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Universidade Federal do Rio Grande 2023 Escola de Engenharia

3.13 Solução de Pórticos Planos Abertos

Para a solução de pórticos planos se fará uma divisão meramente didática. Nesta seção,
serão tratados os pórticos planos abertos e na próxima seção, os pórticos fechados.
A figura 82 apresenta um exemplo para cada uma destas situações.

Figura 82: Pórticos planos aberto e fechado

Inicialmente, cabe salientar que a aplicação do método das forças segue a mesma sis-
temática aplicada para solução de vigas e treliças, quer seja o pórtico aberto ou fechado.
Será utilizada a mesma tabela de Kurt Mayer para determinação dos coeficiente de carga
e de flexibilidade.
Será considerada apenas a influência dos momentos de flexão. Serão desprezadas os
efeitos das forças normais e cortantes. Normalmente, a influência destes dois esforços é muito
pequena.
Se deve iniciar a análise do pórtico, pela determinação de seu grau hiperestático. Este
valor definirá os número de hiperestáticos e de equações, e influenciará de forma direta na
construção do sistema principal isostático.
O grau hiperestático para um pórtico plano aberto é dado pela expressão

grau hiperestático = número de reações − número de equações de equilı́brio

Para determinar número de reações é suficiente somar a quantidade possı́vel em cada


vı́nculo.
∑ ∑
O número de equações de equilı́brio no plano são 3 (três), a saber Fx = 0, Fy = 0

e M = 0, admitindo o pórtico no plano x − y.
Entretanto, um pórtico pode apresentar articulações completas e incompletas interna-
mente. A presença destas fornece equações de equilı́brio adicionais.
Uma articulação é dita completa quando todas as barras que convergem para ela se encon-
tram articuladas naquele ponto. Uma articulação é dita incompleta quando parte das barras

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que convergem nela estão articuladas. A figura 83 mostra estes dois tipos.

Figura 83: Articulações completa e incompleta

Articulações completas fornecem um número de equações adicionais de equilı́brio igual ao


número de barras concorrentes menos 1. A figura 84 abaixo mostra duas situações.

Figura 84: Articulações completas e equações de equilı́brio adicionais

Articulações incompletas fornecem um número de equações adicionais de equilı́brio igual


ao número de barras realmente articuladas. A figura 85 abaixo mostra um caso.

Figura 85: Articulação incompleta e equações de equilı́brio adicionais

Assim, o número de equações de equilı́brio a considerar no cálculo do grau hiperestático


de um pórtico aberto são as três equações globais de equilı́brio mais o número de equações de
equilı́brio adicionais para cada descontinuidade presente. É bom lembrar que uma articulação
interna é uma descontinuidade interna onde o momento é nulo. Existem outros tipos de
descontinuidades que não serão tratadas aqui. Assim,

gh = r − ne (42)

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onde r é o número de reações e ne representa o número de equações globais de equilı́brio mais


as equações adicionais por conta das articulações presentes.
A figura 86 mostra quatro pórticos abertos e os valores dos correspondentes graus hipe-
restáticos.

Figura 86: Pórticos abertos e seus correspondentes graus hiperestáticos

A etapa que segue é a construção do sistema principal isostático. Para pórticos planos,
em geral, há uma quantidade bem variada de possibilidades. Não existe uma lei ou regra para
construção do sistema principal. O objetivo é encontrar aquela situação para a qual se obtenha
os mais simples possı́veis diagramas de momentos de flexão .
Basicamente a construção do sistema principal passa pelas situações de eliminar vı́nculos
e/ou substituir por outros e/ou impor rótulas internas. Em muitas situações, na construção
dos sistemas principais se pode obter pórticos isostáticos compostos.
Dois tipos de cargas térmicas podem ser admitidas em um pórtico plano. O gradiente
térmico e a variação uniforme de temperatura, correspondentes respectivamente, à flexão e à
força normal. Esta última quando considerada deverá necessariamente ser combinada com os
diagramas de esforços normais atuantes nos estados 1, 2 e etc.
Para o cálculo dos coeficientes de carga e de flexibilidade na análise de um
pórtico plano hiperestático se deve utilizar a tabela de Kurt Meyer como já feito
para outros tipos de estruturas de barras. Nada se altera quanto a isto. Entretanto,
é bom lembrar que esta tabela vale para combinação de todos esforços internos.

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A presença de recalques e de apoios elásticos em pórticos deverá ser tratada


exatamente como mostrado para o caso de vigas.

3.14 Solução de Pórticos Planos Fechados

O primeiro fato importante é analisar a forma como se deve determinar o grau hiperestático
para um pórtico fechado. Na realidade muda muito pouco em relação ao já abordado na seção
anterior.
Um pórtico é denominado de fechado quando apresentar a existência de anéis ou células
fechadas. Cada uma delas acrescenta três incógnitas ao grau hiperestático do pórtico.
Para pórticos abertos foi apresentada a expressão (42), dada por gh = r −ne para o cálculo
do grau hiperestático, onde r é o numero de reações incógnitas e ne é o número de equações
globais de equilı́brio, que no plano são 3, mais o número de equações de equilı́brio adicionais
originadas pela presença de cada descontinuidade interna. Cabe lembrar, que entre os vários
tipos de descontinuidades, o interesse aqui são as de momentos, ou seja as rótulas.
Sendo o pórtico fechado, se deve acrescentar ao número de reações desconhecidas, 3
incógnitas por anel ou célula fechada presente. De forma que a expressão anterior tomará a
forma

gh = r + 3 na − ne (43)

onde nesta expressão a quantidade na representa o número de anéis presentes no pórtico.


Identificado o grau hiperestático do pórtico fechado, segue a construção do sis-
tema principal isostático. Este, independente das possibilidades, será, em geral, um
pórtico isostático composto, constituı́do por dois ou mais pórticos simples isostáticos
que se apoiam entre si.
A partir daı́, segue a solução do pórtico pelo emprego da mesma sistemática já abordada
para vigas, treliças e pórticos abertos.
A eventual presença de cargas térmicas, recalques ou apoios elásticos não influenciam em
nada na determinação do grau hiperestático e devem ser tratadas já mostrado para pórticos
abertos.

3.15 Solução de Grelhas

Grelhas são estruturas planas sob forças que atuam perpendicularmente ao seu plano.
Desta forma, barras de grelhas poderão estar sujeitas a força cortante, momento de flexão e
de torção.
Para o cálculo dos deslocamentos que constituem os coeficientes de carga e de flexibilidade,
o efeito da força cortante será desconsiderado. Portanto, serão considerados os efeitos da

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flexão e da torção.
O emprego das tabelas de Kurt Mayer permanece válido tanto para flexão como para
torção.
Para o cálculo do grau hiperestático de uma grelha se deve utilizar a seguinte expressão

gh = r + 3n − 3 (44)

Nesta expressão, r é o número de reações nos vı́nculos presentes, n o número de anéis


fechados presentes. Desta soma deverá ser subtraı́do o valor três que é o número de equações
globais de equilı́brio aplicáveis para o caso de grelhas. Quando uma grelha apresenta um anel
ou célula fechada, se tem um grau hiperestático interno igual a 3, pois toda seção transversal
apresenta três esforços internos, força cortante, momento de flexão e de torção. Aqui não
serão tratadas grelhas com descontinuidades internas.
A solução de grelhas que apresentem recalques e apoios elásticos segue exatamente a
mesma sistemática já empregada e discutida para vigas, treliças e pórticos.
O caso de carga térmica compatı́vel com grelhas é o gradiente térmico e deve ser tratado
exatamente como feito anteriormente.
Na solução de grelhas deverá ser considerada duas rigidezes. São elas, a rigidez à flexão
EI e à torção GJ.

