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Filtração

Profa. Emília Savioli Lopes


FILTRAÇÃO

 DEFINIÇÃO
Operação unitária na qual se separa
mecanicamente as partículas sólidas de uma suspensão
sólido-fluido (líquidos ou gases) através da passagem do
fluido por uma barreira ou leito poroso, que retém essas
partículas.
Definições
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 Suspensão: é uma mistura heterogênea que contém


partículas grandes que com a gravidade se depositam;

 Solução: é uma mistura homogénea de duas ou mais


substâncias em que uma substância dissolve a outra.
FILTRAÇÃO

 DEFINIÇÕES

- Meio filtrante: meio poroso que retém as


partículas da suspensão filtrada.

- Torta: é o acúmulo de material na superfície,


cuja espessura vai aumentando no decorrer da
operação.

- Filtrado: fluido que passa através do leito


poroso.
FILTRAÇÃO
Alimentação

Meio poroso
Torta

Filtrado

Separação das partículas em uma fase sólida (“torta”) e


permite o escoamento de um fluido claro (“filtrado”).
TORTA verdadeiro meio poroso promotor da separação
Características
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 Força propulsora da operação:


• Força hidrostática (gravidade)
• Pressão aplicada ao líquido
• Vácuo
• Força centrífuga
 Meio filtrante:
• Leitos granulares soltos e rígidos
• Telas metálicas
• Tecidos de diferentes materiais ( vegetais, minerais e plásticos)
 Objetivo da filtração:
• Quando o objetivo é o filtrado – clarificação
• Quando o objetivo é uma lama espessa – espessamento
• Quando o objetivo é a formação da torta – interesse no sólido
Características
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 Tipos de tortas:
• Tortas compressíveis - quando a resistência específica, ou permeabilidade, é
função da diferença de pressão através da torta. A maioria das tortas são
compressíveis.
• Tortas incompressíveis - somente quando a compressibilidade é pequena.
Tratamento teórico importante na formulação da teoria simplificada da
filtração.
 Tipo de operação:
• Filtros com operação em batelada
 Filtro prensa
 Filtro folhas ou laminas
• Filtros com operação contínua
 Filtro de tambor rotativo
 Filtro de disco rotativo
 Filtro de correia horizontal
FILTRAÇÃO

por ação da gravidade, o líquido


flui devido a existência de uma
coluna hidrostática;

Os filtros podem
funcionar: por ação de força centrífuga;

por meio da aplicação de pressão


ou vácuo para aumentar a taxa
de fluxo.

A força motriz do processo é uma diferença de


pressão (P), através desse meio.
APLICAÇÕES

• Separação de sólidos relativamente puros de


soluções diluídas;

• Clarificação total de produtos líquidos contendo


poucos sólidos;

Na indústria:
• Indústria de sucos: separação do bagaço e da polpa
• Indústria de refrigerantes: purificação do xarope.
• Indústria de açúcar e álcool: clarificação do caldo-de-cana
(filtros rotativos a vácuo)
FILTRAÇÃO

a) resistência específica do
meio poroso de filtração;
Os fatores mais b) a quantidade de
importantes para a suspensão
a ser filtrada;
seleção de um filtro
são: c) a concentração de sólidos
na suspensão;

d) a facilidade de descarregar
a torta formada no processo
de filtração.
Tipos de meio filtrante

A variedade de meios filtrantes utilizados


industrialmente permite sua utilização como
critério de classificação dos filtros:

• Leitos granulares ou leito fixo


• Leitos rígidos
• Telas metálicas
• Tecidos e membranas
Tipos de meio filtrante
Leitos granulares ou leito fixo:
• Mais empregado entre os filtros contínuos;
• Sólidos: areia e carvão;
• Utilizados como meio filtrante para purificar água ou
soluções químicas contendo pequenas quantidades de
partículas em suspensão;
• Frequentemente esses leitos são construídos com
camadas de diferentes materiais e diferentes tamanhos de
partículas entre as camadas.
Leitos granulares
Tipos de meio filtrante
• Leitos rígidos: são feitos sob a forma de tubos porosos
de aglomerados de quartzo ou alumina (para a filtração de
ácidos), de carvão poroso (para soluções de soda e
líquidos amoniacais) ou barro e caulim cozidos a baixa
temperatura (usados na clarificação de água potável).

