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ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE

ARTIGOS

Elisangela Bispo Martins


Enfermeira

NÚCLEO MUNICIPAL DE CONTROLE DE


INFECÇÃO HOSPITALAR
GERÊNCIA DO CENTRO DE PREVENÇÃO E
CONTROLE DE DOENÇAS /COVISA
ESTRUTURA FÍSICA
Central de Material e Esterilização
(CME):
(CME)

Consiste em promover materiais livres de contaminação


para serem utilizados nos diversos procedimentos em
pacientes internados no Hospital ou atendidos nas
Unidades de Saúde.
Neste serviço os materiais são lavados, preparados,
acondicionados, esterilizados e distribuídos para todas
as unidades.
Área suja:
Fluxo
 Recepção de artigos =>limpeza => lavagem =>separação.
Área limpa:
 Área de preparo: análise e separação dos instrumentais,
montagem de caixas, pacotes, materiais especiais, etc...;
 Recepção de roupa limpa, separação e dobradura;
 Área de esterilização: método de esterilização,
montagem da carga, acompanhamento do processo e
desempenho do equipamento;
 Área de armazenamento: identificação dos artigos, data
de preparo e validade;
 Distribuição: definir horários.
Artigos: Compreendem instrumentos de naturezas diversas
utilizados na assistência médico hospitalar

Definição de
Artigos:
Artigos críticos – penetram através da pele e mucosas, atingindo os
tecidos sub-epiteliais, sistema vascular. Ex: Instrumenal cirúrgico

Artigos semi - críticos – são todos aqueles que entram em contato


com a pele não íntegra ou com mucosas íntegras. Ex: especulo
vaginal e otoscopio,

Artigos não críticos - são todos aqueles que entram em contato com
a pele íntegra do paciente Ex: escovas,lixas, estetoscópio,
termômetro.

Manual MS 1994
Limpeza: é o primeiro passo para o processamento de artigos, e
esta intimamente ligada a qualidade final do processo. Quanto mais
limpo estiver o artigo, menores as chances de falhas na esterilização.

-Limpeza manual: é o procedimento realizado manualmente,


onde a sujidade é removida por meio da ação física com auxilio de
detergente, água e artefatos como esponja e escova.

(Manual do MS/94, SS-374/95, Manual de Instituto de Beleza,Acupuntura, etc


estabelecimentos afins, 1994)
Uso de EPIs :
É imprescindível o uso correto dos EPIs para o
desenvolvimento das técnicas de limpeza e
desinfecção. São eles: aventais impermeáveis,
luvas anti-derrapantes de cano longo, óculos de
proteção, máscaras.
Está limpo?
“Todo artigo odonto-médico-hospitalar contaminado deve
ser limpo precedendo ou não a desinfecção ou
esterilização”
Detergente
enzimático
EPI
+
Artefatos
Desinfecção:
É um processo que destrói microrganismos, patogênicos ou não,
dos artigos, com exceção de esporos bacterianos,
bacterianos por meios
físicos ou químicos.

Níveis de desinfecção:
desinfecção

Alto nível: destrói todos os microrganismos com exceção a alto


número de esporos => Glutaraldeído 2% - 20 – 30 minutos.
Indicação: área hospitalar preferencialmente.
Médio nível: elimina bactérias vegetativas, a maioria dos vírus,
fungos e micobactérias =>Hipoclorito de sódio 1% - 30 minutos.
Indicação: para UBS, creche, asilos,casa de repouso.
Baixo nível: elimina a maioria das bactérias, algumas vírus e
fungos, mas não elimina micobactérias =>Hipoclorito de sódio
0,025%
Desinfecção
ORDEM DECRESCENTE DE RESISTÊNCIA A GERMICIDAS QUÍMICOS

Mais resistentes PRIONS

ESPOROS BACTERIANOS Alto nível (aldeídos e


ácido peracético)
MICOBACTERIA
Nível intermediário (álcool,
hipoclorito de sódio a 1%,
VÍRUS NÃO LIPÍDICOS OU PEQUENOS cloro orgânico, fenol
VÍRUS
sintético, monopersulfato
de potássio e associações)
FUNGOS

BACTERIAS VEGETATIVAS Baixo nível (quaternário


de amônio e hipoclorito
VÍRUS LIPÍDICOS OU VÍRUS DE TAMANHO de sódio 0,2%)
MÉDIO
Menos resistentes
DESINFECÇÃO POR GLUTARALDEÍDO

