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DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO A SOLICITAÇÕES TANGENCIAIS

2. ESTADO LIMITE ÚLTIMO – TORÇÃO SIMPLES E COMBINADA EM VIGAS


2.1. INTRODUÇÃO
2.2. TORÇÃO SIMPLES (TORÇÃO DE ST. VENANT)
2.3. Modelo resistente – Estado Limite Último
2.4. Resistência do elemento estrutural - Torção pura
2.4.1. Verificação da resistência das bielas inclinadas de concreto (escoras)
comprimido.
2.4.2. Armadura longitudinal de torção.
2.4.3. Armadura transversal (estribos) de torção.
2.4.4. Armadura mínima de torção
2.5. Torção de compatibilidade
2.6. Geometria da seção resistente – NBR6118 - 2014/17.5.1.4.
2.6.1. Seções poligonais convexas cheias
2.6.2. Seção composta de retângulos
2.6.3. Seções vazadas
2.7. SOLICITAÇÕES COMBINADAS - Flexão e torção
2.7.1. Armaduras longitudinais
2.7.2. Resistência do banzo comprimido
2.8. Torção e força cortante
2.9. Armadura para torção – disposições construtivas
2.9.1. Estribos
2.9.2. Armadura longitudinal
2.10. Exemplo de dimensionamento
2.11. Referências bibliográficas

2. ESTADO LIMITE ÚLTIMO – TORÇÃO SIMPLES E COMBINADA EM VIGAS

2.1. INTRODUÇÃO

O efeito da torção em vigas decorre de ações excêntricas ao eixo da peça que provocam
momentos que tendem a girar a seção em torno de seu eixo longitudinal. Esse esforço
provoca tensões de cisalhamento, semelhantes às das forças cortantes.
Para o dimensionamento à torção considera-se também as mesmas condições de resistência
como na flexão e no cisalhamento por força cortante, ou seja, o concreto resiste às tensões
de compressão e as tensões de tração devem ser absorvidas pela armadura. Para o
dimensionamento assume-se, a partir de teorias comprovadas, um modelo resistente de
comportamento de forma a se obter a distribuição dos esforços.
A teoria que é mais amplamente aceita para a distribuição das tensões decorrentes da torção
é a da treliça espacial generalizada, na qual se baseiam as formulações das principais normas
internacionais. A filosofia desse método é a idealização da peça como uma treliça, cujas
tensões de compressão causadas pelo momento torçor serão resistidas por bielas
comprimidas (concreto), e as de tração, por diagonais tracionadas (armaduras).
A consideração do momento torçor não é fundamental em situações onde o impedimento à
deformação pode ser desprezado, torção de compatibilidade, devido à perda de rigidez à
torção GJt bem maior do que a queda na rigidez à flexão EI, por fissuração da peça, reduzindo
também o valor do momento atuante, assumindo-se que esta tenha capacidade de adaptação
plástica, como no caso grelhas. Entretanto, é preciso providenciar armaduras transversais e
longitudinais adequadamente dimensionadas e ancoradas, para controlar as aberturas de
fissuras em serviço, e possibilitar a redistribuição de esforços solicitantes na mudança de
rigidez da estrutura.
Na hipótese de que o equilíbrio da estrutura só será possível com a consideração do momento
de torção, torção de equilíbrio, esta será obrigatoriamente considerada, independentemente
de qual seja a sua rigidez, como no caso de vigas-balcão ou marquises com laje em balanço.

Figura
2.1:
Torção
de

equilíbrio e torção de compatibilidade.


2.2. TORÇÃO SIMPLES (TORÇÃO DE ST. VENANT)

Uma barra de seção circular sujeita a momento de torção, com empenamento permitido
(torção livre), apresenta um estado de tensões principais inclinadas de 45 o e 135o com o eixo
longitudinal da barra. Ao longo da barra as tensões principais de tração e compressão seguem
uma trajetória helicoidal, sendo as de tração na direção da rotação e as de compressão em
direção oposta.

Figura 2.2: Trajetória das tensões principais e tensões de cisalhamento.

Na seção transversal as tensões de cisalhamento seguem uma variação partindo do zero no


eixo que passa pelo centro de gravidade e nos vértices (seção retangular), atingindo o máximo
na periferia da seção.

Figura 2.3: Variação das tensões de cisalhamento na seção transversal.

