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QUEM SOMOS

A Domina Concursos, especialista há 8 anos no desenvolvimento e


comercialização de apostilas digitais e impressas para Concurso Públicos, tem
como foco tornar simples e eficaz a forma de estudo. Com visão de futuro,
agilidade e dinamismo em inovações, se consolida com reconhecimento no
segmento de desenvolvimento de materiais para concursos públicos. É uma
empresa comprometida com o bem-estar do cliente. Atua com concursos
públicos federais, estaduais e municipais. Em nossa trajetória, já
comercializamos milhares de apostilas, sendo digitais e impressas. E esse
número continua aumentando.

MISSÃO

Otimizar a forma de estudo, provendo apostilas de excelência, baseados nas


informações de editais dos concursos públicos, para incorporar as melhores
práticas, com soluções inovadoras, flexíveis e de simples utilização e
entendimento.

VISÃO

Ser uma empresa de Classe Nacional em Desenvolvimento de Apostilas para


Concursos Públicos, com paixão e garra em tudo que fazemos.

VALORES

• Respeito ao talento humano


• Foco no cliente
• Integridade no relacionamento
• Equipe comprometida
• Evolução tecnológica permanente
• Ambiente diferenciado
• Responsabilidade social
PROIBIDO CÓPIA

Não é permitida a revenda, rateio, cópia total ou parcial sem autorização da


Domina Concursos, seja ela cópia virtual ou impressa. Independente de manter
os créditos ou não, não importando o meio pelo qual seja disponibilizado: link
de download, Correios, etc…

Caso houver descumprimento, o autor do fato poderá ser indiciado conforme


art. 184 do CP, serão buscadas as informações do responsável em nosso banco
de dados e repassadas para as autoridades responsáveis.
Conhecimentos específicos
“Camuflar um erro seu é
anular a busca pelo
conhecimento. Aprenda
com eles e faça novamente
de forma correta.”
Nara Nubia Alencar
OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Filtração

Filtração é um método de separação de substâncias presentes em uma mistura heterogênea (pos-


sui duas ou mais fases) que apresenta pelo menos dois componentes em estados físicos diferentes,
como:

• Um componente no estado sólido e um no estado líquido. Um exemplo de mistura com essa carac-
terística é a água com areia.

• Um componente no estado sólido e outro no estado gasoso. Um exemplo desse tipo de mistura é o
ar com poeira.

A filtração é muito utilizada em diversas atividades relacionadas direta ou indiretamente com


o nosso dia a dia. Veja alguns exemplos:

• Filtração da água em filtros domésticos;

• Preparo do café;

• Uso do filtro de óleo lubrificante nos veículos;

• Uso do filtro de ar nos veículos;

• Uso do filtro para retirar a areia do petróleo após a extração;

• Uso de aspirador de pó, que possui filtro de ar.

Para realizar o método de filtração em um laboratório, geralmente são utilizados os seguintes equi-
pamentos:

• Papel de filtro: realiza a filtração porque consegue reter o material sólido presente na mistura.

• Garra: utilizada para apoiar o funil.

• Funil de vidro: equipamento de vidro preso ao suporte universal pela garra em que é posicionado o
papel de filtro.

• Suporte universal: utilizado como apoio para a garra.

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

• Béquer: utilizado para receber o líquido (filtrado) presente na mistura;

• Baqueta: é um instrumento de vidro utilizado para direcionar a queda do líquido no papel de filtro;

Outra alternativa para se realizar uma filtração é simplesmente acoplar o funil de vidro, com o papel
de filtro adaptado nele, no erlenmeyer, como pode ser observado na ilustração abaixo:

Funil De Vidro Acoplado No Erlenmeyer

Para compreendermos como se processa uma filtração, vamos utilizar como exemplo uma mistura
composta por água e areia. Normalmente há as seguintes etapas:

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Etapa 1: com o auxílio da baqueta, despejamos a mistura sobre o papel de filtro posicionado no inte-
rior do funil de vidro;

Etapa 2: imediatamente a água começa a atravessar o papel de filtro e cai no interior do béquer;

Etapa 3: Por fim, toda a areia fica retida no papel de filtro, e a água, no béquer.

Representação esquemática do processo de filtração

Vela para filtração de água em residências

Tamisação

O processo de tamisação ou peneiramento é um dos processos de separação de misturas. Trata-se


de um processo mecânico de separação, onde os diferentes sólidos que compõem a mistura passam
por sistemas de peneiras com diferentes malhas, onde parte destes grânulos fica retido e a outra
parte passa por entre os vãos da malha da peneira.

A necessidade de separação de sólidos granulares é baseada em duas finalidades: 1) separar o só-


lido em frações homogêneas (através da granulometria) ou 2) obter frações com partículas de mesmo
tamanho.

Através da movimentação do sólido sobre a malha da tamise (peneira), os grânulos menores que os
vãos da malha penetram por entre os mesmos, atravessando a peneira e os grânulos que possuem
tamanhos iguais ou maiores que os vãos da malha ficam retidos. Este processo é repetido diversas
vezes, utilizando peneiras que possuem malhas com diferentes granulometrias, até obter-se a sepa-
ração da granulometria do sólido desejada.

Existem cálculos e fórmulas específicas para definir o dimensionamento das tamises de uso indus-
trial, baseada no tempo de operação das mesmas. Tanto nos processos industriais quanto nos pro-
cessos manuais, pode-se utilizar apenas uma ou diversas tamises (cada uma com um mesh ou malha
de granulometrias distintas) para efetuar o peneiramento e separação dos sólidos, isso depende do
tamanho de partículas que se deseja, quanto mais fina a partícula, maior o número de tamises por
onde o sólido irá passar.

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Existem equipamentos que realizam ensaios de granulometria de sólidos, conhecidas como tamisa-
doras, que fazem a operação de peneiramento em escala laboratorial, possibilitando analisar a menor
e maior partícula do sólido em questão, possibilitando realizar diversos peneiramentos de uma única
vez. As tamises são padronizadas, e se encaixam umas sobre as outras, formando um kit chamado
coluna de peneiração, que contém uma tamise fechada chamada de panela na base da coluna, onde
as menores partículas ficarão acondicionadas.

O sólido de interesse é pesado em balança analítica e alimentado na tamise superior da coluna de


peneiração, abaixo da primeira peneira, de acordo com a granulometria desejada, pode-se adicionar
quantas tamises forem necessárias, reduzindo gradativamente a granulometria, em ordem decres-
cente. A tamisadora realiza a agitação da coluna de peneiração mecanicamente, de 15 a 20 minutos.
A Coluna de peneiração pode ser agitada manualmente, caso não se disponha de uma tamisadora
para realizar o ensaio granulométrico.

As tamises são padronizadas de acordo com séries que podem ser:

• B.S – British Standard

• I.M.M – Institute of Mining and Metalurgy (USA)

• Série Tyler - Americana

Os vãos das malhas das tamises são definidos de acordo com as séries supracitadas, e são quadra-
das e identificadas pela unidade mesh/in. Por exemplo: Tamise de 200 mesh/in (refere-se a uma pe-
neira com malha de 200 mesh, ou seja, 200 aberturas na malha por polegada linear).

No Brasil, a série mais utilizada para definir as tamises é a série Tyler, constituída de 14 peneiras,
com a menor malha de 3 mesh e a maior de 200 mesh.

Industrialmente temos três tipos de equipamentos para o processo de tamisação: Grelhas, Crivos ou
Telas.

• Grelhas: São barras metálicas acondicionadas em paralelo, formando espaços entre si. São utiliza-
das para peneiramento de sólidos com granulometrias elevadas.

• Crivos: São chapas metálicas planas ou com curvatura que possuem furações em sua extensão.
Também são utilizadas para partículas maiores.

• Telas: São compostas pelo entrelaçamento de fios metálicos, que formam uma malha que possui os
vãos e espaçamentos padronizados e definidos (de acordo com as séries supracitadas).

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A tamisação é comumente utilizada nas áreas de mineração, agricultura, farmacêutica, química entre
outras. Pode ser utilizada para separação de diversos tamanhos de partículas, desde pedregulhos
(indústria mineradora) como sólidos extremamente finos (indústria farmacêutica).

Formas Farmacêuticas Obtidas Por Extração.

I. Fatores que influenciam a extração.

Princípios ativos de origem vegetal ou animal raramente são administrados diretamente na forma
bruta, normalmente, eles são administrados na forma de extratos. A utilização de extratos permite ter
um princípio ativo em quantidade e qualidade definida, além de ser, obviamente, muito mais fácil e
agradável sua ingestão.

Em termos gerais dois são os métodos de extração utilizados:

1. a maceração ou extração em batelada, onde a droga é colocada em contato com o solvente por
um tempo e temperatura determinados. Neste caso através da difusão ou osmose dos constituintes
solúveis obtém-se no final o extrato ou macerado;

2. a lixiviação, percolação ou deslocação. Neste caso o processo é dinâmico com renovação do


solvente.

Na etapa de extração dos constituintes das drogas a maior parte fica a dissolver. Diversos fatores in-
fluenciam a eficácia do método de extração:

· o aumento da superfície de contato das drogas (drogas contundidas, cortadas ou reduzidas a pó)
aumenta a capacidade de extração, entretanto, pode aumentar também o teor de impurezas presen-
tes no extrato obtido;

· a agitação evita saturações das soluções extratoras;

· o aumento da temperatura pode facilitar a extração do princípio ativo desejado, porém, pode tam-
bém aumentar o teor de impurezas no extrato obtido;

· os próprios componentes da planta podem facilitar a solubilização ou a precipitação do componente


desejado.

Ex.1: Alcalóides + Ácido orgânico (mecônico): maior solubilização do p.a.

Ex.2: Alcalóides + Taninos: ocorre precipitação do p.a.;

o uso de tensioativos melhora a extração do p.a. (molhantes, solubilizantes);

· a seletividade do extrato está baseada na escolha do solvente ("semelhante dissolve semelhante"),


do pH empregado e do tempo de extração.

Normalmente os extratos obtidos possuem uma composição complexa. Neles estão constituintes com
atividade farmacológica (alcalóides, heterosídeos, taninos, flavonas, essências, etc) e constituintes
sem atividade farmacológica (açúcares, amido, gomas, mucilagens, proteínas).

A qualidade do extrato obtido é dependente do método de extração empregado, do local e da época


do ano em que as matérias primas foram coletadas, e até mesmo, da idade do vegetal (no caso de
fitoterápicos) ou do animal (no caso de opoterápicos).

Por isto, a legislação não permite que eles sejam feitos na farmácia sem que haja uma padronização
(controle de qualidade).

O usual é comprar extratos de firmas estabelecidas que possuem um controle de qualidade dos extra-
tos produzidos e a partir destes fazer os "pseudo-extratos":

Os "pseudo-extratos" permitem ainda suprir a ausência de plantas no mercado e facilitam muito o tra-
balho técnico.

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· Pseudo-hidrolato (Essência + água)

· Pseudo-alcoolato = Espíritos (Essência + álcool)

· Pseudo-infuso ou decocto (Extrato fluído + água)

II. Técnicas gerais de extração.

Processo de Ex-
tração
Extrato obtido Síntese do procedimento

Percolação Extrato fluído 1g da droga ±1 mL extrato

Tintura ≥ 20% álcool

Destilação Hidrolato Droga + água

Alcoolato Droga + álcool

Maceração Infuso Água fervente sobre a droga + repouso

Decocto (Droga + água) + ferver por 15 minutos

Tintura Droga + álcool

II.1 Tinturas (≥ 20% álcool)

As tinturas são medicamentos líquidos resultantes da extração de drogas vegetais e animais. Elas
são preparadas à temperatura ambiente por percolação ou maceração. Os líquidos extratores são ál-
cool, álcool/água, éter alcoolizado ou acetona.

II.2 Extratos fluídos

Os extratos fluídos são preparações oficinais líquidas obtidas de drogas vegetais e manipuladas de
maneira que cada 1 mL contenha os princípios ativos solúveis de 1 g da droga respectiva, devida-
mente dessecada ao ar livre. Eles são preparados, em sua maioria, por um dos quatro processos ge-
rais de percolação designados pelas letras A, B, C e D na Farm.Bras.II.

II.3 Águas aromáticas

As águas aromáticas são soluções saturadas de essências ou outras substâncias aromáticas em


água destilada. Elas podem ser preparadas por destilação ou simples dissolução de substâncias aro-
máticas em água destilada. No primeiro caso constituem os HIDROLATOS e no segundo os
PSEUDO-HIDROLATOS.

II.4 Espíritos (Pseudo-alcoolatos)

Os espíritos simples que substituem os antigos alcoolatos devem ser preparados, salvo indicação
contrária, com essência da respectiva planta e álcool, de acordo com a seguinte fórmula geral.

Essência 50 mL (5% v/v)

Álcool 80% qsp 1000 mL

Observação: Quando se menciona apenas álcool, refere-se ao produto que contém cerca de 95% de
etanol. É o álcool simples.

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II.5 Infusos

Os infusos são usados como veículos de preparações farmacêuticas ou como forma farmacêutica de
preparação extemporânea. Salvo indicação contrária do médico eles são preparados pelo seguinte
processo geral:

Droga em pó grosso 50 g (5% p/v)

Água deionizada qsp 1000 mL

Quando não há especificação a concentração da droga será a 5% p/v, entretanto, a preparação de


infusos contendo drogas heróicas como ACÔNITO, BELADONA, DEDALEIRA, IPECACUANHA e
NOZ-VÔMICA, devem ter a dose especificada pelo médico ou de acordo com as seguintes quantida-
des (vide Farm.Bras.):

Aconitina 0,3 % p/v

Beladona 0,3 % p/v

Digital 1,0 % p/v

Jaborandi 2,0 % p/v

Noz-vômica 0,5 % p/v

II.6 Decoctos

Os decoctos, assim como os infusos, são usados como veículos de preparações farmacêuticas ou
como forma farmacêutica de preparação extemporânea. Salvo indicação contrária do médico eles são
preparados pelo seguinte processo geral:

Droga em pó grosso 50 g (5% p/v)

Água deionizada qsp 1000 mL

NOTA: Para os decoctos preparados com drogas muito ativas, seguir as instruções dadas para infu-
sos.

II.7 Pseudo-infuso ou pseudo-decocto

Os pseudo-infusos (ou pseudo-decoctos) podem ser preparados na prática farmacêutica com extrato
fluído e água destilada ou deionizada na proporção de 5% v/v, sendo feita neste caso simplesmente
uma diluição do extrato fluído.

Este processo se justifica pela facilidade de trabalho técnico já que os extratos fluídos contêm pratica-
mente todos os princípios ativos das drogas, ou seja, 5 mL de Ext.Fl. correspondem a 5 g da droga
pulverizada. Uma outra vantagem está relacionada a falta de plantas no mercado nacional de drogas.

Como Realizar Cálculos Farmacotécnicos

1) Calcular a quantidade de matéria prima para preparar 100 g de uma solução com:

- Ureia 2,5 g

- Óleo de amêndoas 8,0 ml

- Creme base q.s.p. 50,0 g

* Ureia:

Em 50 g da solução tem 2,5 g de ureia.


Em 100 g terão quantos? (x)

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50 - 2,5
100 - x

Precisará de 5 g de ureia.

Sabemos então que 5 % dessa formulação é composta por ureia.

* Óleo de amêndoas:

Em 50 g tem - 8 ml
Então 100g vai ter - x

50 - 8
100 - x

Precisará de 16 ml de óleo de amêndoas para o preparo dessa solução.

* Creme base:

16 + 5 = já se tem 21 g da solução, precisa-se então adicionar mais 79 g do creme base para formar
as 100g da formulação como desejado.

Porcentagem

- Peso por volume (p/v):

É o número de gramas de um constituinte sólido em 100 ml de uma preparação líquida.


Exemplo: 10 % p/v = 10 g a cada 100 ml.

- Peso por peso (p/p):

É o número de gramas de um constituinte sólido em 100 g de uma preparação.


Exemplo: 10% p/p = 10 g (de um certo constituinte) a cada 100 g (de outro constituinte sólido da mis-
tura).

- Volume por volume (v/v):

É o número de mililitros que existe de um constituinte líquido, misturado em 100 ml de outro (normal-
mente o solvente) em uma preparação.
Exemplo: 10% v/v = 10 ml em 100 ml.

2) Calcule a quantidade de matéria prima necessária para o preparo dessa formulação:

- Fármaco X: 0,15% p/p.

- Estearato de Mg: 0,25% p/p.

- Aerosil: 1,0% p/p.

- Talco farmacêutico: 30,0% p/p.

- Lauril sulfato de sódio: 2,0 % p/p.

- Amido q.s.p. 100,0% p/p.


(Pode-se perceber que 66,6 % dessa preparação seria amido).

* F.S.T. 60,0 g (Isso quer dizer = Faça Segundo a Técnica para obter 60 g dessa preparação).

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Fármaco X:

0,15 % = 0,15 g por cada 100 g.


Então quantas gramas (x) teriam em 60 g da preparação.

0,15 g - 100 g
x - 60 g

Precisará separar 0,09 g do Fármaco X para preparar 60 g dessa formulação.

Estearato de Magnésio:

0,25 g - 100g
x - 60 g

Precisará de 0,15 g de Estearato de Magnésio.

Aerosil:

0,6 g de Aerosil serão usadas.

Talco farmacêutico:

18 g.

Lauril sulfato de sódio:

1,2 g.

Já de Amido precisará de 39,96 g para completar os 60 g desejados para a formulação.

3) Calcule a quantidade de matéria prima para o preparo da seguinte formulação:

- T 3 - diluição 1:100 - 0,02 mg

- Excipiente q.s.p. - 100,0 mg

Preparar 60 cápsulas.

Solução de T3:

1:100 quer dizer: Que a cada 100 partes dessa mistura, uma dessas partes é T 3 (hormônio tireoidi-
ano) e 99 são de solvente (excipiente).

Então em 100 mg dessa mistura 1 mg é T3. Como se irá precisar somente de 0,02:

100 mg = 1 mg
X mg = 0,02 mg

Será utilizado então 2 mg da mistura de T3 para conseguir a quantidade da substância ativa que se
precisa, que é 0,02 mg.

Essa quantidade de 2 mg é para preparar uma cápsula. Para preparar 60 precisará de 120 mg da so-
lução de T3 diluída dessa forma (1 por 100).

Excipiente:

Para preparar uma cápsula com 100 mg, utilizando 2 mg da solução do hormônio, a quantidade de
excipiente necessária para completar a cápsula com 100 mg será de 98 mg, isso uma cápsula.

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Para 60 cápsulas será necessário 5880 mg de excipiente. Pois:


Em 1 cápsula tem 98 mg de excipiente.
Em 60 cápsulas se terá quanto X?

1 = 98
60 = X

Sendo assim para preparar 60 cápsulas dessa formulação é necessário separar 0,12 g de T3 e 5,88 g
de excipiente.

4) Calcule a quantidade de matéria prima necessária para preparar 20 cápsulas dessa formulação:

- Digoxina - diluição 1:10 - 0,1 mg.

- Excipiente q.s.p. 100,0 mg.

A digoxina está sendo utilizada na dosagem de 1 mg (de digoxina) a cada 10 mg da mistura.

Sendo assim se colocar 0,1 mg dessa solução de digoxina, não terá 0,1 mg de digoxina como se es-
pera que seja em cada dose.

Se em 10 mg dessa solução tem 1 mg de digoxina.


0,1 mg dessa solução teria 0,01 mg de digoxina!

Para se ter 0,1 mg de digoxina faz-se uma regra de três:

Em 10 mg dessa solução tem 1 mg de digoxina.


Quantos mg dela terão 0,1 mg de digoxina?

10 mg = 1 mg
X mg = 0,1 mg

Descobri-se então que em 1 mg da solução em cada cápsula se terá a quantidade de princípio ativo
requerido.
Sendo assim precisará de mais 99 mg para completar a cápsula com 100 mg.
Então cada cápsula terá 99 mg de excipiente.

Para a pesagem de todas as substâncias para todas as cápsulas, faz uma regra de três, multipli-
cando essas quantidades que é para uma cápsula por 20 (quantidade de cápsulas que será dividido
essa mistura de excipiente e solução de digoxina).

A resposta então será: tem que pesar 0,02 g de digoxina e 1,98 g de excipiente para se preparar es-
sas 20 cápsulas.

Fator de Correção e de Equivalência

* Fator de Correção:

Permite corrigir substâncias originalmente comercializadas na forma diluída. Essas diluições são for-
necidas pelo fabricante.

Exemplo: Vitamina E 50%.

Fc = 100%/50% = 2

Fc = a quantidade que se quer/ pela quantidade que se tem.

Então você descobre quantas vezes mais você precisa usar esse material para conseguir a quanti-
dade desejada.

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* Fator de Equivalência (Feq):

Permite intercambiar uma substância na sua forma salina, éster ou hidratada com sua molécula base
ou anidra, em relação a qual forma farmacêutica de referência estaria dosificada (em relação à subs-
tância que se deseja usar).

Pode-se então ver quanto que uma forma salina de um composto por exemplo, quantas vezes tem
que usá-lo para equivaler à quantidade da substância farmacêutica na sua forma "pura" sem se ligar
a nenhum sal.

Exemplo:

- Hidrocortisona - 0,1 g

- Creme base q.s.p. 30 g

O médico prescreve na forma de hidrocortisona, mas acetato de hidrocortisona (a forma salina


dele) que é a forma disponível para compra.

PM do acetato de hidrocortisona = 405,51.

PM do hidrocortisona base = 362,47.

Feq = 405,51/362,47 = 1,12.

Descobre-se assim a quantidade de vezes que tem que aumentar o valor de hidrocortisona quando
se tiver utilizando seu sal (acetato de hidrocortisona).

0,1 X 1,12 = 0,112 g (Passará a ter que ser utilizado para ter a mesma quantidade de hidrocortisona -
ter o mesmo efeito- do que se fosse utilizado sua forma pura).

