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FENÔMENOS DE TRANSPORTE

Prof. Nataly Leidens


nataly@san.uri.br
REVISÃO DE GRANDEZAS E SISTEMA DE UNIDADES
Grandeza Símbolo Unidade SI
Massa m kg
Comprimento L m
T (K) = T (°C) + 273
Tempo t s
Temperatura T K
1 m3 = 1000 L
Área A m2
Volume V m3 g = 9,8 m/s2
Velocidade v m/s
Aceleração da gravidade g m/s 2 Unidades de pressão:
Força F N 1 bar = 1 atm =
Pressão P Pa 105 Pa = 760 mmHg = 760 torr
Energia E J
Potência W W
Vazão mássica kg/s PREFIXOS
Vazão volumétrica m 3/s
Massa específica ρ kg/m 3 μ = 10-6
Peso específico γ N/m 3 m = 10-3
Viscosidade μ kg/m.s c = 10-2
Condutividade térmica k W/m.K k = 103
Coeficiente convectivo de calor h W/m 2.K M = 106
MASSA ESPECÍFICA, DENSIDADE, GRAVIDADE ESPECÍFICA E PESO ESPECÍFICO

ρ = massa específica (kg/m3) 𝜌


d = densidade (adimensional) 𝜌= 𝑑 = 𝐺𝐸 = 3 𝛾 = 𝜌𝑔
GE = gravidade específica (adimensional) 𝜌𝐻2𝑂 = 1000 𝑘𝑔/
γ = peso específico (N/m3)
Exemplo: mercúrio (Hg)
ρ = 13600 kg/m3
d = GE = 13,6
γ = 133280 N/m3

TRANSFORMAÇÃO DE UNIDADES

𝐿 1 𝑖𝑛 1 3 3
• 50 L/min para m3/s: 50 . . = 0,001
𝑖𝑛 60 𝑠 1000 𝐿 𝑠
𝑐 1 ℎ 3 1 3 1000 𝐿 𝐿
• 720 cm3/h para L/s: 720 . . . = 0,0002
ℎ 3600 𝑠 1003 𝑐 3 1 3 𝑠
3 60 𝑖𝑛 1000 𝐿 𝐿
• 5 m3/min para L/h: 5 . . = 300000
𝑖𝑛 1 ℎ 1 3 ℎ
1) MECÂNICA DOS FLUIDOS E TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A mecânica dos fluidos estuda o comportamento de fluidos em repouso e em movimento.


• ESTÁTICA: fluidos em repouso. Ex.: manometria.
• DINÂMICA: fluidos em movimento. Ex.: escoamento de fluidos em tubulações.

A transferência de calor estuda as trocas de energia entre sólidos e fluidos devido às diferenças de
temperatura.

1.1) Conceitos Fundamentais


1.1.1) Definição de fluido

Fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de
cisalhamento.
𝐹𝑁
FN 𝜎= σ = tensão normal
F FN = força normal 𝐴
τ = tensão de cisalhamento
FT = força tangencial 𝐹𝑇
FT 𝜏= Unidade de tensão: N/m2
A 𝐴
Diferenças entre sólidos e fluidos
CARACTERÍSTICA SÓLIDOS FLUIDOS
Forma Forma específica Forma variável
(definida) (adaptam-se ao
recipiente)
Espaços Pequenos Grandes
intermoleculares
Forças intermoleculares Grande intensidade Pequena intensidade
Deformação Finita Contínua

Diferenças entre líquidos e gases


Líquidos: o mesmo volume em qualquer recipiente.
Gases: ocupam todo o volume do recipiente.

Resumindo...
Sólidos: forma e volume definidos
Líquidos: volume definido e forma variável
Gases: forma e volume variáveis
1.1.2) Lei da viscosidade de Newton

A taxa de deformação de um fluido é linearmente proporcional à tensão de cisalhamento aplicada.


τ = tensão de cisalhamento
𝑑𝑣 dv/dy = taxa de deformação
𝜏=𝜇 μ = viscosidade
𝑑𝑦

Viscosidade: é a medida quantitativa da resistência de um fluido ao escoamento.

μar < μágua < μóleo


Líquidos: ↑ T ↓ μ
Gases: ↑ T ↑ μ

FLUIDOS NEWTONIANOS: seguem a lei da viscosidade de Newton. A viscosidade não varia com
a tensão de cisalhamento aplicada. Exemplos: a maioria dos fluidos (ar, água, óleo, glicerina).

FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS: não seguem a lei da viscosidade de Newton. A viscosidade


varia a tensão de cisalhamento aplicada.
Dilatante: a viscosidade aumenta com o aumento da
tensão aplicada. Ex.: solução de amido, solução de
areia.

Pseudoplástico: a viscosidade diminui com o aumento


da tensão aplicada. Ex.: tinta.

Plástico de Bingham: após a aplicação de uma tensão,


se comportam como fluido Newtoniano. Ex.: pasta de
dente.
1.1.3) Descrição e classificação do movimento de fluidos

• Não viscoso: os efeitos da viscosidade são desprezíveis.


• Viscoso: os efeitos da viscosidade não são desprezíveis. Escoamento com atrito e perda de carga.

• Incompressível: a variação da massa específica é desprezível. Ex.: líquidos.


• Compressível: a variação da massa específica não é desprezível. Ex.: gases.

• Interno: o fluido está inteiramente delimitado por uma superfície. Ex.: escoamento em uma tubulação.
• Externo: o fluido está parcialmente delimitado por uma superfície. Ex.: escoamento sobre parede.

• Estacionário/permanente: as propriedades do fluido não variam com o tempo. ∂/∂t = 0.


• Não estacionário/transiente: as propriedades do fluido variam com o tempo. ∂/∂t ≠ 0.

• Laminar: a estrutura do escoamento é caracterizada pelo movimento suave em lâminas ou camadas.


Escoamento ordenado do fluido.
• Turbulento: a estrutura do escoamento é caracterizada por movimentos tridimensionais aleatórios de
partículas fluidas. Movimento desordenado do fluido.

• Natural: o movimento do fluido é devido a meios naturais (diferenças de massa específica).


