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Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho”


FEIS – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira

3º Relatório Transferência de Calor e


Massa II
Corpos Submersos

Engenharia Mecânica
Docente: Gabriel Bertacco – Departamento de Engenharia Mecânica
Discentes: Bruna Spila de Lucca 161050204
Bianca Taís Visoná Carnielo 161051261
Data: 12/06/2019

Ilha Solteira, SP
1. Objetivo
Analisar o processo de transferência de calor por convecção natural e obter o coeficiente de TC, bem
como a observação da influência do material e das dimensões dos corpos sobre seu valor.

2. Introdução Teórica
A resposta transiente da temperatura é determinada pela formulação de um balanço global de
energia no sólido, que relaciona a taxa de perda de calor na superfície com a taxa de vaiação de sua energia
interna [1].
Pelo balanço de energia, tem-se que:
𝑑𝐸
= 𝐸𝑒 − 𝐸𝑠 + 𝐸𝑔 = ℎ𝐴𝑠 (𝑇∞ − 𝑇)
𝑑𝑡 (1)

Sabendo que energias que saem e geradas são nulas,


𝑑𝑇 (2)
𝜌𝑉𝑐 = ℎ𝐴𝑠 (𝑇∞ − 𝑇)
𝑑𝑡

E substituindo 𝜃 = 𝑻∞ − 𝑻, então 𝑑𝑇 = 𝑑𝜃:


𝑑𝜃 ℎ𝐴𝑠 (3)
=− 𝜃
𝑑𝑡 𝜌𝑉𝑐
Separando as variáveis e integrando, tem-se que:
𝑇−𝑇∞ ℎ𝐴𝑠 (4)
𝑙𝑛 ( )=− 𝑡
𝑇𝑖 − 𝑇∞ 𝜌𝑉𝑐

sendo 𝑇 a temperatura do corpo num instante de tempo t, 𝑇∞ a temperatura do fluido no qual o corpo está
imerso, 𝑇𝑖 a temperatura inicial do corpo, ℎ o coeficiente de transferência de calor por convecção, em
𝑊/(𝑚2 𝐾), 𝑨𝒔 é área de troca de calor do corpo, em 𝑚2 , t o tempo, em segundos, 𝜌 a massa específica do
corpo, em 𝑘𝑔/𝑚3 , 𝑉 é o volume do corpo, em 𝑚3 , finalmente, 𝑐 a capacidade térmica em 𝑘𝐽/(𝑘𝑔𝐾).
O método da capacitância global é o mais simples e conveniente para ser utilizado em solução de problemas
transientes de aquecimento e resfriamento. Porém, existem condições sob as quais ele pode ser empregado
com precisão satisfatória.
O número de Biot desempenha um papel fundamental nos problemas de condução que envolvem
efeitos convectivos nas superfícies. Esse número fornece uma medida de queda de temperatura no sólido
em relação à diferença de temperatura entre a superfície e o fluido. É dado por:
ℎ𝐿𝑐 (5)
𝐵𝑖 = −
𝑘
com 𝐿𝑐 sendo o comprimento característico, dado pela razão entre o volume do sólido e a sua área
𝑟
superficial. Seu valor para cilindro longo é de 𝑜⁄2, sendo 𝑟𝑜 o raio.
A condições correspondentes a 𝐵𝑖 ≪ 1, pode-se supor uma distribuição de temperaturas uniforme
no interior do sólido em qualquer instante de tempo no processo transiente e, portanto, a resistência à
condução no interior do sólido é muito menor do que a resistência à convecção através da camada limite do
fluido[1]. Então, se a condição 𝑩𝒊 < 𝟎, 𝟏 for satisfeita, o erro adicionado à utilização do método global é
pequeno.
Para determinação desses parâmetros é necessário conhecer os valores de temperatura mostrados nas Eqs.
(1) a (4), as quais são aferidas por meio de termopares cuja curva de calibração é dada pela seguinte equação:
T(V) = (22, 819V[mV] + 4, 229)°C (6)

3.Procedimentos Experimentais
Esta seção apresenta os equipamentos necessários para a obtenção completa do arranjo
experimental e posterior realização do experimento, o qual está esquematicamente representado na Fig.
3.1.
Figura 3.1: Aparato experimental

Fonte: Referência [2]


Na Tabela 3.1, são apresentadas as dimensões dos corpos utilizados no experimento e na Tabela 3.2,
as propriedades termofísicas do alumínio e do cobre.

Tabela 3.1: Dimensões dos corpos utilizados, sendo D o diâmetro e L o comprimento.