A resistência das seções aos esforços de torção pode ser considerada, na torção circulatória
(ou torção de St. Venant, Barré), pelo equilíbrio do momento torçor por tensões tangenciais
que dão a volta na seção, seja maciça ou vazada fechada. Considerando que a maior
concentração das tensões tangenciais τ, devidas à torção, são concentradas na periferia da
seção, na solução plástica, pode-se desprezar a parte interna, a favor da segurança.

Figura 2.4: Torção circulatória, seção cheia ou vazada.


Teoria de BREDT (das seções vazadas)

As equações que permitem o dimensionamento de peças de concreto armado sujeitas aos


esforços de torção, são determinadas considerando um modelo resistente constituído por
treliça espacial, definida a partir de um elemento estrutural de seção vazada equivalente ao
elemento estrutural a dimensionar.

Figura 2.5: Forças cortantes nas paredes do tubo e equilíbrio das tensões tangenciais nos
planos longitudinais.

O fluxo de tensões tangenciais τi distribuído uniformemente nas paredes do tubo de


espessura hi equilibram o momento torçor atuante Td. O equilíbrio do elemento na direção
longitudinal impõe que:

𝜏1 ℎ𝑒1 = 𝜏2 ℎ𝑒2 = 𝜏𝑖 ℎ𝑒𝑖 = 𝑐𝑡𝑒 - fluxo de cisalhamento

Assim, a força cortante na parede i é o produto do fluxo pelo correspondente comprimento


zi da parede.

𝑉𝑡𝑖 = 𝜏𝑖 ℎ𝑒𝑖 𝑧𝑖

Considerando o equilíbrio de esforços na seção transversal, as forças cortantes equilibram o


momento torçor.

𝑇𝑑 = 𝑉𝑡1 𝑧2 + 𝑉𝑡2 𝑧1 = 𝜏1 ℎ𝑒1 𝑧1 𝑧2 + 𝜏12 ℎ𝑒2 𝑧1 𝑧2 = 𝜏𝑖 ℎ𝑒𝑖 (2𝑧1 𝑧2)

𝐴𝑒 = (𝑧1 𝑧2 ) – área relativa ao perímetro médio das paredes do tubo

Assim, o fluxo de cisalhamento fica determinado como:

𝑇𝑑
𝜏𝑖 ℎ𝑒𝑖 = 2𝐴𝑒
– Fórmula de Bredt

A força cortante em cada parede será:


𝑇𝑑
𝑉𝑡𝑖 = 𝑧
2𝐴𝑒 𝑖

2.3. Modelo resistente – Estado Limite Último

A norma NBR 6118/14 no item 17.5 - Elementos lineares sujeitos à torção - Estado limite
último estabelece que: “As condições fixadas por esta Norma pressupõem um modelo
resistente constituído por treliça espacial, definida a partir de um elemento estrutural de
seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar.
As diagonais de compressão dessa treliça, formada por elementos de concreto, têm
inclinação que pode ser arbitrada pelo projeto no intervalo 30 o ≤ θ ≤ 45o”

O modelo da treliça espacial generalizada que é adotado para os estudos de torção tem
origem na treliça clássica idealizada por Ritter e Mörsch para cisalhamento, e foi desenvolvido
por Thürlimann e Lampert. Essa treliça espacial é composta por quatro treliças planas na
periferia da peça (tubo de paredes finas da Teoria de Bredt), sendo as tensões de compressão
absorvidas por barras (bielas de compressão - escoras) que fazem um ângulo θ com o eixo da
peça, e as tensões de tração absorvidas por barras decompostas nas direções longitudinal
(armação longitudinal) e transversal (estribos a 90o). Pode-se observar que a concepção desse
modelo baseia-se na própria trajetória das tensões principais de peças submetidas à torção
(figura ...).

Figura 2.6 - Treliça espacial generalizada (hipótese de seção transversal quadrada). ( Libânio
M. Pinheiro. TORÇÃO – cap.18)
Esforço de compressão na escora:

Considerando o plano ABCD da figura, sabe-se que para o equilíbrio devemos ter igualdade
dos momentos atuantes e resistentes.

