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Profª Enfª Fabiana F.

Beserra

CENTRO DE MATERIAL ESTERLIZIADO


INTRODUÇÃO

Pasteur foi o primeiro a comprovar a ação de


microorganismos e a necessidade de assepsia para
tratar os doentes com o objetivo de evitar
infecções e contaminações. A enfermeira
Florence Nightingale demonstrou também uma
preocupação para com os materiais instrumentais
de lida com os pacientes. Ela iniciou uma prática
de assepsia em suas enfermarias no ano 1855.
INTRODUÇÃO
Com o avanço tecnológico e a evolução do edifício
hospitalar, especificadamente na Central de
Materiais Esterilizados - a partir das últimas décadas
do século XX - surgiu à necessidade de um
aprimoramento das técnicas e dos processos de
limpeza, preparo, esterilização e armazenamento de
materiais e roupas. Como conseqüência, a CME
torna-se centralizada, e passa a ser definida como
uma unidade de apoio técnico a todas as unidades
assistenciais, responsável pelo processamento dos
materiais, como instrumental e roupas cirúrgicas e a
esterilização dos mesmos.
CENTRAL DE MATERIAIS ESTERILIZADOS

A Central de Material Esterilizado (CME) é a


unidade do hospital responsável pela limpeza,
desinfecção, esterilização e distribuição dos
equipamentos e materiais médico-hospitalares de
uso de todo o Estabelecimento Assistencial de
Saúde (EAS) ao qual ela pertence.
CENTRAL DE MATERIAIS ESTERILIZADOS

A Resolução RDC nº. 307, de 14 de novembro de


2002, considera a CME uma unidade de apoio
técnico, que tem como finalidade o fornecimento
de materiais médico-hospitalares adequadamente
processados.
HÁ TRÊS TIPOS DE CME:
 Descentralizada - cada setor é responsável por
todo o procedimento de limpeza até a sua
desinfecção;
 Semidescentralizada - vê o início de
concentração dos serviços de esterilização e
cada setor usuário fica responsável pela
limpeza e desinfecção no próprio ambiente de
trabalho;
 Centralizada - mais utilizada, onde todo o
processo, desde a limpeza das sujidades até a
esterilização e armazenagem, é efetuado.
EXPURGO
Setor responsável por receber, conferir, lavar e
secar os materiais provenientes do Centro
Cirúrgico e Unidades de Internação.
A conscientização para a utilização dos
Equipamentos de Proteção Individual pelos
funcionários, é ponto relevante para prevenção
de acidentes com secreções biológicas e
perfuro cortantes na CME do HC da Unicamp.
São utilizados protetores auriculares
adequados para o tipo de ruído dos
equipamentos. Também são utilizadas botas
impermeáveis com Certificado de Aprovação,
luvas antiderrapantes, de procedimentos e
aventais descartáveis.
EXPURGO – HC DA UNICAMP/SP
A ORDEM DO FLUXOGRAMA DE
UMA CME:

 Recebimento;
 Limpeza;
 Desinfecção;
 Montagem;
 Embalagem;
 Esterilização;
 Armazenamento;
 Distribuição.
ARTIGOS

• Compreendem instrumentos de naturezas diversas


utilizados na assistência médico hospitalar, compreendendo
materiais ou instrumentais cirúrgicos, utensílios de refeição,
acessórios de equipamentos, materiais de assistência
respiratória e outros
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
Material crítico
entra em contato com
vasos sanguíneos ou tecidos livres Esterilização
de microorganismos
Ex: instrumental

Material semi-crítico
entra em contato com
mucosa ou pele não Desinfecção
íntegra. Ex: inaladores

Material não crítico


entra em contato com Limpeza
pele íntegra. Ex: comadre
LIMPEZA
Processo de remoção mecânica das sujidades, realizado com
água, sabão ou detergente, de forma manual ou automatizada

Finalidade:
 Remoção da sujidade

 Remoção ou redução de microorganismos

 Remoção ou redução de substâncias pirogênicas


LIMPEZA

Manual

 detergente (enzimático)
 escovas
 jatos de água
 água quente

E.P.I. – luvas grossas, avental impermeável, óculos e máscara


LIMPEZA
Manual
LIMPEZA

Automatizada

 equipamentos específicos
(lavadoras)
 detergente enzimático
 temperatura

E.P.I. – luvas grossas, avental impermeável, óculos e máscara


LIMPEZA
Automatizada
LIMPEZA
CONSIDERAÇÕES

 A limpeza automática com lavadoras ultra-sônicas e esterilizadora


aumentam o risco ocupacional, uma vez que há necessidade de
revisão de limpeza e enxágüe pelo método manual.

