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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Leito Fluidizado Gás-Sólido

Vitor Emanuel

Fabricio Tanajura

Caique Ferreira

Lara Saturnino

Ana Verena Porto

Thomaz

SALVADOR
24 de Janeiro de 2018
PARTE A:Leito Fluidizado Gás-Sólido

1. APRESENTAÇÃO

O seguinte relatório fundamenta-se na prática de Leito fluidizado gás-sólido, desenvolvida


pelo Grupo 03 da matéria ENGD03 - Laboratório de Engenharia Química.

2. OBJETIVOS

O objetivo do experimento, de acordo com o guia de prática, é determinação da


velocidade superficial (Vs) assim como a queda de pressão (∆P) para traçar a curva característica
de fluidização, calcular a velocidade de mínima fluidização (Vmf) e estimar a perda de carga na
mínima neste processo (ΔPmf).

3. FUNDAMENTAÇÃO TERICA

Fluidização é o fenômeno em que um fluido, um líquido ou um gás, escoa através de um


leito poroso. O fluido ao se mover com baixa velocidade através da coluna de recheio (leito
poroso), não produz movimento nas partículas. Ele circula através de pequenos e tortuosos
canais perdendo energia de pressão. No entanto se aumentarmos constantemente a velocidade do
fluido,chega-se a um estágio em que as partículas passam a rearranjar-se de maneira a oferecer
menos resistência ao fluxo e o atrito entre as superfícies das partículas vai então diminuindo e o
leito começara a se expandir.

Este processo continua até quando as partículas assumem uma forma mais solta até
alcançar um ponto em que as partículas não ficarão mais estacionárias, se separarão umas das
outras e passarão a serem sustentadas no. Diz-se então que o leito está fluidizado e a queda de
pressão vai ser igual ao peso aparente das partículas (peso – empuxo).

Primeiramente, é preciso listar todas as variáveis que serão usadas e avaliadas neste
estudo. Para isso Segue a Tabela I abaixo:
Tabela1 - Variáveis

Vmf Velocidademínima de fluidização µ Viscosidade do fluido

ΔPmf Perda de carga mínima de fluidização. ρ Densidade do fluido

Lmf Alturamínima de fluidização. ε Porosidade do Leito

Q Vazãovolumétrica de ar. L Comprimento da coluna

ΔP Queda de pressão no leito. ∅s Esfericidade da particular

Vs Velocidade superficial. g Gravidade

Dc Diâmetro da coluna. ρs Densidade da particular

Dp Diâmetro da partícula ΔP Perda de carga

Para avaliar a queda de pressão num leito fluidizado é necessário avaliar a curva
característica de fluidização:

Figura 1 – Curva característica de fluidização

A região 0A apresenta uma relação linear, onde ∆P α Q, representando assim o leito fixo.
A queda de pressão aumenta até o ponto em que a força de pressão se iguala ao peso aparente da
partícula. Então tem-se
se a região AB, onde leito inicia a expansão, a porosidade do leito aumenta
porosidade
e a queda de pressão aumenta mais lentamente.
A região BC mostra a queda de pressão diminuindo um pouco devido ao aumento da
observa se que as partículas passam a se movimentar
porosidade. Seguindo para a região CD, observa-se
as no fluido (leito fluidizado). E por fim a região DE é o estágio em que
estando suspensas
porosidade aumenta, ainda mais nas proximidades do ponto D, já começa a existir o arraste e, no
ponto E, a porosidade é próxima de um.

Para traçar a curva característica de fluidização é necessário o valor da velocidade


fluidização
superficial. Esta, por sua vez, pode ser calculada pela Equação I:

𝑉𝑠 = ; onde A = EquaçãoI

A figura 1 apresenta apenas um caminho feito, onde se observa a variação de pressão ao


aumentar a vazão. No experimento realizado foi feito dois caminhos, observando a variação de
pressão ao aumentar a vazão e depois a diminuindo. Para isso a teoria prevê o seguinte
comportamento:

Figura 2 – Análise da queda de pressão com a diminuição de Q

A eficiência na utilização de um leito fluidizado depende em primeiro lugar do


conhecimento da velocidade mínima de fluidização. Abaixo desta velocidade o leito não fluidiza;
e muito acima dela, os sólidos são carregados para fora do leito. Para calculá-la
calculá utiliza-se a
correlação de Pavlov, Equação II, que fornece uma relação entre o número de Reynolds para
mínima fluidização e o número de Arquimedes, Equação III:

𝑅𝑒 = EquaçãoII
Equação
, √
( )
𝐴𝑟 = 𝑑 𝑔 EquaçãoIII

Então para encontrar o valor da velocidade mínima de fluidização aplica a Equação IV:

𝑅𝑒 = EquaçãoIV

Existe ainda outra maneira para o cálculo da velocidade mínima de fluidização, que é
usando a Correlação de Wen-Yu, Equação V, para o cálculo de Remf.

