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Introdução à Mecânica dos Fluidos

Prof. Marco Antonio

Objetivos  O fluido se deforma continuamente.

 Estabelecer a conceituação e os  O sólido se deforma, mas não


elementos básicos de Mecânica dos continuamente.
Fluidos.

 Possibilitar a identificação e a
manipulação algébrica dos princípios
básicos de Mecânica dos Fluidos.
Figura 1. Deformação de sólido e de fluido.
Equações básicas
 O fluido existe nos estados
A análise de qualquer problema em termodinâmicos: líquido, vapor ou
mecânica dos fluidos começa, gás.
necessariamente, seja de modo direto ou
indireto, com declarações das leis básicas Fluido como contínuo:
que regem o movimento dos fluidos. As leis
básicas, aplicadas a qualquer fluido, são:  Os fluidos são compostos de
moléculas em constante movimento.
 A conservação da massa.
 1 mol de gás contém 1023 moléculas,
 A segunda lei de Newton para o não é possível simular a trajetória de
movimento. cada molécula. No entanto é possível
medir os efeitos macroscópicos de
 O princípio da quantidade de muitas moléculas: velocidade,
movimento angular. pressão, temperatura, etc.

 A primeira lei da termodinâmica.  O conceito do contínuo é a base da


mecânica dos fluidos clássica,
 A segunda lei da termodinâmica. deixando de lado o comportamento
individual das moléculas.
Nem todas as leis básicas são necessárias
para resolver qualquer problema. Por outro  O conceito falha quando a trajetória
lado, em muitos deles é necessário relações livre das moléculas se torna da
adicionais como a equação de estado. mesma ordem de grandeza da
dimensão significativa do problema.
Definição
 Consequência da hipótese de
Fluido: contínuo: cada propriedade tem um
valor definido continuamente em
Quando uma tensão de cisalhamento é todo o espaço (x,y,z), em particular o
aplicada, veja Figura 1: ponto C do espaço, veja Figura 2.

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Volume específico, v:

O volume específico é definido como o


inverso da massa específica:

1 ∀ m
v= =
ρ m kg

Peso específico, :

Figura 2. Fluido como contínuo. É definido como sendo o peso por unidade
de volume:
N
Propriedades fundamentais dos fluidos: γ = ρg
m
Massa específica (densidade), : Densidade relativa, DR ou SG:

A massa específica num ponto (x0, y0, z0) é A densidade relativa para diversos líquidos é
definida como: dada pela relação entre a massa específica
do líquido e a massa específica da água a
m 4°C:
  lim
 '  
DR  SG 
H 2O(4C)

Classificação dos fluidos:

Fluidos compressíveis:

  f (T, p)
 Ar
 N2
 O2
 Gás Natural
 Vapor d’água

Fluidos incompressíveis:

  cte
Figura 3. Massa específica.
 Água
m kg  Petróleo (Gasolina, diesel, etc.)
ρ=
∀ m

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Viscosidade:

A viscosidade é uma medida quantitativa da


resistência de um fluido ao escoamento.
Mais especificamente, ela determina a taxa
de deformação do fluido que é gerada pela
aplicação de uma dada tensão de
cisalhamento. Podemo-nos mover
facilmente através do ar, que tem uma Figura 4. Fluidos newtonianos.
viscosidade muito baixa. O movimento é
mais difícil na água, que tem viscosidade 50
vezes maior. Encontra-se uma resistência  Fluidos não newtonianos não
ainda maior no óleo SAE 30, que é 300 apresentam uma relação linear entre
vezes mais viscoso do que a água. Tente a tensão e a taxa de deformação.
mover sua mão através da glicerina, que é 5 Ex: Pasta de dente e tinta.
vezes mais viscosa do que o óleo SAE 30,
ou dos melaços de cana-de-açúcar, com um Várias relações empíricas têm sido
valor 5 vezes maior que a glicerina. Os propostas para modelar as relações
fluidos podem ter uma ampla faixa de observadas entre tensão e deformação para
viscosidades. fluidos não newtonianos. A relação mais
geral é:
Viscosidade dinâmica (absoluta), : n
 du 
 yx  k  
 Fluidos newtonianos apresentam  dy 
uma relação linear entre a tensão e a
taxa de deformação, veja Figura 4. onde o expoente, n, é chamado de índice de
comportamento do escoamento, e o
Os fluidos mais comuns, tais como água, ar coeficiente, k, o índice de consistência.
e gasolina, são newtonianos em condições
normais. Se o fluido for newtoniano, então: Esta equação reduz-se à lei de Newton para
a viscosidade para n = 1 com k = .
du
 yx 
dy  n < 1, fluido pseudoplástico (tornam-
se mais finos quando sujeitos a
A constante de proporcionalidade na tensões cisalhantes). É a maioria dos
equação acima é a viscosidade absoluta (ou fluidos não newtonianos. Ex:
dinâmica), . Desse modo, em termos das Soluções de polímeros, suspensões
coordenadas da Figura 4, a Lei da coloidais, polpa de papel em água,
viscosidade de Newton para escoamento tinta látex, plasma sanguíneo, xarope
unidimensional é dada por: e melados. O caso clássico é a tinta,
que é grossa quando vertida, mas
du fina quando espalhada com o pincel
 yx  
dy sob uma forte tensão aplicada.

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 n > 1, fluido dilatante. No fluido  Um fluido que se comporta como um


dilatante a resistência aumenta com o sólido até que uma tensão limítrofe,
aumento da tensão aplicada. seja atingida, e subsequentemente
Exemplos são suspensões de amido apresenta uma relação linear entre
ou água com areia. O caso clássico é tensão e taxa de deformação, é
a areia movediça, que tende a denominado plástico de Bingham,
endurecer quando a agitamos. Este é ou ideal. Alguns exemplos são
o motivo para que o esforço suspensões de argila, lama de
necessário para remover um objeto perfuratrizes, pasta de dente,
de uma areia movediça aumente maionese, chocolate e mostarda. O
brutamente com o aumento da caso clássico é o ketchup, que não
velocidade de remoção. sai do frasco até que uma tensão seja
aplicada, apertando o tubo.
Viscosidade aparente, :
NOTA: A viscosidade é uma propriedade do
Para assegurar que yx tenha o mesmo sinal fluido e tem natureza escalar.
de du/dy, a equação anterior é reescrita na
As Figuras 5 e 6 mostram respectivamente a
forma:
n 1 tensão de cisalhamento,  e a viscosidade
du du du aparente,  como função da taxa de
 yx  k 
dy dy dy deformação, du/dy, para o escoamento
unidimensional de vários fluidos.
n 1
du
O termo k é denominado
dy
viscosidade aparente do fluido. A ideia por
trás dessa equação é usar uma viscosidade 
em uma equação cujo formato é idêntico ao
da Lei de Newton da viscosidade, em que a
viscosidade newtoniana  é aplicada. A
grande diferença é que enquanto  é
constante (exceto para efeitos de
temperatura),  depende da taxa de
cisalhamento.

A maioria dos fluidos não newtonianos tem


viscosidade aparente relativamente elevada
quando comparada com a viscosidade da
água. A viscosidade aparente pode ser
dependente do tempo. Fluidos tixotrópicos
mostram um decréscimo de  com o tempo Figura 5. Relação da tensão de cisalhamento
sob uma tensão cisalhante constante. e a taxa de deformação.
Ex: Muitas tintas são tixotrópicas.

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 Viscosidade cinemática, 

 m2/s

 1 stokes = 1 cm2/s = 0,0001 m2/s

Influência da temperatura na viscosidade


dinâmica de fluidos comuns:

Figura 6. Relação da viscosidade aparente e


a taxa de deformação.

Viscosidade cinemática, 



Na mecânica dos fluidos a relação entre a
viscosidade dinâmica,  e a massa
específica,  surge com frequência.

