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Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ)

Fenômenos de Transferência – Professor Marcelo Nóbrega


27 de novembro de 2018, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Cálculo de Sistema de Bombeamento


Leandro Nunes Amorim
CEFET/RJ, Rio de Janeiro, Brasil, leandronxd@hotmail.com

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia e os cálculos necessários
para a escolha de uma bomba que atenda um sistema de bombeamento hidráulico de forma eficiente, onde
não ocorra cavitação.

PALAVRAS-CHAVE: Hidráulica, Bombas, Fluidos, Transferência.

1 APRESENTAÇÃO E CÁLCULO DOS Instalação predial de água fria, o comprimento


DADOS equivalente destes acessórios equivale a 0,9 m.
Foram determinadas cinco possíveis vazões de
O sistema a ser calculado está representado na operação da bomba, bem como a vazão zero. Para
figura 1. cada uma dessas vazões, foram calculadas as
velocidades de acordo com a equação 2.

(2)

Também foram calculados os números de


Reynolds, com base na equação 3 e utilizando 10-6
m²/s como viscosidade cinemática da água a 20ºC.

(3)

O fator de atrito para cada uma das vazões foi


calculado utilizando a equação de Haaland,
apresentada como equação 4.
Figura 1. Representação do sistema.

O diâmetro de todas as tubulações é de 1


polegada, ou 0,0254m. Desta forma, a área da (4)
seção de todas as tubulações é de 0,000506707 Estes dados estão apresentados na tabela 1.
m². O material utilizado em todas as tubulações é o
Vazão Velocidade Nº de Reynolds Fator de Atrito
ferro galvanizado, que possui rugosidade
(m³/h) (m/s) (Haaland)
equivalente a 0,15mm. Desta forma, a rugosidade
0 0 0 0
relativa para todas as tubulações é igual a
1 0,548201456 13924,31698 0,036895375
0,005905512 de acordo com a equação 1.
2 1,096402912 27848,63396 0,034625152
3 1,644604368 41772,95094 0,033801357
(1) 4 2,192805824 55697,26792 0,033374181
5 2,74100728 69621,5849 0,033112539
O sistema possui 8 metros de trecho reto, e 3
joelhos de 90º. De acordo com a NBR 5626 – Tabela 1. Dados do sistema.
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Para cada uma dessas vazões, foram calculadas Com os dados obtidos até então, foi montada a
as perdas de carga para o trecho reto, utilizando a curva da altura manométrica total em função da
equação 5. vazão, de acordo com a equação 8.

(8)
(5)
Os dados obtidos estão apresentados na tabela
Utilizando o método dos comprimentos 3.
equivalentes, foram calculadas as perdas de carga
dos acessórios, utilizando o comprimento Vazão (m³/h) Altura Manométrica Total
equivalente para o joelho de 90º fornecido na (m)
norma. A equação 6 foi utilizada nesta etapa. 0 3,5
1 3,733545964
2 4,376702248
(6) 3 5,425648804
4 6,880111513
A perda de carga total do sistema para cada 5 8,740019728
uma das vazões foi obtida somando a perda de
carga do trecho reto com a perda de carga dos Tabela 3. Alturas manométricas totais.
acessórios. Os dados obtidos estão apresentados
na tabela 2. De posse destes dados, foi possível montar uma
curva que relaciona as alturas manométricas totais
Vazão Hf - Trecho Hf – Acc.(m) Hf Total (m) com as vazões, apresentada na curva 2.
(m³/h) Reto (m)
0 0 0 0
1 0,174613805 0,058932159 0,233545964
2 0,655478316 0,221223932 0,876702248
3 1,439737424 0,485911381 1,925648804
4 2,527186178 0,852925335 3,380111513
5 3,917771759 1,322247969 5,240019728

Tabela 2. Perdas de carga.

Em seguida, a altura manométrica estática foi


calculada utilizando a equação 7. Figura 2. Curva Q x H do sistema.

2 ANÁLISE DOS DADOS


(7)
Analisando os dados da tabela, procurou-se uma
bomba que pudesse satisfazer as alturas
Como os valores de pressão são os mesmos
manométricas totais do sistema de modo a manter
nos flanges de sucção e descarga, a altura
uma vazão satisfatória. A bomba escolhida foi a
manométrica estática depende unicamente da
BCR 2000, da fabricante Schneider.
geometria do sistema. Desta forma, chegamos ao
Para obter o ponto de operação da bomba, a
valor de 3,50m para a altura manométrica estática.
curva da altura manométrica total do sistema foi
sobreposta à curva da altura manométrica total
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fornecida pelo fabricante. O ponto de encontro


destas duas curvas fornece a vazão de operação
da bomba, como mostrado na figura 3.

Figura 5. Determinação do rendimento da bomba.

Finalmente, devemos calcular o NPSH


disponível por meio da equação 9, e comparar
Figura 3. Determinação do ponto de operação da bomba. com o NPSH requerido fornecido pelo fabricante.

Como observado, a bomba tem uma vazão de


operação de 3 m³/h e uma altura manométrica de (9)
aproximadamente 6 m. De posse destes valores,
podemos determinar a potência, o rendimento e o A pressão manométrica no flange de sucção Pfs
NPSH requerido da bomba, utilizando as curvas é 1. A velocidade no flange de sucção Vfs para a
fornecidas pelo fabricante. vazão de 3 m³/h é igual a 1,644604368 m/s. O
Observa-se na figura 4 que a bomba tem uma valor da aceleração da gravidade g utilizado será
potência absorvida de aproximadamente 0,38 cv. de 9,81 m/s². A pressão atmosférica local Pa
utilizada será de 101325 Pa. A pressão de vapor
de água Pv a uma temperatura de 20ºC é de 2335
Pa. O peso específico da água é igual a 9810
N/m³.
De posse destes dados, realizou-se o cálculo do
NPSH disponível, conforme a equação (10).

(10)

O NPSH disponível obtido foi de 10,23 m.


Figura 4. Determinação da potência absorvida.
Observando a curva de NPSH requerido fornecida
pelo fabricante e representada na figura 6,
Observa-se na figura 5 que a bomba tem um
concluímos que o NPSH requerido para a vazão
rendimento de aproximadamente 15% para a de 3m³/h é de aproximadamente 4,5 m.
vazão de 3 m³/h.
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Figura 6. NPSH requerido fornecido pela fabricante.

Desta forma, a bomba atende às especificações,


mesmo acrescentando a margem de segurança,
representada na equação 10.

(10)

3 CONCLUSÃO

Após os cálculos realizados para a obtenção dos


dados e posterior comparação com as curvas
fornecidas pelo fabricante, conclui-se que a bomba
atende às especificações do sistema sem que haja
cavitação.

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 5626 – Instalação Predial de Água Fria. 1998.


Disponível em:
<https://ecivilufes.files.wordpress.com/2013/06/nbr-
05626-1998-instalac3a7c3a3o-predial-de-c3a1gua-
fria.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018.

SCHNEIDER. CURVAS QUARK. 2010. Disponível em: <


http://www.schneider.ind.br/media/203188/Curvas -
BCR-2000.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018.

DE MATTOS, Edson Ezequiel; DE FALCO, Reinaldo.


Bombas Industriais. 2. ed. [S.l.]: Editora Interciência,
1998. 474 p.

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