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INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CAMPUS MONTES CLAROS
DISCIPLINA: Laboratório de Eng. Química IV
PROFESSOR: Thalles Gonçalves

PRÁTICA 1

Determinação da Distribuição de Tempos de


Residência em Reator CSTR

Relatório dirigido a Disciplina de


Laboratório de Engenharia IV como parte dos
requisitos básicos de aprendizado e avaliação.

ACADÊMICOS Felipe Daniel


Gabriella Iasmim
Karen Caires
Marianne Magalhães
Lucas Vinícius

Montes Claros – Minas Gerais


12/Mar/2020
2

Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3
2. OBJETIVOS................................................................................................. 4
2.1. OBJETIVO GERAL................................................................................... 4
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 4
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO .......................................................................... 4
4. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ................................................................ 6
5. EQUIPAMENTO .......................................................................................... 6
6. MATERIAIS ................................................................................................. 7
7. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 7
8. RESULTADOS ............................................................................................ 8
9. DISCUSSÃO .............................................................................................. 19
10. CONCLUSÃO ......................................................................................... 22
11. REFERÊNCIAS ...................................................................................... 22
3

1. INTRODUÇÃO
O CSTR (Continuos Stirred Tank Reactor) consiste em um tanque com
presença de agitação uniforme de todo conteúdo (Figura 01), sendo utilizados
em processos industriais, convertendo reagente em produtos esperados. A
operação deste reator ocorre em estado estacionário, de forma que,
parâmetros como temperatura, vazão, concentração e taxa de reação sejam
constantes ao longo de todo o reator.

Figura 1: Reator CSTR

Fonte: Acervo do próprio autor

Entretanto, na realidade, ocorre situações no qual a conversão é inferior a


prevista, como por exemplo, é cabível citar desvios de trajetória “curtos-
circuitos” e as“ zonas mortas”, enquanto no primeiro caso algumas moléculas
percorrem o sistema em um menor intervalo de tempo, no segundo as
moléculas não se homogeneízam como previsto, gerando zonas de
estagnação

.
4

Para caracterizar os regimes do fluxo de escoamentos, identificando


anomalias, é necessário ter conhecimento acerca da distribuição do tempo de
residência (DTR), que define o tempo de cada partícula dentro do reator, para
isto, um corante é adicionado em pulso, instantaneamente, ao sistema, onde a
concentração de saída é aferida ao decorrer de um tempo prefixado. Através
da determinação das curvas de DTR é definido uma modelagem cinética, com
o intuito de gerar comparações acerca do regime hidráulico nas diferentes
zonas do reator.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL


Estudar o processo de mistura, no módulo de reatores CSTR, através de
curvas DTR, com o auxílio do espectrofotômetro.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Determinar experimentalmente distribuições de tempos de residência,
aplicando o azul de metileno e modelos teóricos adequados;
 Traçar a curva padrão (calibração) do azul de metileno, associando a
concentração com a absorbância.

3. REFERÊNCIAL TEÓRICO

Em um reator do tipo CSTR, onde é totalmente misturado, possui um tipo


diferente de DTR em relação a reatores como PFR, por exemplo. Para que
possa ser medido a DTR de um reator, é injetada uma substância química
inerte, chamada de traçador num tempo onde t=0. Mede-se então a
concentração do traçador na corrente do efluente em relação ao tempo.

O método de perturbação de pulso é muito utilizado para fazer esta


analise, onde uma quantidade de traçador, N0, é injetado de uma só vez no
reator e sua concentração de saída é medida em relação ao tempo. A curva de
concentração por tempo é dita como curva C. Para fazer a análise, incialmente
escolhe-se um incremento de tempo suficientemente pequeno de forma que t e
t+∆t é a mesma. A quantidade de material de traçador ∆N que deixa o reator
entre os tempos t e t+∆t é então:
5

∆𝑁 = 𝐶(𝑡)𝑣 ∆𝑡 (1)
Onde v é a vazão volumétrica do efluente. Se dividirmos pela quantidade total
de material injetada, N0, teremos:

∆𝑁 𝐶(𝑡)𝑣 (2)
= ∆𝑡
𝑁 𝑁
Que representa a fração de material que tcm um tempo de residência no
reator entre o tempo t e t+∆t.