A viscosidade cinemática é definida por 


que é dada pela relação entre a viscosidade
dinâmica (absoluta) e a massa específica:




Figura 7. Temperatura x Viscosidade.
Unidades de viscosidade:

 Viscosidade dinâmica,   Com o aumento da temperatura:

 kg/m.s  Viscosidade dos líquidos diminui.

 Pa.s = N.s/m2  Viscosidade dos gases aumenta.

 1 poise = 0,1 kg/m.s

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Tensão superficial, : Para uma superfície a 20°C, a tensão


superficial medida é:
Um líquido, não tendo a capacidade de se
expandir livremente como um gás, formará 0,073 N/m (ar − água)
σ=
uma interface com um segundo líquido ou 0,48 N/m (ar − mercúrio)
um gás como mostra a Figura 8. A físico-
química dessas superfícies interfaciais é bem Um balanço de força em um segmento de
complexa, e não será tratada nesta interface mostra que há um salto de pressão
disciplina. através da suposta membrana elástica
sempre que a interface é curva. Para uma
gota de água no ar, a pressão na água é
maior que a pressão ambiente; o mesmo é
para uma bolha de gás num líquido.

Para uma bolha de sabão no ar, a tensão


superficial age em ambas as interfaces,
interna e externa, entre a película de sabão e
o ar, ao longo da superfície curva da bolha.

Figura 8. Superfície interfacial. Em engenharia, provavelmente o efeito mais


importante da tensão superficial é a criação
As moléculas no interior do líquido repelem- de um menisco curvo nos tubos de leitura de
se uma às outras devido sua proximidade. manômetros ou barômetros, causando a
As moléculas na superfície são menos (normalmente indesejável) ascensão (ou
densas e se atraem uma às outras. Como depressão) capilar, conforme mostra a
metade de sua vizinhança está ausente, o Figura 9. A ascensão capilar pode ser
efeito mecânico é que a superfície está sob pronunciada se o líquido está em um tubo de
tensão. Podemos tratar adequadamente os diâmetro pequeno ou em uma fenda estreita.
efeitos superficiais em mecânica dos fluidos
com o conceito de tensão superficial.

Sempre que um líquido está em contato com


outros líquidos ou gases, ou com uma
superfície gás/sólido, uma interface se
desenvolve agindo como uma membrana
elástica esticada e criando tensão superficial.
Essa membrana exibe duas características: o
ângulo de contato  e o módulo da tensão
superficial  (N/m). Ambas dependem do
tipo do líquido e do tipo da superfície sólida Figura 9. Ascensão e depressão capilar no
(ou outro líquido ou gás) com o qual esse interior e no exterior de um tubo circular.
líquido compartilha uma interface. As duas
interfaces mais comuns são água-ar e
mercúrio-ar.

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As leituras em barômetros e manômetros Dimensões e Unidades:


devem ser feitas no nível médio do menisco.
Esse local está afastado dos efeitos máximos Os problemas de engenharia são resolvidos
da tensão superficial e, portanto, mais para responder questões específicas. Uma
próximo do nível correto de líquido. resposta para um problema deve
necessariamente incluir unidades.
Impurezas no líquido, sujeiras sobre a
superfície ou inclinação na superfície podem Referimo-nos a quantidades físicas tais
causar meniscos indistintos; nessas como comprimento, tempo, massa e
condições, torna-se difícil determinar o nível temperatura como dimensões. Em termos de
de líquido com precisão. O nível de líquido um sistema particular de dimensões, todas as
é mais distinto em um tubo vertical. quantidades mensuráveis podem ser
subdivididas em dois grupos – quantidades
O segundo efeito de superfície importante é primárias e quantidades secundárias.
o ângulo de contato , que aparece quando Referimo-nos a um pequeno grupo de
uma interface líquida tem contato com uma dimensões básicas, a partir do qual todos os
superfície sólida, como a Figura 10. outros podem ser formados como
Dizemos que um líquido “molha” uma quantidades primárias, para as quais
superfície quando o ângulo de contato  é estabelecemos arbitrariamente escalas de
menor que 90°. Se  é maior que 90°, diz-se medida. Quantidades secundárias são
que o líquido não molha o sólido. Por aquelas cujas dimensões são expressas em
exemplo, a água molha o sabão, mas não termos das dimensões das quantidades
molha a cera. A água molha bastante uma primárias.
superfície limpa de vidro, com θ ≈ 0°.
Assim como o ângulo de contato  é Unidades são os nomes (e magnitudes)
sensível às condições físico-químicas reais arbitrários dados às dimensões primárias
da interface sólido-líquido. Para uma adotadas como padrões de medidas. Por
interface limpa de mercúrio-ar-vidro, exemplo, a dimensão primária de
 = 130°. comprimento pode ser medida em unidades
de metros, pés, jardas ou milhas. Cada
unidade de comprimento é relacionada às
outras por fatores de conversão de unidades
(1 milha = 5280 pés = 1609 metros).

Figura 10. Efeitos da tensão superficial


sobre gotas de água.

Você pode dizer quando o seu carro precisa


ser lavado: as gotas de água tendem a
parecer um pouco achatadas. Após a
lavagem, as gotas de água sobre a superfície
teriam contornos mais esféricos. Esses dois
casos são ilustrados na Figura 10.

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Sistemas de dimensões: Sistema básico de dimensões: F, M, L, T:

Qualquer equação válida que relaciona No sistema básico de dimensões FMLT a


quantidades físicas deve ser massa [M] e a força [F] são escolhidas como
dimensionalmente homogênea; cada termo dimensões primárias. Neste caso, a
da equação deve ter as mesmas dimensões. constante de proporcionalidade gc (não
Reconhecemos que a segunda lei de Newton confundi-la com g, aceleração da gravidade)
F⃗ ∝ ma⃗ relaciona quatro dimensões: na segunda lei de Newton escrita como
Força [F], massa [M], comprimento [L] e F⃗ = ma⃗/g possui dimensões. As
tempo [T]. Portanto, força e massa não dimensões de gc devem, de fato, ser
podem ser selecionadas como dimensões [ML/FT ] para que a equação seja
primárias sem introduzir uma constante de dimensionalmente homogênea. O valor
proporcionalidade que tenha dimensões (e numérico da constante de proporcionalidade
unidades). depende das unidades de medidas escolhidas
para cada uma das quantidades primárias.
Comprimento e tempo são dimensões
primárias em todos os sistemas dimensionais Sistemas de unidades:
de uso corrente. Em alguns deles, a massa é
tomada como uma dimensão primária. Em Há mais de uma maneira de selecionar a
outros, a força é selecionada como tal; um unidade de medida para cada dimensão
terceiro sistema escolhe ambas, a força e a primária. A tabela 1 mostra as unidades
massa, como dimensões primárias. Temos básicas assinaladas para as dimensões
assim, três sistemas básicos de dimensões primárias para os sistemas de unidades mais
que correspondem aos diferentes modos de comuns na engenharia. Nesta disciplina
especificar as dimensões primárias. daremos maior atenção ao sistema
internacional de unidades.
Sistema básico de dimensões: M, L, T:
Tabela 1. Sistemas de unidades mais comuns
No sistema básico de dimensões MLT a Sistema de Sistema de
F M L T 
Dimensões Unidades
massa [M] é uma dimensão primária e a MLT Internacional N kg m s K
força [F] é uma dimensão secundária, e a FLT
Gravitacional
lbf slug ft s °R
constante de proporcionalidade na segunda Britânico
Inglês de
lei de Newton é adimensional. FMLT
Engenharia
lbf lbm ft s °R

Sistema básico de dimensões: F, L, T:


Sistema Internacional de Unidades (SI):
No sistema básico de dimensões FLT a
massa [M] é uma dimensão secundária e a Grandezas primárias:
força [F] é uma dimensão primária, e mais
uma vez a constante de proporcionalidade na Massa (M) – quilograma (kg)
segunda lei de Newton não tem dimensão. Comprimento (L) – metro (m)
Tempo (T) – segundo (s)
Temperatura (- kelvin (K)

