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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ENQ054 EQA OPERAÇÕES UNITÁRIAS I

ANA CAROLINA NAKATANI


JULIA MARIA MARQUES CAETANO
LIVIA SALES ANTUNES
MARINA PIFFAR DE OLIVEIRA

SEMINÁRIO – FILTROS

EQUIPE E

CURITIBA
2023
ANA CAROLINA NAKATANI
JULIA MARIA MARQUES CAETANO
LIVIA SALES ANTUNES
MARINA PIFFAR DE OLIVEIRA

SEMINÁRIO – FILTROS

Relatório apresentado à Universidade Federal do


Paraná como atividade para nota parcial na
disciplina de Operações Unitárias I.

CURITIBA
202
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 17
1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS ......................................................................... 18

2 FILTROS GRANULARES ........................................................................................ 19


2.1 MATERIAIS GRANULARES E DE CAIXA ............................................................ 21

2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS FILTROS GRANULARES .................... 22

3 FILTRO PRENSA .................................................................................................... 22


3.1 FILTRO PRENSA DE PLACAS ............................................................................. 22

3.1.1 FUNCIONAMENTO DE UM FILTRO PRENSA .................................................. 23

3.1.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM FILTRO PRENSA .......................... 24

4 FILTRO DE FOLHAS OU LÂMINAS ....................................................................... 26


4.1 FILTRO DE LÂMINAS MOORE ............................................................................ 26

4.2 FILTRO DE LÂMINAS KELLY ............................................................................... 26

4.3 FILTRO DE LÂMINAS SWEETLAND .................................................................... 27

4.4 FILTRO DE LÂMINAS VALLEZ ............................................................................. 28

4.5 COMPARAÇÕES .................................................................................................. 29

5 FILTROS CONTÍNUOS ROTATIVOS A VÁCUO .................................................... 29


5.1 FILTRO TAMBOR ................................................................................................. 29

5.2 FILTRO DISCO-ROTATIVO .................................................................................. 30

5.3 FILTRO CONTÍNUOS HORIZONTAIS .................................................................. 31

5.3.1 FILTRO LANDSKRONA ..................................................................................... 31

5.3.2 FILTRO PRAYON............................................................................................... 32

6 FILTROS ESPECIAIS .............................................................................................. 32


6.1 FILTROS A VÁCUO DE BATELADA..................................................................... 33

6.2 ESPESSADOR SHRIVER ..................................................................................... 33

6.3 METAFILTROS ..................................................................................................... 33

7 SELEÇÃO DE UM FILTRO...................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO
A operação de filtração trata da separação mecânica de partículas sólidas
presentes em uma suspensão líquida, utilizando um meio poroso para realizar a
separação. Assim, o sólido suspenso é retido no meio filtrante, formando um depósito
denominado torta, e o líquido passa ao longo da superfície, formando o filtrado.
Enquanto no processo de decantação é o sólido que se movimenta ao longo do meio,
na filtração é a fase líquida que se movimenta através do sólido parado (GOMIDE,
1980).
A escolha da filtração frente a outros métodos de separação, tais quais a
decantação, centrifugação e a prensagem, depende do tipo de suspensão e dos
objetivos desejados. Assim, a filtração é indicada para (GOMIDE, 1980).:

• Separação de sólidos relativamente puros em soluções diluídas;


• Clarificação total dos produtos líquidos oriundos de suspensões de
média e elevada concentração;
• Eliminação total do líquido de uma lama já espessada.

A operação de um filtro, como apresentada na FIGURA 01, ocorre de modo


que a suspensão passe através de uma superfície porosa, devido a ação da
gravidade, pressão, vácuo ou força centrífuga. Essa superfície porosa não
necessariamente deve ter poros menores que o diâmetro das partículas em
suspensão. Isso se deve ao fato de que como o meio filtrante é tortuoso, partículas,
mesmo que menores que os poros, podem se aderir ao meio, formando a torta, que
opera como um leito poroso que promove a separação (GOMIDE, 1980).

FIGURA 01 – OPERAÇÃO GERAL DE UM FILTRO

FONTE: Cremasco (2018).


Dependendo da suspensão a ser tratada, o meio filtrante pode ser
previamente recoberto com material inerte, retendo contaminantes da suspensão.
Esse pré-revestimento pode ser composto de terra de infusórios, terra Fuller, areia
fina, entre outros (GOMIDE, 1980).

