Diversidade de Estímulos no Yoga

Uma Perspectiva Holística

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O
nosso corpo constitui uma poderosa
ferramenta capaz de gerar
vida plena, repleta de vitalidade e
saúde. Infelizmente, nem todos têm consciência
disso ou sabem como aproveitar ao máximo
do seu potencial, mas é fundamental ativar
esse potencial guardado e deixar de enxergar o
corpo apenas como um invólucro com prazo de
validade e limitado. Assim, passará a usar o corpo
de maneira inteligente e natural, projetando-o
para o futuro com a expectativa de melhorar dia
após dia.
Saiba que o passar dos anos ou o processo de
envelhecimento natural não significa enfrentar
perdas de funcionalidade corporal. Imagine como
seria se, daqui a 20, 30 ou 40 anos, você tivesse
uma mobilidade melhor e saúde invejável? A
resposta é diversidade. Tal qual o sentido da
palavra que diz respeito à pluralidade, variedade
e características distintas, no contexto do yoga,
reforça a necessidade de estimular todas as
partes do corpo de maneira variada e alinhada à
natureza.
Essa abordagem é um dos fundamentos
do Método Kaiut Yoga e diz respeito ao uso
natural das articulações, em sintonia com as
raízes ancestrais da prática, para fomentar
a preservação biomecânica e assegurar
movimentos amplos e constantes.
O corpo humano, do ponto de vista mecânico,
é uma estrutura intrincada que foi habilmente
desenvolvida pela natureza. Composto por 206
ossos de formas diversas, o nosso esqueleto
atua como uma estrutura de sustentação. As
articulações, que conectam um osso a outro,
conferem estabilidade e, simultaneamente, a
capacidade de mobilidade.
Essas articulações se dividem em
categorias: fibrosas (imóveis), cartilaginosas
(semi-móveis) e sinoviais (móveis livres). Destaco
aqui as articulações sinoviais, que desempenham
papel central em nossa mobilidade. Elas são
conectadas por um sistema conectado
ligamentos, músculos, tendões e cartilagens.
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Ao longo da nossa trajetória da vida, passamos
uma por um processo natural de desgaste, resultando na
redução do fluido sinovial, o qual tem a importante
função de lubrificar as articulações, facilitando os
movimentos e sustentando o peso do corpo. Além
disso, doenças ou uso inadequado podem culminar em
distúrbios musculoesqueléticos, que representam uma
ameaça ao processo de envelhecimento saudável.
Aqui, acho importante esclarecer que denomino uso
inadequado do corpo a negligência que um indivíduo
pode ter por não submeter o próprio organismo a
uma diversidade de estímulos alinhados à natureza.
A falta de estímulos adequados pode causar os mais
variados males, como dor, perda de mobilidade,
rigidez, entre outros.
As implicações vão além da limitação física e
das dores. À medida que a mobilidade e a destreza
diminuem, a produtividade também e inúmeras
oportunidades da vida são deixadas de lado. Como
resultado, a manutenção da independência econômica,
social e funcional ao longo dos anos tornam-se
desafiadores. Esses fatores refletem na qualidade de
vida e no equilíbrio físico e mental, impactando não
apenas a população idosa, mas também a saúde
musculoesquelética dos jovens porque esses sintomas
não são restritos aos mais velhos.
A questão crucial, então, é como fazer para estimular
as articulações de maneira eficiente? A meu ver, a
chave para nutrir a saúde biomecânica reside na
diversidade. Embora a cultura moderna promova a
atividade física como um pilar fundamental para a
manutenção da saúde, muitas vezes essa abordagem é
especializada, negligenciando diversos outros fatores
benéficos para a saúde.
três
de
02
 Se você se concentra apenas em corrida e deixa de lado atividades como natação, ciclismo,
caminhada, escalada e outras que também são fundamentais na preservação da saúde corporal,
pode estar em um caminho equivocado. Compreendo que a inserção de tantas atividades na
rotina diária pode parecer uma tarefa árdua, principalmente no contexto de trabalho.
Nesse sentido, vale a pena considerar a incorporação do yoga como uma alternativa viável. A
prática, do ponto de vista holístico, oferece uma fonte ampla de estimulação das articulações e
promoção da saúde musculoesquelética, mesmo em meio às demandas diárias.

O Método Kaiut Yoga foi criado para, de certa forma, unir as pontas das perdas provocadas
pela vida moderna, promover nutrição e reorganização neurológica. Por conta da importância
da diversidade de estímulos que ele promove, beneficia a nossa saúde de modo integral. Dada a
importância desse tema, resolvi organizar um dos principais fundamentos do método Kaiut Yoga
nesse e-book.

Pretendo, aqui, explorar o tema, oferecendo um caminho para despertar a plenitude do nosso
potencial humano. Gostaria que você conhecesse como os movimentos sutis e a consciência
expandida podem ter uma influência singular no seu dia a dia. A prática de yoga pode nutrir o
nosso corpo, mente e espírito de maneira única.

