita são: Westmoreland,
Cornwall, Cumberland, Derbyshire, na Inglaterra; Felsobanya e ou-
tras, na Rumânia; Saxónia e Boêmia. Nos Estados Unidos, em Che-
shire, no Estado de Connecticut; Dekalb, no de Nova Iorque, e Fort
Wallace, no Nóvo México. A barita maciça, ocorrendo usualmente
como veios e massas irregulares nos calcários, vem sendo explorada,
nos Estados Unidos, na Geórgia, Tennessee, Missouri e Arkansas.
Em E1 Portal, na Califbrnia, na entrada para o Yosemite Park, en-
contra-se a barita em um filão juntamente com a withenta.
Uso. Mais de 80 por cento da barita produzida empregam-se
na perfuração de poços de petróleo e de gás. A barita é a principal
SULFATOS E CROMATOS 391
~ - ~

fonte d o bário utilizado na produção de subsl2ncias químicas. O bá-


rio encontra emprêgo importante na fabricaçáo do lirop~jtiio, uma
combinaqáo de sulfêto de bário e sulfato de zinco, de que resulta
mistura íntima de sulfêto de zinco e sulfato de bário. Usa-se o lito-
pônio na indústria de tintas e, em menor escala. na de linóleos e pro-
dutos têxteis. O sulfato de bário precipitado, "branco fixo" é em-
pregado para dar corpo ao papel e aos tecidos; usa-se. também, na
fabricafáo dos cosmt-ticos; como pigmento de tintas, e na5 refeições
baritadas na radiologia medica.
Nome. Provém da palavra grega significando prsirdo, em alu-
sáo à sua densidade relativa elevada.

CELESTITA - SrSO,

Cri.stalo,qrafia. Ortorrômbico; bipiramidal. Os cristais asseme-


lham-se muito aos da barita. Comumente tabulares, paralelamente i
base, ou prismáticos, paralelamente aos eixos a ou h com desenvolvi-
mento dominante dos prismas de primeira e segunda ordens (Fig.
515). Os cristais que sáo alongados, paralelamente ao eixo a, termi-
nam, frequentemente, na parte da frente, por quatro faces de desen-
volvimento quase igual, consistindo em duas faces d o prisma de ter-
ceira ordem e duas d o prisma de segunda ordem (Fig. 516). Tam-
bem fibrosa radiada; granular.

Proprirdod~sfisic~ts. Cliva;cni (001 ) perfeita, ( 2 101, boa.


D 3-3!;. d 3.95-3.97. Brilho vítreo a nacarado. Incolor, branca; mui-
tas vêzes, azul-pálido ou vermelha. Transparente a translúcida.
Composisüo. Sulfato de estrôncio. SrSO, . SrO 56.4 - S 0 3 43.6
por cento. O báiio substitui o estrôncio e uma soluqáo sólida com-
pleta chega provàvelmcnte até a barita.
E~uaios. Situa-se entre os números 3!; c 4 na escala de fusibi-
lidade, corando a chama em carmesim (cstrôncio). Usualmente, de-
392 MINERALOGIA DESCRITIV-

crepita quando tocada com a chama do maçarico. Depois de calci-


nada, dá reação alcalina com o papel de ensaio umedecido. Fundida
com carbonato de sódio, dá um resíduo que, quando umedecido,
produz, sôbre uma superfície limpa de prata, mancha escura de sul-
fêto de prata.
Aspectos diagnós!icos. Assemelha-se muito à barita, sendo no
entanto de densidade relativa mais baixa. Pode ser necessário um
ensaio da chama para diferenciar, positivamente, as duas espécies.
OcorrEncia. Encontra-se, usualmente, a celestita disseminada
no calcário ou arenito, ou em ninhos c cavidades revestidas nessas
rochas. Associada com a calcita, dolomita, gipso, halita, enxofre,
fluorita. Encontrada, também, como mineral de ganga nos veios de
chumbo.
As localidades notáveis por sua ocorrência são: Sicília, junta-
mente com os depósitos de enx6fre; Bex, na Suíça; Yate, Gloucester-
shire, na Inglaterra e Herrengrund, na Checoslováquia. Encontrada,
nos Estados Unidos, em Clay Center, no Estado de Ohio; Put-in-Bay,
no Laço Erie; Mineral County, na Virgínia Ocidental; Lampasas, no
Texas e Inyo County, na Califórnia.
Uso. Empregado na preparação de nitrato de estrôncio para
foços de artifício e balas traçadoras, e dc outros sais de estrôncio
usados na refinação d o açúcar de beterraba.
Nonle. Derivado da palavra latina caelestis, em alusão à cor
azul-palido dos primeiros espécimes descritos.

ANGLESITA - PbSO,

Crirtnlo,qrafia. Ortorrombico; bipiramidal. Frequentemente, em


cristais, com o hábito semelhante, muitas vêzes, ao da barita, mas
muito mais variado. Os cristais podem ser prismáticos paralelamente
a qualquer um dos eixos do cristal e, com frequência, mostram muitas
formas, com um desenvolvimento complexo. Tambim maciça, gra-
nular e compacta. Frequentemente terrosa, em camadas concêntricas
que podem conter um núcleo de galena inalterado.
Propriedo(li~fí~icos. Clivagem (001) boa, ( 2 1 0 ) imperfeita.
Fratura concóide. D 3. d 6,2-6,4 (extraordinàriamente elevada). Bri-
lho adaniantino quando pura e cristalina; opaco quando terrosa. In-
color, branca, cinzenta, matizes pálidos de amarelo. Pode ser colo-
rida em cinza-escuro por impurezas. Transparente a translúcida.
SULFATOS E CROMATOS 393

Composição. Sulfato de chumbo, PbSO,. PbO 73,6 - SOn 26,4


por cento.
Ensoios. Situa-se a meio caminho entre os números 1 c 2 na
escala de fusibilidade. Sóbre o carvão vegetal, em mistura com o
carbonato de sódio, reduz-se a um glóbulo de chumbo, com aur6ola
amarela a branca de óxido d e chumbo; o resíduo, quando umedecido,
I produz mancha escura de sulfêto de prata sobre a superfície limpa
da prata.
Aspectos diopnósticos. Reconhecida por sua densidade rclativa
elevada, seu brilho adamantino e, com frequência. por siia associaçáo
com a galena. Distingue-se da cerussita por não aprcrcntar cfcrvcs-
cência com o ácido nítrico.
Ocorr<:ncia. A anglesita é um mineral de chiimbo supérçcno,
comiim. Forma-se pela oxidação da galena, seja dirctamcntc eni sul-
fato, caso em que as camadas concêntricas de anglesita rodeiam um
núcleo de galena, seja por uma solução intermediiria c rccristalizaçáo
subsequente. Encontrada nas porções superiores, oxidadas, dos veios
dc cliumbo, associada com a galena, ceriissita, esfalerita, smithsonita.
hcmimorfita e óxidos de ferro.
A s localidades notáveis por sua ocorrência sZo: Monte Poni, na
Sardenha; ilha d e Anglesey, Wales; Derbyshire; e Lcadhills, na Escó-
cia. Também em Sidi-Amor-ben-Salcm, na Tunísia; perto dc Otavi,
na Africa d o Sudoeste; em Broken Hill, na Nova Gales do Sul, c em
Dundas, na Tasmnnia. Encontrada em cristais em LOs Lamentos,
Chihoahua, no Mkxico, incluída no enxofre. Ocorre, nos Estados
Unidos, em Phoenixville, na Pensilvânia; no distrito de Tintic, no
Estado de Utah, e no distrito de Coeur d'Alene, no Estado de Idaho.
Uso. Um minsrio secundário de chumbo.
Nome. Denominada, assim, por ter sido encontrada origina-
l riamente na ilha de Anglcscy.

I
ANIDRITA - Caso1
Cri.~tnlqrrifio. Ortorr6mbico; bipiraniidal. Os cristais sáo ra-
ros; qii;indo observados, súo tabulares, cspcssos; tambim prismiticos,
paralelamente ao eixo h. Usiialmente maciça, ou em massas cristali-
nas, assemelhando-se a um mincral isomCtrico, com clivageni cúbica.
Tambkm fibrosa, granular, maciça.
Propriedades físicas. A clivaçem nítida, paralelamcntc aos trcs
pinacóides { 100). { 010 1, {O01 ), produz blocos retançulares.

-
39- MINERALOGIA DESCRITIVA
-- -- -- -

D 3-3%.d 2,89-2,98. Brilho vítreo a nacarado sobre a superfície de


clivagem. Incolor a azulada ou violeta. Também pode ser branca
ou tingida em rosa, castanho ou vermelho.
-
Composiçüo. ' Sulfato de cálcio anidro, Caso4. CaO 41,2 SO.,
58,s por cento.
Ensaios.. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade.
Depois de calcinada, dá reaçáo alcalina com o papel de ensaio ume-
decido. Umedecida com ácido clorídrico e calcinada, dá chama ver-
melha-alaranjada (cálcio). Quando fundida com a mistura redutora,
produz um resíduo que, quando umedecido com água, escurece a
prata.
Aspectos diagnósticos. A anidrita caracteriza-se por suas três
clivagens em ângulos retos. Distingue-se da calcita por sua densi-
dade relativa mais elevada e d o gipso, por sua dureza. Algumas va-
riedades m a c i ~ a ssáo muito difíceis de reconhecer-se. devendo ser
feita a reacáo d o radical sulfato.
Altrraçüo. Pela absorçáo de umidade, a anidrita transforma-se
em gipso, com aumento de volume e. em certos lugares, grandes
massas de anidrita alteraram-se desta maneira.
Ocorrtncia. A anidrita ocorre quase d o mesmo modo que o
gipso, estando muitas vêzes associada com êle. Não é tão comum, no
entanto, como o gipso. Encontrada em associaçáo com depósitos de
sal na rocha de cobertura dos domos salinos e nas rochas calcárias.
Encontrada em algumas cavidades amigdalóides no basalto.
As.1ocalidades onde ocorre de maneira notável sáo: Wieliczka,
na Polônia; Aussee, na Estíria; Stassfurt, na Prússia; Berchtesgaden,
na Bavária; Hall, perto de Innsbruck. no Tirol e Bex, na Suíça. En-
contrada nos Estados Unidos, em Lockport, no Estado d e Nova Ior-
que; West Paterson, no de Nova Jersey; Nashville, no de Tennessec
e, ainda, no Novo MSxico e no Texas. Encontrada em grandes ca-
madas na Nova Escócia.
Nome. A palavra anidrita provém d o grego, significando senr
água, em contraste com o sulfato de cálcio mais comum, o gipso,
que contém muita água.

Crocoita - PbCrO,
Cristalo,?rafia. Monoclínico; prismática. Comumente em cris-
tais prismáticos, delgados, estriados verticalmente, e em agregados
colunares. Também granular.
SULFATOS E CROMATOS 395

Propriedades físicas. Clivagem imperfeita {IIO}. D 2%-3.


d 5,9-6,l. Brilho adamantino. Cor: vermelho d o jacinto, brilhante.
T r a ~ oamarelo-alaranjado, Translúcida.
Contposiçüo. Cromato de chumbo, PbCrO,. PbO 68,9 - CrO:,
3 1,1 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número 1% na escala de fusibilidade.
Fundida com carbonato de sódio sobre o carvão vegetal, produz um
glóbulo de chumbo. Com o bórax, dá pérola verde (cromo) na cha-
ma oxidante.
Aspectos diagnóslicos. Caracterizada por sua cor, brilho intenso
e densidade específica elevada. A crocoíta pode ser confundida com
a wulfenita, molibdato de chumbo, sendo possível, no entanto, distin-
guir-se dela por sua cor mais vermelha, densidade específica mais
baixa e forma cristalina.
Ocorrência. A crocoíta é um mineral raro, encontrado nas zo-
nas oxidadas dos depósitos de chumbo, nas regiões onde os veios de
chumbo atravessaram rochas contendo cromita. Associada com a
piromorfita, cerussita e wulfenita. As localidades dignas de nota são:
Dundas, na Tasmânia; Beresovsk, perto de Sverdlovsk, nos Montes
Urais; e Rézbánya, na Rumânia. Encontrada nos Estados Unidos,
em pequenas quantidades, no distrito de Vulture, Estado de Arizona.
Uso. A crocoíta não é suficientemente abundante para ser de
valor comercial, sendo entretanto de interesse histórico, dado que o
elemento cromo foi descoberto pela primeira vez em sua composição.
Nonie. Provém da palavra grega significando açafrão, em alu-
são à sua cor.

Aiitlerita - CU~(OH),SO,

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Cristais prismáticos,


delgados, estriados verticalmente, aciculares, muitas vêzes. Pode ser
tabular (Figs. 517 e 5 18). Também em agregados paralelos, reni-
forme, maciça.
Propriedades físicas. Clivagem ( 0 1 0 1 perfeita. D 3%-4. d 3,9*.
Brilho vítreo. Côr: verde d a esmeralda a verde-escuro. T r a ~ overde-
-pálido. Transparente a translúcida.
Composiçüo. Um sulfato básico de cobre, Cu,(OH),SO,. CuO
67,3 - SOYr22.5 - H 2 0 10,2 por cento.
396 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 3 e 4 da


escala de fusibilidade. Produz um glóbulo de cobre quando fundida
com carbonato de sódio sôbre o carvão vegetal. Uma solução de
ácido clorídrico com cloreto de bário dá um precipitado branco de
sulfato de bário. No tubo fechado, produz água e, em uma tempera-
tura elevada, ácido sulfúrico.

Fig. 517. Fig. 518.


Antlerita.

Aspectos diagnósticos. A antlerita caracteriza-se por sua côr


verde, clivagem {OlO}, e associações. Não apresenta efervescência
no ácido clorídrico, podendo distinguir-se, assim, da malaquita. Pela
inspeção, é impossível distinguir a antlerita da atacamita ou d a bro-
chantita. Uma reação positiva d o cloro identificará a atacamita, de-
vendo-se fazer uso, no entanto, das propriedades ópticas para distin-
guir a antlerita da brochantita.
Ocorrência. Encontra-se a antlerita nas porçóes oxidadas dos
veios de cobre, especialmente nas regiões áridas. Foi considerada, a
principio, como um mineral raro, mas, em 1925, se verificou que era
o mincral mais importante do minério, em Chuquicamata, no Chile, a
maior mina de cobre d o mundo. A antlerita pode formar-se direta-
mentc, como mineral secundário, sôbre a calcocita, ou o cobre pode
dissolver-se e depositar-se ulteriormente como antlerita, preenchendo
as fendas dos filks. Encontra-se, nos Estados Unidos, em Bisbee,
no Arizona, e próximo de Black Mountain, no Estado de Nevada.
Encontrada também em Kennecott, no Alaska.
Uso. Um minério de cobre.
Nome. Provém da mina Antler, situada no Estado de Arizona,
tendo sido descrita ali, originàriamente.
Espécies semelhantes. A brochantita, CU,(OH)~SO,, é seme-
lhante em todas as suas propriedades à antlerita, mas, embora mais
disseminada, não é abundante em parte alguma. Até 1925, foi con-
SULFATOS E CROMATOS 397

siderada o mineral mais importante do minério, em Chuquicamata, no


Chile.

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Os cristais são muito ra-


ros e, usualmente, geminados. De ordinário, em massas granulares,
compactas; fibrosas ou Iamelares.
Propriedades físicas. Clivagem { 107) nítida. D 3-3%. d 2,78.
Côr: cinza, vermelho da carne ou do tijolo. Brilho resinoso. Trans-
lúcida. Sabor amargo.
Composiçáo. Um sulfato hidratado de potássio, cálcio e mag-
-
nésio. K,Ca2Mg(S0.),.2H2O. K 2 0 15,6 CaO 18.6 MgO 6,7 - -
-
S o a 53,l H 2 0 6,O por cento.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 1 e 2 na
escala de fusibilidade, dando chama de cor violeta (potássio). Pro-
duz água no tubo fechado. Solúvel fàcilmente no ácido clorídrico.
Tornando-se a solução amoniacal, obter-se-á precipitado branco de
oxalato de cálcio, pela adição de oxalato de amônio.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua cor vermelha,
não se distinguindo, porém? fàcilmente, pela simples inspeção, de
outros minerais associados e de aparência semelhante.
Ocorrência. A polialita ocorre em depósitos em camadas, as-
sociada com a halita, a silvita, a carnallita etc. As localidades dignas
de nota s5o: Stassfurt, na Alemanha e Salzburg, na Austria. Nos Es-
tados Unidos, encontra-se associada com outros sais de potássio e
rnagnésio na bacia Permiana da região ocidental do Texas e oriental
do Nóvo México.
Uso. Uma fonte de potássio.
Nome. Provém das duas palavras gregas significando muito e
sal, em alusão aos vários componentes salinos presentes.

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são de há-


bito prismático (Figs. 519-521); tabulares, paralelamente ao pina-
cóide lateral; configurados em losango, com arestas biseladas pelas
faces { 110) e { 111). Outras formas são raras. Os geminados são
comuns, tendo como plano d o geminado o pinacóide frontal (Fig.
398 minritALOGIA DESCRITIVA

5221, do que resulta, muitas vêzes, geminados com a forma de cauda


de andorinha. Maciça, suscetível de clivagem; Iaminada; maciça gra-
nular. O espato cetinado é um gipso fibroso com brilho sedoso., O
alabastro é uma variedade maciça, finamente granulada. A selenita,
outra variedade do gipso, produz lâminas de clivagem largas, incolo-
res e transparentes.
Propriedades físicas. Clivagem em quatro direçóes; perfeita
(0101, produzindo fàcilmente lâminas delgadas !1001, com super-
fície concóide; (01 11, com fratura fibrosa. D 2 (pode ser riscada pela
unha). d 2,32. Brilho usualmente vítreo; também nacarado e sedoso.
Incolor, branco, cinzento; vários matizes do amarelo. vermelho, cas-
tanho, por causa das impurezas. Transparente a translúcido.
Composição. Sulfato de cálcio hidratado, CaSOI.2H,0. CaO
-
32.6 - S 0 3 4 6 3 H 2 0 20,9 por cento.

Fig. 519. Fig. 520. Fig. 521. Fig. 522.

Gipso. Gcminado d o Gipso.

Ensaios. Corresponde ao número 3 da escala de fusibilidade.


Depois de calcinação intensa, o resíduo dá reação alcalina com o pa-
pel de ensaio umedecido. Solúvel em ácido clorídrico diluído, quente;
juntando-se cloreto de bário à solução, forma-se um precipitado de
sulfato de bário. Torna-se branco no tubo fechado e produz muita
água.
AspeCt0.r diagnósticos. Caracterizado por sua dureza baixa e
suas três clivagens desiguais. Sua solubilidade no ácido e a presenqa
de muita água distinguem-no da anidrita.
Ocorréncia. O gipso é um mineral comum, amplamente distri-
buído nas rochas sedimentares, muitas vêzes em camadas espêssas.
Ocorre, frequentemente, interestratificado com calcários e folhelhos,
sendo encontrado usualmente como uma camada subjacente a outras
a u ~ r r . i J SE CROMATOS 399

de salçema; explica-se o fato, considerando-se que o gipso se deposi-


tou ali como um dos primeiros minerais a cristalizar-se, por ocasião
da evaporaçáo das águas salgadas. Podc recristalizar-se em filòes,
forniando o espato cetinoso. Ocorre também como corpos lenticula-
res ou cristais disseminados em argilas e folhelhos. Formado fre-
quentemente pela alteração da anidrita e, nestas circunstâncias, pode
mostrar dobramento por causa d o aumento d o volume. Encontrado
em regiões vulcânicas, especialmente onde os calcários sofreram a
ação dos vapores de enxofre. Também comum como um mineral de
ganpa nos veios nietálicos. Associado coni muitos minerais diversos,
sendo os mais comuns a halita, a anidrita, a dolomita, a calcita, o
enxofre, a pirita e o quartzo.
O gipso é o sulfato mais comum, encontrando-se depósitos exten-
sos em muitas localidades, por todo o mundo. Nos Estados Unidos,
encontram-se depósitos comerciais em muitos Estados, mas os princi-
pais por sua produção estão localizados em Nova Iorque, Michigan,
lowa, Texas, Nevada e Califórnia. Encontra-se o gipso em grandes
depósitos no Arizona e Novo México, sob a forma de areia cólica.
I Uso. O gipso é usado principalmente para a produção do 2;s-
so. Na manufatura dêsse material, o çipso é moído e depois aquecido,
entre 190 e 200°C, at&que cêrca de 75 por cento da água tenham sido
eliminados. Este gêsso, quando misturado com água, absorve-a va-
i garosamente, cristaliza-se e, assim, endurece ou "scts". Emprega-se o
gesso amplamente na fabricação do material ("staff") com que se
constroem os edifícios temporários das exposicòes; em ripas de gèsso;
paredes; em moldes e f6rmas de todas as espécies. Eniprega-se o gip-
so na fabricação do gesso duro para decoracoes interiores. Reduzido
a pó fino. f usado como fertilizante. O gipso não-calcinado usa-se
como um retardador no cimento Portland. O espato cetinado e o
alabastro, lapidados e polidos, enipregam-se em vários fins ornaiiien-
tais, embora seu uso scja liniitndo por causa de serem moles.
Nonie. A denominação gipso provem d o nome greso dado ao
mineral, porém, mais especialmente, ao mineral calcinado.

Epsoniita - MgSO17H,O

Sal de Epsom

Cristalografia. Ortorrômbico; biesfenoidal. Raramente em cris-


tais. Usualmente em massas botrioidais e crostas delicadamente fi-
brosas.
II 400 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. Clivagem {O101 perfeita. D 2-2%. d 1,68.


Brilho vítreo a terroso. D e incolor a branca. Transparente a trans-
lúcida. Sabor muito amargo.
Composiçáo. Sulfato de magnésio hidratado, MgSOI-7H20.
-
MgO 16,3 S 0 3 32,5 - H 2 0 51,2 por cento.
Ensaios. No tubo fechado, produz muita água ácida e lique-
faz-se em sua água de cristalizafão. Solúvel na água.
Aspectos diaxnósticos. Caracterizada por seu modo de ocorrên-
cia em agregados delicados, fibrosos e capilares, sua solubilidade fácil
na água e seu gosto amargo.
OcorrYncia. A epsomita está depositada, usualmente, como uma
eflorescência sobre as rochas, nas galerias das minas e sobre as pa-
rodes das cavernas. Mais raramente, encontra-se nos depósitos la-
custres; associada com outros sais solúveis como em Stassfurt, na
Alemanha. Encontra-se nos Estados Unidos sobre o chão das caver-
nas calcárias situadas em Kentucky, Tennessee e Indiana, e em mi-
nas abandonadas, na Califórnia e Colorado. Encontrada em depósitos
lacustres em Stevens Couiity, no Estado de Washington.
Uso. O mineral epsomita tem pouco uso, pois o sal de epsom
comercial é fabricado a partir de outros minerais magnesianos.
Nome. O nome epsomita prov6m da localidade de Epsom, na
Inglaterra, onde foi encontrada pela primcira vez.

Cristrilografiri. Triclínico; pinacoidal.


- Encontrada cm cristais
comumente tabulares, paralelamente a { 1 l l 1. Também m a c i ~ a ,esta-
lactítica e reniforme; pode ter aparência fibrosa.
Proprirdadcs físicas. D 2;;. d 2,12-2,30. Brilho vitreo. Cor:
azulxeleste intenso. Transparente a translúcida. Sabor metálico.
Co~nposi~iro.Sulfato de cobre hidratado, CuS0,.5H2O.
CuO 31,8 - SO:, 32,l - H?O 36,l por cento.
Ensaios. Não é fusível. Produz um glóbulo de cobre quando
fundida com carbonato de sódio sobre o carv5o vegetal. Solúvel na
igua. No tubo fechado, torna-se branca e produz muita água.
Aspectos diagriústicos. Caracterizada por sua cor azul, sabor
metálico e solubilidade na água.
SULFATOS E CROMATOS 401

Ocorréncia. A calcantita ocorre raramente; encontrada sòmente


em regiões áridas, como mineral supérgeno, situando-se próximo da
superfície nos filóes de cobre. Deriva, por oxidaçáo, dos sulfetos de
cobre originários. Muitas vêzes, depositada sobre o ferro pelas águas,
nas minas de cobre.
Encontra-se a calcatitita abundantemente em Chuquicamata e
em outras localidades áridas no Chile, onde tem servido como mi-
nério importante. Outras ocorrências carecem de importância d o
ponto d e vista comercial.
Uso. A calcantita é um minério de cobre secundário. O vitrío-
lo anil artificial é empregado na estampagem de tecidos, nos elemen-
tos galvânicos, como inseticida e para fins industriais.
Nome. Provém de duas palavras gregas significando latão e
flor.

Alunita - KAII(OH),(SO,),
Alume. Pedra-ume

Cristalografia. Hexagonal-R; ditrigonal-piramidal. Os cristais


sáo usualmente uma combinação d e pirâmides trigonais positiva e ne-
gativa, assemelhando-se a romboedros, com ângulos quase cúbicos
(90°50'). Podem ser tabulares, paralelamente a {O001 }. Comumen-
te, maciça ou disseminada.
~ r o ~ r i e d a d efísicas.
s Clivagem (0001 } imperfeita. D 4. d 2,6
a 2.8. Côr: branco, cinzento ou avermelhado. Transparente a trans-
lúcida.
Composiçüo. Sulfato básico d e potássio e alumínio, KAl3(0H)"
- -
(SOI)2. K 2 0 11,4 AIZOI 37,O SOI 38,6 - H 2 0 13,O por cento.
O sódio pode substituir parcialmente o potássio dando a nutro-aiunita.
Ensaios. Não é fusível e decrepita diante d o maçarico, produ-
zindo a chama d o potássio. Aquecida com solução de nitrato de
cobalto, adquire coloração azul muito bonita. No tubo fechado, d4
água ácida. Solúvel no ácido sulfúrico.
Aspectos diagnósticos. A alunita é usualmente maciça, sendo di-
fícil distingui-la nesta forma, pela inspeçáo, de rochas como os calcá-
rios e o dolomito, e de outros minerais maciços como a anidrita e a
magnesita granular. Um ensaio positivo da presença de água ácida
servirá para distinguir a alunita de outros minerais de aparência se-
melhante.
402 M I N L K A L O ~ I AD t S C R I I I V A

OcorrYnciu. A alunita forma-se usualmente pela ação de solu-


ções de ácido sulfúrico sobre rochas ricas em feldspato potássico e,
em alguns lugares, formaram-se, assim, grandes massas. Encontrada
em menores quantidades em torno das Fumarolas vulcânicas. Encon-
tra-se nos Estados Unidos, na Red Mountain, no distrito de San
Juan. no Colorado; em Goldfield. no Estado de Nevada, e em Marys-
vale, no de Utah.
Uso. Emprega-se a alunita na produção do alume. Em Marys-
vale, tem-se explorado e tratado a alunita de modo tal que permite a
obten~ãode potássio e alumínio.
Nome. Da palavra latina significando alume.
Esp6cies semelhantes. A jurosiia KFe,,(OH),(S0,)2, o análogo
de ferro de alunita, é um mineral secundário encontrado como cros-
tas ou revestimentos sobre os minérios ferruginosos.

L. FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS

O fósforo pentavalente é só ligeiramente maior do que o enxofre


hcxavalente e, por conseguinte,. como o enxofre, forma com o oxi-
gênio um grupo iônico tetraédrico. Este grupo, o tetraedro POIA', é,
como o tetraedro sulfato. um radical separado que não pode com-
partilhar o oxigênio, ou formar grupos polimerizados. Todos os fos-
fatos são construídos em torno dêste íon fosfato, como a unidade de
construção fundamental. Unidades semelhantes, tendo a mesma con-
figuração dos oxigênios, a mesma espécie e intensidade das forças de
ligação, sáo construídas em tórno dos íons pentavalentes do arsênico
e do vanádio. O fósforo, o arsênico e o vanádio podem substituir-se
mùtuamente, como íon central coordenador, no grupo tetraédrico dos
oxigênios.
Esta liberdade de substituição do fósforo, arsênico e vanádio
apresenta-se melhor no subgrupo da piromorfita do grupo da apatita.
A piromorfita, a mimetita e a vanadinita são isoestruturais, podendo
existir todas as gradaqóes de substituiqão entre os compostos puros.
A apatita, o fosfato mais importante e abundante, apresenta so-
lução sólida relativamente aos aníons tanto por substituição do flúor
comum pelo cloro e hidroxila, quanto pela substituição do fosfato,
mais raramente, pelos grupos carbonato. O cálcio pode ser substituí-
do pelo manganês, estrôncio e outros catíons. Esta substituiqão ionica
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 403

complexa C típica dos fosfatos, o que tem implicado em relações quí-


micas e em estruturas, geralmente, de relativa complicação.

Fostitoq Arsenistos e Vinadato8


Monazita (Ce,La.Y,Th)PO,
Trifilita LiFePO.
G ~ p da o Apatita
Apatila Ca;(F,CI,OH)(PO.h
Piromorfita PbsCI(PO),).
Mimetita Pb:CI(AsO.),
Vanadinita Pb,CI(VO.h
Ambligonita LiAIFPO.
Lazulita MgAldOHh(P0.).
Escorodita FeAsO.. 2H.O
Wavellita AI,(OH),(PO.),.SH,O
Turquesa CuAI.(PO.).(OH),.2H,O
Autunita Ca(UO,X(PO.h. 10-12H,O
Vivianita Fe<(PO.),.8H,O
Eritrita C%(AsO,)..8H,O
Carnotita K,(UOJ,(VO.),.3HBO

Esta classe mineral, composta na maior parte de fosfatos, é muito


grande, mas a maioria de seus membros sáo tão raros que não pre-
cisam ser mencionados aqui. Dos minerais relacionados, a apatita
é a única que pode ser tida como comum.

Monazita - (Ce,La.Y,Th)PO,

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são raros e,


usualmente, pequenos, achatados, muitas vêzes, segundo {100}, ou
alongados paralelamente ao eixo b do cristal. Usualmente, em massas
granulares, frequentemente, como areia.
Propriedades físicas. Clivagem 1100) má. Partição {001}
D 5-5s. d 5-5,3. Brilho resinoso. Côr: castanho-amarelado a aver-
melhado. Translúcida.
Composição. Um fosfato de metais de terras raras, essencial-
mente (Ce,La,Y,Th)PO.. O tório está presente, podendo chegar a
20 por cento de Th02. Usualmente, a sflica está presente, e tem
existência
sido atribuída ? i da torita, ThSiO,.
Ensaios. Iníusível. Insolúvel no ácido clorídrico. Depois de
h s á o com o carbonato de sódio, dissolver no ácido nítrico e juntar
à s o l u m outra de molibdato de amônio, em excesso; forma-se,. en-
404 MINERALOGIA DESCRITIVA

tão, um precipitado amarelo (ensaio de um fosfato). Decomposta


mediante aquecimento com ácido sulfúrico concentrado; a soluçáo,
depois de diluição com a água e filtracio, dá com o oxalato de amô-
nio um precipitado dos oxalatos das terras raras.
Aspectos diugnósticos. Em esp6cimes grandes, podc distinguir-
se d o zircão pela forma cristalina e dureza inferior, e da titanita pe-
la forma cristalina e densidade relativa mais elevada. Nos espécimes
duvidosos, é bom, usualmente, fazer o ensaio químico d o fosfato.
Ocorrência. A monazita C um mineral comparativamcntc raro
que ocorre d e maneira acessória nos granitos, gnaisses, aplitos e pcg-
matitos, e como grãos rolados nas areias resultantes da decomposição
dessas rochas. Está concentrada nas areias por causa de sua resistência
ao ataque químico, e de sua densidade relativa alta, estando assim,
associada com outros minerais resistentes e pesados, como a magne-
tita, a ilrnenita, o rutilio e o zircão.
A maior parte d o suprimento mundial da monazita proccdc das
praias marítimas nos Estados d o Espírito Santo e-da Bahia, no Brasil,
e das costas da lndia e da Austrália. Próximo de Van Rhynsdorp, na
Província d o Cabo, na Africa d o Sul, explora-se massa, semelhante a
um dique, de monazita maciça, granular. Encontrada, nos Estados
Unidos, no Estado da Carolina d o Norte, tanto no gnaissc como nas
areias dos rios, e nas areias das praias, na Flórida. I

Uso. A monazita é a fonte principal d o óxido de tório, con-


tendo-o em quantidades que variam entre 1 c 20 por cento; a mona-
zita comercial contém, usualmente, entre 3 c 9 por cento dêsse óxido.
O óxido de tório é empregado na fabricacão de camisas destinadas a
luzes produzidas pela incandescência do gás.
O tório é um elemento radioativo e está a receber considerável
atenção como fonte de energia atomica. O isótopo natural d o tório,
Th-232, pode ser convertido, por bombardeio com nêutrons, primeiro
em Th-233 e depois em U-233, um isótopo suscetível de fissão.
Nome. O nome monazifo deriva de uma palavra grega signifi-
cando estar soliiário, em alusão à raridade do mineral.

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. O s cristais são ra-


ros. Comumente, em massas suscetíveis de clivagem. Também com-
pacta.
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 405

Propriedades físicas. Clivagem {O01 } quase perfeita, (010) im-


perfeita. D 4%-5.d 3,42-3,56. Brilho vítreo a resinoso. Côr: cin-
zento-azulado, na trifilita, a róseo do salmão ou castanho do cravo da
fndia, à medida que aumenta a quantidade de manganês. Pode estar
manchada de prêto pelo óxido de manganês. Translúcida.
Composiçüo. Fosfato de Iítio e ferro ferroso, LiFePO,. Com a
substituiçáo do ferro ferroso pelo manganês, estende-se uma série com-
pleta até a litiofilita, LiMnPOI.
Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 2 e 3 da
escala de fusibilidade, produzindo a chama vermelha do Iítio. A tri-
filita torna-se magnética ao ser aquecida na chama redutora. Usual-
mente, algum manganês está presente e, em conseqüência, dá, com o
carbonato de sódio, uma pérola opaca, verde-azulada.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por duas clivagens em
ângulos retos, brilho resinoso e associação.
Ocorrência. A trifilita é um mineral raro que ocorre nos pegma-
titos graniticos, associado com outros fosfatos, espodumênio e berilo.
Localidades dignas de nota de ocorrência da trifilita sáo: Rabenstein,
na Bavária e Finlândia. Encontrada nos Estados Unidos em Hunting-
ton, no Estado de Massachusetts; em Peru, no do Maine; em Graf-
ton, North Grafton e Newport, no de New Hampshire; e em Black
Hills, no de Dakota d o Sul. A litiofilita pode ser encontrada em
Branchville e Portland, no Estado de Connecticut.
Nome. Provém das palavras gregas significando três e uma tri-
bo por conter as três bases: ferro, Iítio e manganês.

GRUPO DA APATITA

APATITA - Ca5(F,CI,0H) ( P 0 4)r

Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal. Comumente, em cristais


de hábito prismático longo; alguns prismáticos curtos ou tabulares.
~erminados,usualmente, por pirâmide de primeira ordem nítida e,
frequentemente, por um plano basal (Figs. 523 e 524). Alguns cris-
tais mostram as faces de uma bipirâmide hexagonal (p, Fig. 525)
que revela a simetria verdadeira. Também em massas, entre maci~as
granulares e compactas.
406 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. Clivagem (0001 } má. D 5 (dificilmente


pode ser riscada pelo canivete). d 3,15-3,20. Brilho vítreo a subre-
sinoso. Côr: usualmente, matizes d o verde ou do castanho; tambim
azul, violeta, incolor. Transparente a translúcida.
Composiçüo. Fluofosfato de cálcio, Ca:F(PO,):,, fluorapatita;
mais raramente, Ca,CI(PO,):,, clorapatita, e Ca,,(OH) (PO,):$, hiílro-
xilapaiiia. O flúor, o cloro e a hidroxila podem substituir-se miitua-
mente, dando séries completas. O CO:, pode substituir o PO,, pro-
duzindo carbonatoapatita. O manganês pode substituir, parcialniente,
o cálcio.

Fig. 523. Fig. 524. Fig. 525.


Apntit;i.

Colofana. O nome colofana foi dado aos tipos de apatita ma-


ciça, criptocristalina que constituem o grosso da rocha fosfatada e
dos ossos tósseis. Os estudos com os raios X mostram que a colofana
é essencialmente apatita, náo fazendo jus a uma designação como unia
espécie independente. E m sua aparhcia física, a colofana é usualmente
densa e maciça, coni uma estrutura em concreçóes ou colofórmicn.
E, de regra, impura e contém pequenas quantidades de carbonato
de cálcio.
Ensaios. Funde-se dificilmente, situando-se entre os números
5 e 5:; na escala de fusibilidade. Solúvel nos ácidos. Quando se junta,
a uma soluçáo diluída de ácido nitrico, uma soluqão de molibdato de
amonio, em grande excesso, produz-se um precipitado amarelo de
fosfomolibdato de amônio.
Aspectos rlia~nústicos. Reconhecida, ordinàriamente, por seus
cristais, sua côr e sua dureza. Distingue-se d o berilo pelas termina-
çOes de seus cristais em forma de pirâmide nítida, e por ser menos
dura que a lâmina de um canivete.
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 407

Ocorrência. A apatita está amplamente disseminada como um


constituinte acessório em todas as classes de rochas ígneas, sedimenta-
res e metamórficas. Encontra-se também no pegmatito e em outros
veios, provàvelmente de origem hidrotennal. Encontrada nas massas
de magnetita titanífera. Ocasionalmente, concentrada em grandes de-
pósitos ou veios, associada com rochas alcalinas.
A apatita ocorre em grandes quantidades ao longo da costa me-
ridional da Noruega. entre Lagnesund e Arendal, onde é encontrada,
em veios e bolsóes, associada com o gahro. Disseminada no miné-
rio de ferro magnetita, em Kiruna, na Suécia. Ocorre em quantidade
comercial no Ontário e em Quebec, no Canadá. Cristais extraordi-
nàriamente belos têm provindo d o Renfrew County, no Ontário. En-
contra-se ali em cristais e massas incluídos na calcita cristalina e em
veios e ninhos irregulares, ao longo do contato d o calcário com as
rochas ígneas.
O maior depósito de apatita do mundo está localizado na pe-
!
nínsula de Kola, próximo de Kirovsky, na Rússia. Encontra-se ali
sob a forma de uma grande lente entre dois tipos de rochas alcalinas.
1 A apatita apresenta-se em agregados granulares, associada intimamen-
II te com a nefelina e a titanita.
A apatita muito bem cristalizada ocorre em várias localidades
d o Tirol; na Suíça e em Jumilla, na Espanha. Nos Estados Unidos,
em Auburn, no Estado d o Maine; em St. Lawrence County, no de
Nova Iorque; em Alexander County, no da Carolina d o Norte, e em
San Diego County, na Califórnia.
A variedade colofana é um constituinte importante da rocha fos-
forito, ou rocha fosfatada. O osso é fosfato de cálcio e grandes mas-
sas de fosforita derivaram da acumulação de restos de animais, assim
como da precipitaçio química ocorrida na água d o mar. Encontram-
se depósitos comerciais de fosforita no norte da França, na Bélgica,
na Espanha, e, especialmente, no norte da Africa, na Tunísia, Argé-
lia e Marrocos. Nos Estados Unidos, existem depósitos de fosfatos
de muito boa qualidade na região ocidental d o Tennessee médio, em
Wyoming e Idaho. Encontram-se depósitos de rochas fosfáticas,
nodulares, por intervalos, ao longo de toda a costa atlântica, desde a
Carolina d o Norte até a Flórida, estando os depósitos principais na
Flórida.
Uso. A apatita cristalizada foi usada amplamente como ferti-
lizante, mas hoje sòmente sáo de importância os depósitos da penín-
sula d e Kola. Os depósitos de fosforita suprem a maioria do fósforo
408 MINERALOGIA DESCRITIVA

empregado como adubo. O f0Sfatb de cálcio é tratado com ácido


sulfúrico e convertido em superfosfato, para torná-lo mais solúvel nos
ácidos diluídos existentes no solo.
As variedades transparentes da apatita, de cor bonita, usam-se,
ocasionalmente, como gemas. O mineral é demasiadamente mole,
contudo, para permitir seu emprêgo amplo para esta finalidade.
Nome. Provém da palavra grega iludir, dado que as varieda-
des da apatita, empregadas como gemas, eram confundidas com
outros minerais.

Piromorfita - P~:,CI(POI):I
Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal. Cristais prismáticos
com plano basal (Fig. 526). Raramente, mostra truncaturas pira-
midais. Muitas vêzes, em formas arredondadas, em barril. Algumas
vêzes, cavernosos, exibindo os cristais a forma d e

11:
prismas &os. Também em grupos paralelos. Fre-
quentemente, globular, reniforme, fibrosa e granu-
lar.
Pro/>riedadesfisicas. D 3%-4.d 6,5-7,l. Bri-
lho resinoso a diamantino. Côr: usualmente, vários
matizes do verde, castanho, amarelo; raramente,
apresenta-se com coloração amarela-alaranjada, cin-
zenta e branca. Subtransparente a translúcida.
Composiçüo. Clorofosfato de chumbo, Pb,,
-
CI(PO,)a. Pb 82,2 C1 2,6 - PIO;, 15,7 por cento.
Fig. 526. O AsO, substitui o PO,, estendendo-se uma série
piromonita. completa até a mimetita. O cálcio pode substituir
parcialmente o chumbo.
Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade.
Com o carbonato de sódio, produz um glóbulo de chumbo. Quando
fundida sòzinha sobre o carvão vegetal, dá um glóbulo que, a o res-
friar-se, aparenta mostrar formas cristalinas. A a d i ~ ã ode algumas
gotas da solução em ácido nítrico à soluçãio de molibdato de amo-
nio produz um precipitado amarelo de fosfomolibdato de amônio.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua forma cristalina,
seu brilho intenso e sua densidade relativa elevada.
Ocorrência. A piromorfita é um mineral supérgeno, encontra-
d o nas porções oxidadas dos veios de chumbo, associado com outros
minerais de chumbo.
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 409

As localidades dignas de mencão por sua ocorrência são: as


minas de chumbo de Poullaouen e Huelgoat, na Bretanha; Erns, em
Nassau; Zschopau, na Saxônia; Pribram, na Boêmia; ~eresovs'k,nos
Montes Urais, e Cumberland e Leadhills, na Escócia. Nos Estados
Unidos, encontra-se em Phoenixville, na Pensilvânia; em Davidson
County, no Estado da Carolina do Norte e em Idaho.
Uso. Um minério de chumbo secundário.
Nome. A denominação piromorfita deriva de duas palavras
gregas significando fogo e forma, em alusão à forma cristalina apa-
rente por ela assumida, em seguida à fusão, ao resfriar-se.

Cristalografia. Hexagonal; bipiramidal. Cristais prismáticos,


mostrando plano basal e pirâmides. Usualmente, em formas arredon-
dadas, configuradas em barril ou em glóbulos. Também em cristais
arredondados e crostas mamilares. Quase idêntica à piromorfita, na
aparência.
Propriedades físicas. D 3%. d 7-7,2. Brilho resinoso e dia-
mantino. Incolor, amarela, alaranjada, castanha. Subtransparente a
translúcida.
Composição. Cloroarseniato de chumbo, P~,CI(ASO,)~.PbO
74,9 - C1 2,4 - As20j 23,2 por cento. O P 0 4 substitui o AsO,, esten-
dendo-se uma série completa até a piromorfita. O cálcio pode subs-
tituir parcialmente o chumbo.
Ensaios. Corresponde ao número 1%na escala de fusibilidade.
Dá glóbulos de chumbo quando fundida com carbonato de sódio
sobre o carvão vegetal. Um fragmento colocado no tubo fechado e
aquecido em contato com uma esquírola de carvão vegetal produz
um depósito de arsênico metálico nas paredes d o tubo.
Aspectos diagnósticos. Difícil de distinguir-se da piromorfita
sem um ensaio químico, ou com o maçarico.
Ocorrência. A mimetita é um mineral supérgeno relativamen-
te raro que ocorre nas porções oxidadas dos veios de chumbo, as-
sociado a outros minerais de chumbo. As localidades dignas oe nota
por sua ocorrência são: Cornwall e Cumberland, na Inglaterra: JO-
hanngeorgenstadt, na Saxônia, e Nerchinsk, na Sibéria. Encontrada
nos Estados Unidos em Phoenixville, na Pensilvânia, e em Eureka,
no Estado de Utah.
410 MINERALOGIA DESCRITIVA

Uso. Um minério de chumbo secundário.


Nome. Provém da palavra grega significando imitador, em
alusão à sua semelhança com a piromorfita.

Vaiiadinita - Pb:CI(VO,):,

Crisralografia. Hexagonal; bipiramidal. Prisma com base.


Pode ter pequenas faces piramidais, raramente a bipirâmide hexago-
nal. Em cristais arredondados; em alguns casos, cavernosos. Tam-
bém em formas globulares. Como incrustaçóes.
Propriedades físicas. D 3. d 6,9. Brilho resinoso a diaman-
tino. C6r: vermelho d o rubi, vermelho-alaranjado, castanho, ama-
relo. Transparente a translúcida.
Composiçüo. Clorovanadato de chumbo, PbjCI(V04)a. PbO
78,7 - C1 2,s - V20j19,4 por cento. O VO, pode ser substituído em
pequenas quantidades pelos PO, e AsO,. Na variedade endlichiia,
intermediária entre a vanadinita e a mimetita, a proporçáo d o V,Oí
para o AslOí é quase 1 : 1.
Ensaio . Corresponde ao número l!: na escala de fusibilida-
de. Sôbre o carvão vegetal, produz, com o carbonato de sódio, um
glóbulo de chumbo. A pérola de sal de fósforo adquire a colora-
ção do ámbar, na chama oxidante (vanádio). A solução diluída de
ácido nítrico produz, com o nitrato de prata, um precipitado branco
de cloreto d e prata.
Aspectos diagnósiicos. Caracterizada pela forma cristalina, pelo
brilho intenso e pela densidade relativa elevada; distingue-se da piro-
morfita e da mimetita por sua cor.
Ocorrência. A vanadinita é um mineral raro de origem secun-
dária, encontrado na porção oxidada dos veios de chumbo, associa-
d o a outros minerais de chumbo. Encontrada em bonitos cristais
perto de Oudjda, no Marrocos, e em Grootfontein, na Africa d o Su-
doeste. Nos Estados Unidos, ocorre em vários distritos dos Estados
de Arizona e d o Nôvo México.
Uso. Fonte de vanádio e minério secundário de chumbo. Ob-
tém-se o vanádio principalmente de outros minérios, como a patro-
niia, uma substância de composição indefinida que se pensou, ante-
riormente, fôsse um sulfêto; o vanadato, carnoiiia, e a mica de vaná-
dio denominada roscoelita. Usa-se o vanádio, principalmente, como
um metal para o endurecimento d o aço. O ácido metavanádico,
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATUS 411

HV03, é um pigmento amarelo, conhecido pelo nome de bronze va-


nádico. O óxido de vanádio é um mordente na tinturaria.

AMBLIGONITA - LiAIFP04
Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Usualmente, em mas-
sas grossas, suscetíveis de clivagem. O s cristais são raros, quase equi-
dimensionais e, comumente malformados, quando grandes.
Propriedades fisicas. Clivagem { 100) perfeita, { 110) boa. D
6. d 3,O-3,l. Brilho vítreo; nacarado sobre a superfície de clivagem
{ 1001. Cor: branco a verde ou azul, pálidos. Translúcida.
Composiçüo. Fluofosfato de lítio e alumínio, LiAIFPO,. Li,O
- -
10,l Al,Os 34,4 - F 12.9 PzOj 47,9 por cento. A hidroxila ( O H )
substitui o flúor, e o sódio, o Iítio. Quando O H > F, o mineral é a
montebrasita.
Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade,
fundindo-se com intumescência e dando uma chama vermelha (Iítio).
Insolúvel nos ácidos. Depois de fusão com o carbonato de sódio e
dissolução no ácido nítrico, a solução misturada a outra de molib-
dato de amônio, em excesso, d á precipitado amarelo (ensaio do
fosfato).
Aspectos diagnósticos. Os fragmentos da clivagem podem ser
confundidos com o feldspato, mas são fusíveis com muito maior fa-
cilidade e produzem uma chama vermelha.
Ocorrência. A ambligonita é um mineral raro, encontrado no
pegmatito granítico com o espodumênio, a turmalina, a lepidolita e
a apatita. Encontrada em Montebras, na França. Nos Estados Uni-
dos, ocorre em Hebron, Paris, Auburn e Peru, no Estado do Maine;
em Pala, na Califórnia e em Black Hills, no Estado de Dakota do
Sul.
Uso. Uma fonte de litio.
Nome. Provém de duas palavras gregas significando obtuso e
ângulo, em alusão ao ângulo entre as clivagens.

LAZULLTA - M~AI,(OH),(POI),

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais mostrando


prismas de quarta ordem inclinados, raros. Usualmente, maciça, gra-
nular a compacta.
412 MINERALOGIA DESCRITIVA
-- ~~ -.

Propriedades físicas. Clivagem indistinta, prismática { 110).


D 5-5%.d 3-3,l. Brilho vítreo. Côr: azul-celeste. Translúcida.
Composiçüo. Um fosfato básico de magnésio e alumínio,
MgAI,(OH)I(P04),. O ferro ferros0 substitui o magnésio e existe
uma série completa entre a lazulita e o membro final do ferro, a
scorzalita.
Ensaios. Não é fusível. Sob a ação do maçarico, incha, perde
sua côr e fragmenta-se. No tubo fechado, embranquece e produz
água. Insolúvel. Depois de fusáo com o carbonato de sódio, uma
solução de ácido nítrico adicionado a outra de molibdato de amônio,
em excesso, dá um precipitado amarelo de fosfomolibdato de amô-
nio.
A.~pectosdiagn6stico.r. Se não existem os cristais, dificilmente
se pode distinguir a lazulita de outros minerais azuis, sem um ensaio
com o maçarico, ou quimico.
Ocorre^ncia. A lazulita é um mineral raro. Encontrada, usual-
mente, nos quartzitos, associada com a cianita, a andaluzita, o corin-
don e o rutilio. As localidades dignas de nota por sua ocorrência
são: Salzburgo, na Áustria; Krieglach, na Estiria, e Horrsjoberg, na
Suécia. Nos Estados Unidos, encontrada com o coríndon, em Crow-
der's Mountain, Gaston County, na Carolina d o Norte; com o rutí-
lio, em Graves Mountain, Lincoln County, na Geórgia, e com a an-
daluzita, em White Mountains, Inyo County, na Califórnia.
Uso. Uma pedra para gemas, secundária.
Nome. A palavra lazulita deriva de outra, árabe, significan-
d o céu, em alusão à côr do mineral. A palavra scorzalita relaciona-
-se com o nome do mineralogista brasileiro, E. P. Scorza.

Escorodita - FeAs04.2H?0
Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Usualmente em
cristais piramidais, assemelhando-se a octaedros; também prismáti-
cos. Cristais em grupos e agregados irregulares. Também terrosa e
compacta.
Propriedades físicas. Clivagem ( 2 0 1 ) imperfeita. D 3 x 4 . d
3,l-3,3. Brilho vítreo a diamantino. Côr: verde-pdlido ao castanho
do fígado. Translúcida.
Composição. Um arseniato férrico hidratado, FeAs0,.2H20.
- -
Fe20:r 34,6 AsiOa 49,8 H 2 0 15,6 por cento. O ferro férrico pode
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 41 3

ser substituído pelo alumínio, estendendo-se provàvelmente, uma série


completa até a mansfieldita, AIAs04.2H,0.
Emaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade.
Toma-se magnética quando aquecida na chama redutora. Aquecida
intensamente com um fragmento de carvão vegetal, no tubo fechado,
produz o espelho do arsênico. Agua no tubo fechado. Solúvel no
ácido clorídrico, dando a reação do ferro férrico.
Aspectos diagnósticos. Inexiste qualquer propriedade notável
para o diagnóstico; todavia, o hábito do cristal, o brilho e o ensaio
do arsênico são, de regra, suficientes para identificar o mineral.
Ocorrência. A escorodita ocorre nas porqões oxidadas dos
veios metálicos como uma alteração dos minerais arseníferos. E de-
positada também por certas fontes quentes. As localidades dignas de
menção por sua ocorrência são: montanhas Adun Chilon, na Sibéria;
Laurium, na Grécia; Lolling, na Caríntia, e Cornwall, na Inglaterra.
Nos Estados Unidos, a escorodita ocorre em várias localidades no
Estado de Nevada, notàvelmente em Eureka, e no distrito de Tintic,
no de Utah; e como depósito de fontes quentes no Yellowstone Na-
tional Park.
Nome. Provém da palavra grega significando alho, em alusão
ao odor obtido pelo aquecimento.

Wavellita - AI3 (OH):, (P0,)2.5H20

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Os cristais são ra-


ros. Usualmente, em agregados globulares e esferolíticos radiados.
Propriedades físicas. Clivagem { 110) e { 101 } boa. D 3x4.
d 2,33. Brilho vítreo. Côr: branco, amarelo, verde e castanho.
Translúcida.
Composição. Um fosfato básico, hidratado, de alumínio,
-
Als(OH)x(P01)?.5H20. AI202 38,O - P?O:, 35,2 H 2 0 26,s por
cento. O flúor pode substituir a oxidrila.
Ensaios. Não é fusível, mas incha pelo aquecimento e se de-
sintegra em partículas finas. Insolúvel. Produz muita água no tubo
fechado. Decomposta pela fusão com carbonato de sódio e dissolvi-
da em ácido nitrico, dá um precipitado amarelo quando à solu$ão se
adiciona outra de molibdato de amônio, em excesso (ensaio do ácido
fosfórico). Quando umedecida com nitrato de cobalto e, em segui-
da, calcinada, cora-se em azul (alumínio).
414 MINERALOGIA DESCRITIVA
-.--

Aspectos diagnósiicos. Caracterizada quase invariàvelmente


pelos agregados globulares radiados.
Ocorrência. A wavellita é um mineral raro, de origem secun-
dária. Frequentemente em pequenas quantidades nas fendas das ro-
chas aluminosas de baixo grau de metamorfismo, e nos depósitos de
limonita e fosforiía. Embora ocorra em muitas localidades, jamais
se encontra em quantidade. Nos Estados Unidos, a wavellita ocorre
em numerosas localidades na Pensilvânia e próximo de Avant, no
Arkansas.
Nome. E m homenagem ao Dr. William Wavel, que descobriu
o mineral.

Turquesa - CuAlc.(PO+)~(OH)82H-O

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Raramente, em cristais


minúsculos, ordinàriamente, criptocristalina. Maciça compacta, reni-
forme, estalactítica. Em camadas delgadas, incrustações e grãos dis-
seminados.
Propriedades físicas. D 6. d 2,6-2,8. Brilho parecido com o
da cêra. Côr: azul, verde-azulado, verde. Transmite a luz em seçóes
delgadas.
Coniposiçüo. Um fosfato básico, hidratado, dc alumínio, CuAI,,
( P O I ) , ( O H ) ~ . 2 H 2 O , O ferro férrico pode substituir o alumínio, I
existindo uma série completa entre a turquesa e a calcossiderita, em
que o ferro excede o alumínio.
Ensaios. Não é fusível. Quando umedecida com ácido clo-
rídrico e aquecida dá a chama azul d o cloreto d e cobre. Solúvel no
ácido clorídrico depois da calcinação. A solução dá um precipita-
d o amarelo com um excesso de solução de molibdato de amônio
(ensaio do fosfato). Produz uma chama verde passageira. No tubo
fechado, torna-se escura e produz água.
Aspectos diqendsticos. A turquesa pode ser reconhecida, fà-
cilmente, por sua côr. E mais dura do que a crisocola, o único mi-
neral comum com que se assemelha.
Ocorrência. A turquesa é um mineral de.origem secundária,
encontrado usualmente sob a forma de pequenos veios e c o r d k s
atravessando as rochas vulcânicas mais ou menos decompostas. Os
famosos depósitos da Pérsia encontram-se no traquito, próximo de
Nishâpur, na província de Khorasan. Nos Estados Unidos, encon-
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 415

tra-se a turquesa em uma rocha traquitica muito alterada em Los


Cerillos Mountains, perto de Santa Fé, e alhures no Estado d o Nôvo
México. Tem-se encontrado a turquesa também no Arizona, Ne-
vada e Califórnia.
U s o . Como pedra preciosa. Lapidada sempre em formas ar-
redondadas ou ovais. Muitas turquesas apresentam vênulas dos
vários materiais d a ganga, sendo lapidadas e vendidas sob o nome
de matriz da turquesa.
Nome. A palavra turquesa provim do francês e significa turco,
dado que as pedras chegadas, por primeiro, à Europa, vieram da
localidade persa através da Turquia.

Autunita - Ca(UOi)?( P 0 4 ) ? - 10-12H?O


Cristalografia. Tetragonal; ditetragonal-bipiramidal. Os cris-
tais são tabulares, paralelamente a {OOl}; são comuns os crescimen-
tos subparalelos; também em agregados laminados e escaniosos.
Propriedades físicas. Clivagem { 0 0 1 } perfeita. D 2-2:;. d 3.1-
-3,2. Brilho vítreo, nacarado sôbre {OOl}. Côr: amarelo do limão
a verde-pálido. Traqo amarelo. Na luz ultravioleta, fluorescc forte-
mente, emitindo luz verde-amarelada.
Conrpos;~Úo. Um fosfato liidratado de cilcio c urânio, Ca
(UOi)2(POI)2.10 - 12H20. O cálcio pode ser substituído por peque-
nas quantidades d e bário e manganês. Aquecida ligeiramente, a au-
tunita passa, reversivelmente, a meta-autunita I, com 6% - 2!i H1O;
aquecida a cêrca de 80°C, a autunita passa, irreversivelmente, a meru-
-arrtunita I I , com O - 6 H 2 0 .
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números 2
e 3. Solúvel nos ácidos. Uma pérola de carbonato de sódio, com tor-
bernita dissolvida, fluoresce na luz ultravioleta.
Aspectos diagnósticos. A autunita caracteriza-se pelas placas
tetragonais verde-amarelas e pela forte fluorescência na luz ultravio-
leta.
Ocorrência. A autunita é um mineral secundário, encontrado
principalmente na zona de oxidaçio e intemperismo, derivado da al-
teração da uraninita ou de outros minerais de urânio. Localidades
notáveis por sua ocorrência sáo: nas proximidades de Auton, na Fran-
$a; Sabugal e Vizeu, em Portugal; ~ohanngeorgen~tadt e Falkenstein,
na Alemanha; CornwaU, na Inglaterra; e distrito de Katanga, no Con-
go Belga. Nos Estados Unidos. encontra-se a autunita em muitos
416 MINERALOGIA DESCRITIVA

pegmatitos, notàvelmente na mina Ruggles, Grafton Center, no Es-


tado de New Hampshire; em Black Hills, no de Dakota do Sul; em
Spruce Pine, Mitchell County, no da Carolina do Norte. Os espéci-
mes mais belos têm provindo da mina Daybreak, Spokane County, no
Estado de Washington.
Uso. Um minério de urânio (ver uraninita, página 322).
Nome. Provém de Autun, na França.
Espéciessemelhantes. A torbernita, C U ( U O ~ ) ~ ( P O -, )12H20,
~.~
é isoestmtural com a autunita, mas não existe evidência de uma série
de solução sólida. Côr verde, não-fluorescente. Associada com a
autunita.

Vivianita - Fe:,(P04)2.8Hs0
Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos,
estriados verticalmente; muitas vêzes, em grupos radiados. Também
nodular e terrosa.
Propriedades físicas. Clivagem {010) perfeita. D 1:;-2. d 2.58-
-2,68. Brilho vítreo; nacarado sôbre a superfície de clivagem. Inco-
lor quando inalterada; azul a verde quando alterada. Transparente,
tornando-se translúcida quando exposta ao ar.
Composição. Fosfato de ferro hidratado, Fe:,(P0,)~.8H20.
-
FeO 43,O P206 28,3 - HzO 28,7 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número 2 da escala de fusibilidade,
dando um glóbulo magnético. A solução em ácido nítrico, adiciona-
da a uma solução de molibdato de amônio, em excesso, dá um preci-
pitado amarelo (ensaio do fosfato). Agua no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Usualmente, alterada, sendo caracteriza-
da neste estado pela côr azul a verde. As lâminas de clivagem s i o
flexíveis.
Ocorrência. A vivianita é um mineral raro de origem secun-
dária, associado com a pirrotita e pirita nos filóes de cobre e estanho,
e forma-se, como produto de intemperismo, a partir dos fosfatos pri-
mários de manganês e ferro, nos pegmatitos. Encontrada também nas
camadas de argila; pode estar associada com a limonita; muitas vêzes,
em cavidades de fósseis.
Nome. Em honra do mineralogista inglês, do séc. XVIII, J .
G . Vivian, descobridor do mineral.
Espécies semelhantes. A variscira, AI(P04).2H20, é um mi-
neral maciço, verde-azulado, assemelhando-se em algo à turquesa.
FOSFATOS, ARSENIATOS E VANADATOS 417

Tem sido encontrado em nódulos em um grande depósito, em Fair-


field, no Estado de Utah.

Eritrita - Co,(AsOds.gHsO
Flôres do Cobalio

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos,


estriados verticalmente. Usualmente, como crostas, nas configura-
qões globular e reniforme. Também pulverulenta e terrosa.
Popriedades físicas. Clivagem (010) perfeita. D 1!&23;. d 3,06.
Brilho adamantino a vítreo, nacarado na superfície de clivagem. Cor:
carmesim a róseo. Translúcida.
Composição. Arseniato de cobalto hidratado, C O ~ ( A S O , ) ~ .
-
.8H?O. COO 37,s - As205 38.4 H 2 0 24,l por cento. O níquel substi-
tui o cobalto, formando uma série completa ate a annabergita, Ni3
(AsOl)2.8H?O. A annabergita, ou flores do níquel, é de côr verde-
-claro.
Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade,
produzindo uma pérola cinzenta. Confere côr azul intensa i3 pérola
de bórax (cobalto). Quando aquecida sôbre o carvão vegetal, pro-
duz odor anenical. Solúvel no ácido clorídrico, dando solução ver-
melha.
Aspectos diagn6sticos. A associação da eritrita com outros mi-
nerais de cobalto e sua côr rósea são, usualmente, suficientes para
distingui-la de todos os outros minerais.
Ocorrência. A eritrita é um mineral raro, secundário, que
ocorre como um produto de alteração dos asenietos de cobalto. Ra-
ramente, está presente em grandes quantidades, e usualmente aparece
sob a forma de crostas ou agregados finos, preenchendo rachaduras.
As localidades dignas de menção por sua ocorrência estão em Schne-
eberg, na Saxônia, e Cobalt, em Ontário.
Uso. Embora a eritrita não tenha importância econômica, o
explorador a emprega como guia em relação a outros minerais de
cobalto, e à prata nativa, associada a ela.
Nome. Provém da palavra grega significando vermelho.

Carnotita - K?(UOo)2(V0,)?.3H20
Cristalografia. Ortorrômbico. S6 raramente, em cristais mi-
croscópicos, imperfeitos, achatados segundo (001). Usualmente, en-
41 8 MINERALOGIA DESCRITIVA

contrada como um pó, ou como agregados de coesão frouxa; disse-


minada.
Propriedades físicas. Clivagem ( 0 0 1 ) basal, perfeita. A den-
sidade relativa não foi medida, mas calculada em 5,03. Brilho opaco
a terroso. Côr: amarelo brilhante a amarelo-esverdeado.
Composição. Um vanadato básico, hidratado de potássio e
urânio, Kz(U0,),(V0,),.3H,0. O conteúdo de água varia com a
umidade nas temperaturas ordinárias; as três moléculas de água são
d o material completamente hidratado. Têm sido referidas pequenas
quantidades de cálcio, bário, magnésio, ferro e sódio.
Ensaios. Não é fusível. Solúvel nos ácidos. Uma pérola de
carbonato de sódio com carnotita dissolvida fluoresce na luz ultra-
violeta (ensaio d o urânio).
Aspecfos diagnósticos. A carnotita é caracterizada por sua cor
amarela, sua natureza pulverulenta e sua ocorrência. Diferentemen-
te de muitos minerais secundários de urânio, a carnotita não é fluo-
rescente.
Ocorrência. A carnotita é de origem secundária,' sendo sua
formação atribuída, usualmente, à ação das águas meteóricas sobre
os minerais preexistentes de urânio e vanádio. Tem forte poder de
pigmentação e, quando está presente em um arenito, em quantidades
mesmo inferiores a 1 por cento, conferirá à rocha uma coloração
amarela. Encontra-se principalmente na região do planalto d o sudo-
este d o Colorado e nos distrito d o Estado de Utah adjacentes, onde
ocorre, disseminada, em um arenito de camadas cruzadas. Encon- '

tram-se concentrações de carnotita relativamente pura em tôrno de


troncos de árvores petrificadas.
U s o . A canotita é um minério de vanádio e, nos Estados Uni-
dos, uma fonte principal de urânio.
Nome. E m homenagem a Marie-Adolphe Carnot ( 1839-
-1920), especialista francês em engenharia de minas e em química.
Espécies semelhantes. A fyuyamunifa, Ca(U02)2(V04)2
.3H,O, é o análogo de cálcio da carnotita e semelhante nas proprie-
dades físicas, com exceçáo d o colorido ligeiramente mais esverdeado
e da fluorescência verde-amarela. Encontra-se em quase todos os
depósitos de carnotita. Seu nome provém de Tyuya Muyum, no
Turquestão d o Sudeste, Rússia, onde é explorado como minério de
urânio.
TUNGSTATOS E MOLIBDATOS 419

M. TUNGSTATOS E MOLIBDATOS

Os íons hexavalentes d o tungstênio e do molibdeno (Raio iôni-


co de ambos = 0.62 A) são consideràvelmente maiores do que os
d o enxofre hexavalente e os d o fósforo pentavalente. Em conse-
quéncia, quando êstes íons entram em grupos iônicos anisodésmicos
com o oxigênio, os quatro íons coordenados de oxigênio não ocupam
os vértices dos tetraedros regulares, como ocorre nos sulfatos e nos
fosfatos, mas formam um agrupamento algo achatado de contorno
quadrado. Embora o W 184 tenha um pêso atômico muito maior
do que o Mo 96, ambos pertencem à mesma família da tabela pe-
riódica e, por causa da contração lantânida, têm os mesmos raios
iGnicos. Como resultado disto, cada um pode substituir livremente o
outro na qualidade d e cation coordenador nos agrupamentos de oxi-
gSnio, tetraédricos, arqueados. Na Natureza, todavia, o funciona-
mento dos processos de diferenciação geoquímica separa, muitas
vêzes, êstes elementos, talvez por causa de seus pesps atômicos muito
diferentes, e não é raro encontrar tungstatos primários quase inteira-
mente isentos de molibdeno e vice-versa. Nos minerais secundários,
os dois elementos estão associados mais comumente, em relaçóes de
solução sólida, um com o outro.
Os minerais desta classe química distribuem-se em dois gmpos
isoestruturais principais. O grupo da wolframita consiste em peque-
nos catíons bivalentes, como o ferro, manganês, magnésio, níquel e
cobalto, em coordenação 6 com os íons tungstato. Observa-se nos
minerais solução sólida completa entre o ferro ferros0 e o manganês
bivalente.
O grupo da scheelita contém compostos de íons bivalentes maio-
res, como o cálcio e o chumbo, em coordenação 8 com os íons tungs-
tato e molibdato. O tungstênio e o molibdeno podem substituir-se
mùtuamente, formando séries parciais entre a scheeiita, CaWO,, e a
powellita, CaMoO,; e entre a stolzita, PbWO, e a wulfenita, PbMoO,.
A substituição entre si d o cálcio e d o chumbo forma série parcial
entre a scheelita e a stolzita e entre a powellita e a wulfenita.

Wolframita (Fe,Mn)WO.
Schcelita CaWO.
Wulfenita PbMaO.
420 MINERALOGIA DESCRITIVA

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são, de or-


dinário, tabulares, paralelamente ao pinacóide frontal (Fig. 5271,
dando formas laminadas. Zona (001 }, estriada verticalmente. Em
formas laminadas, Iamelares ou colunares. Maciça granular.

0
Propriedades físicas. Clivagem {010} perfeita. D 4 - 4 . d 7,0-
-7!4 tanto mais alta quanto mais elevado o conteúdo em ferro. Brilho
metálico a resinoso. Côr: prêto na ferverita
a castanho na huebnerita. Traço indo do qua-
se-prêto ao castanho.
ComposiçZo. Um tungstato ferroso e
manganoso (Fe,Mn)WOa. O ferro ferroso e
o manganês bivalente substituem-se mùtua-
mente em tôdas as proporções, existindo uma
série completa de solução sólida entre a fer-
Fig. 527. Wolframita. berita, FeWO,, e a huebnerita, MnWO*. A
percentagem de W 0 3 é de 76,3, na ferberita,
e 76,6, na huebnerita.
Ensaios. Situada entre os números 3 e 4 da escala de fusibi-
lidade, produzindo um glóbulo magnético. Insolúvel nos ácidos.
Fundida com o carbonato de sódio, dissolve-se no ácido clorídrico;
juntando-se estanho e fervendo-se a solução, dá uma côr azul (tungs-
tênio). Na chama oxidante, com carbonato de sódio, produz uma
pérola verde-azulada (manganês).
Aspectos diagnósticos. A côr escura, uma direção de clivagem
perfeita e a densidade relativa elevada servem para distinguir a wol-
framita dos outros minerais.
Ocorrência. A wolframita é um mineral comparativamente raro,
encontrado usualmente em diques pegmatíticos e filóes de quartzo
de alta temperatura, associado com granitos. Mais raramente, em
veios de sulfetos. Os minerais comumentes associados incluem a cas-
siterita, scheelita, bismuto, quartzo, pirita, galena, esfalerita e arse-
nopirita. Em alguns filóes, a wolframita pode ser o único mineral
metálico presente.
Encontrada em bonitos cristais em Schlaggenwald e Zinnwald,
na Boêmia, e nos vários distritos de estanho da Saxônia e Cornwall.
Ocorrem depósitos importantes na China, Birmânia, Nova Gales do
Sul e Bolívia. Quase metade d o suprimento mundial de tungstênio
procede, como wolframita, da China. Nos Estados Unidos, a wolfra-
TUNGSTATOS E MOLIBDATOS 42 1

mita ocorre em Black Hills, n o Estado de Dakota d o Sul. A ferbe-


rita tem sido explorada amplamente em Boulder County, no Colora-
do. Encontra-se a huebnerita próximo de Silverton, no Colorado, em
Mammoth, no Estado d e Nevada; e em Black Hills, no de Dakota
d o Sul.
Uso. E o principal minério de tungstênio. Usa-se o tungstênio
como metal de endurecimento na manufatura de aço de ferramenta
de alta velocidade, válvulas, molas, formões, limas etc. Seu ponto
de fusão elevado (3.410°C) exige um processo químico especial de
redução d o metal, produzido sob a forma de um pó. Mediante a me-
talurgia d o pó, fabricam-se produtos de metal puro, como os fila-
mentos de lâmpadas. O tungstênio é empregado largamente na ma-
nufatura dos carhetos, mais duros d o que quaisquer ahrasivos natu-
rais, e usados em ferramentas de corte, brocas e p q a s de moldagem.
O tungstato d e sódio emprega-se para tornar incombustíveis os teci-
dos, e como mordente em tinturaria.
Nome. A palavra wolframita deriva de uma antiga palavra
de origem germânica.

SCHEELITA - c a W 0 1

Cristalografia. Tetragonal; bipiramidal. Os cristais são, de or-


dinário, bipirâmides simples de primeira ordem. A bipirâmide de
segunda ordem parece-se muito com o octaedro, nos ângulos (Fig.
528). As faces d a bipirâmide tetragonal são pequenas e raras. Tam-
bém maciça granular.
Propriedades físicas. Clivagem {O11). D 42-5. d 5,9-6.1 (ex-
traordinàriamente alta para um mineral com brilho não-metálico).
Brilho vítreo a adamantino. Cor: branco, ama-

@
relo, verde, castanho. Translúcida; alguns espé-
cimes são transparentes. A maior parte das sche-
elitas fluorescem.
Composi~ão. Tungstato de cálcio, CaW04.
CaO 19,4 - W 0 3 80,6 por cento. Usualmente, o
molibdeno está presente, substituindo parcial-
mente o tungstênio. Fiz. 552. Scheelitn.
Ensaios. Fusível dificilmente ( 5 ) . Decom-
posta mediante fervura no ácido clorídrico, deixando um resíduo
amarelo de óxido tungstênico que, quando se junta estanho à s o l u ~ á c
422 MINERALOGIA DESCRITIVA

e se prossegue na fervura, torna-se, a princípio, azul e, depois, cas-


tanho.
Arpectos dia~nósficos. Reconhece-se a scheelita por sua ele-
vada densidade relativa e sua forma cristalina. O ensaio d o tungs-
tênio pode ser necessário para.a identificação.
Ocorréncia. Encontra-se a scheelita nos pegmatitos graníticos,
nos depósitos metamórficos de contato e nos filóes de minérios de
alta temperatura que estão associados coni rochas graniticas. Asso-
ciada com a cassiterita, topázio, fluorita, apatita, molibdenita e wol-
framita. E m certos lugares, é encontrada com o ouro. Ocorre em
conexão com os depósitos de estanho da Boemia, Saxônia e Cornwall;
c em quantidade na Nova Gales d o Sul e em Queensland. Nos Es-
tados Unidos, a scheelita é explorada próximo de Mill City e Mina,
no Estado de Nevada; perto de Atólia, San Bernardino County, na
Califórnia; e em menores quantidades nos Estados de Arizona, Utah
e Colorado.
Uso. Um minério de tungsténio. A wolframita fornece a maior
parte d o suprimento mundial de tungstSnio, mas, nos Estados Uni-
dos, a scheelita é mais importante.
Nome. Em homenagem a K . W. Scheele, o descobridor d o
tungstênio.

WULFENITA - PbMoOl
Cristalografia. Tetragonal; piramidal. Os cristais são, usual-
mente, quadrados, de hábitos tabular, com base bem desenvolvida
(Fig. 529). Alguns cristais, muito delgados. As arestas das bases

Wulfenita.

são biseladas com faces de pirâmide achatada de segunda ordem (Fig.


530). Mais raramente, hábito piramidal. Também maciça, com
grânulos entre grossos e finos.
SILICATOS 423

Propriedades fisicas. D 3. d 6 , 8 I . Brilho vítreo a adaman-


tino. Côr: amarelo, alaranjado, vermelho, cinzento e branco. Traqo
branco. Transparente a translúcida.
Composição. Molibdato de chumbo, PbMoO,. PbO 60,8 M o o I -
39,2 por cento. O cálcio pode substitiiir parcialmente o chumbo.
Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade.
Quando fundida com carbonato de sódio sôbre o carvão vegetal, pro-
duz um glóbulo de chumbo. Com sal de fósforo, na chama reduto-
ra, dá pérola verde; na chama oxidante, é verde-amarelada, a quente,
tornando-se quase incolor, a frio.
Aspectos diagnósticos. A wulfenita é caracterizada por seus
cristais tabulares, a cor indo do alaranjado ao amarelo, brilho inten-
so e associação com outros minerais d e chumbo. Distingue-se da cro-
coíta pelo ensaio d o molibdeno.
Ocorrência. Encontra-se a wulfenita na porção oxidada dos
filóes de chumbo, com outros minerais de chumbo secundários, espe-
cialmente, a vanadinita e a piromorfita. Encontrada, nos Estados
Unidos, em Phoenixville, na Pensilvânia, e em numerosas localidades
nos Estados de Utah, Nevada, Arizona e Nôvo México. Encontrada
em bonitos cristais em Red Cloud, no Estado de Arizona.
Uso. Uma fonte de menor importância d o molibdeno. O prin-
cipal minério é a molibdenita.
Nome. E m homenagem a X . F. Wulfen, mineralogista aus-
tríaco.