EquaçãoV
𝑅𝑒 = 33.7 + 0.0408𝐴𝑟 − 33.7

Com o valor de Vmf pode-se classificar a fluidização entrehomogênea ou particulada ou


fluidização heterogênea. Para tal classificação é necessário avaliar o número de Froude,
Equação VI, sugerido por Wilhelm e Kwauk:

𝐹𝑟 = EquaçãoVI

Sendo: Fr< 0, 13 fluidização homogênea ou particulada


Fr> 0, 13 fluidização heterogênea

Num leito fluidizado a força total de fricção sobre as partículas deve ser igual ao peso
efetivo do leito, ou seja, a força correspondente a queda de pressão multiplicada pela área de
secção transversal deve ser igual à força gravitacional exercida pelas partículas menos a força
de empuxo correspondente ao fluido de deslocamento. Para um leito de seção transversal A,
Lmf é a altura de mínima fluidização e 𝜀 a porosidade do leito na mesma condição, podemos
escrever a perda de carga através do Balanço de Forças representado pela Equação VII abaixo:

EquaçãoVII
= 1−𝜀 ∙ (𝜌 − 𝜌) ∙ 𝑔


𝜀 = EquaçãoVIII

Um caminho alternativo para o cálculo da perda de carga mínima de fluidização seria


utilizando a equação de Ergun, representada pela Equação IX abaixo:

= 150𝜇 + 1.75𝜌 EquaçãoIX


4. MATERIAIS

Vide roteiro da prática “Determinação Leito fluidizado gás-sólido”.

5. MÉTODO EXPERIMENTAL

Figura 3: Esquema do leito fluidizado. (FONTE, guia de prática.)

Foram colocados 620 g de areia e colocado no interior da coluna de modo que a altura do
leito ficasse aproximadamente igual a 83 mm. Então a válvula V3 foi aberta lentamente a fim de
iniciar a passagem do fluido pelo leito até se observar as primeiras vibrações da areia, que
significa a velocidade míninma de fluidização. Ao atingir este ponto a válvula V3 foi fechada e
sempre anotando para cada ponto definido, a sua respectiva altura de recheio juntamente com sua
pressão. Ao atingir o ponto de vazão mais elevado fez-se o mesmo processo mas em sentido inverso, da
maior vazão definida para a menor.
6. DADOS E TABELAS

A Tabela 2 sintetiza os dados do experimento de leito fluidizado realizado:

Tabela 2 – Dados e constantes


Item Valor
massa(kg) 0,62
porosidade 0,36
massa especifica(kg/m3) 2980
diâmetro coluna(m) 0,075
diâmetro partícula areia(m) 0,00034
Viscosidade do ar kg/(m.s) 0,00002
Densidade do ar kg/m³ 1,2754
Gravidade m/s² 9,81
Área da seção m² 0,004417865

Experimentalmente, foram determinados os valores de vazão, altura do leito e perda de


carga para um aumento de pressão a partir do zero e para a diminuição desta a partir de um ponto
máximo, estabelecido pelos operadores.

Os pontos encontrados podem ser vistos na Tabela 3:

Tabela 3

DELTA
PONTOS VELOCIDADE(m/s) Q(m3/s) H(mm) DELTA P/H
P(mmH20)
0 0 0 83 10 0,120481928
1 0,034896265 1,54E-04 88 20 0,227272727
2 0,054702253 2,42E-04 91 19 0,208791209
3 0,071678814 3,17E-04 94 20 0,212765957
4 0,086769091 3,83E-04 95 20 0,210526316
5 0,103745652 4,58E-04 97 20 0,206185567

5 0,103745652 4,58E-04 97 20 0,206185567


4 0,087712233 3,88E-04 94 20 0,212765957
3 0,071678814 3,17E-04 92 20 0,217391304
2 0,053759111 2,38E-04 91 20 0,21978022
1 0,033953122 1,50E-04 87 20 0,229885057
Para traçar a curva característica de fluidização é necessário o valor da velocidade
superficial. Esta, por sua vez, pode ser calculada pela Equação I:

𝑉𝑠 = ; onde A = Equação I

6.1 CONSTRUÇÃO DAS CURVAS DE FLUIDIZAÇÃO

O Gráfico 1 mostra a curva de fluidização do sistema na ida, enquanto o Gráfico 2 mostra


este mesmo resultado para a volta.

