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Curso: Química

Disciplina: Operações Unitárias


Professor: Erlon Mendes

Reologia: Medindo a Viscosidade de Fluidos

1. Objetivos Específicos

Familiarizar o aluno com a caracterização reológica de fluidos newtonianos em regime de escoamento


laminar, neste caso, a medição da viscosidade cinemática e dinâmica de alguns fluidos.

2. Fundamentação Teórica

Fluidos são materiais que se deformam continuamente quando submetidos a uma tensão de
cisalhamento, sendo assim diferenciados dos sólidos, que são materiais que se deformam de um valor fixo
para uma dada tensão. Os fluidos nos quais a tensão é diretamente proporcional à taxa de deformação são
chamados de fluidos Newtonianos. A constante de proporcionalidade é uma propriedade do fluido,
denominada de viscosidade absoluta ou viscosidade dinâmica (µ).

Figura 1: Cisalhamento simples entre placas paralelas. O escoamento é unidirecional (laminar) em que uma lâmina de fluido desliza
paralelamente com relação à outra. A placa superior desloca-se com velocidade tangencial u e inferior é fixa. O escoamento se dá
em regime permanente e incompressível.

Portanto, a viscosidade de um líquido mede a resistência interna oferecida ao movimento relativo das
diferentes partes desse líquido (resistência ao fluxo). Para os fluidos newtonianos (ou lineares), como a água,
a glicerina e o óleo de soja, µ é uma constante que depende apenas das propriedades físicas do fluido,
independente da taxa de cisalhamento na qual é medido, numa dada temperatura. A razão entre a
viscosidade dinâmica e a massa específica ρ do fluido é denominada viscosidade cinemática (ν) ou coeficiente
de difusão molecular hidrodinâmico.
2.1. Viscosímetro Cannon-Fenske

O Cannon-Fenske é basicamente um tubo em U disposto na vertical, como mostra a Figura 2. De um


lado é formado por um tubo capilar e do outro é composto por um tubo de maior diâmetro. A medição da
viscosidade é feita através da medição do tempo que o fluido leva para escoar entre as marcas 1 e 2.

Figura 2: Esquema ilustrativo do aparato Cannon-Fenske. Aqui g é a aceleração da gravidade do local.

A diferença de pressão devido à altura h entre 1 e 2 (∆P) é igual a soma das pressões perdidas pelo
fluido devido a aceleração na entrada do tubo até ser atingido o perfil parabólico (∆P1) e as perdas por atrito
ao longo do capilar (∆P2). Assim:

e isolando a viscosidade cinemática temos:

Com A e B constantes. Para um intervalo de tempo ∆t suficientemente longo tal que A∆t ≫ B/∆t, o
termo proporcional ao inverso do intervalo de tempo pode ser desprezado em relação ao termo proporcional
a ∆t. Portanto a viscosidade cinemática é dada por:
A constante K é fornecida pelo fabricante, incluindo os intervalos da viscosidade cinemática associada
a cada numeração do viscosímetro Cannon-Fenske, ou ainda, pode ser determinada a partir de um fluido
com viscosidade conhecida, neste caso a água.

3. Materiais e Regentes

Viscosímetro Cannon-Fenske, picnômetro, cronômetro, termômetro, suporte e garra, pipetador,


balança semi-analítica, água destilada, óleo de soja,

4. Procedimentos

4.1. Determinação da constante K do viscosímetro

Para determinação da constante K do viscosímetro será utilizada a água como substância de referência
com massa específica e viscosidade conhecida.

Prender o viscosímetro no suporte com o ramo capilar na vertical e transferir um volume V conhecido
de água destilada (15 mL) e o introduza no ramo não capilar do aparelho.

Verificar se o líquido introduzido preencheu completamente a dilatação inferior do aparelho.

Com o pipetador, aspirar água até que a superfície líquida fique um pouco acima do traço de
referência.

Liberar o pipetador e deixar o líquido escoar.

Iniciar a contagem do tempo assim que a água atingiu o traço de referência.

A contagem do tempo deve ser interrompida quando o nível de água atingiu o segundo traço de
referência do viscosímetro.

Anotar esse tempo (∆t1).

Repetir o procedimento por mais quatro vezes (5 total).

Após três contagens de tempo, determinar o valor do tempo médio (∆tmédio).

Medir a temperatura da água com o auxílio do termômetro;


A partir da viscosidade cinemática (ν) da água conhecida na temperatura medida (ver tabela de
referência), determinar a constante K do viscosímetro a partir da equação:

𝑣 = 𝐾. ∆𝑡

Tabela 1: Viscosidade cinemática e massa específica de água em função da temperatura.

Massa Específica Viscosidade Cinemática


Temperatura (°C)
 (kg/m³) ν (m2/s) x 10-6
0 999,80 1,787
10 999,70 1,307
20 998,20 1,004
30 995,70 0,801
40 992,20 0,658

Unidades: m2/s = 1x104 cm2/s =1x104 stokes = 1x106 centistokes

4.2. Determinação da viscosidade cinemática (v)

De posse do valor da constante K do viscosímetro, determinar a viscosidade do fluido de interesse


(óleo de soja).

Determinar os tempos (∆t), repetindo o procedimento descrito no item anterior, porém agora
utilizando óleo de soja.

Calcular a viscosidade cinemática para cada tempo, utilizando o valor de K obtido no item 4.1.

𝑣 = 𝐾. ∆𝑡

4.3. Determinação da massa específica (ρ) do óleo de soja

Pesar o picnômetro vazio (m1).

Pesar o picnômetro repleto com o fluido em questão (óleo de soja e glicerina, um de cada vez), até
completar todo o volume da tampa do capilar (m2).

Encontrar a massa de fluido (m), realizando a diferença entre m2 – m1.


Calcular a massa específica (ρ), conhecendo o volume do picnômetro (V).

𝑚
𝜌=
𝑉
4.4. Calculando da viscosidade dinâmica (µ)

Calcular a viscosidade dinâmica (µ) do fluido, utilizando o valor da massa específica (ρ) obtido no item
4.1, conforme cada fluido utilizado.

𝜇
𝑣=
𝜌
2
Unidades: (µ) = N.s/m = 1 Pa.s = 10 Poise = 1000 cP = 1.000 milliPa.s

4.5. Calculando da média e desvio padrão

∑𝑁
𝑖=1 𝜇𝑖 ∑𝑁 ̅ )2
𝑖=1(𝜇𝑖 −𝜇
Viscosidade média: 𝜇̅ =
𝑁
Desvio padrão: 𝜎𝜇 = √ 𝑁

𝜎𝜇
Erro associado a medida: ∆𝜇 = Resultado: 𝜇 = 𝜇̅ ± ∆𝜇
√𝑁

5. Questionário

Confeccione o relatório da prática experimental, que deverá conter além de todo descritivo da prática,
os aspectos teóricos que estão envolvidos na determinação das propriedades reológicas de fluidos
newtonianos. Faça uma análise crítica dos resultados obtidos, discutindo e comparando os valores obtidos
com valores referenciados na literatura, apontando ainda hipóteses que justifiquem possíveis divergências
entre os valores encontrados e que possam ter levado a erros experimentais.

Referências bibliográficas

BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de transporte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, c2004. 838 p. ISBN 8521613938

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