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Aula 4: Tratamento preliminar de

efluentes líquidos

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

Prof. Éverton Hansen


Objetivos da aula

✓ Identificar os componentes de fluxograma simplificado de uma


ETE;

✓ Estudar os principais processos de pré-tratamento de efluentes,


suas aplicações e princípios de dimensionamento.
Processos de Tratamento de
Efluentes
✓ Os fenômenos atuantes na formação dos esgotos, deverão atuar de modo
inverso nas operações de tratamento.

✓ Por exemplo: se um esgoto é formado pela adição de agentes estritamente


físicos, um sistema adotado para remoção destes agentes poderá ser um
processo físico de tratamento.

✓ Obviamente estas operações não atuam isoladamente, as transformações


provocadas por uma determinada operação influirá indiretamente nos
fenômenos inerentes aos demais processos.
Processos de Tratamento de
Efluentes
✓ Processos físicos: Caracterizam-se principalmente pelos processos de
remoção das substâncias fisicamente separáveis, que não se encontram
dissolvidas.

✓ Predomina a aplicação de forças físicas e que dependem de propriedades


físicas das impurezas (tamanho de partícula, massa específica, viscosidade,
etc.) Ex.: gradeamento, sedimentação, filtração,...

✓ Processos químicos: dependem das propriedades químicas das impurezas ou


utilizam propriedades químicas dos reagentes adicionados. Ex: precipitação
química, oxidação, cloração, neutralização, correção de pH.

✓ Processos biológicos: dependem da ação de microrganismos. São processos


que utilizam reações bioquímicas para remover impurezas orgânicas solúveis
ou coloidais. Ex.: oxidação biológica, digestão do lodo, etc.
Operações de tratamento de
efluentes líquidos
Fluxograma simplificado de uma
Estação de Tratamento de Efluentes
Fluxograma simplificado de uma
Estação de Tratamento de Água
Processos aplicados ao
tratamento preliminar
(pré-tratamento) de efluentes
1. GRADEAMENTO
✓ O gradeamento é feito por dispositivos constituídos por barras metálicas paralelas e
igualmente espaçadas, que objetivam:
❖ remoção dos sólidos grosseiros;
❖ proteção dos dispositivos de transporte das águas residuárias (bombas, tubulações e
acessórios);
❖ proteção dos dispositivos de tratamento;
❖ aumento da eficiência de operação.

✓ As grades normalmente são colocadas ao longo das canaletas que conduzem os efluentes
para o tanque de homogeneização.

✓ As grades são projetadas para limpeza manual ou mecânica.

✓ Espaçamento:
❖ Grosseiro: abertura de 50‐150 mm (2‐6 in);
❖ Médio: abertura de 20‐50 mm (0,8‐2 in).
1. GRADEAMENTO
✓ Para evitar a sedimentação de matérias grosseiras, a velocidade do canal de acesso
deve ser superior a 0,6 m/s.

✓ As grades podem ser instaladas de forma inclinada para facilitar a remoção dos
sólidos.

✓ A inclinação média das grades depende do tipo de gradeamento.

✓ Para grades de limpeza manual:


❖ Para gradeamento grosseiro adotam‐se inclinações de 30 a 45º em relação ao fundo
da canaleta, no sentido do fluxo de escoamento.
❖ Já o gradeamento fino apresenta inclinações das barras que variam de 45 a 60º.
1. GRADEAMENTO
1. GRADEAMENTO
1. GRADEAMENTO
2. PENEIRAMENTO
✓ Tem como principal finalidade remover sólidos grosseiros suspensos das águas residuárias
com granulometria superior a 0,25 mm.
✓ As peneiras são utilizadas para a remoção de sólidos finos e/ou fibrosos e podem ser
estáticas ou móveis.
✓ Peneiras estáticas ou hidrodinâmicas: o efluente flui na parte superior, desce pela tela e cai
pelas malhas para dentro de um coletor, onde é recolhido e direcionado para unidade
subsequente, enquanto os sólidos grosseiros deslizam na tela inclinada, sendo empurrados
pelo próprio líquido e são recolhidos na parte inferior.