Então corrigindo o valor a ser pesado para a formulação com 0,1 g de hidrocortisona, se usar
acetato de hidrocortisona terá que pesar 0,112 g para ter a mesma quantidade de hidrocorti-
sona.

5) Calcule o fator de equivalência e a quantidade de matéria prima para o preparo das formulações:

a) Betacaroteno 10 mg / cápsula.

Substância disponível: Betacaroteno 11%.

Por regra de três: 11 g em 100 g do composto.

11 g - 100 g
0,01 g - x

0,09 g serão utilizados por cápsula de betacaroteno 11%.

Para encontrar esse valor pelo Fator de Correção (Fc):

O Fator de correção é 100/11 = 9,09.

Então multiplica-se esse fator a quantidade que se espera utilizar de betacaroteno, para ver quanto a
mais terá que ser usado já que esse betacaroteno está diluído.

9,09 x 10 = 90,9 mg

Ou 0,09 g.

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b) Kawa Kawa 100 mg/ cápsula

Disponível: Extrato com 30% de kawalactonas

Referência: Extrato com 70%.

Fc = 70 %/ 30% = 2,33.

2,33 x 100 mg = 233 mg.

Tem-se então que usar 0,233 g do extrato de 30% para fazer uma cápsula de Kawa Kawa.

c) No certificado de análise emitida pelo fornecedor, a matéria prima "metrotexato" apresentou


umidade de 8%.

Qual é o seu fator de correção?

Umidade de 8% que dizer que 8% da matéria era água, pois tinha absorvido.
Sendo assim essa matéria prima só é metrotexato em 92% dela.

Fc = 100 %/ 92% = 1,08.

d) Para a formulação:

- L-lisina 100 mg/ 5 ml

- Xarope q.s.p. 100,0 ml

Tendo somente cloridrato de L-lisina (que possui PM = 182,64).


Diga a quantidade que se deve pesar de matéria prima para fabricar 100 ml.
Considere L-lisina (PM = 146,19).

Feq = 182,64/146,19 = 1,25

1,25 x 100 = 125 mg

Então:

Precisará ter 125 mg de Cloridrato de L-lisina por 5 ml da solução.

Se o xarope total terá 100 ml, quanto de cloridrato de L-lisina colocará para ficar 125 mg dele em
cada 5 ml da preparação?

100 ml = X
5 ml = 125 mg

Precisará que seja pesado 2,5 g de Cloridrato de L-lisina.

Sistema Métrico Decimal

As medidas de comprimento, superfície, volume e capacidade do sistema métrico decimal:

1. Medidas de comprimento

No sistema métrico decimal, a unidade fundamental para medir comprimentos é o metro, cuja abrevi-
ação é m. Existem os múltiplos e os submúltiplos do metro, veja na tabela:

Múltiplos Unidade Fun- Submúltiplos


damental

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quilômetro hectômetro decâmetro metro Decímetro centímetro Milímetro

km hm dam m Dm cm mm

1 000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m

Existem outras unidades de medida mas que não pertencem ao sistema métrico decimal. Vejamos as
relações entre algumas dessas unidades e as do sistema métrico decimal:

1 polegada = 25,4 milímetros


1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros
1 pé = 30 centímetros

Obs: valores aproximados

1.1 – Transformação de unidades de comprimento

Observando o quadro das unidades de comprimento, podemos dizer que cada unidade de compri-
mento é 10 vezes maior que a unidade imediatamente inferior, isto é, as sucessivas unidades variam
de 10 em 10.

Concluí-se então que para transformar uma unidade para um submúltiplo, basta multiplicar por
10n onde n é o número de colunas à direita do número na tabela. Já para passar para um múltiplo,
basta dividir por 10n onde n é o número de colunas à esquerda do número na tabela.

Por exemplo: 7 m = 7 x 102 cm = 700 cm

500 m = 500 x 10-3 km = 0,5 km

2. Medidas de superfície

No sistema métrico decimal, a unidade fundamental para medir superfícies é o metro quadrado, cuja
representação é m2 . O metro quadrado é a medida da superfície de um quadrado de um metro de
lado. Como na medida de comprimento, na área também temos os múltiplos e os submúltiplos:

Múltiplos Unidade.fundamental Submúltiplos

km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2

1 000 10 100 m2 1 m2 0,01 m2 0,0001 m2 0,000001 m2


000 m2 000 m2

2.1 – Transformação de unidades de superfície

Analogamente à transformação de unidades da medida de comprimento, faremos para a medida de


área, porém para cada devemos multiplicar ou dividir por 102 e não 10. Veja os exemplos:

5 m2 = 5 x 102 dm2 = 500 dm2

3 km2 = 3 x 106 m2 = 3 000 000 m2

20 000 m2 = 20 000 x 10-6 km2 = 0,02 km2

obs. Quando queremos medir grandes porções de terra (como sítios, fazendas etc.) usamos
uma unidade agrária chamada hectare (ha).

O hectare é a medida de superfície de um quadrado de 100 m de lado.

1 hectare (há) = 1 hm2 = 10 000 m2

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Em alguns estados do Brasil, utiliza-se também uma unidade não legal chamada alqueire.

1 alqueire mineiro é equivalente a 48 400 m2.

1 alqueire paulista é equivalente a 24 200 m2.

3. Áreas das figuras geométricas planas

Constantemente no estudo de gráficos, precisamos determinar a área compreendida entre a curva e


o eixo-x. Daremos aqui as fórmulas, para o cálculo da área, das figuras mais utilizadas na Física.

4. Medidas de volume

No sistema métrico decimal, a unidade fundamental para medir volume é o metro cúbico, cuja abre-
viatura é m3 . O metro cúbico (m3) é o volume ocupado por um cubo de 1 m de aresta. Como nas
medidas de comprimento e de área, no volume também temos os múltiplos e os submúltiplos:

Múltiplos Unidade.funda- Submúltiplos


mental

km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

1 000 000 1000 1000 m3 1 m3 0,001 m3 0,000001 m3 0,000000001 m3


000 m3 000 m3

As mais utilizadas, além do metro cúbico, são o decímetro cúbico e o centímetro cúbico.

4.1 – Transformação de unidades de volume

Analogamente à transformação de unidades da medida de comprimento, faremos para a medida de


área, porém para cada devemos multiplicar ou dividir por 103 e não 10. Veja os exemplos:

8,2 m3 = 8,2 x 103 dm3 = 8 200 dm3

500 000 cm3 = 500 000 x 10-6 m3 = 0,5 m3

5. Medidas de capacidade

A unidade fundamental para medir capacidade de um sólido é o litro.

De acordo com o Comitê Internacional de Pesos e Medidas, o litro é, aproximadamente, o volume


equivalente a um decímetro cúbico, ou seja:

1 litro = 1,000027 dm3

Porém, para todas as aplicações práticas, simples, podemos definir:

1 litro = 1 dm3

Veja os exemplos:

1) Na leitura do hidrômetro de uma casa, verificou-se que o consumo do último mês foi de 36 m3.
Quantos litros de água foram consumidos?

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Solução: 36 m3 = 36 000 dm3 = 36 000 litros

2) Uma indústria farmacêutica fabrica 1 400 litros de uma vacina que devem ser colocados em ampo-
las de 35 cm3 cada uma. Quantas ampolas serão obtidas com essa quantidade de vacina?

Solução: 1 400 litros = 1 400 dm3 = 1 400 000 cm3


(1 400 000 cm3) : (35 cm3) = 40 000 ampolas.

5.1 – Outras unidades para medir a capacidade

São também utilizadas outras unidades para medir capacidade, que são múltiplos e submúltiplos do
litro:

Múltiplos Unidade.fundamental Submúltiplos

hectolitro decalitro litro decilitro centilitro mililitro

hl dal l dl cl ml

100 l 10 l 1l 0,1 l 0,01 l 0,001 l

Obs. 1) Não é usado nem consta da lei o quilolitro.

Obs. 2) Além do litro, a unidade mais usada é o mililitro (ml), principalmente para medir pequenos vo-
lumes, como a quantidade de líquido de uma garrafa, de uma lata ou de uma ampola de injeção.

5.1.1 – Transformação de unidades de capacidade

Observando o quadro das unidades de capacidade, podemos verificar que cada unidade de capaci-
dade é 10 vezes maior que a unidade imediatamente inferior, isto é, as sucessivas unidades variam
de 10 em 10.

Veja os exemplos:

1) Expressar 15 l em ml.

Solução: 15 l = (15 x 103) ml = 15 000 ml

2) Expressar 250 ml em cm3.

Solução: 250 ml = 0,25 l = 0,25 dm3 = 250 cm3

Unidades De Medida De Comprimento

De acordo com o SI (sistema internacional de medidas), o metro é considerado a unidade principal de


medida de comprimento, seguido de seus múltiplos e submúltiplos. Os múltiplos do metro são o quilô-
metro (km), hectômetro (hm) e decâmetro (dam) e os submúltiplos são decímetro (dm), centímetro
(cm) e milímetro (mm).

São estabelecidos alguns critérios de conversão, de acordo com a tabela a seguir:

À medida que as unidades seguem a orientação da direita, os valores são multiplicados por 10. E à

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

medida que seguem a orientação da esquerda, os valores são divididos por 10. Essa tabela de con-
versão existe para que as valores estejam sempre na mesma unidade. Vamos realizar as seguintes
transformações:

10 km em metros → 10 * 10 * 10 * 10 = 10 000 metros

7 hm em dam → 7 * 10 = 70 decâmetros

5 m em cm → 5 * 10 * 10 = 500 centímetros

10 cm em m → 10 : 10 : 10 = 0,1 metros

1000 m em km → 1000 : 10 : 10 : 10 = 1 quilômetro

1 m em hm → 1 : 10 : 10 = 0,01 hectômetro

2 hm em mm → 2 * 10 * 10 * 10 * 10 * 10 = 200 000 milímetros

5 mm em m → 5 : 10 : 10 : 10 = 0,005 metros

4 km em mm → 4 * 10 * 10 * 10 * 10 * 10 * 10 = 4 000 000 milímetros

Exemplo

Algumas medidas foram fornecidas à empresa responsável pela construção de casas populares. As
informações trazem as dimensões das casas em várias unidades de comprimento diferenciadas.
Faça a transformação das unidades de forma que as unidades fiquem padronizadas. Observe as di-
mensões das casas populares:

Casa 1

Comprimento: 120 dm
Largura: 700 cm

Casa 2

Comprimento: 0,8 dam


Largura: 90 dm

Casa 3

Comprimento: 10 000 mm
Largura: 0,009 km

Casa 4

Comprimento: 7 000 mm
Largura: 11 dm

Vamos realizar a conversão para a unidade padrão: o metro.

Casa 1

120 dm em m = 120 : 10 = 12 metros


700 cm em m = 700 : 10 : 10 = 7 metros

Casa 2

0,8 dam em m = 0,8 * 10 = 8 metros


9 dm em m = 90 : 10 = 9 metros

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Casa 3

10 000 mm em m = 10 000 : 10 : 10 : 10 = 10 metros


0,009 km em m = 0,009 : 10 : 10 : 10 = 9 metros

Casa 4

7 000 mm em m = 7 000 : 10 : 10 : 10 = 7 metros


110 dm em m = 110 : 10 = 11 metros

Conversão de Medidas de Superfície

As medidas de superfície estão diretamente ligadas ao nosso cotidiano, ao comprar um lote, pintar
uma parede, ladrilhar um piso ou azulejar uma parede, o primeiro fato que precisamos saber é a me-
dida da área das superfícies. Pelo SI (Sistema Internacional de Medidas), a unidade padrão usada
para expressar uma medida de área é o metro quadrado (m²). A área de uma superfície é calculada
através do produto entre o comprimento e a largura. Os múltiplos e submúltiplos do metro quadrado
(m²) são:

Múltiplos: quilômetro quadrado (km²), hectômetro quadrado (hm²), decâmetro quadrado (dam²).
Submúltiplos: decímetro quadrado (dm²), centímetro quadrado (cm²), milímetro quadrado (mm²).

As unidades de medidas de superfície podem aparecer em qualquer uma das unidades citadas, de
modo que podem ser transformadas de uma unidade para outra. Isso deverá ocorrer com base na ta-
bela de transformações demonstradas a seguir:

Transformando 2m² em cm² = 2 x 100 x 100 = 20 000 cm²


Transformando 1km² em m² = 1 x 100 x 100 x 100 = 1 000 000 m²
Transformando 3hm² em dm² = 3 x 100 x 100 x 100 = 3 000 000 dm²
Transformando 4km² em mm² = 4 x 100 x 100 x 100 x 100 x 100 x 100 = 4 000 000 000 000 mm²
Transformando 4m² em dam² = 4 : 100 = 0,04 dam²
Transformando 100cm² em m² = 100 : 100 : 100 = 0,01 m²
Transformando 35 000 000m² em km² = 35 000 000 : 100 : 100 : 100 = 35km²

Medidas Agrárias

As medidas agrárias estão relacionadas às áreas de terras e a unidade padrão é o hectare, que cor-
responde a 10 000 m². O alqueire também é muito utilizado, mas sua medida varia de acordo com
cada estado, observe:

Unidades de Medida

As unidades de medida são modelos estabelecidos para medir diferentes grandezas, tais como com-
primento, capacidade, massa, tempo e volume.

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O Sistema Internacional de Unidades (SI) define a unidade padrão de cada grandeza. Baseado no
sistema métrico decimal, o SI surgiu da necessidade de uniformizar as unidades que são utilizadas na
maior parte dos países.

Medidas de Comprimento

Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a jarda, a polegada e o pé.

No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atualmente ele é definido como o compri-
mento da distância percorrida pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de
um segundo.

Os múltiplos e submúltiplos do metro são: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decí-
metro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).

Medidas de Capacidade

A unidade de medida de capacidade mais utilizada é o litro (l). São ainda usadas o galão, o barril, o
quarto, entre outras.

Os múltiplos e submúltiplos do litro são: quilolitro (kl), hectolitro (hl), decalitro (dal), decilitro (dl), centi-
litro (cl), mililitro (ml).

Medidas de Massa

No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg). Um cilindro de platina


e irídio é usado como o padrão universal do quilograma.

As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), deci-
grama (dg), centigrama (cg) e miligrama (mg).

São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada
equivalente a 1000 kg.

Medidas de Volume

No SI a unidade de volume é o metro cúbico (m3). Os múltiplos e submúltiplos do m3 são: quilômetro


cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), decâmetro cúbico (dam3), decímetro cúbico (dm3), centímetro
cúbico (cm3) e milímetro cúbico (mm3).

Podemos transformar uma medida de capacidade em volume, pois os líquidos assumem a forma do
recipiente que os contém. Para isso usamos a seguinte relação:

1 l = 1 dm3

Tabela de conversão de Medidas

O mesmo método pode ser utilizado para calcular várias grandezas.

Primeiro, vamos desenhar uma tabela e colocar no seu centro as unidades de medidas bases das
grandezas que queremos converter, por exemplo:

Capacidade: litro (l)

Comprimento: metro (m)

Massa: grama (g)

Volume: metro cúbico (m3)

Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi
e mili correspondem respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente
a dez, cem e mil vezes a unidade fundamental.

Medida
Múltiplos Submúltiplos
Base

quilo (k) hecto (h) deca (da) deci (d) centi (c) mili (m)

quilolitro hectolitro decalitro decilitro centilitro mililitro


litro (l)
(kl) (hl) (dal) (dl) (cl) (ml)

quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro


(km) (hm) (dam) (m) (dm) (cm) (ml)

quilograma hectograma decagrama grama decigrama centigrama miligrama


(kg) (hg) (dag) (g) (dg) (cg) (mg)

quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro


cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
(km3) (hm3) (dam3) (m3) (dm3) (cm3) (mm3)

Exemplos

1) Quantos mililitros correspondem 35 litros?

Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade.
Lembrando que a medida pode ser escrita como 35,0 litros . A virgula e o algarismo que está antes
dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso é o litro.

kl hl dal l dl cl ml

3 5, 0

Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará
sempre atrás do algarismos que estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.

kl hl dal l dl cl ml

3 5 0 0 0,

Assim 35 litros correspondem a 35000 ml.

2) Transforme 700 gramas em quilogramas.

Lembrando que podemos escrever 700,0 g. Colocamos a vírgula e o 0 antes dela na unidade dada,
neste caso g e os demais algarismos nas casas anteriores

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kg hg dag g dg cg mg

7 0 0, 0

Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilo-
grama. A vírgula passa então para atrás do algarismo que está na casa do quilograma.

kg hg dag g dg cg mg

0, 7 0 0

Então 700 g corresponde a 0,7 kg.

3) Quantos metros cúbicos possui um paralelepípedo de 4500 centímetros cúbicos ?

Nas transformações de volume (m3), iremos proceder da mesma maneira dos exemplos anteriores.
Contudo, devemos colocar 3 algarismos em cada casa.

Escrevemos a medida como 4500,0 cm3.

km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

4 500, 0

Agora completamos com 3 algarismos cada casa até chegar a unidade pedida.

km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

000, 004 500

Encontramos que 4500 cm3 correspondem a 0,0045 m3.

E o Tempo?

A unidade de medida base do tempo no SI é o segundo (s). Atualmente o segundo é definido como o
tempo de duração de 9.192.631.770 vibrações da radiação emitida pela transição eletrônica entre os
níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.

Os múltiplos do segundo são o minuto, a hora e o dia. Essas medidas não são decimais, por isso
usa-se as seguintes relações:

1 minuto (min) = 60 segundos (s)


1 hora = 3 600 segundos (s)
60 minutos (min) = 1 hora (h)
24 horas (h) = 1 dia (d)

Os submúltiplos do segundo são:

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Décimo de segundo = 0,1 s ou 1/10 s


Centésimo de segundo = 0,01 s ou 1/100 s
Milésimo de segundo = 0,001 s ou 1/1000 s

Unidades de Medidas de Tempo

Dia, hora, minutos e segundos

Um dia é um intervalo de tempo relativamente longo, neste período você pode dormir, se alimentar,
estudar, se divertir e muitas outras coisas.

Muitas pessoas se divertem assistindo um bom filme, porém se os filmes tivessem a duração de um
dia, eles não seriam uma diversão, mas sim uma tortura.

Se dividirmos em 24 partes iguais o intervalo de tempo relativo a um dia, cada uma destas frações de
tempo corresponderá a exatamente uma hora, portanto concluímos que um dia equivale a 24 horas e
que 1/24 do dia equivale a uma hora.

Uma ou duas horas é um bom tempo para se assistir um filme, mas para se tomar um banho é um
tempo demasiadamente grande.

Se dividirmos em 60 partes iguais o intervalo de tempo correspondente a uma hora, cada uma destas
60 partes terá a duração exata de um minuto, o que nos leva a concluir que uma hora equivale a 60
minutos, assim como 1/60 da hora equivale a um minuto.

Dez ou quinze minutos é um tempo mais do que suficiente para tomarmos um bom banho, mas para
atravessarmos a rua este tempo é um verdadeiro convite a um atropelamento.

Se dividirmos em 60 partes iguais o intervalo de tempo relativo a um minuto, cada uma destas partes
terá a duração exata de um segundo, com isto concluímos que um minuto equivale a 60 segundos e
que 1/60 do minuto equivale a um segundo.

Das explicações acima podemos chegar ao seguinte resumo:

Conversões entre Unidades de Medidas de Tempo

O texto acima foi escrito por pura formalidade, pois todo mundo está cansado de saber que um dia
possui 24 horas e que um minuto possui 60 segundos, mas muitos se confundem quando querem
passar de uma unidade para outra, não sabem se dividem ou se multiplicam. Vamos raciocinar um
pouco em cima disto.

Como nós sabemos um dia é maior que uma hora, que é maior que um minuto, que é maior que um
segundo. Para realizarmos a conversão de uma unidade de tempo maior para uma unidade de tempo
menor, devemos realizar uma multiplicação.

Obviamente para transformarmos de uma unidade menor para uma unidade maior, devemos realizar
a operação inversa, ou seja, devemos realizar uma divisão.

Se você preferir apenas multiplicar, também pode seguir as instruções da tabela abaixo:

Tabela para Conversão entre Unidades de Medidas de Tempo

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Exemplos de Conversão entre Unidades de Medidas de Tempo

Converta 25 minutos em segundos

A unidade de tempo minuto é maior que a unidade segundo, já que 1 minuto contém 60 segundos,
portanto, de acordo com o explicado acima, devemos realizar uma multiplicação, mas devemos multi-
plicar por quanto?

Ora, devemos multiplicar por 60, pois cada minuto equivale a 60 segundos:

Visto que:

Então:

Sistema monetário brasileiro: problemas

O sistema monetário brasileiro é composto por regras e bancos comerciais e estatais responsáveis
pela circulação da moeda. Os sistemas monetários costumam ser de responsabilidade de cada país e
administrados como parte da política econômica nacional. No Brasil, a moeda vigente é o Real e o
banco responsável pela administração e produção de cédulas e notas é o Banco Central. Na Europa,
por exemplo, é diferente: existe um sistema transnacional que atende pelo nome de zona do euro,
pois vários países da mesma região compartilham da mesma moeda.

O sistema monetário brasileiro, tal como os demais em todo o mundo, é organizado em torno de dois
componentes: moeda de conta e moeda de pagamento ou real/ideal. O sistema de moeda de conta
não existe materialmente, isto é, serve apenas como unidade de cálculo, por meio do qual é anunci-
ado o valor dos produtos ou serviços. Quando se diz que um sorvete custa R$ 2 estamos fazendo
uso da moeda enquanto conta. Já a moeda de pagamento ou real/ideal é a que serve como interme-
diária nas operações, de fato, e é composta por espécies metálicas e notas. Ou seja, no exemplo
acima, uma nota de R$ 2, ou duas moedas de R$ 1, oito de R$ ,025 e assim por diante.