3.16 Método das Forças e Simetria Estrutural

Como já salientado, este tema não pertence a este ou aquele método de solução. É uma
tema geral da análise estrutural.
Tirar partido de eventual simetria estrutural na solução manual de estruturas tem como
único objetivo diminuir o número de incógnitas do sistema ou diminuir o trabalho de cálculo
quando empregado no processo de Cross.
Assim, tirar partido da simetria estrutural, reduzindo a análise a um denominado modelo
reduzido se aplica integralmente ao método das forças desde que se tenha uma diminuição no
número de hiperestáticos.
Quando utilizado no método das forças se deverá construir o denominado modelo reduzido
de forma integralmente idêntica como feito para o método dos deslocamentos e para o processo
de Cross.
Embora este tema já tenha sido abordado anteriormente, abaixo é apresentado um resumo
das situações possı́veis onde é mostrado o modelo reduzido para cada situação.

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Eixo de simetria transversal a uma barra - carregamento simétrico

Eixo de simetria transversal a uma barra - carregamento antissimétrico

Eixo de simetria longitudinal a uma barra - carregamento simétrico

Eixo de simetria longitudinal a uma barra - carregamento antissimétrico

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3.17 Comentários sobre a construção de sistemas principais

3.17.1 Vigas

Se pode afirmar que existem diversas opções para sistema principal (SP) isostático para
solução de estruturas hiperestáticas pelo método das forças.
A figura 87 mostra uma viga contı́nua de grau hiperestático gh igual a 2.

Figura 87: Viga hiperestática de referência.

A figura 88, que segue, apresenta seis opções de SP para esta viga.

Figura 88: Opções de SP.

Cinco destas opções são válidas e envolvem supressão de vı́nculos, acréscimo de rótulas ou
a combinação destas duas possibilidades.
Uma opção é inválida estando caracterizada por não haver restrição a deslocamento de
translação horizontal (hipoestaticidade) e ser hiperestática ao equilı́brio das forças verticais.
Esta variedade de opções para o SP torna praticamente impossı́vel uma implementação
computacional genérica para o método das forças.
Qual das opções válidas para SP é a mais indicada para solução manual pelo método das
forças ?
Não há uma regra para definir e responder esta indagação. Entretanto, a opção recomen-
dada seria aquela que apresentar, para o carregamento externo e hiperestáticos, os diagrama
de momentos de flexão mais simples. Em geral para vigas, a opção recomendada é
aquela onde são rotulados as seções sobre os apoios internos.
Como já abordado, para algumas situações isto não é possı́vel. Por exemplo quando a viga
estiver sujeita a momento externo num seção sobre um dos apoios internos.
Também se pode observar que se a opção for acrescentar rótulas, estas não necessariamente
deverão estar posicionadas sobre os apoios internos.

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Por outro lado, independentemente da opção adotada para SP, se deve ter perfeito enten-
dimento do significado fı́sico dos coeficientes de carga e de flexibilidade. Quando se elimina
um vı́nculo na construção do SP, o correspondente hiperestático corresponde a uma reação
na posição do vı́nculo retirado, ou seja, é uma força externa ou um momento externo.
Os coeficientes de carga e de flexibilidade correspondentes são deslocamentos absolutos
na direção ou no plano do deslocamento liberado.
Quando a continuidade interna é rompida, caso da inserção de rótulas, o correspondente
hiperestático é um esforço interno. É um momento de flexão. No caso de um corte completo de
uma seção, os hiperestáticos são os esforços internos naquela seção. Nesta última situação,
os correspondentes coeficientes de carga e de flexibilidade são deslocamentos relativos nas
direções de cada deslocamento liberado.

3.17.2 Treliças planas

Treliças são estruturas fechadas. Como tal, é necessário avaliar sua hiperestaticidade
externa e interna.
Sua hiperestaticidade externa está ligada essencialmente aos vı́nculos presentes, que podem
ser apoios duplos e/ou simples. De modo que, se for externamente hiperestática, se deve supri-
mir apoios e/ou substituir apoios duplos por simples. Os correspondentes hiperestáticos serão
forças externas (reações). E os coeficientes de carga e de flexibilidade serão deslocamentos
absolutos de translação.
A figura 89 mostra uma situação tı́pica de hiperestaticidade externa.

Figura 89: Treliça plana externamente hiperestática

O correspondente sistema de equações é


{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = 0

Caso a treliça apresente hiperestaticidade interna, implica que há barras em excesso em
relação aquele número necessário para constituição do reticulado cuja célula básica é um
triângulo. O correspondente SP deverá contemplar a retirada de uma ou mais barras conforme

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o valor de seu grau hiperestático interno. Os correspondentes coeficientes de carga e de


flexibilidade serão deslocamentos relativos de translação na direção de cada barra retirada.
Portanto, valores de alongamentos ou encurtamentos das barras retiradas.
A figura 90 mostra um caso de treliça internamente hiperestática e uma opção de SP.

Figura 90: Treliça plana internamente hiperestática

Para esta situação, o sistema de equações é dado por



 X 1 L1

 δ + δ11 X1 + δ12 X2 = −
 10 EA



 δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = − X2 L2
EA

A figura 91 mostra um caso de treliça internamente e externamente hiperestática e uma


opção de SP.

Figura 91: Treliça plana internamente e externamente hiperestática

Para esta situação, o sistema de equações é dado por



 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
 δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = − X2 L2
EA

3.17.3 Pórticos planos

A discussão que segue envolverá pórticos fechados (ou quadros). Mas também vale para

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pórticos abertos naquilo que estes têm em comum. Para referência será considerado o pórtico
mostrado na figura 92.

Figura 92: Pórtico internamente hiperestático

Se trata de pórtico externamente isostático e internamente hiperestático, com gh = 3,


tendo em vista que está constituı́do por uma quadro fechado.
Serão apresentadas e discutidas duas opções de sistema principal. A primeira opção origi-
nada pelo seccionamento do quadro fechado em S e a segunda opção por inserção de rótulas.
1a . Opção - Seccionamento de uma seção transversal

Figura 93: Sistema principal e hiperestáticos

O sistema principal que se obtém por um corte da seção transversal S é mostrado na figura
93 onde também são mostrados os três hiperestáticos.
A interpretação fı́sica dos coeficientes de carga é a que segue abaixo.
δ10 → é o deslocamento axial (horizontal) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte, para o carregamento externo.
δ20 → é o deslocamento transversal (vertical) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte, para o carregamento externo.
δ30 → é o deslocamento de rotação relativo entre as seções a esquerda e a direita do
corte, para o carregamento externo.

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A interpretação fı́sica dos coeficientes de flexibilidade para o hiperestático X1 = 1 é


δ11 → é o deslocamento axial (horizontal) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte.
δ21 → é o deslocamento transversal (vertical) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte.
δ31 → é o deslocamento de rotação relativo entre as seções a esquerda e a direita do
corte.

A interpretação fı́sica dos coeficientes de flexibilidade para o hiperestático X2 = 1 é


δ12 → é o deslocamento axial (horizontal) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte provocado por X2 = 1.
δ22 → é o deslocamento transversal (vertical) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte provocado por X2 = 1.
δ32 → é o deslocamento de rotação relativo entre as seções a esquerda e a direita do
corte provocado por X2 = 1.

A interpretação fı́sica dos coeficientes de flexibilidade para o hiperestático X3 = 1 é


δ13 → é o deslocamento axial (horizontal) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte provocado por X3 = 1.
δ23 → é o deslocamento transversal (vertical) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte provocado por X3 = 1.
δ33 → é o deslocamento de rotação relativo entre as seções a esquerda e a direita do
corte provocado por X3 = 1.
Por fim, o sistema de equações para esta opção de SP é dado por


 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 + δ13 X3 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 + δ23 X3 = 0


δ30 + δ31 X1 + δ32 X2 + δ33 X3 = 0

2a . Opção - Introdução de rótulas


Na figura 94, é mostrada uma opção de SP e os correspondentes hiperestáticos originados
pela introdução de três rótulas. Cabe observar que as três rótulas poderiam ser admitidas
em quaisquer outras três posições, desde que não ficassem alinhadas. Nesta última situação
estaria caracterizada uma instabilidade.