• Seu grande inconveniente é a fragilidade, não podendo


ser utilizados com diferença de pressão superiores a 5
kg/cm2.
Tipos de meio filtrante
• Telas metálicas: Telas metálicas são utilizadas nas
tubulações de condensado que ligam os purgadores às
linhas de vapor e que se destinam a reter ferrugem e
outros detritos capazes de atrapalhar o funcionamento do
purgador.
Tipos de meio filtrante
Strainers: peças utilizadas nas tubulações de condensado
que ligam os purgadores a linha de vapor e servem para
reter ferrugem e outros detritos que podem interferir no
funcionamento do purgador.
Tipos de meio filtrante
• Tecidos e membranas: são utilizados industrialmente
• Mais comuns:
Tecidos vegetais - algodão, a juta (para álcalis
fracos), o cânhamo e o papel;
Tecidos de origem animal - lã e a crina (para
ácidos fracos);
Minerais: amianto, lã de rocha e lã de vidro, para
águas de caldeira;
Plásticos: polietileno, polipropileno, PVC, nylon,
teflon, orlon, saran, acrilan e tergal.
Tipos de torta

As características da torta variam de acordo com o


processo de filtração
De um modo geral o tipo de torta depende:
• Natureza do sólido;
• Granulometria e forma das partículas;
• Modo como a filtração é conduzida;
• Grau de heterogeneidade do sólido.
Torta
• Oferece resistência ao escoamento do filtrado;
• vazão de filtrado, resistência;
• Escoamento laminar (movimento ordenado das
moléculas do fluido ) no interior da torta
Velocidade queda de pressão
As tortas podem ser:
COMPRESSÍVEIS ou INCOMPRESSÍVEIS
Tipos de torta

TORTA COMPRESSÍVEL: o aumento da vazão


resulta em uma queda acentuada da pressão. A
resistência da torta ao escoamento do filtrado
aumenta com a pressão.
A resistência da torta ao escoamento do filtrado torna a
torta mais densa, dificultando a filtração, e aumentando a
queda de pressão.
Esponja: Quando pressionada oferece maior resistência ao
escoamento de líquidos pelo seu interior porque os canais
fecham-se.
Tipos de torta
TORTA INCOMPRESSÍVEL: a resistência da
torta ao fluxo não é afetada por variação na pressão
ou na velocidade de acúmulo de sólidos.

A resistência (α) é independente de ΔP a torta é incompressível


Tipos de operação
 A filtração pode visar objetivos diferentes:
- Obtenção de fluidos clarificados (como
águas e bebidas); o sólido é o refugo da operação
-Separação e purificação de sólidos retidos na
torta;
- Situações nas quais, tanto o sólido quanto o
filtrado são produtos,
1. Filtros de leito poroso granular

• São os filtros mais simples;


• Empregados para retirar pequenas quantidades de
sólidos de grandes volumes de líquidos
- Sistemas de purificação de água
• Vantagens: baixo custo de instalação, operação e
manutenção.
• Desvantagem: requer grandes áreas, em virtude da baixa
velocidade de filtração.
1- Filtro de leito Poroso
Entrada do líquido
Partículas sólidas separadas

Defletor
Partículas finas
Placa metálica
perfurada ou com Partículas grossas
ranhuras

Fluido clarificado

Se usa no tratamento de água potável, quando se tem grandes


volumes de líquido e pequenas quantidades de sólidos.
A camada de fundo é composta de cascalho grosso que
descansa em uma placa perfurada ou com ranhuras. Acima do
cascalho é colocada areia fina que atua realmente como filtro.
2. Filtro prensa

 Um dos tipos mais usados na indústria;

 Sua operação se da por regime batelada;

 Aplicado a suspensões cuja formação da


torta seja incompressível;