Corpo 1 (Al) Corpo 2 (Al) Corpo 3 (Al) Corpo 4 (Cu)
D (mm) 50 50 35 50
L (mm) 200 85 200 200
Fonte: Referência [2]
Tabela 3.2: Propriedades termofísicas do Alumínio (Al) e Cobre (Cu).
Material Calor específico [J/kgK] Massa específica [kg/m3]
Alumínio (Al) 903 2702
Cobre (Cu) 385 8933
Fonte: Referência [2]
Os corpos de prova utilizados estavam inicialmente à temperatura ambiente e foram conectados a
seus respectivos termopares, ligados ao voltímetro. Cada um dos cilindros foi individualmente imerso na
água quente, mantida à temperatura constante. Foram considerados, para medição, intervalos de tempo de
dez segundos, coletando os dados apresentados no multímetro, até que corpo de prova e água atingissem o
equilíbrio térmico, no regime permanente.

4. Resultados e Discussão
Os valores da diferença de potencial medido pelo termopar a cada 10s para os corpos de prova estão
dispostos na Tabela 4.1, bem como os correspondentes valores de temperatura obtidos através da curva de
calibração. A temperatura da água no banho era de 49°C.

Tabela 4.1: Valores de diferença de potencial medidos e da temperatura para os corpos de prova
Cilindro 1 Cilindro 2 Cilindro 3 Cilindro 4
Tempo (s) V (mV) T(°C) V (mV) T(°C) V (mV) T(°C) V (mV) T(°C)
0 0,863 23,921 0,868 24,035 0,897 24,697 1,004 27,139
10 1,052 28,234 1,093 29,170 1,014 27,367 1,107 29,489
20 1,210 31,839 1,291 33,688 1,289 33,642 1,228 32,251
30 1,335 34,692 1,422 36,677 1,432 36,905 1,334 34,669
40 1,436 36,997 1,526 39,050 1,550 39,598 1,425 36,746
50 1,516 38,822 1,611 40,990 1,635 41,538 1,498 38,412
60 1,579 40,260 1,668 42,291 1,697 42,953 1,563 39,895
70 1,63 41,423 1,717 43,409 1,748 44,117 1,615 41,082
80 1,667 42,268 1,754 44,253 1,786 44,984 1,658 42,063
90 1,700 43,021 1,780 44,846 1,815 45,645 1,696 42,930
100 1,726 43,614 1,806 45,440 1,840 46,216 1,725 43,592
110 1,749 44,139 1,822 45,805 1,855 46,558 1,753 44,231
120 1,765 44,504 1,836 46,124 1,869 46,878 1,774 44,710
130 1,783 44,915 1,847 46,375 1,881 47,152 1,796 45,212
140 1,800 45,303 1,856 46,581 1,889 47,334 1,813 45,560
150 1,811 45,554 1,864 46,763 1,897 47,517 1,829 45,965
160 1,819 45,736 1,871 46,923 1,902 47,631 1,843 46,284
170 1,828 45,942 1,876 47,037 1,906 47,722 1,845 46,330
180 1,835 46,101 1,881 47,151 1,911 47,836 1,864 46,764
190 1,842 46,261 1,883 47,197 1,913 47,882 1,874 46,992
200 1,848 46,398 1,887 47,288 1,916 47,950 1,881 47,152
210 1,852 46,489 1,890 47,356 1,918 47,996 1,888 47,311
220 1,855 46,558 1,892 47,402 1,920 48,041 1,896 47,494
230 1,859 46,649 1,894 47,448 1,922 48,087 1,901 47,608
240 1,860 46,672 1,896 47,493 1,924 48,133 1,907 47,745
250 - - 1,897 47,516 1,925 48,156 1,911 47,836
260 - - 1,9 47,585 1,926 48,178 1,917 47,973
270 - - - - - - 1,920 48,041
280 - - - - - - 1,923 48,110
290 - - - - - - 1,925 48,156
300 - - - - - - 1,928 48,224
310 - - - - - - 1,933 48,338
320 - - - - - - 1,937 48,429
330 - - - - - - 1,940 48,498
340 - - - - - - 1,942 48,543
350 - - - - - - 1,942 48,543
360 - - - - - - 1,946 48,635
Fonte: Autoria Própria

𝑇−𝑇
Utilizando a Equação (4) foram construídos gráficos de ln (𝑇 −𝑇∞ ) × 𝑡, de forma que o coeficiente de
𝑖 ∞

transferência de calor por convecção seja encontrado pelo coeficiente angular da reta formada, as Figuras
4.1 a 4.4 mostram as curvas formadas para cada um dos cilindros.

