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INSTITUTO POLITÉCNICO DE TECNOLOGIA E EMPREENDEDORISMO

CURSO: Geologia e Mineração


DISCIPLINA: Concentração Mineral (separação solido – Liquido)

AULA 8 – Capitulo 8: Filtração

8.1. Introdução ao Estudo da Filtração


A filtração é a operação unitária pela qual se separa um sólido dum líquido ou gás
mediante um meio poroso, que retém o sólido, mas deixa passar o fluido. O sólido e o
fluido constituem um sistema heterogéneo que consiste de duas partes:

a) Fase dispersa – meio pelo qual as partículas da substância estão distribuídas.


b) Fase em dispersão – constituída por partículas distribuídas na fase dispersa.

Os sistemas heterogéneos têm designações específicas consoante a natureza das fases


dispersa e em dispersão intervenientes.

8.2. Classificação dos sistemas Heterogéneos

Designação do sistema Fase dispersa Fase em dispersão


Poeira Gás Sólidos: d = 5 - 50 μ
Fumo Gás Sólidos: d = 0.3 - 5 μ
Neblina Gás Gotas de líquido
Suspensão Líquido Sólidos
Suspensão grossa Líquido Sólidos: d >100 μ
Suspensão fina Líquido Sólidos: 0.5 < d < 100μ
Solução coloidal Líquido Sólidos: d < 0.5 μ
Emulsão Líquido Gotas de líquido
Espuma Líquido Gás

Segundo a tabela acima, o fumo e a poeira são de fases dispersas iguais, o que as difere é o
diâmetro das partículas.

A filtração realiza-se por meio de filtros que podem ser desde os mais simples, como os
filtros de laboratório, que consistem de um funil cónico sobre o qual se verte a
suspensão, até aos mais complexos, utilizados para fins industriais.
A suspensão (sistema heterogéneo) é introduzida no filtro, obrigada a passar através dos
poros de um meio de filtração (meio mecânico), por um diferencial de pressão P 2-P1=ΔP
que constitui a força motriz do processo de filtração.

Figura 8: 1 Esquema de Filtração

8.3. Factores que influenciam na escolha dos equipamentos de Filtração


As condições em que se efectua a filtração variam muito e a escolha do tipo de
equipamento mais apropriado dependerá dum grande número de factores, entre os quais
figuram:

a) As propriedades do fluido – em particular a sua viscosidade, massa específica e


propriedades corrosivas.
b) A natureza do sólido – a dimensão e forma das suas partículas, a distribuição
granulométrica e as características de empilhamento.
c) A concentração de sólidos em suspensão.
d) A quantidade de material a movimentar e o seu valor.
e) O facto de o material valioso ser o sólido, o fluido ou ambos.
f) O facto de ser ou não necessário lavar os sólidos filtrados.
g) O facto de ser ou não prejudicial ao produto uma contaminação muito leve
causada pelo contacto da suspensão ou do filtrado com os vários componentes
do equipamento.
8.4. Os factores que influenciam na velocidade de filtração
Seja qual for o tipo de equipamento usado, acumula-se gradualmente um bolo de
filtração sobre o meio filtrante e a resistência ao fluxo aumenta progressivamente no
decorrer de toda a operação.

Os factores mais importantes de que depende a velocidade de filtração são:

1. A queda de pressão entre a alimentação e o lado de jusante do meio filtrante.


2. A área da superfície de filtração.
3. A viscosidade do filtrado.
4. A resistência do bolo de filtração.
5. A resistência do meio filtrante e das camadas iniciais do bolo.

8.5. Velocidade global do processo


Considere-se um leito de partículas esféricas dispostas em empilhamento cúbico. Seja x
a aresta do cubo; pela equação de caudal:

V
=u x 2
t

Pelo facto de existirem sólidos no cubo, introduz-se o factor porosidade (ε).

V t−V solidos
ε=
Vt

Pelo facto de existirem sólidos no cubo, introduz-se o factor porosidade ( ε ).

 ε x 3 – Fracção livre do volume do cubo


 ε x 2 – Fracção livre da secção recta do cubo.

Relação entre u e u p

u x2 u
up= =
ε x2 ε

8.6. Modos de filtração


A filtração pode ser feita por duas maneiras:

 Filtração à velocidade constante,


 Filtração à pressão constante.

