Como resultado de um processo terapêutico, espera-se que a pessoa encontre em si qualidades como segurança, autonomia, responsabilidade, tranquilidade, amorosidade e outras que com certeza trarão uma maior qualidade de vida. No entanto para conquistar tais qualidades é necessário superar alguns obstáculos internos que impedem a livre expressão. Esses obstáculos variam de pessoa para pessoa. Cada um possui as próprias dificuldades que precisa lidar de forma bastante individual, porém durante o processo terapêutico algumas etapas gerais podem ser encontradas com frequência. Confira abaixo algumas delas: Culpar os outros pelos problemas pessoais Muitas vezes temos a tendência de encontrar culpados pelos nossos problemas. Essa é uma forma infantil de lidar com as situações pois deixamos de assumir a responsabilidade por nossa vida e pelo que acontece nela. Perdemos desta forma o poder e a autonomia. Com esta atitude a possibilidade de mudança fica impedida e resta para nós o lamento de que o mundo não é como desejávamos que fosse. Muitas vezes nestas etapas do tratamento terapêutico é comum dizermos frases como: “meu patrão é autoritário”, “meu marido não me respeita”, “a vida é uma droga” ou “meu filho não me obedece”. Reconhecimento da sua parcela de responsabilidade nos conflitos Por mais que hajam justificativas lógicas para se inconformar com uma situação, sempre podemos encontrar em nós um motivo pelo qual precisamos vivenciar algo como o que estamos vivenciando. Somente com este reconhecimento poderemos realizar qualquer mudança efetiva. Basta reformularmos nossas afirmações dirigidas ao outro e ao mundo por questionamentos direcionados a nós mesmos sobre nossas próprias dificuldades. Se meu filho não me obedece, qual é a parte minha que não é capáz de exercer autoridade ou que precisa exageradamente dela? Se a vida é uma droga, qual é a parte minha que não se permite desfrutar o prazer? Quais sentimentos ficam ali retidos? Até este momento o tratamento busca o reconhecimento de que ainda procuramos culpados pelos nossos problemas e abertura para a possibilidade de observar a situação a partir de outro ponto de vista. Colocando o foco em si próprio e não no outro. Reconhecimento da raiva e contato com a dor Ao aceitarmos que culpamos os outros, reconhecermos e expressarmos toda nossa indignação e mudarmos o foco de atenção para o que acontece em nós, entraremos em contato com aquilo que mais nos incomoda. Aquela parte que sente a dor de ter sido injustiçado, invadido, desprezado etc. Essa é uma das etapas mais difíceis do processo. É preciso muita honestidade interna e humildade para reconhecer nossa tentativa de encontrar culpados, autorizar-se expressar a profunda indignação e aceitar a dolorosa sensação de não ser ou ter aquilo que se espera. Acolher tais dores é um requisito fundamental para passarmos a agir de forma mais inteira e madura na vida. Este é um processo lento que deve ser vivido de forma muito profunda. A compreensão racional não é suficiente. É de fundamental importância experimentar viceralmente cada uma das sensaçõs e sentimentos envolvidos com o processo. Reconhecimento das possíveis mudanças internas necessárias Após reconhecer nossa parte de responsabilidade, nossas próprias dificuldades que nos levam a vivenciar situações conflitantes, chega o momento de refletir sobre o que pode ser feito para que a mudança externa aconteça. Em outras palavras, de que maneira devemos agir para experiementarmos aquilo que realmente desejamos em nosso eu mais profundo. Aplicação das mudança Após toda experiência e reconhecimento do que é preciso mudar chega outra importante etapa do tratamento, a aplicação da mudança na vida cotidiana. O consultório é apenas um laboratório onde é possível experimentar de forma intensiva as situações de nossa vida. Grandes mudanças podem ocorrem neste ambiente, mas o mais importante é que essas mudanças, consolidadas internamente, reverberem em mudanças em nosso comportamento na vida diária, conduzindo-nos a mais momentos de tranquilidade, prazer e liberdade com responsabilidade. Todas as etapas descritas acima fazem parte de um processo gradativo… como o crescimento orgânico de uma planta. Por mais que oferecemos condições ideais para o crscimento, não há como forçá-lo a acontecer. Outro ponto importante é que todas elas, costumam vir acompanhadas com grandes desafios que muitas vezes conduzem à interrupção abrupta do tratamento sem que o cliente tenha lidado com a dificuldade deparada. A orientação para estes momentos, em que desejamos interromper um tratamento, é que os motivos sejam expostos para o seu terapêuta. Essa atitude é, por si só, uma demonstração de amadurecimento interno, autonomia e responsabilidade pelos próprios processos.
Regis Furquim Scaggiante
Com graduação em Naturologia Aplicada, especialização em Terapia Corporal Reichiana e DMP (Deep Memory Process), realizo os atendimentos de naturologia em consultório baseado nos fundamentos da terapia corporal e em conjunto com sessões de regressão (DMP). Amo educação. Considero-a como a base para o autoconhecimento e para a saúde. Atuei com educação ambiental para crianças através de horta escolar e com projetos de revitalização cultural com o povo Mbyá Guarani, trabalhos que me deram base para entender a relação do ser humano com a natureza e universo ao qual pertence. Hoje, além de atendimentos em consultório e trabalhos com grupos de terapia, aprecio estar com a família, fazer esportes, aproveitar momentos em contato com a natureza e escrever sobre minhas reflexões nas áreas de terapia, ecologia, sustentabilidade, consumo consciente e saúde. Website: https://www.vidapora.com.br