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MECÂNICA

DOS SOLOS

Cleber
Floriano
Classificação dos solos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Compreender a importância da classificação segundo a caracte-
rização física.
„„ Conhecer as principais classificações de solo.
„„ Aprender a classificação unificada e a rodoviária.

Introdução
Você sabe por que a engenharia passou a utilizar as classificações
de solos?
Os solos orgânicos são muito compressíveis. Durante uma investi-
gação ou escavação em campo, nota-se a presença destes solos ge-
ralmente em áreas alagadiças, e a presença de odores e cor escura é
muito característica.
Neste texto, você vai entender por qual motivo a engenharia pas-
sou a utilizar as classificações de solos e as classificações mais utiliza-
das na geotecnia. Entenderá também como podemos obtê-las.

Por que precisamos classificar os solos?


Novamente devemos dizer que o solo é um material natural e, com isso, pre-
cisamos conhecê-lo a fundo antes de tomar qualquer decisão importante.
Mesmo com a grande densidade de informações sobre determinado tipo de
solo (ensaios de laboratório e de campo), os conhecimentos amplos, geoló-
gicos e geotécnicos, são, muitas vezes, decisivos. Portanto, devemos sempre
ter em mente que a natureza dos solos é complexa e nela existem infinitas
variáveis. Eis que surge a mecânica dos solos para matematizar esse material
natural (solo), permitindo a evolução de seu uso por meio do entendimento
racional e científico.
Uma classificação surge com algum objetivo de segmentar, separar ou
subdividir uma unidade para que possamos, a partir de um critério, iden-
tificar, classificar e posteriormente direcionar o devido uso, ou mesmo para
simples reconhecimento. Se formos a fundo, veremos que existe uma série de
classificações em qualquer campo de conhecimento. Você pode pensar em

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um exemplo usado por nós com muita frequência: a taxonomia (classificação


dos seres vivos). Não é preciso citar toda a classificação, mas estamos inse-
ridos em uma organização que apresenta reino, filo, classe, ordem, família,
gênero e espécie. De fato, necessitamos dessa segmentação para conseguir
reconhecer e diferenciar pela nomeação atribuída.
Na mecânica dos solos, não é diferente. Para que possamos direcionar o
seu uso de forma adequada, um determinado solo deve apresentar caracterís-
ticas que potencializam o seu uso. Em vista disso, um sistema de classificação
se torna um guia preliminar para a previsão do comportamento geomecânico
de uma massa de solo. Por meio dessas classificações, podemos inicialmente
identificar se em determinada área existe material adequado para jazida-
mento, ou seja, um solo capaz de atender as condições mínimas para o seu
uso como material de construção, em especial como solos de aterros.
Destaca-se que as classificações seguem critérios. Na mecânica dos solos,
o critério das classificações é a resposta de um conjunto de ensaios básicos
relativamente velozes, fundamentados na caracterização do material.
Veremos que a classificação de um solo, em muitos casos, não é a infor-
mação mais importante. Trata-se de um guia preliminar que pode nos orientar
para a realização de outros ensaios mais demorados e importantes a depender
da finalidade.
Você pode notar um fato importante: a ser notado é que as classificações
mais utilizadas no mundo todo foram construídas com base na experiência de
solos do hemisfério norte, os quais, muitas vezes apresentam comportamento
diferente dos solos tropicais. Como isso é possível? A Terra tem a capacidade
de transformar as rochas em solo por meio do intemperismo. Essa ação de
transformação tem relação forte com as condições climáticas de superfície
(catalisação de reações de transformação dos minerais). Assim, nos países do
Hemisfério Norte, o intemperismo químico é menos intenso. Já nas regiões
tropicais, como no sudeste do Brasil, os solos podem apresentar grande pre-
sença de óxidos e são chamados de solos lateríticos, contrariando algumas
tendências explícitas às classificações internacionais, em especial para solos
argilosos. Para sanar essa divergência, foi criada a classificação MCT (Minia-
tura; Compactação; Tropical), com base em propriedades mecânicas e hidráu-
licas de solos compactados, desenvolvida na década de 1970 e publicada por
Nogami e Villibor (1980).