Boa leitura,

Francisco Kaiut

" S a i b a q u e o pa s s a r d o s a n o s o u o p r o c e s s o d e
e n v e l h e c i m e n t o n at u r a l n ã o s i g n i f i c a e n f r e n ta r
p e r d a s d e f u n c i o n a l i d a d e c o r p o r a l [ . . . ] A r e s p o s ta
é diversidade.."
02
 Kaiut Yoga

Movimentos e posturas de yoga

para vitalidade e equilíbrio
Muitas pessoas dão a impressão de serem fisicamente ativos e, por isso, cuidam bem da saúde. Alguns
até se surpreendem quando elas apresentam lesão, dor ou pouca mobilidade. Confesso que não fico nem
um pouco surpreso, pois sei que não estão direcionando a variedade correta, e necessária, de estímulos
para todas as articulações do corpo.

Há também um paradoxo em relação ao universo fitness que comprova a minha certeza. Quando mais
uma pessoa pratica esporte, mais próxima de uma lesão ela fica. É um joelho doendo, uma dor nas costas
ou no pescoço, entre tantas outras manifestações possíveis. Sim, ao praticar exercícios, os músculos são
tonificados e se fortalecem. Por outro lado, as suas próprias articulações ficam doloridas.

Correr, nadar ou ir à academia gera estímulos valiosos, porém, eles sozinhos não serão suficientes para
compensar os efeitos da subutilização e do estilo de vida confortável da era moderna. É por isso que no
Método Kaiut Yoga a diversidade foi cuidadosamente incorporada para preencher as lacunas deixadas
por nossos hábitos cotidianos e funcionar como um sistema organizado. Se você optar apenas por correr,
vai exercitar um conjunto de músculos, mas negligenciar aqueles que serão acionados com a natação,
o ciclismo, as caminhadas, as escaladas e outras atividades essenciais para a saúde do corpo e ainda
acabará se especializando.

" [ . . . ] B a s t a a pr ender a ou v i r, des de o i nício do pr oces s o,

e qu a n do per ceb er, ver á a s m uda nça s. "

Reconheço que inserir todas essas atividades na rotina diária, especialmente considerando as demandas
atuais de trabalho, pode ser difícil ou até mesmo impossível. É por isso que defendo a prática do yoga por
saber que este é um recurso poderoso para restaurar a nossa biomecânica, pois aplica um estresse positivo
de maneira planejada em cada articulação. Mesmo que alguém consiga realizar todas essas atividades, é
improvável alcançar o potencial máximo do movimento articular.

A ausência da diversidade de estímulos e a subutilização podem levar a um desequilíbrio na distribuição

dos esforços. Mesmo que você dedique horas a uma atividade específica, é possível que esteja se
especializando em movimentos repetitivos que, talvez, não atendam plenamente às necessidades
fundamentais do seu organismo.

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Cada articulação, independentemente
natureza ou classificação, possui uma capacidade
natural e ideal de movimento.
lhes fornecer estímulos variados, pode gerar a
subutilização de certos ângulos e uma sobrecarga
em outros. A natureza criou o nosso corpo com
ângulos específicos e com uma maior amplitude de
movimento, o que é saudável para eles.
Se você está se perguntando a razão dessa
minha defesa, eu explico: a compreensão das
particularidades de cada articulação
potencial é essencial para o desenvolvimento
de uma ótima prática de yoga. Assim, quando
for para o tapete, conseguirá perceber melhor a
transformação em curso.
Nem sempre sabemos qual parte do corpo
necessita de mais atenção, por isso, uma prática
sistêmica e alinhada à nossa natureza ancestral
se faz necessária. Que tal fazermos um exercício
de contemplação dos nossos antepassados? O
homem primitivo, comparado ao
de vida atual, pode se assemelhar a um atleta
de alto desempenho. Certamente, não é comum
encontrarmos hoje pessoas com 60 ou 70 anos
com essas condições físicas. Estou me referindo à
disponibilidade plena do corpo.
Não temos essa mesma performance devido à
falta de estímulos, alguns simples, semelhantes
aos que os nossos ancestrais realizavam em suas
rotinas cotidianas há cerca de 200 mil anos, como
dormir no chão, ficar de cócoras, andar descalço
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de sua e outras atividades diversificadas - e não
especializadas - comuns naquela época. Embora
Se você não muitos desses estímulos tenham se perdido para
a maioria de nós, a verdade é que não estamos
dispostos a abandonar o conforto, por exemplo,
das nossas camas macias. Portanto, a busca por
uma solução prática e segura é fundamental.
Considere a prática de yoga para resgatar
todo o potencial corporal. Imagino que muitos
possam questionar se as posturas são de
e seu fato seguras e eficientes. Minha resposta é: a
natureza nos projetou com a capacidade de
executar uma ampla variedade de movimentos
em cada articulação, mesmo na fase adulta.
Embora esse potencial seja inato e tenha uma
função, somos raramente expostos a ele ou a
imagens que o exemplifiquem. A preservação
desse potencial é fundamental para manter
nossa funcionalidade, vitalidade e até mesmo
reserva de energia. O yoga é um recurso que pode
nosso modo facilitar o acesso a essa "fonte" que irá contribuir
para uma vida mais plena e saudável.
Refiro-me à habilidade intrínseca do corpo de
manter a saúde quando é usado corretamente e
estimulado a executar as tarefas para as quais
foi projetado, evitando perdas desnecessárias
acumuladas ao longo da vida. Muitas vezes, essas
perdas ocorrem de maneira gradual, por décadas,
antes de terem sintomas perceptíveis.
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No contexto do yoga, a Empregamos uma abordagem

