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Universidade de Brası́lia

Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
Disciplina: Mecânica dos Fluidos II
Professores: Francisco Ricardo da Cunha / Gustavo Coelho Abade
Monitores: Adriano Possebon; Murilo Vidigal; Nuno Dias

EXPERIMENTO 2
MEDIDAS DE VISCOSIDADE DE FLUIDOS
NEWTONIANOS E NÃO-NEWTONIANOS
1 INTRODUÇÃO TEÓRICA

Fluidos são materiais que se deformam continuamente quando submetidos a uma


tensão de cisalhamento, sendo assim diferenciados dos sólidos, que são materiais que
se deformam de um valor fixo para uma dada tensão.
Segundo a lei da viscosidade de Newton, a tensão exercida sobre o lı́quido é pro-
porcional à velocidade com que as partes do lı́quido se deslocam umas em relação as
outras, isto é, proporcional ao gradiente de velocidade (ou taxa de deformação). Assim,
suponha o escoamento de um lı́quido entre duas placas paralelas distanciadas de uma
altura d. A placa superior se desloca com velocidade U e a inferior está fixa (figura
1.1).

Figura 1.1: Cisalhamento simples entre placas paralelas. O escoamento é unidirecional (lami-
nar) em que uma lâmina de fluido desliza paralelamente com relação a outra. A placa superior
desloca-se com velocidade tangencial U e inferior é fixa. O escoamento se dá em regime
permanente e é incompressı́vel.

A tensão de cisalhamento τ é dada por:

τ ∝ U/d ⇒ τ = µγ̇ (1.1)

em que γ̇ é a taxa de cisalhamento em qualquer ponto do fluido e é uma razão entre a


velocidade da placa superior e a distância entre as placas. A constante de proporciona-
lidade µ é denominada viscosidade. No sistema SI a viscosidade possui unidade de
Pa.s, e uma unidade comumente utilizada é o Poise (P), sendo que 1 cP = 1 mPa.s.
Para os fluidos newtonianos (ou lineares), como a água, a glicerina e o óleo de soja, µ
é uma constante que depende apenas das propriedades fı́sicas do fluido, como a tempe-
ratura. A razão entre a viscosidade dinâmica e a massa especı́fica ρ do fluido é deno-

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minada viscosidade cinemática (ν) ou coeficiente de difusão molecular hidrodinâmico.
A viscosidade dinâmica mede, em termos efetivos, a eficiência de transporte de quan-
tidade de movimento ou vorticidade entre camadas adjacentes de um fluido quando
sujeito a cisalhamento. De outra maneira pode-se interpretar a viscosidade do fluido
como a resistência que o mesmo tem à forças tangenciais aplicadas.
A viscosidade dinâmica de fluidos newtonianos varia com a temperatura segundo a
lei de Arrhenius:
µ = AeB/T , (1.2)

em que T é a temperatura absoluta e A e B são constantes do fluido. Enquanto


que para gases a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura, já que uma

flutuação tı́pica de velocidade molecular é proporcional a T , nos lı́quidos, em que as
moléculas possuem mobilidade bem menor, a viscosidade diminui com o aumento da
temperatura. Nesse caso, o mecanismo preponderante para transportar quantidade de
movimento por flutuações moleculares é a coesão molecular, praticamente inexistente
em gases diluı́dos.
Na natureza e na indústria são também encontrados diversos fluidos que não apre-
sentam esse comportamento linear. Fluidos como soluções poliméricas, sangue, sus-
pensões e emulsões apresentam viscosidade dependente da taxa de cisalhamento. Esses
fluidos são denominados não-newtonianos viscosos ou simplesmente newtonianos gene-
ralizados nos quais existe uma dependência da viscosidade dinâmica com a taxa de
cisalhamento, mas os mesmos não apresentam efeitos elásticos, diferenças de tensões
normais e como os fluidos newtonianos são também instantâneos (i.e. sem memória).
Neste caso a tensão se relaciona com a taxa de cisalhamento da seguinte maneira:

τ = µ(γ̇)γ̇. (1.3)

A viscosidade dinâmica depende além da temperatura de uma propriedade do es-


coamento e nessas circunstâncias é denominada viscosidade aparente do fluido não-
newtoniano viscoso.
Um dos modelos ad hoc mais usados para caracterizar a viscosidade aparente de
um fluido newtoniano generalizado foi proposto por Ostwald (fluido “power law”) e é
dado pela seguinte correlação empı́rica:

µ(γ̇) = cγ̇ n−1 . (1.4)

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em que c e n são constantes do fluido determinadas experimentalmente. É importante
notar que substituindo a equação (1.4) em (1.3), obtém que

τ = cγ̇ n , (1.5)

o que resulta realmente em uma dependência não linear entre a tensão e a taxa de
deformação. Note que quando c = µ constante e n = 1, o modelo recupera a
condição linear puramente newtoniana. Quando n < 1 os fluidos são denominados
não-newtonianos pseudo-plásticos e quando n > 1 não-newtonianos dilatantes. A figura
(1.2) mostra o comportamento desses fluidos.

