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Mecânica de Fluidos

(Hidrostática e Hidrodinâmica, Fluidos Ideiais e Fluidos Reais)

Rita Rodrigues BA | BG - 2022


E S TA D O D A M AT É R I A

Nos sólidos as partículas estão muito próximas.


As forças de ligação são fortes.

Nos líquidos, como nos sólidos, as partículas estão


muito próximas.
As forças de ligação são fracas.

Nos gases distância média entre as partículas é grande,


comparada com o seu tamanho.
Interacções entre as partículas apenas quando chocam.
FLUÍDOS
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Algumas propriedades dos fluidos:

 Podem-se escoar - as partículas deslizam umas sobre as outras.


 Adaptam-se à forma do recipiente que os contém.
 São isotrópicos – as propriedades físicas são as mesmas em todas as direções.
 Os líquidos são praticamente incompressíveis mas os gases são muito compressíveis.
 As propriedades dos fluidos são geralmente mais sensíveis a variações de temperatura do que
as dos sólidos.

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Nos fluidos a massa é habitualmente substituída pela massa volúmica.

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝒎
Massa volúmica (r): 𝜌= (SI: kg/m )
3 𝝆=
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑽
𝜌 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝝆 𝑽 =𝒎
Densidade relativa (d ): 𝑑= (adimensional)
𝜌 á 𝑔𝑢𝑎

A massa volúmica depende da pressão e da temperatura


(principalmente nos gases)
Algumas massas volúmicas (r):
1.0005 Água r = 1 g/cm3 (=103 kg/m3)
1.0000
0.9990
Alumínio r = 2.7 g/cm3
0.9980 Mercúrio r = 13.6 g/cm3
0.9970 Ar r = 1/800 g/cm3
r (g/cm3)

0.9960
0.9950 5 10 15 20 25 30
Hidrogénio r = 1/11000 g/cm3
T (ºC)

(ex: Termometro de Galieu)

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Nos fluidos as forças não são aplicadas num ponto específico, distribuem-se por áreas.

A pressão é uma grandeza escalar cuja unidade no Sistema


Internacional é o N/m2 ou Pa, que tem o nome de Pascal. No
For ç a
Pressão (p): 𝑝= entanto, há muitas outras unidades de pressão usadas
á rea
habitualmente.
1 atm = 1.013x105 Pa = 760 mmHg = 760 Torr = 1.013 bar

Também no corpo humano o conceito de pressão está

presente e é muito importante, seja a pressão arterial,


ou a pressão pulmonar ou a pressão intraocular...

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Pressão exercida por um fluido em repouso:
A pressão aumenta com a profundidade: a diferença de pressão entre dois pontos a profundidades diferentes depende da diferença de altura entre os
dois pontos considerados e da massa volúmica do líquido.
A pressão num fluido em repouso depende da profundidade, mas não depende de nenhuma dimensão horizontal.

A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido em


Y=0
𝑭𝟏 y1 equilíbrio hidrostático é proporcional ao desnível entre esses
𝐹𝐷 y2
pontos
h
𝐹𝐵
𝐹𝐶 mg
𝐹𝐴 𝚫 𝒑=𝝆 𝒈 𝚫 𝒉
𝑭𝟐 sendo ρ a densidade do líquido.
Esta é uma lei fundamental da hidrostática
Ʃ⃗
𝐹 =0 𝑭 𝟐= 𝑭 𝟏+𝒎𝒈
𝒑 𝟐 − 𝒑 𝟏=𝝆 ×𝒈 × 𝒉
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Como se mede a pressão atmosférica?
Barómetro de Mercúrio (Evangelista Torricelli, 1674) - Torricelli inverteu
um tubo de vidro de , cheio de mercúrio, numa tina de vidro com mercúrio e C

observou que o nível do mercúrio dentro do tubo desceu até um


determinado ponto. O mercúrio no tubo ficou a uma altura acima da
superfície livre do mercúrio da tina.

A superfície livre do mercúrio na tina (ponto B) está à mesma pressão do ponto A (mesmo nível) e ambos
estão à pressão atmosférica (). O ponto C está à pressão (em cima não há ar). Então:

A altura da coluna de mercúrio é


independente do diâmetro do tubo.

Poderíamos medir a pressão atmosférica com outro líquido qualquer mas o tubo teria de ser muito maior… Quanto teria de medir o tubo se o líquido fosse água?