Vídeo de peneira estática:


https://www.youtube.com/watch?v=pwZsqG_JbqU
2. PENEIRAMENTO
✓ As peneiras podem ser instaladas recebendo o efluente por bombeamento ou por
gravidade, situando-se antes ou depois do tanque de equalização.
✓ Podem ser dimensionadas pela taxa de aplicação, que varia com a abertura da tela,
ressaltando-se que estas taxas também podem variar conforme o tipo de efluente e as
seguintes características:
❖ concentração dos sólidos a serem removidos,
❖ temperatura e
❖ viscosidade.
2. PENEIRAMENTO
✓ Peneiras rotativas: O efluente entra diretamente na tela de filtração;
✓ Os sólidos que são retidos pela tela são direcionados para a saída através de um
guia fixado internamente na tela.
✓ O líquido filtrado sai pela parte inferior do equipamento.

Peneira de escovas rotativas


auto limpante:

Vídeo de peneira auto limpante:


https://www.youtube.com/watch?v=S1DpTBH13Yw
3. REMOÇÃO DE AREIA
✓ Consiste na remoção de todo o material pesado, tais como:
❖ pedriscos,
❖ escórias,
❖ cascalhos,
❖ areia, etc.

✓ A remoção de areia dos efluentes tem por finalidade:


❖ evitar abrasão nos equipamentos e nas tubulações;
❖ eliminar ou reduzir as possibilidade de obstrução nas unidades dos sistemas
(tubulações, tanques, sifões, etc.).

✓ As caixas de areia são constituídas de câmaras com um alargamento brusco da


seção transversal do canal com a finalidade de diminuir a velocidade do afluente;

✓ São geralmente instaladas depois dos dispositivos de remoção de sólidos


grosseiros.
3. REMOÇÃO DE AREIA
✓ São retidas partículas cujos diâmetros variam de 0,1 a 0,40 mm.
✓ Para se obter a retenção destas partículas condiciona‐se a velocidade dos
efluentes em torno de 0,30 m/s.
✓ A retenção de areia processa‐se continuamente. Portanto, é necessário que este
material seja removido periodicamente.
✓ A remoção de areia pode ser realizada manual ou mecanicamente.
3. REMOÇÃO DE AREIA
✓ Determinação da seção transversal (largura x profundidade):

✓ Comprimento da caixa de areia: Para partículas de diâmetros iguais ou maiores do


que 0,2 mm, a velocidade de sedimentação da areia é em torno de 2 cm/s.
✓ Observando‐se o trajeto da partícula e relacionado a velocidade de decantação
com a velocidade de fluxo, tem‐se:
3. REMOÇÃO DE AREIA

Como t1 = t2, pois o tempo gasto para a partícula percorrer as distâncias H e L é o


mesmo, tem‐se:
v1H = Lv2

Substituindo‐se os valores de v1 e v2, obtém‐se a seguinte relação:


L = 15H

Para segurança, devido ao efeito de turbulência, adota‐se um fator de segurança


de 50%:
L = 22,5 H
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS
✓ A remoção de óleos e graxas visa:
❖ evitar obstruções dos coletores;
❖ evitar aderência nas peças especiais da estação de tratamento;
❖ evitar acúmulo nas unidades de tratamento que provocam odores desagradáveis e
perturbações no funcionamento dos dispositivos de tratamento.

✓ Podem funcionar como tanques retentores de óleos e graxas todos os recipientes que
provoquem a redução da velocidade da água e apresentem uma superfície tranquila.

✓ O efeito está ligado à relação entre a área da superfície livre e a vazão do efluente.

✓ O funcionamento dos dispositivos de remoção de óleos e graxas está baseado na


flotação: materiais oleosos (de peso específico menor que a água) flotam à superfície
do separador, de onde serão removidos para uma eventual recuperação ou
disposição.
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS

✓ Se os materiais oleosos estiverem muito dispersos, alguma forma de


coalescência deve ser introduzida, ou auxiliares de coagulação podem ser
adicionados. Outra alternativa é a flotação a ar.

