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COSTA C.S.1, BORGES S.F.1, DIAS M.S.1, MORAES D.M.1, SIQUEIRA L.G. L. 1
Grupo B
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Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia,
Coordenação de Engenharia Química
1.INTRODUÇÃO
No que diz respeito aos reatores, Sassaki (2005) e Fogler (2009) relatam ainda a
existência de dois modelos de escoamento: o de mistura perfeita e o tubular, onde o modelo de
idealidade é explicado através da homogeneidade presente no reator de mistura perfeita e para
o reator tubular empistonado é decorrente da movimentação ordenada das partículas, com
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Dentre os fatores que podem ocasionar o escoamento não ideal, Gutierrez (2008) destaca a
formação de caminhos preferenciais, partículas do fluido que não percorrem todo o interior do
vaso, áreas do reator onde o fluido é retido impossibilitado de interagir com o restante da
mistura reacional, recirculação do fluido e retromistura. A descrição fluidodinâmica dos
reatores fornece a distribuição do tempo de residência, indicando o tempo que cada elemento
de fluido se mantém no equipamento e a existência de possíveis irregularidades. (FOGLER,
2009).
Dentre os reatores citados, Fogler (2002) destaca a importância dos reatores plug flow
(PFR) que são utilizados em vários ramos industriais devido ao seu design que não ocupa muito
espaço e também à facilidade de manutenção). E, para a sua aplicação dentro da indústria é
preciso saber o comportamento do fluido no seu interior, pois desvios da idealidade em pequena
escala se tornam grandes prejuízos no scale-up (Levenspiel, 1972).
2.EQUAÇÕES
Tempo espacial:
𝑉
𝜏 = 𝑣𝑜 (3)
𝑡̅ = Σ ti E (ti) Δ ti (4)
Variância:
2
𝑠 = ∑ 𝑡𝑖2 𝐸(𝑡𝑖 )∆𝑡𝑖 − 𝑡 (5)
0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 < 𝜏
F={ (7)
1, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 ≥ 𝜏
3.METODOLOGIA
3.1. Materiais
São ainda utilizados outros materiais, tais como: traçador não-reativo (solução de azul de
metileno), cubetas, espectrofotômetro, proveta de 2 litros, cronômetro e balança analítica.
Iniciou-se o experimento enchendo todo o sistema com água. Para isso, abriram-se as
válvulas V0, V1 e V3, mantendo a válvula P2 fechada. Tendo enchido completamente o reator,
fecharam-se as válvulas V1 e Vo e as bombas foram desligadas. Abriu-se a válvula P2 e o sistema
foi drenado, restando apenas o volume de água contido no reator, o qual foi mensurado com
auxílio da proveta.
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Após a medição do volume do reator, o mesmo foi esvaziado através da abertura da válvula
V1. Com o reator vazio e a válvula V1 novamente fechada, encheu-se o reator com a solução de
azul de metileno pela parte superior do reator.
As bombas foram, então, ligadas e abriu-se a válvula V0 e P2. A água então iniciou a
percorrer o sistema do tanque até a estabilização do seu fluxo. Com o fluxo já estável, fechou-
se a válvula V0 e abriu-se ligeiramente a válvula V1. Verificou-se a retirada de ar do sistema
através da ausência de bolhas.
Quando a primeira gota passou pela mangueira situada no topo do reator para fazer
coleta, iniciou-se o cronômetro e a primeira amostra foi coletada. As demais amostras foram
retiradas de 1 em 1 minuto nos 10 primeiros minutos, de 2 em 2 minutos nos 20 minutos
seguintes e de 5 em 5 minutos até o reator estar visivelmente contendo apenas água
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1.PFR real
A partir da curva de calibração e da média das absorbâncias para cada amostra foi possível
determinar as concentrações finais de saída do reator. Assim a razão C/C0 foi obtida onde C é a
concentração do corante na saída do reator e C0 é a concentração inicial, todas essas quantidades
estão descritas na Tabela 1.
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A Figura 2 abaixo mostra o comportamento da razão C/C0 com o tempo para o Reator
Tubular em estudo.
1
0,8
0,6
0,4
C/C0
0,2
0
0 10 20 30 40 50
Tempo (min)
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Sabendo que a técnica utilizada no experimento foi a degrau negativo, em que há a eluição
contínua do traçador, pode-se observar que a concentração na saída do PFR diminui com o
decorrer o tempo. No entanto, o esperado seria que o traçador saísse num só momento do reator
devido ao escoamento empistonado, o que não aconteceu devido as não idealidades do
escoamento.
0,14
0,12
0,1
0,08
E(t)
0,06
0,04
0,02
0
0 10 20 30 40 50
-0,02
Tempo (min)
A partir dos resultados de C /C0 e utilizando a Equação 2 foi construído o gráfico da função
cumulativa (F) versus do tempo como mostra a Figura 3. Essa função representa a fração de
traçador na saída do reator.
