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Sociedade Brasileira de Ciência do Solo

Física do Solo
Quirijn de Jong van Lier (Editor)
I -CARA CTERIZAÇÃO FÍSICA D0 SOLO
Mozart Martins Ferreira
1/Professor do Departamento de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA).
mozartmf@ufla.br

Conteúdo

INTRODUÇÃO.
TEXTURA DO SOLO
3
Determinação da Textura do Solo 4
Métodos de Análise Textural
Classificação Textural 9
Considerações a respeito da Determinação da Textura do Solo 10
ESTRUTURA DO SOLO 12
Desenvolvimento da Estrutura do Solo
12
Avaliação da Estrutura do Solo 17
Densidade de Partículas
18
Densidade do Solo
19
Porosidade do Solo
22
Distribuição de Poros por Tamanho 23
Estabilidade de Agregados ...... 24
LITERATURA CITADA

INTRODUÇÃO
A Física do Solo constitui-se no ramo da Ciência do Solo que tem por
objetivo a
caracterização dos atributos físicos de um solo, bem como a medição, predição e controle
dos processos físicos que ocorrem dentroe através do solo. Essaconceituação denota que
o estudo da Física do Solo possui naturezas distintas. Na caracterização dos atributos
físicos de um solo, o estudo éde natureza básica, com uma abordagem fundamental,
buscandodescrevê-los com a maior exatidão possível. Por outro lado, tem-se oaspecto
aplicado daFísica do Solo, empregado no equacionamentode problemas gerados pela
utilização do solo sejapara propósitos próprios, de outras áreas da Ciência do Solo, bem
como de outros ramos da Ciência que utilizam o solo como objeto de estudo.
SBCS, Viçosa, 2010. Física do Solo, 298p. (ed. Quirijn de Jong van Lier).
MozART MARTINS FERREIRA
2

capitulo aspectos
Torna-se importante ressaltar que se buscaráabordar no presente
seguindo a
fundamentais na caracterizacão dos atributos físicos dos solos brasileiros, se
atributos serão mais eficientes
premissa de que as pesquisas que envolvem esses
entende-se
baseadasem conceitos e terminologias adequados. Dentro dessa premissa
envolvendo os atributos
que embora muitos sejam os estudos desenvolvidos no Brasil,
físicos do solo, grande parcela desses estudos não leva em consideração aspectos
específicos de solos tropicais, cujos fundamentos nãoforam devidamente estabelecidos,
exatamente pela aceitação irrestrita da universalidade da Ciência do Solo. Assim éque,
a grande maioria dos cursos de Físicado Solono Brasil adota como textos básicos, entre
outros, os trabalhos de Baver et al. (1972): Hillel (1982); Kohnke (1968); Koorevaar et.al.
(1983); Jury et al. (2004). Não obstante a esse aspecto e como forma de reconhecer o
esforço da comunidade científica brasileira para o avanço da Fisica do Solo no Pais,
devem-se destacar os textos de Medina (1975); Grohmann (1975a,b); Kiehl (1979);
Reichardt (1985), Prevedello (1996) e Resende et al. (2002).
O solo do ponto de vista da Física do Solo éconsiderado unm sistema trifásico muito
heterogêneo. As três fases são representadas no solo da seguinte maneira: a fase sólida
constitui a matriz do solo;a fase líquida que consiste na água do solo na qual existem
substâncias dissolvidas, devendo ser chamada então de solução do solo, e a fase gasosa
que éa atmosfera do solo. Considerando que tanto a água quanto o ar do solo variam em
composição tanto no tempo como no espaço, podendoinclusive estarem ausentes em
determinadascondições, acaracterização do solo dá-se por meio do estudo da sua fase
Sólida ou 1natriz do solo.A matriz do soloconstitui-se de componentes sólidos mninerais e
orgânicos.
A parte orgânica, também conhecida como matéria orgânica do solo, é formada pela
acumulação de resíduos animais e vegetais com variados graus de decomposição.
Submetido aconstantes ataques dos micro-organismos, o material orgânico acaba por
constituir-se em um componente transitório do solo, em constante estado de renovação.
A matéria orgânica exerce importante papel no comportamento físico e químico do solo,
atuando em muitas propriedades deste. Ao estudo particular deste constituinte, contudo,
são reservados espaços em outros ramos da Ciência do Solo, tais como na Química do
Solo, na Fertilidade do Solo e notadamente na Biologia do Solo.
Aparte mineral éconstituída de partículas unitárias, resultantes do intemperismo
do materialde origem dosolo, apresentando diversas formas, tamanhos, arranjos e
composições. Embora se saiba pelo estudo mineralógico que as partículas do solo
apresentam formas variadas, podendo inclusive serem amorfas, para vários propósitos
da Física do Solo assume-se que as mesmas apresentam a forma esférica. O conjunto de
partículas de vários tamnanhos dáorigem àTextura do Solo, enquanto o arranjo destas
dáorigem àEstrutura do Solo. Além da forma, o estudo da composição química e
mineralógica das partículas do solo éatribuição da área de Química e Mineralogia do
Solo.
Finalmente, pode-se sumarizar que, em que pesem os papéis exercidos pela matéria
orgânica ecomposição mineralógica nocomportamento físico do solo, a sua caracterização
física dá-se basicamente pelo estudo do tamanho e arranjo de suas partículas sólidas
minerais. Esses dois aspectos serão discutidos detalhadamente nas seções seguintes.

FísICA DO SoLO
3
I -CARACTERIZACÃO FÍSICADO SOLO

TEXTURA DO SOLO
A Textura do Solo constitui-sc numa das características físicas mais estáveis e
representaa distribuição quantitativa das partículas sólidas minerais (menores que 2
mm em diâmetro)quanto ao tamanho. Agrandeestabilidade faz com que atextura seja
considerada característica de grande importância na descrição, identificação e
principalmente na classificaçãodo solo. A texturaconfere alguma qualidade ao solo, no
entanto, sua avaliação apresernta conotação prioritariamente quantitativa.
Areia, Silte e Argila são as três frações texturais do solo que apresentam amplitudes
de tamanhosvariáveis em função do Sistema deClassificação adotado. Existem diversos
sistemas de classificação, todos baseados em critérios arbitrários na separação dos
tamanhosdas diversas frações. Apenas dois sistemas, contudo, são considerados mais
importantes para os propósitos da Ciência do Solo ou Pedologia no Brasil, são eles:
Sistema Norte Americano, desenvolvido peloDepartamento de Agricultura dos Estados
Unidos(USDA)e Sistema Internacional ou de Atterberg, desenvolvido pela Sociedade
Internacional de Ciência do Solo (ISSS). O
quadro 1 apresenta os dois sistemas com suas
respectivas frações granulométricas e amplitudes detamanho e aclassificação adotada
pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), adaptada desses.

Quadro 1. Frações granulométricasdefinidas pelos sistemas de Classificação Norte Americano


(USDA), Internacional (ISSS) e da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).

Sistemas

Frações USDA ISSS SBCS

Ø(mm)
Areia muito groSsa 2-1

Areia grossa 1-0,5 2-0,2 2-0,2


Areia média 0,5 -0,25
Areia fina 0,25 -0,10 0,2 -0,02 0,2-0,05
Areia muito fina 0,10 -0,05
Silte 0,05 -0,002 0,02 - 0,002 0,05 -0,002
Argila <0,002 <0,002 <0,002

Os sistemas de classificação são adotados indistintamente e a escolha de um ou


outro requer a respectiva adequação do métodopara análise da texturado solo. Nesse
particular, além das subdivisões da fração areia, éextremamente importante atentar
para as diferenças verificadas nos limites superiores da fração silte dos sistemas. A
fração silte tem sido motivo de muitas hipóteses e estudos envolvendo o comportamento
dos solos tropicais.