abordagem de diversidade que, inicialmente, se concentra
se relaciona a sustentar a em articulações maiores,
saúde física e mental, pois porém com menor intensidade.
a variedade de movimentos Posteriormente, direcionamos o
pode desbloquear áreas que foco para ângulos específicos
foram negligenciadas pela em cada articulação e que são
subutilização gerada pelos frequentemente negligenciados.
hábitos modernos. Ao discutir Assim, conseguimos alcançar
a aplicação da diversidade nas o corpo em sua totalidade,
articulações, estou enfatizando explorando uma variedade
o uso das articulações de de ângulos. Cada postura,
maneira alinhada à nossa cada movimento e até
natureza. Refiro-me a natureza mesmo a respiração foram
como representação de um cuidadosamente planejados
cenário ancestral que moldou para evitar a especialização.
nosso corpo até o estágio atual,
caracterizado por um ápice de Claro, no início, essas práticas
desempenho e uma profunda podem não se concentrar
exposição às forças naturais. diretamente nas áreas
No entanto, nossa sociedade circundantes das articulações,
moderna supervaloriza o uma vez que a subutilização
conforto e adota uma cultura, frequentemente leva à perda de
de certo modo protetora, que "elasticidade" nos tecidos que
minimiza a exposição do corpo as envolvem. Esses tecidos são
à especialização, resultando compostos de fibras elásticas,
na redução da funcionalidade. móveis, suaves e permeáveis
Cada articulação necessita (e ao fluxo sanguíneo, facilitando
merece) ser exposta a variados processos como oxigenação,
estímulos que a natureza nutrição e eliminação
planejou, a fim de proporcionar de resíduos.
uma experiência completa.
Ao proporcionar uma
Considerando o corpo variedade de estímulos ao
humano, algumas habilidades corpo, alinhados com suas
tendem a diminuir ao longo dos capacidades ancestrais,
anos e podem se transformar desencadeamos a liberação
em fragilidades no futuro. É de tensões emocionais e
por isso que estruturei o Método físicas. Isso reflete a essência
Kaiut Yoga com uma sequência do yoga, atuando como um
de posturas que ativam as scanner que identifica áreas
articulações e ângulos pouco de tensão frequentemente
utilizados, com base em ocultas. A rigidez funciona como
uma profunda compreensão obstáculo ao nosso potencial
de nossa herança corporal de mobilidade, mesmo que
ancestral. A partir desse ponto sua influência seja sutil e não
de partida, expandimos nossas conduza diretamente a doenças.
habilidades em direção a um No entanto, ela não contribuirá
estado cada vez melhor.

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para uma vida longeva.

Naquela época, Juliet sofria com
O desafio vai além da percepção das limitações ciática, uma incômoda dor que percorria
e das dores causadas por problemas na saúde o trajeto do nervo ciático desde a região
musculoesquelética. À medida que a mobilidade lombar até a perna. Como muitos
e a destreza diminuem, testemunhamos uma indivíduos ativos, ela superou essa
redução na produtividade profissional e deixamos agonia para desfrutar de aventuras como
de ser ativos em diversos momentos da vida. esquiar, explorar trilhas e fazer longos
Isso, por sua vez, pode acarretar dificuldades na percursos de bicicleta. Apesar desses
manutenção da independência econômica, social feitos, a dor persistia e tornou-se mais
e funcional. Esses fatores impactam a qualidade de intensa ao longo dos anos, levando mais
vida e no bem-estar físico e mental, impactando de uma década para finalmente encontrar
não apenas os idosos, mas também o sistema alívio por meio da prática de yoga.
musculoesquelético dos jovens.
Segundo ela, a prática teve função
Um relato publicado no Yoga Journal exemplifica crucial na atenuação do desconforto,
o impacto que a diversidade de estímulos, inclusive tem uma sequência de posturas
desencadeada pelo yoga, pode que incorporou à sua rotina e compartilha
ter em uma pessoa no longo com seus alunos de todas as faixas
prazo. Juliet Sherwood, na etárias. Após anos de estudo, percebe que
época (2020) com 85 anos, os alunos encontram na prática algum
é professora do Método desafio, mas colhem efeitos positivos na
Kaiut Yoga e relata que, há mitigação do desconforto e da rigidez,
40 anos, começou a praticar obtendo maior liberdade de movimento
yoga por curiosidade e pelo em suas atividades cotidianas.
desejo de descobrir recursos
eficazes para o cuidado corporal.

"[...] À medida que a mobilidade

e a destreza diminuem,
testemunhamos uma redução
na produtividade profissional
e deixamos de ser ativos em
diversos momentos da vida. "
Francisco Kaiut