2 𝐶𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ⋅ 𝑙 = 𝑇𝑑

𝑇𝑑
𝐶𝑑 = - força de compressão na escora
2 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃

Sendo σcd o valor de cálculo da tensão de compressão, e observando que a força Cd atua sobre
uma área dada por (y⋅ t) e t é a espessura considerada da parede, tem-se:

𝑇𝑑
𝐶𝑑 = 𝜎𝑐𝑑 𝑦𝑡 =
2 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃

𝑇𝑑
𝜎𝑐𝑑 =
2𝑦𝑡 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃

Como,

𝑦 = 𝑙𝑐𝑜𝑠 𝜃

𝐴𝑒 = 𝑙 2

Tem-se:

𝑇𝑑 𝑇𝑑 𝑇𝑑
𝜎𝑐𝑑 = = =
2𝑦𝑡 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃 2𝑡𝑙𝑙𝑐𝑜𝑠 𝜃𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐴𝑒 𝑡 𝑠𝑒𝑛 (2𝜃 )

A tensão de compressão não pode ultrapassar a limitação estabelecida na NBR 6118: 2014
que é 𝑓𝑐𝑑2 /1,2 . Logo, para a segurança do concreto deve-se ter:

𝑇𝑑 𝑓𝑐𝑑2
𝜎𝑐𝑑 = ≤
𝐴𝑒 𝑡 𝑠𝑒𝑛 (2𝜃 ) 1,2

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑2 = 0,60 ∝𝑣2 𝑓𝑐𝑑 = 0,60 (1– )𝑓
250 𝑐𝑑

𝑇𝑑 𝑓𝑐𝑘
𝜎𝑐𝑑 = ≤ 0,50 (1– )𝑓
𝐴𝑒 𝑡 𝑠𝑒𝑛 (2𝜃 ) 250 𝑐𝑑

2.4. Resistência do elemento estrutural - Torção pura


Admite-se satisfeita a resistência do elemento estrutural, numa dada seção, quando se
verificarem simultaneamente as seguintes condições:

𝑇𝑆𝑑 ≤ 𝑇𝑅𝑑,2
𝑇𝑆𝑑 ≤ 𝑇𝑅𝑑,3
𝑇𝑆𝑑 ≤ 𝑇𝑅𝑑,4

Onde:

TRd,2 representa o limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto;
TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do
elemento estrutural;
TRd,4 representa o limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais, paralelas ao
eixo do elemento estrutural.

2.4.1. Verificação da resistência das bielas inclinadas de concreto (escoras)


comprimido.

De acordo com a NBR6118/2014 no item 17.5.1.5 - Verificação da compressão diagonal do


concreto. A resistência decorrente das diagonais comprimidas de concreto deve ser obtida
por:
𝑇𝑅𝑑2 = 0,50 ∝𝑣2 𝑓𝑐𝑑 𝐴𝑒 ℎ𝑒 𝑠𝑒𝑛 (2 𝜃 ) ≥ 𝑇𝑆𝑑

Onde:
∝𝑣2 = (1 − 𝑓𝑐𝑘 / 250), com fck em megapascal.

Onde:

𝜃 é o ângulo de inclinação das diagonais de concreto, arbitrado no intervalo 30o ≤ θ ≤ 45o;


Ae é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada, real ou equivalente, incluindo
a parte vazada;
he é a espessura equivalente da parede da seção vazada, real ou equivalente, no ponto
considerado.

2.4.2. Armadura longitudinal de torção.

Para o equilíbrio das forças na direção longitudinal (x) da treliça espacial (nó A) tem-se:

4 𝑅𝑙𝑑 = 4 𝐶𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃

Como:
𝑅 𝑙𝑑 = 𝐴𝑠0 𝑓𝑦𝑤𝑑
Onde:
Aso é a área de uma das barras longitudinais;
fywd é a tensão de escoamento do aço, com seus valores de cálculo, e,

𝐴𝑠𝑙 = 4𝐴𝑠0

𝑇𝑑 2𝑇𝑑 2𝑇𝑑
𝐶𝑑 = => 4 𝑅𝑙𝑑 = 4 𝐶𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃 => 𝐴𝑠𝑙 𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
2 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑙

Considerando uma distribuição uniforme da armadura em todo o contorno u =4l de forma a


distribuir e reduzir a abertura das fissuras nas faces da viga, tem-se:

𝐴𝑠𝑙 2𝑇𝑑 2𝑇𝑑


( ) 𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃 = 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
𝑢 𝑙𝑢 𝑙4𝑙

𝐴𝑒 = 𝑙 2

𝐴𝑠𝑙 𝑇𝑑
( ) 𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
𝑢 2 𝐴𝑒

𝐴𝑠𝑙 𝑇𝑑
( ) = 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
𝑢 2 𝐴𝑒 𝑓𝑦𝑤𝑑

E,
𝐴𝑠𝑙
𝑇𝑅𝑑,4 = ( ) 2 𝐴𝑒 𝑓𝑦𝑤𝑑 tg 𝜃 ≥ 𝑇𝑑 = 𝑇𝑆𝑑
𝑢

2.4.3. Armadura transversal (estribos) de torção.

Para o equilíbrio das forças na direção longitudinal (z) da treliça espacial (nó A) tem-se:

