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Para a solução de pórticos planos se fará uma divisão meramente didática. Nesta seção,
serão tratados os pórticos planos abertos e na próxima seção, os pórticos fechados.
A figura 82 apresenta um exemplo para cada uma destas situações.
Inicialmente, cabe salientar que a aplicação do método das forças segue a mesma sis-
temática aplicada para solução de vigas e treliças, quer seja o pórtico aberto ou fechado.
Será utilizada a mesma tabela de Kurt Mayer para determinação dos coeficiente de carga
e de flexibilidade.
Será considerada apenas a influência dos momentos de flexão. Serão desprezadas os
efeitos das forças normais e cortantes. Normalmente, a influência destes dois esforços é muito
pequena.
Se deve iniciar a análise do pórtico, pela determinação de seu grau hiperestático. Este
valor definirá os número de hiperestáticos e de equações, e influenciará de forma direta na
construção do sistema principal isostático.
O grau hiperestático para um pórtico plano aberto é dado pela expressão
que convergem nela estão articuladas. A figura 83 mostra estes dois tipos.
gh = r − ne (42)
A etapa que segue é a construção do sistema principal isostático. Para pórticos planos,
em geral, há uma quantidade bem variada de possibilidades. Não existe uma lei ou regra para
construção do sistema principal. O objetivo é encontrar aquela situação para a qual se obtenha
os mais simples possı́veis diagramas de momentos de flexão .
Basicamente a construção do sistema principal passa pelas situações de eliminar vı́nculos
e/ou substituir por outros e/ou impor rótulas internas. Em muitas situações, na construção
dos sistemas principais se pode obter pórticos isostáticos compostos.
Dois tipos de cargas térmicas podem ser admitidas em um pórtico plano. O gradiente
térmico e a variação uniforme de temperatura, correspondentes respectivamente, à flexão e à
força normal. Esta última quando considerada deverá necessariamente ser combinada com os
diagramas de esforços normais atuantes nos estados 1, 2 e etc.
Para o cálculo dos coeficientes de carga e de flexibilidade na análise de um
pórtico plano hiperestático se deve utilizar a tabela de Kurt Meyer como já feito
para outros tipos de estruturas de barras. Nada se altera quanto a isto. Entretanto,
é bom lembrar que esta tabela vale para combinação de todos esforços internos.
O primeiro fato importante é analisar a forma como se deve determinar o grau hiperestático
para um pórtico fechado. Na realidade muda muito pouco em relação ao já abordado na seção
anterior.
Um pórtico é denominado de fechado quando apresentar a existência de anéis ou células
fechadas. Cada uma delas acrescenta três incógnitas ao grau hiperestático do pórtico.
Para pórticos abertos foi apresentada a expressão (42), dada por gh = r −ne para o cálculo
do grau hiperestático, onde r é o numero de reações incógnitas e ne é o número de equações
globais de equilı́brio, que no plano são 3, mais o número de equações de equilı́brio adicionais
originadas pela presença de cada descontinuidade interna. Cabe lembrar, que entre os vários
tipos de descontinuidades, o interesse aqui são as de momentos, ou seja as rótulas.
Sendo o pórtico fechado, se deve acrescentar ao número de reações desconhecidas, 3
incógnitas por anel ou célula fechada presente. De forma que a expressão anterior tomará a
forma
gh = r + 3 na − ne (43)
Grelhas são estruturas planas sob forças que atuam perpendicularmente ao seu plano.
Desta forma, barras de grelhas poderão estar sujeitas a força cortante, momento de flexão e
de torção.
Para o cálculo dos deslocamentos que constituem os coeficientes de carga e de flexibilidade,
o efeito da força cortante será desconsiderado. Portanto, serão considerados os efeitos da
flexão e da torção.
O emprego das tabelas de Kurt Mayer permanece válido tanto para flexão como para
torção.
Para o cálculo do grau hiperestático de uma grelha se deve utilizar a seguinte expressão
gh = r + 3n − 3 (44)
Como já salientado, este tema não pertence a este ou aquele método de solução. É uma
tema geral da análise estrutural.
Tirar partido de eventual simetria estrutural na solução manual de estruturas tem como
único objetivo diminuir o número de incógnitas do sistema ou diminuir o trabalho de cálculo
quando empregado no processo de Cross.
Assim, tirar partido da simetria estrutural, reduzindo a análise a um denominado modelo
reduzido se aplica integralmente ao método das forças desde que se tenha uma diminuição no
número de hiperestáticos.
Quando utilizado no método das forças se deverá construir o denominado modelo reduzido
de forma integralmente idêntica como feito para o método dos deslocamentos e para o processo
de Cross.
Embora este tema já tenha sido abordado anteriormente, abaixo é apresentado um resumo
das situações possı́veis onde é mostrado o modelo reduzido para cada situação.