N. SILICATOS
A classe mineral dos silicatos é de maior importância do que
qualquer outra, pois cêrca de 25 por cento dos minerais conhecidos
e quase 40 por cento dos comuns são silicatos. Com algumas exce-
ções de menor significação, todos os minerais que formam as rochas
ígneas sáo silicatos, constituindo, assim, bem mais de 90 por cento
da crosta terrestre.
De cada 100 átomos na crosta terrestre, mais de 60 são de oxi-
gênio, acima de 20, de silício, e de 6 a 7, de alumínio. Uns dois
átomos mais correspondem a cada um dos elementos: ferro, cálcio,
424 MINERALOGIA DESCRITIVA

magnésio, sódio e potássio. Com a possível exceção do titânio, todos


os outros elementos são volumètricamente insignificantes na arquite-
tura da crosta terrestre. Dado que nossa abordagem quanto à natu-
reza dos minerais, neste livro, é estrutural, de preferência a ser este-
quiométrica, é inteiramente adequado que pensemos dos constituin-
tes da crosta em têrmos do espaço que ocupam antes que de suas
percentagens em pêso. Dêste modo, somos levados a imaginar a
crosta como uma armação de íons de oxigênio ligados, em configura-
ções de maior ou menor complexidade, pelos íons pequenos, alta-
mente carregados, de silício e de alumínio. Os interstícios desta es-
trutura, mais ou menos contínua de oxigênio-silício e alumínio estão
ocupados pelos íons de magnésio, ferro, cálcio, sódio e potássio em
estados de coordenação adequados a seus raios individuais. Esta sim-
plificação surpreendente da composição da crosta terrestre resulta da
consideração das proporções atômicm antes que do pêso por cento,
que é a forma sob a qual a composição das rochas e dos minerais é,
usualmente, mencionada.
Mostra-se, assim, que os minerais dominantes da crosta são os
silicatos e os óxidos, cujas propriedades dependem das condições de
origem, físicas e químicas. Cada um dos diferentes conjuntos de mi-
nerais silicatados, que caracterizam as rochas ígneas, sedimentares e
metamórficas, os filões de minérios, os pegmatitos, as rochas intem-
perizadas e os solos, conta algo do ambiente em que se formou. Se
as rochas são as páginas d o livro da história geológica, os minerais
são os caracteres com os quais o livro foi impresso e, sòmente com
uma compreensão dêles e de suas estruturas, o documento pode ser
lido.
Temos ademais uma razão profunda que nos obriga a estudar os
silicatos. O solo do qual retiramos, em última instância, nossos ali-
mentos é constituído, em grande parte, de silicatos. O tijolo, a pedra,
o concreto e o vidro utilizados na construção de nossas casas ou são
silicatos, ou derivam dêles, amplamente. Os silicatos são os mate-
riais cerâmicos da maior importância e contribuem em grande nú-
mero de modos para nossa cultura e padrão de vida. Mesmo com a
vinda da era espacial, não devemos recear que nossos estudos sôbre
os silica!os se tornem obsoletos mas sim que ampliarão seu escopo,
pois temos muitas razões para acreditar que a Lua e todos os pla-
nêtas de nosso sistema solar possuem crostas rochosas constituídas
de silicato e de óxidos muito semelhantes aos da Terra.
SILICATOS 423

A relação do raio do íon silício tetra-


valente (Rad. 0,42 h) para o do íon oxi-
gênio (Rad. 1,32 A) é de 0,318. Esta re-
lação dos raios indica que a coordenação 4
será o estado estável dos agrupamentos si-
lício-oxigênio. A unidade fundamental sô-
bre a qual se baseia a estrutura de todos os
silicatos consiste em 4 íons de oxigênio nos
vértices de um tetraedro regular rodeando
o íon de silício tetravalente e coordenados
por êste (Fig. 531): A poderosa ligação
que une os íons de oxigênio e silício é, lite.
ralmente, o cimento que mantém unida a
crosta da Terra. Esta ligação pode ser es-
timada mediante o uso do conceito de ele-
tronegatividade de Panling (página 200),
como sendo 5 0 por cento iônica e 50 por ~ i 531.
~ . '!ctrnedros
cento covalente. Isto é, embora a ligação se do SiO..
origine em parte da atração de unidades iô-
nicas providas de cargas opostas, ela implica .também a participação
de eléctrons e a interpenetração das superestruturas eletrônicas dos
íons envolvidos. A ligação está localizada nas vizinhanças dêstes eléc-
trons compartilhados.
Embora a participação eletrônica esteja presente na ligação si-
lício-oxigênio, a energia total de ligação do íon silício está ainda
distribuída igualmente entre seus quatro vizinhos oxigênios mais pró-
ximos. Em conseqüência, a fôrça de qualquer ligação silício-oxigênio
isolada é a metade exata da energia total de ligação disponível no
íon de oxigênio. Cada íon de oxigênio tem, portanto, a potenciali-
dade de ligar-se com outro íon de silício e de entrar em outro agru-
pamento tetraédrico, unindo, assim, os grupos tetracdricos através do
oxigênio compartilhado. Esta participaçso pode envolver um, dois,
três ou todos os quatro íons de oxigênio no tetraedro, dando origem
a uma diversidade de configurasóes estruturais. Em nenhum caso,
todavia, na natureza, três ou mesmo dois oxigsnios sáo compartilha-
dos entre dois tetraedros adjacentes. Esta participafzo colocaria
dois íons de silício com cargas elevadas, positivas muito próximos um
do outro e a repulsão mútua tornaria a estrutura instável. A partici-
pação de um oxigênio entre dois tetraedros adjacentes quaisquer pode,
se todos os quatro oxigênios são compartilhados assim, originar estru-
turas de um grau de coesão muito elevado, como o da estrutura d o
426 MINERALOGIA DESCRITIVA

quartzo. A esta ligação de tetraedros pela participação dos oxigênios


podemos dar o nome de polimerizhçáo, tomando êste têrmo por em-
préstimo A química orgânica, e a capacidade de polimerização é a
origem da grande variedade das estruturas dos silicatos.
Existe uma relação simples e altamente significativa entre as
condiçóes de origem dos silicatos e o grau de polimerização. Todas
as outras coisas sendo iguais, quanto mais alta a temperatura de for-
mação, tanto mais baixo o grau de polimerizapio e vice-versa. Esta
relação está sujeita ao efeito perturbador de um grande número de
fatores externos, sendo os principais, entre êles, a pressão e a concen-
tração química. Dentro de massa geológica única, tal como a de uma
rocha ígnea em cristalização, a generalização parece ser apoiada pela
observação. Notou-se, desde há muito, que os silicatos nas rochas
ígneas exibem uma sequência de cristalização razoàvelmente regular,
que pode ser vaticinada, começando com a olivina e progredindo atra-
vés do piroxênio até o anfibólio e, daí, até as micas. Embora o felds-
pato rico em ctálcio possa aparecer mui precocemente na sequência
da cristalização, o feldspato rico em álcalis e o quartzo são geral-
mente muito tardios. N. L. Bowenl e seus associados, no Labora-
tório de Geofísica, em Washington, D . C., durante quase meio sé-
culo de estudos do equilíbrio de fase dos silicatos, observaram uma
sequência muito semelhante de aparecimento dos silicatos, com a
redução da temperatura. Esta sequência está na ordem da polimeri;
zação crescente dos tetraedros dos silicatos.
Em seguida ao oxigênio e ao silício, o constituinte mais impor-
tante da crosta é o alumínio. O alumínio é trivalente e tem um raio
iônico de 0,51 A. Donde a relação de seu raio para o do oxigênio
ser 0,386, correspondendo a um número de coordenafão normal com
o oxigênio, de 4. Todavia, a relação de saios está suficientemente
próxima do limite superior da coordenação 4, de modo que é tam-
bém possível a coordenação 6 e quase tão estável quanto a 4. E esta
capacidade de desempenhar um duplo papel nos silicatos que dá ao
alumínio sua significação notável na cristaloquímica dos silicatos.
Quando o alumínio coordena quatro oxigênios, arranjados nos vérti-
ces de um tetraedro regular, o agrupamento resultante ocupa o mes-
mo espaço que um tetaedro oxigênio-silício e pode unir-se com te-
traedro de silício em agrupamentos polimerizados. Por outro lado,
o alumínio em coordenação 6 pode servir para unir os agrupamentos
ZN. L. Bovcn. Thr rvolutlon o1 rhr I p n r o u roclu. Princetoa Univenity Prcsr.
Pifnoetm, N. Y.. 1928. (Rcimprerso em 1956 por Dovcr Publieationr. Nea York.)
ietraedricos mediante simples ligações iônicas, muito mais fracas do
que as que unem os íons nos tetraedros. B, assim, possível ter o
alumínio, nas estruturas dos silicatos, tanto nas posições tetraédricas,
substituindo o silício, quanto nas posições octaédricas em coordena-
ção 6, envolvido em relações de solução sólida com o magnésio e o
ferro bivalente e trivalente.
O magnésio, o ferro bivalente, o ferro trivalente, o manganês
bivalente, o alumínio e o titânio tetravalente, todos tendem a ocorrer
nas estruturas dos silicatos, em coordenação 6 com respeito ao oxi-
gênio. Embora estejam incluídos aqui íons bi-, tri-, tetravalentes,
todos têm aproximadamente as mesmas exigências de espaço e, mais
ou menos, a mesma relação de raios para com o oxigênio e, por con-'
seguinte, tendem a ocupar o mesmo tipo de posição atômica. Dado
que uma das regras, que não podem ser violadas, das estruturas cris-
talinas 6 a da neutralidade elétrica, as relaçóes de solução sólida entre
os íons de valência tão diversa introduzem um problema de com-
pensação elétrica. Assim, se um catíon trivalente substitui outro te-
travalente, como, por exemplo, o ferro férrico indo para a posição do
titgnio, ganhando-se, com isso, uma carga positiva, então, outra subs-
tituição tem de ser feita em algum outro lugar do cristal, na qual
se perca uma carga positiva ou se ganhe uma negativa.
Os eatíons maiores e de carga mais fraca, a saber, o cálcio e o
sódio, possuindo raios iônicos de 0,99 A e 0,97 A, respectivamente,
entram, geralmente nas posições tendo coordenação 8, ou cúbica, em
relação ao oxigênio. E. óbvio, tambem, que a substituição do cálcio
bivalente pelo sódio monovalente cria um problema de desequilíbrio
que deve ser resolvido mediante uma substituição concomitante, alhu-
res, na estrutura. Se, por exemplo, cada vez que um íon silício subs-
tituir um íon alumínio em uma posição tetraédrica, resultando na
perda de uma carga positiva, ocorrer a substituição de um íon sódio
por um íon cálcio, em uma posição 8, o equilíbrio elétnco será man-
tido. E justamente por êste mecanismo que a neutralidade elétrica é
conservada nos feldspatos de cálcio e s a i o , o grupo da escapolita, e
outros grupos nos quais o sódio e o cálcio se substituem, livremente,
entre si.
Os íons maiores, comuns, nas estruturas dos silicatos são os do
potássio, mbídio, bário e dos álcalis e terras alcalinas mais raros.
Estes íons não entram fàcilmente nas posições sódio-cálcio e são
achatados nas posições de número de coordenação mais elevado, de
tipo único. Por conseguinte, as relações de solução sólida entre êstes
428 MINERALOGIA DESCRITIVA

íons e os íons comuns são limitadas e, geralmente, confinadas a cris-


talizasão em temperatura elevada, na qual a solusão sólida é favo-
recida.

Coodenafio dos Elementm Imporlantes nos Siliratos

Número de Raio iônico


Coordenação ton OL)

Y 6 AI'"
6 Fe"'
6 Mg"
6 Tif4
6 Fe"
6 Mn"

X R Na'
8 Ca"

X 8-12 K'
8-12 Ba"
8-12 Rb'

A substituição iônica é geralmente comum e ampla entre os ele-


mentos cujos símbolos se situam entre um par de linhas horizontais,
na tabela da página 430, mas é rara e difícil entre os elementos
separados por uma linha horizontal. Esta generalização do papel
desempenhado pelos elementos mais comuns, na estrutura dos silica-
tos, nos permite escrever uma fórmula geral para todos os silicatos:

na qual X representa os íons grandes, de carga fraca em coordena-


são 8, ou mais elevada, com o oxigênio; Y, os íons de tamanho mé-
dio, bi- a tetravalentes, em coordenação 6; Z, os íons pequenos, de
carga elevada, em coordenação tetraédnca; O é o oxigênio; e W re-
presenta os. grupos aniônicos tais como a (OH), ou os aníons C1;
F etc. A relação p:q depende do grau de polimenzação da estru-
tura do silicato e os subíndices das outras variáveis, a saber, m,n,r,
SILICATOS 429

dependem da condição de neutralidade elétrica. Qualquer silicato


comum pode ser expresso mediante substituição adequada nesta fór-
mula geral.
Dependendo do grau de polimerização e da amplitude da par-
ticipação do oxigênio entre os tetraedros, a .estrutura dos silicatos
pode consistir em tetraedros independentes, em grupos tetraédricos
múltiplos, independentes, cadeias, cadeias duplas ou faixas, folhas, ou
armações tridimensionais. A estrutura do silicato rege a relação p : q
na fórmula geral, a proporção estequiométrica dos óxidos e, em larga
escala, as propriedades físicas e a estabilidade química do mineral.
Por conseguinte, é adequado que êste critério deva ser usado como
base de uma classificação dos silicatos.
Até 1930, as análises dos silicatos eram interpretadas, e suas
fórmulas escritas, geralmente, em têrmos de um número hipotético de
oxiácidos d o silício. Assim, a olivina, Mg,SiO,, era denominada um
"ortossiiicato" e considerada como sendo um sal do ácido ortossilí-
cico, H,SiO,; a enstatita, MgSi03, chamava-se um "metassilicato",
sendo considerada como um sal do ácido matassilícico, H,Si03. Em
alguns casos simples, esta teoria dos silicatos funcionava razoàvel-
mente bem e alguns dêstes ácidos puderam ser preparados. Sabemos
agora que, por causa da natureza peculiar da ligação do hidrogênio,
êsses ácidos não têm significação, qualquer que seja, para os silicatos.
Contudo, quando uma análise indicava uma relação de 4: 11, do silí-
cio para o oxigê'nio, como noS anfibólios, e continha excesso de água
também, havia uma forte tentação em atribuir a culpa do desvio de
uma relação de 1:3 às imperfeições da análise, ou à impureza da
amostra, e em imputar o excesso de água às mesmas causas. Isto era
o que acontecia e os manuais, ainda em 1932, referiam-se à fórmula
d o anfibólio como "próximo da de um metassilicato, RSi03" e davam
para a tremolita a fórmula CaMg9(SiO3),, apesar do fato que muitas
das análises disponíveis a calculavam, precisamente, como Ca,Mg5
Si,O,,(OH),, ou seja, a fórmula agora aceita em concordância com
sua estrutura. Não se admire, pois, que se considerasse a química
dos silicatos como um atoleiro caótico de incertezas. As determina-
ções estruturais dos Braggs puseram ordem neste caos. E êste esque-
ma, resumido em 1937 por Bermanl, e revisto e apurado por Strunz2
(1957), que é seguido neste livro.

1 Harry Beman, Conrtirurion and clur~ilicoiion o1 <h. natural riiiror~r. Am. Min. 22.
DP. 342-408, 1937.
. H U R O Strunz. Min.rologirrhr Tahrilen. Akadcmircre Vcrlaarpcrrcllrchafl. Lcipzig. 1971.
430 MINERALOGIA DESCRITIVA

Cla%üicaçiio d a Slücntos*

Arranjo dos Relagáo


Classe Tetraedros SiO. Si:O Exemplo do mineral

Nesouilicata Isolados 1:4 Olivina (Mg,Fe)SIO,


Sorossilicata Duplo 2:7 Hemimorfita
Zn(Si.O,)(OH). HIO
Ciclossilicatos Antis 1:3 Berilo Be.AIdS(SiOu)
Inossilicata Cadeias
(simples)
Cadeias
(duplas) 411 Tremolita
Ca,M&(SiOp)(OH).
Filossilicaios Fôlhas 2:s Talco. M@Si40uXOHh
Tectossilicatos Estruturas tridimensionais 1:2 Quartzo, SiO,

Os nomes das classes de silicator r50 or propostos por H . Stnmq nas Mlnrralopirche
Tabellrn. 1941 c 1957. Os prefixos sio do grcgq: nem. Ilha: mm. piupo; cyclo. mel;
Imo, cadeia ou fio; phyllo. fblbi; iecro, crtmturs tridimendonnl.

Nesossilicatos
Nos nesossilicatos, os tetraedros SiO,, comuns a todas as estru-
turas dos silicatos, estão isolados (Fig. 531) e unidos entre si sò-
mente por ligações iônicas, através dos catíons intersticiais. Suas es-
truturas dependem principalmente do tamanho e da carga dêstes ca-
tions intersticiais. Encontram-se as estruturas mais simples nos mi-
nerais em que existe sòmente um tipo de posição do catíon. Se o
catíon é bivalente, resulta um composto da fórmula tipo A2Si04, re-
presentado pela fenacita e pela olivina. Quando o catíon A é sufici-
entemente pequeno, tal como Be+ (0,35 A), sòmente é permitida
a coordenação 4 com o oxigênio. A dificuldade de arranjar tetrae-
dros SiO,, de tal modo que cada catíon A coordene sòmente quatro
oxigênios, enquanto mantendo a neutralidade elétrica, conduz estru- .+
tura bastante complexa da fenacita (romboédrica-hexagonal). A wil-
lemita, Zn2Si04, também possui esta estrutura.
O magnésio e o ferro bivalente têm, caracteristicamente, a coor-
denação 6 com o oxigênio. Quando êstes íons entram em um com-
posto do tipo ASSO4, resulta uma estrutura de simetria bastante ele-
vada, consistindo em tetraedros SiO,, dispostos em redor das posições
do tipo A, de modo que cada íon A coordena 6 oxigênios. Esta
estrutura, que 6 a da olivina, pode ser idealizada com um empilha-
mento regular de tetraedros e octaedros, alternando-se com os vérti-
ces dos tetraedros apontando alternadamente para cima e para baixo.
As posições octaédricas podem estar ocupadas seja pelo magnésio,
seja pelo ferro ferroso, em arranjo arbitrário, dando origem a uma
série completa de solução sólida entre Mg,SiOk e Fe,SiO,. O man-
ganês pode entrar também nas posições octaédricas da estrutura da
olivina, originando solução sólida entre Fe,SiOk e Mn2Si0,, a tefroíta.
Os íons maiores, como o cálcio e o chumbo, não substituem fà-
cilmente o magnésio e o ferro ferroso na estrutura da olivina e os
dlicatos de cálcio e chumbo possuem estrutura diferente, com coor-
denação mais alta dos catíons relativamente ao oxigênio. Fazendo-se
com que se cristalize um silicato A2Si0,, contendo grandes quanti-
dades seja de cálcio, seja de chumbo, além do magnésio, do ferro fer-
roso ou do manganês bivalente, formar-se-á um sal duplo ordenado,
estratificado, semelhante à dolimita, com os catíons maiores e meno-
res separados em camadas. Conhecem-se vários minerais dêste tipo,
como a monticellita e a larsenita.
Os minerais d o grupo da olivina são, geològicamente, muito im-
portantes. Sabe-se que compreendem vários por cento das rochas su-
perficiais da crosta e pensa-se que predominam nas rochas mais pesa-
das e mais profundamente situadas da zona abaixo da crosta. São
minerais de alta temperatura, formando-se, em geral, precocemente,
a partir das fusões de silicatos, sendo frequentemente substituídos
pelos minerais mais tardios. São comuns nos meteoritos líticos extra-
terrestres e, portanto, são provàvelmente importantes em todos os
planètas com um manto ou crosta pétreos.
O mineral condrodita é típico de um grupo de silicatos afins,
constituídos de camadas da estrutura da olivina alternando-se com
folhas da brucita, Mg(0H)-, estruturalmente homólo$as. O flúor
pode substituir a hidroxila, nas camadas de brucita coordenadas octa-
èdricamente. Os minerais desta classe diferenciam-se entre si pelas
proporções relativas das camadas de brucita e olivina, tendo a fór-
mula geral Mg?,+, (Si0,)n ( P , 0 H ) 2 na qual n = 1, 2 , 3 e 4, igual
ao número de camadas de olivina para cada camada de brucita.
Os silicatos de zirconio, tório e urânio têm a fórmula ASiO,.
Estes catíons bem grandes entram i m coordena~ão8, estável, com o
oxigénio, e a estrutura resultante pode ser idealizada como uma
alternância de tetraedros e cubos deformados, dando origem 2 sime-
tria tetragonal. Este é o tipo da estrutura do zirczo, partilhada pela
432 MINERALOGIA DESCRITIVA

tonta e coffinita, os silicatos de tório e urânio, respectivamente. Pode


ocorrer alguma substituição iôuica pelos elementos raros: háfnio,
itrio e cério, algumas vèzes em quantidades apreciáveis. A substi-
tuição parcial dos tetraedros Si04 pelos agrupamentos (OH), é co-
mum.
O grupo da granada, com sua notável uniformidade de morfo-
logia cristalina, sua grande diversidade de composiçáo química e sua
dependência estreita entre as propriedades físicas e a composiçáo,
apresenta o mais belo exemplo de um grupo isoestrutural. A estrutura
consiste em tetraedros Si04 isolados, unidos por ligaçóes oxigênio-
-catíon-oxigênio, através de dois tipos, estruturalmente distintos, de
posiçóes do catíon. Uma destas posições, A, é ocupada por íons bi-
valentes, relativamente grandes, a outra, B, por íons trivalentes me-
nores, conduzindo à fórmula A3BZ(Si04)3 O arranjo estrutural apre-
senta-se de tal modo que, nas famílias de planos 100) e ( 1 1 11,
existem muito poucos átomos. Como resultado disto, encontram-se,
raramente, nos cristais de granada, o cubo e o octaedro que são co-
muns na maior parte dos cristais isométricos, hexaoctaédricos. Den-
tro do retículo dêste tipo de estrutura, existe intercâmbio fácil e subs-
tancialmente completo do magnésio, ferro ferroso e manganês biva-
lente nas posições do catíon A. Os íons precedentes são substituídos
menos fàcilmente pelo cálcio, nas posições A. Nas posiçws B, existe
substituição limitada com respeito ao alumínio, ferro férrico e cromo.
Tendo em conta consideraçóes de tamanho no preenchimento
das posições do catíon A, podemos esperar uma divisão, regularmente
bem definida, das granadas entre aquelas com cálcio e as com os ele-
mentos, fàcilmente intercambiáveis, ou seja, o magnésio, o ferro fer-
roso e o manganês bivalente. Do mesmo modo, por cansa da subs-
tituição limitada dos íons B, é de esperar-se uma separação das gra-
nadas em granadas contendo alumínio, ferro férrico e cromo. Estas
duas tendências são bem marcadas e cada uma deu origem a um modo
de classificação das granadas. A primeira, proposta por Winchell,'
na base do íon A, divide as granadas em dois grupos:

Piropo MgAI Uvarovita CaCr


Almandina FeAI Groasulária CaAI
Espessartita MnAI Andradita CaFc

1 N. H. Winchcll c A. N . Winchtll. Elrmrnrr o1 Opiicol Minerology. lohn Wikr


and Sons. New York, 1921.
Esta classificação serve como excelente meio mnemônico para
serem lembrados os nomes e as fórmulas. O segundo agrupamento,
na base d o íon B, produz três grupos desiguais:

Gnaldns slomlaifem Granadas ferrííerm Granadas mmíferis

Piropo Andradila Uvarovita


Alrnandina
Espessartita
Grossulária

Os grupos SiO, podem ser substituídos, em escala limitada, por


(OH),, nas hidrogranadas, exemplificadas na hidrogrossulária, e o
titânio pode entrar nas posições B, concomitantemente com a subs-
tituição d o cálcio pelo sódio nas posições A, produzindo a melanita
preta.
O s três polimorfos d o AI,Si05 possuem estruturas, relativamente
complexas, e m cadeia ou semelhantes a fibras; e m todas elas, um dos
dois íons alumínio está coordenado sblidamente a seis oxigênios. Na
sillimanita, o outro íon alumínio está em coordenação 4, produzindo
uma verdadeira estrutura, em cadeia, de tetraedros alternados de
silício e de alumínio, assemelhando-se em muito à estrutura d o piro-
xênio. E significativo que a sillimanita tenha o hábito mais fibroso e
acicular, entre os três polimorfos. Na andaluzita, o segundo alumínio
tem um número de coordenação 5 relativamente a o oxigênio e, na
cianita, ambos os alumínios têm um número de coordenação 6 quan-
to ao oxigênio. Como resultado disto, a andaluzita e a cianita .pos-
suem um hábito mais colunar ou Iaminado.
Todos os três minerais são característicos das rochas metamórfi-
cas. As relações de estabilidade entre os três polimorfos podem ser
vistas no diagrama pressão-temperatura da Fig. 532. Todos os três
podem ocorrer, todavia, na mesma rocha porque as transformações
sáo lentas.
O topázio, a estaurolita, a datolita e a dumortierita possuem estru-
turas complicadas pela presença da hidroxila, flúor e boro. Na es-
trutura da titanita, CaTiSi05, um dos oxigênios que aparecem na
fórmula não é uma parte dos grupos silício-oxigênio tetraédricos, iso-
lados. O titânio está ligado a seis oxigênios nos vértices de um octae-
dro bastante regular, ao passo que os íons cálcio têm um número de
coordenação 7. pouco usual. coni respeito ao oxigênio.
434 MINERALOGIA DESCRITIVA

20

Cionito

0'10
'3
* .-.<.

- ..--
? .-a- ,.-*
0-

' Fig. 532. Diamama d e . ~ s s edo


Andolusito :.- Mulito

Quartzo
ALSiOa. Clark. Robertson e Birch.
(Am. Jour. Sci.. 255, 1957).

o 500 1000
Temperoturo em OC

GRUPODA FENACITA
Fenacita
Wiemita
GRUPODA OLMNA
Fonterita
Fayalita
GRUPODAS GRANADAS A~BZ(S~O~)~
Piropo Espessartita Andradita
Almandina Grossulária Uvarovita
GRUPODO ZIRCÃO
Zircão
GRUPOAlzSiOaf
Andaluzita
Sillirnanita
Cianita
Topázio
Estaurolita
GRUPO DA CONDRODITA
Condrodita Mg,(SiO.)z(OH,F)~
Datolita CaB(Si0r) (OH)
Titanita CaTiO(Si0,)
Dumortienta (AI,Fe),Os(BOd (Si04)a
Cristalografia. Hexagonal-R; romboédrica. Os cristais são,
usualmente, de forma romboédrica. Podem estar presentes prismas
curtos. Muitas vêzes, com desenvolvimento complexo.
Propriedades físicas. Clivagem { 1150) imperfeita. D 7#8.
d 2,97-3.00. Briiho vítreo. Incolor, branco. Transparente a trans-
lúcida.
Composição. Sicato de beríiio, Bez(Si04). BeO 45,6 - Si02
54,4 por cento.
Ensaios. Não é fusível, nem solúvel. Fundida com carbonato
de sódio, produz um esmalte branco.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua forma cristalina e
grande dureza.
Ocorrência. A fenacita é um mineral raro, encontrado em di-
ques de pegmatito, associado com o topázio, crisoberilo, berilo e
apatita. Encontram-se belos cristais nas minas de esmeralda, nos
Montes Urais, na Rússia, e em Minas Gerais, no Brasil. Encontrada,
nos Estados Unidos, em Mount Autero, no Colorado.
Uso. Lapidada, ocasionalmente, como pedra preciosa.
Nome. Prov6m de palavra grega significando impostor, por
confundir-se com o quartzo.

WILLEMITA - Znz(SiO4)
Cristalografia. Hexagonal-R; romboédrica. Em prismas hexa-
gonais, com terminações romboédricas. Usualmente maciça a granu-
lar. Raramente em cristais.
Propriedades físicas. Clivagem (0001). D 5!4. d 3,9-4,2. Bri-
lho vítreo a resinoso. Côr: verde-amarelo; vermelho da carne e cas-
tanho; branca, quando pura. Transparente a translúcida. A maior
parte da wiilemita, procedente de Franklin, no Estado de Nova Jer-
sey, fluoresce (ver frontispício.)
Composição. Silicato de zinco, Zn2(Si04).ZnO 73,O - SiOz 27.0
por cento. Muitas vêzes, o manganês substitui parte considerável do
zinco (variedade manganífera chamada troostita); o ferro pode estar
presente também em pequena quantidade.
Ensaios. A wiilemita pura não é fusível; a troostita é fusível
com dificuldade, situando-se entre os números 4% e 5, na escala de
436 MINERALOGIA DESCRITIVA

fusibilidade. Produz uma auréola de óxido de zinco (amarela, a


quente, branca, a frio) quando aquecida com carbonato de sódio
sôbre o carvão vegetal; umedecida com nitrato de cobalto e aquecida,
a auréola toma-se verde. Quando aquecida sôbre o carvão vegetal
com nitrato de cobalto, a amostra torna-se azul. A troostita empres-
tará cor violeta-avermelhada à pérola de bórax, na chama oxidante
(manganês).
Aspectos diagnósticos. A willemita de Franklin, no Estado de
Nova Jersey, pode ser reconhecida, usualmente, por sua associação
com a franklinita e a zincita. Outros espécimes devem ser identifi-
cados pelos ensaios dados anteriormente. Distingue-se da hemimor-
fita pela ausência de água.
Ocorrência. Encontra-se a willemita nocalcáno cristalino, po-
dendo ser o resultado do metamorfismo da hemimorfita ou smithsonita
primitivas. Encontra-se também, escassamente, como um mineral se-
cundário na zona oxidada dos depósitos de zinco.
Encontrada em Altenberg, próximo de Moresnet, na Bélgica; na
Argélia; no Congo Francês; na Rodésia do Norte; na Africa do Sudo-
este, e na Groenlândia. A localização mais importante da willemita
está em Franklin, no Estado de Nova ieney, nos Estados Unidos,
onde ocorre associada com a franklinita e a zincita, e como grãos
incluídos na calcita. Também tem sido encontrada na mina Merrit,
no Estado do Novo México, e em Tiger, no do Arizona.
Uso. Um minério valioso de zinco.
Nome. Em honra do rei William I, da Holanda.

OLIVINA - (Mg,Fe)dSi04)
Crisólita. Peridofo

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Os cristais são,


usualmente, uma combinação dos três prismas, dos três pinacóides e
e da bipirâmide. Muitas vêzes, achatados, paralelamente seja ao pi-
nacóide frontal, seja ao lateral. De ordinário, em grãos incluídos, ou
em massas granulares.
Propriedades físicas. Fratura concóide. D 6%-7. d 3,27-4,37,
elevando-se com o aumento no conteúdo em ferro (ver Fig. 533.) Bri-
iho vítreo. Verde da oliva a verde-aciozentado, castanho. Transparente
a translúcida.
SILICATOS 437

Composição. Silicato de magnésio e ferro ferroso, (Mg,Fe)?


(Si04). Existe uma série completa de solução sólida, indo da fors-
terita, Mgz(SiO,) à fayalita, Fe2(Si04). As oliviuas mais comuns
são mais ricas em magnésio do que em ferro.

Fig. 533. Densidade Relativa da Olivina

Ensaios. Infusível. Solúvel vagarosamente no ácido clorídrico,


produzindo sílica gelatinosa após a yaporaçáo. A solução dá as
reaçóes do ferro e d o magnésio.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se, usualmente, por seu brilho
vítreo, fratura concóide, côr verde e natureza granular.
Ocorrência. A olivina é um mineral formador de rocha bas-
tante comum, variando, em quantidade, desde a de um constituinte
acessório até a de um principal. Encontra-se, principalmente, nas
rochas ígneas, ferro-magnesianas, escuras, como o gabro, o peridotito
e o basalto. Uma rocha, conhecida como dunito, é constituída quase
inteiramente de olivina. Encontrada também como grãos vítreos, nos
meteoritos. Ocasionalmente, nos calcários dolomíticos cristalinos. As-
sociada, muitas vêzes, com o piroxênio, feldspato plagioclásio cáicico,
magnetita, coríndon, cromita e serpentina.
A variedade verde, transparente, é conhecida como peridoto.
Foi usado como gema, nos tempos antigos, no Oriente, mas náo se
conhece a localidade exata das pedras. Presentemente, encontra-se
o peridoto na Birmânia, 'na ilha de St. John, no Mar Vermelho e,
em 5 2 0 s arredondados, associados com a granada piropo, nos cas-
calhos de superfície dos Estados do Arizona e do Nôvo México.
Encontram-se cristais de olivina nas lavas do Vesúvio. Cristais maio-
res, alterados em serpentina, provêm de Snarum, na Noruega. A oli-
vina ocorre em massas granulares nas lavas, no distrito de Eifel, na
Alemanha, e no Estado do Arizona. As rochas duníticas são encon-
tradas em Dun Mountain, na Nova Zelândia, e com os depósitos de
coríndon da Carolina do Norte.
438 MINERALOüIA DESCRITIVA

Alteração. Alterada muito prontamente em serpentina e, me-


nos comumente, em iddingsita. A rnagnesita e os óxidos de ferro po-
dem formar-se ao mesmo tempo como resultado d a alteração.
Uso. Como a variedade verde-clara, o peridoto, a olivina tem
algum emprêgo como gema.
Nome. A olivina deriva seu nome da côr usual. verde da oliva,
do mineral, sendo o t ê m 0 dado, usualmente, à espécie quando se
fala dela como mineral formador de rocha. Peridoto 6 um nome
antigo da espécie.
Espécies semelhantes. Os outros membros do gmpo da olivina,
mais raros em ocorrencia, são: a monticellita, CaMgSiO,; a iefroita,
Mn,SiO,, e a larsenita, PbZnSi04.

GRUPO DAS GRANADAS

O grupo das granadas inclui uma série de subespécies que se


cristalizam na classe hexaoctaédrica do sistema isométrico, sendo se-
melhantes no hábito cristalino. Correspondem todas à mesma fór-
mula geral, embora os elementos presentes sejam amplamente dife-
rentes (ver página 434).
risi ia logra fia. Isométrico; hexaoctaédrica. Formas comuns: do-
decaedro (Fig. 534) e trapezoedro (Fig. 535). muitas vêzes, em com-
binação (Figs. 536 e 537). Ocasionalmente, observa-se o hexaoctae-
dro (Fig. 538). São raras as outras formas. De ordinário, crista-
lizadas nitidamente; também em grãos arredondados; maciças gra-
nulares, sendo a granulação grossa ou fina.

Fig. 534. Fig. 535. Fig. 536.


Granada.

Propriedades físicas. D 6%-7%. d 35-43, variando com a com-


posição (ver página 439). Brilho vítreo a resinoso. A cor também
varia com a composição; de maneira mais comum são vermelhas,
SILICATOS 439

também castanhas, amarelas, brancas, verdes e negras. Traço branco.


Transparentes a . translúcidas.
Composição. As granadas são silicatos que apresentam a fór-
mula geral A3B2(Si04)n. A pode ser o cálcio, o magnésio, o ferro
ferroso e o manganês bivalente, e B, o alumínio, o ferro férrico, o titâ-
N O ou o cromo. Dáo-se a seguir as fórmulas das subespécies principais,
com as densidades relativas para o composto puro.

Fig. 537. Fig. 538.


Granada.

PIROPO. Granada preciosa, em parte. Ordinàriamente, estão


presentes o cálcio e o ferro. Cor: vermelho intenso a quase preto.
Muitas vêzes, transparente e, nestas condições, usada como gema.
O nome provém d o grego, significando semelhante ao fogo. A rodo-
lira é o nome dado a uma granada de colorido purpúreo ou vennelho-
-16seo-pálido, correspondendo, em composição, a duas partes de piropo
e uma de almandina.

Subespécie CompmiçZo Densidade relativa


Piropo M@AWSiO.X 3,51?
Almandina Fe8A11(Si0.). 4.255
Espessartita hlriu4Iz(SiO,). 4,18?
Grossulária Ca,AI1(SiOd), 3.53?
Andradita CaSe:(SiO.). 3.75,
Uvarovita Ca,Cr,(SiO.), 3-77?

ALMANDINA.Granada preciosa em parte, granada comum, par-


cialmente. O ferro fbrrico pode substituir o alumínio e o magnésio,
ao ferro ferroso. A granada preciosa é transparente, com um colorido
vermelho intenso muito belo; a comum é translúcida, colorida em ver-
melho-acastanhado. O nome deriva de Alabanda, onde, antigamente,
se lapidavam e poliam as granadas.
ESPESSARTITA. O ferro ferroso substitui, ordiuàriamente, algum
manganês, e o ferro férrico, a algum alumínio. Côr: indo do acasta-
nhado ao vermelho.
GROSSUL~RIA (Essonita, Pedra Cinamomo). Contém, muitas vê-
zes, o ferro ferroso substituindo o cálcio, e o ferro férrico em lugar
do alumínio. Côr: branco, verde, amarelo, castanho do cinamomo,
vermelho-pálido. O nome deriva da denominação botânica da gro-
selha, em alusão à côr verde-clara da grossulária original.
ANDRADITA.Granada comum, em parte. O alumínio pode subs-
tituir o ferro férrico; o ferro ferroso, o manganês e o magnésio podem
substituir o cálcio. Côr: vários matizes do amarelo, verde, pardo ao
prêto. A granada demantóide é uma variedade de verde, com brilho
reluzente, usada como gema. A denominação andradita foi dada em
homenagem ao mineralogista brasileiro, José Bonifácio de Andrada
e Silva.
UVAROVITA.Granada cálcio-crômica. Côr: verde da esmeralda.
A denominação uvarovita foi dada em homenagem ao conde Uvarov.
Ensaios. Com a exceção da uvarovita, tôdas as granadas cor-
respondem aos números 3 a 3%da escala de fusibilidade; a uvarovita
é quase infusível. As granadas ferríferas, almandina e andradita, fun-
dem-se produzindo-se glóbulos magnéticos. A espessartita, quando fun-
dida com carbonato de sódio, dá uma pérola verde-azulada (man-
ganês). A uvarovita confere côr verde à pérola.de sal de fósforo
(cromo).
Aspectos diagnósticos. As granadas são reconhecidas usualmen-
te por seus cristais isométricos característicos, sua dureza e suas cores.
A densidade relativa, o índice de refração e as dimensões da cela fun-
damental, tomados em conjunto servem para distinguir os membros
do grupo.
Ocorrência. A granada é um mineral comum, amplamente es-
palhado, ocorrendo como constituinte acessório das rochas metamór-
ficas e de algumas igneas; sua ocorrência mais característica é nos
mica xistos, hornblenda xistos e gnaisses. Encontrada nos diques de
pegmatito, mais raramente nas rochas graníticas. Encontra-se a gros-
sulária, principalmente, como um produto de metamorfismo de con-
tato ou regional nos calcários cristalinos. A almandina é especial-
mente característica dos mica xistos. Encontra-se o piropo, muitas
vêzes, nas rochas peridotiticas e nas serpentinas delas derivadas. A
espessartita ocorre na rocha ígnea, riólito. A melunita, uma variedade
negra da andradita, ocorre na maior parte das vêzes em certas rochas
igneas. Encontra-se a uvarovita na serpentina, associada com a cro-
mita. A granada ocorrc, com frequência, sob a forma de grãos arre-
dondados, nas arcias dos rios e dos mares.
Encontra-sc a almandina que serve como gema, no norte da
India, no Ceiláo, c no Brasil. Em um mica xisto na região do Stikine
River, no Alaska. encontram-se belos cristais, embora sejam a maior
parte demasiadamente opacos para a lapidação. A granada piropo,
com qualidade de gema, encontra-se associada com grãos claros de
olivina (peridoto) nas areias de superfície, próximo de Fort Defiance,
nas cercanias da divisa entre os Estados de Utah e Arizona. Uma
localidade perto de Meroiiitz, na Boêmia, é famosa por suas grana-
das, piropo, com qualidade de gemas. Na joalheria, usa-se só escas-
samente a grossulária, mas no Ceilão são encontradas essonitas e pe-
dras cinamomo de bom tamanho e boa cor.
Alteraçüo. A granada altera-se, muitas vêzes, d o que resultam
outros minerais, particularmente, talco, serpentina e clonta.
Uso. Principalmente como uma gema relativamente barata.
Uma andradita verde, conhecida como demantóide, provém dos Mon-
tes Urais, na Rússia, e produz belas gemas às quais se dá o nome de
csriieroldas dos Urais. Móem-se consideráveis quantidades de granada,
usando-se o produto, dada sua dureza, como abrasivo, para serrar e
moer pedras, ou para fazer lixas.
Norne. A palavra granada provém da palavra latina granatus,
significando como um grão.

ZIRCÃO - Zr(SiOl)
Crisíalografia. Tetragonal; bipiramidal-ditetragonal. Usualmen-
te, os cristais mostram uma combinação simples de prisma e bipirâ-

Fig. 539. Fig. 540. Fig. 541.


Zircáo.
mide de primeira. ordem (Figs. 539 e 540). Também se observam o
prisma de segunda ordem e uma bipirâmide ditetragonal (Fig. 541).
442 MINERALOGIA DESCRITIVA

Base, muito rara. Usualmente, em cristais; também em grãos irre-


gulares.
Propriedades física.?. D 7%.d 4,68. Brilho adamantino. Côr: co-
mumente, algum matiz do castanho; também incolor, cinzento, verde,
vermelho. Traço incolor. Usualmente, translúcido; em alguns casos,
transparente.
Composiçáo. Silicato de zircônio, Zr(Si04). ZrO, 67,2 - SiO?
32,8 po; cento.
Emaios. Não é fusível, nem solúvel. Quando calcinado inten-
samente, fosforesce e emite luz branca. Quando se funde o zircônio
com carbonato de sódio e se dissolve a massa fundida em ácido CIO-
rídrico diluído, a solução fará com que um pedaco de papel de cúr-
cuma adquira cor de laranja (zircônio).
Aspectos diagnósticos. Reconhecido, de ordinário, por seus cris-
tais característicos, cor, brilho, dureza e densidade relativa elevada.
Ocorréncia. O zircão é um mineral acessório, amplamente dis-
tribuído, em todos os tipos de rochas ígneas. E especialmente fre-
quente nos tipos com mais sílica: granito, granodionto, sienito e
monzonito. Muito comum no nefelina sienito. Usualmente, é o pri-
meiro silicato a cristalizar-se quando um magma se resfria. Encon-
trado, também comumente, no calcário cristalino, no gnaisse, no xisto
etc. Encontrado, frequentemente, sob a forma de grãos arredondados,
nas areias das praias e dos rios, muitas vêzes, com o ouro. O zircão
tem sido extraído das areias das praias na Austrália, Brasil e Flórida.
Encontram-se as gemas do zircão nas areias dos rios em Matura,
no Ceilão, e nos cascalhos auríferos, nos Montes Urais e na Aus-
trália. De Madagascar, procedem grandes cristais. Encontrado nos
nefelina sienitos na Noruega. Nos Estados Unidos, encontra-se o
zircão em Litchfield, no Estado do Maine, e em Orange e St. Lawrence
Connties, no de Nova Iorque; em quantidade considerável nas areias
de Henderson e Buncombe Counties, no da Carolina do Norte. Gran-
des cristais têm sido encontrados em Renfrew County, na província de
Ontário, no Canadá.
Uso. Quando transparente, serve como gema. Em alguns es-
pfcimes é incolor, mas com frequência tem colorido acastanhado r
laranja-vermelho, chamado jacinto. O azul não é uma côr natural
do zircão, mas produzida pelo tratamento térmico. Chama-se jargio
às pedras incolores, amareladas ou enfumaçadas, porque, embora se
assemelhem ao diamante, têm pouco valor; e, daí, a denominação
zircüo. Serve como fonte do óxido de zircônio, que é uma das subs-
SILICATOS 443

tâncias mais refratárias conhecidas. A platina (ponto de fusáo em


1 . 7 S ° C ) pode ser fundida em cadinhos de óxido de zircônio.
Sobrepujando seus outros usos, emprega-se, desde 1945, o zir-
cão como fonte d o zircônio metálico. O metal zircônio puro 6 usado
na construção dos reatores nucleares. Sua baixa seqão de choque na
absorção de nêutrons, aliada à capacidade de manter suas propricda-
des físicas em altas temperaturas. e a excelente resistência à corro-
são, fazem-no o metal mais descjávcl para esta finalidade.
Esp6cies senielhantes. A torita, Th(SiO,), é parecida com o
zircão na forma e na estrutura; hidratada, &ualmente, c dc cor preta.

ANDALUZITA - AIAIO(Si0,)
Cri.<rolo,qrafia. Ortorrômhico; hipiramidal. Usualmente, em prir-
mas quasc quadrados, terminados por um pinachidc basal.
Propriedades físicar. D 72. d 3,16-3,20. Brilho vítreo. Côr:
vermelho da carne, castanho-avcrmclhado, vcrde da oliva. A varie-
dade quiastolita contém inclusões carbonosas escuras, dispostas de
maneira regular, configurando um dcscnho em forma dc cuz (Fis.
542). Trancparente a translúcida. Em alguns casos, fortcmcntc di-
cróica, aparecendo. na luz transmitida. vcrdc em uma dircção e vcr-
niclhn cni outra.

Compo.siçúo. Silicato dc alumínio, AIAIO(Si0,). AI,O,:


63.2 - SiO? 3 6 3 por cento.
Ensaio. Não é fusível, nem solúvel. Quando se faz uma pasta
com seu pó fino e nitrato dc cobalto, cla se torna azul, depois de
calcinada intensamente (alumínio).
Aspectos dia,qnó.rtico.~. Caracterizada pelo prisma qunsc qua-
drado, pela dureza e infusibilidade. A quiastolita é reconhecida pron-
tamente pelas inclusões dispostas simètricamente.
Alteração. São comuns os pseudomorfos de moscovita. de gra-
nulação fina (sericita), sobre a andaluzita.
OcorrGncia. A andaluzita forma-se, usualmente, pelo mctamor-
fismo dos folhelhos e ardósias aluminosos. Pode ser o resultado de
-44 MINERALOGIA DESCRITIVA

mctaniorfismo regional ou uni mineral de contato, encontrado, espe-


cialmcnte. em conexão com intrusões graníticas.
As localidades notáveis por sua ocorrência sãio: Andaluzia, na
Espanha; Tirol Austríaco; Minas Gerais, no Brasil, onde existe sob
a forma dc seixos rolados. Encontram-se cristais de quiastolita em
Bimbowrie, no sul da Austrália. Encontrada, nos Estados Unidos, em
White Mountains, próximo de Laws, na Califórnia; em Standish, no
Estado d o Maine, e em Delaware County, no da Pensilvânia. En-
contra-se a quiastolita em Westford, Lancaster e Sterling, no Estado
de Massachusetts.
Uso. A andaluzita tem sido explorada em grandes quantidades
na Califdrnia para emprêgo na manufatura de velas para motores e
outras porcelanas de natureza altamente refratária. Quando clara e
transparente, pode servir como pedra para gemas.
Nome. De Andaluzia, uma província da Espanha.

SILLIMANITA - AIAlO(Si01)

Ortorr6mbico; bipiramidal. Ocorre em cristais


Cvi.~/uio~ru/ia.
del-ados, compridos, sem tcrminaçóes nítidas; muitas vêzes, em gru-
pos paralelos; frequentemcntc, fibrosa.
~rojricdades fí.sicor. Clivagem pinacoidal {O101 perfeita.
D 6-7. d 3.23. Brilho vítreo. Cor: castanho, verde-pálido, branco.
Tri~nsparentea translúcida.
Cornposiçüo. Um silicato de alumínio, igual à andaluzita,
AIAIO(Si0,). AI20, 63,2 - Si02 3 6 3 por cento.
Enx~io.~.Não é fusível, nem solúvel. O mineral, moído fina-
niente, torna-sc azul, quando aquecido c& soluqáo de nitrato de
cobalto.
Aspecfos diugnústicos. Caracterizada pelos cristais delgados,
com uma direção de clivagem.
Ocf)rr<'ncia. A sillimanita é um mineral comparativamente raro,
encontrado como um constituinte d o gnaisse e xisto nas rochas de
mctamorfismo muito acentuado; raramente um mineral metamórfico
de contato. Ocorre, muitas vtzcs, com o corindon.
As localidades notáveis por sua ocorrência são: Maldau, na
Boêmia; Fassa, no Tirol Austríaco; Bodenmais, na Bavária; Freibcrg,
na Saxonia; Minas Gerais, no Brasil, sob a forma de massas desgas-
SILICATOS -
.-
a

tadas pela água, nas areias diamantíferas. Encontrada, n m Estados


Unidos, em Worcester, no Estado de Massachusetts; em Nonvich e
Willimantic, no de Connecticut, e em New Hampshire.
Nome. E m homenagem a Benjamin Silliman (1779-1864),
professor de química na Universidade de Yale.

CIANITA - AIA10(SiO,
Cristalogra/iu. Triclínico; pinacoidal. Usualmente, em cristais
compridos, tabulares, raramente completos. Em agregados Iaminares.
Propriedades físicas. Clivagem pinacoidal { 1001 perfeita. D 5,
paralelamente a o comprimento dos cristais, 7, em ângulos retos a esta
direção. d 3,55-3,66.Brilho vítreo a nacarado. Côr: usualmente,
azul, muitas vêzes, de tonalidade mais escura em direção ao centro
d o cristal. Também, em alguns casos, branca, cinzenta ou verde.
A coloraqão pode ser em traços ou manchas irregulares.
Silicato de alumínio, igual à andaluzita e a sil-
Cornl~o,siçü<~.
limanita, AIAIO(Si0,). ALOs 63,2 - SiO? 363 por cento.
E n w i o ~ . Infusível, insolúvel. Um fragmento, umedecido com
\oluqão de nitrato de cobalto e calcinado, fica azul.
aspecto.^ diagnósticos. Caracterizada por seus cristais lamina-
dos, boa clicagem, côr azul, e pelo fato de ser mais mole d o que a
lâmina de .um canivete na direção paralela ao comprimento, mas
mais dura na direção que forma ângulos retos com o comprimento.
Ocorrência. A cianita i. um mineral acessório no gnaisse e no
niica xisto, associado, muitas vêzes, com a granada, estaurolita e co-
ríndon. As localidades notáveis por sua ocorrência são: São Gotardo,
na Suíça; Tirol Austríaco; e Pontivy e Morbihan, na França. Encon-
trada, nos Estados Unidos, em Chesterfield, no Estado de Massa-
chusetts; em Litchfield, no de Connecticut; em Gaston, Lincoln e
Yancey Counties. no da Carolina do Norte e na parte norte d o Estado
de Geórgia.
Uso. Prócessa-se a mineração da cianita nos Estados da Caro-
lina d o Norte e da Geórgia, para emprêgo em velas d e motores c
outras porcelanas altamente refratárias.
Nome. Derivado de uma palavra .grega significando azul.
Esplcies semelhantes. A mullifa, A l ~ S i , 0 , ~é, rara como um
mineral, mas comum nas fusóes artificiais; forma-se quando a cianita,
a andaluzita e a sillimanita são aquecidas em temperaturas elevadas.
446 MINERALOGIA DESCRITIVA

TOPÁZIO - AIASiOd (F,OH),


Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Em cristais prismá-
ticos, terminados por bipirâmides, prismas de primeira e segunda or-
dens e pinacóide basal (Figs. 543-545). Muitas vêzes, muito modi-
ficados (Fig. 546). As faces do prisma vertical são estriadas, fre-
quentemente. De ordinário, em cristais, mas também em massas cris-
talinas; granular, com grânulos grossos ou finos.
Propriedades físicas. Clivagem (001 ) perfeita. D R (extraor-
dinàriamente alta). d 3,4-3,6. Brilho vítreo. Incolor, amarelo da
palha, róseo, amarelo d o vinho, azulado, esverdeado. Transparente
a translúcido.

Fig. 543. Fig. 544. Fig. 545. Fig. 546.

Composição. Um fluossilicato de alumínio, A12(Si0,)(F,0H)I.


Erisaios. Infusivel. Insolúvel. O mineral pulverizado, com so-
luçzáo de nitrato de cobalto dá, pelo aquecimento, uma bela coloraçio
azul (alumínio).
Aspectos diagnó.iticos. Reconhecido, principalmente, por seus
cristais, sua clivagem basal, sua dureza (8) e sua densidade relativa
elevada.
Ocorrência. O topázio é um mineral formado pela aqão dos
vapores contendo flúor, emanados durante os últimos estádios da so-
lidificação das rochas ígneas. Encontrado nas cavidades das lavas
rioliticas e no granito; é um mineral característico nos diques de
pegmatito, especialmente nos que contêm estanho. Associado com a
turmalina, cassiterita, apatita e fluorita; também com o berilo, quartzo,
mica e feldspato. Encontrado em algumas localidades, como seixos
rolados, nas areias dos rios.
As localidades notáveis por sua ocorrência são: na Rússia, no
distrito de Nerchinsk, na Sibéria, em grandes cristais de coloraqão
amarela do vinho, e em Mursinsk, nos Montes Urais, em cristais de
SILICATOS 447

cor azul-pálido; na Saxônia, em várias localidades onde se encontra


o estanho; em Minas Gerais, no Brasil; nas províncias de Omi e Mino,
no Japão, e em San Luís Potosi, no México. Nos Estados Unidos,
encontrado em Pikes Peak, próximo de Florissant e Nathrop, no Es-
tado d o Colorado; em Thomas Range, no de Utah; em Streeter, no d o
Texas; em San D i q o County, no da Califórnia; em Stoneham e
Topsham, no do, Maine; em Amélia, no da Virgínia, e em Jefferson.
no da Carolina do Sul.
Uso. Como gema. Um certo número de outras pedras inferio-
res também s8o chamadas frequentemente, de topázio, ou topúzro
oriento/. A côr das pedras varia: incolor, amarelo d o vinho, castanho
dourado, azul-pálido e róseo. A côr rósea é, usualmente, artificial,
sendo produzida mediante aquecimento brando de pedras amarelas.
escuras.
Nome. Derivado de Topazion, o nome de uma ilha d o Mar
Vermelho, mas aplicado, originalmente, com probalididade, a algu-
mas outras espécies.

ESTAUROLITA - Fe2AI,O,(SiO,)r (OH)


Cristalografia. Ortorrômbico. Hábito prismático, mostrando,
usualmente, uma combinação de {110} com ângulo grande (130°).
(OlO}, (001 1, e { 101 ) (Fig. 547). Os geminados em forma de
cruz são muito comuns, apresentando dois tipos: ( 1 ) com { 0 3 2 )
sendo o plano d o geminado, no qual os dois indivíduos se cruzam em
ângulos quase de 90° (Fig. 548); ( 2 ) com ( 2 3 2 ) sendo o plano do
geminado, em que se cruzam em ângulos quase de 60° (Fig. 549). Em
alguns casos, ambos os tipos estio combinados em um grupo gemi-
nado. Usualmente em cristais; raramente, maciça.

Fik 547. Fig. 548. Fig. 549.

Estaiirolita.

Propriedades iisicas. D 7-75. d 3,65-3,75. Brilho resinoso a


vítreo em material puro e recente; muitas vêzes, opaco a terroso,
quando alterado ou impuro. Côr: castanho-vermelho a prêto-acasta-
nhado. Translúcida.
Composição. Silicato de alumínio e ferro ferroso, Fe,AI,OT
- -
(Si04),(OH). FeO 16,7 AI203 53,3 Si02 27,9 H20 2,O por-
cento. Muitas vêzes, muito impura.
Ensaios. Infusível. Insolúvel. Calcinada intensamente no tubo
fechado, produz um pouco de água.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por seus cristais e gemina-
dos característicos. Distingue-se da andaluzita, por seu prisma obtuso.
Ocorrência. A estaurolita é um mineral acessório nos xistos
cristalinos, ardósias e, em alguns casos, nos gnaisses. Associada,
muitas vêzes, com a granada, cianita e turmalina. Pode crescer sobre
a cianita, em orientação paralela. Em algumas localidades, pode in-
cluir impurezas carbonosas:
As localidades dignas de nota por sua ocorrência são: Monte
Campione, na Suíça; Goldenstein, na Morávia; Aschaffenburg, na Ba-
vária; e, em grandes cristais geminados na Bretanha e na Escócia.
Encontrada, nos Estados Unidos, em Windham, no Estado do Maine;
em Francônia e Lisbon, no de New'Hampsliire; em Chesterfield, no
de Massachusetts; em Macon, Madison e Clay Counties, no da Caro-
lina do Norte; em Fannin County, no de Geórgia; em Ducktown, no
de Tennessee e também nos Estados da Virgínia, NOVO México e
Montana.
Uso. Ocasionalmente, uma pedra transparente do Brasil é lapi-
dada como uma gema.
Nome. Derivado de uma palavra grega significando cruz, em
alusão a seus geminados sob a forma de cruz.

Condrodita - Mg5(Si0,)2(F,0H)

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são, com


frequência, complexos, com muitas formas. De ordinário, em grãos
isolados. Também maciça.
Propriedades físicas. D 6-6:;. d 3,l-3,2. Brilho vítreo a resi-
noso. Côr: amarelo-claro a vermelho. Translúcida.
Composição. Um fluossilicato de magnésio, Mg5(Si04),
(F,0H)2. A hidroxila substitui parte do flúor, e o ferro ocupa, mui-
tas vêzes, o lugar d o magnésio. A condrodita é o membro mais co-
SILICATOS 449

mum do grupo das condroditas. As espécies d o grupo e suas com-


posições são:
Norbergita Mga(Si0.),(F,OH)~
Condrodita Mg,(Si0.),(F,0H)3
Humita Mg,(SiO.)dF,OH):
Clinohumita Mg.(SiO,),(F,OH):
Ensaios. Infusível. Produz água no tubo fechado. Gelatiniza-se
com os ácidos.
Aspectos diagndsticos. Caractirwada por sua cor amarela-clara
a vermelha, e por suas associações no calcário cristalino. Os mem-
bros do grupo das condroditas não se podem distinguir uns dos ou-
tros sem os ensaios ópticos.
OcorrBncia. A condrodita ocorre da maneira mais comum nos
calcários dolomíticos metamórficos da idade Arqueana. E altamente
característica a associação mineral, incluindo a flogopita, espinélio,
pirrotita e grafita. As localidades notáveis pela sua ocorrência são.
Monte Somma, na Itália; Paragas, na Finlândia e Kafveltorp, na
Suécia. Encontrada, abundantemente, nos Estados Unidos, no depó-
sito de magnetita de Tilly Foster, próximo de Brewster, no Estado
de Nova Iorque.
Nome. A condrodita tem seu nome derivado d o grego, signi-
ficando irm grüo, em alusão à sua ocorrência eni grãos isolados. A
denominação humita foi dada ao mineral, em honra a Sir Abraham
Hume.

DATOLITA - CaB(Si04) ( O H )
Cristalografia. Monoclínico; prismá-

@
tica. O s cristais são, usualmente, quase
equidimensionais nas três direções axiais
e, muitas vêzes, complexos no desenvol-
vimento (Fig. 550). Usualmente, em m,
cristais. Também granular, com grânu-
los grossos a finos. Compacta e maciqa.
assemelhando-se à porcelana. 0 Y

Propri~dades físicas. D 5 - 5 2 . d Fia. 550. Datoli!;!.


2,8-3,O.Brilho vítreo. Incolor, branca.
muitas vêzes com matiz esverdeado, ténue. Transparente a translúcida.
~ o m p o ~ i ~ ãUm
o . silicato básico de cálcio e boro, CaBtSiO,)
(OH). CaO 35.0 - B,O, 21,8 - SiO, 37.6 - H 3 0 5.6 por cento.
450 MINERALOGIA DESCRITlta

Ensaios. Corresponde aos números 2 a 2% na escala de flisibi-


lidade, produzindo um vidro claro e corando a chama em verde (boro).
Dá um pouco de água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por seu brilho vítreo, cor
verde-pálida, e seus cristais com muitas faces, de ordinário, desenvol-
vidas irregularmente. Distingue-se d o quartzo pela facilidade com que
se funde e pela chama do boro. A datolita maciça é difícil de ser
reconhecida, sendo necessários ensaios químicos e de maçarico, para
sua identificação.
OcorrZncia. A datolita é um mineral de origem secundária, en-
contrado, usualmente, nas cavidades das lavas basálticas, e em rochas
semelhantes. Associada com zeólitas, prehnita, apofilita e calcita.
As localidades dignas de nota por sua ocorrência são: Andreasberg,
nas Montanhas do Harz; próximo de Bolonha, na Itália; nos Alpes
Seiser e Theiso, no Trentino, e Arendal, na Noruega. Nos Estados
Unidos, ocorre associada com os "traps" dos Estados de Massachu-
setts, Connecticut e Nova Jersey, particularmente, em Westfield, no de
Massachusetts e Bergen Hill, no de Nova Jersey. Encontrada associa-
da com os depósitos de cobre do Lago Superior.
Nome. Derivado de uma palavra grega, significando dividir,
em alusão ao caráter granular de uma variedade maciça.

ESFÊNIO - CaTiO(Si0,)
Titanita

Crirtalografia. Monoclínico. Cristais variados no hábito. Muitas


vêzes. com o plano basal nítido, inclinado acentuadamente, o qual, em

Fig. 551. Fig. 552.


Titanita.

combinação com um prisma vertical curto e um prisma de quarta or-


dem, produz um cristal delgado, configurado em cunha (Figs. 551 e
5 5 2 ) . Usualmente, bem cristalizada ou lamelar.
SILICATOS 45 1

Propriedades físicas. Clivagem { 110). Partição paralelamente


a (221) pode estar presente. D 5;5?4. d 3,4-335. Brilho resinoso a
adamantino. Côr: cinza, castanho, verde, amarelo, prêto. Transpa-
rente a translúcida.
Composiçüo. Titanossilicato de cálcio, CaTiO(Si0.). CaO
-
28,6 T i o z 40,8 - SiO2 30.6 por cento. .Usualmente, o ferro está pre-
sente em pequenas quantidades.
Ensaios. Corresponde ao número 4 da escala de fusibilidade,
fundindo-se com ligeira intumescência e formando massa escura.
Aquecida com carbonato de sódio, a massa fundida, dissolvida em
ácido sulfúrico, adquire coloraçáo que vai d o amarelo ao âmbar,
juntando-se peróxido de hidrogênio (titânio).
Aspectos diagnóslicos. Caracterizada por seus cristais configu-
rados em cunha e brilho intenso. A dureza é menor d o que a da
estaurolita e maior d o que a da esfalerita. A reação d o titânio é
característica.
. Ocorrência. A titanita é um mineral acessório bastante comum
nas rochas ígneas, sendo encontrada sob a forma de pequenos cris-
tais nos granitos, granodioritos, dioritos, sienitos e nefelina sienitos.
Encontrada tamb(.m, em cristais de tamanho considerável, incluídos
nas rochas metamórficas, gnaisse, clorita xisto e calcário cristalino.
Associada, mui comumente, com a clorita. Também encontrada com
minérios 'de ferro, piroxênio, anfibólio, escapolita, zircão, apatita.
feldspato e quartzo.
A localidade mais notável por sua ocorrência fica na península
de Kola, na Rússia, onde está associada com a apatita e nefelina,
com grandes intrusões de nefelina sienito. Exploram-na ali, extcnsa-
mente, como um agregado granular. Encontrada em cristais cm Ta-
vetsch, Biunental e São Gotardo, na Suíça; Zillertal, no Tirol; Ala,
no Piemonte; Vesúvio; e Arendal, na Noruega. Nos Estados Unidos,
em Diana, Rossic, Fine, Pitcairn, Edenville e Brewster, no Estado de
Nova Iorque, e em Riverside, na Califórnia. Também cm virios lusa-
res, nas províncias de Ontório e Quebec, no Canadá.
Um. Fonte de titânio para ser usado como pigmento de tintas.
Nome. A palavra e s f h i o provém do grego, significando ciinlia,
em alusão ao desenvolvimento característico dos cristais.
Esp6cies semelhantes. A beniioita (. um silicato de titânio e
bário, hexagonal, azul, associada com a neplr<riita, em San Benito,
na Califórnia. A artrofilita, a enigrnatita, a lanlprofilila, a ramsa.víla,
-52 MINERALOGIA DESCRITIVA

a fersmannita são silicatos raros, contendo titânio, encontrados asso-


ciados com rochas alcalinas.

Cristalografia. Ortorrômbico. Raramente em cristais nítidos.


Usualmente, em agregados fibrosos a colunares, frequentemente ra-
diados.
Propriedades físicas. Clivagem {100} má. D 7. d 3,26-3,36.
Brilho vítreo. Cor: azul, azul-esverdeado, violeta, róseo. Transparen-
te a translúcida.
Composiçüo. . Um borossilicato de alumínio, (AI,Fe),0,(BO3) -
.= (SiO,):,.
Eirsaios. Não é fusível; perde a côr na calcinagio. Fica azul,
quando aquecida com nitrato de cobalto (alumínio).
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pelo hábito fibroso, sendo,
no entanto, difícil de identificar positivamente, sem ensaios ópticos.
Ocorrência. Encontra-se a dumortierita em xistos e gnaisses e,
mais raramente, nos diques de pegmatitos. As localidades n0táve.s
por sua ocorrência são: Lyons, na França; Wolfschau, na Silésia; Ma-
dagascar; Rio de Janeiro, no Brasil, e Nacozari, no México. Encon-
trada, nos Estados Unidos, em Dehesa, na Califórnia; em Oreaiia, no
Estado de Nevada, e sobre uma grande área, no distrito mineiro de
Rocbester, neste último Estado.
Uso. No Estado de Nevada, existe mineração de dumortierita
para emprêgo na manufatura de porcelana d t qualidade superior.
Nome. Em honra do paleontologista francês, Eugène Dumortier.

Sorossilieatos

Caracterizam-se os sorossilicatos pelos grupos tetraédricos du-


plos, isolados, formados pelos dois tetraedros Si04 compartilhando,
entre si, um único oxigênio, situado em um vértice (Fig. 553). A re-
lação do silício para o oxigênio, resultante dêste arranjo, é 2:7.
Os sorossilicatos mais importantes são os do grupo do epídoto.
Tanto os tetraedros isolados SiO,, como os gmpos Sip07 ocorrem na
estrutura bem complexa do epídoto que, como a da granada, apre-
SILICATOS 453

senta duas espécies diferentes de posições d o


catíon. Uma, que podemos chamar as posi-
ções d o catíon X, ocupadas, ordinàriamente,
pelos íons relativamente grandes. de carga
fraca, como o cálcio ou o sódio; e a segun-
da, posições d o catíon Y, ocupadas pelos
íons menores, de carga mais elevada, incluin-
do o alumínio, o ferro férrico, o manganês
trivalente e, raramente, o manganês bivalen-
te. Em conseqüência, pode escrever-se a fór-
mula geral, como segue:
Fig. 552. C ~ r i i ] i < \#,O;.
i
X2Y30(Si04)(Si207)( O H ) .

Todos os membros d o grupo sáo isoestruturais, formando cris-


tais monoclínicos, alongados caracteristicamente, na direçáo d o eixo b.
A zoisita ortorrômbica tem uma estrutura que pode ser derivada da
de seu polimorfo monoclínico, a clinozoisita, mediante uma simples
duplicação d a cela ao longo d o eixo a, à maneira de uma geminaçiío.
Como resultado da estrutura, em geral, consistente, a crist;iloquímica
dêste grupo ocupa-se, principalmente, com a espicie e o grau dar
relaçúes de solução sólida. Nos membros principais d o gmpo, os
íons nas posições X e Y são, principalmente:

Clinozoisila Ca AI
Epidoto Ca A1,Fe"'.
Piemontita Ca AI,Fe"',Mn"'
Allanita Ca,Ce,La,Na AI,Fe"',Be,Mg,Mn'"

X pode ser constituído, ademais, parcialmente, pelo manga& biva-


lente, chumbo ou estróncio; e Y pode ser, parcialmente, o cromo.
O epídoto mais comum contém pouco manganês e quase nenhum
dos íons mais raros indicados na lista, tendo uma composição quc
pode ser representada, regularmente bem,, por uma relaç.50 simples
d o alumínio para o ferro férrico.
O idocrásio, mineral metamórfico comum, tem uma composição
muito análoga à d o epídoto e uma estrutura semelhante, contendo
não só os tetraedros isolados Si04, mas também os grupos Si207.
O magnésio e o ferro ferros0 ocorrem em proporções variáveis, subs-
tituindo-se mùtuamente, sem restrições.
Hemimorfita
Lawsonita
GRUPOoo E P ~ ~ T O
Clinowisita CanAI,O(SiO,)(Si.O,)(OH)
Epídoto Car(AI,Fe)AI,0(Si0,)(Si20,)(OH)
Allanita X;Y,0(Si04)(Si~0,)(OH)
Idocrásio Ca,,(Mg,Fe)lAL(SiO.)~(SiEO~),(OH)~
Prehnila Ca,A1,(SisO,o)(OHb

HEMIMORFITA - Zn, (Si,O,) (OH),.H,O


Calamina

Cristalografia. Ortorrômbico; p i r a m i d a 1.
Cristais, usualmente, tabulares paralelamente a
{OlO). Mostram faces do prisma e terminam na
parte superior, de ordinário, por uma combinação
de domos e pédio, e na inferior por uma pirâmide
(Fig. 554). Usualmente, em grupos de cristais,
com os indivíduos ligados por suas extremidades
inferiores (piramidais) e jazendo com suas faces
{OIO} em comum. Cristais, muitas vêzes, divergen-
Fig. 554.
tes, formando grupos arredondados com chanfra-
Hemimorfita. duras ligeiras, reentrantes, entre os cristais in-
dividuais, configurando massas nodulares e em cris-
ta de galo. Também mamilar, estalactítica, maciça, e granular.
Propriedades físicas. Clivagem (110). D 4%-5. d 3,4-3,5. Bri-
lho vítreo. C6r: branco, em alguns casos com matiz tênue esverdeado
ou azulado; tambcm, amarelo a castanho. Transparente a translúcida.
Fortemente pirelétrica.
Composiçüo. Silicato hidratado de zinco, Znr(Sia07)(OH)n
-
H,O. ZnO 67,s - Si02 25,O H 2 0 7,5 por cento. Podem estar presen-
tes pequenas quantidades de alumínio e ferro.
Ensaios. Corresponde ao número 5 da escala de fusibilidade,
mas, nessa temperatura, funde com dificuldade. Fundida sôbre o
carvão vegetal, com carbonato de sódio, produz uma auréola, que
não se volatiliza, de óxido de zinco (amarela, a quente, branca, a
frio). Fica azul, quando fundida sôbre o carvão vegetal juntamente
com nitrato de cobalto. Produz água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pelo agrupamento dos
cristais. Assemelha-se à prehnita, sendo, no entanto, de densidade
relativa mais alta. Distingue-se da smithsonita por seus agregados de
cristais.
Ocorrência. A hemimorfita é um mineral de origem secundária,
encontrado na porção oxidada dos depósitos de zinco, associado com
a smithsonita, esfalerita, cemssita, anglesita e galena.
As localidades dignas de nota por sua ocorrência são: Moresnet,
na Bélgica; Aix-Ia-Chapelle, na Alemanha; Caríntia; Rumânia; Sar-
denha; Cumberland e Derbyshire, na Inglaterra; Argélia; e Chihuahua,
no México. Encontrada, nos Estados Unidos, em Sterling Hill, Og-
densburg, no Estado de Nova Jersey; em Friedensville, no de Pensil-
vânia; em Wythe County, no da Virgínia; no sudoeste do de Missouri,
com os depósitos de zinco; em Leadville, no do Colorado; em Organ
Mountains, no do Nôvo México, e em Elkhorn Mountains, no de
Montana.
Uso. Um minério de zinco.
Nome. Provém do cariiter hemimórfico dos cristais.

Lawsonita - CaAI2(Si,O,) (OH),.H?O


Cristalografia. Ortorrômbico; usualmente, em cristais tabulares,
ou prismáticos. Frequentemente, geminado polissintèticamente sobre
{ 110).
Propriedades físicas. Clivagem {O101 e { 1101 boa. D 8. d 3,09.
Incolor, azul-pálido a cinza-azulada. Brilho vítreo a gorduroso. Trans-
lúcida.
Composiçáo. Silicato de cálcio e alumínio, CaAI,(Si.O,)
(OH),.H,O. I? interessante notar que a cornposi$ão da lawsonita
6 a mesma que a da anortita, mais água.
Ensaios. Funde-se formando um vidro cheio de bolhas, mas,
uma vez fundida, nao se funde de novo. Calcinada intensamente, em
tubo fechado, produz água.
Aspectos diagnósticos. A lawsonita caracteriza-se por sua du-
reza elevada e por sua tendência de produzir água no tubo fechado.
Ocorrência. A lawsonita encontra-se nos gnaisses e xistos, em
grãos bem formados, assim como nos veios em rochas metamórficas.
A localidade típica está na península de Tiburon, na Baía de São
Francisco, na Califómia. Encontrada, também, em xistos, na França
e na Nova Caledônia.
Nome. Em honra do Professor Andrew Lawson, da Universi-
dade da Caiiimia.
Espécies semelhantes. A ilvaíta, CaFe"Fe'"0 (Si,07) (OH),
relaciona-se com a lawsonita, com uma estrutura semelhante, embora
náo idêntica. Uma combinação de ferro ferros0 e ferro férnco, na
ilvaíta, parece ser aproximadamente equivalente ao alumínio na law-
sonita: Fe"Fe"'(0H) em lugar de AI,(OH),.

GRUPO DO EPfDOTO

O grupo do epídoto é constituído por vários siiicatos complexos


de alumínio e cálcio, aos quais corresponde a fórmula geral XzY30
(SiO,) (Siso7)(OH). Excetuada a zoisita, relativamente rara, os mi-
nerais do grupo do epídoto são monoclínicos e possuem propriedades
cristalográficas semelhantes.

Cristalografia. Monoclínico; pnsmática. Os cristais têm aspecto


prismático, paralelamente ao eixo b. Estriações paralelas ao eixo b.
Colunar, maciça granular.
Propriedades físicas. D 6-6%. d 3,25-3,37. Brilho vítreo. Cor:
branco-acinzentado, verde, róseo. Transparente a translúcida.
Composição. Um silicato de alumínio e cálcio hidratado,
Ca2A130(Si0,)(Si207)(OH). A clino~oisitae o epídoto formam uma
série de solução sólida. O manganês está presente na variedade rósea,
a thulita.
Ensaios. Situa-se entre os números 3 e 4 da escala de fusibili-
dade, inchando e formando uma escória de côr clara. Produz um
pouco de água, ao ser calcinada intensamente no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pelo hábito colunar, e pela
intumescência ao ser fundida. Distingue-se do epídoto por sua côr
mais clara.
Ocorrtncia. Usualmente, a clinowisita é encontrada em xistos
cristalinos que derivaram, por metamorfismo, de uma rocha ígnea
escura contendo feldspato cálcico. Comumente, acompanha um anfi-
bólio. Está presente nas rochas ígneas como uma alteração do pla-
gioclásio.
Nome. A clinowisita tem êste nome por ser a modificação mo-
noclínica da zoisita. A zoisita recebeu seu nome em homenagem ao
barão austríaco, Zois von Edelstein.
Espécies semelhantes. A zoisita (ortorrômbico) é dimorfa com
a clinozoisita. E semelhante, na aparência e na maneira de ocorrer,
à clinowisita, sendo, no entanto, menos comiim.

EPÍDOTO - Ca2(A1,Fe)AI20(SiO,) (Si,O,) (OH)


Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são, mui-
tas vêzes, muito alongados paralelamente ao eixo b, com desenvolvi-
mento nítido das faces da zona {010), o que Ihes dá um aspecto pris-
mático. Estriaçóes paralelas ao eixo b. Completos, de ordinário, sò-
mente em uma extremidade do eixo b, e mais comumente por duas
faces de um prisma de quarta ordem (Figs. 555 e 556). Alguns cris-
tais geminados, com (100) sendo o plano do geminado. Usualmente,
granular com grânulos grossos a finos; também fibroso.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita segundo (001) e im-
perfeita segundo 100). D 6-7. d 3,35-3,45. Brilho vítreo. Côr:
verde-amarelo, ou verde-amarelado a verdeescuro; em alguns espé-
cimes, cinza ou prêto. Transparente a translúcido. As variedades
transparentes exibem, muitas vêzes, dicroísmo intenso, aparecendo
verde-escuro em uma direção e castanho, em outra formando ângulos
retos com a primeira.

Fig. 55s. Fig 556.


Epidoto.

Composiçüo. Silicato de cálcio, alumínio e ferro, hidratado,


Ca~(Al,Fe)A1~0(Si0,) (SinO;)(OH). A relasão do alumínio para
o ferro varia desde 6:1 até 3:2.
Ensaios. Situado entre os números 3 e 4 na escala de fusibdi-
dade. Funde com intumescência, produzindo uma escória negra; uma
458 MINERALOGIA DESCRITIV-

vez formada, esta escória náo se torna a fundir. Calcinada intensa-


mente no tubo fechado, produz um pouco de água. Quando calcinada
prèviamente, forma uma gelatina com os ácidos.
Aspectos diagnósticos. Caracterizado por sua côr verde.peculiar
e unia clivagem perfeita. Um diagnóstico seguro é o fato de não se
fundir dc novo a escória formada pela fusão.
Ocorr2ncia. O epídoto ocorre, comumente, nas rochas meta-
mórficas cristalinas, como o gnaisse, o anfibolito e vários xistos, nos
quais é o produto da alteraçáo de minerais, tais como o feldspato,
o piroxênio, o anfibólio e a biotita. Associado, muitas vêzes, com a
clonta. Formado, frequentemente, também durante o metamorfismo
de um calcário impuro, sendo especialmente característico dos depó-
sitos 'metamórficos de contato no calcário.
O epídoto é um mineral largamente difundido. As localidades
notáveis por sua ocorrência, em belos cristais, sáo: Knappenwand,
Untersulzbachtal, Salzburg, na Austria; Bourg d'oisans, Isère, na
França; o vale do Ala e Traversella, no Piemonte. Encontrada, nos
Estados Unidos, em Haddam, no Estado de Connecticut; em Riversi-
de, na Califórnia; e em Blueberry Mountaiu, Woburn, no Estado de
Massachusetts. No Alaska, na ilha do Príncipe de Gales.
Nome. Provém do grego, significando aumentar, pois a base
do prisma vertical tem um lado mais comprido do que o outro.
Espécies semelhantes. A piemontita, semelhante ao epídoto tan-
to na estrutura como na composição química, contém, no entanto, o
manganês tnvalente; ocorre nos xistos cristalinos e nos minirios de
manganês.

Allanita
Orlita

Cristalografia. Monoclínico; prismática. O hábito dos cristais


é, muitas vêzes, sen~elhanteao do epidoto. Comumente macisa e em
grãos embutidos.
Propriedades fisicas. D 55-6. d 3.5-4,2.Brilho submetálico ao
do piche, e resinoso. Côr: castanho ao prêto d o piche. Revestida.
muitas vêzes, por um produto de alteração castanho-amarelo. Sub-
translúcida, transparente em bordas delgadas. Levemente radioativa.
Composi~üo. Um silicato de composição variável, XaY20
(SiO,)(Si,O,)(OH), no qual X = Ca, Ce, La, Na, e Y = AI. Fe,
Mn, Be, Mg.
SILICATOS 459

Ensaios. Corresponde na escala de fusibilidade a uma posição


intermediária entre os números 2 e 3, fundindo-se com intumescincia
e dando origem a um vidro prêto, magnético. Não sendo prèviamente
calcinada, forma, nos ácidos, uma gelatina.
Aspecios diagnósticos. Caracterizada por sua cor preta, brilho
do piche, e associação com as rochas graníticas.
Ocorrência. A allanita ocorre como um constituinte acess6rio
de menor importância, em muitas rochas ígneas, como o granito, sie-
nito, diorito e pegmatitos. Frequentemente, associada com o epídoto.
Tem sido observada no calcário, como mineral de contato. Encon-
trada eii: .ilçumas massas magnéticas.
As Iocnlidades dignas de nota por sua ocorrência siío: Miask.
nos Montes Urais, na Rússia; Groenlândia; Falun, Ytterby e Shepp-
sholm, na Suécia e Madagascar. Nos Estados Unidos, encontra-se a
allanita em Monah, Monrw e Edenville, no Estado de Nova Iorque:
Franklin, no de Nova Jersey, Amelia Court House, no da Virrínia
e Barringer Hill, no d o Texas.
Nome. Em homenagem a Thomas Allan. o primeiro n obser-
var o mineral.