Parte desse sistema bancário, os bancos comerciais e estatais têm a capacidade de criar a chamada
moeda escritural (saldo em conta corrente com depósitos à vista), o que permite a realização de tran-
sações sem necessidade da utilização de moeda em espécie. A moeda escritural só existe mediante
a autorização do Banco Central.

Para o funcionamento da economia, os bancos têm um papel dos mais importantes. O Banco Central
é responsável por emitir o papel-moeda e controlar a liquidez, ou seja, controlar a velocidade e facili-
dade com as quais um ativo (bens, valores, etc.) pode ser convertido em caixa. Já os banqueiros “sal-
vam” instituições bancárias em última instância, quando estão a correr perigo e quebrar. Foi o que
aconteceu em algumas delas durante a crise econômica de 2008.

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Para se ter uma ideia sobre a importância de um sistema monetário, a Grécia, por exemplo, que
passa por uma grave crise financeira, manteve seus bancos fechados por vários dias. O motivo era
um só: se todos os correntistas decidissem sacar seus recursos de uma vez, as instituições não te-
riam dinheiro suficiente para pagá-los. O Banco Central grego não possui dinheiro para salvar todos
os bancos comerciais de lá. Ou seja, a tal da liquidez.

Perímetros de Figuras Planas

Os perímetros de figuras planas indicam o valor da medida do contorno da figura. Ou seja, o con-
ceito de perímetro corresponde à soma de todos os lados de uma figura geométrica plana.

Principais Figuras Planas

Triângulo: figura plana formada por três lados e ângulos internos. De acordo com a medida dos la-
dos eles podem ser:

Triângulo Equilátero: lados e ângulos internos iguais (60°);

Triângulo Isósceles: dois lados e dois ângulos internos congruentes;

Triângulo Escaleno: todos os lados e ângulos internos são diferentes.

E, de acordo com a medida dos ângulos, eles são classificados em:

Triângulo Retângulo: um ângulo interno de 90°;

Triângulo Obtusângulo: dois ângulos agudos internos (menor que 90°), e um ângulo obtuso interno
(maior que 90°);

Triângulo Acutângulo: três ângulos internos menores que 90°.

Quadrado: figura plana formada por quatro lados congruentes (mesma medida). Possui quatro ângu-
los internos de 90° (ângulos retos).

Retângulo: figura plana formada por quatro lados, donde dois deles são menores. Também possui
quatro ângulos internos de 90°.

Círculo: figura plana que também é chamada de disco. É formado pelo raio (distância entre o centro
e a extremidade da figura) e o diâmetro (segmento de reta que passa pelo centro e vai de um lado ao
outro da figura.

Trapézio: figura plana formada por quatro lados. Apresenta dois lados e bases paralelas, sendo uma
menor e outra maior. De acordo com a medida dos lados e ângulos eles são classificados em:

Trapézio Retângulo: possui dois ângulos de 90º;

Trapézio Isósceles ou Simétrico: os lados não paralelos possuem a mesma medida;

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OPERAÇÕES FARMACEUTICAS

Trapézio Escaleno: todos os lados possuem medidas diferentes.

Losango: figura plana formada por quatro lados iguais. Possui lados e ângulos opostos congruentes
e paralelos.

Perímetro e Área de Figuras Planas

É comum haver confusão entre o conceito de área e perímetro. No entanto, a área é a medida da su-
perfície de uma figura plana. Já o perímetro é soma das medidas dos lados da figura.

Fórmulas dos Perímetros

Para calcular cada uma das figuras planas apresentadas acima, utilizam-se as seguintes fórmulas:

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FARMACOTÉCNICA

Farmacotécnica

trata-se de uma parte da farmacologia que cuida das drogas, transformando-se nas várias formas far-
macêuticas utilizadas na prevenção, diagnóstico e cura das doenças. Esta transformação visa a ad-
ministração, assegurando uma perfeita eficácia terapêutica e conservação.

Formas Farmacêuticas

são também designadas por formas galênicas ou formas medicamentosas. Exemplos: pós, comprimi-
dos, xaropes, pomadas, colírios, supositórios, etc.

São o resultado de várias operações a que se submetem as substâncias medicamentosas a fim de


facilitarem a sua posologia, administração, mascarar os caracteres organolépticos e assegurar a ação
desejada.

Atualmente a farmacotécnica é subsidiada por outras ciências fundamentais, como a física, a quí-
mica, e a botânica; e de ciências de aplicação como a farmacognosia e a farmacodinâmica. Sendo
assim, ela própria se constitui em uma ciência de aplicação, libertando-se cada vez mais do empi-
rismo que a caracterizou no passado.

Após um período de tempo mais ou menos longo, dependente do processo de conservação, o medi-
camento passa a perder progressivamente a sua atividade. Na prática, considera-se que um medica-
mento perdeu a sua validade quando foram destruídos mais de 10 ou 15% dos seus princípios ativos.
O período durante o qual a destruição se processou até aquele limite é conhecido com prazo de vali-
dade.

Por este motivo os medicamentos devem ser verificados de modo a garantir a sua potência inicial e a
determinar-se qual o grau de destruição dos seus princípios ativos com o passar do tempo.

Compete à farmacotécnica estudar a forma farmacêutica mais adequada e o melhor meio de se con-
servar os medicamentos, de modo a prolongar, na medida do possível, o seu período de utilização.

Objetivo: preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos, dosados com exatidão e


apresentados sob uma forma que facilite a sua administração.

Evolução Histórica da Farmacotécnica

farmácia galênica: termo introduzido no século xvi, que significava a “farmácia dos medicamentos
complexos”, que pretendia se opor ao termo “farmácia química” ou ”ramo farmacêutico” que se ocu-
pava da preparação de medicamentos contendo substâncias quimicamente definidas.

Medicamento complexo: resultado da transformação dos produtos naturais em preparações farma-


cêuticas com possibilidade de administração. Porém se esta transformação originasse uma substân-
cia quimicamente definida, designava-se medicamento químico.

O termo “farmácia galênica” representa uma homenagem ao médico-farmacêutico, claudius galenus,


que viveu em roma no século ii de nossa era. Fixou-se em roma no império de marco aurélio a fim de
controlar a peste.

Durante muitos anos as substâncias medicamentosas existentes eram exclusivamente de natureza


animal, vegetal ou mineral. Posteriormente, com o isolamento dos princípios ativos, o homem teve a
tentação de começar a substituí-los.

Razões de ordem econômica e a facilidade de preparação têm levado à substituição quase que siste-
mática das antigas fórmulas pelos seus componentes principais isolados ou por síntese.

As tendências mais recentes da farmacotécnica a serviço da preparação, maior eficácia terapêutica e


segurança podemos citar a biofarmácia e a farmácia clínica.
Biofarmácia: determina as relações entre as propriedades físico-químicas dos fármacos, forma de ad-
ministração e os efeitos biológicos observados.

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FARMACOTÉCNICA

Farmácia clínica: com o aparecimento de novos fármacos, cada vez mais potentes, obriga a cuidados
particulares no que diz respeito às incompatibilidades físicas, químicas e biológicas a que podem dar
origem.

A farmacovigilância atua a nível ambulatorial ou hospitalar, “competindo-lhe toda a atividade tendente


a obter indicações sistemáticas sobre ligações de causalidade provável entre medicamentos e rea-
ções adversas”. (oms; 1972).

Observa-se assim a evolução natural da farmácia galênica, que, de arte servindo-se do empirismo,
passou a ciência complexa e multifacetada, começando a ser encarada e orientada em bases com-
pletamente novas, em que a preparação do medicamento nunca pode ser apreciada independente-
mente do fim a que se pretende.

Medicamento e Remédio

a palavra remédio é empregada num sentido amplo e geral, sendo aplicada a todos os meios utiliza-
dos com o fim de prevenir ou de curar as doenças. Deste modo, são remédios não só os medicamen-
tos, mas também os agentes de natureza física ou psíquica a que se recorre na terapêutica.

Exemplos de agentes físicos: climatoterapia, radioterapia, termoterapia, cinesisterapia, eletroterapia.


Exemplos de agentes psíquicos: ação psicológica desempenhada pelo método ou pelo psicólogo
junto ao paciente. Pode ir desde a simples confiança que lhe traz calma e bem-estar até mesmo à
psicanálise.

Observação: medicamentos utilizados com fins diagnósticos não podem ser considerados remédios,
já que esta palavra implica as ideias de profilaxia ou de cura.

Medicamento, alimento e veneno

dependendo das circunstâncias e da quantidade administrada, um dado medicamento pode tornar-se


um veneno, ou um alimento pode funcionar como agente de cura.

Classificação dos medicamentos

como se sabe a palavra medicamento indica uma droga ou uma preparação com drogas de ação far-
macológica benéfica, quando utilizada de acordo com suas indicações e propriedades.

Medicamento simples - aqueles preparados a partir de 1 único fármaco. Ex.: xarope de vitamina c,
pomada de cânfora.

Medicamento composto - são aqueles preparados a partir de vários fármacos. Ex.: a) injetável de pe-
nicilina g + estreptomicina. Ex.: b) comprimido de ácido salicílico + cafeína.

Medicamento de uso externo - são aqueles aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas facil-
mente acessíveis ao exterior. Ex.: cremes de calêndula, shampoo de piritionato de zinco.

Medicamentos de uso interno - são aqueles que se destinam à administração no interior do orga-
nismo por via bucal e pelas cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvido, olhos, etc.).
Medicamentos oficiais - são aqueles oficializados nas monografias presentes nas farmacopéias.

Medicamentos oficinais - são aqueles preparados na própria farmácia, de acordo com normas e do-
ses estabelecidas por farmacopéias ou formulários e com uma designação uniforme. Ex.: tintura de
iodo, elixir paregórico.

Medicamentos especializados de especialidades farmacêuticas - são medicamentos de fórmula co-


nhecida, de ação terapêutica comprovável, em forma farmacêutica estável, embalado de modo uni-
forme e comercializado com um nome convencional. A especialidade farmacêutica é industrializada e
sua fabricação obedece a regulamento de natureza governamental. Ex.: comprimidos de aspirina.

Medicamento magistral - são aqueles medicamentos prescritos pelo médico e preparados para cada

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FARMACOTÉCNICA

caso, com indicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma farmacêutica e da maneira de


administração.

Medicamento placebo - são substâncias ou preparações inativas administradas para satisfazer a ne-
cessidade psicológica do paciente de tomar drogas.

Medicamentos alopáticos - são aqueles que tratam as doenças produzindo uma condição de antago-
nistas; incompatíveis com o estado patológico a ser tratado. “cura provocando uma ação diferente no
corpo”.

Medicamentos homeopáticos - são aqueles que promovem uma condição semelhante com o estado
patológico a ser tratado. “tratam o indivíduo, e não a doença em primeiro lugar.”

Fórmula ou formulação

representa o conjunto dos componentes de uma receita prescrita pelo médico, ou então a composi-
ção de uma especialidade farmacêutica.

Componentes de Uma Formulação

em uma fórmula complexa o médico pode indicar além dos componentes ativos, os componentes
inertes que devem entrar na formulação (adjuvantes).

Adjuvantes - fármacos auxiliares. Pode exercer um efeito solubilizante, conservante, edulcorante, aro-
matizante. Em regra geral, não modificam o efeito farmacológico dos princípios ativos.

Veículo ou excipiente - são destituídos de atividade e têm como função dar corpo aos fármacos, dilu-
indo-os à concentração conveniente ou proporcionando maior facilidade de administração. Obs.:

veículo (líquido)

excipiente (sólido).

Farmacopeias

código farmacêutico oficial inscrito com a finalidade de regulamentar e impri9mir rigor científico e uni-
formidade às práticas farmacêuticas, selecionando técnicas e métodos que sirvam de norma legal à
preparação, caracterização, ensaio e doseamento das matérias primas empregadas e dos produtos
acabados.

Histórico

• farmacopéias regionais nem sempre oficializadas (séc. Xviii).

• farmacopéias nacionais oficiais (fim do séc. Xviii e início do séc. Xix).

• brasil adotou a farmacopéia portuguesa até a independência.

• adotou a farmacopéia francesa até que a brasileira fosse publicada farmacopeias brasileiras

1ª. Edição (1926)

2ª. Edição (1959)

3ª. Edição (1976)

4ª. Edição (1988)

5ª. Edição (2010)

6ª. Edição (2022)

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FARMACOTÉCNICA

todas as farmacopéias possuem “métodos gerais” preconizados e em seguida as monografias; com


exceção da 4ª. Edição que contém apenas as generalidades e métodos gerais de análise. Não possui
monografias de matérias primas e especialidades farmacêuticas.

Vigência em todo o território nacional.

Formulários

ao lado das farmacopéias existem os formulários de índole galênica, oficializados em muitos países e
dotados de caráter nacional, ou restritos a determinados serviços.

Em alguns países da américa do norte e na grã-bretanha, a publicação dos formulários nacionais é


acompanhada das respectivas farmacopéias.

Nos e.u.a têm sido publicados, regularmente diversos formulários nacionais. O último national formu-
lary xxii, foi oficializado juntamente com a revisão da usp xxii.

No brasil também têm sido publicados alguns formulários, com exemplo o formulário homeopático
brasileiro.

Droga - produto simples ou complexo que poderá ser utilizado como matéria prima para o uso farma-
cêutico, podendo este ser de origem vegetal, mineral ou animal. Ex.: mel, cera de abelha, fenol, sul-
fato de cobre, beladona.

Fármaco - todas as drogas utilizadas em farmácia e dotadas de ação farmacológica ou, pelo menos
de interesse médico. Poderíamos dizer então, que o conceito de droga abrange o de fármaco ou que
o fármaco é um tipo especial de droga.

Medicamento - “toda a substância que administrada convenientemente ao organismo enfermo possa


aliviar ou curar o seu estado patológico.”

“qualquer substância simples ou complexa que aplicada no interior ou no exterior do corpo do homem
ou do animal possa produzir efeito curativo ou preventivo”.

“toda a substância ou conjunto de substâncias que se administrem com fins terapêuticos.”

Remédio - são todos os meios utilizados com o fim de prevenir ou de curar as doenças.

Receita Médica

recipe (latim) - conjunto de indicações escritas pelo médico ou veterinário ao farmacêutico, para a
preparação e entrega de um medicamento. Usualmente comporta também instruções para o paciente
quanto ao modo de administração ou uso do medicamento prescrito.

Conteúdo de uma receita

nome do paciente, fármacos utilizados e suas quantidades, forma farmacêutica pretendida, indicação
quanto à administração do medicamento, nome, endereço e assinatura do médico.

O médico deverá indicar de forma explícita, qual o fármaco ou os fármacos constituintes e qual a sua
quantidade. Se em um ou mais casos ultrapassar as doses consideradas máximas, deverá demons-
trar que têm plena consciência de fato, escrevendo por extenso e sublinhando as quantidades preten-
didas.

Depois de indicar a composição pretendida, o médico menciona a forma farmacêutica desejada. Algu-
mas vezes as quantidades indicadas referem-se a várias unidades galênicas. Ex.: 12 papéis, 5 supo-
sitórios, 6 comprimidos.

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FARMACOTÉCNICA

Outras vezes menciona-se o quantitativo para uma unidade indicando-se depois, o número de unida-
des pretendidas. Ex.: 1 cápsula.

Em certos casos, o médico inclui, nesta parte da receita, a abreviatura f.s.a. (faça segundo a arte).

O médico deve mencionar na receita o modo e a freqüência de administração do medicamento.


Quando este for destinado ao uso externo, deverá assinalar o fato.

Ao farmacêutico competente incluir no rótulo do medicamento que dispensa, algumas indicações au-
xiliares. Ex.: colheres de sopa, café, sobremesa, para gargarejo; uso ocular; para inalação; para fric-
ção; agite antes de usar.

O nome, endereço e assinatura do médico devem constar na receita, de modo a garantirem-lhe sua
autenticidade.

Administração de medicamentos

o efeito de um medicamento depende da quantidade de substancia que penetra no organismo, po-


dendo atuar localmente no local de sua aplicação ou ser absorvido de modo a que atinja os órgãos e
tecidos, cuja resposta é pretendida.

1 - medicamentos tópicos e locais:

de uso tópico - são aqueles que se aplicam externamente, sobre uma região limitada do corpo, não
proporcionando absorção sistêmica dos seus constituintes. Ex.: pomada de ácido salicílico, colírio de
sulfato de zinco.

De uso local - são aqueles que desempenham sua ação em uma zona específica do organismo. Ex.:
subnitrato de bismuto em pó (uso oral). Não é absorvido, atua localmente, protege a mucosa gástrica
e duodenal. Ex.2: antibióticos, anti-helmínticos; atuam localmente no intestino. Atividade antibacteri-
ana ou vermicida.

Tópica

Efeito local.
A substância é administrada exatamente no local onde ela fará aação esperada.

Algumas formas farmacêuticas mais comumente usadas para efeito local são:
- pomadas (utiliza-se base oleosa).

- cremes (utiliza-se base aquosa).

- gel (utiliza-se base à álcool, pois o álcool evapora e o fármaco pode penetrar ainda mais inteiro).

- spray.

- solução como: colírios, gota nasal, gota otológica (para o ouvido).

Enteral

Efeito sistêmico (não local).


Substância entra na corrente sanguínea, que a transporta e deixa agir pelo organismo até chegar ao
local que vai exercer a ação esperada.
Recebe-se a substância por alguma parte do tubo gastrointestinal.

Via oral:

Aceita pela população por não ser invasiva. Comodidade por poder ser feita a administração sozinho.
Também por essas vantagens, acaba sendo a via com mais erros de administração de todas, como
erros de horários.

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FARMACOTÉCNICA

É considerada uma via segura, já que tem possibilidade de reversão caso ocorra excesso de inges-
tão, pois há a possibilidade de lavagem gástrica.

É uma via em que ocorre a biotransformação de primeira passagem (ou efeito de primeira passa-
gem). Logo quando absorvido o fármaco para o sangue, ele não entra na circulação sistêmica, mas
sim na circulação portal.
É então levado diretamente ao fígado que biotransforma parte dele, antes dessa dose poder chegar
ao local de ação e exercer o efeito.

O fígado é considerado o principal local de metabolização (órgão com maior quantidade de enzimas),
depois que o fármaco passa por ele, a parte metabolizada (transformada em outra substância) e a
parte de fármaco ainda que não foi metabolizado, caem na circulação sistêmica.
Dessa vez na corrente sanguínea, a parte do fármaco que fará ação desejada irá ser levada por todo
o corpo, podendo chegar até o local onde fará o efeito pretendido.

Alguns fármacos podem ser absorvidos no estômago, mas o principal local de absorção é no duo-
deno, devido a maior superfície (microvilosidades que as células do intestino apresentam).

A presença de alimentos no estômago pode retardar o esvaziamento gástrico, levando a degrada-


ção do fármaco pelo ph baixo do ácido clorídrico, deixando a dosagem de fármaco restante insufici-
ente para a absorção.

Fármacos como a penicilina são mais instáveis em meios ácidos sendo facilmente degradados. O re-
vestimento entérico do fármaco é um alternativa para que ele suporte a passagem pelo estômago,
além de poder evitar irritação gástrica.

* formas farmacêuticas de administração oral são:

- comprimidos (pó prensado).

- drágeas: comprimido revestido com sacarose (tira o gosto ruim e protege o fármaco).
- cápsula: o envoltório protege o fármaco do suco gástrico.

- xarope: formulação a base de açúcar (para conservar).

- solução oral: fármaco dissolvido em líquido/solvente, normalmente água. Gotas orais, fracos meno-
res.

- suspensão: partículas sólidas dispersas em um líquido (forma-se fases).

- emulsão: partículas líquidas dispersas num líquido que não se misturam (forma-se fases). Como
óleo na água.

- elixir: preparação a base de álcool.

Via retal:

Não é uma via aceita pela população.

É considerada a substituta da via oral. Para caso de vômito, paciente desacordado, entre outros.

Não é uma via invasiva.

Ocorre maior irregularidade de absorção, dificultando o cálculo de dosagem (quantidade de fármaco


na corrente sanguínea), pois no reto existem uma grande quantidade de vasos sanguíneos.
Alguns desses vasos levam o fármaco direto para a circulação sistêmica e uma parte deles podem
levar para a circulação portal, onde ainda parte desse fármaco sofrerá efeito de primeira passa-
gem no fígado.

* formas farmacêuticas que podem ser administradas via retal:

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FARMACOTÉCNICA

- supositório.

- enemas (líquido).

- solução retal (líquido).

Via sublingual:

Via mais rápida que a oral.

Não é invasiva.

Não ocorre efeito de primeira passagem, sabendo-se então com mais precisão a dosagem de fár-
maco.

Têm rápido acesso a veia cava do coração (onde vários fármacos de administração sublingual agem).

Exemplo a nitroglicerina quando administrada por via onde ocorreefeito de primeira passagem, é mais
de 90% depurada, por isso é administrada por via sublingual.

Parenteral

Efeito sistêmico (não local).


Substância entra na corrente sanguínea que a transporta pelo organismo até chegar ao local que vai
exercer a ação esperada.
Recebe-se a substância por qualquer outro meio que não seja pelo trato digestivo.

Via intravascular:

É a via mais rápida, pois não ocorre absorção. A substância é administrada diretamente na corrente
sanguínea.

Possibilita saber exatamente a quantidade de fármaco na corrente sanguínea, sua total biodisponibili-
dade.

Não pode ser administrado substâncias oleosas.

Evita o efeito de primeira passagem, mas o fármaco administrado não pode ser retirado por carvão
ativado ou êmese em caso de administração de altas doses, pode causar hemólise em caso de inje-
ção muito rápida e pode haver introdução de micro-organismos junto.

* formas farmacêuticas para fazer administração de fármacos por via endovenosa:

- injetável: é a forma de administração mais perigosa por ser um procedimento invasivo, e nesse caso
ainda, agir na hora e haver menor possibilidade de reversão.

