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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Engenharia Química


Laboratório de Engenharia Química I - FEQUI31011

Experimento 8: Determinação do coeficiente de descarga de uma


placa de orifício

Autores: Bruno Viana, Julia Paulino, Julia Fator, Maria Clara Giampietro e Matheus Alves.

Faculdade de Engenharia Química – Universidade.Federal de Uberlândia


Campus Santa Mônica - Bloco 1K, CEP: 00000-000, Uberlândia – MG - Brasil
Telefone: (34) 3230-9534
E-mail: bruno.coimbra@ufu.br, julia.paulino@ufu.br, julia.fator@ufu.br.
maria.giampietro@ufu.br, matheus.alves1@ufu.br.

RESUMO – Placa de orifício é um dispositivo amplamente utilizado para medir vazão


instantânea em tubos, seu funcionamento baseia-se no princípio de que a diminuição na seção
transversal do escoamento provoque um aumento na velocidade, que é acompanhada de uma
queda de pressão. Este experimento tem como intuito verificar essa definição por meio de um
termômetro com medição de temperatura, no qual registra-se a diferença de altura no
manômetro. De acordo com a Lei de Bernoulli da conservação de energia, haverá um
aumento da velocidade do fluido e uma redução na pressão estática, ou seja, o que o fluido
ganha em pressão dinâmica perderá em pressão estática. Ao passar pela placa haverá uma
recuperação parcial desta perda da pressão estática, mas haverá uma pequena perda
permanente da mesma pressão, ou seja, perda de carga.

PALAVRAS-CHAVE: Coeficiente de descarga, placa de orifício, vazão.

Objetivos: A prática tem como interesse a determinação do coeficiente de descarga de uma


placa de orifício.

Uberlândia, 18 de Outubro de 2023 Nota: data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO
A placa de orifício é um dos elementos de medição de vazão mais utilizados nas
indústrias, pois são dispositivos simples, práticos e com baixo custo. O princípio do
funcionamento da placa de orifício é constituído na introdução de um obstáculo na tubulação
onde a vazão deve ser alterada. Este obstáculo é incitado por uma placa de espessura fina
proveniente de um orifício devidamente instalada no tubo onde ela obriga o fluido a alterar
sua velocidade, consequentemente mudando seu fluxo e pressão representada posteriormente
em sua vazão (DELMÉE, 2003). Ou seja, o que o fluido ganha em pressão dinâmica perderá
em pressão estática. Ao passar pela restrição haverá uma recuperação parcial desta perda da
pressão estática, mas haverá uma pequena perda permanente da mesma pressão. (BRUM).

O escoamento de fluidos através de restrições ou orifícios, em medidores de vazão do


tipo pressão diferencial (sistemas deprimogênios), constitui uma classe particular de
problemas em dinâmica de fluidos (VALLE, 1995). Assim partindo da Equação de Bernoulli,
temos a equação (1) que diz respeito à vazão do fluido.

(1)

No entanto, é muito comum apresentar-se o resultado com um coeficiente de vazão


Cd que corrige a equação (1) incluindo as perdas de carga no escoamento do fluido. Cd e a
equação corrigida são representados pelas equações (2) e (3) respectivamente.

4𝑄
𝐶𝑑 = 4
2 ρ𝑚−ρ β
π.𝐷𝑡 . 2𝑔. ρ
. 4 .∆ℎ
1−β

(2)

(3)

As desvantagens das placas de orifício estão ligadas às perdas de carga no fluxo do


fluido, ao desgaste das placas, junção de resíduos do fluido nas placas e precisam ser
ajustadas a uma estreita faixa de medida.

2. MATERIAIS UTILIZADOS
Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais:

● Manômetro em tubo U
Fabricante: Salcas Industria e Comércio Ltda
Modelo: MCU 250
Faixa de medição 250-0-250
Escala: 500 mm
● Rotâmetro (L/s)
Precisão: ± 0,1 cm
● Placa de orifício com diâmetro 3,5 cm
● Tubulação de aço com diâmetro 5,3 cm
● Soprador de ar
● Barômetro
Precisão: ± 0,5 mmHg
● Termometro de Mercurio PromoLab
Precisão: ± 0,1 °C
● Lupa

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Em um primeiro momento, conectou-se o manômetro de tubo em U nas tomadas de
pressão da tubulação e na entrada e saída da placa de orifício. Posteriormente, ligou-se o
soprador com a mínima vazão possível, com a válvula parcialmente aberta e foi-se abrindo a
válvula gradativamente e para cada altura desejada anotou-se diferença de altura entre as
colunas do manômetro, a vazão e a temperatura do fluido na saída do rotâmetro, foram feitas
15 (quinze) medições até atingir a maior vazão possível.

