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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA (DEG)


LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

FILTRAÇÃO A VÁCUO

ANA CRISTINA MARCHETTE MARINHO


JULIA BASTO DE SOUZA
LUISA REIS MOREIRA
POLYANNA XAVIER SOUZA E SILVA
VINÍCIUS SIQUEIRA OLIVEIRA

Relatório técnico-científico referente à prática


de filtração a vácuo na disciplina de Laboratório de
Engenharia Química I, tendo como professor
responsável João Moreira Neto.

Lavras – MG
2022
SUMÁRIO

SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA i

RESUMO ii

1 - INTRODUÇÃO 1

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1
2.1 - Filtração 1
2.2 - Teoria Simplificada da filtração 1
2.3 - Filtração com formação de tortas compressíveis e incompressíveis 2

3 - OBJETIVOS DO EXPERIMENTO 3

4 - MATERIAIS E MÉTODOS 4
4.1 – Materiais 4
4.2 – Metodologia 4

5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 5

6 - CONCLUSÕES 8

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9
SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA
𝐴 - Área de filtração [cm²]
𝑐𝑝 - Calor específico do fluido [g/cm³]

𝑙 - Espessura da torta [cm]


γ - Fator de captura [-]
𝑆𝑝 - Fração mássica absoluta de sólido [-]

ε𝑝 - Fração volumétrica de partículas [-]

ρ - Massa específica da fase fluida [g/cm³]

ρ𝑝 - Massa específica da fase particulada [g/cm³]

ρ𝑝 - Massa específica das partículas [g/cm³]

𝑚𝑙 - Massa de líquido retida na torta [g]

𝑚𝑝 - Massa de sólido na torta [g]

𝑃 - Pressão [bar]
ε - Porosidade [-]
∆𝑃 - Queda de pressão [dina/cm³]
𝑅𝑚 - Resistência do meio filtrante [-]
<α> - Resistividade média [cm/g]
𝑡 - Tempo [s]
µ - Viscosidade da fase fluida [P]
𝑉 - Volume do filtrado [cm³]
𝑉𝑡 - Volume da torta [cm³]

α0 - Resistividade inerente à torta para tortas compressíveis [cm/g]

n - Índice de compressibilidade da torta [-]

i
RESUMO
A operação unitária da filtração se refere à separação mecânica entre as fases
particulada e fluida, presente em uma determinada suspensão, utilizando-se um
meio poroso, o qual retém a fase particulada e é permeável à fase fluida. Em um
processo de filtração, o líquido que atravessa o leito é denominado filtrado,
enquanto o sólido de suspensão que fica retido sobre o meio filtrante e vai se
acumulando ao longo da operação, é denominado torta. Nesta prática, foi utilizado
o módulo de filtração a vácuo. Este contém diferentes válvulas que devem ser
dispostas de forma coerente para que ocorra uma homogeneização da suspensão e
início da filtração, auxiliada por uma bomba centrífuga. Concluindo o experimento,
foi possível calcular diferentes parâmetros da operação, como a resistividade da
torta, a resistência do meio filtrante ao escoamento do fluido e a porosidade da
torta, além de analisar o aumento da espessura da torta em relação ao volume de
filtrado e do tempo de filtração.

Palavras chave: filtração a vácuo, filtrado, meio filtrante, torta.

ii
1 - INTRODUÇÃO
A filtração é uma das mais importantes operações unitárias da indústria. Trata-se de um método de
separação de misturas heterogêneas muito utilizado tanto na indústria quanto no dia a dia das pessoas e tem
por objetivo essencial a separação de sólidos suspensos em fluidos através do uso de um meio poroso que
retém partículas sólidas e permite a passagem do fluido. A ideia da filtração a vácuo nada mais é do que um
processo de escoamento de fluidos em meios porosos, porém é realizada sem a presença de ar (por isso, a
expressão “a vácuo”), o que torna esse método muito mais rápido do que uma filtração comum. A filtração a
vácuo também apresenta equipamentos de laboratório específicos e equações constitutivas vindas do estudo
prévio do transporte de quantidade de movimento nesses mesmos meios.
A operação de filtração desempenha um papel muito importante nas indústrias químicas e correlatas,
sendo utilizada em diversos tipos de indústrias, como na de papel, cervejeira e sucroalcooleira. Além disso, a
filtração também é utilizada no tratamento de efluentes industriais e domésticos (CREMASCO, 2012).

