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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Instituto de ciência e tecnologia


Engenharia química

CAMILA EDUARDA OLIVEIRA

PRATICA 5 - INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE OPERAÇÃO DE UM


SISTEMA COMPOSTO POR CSTRS EM SÉRIE COM TROCA TÉRMICA NA
APROXIMAÇÃO LINEAR DO SISTEMA

DIAMANTINA
2023
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1 INTRODUÇÃO

A Engenharia Química frequentemente lida com sistemas dinâmicos


complexos que são descritos por equações não lineares, abrangendo padrões teóricos e
práticos de grande interesse (PINTO, 1991). A investigação desses sistemas envolve o
desenvolvimento de modelos matemáticos que representam, por meio de equações,
sistemas físico-químicos reais. A qualidade desses modelos depende da expressão
adequada das leis físicas usando símbolos apropriados e de uma estimativa precisa dos
parâmetros envolvidos.
Os modelos matemáticos na Engenharia Química podem ser expressos por
equações algébricas, equações diferenciais ordinárias e equações diferenciais parciais.
Equações algébricas surgem em balanços de massa e energia em estado estacionário, além
de descreverem equilíbrios termodinâmicos. Já as equações diferenciais ordinárias são
encontradas em problemas de balanços transitórios de massa e energia.
A resolução de equações de sistemas analíticos não lineares pode apresentar
limitações significativas. Por isso, métodos de linearização são essenciais, assim como o
estudo de sistemas lineares na dinâmica de processos e controle (HANSELMAN, 1995).
A linearização de sistemas não lineares é crucial para o controle do processo,
influenciando diretamente na qualidade dessa técnica (HANSELMAN, 1995).
São classificados com modelos linares aqueles que se adequam às seguintes
exigências em relação à:
1 - Homogeneidade: 𝑓(𝛼𝑥) = 𝑎𝑓(𝑥)
2 - Aditividade: 𝑓(x1 + x2) = 𝑓(𝑥1) + 𝑓(𝑥2)
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2 OBJETIVO

Determinar a influência dos parâmetros de operação em um sistema na


qualidade da aproximação linear do modelo deste em torno do estado estacionário.

3 METODOLOGIA

O sistema escolhido trata-se de dois reatores CSTRs em série, não


isotérmicos. Reatores do tipo CSTR são usados principalmente para reações em fase
líquida, sendo comumente operados em estado estacionário e são considerados
perfeitamente misturados; consequentemente a concentração, temperatura e velocidade
de reação não dependem da posição dentro do equipamento (FOGLER, 2002). Para fazer
a modelagem do sistema utilizou-se simulações no SCILAB, considerou-se o sistema
apresentado na Figura 1.

Consideramos que os reatores operam a volume constante, são resfriados por


um fluido de troca térmica em sentido contracorrente e no interior dos reatores a reação
irreversível e exotérmica do tipo 𝐴 → 𝐵. As equações apresentadas a seguir representam
os balanços de massa e energia:
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Concentração de A no tanque 1:
𝑑𝐶𝐴1 𝑞 𝐸

= (𝐶𝐴𝑓 − 𝐶𝐴1 ) − 𝑘0 𝑒 𝑅𝑇1 𝐶𝐴1
𝑑𝑡 𝑉1

Temperatura no tanque 1:
𝐸
− −ℎ𝐴1
𝑑𝑇1 𝑞 𝑘0 𝑒 𝑅𝑇1 𝐶 (−∆𝐻) 𝜌𝐶 𝐶𝑝𝐶 𝑞𝐶
𝐴1
= (𝑇𝑓 − 𝑇1 ) + + [1 − 𝑒 𝜌𝐶 𝐶𝑝𝐶 𝑞𝐶 ] (𝑇𝑐𝑓 − 𝑇1 )
𝑑𝑡 𝑉1 𝜌𝐶𝑝 𝜌𝐶𝑝 𝑉1

Concentração de A no tanque 2:
𝑑𝐶𝐴2 𝑞 𝐸

= (𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2 ) − 𝑘0 𝑒 𝑅𝑇2 𝐶𝐴2
𝑑𝑡 𝑉2

Temperatura no tanque 2:
𝐸
− −ℎ𝐴2
𝑑𝑇2 𝑞 𝑘0 𝑒 𝑅𝑇2 𝐶 (−∆𝐻) 𝜌𝐶 𝐶𝑝𝐶 𝑞𝐶
𝐴2
= (𝑇1 − 𝑇2 ) + + [1 − 𝑒 𝜌𝐶 𝐶𝑝𝐶 𝑞𝐶 ] (𝑇𝑐𝑓 − 𝑇1 )
𝑑𝑡 𝑉2 𝜌𝐶𝑝 𝜌𝐶𝑝 𝑉2

Os dados os necessários para simulação do processo são apresentados na


tabela 1:
Tabela 1 – Valores de parâmetros de referência

A partir da série de Taylor, realizou-se a linearização para determinar as


variáveis relevantes para o modelo. A variável de vazão de fluido de troca térmica na
serpentina foi a manipulada, qc.
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𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓1