3.17.1 Vigas
Se pode afirmar que existem diversas opções para sistema principal (SP) isostático para
solução de estruturas hiperestáticas pelo método das forças.
A figura 87 mostra uma viga contı́nua de grau hiperestático gh igual a 2.
A figura 88, que segue, apresenta seis opções de SP para esta viga.
Cinco destas opções são válidas e envolvem supressão de vı́nculos, acréscimo de rótulas ou
a combinação destas duas possibilidades.
Uma opção é inválida estando caracterizada por não haver restrição a deslocamento de
translação horizontal (hipoestaticidade) e ser hiperestática ao equilı́brio das forças verticais.
Esta variedade de opções para o SP torna praticamente impossı́vel uma implementação
computacional genérica para o método das forças.
Qual das opções válidas para SP é a mais indicada para solução manual pelo método das
forças ?
Não há uma regra para definir e responder esta indagação. Entretanto, a opção recomen-
dada seria aquela que apresentar, para o carregamento externo e hiperestáticos, os diagrama
de momentos de flexão mais simples. Em geral para vigas, a opção recomendada é
aquela onde são rotulados as seções sobre os apoios internos.
Como já abordado, para algumas situações isto não é possı́vel. Por exemplo quando a viga
estiver sujeita a momento externo num seção sobre um dos apoios internos.
Também se pode observar que se a opção for acrescentar rótulas, estas não necessariamente
deverão estar posicionadas sobre os apoios internos.
Por outro lado, independentemente da opção adotada para SP, se deve ter perfeito enten-
dimento do significado fı́sico dos coeficientes de carga e de flexibilidade. Quando se elimina
um vı́nculo na construção do SP, o correspondente hiperestático corresponde a uma reação
na posição do vı́nculo retirado, ou seja, é uma força externa ou um momento externo.
Os coeficientes de carga e de flexibilidade correspondentes são deslocamentos absolutos
na direção ou no plano do deslocamento liberado.
Quando a continuidade interna é rompida, caso da inserção de rótulas, o correspondente
hiperestático é um esforço interno. É um momento de flexão. No caso de um corte completo de
uma seção, os hiperestáticos são os esforços internos naquela seção. Nesta última situação,
os correspondentes coeficientes de carga e de flexibilidade são deslocamentos relativos nas
direções de cada deslocamento liberado.
Treliças são estruturas fechadas. Como tal, é necessário avaliar sua hiperestaticidade
externa e interna.
Sua hiperestaticidade externa está ligada essencialmente aos vı́nculos presentes, que podem
ser apoios duplos e/ou simples. De modo que, se for externamente hiperestática, se deve supri-
mir apoios e/ou substituir apoios duplos por simples. Os correspondentes hiperestáticos serão
forças externas (reações). E os coeficientes de carga e de flexibilidade serão deslocamentos
absolutos de translação.
A figura 89 mostra uma situação tı́pica de hiperestaticidade externa.
Caso a treliça apresente hiperestaticidade interna, implica que há barras em excesso em
relação aquele número necessário para constituição do reticulado cuja célula básica é um
triângulo. O correspondente SP deverá contemplar a retirada de uma ou mais barras conforme
A discussão que segue envolverá pórticos fechados (ou quadros). Mas também vale para
pórticos abertos naquilo que estes têm em comum. Para referência será considerado o pórtico
mostrado na figura 92.
O sistema principal que se obtém por um corte da seção transversal S é mostrado na figura
93 onde também são mostrados os três hiperestáticos.
A interpretação fı́sica dos coeficientes de carga é a que segue abaixo.
δ10 → é o deslocamento axial (horizontal) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte, para o carregamento externo.
δ20 → é o deslocamento transversal (vertical) relativo entre as seções a esquerda e a
direita do corte, para o carregamento externo.
δ30 → é o deslocamento de rotação relativo entre as seções a esquerda e a direita do
corte, para o carregamento externo.
A figura 95 mostra outras duas posições para as três rótulas. Na figura 95(a) é mostrada
uma alternativa válida e na figura 95(b) é mostrada outra alternativa que é inválida pois a
situação apresenta uma instabilidade.
3.17.4 Grelhas
A expressão (44) permite determinar o valor do grau hiperestático para uma grelha.
Se poderia dar um tratamento semelhante a pórticos, considerando grelhas com a possi-
bilidade de hiperestaticidade externa e interna, grelhas abertas ou fechadas. Entretanto, aqui
não serão tratadas grelhas com descontinuidades internas, com exceção à aplicação do último
caso mostrado na Tabela 3.1.
Esta questão é relevante, haja vista, que a etapa seguinte é a construção do sistema
principal. Entretanto, a Tabela 3.1 que segue, apresenta algumas possibilidades de desconti-
nuidades.