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - Filtração
A operação de filtração para retirada de partículas sólidas de um fluido, forma uma camada de torta,
como é apresentado na figura 1, sendo o meio poroso, a qual a suspensão irá passar, representado pelo meio
filtrante, e o filtrado é este mesmo fluido sem as partículas sólidas. (CREMASCO, 2014).

fonte: CREMASCO, 2014.


Figura 1 - Representação da operação filtração.
Na indústria os filtros são amplamente utilizados em diversos processos, podendo ser operados em
bateladas. Também existem classificações quanto a maneira que esses processos são realizados, como a
vácuo e pressão, que tem como objetivo aumentar a capacidade de filtração do fluido.

2.2 - Teoria Simplificada da filtração


Conforme explicitado anteriormente, a filtração de suspensões tem como resultado a formação de
tortas, contendo os sólidos retidos. Para determinar a fluidodinâmica nessa operação é necessário fazer
algumas considerações, como a fase fluida se comportar como um fluido newtoniano e incompressível, que o
escoamento seja unidimensional e que seja nula a contribuição de captura. (CREMASCO, 2014)
Para avaliação dessa operação verifica-se que a formação de torta com o tempo ocorre na direção
oposta à alimentação do fluido com partículas sólidas, representada pela figura 2 apresentada a seguir.

1
.
fonte: MASSARANI, 1997.
Figura 2 - Filtração plana com formação de torta.

2.3 - Filtração com formação de tortas compressíveis e incompressíveis


As tortas podem ser classificadas em compressíveis e incompressíveis de acordo com as
características da operação de filtração.
As tortas compressíveis são formadas a partir da aplicação de tensões mecânicas que comprimem as
partículas, fazendo com que a fração volumétrica da partícula e a resistividade média, ε𝑝 e <α>
respectivamente, variem no interior da torta.
Como supracitado, a resistência da torta depende da compressibilidade desta, no entanto na maioria
das indústrias a filtração é feita à uma queda de pressão constante, formando uma torta incompressível, A
partir desta consideração é apresentada pela equação 1, a qual refere-se o ensaio de filtração com formação
de tortas incompressíveis. (CREMASCO, 2014)
𝑡 µ 𝑉
𝑉
= Á𝑟𝑒𝑎(∆𝑝)
[< α > 𝑠𝑝ργ 2(Á𝑟𝑒𝑎)
+ 𝑅𝑚] (1)

em que t é o tempo, V é o volume do filtrado, a área a ser determinada é da área de filtração, ρ é a massa
específica da fase fluida, 𝑆𝑝 é a massa de sólido por massa de líquido, γ é o fator de captura, ∆𝑝 é a queda de
pressão total no filtro e Rm é resistência do meio filtrante.
Para determinar a massa de sólido retido por massa de líquido (𝑆𝑝 ), é utilizado a equação 2.

𝑚𝑝
𝑆𝑝 = 𝑚𝑙
(2)

em que, 𝑚𝑝 é a massa de sólido na torta e, 𝑚𝑙 é a massa de líquido retida na torta, determinados pelas
equações 3 e 4 respectivamente.

𝑚𝑝 = ρ𝑝 * 𝑉𝑡 (3)

𝑚𝑙 = ρ𝑉 + (1 − ε𝑝)ρ𝑉𝑡 (4)

na qual, ρ𝑝 é a massa específica da fase particulada, 𝑉𝑡 é o volume da torta, obtido pela equação X

𝑉𝑡 = 𝑉𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 + 𝑉𝑙, 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑜 (5)

Para obter a fração volumétrica de partículas utiliza-se a equação 6, e para obter ρ𝑝 é a massa
específica da fase particulada a equação 7, na página a seguir, é utilizada.
ρ𝑝
ε𝑝 = ρ𝑝
(6)

2
𝑚𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜
ρ𝑝 = 𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎
(7)

em que, ρ𝑝é a massa específica das partículas.

Já o fator de captura (γ) é determinado pela equação 8.


𝑉𝑡
γ = 1 + (1 − ε𝑝) 𝑉
(8)

Por meio da obtenção de dados quanto à variação do volume filtrado ao longo do tempo, um gráfico
pode ser montado, como o apresentado na figura 3, relacionando os dados desta operação. Em que a medida
que o volume aumenta, a relação t/V também aumenta.

fonte: CREMASCO, 2014.