1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS


Devido a vasta variedade de filtros e seus tipos de operação, estes podem ser
categorizados em função do meio filtrante, do tipo de torta e do tipo de operação.
Quanto ao meio filtrante se destacam os seguintes tipos (GOMIDE, 1980):

• Leito granulares soltos: costumam ser compostos por areia,


pedregulho, carvão britado, calcário, carvão, entre outros elementos.
Sua principal finalidade é para clarificar suspensões diluídas.
• Leitos rígidos: compostos de tubos porosos de aglomerados de quartzo
ou alumina, de carvão poroso ou barro. Esse tipo de filtro pode ser
utilizado para filtração de ácidos, álcalis e soluções amonicais, desde
que a pressão seja inferior a 5 kg/cm².
• Telas metálicas: o meio filtrante é composto de telas, de diferentes
granulometrias e materiais, de acordo com a necessidade. Costumam
estar presentes em filtros rotativos.
• Tecidos: trata-se do meio filtrante mais comum a nível industrial,
podendo ser de origem vegetal, animal, mineral ou plástico. Uma
variação desse meio filtrante seria o uso de membranas.

Quanto ao tipo de torta sabe-se que as características dela dependem do tipo


de suspensão a ser tratada, da granulometria, da forma da partícula, da
heterogeneidade do sólido e do modo como a filtração é conduzida. A experiência
mostra que sólidos cristalinos formam tortas abertas, de fácil passagem do filtrado,
enquanto suspensões gelatinosas formam tortas pouco permeáveis (GOMIDE, 1980).
Além disso, podem ser formadas tortas compressíveis ou incompressíveis. Nas tortas
compressíveis espera-se um escoamento laminar em seu interior, de modo que, se a
velocidade aumenta, a pressão diminui proporcionalmente. Já em tortas
incompressíveis, o aumento da pressão ocasiona o fechamento de canais, diminuindo
a velocidade do processo. Desse modo, um dos objetivos da filtração é diminuir a
compressibilidade da torta (GOMIDE, 1980).
Outra forma de se classificar os filtros é de acordo com sua
construção/operação, considerando os elementos estruturais associados ao seu
funcionamento. Esta será a forma apresentada ao longo deste trabalho e,
simultaneamente, serão apresentadas qual a classificação com relação aos tipos de
leito, torta, força propulsora, entre outros elementos (GOMIDE, 1980).

2 FILTROS GRANULARES
Os filtros granulares, também chamados de filtros de leito poroso granular, são
tipos de filtro de pressão contínuo geralmente aplicados para retirar pequenas
quantidades de sólidos de grandes volumes de líquido. Sua principal utilidade é em
tratamento de efluentes, porém também servem para filtrar ferro, manganês,
compostos orgânicos como pesticidas e derivados de petróleo (GOMIDE, 1980).
Seu funcionamento é norteado pelas características da suspensão a ser filtrada
e seu modelo mais comum é uma caixa, com fundo falso perfurado no qual é colocado
o leito poroso granular. O líquido é alimentado sobre o leito, e o filtrado sai no fundo
da caixa. Porém, quando o leito entope a passagem, a água passa de baixo para cima
e os sólidos retidos são arrastados, voltando para a parte superior e escapando
(GOMIDE, 1980).
No interior do filtro existem os difusores de água, na parte superior, e as
crepinas, na parte inferior. Ambos possuem função de distribuir uniformemente o fluxo
de água na filtração e a retrolavagem. Já do lado de fora, existe uma série de tubos e
válvulas para auxiliar no controle de vazão e sentido de fluxo. É possível analisar um
esquema do funcionamento do filtro na FIGURA 02 (GOMIDE, 1980).
FIGURA 02 - FILTRO APLICADO PARA TRATAMENTO DE ÁGUA

FONTE: Encyclopaedia Britannica (2012).

Na FIGURA 03 a seguir é possível observar um filtro de areia em dupla camada.


Os números indicam (CREMASCO, 2018).
1) Orifício de entrada do efluente a ser tratado;
2) Tampa do filtro de areia;
3) Espaço a ser ocupado do efluente a ser tratado;
4) Placa de distribuição;
5) Rede de suporte;
6) Camada de areia de menor granulometria;
7) Camada de areia de maior granulometria;
8) Crepina;
9) Orifício de saída do filtrado.
FIGURA 03 – FILTRO DE LEITO POROSO GRANULAR

FONTE: Cremasco (2018).

