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Notas de aula: Física D – Prof.

Alexandre Cotta

Energia no oscilador amortecido


ENERGIA MECÂNICA NO OSCILADOR SUB-AMORTECIDO
Nas notas anteriores foi mostrado como se descreve um oscilador harmônico simples e um oscilador com
amortecimento. Veremos agora como se comporta a energia de um oscilador amortecido. Para isso é
importante lembrar que:

1) No MHS a amplitude de oscilação era constante e dependia somente da condição inicial.


2) No sistema com amortecimento, a amplitude irá variar com o tempo.

𝛾
No caso sub-amortecido, a solução é dada por: 𝑥 (𝑡) = 𝐴0 𝑒 −2𝑡 𝑐𝑜𝑠(𝜔′𝑡 + 𝛿 ).

Assim, para amortecimento fraco (𝛾 ≪ 2𝜔0 ), a amplitude será:

𝜸
𝑨 = 𝑨(𝒕) = 𝑨𝟎 𝒆−𝟐𝒕 → 𝑐𝑎𝑖 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜. (1)

Vimos que no MHS a energia mecânica era dada por:

𝐸 = 𝑘𝐴² (2)

Mas agora, no caso amortecido, substituindo (1) em (2), teremos:

1 𝛾 2 1 1 𝑏
𝐸 = 𝑘 (𝐴0 𝑒 −2𝑡 ) = 𝑘𝐴20 𝑒 −𝛾𝑡 = 𝑘𝐴0 𝑒 −𝑚𝑡 (3)
2 2 2

Obs.: essa energia é um valor médio de energia quando 𝛾 ≪ 2𝜔0 .

Definindo uma nova constante, chamada de tempo característico de decaimento (𝜏):

1 𝑚
𝜏= = (4)
𝛾 𝑏

Temos que:

1 𝑡 𝒕
𝐸 = 𝑘𝐴0 𝑒 −𝜏 → 𝑬 = 𝑬𝟎 𝒆−𝝉 (5)
2
Ou seja, no oscilador amortecido, a energia do sistema não se conserva e cai exponencialmente com o
tempo, fato que já era esperado uma vez que a força de atrito é uma força dissipativa.

Nesse momento, não discutiremos sobre a energia em termos de 𝐸 = 𝐾 + 𝑈, pois, no sistema como um
todo não podemos falar de uma energia potencial, uma vez que energia potencial somente é definida
para sistemas conservativos. Porém, ainda existe uma energia potencial associada a força elástica. Dessa
forma, o sistema ainda irá armazenar uma certa quantidade de energia.

FATOR DE QUALIDADE
Em um sistema amortecido, como a energia cai com o tempo e essa queda depende da constante de
amortecimento, para aplicações é útil definir um fator, chamado de fator de qualidade (Q), que pode ser
usado para compararmos diferentes sistemas. O fator de qualidade é definido por:

𝑄 ≡ 𝜔0 𝜏̅ (6)

1 𝑚
Lembrando que 𝜏 = 𝛾 = 𝑏
, ou seja:

𝜔0 𝜔0
𝑄= = (7)
𝛾 𝑏

Note que quanto maior for o amortecimento, maior o valor da constante b e consequentemente maior o
valor de 𝛾. Ou seja, menor será o valor do fator de qualidade Q.

Quando o amortecimento for muito pequeno 𝛾~0 e portanto 𝑄 → ∞. Logo, quanto maior for o fator de
qualidade, mais próximo o sistema estará de um MHS.

Podemos relacionar o fator de qualidade com a taxa de perda de energia por ciclo com o tempo. Para isso,
primeiramente, vamos calcular a variação da energia no tempo a partir da equação (5):

𝑑𝐸 −1 −𝑡 −1
= 𝐸0 𝑒 𝜏̅ = 𝐸 (8)
𝑑𝑡 𝜏 𝜏

Se integrarmos a equação (8) em dt dos dois lados da expressão chegamos no seguinte resultado:

𝑑𝐸 −1
= 𝑑𝑡 (9)
𝐸 𝜏

Para um amortecimento fraco, a perda de energia por ciclo será uma fração de E, ou seja 𝑑𝐸 ~ ∆𝐸 e
𝑑𝑡 ~ 𝑇. Assim, em um ciclo, podemos reescrever a equação (9) por:

2
∆𝐸 −𝑇
| = (10)
𝐸 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝜏

em módulo:

∆𝐸 𝑇
| = (11)
𝐸 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝜏

2𝜋
Mas como 𝑇 = 𝜔 , e pela equação (6), temos finalmente que:
0

∆𝐸 2𝜋 2𝜋
= = (12)
𝐸 𝜏𝜔0 𝑄

∆𝐸
𝐸
representa a perda relativa de energia por ciclo, e este é um valor percentual.

∆𝐸
Retornando, quando 𝑄~∞, o amortecimento é muito fraco, o sistema é próximo ao MHS e 𝐸
~ 0. Logo,

o sistema não perde energia.

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