Para uma injeção de pulso é definida:

∆𝑁 (3)
= 𝐸(𝑡) ∆𝑡
𝑁
A grandeza E(t) é a função de distribuição de tempo de residência.

Como a vazão volumétrica é constante podemos definir E(t) como

𝐶(𝑡) (4)
𝐸(𝑡) =
∫ 𝐶(𝑡)𝑑𝑡
De maneira análoga, podemos dizer que

𝐹𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 (5)


𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑐𝑒𝑢 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 = 𝐸(𝑡)𝑑𝑡
𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡1 𝑒 𝑡2
Sabe-se que a fração de todo o material que ficou por um período de
tempo no reator entre t=0 e t=∞ é igual a 1, logo

(6)
𝐸(𝑡)𝑑𝑡 = 1

Para encontrar a curva E(t) a partir da curva C(t), basta então dividir C(t)
pela integral ∫ 𝐶(𝑡)𝑑𝑡 , justamente a área sob a curva.

Porém ao utilizar a técnica de pulso, encontra-se algumas dificuldades


principalmente relacionadas aos problemas de obtenção de um pulso razoável
na entrada do reator.
6

4. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

5. EQUIPAMENTO
Os experimentos foram realizados no módulo de CSTR (Figura 02).

Figura 2: Módulo de reatores CSTR

Fonte: Acervo do próprio autor

Constituídos por:

 Três (03) reatores de mistura (Batelada ou CSTR), encamisados, com


medidores de temperatura e pontos de coletas de amostra entre os
reatores, podendo ser operado de maneira contínua ou em batelada,
contêm aproximadamente 500 mL e diâmetro interno de 80 mm;
 Um 01 reator tubular (PFR), encamisado, com medidores de
temperatura e pontos de coletas de amostra ao longo do reator,
podendo ser operado com ou sem recheio, contêm aproximadamente
500 mL e diâmetro interno de 30 mm;
 Dois (02) reservatórios para reagente (50 L);
7

 Um (01) tanque para os produtos da reação (50 L);


 Duas (02) bombas peristálticas;
 Duas (02) válvulas direcionadoras de fluxos reacionais (mistura ou PFR);
 Banho termostatizado e;
 Painel elétrico.

6. MATERIAIS
 Azul de Metileno (1,0 g/litro);
 Água Destilada;
 13 Tubos de ensaio;
 01 Seringas de injeção de 10 ml, para injeção.
 14 Seringas de injeção de 10 ml, para coletar amostras nos reatores;
 01 Cronômetro;
 01 Proveta de 100 ml;
 Tacômetro;
 Erlenmeyers de 150 ml para titulações;
 01 Becker de 500 ml;
 Pipetas volumétrica: uma de 5 e uma de 10 ml;
 10 Balões volumétrico de 100 ml;
 01 Pera de sucção;
 01 Bureta de 25 ml;
 Balança analítica;
 Espectrofotômetro;

7. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Curva de calibração do azul de metileno

Em primeira instância preparou-se soluções de azul de metileno com


concentrações (g/L) diferentes (C= 0,0001; 0,0005; 0,001; 0,002; 0,004; 0,008;
0,01 e 0,02) e em branco. Em seguida analisou-se a absorbância (ABS) de
cada concentração no espectrofotômetro, com comprimento de onda
equivalente à 650 nm, para traçar a curva padrão do azul de metileno (ABS vs
Concentração).
8

Ensaios com reatores de mistura (CSTR)

Em um segundo momento, encheu-se o reservatório com água até atingir o


volume de 400 mL, ligou-se a bomba peristáltica, e calculou-se a vazão,
coletando a água na saída do reator em um determinado período de tempo
prefixados, a coleta foi realizada cinco (05) vezes. Os agitadores foram
ajustados para uma rotação de aproximadamente 1100 rpm. O cronômetro foi
preparado para iniciar a coleta das amostras, após a injeção em pulso de 0,5
mL de azul de metileno (1g/L) na entrada do primeiro reator CSTR do módulo,
coletou-se 14 amostras em intervalos de tempos diferentes, na saída do reator,
por fim, realizou-se a leitura da absorbância das amostras no
espectrofotômetro. Esse processo foi repetido três (03) vezes, com
intensidades diferentes para a bomba peristáltica.