IDOCRÁSIO - C~TO(M&,F~),A~,(S~O~)~(S~~O~)~(OH),
Vesuvianita

Cristalografia. Tetragonal; bipiramidalditetragonal. Cristais


prismáticos no hábito, estriados verticalmente, muitas vêzes. As for-
mas comuns são os prismas de primeira (110) e de segunda -( 1001.
ordens, bipirâmide de primeira ordem .( 111 } e base (001 } (Figs. 557
e 558). Alguns cristais mostram desenvolvimento mais complexo.
com outros prismas, bipirâmides e formas ditetragonais. Encontrado.
com frequência, em cristais, mas os agregados colunares, estriados.
são mais comuns. Também granular, maciça.
firica.7. D h#. d 3,35-3.45. Brilho vítreo a rcsi-
Propriedad~.~
noso. Cor: usualmente, verde ou castanho; também, amarelo. azul.
vermelho. Subtransparente a translúcido. Traço branco.
Conipori~ão. Essencialmente, um silicato de alumínio e cálcio
hidratado, mas com magnçsio e ferro, Ca,o(Mg,Fe)2Al,(Si0,,;
S i O ) ( O H O boro ou o flúor estáo presentes em algumas va-
riedades. O berílio tem sido referido em al&umas análises.
460 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade.


Funde-se com intumescência, formando um vidro esverdeado ou par-
dacento. Agua no tubo fechado.

Fig. 557. Fig. 558.

Idocrásio.

Aspectos diagnósticos. Os prismas tetragonais castanhos e as


massas colunares estriadas são característicos do idocrásio.
OcorrEncia. Encontra-se o idocrásio, usualmente, nos calcários
cristalinos, como resultado do metamorfismo de contato. Associado
com outros minerais de contato: granada, wollastonita, diopsídio e
turmalina. Foi descoberto originalmente nas lavas antigas do Vesúvio
e nos blocos dolomíticos do Monte Somma.
As localidades importantes por sua ocorrência são: Zermatt, na
Suíça; Ala, no Piemonte; Monzoni, no Trentino; Vesúvio; Christian-
sand, na Noruega; Achmatovsk, nos Montes Urais, e rio Vilui, na
Sibéria, na Rússia; e Morelos e Chiapas, no México. Encontrada, nos
Estados Unidos, em Auburn e Sanford, no Estado do Maine; próximo
de Amitu, no de Nova Iorque, e em Franklin, no de Nova Jersey. En-
contrado na região ocidental dos Estados Unidos, em muitos depósi-
tos metamórficos de contato. Uma variedade verde, compacta, as-
semelhando-se ao jade, encontrada em Siskiyou, Fresno e Tulare
Counties, na Califórnia, denomina-se californita. Na província de
Quebec, no Canadá, encontrada em Litchfield, Pontiac County; e em
Templeton, Ottawa County.
Uso. Usa-se a variedade californita, em pequena escala, como
pedra semipreciosa. Tem-se tentado a mineração do idocrásio con-
tendo berílio, como fonte dêste último elemento.
Nome. Provém de duas palavras gregas significando forma e
mistiira, porque as formas do cristal presentes parecem ser uma com-
binação das encontradas em minerais diferentes.
SILICATOS 461

PREHNITA - Ca2AI?(Si3010)(0H)z
Cristalografia. Ortorrômbico. São raros os cristais distintos;
comumente, tabulares, paralelamente à base (001 }. De ordinário,
reniforme, estalactítica, e em grupos arredondados de cristais tabu-
lares.
Propriedades físicas. D 6-6%. d 2,8-2,95. Brilho vítreo. Côi:
habitualmente verde-claro, passando a branco. Translúcida.
Cornposiçõo. Silicato de alumínio e cálcio hidratado, Ca,AI2
- - -
(Si3010)(OH)2.CaO 27,l A i 2 0 3 2 4 3 SiOz 43,7 H20 4,4 por
cento. O alumínio pode ser substituído, parcialmente, pelo ferro.
Ensaios. Situada a meio caminho entre os números 2 e 3. na
escala de fusibilidade. Funde-se com intumescência, dando um es-
malte branco. No tubo fechado, produz água.
Aspectos diagnósticos. Caracteriza-se por sua côr verde e agre-
gados cristalinos, formando superfícies reniformes. Assemelha-se à
hemimorfita, mas tem bensidade relativa mais baixa e funde-se fà-
cilmente. A facilidade de fusão também a distingue do quartzo e do
berilo.
Ocorrência. A prehnita ocorre como mineral de origem secun-
dária, revestindo cavidades no basalto e rochas afins. Associada com
zeúlitas, datolita, pectolita e calcita. Ocorre, nos Estados Unidos,
em Farmington, no Estado de Connecticut; Paterson e Bergen Hill,
no de Nova Jerscy; Westfield, no de Massachusetts, e no distrito de
cobre do Lago Superior. Encontrada em bonitos cristais, em Coopers-
hurg, no Estado de Pensilvânia.
Non~e. Em homenagem ao coronel Prchn, que trouxe o mineral
do Cabo da Boa Esperanqa.

Ciclossilicafos
Os ciclossilicatos estão construídos em redor de anéis de tetrae-
dros SiO,, ligados, tendo uma relação de Si:0=1:3. Nas Figs. 559-
-561, estão mostradas as três confiçura~óesfechadas, cíclicas, desta
cspfcie, que podem existir. O anel Si:,09 é o mais simples; represen-
tado entre os minerais sòmente pelo titanossilicato raro, a beniroíta,
BaTiSi:,O,. O anel Si,Ol, ocorre juntamente com os triângulos BOs
e os grupos (OH), na estrutura complexa do mineral triclínico, a
axinita. O anel Si,O,", todavia, é o retículo básico das estmturas dos
minerais comuns e importantes: bcrilo c turmalina.
462 MINERALOGIA DESCRITIVA

Os an6is hexagonais Si,Ols estáo dispostos, na estrutura d o be-


rilo, em fólhas planas, paralelamente a {OOOI}. Estas folhas estão
ligadas firmemente pelos peqiicnos íons de berilio e alumínio, dotados
de elevada densidade de carga siiperficial e de alto poder polarizante.

Fig. 561. Ancl Si.Or.

lini conscqiiGncia, a cliva~.eiiié n1.l. A morlologia cristalina, niuito


simples, do herilo é a eupressão externa da arquitetiira simples, fir-
mcnicntc unida, dos cristais. O bcrilio cstá eni coordenação 4 coni
o oxi:Cnio, ao p:isso quc o alumínio. li~eirnmcntemaior, cstá e111
coordenação 6. Os anéis dc silício-oxictnio estão dispostos de tal
SILICATOS 463

nianeira que não são 'polares; isto é, um plano de simetria pode ser
imaginado passando atrav6s dos tetraedros no plano d o anel (Fig.
561 ). As ligaçóes, que se estendem dos oxigênios aos íons d o berílio
e do aluminio, têm a mesma força total qualquer que seja a diregão
em que sejam vistas a o longo d o eixo c. Os anéis estão dispostos uns
sobre os outros, nas folhas basais, de tal modo que os orifícios cen-
trais se correspondem, formando canais nítidos, paralelamente a o
eixo c. Nestes canais, pode estar presa uma variedade ampla de íons,
átomos neutros e moliculas. Desta maneira, alojam-se, no berilo. a
hidroxila, o flúor, o hélio atômico, a água, e os ions de Iitio, rubidio.
cfsio e s6dio. Os átomos e íons, assim presos nos canais paralelos ao
cixo c, têm pouco efeito sobre as dimensões da cela, ou outras pro-
priedades d o mineral. A cordierita tem uma estrutura scnielhantc ti
do berilo, mas forma cristais ortorr6mbicos pseudo-hexaronais em
que parte d o aluminio ocupa as posições d o silicio, coordenadas tctra-
èdricamente, nos anéis. e parte fica cm coordena~ão6.
A turmalina, cuja cstrutura permaneceu um iiiistfrio, por muito
tempo. por causa de sua complexidade, está forniada eni ti~rnode
anfis Si,;Olhr como se mostrou, agora. Na turmalina. contudo, os
anéis são polares; isto f , a fôrça líquida das ligações eni rcl;içáo a
uma face d o anel não é a mesma que a força das ligações que se
cstcndem à outra, olhando, primeiro, cm uma direção ao longo do
eixo c e, depois, na outra (Fig. 5 6 2 ) .
Esta polaridade da unidade de cstrutura
fundamental conduz ao caráter polar beni
conhecido d o cristal da turmalina. Na
estrutura da turmalina, al6m dos ancis
existem tri2ngulos BO.: indcpcn-
dentes c grupos (OH). Todas cstas uni-
dades estruturais est5o unidas por liga-
çõcs iônicas atravts de catíons dos tipos
X e Y . Os íons d o tipo X podcm scr Fig. 562.
0 siidio OU 0 cileio, C os íons do tipo Y , Anel Si.O,, na Turmniina.
o magnesio. o ferro ferroso, o aluminio.
o ferro ffrrico, o manganis bivalcnte e o Iítio. do niesmo iiiodo qiic eni
outros silicatos considerados anteriormente. As variedade5 são dc-
terminadas pelas propor~õesrelativas dos difercntes íons X e Y. e a
substituição iônica segue o padróo usual. com substituiç~~o niuiiia.
ampla, nas posiçóes Y, do ma_rnCsio. fcrro fcrroso e manganEc bici-
lente e, nas posições X, d o sódio e do cílcio, acompanhada por subs-
tituição concomitante, acoplada, para manter a neutralidade elctrica.
464 MINERALOGIA DESCRITIVA

Axinita

Berilo
Cordierita
Turmalina
Crisocola

Axinita - Cap(Fe,Mn)Al,(BO:,)(Si,0,3(OH)
Crisfalo.qrafia. Triclinico; pedial. A axinita é o único mineral
comum a cristalizar-se nesta classe. Cristais, usualmente, delgados
com arestas cortantes, mas variados no hábito (Fiç. 563). Frequen-
temente, em cristais e agregados cristalinos; também, maciça, lamelar
I a granular.
i Propriedades físicas. D 6%-7.d 3,27-3,35. Brilho vítreo. Côr:
i
castanho d o cravo da lndia; violeta, cinza, verde, amarelo. Transpa-
rente a translúcida.
!
i
Composiçüo. Um borossilicato dc alumínio, hidratado, com
quantidades variáveis de cálcio, mançanês e ferro ferroso, Ca?(Fc,Mn)
A12(B0,)(Si401,) (OH).
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade en-

@--- :-i I

a
trc os números 2:; e 3. Funde-se com intumescên-
cia. Misturada com fluxo de boro, a mistura aque-
cida cm alça dc platina dá chama verde (boro).
,,a'#,*-
. ,'
I
Produz água no tubo fechado.
Fig. 563. Axinita.
Aç/~ectos <liagn4.siicor. Caracterizada pelos
cristais triclinicos com ângulos muito agudos.
Ocorrência. A axinita ocorre em cavidades no granito, e nas
zonas de contato que rodeiam as intrusões graníticas. As localidades
dignas de nota por sua ocorrência são: Bourg d'oisans, Isère, na
França; vários pontos na Suíça; St. Just, em Cornwall, e Obira, no
Japão. Encontrada, nos Estados Unidos, em Luning, no Estado de
Nevada, e uma variedade amarela, de manganês, em Franklin, no de
Nova Jersey.
Nonie. Derivado de uma palavra grega significando machado,
em alusão à forma dos cristais, assemelhando-se a uma cunha.
SILICATOS 465

BERILO - Be,A1dSi&d
Cristalografia. Hexagonal; bipiramidaldiiexagonal. Hábito
fortemente prismático. Frequentemente, estriado e entalhado veni-
calmente. O berilo de césio, achatado, com frequência, segundo
(0001 }. As - f o m s presentes, usualmente, consistem sòmente em
(10i0} e base {0001} (Fig. 564). As formas dihexagonais são raras
(Fig. 565). Cristais, frequentemente, de tamanho considerável com
faces corroídas. Em Albany, no Estado do Maine, um cristal afilado
de 9 metros de comprimento, aproximadamente, pesou mais de 25
toneladas.

Fig. 564. Berilo. Fig. 565. Berilo.

Propriedades físicas. D 7%-8. d 2,75-2,80. Clivagem (0001)


imperfeita. Brilho vítreo. Cor: comumente, verde-azulado ou ama-
relo-claro; pode ser verde da esmeralda intensa, amarelo do ouro,
róseo, branco ou incolor. Transparente a translúcido. Frequentemente,
os cristais maiores, mais grossos, mostram uma aparência mosqueada
devida à altemância de manchas claras, transparentes, com porções
obscuras.
A cor serve de base para os diversos nomes de variedades do
berilo. Agua-marinha é a variedade transparente, de colorido azul-
-esverdeado-pálido. Morganita, ou berilo-rosa, vai desde o róseo-pá-
lido até o rosa intenso. Esmeralda é o berilo transparente, de colora-
ção verde intensa. O berilo dourado é uma variedade colorida em
amarelodourado, claro.
Composiçáo. Silicato de alumínio e berílio, Be3AI?(Si~0,,).
-
BeO 14,O - Al,O;%19,O Si02 67,O por cento. Frequentemente, estão
presentes pequenas quantidades dos álcalis, consistindo, muitas vêzes,
parcialmente, em césio.
Emaios. Situa-se entre os números 5 e 5% na escala de fusibi-
lidade. Funde-se formando um esmalte. Calcinado intensamente, pro-
duz um pouco de água. Insolúvel nos ácidos.
466 MINERALOGIA DESCRITIVA

Aspectos dia.qnósticos. Reconhecido, usualmente, por sua for-


ma cristalina hexagonal e pela cor. Distingue-se d a apatita por sua
dureza maior.
Ocorrência. O berilo, embora contenha o elemento raro, o
berílio, é relativamente comum e amplamente distribuído. Ocorre,
usualmente, em rochas graníticas, tanto em drusas como em diques
pegmatíticos. Encontra-se também, em mica xistos, e associado com
minérios de estanho. As esmeraldas, tendo a qualidade de gema, ocor-
rem em um calcário betuminoso escuro, em Muso, situado a 100
quilômetros, aproximadamente, a noroeste de Bogotá, na Colômbia.
Tem-se realizado a mineração aí, desde a metade d o século dezesseis,
provindo dessa localidade a maior parte das esmeraldas d o mundo.
Outra localidade, famosa por suas esmeraldas, está na Sibéria, a 70
quilômetros, aproximadamente, a leste de Sverdlovsk, no rio Tako-
waja. Ali, as esmeraldas ocorrem em um mica xisto, associadas com
a fenacita, o crisoberilo e o rutílio. Em Alexander County, no Estado
da Carolina d o Norte, têm sido encontradas, em pequena quantidade.
esmeraldas de coloraçáo relativamente pálida, associadas com a varie-
dade verde d o espodumênio, a hiddenita. As água-marinhas de côr
mais clara sáo muito mais comuns e encontram-se, tendo a qualidade
de gema, no Brasil, na Sibiria e também em Madagascar. Nos Es-
tados Unidos, as gemas de berilo, principalmente a água-marinha,
têm sido encontradas em vários lugares do Maine, New Hampshire,
Massachusetts, Connecticut, Carolina d o Norte e Colorado. Tem-se
encontrado o berilo dourado no Maine, Connecticut, Carolina d o Nor-
te e Pensilvânia; tambim na Sibéria e no Ceiláo. O berilo corado em
rosa tem sido encontrado em San Diego County, na Califórnia, asso-
ciado com a turmalina rósea e com o espodumênio rbseo, a kunzita.
Uma ocorrência semelhante, cm Madagascar, tem fornecido pedras
coradas em rosa, magníficas.
Uso. O berilo é empregado como gema de várias cores. A es-
meralda classifica-se como a mais valiosa das pedras preciosas, po-
dendo ter um valor muito maior d o que o diamante. O berilo é tani-
bém uma fonte importante do berílio. um metal leve. semelhante ao
alumínio em muitas de suas propriedades. Um de seus usos principais
C em liga com o cobre. Um c meio por cento de berilio no cobre
aumentam consideràvelmente a dureza, a f8rca de tensão e a rcsistên-
cia à fadiza. O óxido de berílio foi niaterial fosforcscente importante
nas lâmpadas fluorescentes, mas náo está sendo usado mais. por causa
de sua natureza venenosa.
SILICATOS 467

Nome. O nome berilo é de origem antiga, derivado da palavra


grega que era aplicada para designar as gemas verdes.
EspPcies semelliantes. O eucldsio, BeAi(Si0,) (OH), e a gado-
linita, YFe"Be,(Si0,)202, são silicatos de berílio raros.

Cordierita - Mg?AI3(AISi5Ois)
lolita. Dicroíra.

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Usualmente, os cris-


tais são geminados curtos, prismáticos, pseudo-hexagonais. Também
como grãos embutidos e maciça.
Propriedades físicas. Clivagem pinacoidal (010) má. D 7-7%.
d 2,60-2,66. Brilho vítreo. Côr: diferentes tonalidades do azul.
Transparente a translúcida. Mostra pleocroísmo.
Composiçüo. Um silicato de magnésio e alumínio, Mg,AI,
(AISi,O,s). O ferro ferros0 e o manganês podem substituir parcial-
mente o magnésio, e o ferro férrico, em parte, o alumínio. Também
a água pode estar presente.
Emaios. Situa-se, na escala de fusibilidade, entre os números
5 e 5%. Atacada pelos ácidos só parcialmente.
Aspectos diagnósticos. A cordierita assemelha-se ao quartzo,
distinguindo-se dêle com dificuldade. Diferentemente do quartzo, fun-
de-se nas bordas delgadas. Distingue-se do coríndon pela dureza me-
nor. Se observado, o pleocroísmo é característico.
Alteraçüo. Alterada, muito comumente, em alguma forma de
mica, clorita ou talco, exibindo, então, várias tonalidades de verde-
-acinzentado.
Ocorrência. Encontra-se a cordierita como mineral acessório,
no granito, gnaisse (cordierita gnaisse), xistos e nas zonas metamór-
ficas de contato. As localidades notáveis por sua ocorrência são: a
Bavária, Finlândia, Groenlândia e Madagascar. Do Ceilão, tem vindo
material com qualidade de gema. Nos Estados Unidos, encontra-se,
principalmente, nos Estados de Connecticut e New Hampshire.
Uso. A cordierita transparente, de boa côr. tem sido usada,
como gema, sendo conhecida entre os joalheiros por safira de água.
Nome. Em homenagem ao geólogo francês, P. L. A. Cordier
(1777-1861).
460 MINERALOGIA DESCRITIVA

Cristalografia. Hexagonal-R; piramidal-ditrigonal. Os cristais


são, geralmente, prismáticos, com um prisma trigonal dominante e
um prisma hexagonal de segunda ordem, subordinado. A tendência
das faces do prisma de serem estriadas, verticalmente, e de se arre-
dondarem, dá aos cristais uma seção transversal semelhante a um
triângulo esférico (Fig. 566). Os cristais terminam-se, comumente,
por um pédio e por pirâmides trigonais positivas e negativas, baixas;
podem estar presentes pirâmides ditrigonais. Quando terminados nas
duas extremidades, os cristais mostram, usualmente, formas diferentes
nas extremidades opostas do eixo vertical (Fig. 568). De ordinário,
em cristais. Algumas, compactas, maciças; também em colunas gros-
sas e finas, tanto radiadas como paralelas.

Fip. 566. Fig. 567. Fig. 568.


Turmalina

Propriedades físicas. D 7-7%. d 3.0-3,25. Brilho vítreo a resi-


noso. Cor variada, dependendo da composição. A turmalina mais
comum é a preta (schorlita), contendo muito ferro; a turmalina parda
contém magnésio. As variedades raras, em cuja composição entra o
Iítio, têm cores claras com belos matizes do vermelho, róseo, verde,
azul e amarelo. Raramente, branca ou sem cor, acroíta. Um cris-
tal único pode apresentar várias cores diferentes, dispostas em faixas
concêntricas em torno do centro do cristal, ou em camadas trans-
versais ao longo de seu comprimento. Fortemente pirelétrica e pieze-
Iétrica. Alguns cristais de turmalina mostram dicroísmo intenso, isto
é, a luz atravessando o cristal na direção do eixo c pode ser de uma
côr ou matiz, diferente da que atravessa o cristal em uma direçáo
formando ângulos retos com a primeira.
Composição. Um silicato de boro e alumínio, complexo, cuja
composição pode ser expressa pela fórmula geral XYaAl~(B03)s
(Si601s)(OH),, na qual X = Na, Ca e Y = AI, Fe"', Li Mg.
SILICATOS 469

Ensaios. A fusibilidade varia com a composiçáo: as variedades


contendo magnésio correspondem ao número 3 na escala de fusibili-
dade; as variedades ferríferas fundem-se com dificuldade e aquelas,
em cuja composição entra o lítio, não se fundem. Fundida com fluxo
de boro, dá chama verde d o boro, passageiramente.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida, usualmente, pela seção
transversal triangular, arredondada, dos cristais e pela fratura con-
cóide. Distingue-se da hornblenda pela ausência da clivagem pris-
mática.
Ocorrência. A ocorrência mais comum e característica da tur-
malina é nos pegmatitos graníticos e nas rochas que circundam, ime-
diatamente, êsses depósitos. A massa da turmalina nos pegmatitos t
preta, mas também se encontram neles as variedades, tendo qualidade
de gema, de coloração mais clara. A associação característica é com
os minerais comuns d o pegmatito: microclínio, albita, quartzo e mos-
covita; também, com a lepidolita, berilo, apatita, fluorita e minerais
mais raros (ver Fig. 569). Encontrada, também, como mineral aces-
sório nas rochas ígneas e metamórficas, tais como gnaisses, xistos e
calcários cristalinos.

Flg. 569. Cristais de Turmalina com Quanw e Cleavelandita, Pala, Califárnia,

As localidades famosas pela ocorrência das turmalinas tendo a


qualidade de gema são: a ilha de Elba; o Estado de Minas Gerais,
470 MINERALOGIA DESCRITIVA

no Brasil; os Montes Urais, próximo de Sverdlovsk e Madagascar.


Nos Estados Unidos, encontrada em Paris e Auburn, no Estado do
Maine; em Chesterfield, no de Massachusetts; em Haddam Neck, no
ile Connecticut; e Mesa Grande, Pala, Rincon e Ramona, em San
Diego County, na Califórnia. Encontram-se cristais pardos próximo
de Gouverneur, no Estado de Nova Iorque, e belos cristais negros, em
Pierrepont, no mesmo Estado.
Uso. A turmalina é uma das pedras semipreciosas mais belas.
A côr das pedras varia, sendo os principais matizes o verde da oliva,
o róseo ao vermelho, e o azul. Lapida-se, às vêzes, uma pedra de tal
modo que mostra côres diferentes em diferentes partes. As pedras de
cOr wrde sc conhecem, usualmente, pelo nome do mineral, turmalina,
ou como esmeraldas brasileiras. Têm o nome de rubelita as pedras
vermelhas ou róseas, e de indicolita as mais raras, de côr azul-escuro.
Noilie. Turmalina provkm de turamali, nome dado às gemas
vindas, no passado, do Ceiláo.

CRISOCOLA - CuSiOo.nH20
Cristalografia. Criptocristalina. Tem sido observada em cris-
tais aciculares pequenos mas, comumente, é criptocristalina ou amorfa.
Maciqa compacta. Em alguns casos, terrosa.
Propriedades físicas. Fratura concóide. D 2-4.d 2,O-2,4. Bri-
lho vítreo a terroso. Côr: verde a azul-esverdeado; pardo a prêto,
quando impura.
Composi~üo. Silicato de cobre hidratado, cuja fórmula se apro-
-
xima de CuSi03.nH20.CuO 45,2 Si02 34,3 - H,O 20,s por cento,
quando n = 2. Varia consideràvelmente na composi~ão,sendo, mui-
tas vezes, impura.
Ensaios. Não é fusível. Quando fundida com carbonato de só-
dio sôbre o camáo vegetal, produz um glóbulo de cobre. No tubo
fechado, escurece e dá água.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua cor verde ou azul
e fratura concóide. Distingue-se da turquesa por ser de dureza menor.
Ocorrência. A crisocola é um mineral de origem secundária,
ocorrendo nas zonas oxidadas dos filões de cobre. Associada com a
malaquita, azurita, cobre nativo etc. Encontrada nos distritos de cobre
do Arizona e Nôvo México. Em cristais microscópicos, em Mackay,
no Estado de Idaho.
Uso. Um minério de menor importância de cobre.
Nome. A palavra crisocola deriva de duas outras, gregas, signi-
ficando ouro e cola, nome dado a um material de aparência seme-
lhante, usado para soldar o ouro.
Espécies semelhantes. O dioptásio, Cua(SiaOis).6H20, é um
silicato. de cobre hidratado, ocorrendo em cristais romboédricos ver-
des. bem definidos.

Inossilicatos
Os tetraedros SiO, podem estar unidos em cadeias, compartilhan-
do oxigênios com os tetraedros adjacentes (Fig. 570). Essas cadeias
simples podem então, unir-se lado a lado, mediante participação ul-
terior de oxigênios em alguns dos tetraedros, para form- faixas ou
cadeias duplas (Fig. 571). Estas configurações caracterizam os inossi-
licatos. Na estrutura de cadeia simples, dois dos quatro oxigênios em
cada tetraedro Si04 compartilham com os tetraedros vizinhos, ao
passo que, na estrutura em cadeia dupla, metade dos tetraedros com-
partilham três oxigênios e a outra metade sòmente dois. Estas con-
figurações produzem relações de silício para oxigênio de 1:3, nas
cadeias simples, e de 4: 11 nas duplas ou faixas.
A estrutura d e cadeia simples está representada da melhor ma-
neira pelos piroxênios, para os quais a fórmula geral é XY (Si200).
A estrutura pode ser imaginada como se fosse constituída de cadeias
paralelas de silício-oxigênio, estendendo-se indefinidamente na dire-
çtio do eixo c, unidas por ligações iônicas através dos catíons X e Y.
Os catíons X são grandes e estão carregados fracamente, send8 geral-
mente o sódio ou o cálcio; estão ligados a oito vizinhos oxiçênio. Os
cations Y são menores, em coordenação 6 com o oxigênio, podendo
ser o magnésio, o ferro ferros0 ou o férrico, o a l u m í ~ o ,o manganês
bi- ou trivalente, ou mesmo o Iítio ou o titanio tetravalente. A intro-
duçáo de um íon de carga maior ou menor pode ser compensada me-
diante uma substituiqáo simultânea, como do silício pelo aluniínio,'
nas posições tetraédncas.
Os piroxênios são, em geral, monoclínicos quando as posições
X e Y são ocupadas por íons grandes e pequenos, respectivamente.
Se, contudo, tanto as posições X como as Y são ocupadas por íons
pequenos, resulta uma simetria ortorrômbica. Esta simetria se pro-
duz por uma reflexão semelhante a um geminabo, sôbce (100), acom-
panhada por uma duplicação da dimensão a, da cela. A ocupação
tanto das posicóes X como das Y, por íons maiores, pode resultar
472 MINERALOGIA DESCRITIVA

(h) (b)
Fig. 570. SiO,. (a) Cadeia; Fig. 571. Si.0,~. (a) Cadeia;
(b) Segáo Transversal. (b) Segáo Transversal.

em um retículo triclínico, m o t o caso na rodonita, Mn(SiOl), c


na wollastonita, Ca(SiO2). Todos os piroxênios apresentam cliva-
gem dominante segundo { llO}, de ângulo próximo de 90°, paralela
SILICATOS 473

às cadeias de Si02 (Fig. 572), e geralmente, têm partição nítida,


paralelamente a ( 1 0 0 ) e (001).
De acordo com os princípios estabelecidos anteriormente, resul-
ta uma simetria ortorrômbica quando tanto as posições X como as
Y são ocupadas pelo magnésio e pelo ferro ferroso, como no ensta-
tita-hiperstênio. O magnésio e o ferro ferroso podem substituir-se,
mùtuamente, em tôdas as proporções, com distribuição fortuita, re-
sultando em uma alteração linear das propriedades com a composi-
ção. Sob certas condições de pressão e temperatura, êstes compostos
podem formar polimorfos monoclínicos (clinoenstatita-clinohipentê-
nio), com a metade da dimensão ao da cela da modificação ortor-
rômbica.

Fiz. 572. Seçáo da estrutura do pirox6nio formando ângulos retos com o


eixo c, mostrando como ela controla a clivagem (modificada de Bragg).

Quando as posições X são ocupadas pelos íons de cálcio em co-


ordenacão 8, e as posições Y, pelo magnésio, ferro ferroso, ou man-
ganês bivalente em coordenação 6, resulta um membro da d r i e do
diopsídio. Dentro desta série, pode haver, substancialmente, substi-
tuição mútua, completa, do magnésio, ferro ferroso e manganês biva-
lente, resultando em alterações de menor importância, mas quase li-
neares, nas dimensões da cela e nas propriedades.
A ocupação das posições X por um íon metálico, alcalino, mo-
novalente, de tamanho moderado a grande, e das posições Y por um
catíon trivalente, resulta em um membro da série do espodurnênio:
espodumênio, jadeíta ou egirina. E possível a solução sólida não
sòmente dentro desta série mas também entre esta série e a do diop-
sídio, dando origem a muitas variedades e respectivos nomes.
O s piroxênios comuns das rochas ígneas e metamórficas contêm
tanto cálcio como sódio nas posições X; magnésio, ferro ferroso, alu-
minio, ferro férrico e algum titânio tetravalente nas posições Y, assim
como o silício substituindo algum alumínio nas posições tetraédricas.
As proporções dêstes constituintes variam na dependência d o ambi-
ente da formação. Usa-se o nome "augita comum" para indicar os
piroxenios desta espécie, de composição complexa e variável.

100s nos Piroxéuios e Aufibólios Comuns

X Y Piroxênio Anfibólio
Enstatifa Antofilita
Clinocnstatita Kupfferita
Bronzita, hiperstènio Antofilita
ClinohiperstCnio Cummingtonita
M% Diopsídio Tremolita
Fe Hedenbergita Actinolita
Mn lohnnns5enifa
AI 1:ideita Glaucofana
Fe"' Egirina Riebeckita
Arfvedsonita
Espodriniênio
Augita Hornblenda

Entre os minerais formadores de rocha mais abundantes e im-


port;intcs estio os atifibólios, constituindo uma família mineral que
apresenta grande paralelismo com a dos piroxênios. Todos os mem-
hros tim como estrutura básica a cadeia dupla, ou faixa Si,O,,. Estas
cadcias duplas podem ser consideradas como de extensão indefini-
da. paralelamente à clivagem perfeita e a o eixo c. Quando as cadeias
diiplas s i o olhadas a partir de uma extremidade, isto é, na direçáo
d o eixo c (Fig. 573), pode observar-se como elas explicam os ângu-
loi de clivagem próximos de 56O e 124". A clivagem serve como o
melhor nicio para a riipida distin~ãovisual entre os anfibólios e os
piroxSnios, porque n i o só os ângulos de clivagem diferem entre si,
ina5 tambCm a clivagem d o anfibólio é melhor d o que a dos piro-
x2nios.
As c:ideias estáo unidas, como nos piroxênios, por ligações iôni-
cas atrnvks dc dois tipos de posições d o catíon, ocupadas, em geral,
pelos íons dos tipos X e Y, como definidos anteriormente. Os íons
OH ocupam os cspaços vazios, resultantes da junção das cadci:i. i,()-
ladas, lado a lado, para a formaçáo da cadeia dupla. A feoiiictria
d o arranjo é de tal sorte que os catíons X, maiores, estio cni coor-
SILICATOS 475

drnac5o 8, ao passo que os catíons Y, menores, em coordenagio h.


Tendo e111 conta a cxigència da neutralidade elGtrica, pode ser escrita.
para os anfibfilios, a scguinte fbrmula geral:
X Y X O (OHI4
O ~ l 7-14 Ih 41

F~E.573. Seção da estrutura d o anfibólio, formando ângulos retos com a


cliv;ipeni. e mo5trnndo como el;i ciinlroln a clivagem (modificada em relaqiio
à de Briigg).

Existe considerável latitude na interpretação de uma fórmula


assim tão geral. Os íons X são, em geral, o sódio e o cálcio. com
o potássio como constituinte de menor importância. Os íons Y in-
cluem o niagnCsio. o fcrro ferroso e o férrico, o alumínio, o man-
ganes bivalente e trivalente e o titânio, tal como nos piroxinios. Pode
ocorrcr substituição iônica essencialmente completa entre o sódio e
o cálcio, e entre o magnisio, o ferro ferroso e o manganês bivalente.
Existe substituição limitada entre o ferro férrico e o alumínio, e entre
o titânio e outros íons d o tipo Y; e substituição parcial do silício pelo
alumínio nas posiçóes d o tipo Z dentro das cadeias duplas, tal como
exiçido pela compensação dc valéncia e pela neutralidade elétrica.
A substituiçáo parcial de OH pelo flúor e pelo oxigênio nas posições
das hidroxilas f também comum. No anfibólio hornblenda comum,
forniador de rocha, ocorrem muitas das possibilidades de substitui-
ção niencionadas anteriormente, senão todas, conduzindo a uma fór-
mula complexa.
Alguns anfibólios, como alguns piroxênios, são dimorfos, tendo
membros ortorrômbicos e monoclínicos. Os membros ortorrômbicos
têm uma estrutura que pode ser derivada da estrutura monoclínica
476 MINERALOGIA DESCRITIVA

por reflexão sobre (100) e, em conseqüência, mostram duplicação


da dimensão ao da cela. Esta duplicação da cela fundamental ocor-
re nos membros em que as posições tanto do tipo X como as do
tipo Y estão ocupadas pelos catíons menores, como o magnésio e o
ferro ferroso, produzindo, assim, anfibólios análogos à série da ens-
tatita dos piroxênios. Atribuem-se êstes anfibólios à série da antofi-
lita, e seus dimorfos monoclínicos, à série cummingtonita. A seme-
lhança entre os análogos dos piroxênios e dos anfibólios não pode
ser levada mais longe, pois demonstrou-se que os limites da substi-
tuição iônica não são idênticos na antofilita e na cummingtonita, ao
passo que é possível uma solução sólida completa tanto na enstatita-
-ferrossilita como na clinoenstatita-clinoIerrossilita.
Os piroxênios cristalizam-se em temperaturas mais elevadas do
que seus análogos dos anfibólios e, por conseguinte, se formam mais
precocemente, em geral, em um magma ígneo, em resfriamento. Fre-
quentemente, um piroxênio formado mais cedo altera-se em anfibó-
lio, em um estágio mais tardio na história de uma rocha ígnea. As
experiências de N . L. Bowen indicam que a olivina, cristalizada a
partir de uma fusão de silicatos assemelhando-se em composição aos
magmas naturais reagiria, ao baixar-se a temperatura vagarosamen-
te, com a fusão líquida residual, para formar o piroxênio. Estando
a água presente, este piroxênio pode reagir, então, com o líquido
residual, em temperaturas ainda mais baixas, para formar o anfi-
bólio.
FAMILIA DOS PIROXENIOS

Os piroxênios incluem um núm:ro de es-


pécies que se cristalizam nos sistemas ortor-
rômbico e monoclínico, sendo, entretanto, es-
treitamente relacionadas na estrutura cristali-
na. Todos êles tsm clivagem prismática má
que forma ânçulor de 87O e 93O, aproxima-
100
Fig. 5í4, damente (Fiç. 574). Compare-se com o an-
do Pirox?nio. fibólio (Fig. 579, piçina 487). Os piroxênios
formam uma série, na qual os membros sáo
estritamente análogos, do ponto de vista químico, aos da família dos
anfibólios (ver página 487). Na qualidade dc membros da família
dos piroxênios, descrever-se-ão aqui as seguintes espécies:
Ençtatita Jadeita
Diopsidio Epiritn
Erpodurnènio Aiiçita
SILICATOS 477

w s PIROXÉNIOS
FAM~LIA
Série da Enstatita
Enstatita
Hiperstênio
Série do Diopsidio
Diopsidio
Hedenbergita
Série do Erpodurnênio
Erpodurnênio
ladeíta
Epirita
Série da Augita
Augita
Rodonitn
Wollartonita
Pectolila

Aniofilita (Mg,Fc),Si.O.) (OH).


Série da Tremolita
Tremolita CarMg(Si.G)(OH)i
Actinolita Ca,(MgSFe)~(SiaOa)(OH).
Série da Riebeckita
Riebeckita
Arfvedsonita Na,M&AI(Si.Oa) (OH,F).
Série da Hornblenda X,Y,LO,(O,OH,F).

ENSTATITA - Mg?(Si,O,)
Crisfalo~rafia. Ortorròmbico; bipiramidal. Hábito pnsmáti-
co, cristais raros. Usualmente, maciça, fibrosa ou lamelar.
Propricdudcs fisicas. Clivagem, { 1 10 } boa, formando ângulos
de 8 7 O e 9 3 O . Frequentemente, boa partição, segundo { 1001, menos
comum, segundo {OOl). D 5%. d 3,2-3,s.Brilho vítreo a nacarado
na superfície de clivagem; dá-se o nome de bronzifa a uma variedade
c o m um brilho submetálico, semelhante ao do bronze. Cor: acinzen-
tado, amarelado, ou brancwsverdeado ao verde da oliva, e pardo.
Translúcida.
Composição. Silicato de magnésio, Mg,(Si20s). MgO 40,O -
- Si02 60,O por cento. Raramente pura, podendo conter atb 5 por
cento de ferro ferroso. O magnésio pode ser substituído pelo ferro
ferroso em todas as proporcóes, até a relação de Mg:Fe=l:l. Se a
478 MINERALOGIA DESCRITIVA

quantidade de FeO se situa entre 5 e 13 por cento, a variedade tem o


nome de bronzita; se acima de 13 por cento, o mineral se denomina
hiperstênio. O alumínio, tambim, pode estar presente. O nome fer-
rossilita é dado ao Fe2(Si2O6) puro.
Ensaios. Quase infusível; as arestas delgadas tornar-se-ão ligei-
ramente arredondadas. Funde-se mais fàcilmente, à medida que au-
mentam as quantidades d e ferro.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida, usualmente, por sua cor
e seu brilho pouco comum. As variedades apresentando teor alto de
ferro são pretas e, sem ensaios ópticos, dificilmente se distinguem da
augita.
Ocorrência. A enstatita é comum nos piroxenitos, peridotitos,
gabros, noritos e basaltos, sendo, assim, um mineral muito espalha-
do. E um mineral comum tanto nos meteoritos metálicos, como nos
pitreos.
Nos Estados Unidos, encontra-se a enstatita na mina de Tilly
Foster, em Brewster, Estado de Nova Iorque, e em Edwards, St. Law-
rence County, no mesmo Estado; em Texas, Estado da Pensilvânia;
em Bare Hills, próximo de Baltimore, Estado de Maryland, e em
Webster, Estado da Carolina d o Norte. O hiperstènio ocorre em
Nova Iorque, nos noritos da região de Cortland, no rio Hudson, e na
regiáo de Adirondack.
Nome. A palavra enstatita provém da palavra grega significan-
d o oponente, por causa de sua natureza refratária. A denominação
hiperstênio deriva de duas palavras gregas tendo a significação de
r~iuitoe forte, porque sua dureza é maior do que a da hornblenda.
Erp6cies semelhantes. A clinoenstatita é uma forma dirnórfica,
monoclínica do Mg2(Si20n),e a clinoferrossilita é o dimorfo d o Fe,
(Si20c).

DIOPSÍDIO - CaMg(Si,O,;)
Crista10,qrafia. Monoclínico; prismática. Em cristais prismá-
ticos, mostrando seção transversal com oito lados, ou quadrada. Tam-
btm, maciça granular, colunar e lamelar. Frequentemente, gemina-
do polissintèticamente segundo 1001 1; menos comumente, geminado
segundo { IOO}.
Propriedades físicas. Clivagem prismática, { 110}, imperfeita.
Com frequência, partição paralela ao pinacóide basal 1001 ) e, me-
nos comumente, paralela a { 100). A partição segundo o pinacóide
frontal é característica da variedade dialdgio. D 5-6. d 3,2-3,3. Côr:
SILICATOS 479

branco a verde-claro; escurece com o aumento do ferro. Brilho ví-


treo. Transparente a translúcido.
Composifüo. Silicato de cálcio e magnésio, CaMg(Si20e). CaO
-
25,9 - MgO 18,s SiOa 55,6 por cento. O magnésio pode ser substi-
tuído pelo ferro ferroso, em todas as proporções, e existe uma série
completa entre o diopsídio e a hedenbergifu, CaFe(SizOa).
Ensaios. Corresponde ao número 4 na escala de fusibilidade.
Funde-se produzindo um vidro verde. Insolúvel nos ácidos. Com
fluxos, dá os ensaios para o cálcio e o magnésio.
Aspectos diagnósficos. Caracterizado pela sua forma cristalina,
cor clara e clivagem prismática imperfeita, formando ângulos de 87O
e 93O.
Ocorrência. O diopsídio é encontrado, caractedsticamente, como
mineral metamórfico de contato, nos calcários cristalinos. Nesses de-
pósitos, está associado com a tremolita, escapolita, idocrásio, grana-
da e titanita. Encontrado, também, em rochas metamorfoseadas re-
gionalmente. Encontra-se a variedade dialágio, com frequência, nos
gabros, peridotitos e serpentinas.
Nos Montes Urais, na Rússia, têm sido encontrados belos cris-
tais; também, no Tirol Austríaco; em Binnenthal, na Suíça, e no Pie-
monte, na Itália. Em Nordmark, na Suécia, belos cristais alinham-
se entre o diopsídio e a hedenbergita. Encontrado, nos Estados Uni-
dos, em Canaan, Litchfield County, no Estado de Connecticut; e em
DeKalb Junction e Gouverneur, St. Lawrence County, no de Nova
Iorque.
Uso. As variedades transparentes do diopsídio, após lapida-
$50, usam-se como pedras preciosas.
Nome. Provém de duas palavras gregas com a significação
duplo e upur+nciu, dado que a zona prismática vertical pode estar
orientada, aparentemente, em duas dirqóes.

ESPODUMÊNIO - LiAI(SilOii)
Crisfulogrufiu. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos,
achatados, com frequência, paralelamente a {100}. Estriados pro-
fundamente no sentido vertical. Usualmente, cristais grossos e com
as faces corroídas; alguns muito grandes. Ocorre, também, em mas-
sas suscetíveis de clivagem. E comum a geminação segundo { 1001.
Propriedudes físicos. Clivagem { 1101, perfeita, formando ân-
gulos de 87O e 9 3 O . Usualmente, uma partiçáo bem desenvolvida,
480 MINERALOGIA DESCRITIVA

paralelamente a (100). D 6%-7. d 3,15-3,20. Brilho vítreo. Côr:


branco, cinza, róseo, amarelo, verde. Transparente a translúcido.
Dá-se o nome de kunzita à variedade clara, de côr lilás, e de
hiddenita, h variedade clara, de côr verde da esmeralda.
Cornposiçüo. Silicato de alumínio e Iítio, LiA1(Si206). Li20
- -
8,O AI2O327,4 Si02 64,6 por cento. Habitualmente, tem pequena
quantidade de sódio substituindo o lítio.
Ensaios. Situado a meio caminho entre os números 3 e 4 na
escala de fusibilidade. Ao fundir-se, emite ramos finos, -a princípio,
e depois forma um vidro claro. Produs a chama carmesim do Iítio.
Insolúvel.
Aspectos diagnbsticos. Caracterizado por sua clivagem prismá-
tica vertical e partição segundo o pinacóide frontal. O ângulo forma-
do por uma direção de clivagem e a partição segundo (100) asse-
melha-se ao ângulo de clivagem da tremolita. Para distinguir o espo-
dumênio da tremolita, faz-se necessária uma medição angular cuida-
dosa, ou a produção da chama do Iítio.
Alteraçüo. O espodumênio altera-se, mui facilmente, em outras
espécies, tomando-se opaco. Os produtos da alteração incluem a al-
bita, eucriptita, LiAI(SiO,), mqscovita e o microclínio.
Ocorrência. O espodumênio é uma espécie relativamente rara;
é. encontrado, todavia, ocasionalmente, em cristais muito grandes nos
diques de pegmatito. Ocorre em Goshen, Chesterfield, Huntington
e Sterling, no Estado de Massachusetts; Branchville, no de Connec-
ticut, Newry, no do Maine, Dixon, no do Nôvo México; e na mina
Etta, Black Hills, no de Dakota do Sul, em cristais que chegam a
medir 13 metros de comprimento e a pesar muitas toneladas. Faz-
se a mineração do espodumênio, como fonte de lítio, em Black Hills,
no Estado de Dakota do Sul; no distrito de Kings Mountain, no de
Carolina do Norte; e em Gunnison County, no Colorado. A hiddenita
ocorre com o berilo esmeralda em Stony Point, Alexander County,
no Estado de Carolina do Norte. Encontra-se a kunzita com o berilo
róseo em Pala, San Diego Coiinty, na Califórnia, e em várias locali-
dades em Madagascar.
Uso. Como uma fonte de Iítio. O maior uso do Iítio é nas
graxas, às quais é adicionado para ajudá-las a reter suas proprieda-
des lubrificantes em faixa ampla de temperaturas. Usuado na cerâ-
mica, nos acumuladores, condicionamento do ar, e como fluxo em
operações de solda. As variedades do espodumênio, tendo a quali-
dade de gema, a hiddenita e a kunzita, fornecem gemas muito boni-
tas, mas ocorrem limitadamente.
Nomes. A palavra espodumênio provém de palavra grega sig-
nificando cinza colorida. A palavra hiddenita lembra W. E . Hid-
.
deu, e kunzita, G F . Kunz.

Jadeits - NaA1(Si206)

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Raramente, em cris-


tais isolados. Habitualmente, fibrosa em agregados maciços, compac-
tos.
Propriedades físicas. Clivagem, {110}, formando ângulos de
87O e 93O. Extremamente tenaz e difícil de quebrar. D 6%-7.d 3,3-
-35. Côr: verde da maça ao verde da esmeralda, branco. Pode
ser branca com manchas verdes. Brilho vítreo; nacarado nas super-
fícies de clivagem.
Composiçáo. Silicato de alumínio e sódio, NaAl(Si20e). Na20
15,4-A1?03 25,2-Si02 59,4 por cento. Contém algum ferro férrico,
cálcio e magnésio.
Ensaios. Situada a meio caminho entre os números 2 e 3 na
escala de fusibilidade. Ao fundir-se, produz um vidro transparente,
vesiculoso. Insolúvel nos ácidos.
Aspecfos diagnósticos. Caracterizada por sua côr verde e agre-
gados de fibras compactas, tenazes. Distingue-se da nefrita por sua
fusão fácil.
Ocorrência. A jadeíta ocorre em grandes massas na serpen-
tina, aparentemente formada pelo metamorfismo de uma rocha com ne-
felina e albita. Encontra-se principalmente lia Asia Oriental, na Birmâ-
nia Superior. Também encontrada no Tibet e na China Meridional.
Uso. Aprecia-se, desde há muito, a jadeíta, no Oriente, espe-
cialmente na China, onde é utilizada na fabricaçáo de ornamentos e
utensílios de grande variedade e beleza. Foi usada, também, pelo
homem primitivo em várias armas e implementos.
Nome. A jadeíta recebeu êste nome porque se verificou que
muitos espécimes de jade eram constituídos por ela. Sob o têrmo
jade, estão incluídos tanto o anfibólio nefrita como o piroxênio ja-
deíta.
482 MINERALOGIA DESCRITIVA

Egirina - NaFe,"'(Si20B)

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos


delgados, com terminações agudas. Muitas vêzes, em agregados fi-
brosos. Com frequência, as faces são imperfeitas.
Propriedades físicas. Clivagem, { 1101, imperfeita, formando
ângulos de 87O e 93O. D 6-6%. d 3,40-3,55. Brilho vítreo. Côr:
castanho ou verde. Translúcida.
Composiçáo. Essencialmente, um silicato de sódio e ferro fér-
- -
rico, NaFe"'(Si206). Na20 13,4 FezO3 34,6 SiO, 52,O por cento.
Um mineral com esta composição exata chama-se acmita, sendo en-
contrado raramente. Usualmente, o cálcio substitui o sódio, e o ferro
férrico é substituído, parcialmente, pelo magnésio e alumínio. Algum
vanádio pode estar presente.
Ensaios. Corresponde ao número 3 na escala de fusibilidade.
Ao fundir-se, produz a chama amarela do sódio. O glóbulo fundido
é ligeiramente magnético. Com fluxos, dá os ensaios do ferro.
Aspectos dia~nósticos. Os cristais prismáticos delgados, a côr
parda a verde, e as associaçóes são característicos. Contudo, sem en-
saios ópticos, não se distingue com facilidade.
Ocorrência. A egirina é mineral formador de rocha compara-
tivamente raro, encontrado, principalmente, nas rochas ricas em car-
bonato de sódio e pobres em sílica, tais somo o nefelina sienito e o
fonólito. Associada com o ortoclásio, feldspatóides, augita e anfi-
bólios ricos em carbonato de sódio. Ocorre nos nefelina sienitos e
rochas afins da Noruega; na parte sul da Groenlândia; na península
de Kola, na Rússia. Encontrada no Estado de Montana, nos Esta-
dos Unidos, em Libby, em Highwood e Bear Paw Mountains.
Nome. Provém de Aegir, o deus islândico do mar.

Cristalogr~rfia. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos,


no hábito; as faces do prisma vertical fazem, entre si, ângulos de 8 7 O
e 93O. A zona vertical mostra, comumente, as faces do prisma, trun-
cadas seja por { 100) seja por {OIO}, de modo que os cristais, quan-
do olhados paralelamente ao eixo c, apresentam uma seção
transversal com vértices truncados. (1001 A (010) = 90°;
r\ { i 10) { 110) = 93O; {OIO} A { l l O } = 43!L0. Nestas condi-
SILICATOS 483

çóes, os ângulos interfaciais na zona d o prisma sáo exalamente de 90°


e 4S0, ou muito próximos dêsses valores. As terminaqóes variam, sen-
d o formadas, frequentemente, por uma combinação do plano basal com
prismas de primeira e quarta ordens (Figs. 575-577). Muitas vêzes, la-
melar e granular, com grânulos oscilando entre grossos e finos. Gemi-
nação comum segundo {OOI} e (1001.

Fig. 575. Fig. 576. Fig. 577.

Propriedades físicas. A clivagem, { 110), pode ser boa, frequen-


temente interrompida. Observa-se, com frequência, partição basal,
mostrada muitas vêzes por lamelas de geminaqão. D 5-6. d 3,2-3,4.
Brilho vítreo. Cor: verde-escuro a prêto. Translúcida, transmite a
luz sòmente nas bordas finas.
Composição. (Ca,Na) (Mg,Fe",Fe"',Al) (Si,AI),O<;. A au-
gita pode ser considerada como membro intermediário na série diop-
sídio-hedenbergita, na qual o alumínio substituiu parcialmente o si-
lício e o magnésio.
Ensaios. Corresponde aos números 4 a 4% na escala de fusi-
bilidade. Insolúvel no ácido clorídrico.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida, usualmente, por seus
cristais característicos, com seção transversal de quatro e oito lados.
Distingue-se d o diopsídio por sua côr mais escura, e da hornblenda
por sua clivagem.
Ocorrtricia. A auçita é o piroxênio mais comum e um mine-
ral formador de rocha importante. Encontra-se, principalmente, nas
rochas ígneas de coloração escura, especialmente, naquelas provindas
de magmas ricos em ferro, cálcio e maçnésio. Encontrada, raramen-
te, nas rochas que contêm muito quartzo. Encontrada nas lavas ba-
484 MINERALOGIA DESCRITIVA

sálticas e nas intrusóes de coloração escura, conhecidas em geral


pela designação "trap", nos gabros e nos peridotitos. Encontrada em
alguns sienitos e rochas semelhantes, e em alguns gnaisses. Nas ro-
chas ígneas, a augita está associada com o ortoclásio, feldspatos pla-
gioclásios, nefelina, olivina, leucita, hor~iniendae magnetita.
Algumas das localidades notáveis por sua ocorrência, particular-
mente pelos belos cristais, szo as seguintes: nas lavas do Vesúvio;
Val di Fassa, no Trentino, na Itália; e Bilin, na Boêmia.
Nonie. A palavra augita provém de outra, grega, significando
hrillro. O nome piroxênio, estranho ao fogo, é uma denominação
errada, tendo sido dada ao mineral porque se pensava que êle não
ocorria nas rochas ígneas.

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Relacionada estreita-


mente, do ponto de vista cristalográfico, com os piroxênios. Cristais,
usualmente, tabulares, paralelamente a {001} (Fig. 578); com fre-
quência, corroídos, com arestas arredondadas. Habitualmente maci-
ça, suscetível de clivagem a compacta; em gráos embutidos.
Propriedades físicas. Clivagem, { 110) e { I ~ o ) ,formando ân-
gulos de 8 8 O e 9 2 O , aproximadamente. D 5X-6.d 3,4-3.7. Brilho ví-

($& a m',\
pelo
treo. Côr: vermelho da rosa, róseo, castanho;
frequentemente, com exterior prêto produzido
lúcida.óxido de manganês. Transparente a trans-

Composição. Silicato de manganês, Mn


-
(SiO:,). MnO 54,l SiO, 45,9 por cento. O cál-
cio substitui parcialniente o manganss.
-
Fie. 578.
Rodonitn. Ei~r(rios. Corresponde ao número 3 na es-
cala de fusibilidade; ao fundir-se, produz um vi-
dro quase negro. Insolúvel no ácido clorídrico. Confere à pérola
de carbonato de sódio côr verde-azul.
Aspectos dia,qnósticos. Caracterizada por sua côr rosea e cliva-
gem prismática. Distingue-se da rodocrosita por sua dureza maior e
insolubilidade, e do feldspato por sua densidade mais elevada.
Ocorrência. Encontra-se a rodonita em Lingban, na Suécia,
com outros minerais de manganês e minério de ferro; em grandes
massas, próximo de Sverdlovsk, nos Montes Urais, na Rússia, e em
SILICATOS 485

Broken Hill, na Nova Gales do Sul. Nos Estados Unidos, uma varie-
dade contendo zinco, conGecida como fowlerita, ocorre em cristais de
bom tamanho no calcário cristalino, juntamente com a franklinita,
willemita, zincita etc., em Franklin, no Estado de Nova Jersey.
Uso. Usa-se a rodonita polida como pedra de ornamentação.
Obtém-se o material para êsse fp, principalmente dos Montes Urais.
Nome. Derivada da palavra grega significando rosa, em alu-
são à cor do mineral.
Espécies semelhanfes. A tefroíta, Mn2Si04, é um mineral ver-
melho a cinzento, associado com a rodonita.

WOLLASTOMTA - Ca(Si0,)

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Usualmente, em cristais


tabulares, tendo nítidas (001) ou (100). Habitualmente, maciça,
suscetível de clivagem a fibrosa; também, compacta.
A pseudowollastonita, Ca(SiO,), forma-se acima de 1.200°C; é
monoclínica, pseudo-hexagonal, com propriedades diferentes da wol-
lastonita.
Propriedades físicas. Clivagem, (001) e (100h perfeita, dan-
do aos fragmentos da clivagem um alongamento paralelamente ao
eixo cristalográfico b. D 5-5%. d 2,s-2.9. Brilho vítreo, nacarado nas
superfícies de clivagem. Pode ser sedoso, quando a wollastonita é fi-
brosa. Incolor, branca ou cinzenta. Translúcida.
Composiçüo. Silicato de cálcio, Ca(Si0,). CaO 48,3 - Si02
51,7 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número 4 na escala de fusibilidade.
Ao fundir-se, produz um glóbulo quase vítreo. O ácido clorídrico a
decompõe, com a separação da sílica, mas sem a formação de uma
geléia.
Aspectos diagndsticos. Caracterizada por suas duas clivagens
perfeitas, formando ângulk de 84O e 96O, aproximadamente. Asseme-
lha-se h tremolita, distinguindo-se dela, no entanto, pelo ângulo de
clivagem e pela solubilidade no ácido.
Ocorréncia. A wollastonita ocorre, principalmente, como mi-
neral metamórfico de contato nos calcários cristalinos. Está associa-
da com a calcita, diopsídio, andradita, grossulária, tremolita, felds-
patos cálcicos, idocrásio e epídoto.
486 MINERALOGIA DESCRITIVA

Em alguns lugares, pode ser tão abundante que chega a cons-


tituir o principal mineral da massa rochosa. Essas rochas de wollas-
tonita se encontram em Black Forest, na Bretanha; em Willsboro, no
Estado de Nova Iorque; na Califórnia, e no México. Encontram-se
cristais da wollastonita em Csiklova, na Rumânia; nas Montanhas d o
Harz, na Alemanha, e em Chiapas, no México. Encontrada, nos Es-
tados Unidos, no Estado de Nova Iorque, em Diana, Lewis County,
e também em Orange e St. Lawrence Counties. Na Califórnia, em
Crestmore, Riverside County.
Uso. Existe a minerafão da wollastonita nos lugares onde
constitui a maior porção da massa rochosa, sendo usada na fabrica-
ção de telhas.
Nome. Em honra do químico inglês, W . H . Wollaston (1766-
-1828).

Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Os cristais são, usual-


mente, alongados, paralelamente ao eixo b. Habitualmente, em agre-
gados de cristais aciculares. Frequentemente radiados, com aparên-
cia fibrosa. Em massas compactas.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita, paralelamente ao pina-
cóide basal (001 } e ao frontal { 1001. D 5. d 2,7-2,8. Brilho vítreo
a sedoso. Incolor, branca, ou cinzenta.
Composiçõo. Silicato de cálcio e sódio hidratado, CazNaH
(SiO:,):,. CaO 33,s - Na,O 9,3 - SiOz 54,2 - H20 2,7 por cento.
En.~u;os. Situa-se entre os números 2;: e 3 na escala de fusi-
hilidade; funde-se formando um vidro, sem fazer ruído; cora a cha-
ma em amarelo (sódio). O ácido clorídrico a decompõe, com a se-
paraçâo da sílica, mas sem a formação de uma gelatina. Produz água
no tubo fechado.
Aspcctor clictgnísticos. Caracterizada por duas direções de cli-
vascm perfeita, produzindo fragmentos aciculares agudos. Asseme-
lha-se à wollastonita, dando, porim, os ensaios da água e do sódio.
Distinsue-se das zeólitas de aparência semelhante pela ausência de
:iluminio.
Ocorrgncia. A pectolita é um mineral d r origem secundária,
~emelhante,na ocorrência, às zeólitas. E encontrada revestindo cavi-
dades no basalto, associada com várias zeólitas, prehnita, calcita etc.
i
I
l
SILICATOS

Encontrada em Bergen Hill e West Paterson, no Estado de Nova


487

lersey.
Nome. Provém d a palavra grega significando compoctu, em
I alusão a seu hábito.

II FAMILIA DOS ANFIBÕLIOS

Os minerais mais comuns da família dos anfibólios cristalizam-


se nos sistemas ortorrómbico e monoclínico. Os mais raros, no sis-
tema triclínico, mas as estruturas cris-
talinas das diferentes espécies são es-
tritamente semelhantes. Quimicamen-
I te, formam um grupo paralelo à fa-
mília dos piroxênios (página 476).
Todavia, os anfibólios contèm a hi-
droxila. Os anfibólios e piroxênios
muito entre si e distin- FIE. 579. Clivagem dos Anfibólioi.
guem-se pela clivagem. O angulo de
clivagem ( 1 1 0 ) dos anfibólios í. de 56O e 124O, aproximadamcntc
(Fig. 579). a o passo que o ingulo de clivagem pior dos piroxfnios
f eni torno de 87O e 93O (Fig. 574).
1

Cristr~li>grufiu.Ortorrómbico, corrcspondcndo ao grupo ortor-


r6mbico dos piroxênios: cnstatita-hipersti-nio. Raramcntc cm crisiais
nítidos. Comumcnte, Iamclar ou fibrosa.
Proprierludes li.ric<is. Clivagcm, { 110). pcrfcita. D 5:-6. d
2,85-3,2. Cór: cinza a vários matizcs d o vcrdc e d o castanho. Brilho
vítreo. Translúcida.
Composipio. Silicato de magnCsio e ferro, (Mg,Fe),(Si,O,,)
(OH)?. A ,qedritu 6 uma variedade rica cm alumínio.
Ensaios. Corrcsponde a o número 5 na escala de fusibilidnde.
Ao fundir-se. produz um esmalte negro, macn6tico. Insolúvel nos
Acidos. Produz água no tubo fechado.
Aspectos diu~nósricos. Caracterizada por sua cor parda d o cra-
voda-índia, mas, a n5o ser em cristais, torna-se impossível distin-
gui-la dos outros anfibólios sem ensaios ópticos.
488 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ocorrência. A antofilita é um mineral comparativamente raro,


ocorrendo nos xistos cristalinos. Pensa-se que tenha derivado do me-
tamorfismo da olivina. Ocorre em Kongsberg, na Noruega; em mui-
tas localidades no sul da Groenlândia. Nos Estados Unidos, encon-
tra-se a antofilita em várias localidades nos Estados de Pensilvânia e
de Montana, e em Franklin, no da Carolina do Norte.
Uso. A amosita, uma antofilita rica em ferro, ocorre em fibras
longas e flexíveis, sendo usada como asbesto. Faz-se sua mineração
na Africa do Sul com essa finalidade.
Nome. D o latim anthophyllum significando cravo-da-índia, em
alusão à cor parda dêste.
Espécies semelhantes. A cummingtonita, um anfibólio mono-
clínico, tem a mesma composiçZo da antofilita, sendo, no entanto, de
ordinário. relativamente mais rica em ferro.

TREMOLITA - Ca2Mg,(Si8O2,) (OH)?


Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são de
hábito prismático; as faces do prisma verticais fazem ângulos de 56O
e 124O entre si. A terminação dos cristais é quase sempre formada
pelas duas faces de um prisma baixo de primeira ordem (Figs. 580
e 581). A tremolita é, muitas vêzes, laminada e apresenta-se, com
frequência, em agregados colunares, radiados. Em alguns casos, em
fibras sedosas. Granular, com grânulos grossos a finos. Compacta.

Fig. 580. Fig. 581.

Tremolita.

Propriedades físicas. Clivagem, { 1101, perfeita, formando um


ingulo de 560 e dando origem, muitas vêzes, a uma superfície esti-
Ihaçada. D 5-6. d 3,0-3,3. Brilho vítreo. Com frequência, com
brilho sedoso na zona do prisma. A cor varia do branco ao verde-
SILICATOS 489

-claro. na actinolita (ver adiante sob o título "Composiçio"). A cor


escurece, à medida que aumenta a quantidade de ferro presente.
Transparente a translúcida. Um agregado de fibras de tremolita sob
a forma de feltro é conhecido pelo nome de couro da rnontartlta, ou
cortiqa da montanha. Dá-se o nome de nefrita (ver também sob "Ja-
deíia") a uma variedade compacta, tenaz que é fonte importante d o
material conhecido por jade.
1 Coniposiçüo. Ca2Mg,(Si,0,?) (OH),, usualmente, contim al-
gum ferro fcrroso substituindo iônicamente o magnésio. O mineral
tem o nomc de ocfittolifaquando o ferro está presente em quantida-
des superiores a 2 por cento.
Asl>cctos <liagii<ísticos. Caracterizada pelos prismas dclgadus c
boa clivagem prismática. Distingue-se dos piroxênios pelo ângulo de
clivagcni, c da hornblenda pela côr mais clara.
OcurrGricia. A tremolita é encontrada com muita frequéncia
nos calcários dolomíticos cristalinos. impuros, onde sc formou por
ocasião da recristalizaçáo da rocha, durante o metamorfismo. Encon-
tra-se tambcm nos talco xistos. A actinolita ocorre, comumente, nos
xistos cristalinos, sendo. muitas vêzcs, o constituinte principal dos
xistos de cor vcrde e das rochas verdes. Frequentemente, a actino-
lita dcssas rochas teve sua origem no piroxênio contido na rocha ig-
nca, d o qual derivou o tipo mctamórfico.
I As localidades dignas dc nota em que se encontram os cristais
dc tremolita são: Ticino, na Suíça; no Tirol; e no Piemonte, na Itália.
Nos Estados Unidos, procedem de Russell, Gouverneur, Amity, Pier-
rcpont. DeKalb c Edwards, no Estado dc Nova Iorque. Encontram-se
cristais de actinolita em Greiner, Zillerthal, Tirol. A actinolita é
frcquentcmente fibrosa, sendo o material a que se deu, originària-
mente, o nome osbesto. A forma em asbesto da actinolita tem sido
cncontrada nas rochas mctamórficas em vários Estados ao longo dos
Montes Apalaches. A nefrita tem sido encontrada próximo de Lan-
der, no Estado de Wyoming. Nas montanhas de Kucn Lun, no limi-
tc sul do Turqucstão. existe localidade famosa pela ocorrència da
ncfrita.
Uso. Usa-se a variedade fibrosa, em certa extensáo, conio as-
besto. A variedade fibrosa da scrpcntina fornece asbesto em maior
quantidade e, de regra, de tipo melhor. Os povos d o Oricntc usam,
amplamente, a nefrita da variedade compacta como material de orna-
mentaçáo.
490 MINERALOGIA DESCRITIVA
-.

Nomes. A denominação tremolita deriva de vale de Tremola,


próximo de São Gotardo, na Suíça. A palavra actinolita provém de
outras duas, do grego, significando raio e pedra, em alusão ao seu
hábito frequentemente algo radiado.

Arfvedsonita - Na3MgiAl(Si,022)(0H,F)2

Cristalografia. Monoclínico; prismática. Cristais prismáticos,


longos, muitas vêzes, tabulares paralelamente a {OlO}. Encontrada
em agregados prismáticos, bem como em cristais isolados.
Propriedades físicas. Clivagem, {110}, perfeita, formando ân-
gulos de 56O e 1240. D 6. d 3,45. Brilho vítreo. Côr: verde intenso a
negro. Translúcida, transmitindo a luz sòmente nas bordas delgadas.
Composição. Um anfibólio rico em sódio, NasMg+AI(SiR02?)
(OH,F),, essencialmente. Está presente considerável substitui@o iô-
nica: cálcio no lugar do sódio, ferro ferros0 e titânio, no do magné-
sio, ferro férrico, no d o alumínio, e alumínio, no do silício.
Ensaios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade.
Incha, ao fundir-se, produzindo um glóbulo negro, magnético. Con-
fere côr amarela à chama (sódio). Insolúvel no ácido.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua cor, indo do ver-
de-escuro ao prêto, e por sua presença nas rochas ígneas pobres em
sílica. Funde-se mais fàcilmente do que a hornblenda e a actinolita.
Ocorrência. A arfvedsonita e outros anfibólios ricos em sódio
são minerais formadores das rochas ígneas pobres em sílica, tais como
os nefelina sienitos. Encontram-se grandes cristais nos diques de peg-
matito, associados com essas rochas, no distrito de Julianehaab, na
parte sul da Groenlândia. Também, ocorre nos nefelina sienitos e
rochas afins, próximo de Oslo, na Noruega, c na península de Kola,
na Rússia.
Nome. Em honra do químico sueco, Prof. J . A . Arfvedson.
Espécies semelhantes. A riebeckita é um anfibólio de compo-
sição semelhante à da arfvcdsonita, e um mineral formador de rocha
de ocorrência semelhante. Da crocidolita, uma variedade asbestifor-
me da riebeckita, faz-se a mineração visando à produção do asbesto,
na Africa do Sul, no Brasil e na Austrália. A holmquisrita e a glou-
cofana são outros membros da família dos anfibólios, ricos em sódio.
SILICATOS . -491-
-- .-- --- --

HORIiYBLENDA
Cristalografio. Monoclínico; prismático. Os cristais sáo pris-
máticos, terminados, usualmente, por ( 0 1 1 }. A zona do prisma ver-
tical mostra, além das faces d o prisma, usualmente ( 0 1 0 ) e mais
raramente { 100}. Pode ser colunar ou fibrosa; granulada, com grâ-
nulos grossos a finos.
Propriedadc,~fisicas. Clivagem, { 1]O)-, perfeita formando ân-
gulos de Só0 e 124O. D 5-6. d 3 2 . Brilho vítreo; as variedades fi-
brosas exibem. militas vezes, brilho sedoso. Cor: vários niatizcs do
verde-escuro ao negro. Translúcida; transmitirá a luz nas bordar
delgadas.
C o n ~ p o s i ~ ü o .Com a denominacão d e hornblenda existe, na
realidade, uma série complexa que varia quanto às relaçóes dc C J :
Na. Mg:Fe", AI:Fe8", AI:Si, e 0 H : F . Para a hornhlendn comuni.
a fórmula í. a seguinte: CaoNa(Mg,Fe"), (AI.Fe"',Ti) (AI, Si).O??
(O,OH)?. A presença d o alumínio na hornblenda é a principal ili-
fcrença química entre ela e a tremolita.
E~r.çaio. Corresponde ao número 4 na escala de fusibili<la<lc.
Produz água no tubo fechado.
As/>i,ctos difiognósticos. A forma cristalina e o ângulo dc cli-
vagem servem para distinguir a hornblenda, dos piroxênioi escuros.
Distingue-se. dc ordinirio, dos outros anfibólios por sua cOr escur;i.
OcorrPiici~r. A hornblenda é um mineral formador de rocha,
importante e aniplamente distribuído, ocorrendo tanto nas rochas
igneas como nas nietaniórficas; é particularmente caractcristica das
rochas metamórficas. Deriva por alteraçiio do piroxênio. tiinto dii-
rante os Últimos estádios magmiticos da cristalizaçáo das rochas -:i
neas, como durante o metamorfismo. Dá-se, frequentemente. a &te
último tipo o nome de horirhkiida i~roliticaou rrralito. A hornblenda C
o constituinte principal da rocha anfiholito.
Nottrr. Provém de uma palavra d o alemão antigo usada para
indicar qualquer mineral prismático escuro, ocorrendo em minirios.
nias náo contendo metal suscetível de recuperação.
Evp6cies .srnielhantc.s. Dada a variaçio na série da hornblcn-
a propuseram-se muitos nomes para seus membros, baseados n:i
composicáo química e nas propriedades físicas e ópticas. Os maiç
comuns, tendo em conta a composição química, são: rdenitir, I I ~ I ~ , T ( I -
492 MINERALOGIA DESCRITIVA

Filossilicatos

Como está implícito na derivação d o nome dêste grupo impor-


tante (grego: phyllon - fôlha), todos os seus numerosos membros
têm hábito achatado, ou em escama, e clivagem distinta. São, em
geral, moles e de densidade relativa comparativamente baixa. Suas
lamelas de clivagem podem mostrar flexibilidade e mesmo elastici-
dade. Tôdas estas peculiaridades características originam-se da pre-
dominância, na estrutura, da fôlha silício-oxigénio estendida indefini-
damente. Nesta fôlha, mostrada na Fig. 582 (modêlo d e empacota-
mento) e, esquemàticamente, na Fig. 583, três dos quatro oxigénios
em cada tetraedro SiO, sáo compartilhados com os tetraedros vizi-
nhos, levando a uma relação Si:0=2:5. Esta unidade estrutural de-
nomina-se, algumas vêzes, "falha de siloxana".
A maior parte dos minerais desta classe contém a hidroxila, e
as peculiaridades estruturais associadas com o íon hidroxila são de
grande importância na determinação de suas propriedades. Todos os
filossilicatos comuns podem ser distribuídos em um ou outro de dois
clãs, na dependência d o modo de coordenação dos grupos dc hidro-
xila. Um déstes clás possui, como parte integrante de sua estrutura,
fôlhas de íons hidroxila coordenados por íons magnésio, formando a
estrutura da brucira, Mg8(OHIo. A fôlha da brucita (Fig. 584)
consiste em duas camadas d e íons hidroxila em empacotamento he-
xagonal muito compacto com os íons magnésio ocupando os interstí-
cios. A relação dos raios entre o magnésio e a hidroxila é tal que a
coordenação 6 da hidroxila em tôrno do magnésio tem a máxima es-
tabilidade. Donde, os íons hidroxila podem ser considerados como
ocupando os vértices de um octaedro regular (Fig. 585a) com o
íon magnésio em seti centro. A falha da brucita pode ser imaginada,
então, como constituída por estes octaedros tombados e agrupados,
de modo que sejam coplanarcs certas das faces ( l l l ) , como podc
ser visto na Fig. 585b. A Fig. 584 mostra que os íons magnésio, na
fôlha resultante, formam um padrão hexagonal de anéis entrelaca-
dos dc tal modo que um íon magnésio está no centro de cada anel de
seis íons hidroxila. Os íons hidroxila são compartilhados entre os
octacdros adjacentes, de maneira que existem três íons magnésio para
cada octaedro de íons hidroxila. Em conseqüência, esta configura-
$50 recebe o nome de fôlha trioctaédrica, podendo acomodar íons
bivalentes de tal tamanho que possam entrar em coordenação 6 com
a tiidroxila.
1 SILICATOS 493
I

Fig. 583. Desenho e m Diagrama Mostrando (a) Tetraedro SiO. Isolndo e


(b) Estrutura em Fdlha d o i Tetraedros Dispostos e m uma rêde Hexagonal.
(De Ralph E. Grim. Clnv Mittrrnlogy. McGraw-Hill Book Co., 1953).
494 MINERALOGIA Dt>ri<iii v ~

O outro clá é construido em tomo de falhas semelhantes de


íons hidroxila coordenados pelos íons alumínio, na estrutura da gib-
bsita, AI,(OH)B. O alumínio, semelhantemente a o magnésio, forma
um poliedro estável de coordenaçso 6 com a hidroxila, mas, por causa

:
'
h

Flg. 584. Fôlha da Brucita. Fsferas grandes: hidroxila, esferas


pequenas: magnésio.
I

ia) (a)
Oe9 r Hidroxilar Alurninios, magnésios etc.

Fig. 505. Desenho em Diagrama Mostrando (a) Unidade Octaédrica Isolada e


(b) Fôlha de Unidades Octaédricas (segundo Grim).

da carga mais elevada d o íon alumínio, sòmentc dois terços de íons


alumínio podem entrar na estrutura da fôlha (Fig. 586). Conse-
qüentemente, embora os íons hidroxila formem fblhas duplas com
empacotamento hexagonal muito compacto, nem todos os interstícios
podem ser ocupados. Os íons alumínio formam um padrão de anéis
hexagonais em que a posiçio no centro d o anel não está ocupada.
sendo a configuração denominada folha diocta6drica. Esta estrutura
sòmente pode acomodar íons trivalentes de tamanho apropriado A
I
coordenag50 octaédrica com a hidroxila.
I

Fig. 586. F6lha rln Cibbsita. E~ferar grsnder: hidroxiln. esfera3 peqiienzis:
alumínio. Noi;tr qiie o aliiminio ocupa dois terGor das posiq0es poriívcis.

As estruturas dos membros comuns e importantes da classe dos


filossilicatos podem ser todas derivadas pela combinação da folha
de Si-0: com qualquer das folhas da gibbsita ou da brucita.
As estruturas derivadas mais simples, formadas desta maneira.
são as dos minerais do grupo da caolinita e do grupo da antigorita
OU serpentina. Formam-se estas estruturas, respectivamente. pela
combinação de uma f0lha única de gibbsita com uma de siloxana, e
de .uma folha única de brucita com uma de siloxana. Tanto a fòlha
da brucita como a da gibbsita são elètricamente neutras c os minc-
rais gibbsita e brucita cstêo unidos sòmentc pela l i g a ~ i ofraca dc
van der Waals (Fies. 584 c 586). A camada de Si,O,, contudo, mio
é elètricamente neutra c não pode. por si só, formar uma cstriitura
estável. Quando se permite que os oxigênios dos vktices - os qiic
náo são compartilhados no plano da folha - ocupeni :ir posiq«~'s
da hidroxila na folha da ribbsita ou da brucita. ficam satisfeitas ;is
496 MINERALOGIA DESCRITIVA

exigências de espaço. Além disto, resulta uma estrutura elètricamen-


I
te neutra, pois a hidroxila e o oxigènio têm, essencialmente, o mesmo
raio iônico, e a carga unitária residual no oxigènio d o vértice é igual
à carga da hidroxila. Esta estrutura, no clã dioctaédrico, é a fôlha
da caolinita, e no clã trioctaédrico, a fôlha da antigorita (Figs. 587 e
588). O grupo d a caolinita dos minerais argilosos é constituído a
partir da primeira destas unidades estruturais, ao passo que se forma
a partir da segunda o grupo das serpentinas. Seguindo a nomencla-

Fig. 587. Desenho em Diagram;! da Ectriitura da Camada de Caolinita


(segundo Grim).

tura de P. Niggli, podemos dar à fôlha de siloxana o nome de fôlha


t, pois a coordenação é tetraédrica, e de folhas o às da brucita
ou da gibbsita, dado que a coordenação é octaédrica. Consequente-
mente, a união delas forma uma fôlha !-o e podemos aludir à uni-
dade estrutural básica, seja d o grupo da caolinita, seja do da serpen-
tina, como sendo uma fôlha 1-0. Se recordarmos que os oxigênios
dos vértices de uma folha t substituem duas hidroxilas de uma fôlha
de gibbsita, ou de brucita, é fácil lembrar que as fórmulas resultan-
tes, em cada caso, são:
1)ioctaédrica
O t 1-0
AI,(OH). - (OH), + Sisor + AI?(Si,O,)(OH), Caolinita

Trioctaédrica
h l d O H ) o - (OH), + Si,Or+ M&(Si.Oi)(OH), Antigorita
I SILICATOS 497

Dc maneira cxatanicnte semelhante, podemos deduzir membros


mais complexos d a brvorc da família dos filossilicatos. Substituamos
os oxigênios dos vértices dc unia folha de 0, por duas dentre as
seis hidroxilas de uma fòlha dc gibbsita, ou de uma de brucita, eni
um lado, e depois faqamos o niesnio no outro lado d a mesma folha.
Tenios. agora, uma folha tríplicc constituída de uma fòlha r dc
Si20-, unida a uma folha o que, por sua vez, está unida a outra
folha, invertida, t de SiZO,. Como cada f0lha de siloxana stibsti-
tui duas dentre 3s seis hidroxilas. por octaedro, d a folha de brucita ou
de gibbsita, pernianeccm duas. e as fórmulas das fòlhas triplas resul-
ta~itesdeveni ser:

,,
-'
%> Av*,., r.. , ,L
, ., .. '
<,. . i
, ..,
.i,

" . .,.,,. , .