Figura 96:
Figura 97:
A utilização da quebra da continuidade de uma seção de uma barra, como mostrado acima,
é muito pouco utilizada.
Entretanto, deve ser utilizada quando a grelha apresentar um anel fechado. Isto é mostrado
para a grelha da figura 98.
Figura 98:
Por outro lado, há que se ter cuidado na construção do sistema principal. Uma escolha que
aparentemente possa parecer correta, poderá estabelecer instabilidade quando da eliminação
de um ou mais vı́nculos. Uma situação tı́pica é mostrada na figura 99.
Neste caso, a grelha apresenta gh = 1. Se deve obviamente retirar um dos apoios para
construção do sistema principal. Caso seja retirado o apoio em C, se obterá uma grelha
isostática instável.
Isto decorre dos três apoios restantes ficaram alinhados. Assim. qualquer força que ve-
nha atuar na grelha, cuja linha de ação não intercepte a reta que passa pelos três apoios
(linha pontilhada na figura) provocará um momento em torno desta reta que não poderá ser
equilibrado.
Neste caso, não se teria esta instabilidade caso se optasse pela retirada de um dos apoio
em A, D ou E.
Figura 99:
3.18.1 Exemplo 1
Considere o pórtico plano mostrado na figura 100. Este apresenta rigidez à flexão EI
constante. Resolva este pórtico pelo método das forças e a seguir, determine os valores das
reações e faça o traçado de suas linhas de estado.
A partir destas figuras se pode determinar os valores dos coeficientes de carga e de flexibi-
lidade. Tendo em vista que as barras do pórtico têm idêntica rigidez EI, esta constante será
simplificada do cálculo de todos os coeficientes.
80 × 1 × 4 80 × 1 × 3 560
δ10 = − − =− = −186, 67
3 3 3
80 × 1 × 4 80 × 1 × 3
δ20 = − − = −240
2 3
80 × 1 × 4 80 × 1 × 3 680
δ30 = + = = 226, 67
3 2 3
1×1×4 1×1×3 11
δ11 = 2 × + = = 3, 667
3 3 3
1×1×3 1×1×4
δ21 = + =3
3 2
1×1×3
δ22 = +1×1×4=5
3
1×1×4 1×1×3 7
δ32 = − − = − = −3, 5
2 2 2
1×1×4 17
δ33 = 2 × +1×1×3= = 5, 667
3 3
Deste modo o sistema de equações toma a forma
−186, 67 +3, 667 X1 3 X2 −2, 167 X3 = 0
−240 +3 X1 +5 X2 −3, 5 X3 = 0
226, 67 −2, 167 X1 −3, 5 X2 +5, 667 X3 = 0
Cuja solução é
X1 = 22, 22 kN m
X2 = 22, 22 kN m
X3 = −17, 77 kN m
80 1 1
RAy = − + × 22, 22 + × 22, 22 = −11, 85 kN m
3 3 3
MA = X1 = 22, 22 kN m
1 1
RAx = − × 22, 22 + × −17, 77 = −10 kN m
4 4
RDx = −20 + 10 = −10 kN m
MD = X2 = 22, 22 kN m
3.18.2 Exemplo 2
Resolva o pórtico mostrado na figura 106, determine os valores das reações e faça o traçado
de suas linhas de estado. Suas barras sofrem um acréscimo uniforme de temperatura de 12o C.
Resolva apenas os efeitos da flexão e a seguir considere também os efeitos da força normal.
As barras deste pórtico plano apresentam seção transversal retangular 200 mm × 600 mm,
E = 100 GP a e α = 1, 2 × 10−5 /o C.
Solução
O grau hiperestático do pórtico vale gh = (2 + 2) − 3 = 1.
O sistema principal será o mesmo para as duas soluções e é mostrado na figura 107. Se
pode observar que o apoio duplo em C foi substituı́do por um apoio simples.
δ10 + δ11 X1 = 0
Para o cálculo do coeficiente de carga se deve utilizar a expressão que foi deduzida ante-
riormente
∑ ∫
δij = α ∆T Nj dx
L
Logo
Nesta expressão, o termo entre parênteses mostra a soma dos valores das áreas dos dia-
gramas de força normal para cada uma das barras.