 O uso de detergentes enzimáticos não dispensa a limpeza manual


ou mecânica.

 Na lubrificação dos artigos após a limpeza, não deverá ser


utilizado óleo mineral, de silicone ou de máquinas. Os lubrificantes
recomendados devem possuir atividade antimicrobiana e
solubilidade em água.
DESINFECÇÃO
 DEFINIÇÃO
Processo de eliminação de microorganismos na forma vegetativa.
CLASSIFICAÇÃO
Alto nível – destrói todos os microorganismos na forma vegetativa e
alguns esporulados, bacilo da tuberculose, fungos e vírus. Requer
enxágüe do material com água estéril e manipulação com técnica
asséptica.
Médio nível ou nível intermediário – destrói todos os
microorganismos na forma vegetativa, exceto os esporulados, inativa o
bacilo da tuberculose, a maioria dos vírus e fungos;
Baixo nível – destrói todos os microorganismos na forma vegetativa,
alguns vírus e fungos, não elimina o bacilo da tuberculose, nem os
esporulados.
DESINFECÇÃO QUÍMICA
ESPOROS BACTERIANOS
MAIOR Bacillus subtillis
RESISTÊNCIA Alto Nível

MICOBACTÉRIAS aldeídos e ácido peracético

VÍRUS PEQUENOS OU NÃO Nível Intermediário


LIPÍDICOS
poliovírus álcool, hipoclorito de sódio a 1%,
cloro orgânico, fenol sintético
FUNGOS
Candida spp

BACTÉRIAS VEGETATIVAS Baixo Nível


Pseudomonas aeruginosa

quaternário de amônio
MENOR VÍRUS MÉDIOS OU
e hipoclorito de sódio 0,2%
LIPÍDICOS
RESISTÊNCIA vírus HBV, HIV
PRODUTOS USADOS NA DESINFECÇÃO
PRODUTO NÍVEL DE TEMPO DE RESTRIÇÕES EPI
DESINFECÇÃ EXPOSIÇÃO DE USO
O
GLUTARALDEÍD ALTO 30 minutos Materiais Máscara de filtro
O A 2% porosos retem o químico, avental
produto impermeável,
óculos, luva de
borracha cano
longo, botas
ÁCIDO ALTO 10 minutos Danifica metais Máscara de filtro
PERACÉTICO A químico, avental
0,2% impermeável,
óculos, luva de
borracha cano
longo, botas
HIPOCLORITO MÉDIO 30 minutos Danifica metais e Avental
DE SÓDIO A 1% mármore impermeável,
luva de borracha
cano
longo,botas,
óculos
ÁLCOOL A 70% MÉDIO 30 segundos Danifica acrílico Luva de
e borracha borracha
QUATERNÁRIO BAIXO 30 minutos Não há Luva de
DE AMONIA borracha
ESTERILIZAÇÃO

 É o processo capaz de destruir todas as


formas de microorganismos causadores de
doenças, inclusive os esporos.
Fatores que afetam a eficácia da
esterilização
A atividade dos agentes esterilizantes depende de inúmeros
fatores, alguns inerentes às qualidades intrínsecas do
organismos e outros dependentes das qualidades físico-
químicas do agente ou fatores externos do ambiente.

- Número e localização de microrganismos


- Resistência inata dos microrganismos
- Concentração e potência do agente germicida
- Fatores físicos e químicos
- Matéria orgânica
- Duração da exposição
Métodos de Esterilização

FÍSICOS

RADIAÇÃO IONIZANTE
ÚMIDO
(AUTOCLAVE)

CALOR

SECO
(ESTUFA)
Métodos de Esterilização
QUÍMICOS

SOLUÇÃO: GASOSO
 glutaraldeído 2%
 ácido peracético 0,2%
 peróxido de hidrogênio 3- 6%

 Óxido de etileno – ETO (


também classificado como físico
A utilização de soluções esterilizantes deve ser
químico).
desencorajada devido às dificuldades de
operacionalização e não garantia de qualidade  Plasma de peróxido
do processo.
de hidrogênio - Sterrad
 Autoclave de formaldeído
VAPOR SATURADO SOB
PRESSÃO
 É o método mais antigo e eficiente
 “ A água aquecida em recipiente fechado, onde
o vapor fica retido sob pressão, atinge a
temperatura mais elevada do que seu ponto de
ebulição, sem entrar em ebulição”.
VAPOR SATURADO SOB
PRESSÃO
Consultório
 Tempo = 5 à
30 minutos
 Temperatura
= 134ºC
AUTOCLAVE INDUSTRIAL
VAPOR SATURADO SOB
PRESSÃO
 Na autoclave o que realmente esteriliza é o
calor úmido e não a pressão.
 A morte dos microrganismos pela autoclave
ocorre pela termo-coagulação e desnaturação
das proteínas microbianas.
VAPOR SATURADO SOB
PRESSÃO
Vantagens:
 Rapidez

