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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
(REAL ACADEMIA DE ARTILHARIA, FORTIFICAÇÃO E DESENHO, 1792)

SEÇÃO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS - (SE/8)

DETERMINAÇÃO DE TEMPERATURA COM O USO DE PIRÔMETRO


ÓPTICO
DISCIPLINA: FÍSICA DA MATÉRIA CONDENSADA

PROFESSOR: CARLOS LUIZ FERREIRA

ALUNO: ANDRÉ LUIZ LEAL BEVICTORI

Rio de Janeiro, Maio de 2023


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Radiação térmica pode ser compreendida como a radiação emitida por um corpo devido ao grau de
agitação de suas moléculas, ou seja, sua temperatura, dessa forma, é a emissão de ondas
eletromagnéticas geradas pelo movimento térmico. Toda matéria em seu estado condensado emite um
espectro contínuo de radiação praticamente invariável quanto à composição do material, tendo como
sua dependência principal a temperatura do corpo emissor. A radiação térmica torna-se visível apenas
para temperaturas elevadas (acima das temperaturas ambientes).
Apesar da baixa depência quanto a composição do material, todos possuem nuâncias quanto a
absorção de radição, apenas os corpos negros, objetos que seguem em desenvolvimento, são capazes
de absorver toda a radiação térmica incidente sobre eles. [Resnick]
A distibuição espectral de radiação do corpo negro é dada por 𝑅𝑇(ν), assim, tem-se 𝑅𝑇(ν)𝑑ν como a
energia emitida pelo corpo em intervalo de ν a ν + 𝑑ν por unidade de área para uma determinada
temperatura 𝑇. Pode-se verificar a relação gráfica entre 𝑅𝑇(ν) e ν na Figura 1. [Resnick]

Figura 1: Radiância espectral em função da frequência para as temperaturas de 1000K, 1500K e


2000K.

A figura 1 guarda em si, diversas informações, a integral de 𝑅𝑇(ν) sobre todas frequências possíveis,
econtra-se a energia total emitida por unidade área por unidade de tempo pelo corpo negro a
temperatura T. O resultado dessa integral é conhecido como Lei de Stefan:

4
𝐼 = σ𝑇 (1)

−8 4
A constante σ = 5, 67 · 10 𝑊/𝑀²𝐾 é conhecida como constante de Stefan-Boltzmann. Ao
analisarmos corpos reais, verificamos que parte da radiação que incide sobre um corpo não é absorvida
como no corpo negro, para fazer essa correção, acrescentou-se à equação um fator nomidado
emissividade (ε), dessa forma, a Radiância de um corpo qualquer com emissividade (ε) é:

4
𝐼 = εσ𝑇 (2)

A contínua análise da Figura 1 permite a percepção de que para temperaturas maiores, o pico de
Radiância desloca-se para frequências maiores, consequentemente para comprimentos de onda
menores. Esse deslocamento dos picos de radiância é chamado de Lei de deslocamento de Wien.

λ𝑚á𝑥. 𝑇 = 0, 0028976 𝑚. 𝐾 (3)

Como pôde ser analisado, o espectro de radiação emitido pelos corpos depende unicamente da
temperatura, dessa forma, a temperatura de um corpo pode ser medida comparando sua radiação com a
de outro com temperatura conhecida. Esse princípio é utilizado pelo Pirômetro óptico, o qual é capaz
de determinar a temperatura de um objeto sem a necessidade de contato com a amostra, tornando
viável a medição de corpos de prova distantes ou em altas temperaturas.

Figura 2: Desenho esquemático de Pirômetro Óptico.

O corpo do Pirômetro Óptico é constituído por dois sistemas, um sistema óptico e um sistema de
detecção, o primeiro ressalta a radiação emitida pelo corpo para o detector receber radiação constante,
o segundo, por sua vez, verifica a radiação recebida e processada de forma comparativa com um
parâmetro pré estabelecido.
O parâmetro do pirômetro óptico consiste em um filamento, o qual é aquecido. Quando aquecido, os
elétrons desse filamento ganham mais energia e se desprendem da camada de valência e passam a ser
livres, diminuindo a resistividade do material; concomitantemente, o aumento da temperatura eleva o
grau de agitação dos átomos do filamento, aumentando sua resistividade. Pode-se expressar essa
relação através da seguinte equação 4, onde α é o coeficiente de dilatação do filamento:
𝑅 = 𝑅0[1 + α(𝑇 − 𝑇0)] (4)

Apesar de não se tratar de um resistor ôhmico, podemos considerar que a potência gerada possui valor
aproximadamente igual a de um resistor ôhmico.

𝑃≈ 𝑅𝐼² (5)

Igualando as intensidades do corpo emissor e do filamento aquecido, obtemos a corrente 𝐼 esperada


para a temperatura do filamento.

4
𝑅𝐼² = εσ𝐴𝑇 (6)

εσ𝐴
𝐼= 𝑅0[1+α(𝑇−𝑇0)]
𝑇² (7)

2 OBJETIVO
O foco principal do trabalho é determinar a temperatura de um filamento de tungstênio de uma
lâmpada incandescente a utilizando um pirômetro óptico, além de verificar se essas medidas empíricas
são coerentes com a Lei de deslocamento de Wien e outros conceitos relacionados à radiação térmica.

