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Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar
para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada
utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes
características do solo devem sempre ser realizados, levando-se sempre em consideração o
uso do solo na obra, já que diferentes propriedades governam o comportamento do solo a
depender de sua finalidade. Assim, deve-se usar um sistema de classificação do solo, dentre
outras coisas, para se obter os dados necessários ao direcionamento de uma investigação mais
minuciosa, quer seja na engenharia, geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
Neste capítulo serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos,
SUCS (ou “Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos solos
proposto pela AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation
Officials”). Deve-se salientar, contudo, que estes dois sistemas de classificação foram
desenvolvidos para classificar solos de países de clima temperado, não apresentando
resultados satisfatórios quando utilizados na classificação de solos tropicais (principalmente
aqueles de natureza laterítica), cuja gênese é bastante diferenciada daquela dos solos para os
quais estas classificações foram elaboradas. Por conta disto, e devido a grande ocorrência de
solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país, recentemente foi elaborada uma
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Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira
4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa
passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a depender de
sua curva granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente existente. São eles:
Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado,
os grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que
os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor
quantidade de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A presença de
finos nestes grupos não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades da fração grossa,
nem interferir na sua capacidade de drenagem, sendo fixada como no máximo 5% do solo, em
relação ao seu peso seco. O exame da curva granulométrica dos solos grossos se faz por meio
dos coeficientes de uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já apresentados anteriormente. Para
que o solo seja considerado bem graduado é necessário que seu coeficiente de uniformidade
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seja maior que 4, no caso de pedregulhos, ou maior que 6, no caso de areias, e que o seu
coeficiente de curvatura esteja entre 1 e 3.
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente
dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de fronteira.
Ex: GW-SW (material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com fração de
grossos com iguais proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos grossos com mais do
que 12% de finos cuja representação na carta de plasticidade de Casagrande se situa muito
próxima da linha A).
SOLOS GROSSOS
Pedregulho (G). Mais que 50% da Areia (S). Menos que 50% da fração
fração grossa retido na # 4 (4.75mm) grossa retido na # 4 (4.75mm)
Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que 12%
passam na # passam na # 12% passam passam na # passam na # passam na #
200 200 na # 200 200 200 200
GW GP GM GC SW SP SM SC
Nomes Nomes
duplos: duplos:
GW-GM SW-SM
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados
na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento da
curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na peneira
200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propriedades de
engenharia.
60
40
Linha U
Linha A
IP = 0,90·(W L - 8) CH
IP = 0,73·(W L - 20)
30
20
CL MH
OH
10
ML OL
CL- ML
ML
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
OBS: Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem ter nomenclatura dupla.
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL = 50 % devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-
CL).
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML).
As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.
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Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados após
completo amolgamento do solo. O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e 500%
permanecendo a sua posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A. O Índice
de plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo de
argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-minerais do tipo
1:1 (como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo à
linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais de alta
atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de
plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações
como odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos,
informações como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de intemperismo
ou compacidade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos solos finos,
informações como a umidade natural e consistência (natural e amolgada) devem ser sempre
que possível ser fornecidas.
!
" # $# %
&'()*+
,-(
(./.001)2
"!#%$&
Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser
determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.
No caso da obtenção de índices de grupo negativos, deve-se adotar um índice
de grupo nulo.
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na fig. 6.3, da esquerda para a direita, e
encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à esquerda que
atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A classificação
completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo),
apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12),
A-7-5(17), etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base, sub-
bases e sub-leitos de pavimentos.
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SOLOS GROSSOS
35% ou menos passando na # 200
Menos que 15% Menos que 25% Menos que 10% LL ≤ 40% LL ≥ 41% LL ≤ 40% LL ≥ 41%
passa na # 200. passa na # 200. passa na # 200.
Menos que 30% Menos que 50% Não plástico
passa na # 40. passa na # 40.
Menos que 50% IP < 6%
passa na # 10
IP < 6%
SOLOS SILTO-ARGILOSOS
35% ou mais passando na # 200
Silte Argila
IP ≤ 10% IP ≥ 11%
7. ÍNDICES FÍSICOS.