8. RESULTADOS

Tempo espacial e potência das bombas


A potência informada para as bombas de alimentação do reator não
possui unidade definida, de forma que a vazão média de entrada foi
determinada experimentalmente a fim de permitir o cálculo do tempo espacial
do reator. O volume do reator foi definido como 400 mL, seguindo as
recomendações do manual. A vazão volumétrica média para cada valor de
potência pode ser observada abaixo na Tabela 1, assim como o tempo
espacial. A vazão média foi obtida através da razão do volume recolhido na
proveta por um dado período de tempo no qual ocorre a coleta, enquanto o
tempo espacial é dado pela razão entre o volume do reator e a vazão média.

Tabela 1: Análise do tempo espacial.


Potência da bomba Vazão média (mL/s) Tempo espacial (s)
20 4,69 85,33
24 6,93 57,69
35 11,86 33,74
Fonte: Próprio autor.
9

Segundo Levenspiel (2000), assim como o tempo de reação t é a


medida natural de desempenho para reatores descontínuos, o tempo espacial
e a velocidade espacial são as medidas apropriadas de desempenho de
reatores contínuos. O tempo espacial pode ser chamado de tempo de
permanência.

Curva padrão de absorbância do azul de metileno

A determinação da concentração do traçador, sendo neste experimento


o azul de metileno, foi realizada através da medida da absorbância em um
espectrofotômetro UV-Vis, sendo 625 nm o comprimento de onda apropriado
para a análise. A partir da construção da curva padrão, que relaciona diferentes
concentrações (g/L) de soluções cujas concentrações são conhecidas e
medidas de absorbância (u.a.), é possível determinar as concentrações de
traçador em diferentes períodos de tempo durante a operação do reator CSTR
utilizando os valores de absorbância das amostras recolhidas. Sendo assim,
constatou-se uma relação linear entre a concentração e a absorbância (Figura
3), e pode-se definir a mesma como um bom ajuste dado o valor de coeficiente
de determinação próximo a 1 (R2= 0,9992). Os parâmetros do ajuste são
mostrados na Tabela 2, ao qual se segue a equação obtida relacionando a
absorbância e concentração dada pelo ajuste linear. Essa equação foi utilizada
para a construção das curvas de concentração mostradas no tópico seguinte.

Figura 3: Curva padrão do azul de metileno.


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Curva padrão: azul de metileno


1,8
y = 76,896x + 0,0113
1,6
R² = 0,9992
1,4
1,2
Absorbância

1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025
Concentração (g/L)

Fonte: Próprio autor.

Tabela 2: Parâmetros do ajuste linear da curva padrão.


Parâmetro Valor
a 76,896
b 0,0113
R2 0,9992
Fonte: Próprio autor.

𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟𝑏â𝑛𝑐𝑖𝑎 − 0,0113
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = (1)
76,896

Curvas de concentração
As curvas de concentração para cada experimento, 1, 2, e 3, definidos
aqui pelos seus respectivos tempos espaciais (34 segundos, 58 segundos e 85
segundos) foram construídas utilizando a equação 1 (a partir dos valores de
absorbância de cada amostra) e considerando os tempos nos quais as
amostras foram coletadas na saída do reator. Encontram-se abaixo as curvas
de concentração por tempo referentes a cada experimento (Figuras 4, 5 e 6).
11

Figura 4: Curva de concentração por tempo para o experimento com tempo espacial
de 34 segundos.