2.1 MATERIAIS GRANULARES E DE CAIXA


Os materiais granulares que são colocados dentro do filtro são, geralmente,
pedregulho e areia. Porém, dependendo da finalidade da filtração, também podem ser
carvão, zeólita, materiais sintéticos, escória, carvão britado, calcáreo, coque e carvão
de madeira (CREMASCO, 2018).
Na maior parte dos filtros, o material granular é disposto de maneira que ele
se deposite, sedimente ou acumule para que o particulado que tenha o maior diâmetro
repouse junto a grade de suporte da base. A partir disso, ele vai decrescer conforme
se direciona para o topo. O sistema é posicionado dessa maneira justamente para
facilitar a fluidização e a retrolavagem. Já as caixas podem ser de concreto e, se forem
operadas sob pressão, podem ser cilindros de aço (CREMASCO, 2018).
As caixas podem até ser porosas, porém são bem frágeis e, por esse motivo,
devem ser colocados materiais resistentes e a pressão operada deve ser entre 4 e 5
kgf/cm². Quando o processo está ocorrendo sob pressão, a capacidade em tl/min*m²
é maior e a velocidade de lavagem também é maior, porém ela não pode exceder a
velocidade crítica de fluidização do leito quando este for constituído de partículas
soltas (CREMASCO, 2018).

2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS FILTROS GRANULARES


Como comentado, uma das principais aplicações desse tipo de filtro é em
estações de tratamento de água, tanto para separação de pequenos particulados em
grandes volumes de suspensão, quanto para tratamento de rejeitos industriais e/ou
reciclagem da água.
Por isso, podem ser observadas algumas vantagens e desvantagens no
QUADRO 01, com base em suas principais aplicações.

QUADRO 01 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FILTRO GRANULAR

Vantagens Desvantagens
• Os filtros granulares não apresentam • A dificuldade de observar as condições
problemas de pressão menor do que a do meio filtrante, como falta ou mistura
pressão atmosférica; das distintas camadas de material
• Por causa da pressão de saída do filtro, granular, podem gerar problemas
há maior disponibilidade de carga; operacionais;
• Os filtros granulares podem ser • Requer grande área para instalação por
automatizados; causa da baixa velocidade de filtração;
• Baixo custo de instalação, manutenção e • Se houver dependência da suspensão a
de operação; ser tratada, pode haver a necessidade de
• Os líquidos produzidos são límpidos por tratamento prévio antes da filtração.
conta da circulação do filtrado.
FONTE: Cremasco (2018), Gomide (1980).

3 FILTRO PRENSA
3.1 FILTRO PRENSA DE PLACAS
Um filtro prensa de placas é classificado como um filtro de pressão que opera
em batelada. Sua estrutura conta com uma cabeça móvel, uma cabeça fixa, uma
cabeça de macaco, placas filtrantes, uma unidade hidráulica que aciona o cilindro
hidráulico responsável por mover as placas e uma bomba que direciona a suspensão
para o filtro prensa. A filtração ocorre nas placas porosas que constituem essa
máquina, bem como no tecido de drenagem que reveste os quadros (CREMASCO,
2018).

FIGURA 04 – ESTRUTURA DE UM FILTRO PRENSA

Fonte: Foust (1982).

FIGURA 05 – FILTRO PRENSA EM UMA PLANTA

FONTE: IMAKE (2023).

