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LABORATÓRIO 01: ANÁLISE DE DENSIDADE E VISCOSIDADE

Carlos Magno Bezerra, carlos_bezerra@yahoo.com1


Edivan Silva de Oliveira, edivan.oliveira.016@ufrn.edu.br1
Marcos Vinicius Carvalho David, marcos.davi.023@ufrn.edu.br1
Nataly da Silva Batista, natallybatista5@gmail.com1
Rafael Matos de Souza, rafael.matos.051@ufrn.edu.br1
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário Lagoa Nova, CEP 59078-970, Caixa Postal
1524, Natal/RN – Brasil.

Resumo: O presente relatório tem por finalidade descrever o experimento realizado para a determinação da densidade
e viscosidade de dois fluidos desconhecidos, de forma que será aferida a massa e o volume dos recipientes que contém
os respectivos fluidos X e Y, calculando suas densidades, e será efetuada a medição da taxa de cisalhamento ou
gradiente de velocidade através de um viscosímetro rotativo, determinando assim as viscosidades dos fluidos.

Palavras-chave: densidade, viscosidade, gradiente de velocidade, tensão de cisalhamento.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Çengel et al (2015), o fluido é uma substância no estado líquido ou gasoso e que se diferencia dos
sólidos por não ser capaz de resistir a uma tensão de cisalhamento. Em sua análise, a densidade e a viscosidade são
características que merecem destaque. O seguinte trabalho teve o objetivo de estudar como realizar a medição da
densidade de um fluido com auxílio de um densímetro, picnômetro, bem como também realizar a medição da
viscosidade de determinados fluidos. Para isso foi utilizado um viscosímetro rotacional que permitiu classificá-los, após
análise, como fluidos newtonianos ou não newtonianos e determinar sua classificação SAE.

2. METODOLOGIA

A metodologia do experimento consistiu em utilizar um conjunto de materiais específicos para medir a densidade e
viscosidade dos óleos x e y. Foram utilizados três picnômetros padrão de volume 50 mililitros, uma balança digital, um
viscosímetro rotacional modelo Thermo Haake e uma haste do tipo L2 padronizada.
Inicialmente, foi medida a massa de um dos picnômetros vazios com a balança digital, obtendo o valor de 36,4
gramas. Em seguida, foram medidas as massas dos picnômetros preenchidos com os óleos x e y, resultando em 79,6
gramas e 80,9 gramas, respectivamente. Logo, foi feita a subtração das massas dos respectivos picnômetros por um
terceiro picnômetro vazio, assim obteve-se os valores das massas dos fluidos: x = 43,2g e y = 44,5g.

Tabela 1. Medição das massas dos picnômetros.

Picnômetro massa (g)


Picnômetro vazio 36,4
Picnômetro fluido X 43,2
Picnômetro fluido Y 44,5

Veja a equação 1.

𝜌 = 𝑚/ 𝑉 (1)

Sendo:

ρ = Densidade [kg/m3]; m = Massa [kg] e V = Volume ocupado [m3].

Utilizamos o viscosímetro rotacional modelo Thermo Haake, já calibrado, na figura 1 abaixo com uma haste do tipo
L2 para medir a viscosidade dos óleos x e y. Com os resultados obtidos, foi possível determinar se os fluidos eram mais
viscosos ou menos viscosos, contribuindo para uma escolha mais adequada do lubrificante para determinada aplicação.
Tabela 2. Viscosidades coletadas no Thermo Haake.

Rotação Viscosidade do Viscosidade do


(rpm) óleo X (cP) óleo Y(cP)
5 236 202
6 279 239
10 289 237
12 288 258
20 295 261
30 300 264
50 298 261
60 302 262
100 - 263

Figura 1. Viscosímetro Thermo Haake

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Densidade

A densidade ou massa específica como é amplamente definida é a massa de uma substância por unidade de volume,
conforme a equação 1, mostrada anteriormente.