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Grandezas secundárias: Cinemática:

Área (L2) m2 A classificação e a comparação dos


Volume (L3) m3 movimentos são chamadas de cinemática.
Velocidade (LT-1) m/s
Aceleração (LT-2) m/s2 Posição e deslocamento, velocidade média e
Força (MLT-2) N velocidade instantânea e aceleração são
Pressão ou Tensão (ML-1T-2) Pa=N/m2 algumas propriedades gerais do movimento.
Velocidade angular (T-1) s-1 Estas grandezas físicas são grandezas
Energia (ML2T-2) J=N.m vetoriais que podem ser representadas por
Potência (ML2T-3) W=J/s vetores.
Massa específica (ML-3) kg/m3
Viscosidade (ML-1T-1) kg/m.s Um vetor tem um módulo, uma direção e
um sentido e obedece a certas regras de
Calor específico L2T-2-1 m2/s2.K
combinação. Nem todas as grandezas físicas
envolvem uma direção. Não podemos, por
O princípio da homogeneidade
exemplo, associar uma direção no espaço as
dimensional:
grandezas como a pressão, a energia, a
massa e o tempo. Essas grandezas são
Na engenharia e na ciência, todas as
chamadas de escalares e são combinadas
equações devem ser dimensionalmente
através das leis da álgebra comum.
homogêneas, isto é, cada termo aditivo em
uma equação tem de ter as mesmas
Chamamos de vetor unitário um vetor que
dimensões. Por exemplo, considere a
possui módulo exatamente igual a 1 e aponta
equação de Bernoulli para escoamentos
numa determinada direção. Os vetores
incompressíveis:
unitários não apresentam dimensões nem
unidades; sua única função é especificar
p v certas direções do espaço. Os vetores
+ + gz = constante
ρ 2 unitários que apontam no sentido positivo
dos eixos x, y e z são chamados de ı̂, ȷ̂ e k
Cada um dos termos dessa equação escrita (veja Figura 11).
nesta forma deve ter dimensão de energia
específica (L2T-2). Por outro lado se
dividirmos toda a equação pela gravidade
podemos reescrever a equação de Bernoulli
como:

p v
+ + z = constante
γ 2g

onde cada termo da equação deve agora ter


dimensão de altura específica (L). Figura 11. Os vetores unitários ı̂, ȷ̂ e k
definem um sistema de coordenadas
retangulares dextrogiro.

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Um sistema de eixos como o da Figura 11 é 𝑎 = 𝑎cos𝜃 e 𝑎 = 𝑎sen𝜃


chamado de sistema de coordenadas
dextrogiro. O sistema permanece dextrogiro onde 𝜃 é o ângulo que o vetor 𝑎⃗ faz com o
quando os três eixos sofrem a mesma eixo x positivo, e 𝑎 é o módulo de 𝑎⃗.
rotação.

Qualquer vetor pode ser expresso em função


dos vetores unitários; assim, por exemplo,
podemos especificar o vetor 𝑎⃗ da Figura 12
na forma:

𝑎⃗ = 𝑎 ı̂ + 𝑎 ȷ̂ Figura 13. As componentes correspondem


aos catetos de um triângulo retângulo cuja
hipotenusa é o módulo do vetor.

De maneira geral, a localização de uma


partícula é dada através do vetor posição r⃗,
um vetor que vai de um ponto de referência
(geralmente a origem de um sistema de
coordenadas), até a partícula. Usando a
notação de vetores unitários, podemos
escrever r⃗ como:

r⃗ = xı̂ + yȷ̂ + zk

onde xı̂, yȷ̂ e zk são as componentes


vetoriais de r⃗, e os coeficiente x, y e z são
as componentes escalares.
Figura 12. Componentes vetoriais do vetor
𝑎⃗. Os coeficientes x, y e z dão a localização da
partícula relativa aos eixos e referente à
As componentes 𝑎 ı̂ e 𝑎 ȷ̂ são chamadas origem. Por exemplo, a Figura 7 mostra uma
componentes vetoriais de 𝑎⃗ para distingui- partícula, cujo vetor posição, naquele
las de 𝑎 e 𝑎 , que são as componentes instante, é:
escalares ou simplesmente componentes do
vetor. Note na Figura 12b que as r⃗ = (−3m)ı̂ + (2m)ȷ̂ + (5m)k
componentes não mudam quando o vetor é
deslocado, desde que o módulo e a e cujas coordenadas retangulares são
orientação sejam mantidos. (−3m, 2m, 5m). Ao longo do eixo x, a
partícula está a 3 m de distância da origem,
Podemos determinar geometricamente as no sentido −ı̂. Ao longo do eixo y, está a 2
componentes de 𝑎⃗ a partir do triângulo m de distância da origem, no sentido +ȷ̂. E,
retângulo mostrado na Figura 13 através das ao longo do eixo z, está a 5 m de distância
equações: da origem, no sentido +k.

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O limite de v⃗ é quando Δt tende a zero é a


velocidade instantânea (ou, simplesmente,
velocidade) v⃗:
dr⃗
v⃗ =
dt

que, na notação dos vetores unitários,


assume a forma:

v⃗ = uı̂ + vȷ̂ + wk

onde u = dx⁄dt, v = dy⁄dt e w = dz⁄dt.

A orientação da velocidade instantânea v⃗ de


uma partícula é sempre a mesma da tangente
à trajetória na posição em que a partícula se
Figura 14. O vetor posição r⃗ de uma encontra no momento.
partícula é a soma vetorial das componentes
vetoriais. A Figura 15 mostra a trajetória de uma
partícula que se move no plano xy. Quando
Quando uma partícula se move, o vetor a partícula se desloca para a direita ao longo
posição varia de tal forma que sempre liga o da curva, o vetor posição gira para a direita.
ponto de referência (origem) à partícula. Se Durante o intervalo de tempo Δt, o vetor
o vetor posição varia de r ⃗ para r ⃗, digamos, posição muda de r ⃗ para r ⃗, e o
durante um intervalo de tempo ∆t, o deslocamento da partícula é ∆r⃗. É mostrada
deslocamento da partícula, ∆r⃗ durante o também a tangente à trajetória da partícula
intervalo de tempo ∆t é dado por: na posição 1.

∆r⃗ = r ⃗ − r ⃗

Podemos também escrever o deslocamento


por:

∆r⃗ = ∆xı̂ + ∆yȷ̂ + ∆zk

Se uma partícula sofre um deslocamento ∆r⃗


em um intervalo de tempo Δt, a velocidade
média v⃗ é da partícula nesse intervalo de
tempo é dada por:

∆r⃗ Figura 15. A posição da partícula, na sua


v⃗ é = trajetória, é mostrada no instante t1 e no
∆t
instante t1 + Δt. O vetor ∆r⃗ é o deslocamento
da partícula, no intervalo Δt.

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Para determinar a velocidade instantânea da Métodos de descrição:


partícula no instante t1 (instante em que a
partícula está na posição 1), reduzimos o Há dois pontos de vista diferentes na análise
intervalo de tempo Δt nas vizinhanças de t1, de problemas em mecânica. O primeiro,
fazendo-o tender a zero. Com isso, três apropriado à mecânica dos sólidos, segue
coisas acontecem: (1) O vetor posição r ⃗ da uma partícula individual movendo-se no
Figura 8 se aproxima de r ⃗, fazendo ∆r⃗ escoamento é chamado de descrição
tender a zero. (2) A direção de ∆r⃗⁄∆t (e, lagrangiana. No entanto, certas análises
portanto, de v⃗ é ) se aproxima da direção numéricas de escoamentos de fluidos
da reta tangente à trajetória da partícula na claramente delimitados, tais como o
posição 1. (3) A velocidade média v⃗ é se movimento de gotas isoladas de fluido, são
aproxima da velocidade instantânea v⃗ no efetuadas muito convenientemente em
instante t1. coordenadas lagrangianas. O segundo
No limite Δt → 0, temos v⃗ é → v⃗ e, o que método, apropriado à mecânica dos fluidos,
é mais importante neste contexto v⃗, assume preocupa-se com o campo de escoamento e
a direção da reta tangente. Assim, v⃗ também é chamado de método euleriano de
assume essa direção. descrição. No método euleriano, calcula-se,
A Figura 16 mostra o vetor velocidade v⃗ e as por exemplo, o campo de pressão p(x,y,z,t)
componentes escalares x e y. Note que v⃗ é do padrão do escoamento, não as variações
tangente à trajetória da partícula na posição de pressão p(t) que uma partícula
da partícula. experimenta quando ela se move no campo.