 Eficiência – (excesso de carga o ciclo é


abortado)
 Embalagem – papel, plástico, tecido, metal
(caixa aberta ou com janela)
 Não permite ser aberta durante o ciclo

Desvantagem
 Corrosão
Calor Seco
O processo de esterilização ocorre com o
aquecimento dos artigos por irradiação
do calor das paredes laterais e da base
da estufa, com conseqüente destruição
dos microorganismos por um processo
de oxidação das suas células, após a
desidratação do núcleo.
FORNO DE PASTEUR OU ESTUFA
CALOR SECO
 Estufa ou Forno de Pasteur
 Método mais empregado

 Mais barato

 Efetivo para instrumentos metálicos

 Não destrói o corte dos instrumentos

 Não corrói ou enferruja


• Temperatura: 160ºC
• Ciclo – 2 horas
• Requer
empacotamento
• Tipo de
embalagem –
metálica (Fechada)

CALOR SECO
CALOR SECO
Desvantagens:
 Falha Pessoal – na marcação correta do tempo
de esterilização
 Abertura da Estufa para colocar ou retirar
algum instrumento
 Requer longo tempo de esterilização

 Pequena penetração de calor

 Pode descolorir ou queimar papel ou tecido


CALOR SECO
Tempo de demora ou tempo de aquecimento da
Estufa ( 1º ciclo)
 É o tempo que a estufa demora para atingir a
temperatura de esterilização – 160ºC
(aquecimento)
 Em média = 40 minutos
Tempo de aquecimento dos Instrumentos
 Após o tempo de aquecimento,deve-se colocar os
instrumentos embalados. É o tempo que a estufa
demora para atingir novamente 160ºC.
 Em média = 30 minutos
CALOR SECO
Tempo de Esterilização
 É o tempo necessário para a esterilização
após o tempo de aquecimento dos
instrumentos
 Tempo ideal = 45 min. (Lima et.al. , 1999).

Ciclo de Esterilização
 É a soma do tempo de aquecimento dos
instrumentos + o tempo de esterilização
(retirar os instrumentos)
Os métodos de esterilização pelo calor
seco em relação ao tempo de exposição
e temperatura não são uniformes,
demonstrando uma diversidade de padrão,
devendo ser validado cada equipamento.
RADIAÇÕES - FÍSICO

Radiações Eletromagnéticas:
 Raios Ultravioletas – superficiais (óculos de
proteção).
 Raios Gama – Cobalto 60, Césio 137 – agulhas
descartáveis
 Radiações Cósmicas (ionizantes) – material
descartável – alto custo
PROCESSO FÍSICO - QUÍMICO:

 Óxido de Etileno - gás


 Utilizado em clínicas, hospitais e instituições

 Ciclo – 8 horas, variando com a temperatura


ambiente
PROCESSO QUÍMICO

1. Glutaraldeído a 2%
2. Formaldeído alcoólico a 8%
3. Formaldeído Aquoso a 10%
PROCESSO QUÍMICO/LÍQUIDO

 Produto : Glutaraldeído a 2% (Sol. Aquosa)


 Técnica – Imersão (recipiente plástico
fechado)
 Tempo : Desinfecção = 30
minutos/Esterilização = 10 horas
 A solução perde a sua capacidade germicida
com o uso e começa a se contaminar.
 Ao retirar os instrumentos, estes deverão ser
lavados com água estéril ou álcool 70% (
apenas para uso imediato ).
PROCESSO QUÍMICO LÍQUIDO

 Deve ser utilizado apenas quando o método


físico (estufa / autoclave) não for possível.
Inconvenientes:
 Corrosão dos instrumentos

 Odor das soluções

 Poder irritante das soluções ( pinça / luvas )

 Descoloração das superfícies


PROCESSO QUÍMICO/GASOSO
Vapores Químicos - formaldeídos
 Patente: Dr. George Hollenback, 1928

 Ciclo de tempo curto – semelhante à


autoclave
 Não oxida os instrumentos – 8 a 9 % vapor
de água
 Inconveniente: Cheiro forte de formaldeído
em áreas com pouca ventilação – irritação
dos olhos.
Tempo de validade de esterilização de
artigos
• A validade de esterilização vincula-se ao risco de
recontaminação, tipo e configuração do material de
embalagem, número de vezes que é manipulado antes do uso.

