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Instituto Federal da Bahia - Campus Vitória da Conquista

Curso de Engenharia Civil


Disciplina: Física Experimental I
(FIS403)

RELATÓRIO
FÍSICA EXPERIMENTAL I
SEMESTRE – 2022.2

EXPERIMENTO 1: Queda Livre

DOCENTE: Rafael Rocha da Silva

DISCENTES: Eric Rocha dos Reis


Silas Lahel Gomes Marques
Verônica Morais Lima
Vitor Murilo Andrade Passos

DATA: 01/09/2022
1. INTRODUÇÃO
O estudo da queda livre é um tópico fundamental para diversas descobertas na
comunidade científica. Em sala de aula foi demonstrado um exemplo de experimento
de queda livre com o objetivo de possibilitar a análise e a verificação de fatores
relacionados e presentes nesse movimento de corpos. Para compreender esse
movimento, é necessário o conhecimento dos seguintes conceitos:

Aceleração da gravidade: Através de diversos experimentos, notou-se que ao lançar


um corpo verticalmente para cima notamos que ele sobe até uma certa altura, mas
logo depois retorna. Acontece a situação ao largar um corpo de massa em uma
determinada altura. Essas ações são motivadas pelo campo gravitacional existente
na Terra. Nesse experimento, para calcular a gravidade utilizou-se as expressões
abaixo:

𝟏
𝒉 = 𝒉 𝟎 − 𝒗 ( 𝒕 − 𝒕𝟎 ) − 𝒈𝒕𝟐 (1)
𝟐

𝒗 = − 𝒗𝟎 − 𝒈(𝒕 − 𝒕𝟎 ) (2)

Desvio padrão: Medida utilizada para expressar a dispersão de um determinado


conjunto de dados. Quanto mais próximo de zero, representa a homogeneidade dos
dados obtidos. Pode ser expressa por:

𝟏 ̅ 𝒊) ²
𝝈𝑨 = 𝝈𝒙 = √(𝒏−𝟏) ∑𝒏𝒊=𝟏(𝑿 − X (3)

Erro de escala: Caracteriza-se na precisão do instrumento de medição, sendo igual


a metade da escala do equipamento (quando não possui um limite). Sua notação é
representada por: 𝜎𝐵 .

Erro randômico: Se destaca por não possuir padrão para sua ocorrência, e é
representada como a soma do desvio padrão e erro da escala.

𝝈𝑪 = 𝝈𝑨 + 𝝈𝑩 (4)

Erro absoluto: Retratar a medida através de um valor pré-definido com o encontrado


experimentalmente. Pode ser expresso por:

̅ 𝒍𝒊𝒅𝒐 − 𝑿
∆𝑿 = | 𝑿 ̅ 𝒓𝒆𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂 | (5)
Erro relativo percentual: valor percentual de erro com relação ao valor tabelado ou
de referência. Pode ser expresso por:

̅ −𝑿𝒓𝒆𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂 |
|𝑿
𝜺% = 𝐱𝟏𝟎𝟎% (6)
𝑿𝒓𝒆𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂

Propagação de erros indiretos: Ao possuir uma grandeza física (medidas indiretas),


em que depende de outras medidas (medidas diretas), não é possível calcular com os
desvios e erros de escala ou randômico. A equação que define a o erro previsto é
expressa por:

𝝈𝒇 𝝈𝒇 𝝈𝒇 𝝈𝒇
∆𝒀 = |𝝈𝒙 | + |𝝈𝒙 | + |𝝈𝒙 | + |𝝈𝒙 | (7)
𝟏 𝟐 𝟑 𝒏

2. OBJETIVOS
O objetivo principal desse experimento é compreender como funciona o
movimento de um corpo em queda livre.

2.1 Objetivos Específicos

 Identificar os tempos médios e seus erros totais;


 Encontrar o valor da aceleração da gravidade local;
 Construção de gráficos a partir dos dados experimentais;

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS


Neste tópico será detalhado os materiais que foram utilizados para a realização
do experimento, como também os métodos experimentais.