𝑅𝑤𝑑 = 𝐶𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃

𝑙𝑐𝑜𝑡𝑎𝑔𝜃
O número de estribo contidos entre dois nós da treliça com espaçamento s é ( ), assim
𝑠
a força resistente correspondente é:

𝑙𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃
𝑅𝑤𝑑 = ( ) 𝐴90 𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝐶𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝑠

𝑙𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 𝑇𝑑
( ) 𝐴90 𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝑠 2 𝑙𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝐴90 𝑇𝑑 𝑇𝑑
= 𝑡𝑔𝜃 = 𝑡𝑔𝜃
𝑠 2 𝑙𝑙𝑓𝑦𝑤𝑑 2 𝐴𝑒 𝑓𝑦𝑤𝑑

Sendo 𝐴90 a área de um ramo vertical ou horizontal do estribo.

E,
𝐴90
𝑇𝑅𝑑,3 = ( ) 2 𝐴𝑒 𝑓𝑦𝑤𝑑 cotg 𝜃 ≥ 𝑇𝑑 = 𝑇𝑆𝑑
𝑠

2.4.4. Armadura mínima de torção

De acordo com item 17.5.1.2 da NBR 6118: 2014 “Sempre que a torção for necessária ao
equilíbrio do elemento estrutural, deve existir armadura destinada a resistir aos esforços de
tração oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por estribos verticais
periféricos normais ao eixo do elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo
do perímetro da seção resistente, calculada de acordo com as prescrições desta seção e com
taxa geométrica mínima dada pela expressão:

𝐴𝑠𝑙 𝑓𝑐𝑡𝑚
𝜌𝑠𝑙 = ≥ 0,2
ℎ𝑒 𝑢𝑒 𝑓𝑦𝑤𝑘

𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑐𝑡𝑚
𝜌𝑠𝑤 = ≥ 0,2
𝑏𝑤 𝑠 𝑓𝑦𝑤𝑘

𝑓𝑦𝑤𝑘 ≤ 500𝑀𝑃𝑎
2.5. Torção de compatibilidade

Quando a torção não for necessária ao equilíbrio, caso da torção de compatibilidade, é


possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a adequada capacidade de
adaptação plástica e que todos os outros esforços sejam calculados sem considerar os efeitos
por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do elemento sujeito a torção seja menor
ou igual a 2 h, para garantir um nível razoável de capacidade de adaptação plástica, deve-se
respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que:

Vsd ≤ 0,7 VRd,2

Sendo:

VRd,2 = 0,27 αv2 fcd bwd sen(2θ)

Para estribos a 90o com o eixo da peça.

2.6. Geometria da seção resistente – NBR6118 - 2014/17.5.1.4.

2.6.1. Seções poligonais convexas cheias


A seção vazada equivalente se define a partir da seção cheia com espessura da parede
equivalente he dada por:

𝐴
ℎ𝑒 ≤
𝑢
he
ℎ𝑒 ≥ 2 𝑐1

c1
Figura 2.7 – Seção vazada equivalente.
Onde:

A é a área da seção cheia;


u é o perímetro da seção cheia;
c1 é a distância entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face lateral do elemento
estrutural.
Caso A/u resulte menor que 2c1, pode-se adotar he = A/u ≤ bw - 2c1 e a superfície média da seção
celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido
nos estribos).
2.6.2. Seção composta de retângulos
O momento de torção total deve ser distribuído entre os retângulos conforme sua rigidez
elástica linear. Cada retângulo deve ser verificado isoladamente com a seção vazada
equivalente definida em 17.5.1.4.1 (seções poligonais convexas cheias). Assim, o momento
de torção TSdi que cabe ao retângulo i é dado por:
𝑎𝑖3 𝑏𝑖
𝑇𝑆𝑑𝑖 = 𝑇𝑆𝑑
∑ 𝑎𝑖3 𝑏𝑖
Onde:
ai são os lados menores dos retângulos;
bi são os lados maiores dos retângulos.
2.6.3. Seções vazadas
Deve ser considerada a menor espessura de parede entre:
- a espessura real da parede;
- a espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo contorno externo da
seção vazada.