Segue o cálculo do coeficiente de flexibilidade considerando apenas a flexão
1 1 11, 88
δ11 = × (1, 80 × 1, 80 × 5) + × (1, 80 × 1, 80 × 6) =
3EI 3EI EI
11, 88
156, 96 × 10−5 + X1 = 0
EI
O valor de I é
0, 200 × 0, 6003
I= = 0, 0036 m4
12
565, 06 + 11, 88 X1 = 0
Cuja solução é
X1 = −47, 56 kN
1 × 1 × 6 0, 98 × 0, 98 × 5 10, 80
δ11 = + =
EA EA EA
Mas EA vale
565, 06 + 12, 20 X1 = 0
Cuja solução é
X1 = −46, 32 kN
Comparando os dois conjuntos de resultados se pode observar que as diferenças são muito
pequenas, em torno de 2, 60 %. Além disso, os valores obtidos considerando a influência
da força normal são menores. Se costuma afirmar que ao considerá-la, se tem um pequeno
aumento na rigidez da estrutura.
3.18.3 Exemplo 3
Considere o pórtico plano mostrado na figura 111. Este apresenta rigidez à flexão EI =
12000 kN m2 constante. Resolva este pórtico pelo método das forças e a seguir, determine
os valores das reações e faça o traçado de suas linhas de estado. As constantes das molas
presentes valem, respectivamente, k1 = 1500 kN/m e k2 = 1800 kN/m.
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 2) − 2 = 2.
Assim, são dois hiperestáticos. O sistema principal escolhido é mostrado na figura 111.
Foi construı́do pela supressão dos apoios elásticos em D. Os dois hiperestáticos são
correspondentes aos deslocamentos elásticos em D.
As barras deste pórtico tem rigidez EI constante, assim se pode multiplicar ambas equações
por EI, e se obtém
X1 EI
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = −
k2
X2 EI
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = −
k1
De modo que,
(1 × 81 × 3) (3 × 81 × 3)
δ10 = − − = −81 − 60, 75 = −141, 75
3 12
Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 282 Capı́tulo 3 - Método das Forças
Universidade Federal do Rio Grande 2023 Escola de Engenharia
De modo que,
(4 × 81 × 3)
δ20 = − = −324
3
De modo que,
(3 × 3 × 3) (1 × 3 × 3) (4 × 4 × 4)
δ11 = (1 × 1 × 3) + +2× + (4 × 4 × 4) + = 106, 33
3 2 3
De modo que,
(4 × 4 × 4)
δ22 = (4 × 4 × 3) + = 69, 33
3
De modo que,
(3 × 4 × 3) (4 × 4 × 4)
δ21 = δ12 = (1 × 4 × 3) + + = 62
2 2
É importante observar que o DMF no estado 1 para a barra vertical da esquerda que tem a
forma de um trapézio foi substituı́do pela sua decomposição em um triângulo e um retângulo.
Isto aparece para o cálculo dos coeficientes δ10 , δ11 e δ12 .
O sistema de equações toma a forma
{
−141, 75 + 106, 33 X1 + 62 X2 = −6, 67 X1
−324 + 62 X1 + 69, 33 X2 = −8 X2
ou
{
113 X1 + 62 X2 = 141, 75
62 X1 + 77, 33 X2 = 324
Cuja solução é
X1 = −1, 86 kN
X2 = 5, 68 kN
RAy = −1 × X2 = −5, 68 kN
RAx = −54 − 1 × X1 = −52, 14 kN
MA = 81 − 1 × X1 − 4 × X2 = 81 + 1, 86 − 22, 72 = 60, 14 kN m
RDy = X2 = 5, 68 kN
RDx = X1 = −1, 86 kN
3.18.4 Exemplo 4
Resolva o pórtico plano mostrado na figura 115. Este apresenta rigidez EI variável como
indicado. Determine os valores de todas as reações e faça o traçado de suas linhas de estado.
Solução
δ10 + δ11 X1 = 0
1 24 × 1 × 5 30
δ10 = × =
2 2EI EI
1×1×3 1×1×5 4, 5
δ11 = 2 × + =
3EI 2EI EI
Como todos os termos da equação do sistema estão divididos por EI, este será simplificado,
30 + 4, 5 X1 = 0
Cuja solução é
X1 = −6, 67 kN m
RAy = −4, 8 kN
RBy = 4, 8 + 12 = 16, 8 kN
1
RAx = × X1 = −2, 22 kN
3
RCx = −RAx = 2, 22 kN
3.18.5 Exemplo 5
As barras do pórtico mostrado na figura 119 apresentam rigidez à flexão constante e de valor
igual a 12000 kN m2 . Resolva-o utilizando o método das forças considerando o carregamento
e um recalque de 4 mm dirigido para baixo em B. A seguir, determine os valores de todas
reações e faça o traçado de suas linhas de estado.
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 2) − 3 = 2.
Assim, serão dois hiperestáticos. O sistema principal foi construı́do pela eliminação do
apoio em B. A figura 120 mostra o sistema principal com seus dois hiperestáticos. É bom
reparar que o hiperestático X2 é correspondente ao recalque.