Fiz. 5SR. hfodllo dc ernpacoianienta da caolinila. Al,Si,Or(OHX. O bran-


co. I O H ) cinrcnlo. AI prClo; r eixo verlical.

Estas unidades estruturais, que chamaremos folhas o t sáo


clttricamcnte neutras e formam estruturas estáveis em que as fòlhas
erf5o tinidas sòmcnte pela ligacão dc van der Waals (Fi;s. 589 e
590). Desde qiie esta ligaçio é fraca, podemos esperar que estas
estruturas tenham clivagem excelente, deslizamento ficil e dêem ao
tato sensaqio de gordura. Estas expectativas verificam-se nos mi-
nerais talco e pirofilita.
Se levarmos o processo de evolução um passo adiante, podc-
mos substituir algum silício por íons de alumínio nas posiçóes tetraé-
dricas das folhas de Sisos. Tendo em conta que o alumínio é triva-
lente, ao passo que o silício é tetravalente, cada substitui~ãodesta
espécie faz aparecer, na superfície da folha, uma c a g a elétrica livre.

O Oxigênior @ Hidroxilas Alumínio, ferro, mognésio

O e Silício. ocasionalmente oluminio


Fig. 589. Decenha em Dingramti da Camada r-o-! (scgicndo Cii-im)

Se cada quarto silício é substituído por aluniíiiio, produz-se uma car-


ga de grandeza suficiente para ligar catíons monovalcntcs em coor-
denação 12 rcçular, entre as folhas r-o-t. E m virtude destas liga-
çóes folha-catíon-folha, as camadas ficam unidas mais firnicmente.
diminui a facilidade de deslizamento, aunienta a dureza c pcrdc-se
a sensaçáo untuosa. As estruturas minerais resultantes sáo as das
SILICATOS 499
--

micas verdadciras (Figs. 591 e 592). Na linha descendente dioc-


tatdrica, o catíon 6, comumente, o sódio (paragonita) ou o potássio
(nioscovita); no ramo trioctaédrico da família, é o potássio, tanto na

Fig. 590. hloil(lo <Ic Enipuco1;imcnto do 'T:ilcc>.hfg,Si,O,.(OH)o. O branco,


hfg preto. (OtI nZo é \i\t:i. c rixo verficnl. O niodêlo mostra o espaynmenlo
:,mplo entre :is f6lh;is 1-0-1 empncotndns de rn:ineira compacta.

flo~.,opitacomo na biotita. E fácil lenibrar as fúrmulas das micas


quando se recorda que uni dos alumínios está nas posicões tctraédri-
cas; em conseqüência, as fórmulas podem ser escritas assim:
DiocfaCdrica KAt2(AISi101n)(OH). hloscovila
Triocfaédrica KMg3(A1SiaOin)(OH). Flogopita
Quando se substituem metade dos íons silício nas posições tc-
traédricas das camadas Si?05 por alumínio, tornam-se disponivcis
duas cargas por fõlha 2 - 0 4 para a ligação de um catíon situado
cntre as camadas. lons cálcio, magnésio e ferro ferros0 podem en-
500 MINERALOGIA DESCRITIVA

trar na estrutura da mica, presos por ligasóes iônicas entre as cama-


das de folhas triplas. Nestas estruturas, a ligação entre as camadas
é tão forte que a qualidade da clivagem diminui, a dureza aumenta,
perde-se. quase completamente, a flexibilidade das camadas, e a den-

O Oxig&nios, @ Hidroxilas, . ~ l u m i n i o s , O Potássio


O e Stlicior (um quarto substituido
por oluminior)
Fig. 591. Desenho em Diagrama da Estrutura da Moscovita (segundo Grim).

sidade aumenta. Os minerais resultantes são as miras quehradig~s.


Sáo típicas a margarita e a xantofilita, cujas fórmulas são as seguin-
tes:
Dioctaédrica CaAIs(A12Si~O~e)(OH)3 Margarita
Trioctaédrica CaM&(AlzSi=0,~)(OH), Xanlofilita

Existe cscassa soluçiio sólida entre os membros das séries dioc-


taédrica e trioctaédrica, embora possa haver substituiçáo iônica ex-
tensa e substancialmente completa do magnésio pelo ferro ferroso, do
SILICATOS 501

alumínio pelo ferro férrico, d o sódio pelo cálcio, nas posições apro-
priadas. Em escala limitada, o bário pode substituir o potássio, o
cromo ao aliiniinio, o flúor a oxidrila. O manganês, o titanio e o
cgsio s5o constituintes mais raros de algumas micas. As micas con-
tendo litio siio estruturalmente distintas da moscovita c da biotita.
por causa do menor tamanho d o íon Iítio.

Fig. 592. Moscovita, KAI~(AISi,Oi.)(OH)r(Modelo de Empacotamento). AI


em coordena$;ia 6 (inet;ilica), AI eni coordenaS8o 4 nRo se vê. O oxigénio
é branco. Uiiin f0lhn I-o-! c<rmfleln conslitiii a pnrle central do rno<lEl«,
unida por ions K grandes a poi-cõrs dar fólhns r-0-1 ndjncentcc ncini:~ e
abaixo. Compare-sc com a Fig. 590 (talco), a Fig. 588 (cnolinita) e a
Fig. 594 (clorita).

Um certo número de ramos pode ser adicionado nossa ár-


vorc da família dos filossilicatos (Fig. 593). A família importante
das c1oritrr.r pode ser descrita, simplesmente, como tendo a estrutura
do talco em camadas triplas, com uma falha de brucita simplcs situa-
da entre as camadas (Fig. 594). Isto conduz à f6rmula Mg,,Si,O,,,
(OH),.M:, ( O H ) + Contudo, na maior partc das cloritas, o niay-
502 MINERALOGIA DESCRITIVA

nésio é substituído, nas posisóes octaédricas, pelo ferro ferroso, pelo


ferro férrico e pelo alumínio, tanto ,nas camadas de talco como nas

O I Oxig8nio

.
O

l
= Hidroxila
= Silicio
iAlumínio
o r Mallntrio

Fig. 593. Arvore da Família dos Filossilicatos (EEquemática).


JILICATOS 503

f0lh;is de brucita; e o silício é substituído pelo alumínio nas posições


trtra6dricas. Pode generalizar-se, agora, a fórmula d o seguinte modo.

Os \,;iri«s mcnihros do grupo diferem entre si nas quantidades de


substitui<ão c na ni:incira pcla qual as canindas estão dispostas umas
si>hrc a i (iutras.

Fig. 594. Modêlo de Enipncotamento da Clurila. M ~ ~ , S i , O , , . i O H ) , . M ~ . , IlrO


. H
O hranco, (OH j preto prande. Mg prêto pequeno; c eixo vertical. O nio-
delo mo\lra lulhas t - r i + r alternando-se com f6lhas o. O hlg pode \rr
s~ihslituídu por Fe", Fe"' e AI; e o Si por AI.

O grupo importante das monrmorilloniias pode ser derivado da


estrutura da pirofilita mediante a inserç5o das folhas de água mole-
ciilar contendo catíons livres, entre as camadas triplas t-o-r da piro-
filita. As folhas de pirofilita essencialmente desprovidas de carga
podem expandir-se, por esta forma, d e modo a atingir dimensões da
cela exrraordinirianiente grandes e, nessa conformidade, os niinerais
504 MINERALOGIA DESCRITIVA

dêste grupo apresentam capacidade, sem par, de intumescência quan-


do umedecidos. As vermiculitas derivam, semelhantemente, da es-
trutura do talco pela interposição de* folhas de água molecular.
Se ocorre, ocasionalmente, substituição fortuita d o silício pelo
alumínio nas posições tetraédricas das folhas de pirofilita, pode não
haver carga agregada suficiente nas camadas triplas, para produzir
um estrutura ordenada de mica, com preenchimento de tôdas as posi-
çôes catiônicas possíveis, situadas entre as camadas. Localmente,
todavia, podem estar ocupadas posições ocasionais de catíbns, origi-
nando propriedades intermediárias entre as das argilas e as das micas.
fste quadro pode complicar-se ulteriormente pela introdução de algu-
ma água molecular. Referem-se os minerais dêste tipo, intermediá-
rios entre as argilas montmorilloníticas e as micas verdadeiras, ao
grupo da ilita ou hidromico.
A grande importância dos filossilicatos reside, em parte, no fato
que os produtos do intemperismo rochoso e, por conseguinte, os cons-
tituintes dos solos são na maioria das vêzes dêste tipo estrutural. A
liberação e a retenção dos alimentos das plantas, o armazenamento
da água no solo entre a estação úmida e a sêca, e a acessibilidade do
solo aos gases atmosféricos e aos organismos dependem, em grande
parte, das propriedades dos filossilicatos.

Apofilita
Caolinita
Serpentina
Garnierifa
Pirofilita
Talco
Moscovita
Flogopila
Biotita
Lepidolita
Margarita
Clorita
Sepiolita

Geològicamente, os filossilicatos são de grande importância. As


micas são os principais minerais dos xistos e estão espalhadas nas
rochas ígneas. Elas se formam em temperaturas mais baixas do que
os anfibólios ou piroxênios e, com frequência, representam sobstitui-
ções de minerais mais precoces como resultado da alteração hidro-
termal.
SILICATOS 505

Apofilita - KCa,(Si,O,,),F.8H,O

Cristulogrufiu . Tetragonal; bipiramidal-ditetragonal. Usual-


mente, em cristais que mostram uma combinafão de {OlO}, ( 1 1 11,
e 1001 } (Figs. 595 c 596). Observam-se, ocasionalmente, pequenas
faces de um prisma ditetragonal (Fig. 597). O s cristais podem as-
semelhar-se a uma combinação isométrica d o cubo e d o octaedro,
iiias mostram ser tetragonais pela diferença no brilho entre as faccs
do prisma c d o pinacóide basal.

i . 595. Fig. 596. Fig. 597.


Apofilita.

Propriednde.i fisicnv. Clivagcm, 1001 1, perfeita. D 4;;-5. d


2,3-2,4. Brilho da base nacarado, das outras faces, vítreo. Usual-
mente incolor, branca ou cinzenta; pode exibir matizes pilidos d o
verde, amarelo e rosa. Transparente a translúcida.
Cor~~/>osiçüo.Um fluossilicato de potássio e cálcio hidratado,
KCa4(Si,0,0)i F - 8 H 2 0 .
Ensuios. Corresponde ao número 2 na escala de fusibilidade.
A o fundir, incha, formando um esmalte branco, vesicular. Cora a
chama em violeta pálida (potássio). Produz muita água no tubo
fechado. O ácido clorídrico a decompòc, com s e p a r a ~ â oda silica,
mas sem a formação de uma gelatina. A solução dá precipitado es-
casso com a amônia, mas nem sempre. Produz, no entanto, preci-
pitado branco abundante com o oxalato de amônio ou com o carbo-
nato de amônio (cálcio).
Aspectos dia~ilósiicos. Reconhecida usualmente por seus cris.
tais, sua cor, seu brilho e pela clivagem basal.
Ocorrêiria. A apofilita ocorre comumente como mineral secun
dário, revestindo cavidades no basalto e nas rochas afins. Associada
com várias zeólitas, calcita, datolita e pectolita.
506 MINERALOGIA DESCRITIVA

Encontra-se em bonitos cristais em Andreasberg, nas montanhas


d o Harz; em Haussig, na Boêmia; nos Alpes Seiser, no Trentino, na
Itália; perto de Bombaim, na India; nas ilhas Faeroe; na Islândia; na
Groenlândia, e em Guanajuato, no México. Nos Estados Unidos, em
Bergen Hill e Paterson, no Estado d e Nova Jersey, e no distrito d o
cobre d o Lago Superior. Encontrada em bonitos cristais na nova
Escócia.
Noiire. Provém de duas palavras gregas significando de e U I ~ I
f<ilha, por causa de sua tendência de esfoliar quando calcinada.

MINERAIS ARGILOSOS'

A orgilu C uma rocha e, como a maioria das rochas C consti-


tuída por certo número de diferentes minerais em proporcóes varia-
das. O termo argila implica tambem a existência de p;irtíciilas de ta-
manho pequeno. Usualmente, o tsrmo argila é empregado quando
se faz referência a um material terroso, de granul;iqão fina, qiic se
torna plástico a o ser misturado com unia quantidade peqilcna de
água. Com o uso das técnicas de raios X, mostrou-se que 21s nrgilar
são constituídas, predominantemente. por um grupo de suhst;inci;is
cristalinas conhecidas como minerui. nrb.ilo.~os. 7òdas elas sio, es-
sencialmente, silicatos dc alumínio hidratados. Em alguns, o ;ilumí-
nio é substituído parcialmente pelo magncsio oii pclo ferro. podendo
estar presentes, como constitiiintes essenciais, os álcalis ou as tcrras
alcalinas. Embora uma argila possa ser formada por um único nii-
neral argiloso, existem, de orltinário, várias delas misturadas coni
outros niinerais como o feldspato, o quartzo, os carbonatos c as micas.

Cri.slolo~rafiu. Monoclínico; prismática. Em placas diminutas,


delgadas, configuradas em hexágono ou rombo. Usualmente, em
massas semelhantes à argila, compactas ou friáveis.
Propriivlades físicas. Clivagem, i001 1, perfeita. D 2-2%. d
2.6-2,63. Usualmente, o brilho i. terroso. opaco; as placas de cristal
são de brilho nacarado. Côr: branco. Muitas vêzes, colorida varia-
damente pelas impurezas. De ordinário, untuosa e plástica.

' Para urna dircurr5o dar minerais areiloros, rua mineralogia. qulmica. ocorrencia e
oriecm. ver Clay Minerology. de Ralph E. Crim, McCraw-Hill Book Co.. Ncv York. 1953.
SILICATOS

Composição. Um silicato de alumínio hidratado, Alr(Si,Oin)


-
(OH)a. ALO3 39,s - Si02 4 6 3 H20 14 por cento.
Ensaios. Não é fusível. Insolúvel. Toma uma cor azul quan-
do umedecida com nitrato de cobalto e calcinada (alumínio). Produz
água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida usualmente por seu cará-
ter semelhante ao da argila, mas sem ensaios ópticos é impossível
distingui-la dos outros minerais argilosos d e composiçáo semelhante
que, coletivamente, constituem o caolim.
Ocorrência. A caolinita é de ocorrência ampla. E o principal
constituinte d o caolim ou argila. Sempre um mineral de origem su-
pérgena, sendo derivada, por alteração, dos silicatos d e alumínio,
particularmente d o feldspato. Encontrada de mistura com o feldspato
nas rochas que estão sofrendo alteração; em alguns lugares, forma
depósitos inteiros, onde essa alteração prosseguiu até completar-se.
Como um dos produtos comuns da decomposição de rochas, encon-
tra-se nos solos e, sendo transportada pela água, deposita-se, sob a
forma de camadas de argila, misturada com quartzo e outros mate-
riais, nos lagos etc.
Uso. A argila é uma das substâncias industriais, naturais, da
maior importância e muitos e variados produtos se fazem com ela.
Incluem-se aí o tijolo comum, o tijolo de pavimentação, as telhas,
as manilhas para esgóto. Os que usam a argila para fins comerciais
reconhecem muitas espécies diferentes, tendo propriedades ligeira-
mente diferentes, cada uma delas sendo melhor apropriada para cada
fim especial. A argila de alta qualidade, denominada arxila de por-
c~lanaou caolim, tem muitos empregos além da manufatura da por-
celana e de cerâmica. Seu maior emprêgo reside na fabricacio do
papel, sendo utilizado para melhorar sua superfície, aumentar sua
opacidade etc. Usado também na indústria da borracha e na manu-
fatura de refratários.
O valor principal da argila na fabricafio de produtos de ceri-
mica está no fato que, quando úmida, pode ser moldada em qualquer
forma desejada e, depois, quando aquecida, parte da água combina-
da é expulsa, produzindo uma substância dura, permanente.
Nome. A palavra caolinita deriva de caolim, corruptela da pa-
lavra chinesa kaulin!: significando colina alta, ou seja, o nome de
uma colina próximo de Jauchu Fa, onde se obtém o material.
Esp<:cies semelhantes. A dickita e a nacrita são semelhantes A
caolinita na estrutura e na composição química, mas sáo constiiuin-
508 MINERALOGIA DESCRITIVA

tes de menor importância dos depósitos de argila. Também se colo-


ca no grupo da caolinita a anauxita, mas tem uma relação d o silício
para o alumínio mais alta d o que a da caolinita. A halloysita tem
duas formas: uma, com a composição da caolinita, A14(Si10io)
(OH), a outra com a composição seguinte: AI4(Si4Olo) ( O H ) x -
4H,O. O segundo tipo desidrata-se, passando para o primeiro, com
perda das moléculas d e água situadas entre as camadas.
O grupo da montmorillonita (ver página 503) compreende certo
número de minerais argilosos compostos de camadas silicato f-0-1
tanto d o tipo dioctaédrico como d o trioctaédrico. A característica sa-
liente dos membros dêste grupo é sua capacidade d e absorver molé-
culas de água entre as folhas, produzindo expansão acentuada da es-
trutura. Os membros dioctaédricos são: a montmorillonita, a beidel-
lita e a nonfronita; os membros trioctaédricos são a hectorita e a
saponita. A montmorillonita é o mineral argiloso predominante na
bentonita, cinza vulcânica alterada. A bentonita tem a propriedade
rara de aumentar de várias vezes seu volume original quando mer-
gulhada em água.
Usa-se o têrmo geral ilitu para indicar os minerais argilosos se-
melhantes à mica. As ilitas diferem das micas por ser menor, nclas,
a substituiçáo d o silício pelo alumínio, por conterem água em maior
quantidade e porque o potássio é substituído parcialmente pelo cálcio
c pelo magn6sio. A ilita é o constituinte principal em muitos folhe-
lhos.

Cristulojirufiu. Monoclínico; prismática. Não sc conhecem


cristais, cxccto como pscudoniorfos. A scrpcntina ocorre cm dois
hábitos distintos: ( 1 ) uma varicdadc em placas, conhecida por unti-
:oritu, cujas propriedades sc harmonizam com as dos filossilicatos, c
( 2 ) outra, fibrosa, denominada crirt>tilu (Fig. 598). Tem-se postu-
lado quc as fibras da crisotila resultam d o encurvamento da estru-
tura em camadas do silicato, com formação de tubos cilíndricos.
Propriedades físicas. D 2-5, usualmente 4. d 2,2 nas variedades
fibrosas a 2,65, nas maciças. Brilho gorduroso, semelhante ao da
cera nas variedades maciças, sedoso, nas fibrosas. Muitas vezes, a
c6r é variegada, apresentando manchas verdes, umas mais claras,
outras mais escuras. Translúcida.
Composiçüo. Um silicato de magnésio hidratado, Mgo(Si,O,~,)
(OH),. MgO 43,O - SiOz 44,l - HzO 12,9 por cento. O ferro ferros0 e
o níquel podem sstar presentes em pequena quantidade.
Ensaios. Não é fusível. O ácido clorídrico a decompóe, com
separação da síiica mas sem a formação de uma geléia. A solução
filtrada, depois da precipitaçêo de qualquer quantidade de ferro pelo
hidróxido de amônio, dá um precipitado de fosfato amônio-magnesia-
n o com o fosfato de sódio. Produz água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida por sua côr verde varie-
gada e por seu brilho gorduroso, ou por sua natureza fibrosa. Dis-
tingue-se do anfibólio fibroso pela presenGa de uma grande quantida-
de de água.

Fig. 598. Veios de Asbesto Crisotila na Serpentina, Thetfard, Quebec.

Ocorrência. A serpentina é um mineral comum, amplamente


distribuído; usualmente, como um produto de alteração de algum
silicato magnesiano, especialmente, a olivina, o piroxènio e o anfi-
510 MINERALOGIA DESCRITIVJ

bólio. Frequentemente, associada com a magnesita, cromita e mag-


netita. Encontrada tanto nas rochas ígneas como nas metamórficas,
frequentemente sob a forma de partículas disseminadas, em tal quan-
tidade, em alguns lugares, que chega a constituir quase toda a massa
da rocha. Empregado como nome de rocha, o têrmo serpentina
aplica-se às massas rochosas constituídas principalmente pela varie-
dade antigorita. Grandes depósitos da variedade fibrosa, a criso-
tila, estão localizados na província de Quebec, no Canadá; nos Mon-
tes Urais, na Rússia, e na África do Sul. Nos Estados Unidos, en-
contra-se a crisotila em Vermont, Nova Iorque e Nova Jerscy e, no
Arizona, próximo de Globe em Sierra Ancha e no Grand Canyon.
U s o . A variedade crisotila é a principal fonte de asbesto. O
anfibólio fibroso é usado também para o mesmo fim. Os usos do
asbesto dependem de sua natureza fibrosa flexível que permite sua
transformação em um feltro com o qual se fazem tecidos; e do fato
de não ser combustível, sendo vagarosa nele a condutibilidade d o
calor. Por conseguinte, os produto? de asbesto se empregam para a
proteção contra o fogo e como material de isolamento contra o calor
e a eletricidade. A serpentina maciça que é translúcida c de côr
que vai do verde-claro ao escuro é empregada como pedra ornamen-
tal, podendo ser valioso material de construqão. Chama-se mármore
vt,r~leantigo, quando misturada com mármore branco, mostrando uma
bonita coloraçáo variegada.
Nome. O nome se refere i s manchas verdes, semelhantes a ser-
pentes, da variedade maciça.

Gamierita - (Ni,Mg)Si03.nH20
Cristalografia. Aparentemente amorfa. Encontrada sob a for-
ma de incrustações e dc massas terrosas.
Propriedades físicas. D 2-3. d 2,2-2,8. Brilho terroso e opa-
co. Côr: verde da maça a branco.
Composiçüo. Um silicato de magnésio e níquel hidratado, (Ni,
Mg)Si03.nH20.
Ençaios. Não é fusível, tornando-se magnética, entretanto,
pelo aquecimento. O ácido clorídrico a decompõe com dificuldadc,
dando sílica separada. Na chama oxidante, confere à pérola de bórax
a c6r parda. No tubo fechado, fica preta e produz água.
Aspectos diagnó.~ticos. Caracteriza-se por sua côr verde da maçã,
scii brilho terroso e pela falta dc estrutura cristalina.
SILICATOS 51 1

Ocorrétrciu. A garnierita i um niineral dc origem secundiria.


associado com a serpentina, c provàvelmente um produto de altera-
ção de peridotitos que conttni níquel. Encontrada em quantidade
considerável. associada com a serpen1ina.e a cromita, próxinio de
Numéia, na Nova Caled6nia. Tambtm no Transvaal, na Rússia. n;i
África d o Sul e em Madagascar. Encontrada, nos Estados Unidos.
em Riddlc, no Estado de Oregon, e em Webster, no da Corolina do
Norte.
U.W. Um mincrio de níquel,
Nome. Em honra de Jules Garnier, o descobridor do iiiincral.

Pirofilita - Alz(Si,O,o)(OH),

Crista1ograf;a. Monoclinico; prismática. Nào observada eni cris-


tais nítidos. Laminada; em alguns casos, em agregados Iamelares ra-
diados. T a m b h granular a compacta. Idêntica ao talco na apa-
rência.
Propriedades fí.~icus. Clivagem (001 1, perfeita. As Iiminas al-
go flexíveis mas não elásticas. D 1-2 (fará uma marca sobre o pano).
d 2.8-2.9. Brilho nacarado a gorduroso. C6r: branco, verde da ma-
çã. cinza, pardo. Translúcida; transmitirá a luz nas bordas delgadas.
Composi~üo. Silicato de alumínio hidratado, AI*(Si,O,,,) ( O H ) 2 .
AI2O1 28,3-Si02 66,7 - H y O 5,O por cento.
Ensaio. Não é fusível, mas, a o serem aquecidas, as varicrladcs
radiadas esfoliam-se sob a forma de leque. Numa temperatura elc-
vada, produz água no tubo fechado.
Aspectos diogncísricos. Caracterizada principalmente por seu
hábito micáceo e por sua clivagem, sua dureza muito baixa e sua
sensação gordurosa ao tato. Para distingui-la do talco, umedece-se
um pequeno fragmento com nitrato de cobalto e calcina-se. Sendo
pirofilita, o fragmento toma uma c61 anil (alumínio). O talco. nas
mesmas condições, tomará cor violeta-pálida.
Ocorrência. A pirofilita é um mineral comparativamente raro.
Encontrada nas rochas metamórficas; frequentemente com a cianit;~.
Ocorre em quantidade considerável em Guilfrod e Orange Counties.
no Estado da Carolina d o Norte.
Uso. Faz-se a mineraqáo da pirofilita no Estado da Carolina
d o Norte, sendo usada para os mesmos fins que o talco (ver a
512 MINERALOGIA DESCRITIVA

seguir). Todavia, náo tem preço tão elevado quanto os melhores ti-
pos de talco. Uma parte considerável d o que se conveio chamar agal-
iiiurolira, na qual os chineses esculpem pequenas imagens, é esta es-
pécie.
Nome. Provém do grego, significando fogo e uma fi>lha, porque
ela se esfolia quando aquecida.

TALCO - Mg:,(Si,O,,) (OH),

Cri.s~ulo,qrafia. Monoclínico; prismático. Cristais raros. Usual-


mente, tabulares com contôrno rômbico ou hexagonal. Maciço lanii-
nar; em alguns casos, cm grupos Iaminados radiados. Também com-
pncto.
Clivagem -(001}, perfeita. Lâminas del-
I1ropri(,díid(,s fí.si<.~i.~.
~ i d a s .algo flexíveis, mas dcsprovidas de elasticidade. Sfctil. D I
(marcará o pano). d 2,7-2,s. Brilho nncarado a gorduroso. Cor:
verde da maçã. cinza. hr;inco ou branco da prata; na pedra-sabio,
muitas vêzes, cinza-cscuro ou verde. Trnnslúcido. Sensação untuosa
ao tato.
Cornpo.\i(.<io. Uni silicato dc ni;ignCsio hidratado, Mç:,(Si,O,,,)
(OHf*. MgO 31,7 - Si01 63,s - H,O 4.8 por cento. Podem cstar prc-
sentes pcqucnas qiiantidadcs dc níqucl.
En.suio.s. Dificilmcntc fusívcl ( 5 ) . Não f atacado pelos ácidos.
Produz água no tubo fechado quando aquecido intensamente. Umedc-
cido com nitrato de cohalto e calcinado, toma cor violeta-pálida.
Aspectos dirr:itó.srico.s. Caracterizado por seu hábito micbcco
e sua clivagcm, sua dureza muito baixa c sua sensaçáo untuosa ao
tato. Para distingui-lo da pirofilita, umedece-se um fragmento com
nitrato de cobalto e calcina-se. Sendo talco, o fragmento tomará cOr
violeta-pálida; sendo pirofilita, cór azul.
Ocorrtnciu. O talco é um mineral de origem secundária, for-
mado pela alteração dos silicatos de magncsio: olivina, piroxènios e
anfibólios, podendo ser encontrado como pseudomorfos sobre êstes
minerais. Encontrado nas rochas ígneas, por causa d a alteração
dêsses silicatos, especialmente nos peridotitos e piroxenitos. Con-
tudo, é encontrado de maneira mais característica nas rochas meta-
mórficas, nas quais, sob a forma granular a criptocristalina, conhe-
SILICATOS 513

cida por pedra-sabão, pode constituir quase toda a massa da rocha.


E possível também, sua ocorrência como constituinte proeminente
nas rochas xistosas, entre as quais o talco xisto.
Nos Estados Unidos, as pedreiras de talco ou de pedra-sabão
estão localizadas, principalmente, ao longo d a linha dos Montes Apa-
laches. O mineral é produzido nos Estados de Vermont, Massachus-
sets, Rhode Island, Nova Iorque, Nova Jersey, Pensilvánia, Maryland,
Virgínia, Carolina d o Norte e Geórgia. Em St. Lawrence County,
I
no Estado de Nova Iorque, estão localizados depósitos importantes,
nos quais o talco ocorre sob a forma de camadas de xisto interestra-
tificado com calcários. Nesse lugar, está associado com a tremolita
e a enstatita, tendo derivado, evidentemente, das massas destas últi-
mas. Na Virgínia, em uma faixa estreita que corre a partir de Nel-
son County, existem grandes depósitos de pedra-sabão.
Uso. Sob a forma de placas de espessura maior ou menor da
rocha pedra-sabão, usa-se o talco para tampos de mesas de labora-
tório, quadros de comando elétricos e aparelhos sanitários. A maior
parte d o talco e da pedra-sabão produzida é pulverizada para ser
usada como ingrediente nas tintas, na cerâmica, na indústria da bor-
racha, dos inseticidas, d o papel, dos cosméticos e nos revestimentos
nas fundi~óesetc.
Nome. O nome talco é de origem antiga e duvidosa, derivando,
provàvelmente, do árabe: talk.

GRUPO DAS MICAS


As micas cristalizam no sistema monoclínico, mas com uma in-
clinação do eixo a quase de 90°, de modo que não se percebe, cla-
ramente, sua simetria monoclínica. Os
cristais são, de ordinário, tabulares, com
planos basais bem desenvolvidos e com um