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Diversidade de estímulos
e nutrição das articulações
Como já mencionei, a importância da diversidade de
estímulos é nutrir as articulações do nosso corpo e, assim,
resgatar toda a funcionalidade para a qual foi projetada.
Vivemos em um mundo no qual mais de 1,71 bilhão de
pessoas são afetadas por condições musculoesqueléticas,
compreendendo uma variedade de doenças que impactam
diretamente o sistema locomotor humano, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS). Com um número
tão alto, não é difícil imaginar que entre as causas de
incapacidade estão relacionadas à dor lombar e, de acordo
com a OMS, isso ocorre em cerca de 160 países.
Essas condições extrapolam as fronteiras dos sistemas
do corpo, envolvendo ossos, articulações e músculos.
Elas limitam significativamente a mobilidade e a destreza
das pessoas, resultando em aposentadoria precoce,
níveis reduzidos de bem-estar e uma menor capacidade
de interação social. Como se isso não bastasse, o
envelhecimento populacional e o crescimento demográfico
estão acelerando o número de pessoas que enfrentam
limitações funcionais decorrentes das condições
musculoesqueléticas. Eu diria que a esses fatores somam-
se os males provocados pelo conforto.
Dados do Global Burden of Disease (GBD) 2019 pintam um
quadro inegável dessa realidade, revelando a abrangência
e o impacto dessas condições em diferentes regiões do
mundo. Países de alta renda lideram as estatísticas, com
441 milhões de pessoas afetadas, seguidos pela Região do
Pacífico Ocidental da OMS, com 427 milhões, e a Região do
Sudeste Asiático, com 369 milhões.
A dor lombar é protagonista, contribuindo para uma carga
de 570 milhões de casos prevalentes em todo o mundo,
equivalente a 7,4% dos anos vividos com incapacidade
global. Outras condições musculoesqueléticas, como
fraturas, osteoartrite, dor no pescoço, amputações, artrite
reumatóide e gota, compõem uma narrativa complexa,
representando milhões de casos e incapacidade.
Todavia, a complexidade dessas condições
vai além dos números, já que não se limita a
uma faixa etária específica, afetando desde
jovens em seus anos produtivos de renda
até idosos. Ocorrem casos de condições
inflamatórias autoimunes que moldam o
desenvolvimento infantil até a dolorosa jornada
da aposentadoria precoce. Segundo relata a
OMS, que atua para buscar estratégias eficazes
para prevenir as doenças musculoesqueléticas,
as consequências sociais e
econômicas são variadas.
Acredito que parte dessas pessoas esteja
experimentando os efeitos de um quadro
resultante da utilização limitada do corpo,
bem como das consequências do sistema
nervoso operando cronicamente em um
estado conhecido como simpaticotonia. Esse
estado patológico é descrito em dicionários
médicos como uma condição em que há uma
dominância excessiva do tônus do sistema
nervoso simpático, podendo provocar espasmos
vasculares, hipertensão arterial, taquicardia,
entre outros sintomas. Quando operamos no
modo tenso e reativo, nosso sistema nervoso
pode ser impactado de maneira significativa.
Um dos sintomas mais evidentes quando
estamos operando nesse modo é a rigidez no
pescoço, mas outras áreas do corpo podem
ser afetadas, como pés ou até mesmo mãos.
É por isso que a diversidade de estímulos
ajuda na eliminação da rigidez patológica
e de outros desequilíbrios na mobilidade,
frequentemente relacionados a causas de
problemas de saúde sérios.
Tenho observado muitos alunos nessas
décadas na sala de yoga e parece-me que