• Forçado: o fluido escoa por meios externos como uma bomba ou um compressor.
1.2) Estática dos Fluidos

Estudo das forças que atuam em um fluido em repouso.

• Força gravitacional

𝑊= .𝑔 = 𝜌 𝑔
• Força de pressão

Pressão é definida como uma força normal exercida por um fluido por unidade de área (σ – pressão).

Pabs = pressão absoluta


Pman = pressão manométrica
Patm = pressão atmosférica

𝑃𝑎𝑏𝑠 = 𝑃𝑚𝑎𝑛 + 𝑃𝑎𝑡𝑚


1.2.1) Equação básica da estática dos fluidos

ΣF = força gravitacional + forças de pressão


Balanço de forças que atuam no elemento de fluido:

DIREÇÃO x:

𝜕𝑃 𝜕𝑃
𝑃𝑑𝑦𝑑𝑧 − 𝑃 + 𝑑𝑥 𝑑𝑦𝑑𝑧 = 0 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑥

DIREÇÃO y:
𝜕𝑃 𝜕𝑃
𝑃𝑑𝑥𝑑𝑧 − 𝑃 + 𝑑𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑧 = 0 =0
𝜕𝑦 𝜕𝑦

DIREÇÃO z:

𝜕𝑃 𝜕𝑃
𝑃𝑑𝑥𝑑𝑦 − 𝑃 + 𝑑𝑧 𝑑𝑥𝑑𝑦 − 𝜌𝑔𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = 0 = −𝜌𝑔
𝜕𝑧 𝜕𝑧
A variação da pressão em um fluido estático está
relacionada com a altura (direção z).
Aplicação da equação da estática dos fluidos para o fluido de massa específica ρ contido no recipiente
abaixo.

Tomando dois pontos para descrever as condições de contorno, ou seja: no ponto 1, onde a altura é
z1, a pressão é P1; e no ponto 2, onde a altura é z2, a pressão é P2.

𝑑𝑃 Equação diferencial do tipo variáveis separáveis.


= −𝜌𝑔 A pressão do fluido depende da altura z (P =
𝑑𝑧
P2 f(z)). Massa específica e gravidade são
constantes.
z2 𝑃2 𝑧2
P1 𝑑𝑃 = −𝜌𝑔 𝑑𝑧 𝑃2 − 𝑃1 = −𝜌𝑔(𝑧2 − 𝑧1
z1
𝑃1 𝑧1

𝑃2 = 𝑃1 − 𝜌𝑔(𝑧2 − 𝑧1 (z2 – z1) é a diferença de altura entre o ponto 1 e o ponto 2.


Quanto mais ao fundo, maior a pressão. Ou seja, a pressão
𝑃1 = 𝑃2 + 𝜌𝑔(𝑧2 − 𝑧1 no ponto 1 é maior do que a pressão no ponto 2.
1.2.2) Regras gerais da hidrostática

Considere o recipiente abaixo contendo dois fluidos estáticos (azul e cinza) com massas específicas
diferentes.

Avaliar qualitativamente as pressões nos diferentes pontos do recipiente.

P2 = P3 (mesma altura e mesmo fluido)

P3 = P4 (mesma altura e mesmo fluido)

P6 = P8 (mesma altura e mesmo fluido)

P1 ≠ P8 (alturas diferentes)

P2 ≠ P6 (alturas diferentes)

P4 ≠ P5 (fluidos diferentes)

P5 ≠ P9 (fluidos e alturas diferentes)


Considere o recipiente abaixo contendo uma certa altura h de óleo, água, glicerina e mercúrio. A
pressão no topo do tanque (P1) é conhecida. Escrever as expressões que descrevem as pressões nos
diferentes pontos do recipiente em comparação com P1.

P1 = conhecida
hO ÓLEO (ρO)

𝑃2 = 𝑃1 + 𝜌𝑜 𝑔ℎ𝑂
hA
ÁGUA (ρA)

𝑃3 = 𝑃1 + 𝜌𝑜 𝑔ℎ𝑂 + 𝜌𝐴 𝑔ℎ𝐴
hG GLICERINA (ρG)

𝑃4 = 𝑃1 + 𝜌𝑜 𝑔ℎ𝑂 + 𝜌𝐴 𝑔ℎ𝐴 + 𝜌𝐺 𝑔ℎ𝐺


hM MERCÚRIO (ρM)

𝑃5 = 𝑃1 + 𝜌𝑜 𝑔ℎ𝑂 + 𝜌𝐴 𝑔ℎ𝐴 + 𝜌𝐺 𝑔ℎ𝐺 + 𝜌𝑀 𝑔ℎ𝑀


1.2.3) Barometria e Manometria

BARÔMETRO: medidor de pressão atmosférica. É medida pela inversão de um tubo cheio de


mercúrio (Hg) em um recipiente com mercúrio aberto para a atmosfera.

PB = Patm

PC = Pressão de vapor do mercúrio = 0,16 Pa (desprezível)


C

𝑃𝐵 = 𝑃𝐶 + 𝜌𝑔ℎ
h
𝑃𝑎𝑡𝑚 = 𝜌𝑔ℎ
B
MANÔMETRO: dispositivo de medida de pressão, baseado no princípio que uma coluna de fluido
pode ser usada para medir diferenças de pressão. Consiste em um tubo em forma de U, contendo um
ou mais fluidos.
Para determinar a pressão no tanque A, que contém o fluido com massa específica ρA, foi acoplado
um manômetro. Esse manômetro contém o fluido com massa específica ρA e o fluido com massa
específica ρB. Qual é a pressão no tanque A?

• Marcar os pontos onde há troca de fluido.


• No ponto 2, o manômetro está aberto para a atmosfera. Então,
neste ponto a pressão é igual a pressão atmosférica.

Substituindo a equação (2) na


𝑃𝐴 = 𝑃1 − 𝜌𝐴 𝑔ℎ1 (1)
equação (1).