FisiCA DO SoLO
4 MozART MARTINs FERREIRA

Determinação da Textura do Solo


A texturado solo édeterminada de duas maneiras:
principalmente por
a) Teste de Campo: é a modalidade de determinação adotada
procura-se correlacionar a
pedólogos nos exames de perfis de solos. Nesse teste,
unitárias do
sensibilidade ao tato com o tamanho e distribuição das partículas
fração areiaésolta, com
solo. A areia produz uma sensação de atrito (aspereza). A
não-plástica, não-pegajosa
grão simnples oucom agregadoscom baixa estabilidade, ligeira coesão
apresenta
e não pode ser deformada. A fração silte é sedosa ao tatoe
úmida, dura e muito
quando seca. A fração argila é plástica e pegajosa quando
avaliação da textura
coesa quando secae forma agregados com outras partículas. A
divergências
pelo teste de campo é muito subjetiva e como tal estásujeita a erros ea
interpretativas.
por
b) Análise Textural ou Granulométrica: a análise textural é feita no laboratório e tem
finalidade fornecer a distribuição quantitativa das partículas unitárias minerais
seca em estufa
menores que 2,0mm. Para tanto, utiliza-se uma amostra de terra fina
De acordo com
(TFSE)ou terra fina seca ao ar (TFSA) com o conteúdo de água conhecido.
Medina (1975), o êxito da análise textural estána dependência de se conseguirem
realmente individualizadas
suspensões de soloem que suas partículas apresentem-se
e assim se mantenham até sua separação e quantificação. De modo geral,
pode-se
fases:
considerar amarcha analítica dos métodos de análise textural diividida em três
pré-tratamento, dispersão e separação das frações do solo.
fase do Pré-tratamento tem por finalidade a eliminação dos agentes
cimentantes,
A
e a estabilização da
íons floculantes e sais solúveis que podem afetar a dispersão
suspensão do solo.Constituem exemplosde pré-tratamentos:
1. Remoção da matériaorgânica: realizada em solos com
teores de mat¿ria orgânica
hidrogênio (H,0,).
superiores a 50 g kg' por meio da sua oxidação com peróxidode
com ouso de solução contendo
2. Remoção dos óxidos de ferroe alunínio: realizada
ditionito-citrato-bicarbonato de sódio (DCB).
tratamentos ácidos. Recomenda-se
3. Remoção de carbonatos: promovida com o uso de
autilização do HCldiluído.
lixiviação (diálise) dos sais com
4. Remoção de sais solúveis: realizada por meio da
água destilada.
a remoção da
Dentreos vários procedimentos de pré-tratamentos citados, apenas
realizada nos nossos
matéria orgânica, na condição estabelecida acima, tem sido
a
laboratórios. Embora os Ðxidos de Fe e Al possuam ação cimentante, eles integram
composição mineralógica da fração argila dos solos brasileiros, não justificando, portanto,
quase
suas eliminações. Exceto em condições muitos especiais, não se observa, na
totalidade dos solos brasileiros, acúmulo de carbonatos e sais que pudesse suscitar sua
eliminaço.
A fase de Dispersão tem por finalidade a destruição dos agregados do solo,
transformando-os em partículas individualizadas, que deverão permanecer em suspensão

FísICA DO SoLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 5

estável durante o decurso da análise textural. As partículas poderão estar ligadas com
pouca força de coesão ou pouca cimentacão,de modo quea simples hidrataço a argila
pode ser suficiente para que ocorra a dispersão, Por outro lado, as argilas ao se
desidratarem podem exercer considerável forca cocsiva, quecimenta vigorosa mente os
agregados do solo. Fica, nesse caso, adisperso condicionada à sua reidratação. Para
obter-se adispersão máxima das particulas, há nccessidade de submeter aamostra de
solo, simultaneamente, a tratamentos mecânicos equímicos. Mecanicamente a quebra
dos agregados érealizada pela agitaço. Pode-se agitar aamostra vigorosamente em
uma coqueteleira por alguns minutos ou em agitadores mais lentos durante algumas
horas. Neste último caso, é conveniente a introdução de um agente abrasivo (areia
grossa por exemplo) para aumentar a eficiência da agitação. Embora ainda pouco
utilizada no Brasil, a dispersão mecânica pode também ser feita por meio da vibraçao
ultrassônica. A agitação e consequente quebra dos agregados não garante uma
suspenso efetivamente dispersa,para tantohá necessidade de substituir os cátions
presentes, particularmente bivalentes e trivalentes, por outros mais hidratáveis. A
presença desses cátions mais hidratáveis aumenta a espessura da dupla camada difusa
das particulas de argila, proporcionando, assim, condições favoráveis àestabilidade
das suspensões. Li", Na, K* eNH," sãoos cátions monovalentes mais hidratáveis e
portanto 0s que apresentam maior eficiência dispersante. Estudos envolvendo a
eficiência relativa de dispersão de compostos contendo esses diversos elementos
levaram à generalizaço do uso de compostos de Na. Nesse particular, tem-se usado
rotineiramente hidróxidode Na e hexametafosfato de Na. Embora não utilizados
rotineiramente, compostos contendo K, notadamente o hidróxido de K, também
apresentam boa eficiênciadispersante.
Finalmente, realizada a dispersão das partículas, procede-se àseparação das frações
do solo. As frações mais grosseiras, as areias, são separadas por peneiramento, utilizando
se de peneiras diversas, conforme o sistema de classificação adotado. É importante
destacar que autilizaço de peneiras éadequada para partículas maiores que 50 um. As
frações mais finas, silte e argila, são separadas por meio da sedimentação diferencial.
Uma partícula em queda num fluido estásujeita a três forças: gravitação, empuxoea
forca de Stokes.Considerando as partículas do solo como esféricas com raio r (m), tem-se:
(1)Aforça da gravidade F, (N), atuando para baixo:
4
E =mg =p,Vg =P,;'g
3 (1)

onde m (kg) é a massa da partícula, g (m s) éa aceleração gravitacional ep, éa densidade


das partículas (kg m").
(2) Aforça de empuxo F, (N), atuando para cima:
4
F,=m,g=p, Vg=P,r'g (2)

FísICA DO SoLO
6 MoZART MARTINS FERREIRA

onde m, (kg) éanmassa do fluido deslocado pela partícula c p,é adensidade do fluido
(kg m).
(3) Afora de Stokes, devido àviscosidade (n, Pa s) do fluido, atuando no sentido contrário
ao movimento, nocaso paracima. Essa força édescrita pela Lei de Stokes:

F =6tFrv (3)

onde v(m s') é avelocidadeda partícula em relação ao fluido. Aviscosidade daágua


diminuicom o aumento da temperatura. A 20 °C, em unidades do SI seu valor é
aproximadamente 10* Pas ou, em unidade do Sistema CGS, 0,01 P (P significa
Poise = g cm' s).
Quando as três forças anulam-se (quando F, = F+ F) pode-se verificar pela
combinação das equações 1, 2 e3 que a velocidade final (constante) de queda de uma
partícula esférica num fluidoédescrita por

2 (p, -Pf)gr'
9 (4)

A equação 4 descreve a velocidade de queda de uma partícula em um fluido


qualquer. Rearranjando a equação 4, obtém-se a equação 5, que permite calcular o tempo
de sedimentação da partícula considerada.Para tantoé necessário fixar adistância a ser
percorrida pela partícula, ou seja, a altura de queda (h, m). Assim, considerando que
t=h/u, obtém-se:

t=
9 hn
2(p, - PfDg r (5)

Na utilização da equação 5, estão necessariamente implícitas algumas condições


de contorno tidas como limitações, são elas:
a) as partículas são suficientemente grandes para não serem afetadas pelos movimentos
térmicos das moléculas do fluido;
b) as partículas são rígidas, esféricas e lisas;
c) todas as partículas apresentam a mesma densidade;
d) asuspensão ésuficientemente diluída de tal modo que não ocorre interferência de
uma partícula com outra ecada partícula sedimenta independentemente;
e) o fluxo ao redor da partícula é laminar.
Oquadro 2, adaptado de Jenny (1980), apresenta os tempos de sedimentaço
requeridos por várias frações do solo, calculadospela equação 5.

FísICA DO SoLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 7

Quadro 2. Tempo de sedimentação para uma partícula de solo em queda em água equivalente
a uma distância vertical de 10 cm
().

Fração do solo diâmetro (um) Tempo de sedimentação


Areia muito grossa 2000 (= 2 mm) 0,03 s
Areia fina 200 2,7 s
Silte 20 4,5 min
Argila 2 7,7 h
Argila fina 0,2 32 d
Argila ultra fina 0,002 860anos
() considerou-se: temperatura 20 oC; densidade da água 1000 kg m³; densidade de partículas 2700 kg m';
viscosidade da água 103 Pa s.

Nota-se pelo quadro 2 que a utilização da equação 5não éadequada para o


fracionamento de frações grosseiras (areias) tampoucopara a obtençãode subclasses da
fração argila. No primeiro caso, o tempo de sedimentação é demasiadamente pequeno e,
como mencionado anteriormente, aseparação dessas frações faz-se com autilização de
peneiras. No segundo, verifica-se que o tempo de sedimentação das frações menores que
2 umémuito elevado. Assim sendo,o fracionamento da fração argila deve ser procedido
por meio de procedimentos alternativos, notadamente, a centrifugação. O
que fica evidente,
na exemplificação da aplicação da equação 5no quadro 2, éque como o tempo de
sedimentação é inversamente proporcional ao quadrado do raio da partícula, otamanho
da partícula é, sem dúvida, alguma o principal fator determinante do tempo final de
sedimentação e por consequência determinante da exatidão dos resultados obtidos. Erros
de métodosão encontrados na literatura pela aplicação inadequada da equação 5 no que
concerne ao estabelecimento dos tamanhos das partículas que sepretende estudar.

