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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE FÍSICA
FÍSICA 1 EXPERIMENTAL

EXPERIMENTO 2 e 2.1
Movimento Retilíneo
Uniformemente
Variado

Grupo 1:
Shayla Chrystin Dos Santos Silva/212004957
Louise Castro Rodrigues/200055861

Data do experimento: 22/09/2023 e 06/10/2023


Objetivo do experimento
Determinar o tempo de deslocamento e velocidades instantâneas de um carrinho com
sensor de eletroímã deslizando sobre trilho de ar. Além de verificar se a variação da energia
cinética no sistema é igual ao trabalho realizado pela força externa.

Introdução
O Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV) é um movimento que ocorre em
linha reta com aceleração constante em que a velocidade do corpo estudado aumenta ou
diminui uniformemente ao longo de uma trajetória. Quando o módulo da velocidade do corpo
aumenta, o movimento é acelerado e quando ocorre uma diminuição é considerado movimento
retardado (Halliday D., 1983). Através das funções horárias da velocidade e da posição
(mostradas a seguir) é possível determinar a velocidade e a posição de um objeto móvel em um
dado instante de tempo:
1) 𝑉 (𝑡) = 𝑉0 + 𝑎 ⋅ 𝑡
𝑎⋅𝑡 2
2) 𝑆(𝑡) = 𝑆0 + 𝑉0 ⋅ 𝑡 + 2

Defina-se o trabalho realizado pela força sobre uma partícula como o produto do componente
da força na direção do movimento pela distância que a partícula percorreu naquela direção
(Halliday D., 1983). O Teorema do Trabalho e Energia estabelece que o trabalho total realizado
por todas as forças resultantes sobre um objeto é igual à variação na sua energia cinética.
Matematicamente, isso pode ser expresso como:
𝑊 = ∆𝐾
𝑚⋅𝑉 2
𝑚 ⋅ 𝑔 ⋅ ∆𝑆 = 2

Em resumo, o MRUV é um tipo de movimento em linha reta no qual um objeto se move


com aceleração constante, o que significa que sua velocidade muda em taxa constante ao longo
do tempo, e o teorema do trabalho e energia estabelece uma relação crucial entre o trabalho
realizado pelas forças resultantes sobre um objeto e a mudança em sua energia cinética. Isso é
amplamente utilizado para analisar o movimento de objetos e sistemas em diferentes situações.
Avaliamos então todas as teorias relatadas através de um experimento com carrinho e massa
suspensa, e concluímos dados as os resultados encontrados que houve discrepância em todas
as amostras avaliadas, que podem ter sido influenciadas por diversos fatores como erros
experimentais e resistência do ar.

Procedimentos
Primeiramente, utilizou-se uma balança digital para medir as massas do carrinho, do
suporte e de uma disco de metal (massa adicional) e registrou-se os valores observados na
tabela 1, subsequente foi utilizado um micrômetro para medir o diâmetro do pino de interrupção
do sensor e representado na tabela 2 juntamente com o erro instrumental. Em seguida todo o
sistema foi montado, como mostrado na figura abaixo. Encaixou-se o carrinho no trilho e
conectou-se o carrinho, através de um pedaço de barbante, ao suporte contendo a massa
adicional. Os três pinos do carrinho (pino para carrinho com fixador para eletroímã, pino para
carrinho para interrupção de sensor e pino para carrinho com gancho) foram devidamente
conectados.
Após ligar o compressor, posicionou-se o carrinho de modo a ser fixado no eletroímã e
permanecer em repouso. Foi registrado a posição inicial e mostrada na tabela 3.
O sensor foi posicionado a 10cm da posição inicial do carrinho, sendo essa medida feita
do centro do carrinho, onde se encontra o pino para interrupção do sensor, até o meio do sensor.
Os dados da tabela 4 foram coletados com o cronometro na função F2 para que seja medido
o tempo de deslocamento (ti) entre a soltura do carrinho e o momento que o pino de interrupção
do carrinho passe pelo sensor e na função F3 para medir o intervalo de interrupção do sensor
(Δti). Ao desligar a chave o carrinho é solto do eletroímã e então o tempo no espaço decorrido
é registrado. Foram feitas cinco repetições em cada função do cronometro e em cada posição
diferente do sensor (deslocando o sensor sempre 10cm a frente da posição que ele estava
anteriormente).

Fonte: Elaine Casimiro Rocha. Prática 02 MRUV. Passei direto, 2021.