2.7. SOLICITAÇÕES COMBINADAS - Flexão e torção

As peças solicitadas a torção normalmente apresentam simultaneamente esforços


decorrentes da flexão (simples ou composta), havendo, portanto, a atuação do momento
torçor com a força cortante. A norma brasileira, NBR 6118/2014 estabelece que “Nos
elementos estruturais submetidos a torção e a flexão simples ou composta, as verificações
podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicitações normais, devendo
ser atendidas complementarmente as prescrições quanto às armaduras longitudinais e
resistência do banzo comprimido”.
2.7.1. Armaduras longitudinais
- Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção deve ser acrescentada à armadura
necessária para solicitações normais, considerando-se em cada seção os esforços que agem
concomitantemente.
- No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em
função dos esforços de compressão que atuam na espessura efetiva h e no trecho de
comprimento Δu correspondente à barra ou feixe de barras consideradas.

2.7.2. Resistência do banzo comprimido


- Nas seções em que a torção atua simultaneamente com solicitações normais intensas, que
reduzem excessivamente a profundidade da linha neutra, particularmente em vigas de seção
celular, o valor de cálculo da tensão principal de compressão não deve superar os valores
estabelecidos na Seção 22 da NBR 6118/2014.

Essa tensão principal deve ser calculada como em um estado plano de tensões, a partir da
tensão normal média que age no banzo comprimido de flexão e da tensão tangencial de
torção calculada por:
𝜏 𝑇𝑑 = 𝑇𝑑 / 2 𝐴𝑒 ℎ𝑒
2.8. Torção e força cortante
Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de inclinação
das bielas de concreto θ coincidentes para os dois esforços.
Quando for utilizado o modelo I, da NBR6118 -2014, para a força cortante, que subentende
θ= 45°, esse deve ser o valor considerado também para a torção.
A resistência à compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão:
𝑉𝑆𝑑 𝑇𝑆𝑑
+ ≤1
𝑉𝑅𝑑,2 𝑇𝑅𝑑,2
Onde:

VSd e TSd são os esforços de cálculo que agem concomitantemente na seção.

A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas
separadamente para VSd e TSd.

2.9. Armadura para torção – disposições construtivas


A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção é constituída
por estribos normais ao eixo da viga, normalmente verticais (α = 90o), combinados com barras
longitudinais paralelas.
2.9.1. Estribos
Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras longitudinais
contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente (he).
Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno, envolvendo as barras
das armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente ancoradas
por meio de ganchos em ângulo de 45°.
Devem ser obedecidas as prescrições relativas ao diâmetro das barras que formam o estribo
e ao espaçamento longitudinal dos mesmos.
- O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5 mm, sem exceder
1/10 da largura da alma da viga. Quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior
a 12 mm.
𝑏𝑤
5 𝑚𝑚 ≤ ∅𝑡 ≤
10

No caso de estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para
4,2 mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura.

- O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento


estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom
adensamento da massa.

- O espaçamento máximo deve atender às seguintes condições:

- se Vd ≤ 0,67 VRd2, então smáx = 0,6 d ≤ 300 mm;

- se Vd > 0,67 VRd2, então smáx = 0,3 d ≤ 200 mm.

- O espaçamento transversal entre ramos sucessivos (número de ramos) da armadura


constituída por estribos não deve exceder os seguintes valores:

- se Vd ≤ 0,20 VRd2, então st,máx = d ≤ 800 mm;

- se Vd > 0,20 VRd2, então st,máx = 0,6 d ≤ 350 mm.

2.9.2. Armadura longitudinal


As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou concentrado
ao longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo em 350 mm.
Deve-se respeitar a relação ∆ 𝐴𝑠𝑙 /∆𝑢, onde ∆u é o trecho de perímetro da seção efetiva
correspondente a cada barra ou feixe de barras de área ∆ 𝐴𝑠𝑙 , exigida pelo dimensionamento.
As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de torção, pelo menos uma
barra. Recomenda-se utilizar bitola maior ou igual a 10mm.
2.10. Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Projeto de estruturas de concreto -
Procedimento: NBR 6118: 2014. Rio de Janeiro.

Juliana S. Lima, Mônica C.C. da Guarda, Libânio M. Pinheiro. TORÇÃO – cap.18. 25 novembro
2003. SET.EESC.USP.
BUCHAIM, R. ESTADO LIMITE ÚLTIMO – Torção Simples e Torção Combinada. 15 de março
de 2008. DE.UEL.

Bittencourt T.N, Assis, W.S, Neto J.P. Análise de Vigas Submetidas a Momento de Torção.
Lmc.Ep.USP. 2003.

Bastos, P.S.S. Torção em Vigas de Concreto Armado. Maio 2005. UNESP.

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