Métodos de Análise Textural

A análise textural pode ser efetuada, basicamnente, por dois grupos de métodos,
segundo a técnica utilizada na separação das frações silte e argila:
a) Método daPipeta: foi desenvolvido por volta de 1922 e éespecialmente adequado para
determinaçãoda fração argila. Eum método direto e muitas vezes considerado como
padrãocomparativo entre outros métodos de análise textural. Nesse método, utiliza
se de uma pipeta para coletar uma alíquota da suspensão a profundidade e tempo
determinados. Assume-se que, apóso tempo calculado,a suspensão apresentará,acima
daquela profundidade, somente partículas menores que determinado tamanho. O
método da pipeta ébastante simples e reconhecido como omais preciso,entretanto,
alguns cuidados precisam ser observados. Um aspecto importante, implícito nas
limitações da aplicação da equação 5, équea concentração da suspensão de solo não
deve exceder 20 g L". Acima desse valor a sedimerntação das partículas individuais
pode ser comprometida. Em funço desse aspecto surge outro, que diz respeito à

FisICA DO SOLo
8 MozART MARTINS FERREIRA

aliquota pipetada. Aquantidade de material pipetado tem de ser multiplicadapor


elevado fator de correção paraexpressar o totalde partículas presentes na amostra.
Desse modo, pequenos erros nas pipetagens individuais poderão ser seriamente
amplificados,comprometendo oresultado final da análise textural.
b) Método doHidròmctro: foiproposto em 1927, por Bouyoucos, que empresta também seu
nome paraométodo. Semelhantemente ao métododa pipeta, bascia-se no princípio de
que omaterial em suspenso (siltce argila) confere determinada densidade à mesma.
Com a ajuda de um hidrômetro, Bouyoucos relacionou as densidades como tempo de
leiturae com atemperatura. Com esses dados o hidrômetro foi calibrado e fornece
leituras de g L" de material de suspensãoc posteriormente chega-se às percentagens
das particulas. Ométodo do hidrômetroémais rápido, mas por se tratar de um método
calibradoémenos preciso. Como a densidade da suspensão não éuniforme em toda a
coluna líquida, em virtude da sedimentação diferencial das partículas, e a
profundidade de flutuação do hidrômetro é variável conforme essa sedimentação,
considera-seque o hidrômetro registraa densidade nédia da coluna. Para melhorar a
preciso do método, Carvalho (1985) introduziu à metodologia originaluma proveta
especial desenvolvida por Fontes (1982), propiciando a obtenção de uma suspenso
mais homogênea por ocasio das leituras do hidrômetro.
Normalmente nas análises de perfis de solos além da determinação da textura do
solo, determina-se o teor de argiladispersa emágua e calcula-se o indice de floculação. A
argila dispersa em água pode ser determinada por qualquer um dos métodos de análise
textural, sem oemprego do dispersante químico, ou seja, a dispersão éfeita somente em
água destilada. Pelo fato de a dispersão ser feita em água, a argila dispersa em água é
também denominada argila natural, pois representa aquela porção da argila total que é
naturalmente dispersa na presença da água. Aargila dispersa em água tem sido utilizada
como um índice de erodibilidade do solo, mas pode representar também a atividade da
fração argila. No caso daerodibilidade, a associação que se faz écom aestabilidade de
agregados. Agora, considerando que o fenômeno de dispersão representa hidratação da
argila, e considerando ainda que tanto aargila quanto a água possuem cargas elétricas
localizadas (a água éum dipolo elétrico), érazoável admitir que quanto mais ativa for a
fração argila, maior será aadsorção de águae consequentemente maioraquantidade de
argila dispersa em água. Para o cálculo do índice de floculação utiliza-se a seguinte
expressão:

IF=-A x 100
(6)

sendo:
IF = Índice de Floculação (%)
T= Fração Argila Total (%)
A
= Fração Argila Dispersa em Agua (%)
Em dado perfil os horizontes superficiais apresentam teores mais elevados de
argila dispersa em água, quando comparados com horizontes subsuperficiais. Essa

FisICA DO SOLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 9

constatação estáassociada à contribuiçãoda matéria orgânica na disponibilizaçao de


cargas elétricas. Relativamente aos horizontes de subsuperfície, os Latossolos
apresentam baixos conteúdos de argila dispersa cm água, reflexo da baixaatividade
de sua fração argila. Outro aspecto importante diz respeitoao íon Alque apresenta
grande poder floculante e está sempre prescnte cm abundância nos Latossolos,
notadamente nos mais intemperizados. O certoé quc os estudosenvolvendoesse atributo
sãopouco conclusivos, principalmente pela grande variabilidade que acompanha os
resultados das determinações de argila dispersa em água. Ressalte-se ainda queo
manejo do solo nas suas mais variadas modalidades pode interferir decisivamente nos
resultados.

Classificação Textural
Uma vez conhecidas as proporções relativas das frações areia, silte eargila procede
se aclassificação textural do solo. Para tanto, podem ser utilizados diagramas de
triângulos texturais. Como existem diferentes sistemas de classificação do tamanho das
partículas, também existem vários modelos de diagramas texturais, entretanto, tem-se
generalizado o uso daquele baseado na classificação Norte Americana (USDA). A
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo acrescentou a classe textural muito argilosa ao
triângulo doUSDA (Figura 1).

100

90 10

S0 20

70/MUITO ARGILOSO 30

40

ARGILA
50
ARGILA
Silte,
40 ARCILA SILTOSA
60
ARENO^A FRANCO FRANCO
ARGILO
ARGILOSO
30/FRANCO SILTOSO 7)
ARGILCO
ARENOSO FRANCO
20 S0
FRANO
SILTOSO
10 FRANÇO 90
AREIEIA BRANC. ARENOSO
SILTE
ARELA 100
90 80 70 60 50 30 20 10
100
Areia, "

Figura 1. Diagramatextural baseado no sistema Norte Americano de classificação do tamanho das


partículas, adotado pela SBCS.

FísICA DO SoLO
MoZART MARTINS FERREIRA
10

Os resultados da análise ggranulométrica podem também ser representados


particulas, tigura 2.
Brancamente pela curva de distribuicão do tamanho das

T00

%
Acumulada
80
Solo argiloso

40 Solo arenoso

20

-3 -1 (

Log

Figura 2. .Curva de distribuição do tamanhodas partículas (, em mm) do solo.

As curvas de distribuição do tamanho das partículas so amplamente utilizadas


em estudos, envolvendo a área de Mecânica do Solo, principalmernte na caracterização
de material grosseiro. Delas poderão ser obtidas importantes relações, envolvendo a
caracterização do espaço poroso e grau de uniformidade das partículas presentes.

Considerações a Respeito da Determinação da Textura do Solo


Conforme mencionado anteriormente, a textura constitui-se numa das características
físicas do solo mais estáveis, daí ofato de apresentar grande importância tanto na
identificação e classificação dos solos, quanto na predição de seu comportamento. Assim
sendo, algumas considerações precisam ser feitas com relação aos procedimentos de análise,
exatidão dos resultados e significado dos mesmos. Desde a proposição dos métodos de
análise, háquase um século, pequenos foram os avanços registrados. Via de
regra os
métodos têm sido adotados universalmente conforme suas
proposições originais, sem
qualquer questionamento, mesmo sabendo-se que o clima determina o conjunto de
propriedades da maioria dos solos. Não se pode perder de vista que a textura refere-se
única eexclusivamente àdistribuiçãoproporcional das partículas
determinado solo quanto ao tamanho, não apreserntandoconotaçãoinorgânicas que compõem
relativa àsua composição mineralógica. Sabe-se, pelo estudo daqualitativa,
gênese
notadamente
dos solos, que
partículas do tamanho de areia e silte, pela ação do
Os minerais mais resistentes ao intemperismo intemperismo, transformam-se em argila.
permanecem na forma de areia e a fração
silte, via de consequência, em função da sua instabilidade, passa a
dograu de intemperismo do solo. Desse modo, é constituir oindicador
consensual e universala expectativa que
somente os solos mais jovens devam apresentar elevada proporção de silte.
Entretanto, e com muita propriedade no Brasil, a composição mineralógica das
partículas assume papel de destaque nocomportamento físico dos solos. Embora o Brasil