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Figura 94: Sistema principal e hiperestáticos

A figura 95 mostra outras duas posições para as três rótulas. Na figura 95(a) é mostrada
uma alternativa válida e na figura 95(b) é mostrada outra alternativa que é inválida pois a
situação apresenta uma instabilidade.

Figura 95: Possibilidades de acréscimos de rótulas.

A opção de introdução de rótulas em geral leva a pórticos isostáticos compostos.


Nestas situações, é necessário decompô-los obtendo-se pórticos simples biapoiados,
triarticulados e/ou engastados-livres que se apoiam entre si.
Para esta opção, a interpretação fı́sica para os coeficientes de carga δi0 é de que são deslo-
camentos de rotação relativos entre as seções adjacentes a cada rótula devido ao carregamento
externo.
A interpretação fı́sica para os coeficientes de flexibilidade δij é que são deslocamentos
de rotação relativos entre as seções adjacentes a cada rótula associadas ao hiperestático Xi
devidos a Xj .

3.17.4 Grelhas

A expressão (44) permite determinar o valor do grau hiperestático para uma grelha.
Se poderia dar um tratamento semelhante a pórticos, considerando grelhas com a possi-
bilidade de hiperestaticidade externa e interna, grelhas abertas ou fechadas. Entretanto, aqui

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não serão tratadas grelhas com descontinuidades internas, com exceção à aplicação do último
caso mostrado na Tabela 3.1.
Esta questão é relevante, haja vista, que a etapa seguinte é a construção do sistema
principal. Entretanto, a Tabela 3.1 que segue, apresenta algumas possibilidades de desconti-
nuidades.

Tabela 3.1 Algumas possibilidades de descontinuidades

Representação Tipo de deslocamento(s) liberado(s) Esforço(s) interno(s)

liberação da continuidade para desloca- N =0


mento axial

liberação da continuidade para desloca- V =0


mento transversal

liberação da continuidade para rotação M =0


(rótula)

liberação da continuidade para deslocamen- N = 0, V = 0, M = 0


tos axial, transversal e rotação

Assim, a construção do sistema principal se dará pela supressão de vı́nculos, substituição


de engaste por apoio e, eventualmente pela inserção da descontinuidade de ”seccionamento
total”de uma seção transversal.
Na solução de vigas e pórticos planos hiperestáticos, quando foi pertinente, se optou pela
inserção da descontinuidade tipo rótula na construção do sistema principal. A eventual inserção
de rótulas é possı́vel, mas não será empregada. Caso viesse a ser utilizada, se teria de definir
se a rótula libera rotação de flexão ou de torção ou ambas.

Figura 96:

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Na figura 96 é mostrada uma grelha com gh = 2. Também é mostrado a opção para


sistema principal. Este foi obtido pela supressão dos dois apoios em C e E.
Os correspondentes hiperestáticos são as reações em C e E.
Na figura 97, é mostrada outra grelha com gh = 3. Também é mostrado a opção para
sistema principal. Aqui foi escolhido cortar uma seção da barra BC. Os correspondentes
hiperestáticos são respectivamente, os valores do momento de torção (X1 ), de flexão (X2 ) e
força cortante (X3 ) na seção cortada.

Figura 97:

A utilização da quebra da continuidade de uma seção de uma barra, como mostrado acima,
é muito pouco utilizada.
Entretanto, deve ser utilizada quando a grelha apresentar um anel fechado. Isto é mostrado
para a grelha da figura 98.

Figura 98:

Por outro lado, há que se ter cuidado na construção do sistema principal. Uma escolha que
aparentemente possa parecer correta, poderá estabelecer instabilidade quando da eliminação
de um ou mais vı́nculos. Uma situação tı́pica é mostrada na figura 99.
Neste caso, a grelha apresenta gh = 1. Se deve obviamente retirar um dos apoios para
construção do sistema principal. Caso seja retirado o apoio em C, se obterá uma grelha
isostática instável.
Isto decorre dos três apoios restantes ficaram alinhados. Assim. qualquer força que ve-
nha atuar na grelha, cuja linha de ação não intercepte a reta que passa pelos três apoios

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(linha pontilhada na figura) provocará um momento em torno desta reta que não poderá ser
equilibrado.
Neste caso, não se teria esta instabilidade caso se optasse pela retirada de um dos apoio
em A, D ou E.

Figura 99:

3.18 Exemplos Resolvidos e Comentados de Pórticos Planos

3.18.1 Exemplo 1
Considere o pórtico plano mostrado na figura 100. Este apresenta rigidez à flexão EI
constante. Resolva este pórtico pelo método das forças e a seguir, determine os valores das
reações e faça o traçado de suas linhas de estado.

Figura 100: Exemplo 1 Figura 101: Sistema Principal


Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 3) − 3 = 3. A figura 101 mostra o
sistema principal e os três hiperestáticos.
O sistema principal isostático escolhido corresponde a inserção de uma articulação em B
e a substituição dos engastes por apoios duplos. Consequentemente, o sistema de equações

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fica dado por




 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 + δ13 X3 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 + δ23 X3 = 0


δ30 + δ31 X1 + δ32 X2 + δ33 X3 = 0

A figura 102, 103, 104 e 105 mostram, respectivamente, os estados 0, 1, 2 e 3.

Figura 102: Estado 0

Figura 103: Estado 1

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Figura 104: Estado 2

Figura 105: Estado 3

A partir destas figuras se pode determinar os valores dos coeficientes de carga e de flexibi-
lidade. Tendo em vista que as barras do pórtico têm idêntica rigidez EI, esta constante será
simplificada do cálculo de todos os coeficientes.

80 × 1 × 4 80 × 1 × 3 560
δ10 = − − =− = −186, 67
3 3 3

80 × 1 × 4 80 × 1 × 3
δ20 = − − = −240
2 3

80 × 1 × 4 80 × 1 × 3 680
δ30 = + = = 226, 67
3 2 3

1×1×4 1×1×3 11
δ11 = 2 × + = = 3, 667
3 3 3

1×1×3 1×1×4
δ21 = + =3
3 2

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1×1×4 1×1×4 1×1×3 13


δ31 = − + − = − = −2, 167
3 6 2 6

1×1×3
δ22 = +1×1×4=5
3

1×1×4 1×1×3 7
δ32 = − − = − = −3, 5
2 2 2

1×1×4 17
δ33 = 2 × +1×1×3= = 5, 667
3 3
Deste modo o sistema de equações toma a forma


 −186, 67 +3, 667 X1 3 X2 −2, 167 X3 = 0
−240 +3 X1 +5 X2 −3, 5 X3 = 0


226, 67 −2, 167 X1 −3, 5 X2 +5, 667 X3 = 0

Cuja solução é


 X1 = 22, 22 kN m
X2 = 22, 22 kN m


X3 = −17, 77 kN m

Cálculo das reações por superposição

80 1 1
RAy = − + × 22, 22 + × 22, 22 = −11, 85 kN m
3 3 3

RDy = −RAy = 11, 85 kN m

MA = X1 = 22, 22 kN m
1 1
RAx = − × 22, 22 + × −17, 77 = −10 kN m
4 4
RDx = −20 + 10 = −10 kN m

MD = X2 = 22, 22 kN m

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

3.18.2 Exemplo 2
Resolva o pórtico mostrado na figura 106, determine os valores das reações e faça o traçado
de suas linhas de estado. Suas barras sofrem um acréscimo uniforme de temperatura de 12o C.
Resolva apenas os efeitos da flexão e a seguir considere também os efeitos da força normal.

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As barras deste pórtico plano apresentam seção transversal retangular 200 mm × 600 mm,
E = 100 GP a e α = 1, 2 × 10−5 /o C.