8.6.1. Filtração à Velocidade Constante

dV V
= =u
dt t

então,

2
dV A t ∆ P
= =u
dt νrμV

esta é a forma integral.

donde,

2
V At ∆ P
=
t νrμV

Onde: r é a resistência específica do bolo;

ν – volume do boloformado pela passagem da unidade do volume de filtrado

l A t – Volume do bolo

ν V – Volume total do bolo formado

V – Volume do filtrado

dV
−Caudal de filtração ou Velocidade de filtração
dt

Existe uma proporcionalidade directa entre o volume do filtrado e a resistência


hidráulica do bolo.

V
=K ∆ P
t

Com

A 2t
K=
νrμV
Para que a velocidade do processo seja constante, à medida que o volume aumenta, a
diferença de pressão também aumenta.

Figura 8: 2: Gráfico de (V:ΔP) para filtração a Velocidade constante

8.6.2. Filtração à Pressão Constante

Da equação:

2
dV A t ∆ P
=
dt νrμV

com ∆ P = constante, tem-se:

dV
≠ constante
dt

Integrando a expressão acima teremos:

1 2 2 A2t ∆ P
(V −V 1)= ∗(t−t 1 )
2 νrμV

8.7. O meio filtrante


O meio filtrante não só actua como suporte para o bolo de filtração, mas também como
filtro propriamente dito para a operação, e é ajudado pelas camadas iniciais de bolo a
operar devidamente. O meio filtrante deve ser mecanicamente forte, resistente à acção
corrosiva do fluido, e deve oferecer uma resistência tão pequena quanto possível ao
fluxo do filtrado.

Os meios filtrantes mais importantes são:


1. Materiais tecidos, como: lã, algodão, linho, seda, vidro, plásticos, fibras e metal.
2. Chapas perfuradas de metal.
3. Materiais granulares, como: brita, areia, asbesto, carvão e terra de diatomáceas.
4. Sólidos porosos.
5. Materiais de fibras entrecruzadas, sendo mais largamente usado o papel poroso.

8.8. Fluxo de filtrado através do bolo e meio de filtração


Suponha-se que o pano filtrante e as camadas iniciais de bolo são equivalentes a uma
espessura L de bolo, tal como depositado numa fase posterior do processo.

A equação básica de filtração será:

dV A ∆P
= t
dt rμ(l+ L)

e como:

vV AL
l= e C= t
At v

a equação básica de filtração ficara:

dV A 2t ∆ P
=
dt νrμ (V +C)

Para o período de filtração a velocidade constante:

V1 A2t ∆ P
=
t 1 νrμ(V 1 +C)

isto é,

t1 rμv rμL
= V +
V 1 A2t ∆ P 1 A t ∆ P

ou,

2 A2t ∆ P
V +C V 1=
1 t
rμv
Para uma subsequente filtração a pressão constante:

2
1 2 2 L At At ∆ P
( V −V 1) + (V −V 1)= ∗(t−t 1 )
2 v νrμV

8.9. Equipamentos de filtração


O filtro mais apropriado para qualquer operação é aquele que preencher os requisitos
com o mínimo custo global. Visto que o custo do equipamento estará intimamente
relacionado com a área de filtração, é normalmente desejável obter uma elevada
velocidade global de filtração.

Os filtros podem ser classificados de diferentes maneiras: pela força impulsora, pelo
mecanismo de filtração, pela função e pela natureza dos sólidos.

Na selecção dos filtros, é necessário que os factores ligados à finalidade do serviço


sejam comparados aos associados às características do equipamento (inclusive do meio
filtrante). Os filtros, quanto ao seu ciclo, podem ser classificados em contínuos ou
descontínuos.

Os filtros contínuos são aqueles em que a alimentação é feita continuamente e,


consequentemente, a produção de bolo é contínua. Entre eles encontra-se o filtro de
discos rotativos e o filtro de tambor.

Os filtros descontínuos são os que operam de forma batch, isto é, faz-se a carga, decorre
a filtração, e depois retira-se o filtrado e o respectivo bolo, de modo a se fazer uma outra
carga. Neste tipo de filtros, podem se destacar os filtros de prensa e os de folha.

Existem vários factores ligados à escolha do equipamento de filtração tais como: tipo de
suspensão, volume de produção, quanto valioso é o bolo ou o filtrado, precisão na
separação, possibilidade de lavagem do bolo, confiabilidade, condições do processo,
tipo de material usado na construção e os custos totais.

