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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE- ESCOLA DE

QUÍMICA E ALIMENTOS - CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA


LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA IV

FILTRAÇÃO COM FILTRO DE AREIA CONTÍNUO, DESCONTÍNUO E DE


PRENSA

Caroline Macedo
Layra Souza
Kewin Jones

Rio Grande
2022
1 INTRODUÇÃO

A operação unitária de filtração é um processo fundamental na engenharia química e em


várias outras indústrias. Ela envolve a separação de partículas sólidas de um líquido ou gás,
passando-o através de um meio poroso, como um filtro ou uma camada de areia. A filtração é
amplamente usada para remover impurezas, clarificar líquidos e tratar efluentes,
desempenhando um papel crucial na purificação de água potável, na produção de produtos
farmacêuticos, alimentos, bebidas e em inúmeras outras aplicações industriais. A eficiência
da filtração depende da escolha apropriada do meio de filtragem, das condições de operação e
da manutenção adequada do equipamento, garantindo que os sólidos sejam retidos enquanto
o fluido desejado passe pelo filtro, resultando em produtos finais mais limpos e seguros.

Neste contexto, filtros de areia contínuos, descontínuos e de prensa são dispositivos


amplamente utilizados na indústria e cada tipo de filtro tem seu próprio princípio de
funcionamento e aplicação específica.

Além disso, os equipamentos de filtração podem ser operados de duas maneiras: em


modo batelada, em que a torta resultante é removida após cada ciclo de filtração, e de
maneira contínua.

Dentro da categoria de filtros contínuos, o tipo mais comum é o leito poroso granular
ou leito fixo. Esses filtros são caracterizados por conter uma ou mais camadas de material
granular, como areia e cascalho, que atuam como meio filtrante.

Entre os filtros de pressão operados em modo batelada, o filtro prensa é amplamente


utilizado. Esse tipo de filtro é distinguido pela presença de quadros e placas separados pelo
meio filtrante. À medida que as partículas se acumulam, uma torta se forma durante o
processo de filtração.

1.1 Filtro de Areia Contínuo

Os filtros de areia contínuos são comumente usados para a filtração constante de água.
Eles consistem em um reservatório de filtragem de área constante e conhecida recheada com
camadas de areia fina, areia grossa, pedra, ou meio granular similar. O líquido a ser
clarificado é introduzido na parte superior do filtro de forma contínua e passa através da
camada de areia. À medida que a água flui através da camada de areia, as partículas sólidas
maiores ficam retidas na camada e o líquido clarificado sai pela parte inferior. Esse processo
ocorre devido a vários mecanismos físicos, incluindo a interceptação, a difusão, a
sedimentação e a adsorção. O meio de filtragem, geralmente areia, cascalho ou outro material
granular, atua como uma barreira eficaz para a remoção de partículas sólidas suspensas na
água. À medida que a camada de filtragem fica saturada de partículas retidas, é necessário um
processo de limpeza do meio para manter a eficiência do filtro.

1.2 Filtro de Areia Descontínuo

Os filtros de areia descontínuos operam intermitentemente, com base em um ciclo de


carga e descarga. A estrutura é semelhante a de filtro de areia contínuos, contendo as camadas
de areia e pedras, porém o líquido a ser clarificado não é alimentado continuamente. A
pressão aplicada durante o processo pode variar e não está restrita à pressão atmosférica,
embora essa seja mais comumente usada em tratamento de água, por exemplo. A filtração por
gravidade utiliza a pressão hidrostática gerada pela altura da coluna de líquido para
impulsionar o líquido através do meio filtrante. No entanto, em muitas aplicações industriais,
pressão adicional pode ser aplicada para aumentar a taxa de filtração e a eficiência do
processo. A escolha da pressão de operação depende das características do processo, como a
viscosidade do líquido, o tamanho e a densidade das partículas a serem retidas e a eficiência
desejada do processo de filtração.

1.3 Filtro Prensa

Os filtros de prensa são projetados para a separação eficiente de sólidos de líquidos.


Eles consistem em placas horizontais ou verticais, alternando entre placas de filtro e placas de
suporte. A polpa a ser filtrada é bombeada para o filtro de prensa, onde as partículas sólidas
são retidas nas câmaras formadas pelas placas de filtro, enquanto o líquido (filtrado) passa
pelas aberturas. Após a formação de um bolo sólido, as placas são comprimidas umas contra
as outras para extrair o líquido restante. O sólido resultante pode ser facilmente removido.
Figura 2. Representação filtro tipo prensa.

(Fonte: Cremasco)

Este relatório abordará a análise dos processos de filtração em filtros de areia contínuos
e descontínuos, bem como a filtração realizada em filtros prensa. Na sequência,
procederemos com a análise das equações empregadas nos referidos processos.