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Por fim, as principais classificações de solos aplicadas as obras geotéc-


nicas e realizadas com maior frequência, são:

„„ Classificação Unificada (USCS)


„„ Classificação Rodoviária (TRB, antigo HRB)

Faremos, portanto, uma apresentação mais completa dessas duas classi-


ficações de solos. De fato, você poderá ser solicitado, em determinado mo-
mento de sua vida profissional, a atender a uma determinada classificação.
Afinal de contas, classificar um solo nada mais é do que utilizar um critério
racional para uma devida finalidade.

A classificação MCT fundamenta-se em propriedades dos solos compactados e em


ensaios específicos que, de certa forma, são um pouco mais elaborados que os das
classificações da SUCS e HRB. No entanto, a resposta final é vista de forma bastante
simplificada, onde temos solos de comportamento laterítico (L) e solos de comporta-
mento não laterítico (N).

A classificação unificada (SUCS)


O engenheiro austríaco Arthur Casagrande, um dos mentores da mecânica dos
solos, simplificou o uso de solos para aterros em obras portuárias na década
de 1930 nos Estados Unidos. Foi assim que surgiu o Sistema Unificado de
Classificação dos Solos (SUCS) ou originalmente Unified Soil Classification
System (USCS). Por isso, também é conhecida como Airfield Classification
System. Veremos como é construída essa classificação que foi normatizada
pela American Society for Testing and Materials (ASTM, 2006).
A classificação unificada tem como tripé de sustentação o ensaio de gra-
nulometria. Em função da distribuição granulométrica, os solos podem ser
bem ou mal graduados. Os solos que tem seus grãos variando, preponderante-
mente, dentro de pequenos intervalos, são chamados de solos mal graduados.
Os solos que têm várias frações de diâmetro diferentes misturadas são solos
bem graduados.

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Três parâmetros são definidores das características de uma curva granu-


lométrica:

„„ Diâmetros efetivos (D10, D30 e D60): por exemplo, o D10 corres-


ponde ao ponto característico da curva granulométrica que passa 10%
ou que 10% das partículas do solo tenham diâmetro inferiores a esse
limite. Da mesma forma que é definido D10, define-se D30 e D60.
„„ Coeficiente de uniformidade (Cu): dá uma ideia da distribuição do ta-
manho das partículas do solo; valores próximos de 1 indicam curva gra-
nulométrica quase vertical, com os diâmetros variando em um intervalo
pequeno, enquanto que, para valores maiores a curva granulométrica irá
se abatendo e aumentando o intervalo de variação dos diâmetros, onde:

A representação da curva granulométrica em papel semilogarítmico apre-


senta vantagens, pois os solos com Coeficiente de uniformidade aproximada-
mente iguais serão representados por curvas paralelas.
A variação de Cu denomina os solos da seguinte forma:

■■ Cu < 5 – solos uniformes;


■■ Cu > 15 – solos desuniformes;
■■ 5 ≤ Cu ≤ 15 – solos medianamente uniformes.
„„ Coeficiente de curvatura (Cc): corresponde a uma medida da forma e
da simetria da curva granulométrica e é igual a:

Interpreta-se Cc da seguinte forma:

■■ Cc < 1 – a curva granulométrica tende a ser descontínua, faltando


um certo diâmetro de grãos na distribuição;
■■ Cc > 3 – a curva granulométrica tende a ser mais uniforme, ou seja,
tem muitos grãos com tamanhos iguais ou quase iguais;
■■ 1 ≤ Cc ≤ 3 – solos bem graduados com curva suave, de forma que
os espaços deixados pelas partículas maiores sejam ocupados pelas
menores.