4. TRATAMENTO DOS DADOS


Observa-se na tabela abaixo, os dados coletados experimentalmente, sendo eles a
altura que o anel do rotâmetro atinge a cada teste (H), a diferença entre o comprimento da
coluna do fluido no manômetro para cada teste em relação a altura inicial (∆h) e a
temperatura (T). Com esses dados, foi possível calcular a vazão do rotâmetro (Qrot), pela
equação 4, e a densidade do ar (ρ), pela equação 5, para cada H.

H (cm) ∆h (cm) T (°C) Qrot(L/s) ρ(g/cm3)


1 0,7 39 1,78 0,00110230

2 1,3 39,5 3,56 0,00110053

3 1,9 39,5 5,34 0,00110053

4 2,7 39,5 7,12 0,00110053

5 3,4 39,5 8,9 0,00110053

6 4,3 39,5 10,68 0,00110053

7 5,3 40 12,46 0,00109878

8 6,5 41 14,24 0,00109528

9 7,8 41,5 16,02 0,00109354

10 8,4 42 17,8 0,00109180


11 9,8 42,5 19,58 0,00109007

12 10,8 43,5 21,36 0,00108663

13 11,6 44,5 23,14 0,00108321

14 13,2 46 24,92 0,00107812

15 14 46,5 26,7 0,00107643

Tabela 1: Dados experimentais coletados e cálculo da vazão do rotâmetro e da densidade

Com os dados acima, fazendo a conversão da Qrot de L/s para cm3/s, e utilizando esse
valor, é possível calcular a coeficiente de arraste (Cd), por meio da equação 2, com a
aproximação de β = 0,6. Além disso, por meio da equação 6, calcula-se a velocidade (v) e por
meio da equação 7, o número de Reynolds (Re). Para determinar a viscosidade do ar (μ), por
sua vez, utilizou-se os valores da literatura (4) como referência, sendo necessário realizar
uma interpolação com a temperatura média de 314,75K. Sendo assim, a viscosidade do ar
encontrada foi 1,91785 × 10-4 Poise.

Q (cm3/s) Cd V (cm/s) Re
1780 0,2113 80,6823 2457,75371

3560 0,3098 161,3646 4907,646381

5340 0,3844 242,0470 7361,469571

7120 0,42997 322,7293 9815,292761

8900 0,4789 403,4116 12269,11595

10680 0,5111 484,0939 14722,93914

12460 0,5366 564,7762 17149,33656

14240 0,5529 645,4586 19536,85362

16020 0,5674 726,1409 21944,03427

17800 0,6070 806,8232 24343,57672

19580 0,6177 887,5055 26735,51727

21360 0,6409 968,1878 29073,91077

23140 0,6688 1048,8702 31397,58119

24920 0,6736 1129,5525 33653,86021

26700 0,7003 1210,2348 36001,30551

Tabela 2: Dados calculados referentes à vazão em cm3/s, ao coeficiente de arraste, à velocidade e ao


número de Reynolds.
Calculando a média dos valores de Cd, obtém-se 0,5260.

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Com o coeficiente de descarga e o número de Reynolds calculados, plotou-se o
gráfico experimental para que fosse possível comparar com o gráfico esperado pela literatura
(3). Ambos os gráficos, experimental e da literatura, podem ser observados abaixo,
respectivamente:

Gráfico 1: Coeficiente de descarga de placa de orifício em relação ao número de Reynolds.

Gráfico 2: Coeficientes para placas de orifício e rotâmetro da literatura (3).