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 K A I U T
a rigidez se torna perceptível somente quando já
se alastrou por várias regiões do corpo, causando
impactos de proporções significativas. Um dos mais
prejudiciais é a perda de vitalidade. Outro ponto que
considero relevante abordar está relacionado aos
hábitos de nossa sociedade moderna, como passar
horas a fio em frente do computador trabalhando.
Esse hábito, somado à inatividade física e outros
distúrbios musculoesqueléticos, tem contribuído para
a ocorrência de dor lombar, também conhecida como
lombalgia. Essa é uma queixa comum entre adultos
em todo o mundo e pode levar à incapacidade de
movimento em algumas pessoas. Um estudo recente,
conduzido por pesquisadores indianos, aponta o yoga
como um recurso eficaz no tratamento da lombalgia
crônica, ou seja, dores persistentes na região lombar
que duram mais de 12 semanas.
Estudos anteriores revelaram que a lombalgia tem
papel significativo na prevalência. Fatores genéticos,
biomecânicos e condições mentais também foram
associados a essa condição debilitante. Diante
desse cenário, a pesquisa concentrou-se em um
grupo de usuários de computador, uma população
particularmente suscetível à lombalgia devido às longas
horas de trabalho estático e à postura inadequada.
Durante 16 semanas, um grupo de participantes aderiu
a um programa integrado de yoga, que combinava
posturas e meditação mindfulness, projetado
especificamente para aliviar o estresse e a rigidez
associados à lombalgia. Os participantes que seguiram
a prática experimentaram uma melhoria significativa
em diversos aspectos.
A redução do estresse, ansiedade e depressão foi
marcante, com pontuações de estresse diminuindo
em até 98,13% ao longo das 16 semanas. Além
disso, a mobilidade da coluna vertebral melhorou
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consideravelmente, proporcionando um
alívio bem-vindo para aqueles que sofrem de
lombalgia crônica.
Comparados ao grupo de exercícios físicos,
os resultados dos praticantes de yoga foram
superiores. Embora ambos os grupos tenham
experimentado melhorias, o yoga demonstrou
ser mais eficaz na redução dos sintomas
psicológicos associados à lombalgia, além de
melhorar a mobilidade da coluna vertebral. Isso
pode ser atribuído aos diversos componentes
da prática, como atenção plena, relaxamento
e posturas específicas que contribuem para
fortalecer e alongar os músculos envolvidos na
região lombar.
A conclusão do estudo enfatiza que a prática
do yoga é uma aliada para tratar os sintomas.
Também atribuo à capacidade de nutrir as
vértebras, possibilitando que o corpo funcione
melhor. Afinal, nossas articulações evoluíram
para enfrentar extremos, desde lidar com
cargas consideráveis nas costas até suportar
longas caminhadas, horas de cócoras em
cavernas geladas, entre outros inúmeros
estímulos. Tome como exemplo o joelho, uma
articulação desenvolvida para operar em
diversas circunstâncias.
No entanto, na vida moderna, essa articulação
mal resiste a um mínimo de estresse natural; ao
contrário, é submetida a um estresse negativo,
a fim de evitar as pressões necessárias para
restaurar a funcionalidade que foi projetada
para desempenhar. Hoje, observo que um dos
maiores desafios enfrentados por nossos joelhos
diz respeito à subutilização de muitos de seus
ângulos potenciais, bem como a especialização
restrita e limitadora que os afeta.
 Estímulos sensoriais
a consciência corporal
Compreendo bem como o nosso cotidiano pode
ser atribulado, com muitas demandas e decisões
para serem tomadas a todo o momento. Com
isso, podemos ter picos de estresse que acionam
o reflexo simpático do sistema nervoso. Nesses
momentos, o PSOAS – o nosso músculo mais
profundo e responsável pela estabilização do corpo
humano - tensiona e sofre impactos significativos
com doses frequentes de adrenalina e cortisol. O
resultado é uma perda de vitalidade, potência e f
uncionalidade biomecânica.
Imagine o músculo como se fosse um elástico que
o tempo todo é tensionado, depois volta ao estado
normal, novamente vem a tensão e fica nesse fluxo
contínuo. Sim, sob pressão, ele entra em estado de
alerta, preparando-nos para lutar, fugir ou congelar
– uma reação ancestral e um mecanismo natural de
defesa. Cabe ao sistema nervoso atuar para ajudar
na tomada de decisão, por isso é tão importante
que esteja regulado.
No Método Kaiut Yoga, reforçamos trabalhos
com o corpo sentado para reduzir, sempre que
possível, a complexidade biomecânica. O objetivo é
combater possíveis sintomas musculoesqueléticos
em sedentários que sofrem com contínuos picos
de estresse, regulando todo o sistema nervoso.
Acredito que ao ser bombardeado, o PSOAS acaba
impactando toda a estrutura corporal, já que se
ressente, fica fraco ou super alongado. Se isso
acontecer pode deflagrar sintomas como dores,
até mesmo lombalgia e dor pélvica.
Essa desorganização do corpo pode afetar o
equilíbrio, a postura e até o funcionamento dos
órgãos internos. Dado que o PSOAS está ligado ao
diafragma por meio da fáscia, influencia diretamente
a respiração, podendo originar desordens
09
respiratórias como respiração excessiva, curta
ou superficial. É crucial entender que, apesar de
frequentemente considerarmos esses elementos
isoladamente, a respiração e o diafragma são
interdependentes, assim como o diafragma e o
PSOAS estão intrinsecamente conectados.
Quando falo em desordens ou qualquer outro
problema de saúde, estou me referindo à perda
gradual da qualidade respiratória, que pode ser
comparada, em sua gravidade silenciosa, à rigidez
que se instala despercebidamente e a outras
doenças crônicas silenciosas. O nosso organismo
foi projetado para respirar e essa respiração, por
sua vez, deve oxigenar nossas células, fornecendo
o combustível vital para a eficiência metabólica
que coordena o funcionamento integral do corpo.
A respiração precisa estar alinhada à natureza,
pois ao negligenciarmos esse equilíbrio ao longo
do tempo, alteramos a química sanguínea e o
pH, resultando em acidez crônica. Essa situação,
por sua vez, é um elemento-chave na gênese da
doença metabólica moderna.
O estresse, que se tornou inerente à vida
na sociedade contemporânea, está, de fato,
transformando nosso padrão respiratório.
Portanto, é imperativo liberar a carga química
que se acumula nos tecidos do nosso corpo.
A respiração não é apenas uma troca de
gases; mas também atua para eliminar as
toxinas do corpo.
Quando o oxigênio absorvido pelas vias
respiratórias se combina com as hemoglobinas
nas hemácias, ele circula pelo sangue, enquanto
o dióxido de carbono é exalado pelas células
e vias aéreas. Por isso, o Método Kaiut Yoga
 K A I U T
se concentra na estimulação biomecânica do
PSOAS, buscando aliviar as múltiplas cargas
acumuladas, reduzir o estresse e aprimorar, entre
outras funções, a respiração.
Quanto mais o aluno avança na prática de yoga,
mantendo a consistência, maior e mais duradouro
será o estado de relaxamento que terá. De certo
modo, ele aprende a otimizar o uso do corpo e
faz isso refinando a comunicação com o sistema
nervoso central. Em essência, ampliam-se nossos
mecanismos de percepção. Como o ritmo da vida
moderna não vai diminuir, é crucial desenvolver
mecanismos de autorregulação, especialmente
para enfrentar a realidade de forma mais eficaz.
No Método Kaiut Yoga, as posturas oferecem
uma ampla variedade de estímulos que nutrem as
articulações e também promovem o relaxamento
físico e emocional. A prática contínua permite ao
aluno viver em um estado perene de bem-estar
assimilado pelo cérebro como algo altamente
benéfico e, com o tempo, essa sensação passa a ser
a mensagem dominante. Esse processo é mediado
pelo funcionamento do sistema nervoso periférico,
uma rede composta por nervos e gânglios que
serve como a via de comunicação pela qual as
informações circulam por todo o corpo.
Por exemplo, ao realizar um movimento,
impulso é transmitido para o córtex cerebral e,
subsequentemente, para as fibras musculares.
Esse fluxo de comunicação gera sinais que
desencadeiam a liberação de neurotransmissores,
como a acetilcolina, na fenda sináptica da placa
motora e esta interage com a membrana da
célula muscular, estimulando a contração e a
realização do movimento.
A placa motora atua como um mapa do corpo no
cérebro. Quando o corpo é utilizado corretamente,
sem defesas ou agressões, como uma prática de
yoga adequada, ela brilha. Gradualmente, ocorre
uma expansão desse mapeamento no córtex frontal
e as áreas subutilizadas começam a se reconectar
com o restante do corpo. Nesse estágio, é possível
que algumas pessoas experimentem um aumento
na sensação de dor, mas, à medida que o processo
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avança, as funções originais são gradualmente
restauradas. Esse fenômeno é comum quando a
nossa prática evolui e nos torna mais sensíveis
à percepção, assim a hipersensibilidade
inicial se normaliza.
" No Método Kaiut Yoga,
reforçamos trabalhos com o
c o r p o s e n ta d o pa r a r e d u z i r ,
sempre que possível, a
complexidade biomecânica.
é diversidade."
A verdade é que, quanto mais você usa
o corpo de modo alinhado à natureza, mais
eficiente o sistema se torna. Costumo dizer para
os meus alunos que estamos desenvolvendo
um cérebro mais eficiente para interagir com o
corpo, criando uma interconexão e conectividade
de alto grau. Isso é o verdadeiro despertar da
o consciência corporal, com a expansão do mapa
no cérebro; tudo isso ocorre nos bastidores
da nossa consciência.
Saiba que o movimento corporal age como um
combustível essencial que faz todo o sistema vital
funcionar. Acredito que as articulações exigem
um uso constante e inteligentemente alinhado
à natureza, ao invés de serem submetidas
apenas ao conforto prejudicial. É importante
manter o corpo funcionando dia após dia,
de maneira regular.
Se você é apaixonado por corrida, então corra.
No entanto, se o objetivo for continuar desfrutando
desta atividade ao longo da vida, procure evitar a
especialização excessiva e buscar a diversidade. A
angulação específica da articulação coxofemoral
durante a corrida não é suficiente para manter a
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 K A I U T Y O G A | D I V E R S I D A D E D E E S TKaiut
Í M Yoga
U L O S