VANTAGENS DESVANTAGENS

• rápido: 20 - 30 min • processo manual

• monitoração da [ ] e ph • enxágüe difícil

• compatibilidade com • toxicidade (inalação)


uma grande gama de
materiais • fixa sujidade residual

•odor pungente
DESINFECÇÃO POR ÁCIDO
PERACÉTICO A 0,2%

VANTAGENS DESVANTAGENS

• rápido: 10 minutos • processo manual


• monitoração da [ ] • incompatível com aço
• enxágüe fácil bronze, latão e ferro
• baixa toxicidade galvanizado
• remove sujidade • custo 
residual • odor avinagrado
DESINFECÇÃO DE NÍVEL INTERMEDIÁRI
 Álcool: etílico ou isoopropílico 70% peso/volume
30’’ de aplicação e evaporação natural

 Cloro inorgânico: hipoclorito de sódio 1%


( 10.000 ppm 30’ )
orgânico (pó - 10’)

X
ASSOCIAÇÕES:
ASSOCIAÇÕES Ex. quaternário de amônio +

Germikil
formaldeído + etanol
O que precisa?
Pia exclusiva com cuba funda (preferencialmente).
Bancada para apoio, deve ser lavável.
Cuba/balde plástico e tampa para colocar a solução -> anotação da
data da ativação, identificação do nome da solução.
Cuba/balde plástica para o enxágüe.
Falso tecido descartável ou tecido(deve ser lavado após o uso, e ser
exclusivo) para enxugar os artigos.
Embalagens.
EPI adequado para o profissional(gorro,óculos de proteção, avental
impermeável,máscara específica, luvas de cano longo)
Espaço físico adequado => exclusivo, ventilado,
(Resol SS-374/95)
EMBALAGEM: Permitir o transporte e o armazenamento do
artigo odonto-médico-hospitalar e mantê-lo
estéril até o seu uso. Fala-se hoje em
embalagens 1ºárias, 2ºárias e 3ºárias.

Saída do Ar

Entrada do Agente
esterilizante
Produto
Microrganismos

Embalagem
MÉTODOS
MÉTODOS DE
DE ESTERILIZAÇÃO
ESTERILIZAÇÃO

FÍSICOS
FÍSICOS

( + Industrial) (hospitalar)

RADIAÇÃO
RADIAÇÃO CALOR
CALOR
IONIZANTE
IONIZANTE

ÚMIDO
ÚMIDO SECO
SECO
(AUTOCLAVE)
(AUTOCLAVE) (ESTUFA)
(ESTUFA)

Imbatível para
artigos termorresistentes!
Tipos de Esterilização
 Esterilização pelo Calor é realizada em autoclaves e
estufas.
- Vapor saturado sob pressão:
- autoclaves gravitacionais
- autoclave a alto vácuo
Ciclo: drenagem do ar;
admissão de vapor;
exaustão do vapor;
secagem da carga.
- esterilização ultra rápida “ flash sterelization ”.

 - Estufa : calor seco


Vapor Saturado sob
Pressão
Nas autoclaves,
os microorganismos são destruídos
pela ação combinada do calor, da
pressão e da umidade, que
promovem a termocoagulação
e a desnaturação das proteínas da
estrutura genética celular.
Calor Seco
O processo de esterilização ocorre com o
aquecimento dos artigos por irradiação do
calor das paredes laterais e da base da
estufa, com conseqüente destruição dos
microorganismos por um processo de
oxidação das suas células, após a
desidratação do núcleo.
Os métodos de esterilização pelo calor
seco em relação ao tempo de exposição
e temperatura não são uniformes,
demonstrando uma diversidade de padrão,
devendo ser validado cada equipamento.
Cuidados com os Artigos
Esterilizados
Condições de estocagem do artigos esterilizados

• Quanto ao ambiente: deve ser limpo; arejado e seco; deve ser restrito
à equipe do setor.
• Quanto ao artigo: após o processo de esterilização, não colocá-lo em
superfície fria (pedra ou aço inoxidável ), utilizar cestos ou recipientes
vazados até que esfriem;
• invólucro (tecido de algodão cru, tecido não tecido, papel grau
cirúrgico, papel crepado, papel com filme, tyvec ou caixas metálicas
perfuradas) deve permanecer íntegro e ser pouco manuseado para
evitar que os pacotes rasguem ou solte o lacre;
• ser estocado em armários fechados com prateleiras;
• prateleiras identificadas de modo a facilitar a retirada do material;
• material deve ser estocado de acordo com a data de vencimento da
esterilização para facilitar a distribuição e não ficar material vencido
no estoque;
• estocar separadamente dos não estéreis para reduzir o nível de
contaminantes externos.
Tempo de validade de
esterilização de artigos
• A validade de esterilização vincula-se ao risco de recontaminação, tipo
e configuração do material de embalagem, número de vezes que é
manipulado antes do uso.
• Estocagem em prateleira aberta ou fechada, condições ambientais na
área de estocagem (limpeza, temperatura e umidade).