1.01 × 105 =0 +1000 × 9.8 × h h =10.3 𝑚


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Como se mede a pressão de qualquer fluido?

Manómetro de tubo aberto – Consiste num tubo em U, contendo um


líquido de densidade conhecida normalmente mercúrio, ligado a um
recipiente que contém o fluido (líquido ou gás) do qual queremos medir hB hA
a pressão (). A outra extremidade do tubo está aberta para o ar ().

Sendo então o mercúrio desce do lado do tanque e sobe do outro lado sendo, no entanto, sempre .

e

)

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O Princípio de Pascal estabelece que a alteração de pressão produzida num fluido fechado
em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os pontos do fluido e às paredes do
recipiente que o suportam.

𝑃 1=𝑃 2
A2

A1
𝐹 1 𝐴1 𝐴1 h 2
= =
𝐹 2 𝐴2 𝐴 2 h1

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Exemplo de aplicação:

Qual deve ser a razão entre as áreas das duas plataformas, para que três pessoas colocadas na plataforma
mais pequena consigam fazer o elefante subir? Admita que o elefante tem 2500 kg de massa e que a
massa de cada pessoa são 80 kg.

𝑃 1=𝑃 2
𝐹 1 =𝑚1 × 𝑔 𝐹 2=𝑀 2 × 𝑔 𝑚 1 𝑔 𝑀2 𝑔
=
𝐴1 𝐴2
3× 80 × 𝑔 2500 × 𝑔
=
𝐴2 𝐴1 𝐴2
𝐴1𝑃 𝑃2
1 𝐴2 ≥ 10.4 𝐴1

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Pressão arterial - pressão com que o sangue percorre as artérias e as veias.
• A pressão arterial é máxima à saída do coração. O sangue sai do ventrículo esquerdo, passa para
a aorta e para as artérias até chegar aos capilares.
• Dos capilares venosos, segue para as veias e volta ao coração onde chega com pressão quase
nula.
• A diferença entre a pressão arterial e a venosa é de cerca de 100 mmHg

O coração tem um ciclo de contrações (sístoles) e de relaxamentos (diástoles) do miocárdio. Esta


sequência de movimentos designa-se por ciclo cardíaco e tem uma duração de cerca de 0,8
segundos.
Durante o ciclo cardíaco, o coração produz dois ruídos característicos que podem ser ouvidos por
auscultação. O primeiro corresponde ao fechar das válvulas aurículo-ventriculares e marca o
início da sístole; o segundo é produzido pelo fecho das válvulas semilunares e marca o início da
diástole.
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Valores típicos da pressão arterial: cerca de 120 mmHg durante a contração (sístole)
cerca de 80 mmHg durante a relaxação (diástole)

Uma pessoa deitada possui uma pressão arterial praticamente igual à do coração em todos os pontos.
Quando está sentada ou em pé a pressão arterial varia com a distância vertical ao coração:

piarterial  pcoração
arterial
  s  g  hi diferença de altura entre qualquer
ponto e o coração
densidade do sangue Pressão arterial Pressão venosa
(≈1.04 g/cm3) (cmHg) (cmHg)

60
80 -55
Quando uma pessoa se levanta de repente, há

Altura relativa ao
coração (cm)
uma queda rápida da pressão arterial na cabeça e 0 135 0

como consequência há uma diminuição do fluxo


60
sanguíneo ao cérebro, provocando tonturas e -60 195

mesmo desmaio.
-120 255 120

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O Princípio de Arquimedes diz que todo o sólido imerso num fluido sofre da parte deste, uma força
denominada de impulsão.
A impulsão é uma força vertical dirigida de baixo para cima, e igual, em módulo, ao peso do volume
de fluido deslocado.

rsólido > rlíquido


F1 I = rliq.Vobj.g

rsólido < rlíquido


F2 Fg=mg
Fg=mg
rsólido = rlíquido

I = rliq.Vobj.g Fg = robj.Vobj.g O ponto de aplicação dessa força é o centro de gravidade


do líquido deslocado, ao qual se dá o nome de centro de
impulsão.

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Exercício – Considerando que a densidade do gelo é 0.92 e que a
densidade da água do mar é 1.03, determine que percentagem do
volume total de um iceberg é que está submersa. 89 %

I = Fg
rliq.Vimerso.g = mgelo .g
rliq.Vimerso = rgelo.Vgelo
Vimerso = (rgelo/rliq) .Vgelo

Vimerso = 0.89 .Vgelo

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O que é um fluido ideal?