• Filtração realizada sob a ação da pressão exercida sobre a suspensão no


interior das câmaras;
• Aplicações: efluentes industriais; lodos sanitários; suspensões industriais
(bebidas); produtos químicos.
https://www.youtube.com/watch?v=FDHnW7LZcIM
https://www.youtube.com/watch?v=Eo8ce3_V6ic&feature=related
2. Filtro prensa
Usam placas colocados em forma alternada.
Utiliza-se tela (tecido de algodão ou de materiais sintéticos)
para cobrir ambos lados das placas.
Filtro de tecido

Alimentação

Filtrado
Bombeia,
comprime e
Marco
Torta Placa descarrega
2. Filtro prensa

Conjunto de placas (para escoar o filtrado 12, ou água de lavagem 11) e quadros
(5) para reter a torta. O meio filtrante (4 e 7) cobre ambas as faces do quadro (5).
A suspensão (10) é bombeada para o interior do filtro, e passa-se pela placa (9)
através do canal de escoamento (8), pelo meio filtrante (7) e preenche o quadro
(5). A torta é retida no interior do quadro pelos meios filtrantes (4 e 7), e escoa
pelos canais das placas (1 e 9) e sai pelas torneiras (2 e 13). A medida que a
filtração avança, a torta preenche todo o quadro (5), e a vazão de filtrado que sai
pelas torneiras diminui, até o fim da operação e inicia-se a lavagem.
Na lavagem, a torneira (2 e 13) deve estar fechada, e a água de lavagem percorre
todo a placa.
2. Filtro prensa
Lavagem da torta:
 um líquido, isento de solúveis (líquido de lavagem), é forçado através da torta,
de modo a expulsar o liquido que ocupa seus poros.
 a torta é o produto de interesse.

 A água de lavagem passa pelo


meio filtrante, através da torta
depositada, situado no outro lado
do quadro, e sai pelo canal de
descarga.
2. Filtro prensa
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Filtro prensa de quadros e placas - operação em batelada


2. Filtro prensa
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Filtro prensa de quadros e placas - operação em batelada

• Recirculação: 1. manter a
suspensão homogênea
2. Manter a pressão
constante – com o tempo
tem-se uma resistência
imposta pela formação da
torta e a vazão de
suspensão bombeada para o
filtro diminui

• A vazão de filtrado diminui


com o tempo
2. Filtro prensa
canais de passagem da suspensão nos quadros e placas
Quadro
Prensa

Abertura para saída do


Figura – quadro e placa filtrado
canais de passagem do líquido para lavagem da torta

Abertura para entrada da


suspensão no quadro
Figura – Detalhes do filtro prensa
Saída do filtrado

Placas

Figura – Detalhe do quadro


2. Filtro prensa

Entrada da suspensão no filtro

O filtrado passa pelos


Filtrado dois lados do quadro e
atravessa o meio filtrante

Torta

Figura 6 – Detalhe do quadro com o meio filtrante

Saída do filtrado
Meio filtrante Saída do filtrado
2. Filtro prensa
Após a filtração

Meio filtrante

Remoção da torta de filtração

Torta
Torta + quadro
2. Filtro prensa
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2. Filtro-Prensa

Vantagens:

 Construção simples, robusta e econômica


 Grande área filtrante por unidade de área de instalação
 Trabalham sob pressões de até 50 kg/cm2

Desvantagens:
 A filtração deve ser interrompida, quando os quadros
estiverem cheios de torta.
 O custo de mão de obra de operação, montagem e
desmontagem é elevado.
 A lavagem da torta, além de ser imperfeita, pode durar
várias horas e será tanto mais demorada quanto mais
densa for a torta.
2. Filtro-Prensa
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Elemento filtrante:

• Vai influir diretamente na qualidade do filtrado.

• Qual é o melhor elemento filtrante? teste de laboratório - pequeno


equipamento de pressão que mostra o resultado idêntico ao da
filtração industrial, diferenciando-se apenas pela quantidade de
material filtrado.