Figura 1.2: Comportamento de um fluido não-newtoniano em que a viscosidade aparente


segue a lei de potência (power-law ). (a): tensão de cisalhamento em função da taxa de
cisalhamento. (b): viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento.

1.1 OBJETIVOS

Este experimento tem por objetivo a familiarização do aluno com diferentes formas
de medir a viscosidade de fluidos newtonianos e não-newtonianos. Serão medidas as
viscosidades dos seguintes fluidos:

• Água

• Óleo de Soja

• Óleo Mineral

• Óleo de Silicone

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• Solução de Poliacrilamida.

As medições de viscosidade serão realizadas utilizando-se os seguintes aparatos e ins-


trumentos do Laboratório de Microhidrodinâmica e Reologia - VORTEX:

• Cannon-Fenske

• Viscosı́metro de Cilindros Concêntricos

• Tubo Capilar - Bomba de Seringa

• Aparato de Stokes - Sedimentação de uma Esfera em Fluido Viscoso (óleo de


silicone).

1.2 CANNON-FENSKE

O Cannon-Fenske é basicamente um tubo em U disposto na vertical, como mostra


a figura (1.3). De um lado é formado por um tubo capilar e do outro é composto por

Figura 1.3: Esquema ilustrativo do aparato Cannon-Fenske. Aqui g é a aceleração da gravi-


dade local.

um tubo de maior diâmetro. A medição da viscosidade é feita através da medição do


tempo que o fluido leva para escoar entre as marcas 1 e 2. A diferença de pressão
devido à altura h entre 1 e 2 (∆P ) é igual a soma das pressões perdidas pelo fluido

4
devido a aceleração na entrada do tubo até ser atingido o perfil parabólico (∆P1 ) e as
perdas por atrito ao longo do capilar (∆P2 ). Assim:

∆P = ρg∆h = ∆P1 + ∆P2


V 2 16ρ V 128µL
= + (1.6)
∆t π d
2 2 4 ∆t πd4

e isolando a viscosidade cinemática temos:


!
πg∆hd4 V 1 B
 
ν= ∆t − = A∆t − (1.7)
128LV 8πL ∆t ∆t

com A e B constantes. Para um intervalo de tempo ∆t suficientemente longo tal


que A∆t ≫ B/∆t, o termo proporcional ao inverso do intervalo de tempo pode ser
desprezado em relação ao termo proporcional a ∆t. Portanto a viscosidade cinemática
é dada por: !
πg∆hd4
ν = K∆t com K = . (1.8)
128LV
A constante K é fornecida pelo fabricante na tabela 1 (ver apêndice 1 para detalhes),
incluindo os intervalos da viscosidade cinemática associada a cada numeração do vis-
cosı́metro Cannon-Fenske. A viscosidade deve obedecer ao intervalo associado para que
o fluido com uma determinada viscosidade escoe no capilar apropriado a uma veloci-
dade ou vazão suficientemente pequena tal que a condição acima para ∆t seja atendida
e o erro dessa aproximação seja o menor possı́vel.

1.2.1 Aparato Experimental e Procedimentos

Os instrumentos usados nessa etapa são:

• Densı́metro - Marca: Specific Gravity, ERTO CO. ASTM 86

• Viscosı́metro Cannon-Fenske - Marca: Induchem LAB Glass CO.

• Banho Térmico - Marca: Cannon; modelo CT-2000

• Cronômetro - Marca: Cronobio; modelo SW2018

Com este instrumento serão determinadas as viscosidades dos óleos de soja e mineral
em função da temperatura. Primeiro é feita a medição da massa especı́fica do fluido
no densı́metro. O fluido é então colocado no Cannon-Fenske previamente selecionado.
O Cannon-Fenske é colocado dentro do banho térmico e é selecionada a temperatura

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em que se deseja medir a viscosidade. É necessário aguardar em torno de 15 minutos
para que o fluido entre em equilı́brio térmico com a temperatura escolhida (segundo
o fabricante). Então, é feita a medida do tempo que o fluido leva para escoar entre
os pontos A e B. Com esse ∆t em segundos e a constante do viscosı́metro utilizado é
possı́vel determinar ou calcular a viscosidade cinemática do fluido. Multiplicando esse
valor pela massa especı́fica do fluido encontramos a sua viscosidade dinâmica.