✓ Os materiais oleosos emulsionados necessitam de um tratamento especial,


de modo a quebrar as emulsões.

✓ As emulsões podem ser quebradas:


❖ por aquecimento (reduz a viscosidade da fase oleosa e enfraquece os
filmes interfaciais de vários agentes emulsificantes);
❖ com o uso de produtos químicos, os quais neutralizarão cargas elétricas.
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS

Flauta coleta óleo leve


Óleo

Entrada Saída
Calha Parshall

Borra
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS
4. REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS

✓ Área de superfície em um tanque de remoção de óleos e graxas

Área (m2) = Vazão (m3/h) / Velocidade mínima de ascensão (m/h)

✓ Velocidade mínima de ascensão: velocidade das partículas de menor tamanho que for
necessário reter.
✓ Esta velocidade pode ser determinada em um cilindro graduado, observando‐se o tempo
necessário para incorporar uma determinada fração do óleo à camada superficial:

Velocidade mínima de ascensão (m/h) = Altura do cilindro (m) / tempo (h)


5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES
✓ Os vertedores são medidores de vazão.

✓ Classificam‐se em triangulares e retangulares.

✓ Os vertedores podem ser definidos como simples aberturas ou entalhes, sobre os quais um
líquido escoa.

✓ O vertedores têm sido utilizados na medição de vazão de pequenos cursos d`água e condutos
livres, assim como no controle do escoamento em galerias e canais.

✓ Vertedores triangulares são medidores ideais para vazões estimadas inferiores a 30 L/s.
✓ Para vazões entre 30 e 300 L/s, os vertedores triangulares oferecem a mesma precisão que os
vertedores retangulares.

✓ Vertedores retangulares são medidores ideais para vazões estimadas superiores a 300 L/s.
5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES
5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES

Vertedor
sem
contração

Vertedor
com
contração
5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES
5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES
5. MEDIDORES DE VAZÃO: VERTEDORES
Exemplo 1
Qual a vazão medida de um efluente líquido empregando-se um vertedor
retangular construído com 0,90 m de largura (largura média do canal de 1,35 m,
com duas contrações), sabendo-se que a água elevou-se 0,14 m da soleira do
vertedor.
6. CALHA PARSHALL

✓ A Calha Parshall é um dispositivo de medição de vazão na forma de


um canal aberto com dimensões padronizadas que possui:

❖ uma seção convergente com fundo em nível,


❖ uma seção estrangulada com fundo em declive e
❖ uma seção divergente com fundo em aclive.
7. TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

✓ O tanque de equalização tem as seguintes finalidades:


❖ Minimizar variações de vazão;
❖ Aumentar a performance dos processos;
❖ Reduzir o tamanho e o custo do tratamento;
❖ Homogeneizar o efluente.

✓ São tanques com níveis variáveis.


✓ A vazão de entrada no tanque é variável, mas a vazão de saída é constante.
✓ O formato do tanque deve ser de seção quadrada e a agitação do efluente é
feita por aerador de superfícies, agitador mecânico ou borbulhador.
✓ Para evitar curto‐circuito, a entrada deve ser por cima e a saída por baixo.
✓ A fim de homogeneizar o efluente e para proteger as bombas, deve ser
reservado o volume mínimo no tanque para altura não inferior a 1,0 m ou de
30% do volume útil do tanque.
7. TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

Tanque de equalização do sistema integrado de tratamento de


efluentes líquidos do Polo Petroquímico
7. TANQUE DE EQUALIZAÇÃO
7. TANQUE DE EQUALIZAÇÃO
7. TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

Fonte: Metcalf & Eddy. Wastewater Engineering, 2007.


Exemplo 2
Determinar o volume de equalização requerido a
partir dos dados de vazão média tabelados para um
período de 24 h.

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