Assim, no cálculo dos coeficientes de carga e de flexibilidade não será computado o valor
de EI.
Iniciando pelo cálculo dos coeficientes de flexibilidade. Para o coeficiente δ11 a figura que
segue mostra a combinação de diagramas DMF envolvida.
( )
3×3×3
δ11 = 2 × + (3 × 3 × 5) = 18 + 45 = 63
3
Para o coeficiente δ22 a figura abaixo mostra a combinação de diagramas DMF envolvida.
( )
5×5×5
δ22 = (5 × 5 × 3) + = 75 + 41, 67 = 116, 67
3
Para o coeficiente δ21 (= δ12 ) a figura que segue mostra a combinação de diagramas DMF
envolvida.
( ) ( )
5×3×3 5×3×5
δ21 = δ12 = + = 22, 5 + 37, 5 = 60
2 2
Iniciando o cálculo dos coeficientes de carga por δ10 a figura que segue mostra a combinação
de diagramas DMF envolvida.
250 × 3 × 3 250 × 5 × 3
δ10 = − − = −2375
2 3
Por fim, para o cálculo do coeficiente de carga δ20 a figura que segue mostra a combinação
de diagramas DMF envolvida.
250 × 5 × 5
δ20 = −(250 × 5 × 3) − = −5312, 5
4
ou
{
63 X1 + 60 X2 = 2375
60 X1 + 116, 67 X2 = 5264, 5
Cuja solução é
X1 = −10, 34 kN X2 = 50, 44 kN
3.18.6 Exemplo 6
Resolva o pórtico mostrado na figura 124 pelo método das forças. Considere que suas
barras tenham rigidez EI constante. Determine os valores de todas reações e faça o traçado
das linhas de estado.
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = 3 + (3 − 2) − 3 = 1.
A figura 125 mostra este sistema principal e seu hiperestático.
δ10 + δ11 X1 = 0
O sistema principal obtido se trata de um pórtico isostático composto. Conhecer sua forma
de composição e de apoio é fundamental para a determinação dos coeficientes de carga e de
flexibilidade.
A figura 126 mostra este esquema de apoio.
De modo que
81 × 1 × 3 81 × 1 × 6 324
δ10 = − − =−
3EI 2EI EI
De modo que
1×1×3 1×1×6 8
δ11 = 2 × − =
3EI EI EI
324 8
− + X1 = 0
EI EI
Cuja solução é
X1 = 40, 5 kN m
As reações valem
RAx = −27 kN
RAy = −13, 5 kN
RBy = 13, 5 kN
3.18.7 Exemplo 7
Resolva o pórtico atirantado mostrado na figura 129. Determine os valores de todas as
reações e faça o traçado de suas linhas de estado. O tirante CD é construı́do com um cabo
de aço (E = 200 GP a) de 20 mm de diâmetro e as barras do pórtico são construı́das em
concreto e apresentam rigidez à flexão constantes de valor igual a 19440 kN m2 .
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = 4 + (3 − 3) − 3 = 1.
Se trata de uma situação especial na qual o pórtico apresenta um anel fechado e um
de seus lados é um tirante (ou escora). Tal elemento estrutural está caracterizado por ser
articulado nos extremos e não estar sujeito a carregamento transversal. Deste modo está sujeito
exclusivamente a força normal. Pode ser de tração (tirante) ou de compressão (escora). Em
geral, nestas situações é recomendado na construção do sistema principal retirar este elemento
estrutural. Como o pórtico sob análise apresenta grau hiperestático igual a 1, retirar o tirante
(escora) tornará o sistema isostático e consequentemente o sistema principal. A figura 130
mostra este sistema principal e o correspondente hiperestático.
Assim, para este sistema principal o correspondente sistema de equações será dado por
X1 LCD
δ10 + δ11 X1 = −
EACD
Assim,
30 × 1, 5 × 3 30 × 1, 5 × 5 240
δ10 = −2 × −2× =−
3EI 3EI EI
Assim,
1, 5 × 1, 5 × 3 1, 5 × 1, 5 × 5 12
δ10 = 2 × +2× =
3EI 3EI EI
240 12 X1 LCD
− + X1 = −
EI EI EACD
8 EI
−240 + 12 X1 = − X1
EACD
Mas
π × 202
ACD = = 314, 2 mm2 = 314, 15 × 10−6 m2
4
E ACD = 200 × 106 × 314, 15 × 10−6 = 62830 kN
EI = 19440 kN m2
Portanto
EI 19440
= = 0, 31
EACD 62830
Logo
−240 + 12 X1 = −2, 48 X1
Cuja solução é
X1 = 16, 57 kN
3.18.8 Exemplo 8
Resolva o pórtico mostrado na figura 133 pelo método das forças. Determine os valores
de todas as reações. Considere as barras deste pórtico com idêntica rigidez à flexão de valor
EI.