1.3 VISCOSÍMETRO DE CILINDROS CONCÊNTRICOS

O referido viscosı́metro baseia-se no escoamento laminar no espaçamento entre dois


cilindros rotativos. Quando o espaçamento entre os cilindros é pequeno o suficiente,
o lı́quido de trabalho entre os mesmos experimenta sempre uma taxa constante de
cisalhamento γ̇ (Figura 1.4).

Figura 1.4: Esquema do escoamento entre cilindros rotativos. O cilindro maior de raio R2
permanece fixo enquanto o cilindro menor de raio R1 gira com velocidade ω. O fluido ocupa
o espaço entre os cilindros δ.

Seja R1 o raio do cilindro interno, R2 o raio do cilindro externo e ω a velocidade


angular do cilindro interno (com o externo estacionário), a taxa de cisalhamento é
determinada por:

R1 ω
γ̇ = (1.9)
R2 − R1
Sendo T o torque do fluido sobre o cilindro de Raio R1 , a tensão de cisalhamento é
dada por:
T
τrθ = (1.10)
2πR12 L

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em que L é o comprimento do cilindro imerso no lı́quido. Igualando-se a equação cons-
titutiva para fluido newtoniano (equação 1.1), a expressão da tensão de cisalhamento
é dada por:
T T
τrθ = µγ̇ = 2
⇒µ= . (1.11)
2πR1 L 2πR12 Lγ̇
E portanto obtém-se a seguinte expressão para a viscosidade do fluido:

T (R2 − R1 )
µ= . (1.12)
2πR13 Lω

Assim, para uma dada velocidade angular de rotação do cilindro interno é possı́vel obter
a viscosidade do fluido medindo-se o torque do fluido aplicado sobre este cilindro. Com
esse mesmo aparato é possı́vel medir também viscosidades aparentes de fluidos não
newtonianos.

1.3.1 Aparato Experimental e Procedimentos

O aparato utilizado nessa etapa do experimento é composto por:

• Viscosı́metro de Couette - Marca: Brookfield, PROGAMMABLE DV-II + VIS-


COSIMETER

• Computador - com os softwares VBLOADER e WINGATHER

• Pipeta graduada - Marca: Costar, 20o C 5ML.

Com a pipeta são colocados 8 ml do lı́quido que se deseja medir no viscosı́metro. É


aberto então o software VBLOADER para entrar com os parâmetros do experimento,
como a velocidade angular e o tempo de execução. O software WINGATHER armazena
os dados em um arquivo de texto. Com esse arquivo são obtidos os dados principais
do experimento. A figura(1.5) mostra o viscosı́metro utilizado. Com esse viscosı́metro
serão avaliadas as viscosidades dos óleos de soja e mineral e da solução de poliacrilamida
em função da taxa de cisalhamento.

1.4 TUBO CAPILAR

Nesse passo é determinada a viscosidade efetiva de um fluido a partir da Lei de


Poiseuille. Considere que o fluido escoa em um tubo de raio R, como mostra a figura
(1.6).

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Figura 1.5: Viscosı́metro Brookfield de cilindros concêntricos utilizado nos experimentos.
(Laboratório do Vortex - ENM - UnB)

Figura 1.6: Escoamento laminar em tubo capilar.

Resolvendo a equação de Navier-Stokes para escoamento unidirecional em tubo


determina-se um perfil de velocidade parabólico que integrado em uma seção do tubo
resulta na seguinte expressão para vazão:
πR4 ∆P
Q=− (1.13)
8µ L
para fluidos newtonianos. Q é a vazão e −∆P/L é o gradiente de pressão. Conhecendo-
se, então, a vazão e o gradiente de pressão encontra-se a viscosidade µ. A viscosidade
µ obtida é denominada viscosidade efetiva do fluido, já que é determinada através da
vazão do mesmo em um tubo capilar. Para fluidos não-newtonianos generalizados é

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utilizada a relação entre a taxa de cisalhamento e a tensão na parede. A tensão de
cisalhamento na parede é dada por:

Po − PL R
 
τw = µ(γ̇w )γ̇w = (1.14)
L 2

e a taxa de cisalhamento:
!
Q d ln |Q|
γ̇w = 3+ . (1.15)
πR 3 d ln |∆P |

Portanto encontra-se a viscosidade na parede a partir da vazão e da variação de pressão.


A dedução das equações (1.14) e (1.15) é apresentada no apêndice 2.