Concentração x tempo (34s)


0,0006

0,0005

0,0004
Concentração (g/L)

0,0003

0,0002

0,0001

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,0001
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

Figura 5: Curva de concentração por tempo para o experimento com tempo espacial
de 58 segundos.

Concentração x tempo (58s)


0,0009
0,0008
0,0007
Concentração (g/L)

0,0006
0,0005
0,0004
0,0003
0,0002
0,0001
0,0000
-0,0001 0 50 100 150 200 250 300 350 400
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.


12

Figura 6: Curva de concentração por tempo para o experimento com tempo espacial
de 85 segundos.

Concentração x tempo (85s)


0,0006

0,0005

0,0004
Concentração (g/L)

0,0003

0,0002

0,0001

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,0001
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

Função de distribuição de tempo de residência


A função de distribuição de tempo de residência, representada por E(t),
é calculada através da razão entre a concentração C(t) e a integral de C(t) do
início ao fim do experimento, sendo a última correspondente à área abaixo do
gráfico de concentração por tempo. Os valores de E(t), portanto, foram obtidos
ao dividir a concentração para cada tempo analisado pelo valor da área do
gráfico de concentração. A área, por sua vez, foi obtida por meio de uma
aproximação usando um ajuste polinomial. A fim de obter ajustes mais
precisos, as curvas foram divididas de forma que ajustes polinomiais foram
feitos a partes separadas da curva e após a integração dessas equações as
áreas foram somadas.

Para o experimento 1, com tempo espacial de 34 segundos, a curva foi


dividida em duas partes: do tempo 5 a 40 segundos e do tempo 40 a 80
segundos (Figura 7). Os ajustes polinomiais obtidos, que foram de terceira
ordem, estão descritos abaixo, sendo que a equação 2 corresponde ao
primeiro trecho da curva (5-40 segundos) e a equação 3 ao segundo trecho
(40-80 segundos). Na Tabela 3, estão presentes os respectivos coeficientes de
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determinação e a área abaixo do trecho da curva, dada pela integral da


equação de ajuste.

Figura 7: Ajuste polinomial para o experimento 1.

Concentração x tempo (34s)


6,00E-04
y = 9E-08x3 - 7E-06x2 + 0,0002x - 0,0007
5,00E-04 R² = 0,976

4,00E-04 y = 4E-08x3 - 6E-06x2 + 0,0004x - 0,0063


Concentração (g/L)

R² = 1
3,00E-04 tempo 5-40

2,00E-04
tempo 40-80
1,00E-04

0,00E+00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-1,00E-04

-2,00E-04
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

𝑦 = 9 ∗ 10 𝑥 − 7 ∗ 10 𝑥 + 0,0002𝑥 − 0,0007 (2)

𝑦 = 4 ∗ 10 𝑥 − 6 ∗ 10 𝑥 + 0,0004𝑥 − 0,0063 (3)

Tabela 3: Equações de ajuste polinomial para a curva de concentração com tempo


espacial de 34 segundos (experimento 1).
Trecho da curva (tempo Coeficiente de Área ()
em segundos) determinação (R2)
5-40 0,976 4,15*10-2
40-80 1 1,96*10-1
Fonte: Próprio autor.

Análise semelhante foi desenvolvida para os experimentos 2 e 3, com


tempos espaciais de 58 e 85 segundos, respectivamente (Figuras 8 e 9). Para
o experimento 2, a curva foi dividida em dois trechos: de 5 a 50 segundos e de
50 a 240 segundos. Ambos os ajustes foram polinomiais, sendo o primeiro de
14

terceira ordem (equação 4), e o segundo ajuste de segunda ordem (equação 5)


5. De forma análoga, os coeficientes de determinação e a área dos trechos
estão representados na Tabela 4.

Figura 8: Ajuste polinomial para o experimento 2.