2i:,
~Por conseguinte,~ os cristais,
~~~~~~~a~~~~~
de$ regra, pa- oio@o,o
~ ~ d

recem ser tanto rómbicos como hexago-


nais. As micas caracterizam-se por uma 110
clivagem 1001) altamente perfeita. Um
Fig. 599, Figura de
golpe com um instrumento não-pontiagudo Percussáo na ~ i ~ ~ ,
sobre uma placa de clivagem determina
em tbdas as espécies irma figura de percussão de seis raios (Fig.
599), da qual duas linhas são quase paralelas às arestas prismáticas
514 MINERALOGIA DESCRITIVA
- - - -- -- .- .

c a terceira, que é mais fortemente desenvolvida, sendo paralela ao


plano de simetria (010).
Existe substituição iônica limitada entre os diferentes membro5
Todavia, é frequente que dois membros d o grupo cristalizem juntos
em posiçáo paralela na mesma placa d o cristal, com a clivagem es-
tendendo-se através de ambos.

Mica Branca. Mica Comum. Mica Porássica

Cristalografia. Monoclínico; prismática. O ângulo p é quase


de 90°. Cristais bem desenvolvidos comparativamente raros. Ocorre
em cristais tabulares com base nítida. A presença de faces d o pris-
ma 11101 tendo ângulos de quase 60° entre si dá a algumas placas
um cont6rno rornbico, fazendo com que simulem uma simetria or-
torr6mbica (Fig. 600). Se as faces d o pinacóide lateral também cst,ío

Fig. 600. Moscovita. Cristais Rômbicos.

presentes, os cristais têm contbrno hexagonal, com simetria aparente-


mente hexagonal. As faces d o prisma sáo ásperas em conseqüência
das estriaçóes horizontais e frequentemente afiladas. Laminada em
folhas grandes a pequenas; em escamas que se agregam, em alguns
casos, produzindo formas globulares ou plumosas. Também cripto-
cristalina e maciça compacta.
SILICATOS 515

Propriedades físicas. Clivagem (001 }, ex!remamente perfeita,


permitindo o desdobramento d o mineral em folhas muitíssimo finas.
As lâminas são muito flexíveis e elásticas. D 2-2%. d 2,76-3,l. Brilho
vítreo a sedoso ou nacarado. Transparente e incolor nas folhas del-
-
gadas. E m blocos mais espessos, translúcida, com matizes claros do
amarelo, castanho, verde e vermelho. Em alguns cristais, passa mais
luz em uma d i r q ã o perpendicular à zona [O011 do que em uma di-
reção perpendicular à base.
Composição. Essencialmente KAI?(AlSi:,O,,) (OH),. Frequen-
temente, contém pequenas quantidades de ferro ferros0 e férrico, mag-
nésio, cálcio, sódio, Iítio, flúor e titânio.
Ensaios. Corresponde ao número 5 na escala de fusibilidade.
Não é decomposta pelos ácidos. Produz água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua clivagem extre-
mamente perfeita e por sua cor clara. Distingue-se da flogopita por
náo ser decomposta pelo ácido sulfúrico, e da lepidolita por náo dar
chama carmesim.
Ocorrência. A moscovita é um mineral formador de rocha es-
palhado e muito comum. Característica das rochas ígneas silicosas,
situadas profundaniente, como o granito e o sienito. Característica,
especialmente, dos diques de pegmatito; encontrada revestindo as ca-
vidades nos granitos, onde se formou, evidentemente, pela açáo dos
vapores mineralizantes durante os últimos estádios da formaqão da
rocha. Muito comum também, nas rochas metamórficas. como o
ynaisse e o xisto, formando o constituinte principal em certos mica
xistos. Em algumas rochas xistosas, ocorre sob a forma de agregados
fibrosos de escamas minúsculas que têm um brilho sedoso, mas
não mostram plenamente a verdadeira natureza d o mineral. Esti
variedade, conhecida como sericita, é usualmente o produto da alte-
ração d o feldspato. A sericita ocorre também nas salbandas dos
veioi de minérios. A moscovita origina-se também como produto
de altcraçáo de diversos outros mineraiç: topizio, cianita, espodumê-
nio, andaluzita, escapolita. Dá-se o nome de pinita ao produto de
alteraqão micácea de vário? minerais. A pinita corresponde, em
composição, mais ou menos estritamente à moscovita.
Nos pegmatitos graníticos, a moscovita ocorre associada com o
quartzo e o feldspato, com a turmalina, o berilo, a granada, a apatitn
c a fluorita. Encontrada, muitas vêzes, nestes veios em cristais gran-
des, chamados livros, que em algumas localidades sáo de largura
considerável.
516 MINERALOGIA DESCRITIVA

Encontram-se nos Alpes diversas localidades notáveis pela ocor-


rência d a moscovita; igualmente em Moume Mountains, na Irlanda;
em Cornwall, na Inglaterra; na Noruega e na Suécia. Na fndia, exis-
tem depósitos grandes e importantes. Nos Estados Unidos, a mosco-
vita é encontrada em depósitos de importância comercial, principal-
mente, nas regiões dos Montes Apalaches e das Montanhas Rochosas.
Os diques de pegmatito mais produtivos ocorrem em New Hampshire,
na Carolina d o Norte, e em Black Hills, no Estado de Dakota do
Sul. Os depósitos nos Estados de Alabama, Colorado e Virgínia são
de importância menor. A moscovita tem sido explorada também nos
Estados d o Maine e de Connecticut. E m Mattawan Township, na
província de Ontário, no Canadá, extraíram-se cristais entre 2 e 3
metros de largura.
U.so. A moscovita é empregada principalmente como material
dc isolamento na fabricação de aparelhos elitricos. Muitas das pe-
quenas partes usadas para isolamento elétrico fabricam-se com fô-
lhas delgadas de mica cimentadas entre si. Nestas condições, podem
ser prensadas na forma desejada antes que o cimento endureça. A
maioria da mica usada para êsse fim, nos Estados Unidos, é impor-
tada da fndia. A moscovita é usada como material transparente,
isinglass, nas portas de fornos, lanternas etc. Os restos de mica, ou
seja, o desperdício verificado na fabricação de folhas de mica, usam-
se de muitos modos: na manufatura de papéis de parede para lhes
òar brilho reluzente; misturados com óleos para fins de lubrificaçáo;
no isolamento d o calor e na fabricação de material incombustivel.
Nome. A moscovita recebeu esta denominação por causa d o
nome popular do mineral a saber, vidro da Moscóvia, dado seu uso
como substituto do vidro na Antiga Rússia (Moscóvia). A palavra
mica derivou, provàvelmente.'do latim micare. significando brilhar.
Espécies semelhantes. A paragonita, NaAI~(AISi~Olo)(OH)2,
ocorre com a moscovita e, fisicamente, não se pode distinguir dela.
Existe substituiçáo limitada do sódio pelo potássio, na paragonita.

Cristalografia. Monoclinico; prismática. Usualmente, em cris-


tais prismáticos cônicos ou em placas hexagonais. Os cristais sáo fre-
quentemente grandes e grossos. Encontrada também em massas lami-
Propriedades físicas. Clivagem (001 ), perfeita. Lâminas fle-
xíveis e elásticas. D 2%-3. d 2,86. Brilho vítreo a nacarado. Côr:
pardo-amarelado, verde, branco, muitas vêzes com reflexos semelhan-
tes ao do cobre originando-se da superfície de clivagem. Transparente
nas folhas delgadas. Quando vista na luz transmitida, algumas flo-
gopitas mostram um efeito semelhante a uma estrêla, conhecido por
asterismo, por causa das inclusks de rutílio minúsculas, orientadas.
Composiçáo. Um silicato de potássio, magnésio e alumínio hi-
dratado, KMg3(AISi3010)(OH)p. Contém, usualmente, cêrca de 3
por cento de flúor substituindo a hidroxila e algum ferro ferros0 em
lugar do magnésio.
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números 4%
e 5. O ácido sulfúrico fervendo a decompõe. Produz água no tubo
fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua clivagem micácea
e sua côr parda-amarelada. Distingue-se da moscovita por sua de-
composição no ácido sulfúrico e da biotita por sua côr mais clara.
E impossível, entretanto, traçar linha nítida entre a biotita e a flo-
gopita.
Ocorrência. A flogopita ocorre como produto do metamorfismo
nos calcários magnesianos cristalinos, ou nos mármores dolomíticos,
sendo encontrada também, na serpentina. E rara nas rochas ígneas.
As localidades notáveis por sua ocorrência estão na Finlândia, na
Suécia, em Campolungo, na Suíça, no Ceilâo e em Madagascar. En-
contrada, nos Estados Unidos, principalmente em Jefferson e St.
Lawrence Counties, no Estado de Nova Iorque. Encontrada abun-
dantemente no Canadá, na província de Ontário, ao norte e ao sul
de ~ u r ~ e s se' ,em várias outras localidades nas províncias de Ontário
e Quebec.
Uso. O mesmo da moscovita; principalmente, no isolamento
elétrico.
Nome. Provém de uma palavra grega com a significação de
sc,rnc~lliantcao fogo, em alusáo à sua cor.

BIOTITA - K(Mg,Fe)3(AISi30,,)(OH),

Cristo/ogrofia. Monoclínico; prismática. Em cristais tabularei


ou prismáticos curtos, com planos basais nítidos. Os cristais s'do Ta-
MINERALOGIA DESCRITIVA

ros; frequentemente, pseudorromboédricos. Usualmente, em massas


Iaminadas irregularmente; muitas vêzes, em escamas disseminadas ou
em agregados de escamas.
Propriedades fisicas. Clivagem (001 ), perfeita. Lâminas fle-
xíveis e elásticas. D 2X-3. d 2,8-3,2. Brilho reluzente. Côr: usual-
mente verde-escuro, castanho a prêto. Mais raramente, amarelo-cla-
ro. As folhas delgadas têm, usualmente, cor enfumaçada (diferindo
da moscovita quase incolor).
Composifüo. Um silicato de potássio, magnésio-ferro-alumínio,
hidratado, essencialmente K(Mg,Fe)3(AISi:,0io) (OH)2.
Ensaios. Corresponde ao número 5 da escala de fusibilidade.
Sua fusão na temperatura corresponde ao número 5, processa-se com
dificuldade. Não é atacada pelo ácido clorídrico. O ácido sulfúrico
concentrado, fervendo, a decompõe, produzindo uma solução leitosa.
No tubo fechado, existe produção de água.
Aspectos diagnósticcs. Caracterizada por sua clivagem micá-
cea e cor escura.
Ocorrr^ncia. A biotita é um mineral formador de rocha impor-
tante e amplamente distribuído, Ocorre nas rochas ígneas, especial-
niente naquelas em que o feldspato é predominante, tais como o gra-
nito e o sienito, mas ocorre em maior variedade de rochas d o que a
moscovita. Em alguns casos, i: encontrada em grandes folhas nos di-
ques de pegmatito. Encontrada também, em muitas lavas fefsíticas e
pbrfiros. Menos comum nas rochas ferro-magnesianas. Também está
presente em alguns gnaisses e xistos, associada, muitas vêzes, com a
moscovita. Ocorre em belos cristais em blocos incluídos nas lavas do
Vesúvio.
Nome. Em honra d o físico francês J . B . Biot.
Espkies semelhanies. A glarrconiia, encontrada comumente co-
mo pequenas esferas verdes nos depósitos sedimentares, assemelha-se
em composição à biotita.
A vermiculita forma uma alteração da biotita. A estrutura é
constituída de folhas de mica interestratificadas com moléculas de
água. Quando aquecida, perde água e expande-se dando origem a
formas semelhantes a vermes. Explora-se a vermiculita em Libby,
no Estado de Montana, e em Macon, no da Carolina d o Norte. Na
forma dilatada, é usada extensamente no isolamento d o calor e d o som.
LEPIDOLITA - KzL~BM~(MS~~O,O)Z(O,OH,F)~

Crisfolo~rofia.Monoclínico; prismática. Os cristais apresen-


tam-se, usualmente, em placas pequenas ou prismas com contorno
hexagonal. De ordinário, em agregados de escamas de granulação
grossa a fina.
Propriedades físicas. Clivagem {001}, perfeita. D 2?44.
d 2,8-3,O. Brilho nacarado. Cor: róseo e lilás a branco-acinzentado.
Translúcida.
Composiçdo. Um fluossilicato de potássio, Iítio, alumínio,
KzLi~A13(AISi30io)2(0,0H,F)4.
Ensoios. Corresponde ao número 2 na exala de fusibilidade,
dando chama carmesim (Iítio). Insolúvel nos ácidos. Produz água
ácida no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada principalmente por sua
clivagem micácea e, usualmente, por sua cor que vai do lilás ao
róseo. A moscovita pode ser rósea, ou a lepidolita, branca, e, por-
tanto, para distinguir uma da outra, tem-se de fazer um ensaio da
chama.

I Ocorrência. A lepidolita é um mineral comparativamente raro,


encontrado nos diques pegmatíticos, associado, de ordinário, com ou-
tros minerais de Iítio, como a turmalina rósea ou verde, a ambligo-
nita e o espodumênio. Muitas vêzes, está intercrescida com a mos-
covita, em posição paralela. As localidades notáveis por sua ocor-
rência são: os Montes Urais, na Rússia; a ilha de Elba; Rozna, na.
Morávia e Madagascar. Encontrada, nos Estados Unidos, na parte
ocidental do Estado do Maine, em Hebron, Auburn, Nonvay, Paris e
Rumford; no de Connecticut, próximo de Middletown; no da Cali-
fórnia, em Pala, San Diego County, e no de Dakota do Sul, em Black
Hills.
Uso. Uma fonte de lítio. Usada na fabricaçáo de vidro resis-
tente ao calor.
Nome. Derivado de uma palavra grega significando escomo.

Margarita - CaAlz(AIzSi.O,,) (OH).


Crisfologmfio. Monodínico; prismática. Raramente em cristais
nítidos. De ordinário, em agregados larninados com hábito michceo.
520 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. Clivagem {OOl}, perfeita. D 3%-5 (vais


dura do que as micas verdadeiras). d 3,O-3,l. Brilho vítreoa naca-
rado. Côr: róseo, branco e cinza. Translúcida. Lâminas algo que-
bradiças. Por causa de sua fragilidade a margarita é conhecida por
mira quebradiça ou frágil.
Composição. Essencialmente um silicato de cálcio e alumínio
hidratado, CaA12(AiZSizOio)(OH)z.CaO 14,O - A1203 51,3 - Si02
30,2 - H 2 0 4,5 por cento.
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números
4 e 4K, tornando-se branca ao ser fundida. Decompõe-se vagarosa e
incompletamente sob a ação do ácido clorídrico fervendo.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua clivagem micácea,
sua fragilidade e sua associação com o coríndon.
Ocorrência. A margarita ocorre, usualmente, com o coríndon e,
aparentemente, como um dos produtos de alteração dêste último. En-
contrada desta maneira com os depósitos de esmeril da Asia Menor
e nas ilhas de Naxos e Nicária, do Arquipélago grego. Nos Estados
Unidos, associada com o esmeril em Chester, no Estado de Massachu-
setts; em Chester County, no da Pensilvânia; e com depósitos de co-
ríndon no Estado da Carolina do Norte.
Nome. Provém da palavra grega significando pérola.
Espécies semelhantes. Sob o título geral de micas quebradiças
estão incluídos vários minerais semelhantes à margarita na estrutura e
nas propriedades físicas e químicas. Além da margarita, os membros
mais importantes do grupo são a ottrelita e o cloritóide, encontrados
em rochas sedimentares metamorfoseadas.

GRUPO DA CLORITA
Estão incluídos no gmpo da clorita um certo número de minerais
tendo todos êles propriedades químicas, cristalográficas e físicas se-
melhantes. Sem análises químicas quantitativas ou estudo cuidadoso
das propriedades ópticas é extremamente difícil distinguir entre os
membros do gmpo. Dá-se a seguir uma descrição composta dos mem-
bros principais do gmpo, a saber, clinocloro, peninita e proclorita.

CLORITA - Mga(S4010) (OH)z.Mg, (OH)G


Cristalografia. Monoclínico; prismática. Em cristais tabulares
pseudo-hexagonais, com planos basais bem desenvolvidos. Semelhante
do hábito aos cristais do grupo da mica, mas os cristais nítidos são
SILICATOS 521

raros. Usualmente, maci~a,laminada ou em agregados de escamas


minúsculas; também em partículas finas disseminadas.
Propriedades físicas. Clivagem (001 }, perfeita. Lâminas flexí-
veis mas inelásticas. D 2-2%. d 2,6-2,9. Brilho vítreo a nacarado.
Cór: verde de vários matizes. Raramente, verde-pálida, amarela, bran-
ca, vermelha-rosa. Transparente a translúcida.
Composição. Silicato de magnésio e alumínio hidratado; essen-
cialmente Mg3(Si40io)(OH)2.Mg3(OH)8. O magnésio pode ser subs-
tituído pelo alumínio, pelo ferro ferroso e pelo ferro férrico, e o silí-
cio pelo alumínio (ver página 501). Os diferentes membros variam
nas quantidades de substitui$ão. A composição do clinocloro pode
ser escrita como (Mg,A1)3(A1Si30io)( 0 H ) z . Mga(0H)s.
Ensaios. Dificilmente fusível (situa-se na escala de fusibilidade
entre os números 5-5%). Não é atacada pelo ácido clorídrico. O ácido
sulfúrico concentrado fervendo a decompk, produzindo uma solucão
leitosa. Agua no tubo fechado, em temperatura elevada.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua cór verde, por seu
hábito e sua clivagem micáceos e pelo fato de serem lâminas inelás-
ticas.
Ocorrência. A clorita é um mineral comum e disseminado,
usualmente, de origem secundária. Resulta da alteracão de silicatos
que contêm alumínio, ferro ferroso e magnésio tais como os piroxê-
nios, os anfibólios, a biotita, a granada e o idocrásio. Será encontrada
onde as rochas contendo êsses minerais sofreram alteracão metamór-
fica. ~ l ~ u xistos
n s são compostos quase inteiramente de clorita. A
cór verde de muitas rochas ígneas explica-se pela presenca da clorita
na qual se alteraram os silicatos ferromagnesianos. A cór verde de
muitos xistos e ardósias se deve às partículas do mineral finamente
disseminadas. A clorita existente nas soluções hidrotermais deposita-se
algumas vêzes.
Nome. A palavra clorita provém do grego significando verde em
alusão à cór usual do mineral.

Sepiolita - M& (SiaOIP) (OH)26H20


Espuma do Mar
Cristalografia. Sistema cristalino incerto, provivelmente mono-
clínico. Microscdpicamente, vê-se que é uma mistura de material fi-
broso delicado e uma substância aparentemente da mesma composi-
ção. Textura fina e compacta.
522 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. D 2-23, d 2,O. Fratura concóide. Quando


sêca, flutua na água por causa de sua porosidade. Brilho terroso. Côr:
branco-acinzentado, branco, ou com um matiz amarelado ou aver-
melhado. Ao tato, sente-se que é lisa. Translúcida.
Composição. Siicato de magnésio hidratado, Mg,(Si,015)
(OH)z.6H20. MgO 27,l - Si02 60,8 - H 2 0 12,l por cento.
Ensaios. Situa-se na escala de fusibilidade entre os números
5 e 5%. Produz muita água no tubo fechado em temperatura elevada
e dá um cheiro de queimado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pela sua sensação de ser
lisa, por sua natureza compacta e por sua densidade relativa baixa.
Ocorrência. A sepiolita é encontrada como um mineral secun-
dário, em massas nodulares, associado com a serpentina; também com
a magnesita e com a opala. Ocorre na Asia Menor em depósitos ter-
rosos estratificados, ou em depósitos aluviais, próximo de Eski-Shehr.
Encontrada também na Grécia, na Checoslováquia, na Espanha e no
Marrocos. Nos Estados Unidos, é encontrada nos Estados da Pen-
silvânia, de Utah, do Nôvo México e da Califórnia.
Uso. A sepiolita tem seu uso principal na fabricaçiio de cachim-
bos de espuma do mar.
Nome. Provém de palavra grega significando siba, cujo osso é
leve e poroso.

Tectossilicaros
Em quase seus três quartos a crosta rochosa da Terra é consti-
tuída de minerais formados em torno de uma estrutura tridimensional

Fig. óO1. Ligaçáo Tridirnensional. (Segundo Harry Berman, "Constitution


and Classificatiou o£ lhe Natural Silicates". Am. Min., 1937.)
I de tetraedros SiO, ligados. Estes minerais pertencem à classe dos
tectossilicatos na qual todos os íons oxigênio em cada tetraedro SiO,
são compartilhados com os tetraedros vizinhos. ,Resulta disto uma
estrutura fortemente unida, estável, em que a relação Si:O é 1:2
(Fig. 601).
T ~ U a t m
GRUPODA S~LICA
Quartzo SiO.
Tridimita SiO.
Cristobalita SiO,
Opala SiO.. nH.0
GRUPOW S PELDSPATOS
Série dos Feldspatos-K
Micmclínio K(AISi<h)
Ortoclásio K(AISi)
Série dos Feldspatos N a C a
Albita Na(AISL0.)
Anortita Ca(ALSi.Oa)
Danburita Ca(BISi.Oi)
F A M ~DOSI AF E L D S P A T ~ D ~
Leucita K(AISi.0.)
Nefelina INa,K) (AISiO,)
Sodalita Na(AISiO.)Cl
Lmrita (Na,Ca).(AISi0.).(S04,SSCI)
Petalita Li(AlSi0,0)
GRUPODA ESCAPOLIIA
Marialita Na(AISi.0.). (CI)
Meionita C~,(AI,S~,O.)S(CO.)
F A M ~ IDAS
A ZE~LRAS
Analcima Na(AISi.Oa) .H,O
Natrólita N&(Alãii,O,~).2H20
Cabazita (Ca,Na).(AISi.Ou). 6H3O
Heulandita Ca(A1,Si,Oa) .6H*O
Estilbita Ca(AI,Si,O,.) .7H20

GRUPO DA SfLICA
Em sua forma mais simples a estrutura SiOz é neutra elètrica-
mente e não contém outras unidades estruturais. Existem, contudo,
pelo menos oito modos diferentes segundo os quais os tetraedros li-'
gados podem compartilhar todos os oxigênios e, do mesmo passo,
constmir uma estrutura tridimensional contínua, elètricamente neutra.
Estes oito modos de arranjo geométrico correspondem aos oito poli-
morfos conhecidos de SiO?, dos quais dois se conhecem sòmente como
substâncias sintéticas. Cada um destes polimorfos tem sua morfolo-
524 MINERALOGIA DESCRITIVA

gia externa característica, dimensões da cela e energia reticular. De-


termina-se principalmente por considerações de energia qual poli-
morfo é estável; sendo as formas de temperatura mais alta as que
possuem as estruturas mais espaçosas com maior energia reticular.

Flg. 602. Modèlo de Empacot;irnento do Quartzo dc Baixa Temperatura,


SiO,. Os grupos SiO, tetrahdricos edáo dispostos em espiral em torno do
eixo c com simetria trigonal. Três grupos formam uma cela unitária.
Os polimorfos SiOz distribuem-se em três categorias estruturais:
o quartzo, com a simetria mais baixa e o retículo mais compacto; a
tridimita, com simetria mais alta e estrutura mais aberta, e a cristo-
balita, com a simetria máxima e o retículo mais dilatado. Cada um
dêstes tipos estruturais pode ser transformado no outro, ùnicamente
mediante o rompimento das ligações silício-oxigênio e o re-arranjo
dos tetraedros em um novo padrão. A transformação de um tipo no
outro é, conseqüentemente, um processo lento, e todos podem existir
e de maneira metaestável na presença uns dos outros. Cada tipo de
estrutura tem, contudo, modificações de temperatura alta e 'baixa
que diferem umas das outras sòmente no comprimento ou na direçáo
das ligações unindo os íons de silício e de oxigênio (ver Figs. 602 e
SILICATOS 525

Fig. 603. Modi.10 de Empacotnmcnlo do Qii:irtro de AIt;i Trnipcratiira. SiOi


Eixo c verlir:rl. Como no quartzo de baixa tcmperatiirn, os tctraedros SiO.
estio disposios em trss camadas mas deslocados de tal modo que conver-
tem o eixo tern5rio em um senário.

603). Portanto, estas transformações ocorrem ràpidamente e de ma-


neira reversível em uma temperatura de invenáo razoàvelmente cons-
tante e nitidamente dcfinida, podendo se repetidas indefinidamente
sem desinte$raçáo física do cristal. O quadro abaixo resume alguns
dos fatos principais relativamente aos polimorfos SiOz.

Polimorfos de Si02
Nome Simetria Dimcnsócr da ccla V/Z Z

Quanzo (a) 32 a. = 4.9130, c. = 5,405 7.65 3


Qitarizo de alta (6) 622 o. = 4,999. r. = 5,457 7.88 3
Tridimila 2/m 2/rn 2/m o. = 9.90. b. = 17,l. c. = 16,3 ? 64
Tridimifa de alta 6/m 2/m 2/m a. = 5.04 co = 8,24 8.99 4
Cristobalita 422 00 = 4.97. co = 6,93 ? 4
Cristobalita de alta 4/m 32/m o* = 7,13 12.71 4
Cwsita 2/m 00 = 7.23 bo = 12.52
00=7.23 6 = 120' 4.90 16
SiO, fibroso 2/,n 2/m 2/m o. = 4,72, h. = 5.16. c. = 8,36 4
Lechatelierita vidrada,
amorfa
526 MINERALMIA DESCRITIVA

A comparação do volume da cela pela fórmula (V/z)das for-


mas de alta temperatura do quartzo, da tridimita e da cristobalita
mostra o aumento no volume específico da cela nas formas de alta
temperatura. A forma de baixa temperatura de cada tipo tem, em
geral, um menor volume específico da cela e uma simetria mais baixa
do que a forma de temperatura mais alta, mas a alteração no volume
da cela e na simetria é menor do que na transformação de um dos
tipos principais no outro.
O efeito do aumento da pressão consiste em elevar tòdas as tem-
peraturas de inversão e, para qualquer temperatura, favorecer a cris-
talização do polimorfo que ocupe o menor espaço. A coesiia, conhe-
cida sòmente como substância sintética, forma-se sob condi@es de
pressão muito elevadas e tem, entre os polimorfos, o menor volume
específico da cela.

Polimorfo de Cristaliza como Inverte-se à Forma de


Alta Temperatura Forma Estável Baixa Temperatura
Acima de 1 atm. P a I atm. P
Cristobalita & alta 1.4700 163-275O(7)
Tridimita de alta 870° 117-163°(?)
Quartzo de alta J73O 573O

As inversões da cristobalita em tridimita, ou da tridimita em


quartzo, são vagarosas e a temperatura de inversão varia amplamente,
dependendo principalmente da direção e da velocidade da alteraçáo
da temperatura. As inversões do quartzo da alta+baixa, da mesma
forma que as da tridimita e da cristobalita, ocorrem quase instantâ-
neamente, com a liberação de uma quantidade de energia razoàvel-
mente constante. As inversões são reversíveis, com as reaçóes de
baixa+alta ocorrendo em temperaturas próximas daquelas das rea-
Ç6es de alta- baixa com absorção de energia.

QUARTZO - SiO,
Cristalografia. Quartzo a, hexagonal-R; trigonal, trapezkdrica.
Quartzo j3, hexagonal-trapezoédrica. Cristais comumente prismáticos,
com as faces do prisma estriadas horizontalmente. Terminados, usual-
mente, por uma combiiação de romboedros positivo e negativo que,
muitas vêzes, são desenvolvidos de maneira tão igual a ponto de
darem a impressão de uma bipirâmide hexagonal (Fig. 604). Em
SILICATOS 527

alguns cristais, um dos romboedros predomina ou ocorre sòzinho


(Fig. 605). As faces do prisma podem estar ausentes e a combi-
nação dos dois romboedros dá a aparência de ser uma bipirâmide
hexagonal duplamente terminada (Fig. 606) (conhecida como um
quartzóide). Alguns cristais são malformados, mas o reconhecimento
das faces do prisma por suas estriaçóes horizontais ajudará na orien-
tação do cristal. As faces trigonais trapezoédricas x são observadas
ocasionalmente e revelam a simetria verdadeira. Estas faces x são
pequenas truncaturas entre uma face do prisma e a de um rom-
boedro adjacente; elas ocorrem na parte superior direita das faces do
prisma no quartzo direito e na superior esquerda no quartzo esquerdo.
Os trapezoedros trigonais direito e esquerdo são formas enantiomor-
fas e refletem a estrutura interna (Figs. 607 e 608). O arranjo dos
tetraedros SiO, sob a forma de hélice orientada no sentido direito
ou esquerdo determina a natureza (ou "a mão") do quartzo. Na au-
sência das faces x, isto pode ser reconhecido observando-se a luz
poralizada plana, ao passar paralelamente ao eixo c, gira para a
esquerda ou para a direita.

Fig. 604. Fig. 605. Fig. 606.

Quartw.

Fig. 607. Quartw Direito. Fig. 608. Quartw Esquerdo

Muitas vêzes, os cristais estão alongados, apresentando-se sob


formas afiladas e pontiagudas, em conseqüência de uma combinação
oscilante entre as faces dos diferentes romboedros e as do prisma
528 MINERALOGIA DESCRITIVA

(Fig. 609). Alguns cristais são torcidos e curvos. São raros os cris-
tais mostrando a simetria mais elevada do quartzo.
De ordinário, os cristais são geminados (ver página 114). Os
geminados estão, usualmente, intercrescidos de maneira tão íntima que
sua determinação só pode ser feita pela situacão irregular das faces
trapezoédricas, pela corrosão do cristal ou observando-os paralela-
mente ao eixo c na luz polarizada. O tamanho dos cristais varia entre
exemplares pesando uma tonelada e revestimentos cristalinos finíssi-
mos, constituindo superfícies em forma de drusas.

Fig. 609. Criçtais de Qu;irizo, Hol Spring3, A r k a n s a ~

Também comum em formas maciças de grande variedade. Pode


apresentar-se desde a forma cristalina de granulafão grossa a fina até
a criptocristalina ou semelhante ao sílex, dando origem a muita va-
riedade de nomes (ver a seguir). Pode formar concreções.
Propriedades físicas. D 7. d 2,65. Fratura concóide. Brilho ví-
treo, em alguns espécimes gordurosos, esplendente. Habitualmente
SILICATOS 529

incolor ou branco mas, com frequência, colorido por diversas impu-


rezas, podendo ser entãio, de qualquer côr. A côr dá origem a dite-
rentes variedades (ver abaixo). Transparente a translúcido. Possui
propriedades piezelétricas e pirelétricas acentuadas.
-
Composição. Si02. Si 46,7 O 53,3 por cento. Entre todos os
minerais, o quartzo é um composto químico de pureza quase completa
e possui propriedades físicas constantes. Contudo, as análises espec-
trográficas mostram que mesmo seus cristais mais perfeitos têm traços
de lítio, sódio, potássio, alumínio, ferro férrico, manganês bivalente
e titánio. Com medi~óesprecisas, pode observar-se que as proprie-
dades físicas variam com estas impurezas de menor imporiencia.
Ensaios. Não é fusível. Produz um vidro claro quando o mi-
neral finamente pulverizado é fundido com igual volume de carbo-
nato de sódio. Solúvel no ácido fluorídrico, e insolúvel nos demais.
Aspectos diagnósticos. Caracterizado por seu brilho vitrco, sua
fratura concóide e sua forma cristalina. Distingue-se da calcita por
sua dureza alta e das variedades brancas do berilo por sua dureza
inferior.
Variedades. O quartzo existe sob formas muito diferentes umas
das outras, às quais se deram nomes distintos. A scguir, mencionam-
se as variedades mais importantes,. com breve descriçáo de cada uma
delas.

Variedades cristalinas de granr~laçiiogrossa

1 . Cristal de rocha. Quartzo incolor, comumente em cristais


bem desenvolvidos.
2 . Ametista. Quartzo de côr purpúrea ou violeta, em cristais.
muitas vêzes. Pequenas quantidades de ferro firrico sáo, aparente-
mente, a impureza que determina a côr.
3 . Quartzo rosa. Cristalino de granulaçáo grossa, mas usual-
mente sem forma geométrica, cor: vermelho-rosa o11 róseo. Desbota,
muitas vêzes, quando exposto à luz. Parece que o agente corantc t
o titânio, em pequenas quantidades.
4 . Quartzo enfumaçado; Pedra de Cairngorna. Com frequèn-
cia, em cristal de côr amarela a parda enfumaçada e quase preta. O
nome cairngorm dado à variedade provém da localidade de Cairngorm,
na Escócia. As análises espectrográficas do quartzo enfumaçado nsio
mostram a existência de impureza predominante, sendo semelhantes
530 MINERALOGIA DESCRITIVA

às do quartzo incolor. A côr escura resulta da exposição à radiação


oriunda de material radioativo.
5 . Citrino. CÔr amarelwlaro.
6 . Quartzo leitoso. Côr branca, leitosa pela presença de in-
clusóes fluidas mfiúsculas. Em alguns casos, com brilho gorduroso.
7. Olho-de-gato. Dá-se o nome de Ôlhode-gato a uma pedra
que, ao ser lapidada em forma redonda (cabuchão), exibe um efeito
para o qual se empregam os têrmos opalescente ou acatassolado. O
quartzo, entre outros minerais, produz às vêzes êste efeito, deermi-
nado seja por inclusóes fibrosas, seja pela natureza fibrosa do pró-
prio quartzo. Olho-de-tigre é um quartzo fibroso, amarelo, oriundo
da Africa do Sul, pseudomorfo sôbre o mineral fibroso crocidolita.
8 . Com inclusões. Muitos outros minerais ocorrem como in-
clusóes no quartzo, donde uma variedade de nomes. Quando agulhas
finas de rutílio estão dentro do quartzo, êste recebe o nome de quartzo
rutilado. Encontram-se do mesmo modo no quartzo a turmalina e
outros minerais. A aventurina é quartzo com inclusóes de escamas
brilhantes de hematita ou de mica. Gases e líquidos podem ocorrer
como inclusões; em alguns quartzos, existe anidrido carbônico tanto
líquido como gasoso.

Variedades criptocristalinas

As variedades criptocristalinas do quartzo podem ser divididas


em duas classes gerais, a saber, fibrosas e granulares, que usualmente
não podem ser diferençadas umas das outras sem a ajuda do micros-
cópio.

O nome geral aplicado às variedades fibrosas é calcedônia. Mais


especificamente, a calcedônia é tida como uma variedade de colora-
ção indo do pardo ao cinzento, translúcida, com brilho céreo, muitas
vêzes em formas mamilares e lembrando certas figuras. A calcedônia
depositou-se a partir de soluçóes aquosas, sendo encontrada, fre-
quentemente, revestindo ou preenchendo cavidades nas rochas. A côr
e a disposição em faixas dão origem às variedades seguintes:
1 . Cornalina. Uma calcedônia vermelha.
2 . Sardo. A cornalina passa gradativamente à variedade sar-
do que c uma calcedônia parda.
SILICATOS 531

3 . Crisoprásio. Uma calcedônia da côr verde da maçã, deter-


minada pela presença de óxido de níquel.
4 . Agata. Uma variedade matizada com camadas alternadas
de calcedânia e opala, ou quartzo criptocristalino granular. As dife-
rentes câres apresentam-se, comumente, sob a forma de faixas para-
lelas, finas, delicadas, usualmente curvas; em alguns espécimes, con-
cêntricas (Fig. 610). A maioria das ágatas usadas para fins comer-
ciais são coloridas artificialmente. Algumas ágatas não possuem as
diferentes côres dispostas em faixas, mas distribuídas irregularmente.
A águia-musgo é uma variedade em que a diversidade na câr se deve
às impurezas visíveis; muitas vêzes, óxido de manganês, dispostas em
padrões semelhantes ao musgo.

Fig. 610. Agata Cortada e Polida. Brasil.

Conhece-se por madeira silicificada ou agatizada a que se pe-


trificou através da substituição por ágata turva.
5. Heliotrópio ou Pedrade-sangue. Uma calcedõnia verde
tendo em seu interior manchas vermelhas, pequenas.
6. Onix. Como a &gata, 6 uma calcedônia estratificada, com
as camadas dispostas em planos paralelos. O sardônix é um ônix com
sardo alternando-se com camadas brancas ou negras.
532 MINERALOGIA DESCRITIVA

b. VARIEDADES
GRANULARES
1 . Sílex. Semelhante à calcedônia, na aparência, mas opaco,
muitas vêzes, de côr escura. Ocorre, usualmente, em nódulos, n o cal-
cário; quando se rompe, apresenta fratura concôide nítida, com arestas
cortantes. Foi usado pelo homem primitivo para a fabrica~ãode
vários utensílios.
2 . Cherf. Uma rocha maciça, compacta, semelhante ao sí-
lex na maior parte de suas propriedades, mas usualmente de côr clara.
3. Jaspe. Um quartzo criptocristalino granular, usualmente
colorido em vermelho pela presença de inclusões de hematita.
4. Prásio. De côr verde opaca; no mais, semelhante ao jaspe,
ocorrendo com êle.
Ocorréncia. O quartzo ocorre como.um constituinte importante
das rochas ígneas que possuem um excesso de sílica, tais como o
granito, o riólito e o pegmatito. f. extremamente resistente tanto ao
ataque químico como ao físico e, assim, a desintegração das rochas
ígneas que o contêm produz grãos de quartzo que se podem acumu-
lar e formar a rocha sedimentar, arenito. Ocorre também, nas rochas
metamórficas, como os gnaisses e xistos, formando pràticamente o
único mineral dos quartzitos. Deposita-se muitas vêzes a partir de
uma soluçáo e é o mineral mais comum de veio e de ganga. Formas
como o silex depositam-se com a greda no fundo do mar, em massas
nodularcs. As soluções contendo sílica podem substituir as camadas
de calcário por um quartzo criptocristalino, granular, conhecido por
chrrf, ou camadas descontínuas de "chert" podem formar-se, con-
temporâneamente, com o calcário. Nas rochas, o quartzo está asso-
ciado principalmente com o feldspato e a moscovita; nos filóes, com
quase toda a série de minerais de veios. O quartzo ocorre em grandes
quantidades, como areia, nos leitos dos rios e sôbre as praias, e como
um constituinte dos solos.
O cristal de rocha encontra-se amplamente distribuído. Algu-
mas das localidades mais notáveis por sua ocorrência sáo: os Alpes;
Minas Gerais, no Brasil; a ilha de Madagascar e o Japão. Encon-
tram-se em Hot Springs, no Estado de Arkansas, e em Little Falls e
EUenville, no de Nova Iorque, os melhores cristais de quartzo oriundos
dos Estadh Unidos. Existem ocorrências importantes de ametistas
nos Montes Urais; Checoslováquia; Tirol e Brasil. Encontrada em
Thunder Bay, na margem norte d o Lago Superior. Encontrada em
Delaware e Chester Counties, no Estado de Pensilvânia; em Black
SILICATOS 533

Hills, no de Dakota do Sul, e no de Wyoming. O quartzo enfuma-


çado é encontrado em cristais grandes e bonitos na Suíça, e nos Es-
tados Unidos em Pikes Peark, no Estado do Colorado, em Alexander
County, no da Carolina do Norte, e em Auburn, no do Maine.
Atualmente, a principal fonte de ágatas é um distrito no sul do
Brasil e ao norte do Uruguai. A maior parte destas ágatas são lapi-
dadas em Oberstein, na Alemanha, localidade também afamada por
essas pedras. Nos Estados Unidos, encontra-se a ágata em muitos
lugares, notadamente nos Estados do Oregon e do Wyoming. Os pe-
nhascos de giz, de Dover, na Inglaterra, são afamados pelos nódulos
de sílex dêles provenientes. Encontram-se nódulos semelhantes na
costa francesa d o canal da Mancha e nas ilhas ao largo da costa da
Dinamarca. Explora-se nos Estados de Conecticut, Nova Iorque, Ma-
ryland e Wisconsin o quartzo maciço que ocorre nos filóes ou asso-
ciado com o feldspato n o s diques pegmatíticos. São vários os usos
comerciais dessa forma de quartzo.
Uso. O quartzo tem muitos e variados usos. Suas formas colo-
ridas são largamente usadas como gemas ou material ornamental:
ametista, quartzo rosa, cairngorm, ôlho-de-tigre, avbnturina, cornalina,
ágata e ônix. Como areia, o quartzo é empregado na argamassa e no
concreto; como fundente, como abrasivo e na manufatura do vidro
e dos tijolos de síiica. Sob a forma de p6, usam-no na porcelana,
nas tintas, nas lixas, nos saponáceos e nas massas destinadas a alisar
a madeira antes de ser pintada. Sob a forma de quartzito e de are-
nito, é usado como pedra de construção e para fins de pavimentação.
Usa-se o quartzo nos aparelhos ópticos e científicos. Usam-se
as lentes e prismas de quartzo no equipamento óptico por causa de
sua transparência às porqões do espectro tanto infravermelha como
ultravioleta. A atividade óptica do quartzo (a capacidade de fazer
girar o plano de polarização da luz) é utilizada na manufatura de
um instrumento para produzir luz monocromática de comprimentos de
onda diferentes. Usam-<e cunhas de quartzo, cortadas de cristais
transparentes, como um acessório para o microscópio polarizante. Por
causa de sua propriedade piezelétrica, o quartzo tem usos especiali-
zado~.Placas pequenas, orientadas, de quartzo são usadas como os-
ciladores de rádio para permitirem tanto a transmissão como a recep-
ção em uma frequência fixa. Esta propriedade também o toma útil
nas mediçóes de pressões instantâneas elevadas, como as que resultam
do disparo de um canhão ou de uma explosão atômica.
Nome. O nome quariw é uma palavra germânica de derivação
antiga.
534 MINERALOGIA DESCRITIVA

Espécies semelhantes. A lechatelierita, Si02 é sílica fundida ou


vidro de sílica. Encontrada nas fulgurites, tubos de areia fundida for-
mados pelo raio, e nas cavidades em algumas lavas. Encontra-se tam-
bém a lechatelierita em Meteor Crater, no Estado do Arizona. Nesse
lugar, o arenito foi fundido pelo calor gerado pelo impacto de um
meteorito.

Tridimita - SiO?

Cristalografia. Ortorrômbico mas pseudo-hexagonal, paramorfo


sobre a tridimita hexagonal de alta temperatura. Os cristais sáo pe-
quenos e, de ordinário, geminados.
Propriedades físicas. D 7. d 2,26. Brilho vítreo. Incolor a bran-
ca. Transparente a translúcida. Estável sòmente entre 870 e 1.470°C.
Composi~ão. SiO,, como o quartzo.
Ensaios. Não é fusível. Solúvel no carbonato'de sódio fervendo.
Mais solúvel do que o quartzo no ácido fluorídrico:
Aspectos diagnósticos. E impossível identificar a tridimita por
meios macroscópicos, mas, ao microscópio, seu contôrno cristalino e
seu índice de refração a distinguem dos outros minerais de sílica.
OcorrJncia. A tridimita está presente em larga escala em cer-
tas rochas vulcânicas silicosas e, por esta razão, pode ser considerada
um mineral abundante. Associada, usualmente, com a cristobalita.
Encontrada em grandes quantidades nas lavas do distrito de San Juan,
no Estado do Colorado.
Nome. Provém do grego significando triplo em alusão à sua
ocorrência comum em cristais compostos de três indivíduos.

Cristobalita - Si02
Cristalografia. Tetragonal (?), pseudo-isométrica. A cristoba-
lita de alta temperatura é isométrica e apresenta-se, frequentemente,
em pequenos cristais octaédricos. A aparência externa é conservada
quando ocorre a inversão para a forma de baixa temperatura.
Propriedades físicas. D 7. d 2,30. Brilho vítreo. Incolor. Trans-
.
lúcida. Estável sòmente acima de 1 470°C.
Composiçáo. SiOa, como o quartzo.
Ensaios. Não é fusível, mas quando aquecida a 200°C ocorre
a inversão para a fofma isométrica de alta temperatura e fica quase
SILICATOS 535

transparente; ao resfriar-se, ocorre de novo a inversão e o mineral


toma sua aparência inicial branca, translúcida.
Aspectos diagnósticos. A ocorrência em pequenas cavidades de
lava sob a forma de agregados esféricos e seu comportamento quando
aquecida são característicos. mas, como a tridimita, não pode ser
identificada com certeza sem determinações ópticas feitas com o
microscópio.
Ocorre^ncia. A cristobalita está presente em muitas rochas vul-
cânicas ricas em sflica seja como revestimento de cavidades, seja co-
mo constituinte importante na massa fundamental de granulasão fina.
E, portanto, um mineral abundante. Associada com a tridimita nas
lavas d o distrito de San Juan, no Estado d o Colorado.
Nome. Deriva de Cerro San Cristobal, próximo de Pachuca,
no México.

Cristalografia. Amorfa. Macisa; muitas vêzes, botrioidal, esta-


lactítica.
Propriedades físicas. Fratura concóide. D 5-6. d 1,9-2,2. Bri-
lho vítreo; muitas vêzes, algo resinoso. Incolor, branca, matizes pá-
lidos d o amarelo, vermelho, castanho, verde, cinza e azul. Com cores
mais escuras em conseqüência da presenqa de impurezas. Muitas
vêzes, tem um efeito leitoso ou "opalescente" e pode mostrar um
belo j o ~ ode cores. Transparente a translúcida.
Co~ir/?osiqÜo. SiO?, como o quartzo, com uma quantidade de
água variivel, Si02.nH20. Um mineralóide.
E~isaios. Não é fusível. Insolúvel. Reage como o quartzo. De-
pois de calcina~ãointensa no tubo fechado, produz água.
Aspectos diagnósticos. Distingue-se das variedades criptocris-
talinas d o quartzo por sua menor dureza, sua densidade relativa mais
baixa pela presenqa de água.
Variedades. OPALAPRECIOSA. Branca, azul-leitosa, amarela.
Em alguns espécimes, escura, como no que se conveio chamar opala
negra. Translúcida, com um jogo de cores interno. Diz-se que êste
fenômeno é conseqüência da presensa de lâminas curvas, delgadas que
determinam a refraqão da luz de maneira diferente da massa do ma-
terial, servindo assim para decompô-la nas várias cores do espectro.
A opala de fogo é uma variedade com reflexos intensos indo do ala-
ranjado ao vermelho.
536 MINERALOGIA DESCRITIVA

OPALACOMUM. Branca-leitosa, amarela, verde, vermelha etc.,


sem reflexos internos.
H~ALITA.Opala clara e incolor com uma superfície globular ou
botrioidal.
GEISERITA OU SINTERSILICOSO. Opala depositada por fontes
quentes e gêiseres. Encontrada em tomo dos géiseres em Yellowstone
National Park.
MADEIRA OPALIZADA.Madeira fóssil tendo a opala como ma-
terial petrificante.
DIATOMITO. Depósitos de granulação fina, assemelhando-se ao
giz na aparência. Formados pelo afundamento das carapaças silicosas
das diatomáceas e conseqüente acumulação no fundo do mar. Conhe-
cida também por terra diaromúcea ou de infusórios.
Ocorrência. Encontra-se a opala revestindo e enchendo cavi-
dades nas rochas ígneas e sedimentares, nas quais se depositou, evi-
dentemente, pela atividade das águas ferventes. Pode substituir tam-
bém a madeira enterrada pelo tufo vulcânico. A opala existente nas
fontes quentes deposita-se. Ocorre em camadas sedimentares como
resultado da acumulaçáo dos esqueletos silicosos de animais marinhos
minúsculos. Em sua variedade comum, é de ocorrência extensa.
As opalas preciosas são encontradas em Caernowitza, na Hungria;
em Queretara e outros Estados, no México; em Honduras; e em vá-
rias localidades na Austrália, onde o distrito principal está em White
Cliffs, na Nova Gales do Sul. A opala negra tem sido encontrada nos
Estados Unidos, nos Estados de Nevada e Idaho. A terra diatomácea
é explorada em vários estados ocidentais, principalmente no da Ca-
lifórnia.
Uso. Na qualidade de gema, a opala é lapidada, de ordinário,
em formas redondas, em cabucháo, As pedras grandes e de qualidade
excepcional gozam de apreciaçáo muito alta. Emprega-se a terra dia-
tomácea, extensamente, como abrasivo, enchimento, pó para filtra-
ção e em produtos de isolarhento.
Nóme. O nome opala t e b sua origem no shscrito, upala,
significando pedra ou pedra preciosa.

GRUPO DOS FELDSPATOS


Os feldspatos formam um dos grupos minerais mais importantes.
Sáo silicatos de alumínio com potássio, sódio e cálcio e, raramente,
bário. Podem pertencer aos sistemas monoclínico ou triclinico, mas
SILICATOS 537

os cristais dos diferentes sistemas assemelham-se entre si estritamente


nos ângulos e no hábito cristalino. Todos êles apresentam clivagens
boas em duas direções que fazem entre si um ângulo de 90° bu pró-
ximo de 900. A dureza é em tôrno de 6 e a densidade relativa vai
de 2,55 a 2,76.
A estrutura do silicato de alumínio. E m todos os tectossilicatos,
excetuados os minerais SiOz, o alumínio está presente em coordenação
4, formando tetraedros alumínio-oxigênio quase idênticos no tamanho
e na configuração aos tetraedros silício-oxigênio. Estes tetraedros
AIOi unem-se com os tetraedros Si04 compartilhando íons de oxi-
gênio e formam uma estrutura tridimensional. Contudo, porque o alu-
mínio é trivalente, o tetraedro Alo4 tem uma carga agregada de - 5
e não a de - 4 do tetraedro Si04. Este excesso de carga ne-ativa
permite a introdução, na estrutura, de um catíon monovalente para
cada tetraedro AIOi. A introdução de um catíon bivalente exige dois
tetraedros AIO, e assim por diante. Esta introdução do alumínio em
coordenação 4 não pode ser considerada como "solução sólida" ou.
"substituiçáo iônica" d o silício pelo alumínio. Em minerais como
o ortoclásio, KAISi,08, o alumínio não é um constituinte substitutivo
cuja percentagem varia de amostra para amostra e que possa ser
substituído inteiramente pelo silício. E um constituinte essencial,
presente em quantidade estequiométrica e não pode ser substituído
pelo silício sem desintegração da estrutura. Contudo, quando um
catíon monovalente é substituído por outro bivalente, como, por exem-
plo, o sódio pelo cálcio nos feldspatos plagioclásios, a quantidade de
alumínio em coordenação 4 varia em proporção às quantidades rela-
tivas de cálcio e sódio de modo que seja mantida a neutralidade elé-
trica; quanto mais cálcio, maior a quantidade de alumínio. Neste
caso, a variação da quantidade de alumínio pode ser considerada
adequadamente como parte de um processo de substituição iônica
acoplada. Para expressar tais relações quantitativamente, pode cs-
crever-se, assim, uma fórmula geral para os feldspatos plagioclásios

na qual x pode ser todos os valores entre O e 1.


Esta fórmula mostra que o número de íons de cálcio que subs-
tituem o sódio é igualado pelo número de íons de alumínio substitu-
indo o silício em coordenação 4 na estrutura silício-oxigênio. O nú-
mero total de íons de sódio e cálcio deve ser igual a 1 e o número
total de íons de silício e alumínio igual a 3. Um tetraedro em cada
quatro deve ser um tetraedro AIOi, ainda que todas as posi~óesca-
538 MINERALOGIA DESCRITIVA

tiônicas sejam ocupadas pelo sódio e, por isto, aparece um alumínio


na fórmula independentemente das mudanças na proporção dos ou-
tros catíons. Se não parece natural escrever uma fórmula que con-
tenha f r a ç k s de átomos, basta multiplicar todas as quantidades por
100. Por exemplo, se a proporção de átomos de Na:Ca é tal que
+
doze cálcios estão presentes em cada 100Ca Na, a composiçáo pode
ser escrita assim:

Note-se que os átomos de alumínio que equilibram os átomos de cál-


cio estão escritos separadamente dos que estão presentes invariàvel-
mente.
Estrutura. Os feldspatos são os aluminossilicatos mais importan-
tes que resultam da substituição parcial d o silício pelo alumínio na
estrutura dos tectossilicatos. Por sua composição química, formam
três gnipos principais: os feldspatos potássicos, os feldspatos sódio-
-cálcicos e os feldspatos báricos. Todos têm essencialmente a mes-
ma estrutura, consistindo em cadeias arqueadas de anéis de quatro
membros que se estendem na direção do eixo a, unidas por ligações
iônicas através dos íons de potássio, sódio, cálcio ou bário. O con-
torno quadrado, em blocos, das cadeias, conferido pelos anéis de
quatro membros, encontra sua expressáo exterior na clivagem em
ângulo reto e no hábito pseudotetragonal característicos dos felds-
patos. Os catíons monovalentes ou bivalentes estão rodeados por dez
oxigênios, mas não se pode considerar a êstes como ocupando os vér-
tices de um poliedro regular.
Composição. O potássio, o sódio, o cálcio, o bário e, em menor
extensão, o ferro, o chumbo, o mbídio e o césio podem, todos, ocupar
o único tipo de posição catiônica, existindo em certo grau substitui-
ção iônica entre todos êles. Todavia, os feldspatos comuns podem
ser considerados como soluçks sólidas dos três componentes.
ortoclásio KAISiaO.
albita NaAISi,Oa
anortita CaAllSi,O.

A celsiana, BaAIESi,Oli, tem importância secundária. A albita


e a anortita formam uma série de solução sólida continua em todas
as temperaturas; a anortita e o ortoclásio exibem soluqão sólida mui-
to limitada, ao passo que a albita e o ortoclásio formam uma série
contínua em temperaturas elevadas que se torna descontínua em tem-
peraturas mais baixas. Estas relações estão expressas no diagrama
SILICATOS 539

da Fig. 611. Qualquer composição sobre o triângulo da Fig. 611


pode ser representada, dando-se as percentagens dos três compo-
nentes, muitas vêzes sob fonna abreviada Ab, An e Or; assim,
Abo5An,0r8 (uma albita quase pura), ou Ab2~An,0r,, (um ortoclá-
sio rico em sódio).

Instóvel em todos Estável nos tempr. altos Estável nos temps


OS temperoturos e instável nos ~ O ~ X O I altos e boixos
Fig. 611. Variacáo na composi~ãodos Feldsparos [Segundo H. L. Alling,
lorir. Geol., XXIX, 1921 (modificado)].

Exsolução, pertita. Quando se consideram as composiçóes dos


feldspatos na vizinhança de Ab,oAnoOr50,ver-se-á que são soluções
sólidas homogêneas em temperatura elevada, nas quais o potássio e
o sódio estão distribuídos estatisticamente ao acaso entre as posições
catiônicas. Quando a temperatura diminui, as exigências de tamanho
do retículo se tornam mais rígidas e forças intensas, ordenadoras en-
tram em jogo para separar o potássio e o sódio, levando-os para re-
gióes tendo a configuração reticular adequada para cada um dêles.
Esta separação resulta, em geral, em camadas de albita delgadas, sa-
turadas de potássio, em um cristal de ortoclásio hospedeiro, contendo
algum sódio ainda em solução sólida. As camadas de albita tendem
540 MINERALOGIA DESCRITIVA

a formar-se de maneira aproximadamente paralela a (IOO), perpen-


dicularmente à direção de contração máxima do feldspato em resfria-
mento. Dêste modo, as regiões da albita em crescimento aprovei-
tam-se das zonas de fraqueza induzidas no cristal de feldspato pela
contração diferencial durante o resfriamento. Este processo de sepa-
ração é chamado de exsolução e o intercrescimento resultante, de per-
tiia. Intercrescimentos semelhantes ao da pertita podem originar-se
também, da substituição posterior de um feldspato por outro. Quan-
do as lamelas estão dispersas de maneira tão fina que s6 podem ser
identificadas com o auxílio de um microscópio, dá-se ao intercresci-
mento o nome de micropertita. Mais raramente, o cristal hospedeiro
tem o retículo do feldspato sódio-cálcio e as lamelas são de ortoclásio.
Polimorfis~no. Todos os três tipos principais de feldspatos pos-
suem modificações tanto de alta como de baixa temperatura. Nas
formas de temperatura alta, o alumínio coordenado tetrakdricamente
está distribuído de maneira fortuita, ao passo que, nas formas de
temperatura baixa, o alumínio e o silício possuem uma relação orde-
nada. Assim, o CaAI2SitOn ocorre não sòmente como anortita, na
qual os íons de alumínio ocupam posições definidas, mas também
como anortita de alta, em que o alumínio e o silício estão distribuí-
dos estatisticamente. Também, têm sido sintetizados polimorfos ortor-
ròmbicos e hexagonais do CaA12Si20n.Do mesmo modo, a albita tem
uma forma de temperatura alta. O feldspato potássico compreende o
microclínio ordenado, de temperatura baixa, o ortoclásio ordenado
parcialmente e a forma desordenada, de temperatura alta, a sanidina.
O microclínio é particularmente característico das rochas situadas
profundamente e dos pegmatitos, o ortoclásio, dos pórfiros e filóes hi-
drotermais, e a sanidina, das lavas extrusivas.
Embora a albita e a anortita sejam levemente diferentes da
estrutura, pois a última tem uma cela dupla com duas vêzes a di-
mensão c. da albita, as descontinuidades na série de solução sólida
entre ambas são de menor importância e a maior parte das proprie-
dades, como a densidade relativa, por exemplo, mostram alteração
linear com a composição. Assim, determinando-se com suficiente
precisão uma propriedade adequada, pode chegar-se muito aproxima-
damente à composição química (ver Fig. 625).

ORTOCLASIO - K(AISi,O,)
Cristalografia. Monoclínico; prismática. Os cristais são, de or-
dinário, de hábito prismático e alongados paralelamente ao eixo a
ou ao eixo c, e achatados paralelamente ao pinacóide lateral, tendo,
como formas distintas, {OlO}, {001} e {llO}, muitas vêzes com
prismas menores de segunda e quarta ordens (Figs. 614-616). Fre-
quentemente geminados, de acordo com as seguintes leis: Carlsbad,
geminado de penetraião com o eixo c como eixo do geminado (Fig.
618); Baveno, com {021} como plano do geminado e da composi-
ção (Fig. 620); Manebach com {OOI} como plano do geminado c
da composição (Fig. 619). Comumente em cristais ou em massas
suscetíveis de clivagem a granulares; mais raramente, de granulação
fina, maciça e criptocristalina. Mais abundantemente nas rochas co-
mo grãos desprovidos de forma.
Propriedades físicas. Duas clivagens distintas fazendo um ân-
gulo de 90° entre si; uma, {OOl}, perfeita; outra, {OlO}, boa. Cli-
vagem prismática, {llO}, 0 b ~ e ~ a acom a frequência. D 6. d 2.57.
Brilho vítreo. Incolor, branco, cinza, vermelho da carne. Traco bran-
co. A adulária é uma variedade incolor, translúcida a transparente.
Está presente, habitualmente, em cristais pseudc-ortorrômbicos (Fig.
617). Algumas adulárias mostram um jogo de cores opalescente, sen-
do denominada pedrada-lua. A sanidina é uma variedade vidrada;
muitas vêzes, transparente, encontrada como fenocristais em algumas
rochas ígneas.
Composi~üo. Silicato de potássio e alumínio K(AISi30R).K,O
16,9 - AI2OJ 18,4 - Si02 64,7 por cento. O ortoclásio e o microclínio
(página 544) são conhecidos conjuntamente por feldspato potarsico.
O sódio pode substituir o potássio e, na variedade sanidina, esta subs-
tituição vai até 50 por cento. Na hialofana, (K,Ba)(AI,Si),Si,O,, o
bário substitui parcialmente o potássio. A celsiana, Ba(AlnSi20a) é
um feldspato raro de bário.
Eruaios. Dificilmente fusível (5). Insolúvel nos ácidos. Quan-
do misturado com gipso pulverizado e aquecido sôbre a alça de pla-
tina, dá a chama violeta do potássio.
Aspectos diagnósticos. Reconhecido, usualmente, por sua cor,
sua dureza e sua clivagem. Distingue-se dos outros feldspatos por
sua clivagem em ângulo reto e pela falta das estriaçks do geminado
sôbre a melhor superfície de clivagem.
Alterap?~. Submetido à ação de águas contendo anidrido car-
bônico, o ortoclásio sofre alteração, formando um carbonato de po-
tássio solúvel e deixando, como resíduo, uma mistura de um mineral
argiloso e sílica ou de rnoscovita e sílica.
542 MINERALOGIA DESCRITIVA

Fig. 612. Granito Gráfico, Hybla. Onlário. Quartzo Escuro, Feldspato Claro.

Ocorrência. O ortoclásio é um dos minerais mais comuns. For-


mou-se durante a cristalização das rochas ígneas, e pelas atividades
hidrotermais nos diques pegmatíticos e nas drusas nas rochas. Mais
SILICATOS 543

raramente pela cristaliza$io a partir das solu~0esaquosas, em tempe-


raturas baixas, nos filõcs. Amplamente distribuído como constituinte
importante das rochas, ocorrendo em muitos tipos de rochas ígneas,
especialmente em granitos, sienitos e nefelina sienitos; nas rochas se-
dimentares está presente no arcózio e em certos arenitos e conglome-
rados; nas rochas metamórficas, nos gnaisses. Também em grandes
cristais e massas suscetíveis de clivagem nos diques pegmatíticos, as-
sociado principalmente com o quartzo, a moscovita e a albita.

Fig. 618. Fig. 619. i . 620.


Geminado (Carlrbnd). Ceminado (hlnnebnch). Ceminado (Baveno).

Uso. O ortoclásio C cmpregado principalmente na manufatura


de porcelana. Moído bem fino, é misturado com caolim ou argila c
quartzo. Quando aquecido em temperatura elevada, o feldspato sofre
fusão e agc como cimento ligando o material. O feldspato fundido
também fornece a maior partc d o brilho dos artigos de porcelana.
Uma quantidade pcqucna de feldspato é usada na manufatura do vi-
dro' para proporcionar alumina à fornada.
Noinr. O nomc ortoclúrio refere-se à clivagem em ângulo reto
que o mineral possui. Fcldçprito deriva da palavra germânica jrld
significando campo.
544 MINERALOGIA DESCRITIVA

MICROCLÍNIO - K(AISi:!Oh)
Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Os comprimentos axiais
e os ângulos só levemente diferentes dos do ortoclásio. Os cristais d o
microclínio podem ser geminados de acordo com as mesmas leis ob-
servadas no ortoclásio; os geminados segundo a Ici de Carlsbad são
comuns, mas segundo as de Baveno e Manebach sáo raros. Geminam-
se também segundo a lei da albita, com o pinacóide lateral formando
o plano do geminado, e segundo a lei do periclínio, com o eixo cris-
talográfico 6 sendo o eixo d o geminado. Estes dois tipos dc gemina-
ção s i o característicos dos feldspatos triclinicos. Uma lâmina delgada
do microclínio, examinada ao microscópio na luz polarizada, mostra
usualmente uma estrutura reticular característica causada pelo cruza-
mento em ângulos quase retos das lamelas d o geminado, formado de
acordo com as leis da albita e d o periclínio. O ortoclásio, sendo
monoclínico, não pode mostrar essa geminaçáo. O microclínio é en-
contrado em massas suscetíveis de clivagem, em cristais e em grãos
irregulares como constituinte de rochas. O microclínio forma. provà-
velmente, os cristais conhecidos de tamanho máximo. Na Karelia,
.na Rússia, massas que pesavam acima de 2 . 0 0 0 toneladas mostra-
ram a continuidade de um único cristal.
Nos pegmatitos, o microclíniu pode estar intercrescido intima-
mente com o quartzo, formando o ~ r a n i t ogrúfico (Fig. 6 1 2 ) . Nos
Estados da Carolina do Norte, Dakota do Sul, Colorado, Virgínia,
Wyoming, Maine e Connecticut, ocorrem grandes diques de pegma-
tito dêste caráter dos quais se extrai o feldspato em quantidades con-
sideráveis.
Frequentemente, o microclínio apresenta faixas irregulares e des-
contínuas cruzando os pinacóides basal e lateral. Estas faixas são
compostas de albita, e o intercrescimento, como um todo, denomi-
na-se pertitu ou, se muito fino, microl>ertita. (Ver página 540.)
Propriedades físicas. Clivagem { 001 } e { 010 }, com ângulo de
89'30' (o ortoclásio tem um ângulo de 90°). Clivagem {110), má.
D 6. d 2,54-2,57. Brilho vítreo. Côr: branco a amarelo-pálido, mais
raramente, vermelho. O microciínio verde é conhecido como amazo-
nita. Translúcido a transparente.
Composição. Como o ortoclásio, K(AISi,O,). O sódio pode
substituir o potássio, dando origem ao microclínio sódico, e se o sódio
excede o potássio dá-se ao minêral o nome de anortoclúsio.
Ensaios. Os mesmos empregados para o ortoclásio.
SILICATOS 545

Aspectos diagndsticos. Distingue-se do ortoclásio sòmente deter-


minando-se a presença da geminação triclínica o que raramente pode
ser verificado sem a ajuda do microscópio. Se o feldspato apresenta
côr verde forte, trata-se de microclínio.
Ocorréncia. O microclínio ocorre do mesmo modo que o orto-
clásio, com o qual está associado, muitas vêzes. Grande parte do
que se considera como ortoclásio é, em yalidade, microclínio. A
amazonita, microclínio de cor verde, encontra-se nos Montes Urais
e em vários lugares na Noruega e em Madagascar. Encontrado nos
Estados Unidos, em Pikes Peak, no Colorado, e em Amelia Court
House, no Estado da Virgínia.
Uso. O mesmo que o do ortoclásio. A amazonita é polida e
usada como material de ornamentação.
Nome. A palavra microclínio deriva de duas outras do grego
significando pouco e inclinado, referindo-se ao fato do ângulo de cli-
vagem não atingir 90".

Série do Feldapato Plagioeláaio


Os feldspatos plagioclásios, também chamados feldspatos calco-
-sódicos, formam uma série completa de solução sólida desde a albita
pura, NaAISiaOa, até a anortita pura, CaA12Sip08. O cálcio substitui
o sódio com substituição concomitante do silício pelo alumínio, em
todas as proporções. A série é dividida nas seis divisões seguintes, in-
teiramente arbitrárias, de acordo com as quantidades relativas de al-
bita e de anortita:

Por cento de Por cento de


Albita Anortita
Albita NaAISi.0. 100-90 0.10
Oligoclásio 90-70 10.30
Andcsina 70-50 30-50
Labradorita 50-30 50-70
Bytownita 30-10 70-90
AnorIita CaAISi,O. 10-0 90-100

Embora se dêem nomes de espécies às divisões arbitrárias ante-


riormente citadas, a maio; parte das propriedades variam de maneira
uniforme com a mudança na composição química. Por esta razão,
a série pode ser entendida mais fàcilmente dando-se uma descrição
que a abranja em sua totalidade, de preferência a seis descriçóes in-
546 MINERALOGIA DESCRITIVA

dividuais, e indicando-se as dessemelhanças entre os membros. A di-


fercnciação entre as modificações de temperatura alta e baixa sùmentc
pode ser feita por meios ópticos ou pelos raios X.

ALBITA - ANORTITA
Cristalografia. Triclínico; pinacoidal. Os cristais são, de ordi-
nário, tabulares paralelamente a ( 0 1 0 ) (Fig. 621); algumas vêzes,
alongados em direção paralela ao eixo b do cristal (Fig. 622). Na
anortita, os cristais podem ser prismáticos, alongados paralelamente ao
eixo c d o cristal.

Fig. 621. i . 622.

Albiia.

Com frequência, os cristais são geminados de acordo com as


várias leis que governam os geminados do ortoclásio, isto é, as de
Carlsbad, Baveno e Manebach. Além disto, são quase sempre gemi-
nados segundo uma ou ambas das duas leis conhecidas por leis da al-
bita e do periclínio. O plano de geminação na lei da albita é (010).
O Sngulo entre o plano basal e este plano de geminação é dc 94O,
aproximadamente (ver página 116). A gcminação da albita E comu-
mente polissintética, dando origem a lamelas delgadas, cada uma de-
las em posição geminada em relação às situadas de um e de outro
lado (ver Fig. 623). Em conseqüência, um plano basal ou a clivagem
basal dêsse cristal será cruzado por sulcos ou estriações paralelas
(Fig. 624). Muitas vezes, estas estriações são tão finas que se tor-
nam invisíveis à vista desarmada, mas em alguns espécimes são gros-
sas, podendo ser vistas com facilidade. A presença das linhas dc
cstriação sobre a clivagem basal (a melhor superfície de clivagem de
um felspato) é uma das melhores provas de que êle pertence à série
plagioclásio. Na lei do periclínio, o eixo de geminação e o eixo cris-
talográfico b e, quando resultam disto geminados polissintéticos, as
estria~õesconseqüentes sáo vistas no pinacóide lateral.
SILICATOS 547

Os cristais distintos são raros. Usualmente, em massas gemina-


das, suscetíveis de clivagem: como grãos irregulares nas rochas
ígneas.

Fig. 623. Fig. 624.


Geminacão da Albita.

Propriedades físicas. Clivagem {001}, perfeita, e boa, paralela-


mente a ( 0 1 0 ) . Clivagem má em diresão paralela a 11101 e
{lia}. O ângulo entre as clivagens (001} e (010) varia entre 93O34'
na albita e 94O12' na anortita. D 6. d 2,62 na albita e 2,76 na anor-
tita (Fig. 625). Incolor, branca, cinzenta; com menor frequência,
esverdeada, amarelada, vermelho da carne. Algumas espécies pos-
suem cores características. Brilho vítreo a nacarado. Transparente a
translúcida. Vê-se com frequência um belo jogo de cores, em espe-
cial na labradorita e na andesina.
Cornposiçóo. Silicatos de alumínio, sódio e cálcio. Uma série
completa de solução sólida estende-se da albita, NaAISi,08, até a
anortita, CaAI,Si,08. O potássio pode estar presente, em grau con-
siderável, à medida que se caminha para a extremidade albita da
série.
Ensaios. Situa-se entre os números 4 e 4%na escala de fusibi-
lidade. Funde-se produzindo um vidro incolor. A albita é insolúvel
no ácido clorídrico que, no entanto, decompõe a anortita. Entre êstes
extremos, os membros intermediários são tanto mais solúveis quanto
maior a quantidade de cálcio. Os membros ricos em sódio mostram a
chama intensa dêste elemento.
Aspectos diagndsticos. Os feldspatos plagioclásios podem distin-
guir-se dos outros feldspatos, descobrindo-se a presensa, sôbre a cli-
vagem basal, das estriações causadas pela geminasão da aibita. Sua
548 MINERALOGIA DESCRITIVA
- --- - .-

colocação acurada na série sòmente é possível mediante ensaios ópti-


cos ou análises químicas quantitativas, mas podem ser diferencados
uns dos outros, aproximadamente, pela densidade relativa.
Ocorréncia. Os feldspatos plagioclásios, como minerais forma-
dores de rocha, estão mais amplamente distribuídos e s5o mais abun-
dantes do que os feldspatos potássicos. São encontrados nas rochas
ígneas, metamórficas e, mais raramente, nas sedimentares. A xlbita
está incluída com o ortoclásio e o microclínio no que se conhece como
feldspatos alcalinos, todos êles tendo uma ocorrência semelhante.
Usualmente, encontram-se juntos nos granitos, sienitos, riólitos e tra-
quitos.

Plrrs>i,ogri>i dr .norr,rn

Fig. 625. Densidade Relativa dos Feldspalos Plagioclásios

A classificação das rochas ígneas baseia-se amplamente na espe-


cie e na quantidade de feldspato presente (ver página 568). De regra,
tanto maior a percentagem de síiica em uma rocha, tanto menor a
dos minerais escuros, tanto maior a quantidade de feldspato potássico
e mais sódico o plagioclásio; e inversamente, tanto mais baixa a per-
centagem de sílica, tanto maior a de minerais escuros e mais cálcico
o plagioclásio.
ALBITA. Aléni de sua ocorrência como um constituinte das ro-
chas ígneas, a albita está presente nos diques pegmatíticos, podendo
ser encontrada em cristais e substituindo o ortoclásio mais precoce.
A cleavelandiia é uma variedade em placas da albita, encontrada em
SILICATOS S19

alguns pegmatitos. As localidades dignas de menção pela ocorrência


de cristais de albita estão na Suíça e no Tirol; nos Estados Unidos,
em Paris, no Estado do Maine; em Chesterfield, no de Massachu-
setts; em Haddam e Branchviiie, no de Connecticut; e em Amelia
Couri House, no de Virgínia. Algumas albitas mostram um jogo de
cores opnlescente. Têm o nome de pedra-da-lua. O nome albita de-
riva do latim albus significando branco, em alusão à sua cor.

Flg. 626. Microclínio e Quartzo Enfumaçado, Cristal Peak, Coloraao.

0 ~ 1 c o c ~ A s i oEncontrado
. em várias localidades na Noruega,
notadamente em Tvedestrand, onde contém inclusões de hematita
que lhe dão cintilação e brilho dourados. Esse feldspato tem o nome
de oligoclásio aventurina, ou pedra-do-sol. O nome deriva de duas
palavras gregas significando pequeno e fratura, porque se acreditava
que o oligoclásio tinha clivagem menos perfeita do que a albita.
ANDESINA.Encontrada raramente, exceto como grãos nas ro-
chas ígneas. O nome provém da Cordilheira dos Andes, onde é o
principal feldspato nas lavas de andesito.
LABRADORITA. 6 mineral de rocha amplamente espalhado, sen-
do o único constituinte importante em grandes massas de rochas co-
550 MINERALOGIA DESCRITIVA

nhecidas como anortosito. Encontrada na costa do Labrador, em


grandes massas suscetíveis de clivagem que exibem um bonito jogo
de cores iridescente. O nome labradorita deriva desta localidade.
BYTOWITA. Encontrada raramente, exceto como grãos nas
rochas ígneas. O nome provém de Bytown, no Canadá (agora a
cidade de Ottawa).
ANORTITA.Mais rara do que o plagioclásio mais sódico. En-
contrada nas rochas ricas em minerais escuros, nas drusas dos blocos
de lavas e nos calcários granulares dos depósitos metamórficos de
contato. O nome deriva da palavra grega significando oblíquo, por-
que seus cristais são triclínicos.
Uso. Usam-se menos os feldspatos plagioclásios do que os felds-
patos potássicos. A albita, ou espafo sódico, como é chamado co-
mercialmente, emprega-se em cerâmica de maneira semelhante ao
ortoclásio. A labradorita que ekibe um jogo de cores é polida e
usada como pedra de ornamenta;ão. As variedades mostrando opa-
lescência sáo lapidadas e vendidas sob o nome de pedra-da-lua e
pedra-do-sol.
Nome. O nome plagioclásio deriva do grego significando oblí-
quo, em alusão ao ângulo oblíquo entre as clivagens. (Ver sob o
título "Ocorrência" os nomes das espécies.)

Cristalografia. Ortorrômbico; bipiramidal. Cristais prismáticos,


muito próximos aos do topázio no hábito. Comumente em cristais.
Propriedades físicas. D 7 . d 2,97-3,02. Brilho vítreo. Incolor
ou amarelo-pálido. Transparente a translúcida.
Composição. Borossilicato de cálcio, Ca(B2Si208). CaO
-
2 2 3 B ~ 0 328,4 - Si02 4 8 3 por cento.
Ensaios. Situa-se entre os números 3?4 e 4 na escala de fusibi-
lidade. Ao fundir-se, dá um vidro incolor, produzindo uma chama
verde. Insolúvel nos ácidos, mas quando calcinada prèviamente ge-
latiniza no ácido clorídrico.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por sua forma cristalina
e sua dureza elevada. Distingue-se do topázio pelo ensaio do boro.
Ocorr2ncia. Encontrada em cristais na Suíça Oriental, Mada-
gascar e Japão. Nos Estados Unidos, em Danbury, no Estado de Con-
necticut, e Russell, no de Nova Iorque; encontrada também, em peque
nos cristais, em um domo de sal na Louisiânia.
SILICATOS 511

Nome. Provém d o nome da localidade Danbury, no Estado de


Connecticut.

GRUPO DOS FELDSPATÕIDES


O s feldspatóides são quimicamente semelhantes aos feldspatos,
porque são aluminossilicatos de potássio, de sódio e de cálcio, como
elementos principais, mas com quantidades menores de outros íons.
A principal diferença química entre os feldspatóides e os feldspatos
reside no conteúdo de sílica. Os feldspatóides contêm cêrca de dois
terços da sílica existente nos feldspatos alcalinos e, por isto, tendem
a formar soluções ricas em álcalis (sódio e potássio) e pobres em
sílica. Suas estruturas são de aluminossilicatos tridimensionais em
cujos interstícios estão os catíons; ocasionalmente, hospedam tam-
bém aníons raros. Assim, na sodalita, o cloro é um constituinte es-
sencial e, na cancrinita, o íon carbonato, ao passo que a noseana con-
tém sulfato, e a lazurita, sulfato, sulfèto e íons de cloro. As fórmu-
las dêstes minerais podem ser concebidas como constituídas por
três fórmulas, em pêso, de nefelina (NaAlSiO,) para uma fórmula,
em pêso, de NaCI, relativamente à sodalita; uma fórmula, em pêso,
de Na.SO,, para a noseana etc. As estruturas não mostram, natu-
ralmente, essa relação simples e os aníons estranhos estão incluídos
simplesmente nos espaqos abertos da estrutura bem espaçosa d o alu-
minossilicato.

LEUCITA - K(AISi20,)
Cristalo,qrufio. Pseudo-isométrico. Hábito trapezo6drico (Eiç.
627). Outras formas, raras. Estritamente isomftrica, sòmente em
temperaturas acima de 500°C. Ao resfriar-se ahaixo desta tcnipera-
tura, sofre um rearranjo atômico interno de al-

@
gum outro sistema cristalino, provàvelmente te- .-"--$-.
tragonal, mas a forma externa náo muda. A
-2--?-L
leucita forma-se em lavas de alta tenipcratura;
nessas condi~ões,f isomctrica tanto na estrutura
interna como na forma externa. Usualmente em
, -
, n / --I
0

cristais distintos; também em gráos dissemina- Fig. 627. Leucita.


dos.
Propriedalles físicas. D 5%-6. d 2.45-2,50. Brilho vítreo a opaco.
Cor: branco a cinzento. Translúcida.
Composi~üo. Silicato de alumínio e potássio, K(AISi20u). K?O
21,s - A1,O,l 23,5 - SiOy 55,O por cento.
i2 MINERALOGIA DESCRITIVA

Ensaios. Infusível. O ácido clorídrico a decompõe com a se-


paração de sílica, mas sem a formação de uma geléia. Quando mis-
turada com o gipso pulverizado e fundida fornece a chama violeta
do potássio.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pela sua forma trapezoé-
drica e infusibilidade. E mais mole do que a granada e mais dura
do que a analcima; a analcima, além do mais, é fusível e fornece água.
A leucita, um mineral formador de rocha, está usualmente embutida
em uma matriz de granulasão fina, enquanto a analcima está, usual-
mente, sob a forma de cristais que cresceram livremente, em cavi-
dades.
Ocorrência. A leucita é um mineral relativamente raro, ocor-
rendo sòmente em rochas ígneas, usualmente em lavas recentes; rara-
mente observada em rochas plutônicas. Encontrada em rochas nas
quais a quantidade de sílica do magma foi insuficiente para com.
binar com o potássio para formar o feldspato. A leucita não é ob-
servada, por isso, em rochas que contêm quartzo. Encontrada, prin-
cipalmente, em rochas da Itália central, principalmente como feno-
cristais nas lavas do Vesúvio. Encontra-se, nos Estados Unidos, em
rochas de Leucite Hills, Wyoming, e em algumas das rochas nas
Highwood Mountains e Bear Paw Mountaini, Estado de Montana.
Pseudoleucitas, pseudomorfos de uma mistura de nefelina, ortoclásio
e analcima, sobre a leucita, encontram-se em sienitos de Arkansas,
Montana e Brasil.
Nonie. Derivado de uma palavra grega significando branco.
Espécies semrlf~antes. A polucita, C S , A I ~ S ~ ~ O ~ ~é. um
H~Omi-.
neral isométrico raro, ocorrendo usualmente em pegmatitos.

NEFELINA - (Na3K)(AISiO,)
Cristalografia. Hexagonal; piramidal. Raramente em pequenos
cristais prismáticos com o plano basal; em alguns casos mostra pla-
nos piramidais. Quase invariAvelmente maciqa, compacta e em grâ-
nulos disseminados. A variedade maciça é muitas vêzes denominada
eleoliia, por causa de seu brilho graxo.
Propriedades jíxicas. Clivagem distinta paralela a {10?0}.
D 5!i-6. d 2,55-2,65. Brilho vítreo nos cristais claros a brilho graxo
na variedade macisa. Incolor, branca a amarelada. Na variedade
maciça, cinzenta, esverdeada e avennelhada. Transparente a translú-
cida.
SILICATOS 553

Composiçüo. Silicato de alumínio, sódio e potássio, (Na,K)


(AISiO,). A quantidade de potássio presente é usualmente baixa.
As percentagens dos óxidos no composto artificial NaAlSiO, são:
- -
Na,O 21,8 A1,03 35,9 SiO? 42,3. A kaliofilita, K(AlSiO,), forma
uma série de solução sólida com a nefelina.
Ensaios. Corresponde ao número 4 da escala de fusibilidade.
Funde-se em um vidro incolor, produzindo a forte chama amarela d o
sódio. Solubiliza-se ràpidamente no ácido clorídrico e, na evapora-
ção, produz uma geléia de sílica.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada, nas variedades maciças,
pelo seu brilho graxo. Distingue-se d o quartzo pela dureza inferior
e d o feldspato pela gelatinizaçáo em ácido.
Alteraçüo. Altera-se, fàcilmente, em vários outros minerais, a
saber, zeólitas, sodalita, moscovita e caolim.
Ocorrência. A nefelina é um mineral raro e encontra-se em
rochas ígneas. Ocorre em algumas lavas recentes sob a forma de
cristais vítreos; por exemplo, as que sáo encontradas nas lavas d o
Vesúvio. A variedade cristalina maciça ou de granulação grossa en-
contra-se em rochas mais antigas e é denominada eleolita. A nefelina
é um constituinte essencial das seguintes e importantes rochas: fo-
nólito, nefelina sienito e nefelina basalto. E encontrada sòmente em
rochas cujos magmas contêm sílica insuficiente para combinar com a
soda para formar o feldspato. A nefelina é encontrada em rochas
que contêm quartzo, por isso, sòmente em circunsthcias excepcionais.
A maior massa de rochas com nefelina, conhecida, encontra-se na
península Kola, Rússia. Localmente, nestas rochas, a nefelina está
associada com a apatita. Massas extensas de rochas nefelínicas en-
contram-se na Noruega e na Africa d o Siil. E m cristais nas lavas d o
Vesúvio. Nos Estados Unidos, a nefelina encontra-se, seja maciqa,
seja em cristais, em Litchfield, Estado do Maine, associada com a can-
crinita. Encontrada próximo de Magnet Cove, Arkansas e Beemervil-
le, Nova Jersey. Comum nos sienitos da região de Bancroft, Ontário,
Canadá, onde há pegmatitos com grandes massas de nefelina quase
pura.
Uso. A nefelina livre de ferro, por causa de seu alto teor de
alumina, tem sido usada na indústria do vidro, no lugar d o feldspato.
A maior parte da nefelina comercial provém do Ontário. A nefelina
produzida como um subproduto da mincraçáo de apatita, na penín-
sula de Kola. C usada pelos russos em diversas indústrias que incluem
cerâmica, couro, produtos têxteis, madeira, borracha e óleo.
554 MINERALOGIA DESCRITIVA

Nome. O nome nefelinu deriva de uma palavra grega significan-


do unia iir<ier~r,porque quando imersa em ácido o mineral torna-se
t u r w O nome clrolita deriva de uma palavra grega significando óleo,
em :1lus5o ao seu brilho graxo.
Erl>ck-ic3ssri~relhanles. A cancrinita, um hidrossilicato de sódio,
cilcio e alumínio, i. um mineral raro, semelhante à nefelina em ocor-
rência e associações.

SODALITA - Na, ( AISiO,) :,C1

Cristrrlo~rofia. Isométrico; hexatetraédrica. Cristais raros,


usualmente dodccaedros. Comumente macica, em grãos disseminados.
Propricdadrs físicas. Clivagem dodecaédrica { 01 1 ). D 53-6.
d 2,IS-2.3. Brilho vítreo. Côr: usualmente azul, também branco, cin-
zento, verde. Transparente a translúcida.
ConrpoiqZo. Silicato de alumínio e sódio com cloro, Na,
-
(AISi0,):;CI. Na,O 25,6 - AI,O, 31.6 - SiO, 37,2 C1 7,3 por cento.
E~iraios. Situa-sc a meio caminho, entre os números 3 e 4 da
escala de fusibilidade, produzindo um vidro incolor e dando a chama
amarela (sódio), forte. Solúvel em ácido clorídrico; com a evapora-
cão, produz a sílica gelatinosa. A solução em ácido nítrico, com ni-
trato de prata produz um precipitado branco de cloreto de prata. Em
uma psrola de sal de fósforo, com óxido de cobre produz a chama
azul-celeste d o cloreto de cobre.
Aspertoi ~liapnó.sricos. Distingue-se, em muitos casos, pela sua
côr azul c, da lazurita, pela ocorrência diferente e ausência de pirita
associada. Se a côr não fôr azul, distingue-se da analcima, da leucita
e da hauyna sòmente pelo ensaio positivo d o cloro.
Ocorr?ncia. A sodalita é um mineral formador de rocha, com-
parativamente raro, e acha-se associado com a nefelina, a cancrinita
e outros feldspatóides, em nefelina sienitos, traquitos e fonólitos etc.
Encontrada em cristais transparentes nas lavas do Vesúvio. A varie-
dade azul maciça é encontrada em Litchfield, Estado d o Maine; em
Ontário e Quebec; e próximo de Kicking Horse Pass, Colúmbia Bri-
tânica.
Nome. Assim designada em alusáo ao seu teor de sódio.
Espécies senielhantes. Outros feldspatóides, mas raros em suas
ocorrências, são a hauyna, (Na,Ca)s-8AlsSis024.(S01)1-2 e a nosem,
Na4A13Si3012.S0,.
SILICATOS 555

Lápis-Lazúli

Cristalografia. Isométrico. Cristais raros, usualmente dode-


caédricos. Comumente maciça, compacta.
Propriedades físicas. Clivagem dodecaédrica { 01 1} imper-
feita. D 5-24, d 2,4-2,45. Brilho vítreo. Côr: azul-celeste intenso,
azul-esverdeado. Translúcida.
Composiçao . (Na,Ca)4(A1Si04)a(S04,S,CI),essencialmente,
mas com variação considerável nas quantidades de SO,,S e CI. O
sódio pode ser substituído por pequenas quantidades de rubídio, cé-
sio, estrôncio e bário.
Ensaios. Situa-se a meio caminho, entre os números 3 e 4 da
escala de fusibilidade, produzindo a chama amarela (sódio), forte.
Solúvel em ácido clorídrico com escasso desenvolvimento progressivo
do sulfêto de hidrogênio gasoso.
Aspectos diagndsficos. Caracterizada por sua côr azul e a pre-
senqa de pirita associada.
Ocorrência. A lazurita é um mineral raro, ocorrendo usual-
mente em calcários cristalinos, como um produto do metamorfismo
de contato. O lápis-lazúli é, usualmente, uma mistura de lazurita com
pequenas quantidades de calcita, piroxênio e outros silicatos e con-
tendo, comumente, pequenas partículas de pirita disseminada. A me-
lhor qualidade de lápis-lazúli provém do nordeste do Afeganistáo.
Encontrada, também, no Lago Baikal, Sibéria, e no Chile.
U s o . O lápis-lazúli é altamente apreciado como uma pedra or-
namental, para trabalhos de entalhe etc. Na forma de pó, foi usado
antigamente como um pigmento para pintura denominado trltramu-
rino. O azul ultramarino é produzido agora artificialmente.
Nome. Lazurita é um sinônimo obsoleto para a azurita, e por
isso o mineral é assim designado por causa de sua cór semelhante i
da azurita.

Petalita - Li(AISi,Olo)

Cristalografia. Monoclínico; domática. Cristais raros, achata-


dos sobre {O101 ou alongados segundo [IOO]. Usualmente maciqa ou
em massas laminadas suscetíveis de clivagem.
556 MINERALOGIA DESCRITIVA

Propriedades físicas. Clivagem {O01 } perfeita, ( 2 0 1 ; boa. Fra-


tura concóide imperfeita. Quebradiça. D 6-6:;. d 2,4. Brilho vítreo;
nacarado sobre {OOl}. Incolor, branca, cinzenta. Transparente a
translúcida.
Composiçóo. Silicato de alumínio e litio, Li(A1Si,OlO). L i 0
4,9 - N,0, 16.7 - SiO, 78,4 por cento.
Ensaios. Corresponde ao número 5 na escala de fusibilidade,
produzindo a chama vermelha d o litio. Quando aquecida levemen-
te, emite luz fosforescente azul. Insolúvel em ácidos.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada por seu hábito em pla-
cas. Distingue-se d o espodumênio por sua clivagem e sua densida-
de relativa menor.
Ocorrência. A petalita encontra-se em pegmatitos, nos quais
está associada a o quartzo e aos minerais portadores de litio: espodu-
mênio, turmalina e lepidolita. Até a metade d o século XX, foi con-
siderado um mineral bem raro, tendo sido assinalado em Uto, na Sué-
cia; em Peru, no Estado d o Maine, e com a escapolita, em Bolton,
Estado de Massachusetts. A s descobertas recentes d a petalita na Ro-
désia do Sul e na Africa d o Sudoeste tornaram-na um mineral abun-
dante. Nestas localidades, associada à lepidolita e à eucriptita, é
explorada extensamente.
Uso. Um minério de litio importante. (Ver espodumênio, pá-
gina 479).
Nome. Do grego fi>lha em alusão à clivagem

Grupo da Escapolita

As escapolitos sáo minerais metamórficos com fórmulas que lem-


bram as dos feldspatos e com estruturas consistindo em cadeias sem
fim de aluminossilicato tridimensional, paralelamente ao eixo c. Os
cristais são prismas tetragonais alongados, em direção paralela à das
cadeias. A estrutura é bem aberta e acomoda anions grandes: cloro,
sulfato e carbonato, de maneira muito semelhante à pela qual êstes
ions estão alojados nos feldspatóides. Existe uma série de solução
sólida nas escapolitas, entre o membro sódico, a marialita, e o mcm-
bro cálcico, a nieionito. A fórmula para a marialita pode ser melhor
lembrada, considerando que ela consiste em três fórmulas, em pêso,
da albita, 3(NaA1Si,,0y) mais uma fórmula, em pêso, de NaCI; e para
a meionita, como três fórmulas. em pêso, d a anortita. 3(CaA12Si208)
mais uma fórmula, em pêso, de C a c o 3 ou Caso4. Há uma completa
substituição iônica d o sódio pelo cálcio com compensação da carga,
realizada, como nos feldspatos, pela substituição concomitante do silí-
cio pelo alumínio, nas cadeias. Há, também, uma substituição com-
pleta do carbonato, do sulfato e d o cloro entre si. Por isso, o nome
wernerita, dado a muita escapolita, é intermediário, na composição,
entre os membros extremos, marialita e meionita.

ESCAPOLITA
Wernerita

Cristalografia. Tetragonal; bipiramidal. Cristais usualmente


prismáticos. As formas predominantes são os prismas de primeira
e segunda ordens, e a bipiramide de primeira ordem (Fig. 628). Ra-
ramente mostra as faces d a bipirâmide tetragonal (Fig. 629). Os
cristais são usualmente grossos, ou com aparência fibrosa indistinta.

Fig. 628. Fig. 629.


Escapolita.

Propriedades físicas. Clivagens prismáticas, ambas ( 1 0 0 ) e


{ l lO}, imperfeitas. D 5-6. d 2,65-2.74. Brilho vítreo quando fres-
ca e inaiterada. Côr: branco, cinzento, verde-pálido; mais raramente
azulado ou avermelhado. Transparente a translúcida.
Composiçúo. A escapolita possui composição variada porque
o nome é usado para designar todos os membros intermediários de
uma série, cujos membros extremos são: a marialita, (Na,Ca)rAl:,
(Al,Si)aSio02i (CI,COs,SOi); e a meionita, (Ca,Na),Al,(AI,Si),Si,
0?,(CI,C03S0,).
Ensaios. Corresponde ao número 3 da escala de fusibilidade.
Funde com intumescência em um vidro branco vesiculoso e dá côr
amarela à chama. Decompõe-se pelo ácido clorídrico, de maneira
558 MINERALOGIA DESCRITIVA

imperfeita, produzindo sílica separada, mas sem a formação de uma


geléia.
Aspectos diqnósticos. Caracterizada por seus cristais com se-
ção transversal quadrada e quatro direções de clivagem a 45O. Quan-
do maciça assemelha-se a o feldspato, mas tem uma aparência fibro-
sa característica sobre as superfícies d e clivagem. A escapolita é tam-
bém de fusão mais fácil. Distingue-se d o piroxênio porque sua fusão
é acompanhada de intumescência.
Alteracüo. Altera-se, fàcilmente, em vários outros minerais. a
saber, mica, epídoto, talco e caolim.
Ocorrtncia. A escapolita ocorre nos xistos cristalinos, nos
gnaisses e nos anfibolitos e, em muitos casos, derivou, provàvelmen-
te, da alteração dos feldspatos plagioclásios. Ocorre também, de for-
ma característica, em calcários cristalinos formados através da ação
do metamorfismo de contato de uma rocha ígnea intrusiva. Associa-
da com os seguintes minerais: diopsídio, anfibólio, granada, apatita,
titanita e zirciio.
Cristais de qualidade gemológica, de cor amarela, ocorre em
Madagascar. Encontra-se, nos Estados Unidos, em vários lugares no
Estado de Massachusetts, principalmente em Bolton; Orange, Lewis
e St. Lawrence counties. no Estado de Nova Iorque. Encontrada, tam-
bGm, em vários pontos dc Ontário, Canadá.
Nome. Do grego, significando, uni<( lruste, em alusão ao há-
bito prismático dos cristais.

FAMILIA DAS ZEÓLITAS

As zeólitas formam uma grande família de silicatos hidratados


c mostram semelhanças íntimas na composiçáo, em suas associações
e no modo d e ocorrência. Elas são silicatos de alumínio com sódio
e cálcio como as bases importantes. A durem média varia entre 3% e
5% e a densidade relativa entre 2,O e 2,4. Muitas delas fundem r i -
pidamente com intumescência pronunciada, donde o nome de ze6-
litn. d e duas palavras gregas significando ferver e ~>edrn.Sáo mine-
rais secundários e encontram-se, de forma característica, em cavida-
des e veios em rochas ígneas básicas.
Tõdas as zeólitas sáo aluminossilicatos cujas composiqóes, a
grosso modo, lembram, de alguma forma, as dos feldspatos e, como
os feldspatos, estão formadas em cadeias construídas de anéis tetra-
gonais de SiO, e tetraedros de AIO,. As cadeias, ligadas pelos ca-
SILICATOS 559
-

tíons intersticiais, sódio, potássio, cálcio e bário, formam uma es-


trutura aberta, com grandes canais, nos quais a água e outras molé-
culas podem alojar-se prontamente. Grande parte d o interêsse nas
zeólitas, liga-se à presença dêstes canais espaçosos. Quando uma
zeólita é aquecida, a água nos canais desprende-se fácil e continua-
mente, à medida que a temperatura aumenta, deixando a estrutura in-
tacta. Este comportamento está em contraste nítido com outros compos-
tos hidratados, por exemplo, o gipso, no qual as moléculas de água
desempenham um papel estrutural e uma desidratação completa pro-
duz o colápso da estrutura. Após a desidratafáo completa dc uma
zeólita, os canais podem ser preenchidos novamente com água ou
com amônia, vapor de mercúrio, vapor de iodo ou uma variedade de
outras substâncias. Este processo i. seletivo e depende da estrutura
particular da zeólita e do tamanho das moléculas, e, dai, serem as
zeólitas usadas como "peneiras moleculares".
As zeólitas têm uma propriedade útil, adicional que se prende
à sua estrutura. A água pode passar fàcilmente através dos canais,
e, no processo, os íons em solução podem ser trocados por ions na
estrutura. B t e processo é denominado "troca de base" ou "troca de
catíon", e por sua atividade as zcólitas ou os compostos sintfticos
com a estrutura zeolítica são usados para o amolecimento da água.
A zeólita usada tem uma composifão aproximada de Na,A1,Si30,,,
2H,O (como a natrólita). A água "dura", isto é, a água contendo
muitos íons de cálcio em soluçno, passa através de um tanque cheio
de ;rânulos de zeólita. Os ions de cálcio substituem os íons dc sódio
na zeólita, formando CaAI,Si,Ol0 2 H 2 0 , fornecendo ions dc sódio
para a solu~ão. A água contendo sódio não forma escuma e é co-
nhecida pela designaqáo de "mole". Quando a zeólita posta no tan-
que ficou saturada de cálcio, faz-se passar por êle uma salmoura de
NaCI, fortc. A alta concentração d o ion sódio farsa a rcaçáo na
direfáo inversa, com a reconstituiçáo do Na,AI,Si:,0,0.2HZ0, o cál-
cio passando para a solufão. Pela troca de base, muitos íons, inclu-
indo a prata, podcm substituir o catíon metal-alcalino da estrutura da
zeólita.

ANALCIMA - Na(AISi,O,)H,O
Analcita

Cristalografia. Isométrico; hexaoctaédrica. Usualmente em


trapezoedros (Fig. 630). Conhecenl-se, também, cubos com trunca-
560 MINERALOGIA DESCRITIVA

turas trapewédricas (Fig. 631 ). Usualmente em cristais, também


granular maciça.
Propriedades físicas. D 5-55,d 2,27. Brilho vítreo. Incolor
ou branca. Transparente a translúcida.
Composição. Silicato hidratado de alumínio e sódio, Na(AISiz
-
O,).HzO. As percentagens dos óxidos são: N a 2 0 14,l Ai203 23,2-
-Si02 543 - H 2 0 8,2.

Fig 630. Flg. 631.


Analcima.

Ensaios. Situa-se a meio caminho entre os números 3 e 4 da


escala de fusibilidade. Aquecida torna-se, primeiramente, branca lei-
tosa e depois passa para um vidro claro. Dá, à chama, a cor amare-
la (sódio). Produz água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida, usualmente, pelos seus
cristais completos e seu brilho vítreo. Os cristais assemelham-se à
granada e à leucita n o que diz respeito a forma. Distingue-se da gra-
nada pela dureza inferior e por produzir água no tubo fechado; da
leucita, pela fusáo mais fácil, presença de água, e ocorréncia. ( A
leucita está sempre disseminada na matriz da rocha.)
Ocorrência. A analcima é comumente um mineral secundário,
formado pela ação de águas quenter circulantes e, por êsse motivo,
encontra-se depositada em cavidades de rochas ígneas, especialmente
as vulcinicas. Encontra-se associada com a calcita, várias zeólitas e
minerais relacionados. Também como um constituinte original de ro-
chas íçneas, por exemplo, os analcima basaltos. Cristais bonitos en-
contram-se nas Ilhas Ciclópis, nas proximidades da Sicília; no Val
di Fassa e nos Alpes Seiser, Trentino, Itália: em Vitória, Austrália;
e Ilha Kerguelen, no Oceano Indico. Nos Estados Unidos, encontra-
se em Bergen Hill, Nova Jersey; no distrito cuprífero d o Lago Su-
perior; em Table Mountain, próximo de Golden, Colorado. Encon-
trada, também, em Cape Blomidon, Nova Scotia.
SILICATOS 561

Nome. Deriva de uma palavra grega significando fraco, em


alusão à sua propriedade elétrica Iraca quando aquecida ou esfre-
gada.
Espécies semelhantes. A laumontita é monoclínica e a thomo-
nita é uma zeólita ortorrômbica associada com outras zeólitas mas
muito mais rara.

Cristalografia. Monoclinico; esfenoédrica. Pseudo-ortorrôm-


bica, prismática, muitas vezes acicular. A zona prismática vertical-
mente estriada. Alguns espécimes terminam por um prisma de quar-
ta ordem, baixo. Em alguns casos, geminados em cruz. Usualmente
em grupos de cristais distribuídos radialmente; ainda, fibrosa, maciça,
granular ou compacta.
Propriedades físicas. Clivagem prismática (110) perfeita. D
5-5s. d 2,25. Brilho vítreo. Incolor ou branca. Em alguns casos
tingida de amarelo a vermelho. Transparente a translúcida.
Composição. Um silicato hidratado de alumínio e sódio, Na?
(A12Si30,,,). 2H20. As percentagens dos óxidos são: N a 2 0 16.3-
- -
N,O3 26,8 Si02 47,4 H 2 0 9,s. O potássio pode substituir o sódio
na proporção de Na:K=15: 1.
Ensaios. Situa-se entre os números 2 e 3 na escala de fusibi-
lidade. Funde-se na forma de um vidro transparente, claro, dando à
chama a côr amarela do sódio. Água no tubo fechado. Solúvel no
ácido clorídrico e gelatiniza com a evaporaqão.
Aspectos diagnósticos. Reconhecida, principalmente, por seus
cristais distribuídos radialmente. Distingue-se da aragonita por sua
fácil fusibilidade e por fornecer água no tubo fechado.
Ocorrência. A natrólita é um mineral de origem secundária e
encontra-se revestindo cavidades em basalto. Associada com outras
zeólitas e calcita. Localidades bem conhecidas por sua ocorréncia
são: Aussig e Salesel, Boêmia; Puy-de-Dome, França; e Val di Fassa,
Trentino, Itália. É encontrada, nos Estados Unidos, em Bergen Hill,
Nova Jersey. Encontrada, ainda, em vários lugares da Nova Scotia.
Nome. Do latim nafrium, significando sódio, em alusáo à sua

Espicic.~secrnrlliantes. A escolecita (monoclínico), Ca(AI,Si:,


O,,,). 3 H 2 0 é uma zeólita semelhante à natrólita.
562 MINERALOGIA DESCRITIVA

Cristalografia. Hexagonal-R; escalenoédrica. Usualmente em


cristais. A forma comum é o romboedro simples i101i1, tendo
aproximadamente, ângulos cúbicos. Os cristais de cabazita podem
mostrar diversos romboedros diferentes (Fig. 632). Muitas vêzes em
geminados por penetração.
Propriedades físicas. Clivagem rom-
boédrica {10?1} má. D 4-5. d 2,05-

Q
-2,15. Brilho vítreo. Cor: branco, ama-
relo, rosa, vermelho. Transparente a
translúcida.
Composiçáo . E, essencialmente,
um silicato hidratado de alumínio, sódio
e cálcio, (Ca,Na)2(A12Si401~).6H,0. O
potássio está presente usualmente.
Fig. 632. Cabazita.
Ensaios. Corresponde ao nfimero
3 na escala de fusibilidade. Funde-se
na forma de um vidro vesiculoso, com intumescimento. Decompóe-
se pelo ácido clorídrico, com a separação de sílica, mas sem a for-
mação de uma geléia. A solução, depois de filtrada para a separação
da sílica, dá um precipitado de hidróxido de alumínio com a amô-
nia, e no filtrado, o carbonato de amônio dá um precipitado branco
de carbonato de cálcio. No tubo fechado fornece muita água.
Aspectos diagnósticos. Usualmente reconhecida por seus cris-
tais romboédricos; distingue-se da calcita por exibir clivagem menos
nítida e por não dar efervescência no ácido clorídrico.
Ocorréncia. A cahazita é um mineral de origem secundária e
encontra-se, usualmente, com outras zeólitas, atapetando cavidades
no basalto. Ocorre, notadamente, nas seguintes localidades: Ilhas
Faeroe; a Calçada do Gigante, Islândia; Aussig, Boêmia; Alpes Sei-
ser, Trentino, Itália; Oberstein, Alemanha. Encontra-se, nos Estados
Unidos, em West Paterson, Nova Jersey e Goble Station, Ôregon. En-
contra-se, também, na Nova Scotia, onde é conhecida pelo nome de
acadialita.
Nome. O nome cabazita deriva de uma palavra grega, nome
antigo para uma pedra.
Espécies semelhantes. A gmelinita é um mineral que está re-
lacionado quimicamente com a cabazita mas é de ocorrência mais
rara.
SILICATOS 563

HEULANDITA - Ca(A12Si,0,,).6H,0

Cristalografia. Monoclínico; prismática, mas os cristais mui-


tas vêzes simulam uma simetria ortorrômbica (Fig. 633). O pina-
cóide lateral é dominante e muitas vêzes possui a forma de um lo-
sango.
Propriedades físicas. Clivagem perfeita paralela ao pinacóide
lateral {OlO}. D 3%-4.d 2,18-2,2. Brilho vítreo, nacarado sobre o
pinacóide lateral. Incolor, branca, amarela e vermelha. Transpa-
rente a translúcida.
Composição. Essencialmente um silicato hidratado de alumí-
nio e cálcio, Ca(A12Si;0,8).6H20. O sódio e o potássio substituem
o cálcio.

Fig. 633. Heulandita. Fig. 631. Esrilbita

En.aios. Corresponde ao número 3 da escala de fusibilidade.


Funde com intumescência produzindo um vidro branco. Fornece
água no tubo fechado.
Aspectos diagnósticos. Caracterizada pela forma de seus cris-
tais e uma direfuo de clivagem perfeita com brilho nacarado.
Ocorrência. A heulandita é um mineral de origeni secund5ria
e encontra-se, usualmente, em cavidades de rochas ífneas básicas,
associada a outras zeólitas e calcita. Encontrada com qualidades
notáveis na Isliindia; nas Ilhas Faeroe; Andreasberg Montanhas do
Harz; no Tirol, Austria; e na índia, nas proximidades de Bombaim.
Encontrada, nos Estados Unidos, em West Paterson, Nova Jersey.
Encontrada, também na Nova Scotia.
Nome. Em honra ao colecionador de minerais, H . Heuland,
inglês.
564 MINERALOGIA DESCRITIVA

ESTILBITA - Ca(A12Si,0is) . 7 H 2 0
Cristalografia. Monoclínico; prismática. Geminados unifor-
memente em cmz (pseudo-ortorrômbico). Comumente tabular para-
lelamente ao pinacóide lateral. Usualmente em cristais individuais
distintos ou em agregados semelhantes a feixes (Fig. 634).
Propriedades físicas. Clivagem perfeita paralela a (010). D
3 x 4 . d 2,l-2,2. Brilho vítreo; nacarado sobre o pinacóide lateral.
Cor branca, mais raramente amarela, castanha e vermelha. Trans-
lúcida.
Composiçüo. Essencialmente u m silicato hidratado de alumí-
nio e cálcio, Ca(AI2Si,Ol8).7H,O. Estão usualmente presentes, em
pequenas quantidades, o sbdio e o potássio.
Ensaios. Corrcspondc ao número 3 na escala de fusibilidade.
Funde com intumescência produzindo um esmalte branco. Decom-
põe-se pelo ácido clorídrico com a separação de sflica mas sem a
formação de uma gelkia. Fornece água n o tubo fechado.
Aspectos diagnódicos. Caracterizada, principalmente, pela cli-
vagem, brilho nacarado sobre a face d e clivagem e os grupos comuns
de cristais com a forma de feixes.
Ocorrência. A estilbita é um mineral de origem secundária e
encontra-se em cavidades nos basaltos e rochas relacionadas. Asso-
ciada com outras zeólitas e calcita. Localidades dignas de mençáo
pelas ocorrências são: Poonah, lndia; ilha de Skye; Ilhas Faeroe;
Kilpatrick, Escócia; Islàndia. Encontrada, ainda, em Nova Scotia.
Nome. Derivado da palavra grega significando brilho, em alu-
são ao brilho nacarado.
Espécies semelhantes. As zeólitas monoclínicas, phillipsita e
harmotomo, pertencem ao grupo da estilbita e possuem composição
variável e complexa.
OCORRÊNCIA E
ASSOCIAÇAO
DE MINERAIS
Embora os minerais tenham muitas modalidades de ocorrência
e uma variedade de associaqóes quase infinita, existem, não obstante,
certas maneiras em que suas ocorrências são comuns e características.
E d o maior valor, na identificação dos minerais, uma compreensão
das condições sob as quais um dado mineral usualmente se forma,
assim como, um conhecimento.dos outros minerais que com êle estão
associados, de forma característica. Nas páginas que seguem, dá-se,
pelas razóes expostas, uma breve discussão dos modos mais impor-
tantes de ocorrência dos minerais e das associações mais comuns.

A. ROCHAS E OS MINERAIS FORMADORES


DAS ROCHAS
Considerando que os minerais ocorrem, mais comum e abun-