3.1 Materiais utilizados

Os materiais para a realização do experimento vão ser listados abaixo e


expostos com imagens reais:

 Plano vertical;

 Sensor fotoelétrico;

 Eletroímã;

 Multicronômetro;

 Esfera metálica;
 Cesto;

 Trena.

Figura 01: Plano vertical, eletroímã, Figura 02: Multicronômetro

cesto e sensores fotoelétricos

Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

Figura 03: Trena Figura 04: Esfera

Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

3.2 Procedimentos experimentais

Para a realização do experimento, iniciou-se verificando o diâmetro da esfera


metálica com a trena. Logo depois, conectou-se o cronômetro ao sensor fotoelétrico,
ajustando a uma posição de altura determinada pelos discentes. O multicronômetro e
o eletroímã foram ligados, com a esfera metálica já posicionada em contato com o
mesmo. Após alguns segundos, o eletroímã é desligado liberando a esfera metálica
em queda livre, e ao passar pelo eletroímã obtêm-se o tempo de queda da mesma.
Tais procedimentos foram realizados por 5 (cinco) vezes em 10 (dez) alturas distintas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Mediante ao experimento de levantamento de dados com uma esfera metálica


através de censores que marcava o tempo de queda livre em diferentes alturas,
obteve-se a média, desvio padrão, erro de escala e o resultado total. Os cálculos foram
efetuados através da utilização de uma calculadora científica com base nas fórmulas
(3) e (4). As duas primeiras tabelas apresentam os resultados encontrados através do
experimento, sendo eles as médias mais ou menos a margem de erros totais, como
também esses valores elevados ao quadrado.

Tabela 1: Dados coletados do tempo percorrido pela esfera em queda livre

Tempo (s) 𝜎𝐴 𝜎𝐵 𝜎𝑐 Resultado


Medida Medida Medida Medida Medida t̅ (s)
(s) (s) (s)
1 2 3 4 5 (s)

0,5678 0,5418 0,5965 0,6412 0,5582 0,5811 0,03903 0,00005 0,03908 0,5811 ± 0,0391

0,6886 0,5191 0,6179 0,5920 0,5953 0,6025 0,06076 0,00005 0,06081 0,6025 ± 0,0608

0,5564 0,5990 0,6111 0,5374 0,5104 0,5630 0,04205 0,00005 0,04210 0,5630 ± 0,0421

0,6065 0,6320 0,5465 0,5421 0,6516 0,5957 0,04963 0,00005 0,04970 0,5957 ± 0,0497

0,4913 0,5028 0,4473 0,5652 0,4464 0,4906 0,04884 0,00005 0,04890 0,4906 ± 0,0489

0,4359 0,4556 0,4225 0,4237 0,4431 0,4361 0,01385 0,00005 0,01390 0,4361 ± 0,0139

0,3837 0,4249 0,5273 0,4774 0,3836 0,4393 0,06244 0,00005 0,06250 0,4393 ± 0,0625

0,5612 0,6078 0,4785 0,4870 0,3674 0,5004 0,09162 0,00005 0,09167 0,5004 ± 0,0917

0,3947 0,4194 0,3583 0,4337 0,4132 0,4038 0,02906 0,00005 0,02911 0,4038 ± 0,0291

0,2054 0,2161 0,1801 0,2579 0,1919 0,2103 0,02989 0,00005 0,02994 0,2103 ± 0,0299
Tabela 2: Resultado do tempo e erro total elevado ao quadrado

t² 𝜎𝑐 ² Resultado de t²
(s²) (s²) (s)
0,3377 1,5237 x 10-3 0,3377 ± 1,5237 x 10-3
0,3630 1,5237 x 10-3 0,3630 ± 1,5237 x 10-3
0,3170 1,7724 x 10-3 0,3170 ± 1,7724 x 10-3
0,3550 2,4700 x 10-3 0,3550 ± 2,4700 x 10-3
0,2407 2,3912 x 10-3 0,2407 ± 2,3912 x 10-3
0,1902 1,9182 x 10-4 0,1902 ± 1,9182 x 10-3
0,1930 3,9062 x 10-3 0,1930 ± 3,9062 x 10-3
0,2504 8,4033 x 10-3 0,2504 ± 8,4033 x 10-3
0,1630 8,4740 x 10-4 0,1630 ± 8,4740 x 10-4
0,0442 8,9640 x 10-4 0,0442 ± 8,9640 x 10-4