ΔP/L vs Velocidade
0,25

0,2
ΔP/L (mmH2O/mm)

0,15

0,1
IDA

0,05

0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
Velocidade superficial (m/s)

Gráfico 1 – Curva característica de fluidização “ida”.


ΔP/L vs Velocidade
0,25

0,2
ΔP/L (mmH2O/mm)

0,15

0,1 IDA
VOLTA
0,05

0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
Velocidade superficial (m/s)

Gráfico 2 – Curva característica de fluidização “volta”.

Como esperado, o parâmetro ∆P/L aumenta até certo ponto, onde as forças de pressão
conseguem se igualar à força peso. Nesse intervalo, não há variação aparente na altura do leito,
como se pode observar nas Tabelas 1 e 2, caracterizando assim um comportamento de leito fixo.
Dessa maneira, pode-se considerar o estado de mínima fluidização em um ponto ligeiramente
anterior ao ponto máximo do gráfico, já que, a partir dele, nota-se o aumento de altura do leito.
Observa-se, também, a região em que o parâmetro ∆P/L começa a diminuir, o que denota um
possível início de arraste das partículas do leito, causada por um aumento demasiado da
porosidade do mesmo.

O comportamento do gráfico de ida está mais compatível com o esperado pela literatura, o
que explica a relativa constância da perda de carga em algumas medidas, devido à fluidização do
meio. Com a redução da vazão além deste ponto, as partículas começam a se apoiar umas sobre
as outras e o leito volta a ser fixo. Segundo o Módulo de Operações Unitárias², após o ponto de
transição para o leito fixo, a perda de carga se torna proporcional à vazão, sendo que os valores
de perda de carga para a “volta” deveriam ser menores que os da “ida” para um mesmo valor de
vazão. Isto é devido à inexistência da perda de carga devido à ação de ruptura do leito, existindo
somente a perda de carga devido ao atrito do fluido com a partícula.
CÁLCULO DA VELOCIDA MÍNIMA DE FLUIDIZAÇÃO

Pelo método experimental, a partir do desenho do gráfico o ponto 1 foi identificado como
sendo o de mínima fluidização, sendo o ponto anterior ao ponto máximo da curva. Sendo
Vmf = 0,034 m/s.

A Correlação de Pavlov, Equação II, nos fornece uma relação entre o número de Reynolds
para mínima fluidização e o número de Arquimedes, Equação III:

𝑅𝑒 = Equação II
, √

( ) Equação III
𝐴𝑟 = 𝑑 𝑔

Substituindo os valores encontramos:

𝐴𝑟 = 3662,035

𝑅𝑒 = 2,134

Para calcular a velocidade de mínima fluidização, Vmf, podemos então utilizar a Equação
IV:

𝑅𝑒 = Equação IV

Substituindo:

𝜇𝑅𝑒
𝑉 = = 0,0984 𝑚/𝑠
𝜌𝑑

Uma forma alternativa de calcularmos o Remf é utilizar a Correlação de Wen-Yu, Equação V:

𝑅𝑒 = 33.7 + 0.0408𝐴𝑟 − 33.7


Equação V
Substituindo, podemos calcular o valor de Remf e Vmf:

𝑅𝑒 = 2,1483

𝜇𝑅𝑒
𝑉 = = 0,099 𝑚/𝑠
𝜌𝑑
6.3 CÁLCULO DO NÚMERO DE FROUDE

O número de Froude, Equação VI, pode ser utilizado para o entendimento do regime do
escoamento:

𝑉 Equação VI
𝐹𝑟 =
𝑔𝑑

Aplicando o valor de Vmf encontrado através da Correlação de Pavlov, tem-se:

𝐹𝑟 = 2,9048

Percebemos, então, que no nosso experimento ocorreu uma fluidização agregativa ou


heterogênea. Já que o número de Froude foi maior que 0.13.