Solução
O grau hiperestático deste pórtico vale gh = (3 + 1) + (3 − 2) − 3 = 2.
O sistema principal escolhido é mostrado na figura 134. O sistema principal escolhido se
trata de um pórtico composto, constituı́do por um triarticulado que se apoia num biapoiado.
Segue o cálculo dos coeficientes de carga. Aqui o termo EI, que é constante, é simplificado
em todos coeficientes.
A combinação para o cálculo de δ10 é mostrada na figura que segue
6 × 18 × 1 6 × 72 × 1
δ10 = − = 36 − 144 = −108
3 3
4 × 72 × 1 4 × 72 × 1 6 × 144 × 1
δ20 = − − − = −144 − 96 − 432 = −672
2 3 2
4×1×1 4 22
δ22 = 6 × 1 × 1 + =6+ =
3 3 3
Mecânica Estrutural II - Turmas A e B 302 Capı́tulo 3 - Método das Forças
Universidade Federal do Rio Grande 2023 Escola de Engenharia
δ12 = δ21 = 0
Cuja solução é
X1 = 16, 2 kN m X2 = 91, 64 kN m
MC = X2 = 91, 64 kN m
3.18.9 Exemplo 9
Resolva o pórtico mostrado na figura 142 pelo método das forças tirando partido da simetria
estrutural presente. Suas barras devem ser admitidas com rigidez EI constante. Calcule os
valores de todas reações.
Solução
Este pórtico apresenta um grau hiperestático cujo valor é gh = 9 − 3 = 6.
Por outro lado, apresenta simetria estrutural para um eixo vertical que coincide com a barra
vertical BE. Além disso, o carregamento atuante é simétrico. Desta forma, o correspondente
modelo reduzido é mostrado na figura 143.
A figura 144 mostra algumas possibilidades para sistema principal e seus correspondentes
hiperestáticos.
δ10 = 0
6 × 108 × 1
δ20 = − = −216
3
6 × 108 × 1
δ30 = = 216
3
Segue o cálculo dos coeficientes de flexibilidade admitindo EI = 1.
3×1×1
δ11 = =1
3
6×1×1 3×1×1
δ22 = + =3
3 3
6×1×1
δ33 = =2
3
3×1×1
δ12 = δ21 = = 0, 50
6
6×1×1
δ23 = δ32 =− = −1
6
δ13 = δ31 =0
Cuja solução é
X1 = −24 kN m X2 = 48 kN m X3 = −84 kN m
MA = X1 = −24 kN m
MB = 0
MC = 24 kN m (devido a simetria)
∑
M D,esq = 0 RAx × 3 − 24 − 48 = 0 RAx = 24 kN
RBx = 0
∑
M E,esq = 0 RAy × 6 − 24 × 3 + 24 + 84 − 24 × 6 × 3 = 0 RAy = 66 kN
RBy = 24 × 12 − 66 − 66 = 156 kN
3.18.10 Exemplo 10
Resolva o pórtico mostrado na figura 149 pelo método das forças tirando partido da simetria
estrutural presente e para o carregamento antissimétrico atuante. Calcule os valores de todas
reações.
Solução
Se trata de um pórtico com grau hiperestático gh = 3. Por outro lado, admite um eixo
de simetria vertical que corta transversalmente a barra horizontal. Por conta disso e do fato
que o carregamento é antissimétrico, o correspondente modelo reduzido é mostrado na figura
150. Este modelo reduzido hiperestático apresenta grau hiperestático gh = 1
δ10 + δ11 X1 = 0
1
δ10 = − × 2, 8 × 33, 6 × 2, 4 = −112, 896
2
1
δ10 = 2, 8 × 2, 4 × 2, 4 + × 2, 4 × 2, 4 × 2, 4 = 18, 432
3×2
Cuja solução é
X1 = 6, 125 kN
RAx = −12 kN
∑
Fx = 0 RBx = 12 + 12 − 12 = 12 kN
MA = 33, 6 − 2, 4 × X1 = 18, 9 kN m
3.18.11 Exemplo 11
Resolva o pórtico mostrado na figura 154. Determine os valore de todas reações. Considere
as barras com idêntica rigidez à flexão de valor EI. Faça o traçado de seu diagrama de
momentos de flexão.
Solução
Se trata de pórtico fechado. O valor de seu grau hiperestático é
gh = 4 + (3 − 1) − 3 = 3
Deste modo, na construção do sistema principal devem ser feitas 3 (três) alterações na
vinculação externa e interna. Por se tratar de um pórtico fechado, é recomendado iniciar pelo
anel fechado. Todo anel fechado apresenta grau hiperestático igual a 3. No presente caso, o
anel apresenta grau hiperestático igual a 2 haja vista a existência da rótula em F.