dantemente, como constituintes de rochas, será dada, em primeiro
lugar, uma descrição sucinta dos tipos de rochas mais importantes e
dos minerais que as formam, mais comuns. Apresenta-se, aqui, sò-
mente o esboço mais simples do assunto; para informação mais por-
menorizada, o leitor deverá recorrer a um dos manuais que tratam
da petrologia, mais particularmente.
566 OCORRtNCIA E ASSOCIAÇÃO DE MINERAIS

As rochas dividem-se em três grupos principais:


I. Igneas. ou magmáticas. 11. Sedimentares. 111. Metamór-
ficas.

I. ROCHAS f GNEAS
As rochas ígneas ou magmáticas, como o nome indica, são as
que se formaram pelo resfriamento e conseqüente solidificaçáo de
massa anteriormente fluida e quente de material rochoso, conhecida
por magma. Um magma é uma solução contendo os constituintes
químicos que, quando suficientemente resfriados, cristalizam para
dar origem aos vários minerais que formam a rocha resultante. Os
elementos formadores dos constituintes principais dos magmas das
rochas ígneas, enumerados na ordem de sua abundância, Sá0: o oxi-
gênio, o silício, o alumínio, o ferro, o cálcio, o magnésio, o sódio e
o potássio. Quando um magma se resfria, cada mineral cristaliza, à
medida que alcança o seu ponto de supersaturasáo. Alguns mine-
rais, existentes na massa fluida, cristalizam mais precocemente d o
que os outros e, assim, na niaioria das rochas ígneas, pode ser de-
terminada uma ordem mais ou menos definida d e cristalização dos
vários constituintes minerais. E m geral, os minerais .escuros e os
que contêm as menores quantidades de sílica são os que cristalizam
em primeiro lugar; os minerais ricos em sílica sáo os últimos. Entre
os minerais formadores das rochas mais comuns, a ordem usual de
cristalização é a seguinte: os minerais acessórios, como o zircáo, o
rutílio, a hematita, a ilmenita e a magnetita; depois, os minerais ferro-
magnesianos, p. ex., piroxênios e anfibólios; em seguida, os feldspa-
tos plagioclásios; e, finalmente, o ortoclásio e o quartzo.
A associação mineral encontrada em qualquer rocha ígnea de-
pende, principalmente, da composição química d o magma original.
Se o magma tinha uma percentagem alta de sílica, a rocha resultante
conterá minerais ricos em sílica e quartzo. Usualmente, ela será de
cor clara. Se, por outro lado, o magma tinha uma percentagem
baixa de sílica, a rocha resultante conterá minerais :pobres em sílica
e nenhum quartzo. Será, em geral, de cor escura.
Além da ampla variasão na composição química e mineralógica,
mostrada pelas rochas ígneas, há, também, outra, no tamanho dos
cristais que as constituem. Isto é determinado, principalmente, pela
velocidade com que o magma se resfria. Se uma rocha se formou
a partir de um magma situado a uma profundidade considerável na
ROCHAS íGNEAS 567

crosta da Terra, deve ter-se resfriado muito vagarosamente, e levado


um período longo de tempo para sua cristalizaçáo e solidificaçio
graduais. Soh essas condições, as partícu'las minerais teriam tido a
oportunidade, por causa da lentidão da cristalização, de atingir ta-
manho considerável em seu crescimento. Uma rocha, tendo origem
assim profunda, possui, portanto, uma textura grossa e seus mine-
rais constituintes podem ser reconhecidos e diferençados, usualmen-
te, a olho nu. Tais rochas são, comumente, denominadas plutrinicas.
Por outro lado, se o magma extravasou, como lava, sôbre a su-
perfície da Terra, seu resfriamento e solidificaçáo subsequentes pro-
gridem ràpidamente. Sob essas condições, as partículas minerais ain-
da niío solidificadas têm oportunidade reduzida para crescer, e a
rocha resultante é de granulação fina. O resfriamento, em alguns
casos, é tão rápido que se torna impossível a separação de qualquer
mineral, e a rocha resultante é um vidro. Os minerais constituintes
das rochas de granulação fina, de ordinário, só podem ser reconhe-
cidos, precisamente, pelo exame de uma seção delgada da rocha, ao
microscópio. Essas rochas ígneas denominam-se rochas vulcânicas
ou extrusivris.
O m a p a intrusivo, sob as formas de dique e de "sill", próximo
d a superfície da Terra forma um grupo de rochas conhecidas como
hipoabissais. A textura destas rochas é, usualmente, mais fina d o
que a das plutônicas e mais grossa do que a das vulcânicas.

Pórjiro e Textura Porjiritica


Algumas rochas ígneas mostram cristais distintos de alguns mi-
nerais que se encontram incluídos em uma matriz de granulação mui-
to fina. Conhecem-se estes cristais maiores como fenocri,rtais, e o
material de granulação mais fina, como massa frrndamental. (Ver
Fig. 613, pigina 542). Essas rochas são conhecidas pela designação
de pórfiros. Os fenocristais podem variar em suas dimensões, desde
cristais de uma ou mais polegadas de diâmetro ou espessura, até indi-
víduos muito pequenos. A massa fundamental pode também ser com-
posta de material de granulação razoàvelmente grossa, ou seus grâ-
nulos podem ser microscópicos. A diferença de tamanho entre os
fenocristais e as partículas da massa fundamental dá a f e i ~ á ocarac-
terística de um p6rfiio. A textura porf'i'tica desenvolve-se quando
alguns dos cristais crescem, atingindo tamanho considerável, antes
que a massa principal d o magma se tenha consolidado no material
mais fino e de granulaçáo uniforme. Qualquer um dos tipos de ro-
568 OLvnn=m-,A E ASSOCIAÇÁO DE min.n-i.

chas ígneas descritos a seguir pode ter uma variedade porfirítica, a


saber, granito pórfiro, diorito pórfiro, riólito pórfiro. As variedades
porfiríticas ocorrem, mais frequentemente, em rochas vulcânicas, es-
pecialmente nos tipos mais ricos em sílica.
Uma rocha ígnea, por causa d o modo de sua formaçáo, con-
siste em partículas cristalinas, intercrescidas umas nas outras, e cada
partícula mineral está embutida íntima e firmemente nas partículas
circunvizinhas. Esta textura possibilitará a qualquer um, usualmen-
te, distinguir entre uma rocha ígnea e uma rocha sedimentar, esta
última sendo composta de grânulos que não intercresceram uns nos
outros, permanecendo mais ou menos isolados. Uma rocha sedimen-
tar é menos firme e apresenta menor coesão d o que uma rocha ígnea.
Ainda, a textura da maioria das rochas ígneas é a mesma em tôdas
as direções, dando origem a massa ramàvelmente uniforme e homo-
gênea. Esta característica permitirá a qualquer um distinguir uma
rocha ígnea de uma rocha metamórfica, porquanto esta última, de
ordinário, exibe uma estrutura em faixas ou bandas, com um arranjo
definido de seus minerais, mais ou menos paralelo.
Por causa da variação possível, quase infinita, na composição
química dos magmas e, ainda, das múltiplas condições sob as quais
êles podem formar-se, as rochas ígneas mostram uma diversidade
ampla em suas características; e existe uma completa gradação de um
tipo de rocha para outro, de modo que os nomes das rochas e os
limites entre os tipos são amplamente arbitrários.

Classificaçáo das Rochas fgneas


Muitos esquemas têm sido propostos para a classificação das
rochas ígneas, mas os mais práticos, para o estudante, se baseiam na
composição mineralógica. De modo geral, pode dizer-se que se de-
vem considerar três critérios para a classificação de uma rocha. ( 1 )
A quantidade relativa de sílica presente. O quartzo indica um ex-
cesso de sílica; os feldspatóides, uma deficiência. (2) As espécies de
feldspato presentes, e a quantidade relativa de cada uma. ( 3 ) A tex-
tura, ou dimensão dos grinulos. E a rocha de granulaçáo grossa ou
fina; isto é, é ela plutônica ou vulcânica?
E óbvio que a determinação exata da espécie d o feldspato ou a
estimativa correta da quantidade de cada uma é impossível, no cam-
po ou no espécime que se tem em mãos. E também impossível, em
muitas rochas de granulaçáo fina, reconhecer os minerais individual-
mente. Trabalho de tal precisáo deve ser deixado para o laboratório,
ROCHAS IGNEAS 569

realizando-o pelo exame microscópico de seções delgadas das rochas.


Não obstante, é importante que a base da classificação geral seja
compreendida, para que uma classificação de campo, simplificada,
possa ter mais significaçáo.
Com base no teor de silica1 podem ser reconhecidas três grandes
divisões. ( 1 ) O quartzo está presente em quantidades superiores a
5 por cento. (2) Menos d o que 5 por cento de quartzo ou 5 por cen-
to de feldspatóides. ( 3 ) O s feldspatóides em quantidades superio-
res a 5 por cento. As divisões referidas. feitas na base do conteúdo
em silica, são divididas posteriormente de acordo com a espécie e a
quantidade (ou ausência) de feldspato. A maioria das rochas assim
classificadas tfm uma variedade de granulação grossa e outra, de fina,
que recebem nomes diferentes. A tabela da página 572 dá os prin-
cipais tipos de rochas de acordo com essa classificação. Deve ser
lembrado que, embora fstes nomes de rochas sejam os mais impor-
tantes, foram propostos mais de 600 para indicar tipos específicos.

Rochas Plutônicas
Dão-se. a seguir, descrições sucintas dos tipos de rochas mais
importantes, relacionados na tabela antes referida.
Crc~nito-,qrcrnodiori/o. O granito é uma rocha granular, de côr
clara c textura uniforme, consistindo. principalmente, em feldspato e
quartzo. Usualmente, est.:io presentes tanto o feldspato potássico como
o oligoclásio; o feldspato potássico pode ser da cor da carne, ou ver-
melho. enquanto o oli~oclásioé comumente branco, sendo possível
seu reconhecimento pcla presença das estriações decorrentes da €e-
minação da albita. Reconhece-sc o quartzo por seu brilho vítreo e
ausência de clivagcni. Os granitos, usualmente, contêm uma peque-
na quantidade (cêrca de 10 por cento) de mica ou hornblenda. A
mica 6 . comumente. a biotita. mas pode estar pretente também a
moscovita. Os minerais accssórios de menor importância são o zir-
cão. a titanita. a apatita. a magnetita e a ilmenita.
Existc uma série completa de rochas que apresentam tipos que
váo desde um granito, cujo feldspato é constituído, quase inteiramen-
te, de varicdadcs potássicas, até ao granodiorito, no qual o feldspato
é, principalmente, o plagioclásio, com pouco mais de 5 por cento,

sã<> minerais quc ocupam. iotal ou parcialmcnlc. o lusar do feldspaio


I 01 f~ldlpilli~dcs
em rochas dr baixo !ror dc rílica. U m masma mdc I c i dmcntc a quantidsdc c i a l a
de silica para combinar com or 6lcalir. cálcio e alumínio r formar os fcldspalos ns
crilalizn~ão C O ~ D ~ CdoI ~ rocha. Sc a rilica eslircr em elselro cm rcla~5o àquela qupn-
ti<l.de. formar-rr-á o quartzo: rc houver deficitncia, formar-sc-ao os feldrpalbidcr.
570 OCORRgNCIA E ASSOCIACÃO DE MINERAIS

apenas, de feldspato potássico. O limite entre os dois tipos é arbi-


trário. Os granitos são as rochas nas quais o feldspato potássico
excede o fedspato plagioclásio; os granodioritos são os que contêm
o plagioclásio em excesso sobre o feldspato potássico. E m muitos
casos, acontece que, com o aumento da quantidade d o plagioclásio,
a percentagem dos minerais escuros também aumenta, e assim, em
geral,os granodioritos são mais escuros do que os granitos. Contu-
do, no campo ou no espécime que se tem em mãos, é usualmente
impossível distinguir, com segurança, entre os dois tipos de rochas.
Sienito-monzonito. Um sienito é uma rocha granular, de cor
clara e textura uniforme, composta essencialmente de felspato potás-
sico e oligoclásio, com quantidades menores de hornblenda, biotita e
piroxênio. O sienito assemelha-se, assim, a um granito, na aparên-
cia, mas difere dêle porque contém menos de 5 por cento de quartzo.
Os minerais acessórios são: a apatita, a titanita, o zircão e a mag-
netita.
Existe uma série entre o sienito e o monzonito e, se o plagio-
clásio excede o feldspato potássico, a rocha é denominada monzoni-
to. Os monzonitos são, usualmente, mais escuros d o que os sienitos,
porque um aumento dos minerais escuros se acompanha, frequente-
mente, de um aumento nos plagioclásios. Contudo, sem o auxí-
lio do microscópio, é quase impossível fazer-se qualquer distinção
entre os dois tipos.
A nefclina está presente em alguns sienitos; se a sua quantidade
excede 5 por cento, a rocha é denominada nefelina sienito. A ne-
felina tem um brilho gorduroso, podendo ser confundida com o quart-
zo. E possível ser diferençada, no entanto, por sua dureza (514-6).
Alguns nefclina sienitos podem conter o mineral sodalita; outros, o
mineral coríndon.
Os sienitos nos quais a leucita está presente em quantidades
niaiores d o que 5 por cento são denominados lrucita sienitos. Re-
conhece-se a leucita por sua forma trapezoédrica. Tais rochas são
extremamente raras.
Tonalito. Um tonalito ou quartzo diorito compõe-se, essencial-
mente, de feldspato plagioclásio e quartzo, com quantidades meno-
rcs, apenas, de feldspato potássico (menos de 5 por cento). O pla-
gioclisio é o oligoclásio ou a andesina. São abundantes os minerais
escuros, especialmente a biotita e a hornblenda; mais raramente está
presente o piroxênio. São comuns os minerais acessórios: apatita.
titanita e magnetita. Os minerais escuros, embora não essenciais à
ROCHAS IGNEAS 571

classificação, são usualmente abundantes e, assim, em geral, os tona-


litos são de cores mais escuras d o que os granitos e os granodioritos.
A medida que o plagioclásio se torna mais rico de cálcio, o to-
nalito passa a uma rocha pouco comum denominada quartzo gabro.
Com a diminuição d a quantidade de quartzo, passa a diorito.
Dioriio-gabro. Um diorito é uma rocha granular, caracterizada
pelo feldspato plagioclásio (oligoclásio a andesina) mas carecendo
de quartzo c feldspato potássico em quantidades apreciáveis. A horn-
blenda é o principal mineral escuro, mas a biotita está, usualmente,
presente. Os piroxênios são raros. São os seguintes os minerais aces-
sórios: magnetita, ilmenita e apatita; sendo menos comuns a titanita
e o zircão. Os minerais escuros estão presentes, normalmente, em
quantidade suficiente para dar à rocha uma aparência escura.
Se o plagioclásio é de composi$ão mais cálcica d o que a da an-
dcsina (labradorita até anortita) a rocha recebe o nome de gabro.
Embora a distinção se faca tão-sòmente com base neste critcrio, ve-
rifica-se que as rochas portadoras de labradorita ou outro plagioclá-
sio mais cálcico têm, usualmente, o piroxênio como o principal consti-
tuinte escuro, enquanto os dioritos, com feldspatos mais sódicos, têm
os anfibólios como minerais escuros. A olivina está também pre-
sente na maioria dos gabros.
Dá-se o nome de norito a um gabro no qual o piroxênio é, es-
sencialmente, o hiperstênio; usualmente, é impossível fazer-se esta
distinção sem o auxílio d o microscópio. O anortorito é um tipo de
gabro composto quase inteiramente de feldspato, podendo, portanto,
ser de cor clara.
Se as quantidades de nefelina nos dioritos e gabros excedem 5
por cento, as rochas são denominadas, respectivamente, nefelina dio-
rito e nefelina gabro. Estas rochas são raras e sem importância.
Usa-se, algumas vêzes, o têrmo diabú.~iopara indicar um gabro
de granulaçáo fina, caracterizado por uma certa textura. Esta textu-
ra "diabásica", vista ao microscópio, mostra a augita preenchendo
os interstícios dos cristais tabulares d o plagioclásio.
Peridorito. Um peridotito é uma rocha granular composta de
minerais escuros; o feldspato é insignificante (menos de 5 por cento).
Os minerais escuros são, principalmente, o piroxênio e a olivina em
proporções variáveis, mas a hornblcnda pode estar presente. Se a
rocha se compõe quase inteiramente de piroxênio, recebe o nome de
piroxenito; se fôr composta quase inteiramente de olivina, denomina-
se dirnito. Dá-se o nome de hornblendito a um tipo de rocha rara,
572 OCORRINCIA E ASSOCIAÇÂO DE MINERAIS

composta quase completamente de hornblenda. Os minerais, magne-


tita, cromita, ilmenita e granada estão, frequentemente, associados
com os peridotitos. Em alguns peridotitos. usualmente os dunitos.
encontra-se a platina associada i croniita; o diamante encontra-se em
uma variedade de peridotito. conhecido pela denominação de kim-
berliio.
Classificarão S i m ~ l i f i r a d a das Rorhar Irnem
! Nenhum Quartzo: I

Feldspato
Quartzo
> 5 Por cento
i' Nenhiim Feldspa- Nefelina ou Leuci-
ta >5 por cento
I tóide
Grossa / Fina Grossa ' Fina ' Grossa Fina

*Feldspato Granito Kiólito ! Sienito Trttquito Nefelina Fonólito


potás?ico>
plagiaclásio 1i sienito
Leucita
!
sienito
Leucita
fonblito

Plagioclásio Grano- ~ i i a r t z o - IMonzonito Lntito ' Nefelina


>feldspato diorito iatito 1 1 monzonitoi
polássico I
I
Plagioclásio
(oligiiclásio
Tonalito Dacito ! Diorito ~ n d e s i t oNefelina
1 diorito
i
ou andesina)
I
Plagioclásio Qiianm 1 Gabro Baqalto Nefelina Tefrito
(Iabradoriia
a anorlita)
gahro ~
I
I
gabro (-olivina)
Basanito
1 (-i- olivi-
na)
Nenhum ; Peridotito
I
i! ljolito Nefeliniio
feldspalo .(olivina do- (-divina)
minante) Nelelina
Piroxenito
(piroxênio
i h;iralto
(iolivina)
dominante)
Hornblendi-
to
1 :i
j
(hornblenda
dominante)
~~ ~~~~~p

* Sob a dcnorninaqáo de feldspato pothsico. ine1uem.r o orf0clSrio. o microelínio, o


anorlod6sio e a micropnita.

A olivina, nos peridotitos, est6, usualmente, alterada, total ou


parcialmente, d o que resulta o mineral serpentina. Dá-se o nome de
serpeniinito à rocha na qual toda a olivina sz alterou em serpentina.
ROCHAS IGNEAS 573

Rochas Vulcánicru

A distinção entre os diferentes tipos de rochas vulcânicas é muito


mais difícil do que entre seus equivalentes plutônicos porque sua
textura é fina. No campo, só se consegue uma classificação aproxi-
mada. dependendo principalmente de ser a rocha de coloração clara
ou escura. Usa-se o têrmo felsito para incluir as rochas de granula-
qão fina, densas, de todas as cores, exceto as de coloração cinza-es-
cura, verde-escura ou preta. Assim, o têrrno felsito inclui os seguin-
tes tipos descritos em continuaqão: riólito, traquito, quartzo latito,
latito, dacito e andesito. O petrógrafo experimentado pode ser capaz,
com o auxilio de uma lente de bôlso, de distinguir as diferenqas na
textura ou na composiqão mineral que o habilitem a classificar estas
rochas de forma razoàvelmente acurada. A o observador inexperi-
ente, no entanto, elas se mostram pràticamente iguais.
Denominam-se "traps" as rochas de granulação fina que pos-
suem coloração verde-escura ou preta. Este têrmo aplica-se, indis-
tintamente, às rochas escuras, de granulação fina, e composição mi-
neral indefinida, sejam elas intrusivas, como os diques, ou extrusivas,
com as lavas. Muitas rochas classificadas como "traps", no campo
ou em amostras que se têm em mãos, são basaltos, e satisfazem à
classificação mais rigorosa baseada no exame microscópico.
Riólito. O riólito é uma rocha densa de granulação fina, o equi-
valente vulcânico de um granito. Compõe-se, assim, essencialmente de
feldspato alcalino e quartzo, boa percentagem da sílica podendo estar
presente, entretanto, como tridimita ou cristobalita. São comuns os
fenocristais de quartzo, ortoclásio (frequentemente o sanidinio) e oli-
goclásio. Os minerais escuros nunca são abundantes, mas a kiotita
de côr castanha escura é o mais comum. Em alguns riólitos, eiicon-
tram-se a augita e a hornblenda.
Os riólitos podem ser de aparência muito uniforme, ou mostrar
uma estrutura fluida1 que Ihes dá uma aparência bandada ou em
faixas. A massa fundamental pode ser, parcial ou totalmente, vítrea.
Quando a rocha é inteiramente vítrea e de natureza compacta. ela é
conhecida pela designacão de obsidiana, sendo usualmente preta. As
rochas vítreas de cor castanha e aparência de piche, sáo denomina-
das pitchstonrs ou pedras de piche.
Púmice (pedra-pomes) é um riólito vitreo de estrutura vesicu-
lar, ou celular, estrutura essa resultante da expansão das bolhas de
gás d o magma. Na pedra-pomes, as cavidades são muito numerosas,
OCORRENCIA E ASSOCIAÇÁO DE MINERAIS

a ponto de constituírem a maior parte d o volume da rocha, dando-


lhe uma densidade relativa aparentemente baixa.
Traqiiito. O traquito é o equivalente vulcânico d o sienito.
Compõe-se, principalmente, de feldspato alcalino, com alguns mine-
rais escuros, carecendo, entretanto, de quartzo. Encontram-se, mui-
tas vêzes. nas cavidades. pequenas quantidades de tridimita e cristo-
balita. Os fenocristais de sanidínio cstáo, frequentemente, presentes
e mostram, de forma característica, a gemin&áo de Carlsbad; são
menos comuns os fenocristais de oligoclásio. biotita, hornblenda e
piroxênio. A olivina pode estar presente.
Nos traquitos são comuns as estruturas em camadas ou em fai-
xas, provocadas pelo derrame. Diferentemente dos riólitos, encon-
tra-se, raramente, o vidro na massa fundamental e, assim, existem
poucos tipos vítreos ou vesiculares. Em conseqüência d o derrame, o
feldspato tabular mostra-se frequentemente orientado subparalela-
mente. Tal aspecto é tão comum nos traquitos que se denomina
textura truqirítica.
h n ó l i r o . Fonólito é o equivalente vulcânico d o nefelina sie-
nito, sendo, assim, mais pobre de sílica d o que o traquito. Isto é
manifestado, mineralògicamente, pela presença de feldspatóides. O
ortoclásio (sanidínio) é o feldspato comum; a albita raramente está
presente. A nefelina ocorre na massa fundamental sob a forma de
cristais hexagonais diminutos, sòmente podendo ser reconhecidos com
o auxilio do microscópio. A sodalita e outros feldspatóides podeni es-
tar presentes, alterados, usualmente, em zeólitas. A leucita, quando
presente, exibe cristais bem formados que variam, em tanianho, des-
de dimensões microscópicas a centimetro e meio de d i h e t r o , apro-
ximadamente. Se cla faz parte da rocha, esta recebe a designação de
leucito fon6liro. A egirina é o mineral escuro comum e ocorre, nor-
malmente, como feiiocristais; a biotita pode ser abundante nas rochas
ricas de leucita. Os fonólitos são inteiramente cristalinos, não ha-
vendo, assim, variedades vítreas.
Latito e quarlzo latito. São, respectivamente, os equivalentes
viilcinicos do monzonito e do granodiorito. Contêm, portanto. mais
p1agiocl;isio do que feldspato potássico. Os minerais escuros são,
principalmeiite, a hiotit;~c a hornhlcnda. A distinção entre êles re-
side na quantidade de qiiiirtzo presente; os quartzo latiios contêm
mais de 5 por cinto dc quartzo, os latitos. rncnos. Estas duas rochas
sZo, rclativzmentc. pouco importantes.
ROCHAS IGNEAS 575

Dacito. O dacito é o equivalente vulcânico, denso,, d o tona-


lito ou quartzo diorito. Contém feldspato plagioclásio e quartzo, os
dois podendo ocorrer sob a forma de fenocristais. A hornblenda é,
usualmente, o mineral escuro; a biotita ocorre, entretanto, em algu-
mas variedades. Na massa fundamental, pode estar presente algum
vidro, mas os equivalentes vítreos dos dacitos são raros.
Andesito. O andesito é o equivalente vulcânico do diorito e
compõe-se, assim, principalmente, de feldspato oligoclásio ou ande-
sina. O ortoclásio e o quartzo estão ausentes, ou presentes em quan-
tidades inferiores a 5 por cento. A hornblenda, a biotita, a augita
ou o hiperstênio podem estar presentes, frequentemente, sob a forma
de fenocristais. Designam-se, usualmente, os andesitos, de acordo
com o mineral escuro presente, por exemplo, hornblenda andesito, hi-
perstênio andesito etc. A massa fundamental em alguns andesitos é
parcialmente vítrea; em alguns tipos mais raros, inteiramente vítrea.
Os andesitos são abundantes em certas localidades, notadamen-
te, na Cordilheira dos Andes, na América do Sul, provindo dai o
nome da rocha.
Basalto. O basalto é uma rocha escura, granulação fina, o
equivalente vulcânico do gabro. O feldspato Iabradorita é o prin-
cipal constituinte da massa fundamental, enquanto um feldspato mais
cákico (bytownita a anortita) pode estar presente sob a forma de
fenocristais. Estio presentes, usualmente, a augita e a olivina; a
augita encontra-se, frequentemente, quer sob a forma de fcnocris-
tais, quer na massa fundamental; a olivina, via de regra, encontra-se,
sòmente, em fenocristais. Em alguns basaltos, ocorrem a hornblenda
castanha e a biotita de mesma cor.
A massa fundamental de alguns basaltos contém pequenas quan-
tidades de vidro intersticial; em alguns exemplos raros, ela i iotal-
mente vítrea. As cavidades de gás, próximo d o topo dos derrames de
basalto, são por vezes tão abundantes que tornam a rocha vesicular.
A presença de nefelina ou leucita, no basalto, dá origem aos
tipos de rocha raros, conhecidos pelos nomes de tefrito e lrucita te-
frito.
Os basaltos são as rochas vulcânicas mais abundantes e formam
derrames de lava extensos em muitas regióes; os mais conhecidos s3o
os do Rio Colúmbia, na parte ocidental dos Estados Unidos, e os
"traps" do Deccan, na parte ocidental da fndin. Muitos dos grandes
vulcóes, como os que formam as Ilhas do FPawaii, são constituídos
de material basáltico. O basalto. alCm de formar massas de rochas
576 OCORRENCIA E ASSOCIACÁO DE MINERAIS

extrusivas, encontra-se formando numerosos diques de dimensões pe-


quenas, e outras, intrusivas.

Rochas fgneas Fragmentadas


Os vulcões, durante os períodos de atividade ígnea, lançam
muito material fragmentado que se acumula e forma as rochas ígneas
fragmentadas, ou rochas piroclústicas. Os materiais expelidos variam
grandemente em tamanho. A rocha composta de partículas mais
finas da cinza vulcânica e da poeira vulcânica é denominada tufo; as
que se compõem de bombas vulcânicas, de dimensóes maiores, cha-
mam-se aglomerados ou brechas vulcânicas. As rochas enquadradas
aqui são, frequentemente, depositadas na água e estratificadas e cons-
tituem, assim, uma transição entre as rochas ígneas e as sedimenta-
res.

Os Minerais Formadores das Rochas igneas


Encontram-se, nas rochas ígneas, muitos minerais, mas sáo com-
parativamente poucos os que podem ser chamados de minerais for-
madores das rochas. A lista seguinte divide-se em duas partes: ( I )
os minerais comuns formadores das rochas ígneas; (2) os minerais
acessórios das rochas ígneas.
Minerais Comiins Formadore, Minerais Acessórios Comuns
das Rochas lgneas das Rochas lgneas
I Quartzo. 1 . Zircáo.
2 . Feldspatos. 2 . Titanita.
Ortoclásio. 3 . Magnetita.
Microclinio. 4 . Ilmenita.
Plagioclánio. 5 . Hematita.
3. Ncfelinn. 6 . Apatita.
4. Sodalita. 7 . Pirita.
5. Leiicita. 8 . Rutílio.
6. hlicas. 9 . Corindon.
Moscovit;i. 10. Granada.
Biotita.
Flogopitn.
7. Piroxênios.
Augita.
Egirina.
Hiperstsnio.
8. Anfihólios.
Hornhlenda.
Arfvedsonita.
Riebeckita.
9. Olivina.
ROCHAS IGNEAS 577

Os pegmatitos são massas ígneas de granulaçáo extremamente


grossa, relacionadas muito de perto, genèticamente e no espaço, a
grandes massas de rochas plutônicas. Encontram-se, comumente.
como veios ou diques atravessando a rocha ígnea granular, ou esten-
dendo-se pelas rochas encaixantes circunvizinhas. Os granitos, mais
frequentemente d o que qualquer outra rocha, têm pegmatitos, genè-
ticamente associados com êles; conseqüentemente, a menos que mo-
dificada por outros têrmos, a denominação pegmatito refere-se ao
pegmatiio granítico. Os minerais da maior parte dos pegmatitos são,
portanto, os comuns, encontrados nos granitos - quartzo, feldspato
e mica - mas de dimensões extremamente grandes. São comuns
cristais destes minerais medindo cêrca de trinta centímetros de espes-
sura e, em algumas localidades, alcançam tamanhos gigantescos. Pro-
vàvelmente. os maiores cristais jamais encontrados foram de feldspa-
to em pegmatitos, na Karélia, Rússia, onde a mineração de cristais isw
lados. produziu. material pesando milhares de toneladas. Acharam-
se cristais de quartzo pesando milhares de quilos, e cristais de mica
com mais de 3.5 m de espessura. Uma das características dos pegma-
titos é a cristaliza~ãosimultânea de quartzo e feldspato (usualmente
o microclínio), da qual resulta o granito gráfico. (Ver Fig. 612, pá-
gina 542.)
minerais encontrados abundantemente no granito, os de maior inte-
Embora muitos pegmatitos sejam compostos inteiramente dos
rêsse contêm outros minerais, mais raros. Nestes pegmatitos parece
ter havido uma sequência definida na deposição. Os minerais mais
precoces são o microclínio e o quartzo, com quantidades menores de
granada e de turmalina preta. Estes são seguidos. e parcialmente
substituídos, pela albita, lepidolita, turmalina para gemas, berilo, es-
podumênio. ambligonita, topázio, apatita e fluorita. Pode estar pre-
sente um conjunto de minerais mais raros, a saber, a trifilita, a colum-
bita, a monazita, a molibdenita e minerais de urânio. Em certos lu-
gares, alguns dos minerais citados são abundantes e formam grandes
cristais que sáo extraídos por causa de seus elementos constituintes
raros. Assim, cristais de espodumênio com mais de 13 metros de
comprimento foram encontrados em Black Hills, no Estado de Da-
kota do Sul, e cristais de berilo oriundos de Albany, no do Maine,
mediram tanto quanto 9 metros de comprimento por 2 metros de
diâmetro.
578 OCORRLNCIA E ASSOCIACÁO DE MINERAIS

Acredita-se que os diques de pegmatitos se formaram, em cone-


xão direta, com a cristalização de massa maior de rocha plutônica
associada. O processo de cristalização produz uma concentração dos
constituintes voláteis, na porção líquida, remanescente, do magna. A
presença dêsses voláteis (água, boro, flúor, cloro e fósforo) diminui
a viscosidade e, assim, facilita a cristalização. Esse produto final d a
consolidação enriquece-se, também, em elementos raros que estavam
onginàriamente distribuídos por todo o magma. Quando êste líqui-
do residual se injeta nas rochas circunvizinhas, mais frias, êle crista-
liza das margens para o interior produzindo, frequentemente, uma
distribuição dos minerais, em zonas, ficando o quartzo maciço n o
centro.
Pegmatitos ligados a nefelina sienitos já foram encontrados em
certo número de localidades. Eles comumente são ricos em consti-
tuintes raros e contêm numerosos minerais de zircônio, de titânio e
de terras-raras.

11. ROCHAS SEDIMENTARES


As rochas sedimentares são secundárias no que diz respeito à
sua origem; os materiais de que se c o m p k m derivaram da alteração
(intemperismo) de algumas massas de rochas preexistentes. Elas se
depositaram em áreas de acumulação pela ação da água ou, menos
frequentemente, pela ação das geleiras, ou d o vento. A alteração inclui
tanto a decomposição química como a desintegração mecánica, e
assim, os produtos finais consistem em minerais argilosos, em sais
solúveis diversos e grãos de minerais inertes, a saber: quartzo, zircão,
rutilio e magnetita. As rochas sedimentares podem dividir-se em
duas classes, dependendo da natureza mecânica ou química de suas
origens. As rochas sedimentares de origem mecânica compõem-se de
partículas de minerais argilosos, ou grãos de minerais que resistiram
ao ataque químico. Esses materiais foram transportados mecánica-
mente por nos para dentro de massa de água, onde se depositaram
em camadas. Os materiais, de que se compóem as rochas sedimen-
tares de origem química, foram dissolvidos pelas águas que circula-
ram através das rochas, e levados, por fim, por estas águas para den-
tro do mar ou de um lago, onde se precipitaram através de algum
processo químico ou orgânico.
Todas as rochas sedimentares caracterizam-se, em geral, por um
arranjo paralelo de suas partículas constituintes e formam camadas
ROCHAS SEDIMENTARES 579

ou leitos que se distinguem entre si pelas diferenças em espessura,


dimensão do grânulo, ou cor. E m tódas as rochas sedimentares de
granulação grossa existe algum material que age como um cimento
e circunda as partículas minerais individuais, unindo-as. Este ci-
mento é, usualmente, a sílica, o carbonato de cálcio, ou o óxido de
ferro.

Rochas Sedimentares Mecânicas


Conglomerado. Os conglomerados podem ser considerados
como cascalhos consolidados. Compõem-se de seixos grossos, usual-
mente arredondados ao serem arrastados pelas águas dos rios. Os
seixos individuais podem ser compostos inteiramente de quartzo. ou
fragmentos de rocha que não se decompuseram. Conglomerados de
granulaqão fina passam a arenitos de granula~áogrossa.
Arenito. Chamam-se arenitos as camadas de areia que se con-
solidaram em massas rochosas. Usualmente, os grânulos constituin-
tes são arredondados e desçastados pela água, mas podem ser mais
ou menos angulosos. O cimento que mantém unidos os grãos de areia
pode ser a sílica, um carbonato (usualmente a calcita), um óxido de
ferro (hematita ou goethita) ou um material argiloso dc granulaç:~
fina. A cor da rocha depende, em ampla escala, da natureza do cimen-
to. As rochas tendo a sílica ou a calcita como material cimentante são
de cor clara. usualmente, amarela-pálida, amarela-vermelha, branca
e cinza; as que contém um óxido de ferro vão d o vermelho ao pardo-
-avermelhado. Nota-se que, quando um arenito se parte. usualniente é
o cimento que se fratura, permanecendo os grânulos minerais inteiros:
dessa forma as superfícies recentes da rocha têm uma aparência e uma
sensação a o tato granulares. Nos arenitos existe principalmente o
quartzo; se a rocha contém feldspato em quantidades dignas dc nota.
denomina-se arcózio. Nos arenitos de granulação muito fina pode
ocorrer material argiloso em quantidade considerável; essas rochas pas-
sam gradualmente para folhelhos.
Folhelho. Os folhelhos s i o rochas sedimentares de granula-
ção muito fina que se formaram pela consolidaçáo de camadas de
lama, argila ou silte. Usualmente, têm uma estrutura laminada fina.
Suas cores são, comumente, algumas tonalidades d o cinza. contudo
êles podem ser brancos, amarelos, castanhos, vermelhos. ou verdes a
prêtos. Compõem-se, principalmente, de minerais argilosos com
quartzo e mica; são de granulação tão fina, no entanto, que seus cons-
tituintes minerais não podem ser reconhecidos pela vista desarmada.
580 OCORRLNCIA E ASSOCIACÃO DE MINERAIS

Os folhelhos passam a arenitos pela introdução de quartzo e aumento


do tamanho d o grânulo; e a calcários com a presença de calcita.

Rochas Sedirnentares Químicas


As rochas sedimentares que são formadas por processos quími-
cos dividem-se, aqui, em três grupos: ( 1 ) as produzidas pela preci-
pitação direta dos materiais existentes em uma solução aquosa; (2)
aquelas, nas quais certos organismos foram o agente ativo na extra-
$20 dos materiais formadores da rocha existentes na solução; ( 3 ) as
que resultam de uma substituição parcial ou total de uma rocha sedi-
mentar formada anteriormente.
1 . Precipitação. Quando uma solução salina se evapora, os
sais dissolvidos precipitam-se em uma ordem definida, o menos solú-
vel, primeiramente, o mais solúvel, por último. Assim, há diversos
tipos de rochas sedimentares que se formaram, por precipitação, na
água que se evapora do mar. Essas rochas recebem o nome de eva-
poritos. O gipso, a anidrita e o sal-gema são os mais comuns.
O gipso é o primeiro mineral a precipitar-se em grandes quanti-
dades na evaporação da água do mar; se a precipitação ocorrer em
condiçóes apropriadas podem formar-se camadas espêssas de gipso.
Como uma rocha, o gipso é, usualmente de granulação fina, mas, em
alguns lugares, mostra hábito fibroso ou em placas. Por causa d e seu
modo de formação, o gipso associa-se frequentemente com outros de-
pósitos salinos, e com o calcário e o folhelho.
A anidrita segue o gipso na sequência da precipitação dos sais
existentes na água do mar. Por isso, encontra-se em camadas seme-
lhantes às d o gipso e associado com êle e com depósitos salinos. A
anidrita pode alterar-se em gipso.
SALGEMA. OS agregados granulares d o mineral, a halita, ocor-
rem, comumente, em camadas de espessura considerável e, sob esta
forma, são conhecidos como sal-gema. A o evaporar-se a àgua d o
mar que os contém, a halita segue o gipso e a anidrita, na sequência
da precipitação e, nestas condições, situa-se sobre as camadas dêstes
últimos minerais. Os sais mais solúveis, a saber, a silvita, a carnal-
lita e a polialita associam-se à halita, em alguns depósitos, tornando-
os, por vêzes. uma fonte de potássio.
CALCÁRIOOOL~TICO.Acredita-se que esta variedade de cal-
cário, composta de pequenas concreçóes, semelhantes a ovas de peixe,
se precipitou quimicamente. Cada concreção diminuta tem um núcleo
ROCHAS SEDIMENTARES 581

de um grão de areia, de um fragmento de concha, ou alguma partí-


cula estranha, a o redor dos quais se deu a deposição. A areia oolí-
tica que se forma, atualmente, no fundo d o Grande Lago Salgado pro-
duziria, ao consolidar-se, um calcário oolítico.
O Iraverfino é um material calcário existente em águas de fon-
tes, que se deposita, sob condições atmosféricas. Se o depósito é
poroso, é conhecido pela designação de tufo calcário. Estes depósi-
tos predominam em regiões calcárias onde a água circulante no sub-
solo, e contendo bióxido de carbono, tomou quantidade considerável
de carbonato de cálcio em solução. Quando a água do subsolo atin-
ge a superfície, sob a forma de uma fonte, parte d o bióxido de car-
bono se desprende, d o que resulta a precipitação d e parte do carbo-
nato de cálcio. Formam-se, dessa maneira, os depósitos de traver-
tino.
S ~ N T E SILICOSO.
R Fontes termais, em algumas regióes vulcâni-
cas, depositam um material opalino conhecido pelos nomes de sínfer
silicoso ou geiserita. O depósito é devido, aparentemente, seja à
evaporação, seja à secreção por algas.
2 . Precipifaçúo orgânica. Calcário. Muitos organismos que
vivem no mar se utilizam do carbonato de cálcio da água para cons-
truir as conchas protetoras, duras. Após a morte dêsses organismos,
as partes calcárias, duras, se acumulam no fundo d o mar. Se a vida
marinha é abundante, formam-se grandes espessuras de conchas e de
outras partes duras que, quando consolidadas, produzem os calcários.
Há diversas variedades de calcários, dependendo d o tipo de fóssil de
que se constituíram, ou da textura. O giz é uma variedade de calcário
de granulação fina, poroso, composto, em sua maior parte, de conchas
de foraminíferos. A coquina é um calcário encontrado na costa da FIó-
rida, consiste em conchas e fragmentos delas, só parcialmente con-
solidado. O calcário litográfico é uma rocha de granulaçáo extrema-
mente fina, encontrada em Solenhofen, na Bavária.
Os calcários constituem-se, predominantemente, de calcita, mas
podem conter quantidades pequenas de outros minerais. Os calcá-
rios, com impurezas de argila abundantes, passam gradualmente a
folhelhos e podem ser chamados calcários argilosos. Quando a dolo-
mita se torna um constituinte importante, a rocha passa gradualmen-
te a um dolomiro.
O calcário é um tipo comum de rocha sedimentar e, em muitas
regióes, éle não só se estende por grande área, como também pode
ter grande espessura no sentido vertical.
582 OCORRLNCIA E ASSOCIAÇÃO DE MINERA15

DIATOMITO. AS diatomáceas são organismos unicelulares, di-


minutos, que vivem na água tanto doce como salgada e têm a capa-
cidade de secretar carapaças de material opalino. Quando os orga-
nismos morrem suas conchas minúsculas se acumulam e constituem
um depósito de terra diatomácea, semelhante ao giz.
3 . Subsiituição . Algumas rochas sedimentares, particular-
mente os calcários, uma vez formados, foram substituídos, total ou
parcialmente, em decorrência de reações com elementos da água do
mar ou das águas circulantes no subsolo. As rochas resultantes de
tais reações são aqui consideradas.
DOLOMITO. A rocha dolomito assemelha-se tão estritamente ao
calcário, em todas as suas propriedades físicas que é, usualmente, im-
possível distinguir um d o outro sem um ensaio químico. Além disso,
o dolomito, como um nome de rocha, não se restringe a um mate-
rial da composição d o mineral dolomita, mas pode ter calcita mistu-
rada. Os dolomitos não se formaram como rochas originais, mas pela
alteração de calcários puros, nos quais parte d o cálcio é substituído
pelo magnésio. Acredita-se que êsse processo de dolomirizaçáo se
tenha realizado, seja pela ação da água d o mar, logo após a depo-
sição original. seja pela ação de água circulante no subsolo depois da
consolidação da rocha e de seu levantamento acima d o nível d o mar.
MACNESITA.A magnesita, como uma rocha sedimentar, é de
distribuição mais restrita do que a dolomita. Formou-se pela substi-
tuição quase completa do cálcio de um calcário original, pelo mag-
nésio. A magnesita dessa origem encontra-se na Austria; nos Montes
Urais, na Rússia; e em Stevens County, no Estado de Washington.

111. ROCHAS METAMÓRFICAS


As rochas metamórficas são as que sofreram alguma mudança
química ou física, posterioririente à sua formafio. E m geral, as ro-
chas metamórficas divideni-se em dois grupos: ( 1 ) as formadas por
metamorfismo regional, ( 2 ) as formadas por metamorfismo de con-
tato.

Rochas Metamórficas Regionais


Agentes geológicos diversos, agindo sobre áreas extensas pro-
vocam mudanças em massas de rochas de grandes dimensôes. A me-
ROCHAS METAMÓRIICAS 583

tamorfose se efetua por meio da alta temperatura e alta pressão com


o auxílio de água e outros agentes químicos. As mudanças envolvem
a formação de minerais novos, a adição ou subtração de constituin-
tes químicos, e um reajustamento físico das partículas minerais para
se conformarem com a nova condição. A rocha original da qual se
derivou uma rocha metamórfica pode ser ígnea ou sedimentar, o pro-
cesso metamórfico podendo alterar completamente as feições origi-
nais. Quando as rochas participam nos movimentos da crosta da
Terra, elas sofrem pressões extremas, acompanhadas, usualmente, por
temperaturas elevadas. O resultado é, frequentemente, a transfor-
mação dos minerais existentes em outros, mais estáveis sob as novas
condições. Haverá também, de ordinário, mudança da estrutura físi-
ca da rocha durante o processo. Por causa da pressão a que a rocha
se submete, as partículas minerais quebram-se ou achatam-se, mais ou
menos, ou recristalizam para formar camadas paralelas. Este aspec-
to em bandas ou lâminas, resultante do arranjo paralelo dos mine-
rais é a característica mais notável de uma rocha metamórfica. Por
causa dessa estrutura, uma rocha metamórfica pode distinguir-se,
usualmente, de uma rocha ígnea. Ainda, muitas rochas metamórfi-
cas possuem uma textura de cristais intercrescidos que as distingue
das rochas sedimentares. Há, naturalmente, de um lado, todas as
gradações entre uma rocha metamódica típica e uma rocha sedimen-
tar não modificada; e, de outro, entre uma rocha metamórfica típica
e uma rocha ígnea não modificada. A rocha metamórfica resultante
depende não sòmente da composição global da rocha original, mas
também da temperatura e da pressão nas quais se processa o meta-
morfismo. Como a intensidade do metamorfismo muda com o au-
mento da temperatura e da pressão, existem mudanças mineralógicas
correspondentes, por meio das quais as rochas metamódicas se gru-
pam em zonas amplas. Estas zonas, para uma rocha argilosa e os
principais minerais contidos nelas, estão relacionadas a seguir na or-
dem da intensidade crescente:

Zona Minerais
Clorita Moscovita, clorita, quartw
Biotita Biotita, moscovita, clorita, quartzo
Granada Granada (almandiua), moscovita, biotita, quamn
Estaurolita Estaurolita, granada, biotita, moscovita, quartzo
Cianita Cianita, granada, biotita, moscovita, quartw
Sillimanita Sillimanita, quartzo, granada, moscovita, biotit. oligcclásio,
ortoclásio
584 OCORRLNCIA E ASSOCIACIO DE MINERAIS

Os tipos de rochas metamórficas mais comuns acham-se descri-


tos, brevemente, a seguir:
Gnaisse. Quando a palavra gnaisse é usada sòzinha, ela refe-
re-se a uma rocha metamórfica de granulação grossa, em faixas. O
aspecto em faixas resulta da segregação d o quartzo e d o feldspato
em camadas que se alternam com as dos minerais escuros. Como o
metamorfismo de muitas rochas !gneas ou sedimentares pode resultar
em um gnaisse, haverá muitas variedades, com associações minerais
diversas. Assim, os nomes que seguem: granito gnaisre, diorifo grrais-
se, sieniro gnaisse, são usados para indicar a compssição; usa,m-se os
nomes biotita gnaisse ou Irornblenda gnaisse para indicar rochas ex-
traordinariamente ricas em um dado mineral. Os granitos gnaisses,
isto é, as rochas derivadas d o metamorfismo dos granitos, são comuns,
especialmente em regiões onde se encontram rochas da idade Ar-
queana.
Xisto. Os xistos são rochas metamórficas que se distinguem
dos gnaisses pela ausência de faixas de granulação grossa e pela pre-
senqa d a disposição em lâminas, ou "xistosidade", ao longo da qual
a rocha pode ser quebrada facilmente. Existem diversas variedades,
sendo o mica xisto o mais importante. Compõe-se essencialmente de
quartzo e de uma mica, usualmente, a moscovita ou a biotita. A mica
é o mineral predominante e ocorre em folhas irregulares e em massas
laminadas. As placas de mica situam-se todas com seus planos de
clivagem paralelos entre si e dão à rocha uma aparência laminada
notável. Os mica xistos contêm, frequentemente, minerais aciden-
tais, característicos, a saber: granada, estaurolita, cianita, sillimanita,
andaluzita, epidoto e hornblenda; assim, a rocha pode ser denomina-
da granada xisfo, estaurolita xisto etc. Os mica xistos podem ter sido
derivados seja de uma rocha ígnea, seja de uma rocha sedimentar.
Depois dos gnaisses, os mica xistos são as rochas metamórficas mais
comuns.
Existem várias outras espécies de rochas xistosas que derivam,
principalmente, d o metamorfismo de rochas ígneas ricas em minerais
ferromagnesianos. Os tipos mais importantes são: talco xisto, clorita
xisto e anfibolito ou hornblenda xisto. Eles caracterizam-se, como
seus nomes indicam, pela predominância de a l y m mineral metamór-
fico ferromagnesiano.
Quartzito. Um quartzito, como o nome está a indicar, é uma
rocha composta essencialmente de quartzo. Derivou de um arenito
por metamorfismo intenso. E uma rocha comum e distribuída ampla-
ROCHAS METAMÓRFICAS 585

mente; a solução e a redeposiçáo da silica produziram uma rocha


compacta de grãos de quartzo intercrescidos. O quartzito distingue-
se de um arenito pelo exame da fratura; em um quartzito, ela passa
através dos grânulos; nos arenitos, entre êles.
Ardósia. As ardósias são rochas de granulação extremamente
fina e possuem uma propriedade notável, conhecida como clivagem
ardosiana, que Ihes permite o desdobramento em lâminas delgadas e
largas. A cor das ardósias vai, comumente, d o cinza ao prêto, mas
pode ser verde, amarela, castanha e vermelha. Resultam, usualmen-
te, d o metamorfismo de folhelhos. A clivagem ardosiana caracteris-
tica pode ser, ou não, paralela aos planos de estratificação dos folhe-
lhos originais. A ardósia é de ocorrência relativamente comiim.
Mármore. Um mármore é um calcário metamórfico. E uma
rocha cristalina, composta de grânulos de calcita, ou, mais raramente,
de dolomita. Os grânulos individuais podem ser tão pequenos que
não se distinguem à vista desarmada; e, ainda, grossos, mostrando
claramente a clivagem característica da calcita. Como calcário, um
mármore caracteriza-se pela sua dureza baixa e pela sua efervescência
com os ácidos. Quando puro, o mármore é de cor branca, mas pode
apresentar ampla faixa de cores em conseqüência das várias impu-
rezas que contenha. Encontra-se esta rocha em muitas localidades,
podendo existir em camadas espêssas e extensas. A palavra mcírmo-
re, comercialmente falando,é usada para indicar qualquer rocha cons-
tituída de carbonato de cálcio, suscetível de ser polida e, nestas con-
dições, inclui alguns calcários.
Serpentinito. O serpentinito, como uma rocha, compóe-se, essen-
cialmente, d o mineral serpentina, derivado de um peridotito, por me-
tamorfismo. Os serpentinitos sáo rochas compactas, de cores que
vão do verde ao amarelo-esverdeado, dando, ao tato, uma leve sen-
sação de gordura. Constituem, às vêzes, uma fonte de cromita e pla-
tina, como ocorre nos Montes Urais, ou uma fonte de níquel, exis-
tente na garnierita associada, como se observa na Nova Caledônia.

Metarnorfisrno d e Contato
Quando um magrna se introduz na crosta da Terra, provoca,
através d o calor presente e das soluções que o acompanham, uma
alteração maior ou menor na rocha encaixante. Esta alteração das
rochas que se encontram próximo de uma intrusão ígnea é conhecida
como metamorfismo de contato, e consiste, usualmente, no desenvol-
586 OCORRENCIA E ASSOCIAÇAO DE MINERAIS

vimento de espécies minerais características. Os minerais formados sob


essas condiçóes são denominados minerais metamórficos de contato
e encontram-se, no contato ou próximo dêle, entre a rocha na qual
se situam e uma rocha ígnea. Reconhecem-se duas espécies de me-
tamorfismo de contato: (1) o termal, decorrente do aquecimento da
rocha encaixante pela intrusáo; (2) o hidrotermal, onde as soluçóes,
assim como o calor, emanados da rocha ígnea, reagiram com a rocha
encaixante e formaram os minerais metamórficos de contato.
Qualquer rocha na qual se introduz uma massa ígnea será afeta-
da, em maior ou menor grau, dependendo a intensidade e a natureza
da mudança, principalmente, do volume da massa intrusiva e do ca-
ráter físico e químico da rocha encaixante. Os arenitos transformam-
se em quartzitos, e os folhelhos passam a " hornfels" (comubianitos,
corneanas), uma rocha densa contendo biotita, andaluzita, estauro-
lita, cordierita, granada e escapolita. As mudanças metamórficas de
contato mais notáveis e importantes ocorrem quando uma rocha íg-
nea se introduz em calcários. Quando um calcário puro é submetido
ao metamorfismo termal, êle se recristaliza e se transforma em um
mármore, mas sem qualquer desenvolvimento de novas espécies. Por
outro lado, em um calcário impuro, o calor provocado pela intrusão
ígnea pode servir para desenvolver, na rocha, minerais novos e carac-
terísticos. Um calcário impuro conterá, usualmente, além do car-
bonato de cálcio da rocha, quantidades variáveis de dolomita, quart-
zo, argila e óxido de ferro. Estes materiais, sob a influência d o calor
e da pressão, combinarão com o carbonato de cálcio para formar
minerais novos. Por exemplo, a calcita e o quartzo podem combinar-
se para formar a wollastonita. A reação da dolomita com o quartzo
pode produzir o dionsídio. Se a argila está presente, o alumínio en-
trará na reação e podem resultar os minerais: coríndon, espinélio e
granada grossulária. Se estiverem presentes materiais carbonosos,
pode haver formação de grafita por efeito do metamorfismo termal.
Os minerais metamórficos de contato termais comuns, encontrados
em calcário impuro, são os seguintes: grafita, espinélio, coríndon,
wollastonita, tremolita, diopsídio e as granadas de cálcio, grossulúria
e andradita.
As maiores mudanças em um calcário são produzidas pelo me-
tamorfismo de contato hidrotermal. Neste processo, as soluçóes ema-
nadas do magma intrusivo reagem com o calcário e produzem mine-
rais novos que contêm elementos inexistentes no calcário. No con-
tato com a intrusáo, o calcário pode ser substituído(completamente;
em regiões mais afastadas, substituído só parcialmente, e em distân-
OS VEIOS E OS MINERAIS DOS VEIOS 587

cias maiores a única evidência pode ser uma recristalização d o cal-


cário. Neste tipo de metamorfismo de contato, são frequentes os mi-
nérios que chegam a constituir depósito de importância econômica.
Estes depósitos podem passar gradualmente para os depósitos hidro-
termais d e veios.
A introdução de material nos depósitos metamórficos de conta-
to hidrotermal dá origem a maior abundância e variedade de mine-
rais d o que os formados pelo metamorfismo termal puro. Os silica-
tos mais importantes são o quartzo, a grossulária, a andradita, o
diopsídio, o epídoto, o idocrásio, a wollastonita, a tremolita e' a oli-
vim. O s minerais escapolita, condrodita, axinita, topázio, turmali-
na e fluorita podem estar presentes e contêm a hidroxila, o flúor, o
cloro, ou o horo. A pirita, a calcopirita, a bornita, a esfalerita, a
pirrotita, a molibdenita e a arsenopirita são os minérios sulfetos que
se encontram nos depósitos metamórficos de contato hidrotermal. Os
óxidos incluem a magnetita, a ilmenita, a hemoiita, o espinélio e o
coríndon.

B. OS VEIOS E OS MINEIRAIS DOS VEIOS


Muitos depósitos minerais, especialmente os de importância eco-
nòmica, existem sob a firma de massas tabulares ou lenticulares,
sendo conhecidos como veios. O s veios (vieiros, filões) formaram-se
pelo preenchimento, com material mineral, de fraturas ou fendas pre-
existentes.
A forma e o caráter físico geral de um veio dependem d o tipo
de fenda na qual se depositaram seus minerais, e o tipo da fenda,
por seu turno, depende da natureza da rocha na qual ela se encontra
e d a espécie de fòrça que, originàriarnente, provocou sua formaçáo.
E m uma rocha firme e homogénea, por exemplo, um granito, uma
fenda será relativamente regular e nítida. E provável que seja com-
parativamente estreita em relação à sua extensão horizontal e verti-
cal e seu curso é razoàvelmente reto. Por outro lado, se uma rocha
que se fratura ou estilhaça fàcilmente, por exemplo, uma ardósia ou
um xisto, é submetida a esforços de ruptura, é mais provável que
se tenha formado uma zona de fendas estreitas e ligadas umas às
outras ao invés de uma fenda reta. E m uma rocha fàcilmente solú-
vel, como um calcário, uma fissura será, muitas vêzes, extremamente
irregular em sua forma e dimensão, em conseqüência da dissolução
diferencial d e suas paredes pelas águas que fluiram através dela.
588 OCORRENCIA E ASSOCIAÇAO DE MINERAIS

Um veio típico consiste em um depósito mineral que preencheu,


sòlidamente, uma fenda, de parede a parede, e mostra limites nitida-
mente definidos. Existem, contudo, muitas variações dêste tipo. Fre-
quentemente, podem ocorrer, ao longo d o centro do veio, cavidades
irregulares denominadas geodos. Obtêm-se dêstes geodos muitas es-
pécies minerais bem cristalizadas. Ainda, as paredes de um veio
podem não ser nitidamente definidas. As águas mineralizantes que
encheram uma fenda podem ter atuado sôbre as paredes da rocha,
substituindo-as, parcialmente, com os minerais d o veio. Em conse-
qüência, pode haver uma gradação quase completa desde a rocha
inalterada até o enchimento puro d o veio, sem qualquer linha d e se-
paração entre êles. Alguns depósitos formaram-se, amplamente, pela
deposição dos minerais de veios, nas paredes das rochas, sendo conhe-
cidos como depúsitoi por .suh,srituiçüo. G mais provável que sejam
encontrados em rochas solúveis, como os calcános, mas não se res-
tringem, em absoluto, a estas rochas. Existe toda uma gradação pos-
sível, desde um veio formado pelo enchimento de uma fenda aberta
e com as paredes nitidamente definidas até um depósito por substitui-
@o com cortornos indefinidos.
Acredita-se, agora, dc forma quase universal. que a matéria mi-
neral existente nos veios sc depositou a partir de soluções aquosas.
Alguns depósitos se formaram pelo processo da secreção lateral, pelo
qual as águas d o subsolo, circulando através da5 rochas, dissolveram
a matéria mineral distribuída que se depositou posteriormente nos
veios. Acredita-se, entretanto, que os depósitos de maior impor-
tância cconomica se formaram a partir de soluqões magmáticas quen-
tes, ascendentes, originadas de um magma que se estava resfriando
e cristalizando. Ouando as soluqóes hidrotermais ascenderam, a tem-
peratura e a pressão ?c tornaram mais baixas, d o que resultou a de-
posiçáo do mater~al dissolvido. Mostrou-sc que certos minerais se
originam, de forma característica, sob dadas condifões de temperatu-
ra e pressão. Assim, Lindgrcn' dividiu os depbsitos de filHo hidro-
termais nos três grupos seguintes, cada um diles com associafóes
minerais características.
1. DepCíJiros I ~ i p o f ~ r n ~ u i %ao
. ~ . os formados a grande pro-
fundidade, alta pressáo e alta temperatura (300-500OC-t). Existem
diversos tipos de veios hipotermais, cada qual com associações mi-
nerais características: ( a ) veios de cassiterita, wolframita e mo-
-
L Waldcmar Lindsicn. Mlnrral Dcporllr. MsGraw-Hill. Boot Co.. New Yort. 1933.
OS VEIOS E OS MINERAIS DOS VEIOS 589

libdenita; ( b ) veios de quartzo e ouro; (c) veios de turmalina e co-


bre; ( d ) veios de turmalina e chumbo.
Os minerais de maior importância são, portanto, a cassiterita,
a wolframita, a scheelita, a molibdenita, o ouro nativo, a calcopirita
e a galena. Os minerais de minérios, muitas vêzes associados, são:
a pirita, pirrotita, arsenopirita, bismutinita e magnetita. O quartzo
é o mineral predominante da ganga, sendo frequentemente acompa-
nhado pela fluorita, turmalina, topázio, axinita e outros minerais con-
tendo substâncias voláteis. O s principais metais obtidos dos veios
hipotermais são: o estanho, o tungstênio, o ouro, o molibdênio, o
cobre e o chumbo.
2 . Depósitos mesotermais. São os formados a profundidades
intermediárias, sob condições de pressão e temperatura altas (200-
300°C*). Os principais minerais de minérios são: a pirita, a calco-
pirita, a arsenopirita, a galena, a esfalerita, a tetraedrita e o ouro
nativo. O quartzo é o principal mineral da ganga, mas são também
comuns os seguintes carbonatos: calcita, ankerita, siderita e rodo-
crosita. O s metais principais obtidos são o ouro, a prata, o cobre,
o chumbo e o zinco.
3 . Depósitos epitermais. São os formados a pequenas pro-
fundidades, sob pressão e temperatura moderadas (50-200°Cf ). Os
minerais de minérios típicos dos depósitos epitermais são: o ouro
nativo, a marcassita, a pirita, o cinábrio e a estibnita; os minerais da
ganga incluem o quartzo, a opala, a calcedônia, a calcita, a arago-
nita, a fluorita e a barita. Os metais principais encontrados nestes de-
pósitos são: o ouro, a prata e o mercúrio.

Alteração dos Minerais dos Veios


Minerais secirndários dos veios. Certos minerais encontrados
nos veios são nitidamente de origem primária, enquanto outros se
formaram posteriormente. Essas duas classes de minerais são conhe-
cidas, respectivamente, como mine roi.^ prirnúrio.r (ou Ail>óxet~os)e
minerais secundários (ou supérgenos). Os minerais primários dos
veios são os que foram depositados, originàriamente, pelas águas as-
cendentes, em suas fendas. Os minerais primários, do grupo dos sul-
fetos, encontrados nos veios, são comparativamente poucos, sendo
os mais importantes a pirita, a calcopirita, a galena e a esfalerita.
Os minerais secundários formaram-se a partir dos minerais primá-
rios por algumas reações químicas. Essas alteraqóes são, comumen-
te. realizadas pela influência de águas oxidantes que, provenientes da
590 OCORRLNCIA E ASSOCIAÇÃO DE MINERAIS

superfície da Terra, descem através das por@es mais altas d o veio.


Sob essas condiçóes, formam-se vários minerais novos, muitos dêles
sendo compostos oxidados. A esfalerita altera-se em hemimorfita e
smithsonita; a galena, em anglesita e cerussita; os sulfetos de cobre,
em malaquita, azurita, cuprita e cobre nativo. Encontram-se, em
algumas localidades, muitos outros minerais oxidados, mais raros.
Dado que as águas descendentes perdem o seu conteúdo de oxigênio
dentro de uma distância comparativamente pequena da superfície da
Terra, os minerais secundários são encontrados sòmente na parte
mais alta dos veios.
Enriquecimento secundário. Junto com a formação dos mine-
rais supérgenos, ocorre frequentemente uma migração, para baixo,
dos metais valiosos, no veio. Esta migração é realizada pela dissolu-
ção dos minerais na parte mais alta d o veio e uma subsequente repre-
cipitação um pouco mais para baixo. Como a superfície da Tcrra
se abaixa gradualmente, por erosão, a parte superior de um veio está
sendo desgastada, continuamente; mas o conteúdo metálico da parte
mais alta d o veio pode ser transportada para baixo pelas águas oxi-
dantes descendentes. Dessa maneira, o conteúdo metálico da parte
mais alta de muitos veios pode ser substancialmente enriquecida caso
se concentrem, em uma distância vertical pequena, a maior parte dos
conteúdos originais de centenas, quiçá milhares de metros d o veio.
que foram lentamente destruídos pela erosão geral da regiáo. Con-
seqüentemente, a zona dos minerais secundários é, com frequência,
uma zona de enriquecimento secundário. Este é um fato importante
para se levar em conta pois, por causa dêle, a porção superior de
um veio pode ser a mais rica de um depósito. O minbrio, abaixo
desta profundidade, passa gradualmente para seu estado original, a
saber, inalterado e não enriquecido, podendo ser, frequentemente, de
valor muito baixo para compensar sua extração. A ideia predomi-
nante de que o minério de um veio deve aumentar de valor com o
aumento da profundidade não é verdadeira na grande maioria dos
veios.
E de interêsse considerar os minerais primários mais importan-
tes dos veios e os minerais secundários que, comumente. se formam
a partir dêles, no processo de enriquecimento secundário.
1. Minerais de Ferro. O mineral primário de ferro, comum,
em veios, é a pirita, FeS?. A marcassita, FeS?, embora não t i o co-
mum em ocorrência, é também um mineral primário. Quando oxi-
dados, êstes minerais produzem, comumente, o óxido hidratado, limo-
OS VEIOS E OS MINERAIS DOS VEIOS 591

nita, Fe203.nH20.A porção mais alta de um veio, que era original-


mente rica em pinta, transformar-se-á, assim, em massa de limonita.
de estrutura celular, e enferrujada. Esse depósito de limonita, pró-
ximo da superfície, é comumente denominada gosan (chapéu de
ferro). A cor amarela e a aparência enferrujada do afloramento de
muitos veios permitem, frequentemente, localizá-los, e segui-los atra-
vés da região.
2 . Minerais de Cobre. O mineral de cobre, primário, mais
comum, é a calcopirita, CuFeS,, mas estão frequentemente presen-
tes a bornita, CuSFeS4,a tetraedrita, ( C U , F ~ , Z ~ , A ~ ) ~e Za Senar-
~~S,~
gita, Cu,AsS,. A oxidação dêstes minerais produz na superfície de
um depósito de cobre, os minerais: limonita, malaquita, azurita, cupri-
ta, cobre nativo, crisocola e antlerita. A zona de oxidação estende-
se, usualmente, para baixo, até o lençol freático, onde aparecem os
sulfetos secundários.
A decomposição dos sulfetos de cobre e da pirita associada pro-
duz o sulfato férrico e o ácido sulfúrico que reagem com o cobre
para formar o sulfato de cobre, que é solúvel, sendo carreado para
baixo. Quando a solução de sulfato de cobre atinge um ambiente re-
dutor, ela reage com os sulfetos ali presentes, revestindo-os com cal-
cocita, Cu,S, ou substituindo-os por ela. Um tal processo, se de
duração prolongada, pode dar origem a corpos maciços de calcocita
no lençol freático. Muitos dos depósitos de cobre do tipo "pórfiros",
da parte ocidental dos Estados Unidos, são comerciais porque houve
enriquecimento supérgeno dêste tipo.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Rochas
L. V. Pirsson e A. Knopf, Rocks and rocks rninerols, 3.= edição. John Wiley
and Sons, Nova Iorque, 1947. Descrisão das rochas comuns a partir de espé-
cimes que se podem ter em mãos, com a discussão da origem, ocorrência
e uso.
H . Williams, F. J . Turner e C. M . Gilhert, Peirogrophy. W . H. Freeman.
São Francisco, 1950. Descrição das rochas com base no estudo de seçóes
delgadas.
Minérios
A.M. Bateman, The formoiion of mineral deposits. Jobn Wiley and Sons,
1951. Uma discussão da origem dos depósitos minerais.
Pegmstitos
R . H . Jahns, The study of pegmatiles, Economic Geology, 50.O Volume
Anual, pp. 1025.1130. 1952.
USOS DOS
MINERAIS
Os minerais são extremamente importantes, do ponto de vista
econômico, porque todos os materiais inorgânicos d o comércio ou
são minerais ou substâncias derivadas dêles. Neste capítulo, estão
relacionados alguns dos minerais econômicamente mais importantes,
de acordo com seus vários usos. Para os pormenores, o leitor deve
utilizar o parágrafo "Uso", existente na descrição individual de cada
espécie mineral. Os usos dos minerais estão agrupados sob os títulos
seguintes:
Minerais de inlerêsse gemológico Cerâmica, Vidro, Esmalte
Minerais ornamentais Fertilizantes
Abrasivos Aparelhos Ópticos e Científicos
Fluxos Minérios dos Metais
Refratários

A. MINERAIS D E INTERÊSSE GEMOLÓGICO


As propriedades físicas dos minerais, que os tornam valio5os
como pedras preciosas, são a cor, o brilho, a dispersão e a dureza.
O valor de gema de alguns minerais pode ser atribuído a uma s6
destas propriedades. por exemplo, a cor, no caso da turquesa. Por
outro lado, o diamante, o rubi, a safira e a esmeralda combinam
tcdas essas propriedades e são, assim, estimados acima de todas as
outras gemas. Eles são conhecidos como pedras preciosas. Al&m
MINERAIS ORNAMENTAIS 593

das propriedades físicas mencionadas, as pedras preciosas populares


devem ser relativamente raras, mas ao mesmo tempo bastante abun-
dantes para se criar uma procura para elas.
Diamante, página 255 Granada (usualmente vermelha), pagina 438
Corindon, página 309 Demantóide (verde)
Rubi (vermelho) Topázio (vinho, amarelo, anil, rosa),
Safira (azul) página 446
Berilo, página 465 Zircáo (incolor), página 441
Esmeralda (verde) Jacinto (amarelo, castanho-vermelho)
Agua-marinha (azul-verde) Opala. página 535
Morganita (rosa) Olivina, página 436
Berilo dourado (amarelo) Peridoto (verde da oliva)
Espodumênio, página 479 Turquesa (verde a azul), p8gina 414
Kunzita (rosa) Quartzo, pagina 526
Hiddeniia (verde) Cristal de rocha (incolor)
Turmalina, página 468 Ametista (púrpura a violeta)
Rubelita (vermelha) Quartzo enfuma~ado(castanho-escuro
Esmeralda brasileira (verde) a prêto)
Indicolita (azul-escuro) Quartzo rosa (rosa)
Espinélio (muitas cares), Citrino (amarelo)
página 328 Feldspato, página 536
Rubi espinélio (vermelho in- Pedro-de-lua íbranco-leitoso)
tenso) Amazonita (verde)

Gemas de menor importância. Além dos minerais constantes


da relação dada, encontram-se, ocasionalmente, outros de qualidade
gemológica. Os mais importantes dêles são: a titanita, a benitoíta, a
cassiterita, a apatita, a cianita, a axinita, a cordierita, o diopsídio, o
euclásio, a fluorita, o idocrásio, andaluzita e a zoisita.

B. MINERAIS ORNAMENTAIS
Usam-se, minerais, para fins ornamentais, mas um número con-
siderável dêles são empregados só localmente. Os minerais ornamen-
tais de uso mais generalizado sáo:
Calcita, página 359 Rodonita, pagina 484
Mármore Gipso, página 397
Mármore Ônix Espato cetim
Travenino Alabastro
Serpentina. página 508 Jade.
Mármore verde antigo Jadcíta, página 481
Malaquita, página 377 Nefrita, página 489
Lazurita, página 555 Quartzo, página 526
Feldspato, página 536 Agata
Labradorita Quartzo rosa
Larvikita
594 USOS DOS MINERAIS

C. ABRASIVOS
Diamante, página 255 Quartzo, página 5 2 6
Corindon, página 309 Rochas silicosas
Esmeril Novaculito
Opala, página 535 Sílex
Diatomito Granada, página 4 3 8

D. FLUXOS
Fluxos são minerais usados em operacão de fusão para tornar
a escória mais fluida. Os principais minerais usados com esta finali-
dade são: a calcita (página 359). a fluorita (página 350) e o quartzo
(página 526).

E. CERÂMICA,VIDRO, ESMALTE
Argila (caolinita), página 506. Tijolo, telha, manilha para esgôsto, por-
celana, cerâmica.
Quartzo, página 526. Base da manufatura do vidro.
Feldspato, página 536. Manufatura d o vidro. Vitrificaçáo sobre a cerâ-
mica, porcelana, telha etc.
Nefelina, página 552. Manufatura do vidro.
Fluorita, página 350. Manufatura do vidro e revestimentos de esmalte.

F. FERTILIZANTES

Muitos elementos são necessários para o crescimento das plan-


tas, mas os essenciais são: o fósforo, o potássio e o nitrogênio. Estes
elementos encontram-se em certos minerais que são extraídos em
grande escala para a produção de fertilizantes.

Apatita e rocha fosfatada, página 405. Para o fósforo.


Silvita, página 347. Para o potássio.
Salitre do Chile, página 380. Para o nitrogênio.

G. APARELHOS ÓPTICOS E CIENTÍFICOS


Quartzo, página 526. Osciladores de rádio, prismas e lentes especiais.
Fluorita, página 350. Lentes transparentes em luz ultravioleta e no
infraverrnelho.
MINLRIOS DE METAIS 595

Gipso, página 397. Uminas de gipso, acessório do microscópio.


Mica, (moscovita), página 513. Lâmina de mica. acessório do micros
cópio.
Turmalina, página 468. Manómetros para pressóes momentáncas altas.

Magnesita, pagina 366. Magnesita extinta, MgO, para revestimentoa


de fornos.
Dolomita, página 364. CaO+MgO extintos, para revestimentos de fomos.
Cianita, página 445; andaluzita, página 443; dumortierita, pagina 452.
Para as porcelanas de alta qualidade, por exemplo, a usada nas velas
para motores.
Gráfita, página 259. Cadinhoi para a manufatura do aço.
Bauxito, pagina 341. Revestimentos de fornos.
Cromita, página 333. Tijolos para revestimentos de fomos.
Zircão, página 441. Tijolos refratários.
Asbesto (crisotila), página 436. Produtos resistentes ao calor, para fins
de isolamento.
Talco, página 512. Sob a forma de placas grossas de pdra-sabão para
tampos de mesa etc.
Argila (caolinita), página 506. Tijolos para revestimentos de fornos.
Mica (moscovita), página 513. Para fins de isolamento el6tnco.

I. MINÉRIOS DE METAIS
As listas que seguem podem incluir diversos minerais como mi-
nérios de um elemento dado. Os minérios principais são dados em
tipo negrito e a referência de página é dada para o mineral em
relação ao qual estio sendo considerados os usos do metal.

Alumlnio Bauxlto, página 341. diásporo, gibbsita, boehmita, criolita.


Anrimbnio Estiboita, página 281, antimonio nativo.
Arsênico h o n p i r i t a , pagina 289, anênico nativo, ríalgar. ourepigmenta
Bismuro Bismuto nativo, p8gina 249, bismutina.
Cddmio Greenockita, página 273.
Chumbo Gnlcna. página 333, e e d t a , mgleat., fosgenita, p i r o m d i ,
mimetita, vanadinita, crocoíia, wlfenita.
Cobalro Cobaltita página 287, skuttemdita, lineíta. eritrita.
596 USOS DOS MINERAIS

Cobre Cobre nativo, página 243, calcocita, b o m i b , caicopirila, tcmedrila.


enargita, aatlerita, covellita. cuprita, alacamita. malaquita. áni-
rita, calcantita, crisocola.
Crôinio Cromita página 333, crocoila.
Esto,iho Caaiterita, página 320, estanita.
Ferro Hematila. página 312, magoetita, goctbita, limonifa, siderita.
Magtlisio hlagnesita, página 366, carnallita, dolomila, bmcita.
Moitpaités Piiolusita, página 318, mangnnila, psilomelana, franklinita, alaban-
dita, rodocrosita, rodonita, braunita.
Mercúrio Cinibrio, página 278.
Molibd?nio Molibdenita página 291, wulfenita.
Niqurl Pentlandita, página 276, garnierita, nicolita, millerita, gersdorfita,
niquel skutterudita, genthita.
Ouro Ouro nativo. página 239, calaverita, petzita, krennerita, silvanita.
Plarinn Platina naliva, página 245, sperrylita.
Prota Prata nativa, página 242, argentita, stromeyerila, silvanila, poli-
basita. estefanita, pirargirita, proustita, cerargirita, embolita.
Tirdnio llmenita. página 315, rutílio, brwkita, octaedrita. titanita.
Trtnn.srFi~io Wolftamita. página 420, siheelita, ferberita, huebnerita.
Urdnio Uraninita, página 322. carnotita, tyuyamunita, torbenita autunita.
Vonádio Vanadinita, página 410, carnotita, roscaelita.
Zinco Esfalerlta, página 268, smithsonita, hemimoriita, franklinita, wil-
lemita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Washington, D. C . Um sumário da produção mundial de metais c minerais
de valor econômico.
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Nova Iorque. 1951. Uma apreciação sobre a ocorrência, a origem e o bene-
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Alan M . Bateman. The formorion o f mineral deposits. John Wiley and Sons,
1951. Uma discussão sóbre a origem dos minerais úteis.
E . H . Kraus e C . 9. Slawson, Gems and gem rnaterials. McGraw-Hill
Book Co., Nova Iorque, 1947.
ESPLCIMES PARA UMA COLECIO DE MINERAIS 597

J. LISTA DE ESPÉCIMES PRÓPRIOS PARA UMA


PEQUENA COLEÇÃO DE MINERAIS
Para conveniência dos que desejam possuir uma coleção de mi-
nerais pequena, mas representativa, dá-se a relação a seguir. Os
nomes das espécies mais importantes estão impressos em tipo ne-
grito e os nomes d e outros minerais desejáveis, mas menos importan-
tes em tipo comum. O primeiro grupo inclui 63 nomes, e a lista
completa alcanqa 112.
Ouro no quartzo Halita Sodulita
Prata Crioliia Exapiilita
Cobre Fluorita Heiilandita
Enrbfre Calrila Kstilhita
Cnfits Dolomila C;ih:izitn
Argentita Siderita Nalroliln
Calcocita Rodocrorita Anslrita
Bornita Srnithronila Talco
Galena Arseonits Serpentina
Esfalerita Withrrita Apnfilita
Calçopirila Estroncianita Clorita
Pirrotila Cerus$ita Prehnits
Niccolita >falaquita hlosiovita
Millerita Amrita Riotila
Cináhrio Bbnx Flogapiln
Realgar Krrnit;i lepidolira
Ouro-pigmento Vlexita Anfihólios
Eslibnila Colemnnitn liliversas variedades)
Pirita Apalita PiroxGnios
Marcarsita Pirornorfita ldiver~as variedades)
Alscnopirita Amhligonita Espodiiménio
Slalibdenila Wavellila Ro<lonita
Tetraedriia Tiirqiiesn Tiirmnlina
Proiistiin Barila Rerilo
Cuprila Celeslila Hemimorfila
Zincila Andesita Olivina
Corindoi Anidriin Willemiia
Hematita Gipw Granada
Iimenita Sheelitn IdorrScio
Ecpinéliii Wiilfenita Epidolo
Bfafnetita Quarlzo Zircáo
Frnnklinita (diuerras variedade%) D;iloiita
Crornita Opala Topizio
Crisoherilo Orlorlásio And;iliizita
Casrikrifa Alhita Cianita
Rutílio Oligncli\io Estaurolita
Pirolusila 1-ahrndorita Titanita
Coelhila Leucita Arinitn
Baiixilo
MINERALOGIA
DETERMINATIVA
A. INTRODUÇÃO
São de duas espécies as tabelas determinativas de minerais: (1)
as que se baseiam, principalmente, nos ensaios químicos, e (2) as
que fazem uso sòmente dos ensaios físicos. Dado que a composição
química de um mineral é a sua propriedade mais importante, é óbvio
que as tabelas que dão ênfase aos ensaios químicos são muito mais
satisfatórias. Ainda mais, as tabelas que dependem inteiramente dos
ensaios físicos têm limitações distintas, alim das quais se torna im-
possível usá-las; elas têm, contudo, as vantagens importantes de serem
seus ensaios mais simples, realizados mais pronta e ràpidamente e
não necessitarem o equipamento de um laboratório. Pelas razões ex-
postas, as tabelas determinativas físicas, a despeito de suas limita-
çóes, têm uso mais generalizado do que as que envolvem ensaios
químicos.
O escopo limitado dêste livro impede a inclusão de tabelas quí-
micas minuciosas e exige, por outro lado, a introdução de tabelas
físicas tão simples quanto possível. Essas tabelas, contudo, devem
ser usadas com uma compreensão total de sua natureza e de suas
desvantagens inerentes. Muitas das propriedades físicas dos minerais
não estão fixadas completamente em seu caráter. A cor, por exemplo,
é com frequência uma propriedade extremamente variável. A dureza,
INTRODUCÃO 599

embora mais definida, pode variar um pouco e, pela mudança no


estado de agregação de um mineral, é possível que varie muito mais
amplamente. A clivagem é uma propriedade que, muitas vêzes, pode
ser obscurecida pela condição física do mineral. Conseqüentemente,
ao se fazer a determinação de um mineral, sòmente por meio de suas
propriedades físicas, é necessário ter um espécime razoàvelmente
típico e de tamanho suficiente para que suas propriedades possam
ser observadas facilmente. Além disso, será impossível, muitas vê-
zes, com o uso dessas tabelas, diferençar, de forma indubitável, entre
duas ou três espécies semelhantes. Frequentemente, contudo, as des-
criçóes dêstes possíveis minerais, dada na seção d a mineralogia des-
critiva, tornarão possível chegar-se a uma decisão definitiva. Além
disso, as tabelas dadas a seguir, usadas em conexão com os ensaios
químicos fornecidos na descrição dos minerais individuais, juntamente
com as explanações mais minuciosas dos vários ensaios encontrados
na seção da mineralogia química, podem servir como substituto para
as tabelas químicas mais minuciosas.
As tabelas determinativas seguintes foram elabdradas de forma
breve e simples. Foram incluídas sòmente as espécies comuns ou
as que, embora de ocorrência mais rara, são de importância econô-
mica. As oportunidades de se ter um mineral para identificação que
não esteja incluído nestas tabelas são pequenas, mas se deve ter em
conta que existe esta possibilidade. Os nomes dos minerais estão
impressos em três estilos diferentes de tipos, a saber, Calcocita. AR-
GENTITA e Estefanita, de modo a indicar sua importância relativa
e a frequência com que ocorrem. Sempre que se sentiu que se podia
experimentar dificuldade na colocação de um mineral, corretamente, êle
foi incluído em duas ou mais divisóes possíveis.
Na página 602, encontra-se uma classificação geral das tabelas.
A diviszo apropriada, na qual se deve procurar um mineral, pode
ser determinada por meio dos ensaios lá indicados. As tabelas divi-
dem-se em duas seçóes principais com base no brilho. A primeira
divisão inclui os minerais que têm um brilho metálico ou submetálico.
Os minerais têm brilho metálico ou submetálico se permanecem opa-
cos, em suas bordas muito delgadas, produzindo, conseqüentemente,
"traços" prêtos ou de coloração escura quando esfregados em um
pedaço de porcelana despolida, conhecida pelo nome de placa de
traqo. A segunda divisáo inclui os minerais com um brilho não-me-
tálico, ou os que são transparentes em suas bordas muito delgadas,
que, portanto, fornecem traço incolor ou de cores claras. Observar-
600 MINERALOGIA DETERMINATIVA
- -

se-á que nem sempre se pode predizer a côr d o traço tendo em conta
a do próprio mineral. Um mineral de côr escura dá, frequentemente,
um traço de côr clara.
As tabelas subdividem-se, em seguida, de acordo com a dureza.
Para os minerais metálicos: ( 1 ) minerais de dureza inferior a 2%
(mole bastante para deixar marca sobre o papel); maior do que 2% e
inferior a 5% (pode ser riscado por um canivete mas não deixará mar-
ca sôbre o papel); ( 3 ) superior a 5% (não pode ser riscado por um
canivete). Para os minerais não-metálicos: (1) inferior a 2# (pode
ser riscado pela unha do dedo); (2) 25-3 (não pode ser riscado pela
unha do dedo mas sim, por uma moeda de cobre); ( 3 ) 3-34 (não
pode ser riscado por uma moeda de cobre mas sim, por um canivete);
( 4 ) 5%-7 (não pode ser riscado por um canivete mas sim, pelo quart-
zo); ( 5 ) superior a 7 (não pode ser riscado pelo quartzo). Na reali-
zação dos ensaios de dureza hão-de ser observadas certas precauções.
Antes de decidir sôbre a dureza relativa de um mineral é conveniente
experimentá-la, se possível, de duas maneiras. Por exemplo, se um
mineral é riscado aparentemente por um canivete, certifique-se, por
outro lado, se o canivete não pode ser riscado pelo mineral. A moeda
de cobre e a lâmina d o canivete empregadas nos ensaios devem estar
limpas e brilhantes; porque, do contrário, uma camada de sujeira
ou de material de oxidação pode ser tomada, por engano, por um
risco. O uso das tabelas seria facilitado, frequentemente, no caso de
se possuírem os espécimes dos minerais da escala de Mohs, o que per-
mitiria determinar, com grande aproximação, a dureza do mineral
sob exame., Finalmente, é conveniente lembrar que a condição física
de um mineral pode, aparentemente, mudar sua dureza. Por exemplo,
os minerais que ocorrem sob as formas pulverulenta ou fibrosa mos-
trar-se-ão, nestas condições, muito mais moles do que nas mais com-
pactas.
Os minerais com brilho não-metálico são, em geral, subdivididos
ulteriormente, de acôrdo com a presença ou ausência de uma clivagem
dominante. E frequentemente difícil tomar uma decisão a êsse res-
peito. Antes que se possa fazer a determinação, de forma rápida c
acurada é necessário que se tenha alguma prática e experiência.
Obse'war que os minerais são divididos de acôrdo com a presença ou
ausência de uma clivagem dominante. Os minerais em que a clivagem
é imperfeita ou, ordinàriamente, obscura, estão incluídos entre os
que não a possuem. E sempre conveniente, se possível, tentar pro-
duzir uma clivagem do espécime, de preferência a julgá-lo apenas
INTRODUCAO 60 1
---

por sua aparência. Se um mineral apresentar uma clivagem, notar-se4


o número dos planos de clivagem e as relaqks dêles entre si, e com
quaisquer formas cristalinas presentes. Tanto quanto possível, os mi-
nerais em que a clivagem pode tornar-se obscura, por causa de certas
condições no estado de agregação, foram incluídos em ambas as
divisks.
Os minerais classificados em qualquer uma das diferentes divi-
s e s das tabelas, foram dispostos de acordo com vários métodos. Em
alguns casos, agruparam-se na mesma divisão, os que possuem cliva-
gens semelhantes; a cor, frequentemente, determina sua ordem etc.
A coluna da esquerda indica o método de arranjo usado em cada
seção. Muitas das diferentes propriedades relacionadas não necessi-
tam explicaçãlo especial. Umas poucas palavras, contudo, devem ser
ditas em relação à coluna encabeqada pela letra d (densidade relativa).
Para uma discussão da densidade relativa e dos métodos para sua de-
terminação acurada, ver a página 163. Se o espécime a ser determi-
nado é puro e de dimensão suficiente, sua densidade relativa apro-
ximada pode ser determinada sopesando-o. Isto exigirá, contudo.
alguma experiência. Dá-se, a seguir, uma lista de minerais comuns
que mostram uma variação ampla da densidade relativa. E possível
tornar-se um perito na determinação aproximada da densidade rela-
tiva de qualquer mineral, experimentando-se, prévia e repetidamentc
com ésses espécimes.

Halita - 2,16 Ccirindon - 4.02 Casrilerita - 6.95


Gipso - 2,32 Calcopirira - 4.20 Calena - 7.50
Orioclásio - 2,57 Barit;i - 4.45 CinHbrio - R , I O
Calcita - 2.72 Pirita - 5.02 Cahre - 8.9
Fluorita - 3.18 Calcocita - 5.75 Prni;i - 10.5
Topázio - 3,53 Cerussita - 6.55

Há-de ter-se muito em conta que os espécimes dos minerais dc-


vem ser puros, náo importa qual seja o método usado na determina-
ção d a densidade relativa. Usualmente, é melhor usar um espécin~e
reduzido, por ser mais fácil obter um fragmento pequeno de material
puro d o que um de dimensóes maiores.
Depois das tabelas relativas à mineralogia determinativa, dá-se
uma lista dos minerais comuns, dispostos de acordo com a densidade
relativa crescente.
602 ..\INERALOGIA DETERMINATIVA

B . TABELAS PARA A DETERMINAÇÃO DE MINERAIS

CLASSIFICAÇAO GERAL DAS TABELAS

I. Dureza: < 2%. (Deixará uma marca sobre o papel). Página ,603.
11. Dureza: > 2%, < 5%. (Pode ser riscado pelo canivete: náo deixará.
prontamente, uma marca sobre o papel). Página 604.
111. Dureza: > 5%. (Não pode ser riscado pelo canivete). Página 610.

BnirHo - Nbo-MmÁ~lco
I. Traço ddinidamente colorido. Página 612.
11. Traço incolor.

A. Dureza: < 21: (Pode ser riscado pelii unha do dedo). Página 615.

R. Dureza: > 2%, < 3 (Náo pode ser riscado pela tinha do dedo; pode
ser riscado por uma moeda de cobre).

1. Clivagem distinta. Página 618


2. Clivagem indistinta.
a. U m pequeno fragmento anguloso é fusível na chama de
uma vela. Página 620.
b. Infusível na chama de uma vela. Página 621.

C. Dureza: > 3, < 5%. (Náo pode ser riscado por uma moeda de cobre;
pode ser riscado pelo canivete).

I. Clivagem distinta. Página 622.


2. Clivagem indistinta. Página 627.

D. Dureza: > 5%, < 7. (Náo pode ser riscado pelo canivete; pode ser
riscado pelo mineral quartzo).

1. Clivagem distinta. Página 631.


2. Clivagem indistinta. Página 634.

E. Dureza: > 7. (Não pode ser riscado pelo mineral quartzo).

1. Clivagem distinta. Pagina 638.


2. Clivagem indistinta. Página 639.
TABELAS PARA A DETERMINAÇÁO DE MINERAIS

BRILHO: METÁLICO OU SUBMETALICO


I. Dureza: < 2%
(Deixará uma marca sobre o papel). -
Traço Côr d D Obsrrvoçóes Nomr, Coii,posir.rio.
Sisleiila crisrnlii,o

Prêto 4,7 1-2 Usualmente estilhaçado Pirolusita


do ou ém agregados fibro- MnOl
ferro sos radiados. Tetragonal
PrClo -
lho bri- Cinza 2,3 1-1% Clivagem basal (0001 } Grafita
do aço a perfeita. Pode ser em C
prêto do placas de forma bexa- Hexagonal
ferro gonal. Tato graxo.
-
prêto Prêto- 4 I - Clivagem basal (0001 } MOLIBDENITA
a -azul perfeita. Pode ser em Mo&
prêto- folhas de forma hexa- Hexagonal
~sver- gonal. Traço esverdea-
deado do sôbrc a porcelana
(grafita, prêto). Tato
graxo.
Clivagem cúbica ( 10Q) Galena
perfeita. Em cristais PbS
cinza do ciibicos. Macica ma- Isom€triu>
-chumbo
-
Prêto- Clivagem pinacoidal Esiibnita
-azul ( 0 1 0 ) perfeita. Lanii- Sb&
nado com estriaçSes Ortorr6mbicn
critzadas. Funde na
- chama de uma vela.
Verme- Verme- 8.1 2.2:: Clivagem prisniátic3 Cinábrio
Iho-bri- lho a ( 1010) perfeita. Brilho HgS
Ihante verme- adamantino. Usualmen- Rombnédrico
Ih.50 te maciço granular.
Verme- Verme- 5,Z li- Terraso. Freqüentemen- Hematita
Iho-cas- lho a te como pigmento cln Fc~O.
tanho verme- . rochas. Hematita cris- Rombnédrico
-
IhZo talizada é mais dura.
Amare- Amare- 3.6 1+ Terroso. Limonita é LIMONITA
Io-cas- lo-castn- a mais dura, usualmente. F e O ( 0 H ) .,rH.O
-
tanho -
nha 4.0 Amorfa
Plêto- 7,3 2-2:; Usualmente maciço ou ARGENTITA
cinza teii.0~0. D i s t i n ~ e - s o A g S
por ser muito dctil, is- Isométrico
to é, pode ser coiiado
prêto. com um canivete, co-
Pode mo se fasse chumbo.
deixar Fraturas recentes exi-
uma bem a cór cinza do
marca ;iço, brilhante: escure-
leve ce quando exposto.
sobre o Azul-
papcl 4,6 1::-2 Usiialmente em massas Covellita
indigo; achatadas ou em cris- CUS
pode tais achatados, delga- Hexagonal
passar a das. de 6 lados. Ume-
azul- decido com água tor-
.",ai" .S.=- n,,rn,,,9
LINERALOGIA D E T L K M I N A I I V A

BRILHO: M E T h I C O OU SUBMETALICO
11. Dureza: > 2%. 5% <
(Pode ser riscado por um canivete: não deixará, prontamente, uma marca
sobre o papel).

Traço Cõr d D Nome, Composkão,


Sistema crisrolino

Prêto. cinza 4.7 3-45 Maciço ou em cristais Tetraedrita


tetraédricos. Associa-se (Cu,Fe,Zn,Ag),,
Pode do aço. a
ter chr pode 5.0 muitas vêzes, com mi- SbS,
parda embaçar nérios de prata. Isométrico
para o
-Fosco prêto I
F~êto- quando 5.7 2%-3 Algo séctil. Usualmente Calcocita
-cinza. exposto maciço, compacto. As- C u S
sociado a outros mine- Ortorrômbico
rais de cobre.
Cinza 7,3 2-25 Muito s6ctil. Usual- ARGENTINA
do aço mente maciço ou temo- A g S
sôbre so. Raramente em cris- Pseudo-isométrico
fraturas tais cúbicos.
P&to. recentes.
Pode Embaça
dcixar para
uma cinza-
marca opaco
sôbri o quando
papel exposto
t
Prêto 4,7 1-2 Usualmente em grânu. Pirolusila
do ferro 10s angulosos ou em MnO.
agregados fibrosos ra- Tetragonal
diados.
Cinza 6.2 2.2% Funde na chama da ve- ESTEFANITA
do aço la fàcilmente. Usual- A%SbSt
em mente em pequenas Ortorrômbico
superti- massas irregulares, mui-
cie tas vèzes terroso. Um
recente. mineral raro.
'Torna-
se fôsco-
cinzcn!~
quando
exporto
Prêto
4,4 3 Clivagem prismática ENARGITA
{110}. Usualmente em CuaAsSL
massas Iaminares exi- Ortorrômbico
bindo clivagem. Asso-
ciado com outros mi-
Prêto- nerais de cobre.
-cinza
5.5 2-3 Funde na chama da ve- JAMESONITA
a la, fàcilmente. Caracte- Pb,FeSbSxe
6,0 r:sticamente em massas hlonoclinico
fibrosas com o aspecto
de penas.
TABELAS PARA A DETERMINACÁO DE MINERAIS

Funde na chama da ve- Boornonita


Ia. fàcilmente. E m cris- PbCuShS,
tais prismáticos espes- Oriorr8nibico
sos: caracteristtcamente
geminndo com ingiilos I
reentranies, dando i i m
efeito de roda dcnta-
ida..^-^ -'
Funde na chama da ve- Polibarita
Prito Ia. fàcilmente. Muitas Ag,âh.S,,
vêzes em cristais de seis Monoclínico
lados, placóides c
com marcas triangula-
res. Também macifo e
termso.

1
o: :
Cinza

irregular.

Clivagem pinacoidal Ertihniti


perfeita (010). Funde Sh&.
na chama da vela. fà- Onorrômbico
cilmente. Caracterizado
por agregados de cris-
tais em liminas e com

Ciiv:igem pinacoiilsl Rismutinila


(010) perfeita. Funde RiS.
Prtto- na chama da vela. f:i- Ortcirrômbico
-cmza. Cinza cilmente. A5semelha-
Marca- do se à estibnita e di5tin-
ra o chiimbo gue-se dela sòmentc pe-
l o eniaio do hivniito.
palwl

, 7.5

I
2% Clivagem ciihica ( 100; Galena
perfcita. Em crislai* PhS
cúbicos e maqsas gr:i- I~iimétrico
nulares. Se um frng-
mentn C n&to na chn-
ma da vela, éle n:ic se
fiinde mas se rcdiiz. va-
garosamente,
mam-se na siia super-
for- j
ficir pequenos pli,hillu%
de chitmbo metilico.

Branco
do esta-
nho.
Emba~a em massas fihroias ho-
para trioidair. Aqiierido na
cinza- chania da vela produz
-CsCLIrO fumafa branca e <Ia i i m
- -- ~
606 MINERALCGIA DETERMINATIVA

BRILHO : METÁLICO OU SUBMETÁLICO


11. Dureza: > 2%. < 5::
(Pode ser N r a d o por u m canivete; náo deixará, prontamente, uma marca sobre
o papel). !C<wti>ttra(.<io)

~roco CC6r d D N~mr,


Coin~osição.
Sirto,ln crisrnlino

Branco 8 2 Clivagem pinacaidal ' Silvanita


do a (010). Fundc na cha- (Au.Ag) Ta
estanho 8,2 ma da vela, fhcilnientr. Monoclínico
Muitas vêzes ocorre co-
mo revestimentos drl-
gados e em cristais com
a forma d i ripas.
Prêto-
-cinza. Branco 9,4 2% Funde n a chama da Calaverita
do vela, fàcilmcnte. Ein AuTei
estanho massas irregulares ou Monoclínico
a em cristais ripiformes.
amarelo delgados e estrizidos ,
do latáo acentuadamente. Dis- :
tingue-se da silvanita I
pcln siia falta de cliva-
gem.

Usual- 7,8 5-5!; Usualmente maciço. Po- / NICOI.ITA


mente de estar reve\lido por NiAs !
vermelho I
flor de níquel. verde. Hexagonal
do Associado ao
cobre,
pálido.
e minerais de 1
Pode ser
hranco
da
prata
com

acasta-
nhado
Prêto ,m ,,. palmente calcocita e
períície cillcopirita.
recente:
embaça
para
purpitra
r
TABELAS PARA A DETERMINAÇ&O DE MINERAIS

Traço Cbr Obscrvoções Nome. Composiçáo.


Sisrenin c r i r r n l i , , ~
--
Amarclc Ususlmente maciço. Calcopirita
d o Iacá< mas pode ocorrer em CuFeS.
cristais esfenoédricos, Tetragonal
semelhantes a tetrae-
dros. Associado a ou-
tros minerais de cobre
- e à pinta.
Amarel~ Clivzgem roniboédrica, MILLERITA
d o lalác { 1011 }, raramente vis- NiS
Quase ta. Usualmente eni Rombddrico
esverdea gmpos de cristais aci-
do culares radiados.
quando
em
cris,tais
multo
delgado!

Cinza Em massas fibrosas ra- MANGANTTA


da aço diadas oii massas cri;- MnO(0H)
a prêto talinas. Cristais ons- Ortorrômbico
do ferrc máticas distintas mui-
ias vézes agmpados ent
leixes. Freqüentemen-
e associado com a pi-
rolusita.
-
Casta- 'rêto do
nho- ferro a
-escuro prêto-
a prEio -acasta- imarelos ou vcrdcs.
!hado Jsualmentc em massa,
!ranulares nos peridq-
ilos.

Casta. 3livagem pinacoidal. WOI.FRAMITA


nho n 0 1 0 ) . perfeita. Com (Fe,Mn)WO,
~rèto ai~nntidadcs maiores Monoclinico
le manaanêq ~- o- traco c
v ~~~

i cor sáo mais esc&os I


4 ~ 1 - Jsualmente em massas Covellita
mil: oliadas ou em crisiai.; CUS
mrle le seis lados, achata- Hexagonal
:mbaçar os. Umedecido com
i prêto- gua torna-se púrpiirn.
azul
-
Usual. 'rêto 4aciço botrioidal e es- PSILOMELANA
mente ilactilico. Usualmente RnMn"Mn,"'O,.-
prêto. ssociado com a piro!u- (OH),
Pode ita. Aparenta ser amorfa
ser
acasta-
nhado
k i i * = n a r v G I A DETERmimai ira

BRILHO: METÁLICO OU SUBMETÁLICO


11. Dureza: > 2!4, < 5%
(Pode ser riscado por um canivete; não deixará prontamenle, uma marca sobre
o papel). (Conlinuoriio)

Trngi i Cor / I D
I
j Observo~ões Nome,
SistemaContposição,
cristalino

Casta- Casta. Clivagem dodecaédrica Esfalerita


nho- nho- { 110 / perfeita, (seis di- ZnS
-claro a -escuro i reçóes). Usualmente I~ométrico
escuro prêto do granular e de clivagem
carvno. fácil; pode ocorrer eni
Mais ra. cristais tetraédricos. Os
ramenle espécimes mais escuros
amnrelo têm percentagens mais
OU ver- altas de ferro. O traço é
melh<i sempre de côr mais cla-
r a do que o csp6cime.

Usualmente mais duro Hemntita


d o que o canivete. Ma- Fe,Oi
ciço, :adiado, renifor- Rombddrico
me, micáceo.

-
Vemc- Clivagem romboédrica, Pirargirita
lho in- {O I . Fiinde fàcil- A&SbS,
Verme- tenso a mente na chama da Rombddrico
Iho-cas- p"t0 vela. "Prata mbi" escu-
lanho ra, mostrando cor ver-'
verme- melha do mbi, escura,
Iho-ín- em estilhaços delgados.
dio Associado com outros
minerais de prata.

Maciço ou em cubos CUPRITA


nho-ver- ou octaedros. Pode Cu,O
melho a ocorrer e m cristais Isométrico
vermelho muito delgados (calco-
intenso. triquita) . Associado
Vermelho com outros minerais
d o nibi, de cobre oxidadas, R
se trans- saber. malaquita. azuri-
ta e cobre naiivo.

Verme- Verme-
Iho-bri- lho do
Ihante n~bi
te. C o r da prata ver-
melha-clara. Associado
com a pirargirita.

Casta- Cartn-
nho- nho-
-ama=- escuro a
lo a prêto 10 a goethita ccntém
ocra 10%.
TABELAS PARA A DETERMINAÇAO DE MINERAIS JW

Tmco I , , d l D 1 Obrrria~<í~s
/ ivorne. Cornposi~no,
Sirrerna cristalino

Clivagem prismática, Gocthila


nho-es- ( 0 1 0 ) . Em fibras ra- HFeO,
curo a diadas e formas mami- Ortorrômbico
prêto lares e estalactíticas.
Raramente em cristais.
Distingue-se clarnmen-
de da iimonita pela pre-
sença de clivagem ou
pela forma cristalina.
Cliv2gem prirmática, Cinábrio
{ 1011 ). Usunlniente HgS
curo. curo a granular ou trrroso. Romboédrico
(Algu- verma- Comumente impuro e
mas va- Iháo de cõres vermelha-es-
riedades curaoii castanha. Quaii-
riscam do puro, trnnsliicido ou
O transparente c vermc-
papel) lho brilhante.
Maleável. Usiialmente COBRE
em grãos irregiilares. Cii
Pode ocorrer e m gni- hom€trico
hri-
- ~

Ihante
~

/ cie' I I .-
DO de cristais arbores-
~ ~~~ ~ ~

!entes. oii em cristais


~

1
fresca:
embaça 1 isométricos malforma-
dos.

10.5 2K3 hlnleável. Usualmente PRATA


em grinulos irregula- Ag
res. I'ode ser em fio. Irométrico
placas e pnipor dc cris-
te fresca. tais arboresccntcs.
Enibnca
para o
cinza

Cinza Branco 14 4-42 Mnlcável. G r j o s irre- Platina


bri- ou cinza a gulares ou pepitas. f:x- Pt
lhante do aço 19 traordinitriamente duro Icométrico
para iim metal. Raro.

B ~ ~ ~ Branco
C O 9,8 2.2:; t,
C l i v a ~ c mbx.?l. iOOD1 B ~ S ~ U ~ O
da da prata pcrfzitn e romboédrica, ~i
prata, com { 101 1 /. Séctil. Fitndc- RomboCdnw
bri- tons se na chama d a vela,
lhante avcr- fàcilmente. Quando
melhx- martelado, a principio
maleável, mas logo se

I quebra e m pcqilcnos
cedacas.

Ama- Amare- 15,O 2X-3 Maleável. Crinulos ir- O U R O


relo do lo d o a regiilires, pepitas e fô- A u
ouro, ouro 19.3 lhas. Muito pesado; a Isom6tn'co
hri- densidade relativa va-
Ihanle ria com o teor de praid.
610 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO : METÁLICO OU SUBMETÁLICO


111. Dureza: > 5%
(Não pode ser riscado por um canivete).

Ciir <I D Obrervo~õe~


Nome. Composição,
Troco
Sisrema cristalirto

11 i
6.0

6,2

6.1
5x4

5%-6
Usualmente

rómbicos.

Usualmente
maciço.
Cristais pseudo-ortor.
Alsenopirita
FeAsS
Monoclínico

maciço. Skuttemdita
a Cristais piritoédricos. Níquel skuttemdita
prata ou 63 Pode e5tar revestido (Co,Ni,Fe) Asr
com flor de níquel, (N j,Co,Fe) As,
estanho rosa. Isometrico

-
6 3 3 5%

!
;
Comumente em cristais Cobaltita-
piritoédricos com tom Gersdorffila
rosado. Também maci- CoAsS-NiAsS
$0. Isoméirico

Vermc- 7.5 5-5:; Usualmente maciço. Po. NICOLITA


lho d o de estar revestido com NiAs
cobre flor de níquel, verde. Hexagonal
p5lido.
Pode rei
hrnnco
d a prata
com tom

Amarc-
toedros ou cubas es-
triados. Maciço granu-
pilido lar. O mais comum
dos rulfetos.

Amare- Marca'sita
lo-p6lido crist:iis agriipados tipo FeS,
qitaic "cribta de galo" e mas- Ortorrónibico
branco sas fibrosas radiadar.

Préto 5,1R 6 Magnético fortemente. M t i ~ n ~ t i t a


Cristais octaédricos. Po- F c , a
de exib'r p a r t i ~ á o oc- Isoinétrico
taédrica.

Casta-
nho Pr&to
9.7 1 ! Brilho d o piche. M a c i -
*o gr;,nular, crlstali
botrioidais.

Pode ser levcmentc


Uranita
uoi
Is<imétrico

tlmenita
4.7 5:;-6
escuro magnético. Muitas vê. FeTiO,
a prêto zes associado com a Romboédrico
magnetita. Maciço gra-
niilar; cristais achata-
i
da$; na forma de areia.
TABELAS PARA A DETERMINAÇÁO DE MINERAIS

Tioco Côr d D Obsewa~úer Nome, Composipio,


Sisfrnta cr,slolino

3.7 5-6 Maciso compacto, esta- PSTLOMELANA


a lactítico, botrioidal. As- BaMn"Mn,"' Ois
4.7 saciados com outros (OH).
minerais de manganês; Aparenta ser amotfa
distingue-se déle pela
dureza maior.

5.3 6 Brilho prêto e reluzen- Columbita-Tantalita


Casta- a te em superfície fresca. (Fe,Mn) (Nb,Ta),O.
nho-es- ~rêto 7,3 Pode embawr em uma Ortorrômbico
curo a còr arulada clara. Gra-
prèto nular ou em cristais
- prismáticos
-- .- espessos.
7.0 5.5% Clivagem pinacoidal. WOLFRAMITA
a ( 0 1 0 / . perfeita. Com (Fe,Mn)WO<
7 s quantidades maiores de Monoclínico
manganês o traço e a
còr são mais escilros.
~ ~p

4.6 5% Brilho do piche. Fre- Cromiia


Castanho qüentemente acompa- FeCr20.
casta. do ferro nhado por produtos de Isométrico
nho.es. a prêto- oxidaçáo verdes. Usual-
C,1c0 -acasta- mente em massas gra-
nhado nulares nos peridotitos.
5,15 6 Fracamente magnético. FRANKLINITA
Granular ou em cristais (Fe,Zn,Mn)-
octaédricos. Comum, (Fe,Mn),O,
sòniente em Franklin, Isométrico
N. 1.. associado a zin-
cita e i willemita.
Cantn- Castanho- 4.8 5 X 6 S Radiado, reniforme, Hematitn
nho- -escuro a a maciço e micáceo. Ra- Fe,Ol
-verme- cinza do 5,3 ramente em cristais Romboédrico
lho. aso a romboédricos de côr
verme- prèto preta do aço. Algumas
lho- variedades são mais
indio moles.
Casta- Castanho 4.18 6-65 Em cristais prismáticos, Rutilio
nho- I a prêto a estriados verticalmente: T:O,
+lido 4.25 ini~itns vézes acicu- Tetiagonal
lar, delgado. Gemina-
dos freqiientes. Encon-
trado em =rezas pretas.
C:tsta- Castanho- 3.6 5.5% Brilho vítreo. Contém LIMONITA
nho- -escuro a a usiialmente. cêrca de FeO(OH).nH.O
-amarc- preto 4,0 15% de água enquanto Amorfa
lo a a goethita contém 10%.
ocra
amarela
Casta- Castanho- 4.37 5.5% Clivagem (010}. Ra- Goeihiia
nho- -escuro a diado. colofórmico, es- HFeO?
-amare- prêto talactítico. Distingue-se Ortorrômbico
lo a da limonita pela pre-
ocra sença de clivagem ou
amarela forma cristalina.
612 MINERALOGIA DETERMINATIVL.

BRILHO : NÃO-METALICO
I. Traço definidamente colorido.

Troco j Ci>r
1
Ob<eri.aciiej
I
Nome,
SistemaCornposipio,
crislolrno

Verme. 8,101 2% Clivagem prismática Cin6brio


lho-es- { 1010). Usiialmente HgS
curo a I granular ou terroso. Rombaédrico
verme- 1 I Comtimente imnuro
r
~~~~ c
~ - - ~
de cbr vermelha-escura
ou castanha. Quando
ouro é translúcido ou
Vcrme- 1 transparente e de cor
vermelha brilhante.
/ Casta- 6.0 354 Maciço ou em cubos ou CUPRITA
nho-ver- octaedros. Pode ocor- c u . 0
melho. rer em cristais bem del- IsomCtrico
Vermelho gados (calcotriquita).
d o rubi Associado a outros mi-
quando nerais de cobre oxida-
transpa- dos, a saber, malaquita,
rente azuriia e cobre nativo.
Casta- 4,s 5%-6 Radiado. reniforme,
nhocs- maciço e rnicáceo. Ra-
CIITO a ramente em cristais