Figura 106: Exemplo 2

Solução
O grau hiperestático do pórtico vale gh = (2 + 2) − 3 = 1.
O sistema principal será o mesmo para as duas soluções e é mostrado na figura 107. Se
pode observar que o apoio duplo em C foi substituı́do por um apoio simples.

Figura 107: Sistema principal e hiperestático

O correspondente sistema de equações é de primeira ordem na forma

δ10 + δ11 X1 = 0

O estado 0 que é mostrado na figura 108.

Figura 108: Estado 0

O estado 1 é mostrado na figura 109.

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Figura 109: Estado 1 para a situação a)

Os correspondentes diagramas de momento de flexão e de forças normais para este estado


1 são mostrados na figura 110.

Figura 110: Estado 1 - DMF e DEN

Para o cálculo do coeficiente de carga se deve utilizar a expressão que foi deduzida ante-
riormente
∑ ∫
δij = α ∆T Nj dx
L

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δ10 = 1, 2 × 10−5 × 12 × (1 × 6 + 0, 98 × 5) = 156, 96 × 10−5

Nesta expressão, o termo entre parênteses mostra a soma dos valores das áreas dos dia-
gramas de força normal para cada uma das barras.
Segue o cálculo do coeficiente de flexibilidade considerando apenas a flexão

1 1 11, 88
δ11 = × (1, 80 × 1, 80 × 5) + × (1, 80 × 1, 80 × 6) =
3EI 3EI EI

Deste modo a equação do sistema toma a forma

11, 88
156, 96 × 10−5 + X1 = 0
EI

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 278 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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O valor de I é

0, 200 × 0, 6003
I= = 0, 0036 m4
12

Assim, o valor da rigidez EI é

EI = 100 × 106 × 0, 0036 = 360000 kN m2

Multiplicando a equação do sistema por EI resulta

156, 96 × 10−5 × 360000 + 11, 88 X1 = 0

565, 06 + 11, 88 X1 = 0

Cuja solução é

X1 = −47, 56 kN

De modo que, as reações e o momento em B valem

RAy = −0, 30 × X1 = 14, 27 kN


RCy = −14, 27 kN
RAx = −X1 = 47, 56 kN
RCx = X1 = −47, 56 kN
MBesq = −MBdir = 1, 80 × X1 = −85, 61 kN m

A consideração do efeito da força normal implica em acrescentá-lo no valor do coeficiente


de flexibilidade δ11 .

1 × 1 × 6 0, 98 × 0, 98 × 5 10, 80
δ11 = + =
EA EA EA

E a equação do sistema tomará a forma


[ ]
−5 10, 80 11, 88
156, 96 × 10 + + X1 = 0
EA EI

Mas EA vale

A = 0, 200 × 0, 600 = 0, 12 m2 EA = 100 × 106 × 0.12 = 12 × 106 kN

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 279 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Multiplicando a equação por EI vem

156, 96 × 10−5 × 360000 + (0, 03 × 10, 80 + 11, 88) X1 = 0

565, 06 + (0, 03 × 10, 80 + 11, 88) X1 = 0

565, 06 + 12, 20 X1 = 0

Cuja solução é

X1 = −46, 32 kN

De modo que, as reações e o momento em B valem

RAy = −0, 30 × X1 = 13, 90 kN


RCy = −13, 90 kN
RAx = −X1 = 46, 32 kN
RCx = X1 = −46, 32 kN
MBesq = −MBdir = 1, 80 × X1 = −83, 38 kN m

Comparando os dois conjuntos de resultados se pode observar que as diferenças são muito
pequenas, em torno de 2, 60 %. Além disso, os valores obtidos considerando a influência
da força normal são menores. Se costuma afirmar que ao considerá-la, se tem um pequeno
aumento na rigidez da estrutura.

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

3.18.3 Exemplo 3
Considere o pórtico plano mostrado na figura 111. Este apresenta rigidez à flexão EI =
12000 kN m2 constante. Resolva este pórtico pelo método das forças e a seguir, determine
os valores das reações e faça o traçado de suas linhas de estado. As constantes das molas
presentes valem, respectivamente, k1 = 1500 kN/m e k2 = 1800 kN/m.
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 2) − 2 = 2.
Assim, são dois hiperestáticos. O sistema principal escolhido é mostrado na figura 111.
Foi construı́do pela supressão dos apoios elásticos em D. Os dois hiperestáticos são
correspondentes aos deslocamentos elásticos em D.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 280 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 111: Exemplo 3 e seu Sistema Principal

O correspondente sistema de equações toma a forma




 X1

 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = −
 k2



 X2
 δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = −
k1

As barras deste pórtico tem rigidez EI constante, assim se pode multiplicar ambas equações
por EI, e se obtém


 X1 EI

 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = −
 k2



 X2 EI
 δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = −
k1

As figuras 112, 113 e 114 mostram, respectivamente, os estados 0, 1 e 2.

Figura 112: Estado 0

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 281 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 113: Estado 1

Figura 114: Estado 2

Se pode agora passar ao cálculo dos coeficientes de carga.


A partir deste exemplo, será empregada uma forma um pouco mais detalhada
para o cálculo dos coeficientes. Esta forma, que não é obrigatória, para muitos
facilita os cálculos. Consiste em representar por figuras bem simples todas as
combinações de diagramas envolvidos no cálculo de um determinado coeficiente.
Tais figuras não necessitam estar em escala, o mais importante são suas formas
geométricas e cuidado com valores positivos e negativos.
As combinações para obtenção de δ10 são mostradas na figura que segue.

De modo que,

(1 × 81 × 3) (3 × 81 × 3)
δ10 = − − = −81 − 60, 75 = −141, 75
3 12
Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 282 Capı́tulo 3 - Método das Forças
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As combinações para obtenção de δ20 são mostradas na figura abaixo.

De modo que,

(4 × 81 × 3)
δ20 = − = −324
3

Segue o cálculo dos coeficientes de flexibilidade.


A figura abaixo mostra as combinações para a determinação de δ11 .

De modo que,

(3 × 3 × 3) (1 × 3 × 3) (4 × 4 × 4)
δ11 = (1 × 1 × 3) + +2× + (4 × 4 × 4) + = 106, 33
3 2 3

A figura que segue mostra as combinações para a determinação de δ22 .

De modo que,

(4 × 4 × 4)
δ22 = (4 × 4 × 3) + = 69, 33
3

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 283 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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A figura abaixo mostra as combinações para a determinação de δ21 .

De modo que,

(3 × 4 × 3) (4 × 4 × 4)
δ21 = δ12 = (1 × 4 × 3) + + = 62
2 2

É importante observar que o DMF no estado 1 para a barra vertical da esquerda que tem a
forma de um trapézio foi substituı́do pela sua decomposição em um triângulo e um retângulo.
Isto aparece para o cálculo dos coeficientes δ10 , δ11 e δ12 .
O sistema de equações toma a forma
{
−141, 75 + 106, 33 X1 + 62 X2 = −6, 67 X1
−324 + 62 X1 + 69, 33 X2 = −8 X2

ou
{
113 X1 + 62 X2 = 141, 75
62 X1 + 77, 33 X2 = 324

Cuja solução é

X1 = −1, 86 kN
X2 = 5, 68 kN

As reações obtidas por superposição valem

RAy = −1 × X2 = −5, 68 kN
RAx = −54 − 1 × X1 = −52, 14 kN
MA = 81 − 1 × X1 − 4 × X2 = 81 + 1, 86 − 22, 72 = 60, 14 kN m
RDy = X2 = 5, 68 kN
RDx = X1 = −1, 86 kN

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 284 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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3.18.4 Exemplo 4
Resolva o pórtico plano mostrado na figura 115. Este apresenta rigidez EI variável como
indicado. Determine os valores de todas as reações e faça o traçado de suas linhas de estado.

Figura 115: Exemplo 4

Solução

Figura 116: Simplificação estrutural e sistema principal

O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (2 + 2) − 3 = 1.