Figura 3 - Obtenção de <α> e Rm para filtração a pressão constante com torta incompressível.
Dessa forma é possível determinar uma equação da reta, a partir de ensaios para que os parâmetros de
resistência do meio filtrante e resistividade média. Conforme apresentado na equação 1 reescrita para uma
equação da reta, apresentado abaixo na equação 9, e seus respectivos coeficientes linear e angular nas
equações 10 e 11.
𝑡
𝑉
= β + α𝑉 (9)

em que
𝑆𝑝 ρµ
α= 2(Á𝑟𝑒𝑎)² (∆𝑝)
γ< α> (10)

e
µ
β= ´Á𝑟𝑒𝑎(∆𝑝)
𝑅𝑚 (11)

E em sequência verificar o aumento da espessura da torta conforme apresentado na equação 12. Proveniente
da substituição das equações 6,7,8 na equação 9, em que 𝑐𝑝 é calor específico do fluido.

𝑉(𝑡)(γ−1)
𝑙= 𝑐 (12)
(1− ρ𝑝 )𝐴
𝑝

3 - OBJETIVOS DO EXPERIMENTO
(i) Entender o funcionamento da filtração a vácuo com pressão constante;
(ii) Determinar parâmetros da torta e a resistência do meio filtrante;
(iii) Construir gráficos para análise do volume de filtrado e aumento da espessura da torta em função
do tempo.

3
4 - MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 – Materiais
Os materiais e equipamentos utilizados neste experimento foram:
● Suspensão pré-preparada de carbonato de cálcio 20g/L;
● Módulo de filtração a pressão constante acoplado a módulo graduado de coleta;
● Bomba centrífuga;
● Bomba de vácuo;
● Reservatório para suspensão com sistema de agitação acoplado;
● Papel filtro quantitativo;
● Manômetro de tubo em “U”;
● Coluna de desumidificação;
● Vacuômetro;
● Paquímetro eletrônico;
● Grafite;
● Balanca analitica;
● Estufa;
● Vidro de relógio;
● Espátula.

4.2 – Metodologia
Na preparação do equipamento, coloca-se o papel de filtro sobre a tela suporte acrílico localizada
entre o módulo de filtração e o módulo graduado de coleta e molha-se com água deionizada para que o papel
fique bem aderido. Em seguida, homogeneiza-se a suspensão que estava previamente preparada no
reservatório de preparo da suspensão. Para isso liga-se a bomba centrífuga com as válvulas VA1, VB2, VB4
e VB5 abertas e as demais fechadas, aguardando por alguns minutos.
Antes de dar início a filtração é necessário primeiramente encher o módulo de filtração, para isso
abre-se a válvula VB1 e fecha-se metade da válvula VB2. Assim que completar 500ml no módulo de
filtração, fecha-se a válvula VB1 e VA1, abre-se a válvula VB2 por completo e desliga-se a bomba
centrífuga. Com o módulo de filtração marcando 500ml, abre-se rapidamente a válvula VB3 e liga-se a
bomba de vácuo para dar início ao processo de filtração. Simultaneamente aciona-se o cronômetro para
monitorar o aumento do nível de água no módulo de coleta graduado com a variação do tempo, marcando-se
o tempo corrido a cada 100ml de volume preenchido.
Quando o volume preenchido no módulo de coleta atingir 1700ml finaliza-se o monitoramento do
nível com o tempo, abre-se a válvula VA1 e fecha-se a válvula VB3 para que se interrompa a alimentação no
módulo de filtração. Aguarda-se então até que todo o volume de suspensão restante presente no módulo de
filtração escoe para o módulo de coleta e desliga-se a bomba.
É necessário então aguardar até que a pressão interna do módulo de coleta marcada pelo manômetro
se equilibre com a pressão atmosférica. Assim, pode-se então esvaziar o módulo de coleta. Para isso abre-se
a válvula VA2 e VF até que todo o conteúdo escoe para o reservatório de filtrado.
Com o fim da filtração, desacopla-se o módulo de filtração para a medição da altura da torta úmida.
Insere-se grafites em diferentes pontos da torta e posteriormente mede-se a profundidade de inserção de cada
grafite com o auxílio de um paquímetro digital para que se obtenha uma altura média da torta úmida.
Transfere-se então cuidadosamente a torta úmida juntamente com o papel de filtro para um vidro de relógio
previamente tarado e pesa-se o conjunto. Posteriormente, leva-se para a estufa a 105 graus celsius por 24
horas. Após o tempo de secagem em estufa, pesa-se novamente a torta para se obter a massa seca.