Via intramuscular, subcutânea e intradérmica:

A via intramuscular é a administração da substância em uma camada mais funda, mas onde ainda
teria que haver absorção para a corrente sanguínea, mas por ser em uma camada mais profunda, a
intramuscular, essa absorção ocorre mais rápida.

Normalmente é utilizado solução aquosa onde a absorção é maisrápida, pois a medida que o veí-
culo se difunde para fora do músculo o fármaco que estava suspenso precipita e se dissolve entrando
nas células. Mas para difusões lentas com efeitos prolongados usa-se veículos não aquosos.

A subcutânea além de uma administração, injeção da substância em uma camada intermediária tem
velocidade de absorção também mediana em comparação as outras duas.

É utilizada muitas vezes para administração de fármacos como alidocaína que é um anestésico e

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junto se aplica doses de mínimas de adrenalina, visando seu efeito vasoconstritor, dificultando a ab-
sorção e mantendo a lidocaína mais tempo fazendo seu efeito deanestésico local.

E a intradérmica seria na parte mais externa e é a que a absorção é mais demorada.

* formas farmacêuticas para administração de fármacos por essas vias:

- injetável.

Via pulmonar:

É a via onde ocorre a absorção mais rápida. Essa absorção ocorre pela mucosa respiratória.

O início de efeito por essa via também ocorre bastante rápido, devido a sua rápida absorção, só não
é a via de efeito mais rápido porque perde para a via intravascular (endovenosa).

Pode ocorrer administração de fármacos por inalação considerados de uso tópico, pois o local da
ação desse fármaco seria o próprio pulmão. Como em medicamentos para asma.

* formas farmacêuticas de administração pela via pulmonar:

- gás (como gás anestésico).

Via transdérmica:

Local de administração é sobre a pele ou mucosas e o local de ação será sistêmico.

Absorção e efeito demorado e prolongado.

* formas farmacêuticas:

- adesivos como os de nicotina e anticoncepcionais.

- pomada anticoncepcional.

As boas práticas no armazenamento de medicamentos

O armazenamento e distribuição de medicamentos são etapas do ciclo da assistência farmacêutica,


ciclo este orientado pelo ministério da saúde a ser norteador na realização das etapas de seleção,
programação, aquisição, distribuição e dispensação, com suas interfaces todas voltadas para à sa-
úde. A postagem de hoje ficará apenas com uma etapa que é o entremeio da aquisição e distribuição:
o armazenamento dos medicamentos.

Sabendo que todo produto médico contém uma perspectiva de resolução de grande parte dos proble-
mas de saúde, sua preservação deve ser garantida desde o início de sua produção até o momento de
aplicação no paciente. Sendo assim, as condições de estoque tais como temperatura, armazena-
mento em ambientes controlados e por fim transporte, devem ser adequados garantindo a qualidade
dos medicamentos dentro de seus padrões ideais.

As boas práticas de armazenamento dos medicamentos são indispensáveis para a preservação de


todo e qualquer fármaco de natureza perecível. Manter a estabilidade dos medicamentos durante sua
produção, distribuição e armazenamento é fundamental para garantir sua eficácia, reduzir perdas e
por fim controlar problemas na saúde.

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FARMACOTÉCNICA

Atividades de armazenamento

Em resumo, o armazenamento nada mais é do que um conjunto de procedimentos técnicos e admi-


nistrativos que envolvem seis grandes atividades, que são:

• Recebimento de medicamentos: examinar e conferir os medicamentos detalhadamente, observando


as informações contidas nas embalagens dos produtos, bem como seu documento de solicitação.

• Estocagem: organização dos medicamentos em espaço pré-estabelecido, a fim de obter segurança


e rapidez na retirada., sem esquecer das

• Segurança: proteção do medicamento armazenado, em especial contra danos físicos, furtos e rou-
bos.

• Conversação: manter a estabilidade dos medicamentos a fim de preservar as características físico-


química dos medicamentos (evitar falhas na cadeia do frio, por exemplo).

• Controle de estoque: registro de entrada, saída e estocagem de medicamentos.

• Entrega: medicamentos devem chegar ao paciente com a garantia de condições adequadas de


acordo com a necessidade de cada item armazenado.

A estabilidade dos medicamentos

É sabido que, infelizmente, todo medicamento sofre alterações. Também sabemos que essas altera-
ções podem levar a perda total ou parcial das propriedades medicamentosas, podendo chegar até ao
estágio de toxicidade maior que a do produto original. Portanto, entende-se que estabilidade é o perí-
odo no qual o medicamento mantém suas características físicas, químicas e farmacológicas. Esse
período de “vida útil” inicia-se na fabricação do mesmo e deve vir detalhado na embalagem. A estabi-
lidade dos medicamentos pode ser classificada em:

• Química: substância(s) ativa(s) do medicamento, importante manter a integridade e intensidade ori-


ginal, conforme declaração no rótulo.

• Física: entende-se por propriedade física a aparência, cor, sabor, odor, ph, viscosidade, dureza, uni-
formidade, etc. E essas deverão permanecer inalteradas.

• Microbiológica: medicamentos deverão continuar com a sua eficácia original, tornando-os esté-
reis ou resistentes ao crescimento de microrganismos sem afetar sua função.

• Terapêutica: deve-se manter a atividade terapêutica do medicamento inalterada.

• Toxicológica: a toxicidade dos medicamentos deverá se manter extremamente baixa ou inalterada.

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Fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam os medicamentos

Os principais fatores que afetam a estabilidade dos medicamentos podem ser divididos em duas
grandes áreas. São fatores intrínsecos e extrínsecos.

Os fatores intrínsecos estão relacionados ao processo de fabricação do medicamento, são procedi-


mentos, métodos, técnicas, equipamentos, envase, embalagens, princípios ativos, princípios inativos
(conservantes, corantes, aromatizantes), interações entre fármacos e solventes, ph do meio, tamanho
das partículas, alteração nos aspectos físicos e incompatibilidades.

Mas esses fatores cabem à indústria farmacêutica geri-los, por isso a anvisa constantemente analisa,
avalia e estuda as boas práticas (bpx) das mais diversas situações, como por exemplo a bpl, ou me-
lhor, as boas práticas de laboratório. A perda dessa bpl pode causar diversos danos à indústria, inclu-
sive o seu fechamento quando não atendidas as considerações.

Já os fatores extrínsecos estão todos relacionados às condições ambientais e que dentro de um ar-
mazém podem ser controlados e principalmente, monitorados. Abaixo há uma descrição completa so-
bre cada um deles, que são:

• Temperatura: é a responsável direta pelo maior número de alterações e/ou deteriorações nos medi-
camentos. Temperaturas fora do padrão pré-estabelecido não são indicadas, porque aceleram a indu-
ção de reações químicas e a decomposição dos medicamentos, alterando sua eficácia.

Importante: para o controle de temperatura é necessário a utilização de termômetros nas áreas de


estocagem, com registros diários em mapas de controle, registro mensal consolidado, elaboração de
relatórios, com gráficos demonstrativos, para correção de eventuais anormalidades (ou obter tudo
isso dentro de uma única plataforma de serviço, sensorweb ;).

• Umidade: o alto índice de umidade no ambiente pode afetar a estabilidade dos medicamentos (de-
pendendo da sua forma), favorecendo também o crescimento de fungos e bactérias no produto, cau-
sando possíveis reações químicas.

• Luminosidade: o ambiente onde serão armazenados os medicamentos deverá, de preferência, ter


uma iluminação natural adequada ou iluminação artificial com lâmpadas florescentes. Se por acaso,
os raios solares estiverem diretamente sobre os medicamentos, haverá a aceleração de reações quí-
micas, adulterando a estabilidade dos mesmos.

• Manuseio: fator crítico dos medicamentos, pois uma vez que seu manuseio seja inadequado. Aqui
incluí-se também o transporte dos mesmos (nós já levantamos dicas sobre o transporte de vacinas).
Toda a equipe, incluindo os motoristas, deve ser consciente dos itens que transportam, devem
ter treinamento adequado quanto ao manuseio e transporte adequado dos medicamentos.

• Ventilação: a circulação do ar no ambiente de armazenagem deve ser mantida para conservar bem
os produtos. Em caso de temperaturas naturais, a estocagem deve ter espaçamento adequado entre
os produtos e o local deve ter janelas ou elementos vazados que facilitem a ventilação natural. Já os
ambientes com temperaturas abaixo ou acima da ambiente (câmaras e estufas) faz-se necessário
uma boa distribuição dos medicamentos nesses espaços para que ocorra a circulação correta do ar
(quente ou frio).

Pensando nesses fatores extrínsecos e nas consequências (em caso de um armazenamento não
qualificado) que eles podem ocasionar aos medicamentos é que pesquisamos algumas formas ou
métodos simples para se levar em conta na hora de armazenar os medicamentos.

Onde estocar os medicamentos?

A estocagem dos medicamentos é totalmente dependente da dimensão, do volume de produtos exis-


tentes para serem estocados, do espaço disponível e das condições de conservação que são exigi-
das de cada item. Os principais equipamentos que podem ser utilizados para armazenar medicamen-
tos são:

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FARMACOTÉCNICA

Estrados/pallets

São plataformas horizontais de tamanhos variados e de fácil manuseio, são ideias para movimenta-
ção de grandes volumes. Podem ser de inúmeros tipos de materiais, tais como madeira, plástico, bor-
racha e alumínio. Os de madeira são os mais utilizados, porém estes absorvem bastante umidade e
poeira (itens prejudiciais, como já falamos acima), por isso, algumas empresas tem trocado pelos es-
trados de borracha. Além disso os de borracha são mais fáceis de limpar e podem possuir uma diver-
sidade de cores criando “setores mais fáceis” de serem identificados.

Prateleiras

É meio de armazenamento mais econômico e simples também. Sua utilização é direcionada para pro-
dutos leves e estoques reduzidos. As prateleiras devem manter determinada distância das paredes e
do teto, a fim de evitar zonas de calor e facilitar a circulação interna do ar. Outro detalhe importante é
sobre o empilhamento dos medicamentos, deve-se obedecer as recomendações dos fabricantes
quanto ao limite de peso e quantidade de volumes a serem empilhados (normalmente essa informa-
ção consta na caixa). Os produtos empilhados devem ser amarrados conforme orientação da em-
presa e também devem ter uma distância entre eles, as paredes e o teto. Tudo para manter a estabili-
dade do medicamento.

Armários

Em geral os armários são recomendados para o armazenamento de medicamentos de controle espe-


cial, conforme a portaria, 344/98.

Como armazená-los?

Para que o armazenamento seja eficiente, os medicamentos devem ser distribuídos de maneira facili-
tadora a seu acesso, identificação, manuseio e controle. Além disso tudo, a distribuição deles deverá
ser clara para que operações como inventário e balanços possam ocorrem com maior facilidades. As
possíveis formas de armazenamento são:

Ordem Alfabética

Baseia-se no nome genérico do produto, é muito útil, pois permite ao operador estabelecer uma se-
quência na tomada de pedidos e também no trabalho de contagem.

Forma Farmacêutica

Baseia-se na organização conforme a forma farmacológica do produto. Além de contribuir com a raci-
onalização do espaço, evita erros na contabilização e no despacho do produto.

Grupo Terapêutico

Esse modelo organiza os medicamentos por seus grupos terapêuticos. É muito utilizada e auxilia no
controle de inventários, pois cobre um amplo número de produtos de uma mesma classe.

Alfanumérico

Utiliza um sistema de sinalizações nas áreas, prateleiras e estrados. É indicado para grandes quanti-
dades, galpões por exemplo. Usar esse modelo de armazenamento exige muita atenção nos registros
para que cada item seja colocado no seu devido local.

O armazenamento é uma parte do ciclo da cadeia farmacêutica, onde a finalidade é garantir a quali-
dade dos medicamentos por meio de uma estocagem adequada. A boa conservação dos medica-
mentos gera credibilidade das indústrias farmacêuticas com seu consumidor final, o paciente. Um erro
de armazenamento pode causar danos sérios à indústria, distribuidora ou até ao hospital (em sua far-
mácia central).

Os medicamentos quando vão para os galpões, podem ficar por tempo indeterminado ali e para que
os mesmos fiquem estáveis, faz-se necessário analisar todo o ambiente a qual ele ficará. Se todo o
processo de produção e transporte ocorrerem de maneira eficiente, caberá então ao armazenamento

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FARMACOTÉCNICA

manter todo o controle de qualidade para que pacientes recebam os medicamentos dentro de sua es-
tabilidade e funcionalidade ideais.

Semiotécnica ii – estudo dirigido

Cálculo de medicamentos

Para preparar e administrar medicamentos, é preciso considerar 11 saberes, segundo figueiredo et al


(2003, p.173):

• Saber quem é o cliente;

• Saber quais são suas condições clínicas;

• Saber seu diagnóstico;

• Saber qual é o medicamento;

• Saber as vias;

• Saber as doses;

• Saber calcular;

• Saber as incompatibilidades;

• Saber sobre interações medicamentosas, ambientais, pessoais e alimentares;

• Saber sentir para identificar sinais e sintomas de ordem subjetiva;

• Saber cuidar.

Cabe destacar que, a dose adequada é uma das partes mais delicadas da administração de medica-
mentos e envolve responsabilidade, perícia e competência técnico-científica. Logo, é necessário que
a enfermeira entenda alguns conceitos:

- Dose: quantidade de medicamento introduzido no organismo a fim de produzir efeito terapêutico.

- Dose máxima: maior quantidade de medicamento capaz de produzir ação terapêutica sem ser
acompanhada de sintomas tóxicos.

- Dose tóxica: quantidade que ultrapassa a dose máxima e pode causar conseqüências graves; a
morte é evitada se a pessoa for socorrida a tempo.

- Dose letal: quantidade de medicamento que causa morte.

- Dose de manutenção: quantidade que mantém o nível de concentração do medicamento no sangue.

Unidades de medida:

- Grama: unidade de medida de peso; sua milésima parte é o miligrama (mg), logo 1g corresponde a
1000mg e 1000g correspondem a 1 kg.

- Litro: unidade de volume; sua milésima parte corresponde ao ml, logo, 1000ml é igual a 1l; depen-
dendo do diâmetro do conta-gotas, 1ml corresponde a 20 gotas e 1 gota corresponde a 3 microgotas.

- Centímetro cúbico (cc ou cm³): é similar ao ml, logo 1cc equivale a 1ml.

Noções elementares:

Solução é uma mistura homogênea composta de duas partes.

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FARMACOTÉCNICA

Suspensão é também composta por duas partes, mas difere da solução por ser heterogênea, o que
significa que após centrifugação ou repouso, é possível separar os componentes, o que não ocorre
na solução.

A concentração de uma mistura é determinada pela quantidade de soluto numa proporção definida de
solvente, e poderá ser expressa em porcentagem (%) ou em g/l.. Como exemplo temos que uma so-
lução de glicose com 5g de glicose (soluto) dissolvida em 100 ml de água (solvente) é uma solução
com concentração de 5%. Isso significa que a concentração é obtida pela divisão da massa (g) pelo
volume, e é expressa em % ou g/l.

Exemplo 1) transformação de soluções:

Para as transformações será usado como padrão o frasco de 500 ml de soro.

Temos 500 ml de soro glicosado 5 % e a prescrição foi de 500 ml a 10%.

Primeiro passo – verifica-se quanto de glicose há no frasco a 5 %.

100 ml – 5 g

500 ml – x

X = 500 x 5 / 100 = 25g

1. 500 ml de soro glicosado a 5% contem 25g de glicose

Segundo passo – verifica-se quanto foi prescrito, isto é, quanto contem um frasco a 10%

100ml – 10g

500 ml – x

X = 500 x 10 / 100 = 50g

1. 500 ml de soro glicosado a 10% contem 50g de glicose.

2. Temos 25g e a prescrição foi de 50g; portanto, faltam 25g.

Terceiro passo – encontra-se a diferença procurando supri-la usando ampolas de glicose hipertônica

Temos ampola de glicose de 20 ml a 50%

100 ml – 50g

20 ml – x

X = 20 x 50 / 100 = 10g

1. Cada ampola de 20 ml a 50 % conte 10g de glicose

20 ml – 10g

X – 25g

X = 20 x 25 / 10 = 50 ml

1. Será colocado então, 50 ml de glicose a 50%, ou seja, 2 + ½ ampolas de 20 ml no frasco de 500ml


a 5%. Ficaremos com 550 ml de soro glicosado.

Exemplo 2) calculo de insulina

Temos seringa de 1 ml graduada em 40 ui, o frasco de insulina é de 80 ui por mililitro. A dose pres-
crita foi de 25 ui.

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80 u – 25 u

40 u – x

X = 40 x 25/ 80 = 12,5 u, então aspiraremos 12,5 ui, que correspondem as 25 ui prescritas.

Quando as unidades não coincidem com o frasco:

Frasco ------------- seringa

Prescrição --------x

Exemplo: insulina simples 20 ui

Disponível: frasco --------- 40 ui

Seringa -------- 80 ui

40 ---------- 80 ui

20 ---------- x

X = 40 ui

Exemplo 3) diluição de medicamento (regra de três)

Temos gentamicina 80 mg em ampolas de 2 ml. Foi prescrito 60 mg, quanto administrar?

2 ml - 80 mg

X – 60 mg

X = 1,5 ml

Formas farmacêuticas

As formas farmacêuticas foram desenvolvidas para facilitar a administração de medicamentos a paci-


entes de faixas etárias diferentes ou em condições especiais, e para permitir seu melhor aproveita-
mento. Para uma criança, por exemplo, é melhor engolir gotas em um pouco de água do que um
comprimido.

Além disso, a forma farmacêutica se relaciona à via de administração que vai ser utilizada, isto é, a
porta de entrada do medicamento no corpo da pessoa, que pode ser, por via oral, retal, intravenosa,
tópica, vaginal, nasal, entre outras.

Dcada via de administração é indicada para uma situação específica, e apresenta vantagens e des-
vantagens. Sabemos, por exemplo, que uma injeção é sempre incômoda e muitas vezes dolorosa. No
entanto, seu efeito é mais rápido. Lembre-se que não é apenas a forma do medicamento que é im-
portante, a sua via de administração também deverá ser escolhida pelo médico, no ato da prescrição.

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No quadro abaixo estão relacionadas as vias de administração e as principais formas farmacêuticas


existentes.

Via de administração Formas farmacêuticas

Via oral (boca) Comprimido, cápsula, pastilhas, drágeas, pós para reconstituição,
gotas, xarope, solução oral, suspensão.

Via sublingual (debaixo da Comprimidos sublinguais


língua)

Via parenteral (injetável) Soluções e suspensões injetáveis

Via cutânea (pele) Soluções tópicas, pomadas, cremes, loção, gel, adesivos.

Via nasal (nariz) Spray e gotas nasais

Via oftálmica (olhos) Colírios e pomadas oftálmicas

Via auricular (ouvidos) Gotas auriculares ou otológicas e pomadas auriculares

Via pulmonar (respira- Aerossol (bombinha)


ção/aspiração)

Via vaginal (vagina) Comprimidos vaginais, cremes, pomadas, óvulos.

Via retal (ânus) Supositórios e enemas

Formas Farmacêuticas Sólidas

Cápsulas

É o armazenamento de uma ou mais substâncias químicas em recipientes de gelatina que pode ser
mole (armazenando líquidos, semi-sólidos e sólidos) ou duro (armazenando sólidos). Há casos espe-
cíficos em que a cápsula pode ser aberta e ser administrada na forma de pó, porém, isto só poderá
ser feito com indicação médica e orientação do farmacêutico.

Em geral, não se pode abrir, quebrar ou triturar as cápsulas, pois o medicamento pode perder seu
efeito. Pode ser usada para mascarar sabor desagradável.

Comprimidos

É a compressão de uma ou mais substâncias químicas na forma de pó ou grânulo.

Segue abaixo alguns tipos de comprimidos:

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♦ comprimidos de revestimento entérico » os comprimidos prontos são revestidos por um produto que
garante sua passagem integra pelo estômago e chegando perfeito ao intestino onde irá se dissolver e
iniciar sua ação.

O revestimento é necessário para os casos em que os medicamentos, quando em contato com o lí-
quido ácido do estômago são destruídos e perdem imediatamente sua ação terapêutica. Pode ser uti-
lizado também em casos de medicamentos que agridem a parede do estômago.

♦ comprimidos sublinguais » os comprimidos são colocados, obrigatoriamente, embaixo da língua, e


se dissolvem com auxílio da saliva e são absorvidos na própria boca. É usado no caso de medica-
mentos que, em contato com o líquido ácido do estômago são destruídos e perdem imediatamente
sua ação terapêutica, também para aqueles que são pouco absorvidos pelo intestino.

♦ comprimidos efervescentes » são comprimidos preparados com uma ou mais substâncias químicas
associadas a alguns sais que liberam gases quando em contato com a água. Este mecanismo facilita
o comprimido a desintegrar e a dissolver para ser absorvido.

♦ comprimidos mastigáveis » são comprimidos preparados para terem a sua desintegração facilitada
pela mastigação. Depois de mastigados, eles são engolidos, para aí serem dissolvidos e absorvidos.

♦ comprimidos de ação lenta/prolongada » é um comprimido que possui um revestimento que con-


trola a liberação da substância química. Isso permite que esses comprimidos, ao serem dissolvidos,
iniciem sua ação lentamente de forma que seja prolongada/duradoura, mas somente quando ingeri-
dos inteiros. Já um comprimido simples quando é totalmente dissolvido, sofre completa absorção e
tem sua ação iniciada rapidamente.

São utilizados, geralmente, para doenças crônicas, podendo aumentar o intervalo entre as tomadas
dos medicamentos em pacientes que precisam de altas doses por dia.

→um tipo de comprimido de ação lenta/prolongada é o chamado de “oros”, esse comprimido permite
a liberação lenta da substância ativa no organismo, o que garante a ação durante 24 horas. Uma vez
concluído este processo, o comprimido vazio é eliminado pelo organismo através das fezes. Ex: ada-
lat® oros.

