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Engenharia Bioquímica

Esterilização em bioprocessos

Prof. Luciano Jacob Corrêa


Departamento de Engenharia
Universidade Federal de Lavras
GNE342 - Engenharia Bioquímica

Esterilização em Bioprocessos: Introdução


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de equipamentos

 Esterilizar um equipamento: eliminar todas as formas de vida de

seu interior ou superfície.

 Em alguns bioprocessos, a eliminação parcial da população

microbiana dos equipamentos é suficiente para garantir a

qualidade que se deseja no produto: desinfecção e pasteurização.


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de equipamentos


TERMO SIGNIFICADO

Esterilização Remoção de todas as formas de vida de um objeto ou material.

Desinfecção Remoção ou destruição dos organismos vivos capazes de causar danos ou infecções.

Desinfectante Agente químico capaz de promover desinfecção.


ou germicida

Agente químico aplicável em pessoas ou animais, com capacidade de eliminar


Antisséptico
microrganismos patogênicos.

Assepsia Remoção de microrganismos patogênicos ou indesejados

Pasteurização Tratamento térmico para redução drástica no n° de microrganismos.

Processo de esterilização capaz de eliminar esporos altamente resistentes ao calor.


Tindalização Consiste em manter o material a 100°C por vários minutos, resfriá-lo a T ambiente e
incubá-lo por cerca de 24 h. O procedimento é repetido por várias vezes.
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Agentes físicos

 Calor úmido

 Calor seco

 Radiação ultravioleta

 Radiação gama
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 Esterilização por calor úmido

 O agente físico de uso mais frequente.

 Fornecido por vapor de água saturado.

 O calor é obtido em caldeiras e distribuído por dutos de aço


galvanizado ou inoxidável, isolados termicamente.

 Pelas altas temperaturas e pressões na caldeira, o vapor é


considerado estéril.
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 Esterilização por calor úmido: reatores vazios

 Consiste em injetar vapor diretamente no seu interior e promover a


expulsão do ar presente.

 Após a saída do ar, o reator é fechado e injeta-se vapor até que a


temperatura e pressão internas sejam adequadas (121°C e 1 atm).

 Terminada a esterilização, a entrada de vapor é fechada e a entrada de ar


estéril aberta para que durante o resfriamento não se crie vácuo (evitar
danos no equipamento ou promover a entrada de ar externo contaminado).
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de equipamentos

 Esterilização por calor úmido: Autoclaves

 Utilizada para reatores pequenos (até 30 L), vidrarias e outros


materiais, incluindo meio de cultura.

 As autoclaves apresentam modelos verticais e


horizontais.

 O aquecimento da água para geração de vapor pode


ser elétrico, a gás ou por caldeira.
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 Esterilização por calor úmido: tempo de esterilização

O tempo de esterilização é função das condições do próprio reator e do


processo.

 Reator (limpo, sem fissuras e sem vazamentos) utilizado sempre com o


mesmo microrganismo: 20 a 40 min a 121°C e 1 atm.

 Reator multipropósito: utilizado com bactérias ou fungos formadores


de esporos, deve passar por assepsia química e após, esterilização a
121°C e 1 atm por 60 min.
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 Esterilização por calor seco

 Esterilização de vidrarias e materiais de laboratório.

 É realizada em fornos ou estufas.

 Os microrganismos apresentam maior resistência a inativação: a


transferência de calor é mais lenta (ausência de umidade).

 Temperatura de exposição: 160 a 170 °C.

 Tempo de exposição: 2 a 3 horas.

 Não é aplicada a meios de cultura ou líquidos


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 Esterilização por radiação ultravioleta


 Esterilização de vidrarias, utensílios metálicos, embalagens.

 A fonte de ultravioleta é normalmente um lâmpada emissora dessa


radiação.

 A esterilização é realizada simplesmente expondo o material a radiação


em ambiente fechado, pelo tempo adequado.

 A capacidade de penetração da radiação é muito baixa, apenas a


superfície do material exposto e o ar ao redor são esterilizados.
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 Esterilização por radiação gama


 Radiação gama, em geral produzida por cobalto 60 ou césio 137: poder
de penetração extremamente alto.

 Os materiais expostos a radiação gama não guardam resquícios


radioativos: método seguro.

 Complexidade do método: apenas materiais como vidrarias, metais e


materiais sólidos (pós, alimentos, sementes, embalagens) são submetidos a
esse processo.
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 Esterilização por agentes químicos

 A utilização do calor úmido: técnica mais utilizada para esterilização de


equipamentos.

 Agentes químicos: utilizado quando os equipamentos e acessórios não


admitem esterilização por vapor de água.

- Germicidas químicos

- Agentes gasosos
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 Esterilização por agentes químicos: germicidas químicos


 São agentes sanitizantes líquidos e agem a temperatura ambiente,
necessitando de tempos de contato maiores para produzir o efeito
desejado.
 Capacidade sanitizante: relacionada com as propriedades físicas do
material:
- Material plástico ou metálico;
- Superfície lisa ou rugosa;
- Porosidade;
- Presença ou ausência de locais de difícil acesso.
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 Esterilização por agentes químicos: agentes gasosos

 Método pouco utilizado.

 Agentes de esterilização gasosos: óxido de etileno, óxido de


propileno, formaldeído.
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura

 Os meios de cultura devem ser esterilizados para que todos os


contaminantes que estão presentes no ar, água, equipamento, vidraria, e
no próprio meio de cultura sejam retirados para não consumirem o
meio de cultivo, competindo assim com os microrganismos
responsáveis pela fermentação desejada.