𝜌 = 𝑚/𝑉 (1)

Sendo:

ρ = Densidade [kg/m3]; m = Massa [kg] e V = Volume ocupado [m³].

A massa específica pode ser definida tanto para uma substância, como também para a mistura delas, dependendo da
temperatura e pressão.

3.2. Viscosidade

A viscosidade é a medida quantitativa da resistência de um fluido ao escoamento. De forma mais específica,


determina a taxa de deformação (taxa de cisalhamento ou gradiente de velocidade) do fluido que é gerada pela aplicação
de uma dada tensão de cisalhamento (WHITE, 1998).
Sabemos que a taxa de deformação para um fluido equivale ao gradiente de velocidade du/dy.

Figura 2. Deformação de um elemento fluido entre duas placas paralelas de Çengel et al. (2015).

Para os fluidos newtonianos a taxa de deformação é proporcional a tensão de cisalhamento, onde a constante de
proporcionalidade, demonstrada na equação 2, vai ser a viscosidade absoluta (ou dinâmica), tem-se:

𝑑𝑢 𝑑𝑢
τα 𝑑𝑦
→τ = μ 𝑑𝑦
(2)

Sendo:
τ = Tensão Cisalhamento em [Pa];
µ = Viscosidade absoluta ou dinâmica do fluido em [kg/m. s] ou [Pa. s];
𝑑𝑢
𝑑𝑦
= Taxa de Deformação do fluido em [s-1].

Existem também outras formas de apresentar a viscosidade, como a viscosidade aparente (η), para fluidos não
newtonianos, cuja relação entre a taxa de deformação e a tensão não é linear, apresentando variações de acordo com a
taxa de cisalhamento.

3.3. Fluidos newtoniano e não- newtonianos

A maioria dos fluidos conhecidos são fluidos newtonianos, como água, gasolina, etc, e eles obedecem a equação 2.
Onde a relação entre a taxa de deformação x tensão de cisalhamento é linear. Para os fluidos que não obedecem a essa
equação chamamos de fluidos não-newtonianos, pois se comportam de forma muito diferente quando os comparamos.
Sabendo da importância do estudo dos fluidos, quando se trata do estudo da densidade e viscosidade, tem-se que
levar em consideração os efeitos que a temperatura e pressão podem causar. Quanto à determinação da viscosidade
utilizamos o viscosímetro disponível que é do modelo rotativo.

Figura 3. Variação da tensão de cisalhamento com a taxa de deformação dos fluidos newtonianos e não newtonianos de Çengel et al.
(2015).

A partir daí, foi possível comparar se os fluidos eram newtonianos ou não-newtonianos e, caso fossem
não-newtonianos, classificá-los quanto ao tipo de fluido e calcular o índice de comportamento do escoamento e o índice
de consistência.
Dessa forma, a metodologia do experimento foi bem estruturada e permitiu a obtenção de dados precisos e
relevantes para a análise da densidade e viscosidade dos óleos x e y.

4. RESULTADOS

Com os dados coletados na tabela-1, massa e volume, e aplicando-os na equação-1, é possível determinar a
densidade absoluta dos dois fluidos. Para o fluido X foi obtida a densidade de 864 kg/m³, para o fluido Y foi obtido 890
kg/m³, de modo que o fluido Y é mais denso que o fluido X.

Tabela 3. Cálculo da densidade dos fluidos X e Y.

Fluido massa (kg) volume (m3) ρ (kg/m3)


Fluido X 43,2x10-3 50x10-6 864
Fluido Y 44,5x10-3 50x10-6 890

Foram realizados testes com os fluidos X e Y e foi obtida a viscosidade absoluta (μ) de cada fluido a partir de suas
respectivas rotações na haste do viscosímetro, com essa viscosidade e rotações foi possível obter também a tensão de
cisalhamento e taxa de deformação de cada fluido e, assim plotar o gráfico da tensão cisalhante pelo gradiente de
velocidade dos fluidos, como constam nas figuras abaixo, caracterizando-os como newtonianos.
Efetuando a conversão da rotação do viscosímetro de rpm para rps e da viscosidade lida de cP para Pa.s, tem-se, na
tabela 4, abaixo:
Tabela 4. Viscosidades dinâmicas e tensões de cisalhamento dos fluidos X e Y.

