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CAPÍTULO 5

Definição de solo - solo e todo o conjunto natural de partículas que podem ser
separadas por agitação em água. Os vazios entre as partículas contem água e ar,
separados ou conjuntamente. Assim, Oslo e considerado como um meio trifásico
constituído pelas fases solida, líquida e gasosa. Nos casos em que só existe nos vazios
do solo a fase líquida ou a fase gasosa, o meio e bifásico e o solo e designado,
respetivamente, por saturado ou seco.

Fase sólida - A fase solida corresponde ao conjunto das partículas solidas do solo.
Estas partículas, quando resultam da desagregação mecânica da rocha, tem em geral
uma forma muito irregular dependendo da rocha de que derivam, da idade, e do
processo de transporte. Estas partículas, de dimensões superiores a 2μm (partículas
grossas), podem apresentar formas muito angulosas a mais ou menos arredondadas
(fig. 5.2). As partículas granulares são regidas pelo seu peso próprio, ou seja, pelas
forcas gravíticas. Quando as partículas resultam de um processo químico que se
sobrepôs, eventualmente, a um processo de desagregação mecanica, as dimensões
são geralmente inferiores a 2 μm (partículas finas). Estas partículas, designadas de
partículas de argila, são caracterizadas por:
• apresentarem uma forma lamelar;
• terem um filme de água adsorvida envolvente;
• apresentarem importantes forcas de atracão de natureza físico-química.

Partículas grosas: areias e seixo/cascalho


Partículas finas: argilas e silte
Granulometria extensa – partículas de várias dimensões;
Granulometria uniforme – partículas com dimensões equivalentes;

Caulinite – forças atrativas muito fortes


Ilite - forças atrativas intermédias
Montmorilonite - forças atrativas fracas

Fase Líquida: a fase líquida compreende vários tipos de água que pode existir nos
vazios do solo, função da forma e de tamanho das partículas;
Água gravítica – água que pode circular entre os vazios do solo, conseguimos
remover com ação da gravidade;
Água capilar – água removida com a abertura do solo em mesa e evapora-se na
secagem ao ar;

Fase gasosa – corresponde ao ar existente nos vazios do solo, os vazios do solo serão
apenas preenchidos por ar quando o solo está no estado seco;

Limites de consistência - são teores em água que correspondem a fronteiras de estados


de comportamento distintos de um solo fino:
ωs – limite de retração | ωp – limite de plasticidade | ωl- limite de liquidez
Ensaio liquidez: ensaio consiste basicamente no seguinte: sobre o provete de solo
colocado na concha de Casagrande abre-se um sulco de dimensões normalizadas (fig.
5.21d). Seguidamente regista-se o número de pancadas da concha necessárias para
fechar o sulco numa extensão de 1 cm (fig. 5.21e) e determina-se o teor em água do
solo na zona desse sulco

Ensaio plasticidade - O ensaio, descrito na norma IGPAI (1969), consiste em fazer


rolar o solo entre os dedos do operador e uma placa de vidro† (fig. 5.23). Quando o
filamento cilíndrico romper para um diâmetro de 3 mm, determina-se o respetivo teor
em água, sendo este o valor do limite de plasticidade. Na preparação da amostra de
solo devem ter-se os cuidados apresentados para a determinação do limite de liquidez.

Ensaio retração - consiste em encher, em condições normalizadas,


uma pequena cápsula com solo bastante húmido, secando-se posteriormente o
provete em estufa (fig. 5.24). O volume final do solo seco permite determinar o índice
de vazios mínimo que o solo atinge por secagem. A esse índice de vazios corresponde
um teor em água de saturação que é o limite de retração. A técnica de ensaio consta
na norma IGPAI (1969), a qual requer para a obtenção do volume do provete, o
preenchimento total de uma taca com mercúrio (havendo o cuidado de evitar que
fiquem retidas quaisquer bolhas de ar e rasando a superfície com uma placa de vidro).
A introdução do provete promove a expulsão (transbordo) de mercúrio, o qual é
recolhido e pesado. Conhecida a sua massa volúmica (ρ = 13,55Mg/m3), e então
possível determinar o volume do provete.