1.4.1 Aparato Experimental e Procedimentos

Os instrumentos que compõe a bancada de medição da viscosidade efetiva são (ver


figura 1.7):

Figura 1.7: Esquema do aparato bomba de seringa e tubo capilar para determinação da
viscosidade em escoamento com cisalhamento quadrático (a taxa de cisalhamento não é cons-
tante).

• Manômetro - Marca: ZÜRICH, modelo: Z-10-B, Faixa: 0 a 280 mmHg

• Bomba de Seringa - Marca: Cole Parmer, Faixa: 1,426 µl/h a 36 ml/min

• Seringa - Marca: Arti Glass, 20 ml

• Tubo Capilar - Marca: Vorsicht Glass, com diâmetro interno de 300 µm.

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Primeiramente, preenche-se a seringa com o fluido teste. Posiciona-se a seringa com
cautela na bomba de seringa. Então é imposta uma vazão na bomba. É feita a
leitura no manômetro da diferença de pressão obtida entre a bomba desligada e a
bomba ligada. Com essa diferença de pressão e com a vazão (que é dado de entrada),
pode-se determinar a viscosidade efetiva e a viscosidade aparente do fluido sujeito a
cisalhamento quadrático. Nessa bancada serão medidas as viscosidades da água e da
solução de poliacrilamida.

1.5 MEDIDA DE VISCOSIDADE POR MEIO DA SEDIMENTAÇÃO DE


UMA ESFERA

A sedimentação de uma esfera em baixos números de Reynolds (Re → 0) é regida


pela Lei de Stokes. Essa lei é obtida a partir da solução das equações de Navier-Stokes
em coordenadas esféricas com as seguintes condições de contorno:

r = R ; u = UT

r → ∞; u = 0 (1.16)

em que UT é a velocidade terminal da esfera e R é o raio da esfera. A força de arrasto


viscoso Fd agindo sobre a esfera nessas condições é dada por

Fd = 6πµRUT (1.17)

Portanto para uma esfera se movendo com velocidade constante UT (velocidade termi-
nal) sob ação da gravidade, a equação do movimento (segunda lei de Newton) se reduz
ao balanço entre a força de arrasto e o peso lı́quido (peso da esfera menos a força de
empuxo) da mesma, já que não há aceleração. Assim:

Fd = Pliq
4
6πµRUT = ∆ρg πR3 (1.18)
3

em que Pliq é o peso lı́quido da esfera de raio R, g é a aceleração gravitacional local e


∆ρ é a diferença entre a massa especı́fica da esfera e do fluido. Logo:

2∆ρgR2
µ= . (1.19)
9UT

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Figura 1.8: Ilustração de uma partı́cula rı́gida esférica sedimentando em um fluido viscoso
em baixo número de Reynolds.

Desta maneira, pode-se determinar a viscosidade de um fluido viscoso conhecendo-se a


diferença entre as massas especı́ficas, a velocidade terminal da esfera e o raio da esfera.
A figura (1.8) mostra um esquema desse arranjo experimental.
A equação (1.19) não leva em consideração a influência das paredes do reservatório
no movimento da partı́cula. A parede produz um distúrbio em primeira ordem do
tipo d/D, que é um decaimento tı́pico de movimentos de corpos em baixos Reynolds.
De um ponto de vista prático um reservatório infinito não é possı́vel e assim diante
do decaimento lento d/D existe sempre algum efeito de parede sobre o movimento da
esfera. Propõe-se uma correlação empı́rica para corrigir os efeitos de parede na medida
de viscosidade como sendo:
 !3 !5 
d d d
µc = µ 1 − 2, 104 + 2, 09 − 0, 95  (1.20)
D D D
em que µc é a viscosidade corrigida e D é o comprimento caracterı́stico do reservatório
de confinamento do fluido.

1.5.1 Aparato Experimental e Procedimentos

Para a realização do experimento de Stokes são utilizados os seguintes instrumentos:

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• Computador - com os programas VideoTizer e Sion Image

• Recipiente de vidro

• Câmera de vı́deo - Marca: Panasonic, OMNIMOVIE VHS/HQ; Frequência de


captura: 30Hz

Nessa etapa é medida a viscosidade do óleo de silicone. Primeiramente o reser-


vatório é preenchido com o referido óleo. Em seguida, a esfera é inserida na superfı́cie
livre do lı́quido. O movimento descendente da esfera é filmado. Essa filmagem é digi-
talizada no computador para que, pelo uso dos programas Sion Image e Videotizer, o
movimento da esfera seja quantificado juntamente com o intervalo de tempo necessário
para ocorrer um deslocamento significativo da mesma. Assim é possı́vel traçar o gráfico
de deslocamento versus tempo, obtendo a velocidade terminal UT e com isso a viscosi-
dade do fluido.