𝑃1 = 𝑃2 + 𝜌𝐵 𝑔ℎ2 (2) 𝑃𝐴 = 𝑃2 + 𝜌𝐵 𝑔ℎ2 − 𝜌𝐴 𝑔ℎ1

𝑃2 = 𝑃𝑎𝑡𝑚

𝑃𝐴 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝜌𝐵 𝑔ℎ2 − 𝜌𝐴 𝑔ℎ1


1.2.4) Forças hidrostáticas sobre superfícies submersas
Dada uma superfície submersa em um fluido de massa específica ρ, qual é a força resultante que este
fluido exerce sobre a superfície e qual é o seu ponto de aplicação (centro de pressão)?

CG = centro de gravidade da superfície


hCG = altura entre a superfície de líquido e o CG da superfície

𝑃 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝜌𝑔ℎ𝐶𝐺

𝑃 = 𝜌𝑔ℎ𝐶𝐺
Substituir o campo de forças de pressão por uma força resultante:

𝐹𝑅 = 𝑃. 𝐴 𝐹𝑅 = 𝜌𝑔ℎ𝐶𝐺 𝐴 A = área da superfície (perpendicular ao vetor força)

Para uma superfície inclinada com um ângulo θ:

hCG
yCG

ℎ𝐶𝐺
𝐹𝑅 = 𝜌𝑔ℎ𝐶𝐺 𝐴 sen 𝜃 = ℎ𝐶𝐺 = 𝑦𝐶𝐺 sen 𝜃
𝑦𝐶𝐺
Ponto de aplicação (centro de pressão) da força resultante (yP)

CG = centro de gravidade
CP = centro de pressão I = momento de inércia (m4)

𝑎3 𝑏
𝐼=
12
yP CG yP a
CG CP 𝐴 = 𝑎. 𝑏

b
CP
𝜋𝑟 4
r 𝐼=
4
𝐼
𝑦𝑃 = 𝑦𝐶𝐺 + 𝜋 2
𝑦𝐶𝐺 𝐴 𝐴= 𝜋𝑟 2 = 𝐷
4
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS

→ Calcular as vazões e velocidades envolvidas em um escoamento.

• Lei da conservação da massa: Equação da continuidade

• Lei da conservação da energia: Equação de Bernoulli


1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS

Vazão volumétrica Vazão mássica

Unidade = volume/tempo Unidade = massa/tempo

𝑉 = 𝑣. 𝐴 𝑚 = 𝜌. 𝑣. 𝐴

𝑣 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜

𝐴 = á𝑟𝑒𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑝𝑒𝑛𝑑𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑎𝑜 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

𝑣 𝜋 2
𝐷 𝐴= 𝐷
4
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS
1.3.1) Equação da continuidade
A equação da continuidade vem da lei da conservação da massa.

O princípio do escoamento de massa para um volume de controle pode ser expresso como:

“A transferência total de massa para dentro e/ou para fora de um volume de controle durante um
intervalo de tempo t é igual à variação total (aumento ou diminuição) da massa dentro do volume de
controle durante t.”
𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
𝑑𝑚
𝑑𝑚 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜
𝑑𝑡
= 𝑚− 𝑚
𝑑𝑡
𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑠𝑎í𝑑𝑎

𝑚𝑠𝑎í𝑑𝑎
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS
1.3.1) Equação da continuidade
Escoamento em estado estacionário Escoamento incompressível em estado estacionário

𝑑𝑚 𝑚= 𝑚 𝑉= 𝑉
=0
𝑑𝑡 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑠𝑎í𝑑𝑎

v2 𝑑𝑚
= 𝑚1 − 𝑚2 − 𝑚3
D2 𝑑𝑡
Escoamento em estado estacionário

𝑚1 = 𝑚2 + 𝑚3 𝜌1 𝑣1 𝐴1 = 𝜌2 𝑣2 𝐴2 + 𝜌3 𝑣3 𝐴3
v1
D1
Escoamento incompressível em estado estacionário
v3
D3
𝑉1 = 𝑉2 + 𝑉3 𝑣1 𝐴1 = 𝑣2 𝐴2 + 𝑣3 𝐴3
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS
1.3.2) Equação de Bernoulli
Equação da conservação da energia.

Descreve o comportamento de um fluido que se move através de um tubo/duto.

A energia mecânica permanece constante ao longo de uma tubulação, podendo apenas ocorrer
transformação de uma modalidade de energia.

A energia presente em um fluido em escoamento pode ser separada em três parcelas:

• Energia de pressão: corresponde ao trabalho potencial das forças de pressão que atuam no
escoamento do fluido.

• Energia cinética: é o estado de energia determinado pelo movimento do fluido.

• Energia potencial: é o estado de energia do sistema devido a sua posição no campo de gravidade
em relação a um plano horizontal de referência.
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS
1.3.2) Equação de Bernoulli

𝜌𝑣 2
𝑃+ + 𝜌𝑔𝑧 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2

𝑃1 𝑣1 2 𝑃2 𝑣2 2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔

Relação entre as velocidades nos pontos 1 e 2:


EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
EQUAÇÃO DE BERNOULLI
𝑣1 𝐴1 = 𝑣2 𝐴2
1.3) ESCOAMENTO DE FLUIDOS
1.3.2) Equação de Bernoulli
Aplicada para escoamento de fluidos nas seguintes condições:

• Escoamento sem trocas de calor


• Escoamento em estado estacionário
• Fluido incompressível
• Fluido não viscoso, ou seja, aquele que não apresenta dissipação de energia ao longo do
escoamento
• Escoamento sem presença de máquina hidráulica, ou seja, sem a presença de um dispositivo que
forneça ou retire energia de um fluido
• Escoamento ao longo de uma linha de corrente (uma entrada e uma saída)

A equação de Bernoulli relaciona a pressão, a velocidade e a elevação de um fluido. Para um fluido


incompressível e não viscoso, um aumento na velocidade do fluido ocorre com diminuição da pressão
ou diminuição da energia potencial.
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Transferência de calor é a energia térmica em trânsito devido a uma diferença de temperatura.

FORÇA MOTRIZ = GRADIENTE (DIFERENÇA) DE TEMPERATURA


Toda vez que houver diferença de temperatura em um meio ocorrerá transferência de calor da região
de maior temperatura para a de menor temperatura.

O objetivos do estudo da transferência de calor é determinar as taxas nas quais o calor é transferido
e/ou as temperaturas no sistema em questão.