• Um fluido ideal é incompressível, ou seja tem densidade


uniforme e constante. A maior parte dos líquidos cumpre esta
condição mas os gases não.

Ideal Vs Real • Um fluido ideal não é viscoso - a fricção entre as camadas de


fluido e/ou entre o fluido e as paredes é desprezável (não há
dissipação de energia por fricção). A maior parte dos gases
verificam esta condição. Os líquidos pouco viscosos podem,
em certas situações e dentro de certos limites, ser considerados
fluidos ideais.

Os fluidos reais exibem viscosidade finita e distribuição de velocidade não-uniforme; são compressíveis e experimentam fricção e
turbulência ao fluirem. Os reais ainda podem dividir-se em fluidos Newtonianos e fluidos não-Newtonianos.

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O modo como um fluido se movimenta, muitas vezes referido como o regime de escoamento, pode ser
classificado em regime laminar e regime turbulento.


V O escoamento de um fluido é laminar quando:

V
• A velocidade em qualquer ponto fixo do fluido não se altera com o
tempo – é o chamado regime estacionário.
• O fluxo é irrotacional – as partículas do fluido não rodam em torno do
seu centro de massa. As camadas de fluido deslizam regularmente
umas sobre as outras. As linhas de corrente são regulares e estáveis no
tempo.

v
linhas de corrente
elemento de fluido
Linhas de corrente são tangentes à direção da
velocidade das partículas. Estas linhas identificam a
trajetória das partículas do fluido.

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O caudal (Q), numa dada secção, define-se como o volume de fluido que passa nessa secção por
unidade de tempo 𝑣 𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑙í 𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑄=
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜

Durante um dado intervalo de tempo, Dt, cada elemento do fluido irá avançar uma distância, Dx.
Durante esse intervalo de tempo as “partículas de água” que atravessam a secção S, são as que se
encontram no volume assinalado a vermelho.
Secção S
𝑉 𝐴× ∆ 𝑥  
E o caudal na secção S: 𝑄= =
∆𝑡 ∆𝑡

𝑣
∆𝑥 𝑄= A ×𝑣 𝑚3 / 𝑠(𝑆 . 𝐼 .)
O volume de fluido que atravessa a secção S durante
o intervalo de tempo, Dt, será então

𝑉 = 𝐴 ×∆ 𝑥
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A Equação da Continuidade diz que um fluido que se move em regime estacionário o caudal é o
mesmo em todas as secções do tubo

Considerando que as partículas constituintes do


fluido não podem sair de um tubo, nem entrar,
então a quantidade de fluido que passa numa
dada secção, num dado intervalo de tempo, tem
que ser igual à quantidade de fluido que passa
noutra secção do mesmo tubo no mesmo intervalo
de tempo.

Caudal
𝑄1=𝑄2 →𝑣 1 ∙ 𝐴 1=𝑣 2 ∙ 𝐴 2
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Exercício: Um fluido incompressível move-se através do tubo que se mostra na figura. A razão
entre as velocidades, , é:

Exercício: Um fluido move-se através de um tubo cilíndrico cuja secção não é igual ao longo de
todo o comprimento do tubo. Num ponto onde o diâmetro do tubo é de 1.0 cm a velocidade da
água é de 3.0 m/s. Num ponto onde o diâmetro do tubo é de 3.0 cm, a velocidade é:
a) 9 m/s d) 0.33 m/s g) 32.4 km/h
b) 3 m/s e) 0.11 m/s h) 3.6 km/h
c) 1 m/s f) 12 km/h i) 10.8 km/h

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𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑊𝑔 + 𝑊𝑃 = ∆𝐸𝐶

1 2
𝑝+ 𝜌 𝑣 + 𝜌 𝑔h =𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2
Equação de Bernoulli
Relaciona a velocidadede escoamento com a pressão em pontos
de diferentes alturas do fluido

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Exercicio: Um grande tanque de água tem um pequeno furo a uma distância h da
superfície. Calcule a velocidade da água à saída do orifício.
Vamos começar por escolher as duas secções a que vamos aplicar a equação de
Bernoulli – a secção 1 à superfície e a secção 2 ao nível do furo.