3.1.1 FUNCIONAMENTO DE UM FILTRO PRENSA


Antes da chegada da suspensão ao filtro prensa, o sistema hidráulico do
equipamento fecha as placas que o compõe, exercendo alta pressão sobre elas. A
pressão de fechamento garante a vedação, evitando o vazamento de fluido, e é
regulada pelo sistema hidráulico conforme a filtração progride. Com as placas
fechadas, têm-se armações dentro do filtro prensa, para as quais é bombeada a
suspensão (CREMASCO, 2018).
Nas câmaras, a parte líquida da suspensão atravessa as placas e o tecido de
drenagem que as reveste, constituindo o filtrado, que será direcionado para fora do
filtro prensa por meio de torneiras acopladas a cada placa ou por um canal de saída.
Já a parte sólida da suspensão fica retida no tecido de drenagem, formando a torta,
que conforme preenche as câmaras aumenta a pressão dentro delas. Quanto as
câmaras estiverem totalmente preenchidas pela torta ou a pressão de filtragem atingir
o valor desejado, indicando que a desidratação necessária foi alcançada, a bomba de
alimentação da suspensão é parada, a pressão nas câmaras é aliviada e as placas
são separadas por um sistema mecânico, fazendo com que a torta caia. As placas
são então limpas e retornadas à sua posição inicial, estando o filtro prensa pronto para
um novo ciclo de filtragem (PEMO PUMPS, 2021).

FIGURA 06 – FILTRO PRENSA EM FUNCIONAMENTO

FONTE: IMAKE GROUP (2023).

3.1.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM FILTRO PRENSA


O filtro prensa é muito comum na indústria, podendo ser encontrado em
estações de tratamento de água e esgoto, instalações químicas e nos setores mineiro,
metalúrgico, de reciclagem de baterias de lítio, farmacêutico e alimentar. Essa
popularidade se deve à flexibilidade operacional desse tipo de filtro, uma vez que este
é capaz de filtrar suspensões grossas ou extremamente finas e opera em uma faixa
de pressão de até 68 atm (PEMO PUMPS, 2023), apresentando um bom custo-
benefício. O quadro 02 apresenta de forma mais detalhada as principais vantagens e
desvantagens desse tipo de filtro.

QUADRO 02 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FILTRO PRENSA DE PLACAS

Vantagens Desvantagens
• Implantação simples e econômica (baixo • Operação intermitente: filtração é
CAPEX). interrompida quando as câmaras estão
• Grande área filtrante por área de preenchidas pela torta.
implantação, implicando economia de • A lavagem e a manutenção do meio
espaço. tornam-se complicadas dependendo da
• É o filtro mais barato por unidade de área suspensão.
filtrante. • A eficiência da filtração é sensível às
• Pode trabalhar com altas pressões. variações das características dos
• Capacidade de filtrar tanto suspensões resíduos.
finas quanto densas.
• São a melhor escolha para filtrações de
larga escala e para aquelas com filtrado
de alta viscosidade.
• Produz um filtrado límpido, facilitando o
controle da qualidade: na saída de cada
placa, existem torneiras. Caso o líquido
que esteja saindo de uma torneira seja
turvo, essa pode ser desligada, retirando
de operação a placa que está resultando
nesse problema e mantendo a qualidade
da filtração.
Fonte: Gomide (1980), Cremasco (2018).

Ao longo da filtração em filtros prensa, há aumento da pressão dentro do


equipamento e diminuição da vazão de filtrado, o que se deve ao acúmulo da torta no
meio filtrante. Para evitar a perda de filtrado e aumentar o rendimento do processo,
pode-se realizar a limpeza das placas, a qual requer parada da operação, conforme
comentado no QUADRO 02 (CREMASCO, 2018).
4 FILTRO DE FOLHAS OU LÂMINAS
Um filtro de folhas ou lâminas também pode ser chamado de filtro de placas e
são constituídos de lâminas filtrantes múltiplas, dispostas lado a lado. Essas lâminas
ficam imersas na suspensão a filtrar enquanto ocorre a sucção do filtrado para o
interior da lâmina por meio de uma bomba a vácuo. Portanto, a torta se forma por fora
das lâminas e o filtrado passa para o seu interior, saindo por um canal apropriado para
o tanque filtrado (GOMIDE, 1980).
Existem quatro tipos principais de filtros de lâminas e serão desenvolvidos a
seguir (GOMIDE, 1980).

4.1 FILTRO DE LÂMINAS MOORE


Esse tipo de filtro opera a vácuo, com o auxílio de grandes lâminas
retangulares que tem 5 metros de largura por 3 metros de altura que se movimentam
por meio de uma talha ou ponte rolante em etapas. A composição do filtro consiste
em grupos de 30 a 100 lâminas filtrantes que são mergulhados no tanque de
suspensão durante um certo tempo a fim de formar uma torta de 0,5 a 0,3 cm de
espessura. Esse conjunto é posteriormente transportado, ainda sob vácuo, para um
tanque de água limpa pelo tempo necessário para lavar a torta. Em seguida, é levado
para o tanque de descarga, onde a torta é retirada através de ar comprimido ou com
jato de mangueira, água, ar ou vapor (GOMIDE, 1980).
Um detalhe importante é que na utilização do filtro Butters, o processo envolve
um único tanque que comporta todas as etapas, tornando o conjunto de lâminas é
estacionário (GOMIDE, 1980).
Esse é o tipo de filtro de lâminas mais econômico parar filtrar grandes
quantidades de sólidos e líquidos (GOMIDE, 1980).