Deste modo, dentre as várias possibilidades, o seguinte caminho foi seguido. São acres-
centadas duas rótulas incompletas em Ce D, e o apoio duplo B foi substituı́do por um apoio
simples. A figura 155 mostra o sistema principal adotado e os correspondentes hiperestáticos.
Se pode observar na figura anterior que o sistema principal se trata de um pórtico composto,
constituı́do pelo triarticulado CEF D que se apoia no pórtico biapoiado ACDB.
Nas figuras 156, 157 e 158, que seguem, são mostrados os estados 0, 1 e 2.
1
δ10 = − × 1 × 4 × 32 = −42, 667
3
1
δ20 = − × 1 × 4 × 32 = 42, 667
3
δ30 = 0
1
δ11 = 2 × × 1 × 1 × 4 + 1 × 1 × 3 = 5, 667
3
1 1
δ22 = 2 × × 1 × 1 × 4 + 2 × × 1 × 1 × 3 = 4, 667
3 3
1
δ33 = 2 × × 1 × 1 × 3 + 3 × 3 × 4 = 54
3
1 1 1
δ12 = δ21 = − × 1 × 1 × 4 − × 1 × 1 × 3 + × 1 × 1 × 4 = −2, 167
3 2 6
1
δ13 = δ31 = × 3 × 1 × 4 = 6
2
1
δ23 = δ32 = × 3 × 1 × 4 = 6
2
Cuja solução é
X1 = 4, 16 kN m X2 = −7, 72 kN m X3 = 0, 40 kN
As reações valem
RAy = 32 kN
RBy = 32 kN
RBx = X3 = 0, 40 kN
MCacima = 1 × 4, 16 = +4, 16 kN m
MCdir = −1 × 4, 16 − 3 × 0, 40 = −5, 36 kN m
MCabaixo = 3 × 0, 40 = +1, 20 kN m
MDabaixo = −3 × 0, 40 = −1, 20 kN m
A partir dos resultados obtidos se tem o diagrama do corpo libre e o Diagrama de Mmentos
de flexão que são mostrados na figura 160.
3.19.1 Exemplo 1
Solução
Seu grau hiperestático vale gh = 4 − 3 = 1. Será retirado o apoio em A que é mostrado
na figura 162.
δ10 + δ11 X1 = 0
A solução estática acima mostrada vem das equações de equilı́brio que são
∑
MCEF = 0 3 × RD − (16 × 3) × 1, 5 = 0 RD = 24 kN
∑
MABC = 0 6 × RF + 3 × RD − (16 × 3) × 3 = 0 RF = 12 kN
∑
Fz = 0 RC + RD + RF − (16 × 3) = 0 RC = 12kN
A solução estática acima mostrada vem das equações de equilı́brio que são
∑
MCEF = 0 1 × 6 + 3 × RD = 0 RD = −2
∑
MABC = 0 6 × RF − 2 × 3 = 0 RF = 1
∑
Fz = 0 RC + RD + RF + 1 = 0 RC = 0
Segue o cálculo do coeficiente de carga δ10 . Para a composição dos diagramas da flexão
dos estados 0 e 1, referentes a barra DE se deve obrigatoriamente empregar a superposição
de efeitos. O diagrama para o estado 0 nesta barra decorre da ação de uma força concentrada
e uma carga distribuı́da, Esta combinação não se encontra na tabela de Kurt Mayer. Será
utilizada a decomposição mostrada na figura abaixo.
1 1 1
δ10 = × 3 × 36 × 3 + × 3 × 36 × 3 − × 3 × 36 × 3+
3EI 3EI 3EI
1 1 1 162
+ × 3 × 18 × 3 + ×3×3×3− ×3×3×3=
3EI GJ GJ EI
1 1 36 54 45
δ11 = 4 × ×3×3×3+2× ×3×3×3= + =
3EI GJ EI GJ EI
162 45
+ X1 = 0
EI EI
Cuja solução é
X1 = −3, 6 kN
RAz = X1 = −3, 6 kN
∑
MCEF = 0 3, 6 × 6 + (16 × 3) × 1, 5 − 3 × RDz = 0 RDz = 31, 2kN
∑
MABC = 0 6 × RF z + 31, 2 × 3 − (16 × 3) × 3 = 0 RF y = 8, 4kN
∑
Fz = 0 RCz + 8, 4 + 31, 2 − 3, 6 − (16 × 3) = 0 RCy = 12kN
3.19.2 Exemplo 2
Considere a mesma grelha do Exemplo 1. Resolva-a pelo método das forças considerando
exclusivamente um recalque de traslação, dirigido para baixo, de valor igual a 6 mm no apoio
A. Calcule também os valores de todas reações e faça o traçado de suas linhas de estado de
flexão e torção. Considere GJ = 6 EI = 72000 kN m2 .