Aplicações: sistemas de ar condicionado, aquecimento, refrigeração.


CALOR

T1 T2 T1 > T2
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.1) Mecanismos de transferência de calor
1) DIFUSÃO (CONDUÇÃO)

É o mecanismo de transferência molecular que ocorre em sólidos ou em sólidos e fluidos parados.

x
T1 > T2 LEI DE FOURIER

𝑑𝑇 𝑇2 − 𝑇1 𝑑𝑇 𝑇2 − 𝑇1
qCONDUÇÃO 𝑞 = −𝑘𝐴 = −𝑘𝐴 𝑞" = −𝑘 = −𝑘
𝑑𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿
T1 q = taxa de calor (W) 𝑑𝑇
q” = fluxo de calor (W/m )
2 = gradiente de temperatura
T2 𝑑𝑥
A = área de troca térmica (m2)
L = espessura do sólido (m)
k = condutividade térmica do sólido (W/m.K)
k

L
Condutividade térmica (k): é a propriedade do meio que mede sua capacidade de conduzir calor.
Bons condutores térmicos: metais e cristais puros.
Maus condutores térmicos: borracha, madeira, isopor.
ksólidos > klíquidos > kgases O sinal do fluxo de calor é positivo se
ele tem o mesmo sentido do eixo e
x x
negativo se ele tem sinal contrário.

A diferença de temperatura é sempre


qCOND qCOND feita no sentido do eixo.
30 °C 20 °C

20 °C 30 °C

COBRE COBRE
k = 401 W/m.K k = 401 W/m.K

1m 1m
20 − 30 30 − 20
𝑞" = −401. = 4010 𝑊 𝑚2 𝑞" = −401. = −4010 𝑊 𝑚2
1 1
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.1) Mecanismos de transferência de calor
2) CONVECÇÃO

É o mecanismo que envolve a troca de calor entre um fluido em movimento e uma superfície sólida.

Fluido em movimento
LEI DE RESFRIAMENTO DE NEWTON
T∞
h 𝑞 = ℎ𝐴 𝑇𝑆 − 𝑇∞ 𝑞" = ℎ 𝑇𝑆 − 𝑇∞
qCONVECÇÃO
q = taxa de calor (W)
TS q” = fluxo de calor (W/m2)
A = área de troca térmica (m2)
Ts = temperatura do sólido
Ts > T∞ T∞ = temperatura do fluido
h = coeficiente convectivo de transferência de calor (W/m2.K) →
parâmetro experimental ou obtido através de correlações que depende
da geometria da superfície, das propriedades e da velocidade do fluido.
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.1) Mecanismos de transferência de calor
3) RADIAÇÃO

É o mecanismo de transferência de calor que envolve a emissão de ondas eletromagnéticas.


Como as ondas se propagam no vácuo, não é necessário que haja contato entre os corpos para haver
transferência de calor.

𝑞 = 𝜀𝜎𝐴 𝑇𝑆 4 − 𝑇𝑉𝐼𝑍 4 𝑞" = 𝜀𝜎 𝑇𝑆 4 − 𝑇𝑉𝐼𝑍 4


Tviz

qRADIAÇÃO q = taxa de calor (W)


q” = fluxo de calor (W/m2)
TS A = área de troca térmica (m2)
Ts = temperatura absoluta do sólido (K)
TVIZ = temperatura absoluta das vizinhanças (K)
σ = constante de Stefan-Boltzmann (σ = 5,67.10-8 W/m2.K4)
Ts > Tviz ε = emissividade da superfície (0 < ε < 1)
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.1) Mecanismos de transferência de calor
• MECANISMO COMBINADO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

qCONVECÇÃO
qRADIAÇÃO
Tviz

Fluido em movimento

T∞ 𝑞" 𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = 𝑞"𝑅𝐴𝐷𝐼𝐴ÇÃ𝑂 + 𝑞"𝐶𝑂𝑁𝑉𝐸𝐶ÇÃ𝑂


Ts > T∞
h
TS Ts > Tviz 𝑞" 𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 = 𝜀𝜎 𝑇𝑆 4 − 𝑇𝑉𝐼𝑍 4 + ℎ 𝑇𝑆 − 𝑇∞
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.1) Mecanismos de transferência de calor
• MECANISMO COMBINADO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
qCONV
T1 > T2
qCOND
Tviz T2 > T∞ qRAD
T2 > Tviz

Fluido em movimento
T1
𝑞"𝐶𝑂𝑁𝐷𝑈ÇÃ𝑂 = 𝑞"𝑅𝐴𝐷𝐼𝐴ÇÃ𝑂 + 𝑞"𝐶𝑂𝑁𝑉𝐸𝐶ÇÃ𝑂
T2 T∞
h
𝑇2 − 𝑇1
−𝑘 = 𝜀𝜎 𝑇2 4 − 𝑇𝑉𝐼𝑍 4 + ℎ 𝑇2 − 𝑇∞
k 𝐿

L
1.4) FUNDAMENTOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
1.4.2) Teoria das resistências térmicas
Resistência térmica: é definida como sendo a razão entre a força motriz do processo de transferência
de calor e a taxa de transferência de calor.

RESISTÊNCIA TÉRMICA À CONDUÇÃO RESISTÊNCIA TÉRMICA À CONVECÇÃO


x
T1 > T2 T∞ Ts > T∞
𝑇1 − 𝑇2
𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷𝑈ÇÃ𝑂 = h
𝑇 −𝑇
−𝑘𝐴 2 𝐿 1 TS
qCONDUÇÃO

T1

T2
𝑇𝑆 − 𝑇∞
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉𝐸𝐶ÇÃ𝑂 =
ℎ𝐴 𝑇𝑆 − 𝑇∞
k 𝐿
𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷𝑈ÇÃ𝑂 =
𝑘𝐴 1
L 𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉𝐸𝐶ÇÃ𝑂 =
ℎ𝐴
Para determinar a taxa de calor e as temperaturas em um sólido de geometria plana composto por
diversos materiais e em contato com um fluido, usa-se a teoria das resistências térmicas.
∆𝑇
𝑞=
𝑅
Seja uma parede em contato com um fluido quente e um
fluido frio.