→outro tipo de comprimido de ação lenta/prolongada é o chamado “inserts”, usado em preparações


oftálmicas, colocado no saco lacrimal, esses são colocados e retirados intactos, há liberação da subs-
tância química. Ex: ocusert tm.

• drágeas

São comprimidos revestidos com açucares. Melhora a deglutição, aparência física e mascara o sabor
do medicamento.

• preparação extemporânea

São pós liofilizados ou grânulos, podem ser solúveis, resultando em soluções, ou insolúveis, resul-
tando em suspensões.

São preparações para substâncias que não são estáveis na presença da água (se degradam facil-
mente depois de um curto tempo de contato). Assim, é necessário que as substâncias sejam acres-
centadas à água filtrada ou fervida somente no momento da administração, para se fazer a solução
ou suspensão.

Geralmente, esses produtos devem ser utilizados por um período máximo de 14 dias após sua prepa-
ração, quando armazenado em geladeira. Se armazenado em temperatura ambiente esse período cai
para 7 dias. Se não utilizado por completo dentro desses períodos e nessas condições, o que restar
no frasco deve ser descartado. Ter atenção, pois há produtos com especificações diferentes.

Os granulados devem ser consumidos em no máximo 24hs após serem preparados.

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Formas Farmacêuticas Semi-Sólidas

As preparações tópicas semi-sólidas são para aplicação na pele ou em certas mucosas, para ação
local ou penetração percutânea dos medicamentos, ou ainda por sua ação emoliente ou protetora.

• pomadas ou unguentos

São preparações semi-sólidas para aplicação externa que amolecem ou derretem à temperatura cor-
pórea. A substância química sólida é geralmente inserida em uma base oleosa.
São usadas em regiões menores, com menos pêlos por serem muito oleosas, não é aconselhável
aplicá-las em feridas abertas.

• pastas

Para aplicação externa na pele. Contém maior porcentagem de material sólido, por isso são mais fir-
mes e espessas. Apresentam consistência macia e firme pela quantidade de sólidos, são pouco gor-
durosas e têm grande poder de absorção de água ou de exsudados.

• emulsões ou cremes

Preparações com parte de água e parte de óleo. Em comparação com as pomadas, são bem menos
oleosas e se espalham facilmente. Portanto, são mais aplicadas para áreas extensas do corpo e tam-
bém em regiões com pêlos.
As emulsões também são usadas por via oral para mascarar o sabor de medicamentos quando usa-
das por via oral, evitando o contato do óleo com as papilas gustativas.

• géis

São preparações a base de água, portanto, não contém óleo. São utilizadas em regiões muito úmi-
das. Também são utilizados para reduzir a oleosidade da pele.

• sistemas de gás comprimido ou aerossóis

São utilizadas em medicamentos e cosméticos. Geralmente são soluções associadas a gases. Anti-
gamente o gás mais utilizado era o cfc (clorofluorcarbono), pois ele não é inflamável, em contrapar-
tida causam grande estrago para a natureza (uma pequena quantidade dele no ar é capaz destruir
grande parte da camada de ozônio). Foi substituído atualmente pelos hidrocarbonetos (n-butano, pro-
pano, iso-butano), que são inflamáveis, mas pouco tóxicos e mais baratos. É importante alertar que
as embalagens não devem ser descartadas fora do lixo, e não podem ser reutilizadas e abertas.

• supositórios

São formas farmacêuticas da consistência firme, de forma cônica ou ogival, destinadas a serem inse-
ridas no reto, onde devem desintegrar-se ou derretem-se a temperatura do corpo, liberando a subs-
tância química.

Pode ser para ação sistêmica devendo ser aplicado mais profundamente possível, ou local não sendo
necessário aplicação profunda. Para ação local são utilizados em casos de dor, constipação, irritação,
coceira e inflamação. Para ação sistêmica são utilizados em casos de pacientes com vômitos e que
não engolem o medicamento, ou mesmo para cortar o vômito, e para medicamentos que se degra-
dam no líquido ácido do estômago.

• óvulos

Um tipo de supositório de uso vaginal.

• velas

Um tipo de supositório de uso uretral.

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Formas Farmacêuticas Líquidas

Soluções

são preparações em que há uma ou mais substâncias químicas dissolvidas em uma pequena quanti-
dade de solvente (a substância que dissolve).
Podem ser divididas em soluções orais e soluções estéreis.

Soluções Orais

As soluções orais, necessitam de componentes que dêem cor e sabor ao líquido para tornar o medi-
camento mais agradável ao gosto. Podem ser administradas em gotas, ou com um volume bem defi-
nido, como, por exemplo, 5 ml (uma colher de chá). Elas podem ter cor, mas devem ser transparen-
tes.

Soluções Estéreis (Injetáveis, Colírios..)

São preparações líquidas estéreis, ou seja, sem a presença de microorganismos. São colírios e medi-
camentos injetáveis. Não devem conter nenhum tipo de substância estranha e nem estarem turvas.

Tinturas

São medicamentos líquidos resultantes da extração princípios ativos de drogas vegetais e animais.
Elas são preparadas à temperatura ambiente por percolação (droga vegetal na forma íntegra em con-
tato com o solvente) ou maceração (droga macerada ou triturada em contato com o solvente). Os lí-
quidos extratores ou “solventes” são: álcool, álcool/água, éter alcoolizado ou acetona.

Extratos Fluidos

São preparações oficinais líquidas obtidas de drogas vegetais e manipuladas de maneira que cada 1
ml contenha os princípios ativos solúveis de 1 g da droga respectiva, devidamente dessecada ao ar
livre. Eles são preparados, em sua maioria, por um dos quatro processos gerais de percolação desig-
nados pelas letras a, b, c e d na farm.bras.ii.

Espíritos

São preparações líquidas com a essência da respectiva planta e álcool, de acordo com a seguinte
fórmula geral.

Essência 50 ml (5% v/v)


álcool 80% qsp 1000 ml
observação: quando se menciona apenas álcool, refere-se ao produto que contém cerca de 95% de
etanol. É o álcool simples.

Xaropes: São preparações a base de água, concentradas de açúcar, que contêm uma ou mais subs-
tâncias químicas. São usadas principalmente para substâncias com sabor muito desagradável e tam-
bém para pacientes que têm dificuldade de ingerir comprimidos (crianças e idosos, por exemplo).

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Elixires

São preparações líquidas à base de água e álcool e com sabor levemente adocicado, que contêm
uma ou mais substâncias químicas.
São menos viscosos e, devido à presença de certa quantidade de álcool, são menos utilizadas atual-
mente.

Suspensões

As suspensões são preparações em que as substâncias químicas não estão totalmente dissolvidas
no meio líquido. Geralmente têm baixa capacidade de dissolução, por isso depositam-se no fundo do
recipiente.
É essencial informar ao paciente que ele deve agitar o frasco antes de usar.

Outras Formas Farmacêuticas

•cataplasmas → são preparações geralmente magistrais, de aplicação tópica na pele.

•ceratos → são um tipo de pomada, em que o excipente é constituído por uma mistura de cera e óleo.

•alcolatos → são preparações farmacêuticas que se obtém pela maceração olcoólica de plantas fres-
cas, seguidas de destilação

•colutórios → são preparações magistrais destinadas a serem depostas na mucosa bocal ou orofarín-
dea. São soluções viscosas devido à presença de mel ou glicerina. As substâncias ativas empregues
são anti-sépticos.

•enemas ou clister (phosfo enema) → são formas farmacêuticas destinadas a serem introduzidas na
porção terminal do intestino.

•aerossois → se caracterizam por constituírem um “nevoeiro não molhante” formado por micro gotas
(diâmetro compreendido entre 0,05 e 0,2 micrômetro). Formam uma suspensão coloidal, em que a
fase contínua é o gás e a fase dispersa é o líquido.

•sprays → são semelhantes aos aerossóis, mas o diâmetro da partícula é maior (0,5 micrômetro), po-
dem ser considerados “nevoeiros molhantes”.

•vaporizações → são formas farmacêuticas magistrais resultantes da libertação de vapor de água por
si só, ou contendo anti-sépticos, e que se destinam a ser inalados

•fumigações → são gases resultantes da combustão de determinadas plantas, ou liberação de gases


(p. Ex. Formal) com fins desinfetantes de espaços ou dirigidos para as vias resiratórias com fins medi-
camentosos anti-sépticos – inalação

•ampolas → são tubos de vidro ou plástico, colorido ou incolor, estirados nos dois topos, ou pequenas
“garrafas” seladas, podem conter líquido ou pó.

–servem para facilitar a esterilização e conservação do seu conteúdo;


–o pó normalmente é utilizado na preparação extemporânea de solutos injetáveis.
–o conteúdo poder ser aplicado via parenteral, oral ou tópico

Farmácia

os medicamentos podem ser contaminados durante seu preparo, armazenamento


e dispensação.

os medicamentos estéreis e não estéreis exigem técnicas de preparo rigorosas.

preparar fluidos e medicamentos não estéreis de acordo com procedimentos espe-


cíficos.

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preparar medicamentos e fluidos estéreis em um ambiente estéril usando técnica


asséptica.

fazer a higiene das mãos antes e após preparar os medicamentos.

fazer o monitoramento ambiental para garantir a esterilidade nas áreas de manipu-


lação.

armazenar os medicamentos de forma correta.

usar agulhas e frascos de uso único para preparar os medicamentos.

A farmácia é responsável pelo preparo, pelo armazenamento e pela dispensação de medicamentos


no hospital. Os farmacêuticos podem fornecer os medicamentos que os pacientes precisam ao dis-
pensar fármacos disponíveis comercialmente; ao alterar esses medicamentos para satisfazer as ne-
cessidades específicas do paciente, como transformar um medicamento sólido em líquido; e ao com-
binar ingredientes de fármacos para preparar medicamentos que não estão disponíveis no comér-
cio. as manipulações preparadas a partir dos medicamentos são armazenadas na farmácia, assim
como a maioria dos medicamentos já preparados.

Existem riscos de infecção em vários procedimentos que ocorrem na farmácia, incluindo o preparo, o
armazenamento e a dispensação do fármaco. Especificamente, patógenos perigosos, como bacté-
rias, fungos ou vírus, podem contaminar medicamentos nas seguintes situações:2

Durante a diluição de medicamentos com líquidos contaminados

Pelo contato direto com pele humana, superfícies ou seringas contaminadas

Quando os patógenos transportados pelo ar contaminam as soluções

As seções a seguir examinam o preparo e o armazenamento dos medicamentos na farmácia e forne-


cem sugestões para garantir a prevenção e o controle adequados de infecções nesse importante de-
partamento do hospital.

Preparação dos Medicamentos

Uma das principais responsabilidades do farmacêutico é preparar medicamentos e soluções para os


pacientes. O objetivo desses medicamentos e fluidos é fornecer suplementos nutricionais aos pacien-
tes e auxiliá-los no processo de cura; no entanto, eles também podem ser, em alguns casos, uma
fonte de perigo, caso estejam contaminados. Essa contaminação pode ser nociva tanto para o farma-
cêutico como para o paciente.

Para evitar a contaminação, o farmacêutico e todos os funcionários da farmácia devem implantar vá-
rias estratégias ao preparar medicamentos estéreis e não estéreis. Embora o escopo deste livro não
permita uma discussão mais profunda sobre os processos de preparo e manipulação de fármacos, as
seções a seguir fazem uma análise rápida desse tópico. O capítulo 797 do united states pharmaco-
peia (usp) traz mais informações sobre as exigências específicas associadas com a manipulação de
fármacos.

Manipulação de soluções e medicamentos não estéreis

Um medicamento não estéril é um medicamento que não exige condições estéreis durante sua mani-
pulação. Ao preparar um medicamento desse tipo, é importante seguir algumas etapas básicas para
evitar erros e reduzir o risco de contaminação:4

Avaliar a adequação da prescrição em termos de segurança e uso indicado.

Fazer os cálculos necessários para determinar a quantidade de ingredientes necessária.

Identificar os equipamentos necessários para o preparo.

Fazer a higiene adequada das mãos.

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FARMACOTÉCNICA

Limpar a área de manipulação e os equipamentos necessários.

Usar os equipamentos de proteção individual (epis), incluindo luvas. Ver destaque 11.1.

Manipular uma prescrição de uma vez só. Isso evita não apenas a contaminação, mas também outros
erros médicos, como mistura de medicamentos.

Reunir todos os materiais necessários para manipulação. Como os manipuladores já avaliaram os in-
gredientes e equipamentos necessários, esse processo de separação do material é bem rápido.

Manipular o medicamento de acordo com a prescrição.

Avaliar as variações, como aquelas relacionadas a peso, mistura, limpidez, odor, cor, ph, etc.

Descrever e documentar a aparência do medicamento.

Rotular o medicamento, incluindo nome, número de identificação, data de validade, rubrica do mani-
pulador, exigências de armazenamento e outras informações exigidas pela lei estadual.

Assinar e datar a prescrição.

Limpar completa e adequadamente todos os equipamentos e armazená-los de forma correta.

Limpar as mãos de acordo com os protocolos de higiene das mãos.

Destaque 11.1

Equipamentos de proteção individual na área de manipulação

O tipo de epi e a sequência correta de uso desse traje ainda são assuntos de debate entre organiza-
ções profissionais de farmacêuticos. O capítulo 797 do united states pharmacopeia recomenda,
nessa ordem, os seguintes tipos de epi:5

Colocar propés.

Colocar gorro e proteção facial.

Usar máscara.

Esfregar as mãos e os braços.

Usar roupa que não solte fiapos, aventais ou macacão.

6. Usar luvas estéreis.

As áreas de manipulação devem ter espaço adequado para equipamentos e materiais, de modo a
evitar misturas entre ingredientes, rótulos e produtos acabados. Para evitar a contaminação, elas de-
vem ser bem iluminadas e ventiladas e projetadas para minimizar a contaminação cruzada.

Além disso, esses locais devem ser fisicamente separados das áreas de preparação estéril. Todas as
áreas de manipulação não estéril devem estar limpas e sanitizadas. As instalações para lavagem das
mãos e lixeiras – incluindo lixeiras para lixo hospitalar e não hospitalar – devem ser de fácil acesso, e
deve ser realizada uma limpeza diária desses locais.

Para evitar a contaminação dos medicamentos pelos farmacêuticos e por outros profissionais de as-
sistência à saúde (pass) que estejam doentes, as atividades devem ser limitadas para funcionários
que apresentem sintomas de resfriado, gripe ou outras condições gastrintestinais ou infecciosas. Isso
se aplica particularmente a todos os pas com exantemas, pele ferida ou outras doenças cutâneas.

Manipulação de Soluções e Medicamentos Estéreis

Diferentemente das soluções e dos medicamentos não estéreis, as soluções e os medicamentos es-
téreis devem ser preparados em ambiente estéril e com o uso de técnicas estéreis. Um ambiente es-
téril – ou sala limpa – é uma sala onde o número de partículas por metro cúbico de ar é controlado. A

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FARMACOTÉCNICA

international organization for standardization (iso) classifica as salas limpas de acordo com o número
de partículas permitidas por volume de ar. As salas limpas para manipulação estéril costumam ser iso
classe 5, classe que tem menos de 100.000 partículas por metro cúbico de ar.

O ar nas salas limpas é filtrado para excluir a poeira e constantemente recirculado através de filtros
de particulado de ar de alta eficiência (hepa) e/ou ultrafiltro de penetração de ar (ulpa). Os pass en-
tram e deixam a sala através de airlocks e usam epis, como aventais, máscaras, gorros, luvas e pro-
pés, para manter rigorosa esterilidade. Equipamentos, produtos de limpeza e mobília dentro de uma
sala limpa também são projetados para produzir um número mínimo de partículas.

Com relação ao preparo de medicamento estéril, a usp define cinco níveis de risco, descritos a se-
guir, os quais relacionam o grau de risco de contaminação envolvido no processo de manipulação:1,5

Categoria de uso imediato. Os medicamentos nessa categoria são preparados para uso em situações
de emergência ou em situações nas quais a manipulação de baixo risco é perigosa para o paciente
devido a atrasos. Esses tipos de medicamentos devem ser administrados dentro de 1h após o pre-
paro ou descartados, não sendo permitido seu armazenamento ou manipulação em batelada. Eles
devem ser preparados usando técnicas assépticas.

Nível de baixo risco. Esses medicamentos são preparados a partir de ingredientes comerciais,
usando equipamentos estéreis. Eles não incluem mais do que três ingredientes comercialmente dis-
poníveis. Eles devem ser preparados em ambientes iso classe 5 e com áreas buffer iso classe 7 e an-
tessalas iso classe 8.

Nível de baixo risco com 12 horas além da data de uso. Esse tipo de medicamento deve ser prepa-
rado em um ambiente iso classe 5, em uma área de manipulação que seja separada e tenha ar ambi-
ente.

Nível de médio risco. Esses medicamentos incluem as preparações manipuladas a partir de produtos
comerciais estéreis múltiplos para uso em vários pacientes ou várias vezes em um paciente. Eles
também incluem preparações que exigem transferências múltiplas ou que consomem muito tempo.
Eles devem ser preparados em ambientes iso classe 5 e com áreas buffer iso classe 7 e antessalas
iso classe 8.

Nível de alto risco. São medicamentos que estão contaminados ou que possuem elevado risco de
contaminação. Eles podem incluir preparações estéreis a partir de ingredientes estéreis, preparações
usando ingredientes estéreis em um ambiente que não seja iso classe 5 ou preparações nas quais
exista um prazo maior entre a manipulação e a esterilização.

Todas as cinco categorias de risco exigem que os manipuladores executem o teste de media fill para
técnica asséptica. O grau de complexidade envolvido nesse teste varia com o nível de risco.

Existem várias outras questões com relação à manipulação de medicamentos estéreis sobre as quais
a equipe de farmácia deve estar ciente, incluindo as seguintes (os leitores devem consultar o capítulo
797 da usp para uma discussão completa sobre esses tópicos):7

Os ingredientes devem ter identidade, qualidade e pureza adequadas.

Recipientes abertos ou parcialmente usados devem ser adequadamente armazenados.

Produtos não estéreis com água devem ser esterilizados dentro de 6h.

Devem ser seguidos os procedimentos corretos e adequados de esterilização. Tais procedimentos


são definidos por leis e regulamentos.

Os componentes usados para preparar os produtos são limpos, exatos e adequados.

São usados os procedimentos de manipulação corretos.

O ambiente de manipulação mantém a esterilidade ou a pureza dos itens. Como já foi mencionado,
tal ambiente deve ter uma indicação de iso classe 5 e incluir a mobília adequada. As bancadas de

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FARMACOTÉCNICA

fluxo laminar, as cabines de segurança biológica (csbs) e os isoladores de retenção asséptica para
manipulação são comuns nesses ambientes.

O potencial dano pelas substâncias adicionadas é avaliado antes da dispensação.

A embalagem adequada é selecionada para manter a esterilidade e a estabilidade.

Os rótulos são adequados e estão completos.

As datas para uso posterior estão adequadas e são baseadas em critérios científicos válidos.

É importante que os farmacêuticos façam a higiene das mãos e usem epis ao preparar medicamentos
estéreis. Eles também devem lavar mãos e antebraços imediatamente antes e após preparar os me-
dicamentos e usar luvas estéreis e aventais ou macacões.2,8

Para evitar a contaminação cruzada, a área de manipulação estéril deve ser separada das atividades
não essenciais para essa atividade. Qualquer sala de separação (buffer) ou antessala deve estar fisi-
camente separada da área de manipulação e incluir um diferencial de pressão positiva. Se não hou-
ver separação física, devem ser usados os princípios de deslocamento de fluxo de ar – como veloci-
dade elevada do ar ou diferenciais de baixa pressão.7

Como ocorre com as áreas de preparação não estéril, as áreas de preparação estéril devem ser lim-
pas e sanitizadas. Esses procedimentos devem ser adequados para as áreas iso classe 5. Balcões,
superfícies de trabalho e chão devem ser limpos todos os dias, e qualquer área de separação ou an-
tessala deve ser higienizada todo mês.

Deve ser feita observação visual das técnicas de limpeza e desinfecção de todos que trabalham ou
não no setor de manipulação em intervalos específicos.7 os pass que trabalham na manipulação esté-
ril da farmácia devem evitar trabalhar nessa área ou abreviar suas atividades se estiverem doentes.

Teste Ambiental Para Áreas de Preparação Estéril

Para garantir que sejam mantidas as condições adequadas na área de manipulação estéril, o monito-
ramento ambiental deve ser feito rotineiramente. A contagem de partículas totais deve ser feita pelo
menos a cada seis meses para todas as partes das áreas de manipulação estéril. A contagem deve
ser realizada caso a área seja realocada ou se forem feitas alterações físicas.

Além disso, os hospitais devem fazer amostragem regular da superfície para testar a conformidade
com os procedimentos de limpeza e desinfecção. As ações corretivas devem se basear nos níveis de
contaminação microbiana e identificação dos micro-organismos.

Educação dos Profissionais de Assistência a Saúde Sobre Contaminação

A educação e o treinamento das pessoas que trabalham na farmácia são essenciais para a preven-
ção e o controle de contaminação dos medicamentos estéreis. Esse treinamento deve incluir os pro-
cedimentos de preparo assépticos, as técnicas adequadas para a colocação de avental e luvas, os
procedimentos de garantia da qualidade, os fatores de contaminação das áreas críticas e a conduta
geral na área controlada.8 esses esforços de educação devem ser documentados (ver destaque
11.2).