2. Metodologia de cálculo

2.1 Filtro de areia contínuo

De acordo com a citação de MARQUES (2012), o filtro de areia contínuo é composto


por várias camadas de areia, e isso está diretamente relacionado à aplicação da Lei de Darcy
na análise da perda de carga no processo de filtração. A Lei de Darcy descreve a relação entre
a perda de carga, a permeabilidade do meio e a velocidade do fluxo de água através do meio
filtrante. Ter múltiplas camadas de areia pode permitir um controle mais preciso da perda de
carga e da eficiência do processo, uma vez que diferentes camadas podem ter diferentes
propriedades de permeabilidade, permitindo a otimização do desempenho do filtro de areia
contínuo. Sendo assim, segue a Equação 1 que esquematiza a Lei de Darcy.

µ
− (∇𝑃 − ρ𝑔) = 𝐾
𝑣 (1)
Onde:

∇P - gradiente de pressão;

ρ - massa específica;

g - gravidade;

μ - viscosidade do meio;

K - porosidade;

v - velocidade que o fluido passa pelo meio.

Os filtros que empregam múltiplos meios filtrantes são construídos com a utilização
de diversos tipos de meios, organizados em camadas, com base em suas densidades
hidráulicas específicas. Essa estrutura estratificada de meios filtrantes permite a otimização
do processo de filtração, uma vez que cada camada pode ser projetada para reter partículas de
tamanho específico, resultando em uma filtração mais eficiente e seletiva. Além disso, a
utilização de múltiplos meios filtrantes pode melhorar a capacidade de carga do filtro e
prolongar a vida útil do sistema de filtração. Segue a representação do equipamento,
conforme a Figura 3.

Figura 3. Ilustração do filtro de areia contínuo com três camadas filtrantes.

A aplicação da Lei de Darcy em filtros de areia envolve considerações específicas.


Um sistema de referência é estabelecido, com velocidades consideradas positivas quando o
fluxo é ascendente. O movimento do fluido é unidirecional em relação à altura (L). A
porosidade do leito é mantida constante, assim como a massa específica do fluido é
considerada incompressível. Além disso, supõe-se que viscosidade, gravidade e velocidade
não variam com a altura. A integração dessas considerações resulta na Equação 2:

µ
− Δ𝑃 = − ρ𝑔Δ𝐿 + 𝑘
𝑣Δ𝐿 (2)

Onde ΔP representa a variação de pressão em uma camada, ρ é a massa específica da


água, g é a aceleração da gravidade, ΔL é a altura do meio filtrante, μ é a viscosidade do
meio, K é a porosidade, e v é a velocidade do fluido através do meio.

Com base na Equação 2, a velocidade superficial permanece constante ao longo do


filtro. Fazendo as considerações apropriadas, chegamos à Equação 3, que permite o cálculo
da velocidade teórica de filtração:

ρ𝑔 (𝐿1=𝐿2+𝐿3+𝐿4
𝑣= (3)
µ( 𝐿1
𝐾1
𝐿2 𝐿3 𝐿4
+ 𝐾2 + 𝐾3 + 𝐾4 )

Nesse cálculo, os valores de L foram fornecidos no roteiro da aula prática, enquanto μ e


ρ foram obtidos a partir do NIST.

O coeficiente de permeabilidade (K) é determinado usando a equação de Carman-Kozeny


(Equação 4), que leva em consideração a esfericidade (ϕ), o diâmetro da partícula (Dp) e a
porosidade da partícula (ε).

2
(Φ𝐷𝑝) ɛ²
𝐾= 150(1−ɛ)²
(4)

A porosidade (ε) é calculada através da Equação 5, relacionando a massa específica


aparente e a massa específica do sólido, como segue:
ρ 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
ɛ=1 − ρ 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜
(5)

Visando calcular a velocidade experimental, a Equação 6 é utilizada:

𝑣 = 𝑄/𝐴 (6)

Onde temos que a vazão volumétrica é calculada pela Equação 7.

𝑄 = 𝑉/𝑡 (7)

1.2 Filtro de areia descontínuo

A altura do leito de água varia ao longo do tempo, refletindo o caráter descontínuo da


alimentação do filtro. Essa altura da camada de água afeta diretamente a pressão no filtro,
uma vez que uma coluna de menor altura exerce menor pressão, levando a uma redução na
velocidade de filtração. Esse comportamento dinâmico da altura do leito e sua relação com a
pressão e a velocidade de filtração são aspectos essenciais na compreensão do desempenho
de filtros em operações descontínuas.

A equação de Darcy é empregada na análise da camada de água, mas nesse contexto,


a parcela relacionada à permeabilidade é omitida. A variação na altura da coluna de água é
representada pela última parte da equação. A omissão da permeabilidade reflete a natureza do
processo, onde a análise da variação da altura da camada de água é o foco principal, não
envolvendo as características de fluxo e resistência do meio filtrante, como na parte
relacionada à permeabilidade.