Concentração x tempo (58 s)


9,00E-04
8,00E-04
7,00E-04 y = 2E-08x3 - 2E-06x2 + 0,0001x - 0,0005
6,00E-04 R² = 0,9736
Concentração (g/L)

5,00E-04 y = 4E-08x2 - 1E-05x + 0,0012


4,00E-04 R² = 0,9991

3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-1,00E-04
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

𝑦 = 2 ∗ 10 𝑥 − 2 ∗ 10 𝑥 + 0,0001𝑥 − 0,0005 (4)

𝑦 = 4 ∗ 10 𝑥 − 1 ∗ 10 𝑥 + 0,0012 (5)

Tabela 4: Equações de ajuste polinomial para a curva de concentração com tempo


espacial de 58 segundos (experimento 2).
Trecho da curva (tempo Coeficiente de Área ()
em segundos) determinação (R2)
5-50 0,9736 4,92*10-2
50-240 0,9991 8,26*10-2
Fonte: Próprio autor.

Por fim, no experimento 3 (tempo espacial de 85 segundos) apenas um


trecho foi analisado, de 10 a 180 segundos. A equação de ajuste polinomial, no
15

entanto, foi de quarto grau (equação 6), e os valores de R2 e da área abaixo


desse trecho da curva estão presentes na tabela 5.

Figura 9: Ajuste polinomial para o experimento 3.

Concentração x tempo (85s)


6,00E-04

5,00E-04 y = -2E-11x4 + 7E-09x3 - 1E-06x2 + 5E-05x - 0,0004


R² = 0,9888
4,00E-04
Concentração (g/L)

3,00E-04

2,00E-04

1,00E-04

0,00E+00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-1,00E-04
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

𝑦 = 9 ∗ 10 𝑥 − 7 ∗ 10 𝑥 + 0,0002𝑥 − 0,0007 (6)

Tabela 5: Equações de ajuste polinomial para a curva de concentração com tempo


espacial de 85 segundos (experimento 3).
Trecho da curva (tempo Coeficiente de Área (s-1)
em segundos) determinação (R2)
10-180 0,9888 1,39
Fonte: Próprio autor.

Dessa forma, tem-se que as áreas abaixo de cada curva são as


mostradas na tabela a seguir (Tabela 6), a fim de serem aplicadas no cálculo
da função de distribuição de tempo de residência.

Tabela 6: Resultado da integração das curvas de concentração para cada


experimento.
Área ()
Experimento 1 (34s) 2,38*10-1
Experimento 2 (58s) 1,32*10-1
Experimento 3 (85s) 1,39
Fonte: Próprio autor.
16

Sendo assim, tem-se que o gráfico de E(t) é obtido através da divisão de


cada concentração obtida pelo valor da integral calculada e referida acima
como a área de cada curva de concentração. Dessa forma, foram obtidos as
seguintes curvas para os experimentos 1, 2 e 3 (Figuras 10, 11 e 12
respectivamente).

Figura 10: Função de distribuição de tempo de residência para o experimento


1.

Função de tempo de residência (34s)


0,0025

0,002

0,0015
E(t) (s-1)

0,001

0,0005

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,0005
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.


Figura 11: Função de distribuição de tempo de residência para o experimento
2.

Função de tempo de residência (58s)


0,007

0,006

0,005

0,004
E(t) (s-1)

0,003

0,002

0,001

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,001
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.


17

Figura 12: Função de distribuição de tempo de residência para o experimento


3.

Função de tempo de residência (85s)


0,0004
0,00035
0,0003
0,00025
E(t) (s-1)

0,0002
0,00015
0,0001
0,00005
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,00005
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

Tempo de residência médio


Obtém-se tempo de residência médio a partir da integral da curva tE(t).
A área abaixo dessa curva fornece tm, que pode ou não ser igual ao tempo
espacial. O cálculo se deu de forma similar, utilizando ajustes polinomiais que
forneceram boas aproximações das curvas observadas. As curvas tE(t) para
cada experimento podem ser observadas a seguir (Figuras 13, 14 e 15), assim
como o tempo de residência médio (Tabela 7).