Referencial Lagrangeano:

 Acompanha elementos de massa


identificável.

 Na mecânica dos fluidos,


acompanhar o movimento de cada
partícula, muitas vezes, torna-se
impraticável.

Figura 16. O vetor velocidade v⃗ da partícula Lagrangeano: Segue a trajetória das


e as componentes escalares de v⃗. partículas com identidade fixa, Figura 17.

Figura 17. Referencial Lagrangeano.

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No instante t = t0, r⃗(t ) = aı̂ + bȷ̂ No caso de regime permanente, a velocidade


no ponto (x0, y0) será sempre constante. No
x  x(a, b, t) entanto, se você mudar o instrumento para o
y  y(a, b, t) ponto (x1, y1) você obterá um novo valor de
velocidade.
Velocidade da partícula:
Campo de velocidade:
dx dy
u , v Em primeiro lugar entre as propriedades de
dt dt um escoamento está o campo de velocidade
V⃗(x, y, z, t). Na verdade, determinar a
Referencial Eulereano:
velocidade frequentemente equivale a
resolver um problema de escoamento, uma
 Focaliza a atenção sobre as
vez que outras propriedades derivam
propriedades do escoamento num
diretamente do campo de velocidade. Em
determinado ponto do espaço como
geral, a velocidade é uma função vetorial da
função do tempo.
posição e do tempo e, portanto, tem três
componentes u, v e w, sendo cada um deles
 As propriedades do campo do um campo escalar.
escoamento são descritas como
funções das coordenadas espaciais e
 Num dado instante, o campo de
do tempo. 
velocidades, V , é uma função das
coordenadas espaciais (x, y, z) e do
Eulereano: Descreve o que ocorre em tempo (t) – referencial Euleriano:
diferentes posições do campo do  
escoamento, veja Figura 18. V  V(x, y, z, t)

 Ou em termos das suas


componentes:

V  uiˆ  vjˆ  wkˆ
Figura 18. Referencial Eulereano.
onde (u, v, w), também dependem de x, y, z
e t.
O campo de velocidade é uma função de sua
posição no espaço e no tempo. Utilizando
Aceleração de uma partícula fluida num
um instrumento no ponto (x0, y0) ele vai
campo de velocidade:
registrar a velocidade:
A translação de uma partícula de fluido está
u  u(x 0 , y0 , t) obviamente conectada com o campo de
v  v(x 0 , y0 , t)  
velocidade V  V(x, y, z, t) .

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A princípio, poderíamos ficar tentados a Campos de escoamento: linhas de


calcular a aceleração simplesmente como corrente, linhas de emissão e linhas de
a⃗ = ∂V⃗⁄∂t, mas isso seria incorreto, porque trajetória:
V⃗ é um campo, ou seja, ele descreve o
escoamento inteiro e não somente o A mecânica dos fluidos é um tema altamente
movimento individual de uma partícula. visual. Os campos de escoamento podem ser
visualizados de muitos modos diferentes, e
O problema, então, consiste em reter a pode-se visualizá-los em esboços ou
descrição de campo para as propriedades do fotografias e aprender muito
fluido e obter uma expressão para a qualitativamente e muitas vezes
aceleração de uma partícula à medida que quantitativamente sobre o escoamento.
ela se move num campo de escoamento.
Quatro tipos básicos de linhas são usados
A aceleração total da partícula é dada por: para visualizar os escoamentos:

     1. Linha de corrente é uma linha tangente


 DV V V V V
ap  u v w  em todos os pontos ao vetor velocidade em
Dt x y z t um dado instante.
   2. Linha de trajetória é o caminho real
V V V percorrido por uma determinada partícula de
onde u v w representa a
fluido.
x y z
 3. Linha de emissão é a linha formada por
V
aceleração convectiva e a aceleração todas as partículas que passaram
t anteriormente por um ponto prescrito.
local. 4. Linha de filete é um conjunto de
 partículas de fluido que formam uma linha
 A derivada, DV / Dt é usualmente em um dado instante.
chamada derivada substancial ou
derivada material. A linha de corrente é conveniente para
calcular matematicamente, enquanto as
 A equação da aceleração é uma outras três são mais fáceis de gerar
equação vetorial. Ela pode ser escrita experimentalmente. Observe que uma linha
na forma de suas componentes de corrente e uma linha de filete são linhas
escalares: instantâneas, enquanto a linha de trajetória e
a linha de emissão são geradas no decorrer
Du u u u u do tempo.
a xp  u v w 
Dt x y z t
Uma linha de filete pode ser gerada
Dv v v v v facilmente em um escoamento de líquido,
a yp  u v w  por exemplo, através de uma única descarga
Dt x y z t de bolhas de um fio. Uma linha de trajetória
pode ser encontrada fazendo-se uma
Dw w w w w exposição no tempo de uma única partícula
a zp  u v w 
Dt x y z t marcada movendo-se no escoamento.

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Linhas de corrente são difíceis de gerar Em mecânica dos fluidos o resultado


experimentalmente em escoamento não matemático mais comum para fins de
permanente, a menos que se marque um visualização é a linha de corrente.
grande número de partículas e se observe
sua direção de movimento durante um Linhas de corrente:
intervalo de tempo muito curto. Em
escoamento permanente, no qual a São tangentes à direção do escoamento em
velocidade varia somente com a posição, a cada ponto do campo. Isto é, num dado
situação se simplifica bastante. ponto, a tangente a linha de corrente é
paralela ao vetor velocidade naquele ponto.
Linhas de corrente, linhas de trajetória e
linhas de emissão são coincidentes em
escoamento permanente.

Figura 21. Linha de corrente.

Pela semelhança de triângulos tem-se a


definição matemática das linhas de corrente:

dx dy
Figura 19. Linhas de emissão sobre um 
automóvel em um túnel de vento. u v

 Como as linhas de corrente são


sempre tangentes à velocidade, não
pode haver escoamento normal a
elas.

 Linhas de corrente nunca se cruzam,


do contrário haveria extinção ou
produção de massa no interior do
escoamento.

Figura 20. Trajetórias e linhas de emissão


para o escoamento da saída de uma
mangueira oscilante de jardim.

