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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Engenharia Química


Laboratório de Engenharia Química I - FEQUI31011

Experimento 10: Perfil de velocidade de um fluido em um duto


circular

Autores: Bruno Viana, Julia Paulino, Julia Fator, Maria Clara Giampietro e Matheus Alves.

Faculdade de Engenharia Química – Universidade.Federal de Uberlândia


Campus Santa Mônica - Bloco 1K, CEP: 00000-000, Uberlândia – MG - Brasil
Telefone: (34) 3230-9534
E-mail: bruno.coimbra@ufu.br, julia.paulino@ufu.br, julia.fator@ufu.br.
maria.giampietro@ufu.br, matheus.alves1@ufu.br.

RESUMO – O presente relatório tem o intuito de determinar o perfil de velocidade do ar em


um duto utilizando um tubo de Pitot. Isso foi possível através da medidas obtidas das quedas
de pressão de diferentes posições radiais do tubo para valores diferentes de números de
Reynolds. Sendo assim, diante dos resultados obtidos e analisados, foi possível determinar
que o escoamento no qual o ar estava submetido era turbulento.

PALAVRAS-CHAVE: Tubo de Pitot, perfil de velocidade, Reynolds, queda de pressão,


temperatura, escoamento turbulento.

Objetivos: Determinar experimentalmente, utilizando o tubo de Pitot, os perfis de velocidade


do ar no regime permanente, em dutos cilíndricos de secção uniforme constante e
hidraulicamente lisos. Comparar os resultados experimentais obtidos com correlações
disponíveis na literatura.

Uberlândia, 08 de Novembro de 2023 Nota: data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO
O Número de Reynolds (Re) é um valor sem dimensão empregado na área da
mecânica dos fluidos para descrever o tipo de fluxo de um fluido ao redor de um objeto ou
dentro de um canal. Este parâmetro recebeu o nome em honra ao cientista e engenheiro
britânico Osborne Reynolds, que foi pioneiro na investigação e na proposta de aplicação
desse número.
O Número de Reynolds é calculado a partir das seguintes variáveis: a densidade do
fluido (ρ), a velocidade média do fluido (𝑣) , o comprimento característico do objeto (D) e a
viscosidade cinemática do fluido (µ). Matematicamente, é expresso pela seguinte fórmula:
ρ. 𝑣. 𝐷
𝑅𝑒 = μ
(1)

Os escoamentos em dutos podem ser classificados como laminar ou turbulentos.


Enquanto o escoamento laminar é bem compreendido, com equações diferenciais que
permitem a obtenção direta de distribuições de velocidade e outras quantidades relevantes
para sistemas simples, o escoamento turbulento é caracterizado por sua natureza caótica.
Assim, quando Re é baixo, o escoamento é laminar, caracterizado por camadas de
fluido que se deslocam suavemente, sem turbulência. Em contrapartida, quando Re é alto, o
escoamento é turbulento, com movimentos irregulares e caóticos do fluido. O valor crítico
para determinar a transição entre o escoamento laminar e turbulento varia dependendo do
sistema em estudo.
Considera-se Re < 2000 para escoamento laminar e Re > 4000 para escoamento
turbulento. Entre esses valores, o escoamento é chamado de transicional, onde ocorrem
instabilidades que podem evoluir para turbulência completa.
A fórmula matemática para o escoamento laminar é:
𝑟 2
𝑉𝑧 = 𝑉𝑚á𝑥(1 − ( 𝑅 ) ) (2)

𝑉𝑚á𝑥
𝑣= 2
(3)

A fórmula matemática para o escoamento turbulento é:


1
𝑟
𝑉𝑧 = 𝑉𝑚á𝑥(1 − 𝑅
7
) (4)

4
𝑉= 5
𝑉𝑚á𝑥 (5)

A turbulência é um importante assunto, pois a maioria dos escoamentos encontrados


na engenharia são turbulentos e não laminares, logo é uma parte dos fenômenos de transporte
que merece ser muito estudada. Para soluções de problemas industriais não conseguimos
soluções analíticas diretas completamente satisfatórias, e para a maior parte, os problemas são
tratados com combinação de análise dimensional e dados experimentais.