Pesos Volumes
Zero Pa Ar Va
Vv
Pt Pw Água Vw Vt
Ps Sólido Vs
Massas Volumes
Zero Ma Ar Va
Vv
Mt Mw Água Vw Vt
Ms Sólido Vs
"!#$%
#&#' '(')#&*#'+-, . /
&)0&#& . & 1#&)23&54
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e
total do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms,
Mw, Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
6' !2#'4 '(7#&8#'99
1#8:54 +;#&
6' 2< 5
(& 5#>=?A@
Vv
n=
Vt (7.1)
6' 6' BC
'#/DE5
' F=GDH
?@
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação
entre o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso
em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
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Vw
Sr =
Vv (7.2)
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua
variação é de 0 a ∞.
Vv
e (7.3)
Vs
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A
massa específica do solo possui definição semelhente ao peso específico, considerando-se
agora a sua massa.
Pt Mt
γ = , ρ= onde γ = ρ ⋅ g
Vt Vt (7.4)
8A,'D46'7A89 :
"68B,*I)
9 .# BJ#
A
O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas
sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas
(sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de peso
específico que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos
densas que as partículas sólidas.
Ps
γs =
Vs (7.5)
6,'D46'789 :
"ABGH# BGK8
Ps
γd =
Vt (7.6)
L'A,'D46'7A89 :
"6GH# BGH)+.8*+6
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo.
Pt
γ sat = , quando, Sr = 1
Vt (7.7)
48
!"
#$ &%'
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão
modificadas caso no lado direito da fig. 7.1, os volumes de água, ar e sólidos sejam divididos
por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator pode ser
escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário. Deste modo,
utilizando-se as relações entre volumes e entre pesos e volumes, definidas anteriormente,
temos:
Pesos Volumes
0
e
γw⋅Sr⋅e Sr⋅e
1+e
γs
1
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em
um diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
Pesos Volumes
0
n
γw⋅Sr⋅n Sr⋅n
1
γs⋅(1-n)
1-n
Das figs. 7.2 e 7.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a
porosidade tem-se:
e n
n= ou e =
1+ e 1− n (7.9)
"!#$%%$"&' #()%* + ,-".$(*
/-%$0,11*$" 21*$.$3 , 41%$
!3 $ 4$
Com o uso das figs. 7.2 e 7.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre
os índices físicos. As eqs. 7.10 a 7.12 expressam algumas destas relações:
γ
γD =
1+ w (7.10)
γ S .w = γ w ⋅ Sr.e (7.11)
γ S + Sr.e ⋅ γ w
γ =
1+ e (7.12)
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em
uma porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da fig. 7.2 temos que:
Pw γ w ⋅ Sr ⋅ e
w= =
Ps γs (7.13)
Vw Sr ⋅ e
θ= = = Sr ⋅ n
Vt 1 + e (7.14)
Conforme será discutido no transcorrer deste curso, por possuírem arranjos estruturais
bastante simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou pouca
presença de finos) podem ter o seu comportamento avaliado conforme a sua curva
característica e a sua densidade relativa Dr, definida conforme a eq. 7.15.
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmáx; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do solo
secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar qualquer tipo de
vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são padronizados em nosso País
pelas normas NBR 12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do Globo, não
havendo ainda um consenso internacional sobre os mesmos. A densidade relativa é um índice
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adotado apenas na caracterização dos SOLOS NÃO COESIVOS. A tabela 7.1 apresenta a
classificação da compacidade dos solos grossos em função de sua densidade relativa.
emax − e γd γ d − γ d min
DR (%) = x100 = max x100 (7.12)
e max − emin γ d γ dmax − γ dmin
onde;
emax → é o índice de vazios do solo no estado mais solto (fofo).
e min → é o índice de vazios do solo no estado mais denso ou compacto.
e → é o índice de vazios do solo no seu estado natural.
γ dmin e γ d max → são definidos analogamen te a emin e emax .
γ d → peso específico aparente do solo seco no seu estado natural.
(7.15)
Notas importantes:
ÍNDICES FÍSICOS
n (%) e γd γ γsat
SOLOS kN / m3
Areia c / pedregulho 18 - 42 0.22 - 0.72 14 - 21 18 - 23 19 - 24
Areia Média a Grossa 25 - 45 0.33 - 0.82 13 - 18 16 - 21 18 - 21
Areia Fina e Uniforme 33 - 48 0.49 - 0.82 14 - 18 15 - 21 18 - 21
Silte 30 - 50 0.48 - 1.22 13 - 19 15 - 21 18 - 22
Argila 30 - 55 0.48 - 1.22 13 - 20 15 - 22 14 - 23