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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISCIPLINA: CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS

TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS

Mário Gomes da Silva Júnior OUTUBRO, 2020.


Prof(a). Dr(a). Edcleide Maria Araújo
INTRODUÇÃO
TERMOGRAVIMETRIA (TG) OU ANÁLISE
TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA)

 Técnica que permite o conhecimento detalhado sobre as alterações que o aquecimento pode
provocar na massa das substâncias, a fim de poder se estabelecer a faixa de temperatura em
que a amostra começa a se decompor, bem como para se seguir o andamento de reações de
desidratação, oxidação, decomposição, etc; (Ivo Giolito / Massao Ionashiro)

 Consiste no aquecimento da amostra em velocidade constante, em ligação com uma balança,


o que permite o registro das variações de massa em função da temperatura (Pérsio de Souza
Santos).

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INTRODUÇÃO
TERMOGRAVIMETRIA (TG) OU ANÁLISE
TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA)

 Técnica de análise térmica na qual a variação da massa da amostra (perda ou ganho) é


determinada em função da temperatura e/ou tempo, enquanto a amostra é submetida a
uma programação controlada de temperatura; (Sebastião V. Canevarolo Jr, Jivaldo do Rosário
Matos, Luci D. Brocardo Machado)

 Processo contínuo que baseia-se no estudo da variação de massa de uma amostra, resultante
de uma transformação física (sublimação, evaporação, condensação) ou química (degradação,
decomposição, oxidação) em função do tempo ou temperatura (Cheila Gonçalvez Mothé e Aline
Damico de Azevedo).

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INTRODUÇÃO EQUIPAMENTOS

4
INTRODUÇÃO EQUIPAMENTOS

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INTRODUÇÃO CALIBRAÇÃO DA TEMPERATURA DO
FORNO E/OU CÂMARA DA AMOSTRA

Stewart discutiu três abordagens, a partir da utilização de materiais:

 Com pontos de perda de massa reproduzíveis que podem ser referidos à T. No entanto, a
liberação de um volátil não é somente dependente de temperatura e razão de aquecimento, mas
também do tipo e natureza da atmosfera do forno;

 Que apresentassem Ttransição conhecida e reproduzíveis (reversíveis) e medida direta da T. São


substâncias que possuem transição Sólido1  Sólido2 e Sólido  Líquido, que não dependem da
atmosfera, porém é necessário que o termopar esteja em contato com a amostra ou com o
porta amostra [KNO3(129,53 e 333°C); K2CrO4(665°C) e Sn(231,9°C)];

 Com transições magnéticas que podem ser mostradas nas curvas de perda de massa e referidas
à temperatura;

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INTRODUÇÃO CRITÉRIOS CONSIDERADOS
CARACTERÍSTICOS DE UM PADRÃO IDEAL

 A transição deve ser nítida e ocorrer rapidamente;

 A energia necessária para efetuar a transição deve ser pequena;

 A temperatura de transição não deve ser afetada pela natureza da atmosfera e independente da
pressão;

 A transição deve ser reversível de modo que a amostra possa ser utilizada repetidamente para
otimizar ou verificar a calibração;

 A transição não deve ser afetada pela presença de outros padrões;

 A transição deve ser facilmente observável para massas pequenas (faixas de mg).

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INTRODUÇÃO CALIBRAÇÃO DA TEMPERATURA DO
FORNO E/OU CÂMARA DA AMOSTRA)

Curva TG de padrões ferromagnéticos


sob atmosfera dinâmica de N2 e a
10°C/min.

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INTRODUÇÃO
TERMOGRAVIMETRIA (TG) OU ANÁLISE
TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA)
 Esta técnica possibilita conhecer as alterações que o aquecimento pode provocar na massa das
substâncias, permitindo estabelecer a faixa de temperatura em que elas adquirem composição
química fixa, definida e constante, a temperatura em que começa a se decompor, acompanhar o
andamento de reações de desidratação, oxidação, combustão, decomposição, etc.