Ensaio azul metileno - O ensaio de azul-de-metileno (IPQ, 2002a) consiste num


ensaio laboratorial que permite estimar os minerais constituintes da argila existente
num solo, e baseia-se no facto da solução de azul de metileno aderir as partículas de
argila. Para realizar o ensaio e necessário proceder a peneiração de uma fração do
solo, com dimensões inferiores a 2 mm, de aproximadamente 200 g. Esta fração e
diluída em 500 ml de água desmineralizada, e agitada durante 5 minutos (fig. 5.27a).
Concluída a diluição, adiciona-se 5 ml de solução de azul-de-metileno a cada período
de 60 segundos, ate que a suspensão fração/agua não seja mais capaz de conter a
solução. Para se verificar se a saturação e atingida, retira-se uma gota de suspensão, a
depositar sobre um papel de filtro, de modo a produzir um deposito entre 8mm a
12mm de diâmetro (fig. 5.27b). Assume-se que a fração já não e capaz de absorver
mais solução quando e visível uma aureola persistente de azul claro com cerca de 1mm
de largo em redor do deposito central (fig. 5.27c). Caso a aureola desapareça em
menos de 5 minutos, e necessário adicionar mais solução de azul-de-metileno.

CAPÍTULO 6
Maciços terrosos - A classificação de maciços terrosos para propósitos de Engenharia
pretende descrever a aptidão do solo como material de construção e/ou de fundação,
e prever o seu comportamento em obra. Naturalmente a experiência e o nível de
conhecimentos do utilizador desempenham sempre um papel importante nas
conclusões que se possam tirar. As classificações de solos de maior interesse para
propósitos de Engenharia são aquelas que se baseiam nas características de
identificação de solos (analise granulométrica e limites de consistência), e que servem
propósitos técnicos específicos (por exemplo a classificação proposta pela AASHTO†).

Classificação textual / triangular - A partir do conhecimento da composição


granulométrica de um solo pode-se atribuir uma designação ao mesmo com base nas
proporções das frações granulométricas, definidas na figura 5.12 (p. 178). A
classificação textural ou triangular (figs. 6.1 e 6.2), definidas em USDA (2011) e ISO
(2004), permitem atribuir essa designação. No caso da classificação textural USDA‡,
apenas as frações de areia, silte, e argila são consideradas. Nesta classificação, e no
caso de o solo conter seixo e/ou calhau, e necessário numa primeira fase converter a
soma das frações areia, silte e argila do solo para cem por cento, e depois juntar-se a
designação obtida a percentagem de seixo e/ou calhau. No caso da classificação
textural ISO†, a fração de seixo e também considerada na classificação. Caso o solo em
estudo apresente fração com dimensões superiores a 63mm (i.e., calhau), procede-se
de igual modo ao descrito na classificação USDA, de modo a converter a soma das
percentagens das frações inferiores a 63mm igual a cem por centro, e adicionado a
percentagem de calhau. O leitor deve atender que a designação a atribuir deve ser
corrigida por recurso a tabela 6.1.

Classificação AASHTO - A classificação AASHTO destina-se a classificar os solos e suas


misturas em grupos, com base nos resultados de ensaios de determinação de algumas
das suas características físicas (analise granulométrica, limite de liquidez e índice de
plasticidade). A avaliação do solo em cada grupo e realizada através do índice de
grupo, o qual é um valor calculado a partir de uma equação empírica.

Calhau – material retido no peneiro 75mm. Este material deve ser excluído da amostra
a ser classificada, mas a sua percentagem deve ser registada

Seixo – material que passa no peneiro 75mm e é retida no peneiro 2 mm

Areia grossa – material que passa no peneiro 2mm e é retido no peneiro de 425 μm

Areia fina – material que passa no peneiro 425 μm e é retido no peneiro 75 μm

Silto-argiloso - material que passa no peneiro 75 μm

O termo siltoso e aplicado ao material fino que tenha índice de plasticidade igual
ou inferior a 10% e o termo argiloso ao material fino com índice de plasticidade igual
ou superior a 11%.

Sistema BGD: constitui um passo interessante no sentido de estruturar a informação


essencial tendo em vista as
aplicações aos domínios da Engenharia Civil. Foi elaborado para definir um código
de linguagem independente do autor da classificação, que permitisse a descrição de
maciços rochosos com referência ao seu comportamento mecânico, e baseada em
informação tanto quanto possível quantitativa por recurso a medições simples. Para
ter em atenção estes aspetos, o sistema ‘Basic Geotechnical Description’ (BGD) recorre
aos seguintes parâmetros:
• Caracterização geológica, incluindo o estado de alteração do maciço.
• 2 características estruturais do maciço: estado de fracturação e espessura das
camadas do maciço rochoso.
• 2 características mecânicas: resistência a compressão uniaxial e o angulo de
atrito das diáclases.

W – Grau de atração
F – Grau de fraturação
L – Grau de espessura
S – Grau de resistência
A – Angulo de atrito

CAPÍTULO 7
Prospeção - Define-se por prospeção do local de implantação de uma obra de
Engenharia Civil ao conjunto de operações que visam a determinação das
características dos maciços terrosos/rochosos, da distribuição espacial dos mesmos e
da localização de estruturas geológicas relevantes.