6.4 CÁLCULO DA PERDA DE CARGA

A perda de carga na mínima fluidização pode ser calculada através do Balanço de Forças,
Equação VII:

𝛥𝑃 Equação VII
= 1−𝜀 ∙ (𝜌 − 𝜌 ) ∙ 𝑔
𝐿

Onde:


𝜀 = Equação VIII

Substituindo:

𝜀 = 0,4648

𝛥𝑃
= 15637,47 𝑃𝑎/𝑚
𝐿

Uma forma alternativa para o cálculo da perda de carga de mínima fluidização é através
da Correlação de Ergun, Equação IX:

𝛥𝑃 1−𝜀 𝑣 1−𝜀 𝑣 Equação IX


= 150𝜇 + 1.75𝜌
𝐿 𝜀 𝑑 𝜀 𝑑
Na Equação IX a variável vs corresponde à velocidade de superfície para a vazão de
mínima fluidização, para nosso cálculo utilizaremos a velocidade mínima de fluidização obtida
através da Correlação de Pavlov, substituindo este e os demais valores na equação temos:

𝛥𝑃
= 2624,30 𝑃𝑎/𝑚
𝐿

7. DISCUSSÃO DOS ERROS

Alguns erros podem ser encontrados neste experimento, dentre eles estão os erros de
paralaxe, na determinação da altura do leito e leitura da queda de pressão, da vazão e da perda de
carga, além do manômetro e do sistema de compressão deficientes.

O erro de paralaxe estava presente em todas as medidas deste experimento. A fim de


reduzir este erro foram mantidos os mesmos alunos na medição de cada equipamento.
Encontramos muita dificuldade na determinação da altura do leito devido às constantes variações
de nível da areia principalmente após a transição para o leito fluidizado.

Houve muita dificuldade em manter constantes as vazões, sobretudo quando estas eram
altas. O rotâmetro não nos fornecia valores constantes de vazões independente do tempo de
espera, este problema era observado mais gravemente com o aumento de vazões. Foi-nos
informado que o sistema de compressão estava deficiente, portanto a pressão de 2kgf/cm²
colocada na válvula reguladora de pressão poderia não estar fornecendo um valor constante ao
sistema, ocasionalmente causando a inconstância do rotâmetro.
8. CONCLUSÃO

Nesta prática, como foi dito na Discussão dos erros, houve muitos erros associados ao
procedimento experimental.Porém acurva característica de fluidização determinada
experimentalmente mostrou certa semelhança comparando-a com o esperado teoricamente. Além
da determinação experimental da curva característica de fluidização, outros objetivos foram
atingidos: determinação da velocidade de mínima fluidização (Vmf) e perda de carga de mínima
fluidização (ΔPmf).

É possível observar que os valores gerados pela correlação de Ergun estão bastante
discrepantes em relação àquele gerado pela equação de balanço de forças. Este fato pode ser
explicado pela diferença na complexidade associada a cada equação, pois a equação de Ergun
leva em conta a esfericidade da partícula do leito e também associa ao cálculo do parâmetro
∆P/L, a velocidade de mínima fluidização, o que não acontece com o uso do balanço de forças.

Pode-se dizer ainda que Ergun explicita, claramente, dois tipos de fontes de perda de
carga associadas ao processo. O primeiro termo da correlação diz respeito às perdas por atrito
superficial do fluido com as partículas sólidas, ao passo que o segundo termo é associado às
perdas cinéticas provocadas por mudança de direção, expansão e compressão do leito. Dessa
forma, é possível verificar que a correlação de Ergun se caracteriza como um método mais
robusto para a determinação do parâmetro de perda de carga, e assim era de se esperar que os
valores encontrados para cada relação apresentassem uma certa discrepância entre si. É valido
ressaltar que isso pode ter sido causado também por erros associados à operação do sistema, os
quais podem ter inferido de maneiras distintas para as duas relações utilizadas.
9. REFERÊNCIAS
1. INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P. Fundamentos de transferência de calor e
de massa. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2008.
2. LUPORINI, Samuel; SUÑE, Letícia. Módulo: Operações Unitárias da Indústria
Química I, Edição de agosto de 2008.

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