Destaque 11.2

Documentação para medicamentos estéreis

A american society of health-system pharmacists declara que as informações sobre o preparo de me-
dicamento estéril a seguir devem ser documentadas e mantidas no arquivo por um período, de
acordo com as exigências estaduais e as políticas e os procedimentos do hospital:8

Treinamento e avaliação da competência dos funcionários envolvidos nos procedimentos de produto


estéril

Temperaturas de freezers e refrigeradores

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Certificação das bancas de fluxo laminar

Listas específicas de controle de outras instalações para as políticas e os procedimentos da farmácia

Armazenamento de Soluções e Medicamentos

O processo de armazenar medicamentos e soluções também é uma oportunidade para contaminação


do medicamento e, por isso, há um risco de transmissão de infecções. Se os medicamentos ou as so-
luções não forem adequadamente armazenados, eles podem vazar ou ser contaminados. Todos os
medicamentos e todas as soluções devem ser armazenados de acordo com as instruções dos fabri-
cantes ou as exigências da usp devem ser estabelecidos políticas e procedimentos por escrito, e a
equipe deve ser treinada sobre as condições adequadas de armazenamento para todos os produtos
na farmácia. Medicamentos, soluções e materiais devem ser armazenados em prateleiras distantes
do chão. Além disso, todos os medicamentos devem ter data de validade nos recipientes, que precisa
ser verificada rotineiramente.2produtos vencidos devem ser removidos e descartados de modo ade-
quado. As temperaturas no local de armazenamento devem ser monitoradas e verificadas diaria-
mente, incluindo as temperaturas nos refrigeradores e freezers nos quais as soluções e os produtos
acabados são armazenados. Outros fatores, como luz, umidade e ventilação nas áreas de armazena-
mento, também devem ser monitorados para garantir sua adequação.

Antes de guardar medicamentos ou materiais para manipulação, a equipe da farmácia deve verificar
os recipientes de armazenamento para garantir que não estejam rachados nem quebrados. Caso es-
tejam, devem ser descartados.

Utilização de Agulhas e Frascos de uso Único

outra fonte de contaminação que pode surgir na farmácia é a introdução de patógenos nos medica-
mentos ao acessar os frascos usando uma seringa. Devem ser usadas agulha e seringa para acessar
os frascos dos medicamentos.

Elas devem ser descartadas após o uso e não devem ser usadas para acessar o mesmo ou outro
frasco. Os centers for disease control and prevention (cdcs) recomendam o uso de frascos de dose
única, sempre que possível.

Manipulação de Produtos Estéreis

Boas práticas de manipulação de produtos estéreis (bpmpe) em farmácias

1. Objetivo

os requisitos mínimos relativos à manipulação de preparações estéreis em farmácias, complemen-


tando os requisitos estabelecidos no regulamento técnico de boas práticas de manipulação em farmá-
cias.

Destina-se ainda à reconstituição, transferência, incorporação e fracionamento de qualquer medica-


mento estéril destinado à utilização em serviços de saúde.

Caso a farmácia pretenda manipular soluções parenterais de grande volume (spgv) e estéreis a partir
de matérias-primas estéreis deverá seguir regulamentação de boas práticas de fabricação, aplicada à
indústria farmacêutica, no que couber.

2. Condições gerais.

2.1. A farmácia é responsável pela qualidade das preparações estéreis em todas as etapas.

2.2. É indispensável o efetivo monitoramento de todo o processo de preparação, de modo a garantir


ao paciente a qualidade da preparação a ser administrada.

2.3. Para a manipulação de produtos utilizados em terapia de nutrição parenteral devem ser obedeci-
das as disposições da portaria svs/ms n° 272, de 08 de abril de 1998 ou qualquer outra que venha
complementá-la, alterá-la ou substituí-la.

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2.4. Para a manipulação de produtos usados em terapia antineoplásica devem ser obedecidas as dis-
posições da rdc no 220 de setembro de 2004, contempladas neste anexo, ou qualquer outra que ve-
nha alterá-la ou substituí-la.

2.5. A manipulação de antineoplásicos e outras substâncias com reconhecido risco químico deve se-
guir critérios rígidos de utilização de equipamentos de proteção coletiva (cabine de segurança bioló-
gica) e individual, procedimentos de conservação e transporte, prevenção e tratamento em caso de
acidentes, de acordo com legislação específica.

3. Organização e pessoal.

3.1. Treinamento.

Além de atender aos requisitos descritos no item 3.2 do anexo i, todo pessoal deve conhecer os prin-
cípios das bpmpe.

3.2. Saúde, higiene e conduta.

3.2.1. O acesso de pessoas às áreas de preparação de formulações estéreis deve ser restrito aos
operadores diretamente envolvidos.

3.2.2. Os manipuladores de produtos estéreis devem atender a um alto nível de higiene e particular-
mente devem ser instruídos a lavar corretamente às mãos e antebraços, com escovação das unhas,
utilizando anti-séptico padronizado, antes de entrar na área de manipulação.

3.2.3. Os operadores que fazem a inspeção visual devem ser submetidos a exames oftalmológicos
periódicos e ter intervalos de descanso freqüentes no período de trabalho.

3.3. Vestuário

3.3.1. Os funcionários envolvidos na manipulação de preparações estéreis devem estar adequada-


mente uniformizados para assegurar a proteção da preparação contra a contaminação e os uniformes
devem ser trocados a cada sessão de manipulação para garantir a higiene apropriada.

3.3.2. A colocação dos uniformes e calçados, bem como a higiene preparatória para entrada nas
áreas classificadas, devem ser realizadas em sala especificamente destinada para paramentação e
seguir procedimento estabelecido para evitar contaminação microbiana e por partículas.

3.3.3. Os uniformes e calçados utilizados nas áreas classificadas devem cobrir completamente o
corpo, constituindo barreira à liberação de partículas provenientes da respiração, tosse, espirro, suor,
pele e cabelo.

3.3.4. O tecido dos uniformes utilizados nas áreas classificadas não deve liberar partículas ou fibras e
deve proteger quanto à liberação de partículas naturais do corpo.

3.3.5. Os uniformes usados na sala de manipulação, inclusive máscaras e luvas, devem ser estéreis
e substituídos a cada sessão de manipulação.

3.3.6. Deve ser assegurado que as luvas estéreis sejam trocadas a cada duas horas de trabalho de
manipulação, e sempre que sua integridade estiver comprometida.

3.3.7. Os uniformes reutilizáveis devem ser mantidos separados, em ambiente fechado, até que se-
jam apropriadamente lavados e esterilizados, sob a responsabilidade da empresa.

3.3.7.1. A lavagem e esterilização dos uniformes podem ser realizadas por empresa terceirizada, por
meio de contrato formal.

3.3.8. O processo de lavagem e esterilização dos uniformes deve ser validado e seguir procedimen-
tos escritos.

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4. Infra-estrutura física.

4.1. A farmácia destinada à manipulação de preparações estéreis deve ser localizada, projetada e
construída ou adaptada segundo padrões técnicos, contando com uma infra-estrutura adequada às
operações desenvolvidas, para assegurar a qualidade das preparações.

4.2. A farmácia deve possuir, além das áreas comuns referidas no anexo i, no mínimo, as seguintes
áreas/salas:

a) sala de limpeza, higienização e esterilização;

b) sala ou local de pesagem;

c) sala de manipulação e envase exclusiva;

d) área para revisão;

e) área para quarentena, rotulagem e embalagem;

f) sala de paramentação específica (antecâmara).

4.3. As farmácias que somente realizam reconstituição, transferência, incorporação ou fracionamento


de especialidades farmacêuticas, devem atender às disposições do item 4.2., no que couber.

4.4. Nas salas de pesagem, manipulação e envase, todas as superfícies devem ser revestidas de ma-
terial resistente aos agentes sanitizantes, lisas e impermeáveis para evitar acúmulo de partículas e
microorganismos, possuindo cantos arredondados.

4.5. As salas de pesagem, manipulação e envase devem ser projetadas de modo a evitar superfícies
de difícil limpeza e não podem ser usadas portas corrediças.

4.6. Os tetos rebaixados devem ser completamente vedados para evitar a contaminação proveniente
do espaço entre o teto original e o teto de rebaixamento.

4.7. As tubulações instaladas nas salas de pesagem, manipulação e envase devem ser embutidas na
parede.

4.8. Sistematicamente deve-se proceder ao controle do nível de contaminação ambiental do ar e das


superfícies, através de parâmetros estabelecidos, seguindo procedimento escrito e com registros dos
resultados.

4.9. A sanitização das áreas classificadas constitui aspecto particularmente importante e por isso de-
vem ser utilizados mais de um tipo de desinfetante, com alternância periódica.

4.10. Deve ser procedido monitoramento periódico, através de parâmetros estabelecidos, do pro-
cesso de sanitização para detectar o surgimento de microorganismos persistentes ou resistentes.

4.11. Na sala de pesagem, e sala de manipulação e envase não é permitido o uso de pia e ralo,
mesmo sifonados.

4.12. O acesso às salas de limpeza, higienização e esterilização; pesagem; manipulação e envase


deve ser realizado por meio de antecâmara.

4.13. Sala de limpeza, higienização e esterilização.

4.13.1. A sala destinada à lavagem, esterilização e despirogenização dos recipientes vazios deve ser
separada e possuir classificação iso 8 (100.000 partículas/ pé cúbico ar).

4.13.2. A limpeza e higienização de medicamentos, produtos farmacêuticos e produtos para saúde


utilizados na manipulação de produtos estéreis também deve ser realizada em área classe iso 8.

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4.13.3. A sala deve ser contígua à área de manipulação e dotada de passagem de dupla porta para a
entrada de material em condição de segurança.

4.13.4. Deve dispor de meios e equipamentos para limpeza e esterilização dos materiais antes de sua
entrada na sala de manipulação.

4.13.5. No caso do produto manipulado necessitar de esterilização final por calor, o processo de este-
rilização poderá ser realizado nesta sala, desde que obedecidos procedimentos previamente estabe-
lecidos e em horário distinto das demais atividades realizadas nesta sala.

4.14. Sala de pesagem.

4.14.1. A sala onde é realizada a pesagem deve possuir classe iso 7 (10.000 partículas/ pé cúbico de
ar) para garantir baixa contagem microbiana e de partículas.

4.15. Sala de manipulação e envase.

4.15.1. A sala destinada à manipulação e envase de preparações estéreis deve ser independente e
exclusiva, dotada de filtros de ar para retenção de partículas e microorganismos, garantindo os níveis
recomendados - classe iso 5 (100 partículas/ pé cúbico de ar) ou sob fluxo laminar, classe iso 5 (100
partículas/ pé cúbico de ar), em área classe iso 7 e possuir pressão positiva em relação às salas adja-
centes.

4.16. Área para revisão.

4.16.1. Deve existir área específica para revisão, com condições de iluminação e contraste adequa-
das à realização da inspeção dos produtos envasados.

4.17. Área para quarentena, rotulagem e embalagem.

4.17.1. A área destinada à quarentena, rotulagem e embalagem das preparações deve ser suficiente
para garantir as operações de forma racional e ordenada.

4.18. Sala de paramentação (antecâmara).

4.18.1. A sala de paramentação deve possuir câmaras fechadas, preferencialmente com dois ambien-
tes (barreira sujo/limpo) para troca de roupa.

4.18.2. As portas de acesso à sala de paramentação e salas classificadas devem possuir dispositivos
de segurança que impeçam a abertura simultânea das mesmas.

4.18.3. A sala de paramentação deve ser ventilada, com ar filtrado, com pressão inferior à da sala de
manipulação e superior à área externa.

4.18.4. O lavatório deve possuir torneira ou comando que dispense o contato das mãos para o fecha-
mento. Junto ao lavatório deve existir provisão de sabonete líquido ou anti-séptico e recurso para se-
cagem das mãos.

5. Equipamentos, mobiliários e utensílios.

5.1. Os equipamentos devem ser localizados, projetados, instalados, adaptados e mantidos de forma
a estarem adequados às operações a serem realizadas.

5.2. A estrutura dos equipamentos deve visar a minimização dos riscos de erro e permitir que os mes-
mos sejam efetivamente limpos e assim mantidos para que seja evitada a contaminação cruzada, o
acúmulo de poeiras e sujeira e, de modo geral, qualquer efeito negativo sobre a qualidade da manipu-
lação.

5.3. Os equipamentos utilizados na manipulação de preparações estéreis devem ser escolhidos de

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forma que possam ser efetivamente esterilizados por vapor, por aquecimento a seco ou outro mé-
todo.

5.4. Os equipamentos de lavagem e limpeza devem ser escolhidos e utilizados de forma que não
constituam fontes de contaminação.

5.5. Os produtos usados na limpeza e desinfecção não devem contaminar os equipamentos de mani-
pulação com substâncias tóxicas, químicas, voláteis e corrosivas.

5.6. Os desinfetantes e detergentes devem ser monitorados quanto à contaminação microbiana.

5.7. Após o término do trabalho de manipulação, os equipamentos devem ser limpos, desinfetados e
identificados quanto à sua condição, efetuando-se os registros desses procedimentos.

5.8. É recomendável que o sistema de filtração de ar do fluxo laminar não seja desligado ao término
do trabalho, a menos que, após a sua parada, seja providenciada a limpeza e desinfecção do gabi-
nete.

5.9. O sistema de ar filtrado deve assegurar que o fluxo de ar não espalhe partículas no ambiente.

5.10. O ar injetado nas áreas classificadas deve ser filtrado por filtros hepa.

5.11. Quando a manutenção dos equipamentos for executada dentro das áreas classificadas, devem
ser utilizados instrumentos e ferramentas também limpos.

5.12. Todos os equipamentos devem ser submetidos à manutenção preventiva, de acordo com um
programa formal, e corretiva, quando necessário, obedecendo a procedimentos operacionais escritos
com base nas especificações dos manuais dos fabricantes.

5.12.1. Devem existir registros das manutenções preventivas e corretivas realizadas.

5.13. O equipamento utilizado no tratamento de água deve ser projetado e mantido de forma a asse-
gurar a produção da água com a especificação exigida.

5.14. Deve ser realizada a sanitização do sistema de produção de água, de acordo com procedimen-
tos escritos, mantendo-se os devidos registros.

5.15. O sistema de distribuição da água deve garantir que não haja contaminação microbiana.

5.16. Sendo necessário o armazenamento da água, devem ser usados recipientes de aço inoxidável,
herméticos e munidos de filtro de ar esterilizante.

5.17. O mobiliário deve ser construído de material liso, impermeável, facilmente lavável e que não li-
bere partículas, e que seja passível de desinfecção pelos agentes normalmente utilizados.

6. Materiais.

6.1. Aquisição, recebimento e armazenamento.

6.1.1. As matérias primas adquiridas devem ser analisadas para a verificação do cumprimento de to-
das as especificações estabelecidas nos compêndios oficiais incluindo a determinação da biocarga.

6.1.2. Especialidades farmacêuticas e produtos para a saúde utilizados no preparo de estéreis devem
seguir especificação técnica detalhada pelo farmacêutico e estar regularizados junto à anvisa/ms,
conforme legislação vigente.

6.1.3. Cada lote deve estar acompanhado do certificado de análise emitido pelo fabricante, garantindo
a sua pureza físico-química e microbiológica, bem como o atendimento às especificações estabeleci-
das.

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7. Água.

7.1. A água de abastecimento, o sistema de tratamento de água e a água tratada devem ser monito-
rados regularmente e mantidos os registros desses resultados.

7.2 água para preparação de estéreis.

7.2.1. A água utilizada na preparação de estéreis deve ser obtida no próprio estabelecimento, por
destilação ou por osmose reversa, obedecendo às características farmacopéicas de água para injetá-
veis.

7.2.2. Em casos excepcionais, quando o consumo de água não justificar a instalação de sistema de
produção de água para injetáveis, a farmácia pode utilizar-se de água para injetáveis produzida por
indústria farmacêutica, sendo neste caso desnecessária a realização dos testes previstos nos itens
7.2.6. E 7.2.7 deste anexo.

7.2.3. A água para enxágüe de ampolas e recipientes de envase, deve ter qualidade de água para
injetáveis.

7.2.4. O armazenamento da água não é recomendado, a não ser que ela seja mantida em recircula-
ção a uma temperatura igual ou superior a 80º c. Caso contrário, ela deve ser descartada a cada 24
(vinte e quatro) horas.

7.2.5. Deve haver procedimentos escritos para a limpeza e manutenção do sistema de obtenção de
água para injetáveis, com os devidos registros.

7.2.6. Devem ser feitos os testes físico-químicos e microbiológicos previstos para água purificada,
além de teste de endotoxinas bacterianas, com o objetivo de monitorar o processo de obtenção da
água para injetáveis, com base em procedimentos escritos.

7.2.7. A farmácia deve monitorar a água para preparação de estéreis, quanto à condutividade e pre-
sença de endotoxinas bacterianas imediatamente antes de ser usada na manipulação.

7.2.7.1. No caso da água se destinar a produtos oftálmicos, não será requerido o teste de endotoxi-
nas bacterianas.

7.2.8. Devem ser estabelecidas e registradas as medidas corretivas e preventivas que serão adota-
das em caso de laudo insatisfatório da água. Deve ser avaliada a efetividade das medidas adotadas,
por meio de uma nova análise.

7.2.9. O processo de obtenção da água utilizada na preparação de estéreis deve ser validado.

8. Controle do processo de manipulação.

8.1. Devem ser tomadas precauções no sentido de minimizar a contaminação durante todos os está-
gios da manipulação.

8.2. A manipulação deve ser realizada com técnica asséptica, seguindo procedimentos escritos e vali-
dados.

8.3. Deve existir um programa de monitoramento ambiental, para garantir a qualidade microbiológica
da sala de manipulação, com seus respectivos registros.

8.4. Deve ser verificado, sistematicamente, o cumprimento do procedimento de lavagem das mãos e
antebraços dos manipuladores.

8.5. Deve ser verificado o cumprimento dos procedimentos de limpeza e desinfecção das áreas, ins-
talações, equipamentos e materiais empregados na manipulação das preparações estéreis.

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8.6. Especialidades farmacêuticas, produtos para a saúde e recipientes devem ser limpos e desinfeta-
dos antes da entrada na área de manipulação.

8.7. Especialidades farmacêuticas utilizadas para preparação de estéreis devem ser previamente tra-
tadas para garantir a sua assepsia externa e inspecionadas visualmente quanto à presença de partí-
culas.

8.8. Deve ser efetuado, na ordem de manipulação, o registro do número de lote de cada uma das es-
pecialidades farmacêuticas e produtos para a saúde, ou de cada matéria-prima, utilizados na manipu-
lação de preparações estéreis, indicando inclusive os seus fabricantes / fornecedores.

8.9. As embalagens primárias estéreis devem ser transportadas de modo a garantir a manutenção da
sua esterilidade até o envase.

8.10. Todas as superfícies de trabalho, inclusive as internas da capela de fluxo laminar, devem ser
limpas e desinfetadas antes e depois de cada sessão de manipulação efetuando os respectivos regis-
tros.

8.11. Devem existir registros das operações de limpeza e desinfecção dos equipamentos emprega-
dos na manipulação.

8.12. O envase das preparações estéreis deve ser feito em recipiente que atenda aos requisitos deste
regulamento e garanta a estabilidade físico-química e microbiológica dessas preparações.

8.12.1. O recipiente deve manter a esterilidade e apirogenicidade do seu conteúdo durante a conser-
vação, transporte e administração.

8.12.2. Especialidades farmacêuticas, frascos e equipos, quando utilizados na reconstituição, transfe-


rência, incorporação e fracionamento, devem atender às recomendações da rdc/anvisa n° 45, de
12/03/2003 suas atualizações, ou outro instrumento legal que venha a substituí-la, observando crité-
rios específicos de fotossensibilidade dos produtos.

8.12.3. O envase de preparações esterilizadas por filtração deve ser procedido sob fluxo laminar
classe iso 5, em sala classe iso 7.

8.13. Deve ser efetuado teste de integridade no filtro esterilizante antes e após o processo de filtra-
ção.

8.14. Todas as soluções devem passar por filtração em membrana compatível com o método de este-
rilização final utilizado. Deverão ser efetuados testes para verificação da integridade da membrana
filtrante antes e após a filtração.

8.15. Todos os processos de esterilização devem ser validados e sistematicamente monitorados com
base em procedimentos escritos. Os resultados devem ser registrados e arquivados.

8.15.1. Devem ser definidos procedimentos claros para diferenciação das preparações esterilizadas,
das não esterilizadas.

8.16. Os indicadores biológicos devem ser considerados somente como método adicional para moni-
toramento da esterilização.

8.17. No caso de injetáveis, deve ser realizado o monitoramento dos produtos intermediários quanto à
presença de endotoxinas.

8.18. O tempo entre o início da manipulação de determinada solução e sua esterilização ou filtração
esterilizante deve ser o menor possível e estabelecido para cada produto, levando-se em conta a sua
composição.

8.19. A eficácia de qualquer procedimento novo deve ser validada em intervalos regulares ou quando
forem feitas modificações significativas no processo ou nos equipamentos.

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8.20. É obrigatória a revisão e inspeção de todas as unidades de produtos estéreis.

8.21. Deve ser efetuado teste para verificação da hermeticidade dos produtos estéreis.

8.22. Deve existir um sistema de identificação que garanta a segurança da separação das prepara-
ções antes e depois da revisão.

8.23. Todo produto estéril, obtido por reconstituição, transferência, incorporação ou fracionamento de
especialidades farmacêuticas estéreis destinado à utilização em serviços de saúde, deve conter ró-
tulo com as seguintes informações: nome completo do paciente, quarto/leito e registro hospitalar (se
for o caso), composição qualitativa e quantitativa dos produtos e ou nomes das especialidades farma-
cêuticas que compõem a manipulação, volume total, velocidade da infusão, via de acesso, data e
hora da manipulação, número seqüencial de controle e condições de temperatura para conservação e
transporte, nome e crf do farmacêutico responsável e identificação de quem preparou a manipulação.

9. Controle de qualidade.

9.1. As matérias-primas utilizadas na preparação de estéreis devem ser submetidas aos ensaios far-
macopéicos completos, incluindo identificação, quantificação (teor), impurezas e determinação da bio-
carga.