"Se observarmos crianças brincando, veremos

como elas se movimentam com destreza,
agachando, ajoelhando ou mesmo sentando
de cócoras sem nenhuma dificuldade e por um
longo período."

saúde integral do corpo, abrangendo literalmente
dos pés à cabeça. A concentração excessiva em
determinadas áreas do corpo pode resultar em
negligência de outras. Portanto, é crucial adotar
diferentes abordagens de uso para nutrir
articulações sobrecarregadas pela corrida.
Eu acredito que o uso completo da mobilidade
articular, construído de maneira adequada, tem um
impacto não apenas no aspecto biomecânico, mas
também no orgânico. É nesse último que está, de
acordo com o meu ponto de vista, o maior potencial
para promover vitalidade, saúde e disposição em
cada articulação.
Afinal, uma coluna vertebral, singular para
cada indivíduo, que é perfeitamente adaptada
à natureza, seja em movimentos amplos ou
micromovimentos, cria um efeito de massagem
no sistema linfático, circulatório e até mesmo
nos órgãos internos. Ela preserva a elasticidade
de todos os vasos sanguíneos, incluindo os mais
profundos, e mantém a tonicidade das paredes
vasculares e dos órgãos.
É claro que sei que há controvérsias em relação ao
uso correto do corpo, inclusive na literatura médica
encontramos algumas perspectivas que valem a
reflexão. Alguns autores apontam o agachamento
superior a 90 graus como um movimento de alto
risco para lesão de joelho e do quadril. Também
as é comum a recomendação de não agachar
ou ficar de cócoras para preservar a coluna
lombar e os joelhos. A justificativa é que a flexão
profunda sobrecarrega as articulações dessas
partes do corpo, ocasionando lesões e, a longo
prazo, dores crônicas.
Em um artigo publicado em 2013, os médicos
Hagen Hartmann, da Universidade Alemã
de Saúde e Esporte, juntamente com outros
pesquisadores, revisaram a literatura sobre
o assunto para avaliar se o agachamento
com menos flexão de joelho seria mais seguro
para o sistema musculoesquelético do que o
agachamento profundo. Eles se debruçaram sobre
mais de 164 artigos e concluíram que não havia
estimativas realistas das forças das articulações
do joelho para ângulos superiores a 50 graus
nessa categoria de agachamento. Mais ainda,
durante o agachamento profundo, a pressão
no joelho se equilibra, pois a carga é distribuída
igualmente por toda a estrutura que se adapta
ao movimento. Em contrapartida, ficar de cócoras