8.9.1. Filtros de Areia


Consistem num tanque no qual se coloca uma camada de areia ou brita O tamanho das
partículas do leito decresce do fundo do leito até ao topo. O leito granular é o meio
filtrante que é alimentado na superfície do topo. O filtrado é removido através de canos
de drenagem perfurados e encaixados no meio filtrante próximos ao fundo.
Figura 8: 3: Esquema de Filtro de Área

Este tipo de filtro é normalmente usado quando se pretende obter água potável. O uso
deste tipo de filtro é vantajoso, pois o meio filtrante é de fácil obtenção, mas tem a
desvantagem de requerer operações auxiliares para o melhoramento do filtrado, como
adição de sulfato ferroso ou de Alumínio.

8.9.2. Filtros em Sólidos Porosos


Estes filtros, como se ilustra na Figura abaixo, têm como meio de filtração sólidos
porosos, que pode ser tijolo, areia, alumina ou carbono poroso. Este material poroso
antes de ser usado passa pelo forno. A estrutura porosa pode ser garantida pela adição
de uma pequena quantidade de farinha antes de fazê-lo passar pelo forno.

O funcionamento deste tipo de filtro é idêntico ao do filtro de areia, fazendo-se passar,


neste caso, a suspensão através do sólido poroso que é colocado sobre apropriadas
superfícies de apoio.

A sua grande vantagem é de poder ser usado para filtrar soluções ácidas e corrosivas e a
sua desvantagem é de facilmente se entupir e de ter elevado grau de dificuldades na sua
limpeza.
Figura 8: 4: Esquema de Filtro em Sólidos porosos

8.9.3. Filtro Prensa


Existem dois modelos básicos deste tipo de filtro: o de placas e caixilhos, e o de placas
rebaixadas (ou de câmaras). As placas de ambos tipos podem ser feitas numa grande
variedade de materiais, entre os quais, o ferro fundido, madeira e borracha.

Figura 8: 5: a) Filtro de prensa de Placas e Caixilhos; b) Filtro de prensa e Placas Rebaixadas

Uma prensa de placas e caixilhos é um conjunto de placas maciças colocadas


alternadamente, cujas faces são perfuradas para permitir a passagem do fluido, e de quadros
ocos nos quais o bolo se deposita durante a filtração. Estas placas e caixilhos têm,
normalmente, a forma quadrada e as suas dimensões variam entre 101.6 mm e 1.2 m de
comprimento, e entre 12.7 mm e 76.2 mm de espessura. Podem, também ser circulares ou
triangulares.
Figura 8: 6: Filtro de Prensa de Placas e Caixilhos

8.9.4. Prensa de Câmaras


A estrutura física se assemelha à de prensa de placas e caixilhos sendo este constituído
apenas de placas. Ambas faces de cada placa são rebaixadas de modo que se forme,
entre cada duas placas, uma câmara por onde o bolo se irá acumular. O funcionamento
deste tipo de filtro é idêntico ao de placas e caixilhos, embora neste, a alimentação seja
feita através de um orifício central e o filtrado é descarregado num dos cantos.

Nas prensas de câmara é possível usar suspensões que contêm partículas relativamente
grandes sem causar entupimento.

Não é ideal usar-se a lavagem completa neste tipo de filtros, pois, os canais apropriados
para esta lavagem não são aqui montados, sendo normal, portanto, usar-se sólidos de
menor valor e de concentrações baixas, o que evita a desmontagem frequente da prensa.

Figura 8: 7: Filtro de Prensa e Câmaras


8.9.5. Filtro Rotativo de Tambor
O filtro de tambor é constituído essencialmente de tambores divididos em
compartimentos controlados por uma válvula rotativa. Ele é montado horizontalmente e
gira em torno de um eixo. O pano filtrante é montado na parte exterior do tambor sobre
chapas perfuradas. Para maximizar a filtração, coloca-se por vezes uma rede metálica
grossa que separa o pano do tambor.

Figura 8: 8: Filtro Rotativo de Tambor

8.9.6. Filtro de Disco Rotativo


O filtro de disco rotativo é constituído por um conjunto de discos colocados num
recipiente sobre pressão, ao longo de um eixo tubular montado horizontalmente. Os
discos podem ser pré-montados formando uma unidade auto suportada ou cada disco
pode estar colocado sobre uma placa individual, ficando selado quando se fecha o filtro.

Figura 8: 9: Filtro de disco Rotativo

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