TG ISOTÉRMICA TG DINÂMICA TG QUASI-ISOTÉRMICA


PERDA MASSA
PERDA MASSA

m

T3 > T2 > T1

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A
INTRODUÇÃO

INTERPRETAÇÃO DE CURVAS TG E DTG


CURVA TG
1 PRÁTICA
2
CURVA TG
1 IDEAL
3

PERDA MASSA
2
PERDA MASSA

4
CURVA DTG
3 3
1
2
4 4

Temperatura (oC) Temperatura (oC)


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INTRODUÇÃO

TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA (DTG)


Perda de massa

Temperatura (oC)/Tempo (min)


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INTRODUÇÃO

TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA (DTG)


A CURVA DTG:

 Apresenta informações de uma forma mais visualmente acessível;

 Apresenta área diretamente proporcional à m;

 A partir da altura do pico em qualquer temperatura  Razão de m naquela


temperatura;

 Permite a determinação da Tmáx. (m está num máximo) que fornece informações
sobre a temperatura Tonset (início extrapolado do evento, Ti) e a temperatura final
extrapolada (Tendset, Tf). 12
INTRODUÇÃO

TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA (DTG)

m (%)

Temperatura (oC)

Curvas TG/DTG do CaC2O4.H2O obtidas sob atmosfera de 13


ar,  = 2oC/min e m = 2,53 mg.
INTRODUÇÃO APLICAÇÕES DAS CURVAS DTG

TG
TG
 Separação de reações sobrepostas;

 Cálculo de m em reações

Perda de massa
sobrepostas;

 Análise quantitativa por medida da


altura do pico;

 Distinção entre eventos térmicos


quando comparados com a curva DTA.
d
aa b
b cc d
Temperatura

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INTRODUÇÃO APLICAÇÕES DAS CURVAS DTG

TG
TG
(a) – Reação de um único estágio;

(b) – Reações que se sobrepõem

Perda de massa
parcialmente;

(c) – Primeira reação ocorre vagarosamente,


seguida de uma segunda reação rápida;

(d) – Reações secundárias que ocorrem


durante ou após a reação principal.
d
aa b
b cc d
Temperatura

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INTRODUÇÃO

FATORES QUE AFETAM AS CURVAS TERMOANALÍTICAS

FATORES INSTRUMENTAIS CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

- Razão de aquecimento; - Quantidade de amostra;


- Atmosfera do forno; - Tamanho da partícula;
- Geometria do porta amostra; - Calor de reação;
- Tamanho e forma do forno; - Natureza da amostra;
- Sensibilidade do mecanismo - Empacotamento da amostra;
de registro. - Solubilidade dos gases liberados
da amostra;
- Condutividade térmica.
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INTRODUÇÃO FATORES INSTRUMENTAIS

RAZÃO DE AQUECIMENTO
 Temperatura da amostra ≠ Temperatura do
forno;

 Associado à propriedades térmicas da


amostra (Madeira vs Ferro);

 Sua variação pode deslocar eventos para


temperaturas maiores ou menores, bem
como influenciar no número de etapas de
decomposição térmica, causar variações
nos valores de variação de massa,
induzindo à erros quando se pretende
definir a estequiometria de uma dada
espécie;

 Pode determinar a separação de reações


sucessivas.

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Efeito da razão de aquecimento sobre as curvas TG da siderita (FeCO 3)
INTRODUÇÃO FATORES INSTRUMENTAIS

ATMOSFERA DO FORNO

DEPENDE: - Do tipo de reação;


- Da natureza dos produtos da decomposição térmica;

 GÁS INERTE em atmosfera dinâmica remove os produtos de decomposição térmica nas


reações;
Tipos de reações:  Gás inerte remove os produtos de decomposição
térmica das reações (I) e (II) e dificulta (evita) a
I) A(s)  B(s) + C(g) ocorrência da reação (III);
II) A(s)  B(s) + C(g)  Mesmo gás libertado: somente a reação (I) será
III) A(s) + B(g)  C(g) + D(s) afetada;

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INTRODUÇÃO FATORES INSTRUMENTAIS

DESVANTAGEM DA ATMOSFERA ESTÁTICA

 Condensação de produtos da decomposição térmica nas partes frias;


 Reações entre os voláteis libertados e a amostra residual;
 Gases corrosivos (Cl2, F2, SO2, CO2) não devem entrar em contato com a balança;
 Correntes de convecção, turbulência e fluxo de gases provocam ruído aerodinâmico: aumenta
ligeiramente em amplitude com a temperatura e muito com a pressão.
 Empuxo do ar: ocorre em todos os instrumentos com um único forno (horizontal ou vertical).
Trabalhos de precisão exigem correção.