Solução
Por se tratar da mesma estrutura do exemplo anterior com o mesmo sistema principal, se
conhece o valor do seu grau hiperestático. Se irá adotar o mesmo sistema principal, de modo
que o coeficiente de flexibilidade δ11 tem o mesmo valor. Assim, para este caso, o sistema de
equações será de primeira ordem dado na forma
Não atuam forças nesta grelha, apenas um recalque no apoio A. Desta forma o coeficiente
de carga δ10 é nulo.
O sistema de equações toma a forma
45
0+ X1 = −0, 006
EI
Cuja solução é
EI 0, 006 × 12000
X1 = −0, 006 × =− = −1, 6 kN
45 45
RAz = X1 = −1, 6 kN
∑
MCEF = 0 1, 6 × 6 − 3 × RDz = 0 RDz = 3, 2kN
∑
MABC = 0 6 × RF z + 3, 2 × 3 = 0 RF y = −1, 6kN
∑
Fz = 0 RCz − 1, 6 + 3, 2 − 1, 6 = 0 RCy = 0
3.19.3 Exemplo 3
Considere a grelha carregada como mostra a figura 167. Se sabe que EI = 2GJ =
14400 kN m2 . Resolva esta grelha pelo método das forças e calcule os valores de suas reações.
Para a mola de extensão, admita k = 1500 kN/m.
Solução
O grau hiperestático desta grelha vale gh = 1. Assim, o correspondente sistema principal
conterá um hiperestático. A figura 168 mostra o SP escolhido.
A correspondente equação é
X1
δ10 + δ11 X1 = −
k
2080 126, 33 X1
− + X1 = −
EI EI 1500
Cuja solução é
X1 = 15, 30 kN
RCz = X1 = 15, 30 kN
TA (= Mx ) = 64 − 4 × X1 = 2, 80 kN m
MA (= My ) = −96 + 3 × X1 = −50, 10 kN m
3.19.4 Exemplo 4
Considere a grelha carregada como mostra a figura 171. Considere EI = GJ = 18000 kN m2 .
Resolva esta grelha pelo método das forças e calcule os valores de suas reações.
Solução
O grau hiperestático desta grelha vale gh = 5 − 3 = 2.
Assim, são dois hiperestáticos. A figura 172 mostra o sistema principal escolhido.
O correspondente sistemas de equações é
{
δ10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
δ20 + δ21 X1 + δ22 X2 = 0
54 × 3 × 3 162
δ10 = − =−
3EI EI
54 × 3 × 3 45 × 2, 5 × 2, 5 45 × 2, 5 × 2, 5 45 × 5 × 3
δ20 = − − − − =
3EI 3EI 2EI GJ
3×3×3 9
δ11 = =
3EI EI
3×3×3 9
δ12 = δ21 = =
3EI EI
3×3×3 5×5×5 5×5×3 125, 67
δ22 = + + =
3EI 3EI GJ EI
Levando estes valores no sistema de equações e multiplicando o mesmo por EI, se obtém
{
−162 + 9 X1 + 9 X2 = 0
−1071, 38 + 9 X1 + 125, 67 X2 = 0
Cuja solução é
X1 = 10, 21 kN X2 = 7, 79 kN
RBz = X1 = 10, 21 kN
RCz = X2 1 = 7, 79 kN
RAz = 18 − 10, 21 − 7, 79 = 0
TA (= Mx ) = 45 − 5 × X2 = 6, 05 kN m
MA (= My ) = −54 + 3 × X1 + 3 × X2 = 0
de grelhas. O sistema que aqui será recomendado já foi utilizado quando tratado o método
dos deslocamentos.
Em primeiro lugar, será admitido que a grelha esteja do plano x − y. As forças que atuam
sobre a grelha, evidentemente, terão direção z.
Os momentos de flexão e de torção serão Mx e/ou My . O que é um e outro dependerá
da orientação de cada barra da grelha em relação ao sistema de referência adotado.
A posição dos eixos x − y − z deve seguir a regra do triedro direto.
Tomando as grelhas dos exemplos 3(p. 320) e 4(p. 322) resolvidos anteriormente, as
figuras 176 e 177 mostram duas possibilidades para eixos de referência para cada um deles.
Para o sistema de referência mostrado nestas duas figuras a esquerda, um momento Mx é
de torção para a barra BC e de flexão para a barra AB. Um momento My é de flexão para
a barra BC e de torção para a barra AB.
Cabe lembrar que os momentos Mx e My serão positivos quando seus correspondentes
vetores apontarem nas direções positivas dos eixos no sistema (x − y).