4
fonte: Roteiro - Filtração a vácuo.
Figura 3 - Identificação das válvulas no módulo de filtração.

5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através do monitoramento do tempo da filtração à vácuo para a suspensão de CaCO3 obteve-se os
dados apresentados na Tabela 1, onde t é o tempo gasto para se obter um determinado volume de filtrado (V),
em segundos. Calcula-se ainda a razão do tempo pelo volume com o objetivo de fazer a linearização destes
dados experimentais.
Tabela 1. Dados experimentais e calculados no experimento de filtração a vácuo.

t (s) V (cm³) t/V (s/cm³)


23 100 0,23
64 200 0,32
135 300 0,45
247 400 0,6175
384 500 0,768
535 600 0,8917
689 700 0,9843
850 800 1,0625
1030 900 1,1444
1216 1000 1,216
1411 1100 1,2827
1619 1200 1,3492
1834 1300 1,4108
2059 1400 1,4707
2290 1500 1,5267
2541 1600 1,5881
2784 1700 1,6376

5
Com base nos valores da tabela foram gerados os gráficos com os dados experimentais e a
linearização que são apresentados na Figura 4.

fonte: Autores

Figura 4: a) Gráfico de Volume de filtrado por tempo; b) Gráfico de t/V por volume de filtrado.
Analisando a Figura 4a é possível notar um aumento exponencial na curva de volume de filtrado nos
primeiros segundos decorridos com uma tendência linear nos tempos finais. Este crescimento exponencial
pode ser atribuído ao fato de não haver quantidade significativa de torta formada no início do experimento,
enquanto que com o passar do tempo, o caminho do filtrado vai sendo dificultado pelo aumento da espessura
da torta.
Como mencionado anteriormente, o gráfico linearizado apresentado na Figura 4b representa a
Equação 9, utilizada a fim de encontrar Rm e <α>, que se referem à Resistência do meio filtrante e a
Resistividade inerente à torta, respectivamente. A partir desta linearização foi obtido um coeficiente angular
igual a 0,0009 e um coeficiente linear igual a 0,2715. A Equação 13 demonstra o cálculo realizado para
encontrar Rm.
0,2715 . 51,0856 𝑐𝑚² . 340000 𝑑𝑖𝑛𝑎/𝑐𝑚² 8
𝑅𝑚 = 0,0091 𝑃
= 5, 18 . 10 cm-1 (13)

Para o cálculo da Resistividade, é necessário utilizar a fração mássica absoluta de sólidos (Sp), e o
fator de captura (γ). Estes dois parâmetros dependem de ρ𝑝 , mp, εp e ml que foram calculados seguindo as
Equações 14, 15, 16 17. O volume da torta utilizado no cálculo de ρ𝑝 é dado pela Equação 5 com valor de
65,3896 cm³.
31,4449 𝑔
ρ𝑝 = 65,3896𝑐𝑚³
= 0, 4809 𝑔/𝑐𝑚³ (14)

𝑚𝑝 = 0, 4809𝑔/𝑐𝑚³ . 65, 3896 𝑐𝑚³ = 31, 4449𝑔 (15)

0,4809 𝑔/𝑐𝑚³
ε𝑝 = 2,71 𝑔/𝑐𝑚³
= 0, 1774 (16)

𝑚𝑙 = 0, 9967 𝑔/𝑐𝑚³. 2025 𝑐𝑚³ + (1 − 0, 1774) . 0, 9967 𝑔/𝑐𝑚³. 65, 3896𝑐𝑚³ = 2071, 9263𝑔 (17)

Dessa forma encontra-se Sp e γ a partir das Equações 18 e 19.


31,4449 𝑔
𝑆𝑝 = 2071,9263𝑔
= 0, 0152 (18)

65,3896𝑐𝑚³
γ = 1 + (1 − 0, 01774) . 2025𝑐𝑚³
= 1, 0266 (19)

6
Substituindo os valores calculados na Equação 13, encontra-se a Resistividade média da torta
conforme mostrado na Equação 20.
2
0,0009 . 2 . (51,0856𝑐𝑚²) . 340000 𝑑𝑖𝑛𝑎/𝑐𝑚² 10
< α >= 0,0152 . 0,9967 𝑔/𝑐𝑚³ . 0,0091 𝑃 . 1,0266
= 1, 13 . 10 𝑐𝑚/𝑔 (20)