De maneira geral, ao se iniciar um experimento deve-se obter uma curva termogravimétrica com o
cadinho vazio. Esta curva será utilizada para correção da linha base, visto que os fatores acima
podem conduzir a um ganho aparente de massa durante o aquecimento.

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INTRODUÇÃO FATORES INSTRUMENTAIS

ATMOSFERA DO FORNO

Curvas TG do CaCO3 à 10oC/min em várias


atmosferas
(Massa de amostra = 10 mg)
PERDA DE MASSA

Mesmo que não ocorra nenhuma reação entre a


AR amostra e a atmosfera do gás de purga, a
VÁCUO transferência de calor pelo gás poderá afetar os
2X10
VÁCUO
-5
2X10-5 resultados. Como a condutividade térmica do gás
He > N2 > ar > CO2, consequentemente a
velocidade de decomposição térmica de uma
substância também será maior com atmosfera de
He.

TEMPERATURA (oC)
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INTRODUÇÃO FATORES INSTRUMENTAIS

EXEMPLO DE UM ERRO SISTEMÁTICO

EMPUXO

 Quando a Temperatura aumenta, a densidade do gás diminui, o efeito do empuxo


diminui na amostra, cadinho e seu suporte, e a massa aparente da amostra diminui.

Solução: Realizar a análise sem amostra (branco) e subtrair as curvas.

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INTRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

A massa da amostra pode provocar efeitos relacionados com:

 Deslocamento das temperaturas de decomposição térmica;

 Grau de difusão dos produtos gasosos libertados;

 Existência de grandes gradientes térmicos em todas as partes da amostra, particularmente se


ela tem baixa condutividade térmica.

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INTRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

CuSO4.5H2O

100

COMPARAÇÃO ENTRE CURVAS TG DO


CuSO4.5H2O COM DIFERENTES MASSAS
MASSA (%)

90 DE AMOSTRA.
Razão de aquecimento de 13oC/min e
atmosfera estática de ar.

80

70
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TEMPERATURA ( C)
o
INTRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

Efeito da massa da amostra sobre


a curva TG do CaC2O4.H2O sob taxa
de aquecimento de 300°C/h e
atmosfera dinâmica de ar:

a) 126 mg
b) 250 mg
c) 500 mg

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CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
TAMANHO E FORMA DA AMOSTRA

filme
Perda de massa

Pó compactado

Pó fino

25
Temperatura
CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
TAMANHO E FORMA DA AMOSTRA

Efeito do tamanho da
partícula na desidratação
do CuC2O4.H2O

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CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
 Calor de reação da amostra (Exo ou Endo): Altera a igualdade que sempre deve existir
entre as temperaturas do forno e da amostra. As defasagens podem ser de até 10 °C para
mais, se a reação for exotérmica e para menos se endotérmica;

 Solubilidade de gases em sólidos: São dificilmente eliminadas ou medidas, sendo em


geral, desconhecidas. Pode ser, geralmente, diminuída empregando-se cadinhos rasos e
sem tampa, espalhando-se a amostra em camadas finas e fazendo-se fluir um gás inerte
através do forno;

 Empacotamento, quantidade e condutividade térmica da amostra: A condutividade


térmica da amostra depende da sua densidade e esta por sua vez, depende do tamanho de
partículas e da compactação à qual foi submetida. Além disso, a densidade da amostra
pode variar, à medida que a reação vai se processando, devido aos processos de fusão,
conversão em substância diferente, sinterização, estufamento que vão ocorrendo com a 27
amostra.
INTRODUÇÃO
FONTES DE ERROS
 Impulsão do (cadinho e suporte)
 Correntes de convecção e turbulência;
 Flutuação ao acaso no mecanismo de registro e balança
 Efeitos de indução no forno;
 Efeitos eletrostáticos no mecanismo da balança;
 Condensação sobre o suporte da amostra;
 Medida de temperatura e calibração;
 Calibração da balança em massa;
 Reação da amostra com o cadinho;
 Flutuação de temperatura.
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INTRODUÇÃO
CONCLUSÕES