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Classificação dos escoamentos: Num primeiro momento, poderemos


concluir que o arrasto é devido ao atrito do
Mecânica dos fluidos é uma disciplina muito ar escoando sobre a bola; com um pouco
vasta: cobre tudo, desde a aerodinâmica de mais de reflexão, poderemos chegar à
um veículo de transporte supersônico até a conclusão de que o atrito não deve
lubrificação das juntas do corpo humano contribuir muito para o arrasto, pois a
pelo fluido sinovial. Os dois aspectos da viscosidade do ar é muito pequena e, assim,
mecânica dos fluidos mais difíceis de tratar o arrasto seria devido principalmente ao
são: (1) a natureza viscosa dos fluidos e (2) aumento da pressão do ar na região frontal
sua compressibilidade. da bola à medida que ela empurra o ar para
fora do seu caminho. A questão que surge é:
Embora não seja a única forma de fazê-lo, a podemos predizer, em qualquer instante, a
maioria dos engenheiros subdivide a importância relativa da força viscosa e da
mecânica dos fluidos em termos da presença força de pressão na frente da bola? Podemos
ou não dos efeitos viscosos e de fazer previsões similares para qualquer
compressibilidade, conforme mostrado na objeto como, por exemplo, um automóvel,
Figura 22. Nesta figura, são mostradas um submarino ou um glóbulo vermelho do
também classificações em termos do tipo de sangue movendo-se através de um fluido
escoamento, se laminar ou turbulento e se qualquer como, por exemplo, o ar, a água ou
interno ou externo. o plasma sanguíneo? A resposta é que
podemos! Podemos estimar se as forças
viscosas são ou não desprezíveis em
comparação com as forças de pressão pelo
simples cálculo do número de Reynolds:

ρVD
Re =
μ

em que ρ e μ são, respectivamente, a massa


específica e a viscosidade do fluido, e V e D
são a velocidade e o comprimento
característico do escoamento (neste
Figura 22. Classificação da mecânica dos exemplo, a velocidade e o diâmetro da bola),
fluidos de meios contínuos. respectivamente. Se o número de Reynolds
for “grande”, os efeitos viscosos serão
 Escoamentos viscosos e não desprezíveis pelo menos na maior parte do
viscosos: escoamento; se o número de Reynolds for
“pequeno”, os efeitos viscosos serão
Quando se joga uma bola para o ar, além do dominantes.
efeito da gravidade, a bola experimenta
também o arrasto aerodinâmico do ar. A Um escoamento é considerado dominado
questão que surge é: qual a natureza da força (ou não) pelo atrito com base não apenas na
de arrasto sobre a bola? viscosidade do fluido, mas no sistema
completo do escoamento.

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 Escoamento laminar: a estrutura do


escoamento é caracterizada pelo
movimento suave em lâminas ou
camadas.

Figura 23. Escoamento incompressível em


torno de uma esfera.
Figura 27. Exemplo de escoamento laminar.

 Escoamento turbulento: a estrutura


do escoamento é caracterizada por
movimentos tridimensionais
aleatórios de partículas fluidas, em
adição ao escoamento médio. Ocorre
alta dissipação de energia.
Figura 24. Esquema de uma camada-limite.

 Escoamento interno: escoamentos Figura 28. Exemplo de escoamento


completamente envoltos por turbulento.
superfícies sólidas.

 Escoamento compressível e
incompressível:

Os escoamentos nos quais as variações na


massa específica são desprezíveis
denominam-se incompressíveis; quando as
Figura 25. Exemplo de escoamento interno. variações de massa específica não são
desprezíveis, o escoamento é denominado
 Escoamento externo: escoamentos compressível. O exemplo mais comum de
sobre corpos imersos num fluido. escoamento compressível é o escoamento de
gases, enquanto o escoamento de líquidos
pode, geralmente, ser tratado como
incompressível.

Para muitos líquidos, a temperatura tem


pouca influência sobre a massa específica.
Sob pressões moderadas, os líquidos podem
ser considerados incompressíveis.
Entretanto, em altas pressões, os efeitos de
Figura 26. Exemplo de escoamento externo. compressibilidade nos líquidos podem ser
importantes.

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As mudanças de pressão e de massa  Escoamento uniforme:


específica em líquidos são relacionadas pelo
módulo de compressibilidade, ou módulo de O vetor velocidade não varia com a posição:
elasticidade:

v
dp 0
E ≡ s
(dρ⁄ρ)
 Escoamento não uniforme:
Se o módulo de compressibilidade for
independente da temperatura, a massa O vetor velocidade varia com a posição:
específica será uma função da pressão 
v
apenas. Valores de módulos de 0
s
compressibilidade para líquidos podem ser
encontrados facilmente em tabelas de
propriedades.  Escoamento permanente:

Os escoamentos de gases com transferência As propriedades em cada ponto do campo


de calor desprezível também podem ser (x, y, z) não mudam com o tempo:

considerados incompressíveis, desde que as v p
0 , 0
velocidades do escoamento sejam pequenas t t
em relação à velocidade do som; a razão
entre a velocidade do escoamento, V, e a  Escoamento transitório:
velocidade local do som, c no gás, é definida
como sendo o número de Mach, As propriedades em cada ponto do escoamento
mudam com o tempo:

V v p
M≡ 0 , 0
c t t

Para M < 0,3, a variação da massa específica  Escoamento 1D, 2D e 3D:


é inferior a 5%. Assim, os escoamentos de
gases com M < 0,3 podem ser tratados como Um escoamento é uni, bi ou tri-dimensional
incompressíveis. em função do número de coordenadas
espaciais necessárias para se especificar o
Escoamentos compressíveis ocorrem com campo de velocidade. Todos os escoamentos
frequência nas aplicações de engenharia. são 3D. Alguns casos podem ser
Exemplos comuns incluem sistemas de ar aproximados para 1D ou 2D.
comprimido empregados no acionamento de
ferramentas e equipamentos pneumáticos, o
transporte de gases em tubulações a altas
pressões, os controles pneumático e
hidráulico e os sistemas sensores. Os efeitos
de compressibilidade são muito importantes
nos projetos de aeronaves e de mísseis de
Figura 29. Exemplos de escoamentos uni e
alta velocidade, de instalações de potência,
bidimensionais.
de ventiladores e de compressores.

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Grupos Adimensionais de Importância Número de Reynolds:


em Mecânica dos Fluidos:
O número de Reynolds é a razão entre as
 Ao longo dos anos, várias centenas forças de inércia e as forças viscosas.
de grupos adimensionais diferentes
que são importantes na engenharia Escoamento interno:
foram identificados.
VD VD
Re  
 As forças encontradas nos fluidos em  
escoamento incluem aquelas devidas
à inércia, viscosidade, pressão, Escoamento externo:
gravidade, tensão superficial e
compressibilidade. VL VL
Re  
 
 A razão entre duas forças quaisquer
será adimensional.
A natureza (laminar ou turbulento) é
determinada pelo valor do número de
 As forças de inércia são importantes
Reynolds.
na maioria dos problemas de
mecânica dos fluidos.
 Escoamento interno em um tubo é
laminar para Re  2300 .
 A razão entre as a força de inércia e
cada uma das outras listadas, leva a
cinco grupos adimensionais  Escoamento externo sobre uma
fundamentais encontrados na placa plana é laminar para
mecânica dos fluidos: número de Re  5 105 .
Reynolds, Re, número de Euler, Eu,
número de Froude, Fr, número de
Weber, We e número de Mach, M.

 O primeiro parâmetro foi explorado


por Osborne Reynolds, engenheiro
britânico, que estudou a transição
entre os regimes de escoamentos
laminar e turbulento em um tubo. Ele
descobriu que o parâmetro (que mais
tarde recebeu seu nome) é um
critério pelo qual o regime do
escoamento pode ser determinado.
Experiências posteriores têm
mostrado que o número de Reynolds
é um parâmetro chave também para
outros casos de escoamento.

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Exercícios 3. A viscosidade é uma propriedade dos


fluidos relacionada a forças volumétricas de
1. O valor da permeabilidade absoluta (k) na atrito interno que aparecem em um
equação de Darcy, para escoamento laminar escoamento devido ao deslizamento das
em meios porosos, pode ser calculada por: camadas fluidas, umas sobre as outras. Para
um fluido newtoniano, a viscosidade é
QL fixada em função do estado termodinâmico
k em que o fluido se encontra. A propriedade
Ap
que mais influencia na viscosidade de
Sendo Q = vazão volumétrica do fluido, µ a líquidos e gases é a temperatura. Para a
viscosidade absoluta do fluido, L o maioria dos fluidos, à medida que a
comprimento do meio poroso, A a área de temperatura aumenta, a viscosidade:
escoamento e p a diferença de pressão, a
a) dos líquidos e a dos gases aumentam.
dimensão de k é:
b) dos líquidos e a dos gases diminuem.
c) dos líquidos aumenta, e a dos gases
a) L2
diminui.
b) L4
d) dos líquidos diminui, e a dos gases
c) ML-3
aumenta.
d) ML2
e) dos líquidos diminui, e a dos gases
e) MLT-1
não sofre alteração.