De acordo com a tabela 2, nota-se que o valor de Cd médio, 0,5260, ficou no intervalo
esperado pela literatura, 0 < Cd < 1, e também com o valor esperado com base nos
experimentos de anos anteriores realizados no laboratório, 0,4 < Cd < 0,6.
Com base na tabela 2, percebe-se que com o aumento de Q, o coeficiente Cd
aumentou, da mesma forma que o número de Reynolds, demonstrado no gráfico 1, cuja
tendência da curva é aproximadamente linear crescente entre Cd e Re. Contudo, comparando
o gráfico experimental com o da literatura, percebe-se, por meio do gráfico 2, que a partir de
Re ≈ 103, há uma diminuição no valor de Cd, algo que não foi visto no gráfico 1, que, como
citado anteriormente, obteve uma curva crescente entre Cd e Re. A justificativa para tal
diferença pode ser feita em razão da grande perda de carga no sistema, bem como erros
relacionados aos instrumentos utilizados na prática como, por exemplo, o termômetro, o
rotâmetro, a leitura da altura da coluna de líquido no manômetro, o formato da placa, dentre
outros.

6. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente experimento confirmaram a relação linear entre Cd
e Re, como era esperado. Mesmo em pontos com diferença de valores, o Cd médio, igual a
0,5260, ficou no intervalo esperado conforme a literatura, entre 0 e 1. Assim, foi possível
comparar o gráfico obtido experimentalmente com o da literatura, de forma que ambos
forneceram curvas parecidas até Re ≈ 103. Contudo, após esse valor, houve uma diminuição
no valor de Cd, indo em oposição ao esperado teoricamente. Uma das justificativas para essa
diferença pode ser a grande perda de carga no sistema, os erros relacionados aos instrumentos
utilizados na prática, erros de leitura e o formato da placa.

MEMÓRIA DE CÁLCULO
Da equação (3):

onde:

Q = vazão do fluido na tubulação analisada (L/s).


D = diâmetro interno do tubo (5,3 cm).
g = aceleração da gravidade (978,7 cm/s2).
ρm = densidade do fluido manométrico (0,789 g/cm3).
ρ = densidade do fluido (ar) que escoa pela tubulação (g/cm3).
β = razão entre o diâmetro do orifício da placa e da tubulação (0,6).
Δh = diferença de altura entre as colunas de água do manômetro em U (cm).

● Equação da vazão do rotâmetro

𝑄rot = 1, 78 ⋅ H (4)

onde:
H = altura que o anel do rotâmetro atinge a cada teste (cm)

● Equação da densidade do ar
𝑃 . 𝑀𝑀
ρ𝑎𝑟 = 𝑅.𝑇
(5)

onde:

P = Pressão da Uberlândia (medida pelo barômetro = 744 mmHg)


M= massa molar do ar (28,84 g/mol)
𝐿 . 𝑚𝑚𝐻𝑔
R = Constante universal dos gases (62,36 𝐾. 𝑚𝑜𝑙 )
T = temperatura (K)

OBS: A fim de deixar ρ em [g/cm3] é preciso dividir o resultado por 1000, pois utilizando a
𝑎𝑟
equação com as unidades descritas acima, ρ sairá inicialmente em [g/L].
𝑎𝑟

● Equação da velocidade:

𝑄
𝑉 = Π.(𝐷𝑡 )
4 (6)
4

onde:

Dt: diâmetro da tubulação (5,3 cm)


Q: vazão (cm3/s)

● Equação de Reynolds:

ρ𝑎𝑟.𝑉.𝐷𝑇
𝑅𝑒: µ𝑎𝑟
(7)

onde:

ρ𝑎𝑟: densidade do ar (g3/s)


V: velocidade (cm/s)
µ𝑎𝑟: viscosidade média do ar (1,91785 × 10-4 P)
Dt: diâmetro da tubulação (5,3 cm)

REFERÊNCIAS
[1] DELMÉE, G. J. (1983). Manual de Medição de Vazão, Editora Edgard Blücher Ltda, São
Paulo.

[2] BRUM, Henrique. Dimensionamento de uma placa de orifício.


[3]VALLE, Ramon Molina. Escoamento laminar em placas de orifício-análise teórica e
experimental em regime permanente e transiente. 1995.

[4] FOUST, A.S. Princípios das Operações Unitárias. 2ª ed. 1982. Editora: Guanabara
Dois S.A. Rio de Janeiro.

[5] BRUNO, T. J.; LIDE, D. R.; RUMBLE, J. R. CRC handbook of chemistry and physics : a
ready-reference book of chemical and physical data. Boca Raton: Crc Press, 2014.

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