4.2 FILTRO DE LÂMINAS KELLY


As lâminas do filtro Kelly são retangulares e dispostas longitudinalmente
dentro de um tanque cilíndrico, e uma das extremidades desse tanque pode ser aberta
para movimentação das lâminas através de um par de trilhos, como disposto na
FIGURA 07 (GOMIDE, 1980).
FIGURA 07 – FILTRO KELLY

FONTE: Gomide (1980).

O fluido a ser filtrado é bombeado com pressão para o interior do tanque e,


para evitar decantação de partículas mais grossas durante a filtração, uma bomba de
circulação agita constantemente a suspensão dentro do tanque. A pressão é mantida
pela bomba de alimentação e, quando a filtração termina, o tanque é esvaziado e
mantido com pressão para evitar que a torta se rompa (GOMIDE, 1980).
Em seguida, ocorre a lavagem com água limpa e posteriormente a bateria é
retirada do tanque, a fim de alimentar as lâminas com ar comprimido para facilitar o
descarregamento da torta. Além disso, cada lâmina é interligada com a saída de
filtrado por um tubo com válvula e um visor, o que permite observar a qualidade do
filtrado produzido (GOMIDE, 1980).
Uma das principais utilidades desse filtro é trabalhar sob aquecimento, como
é muito aplicado na filtração de enxofre fundido nas fábricas de ácido sulfúrico
(GOMIDE, 1980).

4.3 FILTRO DE LÂMINAS SWEETLAND


Esse filtro consta com lâminas circulares posicionadas também no interior de
um tanque cilíndrico reforçado, que é dividido por todo seu comprimento ao meio. A
parte inferior dessa divisão é solta de um lado e móvel em torno de dobradiças, onde
fica pendurada. Assim, ocorre o descarregamento da torta sem ter que retirar as
lâminas do filtro (GOMIDE, 1980).
O ciclo de operações seguintes são as mesmas do filtro Kelly. É importante
ressaltar que a lavagem desse filtro pode ser feita com pulverizadores, jatos de água
e uma segunda filtração, o que significa que a torta pode ser utilizada duas vezes em
suspensão (GOMIDE, 1980).
Algumas vantagens desse filtro são a área filtrante por unidade de área de
implantação, que é muito abrangente, além da mão de obra reduzida, tamanho
compacto e possibilidade de diferentes espessuras de torta (GOMIDE, 1980). É
possível analisar a estrutura do filtro Sweetland na FIGURA 08.

FIGURA 08 – FILTRO SWEETLAND

FONTE: Gomide (1980).

4.4 FILTRO DE LÂMINAS VALLEZ


Esse filtro é uma variante do filtro anterior, pois suas lâminas são transversais
montadas num eixo horizontal que gira de 1 a 2 rpm através de uma rosca sem fim.
As lâminas ficam no interior de um casco cilíndrico reforçado que recebe a suspensão
sob pressão, e o filtrado sai pelo eixo central; a torta é retirada com ar comprimido e
transportada até a extremidade do casco através de transportadores helicoidais. Por
isso, a torta é homogênea, e isso qualifica uma boa lavagem (GOMIDE, 1980).
4.5 COMPARAÇÕES
Quando comparado com o filtro Moore, o Kelly requer menos lâminas pois é
operado sob pressão, além delas serem retangulares, facilitando a montagem quando
comparada com o filtro Sweetland, que utiliza lâminas circulares (GOMIDE, 1980).
Já o filtro Sweetland, quando comparada com a prensa Kelly, é muito mais
caro e opera em pressões muito menores, além de ser mais difícil de manusear as
lâminas (GOMIDE, 1980).