2. O número de cavitação (Ca) é um número


adimensional empregado na investigação da 4. Em relação a algumas características dos
cavitação em bombas: fluidos, analise as afirmativas a seguir:

p  pv I – Os fluidos newtonianos são aqueles em


Ca  que a tensão de cisalhamento é diretamente
(1 / 2) v 2 X proporcional à taxa de deformação.

Onde p é a pressão do fluido, pv é a sua II – A lei de Newton da viscosidade para um


pressão de vapor, v é a velocidade de escoamento unidimensional é dada por
escoamento e a constante ½ não possui du
dimensão. Nesse caso, a dimensão de X é:  yx   , onde  é a tensão de
dy
a) ML-3 cisalhamento, u é a velocidade e µ é a
b) L-2 viscosidade cinemática.
c) Adimensional
d) L-2T2 III – nos líquidos, a viscosidade aumenta
e) ML-1T-2 com o aumento da temperatura enquanto,
nos gases, a viscosidade diminui com o
aumento da temperatura.

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IV – Um fluido que se comporta como um 6. A classificação do regime de escoamento


sólido até que uma tensão limítrofe seja em tubos pode ser representada pelo
excedida e, em seguida, exibe uma relação Número Adimensional de:
linear entre a tensão de cisalhamento e a
taxa de deformação, é denominado plástico a) Reynolds.
de Bingham ou plástico ideal. b) Weber.
c) Froude.
Estão corretas APENAS as afirmativas: d) Mach.
e) Euler.
a) I e II.
b) I e IV. 7. No século XIX, Osborne Reynolds
c) II e III. estudou a transição entre os regimes laminar
d) I, II e III. e turbulento em um tubo. O parâmetro que
e) II, III e IV. determinou o regime de escoamento, mais
tarde, recebeu o nome de número de
5. Em relação ao comportamento reológico Reynolds, indicado por Re. Tal parâmetro,
de fluidos, analise as proposições a seguir. no caso do escoamento em tubos, comporta-
se, para escoamento laminar e para
I – A viscosidade de um fluido sempre escoamento turbulento, da seguinte forma:
diminui com o aumento da temperatura.
Escoamento laminar Escoamento turbulento
II – Fluidos nos quais a tensão de (a) Re < 1.000 Re > 1.400
cisalhamento apresenta uma relação linear (b) Re < 2.000 Re > 2.400
com a taxa de deformação são ditos fluidos (c) Re < 5.000 Re > 5.400
não newtonianos. (d) Re < 3 x 104 Re > 3,1 x 104
(e) Re < 5 x 105 Re > 5,1 x 105
III – Um fluido plástico de Bingham não
escoa quando submetido a uma tensão de 8. Qual dos intervalos indicados abrange a
cisalhamento inferior a um determinado típica transição entre escoamento laminar e
valor limite. turbulento?

IV – A viscosidade cinemática é definida a) 500<Re<1.000


como a razão entre a viscosidade dinâmica e b) 2.500<Re<5.000
a massa específica de um fluido. c) 10.000<Re<20.000
d) 50.000<Re<100.000
São corretas APENAS as proposições: e) 100.000<Re<150.000

a) I e II. 9. No escoamento laminar;


b) II e III.
c) III e IV a) as partículas apresentam movimento
d) I, II e IV. caótico macroscópio.
e) II, III e IV. b) os números de Reynolds são altos.

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c) A estrutura do escoamento é
caracterizada pelo movimento em
camadas ou lâminas.
d) ocorrem flutuações tridimencionais.
e) ocorre alta dissipação de energia.

10. Considere o escoamento de um óleo


( = 900 kg/m³, µ = 0,1 kg/m.s) em um duto
com 50 mm de diâmetro, longo e reto,
ocorra à velocidade média de 2,0 m/s. O
regime de escoamento no caso apresentado é
laminar ou turbulento?

11. Um óleo ocupando um volume de 6 m³


pesa 48 kN quando se considera a
aceleração da gravidade igual a 10 m/s².
Nesta situação, os valores numéricos da
massa específica do óleo, expressa em
unidades do sistema internacional, e de sua
densidade em relação à água a 4° C,
respectivamente, são:

12. Uma tubulação deve ser dimensionada


para que possa transportar tanto gás natural
como água com a mesma vazão mássica.
Considerando-se que a temperatura e a
pressão de escoamento não serão muitos
diferentes, em ambos os casos, o número de
Reynolds obtido para:

a) a água será maior porque a densidade


da água é maior.
b) a água será maior porque as vazões
mássicas são iguais.
c) a água será menor porque a
viscosidade da água é maior.
d) os dois fluidos será igual porque as
vazões mássicas são iguais.
e) os dois fluidos será igual porque as
relações de massas específicas e de
viscosidade entre os dois fluidos
serão as mesmas.

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Objetivos  Para defini-la é necessário


especificar:
 Complementar os conceitos
fundamentais de Mecânica dos  Intensidade,
Fluidos.  direção e
 área onde ela atua.
 Definir e trabalhar com a equação
que nos possibilite determinar o Tensões Normais,  e Cisalhantes, :
campo de pressão dentro de um
fluido estático.

Conceitos:

 Tensão;
 Taxa de deformação.

Campo Escalar, Vetorial e Tensorial: Figura 1. Direções dos vetores.


 Variáveis escalares: Pressão, Fn Ft
Temperatura, Energia, Entalpia, nn  lim e nt  lim
A n 0 A A n 0 A
Concentração, dependem da posição n n

no espaço e no tempo. (Tensor de


ordem zero).  O primeiro índice indica a área onde
a tensão atua e o segundo índice a
 Variáveis vetoriais: Velocidade, direção.
Força, Quantidade de Movimento,
dependem da posição, do tempo e da  A tensão  nn atua numa área cuja

direção. (Tensor de ordem um). normal é paralela ao vetor n e cuja
direção também é paralela ao vetor

 Variáveis tensoriais: Tensão e Taxa n.
de Deformação no fluido, dependem
da posição, do tempo, da direção e  A tensão nt atua numa área cuja
da área. (Tensor de ordem dois). 
normal é paralela ao vetor n e cuja

direção é paralela ao vetor t .
Campo de Tensão:

 Tensão é uma força de superfície:


Tensão em um ponto:
atua nas fronteiras do meio em
contato direto.
 9 componentes
 3 normais
 6 tangenciais

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  xx xy xz  Qual é a taxa de variação do ponto N em


  relação ao ponto M, isto é, como  varia
  yx  yy  yz 
com o tempo?
 zy  zz 
 zx
Para um instante t , a deformação entre M
e M’ dada por  é:

l
  arctan
y

Logo a taxa de deformação é:

d 
 lim 
1

 l / y     l / t   u

dt t 0 1   l / y 2 t  y y
 

onde u é a variação relativa da velocidade


entre os pontos M e M’.

Figura 2. Tensão em um ponto. Dessa forma, a taxa de deformação pode


ser escrita como:
Taxa de Deformação:
d du
 Fenômeno Local, de um ponto em 
dt dy
relação a sua vizinhança (y) .
Taxa de Deformação:

 Taxa de deformação é um conceito


relativo, quer dizer, ela representa a
taxa de um dado ponto relativo à sua
vizinhança;

 Ela pode variar ponto a ponto no


escoamento;

 Tal como a tensão, a taxa de


deformação de um ponto fluido
possui natureza tensorial;
Figura 3. Taxa de deformação. Dxy = du/dy.

t = 0, pontos M e N alinhados e l  0  Para determiná-la é necessário o


conhecimento do campo de
t = t , ponto M’ deslocou l em relação M velocidades e suas derivadas.