 Caso todos os fatores forem considerados, a curva TG refletirá fielmente os


processos químicos ocorridos na amostra;

 Pode-se tentar a interpretação da curva com base na: fração da perda de massa,
análise do resíduo (DRX, FTIR, análise elementar, etc.), detecção ou análise dos
produtos voláteis;

 As variações na técnica e nos aparelhos causam discrepâncias nos valores de t i, tf


e (ti - tf ), relatados por diferentes pesquisadores para os mesmos materiais. Daí é
mais correto referir-se à temperatura de decomposição experimental e não,
simplesmente, a temperatura de decomposição. 29
INTRODUÇÃO APLICAÇÕES DA TG NO ESTUDO DE POLÍMEROS

 COMPARAÇÕES ENTRE ESTABILIDADES TÉRMICAS RELATIVAS;

 EFEITO DE ADITIVOS NA ESTABILIDADE TÉRMICA;

 DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE ADITIVO;

 ANÁLISE QUANTITATIVA DIRETA DE SISTEMAS DE COPOLÍMEROS;

 ESTABILIDADE À OXIDAÇÃO;

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INTRODUÇÃO APLICAÇÕES DE TG
ESTABILIDADE TÉRMICA RELATIVA
[J. Chiu, Thermoanalysis of fiber and fiber-forming polymers, R.F. Schwenker, intersc., 1966 ]

Curvas TG de: PVC, PMMA,


PERDA
MASSA

PEAD, PTFE e PI.

CONTEÚDO DE ADITIVO [W.W. Wendlandt e J.A. Brabson, Anal. Chem. 30 (1958) 61]

PVB
PVB (Poli(butirato dede vinila)
(Poli(butirato
vinila)
MASSA (mg)

PVB ++ PLASTIFICANTE
PVB PLASTIFICANTE
Curvas TG de uma
amostra de PVB e de
PVB contendo
plastificante
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INTRODUÇÃO APLICAÇÕES DE TG

Curvas TG/DTG de uma amostra de blenda de


borracha.

Se a borracha contém uma blenda de


polímeros [por exemplo, borracha natural
(NR) e borracha estireno-butadieno (SBR)],
a TG pode ser empregada para calcular as
respectivas quantidades. A1 e A2 são as
medidas dos conteúdos de NR e SBR,
respectivamente.

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INTRODUÇÃO TG – ANÁLISE DE DECOMPOSIÇÃO

CaC2O4.H2O (s)  CaC2O4 (s) + H2O (g)


CaC2O4 (s)  CaCO3 (s) + CO (g)
CaCO3 (s)  CaO (s) + CO2 (g)

Curvas TG/DTG do oxalato de


cálcio monohidratado obtida na
razão de aquecimento de
10°C/min e sob atmosfera de ar
(50mL/min).

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INTRODUÇÃO TG – ANÁLISE DE DECOMPOSIÇÃO
CÁLCULOS DE PERDA DE MASSA DE UMA AMOSTRA PADRÃO DE OXALATO DE CÁLCIO
MONOHIDRATADO
(%) Água de hidratação:
146,12 g (CaC2O4.H2O) ---------- 100%
18,02 g (H2O) ------------------------ x
x = 12,33%

(%) Monóxido de carbono:


146,12 g (CaC2O4.H2O) ---------- 100%
28,0 g (CO) -------------------------- y
y = 19,16%

(%) Dióxido de carbono:


146,12 g (CaC2O4.H2O) ---------- 100%
44,0 g (CO2) -------------------------- z
z = 30,11%

(%) Resíduo (CaO):


146,12 g (CaC2O4.H2O) ---------- 100%
56,1 g (CaO) ------------------------- w
w = 38,39% 34
INTRODUÇÃO APLICAÇÃO À CATÁLISE

Etapas:

1) ;

- Perda teórica de cerca de 37,15%.

2) ;

- Perda teórica de cerca de 37,15%.

3) .

- Perda teórica de cerca de 6,19%.


- Ativação de NiO em atmosfera de .
Obtem-se níquel na forma metálica.

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DISCIPLINA: CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS

TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS

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