Podem ser utilizada a diferença entre quaisquer


duas temperaturas conhecidas dividido pelo
FLUIDO
somatório das resistências localizadas entre as
FRIO
FLUIDO duas temperaturas.
QUENTE

𝑇∞1 − 𝑇∞2
𝑞=
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉1 + 𝑅𝑃𝐴𝑅𝐸𝐷𝐸 + 𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉2
𝑇1 − 𝑇∞2 𝑇∞1 − 𝑇2
= =
𝑅𝑃𝐴𝑅𝐸𝐷𝐸 + 𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉2 𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉1 + 𝑅𝑃𝐴𝑅𝐸𝐷𝐸
Seja uma parede composta por dois materiais, com condutividade térmica k1 e k2. A taxa de calor q através do
sistema pode ser escrita como:
∆𝑇
𝑞=
𝑅

𝑇∞1 − 𝑇∞2 𝑇1 − 𝑇∞2


𝑞= =
1 𝐿 𝐿 1 𝐿1 𝐿 1
FLUIDO + 1 + 2 + + 2 +
ℎ1 𝐴 𝑘1 𝐴 𝑘2 𝐴 ℎ2 𝐴 𝑘1 𝐴 𝑘2 𝐴 ℎ2 𝐴
FRIO 𝑇∞1 − 𝑇3 𝑇1 − 𝑇3
FLUIDO = =
1 𝐿1 𝐿2 𝐿1 𝐿
+ + + 2
QUENTE ℎ1 𝐴 𝑘1 𝐴 𝑘2 𝐴 𝑘1 𝐴 𝑘2 𝐴

Se a área de troca térmica não é conhecida,


considerar área unitária (A = 1 m2). Assim,
será calculado o fluxo de calor ao invés da
taxa de calor.
2) TERMODINÂMICA

A termodinâmica é a ciência que estuda as trocas de energia que ocorrem entre o sistema e as
vizinhanças durante uma mudança de estado deste sistema.

 Tabelas de propriedades termodinâmicas para substâncias puras


 Equação de estado para um gás ideal
 Primeira lei da termodinâmica
 Processos termodinâmicos
 Segunda lei da termodinâmica

2.1) Propriedades de substâncias puras

SUBSTÂNCIA PURA: uma substância pura é aquela que tem composição química invariável e homogênea.
Pode existir em mais de uma fase, mas a composição química é a mesma em todas as fases.

Ex.: ar (21% de O2 + 79% de N2) – não é substância pura; água líquida + gelo – substância pura (duas fases)

SISTEMA: se refere a uma certa porção de matéria incluída em alguma superfície fechada chamada fronteira
do sistema. A fronteira não é necessariamente fixa. Tudo que é externo ao sistema é denominado
vizinhanças.

PROPRIEDADES: determinam o estado do sistema.

 Propriedade intensiva: é independente da quantidade de matéria presente. Ex.: temperatura,


pressão e qualquer variável específica.
 Propriedade extensiva: depende da massa presente. Ex.: volume, número de mols.

PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS: temperatura (T), pressão (P), volume específico (v – m3/kg), energia
interna específica (u – J/kg), entalpia específica (h – J/kg), entropia específica (s – J/kg.K).

VOLUME ESPECÍFICO (v): razão entre o volume e a massa da substância.

𝑉
𝑣=
𝑀

ESTADO: definido como um conjunto de propriedades de um sistema.

FASE: é definida como uma quantidade de matéria totalmente homogênea. Líquido comprimido (LC), líquido
saturado (LS), mistura líquido saturado-vapor saturado (L-V), vapor saturado (VS), vapor superaquecido
(VSA).

PROCESSO E CICLO: mudança de estado ocorre quando pelo menos uma propriedade de um sistema é
alterada. O caminho definido pela sucessão de estados que o sistema percorre é chamado processo. Quando
um sistema, em um dado estado inicial, passa por certo número de mudanças de estado, ou processos, e
finalmente retorna ao estado inicial, o sistema realiza um ciclo.

VARIÁVEL DE ESTADO: o valor depende somente do estado do sistema (condição inicial e condição final).
Ex.: energia interna, entalpia.

VARIÁVEL DE CAMINHO: o valor depende de como o processo ocorre. Ex.: trabalho, calor.

SUPERFÍCIE P (pressão) – v (volume específico) – T (temperatura)

Considere um sistema com certa quantidade de água líquida no pistão-cilindro. Com o aquecimento da água
e mantendo a pressão constante, a temperatura aumenta e o volume aumenta ligeiramente. Quando T =
99,6 °C, uma transferência adicional de calor resulta em uma mudança de fase, com formação de alguma
quantidade de vapor. Mais aquecimento gera mais vapor e aumento do volume até a última gota de líquido
vaporizar.

A temperatura de saturação é a temperatura em que ocorre a vaporização a uma dada pressão.

Líquido saturado: é o que está em temperatura igual à de saturação na pressão que está submetido.

Vapor saturado: é o vapor acompanhado de gotículas de água em suspensão na temperatura e pressão de


saturação.

Líquido comprimido: é o que, em determinada pressão, está em temperatura inferior à de saturação


correspondente a esta pressão.

Vapor superaquecido: é o que, em determinada pressão, está a uma temperatura superior à de saturação.
T < TSAT: líquido comprimido
T > TSAT: vapor superaquecido
P > PSAT: líquido comprimido
P < PSAT: vapor superaquecido

Se o experimento for repetido para diferentes pressões, tem-se uma temperatura de saturação diferente.

Vapor: pode ser condensado por resfriamento ou compressão.

Gás: pode ser condensado apenas por resfriamento.

Ponto triplo: ponto em que as curvas se encontram; combinação em que as três fases podem coexistir.

Ponto crítico: a partir deste ponto não existe distinção entre líquido e vapor.