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Mostramos esses importantes parâmetros da curva granulométrica, pois


eles são utilizados na classificação unificada. Os solos do sistema unificado
são classificados como:

„„ solos grossos;
„„ solos finos; e
„„ altamente orgânicos.

Na fração grossa, a granulometria se torna mais importante na representa-


tividade do comportamento mecânico dos solos, sendo, portanto, decisiva na
classificação. Por outro lado, na fração fina, o que se torna relevante no com-
portamento mecânico é a consistência, por isso, na construção desse sistema
de classificação, para os solos finos optou por usar os limites de consistência
(Limite de Plasticidade e Limite de Liquidez). De fato, as condições de estado
são cruciais no comportamento de solos finos.
Assim, no SUCS, você considera as seguintes características:

„„ porcentagem de pedregulho, areia e finos (fração que passa na peneira


#200: silte e argila);
„„ forma da curva granulométrica;
„„ plasticidade e compressibilidade.

Cada tipo de solo recebe uma simbologia que representa seu nome. Cada
grupo recebe duas letras, onde a primeira letra é uma das subdivisões ligada
ao tipo de solo, e a segunda letra, às características granulométricas e à plas-
ticidade. Como a origem do sistema foi publicado na língua inglesa, as letras
correspondem a palavra em inglês. Assim, representa-se as nomenclaturas
como apresentado na Tabela 1.

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Tabela 1. Nomenclaturas do SUCS.

Significado
Símbolo
Inglês português

G Gravel Carcalho (pedregulho)

S Sand Areia

C Clay Argila

W Well graded Bem graduado

P Poor graded Mal graduado

F Fines Finos (passando na peneira nº 200)

M Mo Mó ou limo (areia fina)

O Organc Matéria orgânica

L Low liquid limit LL baixo

H High liquid limit LL alto

Pt Peat Turfa
Fonte: Brasil (2006).

Os solos orgânicos são muito compressíveis. Durante uma investigação ou esca-


vação em campo, você nota a presença desses solos geralmente em áreas alagadiças,
e a presença de odores e cor escura é muito característica. Você consegue identificar o
teor de matéria orgânica colocando o material para secagem a 440°.

Na Tabela 2, nas duas últimas colunas, estão indicados respectivamente os


símbolos de cada grupo e seus nomes.

Para os solos grossos


O solo é considerado de granulometria grossa quando tem partículas menores
que 75 mm e com mais do que 50% de partículas retidas na peneira # 200
(silte e argila)

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Uma subdivisão separa os solos grossos em pedregulhos ou areias. Serão


pedregulhosos quando mais do que 50% da fração grossa apresentar partí-
culas com tamanho maior do que 4,8 mm (aquilo que fica retido na peneira #
4), e serão areias, quando uma porcentagem maior ou igual dessas partículas
tiver tamanho menor que 4,8 mm (aquilo que passam na peneira # 4).
Sempre que as porcentagens de finos estiverem entre 5 % e 12%, o solo
deverá ser representado por um símbolo com quatro letras, sendo a primeira
dupla de letras a representação de ser um solo grosso (GW, GP, SW, SP) e a
segunda dupla de letras indicará a região onde se localizar o ponto representa-
tivo dos finos desse solo. Por outro lado, se a porcentagens de finos for maior
do que 12% e classificados por CL-ML, isso resultará em um símbolo duplo
para o solo grosso, GC-GM se for pedregulho ou SC-SM se for areia.

Tabela 2. Tabela resumo para classificação segundo o SUCS.

Solos de Pedregu- Pedre- GW Pedregulhos bem graduados


graduação lhos: 50% gulho sem ou misturas de areia de ped.
grossa: ou mais finos Com pouco ou nenhum fino
Mais de da fração
50% retido graúda GP Pedregulhos m graduados
na peneira retida na ou misturas de areia de ped.
nº 200 peneira nº 4 Com pouco ou nenhum fino.

Pedre- GM Pedregulhos siltosos ou mis-


gulho com turados de ped. areia e silte.
finos
GC Pedregulhos argilosos, ou
mistura de ped. areia e argila.