Para encontrar o resultado final do tempo percorrido pela esfera, utilizou-se no


experimento diferentes alturas, sendo elas:

Tabela 3: Dados coletados da altura da esfera com resultado dos tempos médios
h 𝜎𝐵 em h Resultado de t
(s)
(m) (s)

Altura 1 1,02 0,00005 0,5811 ± 0,0391


Altura 2 0,90 0,00005 0,6025 ± 0,0608
Altura 3 0,85 0,00005 0,5630 ± 0,0421
Altura 4 0,82 0,00005 0,5957 ± 0,0497
Altura 5 0,63 0,00005 0,4906 ± 0,0489
Altura 6 0,55 0,00005 0,4361 ± 0,0139
Altura 7 0,49 0,00005 0,4393 ± 0,0625
Altura 8 0,36 0,00005 0,5004 ± 0,0917
Altura 9 0,25 0,00005 0,4038 ± 0,0291
Altura 10 0,10 0,00005 0,2103 ± 0,0299

A partir desses resultados foi construído o gráfico abaixo que representa as


alturas (h) versus os tempos (t) médios encontrados. Através dessa representação, é
evidente o caráter linear que ela possui, satisfazendo o comportamento esperado pelo
experimento. Sendo assim, obteve-se a equação da reta: y = 2,2567x – 01,4914 com
um ajuste linear, que significa uma curva média cujos os intervalos em relação aos
pontos tendam a se anular uniformemente ao longo do traçado.
Gráfico 1: Alturas versus tempos médios

h versus t
1.2
1
0.8 y = 2.2567x - 0.4914

Altura (m)
0.6
0.4
0.2
0
-0.2 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Tempo (s)

hxt Linear (h x t)

Com a finalidade de comparação entre as alturas (h), utilizou-se a expressão


(1) e o valor da gravidade (g) de 9,78 m/s² para encontrar os pontos teóricos de h. A
representação pelo método gráfico foi através da sobreposição dos pontos
experimentais (reta azul) versus pontos teóricos (reta vermelha). Com isso, analisando
o diagrama abaixo, destaca-se maiores discrepâncias no intervalo de 0,4 a 0,5
segundos e menores nos intervalos de 0,0 a 0,3 segundos, como também no de 0,5
a 0,6 segundos.

Gráfico 2: Alturas experimentais e teóricas versus tempos médios

Através dos dados das tabelas 2 e 3, criou-se o gráfico 3, representando a


altura (h) versus o tempo (t) elevado ao quadrado. Ele possui 3 (três) retas, sendo elas
equação da reta dos pontos de h e t² (reta azul), e as outras 2 caracterizando as
incertezas gráficas. Através do método de propagação de incerteza, com a fórmula
(7), utilizou-se a derivada de (1) para encontrar os erros positivos e negativos
expressos no diagrama. A expressão encontrada para encontrar essas incertezas
foram:

𝐸𝑟𝑟𝑜+ 𝑜𝑢− = 𝑡𝑛 ± 2 ∗ 𝑡𝑛 ∗ 𝜎𝑥

em que tn são os valores dos tempos médios encontrados na tabela 1.

Analisando o gráfico em questão, é possível evidenciar o conceito de


paralelismo entre retas, isto é, um comportamento eficiente e coerente. Como também
uma baixa discrepância entre os pontos experimentais e suas determinadas falhas em
diferentes intervalos.