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 K A I U T
ajuda a proteger e fortalecer os membros inferiores.
Parar o movimento no meio é que pode prejudicar
os joelhos e articulações.
Se observarmos crianças brincando, veremos
como elas se movimentam com destreza,
agachando, ajoelhando ou mesmo sentando de
cócoras sem nenhuma dificuldade e por um longo
período. Assim, é fácil compreender que o ato
de agachar não prejudica a saúde dos joelhos e
tampouco reduz a mobilidade. Agora, por que será
que os adultos não conseguem fazer o mesmo?
Não considere que aqui existe
diferenciação entre a flexibilidade infantil e adulta,
consequentemente limitações e restrições
mobilidade. Para mim, esse tipo de pensamento é
um mito na sociedade moderna e foi erroneamente
aceito como verdade. Baseado na experiência e
convivência com muitos alunos, incluindo aqueles
com mais de 60 anos, os adultos têm o potencial de
ser tão flexíveis quanto as crianças, desde que haja
uma compreensão das características singulares
que envolvem a mobilidade articular em diferentes
Resgate de nossa essência corporAL
por meio do yoga e a diversidade de estímulos
Sabemos que, na sociedade moderna, acabamos
sendo levados a viver com um estilo de vida
sedentário, principalmente para aqueles
trabalham horas a fio sentados e diante de um
notebook, com nossos corpos sendo subutilizados.
Em contrapartida, super utilizamos nossos cérebros,
provocando um desequilíbrio emocional que se
soma aos distúrbios musculoesqueléticos. Nesse
contexto, se manifesta a dor lombar acompanhada
de estresse e outros problemas psicológicos.
Esse quadro é mais comum do que você imagina.
Por isso, é crescente a necessidade de entender o
potencial de uma prática ancestral, como o yoga,
para a mitigação dos males modernos, não apenas
como um recurso paliativo, mas como alternativa
de cura. Essa pode ser a solução que precisamos,
Y O G A | D I V E R S I D A D E D E E S TKaiut
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fases da vida. Por isso, negligenciar o movimento
corporal a partir de uma abordagem sistêmica
pode ser uma atitude prejudicial à saúde.
Por mais de três décadas tenho observado
meus alunos e acompanhado o processo de
resgate do natural potencial do corpo. O yoga
promove uma evolução silenciosa, mas muito
potente, isso porque, quanto mais a pessoa se
dedica, quanto mais consistente for a prática,
ocorre uma expansão do córtex cerebral, levando
o cérebro a reconhecer uma regularidade nas
demandas do corpo e a estabelecer um estado
uma de prontidão em todo o sistema.
de Esse processo resulta em um aumento do tônus
muscular e na melhoria na qualidade circulatória.
É como se o cérebro estivesse evoluindo e
entrando em um estado saudável de antecipação
ao movimento, preparando-se para executar com
maior desempenho e eficácia. A prática de yoga
permite que você movimente cada articulação de
maneira eficiente, natural e inteligente.
sem a necessidade de usarmos soluções
farmacológicas ou até cirúrgicas.
que
O Método Kaiut Yoga foi cuidadosamente
estruturado para resgatar a plenitude inata do
corpo humano, uma capacidade que remonta
aos tempos primitivos da nossa existência. A
proposta aborda tanto aspectos físicos quanto
emocionais, permitindo ao praticante cultivar
força, equilíbrio, flexibilidade e uma postura
saudável em relação à vida, tudo de maneira
gentil e com o mínimo esforço. Além disso,
o impacto emocional é notável, pois resulta
em maior concentração, foco, relaxamento e
redução da ansiedade.
Considero o yoga como um recurso
complementar, mas fundamental, para os
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 K A I U T
alunos seguirem fazendo o que realmente gostam
por um longo período da vida. Seja qual for a
atividade física que você pratica, ao combinar
com o yoga, conseguirá atingir outras áreas do
corpo, deixando-o nutrido e disponível. Como
consequência, terá uma vida mais plena, tanto no
aspecto físico quanto no mental.
A diversidade de movimentos presentes
no Método Kaiut Yoga é inspirada em nossos
antepassados e nos momentos cruciais
evolução que garantiram a sobrevivência da
raça humana. Por exemplo, considerando os
Homo sapiens caçadores-coletores que existiram
há mais de 200 mil anos, constatamos que
dominavam não apenas o mundo ao seu redor,
mas também o próprio corpo e suas sensações.
Eles possuíam uma destreza admirável,
conseguindo perceber os mínimos movimentos
na grama, identificando até mesmo o rastejar
de uma serpente. Ao observar as folhas das
árvores, eram tão habilidosos que detectavam
frutas, colmeias e ninhos de pássaros para a
alimentação. Sua movimentação era marcada
pela eficiência e economia de esforço, sentando-
se, caminhando e correndo com agilidade e
suavidade. O uso diversificado do corpo os tornou
incrivelmente ágeis.
Y O G A | D I V E R S I D A D E D E E S TKaiut
Í M Yoga
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Para o escritor Yuval Noah Harari, autor de
“Sapiens, Uma Breve História da Humanidade”,
a destreza física dos Homo sapiens antigos
ultrapassa em muito a habilidade média dos
indivíduos da nossa sociedade contemporânea.
Isso nos leva a questionar: por que, mesmo tendo
a mesma estrutura corporal, não alcançamos
tal desempenho?
Cada indivíduo é único em meio aos mais
de de sete bilhões de seres humanos espalhados
pelo mundo. No entanto, acredito que,
geneticamente, todos têm a capacidade de
resgatar a funcionalidade primata de nosso
corpo. Esta habilidade está latente em cada