FisiCA DO SoLO
I- CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 11

seja um país de dimensões continentais com vários domínios pedobioclimáticos e


apresente varias classes de solos, tem-se que os solos integrantes da classe dos LatossoOS
ocupam mais de 50 %do território brasileiro, constituindo, portanto, a ordem de soros
mais importante do País. Caulinita, Gibbsi ta, Goethita e Hematita, em diferentes
proporções, são os principais constituintes da fração argila desses solos. Analises
granulométricas de alguns Latossolos brasileiros têm apresentado com certa trequencia
resultados superestimando os teores de silte, incompatíveis com o grau de intemperismo
dos mesmos. Moura Filho &Buol (1972) constataram que os Latossolos com maior grau
de intemperismo apresentam microagregados resistentes à dispersão. Da mesma forma,
Netto (1996) observou em diferentes Latossolos que o índice Kr correlacionou-se
negativamente como teor de silte,sugerindo que, em solos mais intemperizados, com
teores maiores de óxidos de Fe ede Al, afraço silte seria incrementada pela presença de
microagregados de argila. Na realidade, sabe-se hoje que parte desse silte écomposto
por agregados de argila, recebendo as designações "silte funcional" e "pseudo-silte". A
dificuldade de se dispersar a argila contida em agregados na fração silte de alguns
Latossolos pode, ento, ser relacionada tanto com apresença de agentes cimentantes
como também com a pouca eficiência dos procedimentos rotineiramente adotados para
dispersão. De acordo com Donagemma (2000), a dispersão adequada da amostra de solo
tem sido, portanto, um fator limitante na obtenção das frações texturais em alguns
Latossolos, com altosteores deóxidos de Fe e de A.
Estudos mais detalhados sobre a composição mineralógica e química dos
constituintes dessa fração podem contribuir significativamente para a obtenção de
melhoresresultados de análises laboratoriais para determinar a granulometria do solo.
Estudos nessa direção foram desenvolvidos por Vitorino et al. (2003). Segundo esses
autores, acomposição mineralógica e química dos solos tem efeito marcante na dispersão
da argila, com reflexos na fração silte; maiores teores de gibbsita provocam maior
estabilidade dos agregados do tamanho de silte, enquanto o aumento dos teores de
caulinita proporciona efeito inverso e; as formas de Aldeterminadas na fração pseudo
silte estão associadas àmaior dificuldade de dispersão da fração argila do solo.
Finalizando essas considerações, éimportante destacare questionar a afirmativa
feita pelos clássicos autores Kohnke &Franzmeier (1995) segundo os quais os melhores
solos do pontode vista físico seriam aqueles que apresentassem cerca de 10 a 20 %de
argila, silte e areia em quantidades aproximadamente iguais e uma boa quantidade de
matéria orgânica. Essa afirmativa sóé válida para condições de clima temperado por
duas razões distintas. A primeira, conforme discutido anteriormente, está relacionada
com ofato deos solos brasileiros serem pobres em silte em razão do avançado estádiode
intemperismo. A segunda diz respeito ao comportamento de alguns solos brasileiros.
Via de regra,solos mais jovens, quando possuem quantidades apreciáveis dessa fração,
apresentam comportamentos restritivos àsua utilização indiscriminada pela propensão
àformação de selo superficial, com reflexos no manejo doS mesmos, seja pelas implicaÇões
no estabelecimento das culturas, seja pela susceptibilidade à erosão. Depreende-se
portanto que, embora pouco se tenha avançado ou se possa avançar nos métodos de
dos
determinação datextura, o mesmo não pode ser dito com respeito àinterpretacão
solos brasileiros.
seus resultadose ao melhor entendimento do comportamento dos

FísICA DO SoLO
12 MoZART MARTINS FERREIRA

determinação da textura
Todos os fundamentos eprocedimentos metodológicos para
especializadas como as de
dosolo encontram-se devidamente tratados em publicações
Dane &Topp (2002); Embrapa (1997) eRuiz (2005).

ESTRUTURA DO SOLO

A Estrutura do Solo refere-se ao arranio das suas partículas. Sem entrar no mérito de
qualseria uma mais exata definição do termo, aspecto amplamente divulgadona literatura,
pode-se seguir a linhade raciocínio proposta por Marcos (1968), segundo a qual estudo
da estrutura do solo do ponto de vista morfológico egenético refere-se à maneira como a
massa de terra rompe-se pela aplicação de força. Do ponto de vista físico, é o arranjo e
disposição das partículas que compõem a massa de terra, formando um sistema poroso.
Esses dois conceitos, embora relacionados, representam pontos de vistas distintos. A
estruturação do solo no sentido morfogenético é puramente descritivo, enquanto, do ponto
de vista físico, éfuncional. Para o perfeito entendimento dos processos que ocorrem no
solo, todavia, éimpossível dissociar esses dois enfoques, visto que existe forte relação de
causa-efeito entre eles,haja vista queo objeto de estudoéomesmo. Muitas interpretações
são referidas como contraditórias porque se baseiam em resultados obtidos segundo uma
visão unívoca acerca desse importante atributo do solo. Isso significa dizer, por exemplo,
que uma mesma estrutura, segundo oponto de vista descritivo, pode condicionar diversos
ambientes físicos, que se traduzirão em diferentes comportamentos do solo e vice-versa.

Desenvolvimento da Estrutura do Solo

Paraque se possa entender o desenvolvimento da estrutura do solo, hánecessidade


de defini-la com bastante clareza,de forma a atender ao mesmo tempo oponto de vista
genético e funcional. Dentro dessa premissa, uma das definições mais abrangentes para
estrutura do solo e que pode ser considerada suficiente para o propósito em questão foi
apresentada por Marshall (1962). De acordo com essa definição, entende-se pelo termo
estrutura "o arranjo das partículas do solo e do espaço poroso entre elas; incluindo
aindaotamanho, formae arranjo dos agregados formados quando partículas primárias
se agrupam em unidades separáveis". Nessa definição encontram-se implícitos alguns
aspectos fundamentais que precisam ser destacados. O primeiro é que não existe solo
sem estrutura, ou seja, mesmonão havendo a ocorrência de agregados, as partículas do
solo produziro determinado arranjo que propiciará definido ambiente fisico ao solo; as
expressões estruturação e agregação passam a apresentar significados distintos e,
finalmente, que a estrutura constitui-se num atributo do solo de natureza dinâmica.
Mesmo que a forma e o tamanho das unidades estruturais não se alterem, uma simples
mudança na sua disposição, com consequente alteração do espaço poroso, determinará
novo comportamento dosprocessos queocorrem dentro do solo.Esse último aspectoé,
sem dúvida alguma, o grande gerador de controvérsias quando se busca associar a
caracterizacão da estrutura e seus efeitos nos mais diversos estudos que envolvem as
relações solo-água-planta.

FísICA DO SOLO
I - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 13

Seguindo raciocínio análogo àárea de gênese, ressalta-se que o tipo de estrutura


particular de determinado solo éconseguência dos processos gerais de desenvolvimento.
Assim sendo, os fatores de formação dosolo - material de origem,clima, tempo, organismos
e relevo - podem todos influenciar oaparecimento de determinada estrutura. Dentro desse
contexto, a Ciência do Solo no Brasil possui vasto conhecimento a respeito da gênese das
principais classes desolos ocorrentes no País,sobretudo na classe dos Latossolos. Embora
possa parecer dispensável, éimportante ressaltar que apenas a estrutura do horizonte
diagnóstico de subsuperfície (horizonte B) é que se encontra associada a dada classe de
solo. Independentemente dos fatores e processos de formação do solo, as camadas mais
superficiais, mantidasem condições naturais, podemm corresponder ou não como horizonte
A, são muito influenciadas pelas atividades superficiais, notadamente a atividade biológica
e apreserntam invariavelmente estrutura granular grumosa.
Uma terntativa de proposição de um modelo de estruturação para os Latossolos
brasileiros foi apresentada por Ferreira et. al. (1999a), tendo como base o consagrado
modelo de Emerson (1959). Os autores trabalharam com amostras dos horizontes Bw de
diferentes Latossolos da região sudeste do Brasil. ApÓs a respectiva caracterização
morfológica, química, fisica, mineralógica e micromorfológica, foram propostos os
seguintesmodelos de estruturaço:
a) Para Latossolos gibbsíticos: Na figura 3 observa-se a microestrutura de um Latossolo
Vermelho distroférrico cujo plasma aglutinado apresenta excelente estrutura micropédica
(micropeds arredondados). Esse solo apresenta predomínio de gibbsita na sua fração
argila eno perfilmacroestrutura granular muitopequena. A figura 4 representa o modelo
de estruturação proposto para Latossolos gibbsiticos. O modelo gibbsítico implica,
portanto, o desenvolvimento de macroestrutura do tipo granular, com pequenos grãos
soltos, com aspecto de maciça porosa "insitu".

1000um

distroférrico (Latossolo Roxo) mos


Figura 3. Aspecto de microestruturade um Latossolo Vermelho
aglutinado (A).
trando grâos de quartzo (Q) eplasma
Fonte: Ferreira et al. (1999a).