O sistema principal escolhido será obtido pela inserção de em rótula em C . A figura
117 mostra a eliminação do balanço para efeito de análise e o sistema principal com seu
hiperestático.
Em decorrência, o correspondente sistema de equações será primeira ordem 1, na forma

δ10 + δ11 X1 = 0

A figura 117 mostra o estado 0.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 285 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 117: Estado 0

A figura 118 mostra o estado 1.

Figura 118: Estado 1

Para o cálculo do coeficiente de carga δ10 se tem a combinação de diagramas

De tal sorte que

1 24 × 1 × 5 30
δ10 = × =
2 2EI EI

Para o cálculo do coeficiente de flexibilidade δ11 se tem a combinação de diagramas mos-


trada abaixo.
De modo que

1×1×3 1×1×5 4, 5
δ11 = 2 × + =
3EI 2EI EI

Como todos os termos da equação do sistema estão divididos por EI, este será simplificado,

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 286 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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de tal sorte que

30 + 4, 5 X1 = 0

Cuja solução é

X1 = −6, 67 kN m

O cálculo das reações leva aos seguintes valores

RAy = −4, 8 kN
RBy = 4, 8 + 12 = 16, 8 kN
1
RAx = × X1 = −2, 22 kN
3
RCx = −RAx = 2, 22 kN

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

3.18.5 Exemplo 5
As barras do pórtico mostrado na figura 119 apresentam rigidez à flexão constante e de valor
igual a 12000 kN m2 . Resolva-o utilizando o método das forças considerando o carregamento
e um recalque de 4 mm dirigido para baixo em B. A seguir, determine os valores de todas
reações e faça o traçado de suas linhas de estado.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 287 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 119: Exemplo 5

Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 2) − 3 = 2.
Assim, serão dois hiperestáticos. O sistema principal foi construı́do pela eliminação do
apoio em B. A figura 120 mostra o sistema principal com seus dois hiperestáticos. É bom
reparar que o hiperestático X2 é correspondente ao recalque.

Figura 120: Sistema Principal e hiperestáticos

O correspondente sistema de equações será de segunda ordem, na forma


{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = −δB

Como a rigidez EI é constante, o sistema será multiplicado por EI, resultando


{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = −δB × EI

Assim, no cálculo dos coeficientes de carga e de flexibilidade não será computado o valor
de EI.

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A figura 121 mostra o estado 0.

Figura 121: Estado 0

As figuras 122 e 123, que seguem, mostram respetivamente, os estado 1 e 2.

Figura 122: Estado 1

Figura 123: Estado 2

Iniciando pelo cálculo dos coeficientes de flexibilidade. Para o coeficiente δ11 a figura que
segue mostra a combinação de diagramas DMF envolvida.

( )
3×3×3
δ11 = 2 × + (3 × 3 × 5) = 18 + 45 = 63
3

Para o coeficiente δ22 a figura abaixo mostra a combinação de diagramas DMF envolvida.

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( )
5×5×5
δ22 = (5 × 5 × 3) + = 75 + 41, 67 = 116, 67
3

Para o coeficiente δ21 (= δ12 ) a figura que segue mostra a combinação de diagramas DMF
envolvida.

( ) ( )
5×3×3 5×3×5
δ21 = δ12 = + = 22, 5 + 37, 5 = 60
2 2

Iniciando o cálculo dos coeficientes de carga por δ10 a figura que segue mostra a combinação
de diagramas DMF envolvida.

250 × 3 × 3 250 × 5 × 3
δ10 = − − = −2375
2 3

Por fim, para o cálculo do coeficiente de carga δ20 a figura que segue mostra a combinação
de diagramas DMF envolvida.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 290 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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250 × 5 × 5
δ20 = −(250 × 5 × 3) − = −5312, 5
4

Obtidos os valores dos coeficientes, o sistema de equações toma a forma


{
−2375 + 63 X1 + 60 X2 = 0
−5312, 5 + 60 X1 + 116, 67 X2 = −0, 004 × 12000 = −48

ou
{
63 X1 + 60 X2 = 2375
60 X1 + 116, 67 X2 = 5264, 5

Cuja solução é

X1 = −10, 34 kN X2 = 50, 44 kN

Os valores das reações, por superposição, valem

RAx = −X1 = 10, 34 kN


RBx = X1 = −10, 34 kN
RAy = 100 − 1 × X2 = 49, 56 kN
RBy = X2 = 50, 44 kN
MA = 250 − 5 × X2 = −2, 20 kN m

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 291 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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3.18.6 Exemplo 6
Resolva o pórtico mostrado na figura 124 pelo método das forças. Considere que suas
barras tenham rigidez EI constante. Determine os valores de todas reações e faça o traçado
das linhas de estado.

Figura 124: Exemplo 6

Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = 3 + (3 − 2) − 3 = 1.
A figura 125 mostra este sistema principal e seu hiperestático.

Figura 125: Sistema principal e seu hiperestático

Assim, o correspondente sistema de equações será de primeira ordem na forma

δ10 + δ11 X1 = 0

O sistema principal obtido se trata de um pórtico isostático composto. Conhecer sua forma
de composição e de apoio é fundamental para a determinação dos coeficientes de carga e de
flexibilidade.
A figura 126 mostra este esquema de apoio.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 292 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 126: Esquematização estrutural

A figura 127 mostra o estado 0.

Figura 127: Estado 0

A figura 128 mostra o estado 1.

Figura 128: Estado 1

Para a determinação do valor do coeficiente de carga δ10 a combinação de diagramas é

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 293 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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De modo que

81 × 1 × 3 81 × 1 × 6 324
δ10 = − − =−
3EI 2EI EI

Para a determinação do valor do coeficiente de flexibilidade δ11 a combinação de diagramas


De modo que

1×1×3 1×1×6 8
δ11 = 2 × − =
3EI EI EI

Assim, o sistema de equações toma a forma

324 8
− + X1 = 0
EI EI

Cuja solução é

X1 = 40, 5 kN m

As reações valem

RAx = −27 kN
RAy = −13, 5 kN
RBy = 13, 5 kN

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

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3.18.7 Exemplo 7
Resolva o pórtico atirantado mostrado na figura 129. Determine os valores de todas as
reações e faça o traçado de suas linhas de estado. O tirante CD é construı́do com um cabo
de aço (E = 200 GP a) de 20 mm de diâmetro e as barras do pórtico são construı́das em
concreto e apresentam rigidez à flexão constantes de valor igual a 19440 kN m2 .

Figura 129: Exemplo 7

Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = 4 + (3 − 3) − 3 = 1.
Se trata de uma situação especial na qual o pórtico apresenta um anel fechado e um
de seus lados é um tirante (ou escora). Tal elemento estrutural está caracterizado por ser
articulado nos extremos e não estar sujeito a carregamento transversal. Deste modo está sujeito
exclusivamente a força normal. Pode ser de tração (tirante) ou de compressão (escora). Em
geral, nestas situações é recomendado na construção do sistema principal retirar este elemento
estrutural. Como o pórtico sob análise apresenta grau hiperestático igual a 1, retirar o tirante
(escora) tornará o sistema isostático e consequentemente o sistema principal. A figura 130
mostra este sistema principal e o correspondente hiperestático.

Figura 130: Sistema principal e seu hiperestático

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 295 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Assim, para este sistema principal o correspondente sistema de equações será dado por

X1 LCD
δ10 + δ11 X1 = −
EACD

Se observa que o segundo membro apresenta sinal negativo. Se observarmos o sistema


principal, os dois hiperestáticos X1 em C e D indicam uma aproximação destes dois nós, mas
se identifica que a barra CD de alonga como indicado na figura 130.
A figura 131 mostra o estado 0.

Figura 131: Estado 0

A figura 132 mostra o estado 1.