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 MATERIAL UTILIZADO
- Pirômetro óptico (Leeds & Northrup Co)
- Reostato (Staco Energy Product, Inc.)
- Amperímetro Alicate (Minipa ET-3122B)
- Multímetro (DT9205A)
- Lâmpada

3.2 PROCEDIMENTOS
A lâmpada incandescente, a qual queria-se medir a temperatura do filamento de tungstênio, foi
conectada a um circuito similar ao representado na figura 2, dessa forma, era possível alterar
a diferença de potencial (ddp) que permeava o circuito, mudando também a corrente que o
atravessava. A corrente que circundava o circuito era medida pelo amperímetro alicate. O
modificar da corrente fazia, por efeito Joule, com que a temperatura do material mudasse.
Figura 3: Visão do operador durante o curso do experimento

A observação e comparação do filamento da lâmpada ocorre através da lente ocular do


Pirômetro óptico. A observação da figura 3 mostra um filamento em formato de mola
(lâmpada) e um filamento horizontal (Pirômetro). Ao ajustar a ddp do circuito, determinava-se
a temperatura do filamento de tungstênio; para encontrar seu valor numérico, alterou-se a ddp
do Pirômetro até as cores dos filamentos se igualarem, lendo então, o correspondente na escala
acoplada ao Pirômetro. A corrente que alimentava a lâmpada teve seu valor definido 6 vezes,
com a temperatura correspondente sendo medida 4 vezes e posteriormente fazendo a média
dos valores encontrados.

Figura 4: Escala de temperatura acoplada ao Pirômetro óptico.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para cada uma das 6 ddps configuradas, 4 medidas de temperatura foram feitas, a tabela 1 enumera
cada um dos resultados obtidos para as determinadas tensões e correntes, mostrando em sua última
coluna a média de temperatura encontrada, os valores da coluna amarela serão os utilizados nos
cálculos.
Figura 4.1: Aluno Vanzan realizando medição.

DDP (V) CORRENTE (A) BEVICTORI (°C) PROENÇA (°C) PEPES (°C) VANZAN (°C) MÉDIA (°C)
107 ± 2 1,21 ± 0,01 2230 2249 2210 2220 2227,25
120 ± 1 1,29 ± 0,01 2350 2340 2350 2240 2320
89,8 ± 1 1,088 ± 0,005 2020 2090 2000 2000 2027,5
70,5 ± 0,5 0,951 ± 0,005 1860 1840 1880 1840 1855
53,1 ± 0,5 0,814 ± 0,005 1680 1655 1675 1660 1667,5
30,7 ± 0,5 0,502 ± 0,005 1325 1310 1330 1305 1317,5

Tabela 1: Medidas de diferença de potencial, corrente e temperatura.

Dando prosseguimento à preparação matemática, converte-se as temperaturas de Celsius para Kelvin e


elevando-a ao quadrado, para utilizar na relação estabelecida pela equação 7.

DDP (V) CORRENTE (A) MÉDIA (K) MÉDIA² (K²)


107 ± 2 1,21 ± 0,01 2500,25 6251250,063
120 ± 1 1,29 ± 0,01 2593 6723649
89,8 ± 1 1,088 ± 0,005 2300,5 5292300,25
70,5 ± 0,5 0,951 ± 0,005 2128 4528384
53,1 ± 0,5 0,814 ± 0,005 1940,5 3765540,25
30,7 ± 0,5 0,502 ± 0,005 1590,5 2529690,25

Tabela 2: Medidas convertidas e ajustadas.


Gráfico 1: Linha de tendência e dados coletados da corrente por temperatura ao quadrado.

Através dos dados coletados no experimento, foi possível encontrar uma relação entre a corrente e a
temperatura ao quadrado próxima a linearidade (fator 0,987), o que está em ressonância com as teorias
de radiação térmica do corpo negro e com as equações demonstradas no presente trabalho.

5 CONCLUSÃO
Os resultados do experimento evidenciam os valores previstos pela teoria da radiação térmica,
no entanto, diversos fatores e erros são passíveis de ter afetado o resultado final.
Pode-se levar em consideração a lâmina de vidro entre o filamento de tungstênio e o
pirômetro, a qual pode absorver comprimentos de onda e influenciar na cor vista pelo
operador. O corpo sob análise não apresentava temperatura igual em toda a sua extensão
(como pode ser verificado na figura 3), por esse motivo, toda medições foram baseadas em
um único ponto do filamento
Uma fonte de erro independente do equipamento utilizado dá-se devido a diferença de percepção de
cores entre dois operadores, a qual é intensificada com valores próximos ao fim da escala.
Com a finalidade de tornar o estudo menos trabalhoso, foi considerado mesmo espectro de emissão
para ambos os filamentos, o que desvia da realidade, haja vista que os materiais não são corpos negros
e portanto, a mesma cor indica temperaturas (no caso estudadi) próximas, porém diferentes.
Assim, a despeito das fontes de erros presentes no experimento, um resultado próximo ao teórico foi
obtido, concluindo que o Pirômetro óptico é uma ótima solução para aferição da temperatura de corpos
com elevado grau térmico ou distantes do observador.
6 REFERÊNCIAS
RESNICK, R. E. e R. Física Quântica: Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e Partículas. [S.l.]:
Editora Campus, 2022. v. 23.

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