FisICA DO SOLO
14 MozART MARTINS FERREIRA

QUARTZON

AB
QUARTZO

QUARTZO

Hematita
OGocthita

em
Figura 4. Modelo de arranjamento de partículas de quartzo, gibbsita (A) e óxidos de Fe (B)
agregado de Latossolo gibbsítico.
Fonte: Ferreira et al. (1999a).

b) Para Latossolos cauliníticos: A figura 5 mostra o aspecto da microestrutura de um


Latossolo Amarelocoeso dos Tabuleiros Costeiros, emn cuja mineralogia da fração argila
predominaa caulinita e macromorfologicanmente a estrutura apresenta aspecto de maciça
coesa "in situ". Observa-se que a distribuição dos grãosde quartzoemn relação ao plasmaé
porfirogrânica, isto é, os grãos estão envoltos num plasma denso, contínuo, com pouca
tendência ao desenvolvimento de microestrutura. A figura 6 representa o modelo de
estruturação para Latossoloscauliníticos. Nesse modelo, como consequência do ajuste face
aface das lâminas de caulinita, há odesernvolvimento de nacroestrutura do tipo emn blocos.

Figura 5. Aspecto de microestrutura de um Latossolo Amarelo mostrando a distribuicão


porfirogrânica (P) dos grãos de quartzo (Q) em relação ao plasma.
Fonte: Ferreira et al. (1999a).

FísICA DO SoLO
I- CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 15

(
QUARTZO

QUARTZO

QUARTZON

Hematita
OGoethita

Figura 6. Modelo de arranjo de partículas de quartzo, caulinita (A), óxidos de Fe (B) e matéria
orgânica (C) em agregado de Latossolocaulinítico.
Fonte: Ferreira et al. (1999a).

Os modelos de estruturação apresentados por Ferreira et al. (1999a) estabelecem que


caulinitae gibbsita são os constituintes mineralógicos responsáveis pelo desenvolvimento
da estrutura dos Latossolos. Os óxidos de Fe, goethita e hematita, embora importantes
para o Sistema Brasileirode Classificação de Solos,pois são responsáveis pela coloração
do solo, possuem atuação discreta na formaçãoda estrutura dos Latossolos brasileiros.
Amatéria orgânica pode participar dos dois modelos, atuando de maneiras diferentes.
Em ambos oS modelo,ela pode atuar diretamente como agente cimentante. Em virtude de
seubaixo teor nohorizonte B,essa participação ébem discreta. De outro modo,a matéria
orgânica atua governando o tipo de óxido de Fe presente, daí seu aparecimento apenas
no modelo do Latossolo caulinítico.
Associando os modelos propostos a resultados de caracterização de alguns atributos
físicos do solos, Ferreira et al. (1999b) demonstraram que, comparativamente aos
Latossolos gibbsíticos, os Latossolos cauliníticos apresentam maior densidade do solo,
menor estabilidade de agregados em água, menor macroporosidade e menor
permeabilidade. Outra constatação interessante éque a permeabilidade dos Latossolos
aumenta com o teor de argila.
Os modelos propostos podem ser considerados como uma tentativa de
sistematizar ou compilar o vasto conhecimento, acumulado nos estudos e
disponibilizado nas inúmeras publicações das diversas áreas da Ciência do Solo no
Brasil e no mundo. Dentro desse contexto, algumas inferências podemn ser feitas no
sentido de se estabelecer uma comparação, ainda que bem geral, entre ocomportamento
físico dos solos tropicais, notadamente dos Latossolos, e solos de clima temperado
indistintamente. A primeira consideração para reflexo éa que, numa visão bem
coesos
ampliada, os Latossolos cauliníticos, representados pelos Latossolos Amarelos

FísICA DO SoLO
16 MoZART MARTINS FERREIRA

dosTabuleiros Costeiros, encontram-senuma posição intermediária entre os extremos,


representados de um lado pelos solos de clima temperado e de outro pelos Latossolos
gibbsíticos. Essa afirmativa que pode ser considerada bastante óbvia, quando se pensa
em desenvolvimento genético dos solos,é válida também para o entendimento do
comportamento físicodesses solos.Ficou estabelecido que a estrutura dos Latossolos
éreflexo da mineralogia da sua fraçãoargila e,por analogia, esse raciocínio pode ser
estendido para os solos de clima temperado. Assim sendo, a estrutura em blocos,
reflexo do ajuste face a face das placas de argila silicatada, estaria associada aos
solos menos intemperizados e a estrutura granular, consequênciada ausência do
ajuste anterior, presente nos solos mais intemperizados, ricos em gibbsita.
Analogamente ao que conhece com relação à mineralogia, química e fertilidade do
solo, verifica-se também que, àmedida que se modificam as condições de
intemperismo, muda-se também o comportamento do solo relativamente aos atributos
físicos associados à suaestrutura. Os solos menosintemperizados são durose coesos
quandosecos, apresentam baixa estabilidade de agregados em água, são plásticose
pegajosos quando molhados e a permeabilidade está inversamente relacionada com
aquantidade de argila. A baixa estabilidade de agregados em água observada nos
Latossolos Amarelos dos Tabuleiros Costeiros demonstra que esses solos perdem o
caráter coeso quando úmidos, constituindo importante indicativo para as operações
de manejo dos mesmos. Contrariamente a esses aspectos, os Latossolos gibbsíticos
são macios quando secose friáveis quando úmidos, os agregados são bastante estáveis
em água, resistentes àeroso e muito permeáveis até quando muito argilosos.
Contrastando como queocorre em relação às composições químicas e de fertilidade
do solo, esse comportamento dos Latossolos os qualificam como possuidores de
condições físicas mais favoráveis às operações de manejo, quando comparados aos
solos de clima temperado.
Independentemente da condição climática, é consensual o entendimento que a
estruturação do solomodifica as manifestações da sua composição textural. Por outro
lado, a elevada resistência à disperso dos microagregados de alguns Latossolos
brasileiros mostra claramente que, ao contrário doque aconteceem condições de clima
temperado, mais do que a textura, aestrutura do solo reflete mais claramente o
comportamentofísico desses solos.
As considerações feitas aqui pretendem unicamente apresentar uma discussão
universalizada a respeito dodesenvolvimento genético da estrutura dos solos. Dentro
desse contexto, entende-se que assim se apresentam as diversas classes de solos nas
suas condições naturais. Todavia, considerando que a estrutura éatributo dinâmico do
solo, sendo fortemente afetada por atividade biológica e notadamente por práticas de
manejo do solo, sua avaliação, independentementedas considerações feitas,passa ater
um aspecto funcional. Assim sendo, entende-se que nas avaliações que envolvem as
relações solo-água-planta não é significativo ofato de o solo apresentar descritivamente
determinado tipo de estrutura, mas, sim, o ambiente produzido por aquele arranjo e a
sua persistência ou não. A avaliação desse ambiente é feita pela determinação de uma
série de atributos relacionados comaestruturaçãodo solo, cuja discussão será apresentada
na seção seguinte.

FísICA DO SoLO
I -CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 17

Avaliação da Estrutura do Solo


Várias tentativas de avaliar a estruturado solo, dependentes de cada situação em
particular, partem do pressuposto que geralmente solos bem estruturados oferecem
melhores condições para o desenvolvimento das plantas e a persistência dessa
estruturação, de certa forma, opõe-se àdegradação do solo. Sendo assim, na avaliação da
estrutura, procuram-se atributos com vistas em dimensionar a porosidade e a distribuição
de poros por tamanhoe sua implicação relativa àpermeabilidade e àrigidez dos poros,
bem como a estabilidade das unidades que compõem a estrutura do solo. E importante
ressaltar abusca de índices que possam servir como referenciais para qualificar as condições
deestruturação dos diferentes solos, entretanto, dada a complexidade de se caracterizar a
estrutura de determinado solo, de seu caráter dinâmico e da grande variabilidade espacial
e dos fatoresque podem influenciá-la, pouco se tem avançado nesse campo.
A avaliação da estrutura é realizada tanto em condições de campo como em
laboratório. Existe um número muito grande de métodos para esse fime a tendência éque
metodologias sejam ampliadas continuamente. Além de publicações específicas como as
de Dane &Topp (2002) e Embrapa(1997), existe no Brasil uma diviso da Embrapa, o
Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária
(CNPDIA), que se ocupa fundamentalmente com a pesquisa e desenvolvimento de
métodos e instrumentos para avaliações de atributos do solo. Assim sendo, não se justifica
nesta seção analisar comparativamente os diversos métodos utilizados na avaliação da
estrutura do solo.