Figura 132: Estado 1

Para o cálculo do valor do coeficiente de carga δ10 , a combinação de diagramas é mostrada


na figura que segue.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 296 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Assim,

30 × 1, 5 × 3 30 × 1, 5 × 5 240
δ10 = −2 × −2× =−
3EI 3EI EI

Para o cálculo do valor do coeficiente de flexibilidade δ11 , a combinação de diagramas é


mostrada na figura abaixo.

Assim,

1, 5 × 1, 5 × 3 1, 5 × 1, 5 × 5 12
δ10 = 2 × +2× =
3EI 3EI EI

Deste modo, o sistema de equações toma a forma

240 12 X1 LCD
− + X1 = −
EI EI EACD

Rearranjando os termos da equação se obtém

8 EI
−240 + 12 X1 = − X1
EACD

Mas

π × 202
ACD = = 314, 2 mm2 = 314, 15 × 10−6 m2
4
E ACD = 200 × 106 × 314, 15 × 10−6 = 62830 kN
EI = 19440 kN m2

Portanto

EI 19440
= = 0, 31
EACD 62830

Logo

−240 + 12 X1 = −2, 48 X1

Cuja solução é

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 297 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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X1 = 16, 57 kN

Os valores das reações e da força normal no tirante valem

NCD = X1 = 16, 57 kN (tração)


RAy = RBy = 13, 5 kN
RAx = 10 − 0, 50 × X1 = 1, 72 kN
RBx = −RAx = −1, 72 kN

O traçado das linhas de estado fica como exercı́cio.

3.18.8 Exemplo 8
Resolva o pórtico mostrado na figura 133 pelo método das forças. Determine os valores
de todas as reações. Considere as barras deste pórtico com idêntica rigidez à flexão de valor
EI.

Figura 133: Exemplo 8

Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 1) + (3 − 2) − 3 = 2.
O sistema principal escolhido é mostrado na figura 134. O sistema principal escolhido se
trata de um pórtico composto, constituı́do por um triarticulado que se apoia num biapoiado.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 298 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 134: Sistema principal e hiperestáticos

O sistema de apoios é mostrado na figura 135.

Figura 135: Esquema de apoio

São dois hiperestáticos, logo o correspondente sistema de equações é


{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = 0

A figura 136 mostra a solução estática do estado 0. Os correspondentes diagramas de


momento de flexão são mostrados na figura 137.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 299 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 136: Estado 0

Figura 137: DMF para o Estado 0

A figura 138 mostra a solução estática do estado 1. Os correspondentes diagramas de


momento de flexão são mostrados na figura 139.

Figura 138: Estado 1

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 300 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 139: Estado 1

A figura 140 mostra a solução estática do estado 2.

Figura 140: Estado 2

Os correspondentes diagramas de momento de flexão são mostrados na figura 141.

Figura 141: Estado 2

Segue o cálculo dos coeficientes de carga. Aqui o termo EI, que é constante, é simplificado
em todos coeficientes.
A combinação para o cálculo de δ10 é mostrada na figura que segue

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 301 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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6 × 18 × 1 6 × 72 × 1
δ10 = − = 36 − 144 = −108
3 3

A combinação para o cálculo de δ20 é mostrada na figura que segue

4 × 72 × 1 4 × 72 × 1 6 × 144 × 1
δ20 = − − − = −144 − 96 − 432 = −672
2 3 2

Segue o cálculo dos coeficientes de flexibilidade. A combinação para o cálculo de δ11 é


mostrada abaixo

4×1×1 6×1×1 4×1×1 6×1×1 4 4 20


δ11 = + + + = +2+ +2=
3 3 3 3 3 3 3

A combinação para o cálculo de δ22 é mostrada na figura que segue

4×1×1 4 22
δ22 = 6 × 1 × 1 + =6+ =
3 3 3
Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 302 Capı́tulo 3 - Método das Forças
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Considerando os diagramas de momentos de flexão para os estados 1 e 2, se pode concluir


que

δ12 = δ21 = 0

O sistema de equações toma a forma



 20

 −108 + X1 = 0
 3



 −672 + 22 X2 = 0
3

Cuja solução é

X1 = 16, 2 kN m X2 = 91, 64 kN m

Se conclui a solução com o cálculo das reações.



MC = 0 4 × RBy − 91, 64 + (4 × 6) × 3 = 0 RBy = 4, 91 kN

Fy = 0 RBy + RCy = 0 RCy = −4, 91 kN

Fx = 0 (4 × 6) − RCx = 0 RCx = −24 kN

MC = X2 = 91, 64 kN m

3.18.9 Exemplo 9
Resolva o pórtico mostrado na figura 142 pelo método das forças tirando partido da simetria
estrutural presente. Suas barras devem ser admitidas com rigidez EI constante. Calcule os
valores de todas reações.

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 303 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Figura 142: Exemplo 9

Solução
Este pórtico apresenta um grau hiperestático cujo valor é gh = 9 − 3 = 6.
Por outro lado, apresenta simetria estrutural para um eixo vertical que coincide com a barra
vertical BE. Além disso, o carregamento atuante é simétrico. Desta forma, o correspondente
modelo reduzido é mostrado na figura 143.

Figura 143: Modelo reduzido

O pórtico deste modelo reduzido apresenta grau hiperestático de valor gh = 6 − 3 = 3.


Deste modo houve uma significativa diminuição no grau hiperestático. Havendo três hipe-
restáticos, o sistema de equações terá a forma, independente do sistema principal escolhido.


 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 + δ13 X3 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 + δ23 X3 = 0


δ30 + δ31 X1 + δ32 X2 + δ33 X3 = 0

A figura 144 mostra algumas possibilidades para sistema principal e seus correspondentes
hiperestáticos.

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Figura 144: Três possibilidades para sistema principal

Será escolhida a opção de SP triarticulado. A figura 145 mostra o estado 0.

Figura 145: Estado 0

A figura 146 mostra o estado 1.

Figura 146: Estado 1

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A figura 147 mostra o estado 2.

Figura 147: Estado 2

A figura 148 mostra o estado 3.

Figura 148: Estado 3

Segue o cálculo dos coeficientes de carga admitindo EI = 1.

δ10 = 0

6 × 108 × 1
δ20 = − = −216
3
6 × 108 × 1
δ30 = = 216
3
Segue o cálculo dos coeficientes de flexibilidade admitindo EI = 1.

3×1×1
δ11 = =1
3
6×1×1 3×1×1
δ22 = + =3
3 3
6×1×1
δ33 = =2
3

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 306 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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3×1×1
δ12 = δ21 = = 0, 50
6
6×1×1
δ23 = δ32 =− = −1
6
δ13 = δ31 =0

De modo que o sistema de equações toma a forma




 X1 + 0, 50 X2 = 0
−216 + 0, 50 X1 + 3 X2 − X3 = 0


216 − X2 + 2 X3 = 0

Cuja solução é

X1 = −24 kN m X2 = 48 kN m X3 = −84 kN m

Cálculo das reações

MA = X1 = −24 kN m

MB = 0

MC = 24 kN m (devido a simetria)

M D,esq = 0 RAx × 3 − 24 − 48 = 0 RAx = 24 kN

RCx = −24 kN (devido a simetria)

RBx = 0

M E,esq = 0 RAy × 6 − 24 × 3 + 24 + 84 − 24 × 6 × 3 = 0 RAy = 66 kN

RCy = 66 kN (devido a simetria)

RBy = 24 × 12 − 66 − 66 = 156 kN

3.18.10 Exemplo 10
Resolva o pórtico mostrado na figura 149 pelo método das forças tirando partido da simetria
estrutural presente e para o carregamento antissimétrico atuante. Calcule os valores de todas
reações.

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Figura 149: Exemplo 10

Solução
Se trata de um pórtico com grau hiperestático gh = 3. Por outro lado, admite um eixo
de simetria vertical que corta transversalmente a barra horizontal. Por conta disso e do fato
que o carregamento é antissimétrico, o correspondente modelo reduzido é mostrado na figura
150. Este modelo reduzido hiperestático apresenta grau hiperestático gh = 1

Figura 150: Modelo reduzido

O sistema principal escolhido é mostrado na figura 151.