Figura 4.1: Curva para o cilindro 1

0
0 50 100 150 200 250

-0,5

-1
LN

-1,5

-2
y = -0,0097x - 0,3811
-2,5

-3
Tempo (s)

Fonte: Autoria Própria


Figura 4.2 Curva para o cilindro 2

0
0 50 100 150 200 250
-0,5

-1

-1,5
LN

-2

-2,5
y = -0,0112x - 0,5279
-3

-3,5
Tempo (s)

Fonte: Autoria Própria

Figura 4.3: Curva para o cilindro 3

0
0 50 100 150 200 250
-0,5

-1

-1,5
LN

-2

-2,5

-3
y = -0,0139x - 0,4646
-3,5

-4
Tempo (s)

Fonte: Autoria Própria


Figura 4.4: Curva para o cilindro 4

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,5

-1

-1,5

-2
LN

-2,5

-3

-3,5
y = -0,0108x - 0,2213
-4

-4,5
Tempo (s)

Fonte: Autoria Própria

Como é possível ver pelas figuras, as curvas não mostraram comportamento perfeitamente linear,
de forma que foi necessário aproximar para uma curva de tendência a qual é mostrada em pontilhado, o
coeficiente angular desta foi usado para encontrar o coeficiente h.
Este comportamento não linear se deve principalmente a erros na medida da temperatura do fluido,
para que mostrasse o comportamento esperado esta temperatura teria que ser obtida de forma muito
precisa e sem variação entre os cilindros. Além disso, se o corpo não atingiu o regime permanente então
também podem ocorres erros.
Os valores dos coeficientes de transferência de calor por convecção obtidos para cada cilindro são
mostrados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2: Coeficientes de Transferências de Calor por Convecção
Cilindro h (W/m²K)
1 295,839
2 341,587
3 296,754
4 464,293
Fonte: Autoria Própria

É possível observar, comparando o cilindro 1 com o cilindro 2 que com comprimentos menores há o
aumento do coeficiente de transferência de calor, neste caso, para uma redução de 57,5% do comprimento
o h aumentou 15,4%.
Comparando o cilindro 1 e o cilindro 3 pode-se analisar os efeitos da alteração do diâmetro, neste
caso houve uma redução de 30% no diâmetro, o que implicou em um aumento de 0,31% no coeficiente h.
De forma que pode-se inferir que as alterações no comprimento são mais significativas que as alterações no
diâmetro.
Analisando, por fim, as influências do material utilizado, vê-se que o coeficiente para o cilindro 4
(cobre) é 56,9% maior do que para o cilindro 1 (alumínio).
A partir desses valores é possível calcular o número de Biot (Eq.5), o qual pode dizer se é válida a
hipótese de temperatura uniforme no corpo submerso (Bi<0,1), o Biot para cada caso se encontra na Tabela
4.3. Os valores de condutividade térmica utilizados foram 237 W/mK para o alumínio e 401 W/mK para o
cobre. [1]
Tabela 4.3: Dados do número de Biot para cada cilindro
Cilindro Biot
1 0,250
2 0,123
3 0,250
4 0,232
Fonte: Autoria Própria
Isso significa que a hipótese de temperatura uniforme no corpo não é válida, ou seja, há variação
espacial da temperatura. Isso implica em erros uma vez que foi utilizado o Método Global, que não é
adequado para esta situação.

5. Conclusão
As variações na geometria do corpo de prova e também do material interferem na transferência de
calor por convecção do corpo para o fluido. Com comprimentos menores o coeficiente de transferência de
calor h também se torna maior, o mesmo ocorre para a diminuição no diâmetro.
Além disso, verificou-se que ao alterar o material de alumínio para cobre também houve um aumento
significativo dos valores do coeficiente de transferência de calor, o cobre possui uma condutividade térmica
muito maior do que o alumínio, por isso a maior facilidade em transferir calor.
O valor da temperatura do fluido é muito importante nessa análise, para que as comparações sejam
feitas é necessário que todos os corpos sejam ensaiados à mesma temperatura, como podem ter ocorrido
variações nessa temperatura ao longo do experimento, trata-se de uma fonte de erros. A análise matemática
foi realizada por meio do Método Global, mas os números de Biot mostraram que não é o método mais
adequado neste caso, pois há variação da temperatura espacialmente no corpo de prova, além disso, foram
desconsideradas as transferências de calor nas bases dos cilindros.

6. Bibliografia
[1] INCROPERA, Frank P. et al – “Fundamentos de Transferência de Calor e Massa”. Editora LTC, 6ed, Rio de
Janeiro, 2008.
[2] Bertacco, Gabriel. Experimento 03: corpos submersos. Ilha Solteira, 2019.

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