Aplicando a equação da continuidade entre as secções 1 e 2: 𝑣 1 𝐴1=𝑣 2 𝐴2


𝐴2
𝑣 1=𝑣2
Definindo os parâmetros para cada uma das secções: 𝐴1
𝑝1 𝑝2 𝐴1 ≫ 𝐴2 → 𝑣 1 ≈ 0
𝑣1≈ 0 𝑣 2=?
h1 h2
1 2 1 2
E aplicando a equação de Bernoulli: 𝑝 𝑎𝑡𝑚+ 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑣 1 + 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 h1 =𝑝 𝑎𝑡𝑚+ 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑣 2 + 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 h 2
2 2
1 2
h 2= √2 𝑔h
𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑣 2 = 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 h 1 − 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 𝑣
2 2

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Exercicio: A figura mostra um tubo (tubo de Venturi) por onde h=0
passa água. Relacione a pressão nas duas zonas do tubo.

Vamos começar por relacionar as velocidades nas duas secções, usando a lei da continuidade
𝐴2
entre as secções 1 e 2: 𝑣 1 𝐴1=𝑣 2 𝐴2  𝑣 1=𝑣2
𝐴1
Escrevendo os parâmetros para as secções 1 e 2 e aplicando a equação de Bernoulli:
𝑝1 𝐴2 𝑝2 1 2 1 2
𝑣 1 ¿ 𝑣2 𝑝 1+
𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑣 1 + 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 h1 =𝑝 2+ 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑣 2 + 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔 h 2
2 2
h =0 𝐴1
1 h2 =h1 𝑝 − 𝑝 = 1 𝜌 (𝑣 ¿ ¿ 2− 𝑣 2)¿
1 2
2 𝑙𝑖𝑞 2 1

) 𝑝 1> 𝑝 2
Efeito de Venturi
a velocidade aumenta Na zona estreita de um tubo a velocidade é maior e a
e a pressão diminui pressão é menor do que na zona larga

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O efeito de Venturi é utilizado na construção de aviões. A forma das asas faz com que o ar se mova
com maior velocidade na parte de cima da asa, fazendo com que a pressão por cima da asa seja mais
baixa. Surge assim uma força de sustentação, vertical dirigida para
cima, que pode igualar o peso.
S
A
T
P
P – peso
T – tração ou força motora produzida pelos motores
A – força de arrasto (todo o tipo de atritos)
S – força de sustentação criada pela velocidade e pela forma das asas.
Variando a forma das asas o piloto pode controlar esta força e fazer o avião subir ou
descer.

Os aviões têm algumas superfícies móveis, nas asas e não só, (ailerons,
flaps, spoilers, slots) que permitem variar a forma como o ar circula
junto ao avião alterando a relação entre as várias forças e permitindo
assim comandar os movimentos do avião.

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O Tubo de Venturi consiste num dispositivo para medir a velocidade de escoamento de um
fluido através de um tubo.

Aplicando a equação de Bernoulli para os pontos 1 e 2,


podemos determinar a velocidade do fluído em 1


2 𝑔h
𝑣 1= 2
𝐴1
2
−1
𝐴2

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Na Física, a tensão superficial é um efeito que ocorre na camada superficial de um líquido que leva a sua
superfície a se comportar como uma membrana elástica.

Isto sucede porque existem forças de coesão entre


as moléculas do líquido.
Molécula na superfície: Qualquer
movimento faz desequilibrar as
forças de coesão levando a
molécula novamente à posição
inicial.

Molécula no interior: as forças de coesão são


compensadas e a molécula está em equilíbrio.
Se a molécula se desloca no interior do liquido, qualquer
nova posição é também uma posição de equilíbrio

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Por definição, o coeficiente de tensão superficial, l, é o trabalho necessário para aumentar a área da
superfície do líquido em uma unidade:

𝑊 (J/m )2 J  m 
2 kg  m  s  2  m
 kg  s  2
𝜆= m2
Δ𝑆 Líquido-ar l (N/m)
Para películas de face simples Glicerol 0.0631
𝐹 Acetona 0.0237
𝜆= (N/m)
ℓ Etanol 0.0223
Hexano 0.0179
Para películas de faces duplas
𝑊 𝐹 𝑑𝑥 Éter etílico 0.0170
𝜆= ¿ 𝐹
Δ 𝑆2 ℓ 𝑑𝑥 Mercúrio 0.465
𝜆= (N/m)
2ℓ
Água (20oC) 0.0728

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• Como é que uma agulha se consegue manter em equilíbrio na superfície da água?
A agulha deforma a superfície da água e o seu peso é equilibrado pelas forças de tensão superficial. A resultante destas
forças é vertical, de baixo para cima, compensando o peso. A impulsão é desprezável porque o volume de líquido
deslocado é muito pequeno.

impulsão (I ≈ 0)
forças de tensão forças de tensão
superficial superficial

agulha
água

peso da agulha

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• Como é que um inseto consegue flutuar e andar sobre a água?