9.2. Os testes de quantificação (teor), impurezas e determinação da biocarga podem ser executados
por laboratórios de controle de qualidade terceirizados.

9.3. O produto estéril pronto para o uso deve ser submetido, além dos previstos no anexo i, aos se-
guintes controles:

a) inspeção visual de 100% das amostras, para verificar a integridade física da embalagem, ausência
de partículas estranhas, precipitações e separações de fases;

b) verificação da exatidão das informações do rótulo;

c) teste de esterilidade;

d) teste de endotoxinas bacterianas, exceto para os produtos oftálmicos.

9.3.1. As amostras para o teste de esterilidade devem ser retiradas, segundo técnicas de amostra-
gem que assegurem a representatividade da amostra, a cada ciclo de esterilização.

9.4. Todas as análises realizadas devem ser registradas.

9.5. Ficam dispensadas dos testes de esterilidade e de endotoxinas bacterianas toda preparação es-
téril, obtida por reconstituição, transferência, incorporação ou fracionamento de especialidades farma-
cêuticas estéreis, com prazo de utilização de 48 horas e nos casos de administração prolongada (dis-
positivos de infusão portáteis), desde que a infusão inicie até 30 horas após o preparo, em serviços
de saúde.

10.garantia da qualidade.

10.1. Validação.

10.1.1. Os equipamentos e as salas classificadas devem ser qualificados/certificados e os ciclos de


esterilização e despirogenização, assim como o sistema de obtenção de água para preparação de
estéreis devem ser validados.

10.1.2. O procedimento de preparações estéreis deve ser validado para garantir a obtenção do medi-
camento estéril.

10.1.2.1. A validação deve seguir protocolo escrito que inclua a avaliação da técnica adotada, por

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meio de um procedimento simulado.

10.1.2.2. A validação deve abranger a metodologia empregada, o manipulador, as condições da área


e dos equipamentos.

10.1.2.3. A validação do procedimento de manipulação deve ser realizada antes do efetivo início das
atividades da farmácia.

10.1.3. Devem ser realizadas revalidações periódicas, no mínimo uma vez ao ano.

10.1.4. Sempre que houver qualquer alteração nas condições validadas, o procedimento deve ser re-
validado.

10.1.5. As validações e revalidações devem ser documentadas e os documentos arquivados por dois
anos.

10.2. Documentação.

10.2.1. A documentação e o registro de preparações estéreis devem ser arquivados durante dois
anos a partir da data da manipulação.

11. Requisitos adicionais para manipulação/fracionamento de preparações estéreis contendo citostáti-


cos devem seguir as seguintes disposições, estabelecidas na rdc no 220 de 21 de setembro de 2004
ou outra norma que venha a substituí-la.

11.1. Todos os medicamentos citostáticos devem ser armazenados em local exclusivo, sob condições
apropriadas, de modo a preservar a identidade e integridade dos mesmos.

11.2. A farmácia deve possuir sala exclusiva para manipulação e fracionamento de citostáticos.

11.3. A pressurização da sala de manipulação deve ser negativa em relação ao ambiente adjacente.

11.4. Todas as operações devem ser realizadas em cabine de segurança biológica (csb) classe ii b2,
que deve ser instalada seguindo orientações contidas em legislação específica.

11.5. A csb deve ser validada com periodicidade semestral e sempre que houver deslocamento e/ou
reparos, por pessoal treinado, mantendo-se os registros.

11.6. Qualquer interrupção do funcionamento da csb implica na paralisação imediata das atividades
de manipulação dos medicamentos citostáticos.

11.7. Equipamentos de proteção individual.

11.7.1. Durante a manipulação devem ser usados:

a) dois pares de luvas (tipo cirúrgica) de látex estéreis com punho longo e sem talco, trocados a cada
hora ou sempre que sua integridade estiver comprometida;

b) avental longo ou macacão de uso restrito à sala de manipulação, com baixa permeabilidade, frente
fechada, com mangas longas e punho elástico.

11.7.2. A paramentação, quando reutilizável, deve ser guardada separadamente, em ambiente fe-
chado, até que seja lavada. O processo de lavagem deve ser exclusivo a este vestuário.

11.7.3. Deve ser feita a inspeção visual do produto final, observando a existência de perfurações e/ou
vazamentos, corpos estranhos ou precipitações na solução.

11.8. Conservação e transporte.

11.8.1. O transporte do medicamento citostático deve ser feito em recipientes isotérmicos exclusivos,

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protegido de intempéries e da incidência direta da luz solar.

11.8.2. O responsável pelo transporte de medicamentos citostáticos deve receber treinamento espe-
cífico de biossegurança em caso de acidentes e emergências.

11.8.3. Para casos de contaminação acidental no transporte de medicamentos citostáticos, é compul-


sória a notificação do ocorrido ao responsável pela manipulação, assim como as providências de des-
contaminação e limpeza, adotadas de acordo com os protocolos estabelecidos.

11.9. Biossegurança.

11.9.1. A farmácia deve dispor de programa de biossegurança, devidamente implantado, de acordo


com legislação específica.

11.9.2. A farmácia deve manter um “kit” de derramamento identificado e disponível em todas as áreas
onde são realizadas atividades de manipulação, armazenamento e transporte.

11.9.2.1. O kit de derramamento deve conter, no mínimo, luvas de procedimentos, avental de baixa
permeabilidade, compressas absorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, descrição do
procedimento, formulário para o registro do acidente e recipiente identificado para recolhimento dos
resíduos de acordo com rdc/anvisa nº 306, de 07/12/2004, suas atualizações ou outro instrumento
legal que venha substituí-la.

11.9.3. Devem existir normas e rotinas escritas, revisadas anualmente, para a utilização da cabine de
segurança biológica e dos equipamentos de proteção individual.

11.9.4. Em caso de acidente.

Todos os acidentes devem ser registrados em formulário específico.

11.9.4.1. Pessoal.

11.9.4.1.1. O vestuário deve ser removido imediatamente quando houver contaminação.

11.9.4.1.2. As áreas da pele atingidas devem ser lavadas com água e sabão.

11.9.4.1.3. Quando da contaminação dos olhos ou outras mucosas, lavar com água ou solução isotô-
nica em abundância e providenciar acompanhamento médico.

11.9.4.2. Na cabine.

11.9.4.2.1. Promover a descontaminação de toda a superfície interna da cabine.

11.9.4.2.2. Em caso de contaminação direta da superfície do filtro hepa, a cabine deverá ser isolada
até a substituição do filtro.

11.9.4.3. Ambiental.

11.9.4.3.1. O responsável pela descontaminação deve paramentar-se antes de iniciar o procedi-


mento.

11.9.4.3.2. A área do derramamento, após identificação e restrição de acesso, deve ser limitada com
compressas absorventes.

11.9.4.3.3. Os pós devem ser recolhidos com compressas absorventes umedecidas.

11.9.4.3.4. Os líquidos devem ser recolhidos com compressas absorventes secas.

11.9.4.3.5. A área deve ser limpa com água e sabão, em abundância.

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11.9.4.3.6. Quando da existência de fragmentos, estes devem ser recolhidos e descartados conforme
rdc/anvisa nº. 306, de 07/12/2004, suas atualizações ou outro instrumento que venha substituí-la.

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ERGONOMIA NO TRABALHO

Ergonomia Da Atividade E Qualidade De Vida No Trabalho

Cenário de mudanças e principais indicadores críticos no mundo do trabalho

O cenário contemporâneo do mundo do trabalho, marcadamente em ebulição, tem seu ponto de infle-
xão histórica no final da década de sessenta do século passado. É naquele período que se iniciava
um processo de reestruturação produtiva, ora em curso, como forma de superar a crise vigente no
sistema produtivo dos países ocidentais, de feição taylorista- fordista (Braverman, 1975). Os aspectos
históricos e os traços que foram sendo produzidos pela reestruturação produtiva marcam esse cená-
rio de mudanças.

As marcas das metamorfoses do mundo do trabalho

Na década de sessenta, o efeito combinado de diversos fatores (fortalecimento das reivindicações


sindicais, esgotamento do enfoque hard da chamada administração científica do trabalho, aumento
brutal do preço do petróleo, aumento das taxas de juros) produziu uma crise no modelo de acumula-
ção capitalista, impondo limites concretos nas taxas de mais-valia (Hobsbawm, 1996). Conforme assi-
nala De Toni (2006), instaurou-se:

(...) um processo de reestruturação capitalista que inclui formas diferenciadas de se produzir e organi-
zar o trabalho num contexto de fragmentação e fragilização do movimento sindical. Registram-se a
redução do emprego assalariado, especialmente na indústria, a proliferação de atividades em servi-
ços, a expansão de formas atípicas de inserção laboral em frente do padrão assalariado anterior e,
principalmente, a ampliação do desemprego e sua manutenção em patamar elevado (p. 127).

Estava nascendo a chamada reestruturação produtiva.

O fenômeno da reestruturação produtiva e industrial pode ser definido como uma busca por harmoni-
zar (compatibilizar) mudanças, principalmente, nos âmbitos do perfil das organizações produtivas,
das relações de produção, do modelo dominante de gestão do trabalho, da tecnologia com a introdu-
ção de instrumentos de trabalhos baseados na microeletrônica, do papel dos Estados nacionais e do
quadro jurídico internacional com medidas voltadas para o fim de barreiras comerciais. O processo de
transição para um novo paradigma produtivo tem sido marcado por diferentes experiências, medidas
e enfoques (Mattoso, 1995). A reestruturação da economia mundial, que toma impulso nas décadas
de 80 e 90 do século passado, vai paulatinamente dando forma e conteúdo à reestruturação produ-
tiva propriamente dita (Castel, 2003; Leite, 2003; Mattoso & Baltar, 1996). Nesse sentido, merecem
destaque três características principais:

- O primeiro traço marcante consiste no investimento intensivo em inovações tecnológicas, em espe-


cial a automação e a informatização do processo de produção de mercadorias e de serviços. Aqui re-
side, certamente, um dos pilares principais do crescimento contínuo da economia sem necessaria-
mente vir acompanhado – e isto é historicamente inédito – da geração de empregos assalariados. O
suporte tecnológico da microeletrônica tem produzido mudanças estruturais profundas nas organiza-
ções públicas e privadas.

- O segundo traço, o principal deles, situa-se na esfera da gestão organizacional e do trabalho. A in-
trodução de ferramentas informatizadas é um dos facilitadores do enfoque de gestão flexível da pro-
dução (fabricação com base na demanda) e do trabalho (gerenciamento mais eficaz do tempo e das
performances dos trabalhadores). Sem abandonar os pressupostos da organização científica do tra-
balho (OCT) de Taylor (radicalizada por Henry Ford), a revolução informacional, com base nos avan-
ços produzidos pela microeletrônica, tem produzido estilos gerenciais diferenciados que, no funda-
mental, reiteram o papel de co- adjuvantes dos trabalhadores nos processos produtivos.

- O terceiro traço importante reside nas iniciativas de mudanças do aparato jurídico que normatiza as
relações de trabalho e o próprio processo produtivo. Neste caso, tais iniciativas manifestam-se em
dois níveis. O primeiro nível é macro, ou seja, no âmbito dos Estados nacionais e das relações eco-
nômicas internacionais. Nesse âmbito trata-se das medidas voltadas para o estabelecimento de ba-
ses mais livres para as relações de compra e venda de mercadorias, geração de tecnologias e inten-
sificação do processo de comunicação. O segundo nível é micro, ocorre no interior das próprias orga-
nizações por meio do estabelecimento de novas normas, papéis e atribuições aos seus membros,
buscando-se acelerar o processo de reestruturação produtiva (como o controvertido banco de horas
na gestão da jornada de trabalho).

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ERGONOMIA NO TRABALHO

Nesse cenário de metamorfoses, o paradigma da flexibilização vai se afirmando como um dos pressu-
postos centrais da chamada reestruturação produtiva (Leite, 1994). A flexibilização pode ser conceitu-
ada como uma diretriz de gestão de processos produtivos que busca forjar organizações e trabalha-
dores resilientes às exigências, cada vez mais complexas (como instabilidade, imprevisibilidade), que
resultam das relações de produção e de troca do mundo trabalho. Nessa perspectiva, a tradição do
controle normativo das relações de trabalho constitui – parafraseando Drummond – uma “pedra no
meio do caminho” da reestruturação produtiva. Entretanto, têm crescido, cada vez mais, os contratos
por tempo determinado (causal-workers ou temporary-workers) e os trabalhadores em tempo parcial
(part-time-workers). A aplicação do paradigma da flexibilidade vem acompanhada da necessidade de
um novo perfil dos trabalhadores (destaque para a polivalência funcional) e da delegação da ativi-
dade-meio para fora da empresa (prática da terceirização).

O processo de mudanças aceleradas com base na reestruturação produtiva e apoiada no paradigma


da flexibilização está em curso. Mas, seus contornos, conseqüências e tendências apenas começam
a se esboçar. Os rumos da reestruturação são ainda incertos. De qualquer forma, as experiências
mais eloqüentes e dominantes – em curso nas grandes organizações públicas e privadas – têm reve-
lado seu caráter ideológico. Nesse sentido, a crítica de Sennett (2001) contra o verdadeiro sentido da
flexibilização é bastante ilustrativa (grifos nossos):

A palavra “flexibilidade” entrou na língua inglesa no século quinze. Seu sentido derivou originalmente
da simples observação de que, embora a árvore se dobrasse ao vento, seus galhos sempre voltavam
à posição normal. “Flexibilidade” designa essa capacidade de ceder e recuperar-se da árvore, o teste
e restauração de sua forma. Em termos ideais, o comportamento humano flexível deve ter a mesma
força tênsil: ser adaptável às circunstâncias variáveis, mas não quebrado por elas. A sociedade hoje
busca meios de destruir os males da rotina com a criação de instituições mais flexíveis. As práticas de
flexibilidade, porém, concentram-se mais nas forças que dobram as pessoas (p. 53).

Essa crítica de Richard Sennett guarda fina sintonia com a crítica, de longa data, da ergonomia da
atividade sobre os sistemas produtivos que têm, entre seus pilares de gestão, o pressuposto do tra-
balhador como variável de ajuste.

É com base nesse cenário que um conjunto de indicadores críticos tem sido produzido e que coloca
em primeiro plano a importância e o papel: (a) do resgate da qualidade de vida no trabalho no âmbito
das organizações; e (b) da intervenção dos profissionais que atuam no campo das ciências do traba-
lho.

Indicadores Críticos: Impactos Na Produção

O processo de reestruturação produtiva, até onde se sabe, não tem conseguido sanar efeitos já bem
conhecidos do mundo do trabalho os quais já existiam antes mesmo de sua inauguração a partir da
década de setenta. Ademais, é preciso registrar que em grande parte das organizações públicas e
privadas em países periféricos – como é o caso do Brasil – tal processo ainda permanece marcada-
mente ausente (Baumgarten, 2006). O velho e carcomido taylorismo-fordismo ainda prevalece como
modelo de gestão organizacional e do trabalho.

Não obstante a falta de dados estatísticos mais globais confiáveis sobre indicadores críticos na esfera
da produção – o que forneceria uma base de análise com maior grau de confiabilidade – o exame de
estudos, pesquisas, relatórios e artigos diversos (inclusive em revistas não especializadas) mostra
uma gama de indicadores que aparecem sob a forma de (Pastore, 2001):

- Erros freqüentes na execução de tarefas em virtude, sobretudo, de condições pouco adequadas de


trabalho e formação profissional deficiente (por exemplo, aplicativos de computador com usabilidade
deficitária que induz aos erros);

- Retrabalho, decorrência inexorável da existência de erros ou falhas de concepção, que impacta na


redução da eficácia do processo produtivo, no aumento do custo humano do trabalho e, não raro, re-
percute na insatisfação de usuários e consumidores;

- Perda e desperdício de material, decorrentes de desenhos de tarefas e processos de trabalho com


baixos graus de eficácia e eficiência que, em conseqüência, aumentam os custos de produção, por

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ERGONOMIA NO TRABALHO

sua vez, repercutem no preço final das mercadorias (caso do setor privado) e comprometem a quali-
dade dos serviços públicos prestados aos usuários-contribuintes (caso do setor público);

- Danificação de máquinas e equipamentos que resultam de procedimentos inadequados e, comu-


mente, de produtos oriundos de projetos industriais de concepção deficiente, retardando tempo de
produção, aumentando custos, gerando insatisfação, acidentes e doenças entre trabalhadores; e

- Queda e redução da produtividade e da qualidade almejadas de produtos e serviços que impactam


na perda de competitividade (no caso do setor privado) e do afastamento da missão maior das agên-
cias governamentais de proporcionar o exercício da cidadania aos usuários-contribuintes (caso do se-
tor público).

De modo global, tais indicadores críticos são ilustrativos dos dilemas contemporâneos da produção
que inquietam dirigentes e gestores de instituições públicas e privadas. Cabe salientar que esses indi-
cadores se constituem numa espécie de ponta do iceberg, posto que as causas mais profundas e os
efeitos em cascata que produzem permanecem pouco conhecidos e estudados.

Indicadores Críticos: Impacto Sobre Os Trabalhadores

Quando os problemas ligados à produção, mencionados anteriormente, tornam-se uma banalidade


nas organizações, inexoravelmente eles vêm acompanhados da manifestação de uma série de indi-
cadores críticos relacionados às conseqüências produzidas sobre os trabalhadores. Tais conseqüên-
cias se reportam, fundamentalmente, às suas performances nos ambientes de trabalho, suas atitu-
des/valores e, principalmente, ao estado de saúde. Nesse rol de indicadores críticos sobre os traba-
lhadores, merecem destaque:

- Absenteísmo crônico que invade o cotidiano de trabalho, superando taxas administráveis e agra-
vando as condições daqueles que permanecem trabalhando em virtude, sobretudo, do aumento da
carga de trabalho; paradoxalmente, em muitos casos ausentar-se sistematicamente do trabalho ter-
mina funcionando para alguns trabalhadores como estratégia de preservar a própria saúde mental e
física;

- Acidentes que crescem sem cessar nas organizações e que produzem uma gama de efeitos noci-
vos: mutilação de vidas, geração de incapacidades temporárias e permanentes, afastamentos das ati-
vidades laborais, aposentadorias precoces; o custo individual, coletivo, social, empresarial e estatal
dos acidentes é no caso brasileiro colossal, embora, sua avaliação e medidas necessitem ser aprimo-
radas;

- Doenças do trabalho e licenças-saúde que se multiplicam e desenham um perfil epidemiológico que


fortalece o nexo com os contextos de trabalho nos quais os acometidos estão ou estavam inseridos,
merecendo destaque: a epidemia dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT),
que se tornou um problema de saúde pública em diversos países ocidentais; e

- Rotatividade de trabalhadores nas organizações privadas que, em virtude do efeito combinado de


diversos fatores (por exemplo, precarização das relações e condições de trabalho, baixos salários),
transforma os trabalhadores em nômades que perambulam por organizações e estas, por sua vez,
fundamentam seus modelos de gestão do trabalho com base na rotatividade sistêmica (o setor de te-
leatendimento é ilustrativo); um dado, proveniente da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Brasil, mostra que em 2006 cerca de 8,4 milhões de empre-
gados estavam também em busca de um novo emprego em virtude da insatisfação com o emprego
atual.

Esse grupo de indicadores críticos reforça uma tese central que nasceu de estudos e pesquisas em
ergonomia da atividade (Daniellou, 2004): o paradigma de tratar cada trabalhador como variável de
ajuste, sem promover mudanças importantes em diversas esferas do contexto de trabalho (condi-
ções, organização, relações socioprofissionais) para regular e implementar estratégias econômicas e
empresariais tem limites, pois quando ultrapassam as capacidades humanas geram doenças men-
tais, físicas e inúmeros casos de suicídios (Valy, 2007). Nesse cenário, o custo humano do trabalho
transforma-se predominantemente em produtor de mal-estar, potencializando acidentes e doenças
entre trabalhadores.

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ERGONOMIA NO TRABALHO

Indicadores Críticos: Impactos Sobre Os Usuários E Consumidores

Corolário dos dois grupos anteriores, este grupo de indicadores críticos termina funcionando como
uma espécie de desaguadouro dos problemas relativos à produção e aos efeitos nocivos sobre os
trabalhadores de ambientes organizacionais igualmente nocivos. Na linguagem popular, são os usuá-
rios dos serviços públicos e os clientes/consumidores de mercadorias e serviços privados que aca-
bam por “pagar o pato”. Não é demais lembrar que, neste caso, os trabalhadores podem ser dupla-
mente vítimas, pois fora das organizações são eles também usuários e consumidores. Nesse caso,
os indicadores críticos mais recorrentes têm se manifestado sobre a forma de:

- Queixas e reclamações da qualidade de serviços e produtos, de cláusulas não cumpridas, dos mo-
dos de tratamento recebidos em contextos de atendimento, da falta sequer de acessibilidade aos ser-
viços, em tese, oferecidos. Dois dados empíricos são eloqüentes de tais indicadores críticos: a diver-
sidade de reclamações de usuários e consumidores que aparecem na mídia, estabelecendo rankings
de empresas/instituições campeãs de reclamações e a criação de órgãos de defesa dos consumido-
res que passaram a ter destaque bastante positivo na luta por direitos nas relações de consumo (Al-
ves Júnior, 2005; Freire, 2002; Gonçalves, 2002; Hostensky, 2004);

- Insatisfação de usuários e consumidores quanto à qualidade dos serviços prestados pelo setor pú-
blico e dos produtos/serviços disponibilizados pelas empresas privadas que prejudica o próprio
acesso aos produtos e serviços para satisfazerem suas necessidades individuais e sociais (Menezes,
2003).