Tensão
Rotação Viscosidade do Viscosidade do Tensão Cisalhante
Cisalhante em X
(rps) óleo X (Pa.s) óleo Y(Pa.s) em Y (Pa)
(Pa)
0,0833 0,236 0,202 0,0200 0,0170
0,1000 0,279 0,239 0,0280 0,0240
0,1666 0,289 0,237 0,0481 0,0400
0,2000 0,288 0,258 0,0580 0,0520
0,3333 0,295 0,261 0,0983 0,0870
0,5000 0,300 0,264 0,1500 0,1320
0,8333 0,298 0,261 0,2483 0,2180
1 0,302 0,262 0,3020 0,2620
1.666 - 0,263 - 0,4381

Gráfico 1. Tensão x Taxa de deformação Gráfico 2. Viscosidade aparente x Tensão de Cisalhamento

Gráfico 3. Tensão x Taxa de deformação Gráfico 4. Viscosidade aparente x Tensão de Cisalhamento

5. DISCUSSÃO

Fazendo a análise dos gráficos 1 e 3 da tensão cisalhante pelo gradiente de velocidade, é possível classificar os
fluidos X e Y como fluidos newtonianos. Como mencionado anteriormente, não existe uma proporcionalidade na
relação entre tensão e taxa de deformação.
O fluido newtoniano é aquele cujo escoamento em regime laminar obedece à lei de Newton da viscosidade, que
estabelece ser a tensão cisalhante proporcional à taxa de cisalhamento.
Pode-se também determinar a classificação dos fluidos segundo a tabela SAE comparando a viscosidade obtida
experimentalmente com uma tabela de classificação de viscosidade absoluta.
Tabela 5 - classificação de viscosidade SAE

Substância Viscosidade (cP)


Óleo SAE 10 65 (50 a 100)
Óleo SAE 20 125
Óleo SAE 30 200 (150 a 200)
Óleo SAE 40 319 (250 a 500)
Óleo SAE 50 540
Óleo SAE 60 1000 (1000 a 2000)
Óleo SAE 70 1600

6. CONCLUSÃO

Conclui-se então que o fluido X estudado no laboratório é um fluido newtoniano SAE 15W-40, óleo de motor.
Podemos afirmar isso comparado com a tabela 5. Quando admitimos que a temperatura ambiente é aproximadamente
25 C podemos aproximar esse valor e concluir que trata-se de um óleo de motor. A figura 4 retrata justamente o valor
indicado medido em experimento.
Já o fluido Y de um 10W40. Novamente admitindo que a temperatura do ambiente é por volta de 25 C, os valores
comparados com os da tabela SAE nos permite afirmar que o óleo Y é um óleo de motor SAE 10w40. Os SAE 15W-40
são comumente utilizados em condições urbanas ou de estradas, enquanto os óleos 10W60 são utilizados em carros de
corrida, motocicletas de alto desempenho ou carros off roads.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brunetti, Franco. Mecânica dos fluidos. 2º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2013.

Fox, R.W., McDonald, A.T. and Pritchard, P.J. "Introdução à Mecânica dos Fluidos”, LTC, 6ª ed. (2004).

ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M.. Mecânica dos fluídos: fundamentos e aplicações. 3. ed. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2015. xxiii, 990 . p.

MUNSON, Bruce R; YOUNG, Donald F; OKIISHI, Theodore H. Fundamentos da mecânica dos fluidos. 4 ed. São
Paulo: Edgard Blucher, 2004

Viscosidade dinâmica de algumas substâncias, disponível em :


https://pt.wikibooks.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos/Tabela:_viscosidade_de_algumas_subst%C3%A2ncias.
Acessado em 05/04/2023.

WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 6.ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2010. 880p.

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