O somatório das forças Fn dá origem à tensão Tl. As componentes radiais desta tensão anulam-se e
as componentes normais podem equilibrar o peso do inseto.

T l =2 𝜋𝑟 𝜆

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• Porque é que as gotas de água são esféricas?
Cada gota tende a minimizar a sua própria energia
diminuindo a superfície de interface com o ar. A gota vai,
por isso, tender para uma forma esférica que é a que
corresponde a uma menor superfície por unidade de
volume.

A forma atingida, na situação de equilíbrio, por uma pequena porção de líquido depende do balanço
entre a tensão superficial, as forças de coesão intermoleculares e o peso.
• Nos líquidos pouco viscosos o equilíbrio obtém-se minimizando a superfície por unidade de
volume (forma esférica).
• Nas substâncias de viscosidade elevada (forças de coesão fortes) a forma das gotas afasta-se
bastante da forma esférica.
• Nos sólidos as forças de coesão são tão intensas, que não há a formação de gotas: a tensão
superficial é desprezável em comparação com as forças de coesão.
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Exercicio 1: O coeficiente de tensão superficial de uma bola de sabão é 1 х 10-3 N/m.
Calcule o trabalho necessário para aumentar o diâmetro de uma bola de sabão de 2 cm para 4 cm.
R: 7.5 x 10-6 J

Exercicio 2: Quando um inseto se encontra em pé sobre a água, cada pata provoca uma depressão
com 4 mm de diâmetro, e a força de tensão superficial faz um ângulo de 40o com a vertical. Calcule
a massa do inseto, admitindo que o seu peso se distribui igualmente pelas seis patas. (λágua = 0.0728
N/m)
R: 0.43 g

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Quando um líquido está em contacto com outro líquido ou com um sólido existem forças na interface
líquido-sólido. A intensidade da força resultante depende do balanço entre as forças de adesão do líquido
à superfície do sólido e as forças de coesão dentro do próprio líquido (tensão superficial).

mercúrio água

No caso da água a adesão ao vidro é mais importante do que a coesão interna da água e a
água espalha-se na superfície. A tensão superficial da água é elevada a comparar com a de
outros líquidos comuns (0.073 N/m) mas, comparativamente à do mercúrio (0.465 N/m), é
muito pequena.

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O resultado do balanço entre as forças de adesão e as forças de coesão (tensão superficial) traduz-se pelo
chamado ângulo de contacto.

O ângulo de contacto define-se como o ângulo entre a


superfície sólida e a tangente ao líuido na linha de
contacto e este depende da superfície e do líquido em
causa.

Aumentando a adesão aumenta a molhabilidade e diminui o ângulo de contacto


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É também o balanço entre as forças de coesão (tensão superficial) e as forças de adesão que justifica que
um líquido, quando introduzido num tubo muito fino, possa subir ou descer nas paredes do tubo –
capilaridade.

Forças de adesão > Forças de coesão Forças de adesão < Forças de coesão
Líquido sobe Líquido desce

ângulo de contacto pequeno (< 90°) ângulo de contacto grande (> 90°)
menisco convexo menisco côncavo

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Forças de
adesão/coesão
A subida (ou descida) do líquido pode ser calculada atendendo ao
equilíbrio entre a força provocada pela tensão superficial

Peso
( T l ) y=𝝀×(2 𝜋 𝑟 )× 𝑐𝑜𝑠 𝜃
e a força gravítica (P)

2
𝑃=𝜌 𝑙𝑖𝑞 ×( h∙ 𝜋 𝑟 ) ×𝑔
donde obtemos

2 𝝀 𝑐𝑜𝑠 𝜃
h=
𝑟 𝜌 𝑙𝑖𝑞 𝑔

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Exercício 1: Num recipiente com água a 20ºC é colocado um tubo capilar, de vidro, com 1mm de
raio. (lágua = 73 ×10 -3 N/m)

a) A que altura é que a água subirá no capilar admitindo que o ângulo de contacto é de 0°. (1.49 cm)
b) E se o ângulo de contacto for de 10°?
(1.47 cm)

c) Reveste-se o capilar com parafina. Agora as forças de adesão diminuem e o ângulo de contacto
aumenta. Considere que o ângulo de contacto é de 108°. Calcule de novo a altura do líquido no
capilar.
(-0.46 cm)

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Nos fluidos reais as forças de interação dão origem à viscosidade – quanto maiores forem as forças de
interação, seja entre moléculas do próprio fluido seja entre as moléculas do fluido e as paredes do
recipiente que o contém, maior é a viscosidade.