• Atualmente é um contra-senso estabelecer prazos genéricos por que os


fatores contaminantes do ambiente variam entre um serviço e outro.
• Devido às diferenças tanto em tipos de invólucros quanto em
características de estocagem é impossível recomendar tempos de
estocagem para itens estéreis que possam ser aplicados universalmente
(AORN)
ARMAZENAGEM
“Todo material processado deve possuir local adequado para
armazenagem de forma que não haja risco de recontaminação e
que facilite a distribuição.”

“O prazo de validade de esterilização está diretamente


relacionado à qualidade da embalagem e condições de
armazenagem.”

O local adjacente à área de esterilização, distantes de fonte


de água, janelas abertas, portas, tubulações expostas e drenos
Trânsito limitado de pessoas, manipulação mínima e
cuidadosa
Aspectos a serem
observados:
 Manual de rotina e procedimentos;
 Padronização dos processos adotados, limpeza,desinfecção e
esterilização;
Registro diário do processamento de artigos;
Programa de manutenção preventiva dos equipamentos;
 Manual de funcionamento do equipamento;
Utilização de indicadores adequados ao processo empregado;
Bancada adequadas para o preparo do material;
Local de guarda dos material esterilizado (limpo e fechado);
Fluxo racional de operacionalização, sem cruzamento de artigo
contaminado e artigo limpo.
Aspectos a serem
observados:
 Baldes plásticos para desinfecção, enxágüe.
 Recipientes com as soluções ativadas rotulados.
 Pias específicas para o material e lavagens das mãos com sabão
liquido e papel toalha.
 Local separado para o material de limpeza.
 Pisos, paredes laváveis.
 Equipamentos (autoclave e estufa)em perfeitas condições de
funcionamento (registro de manutenção e testes químicos e
biológicos) – (para artigos não pode autoclave vertical).
 Cronograma de limpeza dos equipamentos (água e sabão)
 Verificar a existência dos EPIs.
Referencias:
APECIH – Esterilização de Artigos em Unidades de Saúde – 2ª
Edição revisada e ampliada – 2003

SOBECC – Praticas Recomendadas – Centro Cirúrgico,


Recuperação Anestésica e Centro de Material Esterilizado – 3ª
Edição revisada e atualizada – 2005.

Rutala, W. A. Disinfection, Sterilization and Antisepsis in Health


Care. APIC, Washington, 1998.

Ministério da Saúde, Manual Processamento de Artigos e


Superfícies em Estabelecimentos de Saúde – 2ª Edição, Brasília
1994.

Ministério da Saúde, Orientações Gerais para Central de


Esterilização – Brasília 2001.
Legislação:
RDC nº 307 de 14/11/02 – ANVISA – Dispõe sobre regulamento
técnico, planejamento, programação, elaboração e avaliação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

RDC nº 50 de 21/02/02 – ANVISA Dispõe sobre regulamento técnico,


planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos
físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

RDC nº 306 de 07/12/04 – ANVISA Gerenciamento de Resíduos de


serviços de saúde.

Portaria nº 482 de 16/04/99 – Dispõe sobre uso e instalação de ETO.

RDC nº 30 de 15/02/06 – registro, rotulagem e re- processamento


de produtos médicos, e dá outras providências.
Portaria nº 15 de 23/08/88 – Dispõe de regulamento para
registro de produtos saneantes domissanitarios e afins, com
ação antimicrobiana.
 Resolução SS – nº 374 de 15/12/95 – Dispõe sobre
procedimentos em CME.
 Resolução SS – nº 392 de 29/06/94 - Dispõe sobre
procedimentos em CME.
 Lei nº 6514 de 22/12/77 – Dispõe sobre segurança no trabalho.
Portaria nº 3214 de 08/06/78 - Dispõe sobre segurança no
trabalho.
 Portaria nº 2616 de 12/05/98 – Dispõe sobre Diretrizes e
Normas para prevenção e controle das infecções hospitalares.
 RDC nº 48 de 02/06/00 – Roteiro de Inspeção do PCIH –
ANVISA
Roteiro de Inspeção – INAISS - ANVISA
“Existem dois jeitos de viver: acomodar-se
ou ousar. Quando lutamos por idéias nas
quais acreditamos nasce daí um sentimento
de dignidade de ser alguém que faz a
diferença”.
Roberto Shinyashiki

Obrigada

verarc@prefeitura.sp.gov.br
Patagonia 2005

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