um, independente de origem, localidade ou
constituição física. Como já disse, esse potencial
grandioso aguarda ser liberado.
A diversidade de estímulos da prática de
yoga, na minha opinião, é um dos caminhos
para otimizar o uso do corpo, maximizando
a qualidade e a longevidade. Afinal,
fomos projetados para nos mover e usar
inteligentemente nossas articulações e todos
os sistemas corpóreos. As posturas do yoga
são também movimentos que vão de encontro
às nossas necessidades fundamentais
para sermos funcionais. Assim, nossa vida
pode se transformar para melhor, sem dor
e se tornar mais plena.
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Ao explorar civilizações antigas, é fácil encontrar
relatos de adultos que se ajoelhavam facilmente no
chão e idosos com mais de 80 anos que desfrutavam
de joelhos livres de dor. Nesse contexto, fico intrigado
com a convenção moderna que inclui a prática do
yoga apenas como uma atividade física e não como
um recurso para construção de saúde e bem-estar sob
uma ótica sistêmica, ancestral e alinhada à natureza.
Assim sendo, se nossos antepassados praticavam
yoga há milhares de anos, por que atualmente muitos
ainda duvidam de seus reais resultados? Para mim,
essa discrepância é desconcertante, uma vez que um
dos pilares do Método Kaiut Yoga é a diversidade de
estímulos, característica inata do yoga. Afinal, a falta
de estímulo nas articulações tende a resultar em
problemas de saúde.
Acredite, o caminho para a restauração está no
yoga. Eu até compreendo que surjam questionamentos
sobre minha proposta de mudança de mentalidade e
de comportamento, pois a sociedade contemporânea
foi educada para aceitar certas parcialidades que
frequentemente contradizem a sabedoria ancestral e
a lógica da própria natureza. Optar pelo conforto, pela
especialização e pela subutilização do corpo não vai te
ajudar a envelhecer com qualidade e saúde.
A saúde de uma articulação, por exemplo, está
intrinsecamente ligada à preservação do seu potencial
de movimento e à diversidade de estímulos que ela
precisa receber. Portanto, a abordagem não deve
ser moldada por preferências pessoais, mas sim
pelo alinhamento com o propósito genético de cada
articulação.
No Método Kaiut Yoga, as posturas têm um valor
que transcende a sua aparência externa. O impacto
reside no potencial que essas posições oferecem e
que está pronto para ser explorado. A variedade de
estímulos que eu proponho visa recriar movimentos
que foram fundamentais para o desenvolvimento
da nossa espécie.
Nos primórdios da humanidade, não fomos moldados
para correr, jogar futebol ou caminhar tranquilamente.
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conclusÃo
Nossa ancestralidade exigia que caçássemos,
nos defendêssemos de predadores e, assim,
evoluímos. Hoje, vivemos com inúmeros confortos,
mas é essencial compreender que, sem a devida
compensação, essas comodidades podem
desencadear uma série de problemas.
Não se esqueça de que suas dores físicas
não são apenas resultado do tempo que você
passa diante do computador; elas também
estão intrinsecamente ligadas ao que você
deixa de fazer e à forma como o sistema nervoso
acumula tensões no corpo. Portanto, os padrões
emocionais e tensionais que você experimenta
enquanto trabalha diante da tela têm um impacto
tão significativo na mobilidade e na dor quanto a
inatividade física.
Nas minhas interações com os alunos, observei
que muitos acumulam tensões específicas em
áreas distintas do corpo. No entanto, quando essas
áreas são tratadas de maneira adequada por meio
das posturas de yoga, tanto as tensões quanto o
sistema nervoso tendem a relaxar. O resultado
é uma sensação notável de bem-estar em todo
o ser, construindo mais saúde. A diversidade de
estímulos contribui para a sustentabilidade das
nossas escolhas, na manutenção da saúde, da
vitalidade e, consequentemente, da longevidade.
A diversidade deve ser uma característica de
todo o processo terapêutico e de todo trabalho
com o corpo. Cada articulação possui dezenas de
ângulos possíveis e todos esses ângulos precisam
ser explorados, tanto diretamente como também
a partir de um uso diversificado.
Você pode fazer a mesma coisa com diferentes
abordagens, durações, tempos e intensidades
diferentes. O conjunto das possíveis diversidades,
quando combinadas, cria possibilidades e
potencial infinitos. Precisamos estabelecer o
hábito de lembrar, tanto o professor quanto
o aluno, que quanto mais nos afastamos da
especialização, mais nos envolvemos nessa
descoberta e liberação de energia potencial.
 K A I U T Y O G A | D I V E R S I D A D E D E E S TKaiut
Í M Yoga
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REFERÊNCIAS
Sherwood, Juliet. This Yoga Sequence for Healthy
Joints Will Help You Age Gracefully. Yoga Journal,
2020. Disponível em: https://www.yogajournal.com/
practice/yoga-sequences/yoga-sequence-for-
healthy-joints/. Acesso em 09/08/2023.

Musculoskeletal health. World Health Organization,

2022. Disponível em: https://www.who.int/news-
room/fact-sheets/detail/musculoskeletal-
conditions. Acesso em: 12/08/2023.\

Hartmann H, Wirth K, Klusemann M. Analysis of

the load on the knee joint and vertebral column
with changes in squatting depth and weight load.
PubMed, 2013. Disponível em: https://pubmed.ncbi.
nlm.nih.gov/23821469/. Acesso em 13/08/2023.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma Breve História

da Humanidade. São Paulo. Editora Companhia das
Letras, 2015.

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