Plano de prospeção - O plano de prospeção não e mais do que a indicação dos


trabalhos a efetuar para obter o conhecimento desejado dos maciços
terrosos/rochosos. O responsável pela sua elaboração deve ser especialista em
Geologia da Engenharia Civil, que a par dos indispensáveis conhecimentos geológicos,
domine as técnicas de prospeção disponíveis e o conhecimento do funcionamento da
obra a executar. Os planos de prospeção são elemento escritos que não devem ser
rígidos, mas sim adaptáveis as situações colocadas em evidencia pelos trabalhos de
prospeção que se forem realizando.
É usual que os planos de prospeção englobem 3 fases:
• obtenção de informação existente do local de implantação (e.g., cartas geológicas
– consultar Geoportal);
• reconhecimento preliminar (e.g., fotografias aéreas, prospeção geofísica);
• prospeção detalhada (e.g., sondagens e ensaios in situ).

Relatório de prospeção - Os relatórios de prospeção são o produto final de uma


campanha de prospeção, cujo destinatário e uma empresa interessada
(frequentemente designada por cliente). A conjugação dos elementos do estudo
superficial (e.g., fotografias aéreas e observações in situ), dos elementos fornecidos
pelos trabalhos de prospeção (e.g., sondagens), e ensaios in situ (e.g., ensaio SPT),
devem permitir a sua elaborar com todas as características geológicas e geotécnicas
dos maciços terrosos/rochosos necessárias ao projeto.

Prospeção mecânica - Define-se por prospeção mecânica aquela que e realizada a


custa de processos mecânicos. Pode ser realizada por recurso a poços, valas, galerias
e/ou sondagens. Cada uma destas operações de prospeção tem as suas próprias
características que definem a sua aplicabilidade a um dado problema.
Poço - Os poços são um tipo de prospeção mecânica utilizados em solos ou
rochas brandas que apresentam a vantagem de permitirem o acesso direto a um
determinado estrato, tornando possível a sua observação, a colheita de amostras
intactas ou remexidas†, e a realização de ensaios in situ. Conseguimos recolher
amostras em profundidade.

Vala – As valas são um tipo de trabalho de prospeção que permite a observação


local das formações, sendo utilizadas em solos ou rochas muito brandas, e que por
não serem entivadas não ultrapassam profundidades da ordem dos 2m. Constituem
um tipo de prospeção expedito, de baixo custo (a sua abertura pode ser manual ou
recorrendo a uma retroescavadora), que não exige mão-de-obra especializada, e que
em certos problemas podem fornecer ótimas informações. Por exemplo, são uteis na
execução de canais hidráulicos, ou quando se pretende observar o maciço rochoso
existente sob cobertura de pequena espessura.

Galeria - A prospeção por recurso a galerias permite o acesso ao interior dos


maciços e a sua observação direta. Utilizam-se com frequência no estudo dos taludes
de encontro e fundação de barragens e de tuneis. Oferecem a vantagem de poderem
ser inclinadas, de facilmente mudarem de direção, de poderem ser utilizadas
posteriormente como obras de drenagem dos maciços e de permitirem a realização de
ensaios in situ. A sua grande utilização na caracterização dos maciços rochosos de
fundação de barragens, tuneis ou pontes de grandes dimensões resulta da necessidade
de observação local das formações do interior dos maciços e da realização de ensaios
mecânicos in situ.

Sondagem - A utilização de sondagens e recomendada nos casos em que a


profundidade de investigação e alta (i.e., superior a 10m) ou quando a natureza do
maciço torna muito demorada qualquer outra operação de prospeção. Incluem-se sob
a designação de sondagem as seguintes: penetração, percussão, trado, rotação com
circulação direta (‘rotary’), rotação por circulação inversa, rotação com recuperação e
rotopercussiva.

Amostra intacta - Designam-se por amostras intactas as que são obtidas de um


maciço terroso/rochoso
segundo um procedimento que permitiu manter na mesma todas as características
que possuía in situ.

Amostra remexida - Por amostra remexida designam-se as que não mantem todas
as características que se verificam in situ.

No método da resistividade elétrica mantemos a distância entre o elétrodos e


movimentamos os quatro como um conjunto para identificar regiões de maior ou
menor resistência, ou seja, um perfil de resistividade estudado sempre à mesma
profundidade. Se variar a distância entre os elétrodos, vamos ter um estudo do maciço
em profundidade, podendo dessa forma, calcular a espessura dos mesmos

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