Figura 151: Sistema principal

De modo que, o sistema de equações terá ordem 1 e é mostrado a seguir.

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δ10 + δ11 X1 = 0

A figura 152 mostra o correspondente estado 0.

Figura 152: Estado 0

A figura 153 mostra o correspondente estado 1.

Figura 153: Estado 1

Cálculo do coeficiente de carga δ10 . Daqui em diante será adotado EI = 1.

1
δ10 = − × 2, 8 × 33, 6 × 2, 4 = −112, 896
2

Cálculo do coeficiente de flexibilidade δ11 .

1
δ10 = 2, 8 × 2, 4 × 2, 4 + × 2, 4 × 2, 4 × 2, 4 = 18, 432
3×2

Levando os valores dos coeficientes calculados à equação do sistema, resulta

−112, 896 + 18, 432 X1 = 0

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Cuja solução é

X1 = 6, 125 kN

Cálculo das reações

RAy = −1 × X1 = −6, 125 kN



Fy = 0 RBy = −RAy = 6, 125 kN

RAx = −12 kN

Fx = 0 RBx = 12 + 12 − 12 = 12 kN

MA = 33, 6 − 2, 4 × X1 = 18, 9 kN m

3.18.11 Exemplo 11
Resolva o pórtico mostrado na figura 154. Determine os valore de todas reações. Considere
as barras com idêntica rigidez à flexão de valor EI. Faça o traçado de seu diagrama de
momentos de flexão.

Figura 154: Estado 11

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Solução
Se trata de pórtico fechado. O valor de seu grau hiperestático é

gh = 4 + (3 − 1) − 3 = 3

Deste modo, na construção do sistema principal devem ser feitas 3 (três) alterações na
vinculação externa e interna. Por se tratar de um pórtico fechado, é recomendado iniciar pelo
anel fechado. Todo anel fechado apresenta grau hiperestático igual a 3. No presente caso, o
anel apresenta grau hiperestático igual a 2 haja vista a existência da rótula em F.
Deste modo, dentre as várias possibilidades, o seguinte caminho foi seguido. São acres-
centadas duas rótulas incompletas em Ce D, e o apoio duplo B foi substituı́do por um apoio
simples. A figura 155 mostra o sistema principal adotado e os correspondentes hiperestáticos.

Figura 155: Sistema Principal

O sistema de equações a resolver terá a forma




 δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 + δ13 X3 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 + δ23 X3 = 0


δ30 + δ31 X1 + δ32 X2 + δ33 X3 = 0

Se pode observar na figura anterior que o sistema principal se trata de um pórtico composto,
constituı́do pelo triarticulado CEF D que se apoia no pórtico biapoiado ACDB.
Nas figuras 156, 157 e 158, que seguem, são mostrados os estados 0, 1 e 2.

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Figura 156: Estado 0

Figura 157: Estado 1

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Figura 158: Estado 2

Figura 159: Estado 3

A partir das combinações pertinentes de diagramas dos momentos de flexão mostrados,


segue o cálculo dos coeficientes de carga e de flexibilidade admitindo EI = 1.

1
δ10 = − × 1 × 4 × 32 = −42, 667
3
1
δ20 = − × 1 × 4 × 32 = 42, 667
3
δ30 = 0

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1
δ11 = 2 × × 1 × 1 × 4 + 1 × 1 × 3 = 5, 667
3
1 1
δ22 = 2 × × 1 × 1 × 4 + 2 × × 1 × 1 × 3 = 4, 667
3 3
1
δ33 = 2 × × 1 × 1 × 3 + 3 × 3 × 4 = 54
3
1 1 1
δ12 = δ21 = − × 1 × 1 × 4 − × 1 × 1 × 3 + × 1 × 1 × 4 = −2, 167
3 2 6
1
δ13 = δ31 = × 3 × 1 × 4 = 6
2
1
δ23 = δ32 = × 3 × 1 × 4 = 6
2

O sistema de equações toma a forma




 −42, 667+ 5, 667 X1 − 2, 167 X2 + 6 X3 = 0
42, 667− 2, 167 X1 + 4, 667 X2 + 6 X3 = 0


6 X1 + 6 X2 + 54 X3 = 0

Cuja solução é

X1 = 4, 16 kN m X2 = −7, 72 kN m X3 = 0, 40 kN

As reações valem

RAy = 32 kN

RBy = 32 kN

RBx = X3 = 0, 40 kN

RAx = −RBx = −0, 40 kN

Cálculo dos momentos de continuidade em C, D e E. Aqui se deve ter especial cuidado


e atenção para os sinais dos momentos nos nós C, D e E lidos a partir dos diagramas de
momentos de flexão mostrados nas figuras 156, 157, 158 e 159.

MEesq = −MEdir = −1 × 4, 16 + 1 × −7, 72 = −11, 88 kN m

MCacima = 1 × 4, 16 = +4, 16 kN m

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MCdir = −1 × 4, 16 − 3 × 0, 40 = −5, 36 kN m

MCabaixo = 3 × 0, 40 = +1, 20 kN m

MDabaixo = −3 × 0, 40 = −1, 20 kN m

MDesq = 1 × −7, 72 + 3 × 0, 40 = −6, 52 kN m

MDacima = −1 × −7, 72 = +7, 72 kN m

A partir dos resultados obtidos se tem o diagrama do corpo libre e o Diagrama de Mmentos
de flexão que são mostrados na figura 160.

Figura 160: DCL e DMF

3.19 Exemplos Resolvidos e Comentados de Grelhas

3.19.1 Exemplo 1

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 315 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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Resolva a grelha mostrada na fi-


gura 161. Use o método das forças.
Considere GJ = 6EI. Determine
.
os valores de todas reações e faça
o traçado das linhas de estado de
flexão e torção
Exemplo 1

Figura 161: Exemplo 1

Solução
Seu grau hiperestático vale gh = 4 − 3 = 1. Será retirado o apoio em A que é mostrado
na figura 162.

Figura 162: Sistema principal e hiperestático

O correspondente sistema de equações é de grau 1 e mostrado abaixo

δ10 + δ11 X1 = 0

Na figura 163 é mostrado o estado 0, sua solução estática e os diagramas correspondentes


para flexão e torção.

Figura 163: Estado 0

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A solução estática acima mostrada vem das equações de equilı́brio que são

MCEF = 0 3 × RD − (16 × 3) × 1, 5 = 0 RD = 24 kN

MABC = 0 6 × RF + 3 × RD − (16 × 3) × 3 = 0 RF = 12 kN

Fz = 0 RC + RD + RF − (16 × 3) = 0 RC = 12kN

Na figura 164 é mostrado o estado 1, sua solução estática e os diagramas correspondentes


para flexão e torção.

Figura 164: Estado 1

A solução estática acima mostrada vem das equações de equilı́brio que são

MCEF = 0 1 × 6 + 3 × RD = 0 RD = −2

MABC = 0 6 × RF − 2 × 3 = 0 RF = 1

Fz = 0 RC + RD + RF + 1 = 0 RC = 0

Segue o cálculo do coeficiente de carga δ10 . Para a composição dos diagramas da flexão
dos estados 0 e 1, referentes a barra DE se deve obrigatoriamente empregar a superposição
de efeitos. O diagrama para o estado 0 nesta barra decorre da ação de uma força concentrada
e uma carga distribuı́da, Esta combinação não se encontra na tabela de Kurt Mayer. Será
utilizada a decomposição mostrada na figura abaixo.

Assim, o valor de δ10 é

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1 1 1
δ10 = × 3 × 36 × 3 + × 3 × 36 × 3 − × 3 × 36 × 3+
3EI 3EI 3EI

1 1 1 162
+ × 3 × 18 × 3 + ×3×3×3− ×3×3×3=
3EI GJ GJ EI

Segue o cálculo do coeficiente de flexibilidade δ11 .