2. MATERIAIS UTILIZADOS
Para a realização do experimento do perfil de velocidade de um fluido em um duto
circular utilizou-se os seguintes materiais:

● Tubulação de PVC e acrílico de aproximadamente 145 mm de diâmetro;


● Tubo de Pitot com escala para posicionamento radial;
● Soprador centrífugo com controle de vazão de 1 CV, Marca: Indústria Brasileira de
Máquinas LTDA, Modelo:VSI-180;
● Manômetro inclinado para leituras de queda de pressão no tubo de Pitot em
centímetros de etanol (com alaranjado de metila);
● Anemômetro digital. Modelo TAR-176.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Para a montagem das distribuições de velocidade no escoamento turbulento de ar no
tubo, o seguinte procedimento experimental foi utilizado:

Ligou-se o soprador e foi ajustada a vazão de gás através da portinhola de admissão


de ar no soprador. Foi necessário fazer as anotações da queda de pressão para cada posição
radial (r). Assim, alterou-se 7 vezes, a cada 1 centímetro, a posição radial do tubo de Pitot,
ajustando a porca e contraporca do dispositivo montado para “varrer” a parte inferior do tubo
de acrílico, a partir do centro da tubulação. Anotou-se a altura do líquido para cálculo da
queda de pressão, a temperatura e a velocidade do ar para cada posição radial, para avaliação
das propriedades físicas.

4. TRATAMENTO DOS DADOS


Partindo-se da posição inicial do tubo de Pitot no centro do duto de ar, medindo-se a
variação do comprimento da coluna radial do manômetro inclinado (considerando-se um
desconto de 0,2 mm, devido ao posicionamento da régua), medindo-se a temperatura por
meio de termômetro e velocidade do ar por meio do anemômetro. Montou-se, assim, a tabela
1.

Distância (cm) h(cm) T(°C) vc(m/s)

0 2,4 27,9 8,37

1 2,4 28,6 8,2

2 2,4 28,7 8,3

3 2,4 28,8 8,32

4 2,4 28,8 8,25

5 2,4 28,9 8,15

6 2,3 28,9 9
7 1,8 28,9 7,93

Tabela 1: Dados coletados no experimento

Diante das características do fluido e da geometria do tubo, tem-se a tabela 2 com


dados que foram utilizados para determinação de alguns parâmetros.

Dados Valor

Densidade do etanol 0, 7893


𝑔
3
𝑐𝑚

Gravidade 980,66
𝑐𝑚
2
𝑠

𝑀𝑀𝑎 𝑔
28,9 𝑚𝑜𝑙

R 3
82,06 𝑐𝑚 𝑎𝑡𝑚 𝑔𝑚𝑜𝑙 𝑘
−1 −1

Pressão 0,98 atm

D 14,5 cm

θ 15,22°

µ𝑎𝑟 1,001E-5

Tabela 2: Característica do fluido e dados geométricos.

Para encontrar as diferenças de pressão utilizou-se a equação 7. Como trata-se um


manômetro de tubo radial, inclinado, tem-se a altura (H) da coluna de líquido no manômetro,
dada pela equação 8. Com isso, pode-se calcular o ângulo θ, igual a 15,22°, utilizando-se as
medidas do comprimento máximo (hipotenusa) e a altura máxima (cateto oposto) da coluna
de líquido no manômetro, por meio do teorema de Pitágoras. Pode-se, então, reescrever a
equação, demonstrada na memória de cálculo, na equação 9, a fim de calcular ΔP.
Para calcular a velocidade do ar na direção axial (Vz), utilizou-se a equação 10, a
densidade do ar (ρ𝑎𝑟), a equação 11 e o número de Reynolds (Re), a equação 1.

Sendo assim, a partir das tabelas 1 e 2 e das equações acima mencionadas,


construiu-se a tabela 3.

∆𝑃 𝑣𝑧 (𝑐𝑚/𝑠) ρ𝑎𝑟 Re

870,933903 1234,481202 0,001146446451 205.008,65


870,933903 1234,481202 0,001143786923 204.533,07
870,933903 1234,481202 0,001143407998 204.465,31
870,933903 1234,481202 0,001143029323 204.397,59
870,933903 1234,481202 0,001143029323 204.397,59
870,933903 1234,481202 0,001142650899 204.329,92
834,6449904 1208,489213 0,001142650899 200.027,76
653,2004273 1069,092081 0,001142650899 176.954,90
Tabela 3: Informações calculadas.