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Relação entre Tensão e Taxa de Estática dos Fluidos:


Deformação:
 Estática dos Fluidos trata do estado
du de forças atuantes no fluido na
 yx   ausência de movimento relativo entre
dy
as partículas.
onde  é a viscosidade dinâmica (N.s/m2).
 Qual é a consequência da ausência
de movimento relativo no fluido?
Movimento com Cisalhamento Simples:
 Fluido é uma substância que se
 Ocorre onde a taxa de deformação, deforma continuamente sob a ação
du/dy, é constante; logo o perfil de de tensões de cisalhamento;
velocidade é linear: u(y) = ay+b e a
tensão é constante, veja Figura 4;  Não havendo cisalhamento não há
deformação e, portanto não há
 Na prática isto ocorre quando movimento relativo.
camadas planas de fluido deslizam
uma sobre a outra;  Resta saber a natureza das tensões
normais.

O que acontece com o tensor das tensões?

 Na ausência de movimento relativo,


não há cisalhamento.

Figura 4. Movimento com cisalhamento  As nove componentes se reduzem a


simples. apenas três tensões normais que
estão na diagonal principal:
 Casos (a), (b) e (c) tem duas placas
espaçadas h e deslizando com   xx 0 0 
velocidade U0 relativa entre si;  
 0  yy 0 
 0 0  zz 
 A taxa de deformação é constante e 
igual a |du/dy| = U0/h; ela depende
apenas do movimento relativo entre O que mais pode acontecer com o tensor
um ponto e outro. das tensões?

 A soma das tensões da diagonal de


qualquer tensor é invariante, isto é:
 xx   yy  zz  cte .

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 Invariante significa que o sistema de Forças de Superfície, 𝐅⃗𝐒 :


coordenadas pode sofrer qualquer
transformação linear (girar ou  Forças de superfície agem na
transladar) que a soma é sempre a superfície do elemento. Um exemplo
mesma. são as tensões. Em particular a
pressão é um agente de força de
Pode-se dizer então que a soma: superfície, veja Figura 5.
 xx   yy   zz é isotrópica, isto é,
qualquer que seja a direção dos eixos
coordenados ortogonais ela é sempre
a mesma.

Conclusões Importantes:

 No fluido estacionário  xx   yy  zz .

 p é a pressão estática do fluido ou Figura 5. Força de superfície.


pressão mecânica:
Forças de Volume ou de Campo ou de
p    xx   yy   zz  / 3 Corpo, 𝐅⃗𝐁 :

 Como o fluido está estacionário, ela  Enquanto que as tensões normais


também coincide com a pressão (pressão) agem na superfície de um
termodinâmica. elemento existem forças que agem
em todo elemento ou volume de
fluido, veja Figura 6;

 A gravidade é um exemplo; todo o


volume de fluido está submetido à
mesma aceleração da gravidade, i.e.,
à força peso;

Figura 6. Força de campo.

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Equilíbrio entre Forças de Superfície e A Força de Campo (Peso):


Forças de Campo:
A força de campo gravitacional é dada por:
 Para o fluido estar sem movimento 
relativo é necessário que a resultante  
 dFB  g.dm  g..d
das forças de superfície, FS e de

campo, FB , seja nula. onde:

g é a aceleração da gravidade local;

 é a densidade do fluido;

d é o volume elementar do fluido.

Sabendo ainda que o volume pode ser


escrito como:

d  dxdydz
Figura 7. Equilíbrio entre forças de
superfície e forças de campo. pode-se reescrever a equação da força de
campo gravitacional:

O Elemento de Fluido:  
dFB  g..dxdydz
 Um elemento infinitesimal de fluido
A Força de Superfície (Compressão):
com dimensões dx, dy e dz, de
densidade  e massa dm é
 Considere que p seja a pressão no
apresentado na Figura 8:
centro do volume. Ela exerce uma
força por unidade de área nas seis
faces.

 A pressão sempre age na forma de


uma força de compressão.

 A força exercida por p na direção x é


representada na Figura 9:

Figura 8. Elemento infinitesimal de fluido.

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Esta é uma equação vetorial. Ela possui três


componentes:

p
direção : x    g x  0
x
Figura 9. Força exercida por p na direção x.
p
direção : y    g y  0
y
A Força de Superfície (pressão):
p
direção : z    g z  0
 As componentes da força exercida z
pela pressão são obtidas a partir da
contribuição de cada face do volume:
Equações de equilíbrio para um
  p   p   p   referencial cartesiano:
dFS            dxdydz  pdxdydz
 x iˆ  y ˆj  z kˆ 
 Considerando a gravidade alinhada
com o eixo z no sentido negativo,
 O gradiente de pressão é interpretado temos que: g x  g y  0 e g z   g .
como sendo a força de superfície por
unidade de volume que atua num
volume infinitesimal.  A pressão não varia nas direções x e
y. Portanto ela é constante nestas
direções:
A Segunda Lei de Newton:
p p
  0
 Um referencial inercial observa o x y
elemento de fluido estacionário e
sem movimento relativo; a somatória  A pressão varia linearmente na
das forças atuantes sobre ele é nula: direção z. Ela diminui à medida que
  z aumenta.

dFB  dFS  0   g  p  dxdydz  0
p
  g  0
 Como o volume é arbitrário, é z
necessário que:
 p  z   gz  C
p  g  0
Obs.: Relações válidas para  constante.
A Equação da Hidrostática:

p  g  0

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Variação da Pressão:  p B  p A  .A  gh.A


ou
 p B  p A   gh

 A diferença de pressão é equivalente


a pressão exercida por uma coluna de
fluido com altura h.

Figura 10. Variação da pressão. Corolário: p não depende da área e só


varia com a altura z.
 Considerando os sentidos do eixo
z  0 e de ‘g’, vamos observar da Pressão: absoluta, manométrica e vácuo:
expressão:

p  z   gz  C

 p diminui em relação a C para z > 0;

 p aumenta em relação a C para z < 0.

Força Peso = Força ‘Pressão’:

 Considerando fluido incompressível;


Figura 12. Ilustração das leituras de pressão
A gravidade alinhada com o eixo z no absoluta, manométrica e vacuométrica.
sentido negativo tem-se que:

A atmosfera padrão:

Não existe um modelo padrão simples para a


atmosfera. Uma atmosfera padrão
internacional (API) foi definida pela
Organização da Aviação Civil Internacional
(OACI); existe também uma atmosfera
padrão similar nos EUA.

O perfil de temperatura da atmosfera padrão


nos EUA é mostrado na Figura 13 e as
Figura 11. Pressão exercida por uma coluna condições da atmosfera padrão nos EUA ao
de fluido com altura h. nível do mar estão resumidas na Tabela 1.

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 Dois pontos quaisquer à mesma


elevação, em uma massa contínua do
mesmo fluido estática, estarão à
mesma pressão.

 Para um mesmo fluido a pressão


estática é expressa pelo produto da
distância h, densidade  e g:

 p 2  p1   gh  h
Medição da Pressão: Manômetros tubo
Figura 13. Distribuição de temperatura e
em U:
pressão na atmosfera padrão dos EUA.