• 2 fatores muito importantes:


• a qualidade do produto produzido,
• o impacto ambiental, quando se trata de tratamento de efluentes.
3. Filtro de lâminas
• Foi projetado para grandes volumes de líquido e para ter
uma lavagem eficiente.
• Formados de Lâminas filtrantes múltiplas.
• As lâminas são mergulhadas na suspensão a filtrar.
• A sucção do filtrado para o interior da lâmina é feito por
uma bomba a vácuo.
• A torta se deposita no exterior da lâmina.
• O filtrado atravessa a folha e sai pela tubulação.
• Lavagem: mais eficiente que um filtro prensa,
pois a água percorre o mesmo caminho do filtrado;
3. Filtro de lâminas

É constituído de telas rígidas (folhas ou lâminas) envoltas por um meio filtrante e


dispostas lado a lado dentro de um tanque fechado. A suspensão (1) é bombeada
para o interior do tanque (2) e envolve o meio filtrante suportado pelas lâminas (3).
A torta (4) e formada na superfície externa da lâmina. O filtrado (5) atravessa o
interior da lâmina e sai pela tubulação (6).

https://www.youtube.com/watch?v=uyBOiPNzkd8
3. Filtro de lâminas

Uma lâmina típica consta de um quadro metálico resistente (quadrado ou


circular) que circunda uma tela grossa revestida dos dois lados com duas
telas mais finas.

tubulação de saída do
filtrado com válvula

Figura Filtro de lâminas


3. Filtro de lâminas
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4. Filtros contínuos rotativos

Definição: são filtros de funcionamento contínuo, sendo


indicados para operações que requerem filtros de grande
capacidade. A saída de filtrado, a formação, a lavagem, a
drenagem e a descarga da torta são realizadas
automaticamente.

• Tipos de filtro:

- tambor
- discos
- horizontais
a) Filtros de tambor rotativo (filtro Oliver)

- Consiste num tambor cilíndrico horizontal que


gira a baixa velocidade parcialmente submerso na
suspensão a filtrar. A superfície externa do tambor é feita
de tela ou metal perfurado sobre a qual é fixada a lona
filtrante.
a) Filtros de tambor rotativo e contínuo

Ele filtra, lava e descarrega a Ciclo de lavagem


torta de forma contínua.
Secagem
O tambor é recoberto com um Drenagem
meio de filtração conveniente.
Descarga
Uma válvula automática no Carga
centro do tambor ativa o ciclo Válvula automática
Suspensão Formação da torta
de filtração, secagem, lavagem
e retirada da torta.
O filtrado sai pelo eixo de rotação.
Existem passagens separadas para o
filtrado e para o líquido de lavagem.
Há uma conexão com ar comprimido que
se utiliza para ajudar a raspadeira de facas
na retirada da torta.
a) Filtro tambor rotativo lavagem

Canais que sugam o filtrado

Saída do
excesso de
água

Figura – Filtro tambor rotativo


Suspensão
Saída do filtrado Ângulo de imersão (a)

Figura – Detalhe da remoção da torta Remoção da torta de filtração


a) Filtro tambor rotativo
Vantagens
 grande capacidade

 pequena mão-de-obra
necessária

Desvantagens
 custo elevado

 alto custo de operação

 limitação da diferença de
pressões
 imperfeição da lavagem

https://www.youtube.com/watch?v=CMWz1AomESE
a) Filtro de tambor rotativo

https://www.youtube.com/watch?v=29FGhBp7juQ
b) Filtros de disco rotativo

- O tambor é substituído por discos verticais que giram


parcialmente submersos na suspensão.

- Cada disco é oco e coberto com


um tecido e é em parte submerso
na alimentação. A torta é lavada,
seca, e raspada quando o disco gira.

-Possibilita taxa de filtração elevada.

- Lavagem menos eficiente que o filtro


de tambor rotativo
b) Filtros de disco rotativo

www.heatandcontrol.com/productimages
Ex: filtração de óleo de fritura
Referências
 Cremasco, M. A. Operações Unitárias em sistemas
particulados e fluidomecânicos; São Paulo, Blucher,
2012.

 FOUST, A.S. et al. - "Principles of Unit Operations",


New York : J. Wiley, c1980.

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