Vamos estudar o efeito da viscosidade (atrito) em duas situações diferentes:

• Quando os corpos se movem no interior de um fluido


• Quando ocorre o escoamento de um fluido real em regime laminar: a equação de Bernoulli deixa de ser
aplicável e o movimento passa a ser descrito pela equação de Poiseuille.

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O número de Reynolds () é um parâmetro empírico que permite prever se um fluido, em determinadas
condições, se escoará em regime laminar ou turbulento.

𝜌
𝒗 f
𝑣 𝜙 Também podemos falar do número de Reynolds de um
ℛ= Viscosidade h corpo em movimento num fluido, sendo agora e do
𝜂 fluido e e do corpo.

Unidade SI de viscosidade: poiseuille (Pl): 1Pl = 1 Pa.s

Valores baixos do número de Reynolds correspondem a

Número de Reynolds crescente


escoamento laminar e valores elevados do número de Reynolds
correspondem a escoamento turbulento.
A transição de regime laminar para regime turbulento não é
abrupta.
Tipicamente: < 2000 o regime é laminar
> 6000 o regime é turbulento.

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Movimento de corpos em fluidos reais - força de atrito “viscoso”

A força de atrito no fluidos chama-se força de atrito “viscoso”. A força de atrito viscoso
pode ser proporcional à velocidade (se o número de Reynolds for muito baixo, tipicamente
≤ 1 ) ou ao quadrado da velocidade para números de Reynolds mais elevados.

Se o regime de movimento do corpo no fluido for laminar, a velocidade for baixa e for muito
pequeno, então a força de atrito é diretamente proporcional à velocidade do corpo em relação
ao líquido. Diz-se então que o movimento do corpo se dá no regime de Stokes e a esta força
de atrito chama-se geralmente “força de Stokes”

Regime de Stokes  𝐹 𝑎∝ 𝑣

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Exemplo: Movimento de uma pequena esfera num fluido viscoso.
Durante a queda a esfera fica sujeita a três forças: o seu peso, Fg, a impulsão, I e a força de stokes , Fa .

4
𝐹 𝑔=𝑉 𝑒𝑠𝑓 × 𝑔× 𝜌 𝑒𝑠𝑓 𝑉 𝑒𝑠𝑓 =
3
𝜋𝑟
3

𝐼=𝑉 𝑒𝑠𝑓 ×𝑔 × 𝜌 𝑙𝑖𝑞

𝐹 𝑎=6 𝜋𝜂 𝑟𝑣

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Exemplo: Movimento de uma pequena esfera num fluido viscoso.
Durante a queda a esfera fica sujeita a três forças: o seu peso, Fg, a impulsão, I e a força de stokes , Fa .

Quando for atingida a velocidade terminal, a aceleração é nula e por isso será
também nula a resultante das três forças que atuam na esfera:

𝐹 𝑎+ 𝐼 =𝐹 𝑔
2 𝑟2
Velocidade terminal ou velocidade 𝑣 𝑙𝑖𝑚 = 𝑔(𝜌 ¿ ¿𝑒𝑠𝑓 − 𝜌𝑙𝑖𝑞 )¿
limite atingida pela esfera
9𝜂
Conhecendo o tamanho da esfera (r) a sua massa volúmica e a do fluido ) e medindo a velocidade terminal da esfera
tem-se uma forma simples de calcular a viscosidade do fluido (

2 𝑟2
𝜂= 𝑔(𝜌 ¿ ¿𝑒𝑠𝑓 − 𝜌 𝑙𝑖𝑞 )¿
9 𝑣 𝑙𝑖𝑚
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Movimento de corpos em fluidos reais - a força de atrito “viscoso”
Exemplo: Movimento de uma pequena esfera num fluido viscoso.
Se a velocidade do corpo for um pouco maior (maiores números de Reynolds) embora
mantendo ainda o regime laminar, a força de atrito viscoso passa a ser proporcional ao
quadrado da velocidade,

1 2 A é a secção transversal do corpo


𝐹 𝑎= ∙ 𝐶 ∙ 𝜌 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ∙ 𝐴 ∙ 𝑣 C é um coeficiente que depende da forma do objeto (C
2 2
= 0.5 para uma esfera)

Esta força de atrito depende do quadrado da velocidade e da forma do corpo, mas não depende
explicitamente da viscosidade do fluido (a velocidade é grande logo a viscosidade tem de ser pequena).

