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EQ 337 - Cinética e Cálculo de Reatores Homogêneos 89

AULA 1 - Continuação

REATORES DE MISTURA, DE DIFERENTES CAPACIDADES, EM


SÉRIE

Para cinéticas quaisquer em reatores de mistura com diferentes capacidades dois tipos
de perguntas devem ser feitos:

- Como determinar a conversão de saída para um sistema de reatores, e a pergunta


inversa, como determinar o melhor arranjo de reatores para que se obtenha uma dada
conversão?

Procedimentos diferentes, que tratamos a seguir, podem ser adotados para as respostas.

DETERMINAÇÃO DA CONVERSÃO PARA UM DADO SISTEMA DE REATORES

Uma solução gráfica para determinar a composição de saída, supondo variação de


densidade desprezível, numa série de reatores de mistura de diversas capacidades foi sugerida
por JONES (1951).

Tudo o que se necessita é de uma curva -rA versus CA que represente a velocidade da
reação em diversas concentrações.

CONSIDERANDO TRÊS REATORES DE MISTURA EM SÉRIE, COM


VOLUMES VELOCIDADES DE ALIMENTAÇÃO, CONCENTRAÇÕES,
TEMPOS ESPACIAIS

Figura 1 – Notação para uma série de reatores de mistura de tamanhos diferentes

Lembrando que  = 0, podemos escrever, para o componente A no primeiro reator,

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𝑉1 𝐶0 − 𝐶1
𝜏1 = =
𝑄 (−𝑟)1
ou

1 (−𝑟)1
− =
𝜏1 𝐶1 − 𝐶0

analogamente, para o i reator,

1 (−𝑟)𝑖
− =
𝜏𝑖 𝐶𝑖 − 𝐶𝑖−1

Estabeleçamos a representação gráfica da curva (-r) versus C

Figura 2 – Procedimento gráfico para encontrar composições em uma série de reatores


tanques de fluxo misto

Para encontrar as condições no primeiro reator, notemos que a concentração de entrada


C0 é conhecida (ponto L), que C1 e (-r)1 corresponde ao ponto da curva que deve ser encontrado
(ponto M), e que a inclinação da linha é LM=MN/NL = (-r)1/(C1-C0) = 1/1. A partir de C0
traçamos uma reta de inclinação (-1/1) até cortar a curva. De modo análogo a equação -1/i=(-
r) i/(Ci-Ci-1) nos dá a reta de inclinação C2 do material que deixa o segundo reator.

OTIMIZAÇÃO DE SISTEMAS PARA UMA DADA CONVERSÃO

Suponhamos que se queira determinar a capacidade mínima de dois reatores em série


de modo a obtermos uma dada conversão de alimentação que reage segundo uma cinética
conhecida.

As equações básicas, aplicadas ao primeiro reator:

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𝜏1 𝑋1
=
𝐶0 (−𝑟)1

e para o segundo :

𝜏2 𝑋2 − 𝑋1
=
𝐶0 (−𝑟)2

Para dois diferentes arranjos dos reatores, ambos dando a mesma conversão final X2, Figura 3.

Figura 3 - Representação gráfica das variáveis para dois reatores de mistura, em série

A conversão X1 muda, o mesmo acontece com a proporção do tamanho das unidades


(representada pelas duas áreas sombreadas), bem como o volume total dos dois vasos
necessários (área total sombreada).

A Figura 3 mostra que o volume total do reator é menor possível (área total sombreada
é minimizada) quando o retângulo KLMN é o maior possível.

MAXIMIZAÇÃO DA ÁREA DE RETÂNGULOS

Contínuos um retângulo entre os eixos x. y tocando a curva no ponto M(x,y).

A área do retângulo é, então:

A = x.y

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Figura 4 - Procedimento gráfico para maximizar a área de um retângulo

Em outra palavra, isso significa que a área é máxima quando M está em um ponto onde a
inclinação da curva é igual à inclinação da diagonal NL do retângulo. Dependendo da forma da
curva, pode haver mais de um ou nenhum ponto ótimo, Figura 4. Entretanto essa área é máxima
quando:

𝑑𝐴 = 0 = 𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦

ou quando:

𝑑𝑦 𝑦
− =
𝑑𝑥 𝑥

A proporção de tamanho ideal dos dois reatores é alcançada onde a inclinação da curva de taxas
em M é igual à diagonal NL. O melhor valor de M é mostrado na Figura 5, e isso determina a
conversão intermediária X, bem como o tamanho das unidades necessárias.

Figura 5 – Maximização de retângulos


aplicado para encontrar a conversão ideal
dos tamanhos ótimos de dois reatores em
série

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A proporção de tamanho ideal para dois reatores de misturas contínuos em série é


encontrada em geral sendo dependente da cinética da reação e do nível de conversão. Para o
caso especial de reações de primeira ordem – reatores de tamanhos iguais são os melhores; para
reação com n>1, o reator menor deve vir primeiro; já para n<1, o maior deve vir primeiro
(Problema 6.3). No entanto, Szepe e Levenspiel (1964) mostram que a vantagem do sistema de
tamanho mínimo sobre o sistema de tamanho igual é muito pequena, apenas alguns por cento
no máximo. Portanto, a consideração econômica geral seria quase sempre recomendamos o uso
de unidades de tamanhos iguais.

O procedimento acima pode ser estendido diretamente para operações de vários estágios.
Contudo, aqui, o argumento para unidades de tamanhos iguais é ainda mais forte do que para
os dois estágios sistema.

Reatores de tipos diferentes, em série

Se colocarmos reatores de tipos diferentes em série como por exemplo, um reator de


mistura seguido por um tubular, e este por um outro de mistura poderemos escrever para os três
reatores.

𝑉1 𝑋1 − 𝑋0 𝑉2 𝑋2
𝑑𝑋 𝑉3 𝑋3 − 𝑋2
= =∫ =
𝐹0 (−𝑟)1 𝐹0 𝑋1 (−𝑟)
𝐹0 (−𝑟)3

Apresentação na forma gráfica. Nos permite prever as conversões globais em tais


sistemas ou as conversões nos pontos intermediários, isto é, entre os reatores individuais. As
conversões intermediárias são necessárias para a determinação da demanda térmica dos
trocadores entre os estágios.

Figura 6 - Procedimento gráfico para o projeto de reatores em série

O melhor arranjo de um conjunto de reatores ideias. Para o uso mais eficaz de um dado
conjunto de reatores ideais, temos as seguintes regras:

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1. Para uma reação cuja a curva da taxa de concentração aumenta sem novidade (qualquer
reação de ordem n, n>0), os reatores devem ser colocados em série. Eles devem ser
ordenados de modo a manter a concentração de reagente tão alta quanto possível se a
curva da taxa de concentração for côncava (n>1), e tão baixa quanto possível se a curva
for convexa (n<1). Como exemplo, para o caso da Figura 6 o pedido das unidades devem
ser pistão, baixa mistura, forte mistura, para n>1; a ordem inversa deve ser usada quando
n<1.

2. Para reações onde a curva taxa-concentração passa por um máximo ou, no mínimo, o
arranjo das unidades depende da forma real da curva, o nível de conversão desejado e
as unidades disponíveis. Nenhuma regra simples pode ser sugerida.

3. Qualquer que seja a cinética e o sistema do reator, um exame da curva 1/(-r) versus C é
uma boa maneira de encontrar o melhor arranjo de unidades. Os problemas no final
deste capítulo ilustram essas descobertas.

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