Repetindo o experimento, mas medindo o volume total de água, que, junto com sua massa, fornece a
propriedade volume específico. Aquecendo a água, a temperatura aumenta e o volume se expande. Indo de
A para B, a pressão é constante. Chegando ao estado B, tem-se água líquida = líquido saturado. Um
aquecimento adicional aumenta o volume a temperatura constante, produzindo mais vapor, alcançando o
ponto C, denominado vapor saturado. Um aquecimento adicional produzirá vapor a temperaturas superiores,
em um estado denominado vapor superaquecido.
2.2) Tabelas de propriedades termodinâmicas

Tabelas que relacionam as propriedades termodinâmicas P, T, v, u, h, s para as substâncias puras


mais frequentemente utilizadas (água, amônia, dióxido de carbono, nitrogênio, metano, R-410A, R-134A).

ESTADOS BIFÁSICOS

Título (x): é definido como a razão entre a massa de vapor contido na mistura líquido-vapor e a massa da
mistura.
𝑚𝑉
𝑥=
𝑚
𝑚 = 𝑚𝐿 + 𝑚𝑉

𝑉 = 𝑉𝐿 + 𝑉𝑉

𝑉 = 𝑚𝐿 𝑣𝐿 + 𝑚𝑉 𝑣𝑉

𝑚𝐿 𝑣𝐿 + 𝑚𝑉 𝑣𝑉 (𝑚 − 𝑚𝑉 )𝑣𝐿 + 𝑚𝑉 𝑣𝑉
𝑣= = = (1 − 𝑥)𝑣𝐿 + 𝑥𝑣𝑉
𝑚 𝑚

𝑣 = 𝑣𝐿 − 𝑥𝑣𝐿 + 𝑥𝑣𝑉

𝑣 − 𝑣𝐿 = 𝑥(𝑣𝑉 − 𝑣𝐿 )

𝑣 − 𝑣𝐿
𝑥=
𝑣𝑉 − 𝑣𝐿
2.3) Equação dos gases ideais e fator de compressibilidade

Gás ideal: partículas sem atração ou repulsão entre si.

Equação de estado do gás ideal: relaciona as propriedades termodinâmicas pressão, temperatura e


volume.

𝑷𝑽 = 𝒏𝑹𝑻

P = pressão; T = temperatura (K); V = volume; n = número de mols

R = 0,082 atm.L/(mol.K) (P – atm; V – L)

R = 8,314 J/(mol.K) (P – Pa; V – m3)

𝑉
𝑃 = 𝑅𝑇
𝑛

̃ = 𝑹𝑻
𝑷𝒗

𝑣̃ = volume molar (m3/mol)

𝑚
𝑛=
𝑀

M = massa molar da substância (kg/mol)

𝑚
𝑃𝑉 = 𝑅𝑇
𝑀

𝑉 𝑅𝑇
𝑃 =
𝑚 𝑀

𝑹𝑻
𝑷𝒗 =
𝑴
v = volume específico (m3/kg)

̃
𝒗
𝒗=
𝑴
FATOR DE COMPRESSIBILIDADE (Z)

Medida do desvio com relação ao comportamento de gás ideal

Para gás ideal: Z = 1

𝑣̃𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑣̃𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑍= =
𝑣̃𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑅𝑇 ⁄𝑃
̃
𝑷𝒗
𝒁=
𝑹𝑻

𝑷𝒗𝑴
𝒁=
𝑹𝑻
Os valores do fator de compressibilidade Z são determinados por tabelas a partir da pressão reduzida e
da temperatura reduzida da substância.

𝑷
𝑷𝑹 =
𝑷𝑪

𝑻
𝑻𝑹 =
𝑻𝑪

PR = pressão reduzida
TR = temperatura reduzida
PC = pressão crítica
TC = temperatura crítica
2.4) Primeira Lei da Termodinâmica

PROCESSO E CICLO: mudança de estado ocorre quando pelo menos uma propriedade de um
sistema é alterada. O caminho definido pela sucessão de estados que o sistema percorre é chamado
processo. Quando um sistema, em um dado estado inicial, passa por certo número de mudanças de
estado, ou processos, e finalmente retorna ao estado inicial, o sistema realiza um ciclo.

VARIÁVEL DE ESTADO: o valor depende somente do estado do sistema (condição inicial e condição
final). Ex.: energia interna, entalpia. (Diferencial exata – d).

VARIÁVEL DE CAMINHO: o valor depende de como o processo ocorre. Ex.: trabalho, calor.
(Diferencial inexata – δ).

MUDANÇA DE PROPRIEDADE = TROCAS DE ENERGIA


TRABALHO (W): é definido como uma força F agindo através de um deslocamento dL. O trabalho
realizado por um sistema é positivo (expansão) e o trabalho realizado sobre um sistema é negativo
(compressão).

Considere o gás contido em um cilindro com êmbolo. Ao retirar um dos pesos, o êmbolo se desloca
para cima, percorrendo uma distância dL.

Unidade de trabalho: J

𝛿𝑊 = 𝐹. 𝑑𝐿 2

𝛿𝑊 = 𝑃. 𝑑𝑉 𝑊 = 𝑃∆𝑉
1𝑊2 = 𝑃𝑑𝑉
𝛿𝑊 = 𝑃. 𝐴. 𝑑𝐿
1
Para determinar o trabalho envolvido em um processo, é necessário conhecer a relação P-V, na forma
de uma equação ou um gráfico. O trabalho corresponde à área debaixo da curva.

O processo poderia ter ocorrido por outros caminhos diferentes. Existem “n” caminhos para ir de 1 a 2.
Como o trabalho é a área debaixo da curva, percebe-se que diferentes caminhos resultarão em
diferentes quantidades de trabalho. Desta forma, o trabalho não é somente uma função dos estados
final e inicial, mas também uma função de caminho. Assim, o trabalho é uma variável de caminho.
CALOR (Q): definido como sendo a forma de transferência de energia através da fronteira de um
sistema, em uma dada temperatura, a um outro sistema, que apresenta uma temperatura inferior.

Considera-se positivo o calor transferido para um sistema (aquecimento) e negativo o calor transferido
de um sistema (resfriamento).

Assim como o trabalho, o calor é uma função de caminho.

1𝑄2 = 𝛿𝑄
1

Unidade de calor: J

O calor e o trabalho são fenômenos transitórios. Os sistemas nunca possuem calor ou trabalho, porém
ambos podem atravessar a fronteira do sistema quando este sofre uma mudança de estado.
ENUNCIADO DA PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

A primeira lei estabelece que, para um sistema que percorre um ciclo, a integral cíclica do trabalho é
igual à integral cíclica do calor.