Afigura 7representa esquematicamente uma porção do solo, considerada como um


sistema trifásico, refletindo em dado instante a sua condição estrutural. A avaliação da
estrutura é realizada por meio de algumas relações envolvendo a fase sólida, líquida e
gasosa que se alteram qualitativa e quantitativamente, em maior ou menor grau, em
função dasazonalidade das condições climáticase de forçasexternas aplicadas ao solo,
notadamente aquelas envolvendo o seu uso e manejo.

mar0

Agiá Vporos
Mtotal ma V¡

Vtotal
m,

Figura 7. Diagrama representando o solo como um sistema trifásico.

FísICA DO SoLO
18
MozART MARTINS FERREIRA

Na figura 7, estão represcntadasas relaçõcs de massa evolume das fases sólida,


iquida e gasosa. De acordo coma representação feita, a massa de ar (m) é desprezÍvel.
A quantidade de água presente representa o conteúdode água do solo, que pode ser
expresso tanto em base de massa como em base de volume. Águae ar ocupam o mesmo
espaço que sãoos poros, dessc modo, o volumede ar (V,) mais o volume de água (V)
equivalem ao volume de poros (V).
poros/ No solo, dependendo doclima eépoca do ano, as
quantidades de ar e água variam sazonalmente. Hipoteticamente, o solopode apresentar
Se provido de apenas duas fasese até mesmode uma única fase. Quando completamente
saturado, osolo mostra afase sólida elíquida e, quandocompletamente seco, apresenta
a tase sólida e gasosa. Com uma únicafase seria a hipótese do solo numacondição de
vàcuo, como é ocaso do solo lunar, nesse caso só ocorreria a fase sólida. A fase sólida é
a ünica permanente no solo em qualquer circunstância, sendo, portant0, a que o
caracteriza. Amassa de sólidos (m) representa a massa de solo seco em estufa (105 a
110C) e o volume de sólidos (V)representa o volume ocupado apenas pelas partículas
do solo. Finalmente, o volume total (V,. ) representa o volume total de uma amnostra do
solo com estrutura natural, ou seja, amostra indeformada. Fazendouso das relações de
massa e volume, obtêm-se alguns índices para avaliação da estrutura do solo.

Densidadede Partículas
A Densidade de Partículas ou Densidade dos Sólidos (0., kg m), em textos antigos
também denominada Densidade Real, representa a relação entre a massa de solo seco em
estufa (m, kg) e o seu respectivo volume de sólidos ou partículas (V, m). Ela pode ser
expressa pela seguinte equação:

V, (7)

Das váriasrelações que são obtidas a partir da figura 7,a p,é a única que não reflete
as condições de estruturação do solo. A p, éum atributo fisico muito estável, cuja
magnitude depende exclusivamente da composiçãodas partículas sólidas. Dentro desse
contexto, os valores de p, serão dependentes tanto das proporções relativas das frações
mineral e orgânica, quanto da composição da parte mineral, ou seja, composiço
mineralógica do solo. AP, pode ser interpretada também como sendo amédia ponderada
das massas específicas dos divers0s componentes da fração sólida do solo. Na maior parte
dossolos minerais, a p, varia de 2600 a 2700 kg m, refletindo a presença dominante do
quartzo, cuja massa específica éiguala 2650 kg m°. A presença de Ôxidos de Fe e metais
pesados aumenta o valor de Ps enquanto a matéria orgânica, com massa especifica ao
redor de 1200 kg m², contribui para o seu abaixamento. A título de exemplo da
contribuição decompostos ferruginosos na p, tem-se que o horizonte Bde Latossolos
Vermelhos férricos pode apresentar valores de p, superiores a 3000 kg m°, por causa da
presença de magnetita, cuja massa específica éda ordem de 5200 kg m'. Em determinado
solo, os valores de p, das camadas mais superficiais, ricas em matéria orgânica, são
relativamente inferiores aos das camadas subsuperficiais. Não obstante a grande

FisICA DO SoLO
I -CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 19

estabilidadedos valores da p,, razoável admitir que omanejo do solo poderámodificar


o seu valor ao longo do tempo, se, com esse nanejo, houver alteração significativa no

conteúdo de matéria orgånica.


Para determinar ap, utiliza-se amostra de terra fina seca emestufa ou terra fina secaao
ar, nesse caso, com oconteúdo de água conhecido. A maior dificuldade nessa
determinação está naquantificação do volume ocupado pela massa de partículas sólidas
(V). Eexatamente oprocedimento de quantificaçãodesse volume que define ométodoa
ser empregado na determinação da p,. Os métodos mais usados são o Método do Picnômetro,
que usa água destilada desaerada sob vácuo, e o Método do Balão Volumétrico, que usa
álcool etílico. Tanto a água destilada quanto o álcool etílico têm a função de preencher o
espaçoporoso da massa de partículas. Os dois métodos diferem bastante com relação
aos procedimentosde análise etodos os detalhes metodológicos para determinação de p,
para ambos osmétodos, incluindo aspectos relativos àexatidão e precisão desses, poderão
ser encontrados em Dane &Topp (2002) e Embrapa (1997).
Várias so as aplicações de p, e, dentre elas, podem-se citar: cálculo da porosidade
total do solo, cálculo do tempo de sedimentação das partículas na análise textural e
fração
separação de minerais leves e pesados, em estudos mineralógicos, envolvendo a
grosseira do solo.

Densidade do Solo
A Densidade do Solo (p, kg m), no passado também denominada Densidade Aparente
eDensidade Global, representa arelação entre amassa de solo seco em estufa (m, kg) eo
seu respectivo volume total (V, m), ou seja, volunme do solo incluindo os espaços ocupados
pela água (V) epelo ar (V). Deacordo com a figura 7,ap. pode então ser expressapela
seguinte equação:

p= (8)

Apéum atributo que reflete primariamente o arranjo das partículas do solo, que,
por sua vez, define as características do sistema poroso. Por outro lado, qualquer
manifestação que possa influenciar adisposição das partículas do solo refletirá
diretamente nos valores de p. Em síntese, num sentido amplo,a pdepende da estrutura
do solo em todos os seus aspectos. Inicialmente, diante da discussão apresentada a
respeito da gênese da estrutura do solo nas diferentes condições climáticas, tem-se que a
estrutura e, por consequência, os valores de p, são reflexos da composiço mineralógica
dafração argila dos solos.Sendo assim,comparando diferentes solos ou camadas de
solos,encontra-se grande amplitude de valores de p, reflexo das diferentes estruturas
apresentadas.Somente naclasse dos Latossolos brasileiros, são encontrados nos seus
horizontes diagnósticos de subsuperfície (horizontes B), valores de p variando de 900 a
1550 kg m³.
Os valores mais baixos de pestão associados a solos ou camadas de solos com
estrutura granular, ao passo que os valores maiselevados estão associados à estrutura
FisICA DO SOLO
20 MozART MARTINs FERREIRA

dotipo em blocos ou similar. Esse últimoaspecto motivou, dentre as várias correntes que
estudamo fenômeno da compactacão do solo, a distincçãoentre camada adensada ecamada
compactada. Assim, de acordocom Grohmann (1975b), a camada adensada seria aquela
cuja compacidade é devida aos processos pedogenéticos (adensamento), enquanto a
camada compactada édevida ao uso intensivo do solo (compactação).Além da mineralogia,
outras características do solo interferem nos valores de pde determinado solo, podendo
se destacar a textura e o teor de matéria orgânica. Com relação àtextura do solo, a
tendência éque solos oucamadas mais arenosas apresentem valores mais elevados de p.
Um aspecto importante a ser registrado ainda com relação à textura diz respeito ao que
pode ser observadona classe dos Argissolos ououtras afins, que apresentem horizonte
Btextural. Em solosdessa classe, o gradiente textural verificado entre os horizontes Ae
Bpodefazer com que ohorizonte A, possuindo textura menos argilosa que o b, apresente
maior p. Ao contrário do que se possa inferir, nesse caso, a maior p do horizonte A não
implica necessariamente menor permeabilidade eo acréscimo de argila no horizonte B
não caracterizaadensamento. Amatéria orgånica também tem influência destacada nos
valores de pdos solos. Aparticipação da matéria orgânica é fundamental na estruturação
das camadas superficiais dos solos. Conforme comentadoanteriormente, as camadas
mais superficiais dossolos apresentam invariavelmente estrutura granular grumosa. A
maior ou menor expressão dosgrumos dependerá da quantidade equalidade da matéria
orgânica presente. Esse tipo de estrutura caracteriza-se pela elevada porosidade
encontrada dentro e entre os agregados formados, que, por via de consequência
determinarávalores mais baixos de p, comparativamente a camadas mais subsuperficiais
com menores teores de matéria orgânica.
Uma vez estabelecidosos condicionantes da p dos diferentes solos e tendo-se em
conta que a estrutura do solo é um atributo dinâmico, conclui-se então que os valores de
ppoderão ser alterados pelo uso e 'manejo dosolo, na medida em que se possa alterar a
disposição das partículas do solo. Assim sendo, o monitoramento dos valores de pao
longo do tempo poderáfornecer informações importantesa respeito da influência douso
emanejo do solo na sustentabilidade da exploração a que o solo acha-se submetido.
Dentro desse contexto, muitos estudos realizados destacam aspectos relativos ao tema
Compactação do Solo. Deve-se ressaltar ainda que existe mais uma variável extremamente
importante a ser incluída nos estudos, envolvendo as alterações da pem funço do uso
manejo dos solos. Trata-se do conteúdo de água nosolo. Como se sabe, o conteúdo de
água afeta a consistência dos solos e o grau de mudança da consistência, que é função
dosatributos do solo, fará com que diferentes solos respondam de maneiras diferentes a
semelhantes intervenções feitas, ou vice versa. Em estudos relativos àcompactacão do
p
solo, não raramente explicita-se a preocupação de estabelecimento de valores de
restritivos ao desenvolvimento do sistema radicular das culturas. Diante de toda a
discussão apresentada para se caracterizar a p, ica evidente a presunção que qualquer
estudo comparativo envolvendo esse atributo deve levar em consideraço uma mais
completacaracterização do solo. Essa pre0cupação deve ser ainda naior nas recentes
Correntes de estudos que buscam odesenvolvimento de modelos para expressar a
sustentabilidade dos diferentes sistemas de uso e manejo dos solos.
Existem vários métodos dedeterminação da pque podem ser agrupados em métodos
destrutivos e não-destrutivos. Os destrutivos são aqueles quedependem da retirada de