5 FILTROS CONTÍNUOS ROTATIVOS A VÁCUO


5.1 FILTRO TAMBOR
Esse tipo de filtro, também denominado filtro Oliver e esquematizado na
FIGURA 09, é constituído por um tambor cilíndrico horizontal de 30 cm até 5 m de
diâmetro por 30 cm até 7 m de comprimento, o qual gira a baixa velocidade (em torno
de 0,1 a 2 rpm) parcialmente submerso na suspensão que será filtrada. A superfície
externa do tambor é constituída de tela ou metal perfurado, é nela que será fixada a
lona filtrante. O cilindro é dividido por setores, a divisão pode ser de 8-24, por meio de
partições radiais com o comprimento do tambor, ao ligar as partições, há outro cilindro
interno de chapa comum. Dessa forma, cada setor é parte de um compartimento que
se comunica diretamente com o furo na sede de uma válvula rotativa especial
colocada no eixo do cilindro. Cada setor corresponde a um tubo e um furo na válvula.
Assim, a sede da válvula gira com o tambor enquanto está em contato com outra placa
estacionaria que contém rasgos junto à periferia. Tais rasgos se comunicam via
tubulações que estão presas em uma terceira placa estacionaria, com os reservatórios
de filtrado, água de lavagem e, situacionalmente, ar comprimido (GOMIDE, 1980).
Essa operação mencionada é automática, à medida que o tambor gira, os
diversos setores passam sucessivamente pela suspensão. Enquanto um setor se
encontra submerso, o furo que o corresponde na sede da válvula está passando em
frente ao rasgo que comunica o reservatório de filtrado, sendo esse mantido em vácuo
de 0,8 atm. Desse modo, quando o setor sai da suspensão e a torta está drenada, a
lavagem se inicia e o furo correspondente passa a ficar em comunicação com o
reservatório de água de lavagem. Após o número necessário de lavagens, a torta é
soprada com ar comprimido e raspada por uma faca, mas não se retira toda a torta,
tanto para não rasgar a lona, quanto para não perder o vácuo (GOMIDE, 1980;
CREMASCO, 2018).

FIGURA 09 – ESQUEMATIZAÇÃO DO FILTRO TAMBOR

FONTE: cremasco (2018).

Cerca de 30 a 40% da área é submersa na suspensão, para que haja maior


capacidade, esse valor de imersão pode chegar a 70%. A espessura da torta formada
é de 3 mm a 4 cm, em casos especiais de sólidos grosseiros, a torta pode atingir um
valor de 10 cm (GOMIDE, 1980).
Dentre as vantagens desse filtro têm-se a grande capacidade de operação e
pequena mão de obra necessária. Outrossim, as desvantagens são o custo elevado
(relacionado ao CAPEX), alto custo de operação (relacionado ao OPEX), a limitação
da diferença de pressão em 1 atm e, como supramencionado, a imperfeição na
lavagem (GOMIDE, 1980). Este equipamento é utilizado na indústria sucroalcooleira
no Brasil, em decorrência do tratamento utilizado na clarificação do caldo de cana,
que é a sulfatação (CREMASCO, 2018).

5.2 FILTRO DISCO-ROTATIVO


Esse exemplo de filtro, denotado pela FIGURA 10, é caracterizado pelo fato
de o tambor ser substituído por discos verticais, os quais giram parcialmente
submersos na suspensão. O filtrante é constituído de lâminas, mas o disco-rotativo
ainda se encaixa na classificação de um filtro contínuo rotativo. Os setores do disco
são ligados ao eixo do filtro por meio de tubos, e os correspondentes dos diversos
discos (setores de mesma posição) chegam a um mesmo coletor geral, o qual vai para
o furo correspondente na sede da válvula rotativa. Dessa forma, o funcionamento
desse modelo é semelhante ao filtro de tambor, mas a lavagem consegue ser ainda
menos eficiente, com uma raspagem de torta mais complicada, sendo isso sua maior
desvantagem. Por fim, como vantagem para esse equipamento se têm a grande área
filtrante por unidade de área de implantação, sendo essas áreas muito maiores do que
o modelo convencional, indo de 10 a 400 m2 (GOMIDE, 1980).

FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DO FILTRO DISCO-ROTATIVO

FONTE: Gomide (1980).