𝛿𝑄 = 𝛿𝑊

Considere o sistema que percorre um ciclo, mudando do estado 1


para o estado 2 pelo processo A e voltando do estado 2 para o
estado 1 pelo processo B. 2 1 2 1

𝛿𝑄𝐴 + 𝛿𝑄𝐵 = 𝛿𝑊𝐴 + 𝛿𝑊𝐵


1 2 1 2

Considerando um outro ciclo, com o sistema mudando do estado 1


para o estado 2 pelo caminho C e voltando ao estado 1 pelo
caminho B.
2 1 2 1

𝛿𝑄𝐶 + 𝛿𝑄𝐵 = 𝛿𝑊𝐶 + 𝛿𝑊𝐵


1 2 1 2
Subtraindo as equações:

2 2 2 2 2 2

𝛿𝑄𝐴 − 𝛿𝑄𝐶 = 𝛿𝑊𝐴 − 𝛿𝑊𝐶 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 𝐴 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 𝐶


1 1 1 1 1 1

Como A e C representam processos arbitrários entre os estados 1 e 2, conclui-se que a quantidade


(δQ – δW) é a mesma para todos os processos entre os estados 1 e 2.

(δQ – δW) depende somente dos estados inicial e final, portanto é uma variável de estado. Esta
variável é a energia interna.

𝑑𝑈 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊
ENERGIA INTERNA (U): é uma propriedade termodinâmica proveniente da soma das energias
cinéticas de translocação dos átomos. Unidade: J.

A energia de um sistema é constante. A variação de energia de um sistema é igual à energia


transferida de ou para este sistema na forma de calor ou trabalho. Quando a energia desaparece em
uma forma, ela reaparece simultaneamente em outras formas.
ENTALPIA (H): é uma variável de estado e uma propriedade termodinâmica que corresponde à
energia total de um sistema termodinâmico que pode ser removida na forma de calor. Unidade: J.

𝑑𝑈 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 𝑈2 − 𝑈1 = 1𝑄2 − 1𝑊2
2

1𝑊2 = 𝑃𝑑𝑉 = 𝑃 𝑉2 − 𝑉1 𝑈2 − 𝑈1 = 1𝑄2 − 𝑃 𝑉2 − 𝑉1 𝑈2 − 𝑈1 = 1𝑄2 − 𝑃𝑉2 + 𝑃𝑉1


1

1𝑄2 = 𝑈2 − 𝑈1 + 𝑃𝑉2 − 𝑃𝑉1 𝑄 = 𝑈2 + 𝑃𝑉2 − 𝑈1 + 𝑃𝑉1

𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉 𝑑𝐻 = 𝑑𝑈 + 𝑃𝑑𝑉 ∆𝐻 = ∆𝑈 + 𝑃∆𝑉
CALOR ESPECÍFICO (C): quantidade de calor necessária para aumentar em um grau a temperatura
de 1 mol de um determinado sistema. Unidade: J/mol.K.

VOLUME CONSTANTE (CV) PRESSÃO CONSTANTE (CP)

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑃∆𝑉 ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑃∆𝑉

∆𝑉 = 0 𝑄 = ∆𝑈 + 𝑃∆𝑉 = ∆𝐻

∆𝑈 = 𝑄
𝛿𝑄 𝑑𝐻
𝐶𝑃 = =
𝛿𝑄 𝑑𝑈 𝛿𝑇 𝑃
𝑑𝑇 𝑃
𝐶𝑉 = =
𝛿𝑇 𝑉
𝑑𝑇 𝑉
𝑑𝐻 = 𝐶𝑃 𝑑𝑇
𝑑𝑈 = 𝐶𝑉 𝑑𝑇
∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇
∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇
2.5) Processos e ciclos termodinâmicos envolvendo gases ideais

Primeira Lei da Termodinâmica


Processos Termodinâmicos
∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 • ISOCÓRICO (V constante)

𝑊 = 𝑃∆𝑉 • ISOBÁRICO (P constante)


∆𝐻 = ∆𝑈 + 𝑃∆𝑉 • ISOTÉRMICO (T constante)

∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇 • ADIABÁTICO (sem trocas de calor, Q = 0)

∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇
𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉 𝐶𝑃 𝑇 = 𝐶𝑉 𝑇 + 𝑃𝑉

Lei dos Gases Ideais 𝐻 = 𝐶𝑃 𝑇


n = 1 mol 𝐶𝑃 𝑇 = 𝐶𝑉 𝑇 + 𝑅𝑇
𝑈 = 𝐶𝑉 𝑇

𝑃𝑉 = 𝑅𝑇 𝑅 = 𝐶𝑃 − 𝐶𝑉
• PROCESSO ISOCÓRICO (V constante)

Estado 1 Estado 2
V1 V2
P1 P2
T1 T2

𝑃1 𝑉1 = 𝑅𝑇1 𝑃2 𝑉2 = 𝑅𝑇2

𝑇1 𝑇2
Volume constante: V1 = V2 = 𝑃∝𝑇
𝑃1 𝑃2

𝑊 = 𝑃∆𝑉 ∆𝑉 = 0 𝑊=0 ∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 ∆𝑈 = 𝑄
∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇
• PROCESSO ISOBÁRICO (P constante)

Estado 1 Estado 2
V1 V2
P1 P2
T1 T2

𝑃1 𝑉1 = 𝑅𝑇1 𝑃2 𝑉2 = 𝑅𝑇2

𝑇1 𝑇2
Pressão constante: P1 = P2 = 𝑉∝𝑇
𝑉1 𝑉2

𝑊 = 𝑃∆𝑉 ∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 = 𝑄 − 𝑃∆𝑉 ∆𝑈 + 𝑃∆𝑉 = 𝑄
∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇
𝑄 = ∆𝐻
• PROCESSO ISOTÉRMICO (T constante)