Areias: 50% Areias sem SW Areias bem graduadas ou


ou mais finos areia pedregulhosas, com
da fração pouco ou nenhum fino.
graúda
passando SP Areias mau graduadas ou
na peneira areia pedregulhosas, com
nº 4 pouco ou nenhum fino.

Areias SM Areias siltosas – Mis-


com finos turas de areia e silte.

SC Areias argilosas – Mis-


turas de areia e argila.

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Solos de Siltes e Argilas ML Siltes inorgânicos – Areias


graduação com LL ≤ 50 muito finas – Areias finas
finas: siltosas e argilosas.
50% ou
CL Argilas inorgânicos de
mais
baixa e média plasticidade
passando
– Argilas pedregulhosas,
pela peneira
arenosas e siltosas.
nº 200
OL Siltes orgânicos – Ar-
gilas silstosas orgânicas
de baixa plasticidade.

Siltes e Argilas MH Siltes – Areias finas ou siltes


com LL > 50 micáceos – Siltes elásticos.

CH Argilas inorgânicas de
alta plasticidade

OH Argilas inorgânicas de alta


e média plasticidade.

Solos altamente PT Turfas e outros solos al-


orgânicos tamente orgânicos.

Fonte: Brasil (2006).

Para os solos finos


Para os solos finos, foram colocados aqueles que têm uma porcentagem maior
ou igual a 50%, de partículas que passam na peneira # 200, ou seja, siltes e ar-
gilas. Essas granulometrias de solos foram inicialmente separadas em função da
resposta do ensaio de limite de liquidez. Assim, quando o LL é menor que 50%,
receberá uma nomenclatura e quando maior ou igual a 50%, atribui-se outra.
Nas subdivisões dos solos finos, destaca-se a presença ou não de partículas
orgânica no solo. Isso é obtido pela razão comparativa entre dois ensaios de
limite de liquidez. O primeiro fazendo o ensaio após secagem do material em
estufa (LL)s, e o outro nas condições naturais, (LL)n. Caso a relação (LL)s/(LL)
n < 75% o solo deverá ser considerado orgânico. Isso se dá pela perda da matéria
orgânica quando a estufa atingir e permanecer na temperatura especificada.

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Os solos finos são classificados com o auxílio da Carta de Plasticidade de


Casagrande, acima representada na Figura 1. Casagrande introduziu o gráfico
de plasticidade, montado a partir dos limites de consistência dos solos finos.
Modificações do sistema foram ocorrendo desde sua origem, resultando no
gráfico mostrado a seguir.

Podemos classificar os solos também pela sua origem: residual ou transportado; nos
solos residuais existe uma classificação identificando horizontes de evolução. Sabe-se
que uma classificação às vezes ocorre regionalmente. Nem sempre as classificações clás-
sicas são levadas à risca. Pinto (2002) cita o caso de engenheiros de fundações como um
grupo que pouco utiliza essas classificações. A resposta à solicitação e os mecanismos
de interação solo-estrutura nessas situações acabam se destacando e se tornam conhe-
cimentos regionalizados. Nesses casos e alguns outros, às vezes, não há necessidade das
classificações de materiais sob o ponto de vista que estamos observando nesta aula.

Figura 1. Quadro de plasticidade mostrando a representação dos solos fi-


nos (adaptado de ASTM, 2006).

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Na Figura 1, os grupos estão distribuídos em cinco regiões, sendo:

„„ A linha “A” é a separadora dos solos argilosos inorgânicos (CL, CH)


dos siltosos inorgânicos (ML, MH). A linha “A” é horizontal com IP =
4% até o LL = 25,5%. Após este ponte: IP = 0,73 . (LL - 20).
„„ A linha tracejada vertical LL = 50% separa os solos de alta plasticidade
(MH, CH) dos de baixa plasticidade (ML, CL).
„„ Os solos orgânicos podem se situar tanto acima quanto abaixo da linha
“A”; as argilas orgânicas serão representadas por pontos situados sobre
ou acima dessa linha, enquanto, os siltes orgânicos estão abaixo.
„„ A última região é onde o solo deverá ter o símbolo duplo, CL-ML,
representando solos LL < 50% e 4% ≤ IP ≤ 7%. O gráfico de plastici-
dade deverá ser usado na classificação, tanto dos solos finos quanto da
fração fina dos solos grossos.