No processo de dedução das equações, a Equação 2 é aplicada em diferentes pontos


do leito granular, como entre os pontos que delimitam o início e a superfície do leito, bem
como em toda a altura da água dentro do filtro, somando-se essas contribuições. A eliminação
do termo de pressão, devido às pressões de entrada e saída serem atmosféricas, leva à
obtenção da Equação 8, que fornece informações cruciais sobre a velocidade do escoamento
de fluido no filtro. Portanto, a utilização da equação de Darcy, com a consideração da
variação na altura da coluna de água, é essencial para o entendimento das características de
fluxo em filtros descontínuos de leito granular.
𝑉 =− (𝑝𝑔𝐾/𝑢𝐿)ℎ(𝑡) (8)

Tendo em vista que a primeira parte da equação é constante, ela se torna a equação 9:

𝑣 =− 𝐶ℎ(𝑡) + 𝑏 (9)

A velocidade então pode ser definida como sendo dh/dt. Ao integrar a definição de
velocidade e isolar h, tem-se a equação 10:

(−𝐶2𝑡)
𝑥 =𝑒 (10)

1.2 Filtro prensa

A torta formada durante o processo de filtração desempenha um papel crítico na perda


de carga do sistema. Uma torta com espessura considerável oferece uma resistência bem
definida ao fluxo do filtrado, o que resulta em uma maior queda de pressão à medida que o
líquido passa através dela. Esse aumento na espessura da torta pode ser causado por um
acúmulo de partículas sólidas retidas durante a filtração ou por uma taxa de alimentação mais
alta. Portanto, a espessura da torta é um fator importante a considerar ao analisar a perda de
carga em um sistema de filtração, já que ela tem um impacto direto na resistência ao fluxo e,
consequentemente, na queda de pressão.

A constante característica da filtração à pressão constante, Kp, e o parâmetro B, foram


determinados a partir da regressão linear dos dados experimentais, considerando a Equação
11.

𝑡 𝐾𝑝
𝑉
= 2
𝑉 +𝐵 (11)

A resistência específica da torta, α e a resistência do meio filtrante, Rm, foram


determinados através das Equações 12 e 13, utilizando os parâmetros calculados
anteriormente.
2
𝐾𝑝𝐴 − Δ𝑃
α= µ 𝑐𝑠
(12)

𝐵𝐴− Δ𝑃
𝑅𝑚 = µ
(13)

Para determinar a umidade da torta foi considerada a Equação 14.

𝑚 𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 ú𝑚𝑖𝑑𝑎 −𝑚 𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎


𝑈% = 𝑚 𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 ú𝑚𝑖𝑑𝑎
(14)

A compressibilidade da torta, s, foi calculada através da regressão linear da


resistência da torta em função da pressão, considerando a Equação 15.

log 𝑙𝑜𝑔 α = 𝑙𝑜𝑔α0 + 𝑆 log Δ𝑃 (15)

Como otimizador no processo de filtração, os auxiliares de filtração desempenham um


papel significativo na aceleração do processo de filtração, bem como na melhoria da coleta de
partículas finas em suspensão. São compostos por partículas sólidas finamente divididas e
rígidas que formam tortas de filtração abertas e não compressíveis. Além de acelerar a
filtração, esses auxiliares também desempenham um papel importante na redução da
compressibilidade da torta de filtração. Dessa forma, eles contribuem para uma operação de
filtração mais eficiente, permitindo uma coleta mais completa de partículas finas e uma
melhor manipulação da torta formada. No presente experimento, não foram realizadas etapas
comparativas usando auxiliares de filtração.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar a operação unitária de filtração ao avaliar os filtros de areia contínuo,


descontínuo e filtro prensa – câmaras de uma suspensão de carbonato de cálcio.
2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Filtro de areia contínuo

Comparar as velocidades de filtração teórica e experimental de um filtro de


leito poroso contínuo, composto por areias fina e grossa e pedra.

2.2.2 Filtro de areia descontínuo

Encontrar a constante “C” através de um ajuste linear da altura em função da


velocidade de filtração, e através de um ajuste exponencial da altura em função do
tempo. Determinar as permeabilidades “K”.

2.2.3 Filtro tipo prensa

Calcular a constante característica da filtração a pressão constante (kp),


resistência específica da torta (α), resistência específica do meio filtrante (Rm),
compressibilidade (s) e o percentual de umidade da torta (%U).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4 CONCLUSÃO

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CREMASCO, Marco Aurélio, Operações Unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos, São Paulo, 2012.

FOUST, ENZEL, CLUMP, MAUS & ANDERSE, Princípios de Operações Unitárias.


Editora Guanabara S.A., Rio de Janeiro, 2ª Edição, 1982.

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