Material utilizado:
− Trilho de 120cm conectado a uma unidade de fluxo de ar
− Cronômetro digital multifunções com fonte DC 12V
− Sensor fotoelétrico com suporte fixador
− Eletroímã com bornes e haste
− Fixador de eletroímã com manípulo
− Chave liga-desliga
− Y de final de curso com roldana raiada
− Suporte para massas
− Massa de ~20g com furo central de diâmetro 2,5mm
− Pino para carrinho com fixador para eletroímã
− Carrinho para trilho cor preta
− Pino para carrinho para interrupção de sensor
− Pino para carrinho com gancho
− Cabos de ligação e cabos de força
− Balança digital
− Micrômetro

ANÁLISE DO TEMPO DE DESLOCAMENTO E VELOCIDADE INSTANTÂNEO


Registros dos dados experimentais
Tabela 1. Massas utilizadas
Erro instrumental 0,1g
Massa do carrinho 218,1g
Massa do suporte 8,2g
Massa adicional 20,2g

Tabela 2. Diâmetro do pino medido no micrômetro


∆𝐿 = 0,005145 ± 0,000005 (𝑚)

Tabela 3. Posição inicial do carrinho (centro)


∆𝑆0 = 25,2 ± 0,1 (𝑐𝑚)

Tabela 4. Medidas do tempo de deslocamento e do intervalo de tempo de interrupção para


valores de deslocamento diferentes
𝑡1 (𝑠) 𝑡2 (𝑠) 𝑡3 (𝑠) 𝑡4 (𝑠) 𝑡5 (𝑠)
S (cm) ∆𝑆 (cm)
∆𝑡1 (𝑠) ∆𝑡2 (𝑠) ∆𝑡3 (𝑠) ∆𝑡4 (𝑠) ∆𝑡5 (𝑠)
0,431 0,426 0,433 0,434 0,435
35,2 10,0
0,014 0,013 0,013 0,014 0,014
0,614 0,609 0,607 0,605 0,612
45,2 20,0
0,010 0,010 0,009 0,010 0,009
0,743 0,739 0,737 0,749 0,764
55,2 30,0
0,008 0,008 0,008 0,009 0,008
0,858 0,856 0,860 0,857 0,858
65,2 40,0
0,007 0,007 0,007 0,007 0,007
0,959 0,966 0,976 0,968 0,951
75,2 50,0
0,006 0,006 0,006 0,006 0,006
1,050 1,052 1,061 1,058 1,052
85,2 60,0
0,006 0,006 0,006 0,006 0,006
1,140 1,139 1,135 1,139 1,140
95,2 70,0
0,005 0,005 0,005 0,005 0,006
1,216 1,212 1,216 1,229 1,202
105,2 80,0
0,005 0,005 0,005 0,005 0,005
Erro na medida da posição = 0,1cm
Erro na medida do deslocamento = 0,2cm
Erro instrumental na medida do tempo = 0,001s

Análise dos dados


Massa
Tabela 5. Massas utilizadas
Massa total suspensa (28,4 ± 0,1) 𝑔
Massa do conjunto (carrinho+suspensa) (246,5 ± 0,1) 𝑔

Tempo de deslocamento
∑ (𝑥𝑖 −𝑥𝑚 )2
Cálculo para a incerteza de medição: √ 𝑚⋅(𝑚−1)
+ 0,001

Tabela 6. Resultado do cálculo do tempo de deslocamento


𝑡𝑚 ± ∆𝑡𝑚 (𝑠) 𝑆 ± ∆𝑆 (𝑐𝑚)
0,4318± 0,0026 35,20 ± 0,05
0,6094± 0,0026 45,2 ± 0,05
0,7464±0,0059 55,2 ± 0,05
0,8578± 0,0017 65,2 ± 0,05
0,9640±0,0052 75,2 ± 0,05
1,0546±0,0031 85,2 ± 0,05
1,1386±0,0019 95,2 ± 0,05
1,2150±0,0053 105,2 ± 0,05

Intervalo de tempo de interrupção do sensor


∑ (𝑥𝑖 −𝑥𝑚)2
Cálculo para a incerteza de medição do tempo de interrupção: √ 𝑚⋅(𝑚−1)
+ 0,001

∆𝐿 ∆(∆𝑡𝑚)
Cálculo para a incerteza de medição da velocidade: ( 𝐿 + ∆𝑡𝑚
) ⋅ 𝑉𝑚

Tabela 7. Resultado dos cálculos do tempo de interrupção do sensor e velocidade


𝑚
∆𝑆𝑚 ± ∆(∆𝑆𝑚 ) (𝑚) ∆𝑡 ± ∆(∆𝑡) (𝑠) 𝑉𝑚 ± ∆𝑉𝑚 ( )
𝑠
0,3783 ± 0,0350
0,100 ± 0,002 0,0136 ± 0,0012
0,5359 ± 0,0700
0,200 ± 0,002 0,0096 ± 0,0012
0,6274 ± 0,0924
0,300 ± 0,002 0,0082 ± 0,0012
0,7350 ± 0,1057
0,400 ± 0,002 0,0070 ± 0,0010
0,8575 ± 0,1438
0,500 ± 0,002 0,0060 ± 0,0010
0,8575 ± 0,1438
0,600 ± 0,002 0,0060 ± 0,0010
0,9894 ± 0,2293
0,700 ± 0,002 0,0052 ± 0,0012
1,0290 ± 0,2068
0,800 ± 0,002 0,0050 ± 0,0010
ANÁLISE DA RELAÇÃO TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