 Método mais utilizado: esterilização por calor úmido.

 Processos industriais: modo de operação contínuo e descontínuo:


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Descontínuo

 O meio de cultura é colocado dentro do reator, assim, esterilizam-se


simultaneamente o meio e o fermentador. O aquecimento do sistema pode ser
realizado de duas maneiras:

 Aquecimento com vapor direto: borbulha-se vapor diretamente no meio.


Acarreta uma diluição do meio na ordem de 10 a 15% (condensação do
vapor injetado);

 Aquecimento com vapor indireto: passa-se vapor por uma “camisa” que
envolve o fermentador ou serpentina mergulhada no meio.

 O meio é agitado mecanicamente: homogeneização da temperatura.


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 Descontínuo
Na esterilização descontínua distinguem-se três fases:

a) Aquecimento: eleva a temperatura inicial do meio (T de preparo) até a


temperatura de esterilização (121°C).

b) Esterilização: temperatura na qual é mantida constante durante o


intervalo de tempo da esterilização.

c) Resfriamento: realizado com o auxílio da serpentina ou “camisa”,


passando-se água fria, até a temperatura atingir a temperatura de
fermentação.
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 Descontínuo

 Vantagens:
 Esterilização simultânea do meio e do fermentador
 Reduz os perigos de contaminação na transferência do meio para o fermentador.
 Processo mais simples.

 Desvantagens:
 Elevado consumo de vapor e de água: eficiência baixa do sistema de troca de
calor;
 Problemas de corrosão ocasionado pelo contato prolongado com meio aquecido.
 Tempo do processo é mais demorado
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 Contínuo
 O meio de cultura é esterilizado antes de entrar no fermentador.
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 Contínuo
 O meio de cultura é esterilizado antes de entrar no fermentador.
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 Contínuo
 Vantagens:
 Fases de aquecimento e resfriamento são muito mais rápidas
 Diminuição do tempo de exposição em altas temperaturas
 Economia de vapor e água
 Maior eficiência do processo

 Desvantagens:
 Maior complexidade
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Cinética de destruição térmica de microrganismos

 Em um meio de crescimento, existem diferentes microrganismos e cada


um apresenta uma constante de velocidade de destruição (k) diferentes,
para as respectivas temperaturas de tratamento térmico.

 Na prática, escolhe-se um microrganismo alvo, cuja resistência térmica


seja maior do que dos demais microrganismos de interesse.

 A esterilização completa de um meio: matematicamente impossível e o


que existe é uma probabilidade de falha do processo.
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 Cinética de destruição térmica de microrganismos: batelada

Representação esquemática da variação de temperatura do meio durante sua esterilização


por processo descontínuo.
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Cinética de destruição térmica de microrganismos: batelada

N0: número inicial de microrganismos viáveis

N1: número de células viáveis no instante t1;

N2: número de microrganismos viáveis no


início da esterilização propriamente dita;

N3: número de microrganismos viáveis no fim


da esterilização propriamente dita;

P: Probabilidade de falha

Morte microbiana
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Cinética de destruição térmica de microrganismos: batelada
 Cálculo do tempo de esterilização por processo descontínuo

Analisando o processo como um todo, estamos interessados em reduzir a carga


microbiana de N1 até P: Logo, somando as equações (9), (10) e (11), obtêm-se

(12)
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Cinética de destruição térmica de microrganismos: batelada
Fase 1 – Aquecimento:

Fase 2 – Esterilização:

Fase 3 – Resfriamento:
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 Cinética de destruição térmica de microrganismos: contínuo

N1 P

Representação esquemática da variação de temperatura do meio durante sua esterilização


por processo contínuo.
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização de meios de cultura


 Cinética de destruição térmica de microrganismos: contínuo

(13)
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização do ar


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização do ar

Esterilização do ar por filtração

Esterilização por aquecimento

Esterilização por radiação


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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização do ar

Esterilização do ar por filtração


 A maior aplicação da esterilização por filtração na indústria de
fermentação é na esterilização do ar.

 A lã de vidro quanto a lã de ROCHA apresentam bons resultados na


filtração, com eficiência que varia de 99,7% a 100%.

 Filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air): elimina mais de 99,9% dos
vírus e bactérias presentes no ar com tamanho de 0,01 micrômetro. Por
exemplo, o Coronavírus, varia de 0,08 a 0,16 micrômetros. Utilizado nos
aviões.
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização do ar

Esterilização do ar por aquecimento


A esterilização do ar pelo calor seco exige temperaturas relativamente
elevadas, assim como tempos de permanência nestas temperaturas também
elevados.

Pouca utilização industrial: necessita de reatores de grande porte e de vazões


de ar bastante elevadas. Outro empecilho é a necessidade tempos de
residência prolongados a essas temperaturas.

Alternativa: esterilização de ar por aquecimento através de resistores elétricos


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Esterilização do ar por radiação


O emprego de uma determinada radiação deve-se levar em conta alguns
fatores: a eficiência na destruição de microrganismos, o custo envolvido na
obtenção da radiação, a periculosidade ou os efeitos colaterais de sua
utilização.

Apenas as radiações ultravioleta encontram aplicação prática. Apresentam


baixo poder de penetração, necessitando de tempos de exposição
relativamente longos, tornando a utilização em processo fermentativo
inviável.
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Esterilização em Bioprocessos: Esterilização do ar

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