Esse conjunto de indicadores globais desenha a criticidade dos problemas mais recorrentes vivencia-
dos em organizações públicas e privadas. No setor privado, ele coloca em risco a tão desejada com-
petitividade, o crescimento sustentável e a fidelização de clientes/consumidores. No setor público, tais
indicadores colocam em risco o exercício efetivo da cidadania e, em conseqüência, fragilizam os valo-
res sociais (como a descrença nos dirigentes) e políticos nos regimes democráticos.

Em síntese, buscou-se até aqui esboçar a fundamentação empírica, mais global, que dá sustentação
à necessidade de intervenção no campo da qualidade de vida no trabalho. No tópico a seguir são
apresentados também fundamentos empíricos, mais específicos, com base nos resultados de pesqui-
sas e estudos em ergonomia da atividade e ciências afins que convocam os profissionais para a ur-
gência de intervenções no campo da qualidade de vida no trabalho. Todavia, a ênfase é na análise
dos traços característicos principais da ergonomia da atividade, buscando fornecer os fundamentos
teóricos que a habilitam para a tarefa da promoção de QVT.

Os Traços Característicos Da Ergonomia Da Atividade

Para responder a segunda questão deste texto, o percurso analítico seguirá por aspectos históricos,
conceitos de ergonomia, objetos de estudo, alguns dos principais resultados de estudos e pesquisas
e elementos teóricos centrais.

Breve Histórico: Diálogo Entre Pesquisadores E Trabalhadores

A ergonomia, embora relativamente desconhecida do grande público, tem cerca de meio século de
existência. Ela surgiu oficialmente na Inglaterra, ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1948, na
criação da Research Ergonomics Society. O fato que, segundo os manuais de ergonomia (Iida, 2005;
Moraes & Mont’Alvão, 1998) está na origem da disciplina foi a conseqüência da atuação conjunta de
engenheiros, psicólogos e fisiologistas para remodelarem o cockpit dos aviões de caça ingleses. O
êxito dessa experiência de natureza interdisciplinar a credenciou para ser exportada para o mundo
industrial no pós-guerra.

Assim, surgiu formalmente a ergonomia – “filha da guerra” como assevera Teiger (1993) – cujo este-
reótipo de “ciência do posto de trabalho” ou, pejorativamente “cadeirologia”, permanece forte no ima-
ginário social de leigos. Ocorre que, de início, a preocupação da ergonomia estava centrada, segundo
Abrahão e Pinho (2002), na “(...) a compreensão das exigências do trabalho, especialmente entre os
autores da língua francesa, estava centrada basicamente: a) no gestual; b) no agrupamento das infor-
mações; c) nos procedimentos adotados no sistema de produção; e d) nos processos de pensa-
mento” (p. 47). Passado mais de meio século de existência a ergonomia desenvolveu-se teórica e
metodologicamente e, hoje, os postos de trabalho são tão-somente um dos objetos de análise da er-
gonomia.

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Ao longo dos anos, a diversidade de práticas em ergonomia deu origem a campos distintos de inter-
venção (projetos e correção) e de abordagens ou escolas igualmente distintas (human factor enginee-
ring e ergonomie de l’activité). Essa distinção não é objeto de consenso na literatura (Iida, 2005). En-
tretanto, uma análise mais detida coloca em primeiro plano diferenças importantes entre as duas
abordagens, em particular no que concerne aos modelos de ser humano e de trabalho que se encon-
tram velados ou explícitos nos diferentes usos que se faz da ergonomia. Nos textos de alguns autores
(Sanders & McCormick, 1987; Tichauer, 1978), o objetivo da ergonomia centra-se primordialmente
nos resultados, na produtividade. Nesse sentido, assinala, com justeza, Rozestraten (2005):

É interessante ver como há certa diferença entre a visão européia e a visão norte-americana. En-
quanto a primeira coloca em tudo o homem trabalhador em primeiro lugar, a segunda apesar de dizer
que “a ênfase é no ser humano” coloca como primeiro objetivo a efetividade e a eficiência do trabalho
e o aumento da produtividade. Somente em segundo lugar vêm os “valores humanos” (p. 3).

O enfoque adotado neste texto, conforme assinalado na introdução situa-se, portanto, no campo da
ergonomia da atividade. Essa abordagem, de filiação teórico- metodológica na produção científica
franco-belga (Guérin, Laville, Daniellou, Duraffourg & Kerguelen, 2001), tem características que, se
ampliadas, podem credenciá-la para o enfrentamento da temática qualidade de vida no trabalho no
sentido amplo e preventivo dessa noção.

A ergonomia da atividade surgiu na França e na Bélgica na mesma época. Sua história é marcada
por forte preocupação social de pesquisadores que habitavam o mundo acadêmico na Europa no sé-
culo XX. Desde o início, a ergonomia da atividade esteve claramente articulada com o movimento
operário, buscando transformar as situações de trabalho e, em conseqüência, atender às demandas
sindicais na perspectiva de promover a melhoria das condições de trabalho e garantir a saúde dos
trabalhadores.

O fato é que a ergonomia da atividade foi se construindo com base na constatação dos efeitos noci-
vos produzidos pela administração científica do trabalho, cuja versão mais acabada ao final dos anos
40 tinha a face do taylorismo-fordismo. A jovem ciência propunha uma inversão no paradigma taylo-
rista vigente “one best way” (Bonnardel, 1946): ao invés da adaptação do homem ao trabalho, ela
sustenta a necessidade de adaptar, isto sim, o trabalho (sentido largo do termo) a quem trabalha.
Nesse sentido, o distanciamento entre as duas perspectivas toma forma e conteúdo (Ferreira, 2004):

(...) abordagem taylorista trabalha implicitamente com o pressuposto da regularidade e estabilidade


de funcionamento do operador. Buscando provar que se pode mudar a técnica, os instrumentos, as
condições de trabalho numa perspectiva antropocêntrica, a ergonomia opera uma inversão do para-
digma homem-trabalho numa perspectiva de adaptar o trabalho ao homem (p. 192).

Eis, portanto, alguns vestígios, de natureza histórica, sobre a origem e o papel da ergonomia da ativi-
dade na melhoria do bem-estar dos trabalhadores que apontam na direção de qualidade de vida no
trabalho.

Ergonomia: definições e objeto de estudo

A revisão de textos clássicos em ergonomia (Daniellou, 2004) mostra que a identidade científica
dessa disciplina está em construção. Isso não é por acaso, pois com apenas meio século de existên-
cia formal, ela pode ser considerada uma jovem ciência se comparada, por exemplo, com a física. Al-
gumas de suas definições mais recorrentes na literatura colocam em evidência aspectos que interes-
sam aos objetivos deste texto.

A definição pioneira do engenheiro inglês Murrel (1969), um dos fundadores da ergonomia na Europa,
começa a desenhar a identidade científica da disciplina (grifos nossos):

Estudo científico da relação entre o homem e seu ambiente de trabalho. Nesse sentido, o termo ambi-
ente não se refere apenas ao contorno ambiental, no qual o homem trabalha, mas também a suas
ferramentas, seus métodos de trabalho e à organização deste, considerando-se este homem, tanto
como indivíduo quanto como participante de um grupo de trabalho (...). Na periferia da ergonomia (...)
estão as relações do homem com seus companheiros de trabalho, seus supervisores, gerente e com
sua família (p. 13).

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Entretanto, as definições aprovadas em congressos científicos têm sido as mais adotadas na litera-
tura. A definição mais recente, adotada em agosto de 2000, pela Associação Internacional de ergono-
mia (IEA) é a seguinte (grifos nossos):

A ergonomia (ou o estudo dos fatores humanos) tem por objetivo a compreensão fundamental das
interações entre os seres humanos e os outros componentes de um sistema. Ela busca agregar ao
processo de concepção teorias, princípios, métodos e informações pertinentes para a melhoria do
bem-estar do humano e a eficácia global dos sistemas.

A análise da evolução das definições de ergonomia coloca em evidência algumas de suas caracterís-
ticas, que autorizam inferir sua importância para uma abordagem de qualidade de vida no trabalho
preventiva. Nesse sentido, cabe destacar: (a) o caráter multidisciplinar e aplicado, convocando outros
saberes e profissionais para produção de conhecimento sobre um mesmo objeto; (b) o foco no bem-
estar dos trabalhadores e na eficácia dos processos produtivos; (c) a adaptação do contexto de traba-
lho a quem nele trabalha; (d) a transformação dos ambientes de trabalho, buscando conforto e pre-
venção de agravos à saúde dos trabalhadores. O mais importante: o objeto de estudo, análise e inter-
venção da ergonomia da atividade é a interação entre os indivíduos e um determinado contexto de
trabalho.

Tais características habilitam a ergonomia como uma área científica, mesmo uma “ferramenta”, para
atuar na temática de qualidade de vida no trabalho. Pode-se depreender que a razão de ser da ergo-
nomia é compreender os problemas (contradições) que obstaculizam a interação (mediação) dos tra-
balhadores com o ambiente de trabalho, cuja perspectiva é promover o bem-estar de quem trabalha e
o alcance dos objetivos organizacionais. Tal horizonte pode ser interpretado como a busca também
por qualidade de vida no trabalho.

Alguns dos principais resultados de estudos e pesquisa em ergonomia da atividade

Um balanço analítico de estudos e de pesquisas em ergonomia, cuja âncora bibliográfica principal en-
contra-se nos manuais dessa disciplina (Grandjean, 1998; Guérin et al., 2001), permite identificar um
conjunto de resultados de análises ergonômicas do trabalho que dão origem ou subsidiam recomen-
dações da disciplina para a melhoria do bem-estar no trabalho e a garantia da eficiência e eficácia do
processo produtivo. Tais resultados confirmam ou guardam semelhanças com outras descobertas
das ciências do trabalho (por exemplo, psicologia, administração, sociologia, psicodinâmica). Entre
tais resultados, objeto de relativo consenso entre especialistas, merecem destaque:

a) O modelo de gestão do trabalho potencializa a ocorrência de mal-estar em trabalhadores e coloca


em risco a eficiência e a eficácia duradouras do processo de trabalho quando:

- Inibe ou restringe a autonomia na execução de tarefas, dificultando ou obstaculizando o estabeleci-


mento pessoal de ritmos e cadências e a produção e o uso de savoir-faire;

- Prescreve tarefas fragmentadas e de ciclos curtos;

- Estabelece prazos exíguos para execução de tarefas;

- Impõe controle temporal por parte de chefias, clientes, colegas e, principalmente, de máquinas;

- Induz a aceleração de performances por meio de recompensas monetárias;

- Desenha tarefas com base no pressuposto de “trabalhador médio” que, em conseqüência, não res-
peita a variabilidade (intra e inter) individual dos trabalhadores, padronizando performances sem con-
siderar adequadamente as capacidades (fisiológicas e psicológicas) e limites de funcionamento do
ser humano;

- Estabelece metas, resultados e produtos sem a participação dos interessados e, principalmente,


projeta tarefas, situações e produtos com base em modelo simplista ou simplificador de desempenho
humano, pois não leva em conta que a ação humana (ainda que no nível do automatismo) pressupõe
um mecanismo cognitivo (percepção, tratamento, tomada de decisão, execução, avaliação) que lhe
serve de suporte psicológico;

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- Projeta situações de trabalho que: (a) não explicitam de modo inequívoco o que se espera do com-
portamento dos trabalhadores; (b) não avaliam corretamente o estado de saúde dos trabalhadores;
(c) não estabelecem, previamente, as atividades de formação e treinamento necessárias; e (d) des-
consideram os fatores motivacionais que influenciam a conduta humana;

- Não adéqua os contextos de trabalho ao processo natural de envelhecimento de uma dada popula-
ção de trabalhadores, dificultando os mecanismos de compensação que nascem – por “efeito idade”
– da evolução de competências;

- Dificulta ou impede a cooperação coletiva dos trabalhadores para gestão das exigências sociotécni-
cas das tarefas e, sobretudo, a construção e operacionalização de estratégias coletivas de superação
e compensação dos limites e problemas presentes nas situações de trabalho;

- Busca, de modo inflexível, formatar as performances dos trabalhadores desconsiderando que na


atividade humana trabalho há sempre alguma coisa de irredutível a qualquer tipo de previsão e regu-
laridade stricto sensu, pois ela será sempre um compromisso a ser construído a cada momento com
base em exigências endógenas (estado funcional momentâneo de cada trabalhador) e exógenas
(provenientes do contexto de trabalho); e

- Coloca obstáculos à atividade humana de adaptação à situação real de trabalho, dificultando a me-
diação entre o que está formalmente estabelecido (prescrito) e as características e exigências concre-
tas de cada situação de trabalho.

Os postos de trabalho aumentam os riscos de acidentes e doenças ocupacionais quando não propor-
cionam, de forma adequada e personalizada, a compatibilidade entre as características psicofisiológi-
cas dos usuários, o ambiente físico e social no qual está inserido e as exigências sociotécnicas das
tarefas.

a) As condições disponibilizadas para a execução das tarefas aumentam o risco de incidências de


distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) quando: (a) não proporcionam uma vari-
abilidade postural moderada, em conformidade com as características psicofisiológicas e antropomé-
tricas de cada trabalhador; (b) restringem ou impedem a liberdade de escolha de postura apropriada
para cada situação; (c) induzem, em conseqüência, à solicitação intensiva de alguns segmentos cor-
porais e respectivas musculaturas.

b) O contexto de trabalho (com todos seus componentes: físicos, instrumentais, sociais, normativos
e, em especial, as tarefas prescritas) aumenta consideravelmente o custo humano do trabalho e os
riscos de acidentes, doenças, erros e retrabalho quando não incorpora adequadamente e de modo
integrado as características singulares de um grupo de trabalhadores em termos de exigências:

- Físicas: estrutura e funcionamento do corpo humano e seus limites em termos de posturas, gestos,
deslocamentos, desgaste energético, ciclos circadianos;

- Cognitivas: indissociabilidade entre conhecimento e ação, bem como, os limites neurossensoriais de


cada ser humano; e

- Afetivas: produção ininterrupta de significação psíquica e sentimentos de mal e bem- estar proveni-
entes da atividade trabalho.

Ao longo de sua história, a produção científica em ergonomia da atividade tem, insistentemente, mos-
trado que a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real constitui uma descontinuidade funda-
mental, fundadora de um conflito de duas lógicas: (a) do modelo da realidade em geral e da (b) ativi-
dade em particular (Hubault, 1995, 2006). Como distância a ser identificada e analisada, ela é uma
fonte produtora de conhecimento em ergonomia. Nesse sentido, estudos e pesquisas (Weill-Fassina,
Rabardel & Dubois, 1993) colocam em evidência o caráter de imprevisibilidade da atividade, pois ela
requer a cada instante a inteligência criadora dos trabalhadores.

A atividade não pode, portanto, ser interpretada automaticamente como sinônimo de interesse ou de
satisfação no trabalho, posto que os sentimentos de fadiga, monotonia e insatisfação podem estar
presentes num mesmo posto de trabalho. Em conseqüência, o foco na análise da atividade em situa-
ções reais de trabalho evidenciou o papel estratégico do conhecimento sob a forma de savoir-faire
dos trabalhadores, que é construído no dia-a-dia de trabalho para garantir os clássicos imperativos

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ERGONOMIA NO TRABALHO

empresariais de produtividade, eficiência e qualidade e, ao mesmo tempo, suas condições de saúde.

Assim, cabe destacar que o foco do olhar teórico-metodológico da ergonomia da atividade está vol-
tado para a singularidade do ato de trabalhar de cada ser humano em contextos assemelhados ou
diferentes. Tal singularidade tem múltiplas faces, uma delas – talvez a mais relevante – diz respeito à
linguagem conforme salienta Motta (1997):

Os seres humanos vivem em um universo de significações. Eles decodificam sem cessar, não apenas
as palavras de seus semelhantes, mas também suas expressões, suas posturas, suas ações dos
mais variados tipos, sempre lhes atribuindo um sentido. Ocorre da mesma forma com os sentidos que
vão assumir suas próprias ações. Essa significação está muito longe de ser universal e está sempre
relacionada a uma espécie de linguagem particular (p. 26).

O elenco dos principais resultados de pesquisa, estudos e intervenções em ergonomia e disciplinas


afins cumpre, portanto, duas finalidades neste tópico do texto: de um lado, complementam os funda-
mentos empíricos (apresentados acima) que justificam a importância do planejamento e da operacio-
nalização de programas de qualidade de vida no trabalho; e, de outro, destacam aspectos que mar-
cam a identidade da ergonomia da atividade que podem ser úteis para uma abordagem preventiva
em QVT.

Traços teóricos distintivos da ergonomia da atividade

A análise da literatura em ergonomia da atividade, para além dos aspectos mencionados anterior-
mente, permite identificar alguns de seus principais traços teóricos que marcam sua identidade cientí-
fica no campo das ciências do trabalho. Tais traços se reportam às dimensões analíticas centrais da
ergonomia da atividade e que são conformadores do próprio objeto de investigação sobre o qual re-
pousa sua produção de conhecimentos. Assim, um esforço de síntese aponta para as seguintes di-
mensões conceituais (Ferreira & Mendes, 2003):

- Contexto de trabalho: designa o meio físico, instrumental e social onde se realiza a atividade de tra-
balho. Ele pode ser designado genericamente como um contexto de produção de Bens ou serviços
(CPBS), no qual se encontram os parâmetros estruturadores da ação humana. Esses parâmetros ma-
nifestam-se, principalmente, sob a forma de informações econômicas ou institucionais, política de
pessoal, determinações jurídicas externas, localização espacial, condições de trabalho, organização
do processo de trabalho, tarefas prescritas. A compreensão da performance humana é inseparável do
diagnóstico dos elementos do CPBS que podem estar na origem, por exemplo, de erros ou acidentes
de trabalho.

- Indivíduo: ele assume em ergonomia da atividade contornos singulares, cuja designação já é um


distintivo de qual indivíduo se fala: o trabalhador ou a trabalhadora. Em ergonomia da atividade, o in-
divíduo é sujeito ativo que pensa, age e sente; por meio de sua atividade de trabalho, constrói e re-
constrói sua experiência de trabalho cotidianamente. A acepção conceitual distancia-se – a rigor se
opõe – das noções de filiação taylorista, de “trabalhador médio” e do “ser humano como variável de
ajuste”. Nesse sentido, a diversidade e a variabilidade interindividuais (gênero, idade, dimensões cor-
porais, experiência, competências) e intra-individuais (transformações físicas e mentais do próprio tra-
balhador em função das variações temporais em curto, médio e longo prazos) assumem valor heurís-
tico central na concepção de indivíduo em ergonomia da atividade como fatores fundamentais para se
compreender os comportamentos em situação de trabalho.

- Trabalho: comporta dois eixos, cujos sentidos são complementares. Em primeiro lugar, o trabalho
assume um sentido macro em função de seu caráter histórico e antropogenético como traço distintivo
da espécie humana. Em poucas palavras, o trabalho é, historicamente, o “modo de ser” que possibili-
tou a espécie a sua acepção humana stricto sensu. Em segundo lugar, o trabalho é ação humana de
mediação adaptativa (regulação) por meio do qual os trabalhadores respondem às contradições (pro-
blemas, dificuldades, limites, indicadores críticos) existentes nos contextos de trabalho com o objetivo
(finalismo) de cumprir as tarefas prescritas e, ao mesmo tempo, garantir o próprio bem-estar. O traba-
lho-atividade ocupa lugar epistemológico fundamental no diagnóstico da interação indivíduo-ambi-
ente.

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ERGONOMIA NO TRABALHO

Eis, portanto, as três dimensões fundamentais que caracterizam o “olhar” da ergonomia da atividade
sobre o indivíduo em seu contexto de trabalho. Daqui nascem as três questões básicas que, regra ge-
ral, norteiam a investigação dessa disciplina na busca de construir quadros elucidativos das mazelas
que habitam o mundo do trabalho: Como se caracteriza um dado contexto de trabalho? Como se ca-
racteriza o perfil (demográfico e profissiográfico) dos trabalhadores? Como se caracterizam suas res-
pectivas atividades mediadoras de trabalho?

Desse modo, a distinção conceitual “contexto de trabalho”, “indivíduo” e “atividade” (trabalho) é, antes
de tudo, recurso didático de distinção teórica para melhor compreender os elementos básicos que
são constitutivos e constituidores do mundo do trabalho.

Desenhar cenários explicativos dos problemas encontrados requer fazer, metaforicamente, dois movi-
mentos: um de zoom-in, para examinar exaustivamente cada dimensão analítica e outro de zoom-out,
para compreender suas interações e nexo causal com base em uma perspectiva mais holística. É
nessa ótica que o título de uma obra de referência clássica em ergonomia da atividade (Guérin et al.,
2001) é bastante elucidativo da missão da ergonomia: Compreender o trabalho para transformá-lo: a
prática da ergonomia.

Por fim, cabe salientar dois aspectos que permeiam os traços teóricos da ergonomia da atividade e
que são essenciais para a interlocução com o campo da qualidade de vida no trabalho.

O primeiro diz respeito à centralidade do enfoque preventivo como diretriz estruturante do diagnóstico
ergonômico. A ergonomia da atividade não se ocupa das doenças do trabalho em si mesmas; elas
são, a rigor, um “ponto de partida” para a análise ergonômica que é, de fato, seu “ponto de chegada”.
Seu foco de preocupação, ao diagnosticar as causas dos problemas, é a sua prevenção (por exem-
plo, acidentes, doenças, erros, retrabalho) nas organizações que colocam em risco o bem-estar dos
trabalhadores e a eficiência e eficácia dos processos produtivos.

O segundo se reporta ao seu caráter multidisciplinar que, por natureza, convoca outras ciências e ci-
entistas do trabalho para a parceria na produção de conhecimentos. O bem-estar no trabalho e o al-
cance dos objetivos organizacionais, regra geral, não são obras somente de uma ciência ou um cien-
tista isolado, mas fruto de distintas contribuições para elucidar os enigmas que habitam a interação
“indivíduo-atividade-contexto de trabalho”.

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