Estado 1 Estado 2
V1 V2
P1 P2
T1 T2

𝑃1 𝑉1 = 𝑅𝑇1 𝑃2 𝑉2 = 𝑅𝑇2

1
Temperatura constante: T1 = T2 𝑃1 𝑉1 = 𝑃2 𝑉2 𝑉∝
𝑃
𝑅𝑇
𝑊= 𝑃𝑑𝑉 = 𝑑𝑉
∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇 𝑉
∆𝑈 = 0
∆𝑇 = 0
∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇 𝑉2 𝑃1
∆𝐻 = 0 𝑊 = 𝑅𝑇 ln = 𝑅𝑇 ln
𝑉1 𝑃2
∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 𝑄=𝑊
𝑉2 𝑃1
𝑄 = 𝑅𝑇 ln = 𝑅𝑇 ln
𝑉1 𝑃2
• PROCESSO ADIABÁTICO (Q = 0)

Estado 1 Estado 2
V1 V2
P1 P2
T1 T2

𝑃1 𝑉1 = 𝑅𝑇1 𝑃2 𝑉2 = 𝑅𝑇2

𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
=
𝑇1 𝑇2

𝑄=0 ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊
∆𝑈 = 𝐶𝑉 ∆𝑇

∆𝑈 = −𝑊 ∆𝐻 = 𝐶𝑃 ∆𝑇
• PROCESSO ADIABÁTICO (Q = 0)
𝑇2 𝑉2
𝑅𝑇 𝑑𝑇 𝑅 𝑑𝑉 𝑇2 𝑅 𝑉2
𝐶𝑉 𝑑𝑇 = −𝑃𝑑𝑉 𝐶𝑉 𝑑𝑇 = − 𝑑𝑉 =− ln = − ln
𝑉 𝑇 𝐶𝑉 𝑉 𝑇1 𝐶𝑉 𝑉1
𝑇1 𝑉1
𝑅
− 1−𝛾
𝑇2 𝑉2 𝐶𝑉 𝑅 𝐶𝑉 − 𝐶𝑃 𝐶𝑃 𝐶𝑃 𝑇2 𝑉2
𝑇1
=
𝑉1

𝐶𝑉
=
𝐶𝑉
=1−
𝐶𝑉
=1−𝛾 𝛾= =
𝐶𝑉 𝑇1 𝑉1
1−𝛾 −𝛾 −𝛾
𝑉2 𝑃1 𝑇2 𝑇2 𝑃1 𝑇2 𝑇2 𝑃1 𝑇2 𝑃1 𝑇2 𝑃2 𝑃1 𝑇2
= = = =
𝑉1 𝑃2 𝑇1 𝑇1 𝑃2 𝑇1 𝑇1 𝑃2 𝑇1 𝑃2 𝑇1 𝑃1 𝑃2 𝑇1

1 1 1 𝛾−1
−𝛾 −𝛾 −𝛾 −𝛾 1
𝑃2 𝑃1 𝑇2 𝑃2 𝑃1 𝑇2 𝑇2 𝑃2
−𝛾
𝑃2 𝑇2 𝑃2 𝛾
= = = .
𝑃1 𝑃2 𝑇1 𝑃1 𝑃2 𝑇1 𝑇1 𝑃1 𝑃1 =
𝑇1 𝑃1
𝛾−1
1−𝛾
𝑉2 𝑃2 𝛾
=
𝑉1 𝑃1
2.6) Segunda Lei da Termodinâmica

Primeira Lei: trocas e conservação da energia.

Segunda Lei: espontaneidade das trocas de energia. A troca de energia é espontânea de um sistema
com maior energia para um sistema com menor energia.

Enunciado de Kelvin Planck: é impossível a construção de uma máquina que converta toda a
quantidade de calor recebido em trabalho.

Enunciado de Clausius: o calor não pode fluir, de forma espontânea, de um sistema de menor
temperatura para um outro sistema de temperatura mais alta.

2.7) Máquinas Térmicas

• Aproveitar calor para transformar em trabalho (Motor térmico: Q → W)

• Mudar a espontaneidade através de um agente externo (Bomba de calor ou refrigerador: T- → T+)


MOTOR TÉRMICO: Produz trabalho a partir de uma fonte de calor (Enunciado de Kelvin Planck).
W = trabalho produzido pelo motor
Fonte a alta QH = calor fornecido ao motor pela fonte a alta temperatura
temperatura (TH) QL = calor rejeitado pelo motor para a fonte a baixa temperatura
TH = temperatura da fonte a alta temperatura
QH TL = temperatura da fonte a baixa temperatura

MOTOR W 𝑄𝐻 = 𝑄𝐿 + 𝑊 𝑊 = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿
TÉRMICO

QL Rendimento ou eficiência do motor (η): razão entre a energia


produzida e a energia utilizada pelo motor (η < 100%).
Fonte a baixa
temperatura (TL)
𝑊 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿 𝑄𝐿
𝜂= = =1−
𝑄𝐻 𝑄𝐻 𝑄𝐻
REFRIGERADOR OU BOMBA DE CALOR: transfere calor de uma fonte a baixa temperatura
para uma fonte a alta temperatura, através do fornecimento de trabalho (enunciado de Clausius).

Fonte a alta 𝑄𝐻 = 𝑄𝐿 + 𝑊 𝑊 = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿
temperatura (TH)

QH
Coeficiente de desempenho do refrigerador (β):
razão entre a energia pretendida e a energia gasta pelo
BOMBA DE W refrigerador (β > 1).
CALOR
𝑄𝐿 𝑄𝐿
QL 𝛽= =
𝑊 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿
Fonte a baixa
temperatura (TL)
MÁQUINA TÉRMICA DE CARNOT: máquina térmica que opera de forma completamente
reversível. Apresenta o maior rendimento e o maior coeficiente de desempenho possível. A eficiência de
um motor/refrigerador de Carnot depende somente das temperaturas dos reservatórios.

𝜂𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 ≤ 𝜂𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡
𝑇𝐻 − 𝑇𝐿 𝑇𝐿
𝜂𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = =1−
𝑇𝐻 𝑇𝐻
𝛽𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 ≤ 𝛽𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡

𝑇𝐿
𝛽𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 =
𝑇𝐻 − 𝑇𝐿

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