A linha “U” contribui nos resultados dos ensaios de limites de consis-


tência, visto que esta deve representar um limite superior empírico para os
solos naturais, devendo ser verificados os ensaios que estiverem acima dela.
A linha “U”, inicia no ponto onde o LL = 16% e IP = 7% e a partir desse ponto
tem a equação: IP = 0,9 . (LL - 8).
A Tabela 3 apresenta os critérios da classificação unificada.

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Tabela 3. Critério do Sistema de Classificação de Solos Unificado (SUCS).

Processo para identificação no campo Grupo Designação característica

Solos de Pedregulhos: Pedregulhos Grãos cobrindo toda a escala de granu- GW Pedregulhos bem gradu-
granalação Mais da puros lação com quantidade substancial de ados, misturas de areia e
grossa: metade da (pouco ou todas as partículas intermediárias. pedregulho com pouco
Mais da gração gros- nenhum fino) ou nenhum fino.
metade é seira e maior
Predominância de um tamanho de GP Pedregulhos mal gra-
maior que a que a # nº 10
grão ou graduação falhada (ausência duados, misturas de
abertura da
de alguns tamanhos de grão). pedregulho e areia com
peneira de
pouco ou nenhum fino.
malha nº 40
Pedregulhos Finos não plásticos (ML ou MH). GF Pedregulhos siltosos, mis-
com finos turas de pedregulho, areia
(apreciável e silte mal graduados.
quantidade
Finos plásticos (CL ou CH) GC Pedregulhos argilosos,
de finos)
misturas de pedregulho, areia
e argila bem graduados.
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Processo para identificação no campo Grupo Designação característica

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Areias: Areias puras Grãos cobrindo toda a escala de granu- SW Areias bem graduadas,
Mecânica dos solos

Mais que (pouco ou lação com quantidade substancial de areias pedregulhosas, com
metade da nenhum fino) todas as partículas intermediárias. pouco ou nenhum fino.
fração gros-
Predominância de um grão SP Areias mal graduadas,
seira menor
ou graduação falhada areias pedregulhosas, com
que a # nº 10
pouco ou nenhum fino.

Areia com Finos não plásticos (ML ou MH). SF Areias siltosas, misturas mal
finos graduadas de areia e silte.
(apreciável
Finos plásticos (CL ou CH ou OH) SC Areias argilosas, misturas bem
quantidade
graduadas de areia e argila.
de finos)

Solos de Processo de identificação executado sobre a fração < # nº 40 A abertura da malha # nº 200 cor-
granalação responde aproximadamente à
fina: Ensaio expedito Resistência Dilatância RIgidez menor partícula visível a olho nu.
Mais que a a seco (dilação) (consistência
metade é (esmagamento na proximi-
menor que pelos dedos) dade do LP)
a abertura
Siltes e argilas Nenhuma a Rápida a Nenhuma ML Siltes inorgânicos e areias
de malha
Limite de liquidez pequena lenta muito finas, alteração
da # 200
menor que 50 de rocha, areias finas, sil-
tosas ou argilosas com
pequena plasticidade.

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Processo para identificação no campo Grupo Designação característica

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Média a Nenhuma a Média CL Argilas inorgânicas de baixa e
elevada muito lenta média plasticidade, argilas pe-
dregulhosas, argilas arenosas,
argilas siltosas, argilas magras.