1 1 36 54 45
δ11 = 4 × ×3×3×3+2× ×3×3×3= + =
3EI GJ EI GJ EI

Assim, o sistema de equações toma a forma.

162 45
+ X1 = 0
EI EI

Cuja solução é

X1 = −3, 6 kN

Determinação dos valores das reações por equilı́brio.

RAz = X1 = −3, 6 kN

MCEF = 0 3, 6 × 6 + (16 × 3) × 1, 5 − 3 × RDz = 0 RDz = 31, 2kN

MABC = 0 6 × RF z + 31, 2 × 3 − (16 × 3) × 3 = 0 RF y = 8, 4kN

Fz = 0 RCz + 8, 4 + 31, 2 − 3, 6 − (16 × 3) = 0 RCy = 12kN

As linhas de estado de flexão e torção são mostradas na figura 165.

Figura 165: DMF e DMT

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3.19.2 Exemplo 2
Considere a mesma grelha do Exemplo 1. Resolva-a pelo método das forças considerando
exclusivamente um recalque de traslação, dirigido para baixo, de valor igual a 6 mm no apoio
A. Calcule também os valores de todas reações e faça o traçado de suas linhas de estado de
flexão e torção. Considere GJ = 6 EI = 72000 kN m2 .
Solução
Por se tratar da mesma estrutura do exemplo anterior com o mesmo sistema principal, se
conhece o valor do seu grau hiperestático. Se irá adotar o mesmo sistema principal, de modo
que o coeficiente de flexibilidade δ11 tem o mesmo valor. Assim, para este caso, o sistema de
equações será de primeira ordem dado na forma

δ10 + δ11 X1 = −δA

Não atuam forças nesta grelha, apenas um recalque no apoio A. Desta forma o coeficiente
de carga δ10 é nulo.
O sistema de equações toma a forma

45
0+ X1 = −0, 006
EI

Cuja solução é

EI 0, 006 × 12000
X1 = −0, 006 × =− = −1, 6 kN
45 45

Determinação dos valores das reações.

RAz = X1 = −1, 6 kN

MCEF = 0 1, 6 × 6 − 3 × RDz = 0 RDz = 3, 2kN

MABC = 0 6 × RF z + 3, 2 × 3 = 0 RF y = −1, 6kN

Fz = 0 RCz − 1, 6 + 3, 2 − 1, 6 = 0 RCy = 0

Se conclui com as linhas de estado de flexão e torção mostrados na figura 166.

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Figura 166: DMF e DMT

3.19.3 Exemplo 3
Considere a grelha carregada como mostra a figura 167. Se sabe que EI = 2GJ =
14400 kN m2 . Resolva esta grelha pelo método das forças e calcule os valores de suas reações.
Para a mola de extensão, admita k = 1500 kN/m.

Figura 167: Exemplo 3

Solução
O grau hiperestático desta grelha vale gh = 1. Assim, o correspondente sistema principal
conterá um hiperestático. A figura 168 mostra o SP escolhido.

Figura 168: Sistema principal e hiperestático

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A correspondente equação é

X1
δ10 + δ11 X1 = −
k

A figura 169 mostra os diagramas de flexão e torção para o estado 0.

Figura 169: Estado 0

A figura 170 mostra os diagramas de flexão e torção para o estado 1.

Figura 170: Estado 1

O valor do coeficiente de carga δ10 é dado por

64 × 4 × 4 96 × 3 × 3 64 × 4 × 3 544 768 2080


δ10 = − − − =− − =−
4EI 3EI GJ EI 0, 5 EI EI

O valor do coeficiente de flexibilidade δ11 é dado por

4×4×4 3×3×3 4×4×3 91 48 126, 33


δ11 = + + = + =
3EI 3EI GJ 3EI 0, 5 EI EI

Inserindo estes valores na equação do sistema se obtém

2080 126, 33 X1
− + X1 = −
EI EI 1500

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e multiplicando a equação por EI e simplificando se obtém

−2080 + 126, 33 X1 = −9, 6 X1

Cuja solução é

X1 = 15, 30 kN

As reações são calculadas por superposição.

RCz = X1 = 15, 30 kN

RAz = 8 × 4 − 15, 30 = 16, 70 kN

TA (= Mx ) = 64 − 4 × X1 = 2, 80 kN m

MA (= My ) = −96 + 3 × X1 = −50, 10 kN m

3.19.4 Exemplo 4
Considere a grelha carregada como mostra a figura 171. Considere EI = GJ = 18000 kN m2 .
Resolva esta grelha pelo método das forças e calcule os valores de suas reações.

Figura 171: Exemplo 4

Solução
O grau hiperestático desta grelha vale gh = 5 − 3 = 2.
Assim, são dois hiperestáticos. A figura 172 mostra o sistema principal escolhido.
O correspondente sistemas de equações é
{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = 0

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Figura 172: Sistema principal e hiperestáticos

A figura 173 mostra o estado 0.

Figura 173: Estado 0

A figura 174 mostra o estado 1.

Figura 174: Estado 1

A figura 175 mostra o estado 2.


Os coeficientes de carga valem.

54 × 3 × 3 162
δ10 = − =−
3EI EI
54 × 3 × 3 45 × 2, 5 × 2, 5 45 × 2, 5 × 2, 5 45 × 5 × 3
δ20 = − − − − =
3EI 3EI 2EI GJ

162 93, 75 140, 625 675 1071, 38


= − − − − =−
EI EI EI EI EI

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Figura 175: Estado 2

Os coeficientes de flexibilidade valem.

3×3×3 9
δ11 = =
3EI EI
3×3×3 9
δ12 = δ21 = =
3EI EI
3×3×3 5×5×5 5×5×3 125, 67
δ22 = + + =
3EI 3EI GJ EI
Levando estes valores no sistema de equações e multiplicando o mesmo por EI, se obtém
{
−162 + 9 X1 + 9 X2 = 0
−1071, 38 + 9 X1 + 125, 67 X2 = 0

Cuja solução é

X1 = 10, 21 kN X2 = 7, 79 kN

As reações obtidas por superposição valem.

RBz = X1 = 10, 21 kN

RCz = X2 1 = 7, 79 kN

RAz = 18 − 10, 21 − 7, 79 = 0

TA (= Mx ) = 45 − 5 × X2 = 6, 05 kN m

MA (= My ) = −54 + 3 × X1 + 3 × X2 = 0

3.20 Sistemas de Referência Recomendados para Grelhas

É extremamente importante e recomendado adotar um sistema de referência na solução

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 324 Capı́tulo 3 - Método das Forças


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de grelhas. O sistema que aqui será recomendado já foi utilizado quando tratado o método
dos deslocamentos.
Em primeiro lugar, será admitido que a grelha esteja do plano x − y. As forças que atuam
sobre a grelha, evidentemente, terão direção z.
Os momentos de flexão e de torção serão Mx e/ou My . O que é um e outro dependerá
da orientação de cada barra da grelha em relação ao sistema de referência adotado.
A posição dos eixos x − y − z deve seguir a regra do triedro direto.
Tomando as grelhas dos exemplos 3(p. 320) e 4(p. 322) resolvidos anteriormente, as
figuras 176 e 177 mostram duas possibilidades para eixos de referência para cada um deles.
Para o sistema de referência mostrado nestas duas figuras a esquerda, um momento Mx é
de torção para a barra BC e de flexão para a barra AB. Um momento My é de flexão para
a barra BC e de torção para a barra AB.
Cabe lembrar que os momentos Mx e My serão positivos quando seus correspondentes
vetores apontarem nas direções positivas dos eixos no sistema (x − y).

Figura 176: Exemplo 3 - Sistemas de Referência - alternativas

Figura 177: Exemplo 4 - Sistemas de Referência - alternativas

Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 325 Capı́tulo 3 - Método das Forças

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