𝜕𝐶𝐴1𝑠𝑠 𝜕𝑇1𝑠𝑠 𝜕𝐶𝐴2𝑠𝑠 𝜕𝑇2𝑠𝑠 𝜕𝐹0 𝜕𝐹𝑐
𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝐶𝐴1𝑠𝑠 𝜕𝑓2 𝜕𝑓2
𝑑𝑥 𝜕𝐶𝐴1𝑠𝑠 𝜕𝑇1𝑠𝑠 𝜕𝐶𝐴2𝑠𝑠 𝜕𝑇2𝑠𝑠 𝑇1𝑠𝑠 𝜕𝐹0 𝜕𝐹𝑐
= + [𝑞𝑐 ̅]
𝑑𝑡 𝜕𝑓3 𝜕𝑓3 𝜕𝑓3 𝜕𝑓3 𝐶𝐴2𝑠𝑠 𝜕𝑓3 𝜕𝑓3
𝜕𝐶𝐴1𝑠𝑠 𝜕𝑇1𝑠𝑠 𝜕𝐶𝐴2𝑠𝑠 𝜕𝑇2𝑠𝑠 [ 𝑇2𝑠𝑠 ] 𝜕𝐹0 𝜕𝐹𝑐
𝜕𝑓4 𝜕𝑓4 𝜕𝑓4 𝜕𝑓4 𝜕𝑓4 𝜕𝑓4
[𝜕𝐶𝐴1𝑠𝑠 𝜕𝑇1𝑠𝑠 𝜕𝐶𝐴2𝑠𝑠 𝜕𝑇2𝑠𝑠 ] [𝜕𝐹0 𝜕𝐹𝑐 ]

Assim, tem-se que:

𝑑𝑥 𝑑𝐶𝐴1
(1) = = (q/V1)*(Caf-Ca1)-k0*exp(-E/R/T1)*Ca1
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑥 𝑑𝑇
(2) = = (q/V1)*(Tf-T1)+k0*exp(-E/R/T1)*Ca1*(-deltaH)/(ro*Cp)+
𝑑𝑡 𝑑𝑡

((roc*Cpc*qc)/(ro*Cp*V1))*(1-exp((-hA1)/(roc*Cpc*qc)))*(Tcf-T1)

𝑑𝑥 𝑑𝐶𝐴2
(3) = = (q/V2)*(Ca1-Ca2)-k0*exp(-E/R/T2)*Ca2
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑥 𝑑𝑇2
(4) = = (q/V2)*(T1-T2)+(k0*exp(-E/R/T2)*Ca2*(-deltaH))/(ro*Cp)+
𝑑𝑡 𝑑𝑡

((roc*Cpc*qc)/(ro*Cp*V2))*(1-exp((-hA2)/(qc*roc*Cpc)))*(T1-T2)+exp((-
hA1)/(qc*roc*Cpc))*(Tcf-T1)
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em um primeiro momento, simulou o modelo não-linear em estado dinâmico,


variando com o tempo, mantendo as condições padrões.

Figura 1 – Concentrações e Temperaturas nos reatores

Tabela 2 – Valores das concentrações e temperaturas no estado estacionário


Vazão 100
𝐶𝐴1 0.100007
𝑇1 438.542831
𝐶𝐴2 0.006520
𝑇2 447.689693

A análise dos gráficos presentes na Figura 1 permite avaliar a estabilidade do


sistema nas condições padrão. É possível perceber que as representações são bem
semelhantes tanto para o modelo linearizado (azul) quanto para o não-linearizado
(vermelho) em todos os sistemas (C1, C2, T1, T2). A estabilidade se dá nas concentrações
de 𝐶𝐴1 = 0,100007 𝑚𝑜𝑙/𝐿, 𝐶𝐴2 = 0,006520 𝑚𝑜𝑙/𝐿 e para as temperaturas em
𝑇1 = 438,542831 𝐾 e 𝑇2 = 447,689693 𝐾.
Os picos e vales do modelo linearizado mantem o mesmo delta de T e delta
mol/L para os tanques 1 e 2 mantendo uma constância com o tempo após as conversões
se estabilizarem. Com relação aos declínios nas concentrações negativas que aparecem
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nos gráficos, pode-se supor que se refira a concentração de saída do segundo reator de
indica que o processo de linearização realizado talvez não tenha sido adequado.
A fim de avaliar a influência da perturbação da variável q sobre a qualidade
do modelo linearizado, aumentou-se seu valor para 110 L/min e reduziu-o para 95 L/min
. Os resultados gráficos obtidos são apresentados na Figura 2.

Figura 2 – Concentrações e Temperaturas nos reatores para pertubações em q

Os valores no estado estacionário na saída dos dois reatores são apresentados


na Tabela 3, para cada valor de q.