Pequena Lenta Pequena OL Siltes orgânicos e siltes


à média argilosos orgânicos de
baixa plasticidade

Siltes e argilas Pequena Lenta a Pequena MH Siltes inorgânicos, mi-


Limite de liquidez à média nenhuma a média cáceos ou datomáceos,
menor que 50 finos arenosos ou solos
siltosos, siltes elásticos.

Elevada a Nenhuma Elevada CH Argilas inorgânicas de alta


muito elevada plasticidade, argilas gordas.

Média a Nenhuma a Pequena OH Argilas orgânicas de média


elevada muito lenta a média e alta plasticidade

Turfas Facilmente identificáveis pela cor, cheiro, po- Pt Solos com elevado teor
rosidade e frequência pela textura fibrosa. de matéria orgânica

Fonte: Brasil (2006).


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A classificação rodoviária (TRB - AASHTO)


A classificação TRB (Transportation Research Board), antiga HRB (Highway
Research Board), da AASHO (American Association of State Highway Trans-
portation Officials), assim como a classificação unificada, fundamenta-se nos
ensaios de granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade dos solos,
sendo proposta para ser utilizada nos materiais de aterro rodoviários.
Um parâmetro adicionado nesta classificação é o índice de grupo (IG), que é
um número inteiro variando de 0 a 20. O índice de grupo define a capacidade de
suporte do solo de fundação de um pavimento (subleito). Os valores extremos
do “IG” representam solos ótimos para IG = 0 e solos péssimos para IG = 20.
Portanto, esse índice estabelece uma ordenação dos solos dentro de um grupo,
conforme suas aptidões, sendo pior o solo que apresentar maior “IG”.
A determinação do índice de grupo baseia-se nos limites de Atterberg (LL
e IP) do solo e na porcentagem de material fino que passa na peneira número
200 (0,075 mm). Seu valor é obtido utilizando a seguinte expressão:

Onde:

„„ = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 35%. Se


o valor de “a” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se
este valor como limite máximo.

„„ = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 15%. %. Se


o valor de “b” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se
este valor como limite máximo.

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„„ = valor do limite de liquidez menos 40%. Se o valor de “c” for ne-


gativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como
limite máximo.

„„ = valor do índice de plasticidade menos 10%. Se o valor de “d” for


negativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como
limite máximo.

Os solos são classificados em sete grupos, de acordo com a granulometria


(peneiras # 10, 40, 200) e de conformidade com os intervalos de variação dos
limites de consistência e índice (LL e LP) de grupo (IG).
De acordo com a Tabela 4, os solos se dividem em dois grupos: solos
grossos (quando a % passante na peneira nº 200 é inferior a 35%) e solos finos
(quando a % passante na peneira nº 200 é superior a 35%). A classificação é
feita da esquerda para a direita do quadro apresentado.

Muitas vezes essas classificações de solos devem serem utilizadas com cautela, pois são
obtidas com base nos solos amolgados e remoldados, ou seja, as amostras coletadas
para tais finalidades não têm o intuito de manter a estrutura original do solo, mesmo
porque os ensaios de caracterização não exigem tal critério. Assim, em alguns casos,
à exemplo dos solos colapsáveis, que sofrem significativa redução de volume quando
umedecido in loco, não serão detectáveis observando somente a classificação.

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Tabela 4. Critério do Sistema de Classificação TRB.
Mecânica dos solos

Classificação geral Materiais granulares 35% (ou menos) passando na peneira Nº 200 Materiais silto - argilosos