Gráfico 3: Alturas versus tempos médios elevado ao quadrado

Diante de todos os conceitos adquiridos ao decorrer desses resultados e


discussões expostas, é possível determinar o valor da aceleração da gravidade. Para
tal cálculo utilizou-se a expressão (1) com h0, v e t0 no valor de 0 (zero) e com as outras
grandezas necessárias expostas na tabela abaixo.

Tabela 4: Valores da gravidade encontrada

Valores Gravidade
(m/s²)
h=1,02 m ; t²=0,3377 s² 6,042
h=0,90 m ; t²=0,3630 s² 4,960
h=0,85 m ; t²=0,3170 s² 5,36
h=0,82 m ; t²=0,3550 s² 4,61
h=0,63 m ; t²=0,2407 s² 5,23
h=0,55 m ; t²=0,3630 s² 5,80
h=0,49 m ; t²=0,1930 s² 5,10
h=0,36 m ; t²=0,2504 s² 2,90
h=0,25 m ; t²=0,1630 s² 3,06
h=0,10 m ; t²=0,0442 s² 4,52
Média (g̅) 4,72

Desta forma, o valor médio encontrado da aceleração gravidade (g̅) local é


de 4,72 m/s².

A fim de demonstrar o quanto a média da aceleração da gravidade diverge do


valor tabelado (9,78 m/s²), calculou-se o erro absoluto e percentual através das
fórmulas (5) e (6), sendo eles:

∆𝑿 = 𝟓, 𝟎𝟔 𝒎/𝒔²

𝜺% = 𝟓𝟏, 𝟕𝟑%

Assim sendo, o valor encontrado médio da aceleração da gravidade (4,72 m/s²)


não coincide com o tabelado e apresenta uma diferença que analisada pela
porcentagem possui uma discrepância de 51, 73% em comparação ao valor de
referência utilizado. Diante disso, a abordagem passa a possuir uma taxa de incerteza
elevada, pois a mesma considera a velocidade inicial da esfera (v0) igual a zero,
fazendo com que o cálculo não seja tão preciso (sendo viável considerar um valor
pequeno para v e verificar as variações). Por conta disso, o erro encontrado na
metodologia abordada neste caso é considerado sistemático, pois é um erro com fonte
identificável e fez com que o resultado estivesse muito abaixo do esperado. Por fim,
quando se analisa as abordagens e os cálculos realizados, evidencia que em
nenhuma das fórmulas usadas foi necessário a massa da esfera metálica, chegando
a conclusão em que, no experimento, a aceleração da gravidade independe da massa
da esfera.

5. CONCLUSÃO
Com a realização do experimento detalhado acima, foi possível estudar o conceito
teórico sobre queda livre e verificar na prática. Em primeiro plano, é necessário
evidenciar a importância da estatística de dados na apresentação das informações de
valores mais precisos, sendo possível verificar ao longo do desenvolvimento dos
cálculos e resultados presentes neste relatório.
Através dos resultados obtidos, foi possível encontrar a aceleração da gravidade
média, como também verificar a discrepância do valor experimental encontrado da
aceleração da gravidade sendo bem menor em comparação ao de referência. Além
disso, relatou-se as causas de erros que causaram no experimento, sendo ele do tipo
sistemático. Sendo assim, conclui-se que a prática de experimentos com fundamentos
teóricos existentes auxilia para uma melhor fixação acerca dos conteúdos abordados.
6. REFERÊNCIAS

Assis, Janilson Pinheiro de. Sousa Roberto Pequeno de Carlos. Dias, Tadeu dos
Santos. Glossário de estatística. Mossoró: EDUFERSA, 2019.

PEREIRA, Robson Bruno Dutra. O que é um erro sistemático? 2022. Disponível em:
<https://fluxodeinformacao.com/biblioteca/artigo/read/15478-o-que-e-um-erro-
sistematico>. Acesso em: 28 ago. 2022.

RESNICK, Robert; HALLIDAY, David. Física 1. 4ª ed. Rio de Janeiro: Revista Técnica
de Adir Moyses Luiz, 1983.

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