FísICA DO SoLO
21
I -CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO

uma amostra representativa do solo ou da


camadade solo aser avaliada. Essa amostra,
além de ser representativa no aspecto geral, deve
apresentar-se individualmente com a
mais próxima possível da
mínima perturbação possível, refletindoo solo na condiçãoométodo
citar do anel ou cilindro
sua condição natural. Dentre esses métodos, podem-se
cilindro volumétrico,
volumétrico e ométodo do torrão impermeabilizado. No método do (m). A amostra de
V
introduz-se nacamada de soloum cilindro de volumeconhecido
a105 - 110°C. Ap seráobtida
solo contida no cilindroé levada para secar em estufa
kg)e o volume do cilindro (m).
pela relação entre a massa do solo seco em estufa (n, amostra (volume do
Considerando que a péuma grandeza intensiva, o tamanho da
representatividade do valor
cilindro) não representa qualquer risco quanto à adequadamente em relação
encontrado. O importante édefinir o tamanho da amostra impermeabilizado utiliza
do torrão
àespessura da camada a ser analisada. O método a ser estudada.
da camada de solo
comoamostra indeformnadaum torrão representativo
volume do torrão. Para tanto,
Nesse método, a dificuldade estáem se determinar o
revestir e
utiliza-se algum composto químico repelente à água que possa fundida à
impermeabilizar o torrão. Normalmente, tem-se utilizado a parafina e
pesando-o no ar
temperatura de t 60 °C. O volume do torrão é determinado
volume do torrão
mergulhado em água. Pelo princípio de Arquimedes, calcula-se o
Deduzindoo volume da parafina,
mais parafina, que éigualà massa de água deslocada. devem ser tomados cuidados
obtém-se o volume do torrão. Para ambos os métodos
resultados diferentes
específicos e, mesmo assim, por serem diferentes, podem produzir
determinação
para amostras semelhantes.Os métodos não-destrutivos são aqueles cuja
retirada de
de pé realizada no solo em condições de campo, sem a necessidade da
amostras. Esses métodos fazem uso de técnicas especiais, inclusive que envolvem a
aplicação de energia nuclear. Dentre essas técnicas, destacam-se a da atenuação ou
moderação de nêutrons, absorção de raios gama e raios-X. Os métodos não-destrutivos
são indiretos e necessitam de calibração. Os métodos apresentados, destrutivos ou
não-destrutivos, apresentam vantagens edesvantagens e, como apontado no início
dessa seção, esses aspectos são discutidos convenientemente nas publicações
específicas citadas.
O conhecimento do comportamento da ppode constituir importante indicativo das
condições de manejo de determinado solo. Como se sabe, o valor de preflete, em última
análise, algumas das características do sistema poroso do solo. Como as raízes das
plantas desenvolvem-se nos poros,admite-se que qualquer alteração significativa no
sistema poroso do solo pode resultar em interferência no desenvolvimento delas. Nesse
sentido, a determinação da ppode servir deimportante balisador na tomada dedecisão
quanto ao sistema de manejo do solo a ser adotado. Considerando ainda que a dinâmica
daágua do solo tem um componente importante associado com as características do seu
sistema poroso, ela poderácorrelacionar-se com a p. Assim sendo, a determinação da p
poderáservir de indicador da capacidade de armazenamento de água para as plantas,
envolvendoestudos de disponibilidade de água para as plantas. Ainda dentro desse
contexto, a ppoderáauxiliar na tomada de decisão quanto aoestabelecimento de práticas
agronômicas visando àconservação do solo e água e ainda constituir importante variável
para a elaboração de projetos de engenharia nas áreas de irrigação e drenagem.

FisiCA DO SoLO
22 MoZART MARTINs FERREIRA

Porosidade doSolo
APorosidade do Solo ou Porosidade Total (a, m'm) representa a fração do solo em
volume nào ocupada por sólidos. Fazendo uso das relações de massa e volume
representadas na figura 7, tem-se:

a= (9)

A determinação da porosidade total constitui-se na mais simples caracterização


parcial do sistema poroso do solo. O cálculo da porosidade total pode ser realizado a
partir das determinações das densidades do soloe de partículas, bastandopara tanto
apenas as conversões dos dados de densidades para volume.
Daequação 8 deduz-se que

(10)

Do mesmo modo,pela equação 7,obtém-se

(11)

A divisão da equação 11 pela 10 resulta em

(12)

Como V/Vrepresenta a fração do solo em volume ocupada por sólidos, e a


porosidade total édefinida comoa fração do solo em volume não ocupada por sólidos,
tem-se que:

a=(1-)-(1-2)
P (13)

Oarranjo ou a geometria das partículas do solo determinam a quantidade e natureza


dos poros existentes. Como as partículas variam em tamanho, forma, regularidade e
tendência de expansão pela água, os poros diferem consideravelmente quanto à forma,
comprimento, largura e tortuosidade e principalmentecontinuidade. Todas as variáveis
condicionantes da estrutura, portanto, incluindo ainda textura e matéria orgânica,
influenciarão os valores da porosidade total do solo. Considerando os valores de pep dos
diferentes solos, estima-se que a porosidade total deve variar entre 0,30 e 0,70 m m,
constituindo-se ainda num atributo bastante influenciado pelo uso e manejo do solo.

FisiCA DO SoLO
I- CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOSOLO 23

A caracterização do sistema poroso éimportante nos estudos que envolvem


armazenamentoemovimento de água e gases no solo; em estudos do desenvolvimento
do sistemaradicular das plantas; emn problemas relativos ao fluxo e retenção de calor e
nas investigações de resistência mecânica dos solos. Para tais propósitos, contudo, a
simples determinação da porosidade total fornece informações de utilidade limitada,
sendo fundamental o conhecimento da distribuição dos tamanhos dos poros dosolo.