Classificação em grupos A-1 A-3 A-2 A-4 A-5 A-6 A-7


A-7-5
A-1-A A-1-B A-2-4 A-2-5 A-2-6 A-2-7
A-7-6
Granulometria - % passando na peneira
Nº 10 50 máx.
Nº 40 30 máx. 30 máx. 51 min.
Nº 200 15 máx. 25 máx. 10 máx. 35 máx. 35 máx. 35 máx. 35 máx. 36 min. 36 min. 36 min. 36 min.
Características da fração passando na peneira Nº 40:Z
Limite de liquidez 40 máx. 41 min. 40 máx. 41 min. 40 máx. 41 min. 40 máx. 41 min.
Índice de plasticidade 6 máx. 6 máx. NP 10 máx. 10 máx. 11 min 11 min. 10 máx. 10 máx. 11 min 11 min.*
Índice de grupo 0 0 0 0 0 4 máx. 4 máx. 8 máx. 12 máx. 16 máx. 20 máx.
Materiais constituintes Fragmentos de pedras, pe- Pedregulho ou areias siltosos ou argilosos Solos siltosos Solos argilosos
dregulhos fino e areia
Comportamento Excelente a bom Sofrível a mau
como subleito

Fonte: Brasil (2006).

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Caracterização dos solos 61

1. Quais são os ensaios fundamentais ficação desta amostra de solo pela


para a realização da classificação Classificação Unificada?
unificada (USACE)? a) OH - Argila orgânica de média a
a) Resistência à compressão simples alta compressibilidade.
e Limite de Liquidez. b) MH - Solo siltoso
b) Cisalhamento direto e Limite de c) SP - Areia mal graduada com
Plasticidade. pouco material fino.
c) Peso específico e Índice de d) SW - Areia bem graduada com
Plasticidade. pouco silte.
d) Limite de Liquidez e Limite de e) GP - Pedregulho mal graduado.
Plasticidade. 4. Para a mesma amostra do exemplo
e) Granulometria e Limites de anterior, o solo agora apresentou
Atterberg. 100% de material passante na peneira
2. Para realizar a classificação de um # 4 e 7% de material passante na pe-
solo, você precisa realizar ensaios neira #200. A amostra não apresenta
básicos. Por esse motivo, você pode matéria orgânica nem LL e LP. Qual a
afirmar que: classificação desta amostra de solo
a) Existem somente dois tipos de pela Classificação TRB se o IG = 0?
classificação de solos. a) A 1-a
b) Existem somente as classificações b) A 3
de solos com base na caracteri- c) A1-b
zação dos solos. d) A 6
c) Existem somente classificações e) A 7-5
de solos por meio de ensaios 5. O índice de grupo (IG) é um parâ-
expeditos. metros da classificação TRB que
d) Existem diversas possibilidade de representa:
classificar os solos. No entanto, a) a capacidade de suporte de su-
utilizam-se aquelas mais difun- bleitos de solos típicos do regiões
didas e de melhor aplicação em temperadas.
cada região. b) a capacidade de suporte de solos
e) Existem diversas possibilidades de subleitos típicos de regiões
de classificar os solos. Usando tropicais.
apenas uma delas é o suficiente c) é um número que varia de 0 a 20,
para identificar o comportamento sendo 20 aquele solo com maior
de qualquer solo. capacidade de suporte.
3. Em uma amostra, você obtém 4% de d) é um número que varia de 0 a 10,
material passante na peneira #200. sendo 10 aquele solo com maior
Na curva granulométrica, observa capacidade de suporte.
que: D60=0,27, D30=0,18 e D10=0,10. e) é um índice que indica somente a
A amostra não apresenta matéria presença de finos (argilas e siltes).
orgânica nem LL e LP. Qual a classi-

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62 Mecânica dos solos

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7181:1984: solo - análise gra-
nulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 1988. Versão corrigida.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459:2016: determinação


do limite de liquidez. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459:2016: determinação


do limite de plasticidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.

ASTM INTERNATIONAL. ASTM D 2487: standard practice for classification of soils for engi-
neering purposes (unified soil classification system). West Conshohocken: ASTM, 2006.

BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Manual de pavimen-


tação. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério dos Transportes, Instituto de Pesquisas Rodoviá-
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mentação: limitações do método tradicional, apresentação de uma nova sistemática.
In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 15., 1980, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizon-
te: [s.n.], 1980.

PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2012.

VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. Porto Alegre: McGraw-Hill do Brasil; São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1977.

Leitura recomendada
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2012.

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