Registro de dados experimentais


Tabela 8. Velocidade instantânea (V) no final de cada deslocamento (ΔS)
∆𝑆𝑚 ± ∆(∆𝑆) (𝑚) 𝑚
𝑉𝑚 ± ∆𝑉𝑚 ( )
𝑠
0,100 ± 0,002 0,3783 ± 0,0350

0,200 ± 0,002 0,5359 ± 0,0700

0,300 ± 0,002 0,6274 ± 0,0924

0,400 ± 0,002 0,7350 ± 0,1057

0,500 ± 0,002 0,8575 ± 0,1438

0,600 ± 0,002 0,8575 ± 0,1438

0,700 ± 0,002 0,9894 ± 0,2293

0,800 ± 0,002 1,0290 ± 0,2068

Análise dos dados


Peso da massa total suspensa
𝑃 = 9,81 ⋅ 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎 ; 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎 = 0,2465 ± 0,0001 𝑘𝑔

𝑃 = 9,81 ⋅ 0,2465
𝑘𝑔 ⋅ 𝑚
𝑃 = 2,42 ± 0,0001
𝑠2

Trabalho realizado em função do deslocamento


Cálculo do trabalho: 𝑊𝑚 = 𝑃 ⋅ ∆𝑆𝑚
∆𝑃 ∆𝑆
Cálculo para a incerteza de medição do trabalho: ( 𝑃 + ∆(∆𝑆𝑚 )) ⋅ 𝑊𝑚
𝑚

Tabela 9. Trabalho (W) em função do deslocamento (ΔS)


∆𝑆𝑚 ± ∆(∆𝑆) (𝑚) 𝑊𝑚 ± ∆𝑊 (𝐽)
0,100 ± 0,002 0,24182± 0,00485
0,200 ± 0,002 0,48363 ± 0,00486
0,300 ± 0,002 0,72545 ± 0,00487
0,400 ± 0,002 0,96727 ± 0,00488
0,500 ± 0,002 1,20908± 0,00489
0,600 ± 0,002 1,45090 ± 0,00490
0,700 ± 0,002 1,69272 ± 0,00491
0,800 ± 0,002 1,93453 ± 0,00492

Variação da energia cinética do conjunto


𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ⋅𝑉 2
Cálculo da energia cinética: ∆𝐾 = 2

𝑉2
Cálculo para a incerteza de medição da energia cinética: ( 2 ⋅ ∆𝑚 + 𝑚 ⋅ 𝑉 ⋅ ∆𝑉)

Tabela 10. Variação da energia cinética (ΔK) em função do deslocamento (ΔS)


∆𝑆𝑚 ± ∆(∆𝑆) (𝑚) ∆𝐾 ± ∆(∆𝐾) (𝐽)
0,100 ± 0,002 0,0176 ± 0,0033
0,200 ± 0,002 0,0354 ± 0,0093
0,300 ± 0,002 0,0485 ± 0,0143
0,400 ± 0,002 0,0666± 0,0192
0,500 ± 0,002 0,0906± 0,0304
0,600 ± 0,002 0,0906± 0,0304
0,700 ± 0,002 0,1207 ± 0,0560
0,800 ± 0,002 0,1305 ± 0,0525

Discrepância entre trabalho realizado pela força peso e variação de energia cinética
A discrepância entre o trabalho realizado pela força peso e a variação de energia cinética
não será significativa se ‫ ׀‬W – ΔK‫ ≤ ׀‬ΔW + Δ(ΔK)

Tabela 11. Discrepância trabalho e energia cinética


‫ 𝑊׀‬− ∆𝐾 ‫׀‬ ∆𝑊 + ∆∆𝐾 Há discrepância?
0,2242 0,0081 SIM
0,4482 0,0141 SIM
0,6769 0,0192 SIM
0,9007 0,0241 SIM
1,1185 0,0353 SIM
1,3603 0,0353 SIM
1,5721 0,0609 SIM
1,8040 0,0574 SIM

Conclusão
Diante dos resultados obtidos e avaliação da discrepância, não podemos afirmar que
o trabalho realizado é igual à variação de energia cinética do conjunto, pois o módulo da
diferença do trabalho pela variação da energia cinética é muito maior que a soma dos erros
dos mesmos. Este resultado, portanto, pode ter sofrido grandes influências do sistema como
um todo, dado que a análise foi feita considerando assunções simplificadoras como a
suposição de que as forças são constantes ou que o sistema é idealizado. Contudo, essas
condições podem não ser estritamente atendidas, levando, consequentemente, a resultados
menos precisos. Existe a possibilidade da influência de forças não conservativas, como
forças de atrito, que dissipam energia na forma de calor, resistência do ar, especialmente
em velocidades mais altas, além da compressibilidade do ar, que em situações de rápida
aceleração, como em alta velocidade ou em pequena escala, podem ser relevantes para
diminuição da energia cinética do sistema.

Referência
Halliday, D; Resnick, R. Física 1. Livros tecnicos e cientificos editora LTDA. 4° ed. Rio
de janeiro/São Paulo, 1983.

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