Distribuiçãode Poros por Tamanho


A utilização da distribuição de poros por tamanho como um atributo físico do solo
requer a aceitaçãode que oespaço porosodo solo pode ser representado pelo modelo de
capilaridade. Dentro dessa premissa e segundo Kiehl (1979), foi Schumacher ainda em
1860 o responsável pela classificação da porosidade do solo em duas categorias:
microporosidade e macroporosidade. Os microporos são importantes para a retenção e
armazenamento de água pelo solo, ao passo que os macroporos são responsáveis pela
infiltração, rápida redistribuiçãoe aeraçãodo solo. Osvalores limítrofes de diâmetro para
separar as duas classes são arbitráriose por isso mesmo variam nos diferentes estudos. A
importância relativa desses conjuntos de poros depende, dentre outros fatores do tipo de
cultivo, condições climáticas,posição do lençol freatico, possibilidade de irrigação econtrole
ambiental.São encontrados valores variando de 30 um (0,03 mm) a 100 um (0,10 mm), com
uma ligeira tendéncia de generalizar-se a adoçào do valor 50 um (0,05 mm).
Conformeestabelecido anteriormente, os microporos são responsáveis pela retenção
de água eos macroporos pela drenagem e aeraçào do solo. O solo como meio de
crescimento das plantas deve proporcionar ambiente favorável à germinação das
sementes, emergência das plântulas, estabelecimento e funcionamento do sistema
radicular da cultura. Dentro dessecontexto, toidemonstrado que, além da importância
de atributos químicos e outros físicos, o desenvolvimento das raízes e o crescimento das
plantas estãodiretamente relacionados com aporostdade de aeração do solo. A aeração do
solo consiste na troca gasosa doCO, presente no espaço porosopelo O,atmosférico. O
CO, éproduzido e o O,é consumido no solo no processo respiratório das raízes das
plantase pela atividade dos microrganismos aeróbicos. Considerando que a taxa de
difusão tanto do CO,como doO, na água é 10.000 vezes menor que no ar, hánecessidade
que parte da porosidade do solo seja constituída de macroporos, para que a aeração da
solo seja realizada adequadamente. Estudos desenvolvidos por volta de 1940 mostraram
que porosidade de aeraço inferior a 10 %é prejudicial para a produção agrícola. Esse
valor foi adotadocomo referencial e tem sido utilizado como índice da qualidade física
do solo nos estudos envolvendo a caracterizaçãoda distribuiçãode poros por tamanho.
Oassunto é discutido com mais detalhes no Capítulo IV do presente livro.
Considerando adistribuição de poros por tamanho uma função da estrutura e textura
do solo, mais uma vez há necessidade de avaliar o comportamento dos Latossolos
brasileiros comparativamente aoutros solos, notadamente com os de lima temperado.
Conforme discutido na seção relativa à gênese da estrutura, os Latossolos gibbsíticos
apresentam estrutura granular. Esses solos, embora possam apresentar textura muito
argilosa, são muito permeáveis à água, reflexo de uma elevada macroporosidade. Ferreira
FísICA DO SoLO
24 MozART MARTINS FERREIRA

et al. (1999b), trabalhando com Latossolos da região sudestc do Brasilencontraram valores


os solos fossem
de macroporosidade variando de 0.13 a 0.29 m' m. Embora todos
argilosos, OS Menores valoresassociaram-se àpresença de caulinita na fração coloidal e
oS maiores valores à presençada gibbsita., Os Latossolos gibbsíticos são bastante porosos
eapresentam umequilíbrio entre as quantidades de macro e microporos. Sendo assim,
apresentam boa retenção de águac cxcelentes condicões de aeração. Submetidos achuvas
intensas, características do clima tropical, csses solos drenam rapidamente, não
oferecendo qualquer restrição ao desenvolvimento do sistema radicular das culturas.
Esses resultados demonstramn mais uma vez.as cxcelentescondições físicas presentesem
alguns Latossolos brasileiros, notadamente naqueles presentes no dominio
pedobioclimático do cerrado.

Estabilidade de Agregados
Quando duas ou mais partículas primárias agrupam-se e a força que une tais
partículas émaior que a força de união entre partículas adjacentes, fica caracterizada a
formação do agregado. Opré-requisito para aagregação éque aargila esteja floculada.
Entretanto, a floculação éuma condicão necessária mas não suficiente. A coerência dos
agregados requer a presença de substâncias cimentantes. No itemn Desenvolvimento da
Estrutura doSolo, discutiu-se sobre a estrutura dosolo, tendo-se concluído que, em última
análise,a qualidade do material coloidal, reflexo das condições climáticas, éresponsável
pela estruturação do solo. Naquela ocasio, procurou-se chamar a atenção para o fato de
queestruturação não era sinônimo de agregação e a discussão feita ficou circunscrita ao
desenvolvimento da estrutura doshorizontes diagnósticos de subsuperfície.
Aanálise da estabilidade de agregados normalmente é feita no material representativo
das camadas superficiais do solo. Essas camadas têm sua estruturação influenciada,
prioritariamente, pela atividade biológica, razão da presença invariavelmente da estrutura
do tipo grumosa. Esse aspecto é de extrema importância que seja ressaltado, tendo em
conta que ficou demonstrado, anteriormente, que a qualidade do material coloidal é
responsável também pelo grau de estabilidade dos agregados das camadas
subsuperficiais dosolos, porçãodo perfil com quase total ausência de atividade biológica.
A avaliaçãoda estabilidade de agregados éa avaliação dadistribuição de agregados
por tamanho, considerando a elevada correlaço verificada entre esses aspectos relativos
àestrutura do solo.Aimportância da avaliação da distribuição de agregados por tamanho
estáno fato de que otamanho do agregado determina sua susceptibilidade ao movimento
pela águae ventoeéimportante na determinação das dimensões do espaço poroso em
solos cultivados. Nos estudos relativos àestabilidade de agregados, busca-se avaliar a
ação de forças responsáveis pela destruição dos agregados do solo, estando elas
relacionadas como cultivo do solo, erosão ouosimplesumedecimento solo. O importante
éter-se em mente que a persistência da estrutura do solo é fundamnental para o suprinmento
de água enutrientes, manutenção de elevadas taxas de infiltraço de água no solo,
resistência àerosão, manutenço de um equilíbrio favorável para o crescimento e
desenvolvimento das raízes das plantas e, consequentemente, concorre para a manutenção
das atividades de exploração dos solos agricultados sustentáveis.
FísICA DO SoLO
I - CARACTERIZAÇÁO FÍSICA DO SOLO 25

A literatura apresenta numerosos trabalhos gue buscam caracterizar a estrutura


do solo poT meio da análise de agregados.Considerando que os propósitos das análises
sãodiferentes, umavariedade de procedimentos tem sido usada. Dentre os fatores que
afetam aagregação, aágua é, provavelmente, o que mais atenção tem recebido dos
pesquisadores. Os estudos realizados partem da premissa de que as característicasda
agregação que resistem à ação da água têm importância e significação para o
comportamento do solo em condições de exploração agrícola. Assim sendo, o método
mais utilizado tem sido ométodo do peneiramento úmido,proposto por Tiulinem 1928 e
modificadopor Yoder em 1936. Essa técnica envolve a utilização de uma amostra de
agregados (com tamanhos variando, por exemplo, de 4,76a 8 mm)secos ao ar,que são
fracionados em várias classes de tamanhos através de peneiras com diferentes aberturas
de malhas que so agitadas dentro de um reservatório com água. Normalmente, são
utilizados conjuntos de peneiras com aberturas de 2, 1, 0,5, 0,25, 0,105 mme outras,
dispostas sempre em ordem decrescente, quesão agitadas em água por determinado
intervalo de tempo.
A avaliação da estabilidade de agregados, em que pesem as variações de
procedimentos analíticos encontrados nos diferentes laboratórios, tais como: número e
tipos de peneiras utilizadas, tempo evelocidade de agitação e, ainda, padronização do
conteúdo de água na amostra pelo pré-umedecimento, constitui-se numa determinaço
extremamente simples. A grande dificuldade da análise de agregados está justamente na
definição da melhor maneira de expressar os seus resultados. Neste estudo, de maneira
geral, busca-se expressar os dados relativos à distribuição de agregados por tamanho
por um simples índice, com opropósito de testar diferenças no comportamento dos solos
ou entre os tratamentos a que fora submetido o solo, bem como correlacioná-los com a
produção das culturas. Dentro desse contexto, a estabilidade de agregados pode ser
expressa por índices tais como: %agregados >2 mm; %agregados >1mm; %agregados >
0,25 mm; diâmetro médio geométrico (DMG); diâmetro médio ponderado (DMP); diâmetro médio
ajustado (DMA), dentre outros.
o diâmetro médio geométrico (DMG) que tem tido a preferência de utilização foi
proposto por Mazurak (1950) e originalmente pode ser calculado pela seguinte expressão:

Sw, In x
i=1
DMG= exp n
(14)
/=1

sendo:
DMG =diâmetro médio geométrico (mm)
w,= massa de agregados na classe de tamanho com diâmetro médio r.

= massa total da amostra


i=1

Fís1CA DO SoLO
MoZART MARTINS FERREIRA
26

brasileiros expressam em % os
Considerando que agrande parte dos laboratórios da xpressão
seguintes variações
resultados da distribuição de agregados por tamanho, as
original de Mazurak (1950) são utilizadas:

a, nd) X, logdi)
(15)

DMG = exp = 10

sendo:
DMG = diâmetro médio geométrico (mm)
igual a d,.
x,= % de agregados na classe de tamanho com diâmetro médio

a estabilidade de
E importante ressaltar que qualquer desses índices expressa
estrutura
agregados de forma relativa e não absoluta e que as tentativas de correlacionar
produção
dosolo, grau de agregação ou outra forma descritiva da estrutura com dados de
dacultura têm sido contraditórias. Maiores detalhes arespeitodos métodos empregados
na avaliação e representação dos resultados da estabilidade de agregados podem ser
encontrados em Dane &Topp (2002) e Embrapa (1997).

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FisICA DO SoLO

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