Com o objetivo de se conhecer melhor a torta formada durante o processo de filtração, é possível
calcular a porosidade pela Equação 21 demonstrada a seguir.
ε = 1 − 0, 1774 = 0, 8226 (21)
A espessura da torta é calculada em função do volume de filtrado com base na Equação 22, gerando
os dados apresentados na Tabela 2. A demonstração do cálculo de espessura para o primeiro dado da tabela
está expresso na Equação 22.
100 . (1,0269−1)
𝑙= = 0, 0530 𝑐𝑚 (22)
(1− ). 51,0856
0,02
2,71

Tabela 2: Valores calculados para a espessura da torta.

Volume [cm³] tempo [s] l [cm]


100 23 0,053
200 64 0,1061
300 135 0,1591
400 247 0,2122
500 384 0,2652
600 535 0,3183
700 689 0,3713
800 850 0,4244
900 1030 0,4774
1000 1216 0,5305
1100 1411 0,5835
1200 1619 0,6366
1300 1834 0,6896
1400 2059 0,7427
1500 2290 0,7957
1600 2541 0,8488
1700 2784 0,9018

7
Diante dos dados calculados, é possível analisar o comportamento da espessura da torta em função
do tempo e do volume de filtrado através dos gráficos apresentados na Figura 5.

fonte: Autores
Figura 5: a) Gráfico da espessura da torta pelo tempo; b) Gráfico da espessura da torta por volume de
filtrado.
Analisando os gráficos apresentados na Figura 5, infere-se que a espessura da torta está diretamente
relacionada com o tempo e também com o volume de filtrado. O acúmulo de sólidos presente na suspensão
de CaCO3 aumenta conforme aumenta-se o tempo de filtração e consequentemente, o volume de líquido
filtrado. Observa-se também um aumento exponencial da espessura da torta em função do tempo no início do
processo de filtração que passa a ser linear no decorrer do experimento.
A torta formada neste experimento de filtração à vácuo de uma suspensão de CaCO3 é
incompressível devido à aplicação de pressão constante durante todo o processo. No entanto, é possível
realizar este experimento variando a pressão, o que acarretaria na formação de tortas compressíveis. Esse
tipo de torta apresenta valores de resistividade e porosidade variáveis em função da pressão, enquanto a
resistência do meio filtrante pouco se altera.
Para um procedimento experimental que gera a formação de tortas compressíveis o ideal seria
começar a filtração com pequenas pressões, a fim de não tornar o precipitado pouco permeável, sendo a
pressão aumentada conforme ocorre o acréscimo na espessura da torta. O cálculo para encontrar <α> para
este caso está disposto na Equação 23 onde α0 é a resistividade da torta dependente tão só das características
da torta e n é índice de compressibilidade da torta.
𝑛
< α> = α0∆𝑃 (23)

Vale destacar que a resistência do meio filtrante varia muito pouco com a pressão, enquanto a
resistividade média da torta apresenta-se como função da pressão de filtração.

6 - CONCLUSÕES
Em suma, a torta que se forma no processo da filtração é incompressível, uma vez que a pressão do
sistema não sofreu variação e suas propriedades dependem do sistema sólido-fluido e da pressão que atua
sobre a matriz porosa. Para uma torta incompressível a resistência ao escoamento não é muito afetada pela
diferença de pressão na torta (significa que a porosidade da torta é constante). Os resultados encontrados para
parâmetros da torta e o tempo com o qual essa filtração se processa foram satisfatórios.

8
Através das Figuras 4a e 5a, pode se observar por meio do comportamento inicial em crescimento
exponencial apresentado por ambos, que a espessura da torta ainda fina faz com que o filtrado passe de
forma mais fácil, já que é capaz de percorrer toda a torta e que com o decorrer do tempo o trajeto se torna
mais difícil e o processo de filtração se torna mais lento.
É importante observar que, o uso da pressão constante facilita o estudo, já que a resistividade média
da torta mostra-se como uma função da pressão de filtração, ou seja, caso houvesse uma variação na pressão
do sistema, o cálculo da resistividade da torta seria mais complexo. Outro fator importante a se ressaltar é a
confirmação da relação proporcional do volume do filtrado e da espessura da torta.

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidodinâmicos. Editora Blücher, 2012.
MASSARANI, G. Fluidodinâmica em sistemas particulados. 2 ª ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2001.

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