Figura 13: Curva tE(t) para o experimento 1.

Tempo médio de residência (34s)


0,08
0,07 y = 7E-10x4 + 3E-07x3 - 8E-05x2 + 0,0047x - 0,022
R² = 0,9113
0,06
tempo 5-360
0,05
0,04 tempo 5-80
tE(t)

0,03
0,02
0,01
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-0,01
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.


18

Figura 14: Curva tE(t) para o experimento 2.

Tempo médio de residência (58s)


3,00E-01
y = 3E-07x3 - 0,0001x2 + 0,0115x - 0,0785
2,50E-01 R² = 0,989

2,00E-01
tempo 5-360
1,50E-01
tE(t)

tempo 5-180
1,00E-01

5,00E-02

0,00E+00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-5,00E-02
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

Figura 15: Curva tE(t) para o experimento 3.

Tempo médio de residência (85s)


2,50E-02
y = 4E-10x4 - 1E-07x3 + 5E-06x2 + 0,0004x - 0,0036
2,00E-02 R² = 0,9778

1,50E-02 tempo 5-360

1,00E-02 tempo 5-180


tE(t)

5,00E-03

0,00E+00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-5,00E-03

-1,00E-02
Tempo (s)

Fonte: Próprio autor.

Tabela 7: Tempo de residência médio para os experimentos 1, 2 e 3.


tm (s)
Experimento 1 (34s) 3,21
Experimento 2 (58s) 56,75
Experimento 3 (85s) 4,44
Fonte: Próprio autor.
19

9. DISCUSSÃO

A distribuição de tempo de residência, DTR, pode ser utilizada para a


identificação de problemas na operação de reatores. No caso do CSTR, tem-se
a perturbação tipo pulso, no qual uma quantidade de traçador foi injetada de
uma só vez na corrente de alimentação do reator. Como descrito por Fogler
(2009), em reatores com escoamento empistonado considera-se que “todos os
átomos que saem de tais reatores permaneceram precisamente o mesmo
intervalo de tempo dentro dos reatores”.

Um dos parâmetros observáveis para avaliar a operação do reator,


portanto, é o tempo de residência médio. Para vazões volumétricas constantes,
tem-se que o tempo de residência médio é igual ao tempo espacial (Fogler,
2009). O experimento 2 apresentou, portanto, os valores mais próximos de
tempo espacial e tempo médio de residência, respectivamente, 58 segundos e
56,75 segundos. Dadas as imprecisões decorrentes das aproximações,
considera-se que a vazão volumétrica é constante para esse experimento. Os
experimentos 1 e 3, no entanto, apresentaram tempos médios de residência
muito inferiores ao tempo espacial. Dessa forma, assume-se que houve curto
circuito durante a operação, isto é, um desvio no qual as partículas ficaram
retidas no reator em tempos menores que o esperado pela existência de
caminhos preferenciais. Associado ao valor de tm, identifica-se também na DTR
a presença de uma inclinação no início da operação que é característica de
casos de curto circuito (bypassing). A comparação entre a DTR de um reator
CSTR perfeitamente misturado (esquerda) e um com desvio e zonas mortas
(direita) encontrasse na Figura 16.

Figura 16 – DTR para reatores CSTR perfeitamente mistura e com curto circuito.

Fonte: Fogler (2009)


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A DTR obtida para o experimento 1 mostra uma concentração muito


baixa, mas ainda identificável pelo método da absorbância, no último ponto
observado aos 360 segundos. Dado que o tempo espacial é de 34 segundos,
não é esperado que partículas ainda sejam coletadas após um período de
tempo consideravelmente longo. Esse comportamento pode indicar a presença
de zonas mortas, mesmo que a longa cauda característica da difusão lenta do
traçador não tenha sido identificada. As limitações do método da absorbância
(dada a baixa concentração de traçador identificada nas amostras), das
aproximações utilizadas para obtenção do resultado das integrais (observadas
no coeficiente de determinação de cada ajuste polinomial) e a própria forma
retirada da amostra do reator representam alguns dos aspectos determinantes
para as incongruências aqui relatadas.