Tabela 1. Condições da atmosfera padrão


nos EUA ao nível do mar
Propriedade Símbolo Unidade no SI
Temperatura T 15°C
Pressão p 101,3 kPa (abs)
Massa específica  1,225 kg/m3
Viscosidade  1,789x10-5 Pa.s

Análise da variação de pressão: Fluidos Figura 14. Manômetro em U.


com densidade constante:
Regra: mesmo fluido e mesma altura
 A pressão estática é função do ponto; apresenta mesma pressão porque a pressão
só varia com z.
 Ela só varia na direção onde atua a
gravidade; p 2  p3

 A pressão em um fluido estático p 2  p A  1 h 1


uniforme continuamente distribuído
varia somente com a distância p3  patm   2 h 2
vertical e é independente da forma
do recipiente. Ela é a mesma em
p A  1h1  p atm   2 h 2
todos os pontos em um dado plano
horizontal no fluido. Ela aumenta
com a profundidade no fluido. p man  p A  p atm   2 h 2  1h1

p man  p A  p atm  g   2 h 2  1h1 

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Medição da Pressão: Manômetro O barômetro de mercúrio:


Diferencial:
A aplicação mais simples da equação da
hidrostática é o barômetro (Figura 17), que mede
a pressão atmosférica. Um tubo é cheio com
mercúrio e invertido quando submerso em um
reservatório. Isso causa a formação de vácuo na
extremidade superior fechada porque o mercúrio
tem uma pressão de vapor extremamente
pequena à temperature ambiente (0,16 Pa a
20°C). Como a pressão atmosférica força a
coluna de mercúrio a subir uma distância h no
tubo, a superfície superior do mercúrio está a
pressão zero.

Figura 15. Manômetro Diferencial.

p 2  p3

p A  p B    3 h 3   2 h 2  1 h 1 

p A  p B  g  3h 3  2 h 2  1h1 

Figura 17.O barômetro mede a pressão


Medição da Pressão: Manômetro de atmosférica absoluta local.
Bourdon
Da Figura 17, a equação da hidrostática é
aplicada com p = 0 em z = h e p = p em
z = 0:

p = −γ (0 − h)

ou
p
h=
γ

Ao nível do mar, com p = 101.325 Pa e


γ = 133.100 N/m , a altura barométrica é
h = 101.325/133.100 = 0,761 m, ou seja,
761 mm de mercúrio. É usado o mercúrio
Figura 16. Manômetro de Bourdon. porque ele é o líquido comum mais pesado.
Um barômetro de água teria um pouco mais
de 10 m de altura.

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1. a) 101.
b) 102,3.
c) 103,4.
d) 104,5.
e) 105.

3. Considere o manômetro de dois fluidos


abaixo:

A figura acima ilustra um manômetro com


tubo em U, muito utilizado para medir
diferenças de pressão. Considerando que os
pesos específico dos três fluidos envolvidos
estão indicados na figura por 1, 2, e 3, a
diferença da pressão pA - pB corresponde a:

a) 1h1 + 2h2 + 3h3


b) 1h1 - 2h2 + 3h3 Dados: Densidade relativa de tetracloreto de
c) 2h2 + 3h3 - 1h1 carbono = 1,595 e g = 10 m/s².
d) 2h2 - 3h3 - 1h1
e) (1h1 + 2h2 + 3h3)/3 A diferença de pressão aplicada, em Pa,é
igual a:
2.
a) 0,61
b) 6,1
c) 61
d) 161
e) 610

4.

Um manômetro diferencial de mercúrio


( = 13.600 kg/m³), como o esquematizado
na figura, foi conectado a uma tubulação por
onde flui ar para a medição da pressão
interna. Considerando que a pressão
atmosférica local é de 100 kPa e que a Um engenheiro necessita determinar a
diferença de nível de mercúrio observada é deflexão L de um manômetro de dois fluidos
de 25 mm e adotando g = 10 m/s², a pressão líquidos como mostra a figura acima. A
absoluta na tubulação, em kPa, é igual a: massa especifica do fluido 1 vale 1000

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kg/m³ e a do fluido 2 vale 3000 kg/m³. A


aceleração da gravidade corresponde a 10
m/s². Sabendo que a diferença de pressão
(pA - pB) é de 650 N/m², após os cálculos, o
engenheiro obtém para L, em mm,

a) 25,7
b) 32,5 Sobre a pressão exercida pelo líquido no
c) 45,6 fundo dos recepientes, com base nas
d) 63,5 dimenções dadas, considere as afirmações
e) 72,0 abaixo.

5. Manômetros de Bourdon são colocados A pressão é idêntica nos dois recepientes.


no sistema dado a seguir.
PORQUE

A pressão dependente da dimensão da


superfície sobre a qual o líquido repousa.

A esse respeito, conclui-se que:

a) as duas afirmações são verdadeiras, e


a segunda justifica a primeira.
Se as pressões manométricas P’A, P’B, e P’C b) as duas afirmações são verdadeiras, e
forem, respectivamente, 3,0 atm, 2,8 atm e 2 a segunda não justifica a primeira.
atm, sabendo-se que a pressão atmosferica é c) a primeira afirmação é verdadeira, e
1 atm, qual a pressao absoluta no recepiente a segunda é falsa.
A? d) a primeira afirmação é falsa, e a
segunda é verdadeira.
a) 2 atm e) as duas afirmações são falsas.
b) 5 atm
c) 6 atm 7. Considere que o lago da URI, tenha uma
d) 6,8 atm profundidade máxima de 20 m e esteja
e) 8,8 atm submetida a uma pressão atmosférica média
de 90 kPa. Nessa situação, o valor da
6. Na figura a seguir, são apresentados dois pressão absoluta em kPa na profundidade
recipientes em forma de paralelepípedos, máxima é igual a:
com paredes rígidas, cheios de água, que
diferem nas medidas de algumas de suas a) 250.
arestas (múltipos de x, y e z). b) 270.
c) 280.
d) 290.
e) 300.

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8. A figura abaixo ilustra um poço aberto, a) 7


que contem 5m de água cobertos por 2 m de b) 74
óleo. c) 174
d) 740
e) 1174

10. O número de Reynolds é um parâmetro


adimensional, que classifica os regimes de
escoamento, interpretado como:

a) Um parâmetro de transferência de
Com base nessas informações e calor independente.
considerando-se que o óleo seja um fluido b) A razão entre as forças de inércia e
incompressível e de massa específica as forças de tensão superficial.
constante, que a aceleração da gravidade g c) A razão entre as forças de inércia e
seja igual a 9,8 m/s², que 1 atm seja igual a as forças viscosas.
101.325 N/m² e que dóleo seja igual a 0,9, é d) A tensão de cisalhamento
correto afirmar que a pressão no fundo do adimensional na superfície.
e) A razão entre as forças viscosas e as
poço é igual a:
forças de inércia.
a) 167,965 N/m². 11. Um óleo com densidade de 800 kg/m³ e
b) 167.965 N/m². viscosidade cinemática de 1,5 x 10-4 m²/s
c) 0,2 atm. possui viscosidade absoluta, em kg/m.s,
d) 0,02 atm. igual a:
e) 2 atm.
a) 0,089.
9. Observe a figura abaixo: b) 0,10.
c) 0,12.
d) 0,15.
e) 0,18.

12. Um líquido possui viscosidade dinamica


(µ) igual a 0,65 cP e densidade relativa a
0,90. A viscosidade cinemática () é :

a) 7,2 x 10-4 m²/s


b) 7,2 x 10-5 m²/s
c) 7,2 x 10-6 m²/s
O manômetro ilustrado contém três líquidos. d) 7,2 x 10-7 m²/s
Quando p1 = 10,0 kPa (manométrica), a e) 7,2 x 10-8 m²/s
deflexão d (em mm) é:
(Considere g = 10 m/s² e DR = densidade
relativa).

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13. Considere duas placas infinitas


separadas por uma camada de líquido, sendo
que uma das placas está em movimento,
com velocidade igual a 0,3 m/s em relação à
outra. Para uma largura da camada líquida
de 0,1 mm, pode-se considerar uma
distribuição linear de velocidade no líquido.
Nessas condições, considerando-se que a
viscosidade do líquido seja igual a 0,6
centipoise  1 poise = 0,1 kg/(m.s) , o valor
da tensão de cisalhamento na placa fixa, em
Pa, é:

a) 0,60.
b) 0,65.
c) 1,00.
d) 1,80.
e) 2,40.

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