-
mmboédricos de cor
negra do aGo. Algumas
variedades mais moles.
Cliv3gem romboédrica Pirargirita
{ 1011 ). Funde na cha- AgSbS,
,,ho ín. t2nJO ma da vela fàcilmente. Romboedrico
dio Cbr "prata-ruhi" escura
e côr vermelha do mbi
escuraem esquínilasdel-
gadac. Associado a ou-
I iras minerais de prata. I
Verme- Verme- 5,551 2-2# Clivagem romboédrica Proustita
lho-bri- lho do 4 1 0 i l ). Fiinde na cha- A 5 4 s S i

I
Ihante nibi ma d i vela fàcilmente. Romboédrico
Côr da "prata verme-
/ lha"
' clara. Arrociado à
pirargirita.
Rosa Verme-
lho a
rosa
pulvcmlento ou crostas
terrosas. Encontra-se co-
/ m o revestimento sôbrc /
minerais de cobalto.
Casta- Casta- 5 Usualmente duro. com LIMONíTA
-ama- curo a brilho vítreo. Usual- FeO(OH).nH.O
mente con1i.m cerca de Amorfa
15% de água, enquan-
to a goethita contém
amaela I
10%.
TABELAS PARA A DETERMINAÇÃO DE MINERAIS

Casta- Casta- Clivagem pinacoidal, GwthHa


nho- nho-es- {010/. Fibras radiadai HFeO,
-ani.i- curo a e formas mamilares e Ortorr6mbico
relo a prêto estalactiticas. Raramen-
ocra te em cristais. Distin-
ama- gue-se. de forma defi-
rela nitiva, da limonita, sò-
mente pela presença da
clivagem ou forma cris-
talina. Usualmente me-
tálico.

Casta- Clivagem pinacoidal, WOLFRAMITA


nho-es- (010) perfeita. Com (Fe,Mn)WO.
quantidades maiores de Monoclínico
manganês O, traço e a
cor sãio mais escuros.
Casta-
nho Casta- 3,83 3 x 4 Em massas susceliveis Siderita
nho-cla- a de clivagcm ou em pe- FeCO.
r0 a es. 3,88 quenos cristais ramboé- Romboédrico
curo dricos curvos. Torna-
se magnético depois
de aquecido na chama
da vela.

Casta- 3s-4 Clivagem dodecaédnca Esfsleriti


nho-cla- O (6 d i r e e s ) ZnS
m a es. perfeita. Usualmente em Isomélrico
curo massas suscetíveis de
clivagem. granulares;
pode ocorrer em cris-
tais tetraédricos. Quan-
to mais escuro O es+-
cime, maior será a per-
centagem de ferro. O
traco é semore de uma
I I cô; mais clara do aue
O espécime.
slaro

lares; em grios rolados.

Casta- 4,18 6-63 Cristais estriados verti- RotíIio


nho-a- a calmente; acicular, miii- Tio,
verme- 4.25 tas vêzes. Geminaçio Tetragonal
Ihado comum.
a prêto

ranja
I
Amare- Verme-
lo-la- lho in-
tenso
a ama-
5,68 4.4% Clivagem basal {O001 } ZINCITA
Encontrado sòmente em ZnO
Fraddin, Nova Jersey, Hexagonal
associado A franklinita
e 3 wiliemita.
614 MINERALOGIA DETERMINATIVA
.

BRILHO: NÁO-METALICO
I. Trato definidamente colorido. (Confinuação)

Verme- 5.9 2%-3 Brilho adamantino. Em Crocoíta


Ihobri- a cristais longos e $4- PbCrO,
Ihante 6,l gados. muitas vezes Monoclínico
em gmpos entrelaçados.
Amare- Decrepita na chama de
lo-la-

+-
uma vela.
ranja
Verme. 3,48 1%-2 Frequentemente terro- Realgsr
lho in- so. Associado ao ouro- AFS
tenso -pigmento. Funde n a ~ ~ ~ ~ ~ l
chama da vela.
Amare- 3,49 1#2 Clivagem pinacoidal, OURO-PIGMENT'
lo-limão ( 0 1 0 ) . Brilho re9inoro.
Associado ao realgar. ~ o ~ o c l i n i c o
Funde na chama da
Ama- Amarc- 2.05 15-25 Queima com chama Eoxôfre
"lo- a a n i l e dá odor d e SO..
-pilido lo-palido
2,09 A massa colocada pró- Onorrômbico
xima ao ouvido emite
som como se estivesse
quebrando. Cristaliza-
do, granular e terroso. --

3,75 3-3:: Uma clivagem perfeita, Atacamita


a ( 0 1 0 ) . Em massas sus- Cu,CI(OH).
3,77 cetíveis de clivagem,gra- Onorrômbico
Verde- nulares, ou e m cristais
ssme- prismáticor pequenos.
ralda es-
Verde- curo 3 , 9 2 3%-4 Uma clivagem boa, Antlerita
-claro {OIO}. Em cristais pris- Cui(SO,) (OH),
máticos pequenos, ou Onorrômbico
massas granulares.
~

verde- 3.9 35-4 Fibras radiadas; ma- Malaquita


brilhante a milares. Associado à C U , C O ~ ( O H ) ~
4,03 azurita e pode alterar- Monoclínico
se nela. Efervesce em
ácido a frio.
3.77 3 x 4 E m cristais pequenos, Amrita
muitas vêzes em grupos. Cu.(CO,)?(OH).
Fibras radindas, usual- Monaclínico
Azulu- mente como alteração
~ m l . leste sôbre a malaquita. Efer-
intenso vewe em ácido a frio.
2-12 2% Solúvel em água. Sabor Calcantita
a metálico. Em cristais, CuS0,-5H20
2.30 maciço e estalactitico. --
- .- . .~ Triclínico
Azul Verde- 2.0 2-4 Maciço, compacto. As- CRISOCOLA
muito -claro a a sociado a oiitros mine- CuSi0,-2H20
claro azul-tur- 2.4 rais de cobre oxidados. tncerto
Azul. Azul 2.58 1 5 2 u m a clivagem perfeita. Vivianita
-acin- muito a { 010 1. Usualmente em Fe,(PO,),.8HzO
zentado escuro. 2.68 cristais prismáticos. Monoclínico
Verde-
-az.ulado
TABELAS PARA A DETERMINAÇÁO DE MINERAIS 615

BRILHO : NÁO-METhLICO
U. Traço incolor.
A. Dureza: < 2%. (Pode ser riscado pela unha d o dedo).

Clivagen Observac6cs Nome, ComposiçZo,


Frarura Sisle~nacristalino
E m massas Iaminadas MmoMta
c películas. Cristais ta- KAI,(AISi,O,.)
lido, bulares exibindo con- (OH),
verde- tornos hexagonal e Monoclínico
-amarelo rômbico. As películas
e branco de clivagem são elásti-
cas. Mica comum.
Usualmente. em mar- Biotita
sas Iaminadas irregula- K(Mg.Fe).
res. Os cristais têm (AISiaO,o) (OH).
-escuro, contôrno hexagonal, Monoclínico
verde a mas raro. As lâminas
preto: de clivagem sáo elásti-
pode ser cas.
amarelo
Casta- 2.86 25-3 Muitas vêzes em cris- FLOGOPITA
nho- tais tabulares de 6 la- KMg,íAISi,O,,)-
-amare- dos: em massas lami- (OH).
10, ver- nadas. irregulares. Po- Monoclínico
de. bran- de exibir reflexão se-
melhante a o cobre sô-
bre a face de clivapm.
Ocorre n o mármore.
Usualmente em massas Clorita
Iaminadas irregulares. Mgl(Si,OIo)(OH),
Pode ocorrer cm mas- .hlg.(OH)*
nalida- sas compactas de pelí- Monoclínico
des culas diminutas. As Iâ-
minas delgadas sáo fle-
xíveis mas náo elásticas.
Talco
Mg.(Si.O,,) ( O H h
Monoclinico
Quando Tato gorduroso. Fre-
im~uro, quentemente e de ma- /
"eira distinta, lamina-
do ou micáceq.. NZO
pode ser ide?!lflcado,
de forma positiva, p-

de-escuro
rO, Ver-
a quase
1 I
'
los ensaios físicos.

prêto

cinza,
verde
çóes. Séctil. Comumen-
te m a c i ~ oIaminado, po-
de ocorrer em cestais
tabulares largos. As lâ-
minas delgadas são fle-
xíveis mas náo elásticas.
616 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO: NÃO-METALICO
U. Tmqo incolor.
A. Dureza: < 2!4. (Pode ser riscado pela unha do dedo). (Coiriiriuoqão)

S. Pode ser compac-

e m cristais. Distingue-
se das outros halóides
de -ata somente pelos
ensatos quimlcos.
TABELAS PARA A DETERMINACIO DE MINERAIS 617

c Frarrtro
-

l i t ~ m ]
p -

I D ( ,jes INome, ~ O ~ W ~ ~ C C O ,
Sistema cristalino

Queima com chama EorBirt


azul, dando odor de S
SO,. Uma massa do mi- Ortorr8mbico
neral, na mão fechada
e próximo da orelha,
soa como se quebras3e.
Framra Cristalizado, granular,
irre~ular .-......
Amare- 2.0 1-3 Em grânulos amdon- Baudio
lo. casta- a dados, muitas vêzcs Uma mistura de
nho, 235 lerrosos e semelhantes hidróxidos de AI
cinza, à argila. Usualmente
branco mais duro do que 2%.

Vista Branco 1,65 1 Usualmente em massas ULEXITA


raramente arredondadas de fibras NaCaBrOs.8H.0
finas e cristais acicu- Triclinico
lares.

Textura fina, compac- Sepiolita


to. Tato macio. Qiiaii- Mg.(Si&,,)-
do sêco flutua na água. (OH),.6H,O
Incerto
- ~ ~ ~ ~ ~ ~

Fratura Verde- 2.2 2-3 Em incmstaçócs c mas. Garnierita


irregular -ma$; a a sas terrosas. (Ni,Mg)SiO,.nH<O
branco 2.8 Amorfa
618 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO : NÃO-METALICO
11. Tmgo incolor.
B. Durem: > 2:;. 3. ( N i o pode ser riscado pela unha d o dedo: pode ser
riscado por uma moeda de cobre).
1. Clivagem distinta.

Clivugem. NOI»P,C O I > I P O S ; ~ ~ O ,


Fratura
d D Observo~Bes
Sirtema rristolino

L
x ( 0 0 1 ) Lilás, Cristais prismáticos de LEPIDOI.ITA
E branco 6 lados. Usualmente em KLiAI.íAIS&O,"),
-2 acin- pequenas folhas e Iâmi- (0,OH.F).
zentado nas irregulares. U m mi- hianoclínico
g neral de pegmatito, as-
U
sociado com turmalinas
% coloridas.
*
N
-~~~-~~~~~~~

v, 1001) Róseo, Usualmente em massas MARGARITA


24 branco, larninadas irregulares;
lâminas quebradiças.
CaAI1(AISi,O,o)-
(OH),.
3% cinza
8D. Associado com o es-
'."g7,o
Monoclinico
rneril.
.-
:d-*
--?C ( 0 1 0 ) Azul. Cristais primásticos, Vivianita
mE: verde- muitas vêzes em gmpos Fea(P0.h.8H,0
54 s -azulado estrelados. Também fi- Monoclinico
a incoloi broso, terroso. Traço
5 8% azul-acinzentado. Um
-
.- Gz mineral raro.
--

za.-*;L 8
v$ (010) Incolor
ou
branco
Usualmente maciço,
com hábito radiado.
Efervesce em ácido
Witherita
RaCO.
Ortorrômbico
e C."m
L_ --
frio.
~

!E E { I O O Verme-
~ Ocorre em massas com- Polialita
õ lho pactas granulares ou fi- K2CalMg(S0.)<.
E brosas. Ocorre com ou- ZH,O
.u
.o tros-~
-~ sais solúveis. Triclínico

-5,.. ( 0 0 1 ) Amare-
Iwpáli-
Cristais tabulares. En-
contrado em associação
Glauberita
Na,Ca(SO,).
s d o ou
cinza
com outros sais e m de-
póritos de lagos salga-
Monoclínico

Clivagem Incolor 1,9!

IlXJIJI cinza
de clivagem. Monoclinico

"8 Cúbi- Incolor, 2,1 Sal comum. Solúvel na


água, sabor salgado, fu-
(IOO} verme- sível na chama da vela.
lho. Em massas granulares
0 -M
3 aziil suscetiveis de clivagem.
~
em cristais cúbico%
---

Cúbi- Incolor 1.91 Assemelha-se à halita.


E ca ou mas distingue-se dela
( 100}1branco pelo sabor mais amar-
:.-
UI E
O
L
- go e dureza menor.
TABELAS PARA A DETERMINAÇLO DE MINERAIS 619

Clirngem. Nome, Comp03i~80,


CBr Observações
Sistema crisrolino
Frarrira

Incolor, 2,89 3-3:: Comumente em agrega- Anidrila


E - o ::
t
W1 branco, a dos maciços finos, não CaSO,
010 azul. 2.98 mostrando clivagem; Ortorrômbico
2;"- 8
zm
E
- 100 cinza. entáo pode ser distin-
u,o.2 vermc- guido sbmente por en-
Iho saios químicos.
Incolor. 2.72 3 Efervesce e m ácido Calcita
branco. frio. Os cristais mos- C a c o 8
e colo- tram muitas formas. Rombddrico
rido Ocorre em grandes
variada- massas como calcários
Clivagem mente e mbrmores. As varie-
cm 3 dades claras mostram
direçács dupla refraçáo forte.
n i o em
~p

Incolor, 2.85 3%-4 Ustialmente mais duro Dolomita


â"&"los branco,
retos. do que uma moeda de CaMg(C0.).
róSeO cobre. Muitas vêzes em Romboédrico
~ ~ ~ b ~ é .
drica cristais romboEdricos
(1011) curvos, com brilho na-
carado. Em massas de
granillaçáo grossa co-
mo nos calcários dolo-
miticos e mármores. O
mineral reduzido a pó
efervesce em ácido frio. --
Clivagem Incolor, 4.5 3-3!: Frequentemente em a- Barita
em 3 dire- branco. gregados de cristais pla- RaSO,
çõer. Aasal azul, cóides ou tabulares. Bri- Ortorrômbico
í0y) amare- lho nacarado sôbre a
a angulos lo. Ver- clivagem basal. Carac-
retos melho terizado pela densidade
com o relativa alta para um
prisma I mineral náo-metálico e.
(110) assim, distingue-se da
- celc\lita.
Incolor, 3.95 3.3% Muito similar à barita, Celesiili
branco, a mas de densidade rela- SrSO.
azul. 3.97 tiva menor. Pode ser nc- Onorrômbico
Clivagem verme. cessário obter-se a cha-
em très lho ma carmesim do estrôn-
direções. cio para distingui-lo.
Basal -
(001 ) Incolor 6.2 3 Brilho adamantino. U- Anglesita
farman- ou bran- a sualmente maciqo mas PbSO.
do ângu. co. Cin- 6,4 pode se apresentar em Onorrômbico
10s retos za e pequenos cristais tabula-
com o casta- res. Alteração da gale-
prisma nho na. Quando maciço po-
{ 110) quando de necessitar ensaio pa-
impuro ra SO, para distingui-lo
da cerussiia, (PbCO.).
620 MINERALOGIA DETERMINATIVA
- -- -- .-

BRILHO : NÃO-METÁLICO
11. T n ~ oincolor.
H. Dureza: > 2!;, < 3. Não pode ser rbcado pela unha do dedo; pode ser
rlsrado por uma moeda de cobre).
2. Clivsgem indistinh.
a. Um pequeno fragmento anguloso é fusível na chama de uma vela.

Solúvel na água. Rara- Bórnx


mente pode ser vista Na,B,O; IOHIO
tima boa clivagem. E m Monoclínico
crostas e cristais prir-
máticos. Encontrada
sòmentc em regiõei sê-
cas. Intumesce ?a cha-
ma da vela e depois
funde. Sabor a!salino,
adocicado.

Incolor
3.0
a
'
I

c
M a c i ~ o . Caracterizado
pela aparência translú-
i a r . O
no é insolúvel mas tor.
nase aproximadamen-
te invisível quando cu-
i
CRIOLITA
Na,AIF.
Monwlínico

i
ou hranco locado na água. A Úni-
ca localidade impor-
I /
tante C Ivigtut, na
Grwnlândia. Parti~áo
pseudocúbica.
!

6.55 1
1
3 3 Brilho adamanlino. E m
massas granulares e
Cerussita
P~CO~
cristais placóides. u- OrtorrOnihic<,
sualmente associados
com a galena. Eferves-
ce em 6cido nitrico
frio. Reduz-se na cha-
ma da vela. produzindo
pequenos glóbulos de
chiimbo.

Incolor, 1.6 1 Sabor amargo. Comu- Carnallila


branco. mente macifo granular. KMgClr.6HeO
vermelho Intumesce na chama da OrtorrOmbico
vela e depois funde.
Solúvel em água.

Brilho resinoso. E m Mimetita


pequenos cristais pris- Pb:,CI(AsO,),
Incolor. máticos. As faces de -Hexagon:il
amarelo, prisma podem ser ciir-
alaranjado, vas. produzindo formas
castanho em barril. Em massas
TABELAS PARA A DETERMINAÇÃO DE MINERAIS 621

2. Cllvagem náo predominante.


b. lniusivel na chama de uma vela.

Nu>nr.Compo.ri~Co,
Cor d D Obrtri~o~~~s
Sirlentn crislalino

4,3 35 Muitas vêres, em massas radia- Wltherita


das; granular; raramente em BaCO,
cristais pseudo-hexagonais. E- Ortorrômbico
Incolor fervesce no ácido frio.
OU

2,6 2-25 Usualmente compacto. terroso. Caolinlta


a Quando se inspira sôbre êle, Al,(Si,0,0)(0Hh
2.63 sente-se odor argiloso. A base Monoclínico
da maior parte das argilas.

Branco, 2.0 2-25 Compacto, com textura fina. Sepiolita


cinzento, D á a sensação ao fato de, ser Mg.(Si"O,.)-
amare- liso. Quando sêco, flutua na (OH),.6H,O

1 2d
lado água. Incerto

Incolor, 2,119 3.3% Comumente em agregados ti- Anldrita


azul.
branco. nos, maciços; sòmente pode ser CaSO,
idqntjficado mediante ensaios Ortorrômbico
cinzento. qutrnicas.

Amarelo 4.9 Encontrado comumente como Greenockita


do mel. revestimento de p6 fino sôbre CüS
da cidra a esfalerita. Raramente e m Hexagonal
ou da cristais. U m mineral raro.
larania

Muitas vêzes, impuro. dróxidos de alri-


hranco minio

castanho.
amarelo harril.

i
Amarelo, 35-4 Caracteristicamente em agrega- Wavellita
verde. dos globosos, hemisféricos. ra- AI,(OH),(PO,),.
hranco. diador. Raramente se vê a cli- -SH,O
castanho vagtni. OrtorrOmbico

Verde 2-5 Maciço. Fibroso na variedade Serpentina


da oliva sob n forma de asbesto. crim- hlgoSisO,,,(OH)~
a escuro, tila. Frequentemente com mnn- Monoclinico
verde. chas verdes na variedade maci-
-amarelo, ça.
hranco
622 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO : NÃO-METALICO
n. T m ~ oincolor.
C. Dureza: > 3, <S1/l. (Náo pode ser riscado por uma moeda de cobre:
pode ser riscado pelo canivete).
1. Clivagem distinía.

(IOO} Azul, Em agregados lamina- Cianita


usualmen dos com clivagem pa- AI,SiO,
te mais ralela ao comprimento. Triclinico
escuro no Pode ser riscado, pelo
centro. canivete, na direção
Pode ser paralela ao comprimen-
branco, to; mas não na direção
cinzento a 900 d o comprimento.
oli verde

amarelo,
casta-
Pode ser em crista's ta-
vkrme- bulares achatados. Bri-
lho nacarndo sôbre a
face de clivaeem.
- - -

Em cristais prismáticos APOFILITA


estriados verticalmen- Ca,K(Si.Oio)F.8H,O
te. Os cristais asseme- Tetragonal
.-
v Iham-se. muitas vêzes.
u
4 1 I amarelo.
róqen I rado sôbre a base, vi-
treo em qualquer outra
direção.
3%-4 Brilho nacarado sôbre HEULANDITA
a face de clivagem, ví- Ca(AI.Sii0,.).6HX>
treo em qualquer outra Monoclinico
diregáo. Cristais muitas
vêzes tabulares parale-
lamente ao plano de
clivagem. Uma zeólita.
encontrada em cavida-
des de rochas igneas.
4-4;: Em cristais e ein azrc- COLEMANiTA
gados de cristais dis- Ca,B,O,,5H,O
clivagem. Decrepita vio- Monoclinico
lentamente na chani::
da vela.
4.3 3% Muitas vezes em agre- Wliherita
gados de cristais dis- RaCOs
postos radialmente; gra- Ortorrômbico
nulzr. Rarxmrnte em
cristais pseudo-hexago-
nais. Efervesce e m áci-
TABELAS PARA A DETERMINAÇÃO DE MINERAIS 623

Nome, Com~oricZo.
Sislemo crislalino

010 Incolor, 2,95 3:-4 Efervesce em ácido A r a ~ o n i t s


frio. Pulveriza na cha- CaCO.
ma da vela. Frcqücnte- Ortarrómbico
mente em griipos de
cristais aciculares, rn-
diados; em geminados
pseudo-hexagonair. Cli-
vagem indistinta.

001} Azul-clb 3.42 45-5 Comumente em m m - Trifilita-litiofilita


010) ro, verde, a sas siiscetiveis de cli- Li(Fe,Mn)PO.
cinzento, 3,56 vagem. Encontrado em Ortorrômbico
salmán pegmatitos. com outros
a castanho minerais de Iítio.
do cravo-
-da-india

liirolor. 2.8 5.5'; I


U\iialmrnie r m massas \YOI.L.4SlOUi'í'A
\ii\rsii\cir de clivapem <'niSiO,)
cinzento 2.9 a f hrowr Tamh<.m l'riilinici,
compacto. Associado
com calcário cristalino.

5 Comunirntc fihrow em Pcctolitii


:igrreddo\ railiadoq de CaINalllSiO.),
I rri,iai\ nitidamente aci- Triclinico
ciilnres. Associado com
ze6litas em cavidades
de rochas igneas.

5
1 i 1 I
(110) Incolor,
o
2,25 5.5% I E m cristais prismáticos Nahhlita
delgadas, as faces de ~~~~~~~~~~~~.2H,O
prisma estriadas veni- Monoclínico

I I I / / calmente. Muitas vêres


em grupos radiado?
Uma zeol!ta encontra-
1
da forrando cavidades
em rochas igneas.

1 I i I 1
( 110; Incolor, 3.7 3X4 Ocorrg: , em cristais Estroncianita
prismat~cos c gemina- SrCO.
dos oscudo-hexaeonais. Ortorrômbico

1 1 1i1
Também fibrosoe ma-

i
ciço. Efervesce em áci-
do frio.

(110) Branco, 3,4 4%-5 Muitas vêres em gru- Hemirnoríita


pos radiados de cris- Zn.(Siz07)(OH),.
5. tais. Tambem estalactL .H99
aziil tico e mamilar. Clivr- Ortorrómbico
gem prismática vis13
raramente.
624 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO : NÃO-METhICO

B. DOR=: > 2% < 3. (Não pode ser &mio pela onhi do dedo; pode ser
rkado por u m moeda de cobre.)

Clivagem Côr d D O~servoçúes Nome. Composição,


Sislema cristalino

Branco, 3,O Cristais usualmente Gmpo dos


delgados. fibrosos e Aonbólius
asbestiformes. Tre- Essencialmente
molita (branca, cin- silicatos de
za, violeta), actinoli- magnésio e
ta (verde), comuns cálcio
em rochas metamór- Monoclinico
ficas. Hornblenda t
arfvedsonita (verde-
-escuro a prêto), co-
muns em rochas
ígneas e metamórfi-
cas. Ângulo de cliva-
gem caracteristico.

Um anfibólio. Cristais Antofilita


distintos raros. Co. (Mg,Fe),(Si.O,).
mumente em agrega.
dos e maciço fibroso
cravo-
-india,
verde

Branco, 3.1 Eni prismas grossos e Gmpo dos


verde, seção transversal re- Piroxênios
prêto tangular. Muitas vê- Essencialmente si-
zes, em massas cris- licatos de mag-
talinas granulares. O nésio e cálcio
diopiídio (incolor, Monoclinico
branco, verde) a egi-
rita (pardo, verde) a
augita (verde-escuro
a negro) são minerais
formadores de rochas.
Caraterizador pela
seçáo transversal re-
tangitlar e cliva~eni.

Diagnóstico pela còr. Rodooita


, Iho- Usualmente, maciço, Mn(Si03
suscetível de cliva- Triclínico
róseo, gem, compacto; eni
casta- grãos incluídos; em
nho cristais grandes, áspe-
ros, com arestas arre-
dondadas.
TABELAS PARA A DLTERMINAGO DE MINERAIS 625

~/ii,ogern,I
Fraritra
.
Cor
I I D b, 3erv ac5e, Nome, Comporirão.
Sisrenia crisrolirto

Efervesce em Bcido Cnlcitn


-
.-
.u
Zm2 branco frio. (35 cristais mos- C a c o I
tram muitas formas. Rombddrico
E uy vBrias Ocorre em grandes
O" U oytras massas como calcário
cores e mármore. As varie-
dades claras exibem
dupla r e f r a ~ ã o forte.

'2

Incolor. Muitas vêzcs em Dolornltn


bfanco. cristais rombddricos CaMg(C0,).
roseo curvos e brilho naca- Romboédrico
rado. Em massas de
g r a n u l a ~ i ogrossa co-
mo calcário e mar-
more dolomítico. O
mineral reduzido a p6
efervesce em Bcido
frio.

Branco
amare-
lo.
cinzen- finas a grossas susce-
to, cas- tíveis de clivagem.
tanho Efervesce em ácido
clorídriw quente.

Carta- Em massas suscetíveis Sideriln


nho- de clivagem ou :m FeCO.
-claro pequenos cristais rom- Rombddrico
a es- bádricos curvos. Tor-
curo na-se magnético de-
pois de aquecido na
chama da vela. I

romboédricos. Carac-
casta- terizado por sua cór.
nho

Casta- Brilho adamantino a Titnnitn


nho. resinoso. Em cristais (EsfEnio)
cinzento, c o n f o r m a d o s CaTiSiO,
verde, em cunhas finas e a- Monoclinico
amarelo restas agudas. Cliva-
gem prismática vista
raramente.
626 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO : NÃO-METkICO
n. ~ r a wincolor.
C. Dureu: > 3. 5%. m ã o pode ser riscado por uma moeda de mbn:
ser G ç a d o pelo eani*ete).
1. Clivagern dlFlint& (Conlinuaçáo)
Nome, Compo.
Clivatem Côr d D Observoçõcs sição. Sist~»,a
cristalino
Casta- 4,35 5 Usualmente em agre- Smlthsonitn
-
ô
nho.
verde,
a
4,40
gados botrioidais ar- ZnCO.
redondados e em R o m b d d k o
massas alveoladas. E-
. oo
.a
azul,
róseo, fervesce em ácido
E 2s branco clorídrico frio. Cliva-
9.0 ., gem vista raramente.

Branco,
amarelo,
veme-
lho da
carne tos. Uma zeólita, en-
contrada forrando ca-
vidades em rochas ig-

.- Incolor, 2,89 3.3% Comumente em agre- Aoidrita


branco, a gados maciços finos, CaSO.
u azul, 2,98 não mostrando cliva- Ortorrômbico

-
,s
.- I
0
k
/
cinzento,
verme-
1 lho
Incolor,
I

4,5
I
3.3%
gem: pode ser distin-
Iguido sùmente por1
Icnsaios quimicos.
Frequentemente
I
em Barita
-
branco. agregados de cristais BaSO.
anil. placóides ou tabula- Ortorrômbico
amarelo, res. Brilho nacarado
verrne- sôbre a clivagem ba-
lho sal. Caracterizado por
íoolt rua densidade relati-
for-
manda va alta para um mi-
ângu- neral não-metálico e.
gulos assim distingue-se da
XlOE
celestita.
com Incolor, 3.95 3.3;: Milito semelhante 3 Celertita
l110) branco, a barita mar de densi- SrSO,
azul. 3.97 dade relativa menor. Onarrômbico
verme- Pode ser necessário
lho obter-se a chama car-
mesim do cstròncio
vara distinmii-10.
3.18 4 Em cristais cúbicos. Fluarft;
muitas vêzcs em gc- CaF.
verde, minados por penetra. IromCtrico
amarelo, qáo. Caracterizado
róseo. pela clivagem.
Usual-
mente de
bela côr
TABELAS PARA A DETERMINACÁO DE MINERAIS 627

Nome, Coinpo-
I Clivagem Côr d D Obsen,açóes sicáo, Sistema
I I I ! I cristalino
I 1
( 100) Branco, 2.65 15-6 / IEm cristais prismáti-/ ESCAPOLITA
( 110 ) róseo, cos, pranular ou ma- Essencialmente
cinzento, ciço. Comumente al- silicato de
verde, terado. Clivagem pris. alumínio.
castanho mática obscura. cálcio e sódio

Amarelo,
castanho,
branco

2.15 5?&6 Maciço ou em grânu- SODALITA


branco, a 10s incluídos: rara- N&(AIS~O,)SCI
cinzento, 2.3 mente em cristais. Isométrico
verde Um feldspatóide as-
sociado coni a nefeli-
n a e nunca com O
quartzo.

Cor 1 d / D / Obserimaçder Nome.


SirremaComposiçóo.
cristalino

Incolor, 5-554 Usualmente em cristais com mui- DATOLITA


verde- tas faces brilhantes. Ocorre com CaBíSiO.)(OH)
-pálida, zeólitas forrando cavidades dc Monoclínico
amarelo rochas ígneas.
Branco, 43-5 Muitas vêzcs em grupos radiados Hemimorfita
verde- de cristais. Também estalactítico, Zn.(Si.O,)(OH),.H.O
-pálido, /mamilar. Clivagem prismálicalOrtorrÔmbicn
azul Ivista raramente. I
Fm cr~rtaisprismaticor. granular FSCAPOLITA
rósco, ou m a c t p . Comtimente altera- Fxwn;ialmen.;
cinxnio. 2.74 do. Cli\agem prismiiica o h c u r a silcatn de

castanho 1 1 I I
alumínio, cál;io
sódio
e

I Tetragonal I
2,95 3%-4 Efervewe em ácido frio. Pulveri- Arsgonitn
za na chania da vela. Frequente- CaCO,
mente em grupos de cristais aci- Ortorrôrnbico
culares, radiados; em geminados
pseudo-hexagonais, Clivagem in-
Incolor. distinta.
branco
2.27 5-5!4 Usualmente e m trapezoedros com ANALCIMA
brilho vítreo. Uma zeólta. encon- NaAISi.Oo.H.O
rrada forrando cavidades em ro- Isométrico
chas ígneas.
1 628 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO: NÃO-METALICO
U T n p incolor.
C. huen: > 3, < 5%. (Não pode ser risada por uma moeda de cobre;
pode srr risada pelo canivete).
2. Cllvigem lndlrtiata. (Coniinuação)

CÓr d D Observaçóes Nome, Coritposiçóo,


Sistema cnslaliito

Ocorre em cristais prismáticos Eaionclsnits


e geminados pwudo-hexago- SrCO.
nais. Também fibroso e ma- Ortorrômbico
c i ~ o .Efervexe em ácido frio.
Comumente em massas com- Magnesih
pactas e densas, não exibindo MgCOs
clivagem. Efervesce em ácido Romboédrico
clorídrico quente.
Muitas vêzes, em massas ra- Witherita
diadas; granular; raramente BaCO,
e m cristais pseudo-hexagonais. Ortorrómbico
Efervesce no ácido clorídrico
Incolor, frio.
branco
Comumente fibroso em agre- Pectolita
gados radiados formados de Ca,NaH(SiO:,),
cristais aciculares nítidos. As- Triclínico
sociado com zeólitas em cavi-
dades de rochas ígneas.
Em cristais prismAticos delga- NATRÓLITA
das, as faces de prisma estria- Na4AI2SirOi.,).2HIO
das verticalmente. M u i t a vê- Monoclínico
zes em grupos radiados. Uma
zeólita encontrada forrando
cavidades em rochas ígneas.
Clivaaem vrismática má.
Branco, Pode ocorrer em cristais rom- ALUNITA
;icinzentado, boédricos. Usualniente maci- KAI,(OH).(SO.)I
vermelho $0. granular. Determinado sò- Romboédrico
mente por ensaios de maça-
rico. Clivaeem oinacaidal usu-

Incolor, Fratura concóide. A opala OPALA


branco. preciosa mostra jógo de c& SiO..nHnO
;imarelo, res interno. Densidade relati- Amorfa
vermelho. va e dureza menores do que
castanho. as d o quartzo de granolaçao
verde. fina.
cinzento,
azul
Castanho, '
verde, azul,
róseo,
branco rídrico frio. Clivaxem vista
I raramente. 1
TABEUS PARA A MTERMINAÇIO DE MINERAIS 619

Cdr I I
d D ( Observo~Oes
Nome, Composiçõo,
Sislemo cristalino

Castanho, 3.4 5.5% Brilho adamantino e resinoso. 'iihaft.


cinzento, a Em cristais conformados em (Esfênio)
verde, 3.55 cunhas finas e arestas agudas. CaTiSiO.
amarelo Clivagem prismática vista ra- Monoclínico
ramentc.
Incolor. 2.72 3 Pode ser fibroso, granular fi- C i l r l h
branco. no e em faixas. Efewesse no CaCO.
amarelo. ácido clorídrico frio. O ônix Rombddrico
vermelho. mexicano é uma variedade de
castanho calcita.
Castanho 5.0 5.5% Em cristais pequenos ou em Monazita
amarelado a a grânulos arredondados. En- (Ce,La,Th)PO.
castanho- 5,3 contrado em pegmatilos. Monoclínico
-avcrmelhado
I I
Castanho- 3%-4 Usualmente suscetível de cli- Siderih
-claro a vagem mas pode ocorrer em FeCO.
escuro

I mtnério de ferro argilosa. Tor-


na-se magnético pelo aqueci-
mento.
Castanho a 3%-4 Brilho subadamantino. Usual- Escorodita
verde- mente em cristais piramidais, FeAs04.2H,0
-pálido também terroso. Ortorrõmbiw
Branco. 4%-5 Brilho vítreo e adamantino. SCHEELiTA
amarelo. Maciço e em cristais seme- CaWO.
verde, Ihantes a octaedros. Frequen- Tetragonal
castanho temente associado a o quartw.
Fluorexe.
Amarelo. 3 Brilho adamantino. Usual- WULFENITA
alaranjado, mente em cristais quadrados, PbMoO,
vermelho. tabulares. Também maciço Tetragonal
cinzento. granular. Caracterizado pela
verde cõr e densidade relativa alta.
Incolor, 3% Brilho resinoso. Em prismas Mimetita
amarelo, hexagonais pequenos. As fa- PbjCI(As03.
alaranjado, ces. muitas vêzes, são curvas Hexagonal
castanho produzindo formas em barril.
Em massas granulares. Funde
vagarosamente na chama da
vela.
Branco, 3-5 O principal constituinte da ro- COLOFANA
am:irelo. cha fosfatada. Dificil de ser Ca,(PO.),.H,O
castanho, identificada sem ensaios quí- Amorfa
cinzento micos. Ocorre na forma ma-
ciça.
Usualmente pisolítiw; em grâ- Limxlto
nulos arredondados e massas Uma mistura de hi-
cinzento. terroras. Muitas vezes imvuro. dróxidos de alumínio
630 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO: NÃO-METALICO
ii. Traso incolor.
C. Dureza: > 3, < 5!6.(Não pode ser riscado por uma moeda de cobre;
pode ser riscado pelo canivete).
2. Clivagern indiitinta. (Co>tririuoyão)

Cbr Observacões Nome, Composicao,


Sisierna crisrolino

Verde, Usualmente em prismas hexa- Apstita


azul, gonais com pirâmide. Tam- C;k(F,CI,OH) (l'0.h
violctn. bém maciço. Clivagem baral Hexagonal
castanho, ma.
incolor

Verde, Em cristais hexagonais peque.


castanho, nos. muitas vêzes curvados e
amarelo, com a forma de barril. Os
cinzento cristais podem ser cavernosos.
Muitas vêzes, botrioidais e
globosos.

Amarelo. Caracterlsticamentc em agre- Wavellita


verde. gados globosos, hemisféricos e AIa(OH).(PO.),"
branco, radiados. Clivagem vista rara- .5H,O
castanho mente. Ortorrômbico

Vcrde da Serpenlina
oliva a ver- ashertifome, crisotila. Mg.(Si.O,,)(OH).
d-cscuro, Frequentemente com manchas Monoclinico
verde-ama- verdes na variedade maciça.
relo, branco
-

Verde-ama- 3.9 5% Maciço e em grânulos disse- WILLEMITA


relo, branco, a minados. Raramente em pris- Zn.(SiO.)
azul, 4.2 mas hexagonais. Associado Romboédrico
cinzento. com a zincita vermelha e a
castanho franklinita negra em Frank-
lin. Nova lersey.

Branco. Maciço, ou em grãos incluí- SODALITA


cinzento, dos; raramente em cristais. Na(AISi0,hCI
azul. U m feldspatóide associado h Isométrico
verde nefelina. nunca com o quati-
zo. Clivagem dodecaédrica
ma.

intenso. d o com feldspatóides e pirita


Clivagem dodecaédrica ma.
deado
TABELAS PARA A DETERMINAÇÁO DE MINERAIS 631

BRILHO: NAO-METfiICO
D. Durem: > SK, < 7 (Não pode ser risiado pelo canivete;
pode ser r i x a d o pelo mioenl quarlzn).
1. Clivagem distinta.

Clivagefn Cor d D Observn~óes Nome, Composiçóo


Sistemo cririalino

(010) Branco, 3,35 6%-7 Em cristais tabulares Diásporo


cinzen- a finos. Brilho nacarado HAIO.
to, 1- 345 s6bre a face de cliva- OrtorrÔmbico
vanda- gem. Associado com o
-pálida, esmer i, com a marga-
amare- rita e a clorita.
lado,
esver-
deado

( 0 1 0 ) casta- Comumente em cristais SILLIMANITA


per. nho do prismáticos, delgados e ALSiOs
E
u feita cabelo, longos. Pode ser em Orlorr6mbico
UI vcrde- grupos paralelos, colu-
->
.-
u
-acinzen.
lado
nares oii fibrosos. En-
contrado em rochas
xistosa~.

Em cristais prismáticor Epídoto


-amare- estriados paralelamente Monoclínico
m lado a ao comprimento. En-
verde- contrado em rochas
3 -escuro metamórficas e calcá-
rios cristalinos.

Em agregados lamina- Cianltn


usual- dos com clivagem pa- AISiO*
mente ralela ao comprimen- Triclínico
niair es- to. Pode ser riscado
curo no pelo canivete numa di-
centro reção paralela ao com-
d o cris- primento do cristal,
tal. Podt mas náo em diresáo
ser cin- formando ângulos retos
zento ou com o comprimento.
verde

E {OOI) Branco. 3,O


u
,boa verde- a
.-
- { 100) -pálido 3,l
tos. Encontrado em
má ou azul
pegmalitoi associado
com,, outros minerais
de Iitio.

.Ev {OOI} Incolor, 2,8 5-5:í Usualmente suscetível WOLLASTONITA


boa branco, a de clivagem, macigo a CaSiO.
2 { 100) cinzento 2.9 fibroso. Também com- Triclínico
9 pacto. Associado com
caicário cristalino.
632 MINERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO: NÃO-METALICO
D. Dureza: > 5%. < 7 (Não pode r r riscado pelo nnlvtte;
pode ser riscado p l o mineral quartzo).
I. Clivagem distinta. (Conrinuriçüo)

1
001 1 Branco- 3.25 6-6:i E m cristais s t r i a d o s Clinowisita
100) acinzen- a intensamente. Forma CaALO(SiO.>
tado, 3.37 prismática. TambCm (Si,O,) (OH)
g verde, maciço, colunar e com- Monoclínico
-.m
.-0 roreu pacto. Brilho nacarado
sóbre a clivagem; vítreo
o nas outras f a m .
D
{ 110) Incolor, 2,25 5-5?! Em cristais prismáti- NATROLITA
'% branco cor, as faces de prisma Na,(AISi,Ot0).
a , estriadas verticalmente.
.- .2H,O
D Muitas vêzes em gru- Monoclínico
*
.m pos radiados. Uma zeó-
lita. encontrada forran-
E do cavidades de rochas
igncas.

1001 / Incolor, 2.54 6 Em massas suscetíveis O r t o e M o


o 0 1 0 ) branco, a de clivagem ou em grâ- (Monoclinico)
O
0i cinzento, 2 3 nulos irregulare? como Mliroelinio
o creme, constituintes de rochas. (Triclinico)
O
verme- Pode ser em cristais K (AISi.0,)
2 lho, nos pegmatitos. Deter-
3
m verde minado, com exatidão,
sòmente com o uso do
i
o microscópio. A amam-
nita verde é o mineral
2o. microclinio.

I
'O
001 ) Incolor. 2,62 6 Em massas surcetiveis PligioelBsio
8 0 1 0 ) branco, (al- de clivagem ou em grâ- Várias combinqões
3
ea cinzento, bi- nulos irregulares como de albita,
C azulado. ta) um constituinte de ra- Na (AISiaOs)
6
O
Exibe, a cha. Sôbre a melhor e anortita.
clivagem, ve-se uma Ca(AlSi.Os)
D muitas 2.76
2 vezes, (a- série de estrias parale- Triclinico
E um bo- las finas decorrentes da
,.
8
:g de
nor-
nito id- tita) geminação albita; estas
permitem distingui-lo
E
M
01
cores d o ortocl6sio.
-
>
5 ( 110) Branco, 3,15 6)1-7 Em cristais prismáticos, ESPODUMENIO
o cinzenfo, a achatados, estriados ver- LiAI(Si.Oa)
'O róseo. ticalmente. Também Monoclínico
3,20
S verde maciço, suscetível de
'E clivagem. Variedade
.-L
'O
rósea, kunzita; varieda-
de verde, hiddenita. En-
n contrado em pegmsti-
9 tos. Exibe, frequente-
mente partição { 100)
TABELAS
.-~~- PARA-A
~
~ -D-E T E R M I N A C I O DE MINERAIS
~ ~~
~~
-
633

Nome. Cont~ori(.Cii.
Clii.np<ni Ctir <I D Ol>rcrincUPs
Sisrenlo rririalii!~

%
h
{ II 0 ::Branco. 3.1
a
5-6 E m p r i m a s grossos Gmpo dos P i r o r i -
de req:iii irin*versal nios
verde.
6,
il prCio 3.5 retangiilar. M t i i t a i Essencialmente sili-
$!
vi,zes. em m a s a s calos de magnk-
E I i n g r n a - sio e c i l c i o
rcr. L>iopsidio (in- Monoclinico
s colar, branco. ver-
de), egirina (casta-
%
G.
nho, verde), augi!a
6,
(verde-esctiri, n pre-
-c1 to) súo mineriiis for-
ti madorev dc roch:is.
5 Caracieri7;idos pela
<O
C seçáo tr;in~versal re-
J
E
tnngiilar e pela cli-
vagem.
E
...
ô
-
-.-5
0
{ 110) C : i ~ l a - 3.2 5;; Crist;iis u ~ l l n l m e n t e E N S T A T I T A
u nh* a prism;iticof. n i a i ra- Mg2(Si?0,,)
.D
-:icin- 3.5 r o 3 . Comilmenie Orlorri>nihico
ú. mntndo. maciqo. fibr<so. la-
2
.- verde. melar. O ferro pode
J
.,. ci*ta-
n h o do
siibsiituir <i M g c
o minerol torn:i-se
C hronzr. mais e\ci~ro.
-preto
& Verme-
I
3 . 3 5!4-6 D i a g n o ~ i i c a d o pela Rodomlti
(110)
o Iho-ro- n c6r. Usiinlmente ma- \fn(SiOl)
0 0
il Di sndo. 3.70 c i ~ o : massas s~isce- Triclinico
84 r6cco. tíveis de clivagcni a
rn\t:i- compacto: c m gra.
$:=
,m
nho nulos incliiidos: em
grandes crist;iis mal-
E m formado< c o m ares-
E_" $2 ia$ ~ i r r e c l o n d ~ t d : ~ ~ .
-.-" .
.>

U
il { 110) urnnco, 3.0 5-6 Cristsiis upilalmente Gmpo dm Anfibó-
m .? vcrde. a f i h r a i i i ~ . arhestifor- lios
u mes. delgados. T l e - Esrencialmenie sili-
40L
. 2 prho 3.3
molitn hranco. cin- ratos de mapné-
.-
-C1
6,
zento. viulera) e ac- sio e c i l c i o
O
.4 t i n o l i t : ~ (verde) são Monoclinico
z .?
ComiinF em rochas
6 +! metamúrficas. H o r n -
blenda e nrfvcdso-
õ niia (verde-escurci a
3
M
E
prEto) s.50 comuns
<m em rochas ígnean. O
E grupo é caracieriza-
0, d o pelo ângulo de
clivagem amplo.
BRILHO: NÃO-METALICO
b. Durem: > 5)í. < 7 (Não pode ser riscado pelo canivete;
pode ser riscado pelo mineral quartzo).
1. Clivngem dislinta. (Continu<lp7o)

Clii.agenz I
I
Cor
I 1 I
I
d
I
D
I
ObservacdPs

I
Nome. ComposirEii,
Sisrerna crisrnlirin

f .%- -"
2 % { 110) Cinzen- 2,85 55-6 Um anfibólio. Cris- Antofilita
to. casta- a tais distintos são ra- (Mg,Feh(SiaOn)
2 E U nho d o 3.2 ros. Comumente em (OH),
4 1
U

- 2-
- $
4
'm
9-1
( é Gi I I
I cravo- /
-da-india,/
verde
I
I
Iagregados e maciço~OrtorrÓmbico
Ifibroso.

U
Y j '

u7
i0 { 110) Casta- 3,4 5.5% Brilho adamantino Tltnnlta
E nho, cin- a e resinoso. Em cris- (Espênio)

-
3
?"
111
zento,
verde,
amarelo
335 tais conformados em CaTiO(Si0.)
cunha fina e arestas Monoclínico
nítidas. Clivagem
prismática vista ra-
ramente.

.a 6 { 110 1 Azul, 2.15 34-6 M a c i ~ oou em grâ- SODALITA


to u .? cinzen- a nulos incluídos; ra- N&AI.Si,O,,CI
$$ to, bran- 2.3 ramente em cristais. Isométrico
.k ,2 ~U c'o, verde Um feldrpatóide as-
0-í; 0
." * 3 sociado com a ne-
felina e nunca com
91.00 o quartzo.
2. Clivapmi indisiinta

C6r d D Observnçóes Nome, Composi~do,


Sisremo crisralino
2.26 7 Ocorre na forma de pequenos Tridimita
Incolor cristais em cavidades de ro- SiO.
chas vulcânicas. Difícil de ser Pseudo-hexagonal
determinado sem o auxilio
botico.
~

2,27 5.5% Usualmente em trapezwdros ANALCIMA


de brilho vítreo. Uma zeólita, Na(AISi,O.)H,O
enconivoda revestindo cavida- Isom~trico
Incolor des em rochas ígneas.
OU
branco 2.32 7 Ocorre em agregados esféricos
em rochas vulcânicas. Difícil
de ser determinado sem o au-
~ í l i oóptico.
Incolor, 1,9 Fratura concóide. A opala
5.6 Opla
amarelo, a preciosa exibe jogo de córes SiO.. nH.0
vermelho, 2.2 interno. A densidade relativa Amorfa
castanho. e a dureza s.50 menores do
verde. que as do quartzo de granu-
cinzento, azu lacáo fina.
L '
Em cristais trapezddricos in- Lcuciti
Cinzento, 2,45 5!i-6 cluídos em rocha ignea escura. K(AISi.0.)
branco, a Não reveste as cavidades co- Pseudo-isomCtrico
incolor 2,SO mo a analcima.
r
TABELAS PARA A DIXERMINAÇAO DE MINERAI. v-.
1
I
I

talactíticar e reniformes.
..... .ERALOGIA
---- DETERMINATIVA

BRILHO : NÃO-METhLICO
D. Dureza: > 5%. < 7 (Nào pode ser riscado pelo canivete;
pode ser rlseado pelo mineral quartw).
2. Clivagern indistinta.
P, C O I I Z ~ < D ~ Ç ~ O .
I 1 .xalema ciisloliiio
5% I Macico e em erânulos disse- i WII.I.EMITA

to, castanho com a zincita vermelha e a


franklinita preta em Frank-
lin. Nova Jersey.

violeta,
r6seo
feita paralela ao comprimento.
das fibras. Lembra a titrmali-
na. Clivacem 4 100 1 nii.
65-7 Usii;ilmentc soh 8 forma de Olivina
gránulos disseminadoc em ro- (hlg,Fe),(SiO,)
char ignear hjsicas. Pode ser Ortorròmbico
castanho m a c i ~ ogranular.
7-75 Em cri\taiç prismáticos. delgn- Turmalina
---dop.
- com F C C ~ O trnnsversal Romboédrico
triangiilar. Os cristais rodem
azul, ver- ocorrer em gnlpcx radi~dos.
melho, Encontrado, de ordinário, em
r6seo. pegmafitos. O de cor preta é
branco o mais comum. os de outras
côres associam-se a minerais
I I
-- ....-.
de lifio
I
Verde. 335 6% Em cristais prismáticos qua- IDOCRASIO
castanho, a drados. ertriados verticalmen- (Vesuvianita)
amarelo. 4.45 te. Muitas vezes colunar e ma- Tetragonal
crço granular. Encontrado em
vermelho calcários cristalinos.
Castanho d o 3.27 6%-7 Em cristaii conformado? em AXINITA
cravo-da-in- a cunha. com a r e ~ t a s nítidas. Ca.(Fe.Mn)AI,(BO,)
dia. cinzen- 3,35 Também lamelar. -fSi,O,,)(OH)
to. verde, Triclínico
amarelo
Em cristais prismáticos: co- ESTAUROLITA
-vermelho a mumente em geminados por Fe:AI.(SiO,b(OH).
nenetrac5o. cri~ciformes.Fre- Ortorrômbico
lanhado qüentemenfe alterado na su-
nerfície tomando-se mais mo-
le. Encontrado em xistos.
Cristais prismáticos com se- Andaluzita
-avermelha- cão tranrvcrsnl quase quadra- AI,SiO.
da. SecOec transversais podem OrtorrGmbico
da carne, exihir uma cruz preta (quias-
verde-oliva tolita). Pode alterar-se em mi-
ca tornando-se mais mole. En-
contrado em xistos.
TABELAS
.-. ~ ~
PARA A DETERMINACÁO DE MINERAIS
p p p ~ p~
637

C6r I d l D I Obscrvoções
Nunie, Composição,
Sisrenio crirralino

Castanho. 3.4 5.5% Brilho adamantino a resinoao. Titanlta


cinzento, 3 Em cristais configurados em IEhf~nio)
verde. 3.55 ciinhas finar e areatas nítidas. C;ll'iOtSiO,)
:)marelo Clivagem prismitica vista ra- Monoclinico
ramenlr.

Castanho- 5.0 5-5;: Em cristais isolados, granulnr. Monazita


-amarelado a Encontrado, de ordinário. em íCe,La.Di) POi
a castanho- 5.3 pegmatitos. Monoclínico
-avermclhado

Castanho 6.8 6.7 Raramente em cristair prismd- Cassiterila


a pri.10 a ticos. geminados. Fibroso, eri- SnO:
7,1 be superfície reniformc. Grj- Tetragonal
nitlos rolados. Usualnicnte,
produz um fraco castanho-rla.
ro.

Castanho- 4.18 6.6% Em cristais pri\málicos eslria- Rutílio


-avermelhada a dos verticalmente: muitas vê- Ti01
a préto 4.25 ies acicular delgado. Cri~tais Telragonal
freqiienlcmente geminados.
Uni constituinte d a s ureiar
pretas.

Castanho 3.5 5%-6 Cristais m:iita\ vêzer tabula- Allanita


a preto d o a r ~ \ .Maciço r em in- Monoclínico
piche 1.2 cluídos. Um mineral acessbrio
de rochas ígneas.

Azul, r a r a T i ; 7.7:; Em grânulos incluídos e Cordierita


mente inco- maciço. assemelhando-se a<i hIg?Ali(AISiOi.)
lor qiinrtro. Comumente alterado Ortorr6mbico
e laniinado: nestas condiçócs IPsrtido-hexagoiial)
é mais mole d o que a lâmina
de um canivete.

' intenso.

deado ?-
5.5% Usualmente m a c i ~ o . Associa-
do com feldrpatóides e pirita.
Clivagem dodecaédrica má.
LAZUKITA
íNa.Ca),(AISiO,l,
SO,,S.CI)
Isométrico

branco,
1
5.5%

-
Usualmente em crirtais ~ i r a - I-AZULITA
midais, que permilem distin- MBAI:IOH)~(PO.)~
giii-lo d;i lazurita maciça. Um Monoclinico
mineral raro.

5 x 4 M a c i ~ oou em grânulos incluí-


dos: raramente cni cristais.
SODALI'TA
Nal(AISiO.).CI
Um feldspatdide associado I\oniétrico
com a nefelina. nunca com o
qiiartro. Ciivagem dodecdGdri-
ca m i .
638 ..... 4ERALOGIA DETERMINATIVA

BRILHO: NAO-METhLICO
IL Trayo incolor.
E. D u r e m > 7. (Não pode ser riscado pelo mineral quartzo).
1. Clivagem distinta.

Ciiviigini I C6r 1 1 D 1 1 Nome. Composi$ão.


O b s e r v a ~ ~ ~ s sis,e,,,o

(001 } Incolor. 3.4 8 Usualmente em cris- Topázio


amarelo, a tais, também gra- AI,(SiO+)(F,OHb
róseo, 3,6 nular. de grãos fi- Ortorrômbico
azulado, nos a grossos. En-
rsver- contrado em p g -
8w2 uE deado matitos.
k! cp
"A (0101 Castanho, 3.23 6.7 Comumente em cris- SII.I.IMANITA
a cinzento, tais prismáticos coni- AlnSiO;
52 cinzento-
-rsver-
pridos e delgados.
Pode ocorrer em
Ortorrômbico
deado grupos paralelos, co-
lunares ou fibrosos.
Encontrado em ro-
chas xistosas.

{110/ Branco, 3,IJ 6%-7 Em cristais prismá- ESPODUMENIO


cinzento, a ticos achatados, es- LiAI(Si.Oa)
rbseo, 3,20 triados verticalmen- Monoclinico
m
>O E verde te. Tambim maciço,
suscetível de cliva-
.-g $ gem. Variedade ró-
v .z %a, kunzita; verde,
/O
hiddenita. Encontra-
do e m pegmatitos.
Mostra, frequente.
mente, p a r t i ç ã o
{ 100 / boa.

010) Incoior, 3,09' 8 Comumente em cris- Lawsonita


1110) azul- tais tabulares ou CaAlo(Si,O,)(OHh
Yi
'0
0 -pálido, prismáticos. Encon- Ortorrômbico
cs
.* ,
cinzento trado em xistos.

tg E (111} Incolor, 3,5 10 Brilho adamanlino. Diamante


L? & amarelo,
vermelho,
Em cristais octaé- C
Ü ,? dricas, frequente- Isométrico
-2
O U
5
3
.o
azul,
prèto
mente geminados.
As faces podem ser
cuwas.
n
Nenhuma Incolor. 3.95 9 Brilho adamantino a Coríndon
clivagem. cinzento, a vítreo. Fragmentos AI,O.
Partis50 azul. 4,1 de partição podem Romboédrico
romboé- vermelho, exibir forma aproxi-
drica. e amarelo, madamente cúbica.
basul castanho, Em cristais que
verde lembram barris, tos-
cos.
TABL-rir r n n r r JETERMINACÁO
- -- DE-MINERAIS
. OJY

2. Clivagern indistinta.

Os cristais mostram, usual- Quartzo


mente. um prisma ectriado ho- SiO,
enfumaçado, rizontalmente, com pirimide. Romhoédrico
ametiçta
Várias ou-
tras cores
quando im-

Em cristais prismáticos seme- Danbiirita


Ihantes a o topário: distin- Ca(B,Si.O.)
amarelo- puem-se dele pela auséncia de Ortorr6mbico
-pálido ciivagem. Também em massas
irregulares c criçtais indistin-
tos. Um mineral raro.
Branco. 2.97 Em cristais romboédricos pe- Fenacita
incolor a qiienos. Um mineral raro. BelSiO,)
3.O Romboédrico
--

Braneo e , 3.95 Brilho adnmantino a vítreo. Coríndon


pràticamen- a Fragmentos d e . particio po- AI,Oi
te. qualquer 4.1 dem exibir forma aproxima- Romboédrico
outra cUr damente cúbica. Em cristais
-que lembram- barris.-.toscos.
Vermelho, 3,6 Em octaedros; peminayzo é Espinélio
préto, a comum. Associado com cal. MgAI,O.
lavanda, 4,O cárias cri~talinos. Isométrico
aNI.
verde.
caitanho
Verde-ani- 2.75 Comumente em prismas hexa- Berllo
lado. verde, a zonair terminado- pela haqe: Be,AI,íSi.O,.)
amarelo. 2.8 faces de pirsmide súo raras. Hexagonal
rbceo, Grandes cristztis em algunc lu-
cadanho parei. Clivngem basal má.
Verde-arna- 3.65 Em cristais tabulares frcqüen- CRISOBERILO
relado a a temente em gcrninados pseir- BcAI:O,
verde- 3.8 do-hexngon:iis. Encontrado em Ortorr6mhico
-rvneralda pegmatito~.
Verde, 3,O Em cristais prismáticos. dei. Turrnillaa
castanho, a gados c secúo transversal tri- Romboédrico
~~LII. 3.25 angular. O$ crictnis podem
vermelho, ronstitiiir priipns radiador.
róçco. Encontrado. de ordinário. em
branco, pegmalitor. A cór preta 6 a
préto mais comum. outra? cores as-
sociadas a minerni? de lilio.
Verde. M a c i ~ n . compacto densamen- Isdeíta
cinzento, te. Clivapem prismática m á NaAIfSi,O.)
branco formando ingiilm de aproxi- Monoclínico
madamente 90". Um piroxê-
nio.
64C ....
NERALOGIA
.- --
. --. DETERMINATIVA
. - --

BRILHO : NÁO-METALICO
11. Traço incolor.
E. Dureza: > 7. (Náo pode ser riscado pelo mineral quartzo).
2. Clivueern indirlii,ta.