A partir dos números de Reynolds calculados, por possuírem um valor > 4000,
pode-se concluir que o fluxo é turbulento, ou seja, nesse regime as forças inerciais são
dominantes em relação às forças viscosas, resultando em turbulência contínua e caótica no
fluxo. Há uma mistura intensa de partículas de fluido em várias escalas de comprimento,
levando a maiores perdas de pressão e transportes de massa e calor mais eficientes.
Com a informação do tipo de escoamento podemos fazer a razão do vc/vz. Cuja a
equação é dado por:

𝑣𝑐
𝑣𝑧
=1− ( 𝑟
𝑅𝑇𝑈𝐵𝑈𝐿𝐴ÇÃ𝑂 ) ∝
(6)

É possível obter valores para a razão utilizando o conceito de que para escoamentos
turbulentos, ∝ se iguala a aproximadamente 1/7 e sabe-se que o raio da tubulação é de 7,25
cm. Desse modo, utilizando o conceito anteriormente mencionado e os valores para a razão
obtidos experimentalmente, construiu-se a Tabela 4 e o gráfico 1, os quais permitem observar
o escoamento.

vc/vz (turbulento)

0,246

0,168

0,118

0,081

0,052

0,005

Tabela 4: Cálculo do vc/vz para escoamento turbulento

Conforme a tabela 1, pôde-se definir o gráfico abaixo:


Gráfico 1: Velocidade axial do ar x Distância do centro do tubo

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Analisando o gráfico e as tabelas acima, constatou-se um perfil de regime turbulento,
visto que as velocidades axial em diferentes distâncias do centro do tubo apresentaram em
sua maioria valores similares entre si, cujo gráfico apresenta um perfil mais achatado,
comprovando a classe de escoamento. Além disso, mesmo sendo medido do centro até
próximo a parede notou-se que a velocidade aumentou perto do centro, ou seja, o mesmo
aconteceria da parede superior até o centro, formando uma curva de regime turbulento.
Ademais, os valores de vc/vz são menores que 1, chegando próximo de zero, satisfazendo a
equação (6).

Os números de Reynolds se encontram na faixa entre 176.954,90 e 205.008,65, tendo


seu valor máximo na região do centro do tubo onde a velocidade é máxima. De acordo com a
literatura, como um Re maior que 4000 é considerado um escoamento turbulento, conclui-se
mais uma vez, que o escoamento em questão tem uma turbulência e essa é significativamente
alta.

6. CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, verificou-se que todas as variações do comprimento da
coluna radial do manômetro inclinado apresentou escoamento com Re >> 4000, o que
caracteriza um regime turbulento. Além disso, a razão vc/vz para cada ponto apresentou
valores menores do que 1, o que também demonstra que o regime é turbulento. Isso pode ser
observado tanto por meio do gráfico 1, quanto por meio das tabelas 3 e 4.

MEMÓRIA DE CÁLCULO
● Equação do ΔP

∆𝑃 = ρ. 𝑔. ℎ (7)
Como trata-se um manômetro de tubo radial, inclinado, tem-se que a altura (H) da
coluna de líquido no manômetro, que é dada por:

𝐻 = ℎ. 𝑠𝑒𝑛(θ) (8)

Portanto, reescrevendo a equação (6):

ΔP = ρ. g. h. senθ (9)

● Equação da velocidade do ar na direção axial (Vz)

2.∆𝑃
𝑣𝑧 = ρ
(10)

● Equação da densidade do ar
𝑃 .𝑀𝑀𝑎
ρ= 𝑅𝑇
(11)

REFERÊNCIAS

[1] GRIMM, A. M. Influência da temperatura e do vapor d’água. Notas de aula. Disponível


em: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/index.html. Visto em: 03/06/2023.

[2] LIVI, CELSO POHLMANN. Fundamentos de Fenômenos de Transporte. LTC. Rio de


Janeiro. 2004

[3] Perry, R. H.; Green, D. W. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook. McGraw-Hill, 1999.

[4] White, F. M. (2011). Fluid Mechanics. McGraw-Hill

[5] BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de Transporte. Rio de


Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2. ed., 2004.

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