1,0000
0,9000
0,8000
0,7000
0,6000
F(t)
0,5000
0,4000
0,3000
0,2000
0,1000
0,0000
0 10 20 30 40 50
Tempo (min)
O tempo médio de residência (𝑡̅ ) foi obtido pela Equação 4, o valor obtido foi de 10,07
min. Já o tempo espacial (𝜏) foi calculado a partir da Equação 3 e o valor obtido foi de 13 min.
Comparando o tempo médio de residência com o tempo espacial do experimento realizado,
percebe-se que o 𝑡̅ foi menor que 𝜏, o que comprova um escoamento como não ideal com
fluido estagnado e volume morto. Tal situação configura uma performance ruim para o reator
pois diminui o volume útil do reator e provoca menos tempo de reação. A Figura 4 abaixo
comprova a existência de caminhos preferenciais no reator, o que pode ser explicado também
por alguma obstrução na distribuição de entrada de água no sistema.
4.2.PFR ideal
Para a análise do escoamento ideal utilizou-se a Equações 6 e 7 para encontrar as curvas
E e F, respectivamente. A Figura 5 mostra o comportamento das curvas F e E com o tempo.
Segundo Fogler (2009) é esperado para um reator PFR ideal que o tempo espacial seja
igual ao tempo de residência médio. Assim, para a análise do PFR ideal sabe-se que todo o
traçador sairia do reator exatamente no tempo espacial calculado de 13 min como mostra a
curva E abaixo. A curva F também indica que após o tempo espacial a concentração permanece
constante.
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1,2 1,2
1 1
0,8
0,8
F (t)
0,6
0,6
E (t)
0,4
0,4
0,2
0,2
0
0 0 10 20 30 40 50
0 10 20 30 40 50 Tempo (min)
-0,2 Tempo (min)
Assim, para a análise do PFR ideal sabe-se que todo o traçador sairia do reator exatamente
no tempo espacial calculado de 13 min como mostra a curva E da Figura 5. A curva F também
indica que após o tempo espacial a concentração permanece constante.
0,2 1,2
1
0,15
0,8
0,1 0,6
F (t)
E (t)
0,4
0,05
0,2
0 0
-10 10 30 50 0 10 20 30 40 50
Tempo (min) Tempo (min)
Figura 6– Curvas para E e F em função do tempo para um PFR com escoamento laminar
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0,1 REAL
F (t)
0,6
0,08 0,5
IDEAL
0,4 0,06
0,3
0,04
0,2
0,02
0,1
0 0
0 10 20 30 40 50 -0,1 0 10 20 30 40 50
Tempo (min) Tempo (min)
Figura 7– Comparação entre as Curvas E e F em função do tempo para um PFR real, ideal e
com escoamento laminar.
A partir dos gráficos comparativos da Figura 7 é possível perceber que o PFR estudado
na prática teve um comportamento mais próximo do PFR laminar segregado, o que foi
confirmado tanto pela forma das curvas como pelo tempo de residência com valores muito
próximos.
5. CONCLUSÃO
Foi caracterizado o escoamento no reator PFR através da medição da concentração do
fluido na saída, com isso pôde- se determinar o tempo médio de residência (𝑡̅ ) de 10,07 min e
o tempo espacial (𝜏) de 13 min, percebeu-se que o 𝑡̅ foi menor que 𝜏, o que comprova um
escoamento como não ideal com volume morto, tal situação foi verificada pela existência de
zonas com concentração de corante estagnado. A curva E em função do tempo apresentou picos
decrescentes indicando forte recirculação interna e confirmando a não idealidade do reator PFR
utilizado.
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Analisando os gráficos ideais para as curvas E e F com as curvas para o caso real, foi
possível notar que o escoamento real aproximou- se mais da vazão laminar, podendo ser
confirmado com o número de Reynolds calculado de 70,11. O fluxo laminar de um reator
tubular é caracterizado pela predominância das forças viscosas sobre as forças inerciais nas
paredes do tubo, dessa forma o tempo de cada elemento de fluido dentro do reator é diferente.
Sendo assim, o PFR estudado na prática teve um comportamento mais próximo do PFR laminar
segregado. Calculou-se o tempo médio de residência para o escoamento laminar segregado, o
valor obtido foi de 10,01 com a variância de 43,24 𝑚𝑖𝑛2.
Os motivos para as causas da não idealidade podem ser o tamanho do diâmetro do reator,
a ausência de dispersadores ao longo do reator tubular, entre outros. Para isso, algumas
mudanças cabíveis seriam, por exemplo, um diâmetro menor, que aumentaria a turbulência do
sistema; a presença de dispersadores, que possibilitaria uma distribuição mais uniforme do
traçador ao longo do tubo e garantiria uma saída com concentrações mais iguais no decorrer do
tempo.
REFERÊNCIAS
SASSAKI, R. A. Distribuição de tempos de residência em sistemas alimentados com
vazão variável. 2005. 100 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) –
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005
LEVENSPIEL O, Engenharia das Reações Químicas. São Paulo: Edgard Blucher Ltda,
1972.
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