• Estocagem em prateleira aberta ou fechada, condições


ambientais na área de estocagem (limpeza, temperatura e umidade).

• Atualmente é um contra-senso estabelecer prazos genéricos


por que os fatores contaminantes do ambiente variam entre um
serviço e outro.

• Devido às diferenças tanto em tipos de invólucros quanto em


características de estocagem é impossível recomendar tempos
de estocagem para itens estéreis que possam ser aplicados
universalmente (AORN)
Métodos de Esterilização
MÉTODO EQUIPAMENTO / TEMPERATURA TEMPO
SOLUÇÃO

Vapor Gravitacional 121ºC 30 minutos


sob Autoclave
FÍSICO pressão
Pré-vácuo 134ºC 4 minutos

Calor 170ºC 1 hora


Estufa
seco
160ºC 2 horas

Glutaraldeído ambiente 10 horas


Líquido (imersão)
QUÍMICO Ácido peracético ambiente 1 hora
(imersão)
 Óxido de etileno _ _
Gasoso
 Plasma de peróxido
de hidrogênio
VALIDAÇÃO DA ESTERILIZAÇÃO
INDICADORES BIOLÓGICOS
 É o único meio de assegurar que o conjunto de todas
as condições de esterilização está adequada, porque
os microrganismos são diretamente testados quanto
ao seu crescimento ou não após a aplicação do
processo.

(São preparações padronizadas de


microrganismos, numa concentração do inóculo
em torno de 106, comprovadamente resistentes e
específicos para um particular processo de
esterilização para demonstrar a efetividade do
processo).
INDICADORES BIOLÓGICOS
 Indicador de 1º geração: Tiras de papel impregnadas de
esporos – leitura em laboratório.
 Indicador de 2º geração: (Attest) incubado à 56ºC, por 48
horas.
 Indicador de 3º geração: a diferença para o de 2º geração
está na metodologia para detectar o crescimento
bacteriano. Deve ser incubado por um período de 1 a 3
horas a 56º C e em seguida ser exposto a luz ultravioleta. A
ausência de fluorescência indica que as condições de
esterilização foram atingidas.
 A freqüência mínima indicada de uso de IB é semanal.
Existe recomendação de uso de indicadores em todas as
cargas que contenham próteses e que estas não sejam
utilizadas até o resultado final.
 Teste de esterilidade: são realizados diretamente no
material processado com o objetivo de verificar a eficiência
da esterilização
FREQUENCIA DA VALIDAÇÃO
 Autoclave: AORN: diária (1, próximo ao dreno)

semanal (9)

DIN: 1/250 ciclos


 Estufa: diária ou semanal
 SEMPRE após manutenção, suspeita de mal
funcionamento ou na esterilização de material
de implante
VALIDAÇÃO QUÍMICA

 Classe 1 – tiras impregnadas com tiras termo-


químicas que mudam a coloração quando
expostas ao calor.
 Classe 2 – teste de BOWIE e DICK, testa a
eficácia do sistema de vácuo da autoclave pré-
vácuo. Uso diário no primeiro ciclo, sem carga,
a 134°C , por 3, 5 a 4 min. sem secagem.
VALIDAÇÃO QUÍMICA

 Classe 3 – controla um único parâmetro: a


temperatura pré-estabelecida.

 Classe 4 – indicador multiparamétrico: controla


a temperatura e o tempo necessários para o
processo.
VALIDAÇÃO QUÍMICA

 Classe 5 – integrador: controla temperatura,


tempo e qualidade do vapor.

 Classe 6 – intervalo de segurança maior que a


classe 5
EMBALAGENS PARA ESTERLIZAÇÃO
TIPOS DE EMBALAGENS PARA ESTERILIZAÇÃO

TECIDO DE ALGODÃO PAPEL GRAU CIRÚRGICO

ESTOJO METÁLICO PAPEL CREPADO

VIDRO REFRATÁRIO SMS

CONTAINER RÍGIDO TYVEK®


BIBLIOGRAFIAS
 APECIH – Esterilização de Artigos em Unidades de Saúde – 2ª
Edição revisada e ampliada – 2003

 SOBECC – Praticas Recomendadas – Centro Cirúrgico,


Recuperação Anestésica e Centro de Material Esterilizado – 3ª
Edição revisada e atualizada – 2005.

 Rutala, W. A. Disinfection, Sterilization and Antisepsis in Health


Care. APIC, Washington, 1998.

 Ministério da Saúde, Manual Processamento de Artigos e


Superfícies em Estabelecimentos de Saúde – 2ª Edição, Brasília
1994.

 Ministério da Saúde, Orientações Gerais para Central de


Esterilização – Brasília 2001.

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