Verde-oliva 13.27 1 6!:.--7 / Usualmente em grânulos dis- / Olivina

i7
seminados nas rochas ipneaa (Mp.Fel,(Si06)
básicas. Pode ocorrer soh a Ortorrirmhico
castanho forma maciça granular.
Verde, 3,35 6:: Em cristais prismiticos. qua- IDOCRÁSIO
castanho, a dradus, estriados verticalmen- (Vesuvianita)
amarelo, 3,45 te. Militas vézes colunar e Tctragonal
azul. maciço granular. Encontrado
Verde-escuro 4.55
vermelho 7;;-8 em calcários cristalino^.
Usualmente

Castanho- 6,8 6-7


-avermelhado a
a preto 7.1
nulos rolados. Usualmente
produz fraco castanhoclaro.
Castanho- 3.16 1 7;; Cristais prismáticos com s e r i o Andaluzita
-avermelhado. a transvenal aproximadamente Al;SiO;
vermelho 3,20 quadrada. S e ~ ó e stranwersair Ortorr6mbico
da carne. podem exibir uma cruz preta
verde-oliva (qiiiastolita). Pode alterar-se
em mica. tornando-se mais
mole. Encontrado em xistos.

cravoda-ín-
dia. verde.
amarelo.
I :, /
Castanho d o 3,27

I-'.. I
6%-7 Em cristais configuradns em AXINITA

I
cunhas finas e areqta3 nítidas. CaJ(Fe.Mn)A,I(BO,)-
Também lamelar. íSi.O,,iíOHl
I Triclínico
cinzento

-acastanhado qiientemente alterado na su-


perfície, tornando-se mais mo-
le. Encontrado em xistos.
Castanho
vermclho~ /4'6s
cinzento.
I
1I '* Usualmente em prismas pe-
quenoq truncado? pela pirâ-
mide. Um mineral aceisório
Zlreio
ZrSiO,
Tetra~onal
verde, '
incolor
~ - ~ ~ .
/ d a s rochas igneas.
I

---T-
~~

Usualmente 3.5 6!:-7!1 U~rialmente em dodecaedros Granada


castanho a a ou trapezoedros. ou na com- A,R,(SxO.b
vermelho. 4,3 binagáo dos doir. Um mineral Isométrico
Também acess6rio em rochas ígneas e
amarelo, . pegmatitos. Comumente em
verde, r h e o rochas metamórficas. Como
I I 1 areia. I
MINERAIS
. . -
~~~
DE ACORDO COM A DENSIDADE CRESCENTE "-,

C. MINERAIS ARRANJADOS D E ACORDO COM A


DENSIDADE RELATIVA CRESCENTE
1

d Nome d Norne d Nomt

0,917 i Gêlo 2.6-2.79 3.0-3.1 Lamlila


1.6 i Carnallita 3,O-3.2 Magnesila
1.7 Rónx 2.55-2.65 Nebelina 3.0-3.1 M:irgarita
1.75 Epsomita 2.6.2.63 1 Caolimitn 3.0-3.25 Turmalina
1.95
1.96
1.99
1 Kernita
Ukx,
I Silvita
2.62
2.60-2.66
2.58-2.68
I~lbila

i
Cordierita
' . ' '.
!Vividnita
3.0-3.3
3.09
3,l-3.2
Tremolita
I.;iwionita
Aiitilnit:i
2.65 Oligoiláslo 3.1-3.2 Condrodita
2.0.2.19 ?,h5 Quartzo 3.15-3,20 Apatita
2.69 Andcrina 3.15-3,20 Espodumênio
2,0-2.55 Banxito 2.6-2.8 Alilnita 3.16-3.20 Andaluzita
2.0-2,4 Crisocola 2.6-2.8 Tiirqiiesn 3.18 Fluorita
2.0 Sepiolita Labr~dorila

/
2.05-2.09 Enrufre 2.65-2.74 Ewapollta 3.2-339
2,i)5-2.15 Cabazita 2.72 Calcita
1.9-2.2 Opala 2.6-2.9 Clorita 3.1-3.3 Escorodita
2'71 3.2 Hornblenda
2.09.2.14 Nitro
2.1-2.2 Estilbiln 2.62-2.76 Plagiorlêsio 3.23 Sillimanitn
2.16 Halila 2.6-2.9 Colofana 3.2-3,3 Il>iopsidio
2.12-2.30 Calcantita 2.74 Rytownita 3.2-3.4 Augita
2.18.2.20 Heulandita 2.7-2.8 Pectolita 3.25-3.37 Clin<izoisita
2.7-2.8 Talco 3.26-3.36 Diarnorticrita
2.2-2.39 1.70-2.85 Glniiherita 3.27-3.35 Axinita
2.76 Anoriita 3.27-4.37 Olivina
2.12-2.30 Cnlcantita 2.75-2.8 Rerilo 3.2-3.5 Endatiln
2.0-2.4 Crisocola 2.78 P<iii:iiita
2.2-2.65 Serpentin~ 3.4.3.59
2.25 Nstr6lita 2,s-2.99
2.26 ' Tridiniii;! 3.27- 4.27 Olivina
2.27 Analrimn 2.6-2.9 \Colofana 3.3-3.5 Jadeíta
2.29 Nitro de sódio 2.8-2.9 Pirnfilita 3.35-3.45 Diásporn
2.30 Crirtohnlita 2.8-2.9 Wollastonitn 3.35-3.45 Fpidoto
2.30 Sodnlita 2.85 Dolomita 3.35-3.45 Idoirário
2.3 Grafita 2.86 Flo~onita 3.4-3.5 Hcmimoriita
2.32 Gipso 2.76-3.1 lfmrovita 3.45 Arfvedwnita
2.33 i Wovellita 2.8-2.95 Prehnita 3.40-3.55 Egiritn
2.3-2.4 !
Apnfilita ?.R-3.0
2.8-3.0
Dntolit~ 3.4.3.55
3.4%
Titrnita
Realgar
2.39 : Rnirita 1,epidolila
2.89-2.98 Anidrita 3.42-3.56 Trifilitn
2.4-2.59 2.9-3.0 Rorncita 3.49 Diiro-pigmento
2.95 Araeonita 3.4-3.6 Topázio
2,0-2.55 1 Rauxito 2.95 Eritritn 3.5 Diamante
2.2-2.65 i Semcntina 2.8-3.2 Riotita 3.45-3.60 Rodorro~ita
2.42 I Colemanlta 2.95-3.0 Criolita 3.5-4.3 Ci~inadn
2.42 Pctalitn 2.97-3.00 Fenncita
2.4-2.45 1 1,amrita 3.6-3,79
2.45-2.50 I I x u r i t a 3,O-3,19
2.2-2.8 Gnrnierita 3.27-4.37 Olivina
2.54.2.57 Mirrorlinio 2.97-3.02 Danhurita 3.51,? Allanita
2,57 0rtoil:ísio 2.85-3,2 Antofilita 3.54.3 Gmnada
3.0-3.1 Amhll~onlta 3.6-4.0 Espinblio
642 MINERALOGIA DETERMINATIVA

d Noine d Nome d Nome

3.56-3.66 Cianita 4,6 Cromita 5,85 Pimgirita


3.58-3.70 Rodonila 4,58-4,65 PimHta
3.65-3.75 Fntaurolita 4.7 Ilmedta 6.0-6.49
3,7 Estroncianita 4.75 Piroinsita
3.65-3.8 Criroberilo 4.6-4.76 Covellita 5,9-6.1 Crocoíta
3,75-3.77 A1nc;rmit:i 4,62-4.73 Molibdedh 5,9-6.1 kheelit.
3.77 Amrita 4.68 Zircão 6,O Cuprita
6.07 Ancwpirii
3,8-3,99 4.8-4.99 6.0-6,2 Palibasita
6.2.6.3 Estefanita
3.7-4,7 Psilomclana 6.2.6.4 Aoglesit.
3.6-4.0 Espinélio 4.6-5,O Pentlandita 5.3-7,) Coiumbita
3.6-4.0 1-imonita 4.6-5.1 Tetraedrita- 6,33 Cobaltits
3.83-3.88 Siderita Tennantita
3,s-4.2 Allanita 4,89 Marcassita 6,s-6,99
33-4.3 Granada 4.9 Greenockita
3.9 Antlerita 6.5 Shttmdih
3.9-4.03 Malaquita 5.0-5.19 6.55 Cemsita
3.95-3.97 Celerlita 5.02 Pirit. 6,78 Birmutinita
4.8-5.3 HemaHta 6,s-7.1 Piromorfita
4.0-4,19 5.06-5.08 Bomiti 6.8 Wulfenita
6,7-7.1 Vanadinita
3.9-4.1 Edalerita 5.15 Fnnklinita 6,8-7,L Casiterita
4.02 Corindon 5.0-5,3 Monazita
3.9-4.2 Willemitn 5.18 MapneHta 7,&7,49

4.2-4.39 7,O-7,2 Mimetita


5.2-5.39 7,0-7.5 Wolfnmita
4.1-4.3 CalcopiriiS 7,3 Argeritita
3.7-4.7 Psilomelan8 5.4-5.59
4,18-4.25 RuHiio 7,s-1,99
4.3 Mauganita
4.3 Witheritn 5.5 Millerita 7.4-7.6 Gdena
4.37 Goethita 5.5-c Cemirih 7.3.7.9 Ferro
4,354.40 Smitbsonlh 5.55 honstita 7,78 Nicollb

4-4-4.59 S,6-5.79 > 8.0

4,4 Estanita 5.5-5.8 Caicoeiia 8,O-8,2 Silvanita


4.43445 Enarlita 5.68 Zincit. 8,lO Cinúhrio
4,5 BarHa 5.7 Arsénico 8,9 Cobre
4.55 Gahnita 5,5-6,0 Jamesonita 9,O-9,7 Uraninita
4,52-4,62 Estibnita 5,3-7.3 Columbita 9,35 Calaverita
9.8 Bismuto
4.6-4.79 5.8-5.99 10.5 Prata
15,0-19,3 Ouro
3.74.7 Psilomelsm 5,s-5.9 Bournonita 14-19 Platina
A Anidrita. 580
rochá rica em, 580
Abrasivos, minerais usados em, 594 Ánion, definiçks de, 10
Acatassolamento (Chatoyancy), 173 Anisodésmico. definiçáo de, 21
Acicular, cristal, 116 Anortosito, 571
Aglomerados, 576 Antimonio, minérios de, 595
Agregado bandado, 118 usos do. 282
botrioidal, 117 ~ n t i p e r t i t a ,540
'
colafórmico, 117 Aparelhos cientificos, minerais iisados
colunar, 117 em. 594
concêntrico, 118 ópticos, minerais usados em, 594
dendritico, 116 Araganita, estrutura da, 357
divergente, 116 gmpo da, 359
drusiforme, 116 Arcózio, 579
em lâminas, 117 Ardósia, 585
estrelado, 117 Arenito, 579
fibroso, 117 Argilas, minerais das, 506
glabular, 117 Argiloso, calcário, 581
granular, 118 Arseniatas. 402
lamelar, 117 Arsênico, minérios de, 595
laminado, 117 usos do, 291
maciço, 118 Asbesto, 510
mamilar, 117 Associaçáo de minerais, 565
micáceo, 118 Asterismo, 173
colítico, 118 ASTM, ficha. 151
pisolitico, 118 Átomo, dcfiniç5o de, 186
plumoso, 118 Aventurina, 549
radiado, 117
reniforme, 117
reticulado, 116
tabular, 117
Agregados cristalinos, 109 Balançn de Berman, 167
Água-marinha, 465 de braço, 168
Alabastro, 398 Basalto, 575
Albita, geminado da, 116 Baveno, geminado de, 115, 116
Alotropia, 184 Biaxiais. cristais. 179
Alteração dos minerais de veios, 589
Alume, 402
Alumínio, minérios de, 595
usos do, 342 tctragonal, 92
Amaronitn. 544 Biesfenóide, 89
Amigdalóide. 118 definiçno de, 31
Amnrfo, definiçáo de, 5 rumbico, 97
Andesito, 575 tetraganal, 92
Anédrica, definiçzo de, 5 Biotita çnaisse, 594
Anfibólios, família dos, 487 Bipirnmidais, minerais râmbicos, 97
Angulos das formas isométricas, 64 Bipiramidal-tetrsgonal, cl:isse, 90
Anguli~sdo3,cristais, 45 Hipiramidal-trigonal, classe, 73
interfaciais, lei d a constância dos, Bipir:imide, definiçáo de, 31
13 di-hexagonal, 69
INDICE

ditetragonal, 85 Ciclossilicatos, 461


hexagonal, 67, 71 Cimento Portland, 364
ortorrômbica, 97 Cinza vulcânica, 576
rômbica. 97 Circulo máximo, definição de, 37
tetragonal, 84 Círculos menores, definição de, 37
trigonal, 73 Classes cristalinas, 47
Bismuto, minérios de, 595 de simetria, 22
usos do. 249 Clinográficas, projeções, 35
Boratos. 382 Clivagem, 13, 157
Bort, 255 ardosiana, 585
Braçil, geminado segundo a lei do, 113 Cloraçáo, processo de, 240
Bravais, lei de, 12 Clorita, grupo da, 520
Brilho, 170 xisto, 584
adamantino, 171 Cobalto. minérios de. 595
gorduroso, 171 usos do, 287
metálico, 170 Cobre, minérios de, 596
nacarado, 171 usos do, 245
náo-metálico, 170 Coleção de minerais, 597
resinoso, 171 Coloidais, minerais, 218
sedoso, 171 Colorações da chama, 230
submetálico, 170 Composiçáo, plano de, 110
vítreo, 171 superfície de, 110
Bromofórmio, 169 Concóide, fratura, 160
Brucita, fôlha da, 492 Concreção, 118
Condutibilidade elétrica, 16
Cones de difraçáo, 144
Conglomerado, 579
Contato, rochas de metamorfismo de,
Cadeia, estruturas em, 472 ,C
">* <
Cádmio, minérios de, 595 Coolidge, tubo de, 136
usos do, 273 Coordenação nos silicatos, 428
Cal, 363 princípio da, 203
Cal viva (CaO), 363 Coordenadas angulares, 36
Calcário. 363. 581 Coquina, 581
Calcário argiloso, 581 Cdr, 171
oolitico, 580 Corrosão. ensaios de, 232
Calcita. estrutura da, 355 Covalente, ligação, 198
grupo da, 359 Crescimento, velocidade, 61
silícicas, 363 Criptocristalino, definisão de, 5
Cálculo das relações axiais, 122 Cristais heterodésmicos, 194
Camada nível, 144 malformados, 34
Chrnara de . w.. 147
química dos, 182
de rotação, 141 Cristal capilar, 116
Caolim, 507 definiçáo de, 4
de rocha. 529
Caparrosas (sulfato ferroso), 287
em lâminas, 116
Carbonado. 255
filiforme, 116
carbonatos', 355
Cristalinas, classes, 47
Cxrbono, diagrama de fase do, 254 Cristalino, definisão de, 5
Carlsbad, geminado de, 115, 116 Cristalização, 5
Carvão vegetal, bloco de, 224 Cristalografia, 4
Cátion, definição de, 9 usos dos raios X na, 133
Cela unitária, 9 Cristalagráfica, zona, 33
Centro de simetria, 19 Cristalográficos, eixos, 23
Cerâmica, minerais usados na, 594 índices, 27
Chama, ensaio da, 231 Cristaloquímica, 182
oxidante, 224 Cromatos, 387
redutora, 224 Cromo, minérios de, 596
Chumbo, minérios de, 595 usos do, 333
usos do, 267 Cruz de ferro, 284
Cianetação, processo de, 240 Cubo, 51
Eixos cristalogrificos, 23
Eixos dos crirtaic hexagonai?. h5
Dacito, 575 El5rtico. definiyáo de, 163
Delfinndo, geminado do. 114 Elementar, nhiindincia doi, 192
DeltGide, dodccaedro, 59 de simetria, 20
Densidade. 163 nativos, 236
relativj, I 6 3 quimicos, 190
cálculo da. 169 Elétricai, proprieclndes, 179
minerais relacionados segiindo a, Fletromagnético, erpeciro, 135
641 Fletronegntividade d < >clemcni~iç.
~ 201
Dep6silos de caverna. 362 Eleirost5tica, Iigaçiio, 195
d e substituiçFio, 588 valència, 211
epitermais, 589 Embaçamenlo, 172
hipoterm;iis, 588 Enriqueçimcnio secundhrio. 590
meiotermais, 589 Ensaio? com a pérola, 231
Diabásio. 571 Ensnios com a pérola de h6r:ix. 232
Diafaneidade, 175 Ensaias com o tiiho aberto, 227, 228
Di:itérni;in:i, 345 Ensaios com o tilbo fechado, 229
Diatomito, 536, 582 Ensaios, método\ de, 220
Dicroísmo. 173 Epidoto, grupo do, 456
Difraçáo, cones de, 144 Eqii:ição de Brngg. dediiç.3~da, 138
DifraiGmetro. raias X, 152 E\c;tla de d i ~ r c z i .I61
Di-hexagonal-bipiramidal. classe, 6 6 dc fusibilidade, 223
Di-hexagonal, b i p i r h i d e . 69 Esc;ilcnoédricn-tetragonal,clacse, 88
Di-hcxagonal-piramid:i1. clnsse. 70 Escalenoedro. defini$;io de, 31
Di-herae<inal. pir:imide, 70 he~ng>n:!l. 76
67 - tctragonal, 90
Dimorfos. 184 Escapolita, grupo da, 556
Dioctnédrica. fôlhn, 495 E~fenoédrica. classe, 104
Diorito. 571 Esfenoedro, 104
gnnissc. 584 defini550 de. 31
Diploédrics, classe, 60 EsfCrics, projeç50, 36
Dir>loédricos. minerais, 6 3 Esmalte, minerais usados no, 594
~ < ~ l o e d r 61
o, Esmer;ilda, 465
Ditetrngonal-bipiramidal, classe, 83 Esmeril, 310, 331
Ditetrngonal, bipirimide, 85 E\pato cetinado, 398
Ditetrasonal-piramidal, clasie, 87 Espectro eletromagnético, 135
Diletrneonal, prisma, 84 linear, 137
Ditrigonnl-bipirnmidal, classe, 71 Ertalactii4ca, forma. 118
Ditrigonal-piramidal, classe, 79 Estanho, minérios de. 596
Dilriponal, pirâmide. 79, 87 usos do, 322
Divisão hexaponal. 66 Estaurolit;~xisto. 584
Dodecaedro, 5 2 Estereográfica, projeçáo, 38
deltóide. 59 rêdc, 43
pentngonal, 61 Estnitura rlos cristais. 7
Dolomiliça, rocha, 582 Estniiitra, tipo de, 209
Dolomitizn~50, 582 Estr~iturasem nnel, 462
Domátic;i. classe. 105 em folha. 492
Donio. 104 Euédrico, definiçso de, 5
definicúo d e 31 Evnporiiog. 5 8 0
D a m o i s:;linui, 346 Exsoluçiio, 21 6
Dunito, 571
Diipln refrnç50, 177
Dureza. 161
eccaln de, 161
Dúctil, dcfiniçáo de, 163 Feldcpntóide, gritpo ilo, 551
Feld~pntos, grupo dos, 536
E Fel\ito. 573
Ferro, minérinc de, 596
Eixo de inversão rotatória, 19 usos do, 315
Eixo de rntaç50, 18 Ferromanganês. 320
Eixo d o geminado, 110 Feriilizantes, minerais usados em, 594
Filossilicatos, 492 Giroédrica (Icositetraédrica-pentago-
Fio de platina, 231 nal), classei 56
Flexivcl, definiçáo de, 163 Giroedro, 56
Flos ferri, 373 Giz. 361, 581
Fluorcscência, 173 Glauber, sal de, 389
Fluxo de bismuto, 225 Gnaisse, 584
Fluxos, minerais usados em, 594 Gnr>mónica, projeção, 39
Fôlha da eibbsita, 495 Goniômetro, 46
de Flandrcs, 322 de contato, 46
dioctaédrica, 495 por reflexão, 46
Folhelho, 580 Gossan, 285, 326, 591
FonGlito, 574 Granada xisto, 584
Fôrça de ligaçiio, 197 Granito, 569
Forma, 28 Granito gnaisse, 584
aberta, 29 Granito gráfico, 544, 577
cristalina, 28 Granito pegmatito, 577
doi cristais, 28 Granodiorito, 569
fechada, 29 Grupo espacial, 20
geral, 29
Formas especiais, 29
Fvrmula química, dedução da. 219 H
Fosbitada, rocha, 407
Fosb$tos, 402 Hibifo, 28
Fosforesctncia, 173 dos cristais, 28, 34, 116
Hauy, 13
Fotografia por rotaçáo. 142
Hermnnn-Mauçuin, símbolos de, 20
Fragmentad:ic, roch:is içne;is. 576
Heterodésmicos, cristais, 194
Frsturn. 160
Hexaedro, 51
concbi<lc. 160 Hexagonal-bipiramidal, classe, 71
estilhaçada. 160 Hexagonal-bipirâmide, 67, 71
fibrosa, 160 Hexagonal-escalenoédrica, classe, 74
scrrilh:,d;i. 160 Hexaponnl-piramidal, classe, 72
Fusio pelo niaçarico, 222
Hexagonal, pirâmide, 71
Fusibilidade, escala de, 224
prisma, 67
sistema, 64
Hexagonal-trapezoédrica. classe, 69
Hexaoctaédrica, classe, 49
- .~..., - , . Hexaocta~dricos.minerais, 56
Geiserita, 536, 581 Hexaoctaedro, 55
Gemalógico, minerais de interésse. Hexatetraéclrica. classe 57
Geminado, centro do. 110 Hexatetraedro, 59
ciclico, 111 Hidróxidos, 303
d o cspinélio, 112 Hipógenos, minerais. 589
d o periclinid, 116 Homomorfisnio, 217
eixo do, 110 Hornblenda gnaise, 584
lei do, 110 xirto, 584
plano do, 110 Hornblenditn. 571
Geminados de contato, 110 Hornfels, 586
Geminador, cristais, 110
Geminados hexagonais, 113
isométricos, 112
monoclinicos, 116 Imií natural. 332
múltiplos, 11 1
ortorrómbicos, 115 fndices cristalugráficos, 27
~olissintéticos. 11 1 Indices racionais. lei dos. 28
por pnetração, 110
repetidos, 111 Instrilmentos, maçarico, 220
tctragonais, 114 InversZo rotatbi-ia. eixo de, 19
triclínicos, 116 íon, definição de, 9
Geodo, 118 Iônica, ligação, 194
Gibbsita, fólha da, 495 Iridescência, 172
Ciipso. rocha, 580 Isodésmico, definiçáo de, 21 I
INDICE

Isoestriitiiral. 210 hinngnnê~,minério? de, 596


Isométricn, símbolo d a forma. 49 uso\ do, 278
Iwmétrico, sistema, 48 hliírmore, 361, 585
Isoniétricus, caractcrírticas dos cri<taic, onix, 363, 373
64 Mecjnicas, rochas sedimentares,
eixos dos cristais. 48 Medido d m inpiloc do? crirtair,
Isomorfirmo, 214 hlercúrio. minérios de, 596
Irotípico, 210 uios do, 279
Mesodésmico, definiçzo de, 212
hietais. minérios de. 595
nativos, 236
Metálica, ligaçho, 202
lade. 481, 488
hletaniórficas, rochas. 582
lap"io, geminado do, 114
zonas, 584
logo de core?, 172
Metamorfismo de contato. 585.
Jc>lly, balanç:i de, I65
Meteoritos. 236
Merilenu, iodeto de, 169
hfétoda de rotação, 141
Mica, priipu da, 513
hlica xisto, 584
hlicas friáveis, 522
Microcristnlino, definição de, 5
Micropertita. 540, 544
Microquímicas, reaçi>es, 233
I.ápis-lazúli, 555 hliller, índices de. 27
Lntas, 322 hlinerais. : i \ ~ r x i a ~ ; ide.
o 565
I.:itito, 574 classifica~áodos, 235
I.aiie, fotografia segundo, 140 coleçáo de, 597
Lniie, método de, 139 coloidais, 21 8
Lei d a constincia d m Engulo, interf;i- de interesse gemalógico, C92
ciais. 13 dipli,édricos, 63
Lei de Brngg. 138 formadorcs das rochas, 565
I.ei de Hrnv:iis, 12 metambrficos de contato. 586
Lci dos índices racionais. 28 ocorrência dos, 565
I.eiicitn fonólito, 7 4 secundáriri~dos veios, 589
sicnitos, 570 usos dos. 596
tefrito. 575 Mineral, definiçiío de, 2
ILisaç;lo covalente, 198 Mineralngi;i de\çritiva, 234
eletro%tática. 195 dcterniinnti\,n, 598
intcnsid:~<leda. I97 fisicn. 157
iUnica, 194 química, 181
metólica, 202 Miner:ilóides. 5, 218
I.i~aç6ei químicas, 193 Minério de ferro argiloso, 368
ILiquidciç pesadcis. l h9 de ferro d o pântano, 326
Litogrúfico, calcário, 581 negro em caniadns, 368
Longitude d o cristal. 36 Minérios de bismiilo, 595
LurnincscCncia, 173 Minérios dos metais, 595
Luz, refraçho da, 175 Miridis. 318
Mohs, escala de dureza de, I h l
Molibdntos, 419
hfolibdênio, minérios de, 596
M:içarico. 221 LISO- do, 274
arte de soprar o. 221 Monaclínico, prisma, 102
Mngnésio. minérios de, 596 sistema, 99
usos do, 367 Monoclinicos, caraterísticns do? cri<-
Magneqita, rocha, 582 tais, 105
hlagnéticns. propriedades, 179 classe prismática dos cristais. 104
hlapnetismo, 180 Monocromática, radiaçáo X. 137
hlaleávcl, definifio de, 163 Manzonito, 570
hlalformado5, cristais, 34 Morganita, 465
hlanebnch, geminado de, 115, 116 Mudança de cor. 172
A6 INDICE

Periódica, tabela, 185


Período de identidade, 142
Náo-metais nativos, 250 Pertita, 216, 540, 544
Nativos, elementos, 236 Pesados, liquidas, 160
metais, 237 Pesos atômicos, tabela dos,
náo-metais, 250 Picnómetro, 168
semimetais, 247 Piezeletricidade, 179
Nefelina sienito, 570 Pinacoidal, classe, 107
Nesossilicatos, 430 Pinacóide, 107
Nèutrons, 187 definiçio de, 31
Nicol, prisma de, 364 monoclínico, 100
Níquel, minérios de, 596 ortorrómbico, 94
usos do. 276, 277 segundo a base, hexagonal, 67
Nitratos, 379 monoclínico. 101
Norito, 571 ortorrômbico. 94
Notaçáo dos cristais, 20, 23 tetragonal, 84
Núcleo, 187 triclínico, 107
Número atômico, 188 Piramidal-rômbica, classe, 98
Piramidal-tetragonal, classe, 91
Piramidal-trigonal, classe, 81
Pirâmide, definicáo de, 31
Obsidiana, 573 di- hexagonal,^ 70
Ocorrência dos minerais, 565 ditrigonal. 79, 85
Oclaedro, 51 hexagonal, 71
Oolítico, calcário, 580 ortorròmbica, 98
Opaw, definição de, 175 rómbica, 98
Opalescência, 172 tetragonal, 91
bpticas, propriedades, 13 trigonal, 81
Orientação dos cristais, 118 Pireletricidade. 179
hexagonal, 122 Piritoedro, 61
monoclinica, 121 Piroxênios, família dos, 476
ortorrômbica, 120 Piroxenito, 571
Ornamentação, minerais de, 593 Pitchstones, 573
Ortorrômbica, bipirâmide, 97 Plagioclásios, série dor feld'patoç.
orientação, 120 Plano de composição, 110
pirâmide, 98 de simetria. 18
Orlorrómbicas, relações axiais, 120 do geminado, 110
Ortorrómbico, prisma, 95 Platina, minérios da, 596
sistema, 93 usos da, 246
Oscilação, método da, 142 Pleocroísmo, 173
Oiiro, minérios de, 596 Pli~tònicas,rochas, 569
usos do. 242 Pó, câmara do, 147
método do, 146
Oxidos, 303
-
montaeem do. 147
Polar, ângulo, 36
Polarização de íons, 196
Polimorfismo, 184
Par%metros, 26 Pólo da face, 36
Paramorfismo, 217 Pómice, 573
Partição, 159 Pontos. griipos de, 23
Paiiling, regras de, 209 Porfirítica, textura, 567
Pedial. c l a s e 108 Pórfiro. 567
~ ..~., ..~. Portland. cimento, 364
definir20 de, 31 Prata. minérios de, 596
Pedra-da-lua, 541, 549 usos da, 243
Pedra-do-sol. 549 Precessão. método da, 142
Pedra-pomrs, 573 Precipitados orgânicos, 581
Pedra-sabão, 5 12 Prisma, definição de, 31
Pedras preciosas, 592 di-hexagonal, 67
Pegmatito, 577 ditetragonal, 84
Pcridotito, 571 hexagonal, 67
INDICE r 7

monoclínico, 102 metamórficas, 582


ortorròmbico, 95 piroclásticas. 576
tetrneonal
~ .8- 4~ ~ ~ , plutònicas, 579
Prismática, classe, 100 sedimcntares, 578
Projeçáo esférica, 36 mecânicas, 579
ecrereoerifica. 38 qiiímicas, 580
Rochas vulcânicas, 573
Kòmbica, bipirâmide, 97
pirâmide, 98
Rombododecaedro, 52
Romboédrica, classe, 81
ópiicas. 13 divisão, 73
Prótons, 187 Rornboedro, 74, 81
Pseudoniorfos, 217 definiçso de, 32
Rubi, 310
balas, 329
Q
Quartzito, 584
Quartzo diorito, 570
gabro, 571 Safira, 310
latito, 574 Sal, 344
Quebradiço, definiçáo de, 163 Sal-gema, 344, 580
Qiiênia, gema de, 318 Secresáo lateral, 588
Químicas, ligaqúes, 193 Séctil. definisão de, 16.7
rochas sedimentares. 580 Selenita, 398
Químicos, elementos, 190 Semimetais nativos, 247
Serpentina, 572
Serpentinito, 572, 585
Sienito. 570
gnaisse, 584
Racionais, lei dos índices, 28 Silica, g m p o da, 523
Radiaçáo branca, 137 Silicalos, 423
Radiação caraterística, 137
classificaçZo dos, 430
Raios atómicas covalenles, 200
Símbolos d a forma isométrica, 49
tabela doi, 185
iònicos, 195 de Hermann-Mauguin, 20
tabela dos, IR5 Simetria, 18
Raios X, difratòmetro, 152 centro de, 19
espectro, 137 classes de, 23
dos cristais, 18
n a cri~talograiia, 133
Reações coloridas com os fluxos, 232 eixo de, 18
elementos de, 2 0
Rêde estereoprkfica, 43 notaçZo da, 20
Reflexáo rotatória, 20 operações de, 18
Refração da Iiiz, 175
plano de, 18
Rcfração dupla, 177
Sínter silicoso, 536, 581
Refratários, minerais usados em, 595
Sistema hexagonal, 64
Regional. rochas d e metamorfismo,
isométrico, 48
582
monoclínico, 99
Relaçáo axial, 25 ortorrômbico, 93
cálculo da, 122 tetragonal, 8 2
Relação dos raios, 204 triclínico, 106
Relações axiais hexagonais, 131 Sisteniar cristalinos, 24
Retículo de Bravais. 7 Solu~áo-sólida,215
d o cristal, 7 Sorossilicatos, 452
espacial, 7 "Spiegeleisen", 320
Riólito, 573 Steno, lei de, 13
Rochn-cimento, 364 Straumanis, método de, 150
Rochas, 565 Subédriça, definição de, 5
ígneas, 566 Siiblimadas em tubo aberto, 228
classificasáo das, 568, 572 sóbre o carváo vegetal, 226
minerais formadores das, sòbre o gêsso, 227
Substituiçào por acoplamento, 214 Trioctaedro, 53
Sulfatos, 387 tetragonal, 53
Sulfetos, 261 Tritetraedro, 59
Sulfussais, 294 'Iiibo aberto, ensaios com o, 227. 228
Stiperficie de composiç;io, I10 fechado, ensaios coni o, 229
Supérgenos. minerais, 589 Tiibos de gás (rnios X), 136
' r t ~ f ~363
,,
calcário, 581
Tungstatos, 419
Tabela dos elementos, 190 'Tungstênio, minérios de, 596
Tabela periódica, 185 uso? do, 419
Tabelas detcrminativas, 602
Tac<iniln
-~~~
~~~~. - 4
31 . ~

Talco xiçto, 584


Tectossilicatos, 522 liniaxiais, cristais, 179
Tefrito, 575 Urnii, esmeraldas dos, 441
Tenacidade, 163 Ur:inio, minérios de, 596
TCrmica, expansão, 16 usos do, 323
Termoluminescência, 173 U ~ o sdos minerais, 592
Terra de infusórias. 536
diatomácea, 536
Tetartaédrica, classe, 63
V a l h c i a eletrostática, 21 1
Vanndatos, 402
Vanádio, minérios de, 596
IIS<>E do, 410
.- Van der Waals, ligação de, 201
relações axiais, 130
Tetragonal, bipirâmide, 84, R9 Variação da composiçáo nos minerais,
escalenoedro, 90 213
orientasão, 122 Veios, 587
pirâmide, 91 alteração dos minerais de, 589
prisma, 84 minerais de, 587
sistema, R2 minerais secundários de, 589
Titâneo, 318 Velocidade de crescimento, 16
minérios de, 596 Verde antigo, 510
usos do, 316 Vetoriais, propriedades, 16
Vidro, minerais usados em, 594
Tonalito, 570
Vulcânica, brecha, 576
Topázio oriental, 447
Traço, 172 cinza, 576
ooeira. 576
Translúcido, definição de, 175
Transparente, definição de. 175 ~ u i c i n i c a i ,bomba?, 576
"Trap" rocha, 573 rochas, 573
Trapczoédrica-teiragonal,classe. 86
Trapezoédrica-trigonal, classe, 78
Trapezoedro, 53 Weissenberg, método de, 142
definisão de, 30 Wolff, fêde de, 43
hexagonal, 69
Trapezoedro tetragonal, R7 X
trigonal, 78
Traquítica, textura, 574 Xisto, 584
Traquito, 574
Travertino, 363, 581
Triboluminescència, 173
Triclinica, orientação. 121 Zeólita, família da, 558
Tricliniw, sistema, 106 Zinco comercial, 270
Triclínicos, caraterisficas dos cristais, minérios de, 596
I.1
-.
79 usos do, 270
Trigonal, bipirâmide, 73 Zona cristalográfica, 33
pirirnide, 81 eixo da, 33
trapezoedro, 78 símbolo da, 33
íNDICE DOS MINERAIS

Acndialita, 562 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ; v e r cabazila


Acantiia, 261 h l o n . 7 2-7,3 2.2;; I A ~ ~ s de baixa
I 1. 1 ternneratur:i
8 .

ncmitn, 489 6-6! t l m piroxcnio


Acroít:i. 468 ........
I' ' i ' . . ' . . . .'Tiirrn:ilina inco-
i I
Inr
; ; .1
"

I Mon. 3.0-3,2 1
.5-6 anfib6lio
I . . . . . . . . #Ver ortoclisio
Adulária, 541
Aegirita. 482 ''MO".' 3,40-3.53 6-6); U m piroxcnio
A 1 3 1 _!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..Ver qiianro
Api1:i-marinha. 465 . . . . . . . . . I . . . . . Ver hcrilo
Al:ihandita, 268
Alnhastro, 398
MnS o m 4," . . iX4 Preto
. . . . . . . . I . . . . . . . . . . . . . Vcr pip50
Na(AISi,O.)- !
Alhitn. 546
-Ab,An,, Tric. 2,62 6 Um fcldcp;ito
Alexandrita. 334 I. . . . . . . . .
Crisoherilo,gem:i
Allanitn, 458 X,Y,O(SiO.)-
-íSi,O,)(OH) Preto ca~tnnho
Allemoniita, 249 AsSh Uma cliv';igcm
.4lniandina. 439 Fe,AI,(SiO.), Uma granada
Alt;iíte, 268. 292 PbTe Rranco CIO esta-
nho
KAI,(oH)~SO,): ' ~ o m b . ' 2 , 6 - 2 , s 14 I ~ : ~ ~ ~ r nma-
entc
I I
I. _I. .
Aniilg:inin, 242
:I:::: 1.
.

I
Amnronita, 544 . . . . . . . . . Microclínio ver-

LiAIFPO. 30-3.1 16. ~ i r n e r o2 da es-


cala de filsibili-
d:ide

Analiirna, 559 Na(AISilO,)H?O Isom. 2 , 2 7 5-5%


Annt.isio, 318 TIO: T e t 3,9 6

Anauxitu, 508 I. . . . . . . . .hfon. 2,6 2


,
Caolinitn rica em
I ~iiicn
Andaluzita, 443
Andesina. 549

Andrndita, 440
Anfibólio, 487 ..
, Annlesita, 392 PbSO,
Anidritn, 393 CaSO.

Ankerita, 366 Caco,.-

Annabergita, 417
verde
Annrtita, 546
-CaAI,Si,Ol
A 10 MINERALOGIA DETERMINATIVA

LNDICE DOS MINERAIS

6 U m feldspato
Antigorita, 508 Ver serpentina
AntiniSnio, 248

ApdBta, 405
{-(PO,)? Hex. 3,15-3,20 5 CI. (0001) m á
Apofilita, 505 !Cn,K(Si,OioX-
~-F.~H,o Tet. 2.3-2,4 CI. j 0 0 ? /
Araganita, 371
Arfvedsonita, 490
CacoI
Na,M&AI-
Ortor. 2,95 3g; Ci. 01G (110)

-(Si.O,,)(OH.R, Mon. i3,45 6 U m anfibólio


,Argentita, 262 Ag'S Isom. /7,3 2.2% Séctil
Arsêniço. 248
;Arsenopirita,

A~besto,510
289

A5trr>filit;i, 451
As
FeAsS

. . . . . . . . . . .
(Na,Ca);(F,AI,-
-Ti),;,íSi20;)~-
1.
Romb. 5,7
Zlon. 6,0710.15

. . . .i.
3%
5):-6

...
Ci. {OOOI }
Pseudo-onor-
rombico
. Ver anfibóiio e
serpentina

! (F.OH), Orlor. 3,35 Clivagern micá-

Ataramita, 353 Cii,CIíOH), Ortor. 3,75-3,77 3-3!&


i cea
Clivagem {OiO}
Aiigilo, 479 (Ca,Na)(hlg.F",-
-F"',Ai)(SiAi)~Oa'hlon. i3.2-3,4 15-6 Um piroxênio
;Auric;ilcita, 379 2(Zn,C~t)C0~.3-
Verde a azul
Auluiiita, 41 5

Auenli~rin:~,530 . . . . . . . . . . . . . . '1 ' ' '

qiiartm
. Axiiiila, 464

C r i ~ t a lcom i n -
I g i ~ l oagudos
~
.Att~riCa, 378 Cii,(CO,).(OH), i\lon. 3.77 3#-4 Scrnpre azul

;- Ririla, 389 RnSO, CI. {OOl} (1101


1 i : r i t a s . 3x9 . . . Ver barita
Haiirita, 341

i i m n rocha ter-
rosa
Heidcllit;,, 508
I!: Ver caoiinita
Henit<iÍln. 451 Artil
Ilent<>nii;i,508 I. . . . . . . . hlontmorillonita
Herilo, 466 Rc,AlL~Si,0,3 1 Usi~nlmenfe
verde
Riotilr. 517 K(Mc.Fe).,-
(AISi,O,,.)(OH),'\lon. I?.R-3.2 3!;-3 Mica preta
-/Hi\rniiliiiitn, 282 ;Ri& Ortor. 16,7820,03i2 Ci. (010)
INDICE WS MINERAIS A 11

ÍNDICE DOS MINERAIS

págLta
I Com~osi~~o 1 1 d 1 i D 0bserv&6es

Bismuto, 249 Bi
I.
Romb. 9,8 2.2% Ci. (0001 }
,I
Blenda de zinco, 268 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver esfalerita
Boehrnita, 325, 341 AIO(0H) Ortor. 3,01-3,06 . . . . No bauxito
Bolas de algodão,
386 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I Ver ulenita
Borarita, 382 M&B;O,,CI Orlor. 2,9-3,O 7 Pseudo-isomé-
trico
,
'
Bórax, 383 Na~B.O,.lOH~O Mon. 1,71 2-2:: CI. { 1001
Bomita, 265 CujFeC. Isom. 5,06-5,08 3 Quando ,mosto
torna-se anil
purpúreo
Boulangerita, 302 PbiSbiSn Ortor. 6,Oc 2%-3 CI. {Opl} (010)
Boumonita, 301 PbCuSbS. Ortor. 5,s-5,9 2%-3 Número I da es-
cala de fusibi-
lidade
;Bravoita, 285 íNi,Fe)S. Isom. 4.66 5%-6 Cinzento do aço
;Brochantita, 396 Cus(OH)eSO< Mon. 3,9 3%-4 CI. (010). Verde
Bromirita, 348 . AgBr lsom. 5,9 I Séctil
Bronzita, 477 (Mg,Fe)dSilOo) Ortor. 3,3* 52 Ver enstatita
"Brookita, 318' Tio= Ortor. 3,9-4,l 5#-6 Brilho adamanli-
no
Bmcita, 337 Mg(0HIZ Romb. 2.39 2% CI. (0001)
Bytownita, 349 AbdnmAb~~-
Aom Tric. 2,74 6 Feldspalo plagio-
clásio
I
Cabazita, 562 (Ca.Na),
(AloSi.O,l)uHoO Romb. 2,05-2,15 4-5 Cristais seme-
lhantes a cubos
Cainita, 348 MgSO,.KCI. -
3Ha0 Mon. 2,l 3 ........
. . . . Ver
Calamina, 454 .....:............. hemirnorfita
Calaverita, 292 AuTe, Moc. 9,35 2%

I
! ~ ú r n e r o1 da en-
cala de fusibili-
' ' Calrantita, 400
Calcedônia, 526
I
CUSO~.SH~~ Tric. 2,12-2.30 2%
dade
Solúvel em água
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quartzo cripto-
cristalino

i
' Calcita, 359 CaCO. ~ o m b 2.72
. 3 CI. { l o i l }
Calcocita, 263 CL~S Ortor. 5.5-5,8 2%-3 Séctil, imperfei-
tame,ntc
Calcoplrita, 271 CuFeS, Tet. 4,l-4,3 311-4 Quebradiço.
Amarelo
Calcotriquita. 307 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I&. ptitafibrosa
Californita, 460 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ; v e r idocrásio
Cancrinita, 554 (Na,KhAISi,
O0,fCO,),.,--
2-3H,O Hex. 2,45 5-6 Um feldspntóide
Caolim, 507 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Minerais argilo.
sos
Caolinita, 506 AIi(Si,Oio)(OHh Mon. 2.6-2,65 2.2% Terroro
Carbonato de cobre
azul, 378 ................ . . . . . Ver ariarita
Carbonato de cobre
verde, 377 1
. . . . . . . . . . . . .; . . . . . . . . . Ver malaquita
A12 MINERALOGIA DETERMINATIVA
~ ~-

ÍNDICE DOS MINERAIS

pú~ina
i ComposigZo i 1 d 1 1 D Ob~e~voc6es

Carnallita, 354 KMgCL.6ftO Ortor. 1,6 '~eliquescente


Carnotita, 417 K1(U03dVOS~.-
nH.0 Ortor. 4,l
Cirrsitcrita, 320 SnOn Tet. 63-7,1 Brilho adaman-
tino
* Celestita, 391 SISO. Ortor. 3,95-3,97 13.3% CI. ( 0 0 1 ) {ILO}
Celoiana, 542 IB~AI, S ~SOS Mon. 3,37 :6 Um feldspato
Ccrargirila. 348 AgC1 Isom. 5 , 5 t 12-3 Perfeitamente
séctil
'Cemssila, 375 ,PbCOi Ortor. 6,55 13.3% Efervesce no áci-

Chalibita, 367
."Chert", 532
1. . . . . . . . . . . . . . . . . .
d o nitrico
Ver siderita
Quartzo cripto-
cristalino
.... .................. . Ver azurita
Chessylita, 378
Chumbo negro,
Ciaoita, 445
Cimoiana, 334
...
AI,SiO;
. . . .
................
T i . 3,56-3,66 15-7
. . . . .,. . . . . . . . .
: Ver grafita
Azul. Larninado
Ver crisoberilo
Vermelho
:. Cinábrio, 278 1Romb. 8,10 12%
Citrino, 530 ' . ' ' ' ' . . . . . . . . . . . . Ver quartzo
Clar5o de cobre,
263 . . . . . . . . . . . ..
Clnr.50 de prata. i
262 . .
,
. . . . . . . . . . . . . . . . . Ver argenlita
cleavelanditn, 549 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Albita branca
em placas
Cliachita, 341 ;AI(OH):,
i
IAmor. 2 . 5 2 1-3 Ver bauxito
clinocloro, 521 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver clorita
,'Clin<ienstatita, 478 jM~o(Si:On) Mon. CI. pri~mática
''Clint>fcrrossilita,
4711
Ciinohumita, 449
Clinozoisita, 456
I
1 Fe,lSi,Os)
'Mga(SiOJ4-
fF,OH),
CaoAla(Si04)-
Mo".

,Mon. 3,~-3,2 6
~:1 Um piroxênio

;Ver condrodita

(Si,O,)(OH) 'Mon. 1.25-?.37 6-6;; 'cristais estriados


Cloantita, 293 . . . . . _ . ..I. . . . , . . 1 . . . . Níquel-skulteru-
dita
Clorita. 520 lM&3(Sit0,,,)(OH)r
2-2!; cI. (001 }
ClOritúide, 520
'6-7
Mica qucbra-
diça 1
Em piritoedm
, Cnbalita, 287 V:
Cohre, 243 /2!:-3 /Maleável
Cohre cinzento, 248 . . . . . . . . . . . . . . . . . ' . . . . Ver tetraedrita
Cohre vermelho,
307
I
. . . . . . . . . . ! , . . . . I . . V e r cuprita
I
Colemanita, 387 'C:i,BO,,.5HiO IMon. 2.42 4.4% C I . ( 0 1 0 ) per-
feita
Colofana, 40h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v e r opatita
Columhita, 335 (Fe,Mn)NbiOo Ortor. 5.3-7.3
I 6 Brilho submetá-
lico
' Condrodita, 448 vf~(SiO.)~- Mon. 3,l-3.2 6.6% Vermelho-ama-
1 (F,OH), relo
Cordierita, 467 ?lg,Al.~(AlSi.O~.),Ortor.2.60.2.66 7.7;: 4zul
INDICE DOS MINERAIS A 13

íNDICE DOS MINERAIS

Partição romboé-
drica
Cornalina, 530 . CalcedBnia ver-

1~ ; ;
melha
Covellita, 277 Hex. 4,6-4,76 15-2 Azul
;Criolita, 349 Branco
Crisoberilo, 334 IMon.
Ortor. 12,95-3,O 8%
3,65-3.8 12% Cristais tabula-
r?<
CNocola, 470 de-amlado
Crisblita, 436 , Ver olivina
Crisoprásio. 530 . iCalced6ni.a verde
Crisotila, 508 Asbesto serpen-
! tina
Cristal de rocha,
529 . Ver quartzo
Cristobaütn, 534 Em rochas vul-
cânicas
Crocidolita, 490
Asbesto azul
' Crocoíb, 394 Vermelho-ala-
ranjado
Cromíla, 333 Brilho submetá-
lico
Cummingtonita,
488 Um anfibólio
Cuprita, 307 Em cristais ver-
melhos

-" Danaíta, 290 (Fe,Co)AsS Mon. 5,9-6.2 5;;-6 Ver arsenopirita


Danburita, 550 Ca<B>Si,P.) OrIor. 2.97-3.02 7 Em cristais
Dntolitn, 449 CaB(SiO.)(OH) Mon. 2,s-3,O 5.5% Usualmente em
cristair
Dcmnntóide. 478 . Andradita verde
Dialápio, 479 . Ver diopsídio
Diamante, 255 Brilho adamanti-
no
ICI. ~,Oio/perfei-
ta
Diatomito. 536 . Ver opala
Dickita. 507
Dicroíta, 467
Digenita, 264
Diopsídio, 478
CUOS
. . . . . . .
CaM#(Si201)
.I.
Isom. 5.6
.......
Mon. 3.2-3,3
Mineral argilosa
. Ver cordierita
Como a calcacita
Um piroxênio
Diopthio, 471 CiioíSinOl.).6H.ORomb. 3.3 Verde
., Dolomitn, 364 CaMg (C03. Romb. 2.85 CI. { ioii 1,
Durnorlicrita, 452 (AI.Fe):O.(BOJ-
(SiO,), Ortor. 3.26-3.36 Radiado

/ j I
Edenita. 491 Ic~?N~M~;(AIs~,-
I O,?)fOH.F), Mon. 3.0 6 Ver hornblendo
' Egirina, 482 'N~F~"'(s~,o.) Mon. 3,40-3.55 6.6% Um piroxènio
Eleolita, 553 1. . . . . . . .8 . . . . . . . . . ., . . . . Ver nefclina
A 14 MINERALOGIA DETERMINATIVA

I
ÍNDICE DOS MINERAIS

1 ,( 1 1

'
página
CrnpmiçZo d D Ob~ervaçacs
Nme
Eletro, 239 . . . . . . . . ... .I. . . . . . . . . Ver ouro
Embolita, 349 Ag(CI,Br) Isom. /5,3-5,4 1.1% séctil
: E n q i t a , 300 Cu.AsS, Ortor. 4,43-4,45 3 C[.{ 110)

I
Endlichita, 410 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver vanadinita
'Enigmatita, 451 (Na,Ca),(Fe".-
Fe"',Mn,-
Tric. 3,75
Ti, AI),I(S~,O~)~ 5 CI.{ilO)
Enstatita, 477 tvls(Si,O.) Ortor. 3,2-3,5 5j; U m piroxênio
Enxofre, 250 S Ortor. 2,05-2,09 1$;-2:: Queima com cha-
ma azul
Epídolo, 457 Ca,(AI,Fe)AI:O-
(Si04)(Sin0,)-
-(OH) Mon. 3,35-3,45 6.7 CI. (001 )
Espromita, 399 MgSO4.7H,O Ortor. 1,75 2.2% Sabor amargo
Eritrita, 417 CO,(ASO.)~.-
8H10 Mon. 2,95 1%-2:; Róseo. Flor de
cabalto
Escapolita, 557 Varias Tet. 2,65-2,74 5 - 6 C1.(010} { I I O )
6 direções
Escolccita, 56 1 Ca(AIaSi20,,). -
3H,O Mon. 2,2* 5.5% Uma zeólita
Escorodita, 412 FeAs0,.2Hs0 Ortor. 3,l-3,3 3%-4 Verde a casta-
nho
Esfalerita, 268 ZnS 1som. !3,9-4,l 3:$-4 CI. { 110 )
Esfénio, 450 . . . . .I. . . . . . . . . Ver titanifa
E\rn;iltita, 294 . . . . . . . . .I. . . . . / v e r skuttenidita
Esmeralda, 465
Esmeralda brasilei-I.
ra, 470
Esmeralda
na, 442
uralia- I
1. ' .
'

. . . . : .
' '

.i.
. . .I.
. . . . . - 1 . . . . . . . . . Ver herilo
. . . . . . . . v e r turmalina

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver andradita
Esmeril, 310 .! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Coríndon com
! magnetita
Erpato cetinado, 3 9 8 , . . . . . . . . . . . . . . . .Gripso fibroso
Espato da Islândia. 1
362 . . . . . . .
I
:~ .
: .I.
. . . Ver calcita
- Erpnto pcsado. 389 . . . . . . .
Espessartita, 440
Espinélio, 328
Mn,AI,fSiO,),
MpAloO,
..... . . . .
Isom. 4,18
Isom. 3,6-4.0
7
8
Ver harita
Uma granada
Em octaedros
Espinélio de zinco,
339 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver gahnita
Espodum6nio, 479 LiAlfSi,Oo) Mon. 3,15-3,20 6%-7 CI. ( 110). Parti-

Espiima do mar.
521
E~svnita, 440
. . . . . . . '!' ' .I
. . . . . . Ver sepiolita
" '

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver grossulária
ç50{ 100)

F,stnnh«, 237 Sn Iret jz3 2 Muito raro


Estanho lenhoso,
320 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver cassiterita
Estanita, 272 Cit:FeSnS, 4,4 4 Fusível fàcilmen-

(
te
Eslaurolita, 447 FelAlnO;(SiO,),-
<OU) Em geminados
cruciformes
I
INDICE W S MINERAIS A 15

f NDICE DOS MINERAIS

pigina
I p i 1 ; ,1 d 1 1 D Obser~,oc6e-s

Esteatita, 512 . . . . . . . . . . . 1 . . . . . / . . . . Ver talco


Estefaoita, 296 Onor. 6,2-6,3 2.2% Pseudo-hexago-
na1
'. Estibnita, 281 SbS8 Orlor. 4,52-4,62 2 CI. (0101 per-
feita
Estilhita, 564 Ca(AISijO,s).-
7H10 Mon. 2,l-2,2 ;3K-4 Agregados com a
forma de feixe
,I Estroniiaoita, 374 Orlor. 3.7 13:;-4 Efervesce em
1 HCI.
,. Euclásio, 467 B,AI,(SiOi)l-
(OH)= Mon. 3,l 7% CI.{OlO)
Eucriptita, 480 Li(AI,Si,),O, Hex. 2,67 . . . . Espodumênio
alterado

Fahlore, 298 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver tetraedrita


: Fayalita, 437 Fe,SiO, Orlor. 4,I4 6:; Ver olivina
Feldspato, 536 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um gmpo de
minerais
Feldspato potássico,
542 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ( V e r ortoclásio
Feldrpatóide, 551 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Um grupo de
minerais
Feoacita, 435 RedSiO,) Romb. 2.9-3.00 7 x 4 Em pegmstitos
Ferberita. 420 FeWO. Mon. 7.0-7,5 5 Ver wolframitn
Fergusonita, 337 R"'(Nb,Ta)O< Tet. 5,8 5;;-6 PrEta-castanho
Ferro, 247 Fe Isom. 7,)-7,9 4% Muito raro
Ferro espático, 367 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver siderita
Ferro especular, 313 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver hematita
Ferrossilita, 478 jFel(Si:Oa) Onor. 3.6 6 Um piroxênio
Persmanita, 452 /Ca.Na2Ti.SisOirF9Mon. 3.44 5 Castanho
Fibrolita, 444 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver sillimnnita
Flogapila, 516 KMk(.41Si.0io)-
@H), Mon. 2,116 2#3 Mica castanha
Flor de Ferro, 373 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver araponita
Flor de níquel, 417 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver annabergita
., Fluorita, 351) CaF, Isom. 3.18
Ortor. 3,2
4 CI. octaédrica
Ver olivinn
' Forsterita, 437 Mg,SiO, 6%
Fosforitn. 407 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rocha fosfatada
Fosgenita, 377 Pb,CICOs Tet. 6.0-6.3 3 Número I da ec-
cala de fusibili-
dade
Fowlerita, 481 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Rodonita porla-
doca de zinco
Franklinita, 332 íFe,Zn.Mn)- Isom. 5,15 6
íFe,Mn)=O, Em Franklin,
N . 1.
Freibergita, 249 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tetraedrita ar-
gentilera

Cadolinita, 467 Y2Fe"Rs3-


(SiO,),O? Mon. 4.0-4,5 6%-7 Prêto
Gahnita, 329 ,ZnAl?O, Isom. 1,55 72-8 Octacdros verdes
Calaxila, 329 /lsom. 4,03 7:;-8 Espinélio de
manganês
I
AI6 MINERALOGIA DETERMINATIVA

f NDICE DOS MINERAIS


Nome
pagina
~omposi~ão
; , d D I
I
Obscrvnçúes

Calena, 265 6 b ~ Isom. 7,4-7,6 2: CI. cúbica


r Garnierita, 510 (Ni,Mg)SiOa.-
itH1O Amor. 2.2-2,8 2-3 Verde
Gaylursita, 379 N a E a ( C O a ) - . - Mon. 1.99 2-3
5H00 Número 1 da es-
cala de fusibili-
dade
Gedrita, 487 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver antofilita
Geiserita, 536 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver opala
GClo, 308 H20 Hex. 0,917 I?; . . . . . . . .
Geocronitn, 302 PhdSb,As)=Ss Orior. 6,4t 2% . . . . . . . .
Gersdorffita, 287 NiAsS lsom. 5,9 5;; Ver cobaltita
Gibbsita, 325, 341 AI(OH), Mon. ?,3-2,4 2::-311 CI. segundo a
hase
Gipso, 397 CaS04.2Hz0 Mon. 2,32 2 CI. ( 0 1 0 ) ( 1 0 0 )
e {OII)
Giz, 364 . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver calcita
Glsuberita, 389 N&Ca(SO.)= Mon. 2,70-2.85 25.3 CI. (001 I
Glaucofana, 490 Na2Mg.Al:-
(SisoLe)-
(OH,F), Mon. 3,O-3,2 6-6:g Um anfibólio
Glauconita, 518 K?(M"Fe):Alr-
(Si~0~0)~-
(OH),? Mon. 2 , 3 5 2 Nas areias
verdes
Gmelinita, 562 (Na,Ca)eAlr
(Al.Si)SilaO,~
20H,O Komb. 2,l'. 4: Uma zeólita
Goethita, 325 HFcOl Ortor. 1,37 5-54 Ci. (OIO}
C Hex. 2.3 1-2 Prêto. E m placas

I
Grsfita. 259
/Granada, 438 A",B"'2(SiOi)i Isom. 3.5-4,3 62-7:J !Em cristais
Grecnoikita, 273 CdS Hex. 4,9 3-3;; Laranja-ama-
relo
Grossulária, 440 C a ~ A l ~ ( S i 0 . ) , Tsom. 3.53 6% Uma granada
I
Halita, 344 NaCI Tsom. 2.16 2 Clivagem cúbica.
Sabor salgado
Halloysita, 508 AIL(S~J~O)-
(OH), Amor. 2.0-2,? 1-2 Um mineral ar-
giloso
Harmotomo, 564 Bn(AlSi00~o)-
6H90 Mon. 2,45 4j; Uma zeólila
Hastingsita, 491 CapNaMg.AlrSiG-
-0dOH.F). Mon. 3.2 6 Ver hornhlenda
Hauyna, 554 (Na,Cn)es-
AI,Si,OI,-
(SOL)I-: Isom. 2,4-2,5 53-6 Um feld5patúide
Hectorita, 508 (M.,Li)rSi,On-
(OH). Mon. 2.5 Montrnorillonita
1.1:
de litio
Hedcnbergita, 479 CaFe(Si,O.) Mon. 3.55 5.6 Um piroxènio
Heliotrópio. 532 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 'Cnlcedônia ver-
de e vermelha
Hematita, 312 Fe,O, Romh. 5,26 Y:-6: Traço vermelho
INDICE WS MINERAIS

ÍNDICE DOS MINERAIS


Nome
pdpina
1 ~otnpo.~zc~o 1; 1 i
I
flemimoriita. 454
'. Hercinitn, 329
ferro
He\\itn, 292 Isom. R,4 2:;-3 .....
Heulrndila, 563 CafAlSi,01*)--
hH,O Mun. 2.18-2,20 3;:-4 CI. (OIO} per-
feita
Hi;ilita. 53h ..................... .Opala incolor.
globúide
Hialofana. 541 (K,Ra)(AI,Si).
Silo. Mon. 2,8 6 'Ver o r t a l l o
Hiddenita, 480 . . . . . . . . . . Espodumênio
verde
Hidrozincita, 371 2ZnCos3Zn-
(OHL !Mon. 3.6-3.11 2.2% Um mineral se-
ciindário
Hipcr\tênio, 478 7,4-1.5 5-6 Um piroxênio
t~,,lniqi,istita. 490 1'. . . . . . . . . . Glaucofana por-
tadora de litio
Hornblenda, 491 CaoNa-
f Mg.Fe"),-
, (AI,Fe'",Ti)r
1 Si,OLc(O,OH)i Mon. 3.2
hlon. 7.0
5-6
5
Um anfibólio
Ver wolfrnniita
Huebnerita, 420 ,MnWO<
Humita, 449 !MF,(s~o,),-
lF,OH)a Ortor. 3,l-3,2 6 Ver crindrodita

Iddingcita, 438 H,Mg.Fe.Si.Ot.-


(?I Onor. 3,s-3,s 3 Derivado da
olivina
Idoir&io, 459 C~,O(M~,F~)~AI.-
tSiO,),<.Si,O,),-
-(OH), Tet. 3.35.3.45 6;; Cristais prismá-
tico?
Ilitn. 508 ..................... Mineral iirgiioso
semelhante 3
mica
Ilmenita, 315 FeTiOs Romb. 4,7 5%-6 Levemente mng.
nético
* llv:líta, 456 'c~AI,~s~.o,)-
fni5 naturnl. 330
Indicolita, 470
1.
I.
íOH)l.H!O
.......
,Ortor. 4.0

........
5 6
dto
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver magoetita
. Ver tiirmalina
Iodirila, 349 Her. 5.5.5.7 ' / i - i i iéctil
lodobroniita, 349
I<~lita.467
IAF1A:(CI.Br,l)
........
Isom. 5.71
........
I Séctil
. . . Ver cordierila

/r
Irídio, 246 Isom. 22,7 6-7 Um metal do
grupo da pln.
tina
Iridosmina, 246 1r.O~ Romb. 19.3-21.1 ;6-7 Vcr platina
I
I.icinto. 442 i1 . .I.6 . . . Ver zircso
'-J:icob4ta, 332 MnFe-O, I.lin espinélio
1
A 18 MINERALOGIA DETERMINATIVA

ÍNDICE DOS MINERAIS

púgina
CampsicZo I 1
crisr. d I 1 D Ohairrydu

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver nefrita e
jadeita
Jadeita, 481 NaAl(SirOa) Mon. 3,3-3,s 6%-7 Verde. Com-
pacto
Jantesanita, 302 Pb,FeSb&, Mon. 5.5-6.0 2-3 Minério plúmeo
IargCio, 442 ................. . . . .Ver zircão
larosita, 402 KFe.(OH).-
(SO.), Romb. 3.2-c 3 . Castanho-ama-
relo
laspe, 532 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver quartzo

Kaliofilita, 553
Kemita, 385
Krennerita, 292
K(AISi0.)
Na,B.0,.4H20
AuTe*
Hex. 2.61
Mon. 1,95
Onor. 8,62 I.I. I
..
Ver nefelina
C!. {OOI} { I W }
Clivaaem sesun-
do i base -
Espodumênio

Feldspafo plagio-
clásio
Lamprofilita, 451
L6pis-laníli, 555
I. . . . . . . . 1. . . .I . . .
CaNa;TiSi.O,.-
(0H.F)
PbZnSiO,
Mon.? 3,45 4
. . .Ver
Em placas
lazurita
Larsenita, 438 Ortor. 5,9 Grupo da olivina
; Laumontita, 561 (Ca,Na),Aly
(AI,Si)SiA..-
25Hs0 Mon. 2,28
CaAI,(Si.O.)-
(OH),. H=O Ortor. 3,09 8 Em gnaisses e
xistos
Lamlita. 411 M~AIs(OH)~
(PO.). Mon. 3,O-3.1 53% ANI
L d t a , 555 (Na,Ca).-
(AISiO,)..

' Lcchatclierita,534
\ Lepidocrocita, 327
(SO,,S,CI) Isom. 2.4-2.45

Amor. 2.2
Onor. 4,09
I53% Associado 3
Ipirita
Silica fundida
Vermelho
Lepidolita, 519

Mon. 2,s-3.0 2x.4 Uma mica


',Leucita,551 . . . . 2.45-2,50 5 ~ 6Em trapezoedros
Llmanita, 339 Amor. 3,6-4.0 ~5s.6 Traço castanho-
-amarelo
Lineha, 294 Isom. 4,s 4g.5x ........
Litiofilita, 405 lürtor. 13,s 5 Ver trifilita

Magnesiocromita,
334 MFCr.0. Irom. 4,2 5% Um espinelio
Magnesioferrita, 332 MsFei04 Isom. 4,5 5&6# Um espinélio
M a p a i t a , 366 M&Os Romb. 3,O-3,2 3 Comumenie
maciço
INDICE DOS MINERAIS

fNDICE DOS MINERAIS


Nome
pdpiiia
i o , I 1 1 ~

~imrva~fies
~p

Magnetita, 330 Fe,O. Isom. 5,lR 6 Fortemente mag-


nético
Malaquita, 377 CUCOa(OH 1, Mon. 3,9-4.03 3%-4 Verde
Msopanita, 338 MnO(0H) Ortor. 4,3 4 Cristais prismá-
ticos
Manganotantalita,
337 MnO(Ta,Cb).O: Ortor. 6 , 6 r 4% Ver columbita
, Marcassita, 288 FeS, Ortor. 4,89 6.6% Piritas de ferro
brancas
-:Margarita, 519 CaA12-
(AILSi,O,.)-
(OH). Mon. 3,O-3,1 3%-5 Uma mica que-
bradica
Marialita, 556 (Na,Ca).AIi-
(AI,Si).SieOa-
(CI,C08,S0.) Tet. 2,60r 53:-6 Ver escapolita
Martita, 313 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver hematita
Meionita, 556 (ca,~a).Al<-
(A1,Si )8SiaOz4-
(CI,Coa,SO,! Tet. 2.69 5%-6 Ver escapolila
Melaconita, 308 ..................... Ver tenorita
Melanita, 434 Andradita preta Isom. 3.7 7 Uma granada
Melanterita, 289 FeSo..7H,O Mon. 1,90 2 Azul-verde
Menaccanita, 315 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver ilrnenita
Meneghinita, 302 P~;.S~;S~, Ollor. 6.36 2% ........
Mercúrio. 237 H!4 .
. . , 13,6 O Fluido
Mica, 514 .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um pmpo de
minerais
Mica branca, 514 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver moscovita
Mica comum, 514 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver moscovita
Mica de litio, 519 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver lepidolita
Mica potássica, 514 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver moscovita
hfica quebradi$a,
520 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver mnrgarita
Microclínio, 544 K(AISi.Ol) Tric. 2,54-2,57 6 Um feldspato
Microclinio sódico,
544 ...... . . . . . . . . . . . . . . Ver microclinio
Microlita, 337 Ca,Ta,O, Isom. 5.48-5,56 5% Um minério de
tântalo
Micropertita, 540 ................. . . . . Microclinio e
albita
Millerita. 276 NiS Romb. 5.5,0,2 3-35 Crirtais capilares
Mimetita, 409 Pb,CI(AsO,), Hex. 7 , 6 7 2 3% Semelhante h pi-
romorfita
Minério de cobre
amarelo, 272 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver calcopinta
Minério de cobre
purpúreo, 264 ..................... Ver bornita
Minério de cobre
vermelho, 307 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver cuprita
Minério de ferro
ar&?iloso, 369
Minério de ferro
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver siderita
d o pantano, 339 . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver limonita
- 60 MINERALOGIA DETERMINATIVA

ÍNDICE DOS MINERAIS

pigir~a
I m i ç 1, I ~~xrvoç~es

Minério de ferro
e titânio, 315 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver ilmenita
Minério em cama-
das negras, 369 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver sidenta
Minério osso-sêco,
370 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver smithsonita
Minério pavão, 264 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver bornita
Minério plúmeo,
302 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver jamesonita
Minério roda den-
teada, 301 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver houmonita
Mispiquel, 289 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver arsenopirita
Molibdeoita, 291 Mos Hex. 4,62-4,73 1.1% Prêto. Em placas
Monazita, 403 (Ce,La,Y,Th)-
PO. Mon. 5,0.5,3 5.5: Parti~ão{001}
Monticellita, 438 C ~ M ~ S ~ O . Onm. 3,2 5 Ver olivina
Montmorillonita,
508 (AI,Mg)a-
(Si3OL0),.
(OH),o.l2H*O Mon. 2,5 I - Um mineral
argiloso
Morganita, 465 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver berilo
,-Mosrovita, 514 KAlz(AISi.Oio)-
(OH). Mon. 2,76-3,l 2.2% CI. 1001 } per-
feita
? Mullita, 445 AlaSisOi8 Ortor. 3,23 6.7 CI. { 100)
Nacnta, 507 Al.(Si,O,o)-
(OHh Mon. 2,6 2-2% Ver caolinita
Nagyagita, 292 Pb.Au(Te,Sb).-
Sa-8 Mai.? 7.4 1.1% . . . . . . . .
Natroalunita, 401 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Alunita sódica
Nairólits, 561 Na,(AI$bO,,).-
2H-O Mon. 2.25 5.5% Cl. { I10 } per-
feita
Nefelina, 552 (Na,K) (AISiO,) Hex. 2,55-2,65 5X6 Brilho graxo
Nefrita, 489 ............ . . . . . . . . . Ver tremolita
> Neptunita, 451 íNa,K)-
(Fe",Mn,Ti)-
Si,Oa Mon. 3;23 5-6 Prêto
Nicolita, 275 NiAs Hex. 7,78 5-5% Vermelho do
cobre
Níquel-cobre, 275 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver nicolita
Níquel-ferro, 247 Ni,Fe Isom. 7.8-8,2 5 Em mefeoritos
Níquel-skuttenidita,
294 (Ni,Co,Fe)As Isom. 6,5-c0,4 5%-6 Braeco do esta-
nho
" Nitrn, 381 KNOi Ottw. 2,09-2,14 2 Salitre
Nitro de sódio, 380 NaNOa Romb. 2,29 1-2 Sabor refrescante
Nontronita, 508 Fe(AISi).Oa-
(OHh Mon. 2,s 1.1% Um mineral
argiloso
Norbergita, 449 Mg.(SiO,),-
(F-OH), Ottor. 3,1 3.2 6 Ver condrodita
Noseana, 554 N&AI,SiaO.,SO. Isom. 1 2 , 3 ~ 6 Um feldspatóide
(NDICE DOS MINERAIS A 21

ÍNDICE DOS MINERAIS


Nome
nirinn
1 Composicáo / 3;.1 / 1 1 1 ~ ~ S C I V O Ç ~ ~ S

Ocra vermelha, 313 . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver hematita


Octaedrita. 3 18 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver anatisio
Olho-de-gato, 530 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver crisoherilo
e quartzo
Olhode-tigre, 530 ..................... Ver quartzo
Olicorlásio, 549 AbaAnlrAbmAn,Tric. 2,65 6 Feldqpato pla-
eioclisio
Olivina, 436 (Mg, Fe).SiO. Ortor. 3.27-4.37 6#-7 Um mineral ver-
de de rochas
Onix, 531 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. Calcedònin em
ertrntas
Opala, 535 SiO..nH.O Amor. 11.9-2,2 5-6 Fratura concóide
Orlita. 458 ................. . Ver allanita
Ortorlá5i0, 540 ~ i ~ i s i , ~ . ) Mon. 2.57 6 Um feldspato
Oitrclita. 520 (Fe8'.Mn)-
íAI.Fe"')r

Ili -2
Si,O,,. H 2 0 Mon. 3.5 6-7 Uma mira que-
Ibradiça
Ouro, 239 Isom. 15.0-192 253 Amarelo. Mole
ouro-pigmento, 280 AS& J ~ o 13.49
n Cl. {OIO}. Anin-

Paládio, 246 Pd Tsom. 11,9 4x-5 V e r platina


Paragonita, 516 NaAI1(AISiXOio)-
(OHL Mon. 2.85 2 Semelhante à
moscovita
Pargasita, 491 Ca,Na.Mg.AI.S,.- Mon. 335 5%
O,.(OH,F). Ver hornhlenda
Patronita, 410 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um minério de
vanádio

1 , . . . . . . .I. ... .I. . . . .I. . . I


Pearceita, 295 Cristais tabu-
iarei
Pechblenda. 322
Pertolila. 486 Ca,NaH(SiOa)~ Tric. 2,7-2.8 5

Pedra cinamomo,
440 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. Ver grossulária
Pedrsda-lua, 541 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver albitn e
ortoclásio
Pedra-de-Cnirngarm.
529 ....................
Pedra de estanho,
320 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver casriterita
Pedra de sangue,
531 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Calcedônia verde
e vermelha
Pedra-do-sol, 549 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver oligoclásio
Pedra-sahao, 5 12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver talco
Pedra-(!me. 401 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver aliinita
Peninita. 520 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver clorita
.'Pentlandila. 276 (Fe,Ni).& Isom. 4.6-5,O 3X.4 Em pirrotita
Peridota. 437 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Olivina gema
Perovckita, 318 CaTiOa Isom. 4.03 5% Amarelo
A 22 MINERALOGIA DETERMINATIVA

fNDICE DOS MINERAIS

página
I1 ~mposiccío 1 I 1 1 ~ b x r w h

Pertita, 539 .................. 1. . / Micmlínio e


albita
' Petalita, 555
Petzita, 292
Li(AISi.Oi&
(Ag,Au),Te
Mon. 2.4
lam.?8,7-9,O
KCa(AI.Si,O,a).- Mon. 2,2
6-65
121-3 1.
Clivagem boa
......
4X-5 luma zeólita
'.Phillipsita, 564
6HsO
Picotita, 328 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver espinélio
Piemontita, 458 Epidoto de Mn" Mon. 3.4 6% Castanho-aver-
melhado
Pinita, 515 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver m~scovita
Pirargirita, 296 AgrSbSi Romb. 5,85 23: Prata vermelha.
-escura
Pirita, 285 FeS, Isom. 5,02 6-65 Cristais estria-
dos
piritas capilares, 276 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver millerita
Piritas de cobre, 271 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver cdcopirita
Piritas de ferro, 284 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver pirita
Piritas de ferro
brancas, 288 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver marcassita
Piritns magnéticas,
274 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver pirrotita
Pirocloro, 337 i~aCa):(~b,~i)-
(o,F), Isom. 4,31 5 Infusível
'. Pirofilita, 51 1 AI,(Si,O,,)(OH), Mon. 23-2,9 1-2 Macio a o lato
Piroluiita, 31 8 MnO, Tet. 4.75 1-2 Fuliginoso
Pirornorfita, 408 PbiC1(PO,)a Hex. 6,5-7,l 35-4 Brilho adaman-
tino
Piropo, 439 MgaAI,(SiO,)i Isom. 3,5 1 7 Uma granada
Piroxênio, 476 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Um grupo de
minerais
: Pirrotita, 274 Fel-S Hex. 4,58-4,65 4 Magnético
Plagioclásio, 545 Ab~dh-
Ab.AnIm Tric. 2,62-2,76 6 Uma série de
feldnpatos
Plagionita. 302 Pb:Sb8%, Mon. 5,56 2% . . . . . . . .
Platina, 245 Pt Isom. 14-19 4-45 Como gr&nulos
nos pláceres
Pleonasto, 328 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ver espinélio
Plumbagina, 259 ..................... Ver grafita
h Polianita, 318 MnO, Tet. 5,O 6.6% Cinzento do aqo
Polialita, 397 K*Ca=Mg(SO,)<.-
2H,O Tric. 2.78 2%-3 Sabor amargo
"'Polibasita, 295 A&SbrSii Mon. 6,O-6,2 2-3 Pseudorromboé-
drico
Polucita, 552 Cs,ALSi,Olo.-H1O Isom. 2,9 6% Incolor
Powellita, 419 CaMoO, Tet. 423 3!&-4 Fluoresce
Prásio, 532 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver quartzo
Prata, 242 Ag Isom. 10,5 216.3 Branco, maleável
Prata cómea, 348 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver cerargirita
Prata vermelha, 296 ..................... Ver pirargirita
e proustita
' Prehnita, 461 CazAldSi80sa>
(OHX Ortor. 2,s-2,95 6-6% Cristais tabula-
res
INDICE W S MINERAIS A 23
p~~

ÍNDICE DOS MINERAIS


Nome
página 1 Composic8o /2I 1 1 ~bservw~es

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver clorita
;\&Assi Romb. 5,55 2-2% Prata vermelha.
-clara
Pseudoleucita. 552 ..................... .Ver leucita
Pseudowollasto-
nita, 485 . . . . . . . / .. . . . . . . . . . . . Ver wollastonita
Psilomelana. 339 Ba~n"~n:0~~
(OHh Ortor. 3,7-4,7 5.6 Botrioidal

VQuatizo, 526 SiO, Romb. 2,65 7 Não possui cli-


vagem
Quiastolita, 443 ..................... Ver andaluzita

Ramsayita, 451 Ortor. 3,43 6 Proveniente de


Kola, Rússin
Rasorita, 385 ......... . . . . Ver kernita
ReaIEar, 280 Mon. 3,48 1%-2 CI. { 0 1 0 / . Ver-
melho
Riebeckita, 490
Mon. 3.44 4 Um anfjbólio
Rodocrosita, 369 Romb. 3,45-3,6 3:;-4% CI. { 1011 1. Ró-
se0
Rodolita, 439
1 s o m 3-84 v i r granada
Rodooih, 484 Tric. 3,58-3,70 5%-6 Róseo
Roscoelita, 410 17
Mon 2.97 2% Mica de vanádio
Rubelita, 470 . . . . . . . . . . . . . . Ver turmalina
Ruhi. 310 . . . . . . . . . . . . . . Coríndon verme-
lho utilizado
como gema
Rubi balas, 329 ............. EspinClio verme-
lho uttlizado
como gema
O ITet 1.18-4.25 1 . 6 % IBriIho
tino adaman-

Safira, 310 . . . . . . ... .I... ./Corindon azul


usado como
gema
Sal de Epsorn, 399 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver epsomita
Sal-gema. 344 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver halita
Salitre, 381 . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver nitro
Sanidinio, 541 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver onoclásio
'.-Saponita, 508 I~M~.AI)~(S~,AI)~-
O,,,(OH), Mon. 2.5 I - Um mineral
argiloso
Scheelila, 421 CaWO, Tet. 5.9-6.1 4!1-5 CI. (01 1 )
Schorlita. 468 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver tiirmalina
Scorznlita. 412 JF~AI,(OH)~(PO,), Mon. 3.35 55.6 . . . . . .' . .
Selenita, 3911 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver gipso
', Semieyita, 302 1 ~h.~b." Mon. 5.8 2% . . . . . . . .
' Sepiolila, 521 M~.íSi.o,,)-
! (OH):.óH:O Mon.? 2,O 2.2% Espuma do mar
A 24 MINERALOGIA DETERMINATIVA

ÍNDICE DOS MINERAIS

páqiirn Co!npnsiçZo 1 1 d 1 1 il Observoç6es

Sericita, 515
Serpentina, 508
'Siderita, 367
Siicx, 532
Sillimanita, 444
Mg.4Si,0i.)(OHh Mon. 2.2
....2,65
lortor. 13.235
2-5
Romb. 3.83-3.88 3;;-4

6-7
I17 I1 granulação fina
Verde <amarelo
CI. {1011}
Ouartzo crivto-
cristalino .
Ci. !010\ 1x1-
Silvaoita, 293
feita
Cliv;irem cúbica
perfeita
Branco d o esta-
, Smlthsonits, 370
Soda alunita, 402 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver aliinita
Sodalita. 554 N~,(AIS~O.),CI I w m . 2.15-2.3 5;:-6 Uriialmente azul
Sperrylita, 246 PtA% I~om. 10.50 6-7 Ver platina
Stolzita, 419 PbWO< Tct. 7.9-8.3 3-3 C1. ( 0 0 1 / (O11 }
Stromeyerita, 265 Ortor. 6.2-6.3 i2::-3 . . . . . . . .
i(Ag.Cu)zS i
Talco. 512
Tantnlita. 335
/M&(S~.O,~)(OH)~
I
Mon.
' ( ~ e . ~ n ) ~ a , Ortor.
~s 6.52
I 2.7-2.8 Ao tato, sensa-
$.?o de graxa
Ver columbita
-Tefr<iitn,438. 485 Wni(SiO.) Ortor. 4.1 /Ver olivina
Tennmitita, 299 (Cu,Fe,Zn,Ag),=-
As<%. Em tetraedros
Tenoritn. 308 Tric. 6.5 Prêto
Terra diatom&
ce:i. 536 . . . _ _ ._! _ . / v e r opala
'Telraednta, 298
Em tetraedros
Thenardita. 389 Em lagos sal-
gados

Uma zeólita
. Zoisita vermelha-
-rosada
Titanita. 450 Cristais configu-
rados em cunha
AI:(SiO.)(F.OH), Ortor. 3.4-3.6 CI. ( 0 0 1 ) per-
, ' I feita

8-IORO Verde 2-25


Torinnitn. 324 ThO, Clivagem ma
6:;
Torita. 443 ThfSiOO Tet. 15.3 Uci~alrnentehi-
1 dratndo
i. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
~ ~~ ~

Trnvertino, 363 . v e r calcita

I
Trrmolita. 488 Ca:2lg,(SirO*,)- 3fon. 3.0-3,3 5-6 I. { 110) pcr-
I (OH), feita
Tridimita. 534 SiO, Ortor. 2.26 7 Em rochas
vulcânicas
Ortor. 3,4?-3,56 4%-5 CI. (001 } ( 0 1 0 1
Ver pirrotita
INDICE WS MINERAIS A 25

ÍNDICE DOS MINERAIS


O
pá,qina
Coapoiigão / 1
sis" d D 1 Ohrrvn<6n

\ Trona, 379 N&H(CO,)..-


2HzO Mon 2,13 3 Sahor alcalino
Trmstita, 435 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ,Willcmitn
. man- I
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .IE%$ta I
Tufa, 363
Turgita, 327 ZFe.O..H.O . . . . 4.2-4,6 6); ,Traço vermelho
. Turmalina, 468 XYiAI&BO,).-
(Si,O,,)(OH), Romh. 3,O-3.25 7-7): Seçáo trigonal I
Turquesa, 414 CuAlo(PO.).- I
Tyuyamunita, 418
(OH)I-4H,0
Ca(UOih(V0.b.-
Tric. 2,6-2.8 6% Verde-azul i
nH10 Ortor. 3.7-4,3 2 Amarelo
Ulexita, 387 NaCaBsO1.8H.O Tric. 1.96 1 "Bolas de algo- 1
dáo"
Uralita, 491 .................... .Ver hornhlenda
Uraninita, 322 ~ 0 , Isom. 9.0-9,7 5% Brilho do piche I
; Uvarovita, 440 CasCrz(SiO.). Isom. 3,45 7: Granada verde

- Vaaadinita, 410
Variscita, 416
Verdantique, 510
PbiCI(VO.).
AI(PO.).2H,O
Hex. 6,7-7,1
Ortor. 2,57
3 Brilho resinoso
3%-4% Maciço, verde
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver serpentina
Vermiculita, 518 . . . . . . . . Mon. 2,4 1% Biotita alterada
Vesuvianita, 459 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .;Ver idocririo
Vitridlo anil. 400 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ver calcnntita
Vivianila, 416 F~~(Po.),.~H,o Mon. 2.58-2,68 114-2 CI. (010) per-
feita
Wad, 320 ..................... Minerio de man-
ganes
'Wavelllta, 413 AI~(oH).(PO.)~.-
5H10 Orlor. 2.33 3::-4 Agregados ra-
diados
Wernerita, 557
Willernita, 435
................. Vcr escapolita
in&io, Romb. 3 , 9 4 2 5% Provém de
Franklin, N. J.
Witherita, 373 BaCO. Ortor. 4,3 3% Eferverce em
HCI
Wolfnimita. 420 (Fe,Mn)WO, Mon. 7,O-7,5 5.5% CI. {010) per-
feita
' Wollastonlta, 485 ca(sio,) Tric. 2.8-2,9 5 CI. (001 } { 100)
Wulfeolta, 422 p b ~ ~ o . Tel. 632 3 Vermelho-ala-
ranjado
'Wurtrita, 268 ZnS Hex. 3,98 4 Ver esfalerita

Zeólita, 558 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um grupo de


minerais
Zlncita, 308 ZnO Hex. 5.68 44% E m Franklin.
N. J .
' Zinkenita, 302 Pb.Sbi.% Hex. 5.3 3.3% ........
Zircão, 441 ZrSiO. Tet. 4.68 7;: Em cristais pe-
- Zoisita, 456 Ca.Al&SiO.).- Ortor. 3,3 6
quenos
Ver clinoroisita
(OH)
-

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