5.3 FILTRO CONTÍNUOS HORIZONTAIS


5.3.1 FILTRO LANDSKRONA
Para a última classe apresentada nessa seção, tem-se como primeiro
exemplo o filtro Landskrona, um filtro sueco particularmente adaptável para filtrar
lamas ácidas, como as que contêm ácido fosfórico. Trata-se de uma correia
transportadora permeável, a qual passa o filtrado sob sucção, a mesma é viável
graças as caixas que trabalham a vácuo sob a correia. A torta pode ser lavada até 2
vezes e o filtrado é recolhido em um reservatório apropriado, tal qual as águas das
lavagens. A torta formada apresenta espessura controlável por meio da velocidade da
correia e da localização dos pontos de alimentação, sendo ela transportada pela
correia até sua descarga, à uma velocidade de aproximadamente 3 m/min. O filtro,
equipado com guias laterais na correia, evita queda da torta durante sua formação e
lavagem. A desvantagem mencionada para o mesmo seria seu custo mais elevado do
que o tradicional Oliver (GOMIDE, 1980).

5.3.2 FILTRO PRAYON


Esse filtro belga também serve para líquidos corrosivos, como as suspensões
contendo fosfatos e ácidos fosfórico. Ele opera a vácuo de 650 mmHg e efetua até 3
lavagens da torta no modo contracorrente. Assim, seu tamanho varia de 2 a 50 m2 e
consta com células horizontais de filtração que giram presas numa estrutura circular,
esse processo é descrito pela FIGURA 11. Dessa forma, cada célula passa
sucessivamente pelo ponto de alimentação e pelos diversos pontos de lavagem, os
tempos do processo são reguláveis. O esgotamento das águas de lavagem e do
filtrado são dados por sucção pela parte inferior das células. Ainda, a descarga da
torta é feita por gravidade, invertendo a célula, de forma automática enquanto entra
um sopro de ar comprimido por trás do meio filtrante. A vantagem descrita para o
mesmo é facilitar a formação da torta por decantação (GOMIDE, 1980).

FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DO FILTRO PRAYON

FONTE: Gomide (1980).

6 FILTROS ESPECIAIS
Esse tópico apresenta os filtros que desempenham funções especiais, ou
seja, não se encaixariam bem em nenhuma das subdivisões supramencionadas.
6.1 FILTROS A VÁCUO DE BATELADA
Os filtros a vácuo de batelada são os de Nutsch, semelhantes aos funis de
Büchner, são utilizados em operações de pequena escala e funcionam para filtração
de líquidos corrosivos. Baixo investimento ligado à uma mão de obra de operação
elevada, uma clara relação CAPEX versus OPEX. Esses filtros consistem em tanques
de 80 cm até 3 m de diâmetro, os quais são colocados sobre o piso ou enterrados,
apresentando um fundo falso de metal perfurado e recoberto com lona. O filtrado final
é retirado a vácuo (sendo possível operar sob pressão). A torta, cuja espessura varia
de 10 a 30 cm, é retirada manualmente, o que demonstra um fator da mão de obra
(GOMIDE, 1980).

6.2 ESPESSADOR SHRIVER


Este modelo remete a um filtro de prensa, porém ele não apresenta quadros.
A uma dada pressão, o equipamento fornece um líquido claro e uma lama espessada.
Para exemplificar, uma suspensão contendo 5% de sólidos pode ser espessada até
10% nesse equipamento. Análogo ao filtro de prensa, o espessador apresenta certo
número de placas prensadas uma contra a outra, com a suspensão entrando por um
canal e percorrendo até o fim, passando de um lado para o outro por meio de furos
apropriados. Tal filtrado atravessa o filtrante que se encontra preso entre as placas,
percorrendo o canal dela. Sendo assim, o número de placas é escolhido baseado na
premissa de que a queda total de pressão não ultrapasse 5 kg/cm 2 e as unidades são
passivas de um sistema em série (GOMIDE, 1980).

6.3 METAFILTROS
Também denominados filtros de cartucho, os metafiltros são filtros especiais,
cuja função é clarificar líquidos que contém pequenas quantidades de sólidos muito
finos. Um tipo usual dessa classe apresenta uma série de discos metálicos finos, com
furo central, empilhados um sobre os outros em torno de um eixo central oco,
exemplificado na FIGURA 12. O espaçamento entre os discos internos é mínimo, para
que apenas o líquido consiga passar, enquanto o solido é retiro na periferia. A
suspensão é alimentada sob pressão no interior da carcaça, que abriga o cartucho, o
líquido sai pela parte superior e o sólido é retirado periodicamente, ao dar meia volta
no cartucho, o qual é penteado por uma série de lâminas fixas para retirada dos
sólidos. Por fim, a utilização dos metafiltros se dá para clarificação de águas, solventes
ou óleos vegetais e seu processo é muito econômico, além do fato de que alguns
modelos apresentam materiais muito baratos, como cartuchos de papel dobrado ou
discos de papelão perfurado (GOMIDE, 1980).

FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO DE UM METAFILTRO

FONTE: Gomide (1980).

7 SELEÇÃO DE UM FILTRO
Ao selecionar um filtro, vários fatores devem ser considerados, tais como a
vazão, a temperatura, densidade, viscosidade, o tipo e a concentração da suspensão,
a granulometria, a heterogeneidade do sólido, entre outros aspectos. Mais do que
apenas elementos sobre o composto a ser separado, deve-se averiguar as
características da torta como a compressibilidade, propriedades físico-químicas,
uniformidade e pureza desejada. Todos esses fatores devem ser avaliados e, após a
realização de um levantamento das possibilidades, deve-se averiguar o que garante
economia e qualidade no produto. Desse modo, não há método ou passo a passo
para a seleção de um filtro, de modo que se optou por apresentar o QUADRO 03 com
o panorama geral de alguns filtros disponíveis no mercado, para facilitar na escolha
(GOMIDE, 1980).
QUADRO 03 – APLICAÇÃO DE ALGUNS FILTROS

Tipo de suspensão
Equipamento Observações
A B C D E

São os mais empregados até os dias de


Placas e hoje. Adequados para líquidos de alta
X X X X
Quadros viscosidade e para clarificações em larga
escala.

Costuma ser o mais econômico da


Lâminas X X X X
categoria D

Adequado para larga escala quando é


possível utilizar operação a vácuo. Por ser
Tambor
X X rotativo é mais caro e sua escolha deve
rotativo
estar fundamentada nas necessidades da
operação.

Mais barato que o de tambor rotativo,


Disco rotativo X X sendo uma das opções mais baratas de
filtros a vácuo.

Aplicável quando um elevado grau de


Horizontais X X
lavagem é necessário.

Para produções de larga escala na


Tambor categoria B e C e há necessidade de
X X
(pressão) operar sob pressão devido a limitações de
temperatura e/ou pressão de vapor.

É mais econômico que o de tambor,


Disco
X X quando as exigências de lavagem são
(pressão)
menores.
FONTE: Gomide (1980).

• Categoria A: mais de 20% de sólidos, com rápida formação da torta e


decanta rapidamente. A velocidade de filtração é de 250 kg/h.m³.
• Categoria B: mais de 10-20% de sólidos, formação rápida da torta e
decanta rapidamente, contudo os sólidos podem ser mantidos em
suspensão com agitação. A velocidade de filtração é entre 250 a 2500
kg/h.m³.
• Categoria C: mais de 1-10% de sólidos, com lenta formação da torta e
decantação normal. A velocidade de filtração é contínua (25 a 250
kg/h.m³) e a torta é de difícil remoção do filtro.
• Categoria D: menos de 5% de sólidos, com formação lenta da torta. A
velocidade de produção em operação descontinua é inferior a 10
kg/h.m³.
• Categoria E: menos de 1% de sólidos e não forma torta durante o ciclo
de filtração.
REFERÊNCIAS

CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos e outros trabalhos. Editora Blücher, 2018

FOUST, A. S. et al. Princípios das Operações Unitárias. 2. ed. aum. LTC, 1982.

GOMIDE, R. Operações Unitárias: separações mecânicas. v. 3. São Paulo: Edição


do autor, 1980.

IMAKE GROUP. Filtro prensa. Disponível em: https://imake.com.br/equipamento-


filtro-prensa/. Último acesso em: 08 set. 2023.

PEMO PUMPS. Como funciona o filtro prensa de placas. Disponível em:


https://www.pemopumps.com/pt-br/news-como-funciona-o-filtro-prensa-de-placas.
Último acesso em: 08 de set. 2023.

HALBERTHAL, J. Engineering Aspects in Solid-Liquid Separation. Disponível em:


<http://www.solidliquid-separation.com/>

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