Buscou-se da literatura as curvas do perfil de F(t) e E(t) para diferentes


operações do CSTR. Em primeiro caso é apresentado perfil para a operação
de um reator ideal em condições perfeitas, neste caso, é importante ressaltar
que foi feita uma normalização para poder ser comparado diretamente.

Figura 17 - Operação Perfeita em um CSTR

Fonte: Fogler (2009)

Os resultados obtidos no experimento se assemelham ao comportamento


de um reator ideal caso considere-se o perfil após o tempo em que a função de
distribuição E(t) atinge seu pico, observado nas figuras 4, 5 e 6. Os resultados
anteriores que formam um comportamento tipo "parábola" podem ser
explicados pelo fato de a amostragem não ter sido feita diretamente no centro
do reator. Por ser coletada em uma tubulação de comprimento considerável
anexada ao reator faz com que os dados coletados em um determinado
momento não serem tão bem representativos em tempo real.
21

A figura a seguir representa a um esquema e modelos de distribuição


onde há um caminho preferencial do tipo desvio em um CSTR ideal:

Figura 18 - CSTR ideal, com desvio

Fonte: Fogler (2009)

Neste caso é bem notável, principalmente ao comparar com o CSTR em


condições perfeitas, que os desvios provocam uma alteração significativa da
resposta no tempo inicial. Aqui há uma redução na distribuição iniciada em
E(t=0), já o ponto F(t=0) agora depende de uma vazão Vb que é desviada. Nos
resultados observados, não é possível avaliar esta característica com precisão
pelo mesmo fato da coleta ser influenciada pela mangueira principalmente no
tempo inicial. Mas também vale notar que o tempo espacial é alterado e seu
aumento acarreta um decaimento mais lento da curva E(t), trazendo um
indicativo que o experimento não sofreu interferência suficientemente grande
de um desvio.

Por fim, é apresentado um modelo de distribuição com a influência de um


volume morto apresentado na figura a seguir:

Figura 19 - CSTR ideal, com volume morto

Fonte: Fogler (2009)


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Devido ao volume morto ou estagnado diminuir o volume "útil" do sistema,


pelo fato do líquido não passar por ele, o tempo espacial é menor fazendo um
maior decaimento da distribuição E(t) e um maior crescimento da F(t). A curva
dos experimentos apresentou um significativo decaimento, porém ainda não é
possível afirmar que houve neste caso um volume estagnado nem tampouco
descartar esta possibilidade.

10. CONCLUSÃO

Obteve-se, como proposto, a distribuição do tempo de residência para três


diferentes condições de operações, definidas pela potência das bombas
utilizadas (cujo aumento na potência levou a tempos espaciais menores). A
suposição de que a vazão volumétrica foi constante se manteve para o
experimento 2, que apresentou tempo médio de residência e tempo espacial
similares. Para os outros experimentos, que mostraram tempos de residência
médios consideravelmente inferiores ao espaciais, observou-se a ocorrência de
curto circuito na operação, decorrente da existência de caminhos preferenciais.
No experimento I, considera-se a possibilidade da existência de zonas mortas.

Pelo fato de a amostragem não ter sido feita diretamente no centro do


reator, variações na curva podem estar associadas à forma de coleta das
amostras. O tratamento dos dados por meio das aproximações acarretou erros
inerentes, dado que os ajustes polinomiais no cálculo das integrais não
atingiram R2=1, a alguns dos pontos, em todos os experimentos, apresentaram
concentrações baixas demais dada a curva de calibração adotada. O perfil do
gráfico portanto, principalmente no que se refere à longa cauda, pode ter sido
prejudicado.

11. REFERÊNCIAS

FOGLER, H.S. Elementos de Engenharia Das Reações Químicas. 4ª ed. Rio


de Janeiro: LTC, 2009.

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