1.6 RELATÓRIO

O relatório deverá conter os seguintes elementos:

1. Introdução teórica

2. Descrição dos experimentos

3. Resultados Cannon-Fenske: apresentar os gráficos da viscosidade da água e da


viscosidade do óleo de soja em função da temperatura e comparar com a Lei de
Arrhenius, obtendo as constantes A e B para cada material

4. Resultados Viscosı́metro de Cilindros Concêntricos: apresentar os gráficos dos


óleos de soja e mineral e da solução de poliacrilamida em função da taxa de
cisalhamento. Comparar o gráfico da poliacrilamida com uma Power Law, deter-
minando as constantes n e C para esse fluido.

5. Resultados Tubo Capilar: traçar o gráfico de (Po − PL ) versus Q para a água


e determinar a viscosidade através da inclinação da reta obtida. Determinar
a viscosidade da solução de poliacrilamida em função da taxa de cisalhamento
na parede a partir das equações para fluidos não-newtonianos (equações 1.14

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e 1.15). Comparar esse resultado com o resultado obtido no viscosı́metro de
cilindros concêntricos.

6. Resultados do experimento de Stokes: com a velocidade terminal encontrada


obter a viscosidade sem correção µ e a viscosidade corrigida µc , analisando se é
significativa a diferença entre as duas.

7. Conclusões: analisar brevemente os experimentos realizados e classificar os fluidos


estudados como newtonianos ou não newtonianos, expondo os argumentos para
essa classificação.

BIBLIOGRAFIA

Barnes, H. A., Hutton, J. F., Walters K., 1989, “An Introduction to Rheology”, 1.
ed - Elsevier Science
Cengel, Y. A., Cimbala, J. M., 2007, “Mecânica dos Fluidos - Fundamentos e
Aplicações”, 1 ed. - Editora McGrawHill
Cunha, F. R., 2010, “Notas de aula do curso de Mecânica dos Fluidos 2”, Univer-
sidade de Brası́lia, Departamento de Engenharia Mecânica
Larson, R. G., 1999, “The structure and rheology of complex fluids”, 1 ed. - Oxford
University Press.
Pao, R. H. F., 1967, “Fluid Dynamics”, 1 ed. - Purdue University Press.

APÊNDICE 1

A tabela abaixo contém as constantes de cada Cannon-Fenske e a faixa em que a


viscosidade cinemática deve estar situada para que o erro relativo à aproximação que
considera uma dependência linear da viscosidade cinemática com o ∆t seja o menor
possı́vel (dados fornecidos pelo fabricante).

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Tabela 1.1: Classificação dos Viscosı́metros

Número Constante K Variação da Viscosidade


(centistokes/segundo) (centistokes)
25 0.002 0.5 a 2
50 0.004 0.8 a 4
75 0.008 1.6 a 8
100 0.015 3 a 15
150 0.035 7 a 35
200 0.1 20 a 100
300 0.25 50 a 250
350 0.5 100 a 500
400 1.2 240 a 1200
450 2.5 500 a 2500
500 8 1600 a 8000
600 20 4000 a 20000

APÊNDICE 2

A partir de um balanço integral de forças na região do tubo tem-se:

Po πR2 − PL πR2 − 2τw πRL = 0 (1.21)

e portanto:
Po − PL R
 
τw = (1.22)
L 2
que é a equação (1.14). A relação entre a tensão de cisalhamento em um ponto ao
longo do tubo e a tensão na parede é dada por:

r
τ = − τw . (1.23)
R

A vazão no capilar é dada por:


Z R
Q = 2π u(r)rdr. (1.24)
0

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Uma intergração por partes da equação acima leva a:

r2
 R Z R Z R
2
Q = π ur − 2π γ̇(τ )dr = −π r2 γ̇(τ )dr, (1.25)
0 0 2 0

já que a velocidade na parede é nula. Utilizando a mudança de variáveis

τ
r = −R (1.26)
τw

na equação (1.25), tem-se:

πR3 Z −τw
Q= 3 γ̇(τ )τ 2 dτ, (1.27)
τw 0

cuja derivação resulta em: !


1 d τw3 Q
γ̇w = 2 . (1.28)
τw dτw πR3
E, finalmente, substituindo a relação obtida para τw :
!
Q d ln |Q|
γ̇w = 3+ , (1.29)
πR 3 d ln |∆P |

que é a equação (1.15).

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