Tabela 3 – Valores das concentrações e temperaturas no estado variando q


Vazão 110 95
𝐶𝐴1 0.081818 0.1126291
𝑇1 444.70686 435.02732
𝐶𝐴2 0.0046429 0.0079355
𝑇2 452.61384 445.0075

Nota-se pelos dados e gráficos que aumentar a vazão para 110 mol/L, o
comportamento do sistema não linearizado se aproxima mais ao do sistema linearizado,
representado pelas linhas pontilhada mais estáveis. Embora com alteração dos dados, o
tempo de estabilização se mantém próximo há 3 minutos.
Para a redução de q, tempo que ele se comporta com algumas oscilações e se
afasta do modelo linearizado. O tempo para atingir o estado estacionário não se mantém.
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E, conforme os dados dispostos na Tabela 3, para as vazões inferiores à vazão da condição


inicial fornecida, os valores das concentrações e temperaturas de saída de cada reator
apresentam considerável diferença ao atingirem o estado estacionário.
Ao variarmos a quantidade de fluido que passa na serpentina estamos
mexendo diretamente com a temperatura, que em contato com o retor altera também sua
temperatura interna e influencia sua eficiência de conversão. Neste caso, vemos que fluxo
baixo há uma demora para estabilização da temperatura interna ideal e também oscilações
nas saídas dos tanques, com tempos mais longos, demonstrando reações mais lentas e
conversões menos eficientes.
Realizamos também pequenas perturbações na varável Tcf em relação ao
modelo linearizado, aumentou-se seu valor para 400 K e reduziu-o para 300 K. Os
resultados gráficos obtidos são apresentados nas Figuras 3 e 4, a seguir.
Os valores para as concentrações e temperaturas de A no estado estacionário
na saída dos dois reatores são apresentados na Tabela 4, para cada valor de Tcf.

Tabela 4 – Valores das concentrações e temperaturas variando Tcf


Tcf 400 300
𝐶𝐴1 0.021952 0.996843
𝑇1 471.626667 324.898660
𝐶𝐴2 0.000440 0.992960
𝑇2 473.702049 325.1948330

Figura 3 – Gráficos obtidos para Tcf =400K


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Figura 4 – Gráficos obtidos para Tcf=300K

Pelos dados dispostos na Tabela 4 e pela análise do gráfico 3, é possível ver


que o aumento em Tcf não altera o comportamento gráfico das concentrações, já nas
temperaturas mantem um mesmo perfil, porem em valores de temperatura mais alta, como
se era esperado, e atinge o estado estacionário mais rapidamente, em torno de 1 minuto.
Pode-se entender que, mesmo com o aumento da temperatura, a reação
atingiu um ponto em que a temperatura não influencia mais na conversão, podendo ser
um equilíbrio ou uma limitação de reagente, logo a conversão mante sua constância bem
como a concentração. Para as temperaturas de saída, as trocas de calor ainda continuam
até que se atinja o equilíbrio.
Pela tabela de dados vemos que as concentrações de estado estacionário
aumentam à medida que se diminui o valor de Tcf, ao contrário das temperaturas de saída
dos reatores diminuem com a diminuição de Tcf. Pelo comportamento do gráfico na
Figura 4 temos dados inconclusivos sobre o tempo gasto para atingir o estado estacionário
dentro do tempo plotado, porém segue um padrão semelhante ao do estado estacionário
durante 8 min e em seguida tem uma subida exponencial.
Com esses dados é possível pressupor que a diminuição não favoreceu a
reação, e tampouco a formação de produtos, com uma saída de A em alta concentração
dos reatores 1 e 2, mostrando uma ineficiência.
Com as reações praticamente não ocorrendo, há pouca liberação de energia
para perturbação do sistema, assim, as oscilações de calor são mínimas e as temperaturas
se mantém baixas.
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5 CONCLUSÃO

Após as simulações, observou-se que a simplificação do modelo das equações


complexas do sistema resultou em uma boa correspondência com o comportamento real
nas condições iniciais especificadas, como indicado pelos valores próprios do sistema
inicial.
As perturbações aplicadas ao sistema causaram variações nos comportamentos de
CA1, T1, CA2 e T2 mas, apesar disso, todos os sistemas alcançaram um estado estável.
Notou-se que as perturbações com valores maiores se aproximaram ao modelo não linear,
enquanto as perturbações com menores valores eram menos estáveis e se afastaram do
modelo, uma vez que ambas afetam diretamente a temperatura da reação e,
consequentemente, a sua eficiência.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOGLER, H. Scott. Elementos de engenharia das reações químicas. Rio de Janeiro,


Brasil: 4a Edição; LTC Editora, 2002.

HANSELMAN, D. C.; KUO, B. C. MATLAB Tools for Control System Analysis and
Design. New Jersey: Prentice Hall, 1995.

LEONARD, N. E.; LEVINE, W. S. Using MATLAB to Analyze and Design Control


Systems. Califórnia: Addision Wesley, 1995.

ROSA, I. S. Analise dinâmica e de estabilidade de reatores tubulares de polimerização de


propeno de tipo loop. Tese (Doutorado em Engenharia Química), Universidade Federal
do Rio de Janeiro, 2013.

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