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Exercício 1: Estime a velocidade com que as gotas de chuva chegam à superfície da terra

As gotas atingem rapidamente uma velocidade terminal, que é relativamente pequena e


depois continuam com essa velocidade até atingirem a superfície da terra. (Admita que a
força de atrito viscoso é proporcional ao quadrado da velocidade)
a) Estime a velocidade com que gotas de 1 mm de diâmetro atingem a superfície da terra.
(rar = 1.25 kg/m3) (4.6 m/s)
b) Faça o mesmo para gotas de 2 mm de diâmetro. (6.5 m/s)

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Escoamento de fluidos idiais vs reais em regime laminar

Fluidos ideais Fluidos reais

A B C D E A B C D E

• conservação de energia • há dissipação de energia


• é válida a equação de Bernoulli • não é válida a equação de Bernoulli

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Escoamento de fluidos reais em regime laminar: equação de Poiseuille
A velocidade de escoamento do fluido não é constante ao longo de uma secção de tubo. Verifica-se que a
velocidade é máxima no centro (eixo do tubo) e é mínima, quase zero, junto às paredes do tubo.

A força de atrito viscoso, , responsável por este comportamento no escoamento de um fluido real, dito
fluido Newtoniano, pode ser escrita como:
h – coeficiente de viscosidade
𝑑𝑣 A – área da secção do tubo
𝐹 𝑣 =−𝜂 𝐴 𝑑𝑣 decréscimo da velocidade média do
𝑑𝑦 𝑑𝑦 – fluido ao longo da secção do tubo

A tensão de corte, , é um parâmetro que define a força de atrito viscoso que atua por unidade de área.
𝐹𝑣 𝑑𝑣
𝜎 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 = =− 𝜂
𝐴 𝑣 𝑑𝑦
Rita Rodrigues BA | BG - 2022
Como a velocidade das diversas camadas de fluido não é constante, diminui do centro para a periferia,
para calcular o caudal é necessário usar um valor médio para a velocidade através da secção do tubo.
Este cálculo foi feito pela primeira vez por Poiseuille, que concluiu que

𝜋 𝑟4 𝛥 𝑃
𝑄= ∙ diferença de pressão aplicada por unidade de
8𝜂
8𝜂 𝐿 comprimento do tubo, que é igual à perda de
Π= 4
∙𝑄
pressão por unidade comprimento, também
chamada “perda de carga” - . 𝜋𝑟
DP/L – diferença de pressão aplicada por unidade
de comprimento do tubo
r – o raio do tubo;
h – viscosidade do fluido

𝑄 𝑟2 ∆ 𝑃
Sendo 𝑄= A ×𝑣 tem-se: 𝑣= 2
𝑣=
8𝜂 𝐿
𝜋𝑟

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Exercício 1: Admitindo que o caudal máximo do sangue ao sair do coração é de 500 mL/s, que a
sua viscosidade é hsangue = 4x10-3 Pa.s e que a aorta tem um diâmetro de 2,5 cm, calcule:

a) A perda de pressão por unidade de comprimento (perda de carga) ao longo da aorta.


( = 208.6 Pa/m)

b) A velocidade do sangue no centro da aorta (assuma que ) =2.04 m/s)

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Exercício 2: A figura mostra um fluido de massa volúmica 1.12 g.cm-3, que circula em regime
laminar num tubo cilíndrico, horizontal, de 5.0 mm de raio, a uma taxa de 40 mL/s.
A distância entre os tubos capilares A, B e C é 10 cm e a altura atingida pelo fluido em cada capilar é
hA = 30 cm, hB = 27 cm e hC = 24 cm.

a) Calcule a velocidade média do fluido. (v = 0.51 m/s)


b) Determine a viscosidade do fluido. (h = 0.02Pa.s)

Rita Rodrigues BA | BG - 2022

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