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Física do Solo
Quirijn de Jong van Lier (Editor)
I -CARA CTERIZAÇÃO FÍSICA D0 SOLO
Mozart Martins Ferreira
1/Professor do Departamento de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA).
mozartmf@ufla.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO.
TEXTURA DO SOLO
3
Determinação da Textura do Solo 4
Métodos de Análise Textural
Classificação Textural 9
Considerações a respeito da Determinação da Textura do Solo 10
ESTRUTURA DO SOLO 12
Desenvolvimento da Estrutura do Solo
12
Avaliação da Estrutura do Solo 17
Densidade de Partículas
18
Densidade do Solo
19
Porosidade do Solo
22
Distribuição de Poros por Tamanho 23
Estabilidade de Agregados ...... 24
LITERATURA CITADA
INTRODUÇÃO
A Física do Solo constitui-se no ramo da Ciência do Solo que tem por
objetivo a
caracterização dos atributos físicos de um solo, bem como a medição, predição e controle
dos processos físicos que ocorrem dentroe através do solo. Essaconceituação denota que
o estudo da Física do Solo possui naturezas distintas. Na caracterização dos atributos
físicos de um solo, o estudo éde natureza básica, com uma abordagem fundamental,
buscandodescrevê-los com a maior exatidão possível. Por outro lado, tem-se oaspecto
aplicado daFísica do Solo, empregado no equacionamentode problemas gerados pela
utilização do solo sejapara propósitos próprios, de outras áreas da Ciência do Solo, bem
como de outros ramos da Ciência que utilizam o solo como objeto de estudo.
SBCS, Viçosa, 2010. Física do Solo, 298p. (ed. Quirijn de Jong van Lier).
MozART MARTINS FERREIRA
2
capitulo aspectos
Torna-se importante ressaltar que se buscaráabordar no presente
seguindo a
fundamentais na caracterizacão dos atributos físicos dos solos brasileiros, se
atributos serão mais eficientes
premissa de que as pesquisas que envolvem esses
entende-se
baseadasem conceitos e terminologias adequados. Dentro dessa premissa
envolvendo os atributos
que embora muitos sejam os estudos desenvolvidos no Brasil,
físicos do solo, grande parcela desses estudos não leva em consideração aspectos
específicos de solos tropicais, cujos fundamentos nãoforam devidamente estabelecidos,
exatamente pela aceitação irrestrita da universalidade da Ciência do Solo. Assim éque,
a grande maioria dos cursos de Físicado Solono Brasil adota como textos básicos, entre
outros, os trabalhos de Baver et al. (1972): Hillel (1982); Kohnke (1968); Koorevaar et.al.
(1983); Jury et al. (2004). Não obstante a esse aspecto e como forma de reconhecer o
esforço da comunidade científica brasileira para o avanço da Fisica do Solo no Pais,
devem-se destacar os textos de Medina (1975); Grohmann (1975a,b); Kiehl (1979);
Reichardt (1985), Prevedello (1996) e Resende et al. (2002).
O solo do ponto de vista da Física do Solo éconsiderado unm sistema trifásico muito
heterogêneo. As três fases são representadas no solo da seguinte maneira: a fase sólida
constitui a matriz do solo;a fase líquida que consiste na água do solo na qual existem
substâncias dissolvidas, devendo ser chamada então de solução do solo, e a fase gasosa
que éa atmosfera do solo. Considerando que tanto a água quanto o ar do solo variam em
composição tanto no tempo como no espaço, podendoinclusive estarem ausentes em
determinadascondições, acaracterização do solo dá-se por meio do estudo da sua fase
Sólida ou 1natriz do solo.A matriz do soloconstitui-se de componentes sólidos mninerais e
orgânicos.
A parte orgânica, também conhecida como matéria orgânica do solo, é formada pela
acumulação de resíduos animais e vegetais com variados graus de decomposição.
Submetido aconstantes ataques dos micro-organismos, o material orgânico acaba por
constituir-se em um componente transitório do solo, em constante estado de renovação.
A matéria orgânica exerce importante papel no comportamento físico e químico do solo,
atuando em muitas propriedades deste. Ao estudo particular deste constituinte, contudo,
são reservados espaços em outros ramos da Ciência do Solo, tais como na Química do
Solo, na Fertilidade do Solo e notadamente na Biologia do Solo.
Aparte mineral éconstituída de partículas unitárias, resultantes do intemperismo
do materialde origem dosolo, apresentando diversas formas, tamanhos, arranjos e
composições. Embora se saiba pelo estudo mineralógico que as partículas do solo
apresentam formas variadas, podendo inclusive serem amorfas, para vários propósitos
da Física do Solo assume-se que as mesmas apresentam a forma esférica. O conjunto de
partículas de vários tamnanhos dáorigem àTextura do Solo, enquanto o arranjo destas
dáorigem àEstrutura do Solo. Além da forma, o estudo da composição química e
mineralógica das partículas do solo éatribuição da área de Química e Mineralogia do
Solo.
Finalmente, pode-se sumarizar que, em que pesem os papéis exercidos pela matéria
orgânica ecomposição mineralógica nocomportamento físico do solo, a sua caracterização
física dá-se basicamente pelo estudo do tamanho e arranjo de suas partículas sólidas
minerais. Esses dois aspectos serão discutidos detalhadamente nas seções seguintes.
FísICA DO SoLO
3
I -CARACTERIZACÃO FÍSICADO SOLO
TEXTURA DO SOLO
A Textura do Solo constitui-sc numa das características físicas mais estáveis e
representaa distribuição quantitativa das partículas sólidas minerais (menores que 2
mm em diâmetro)quanto ao tamanho. Agrandeestabilidade faz com que atextura seja
considerada característica de grande importância na descrição, identificação e
principalmente na classificaçãodo solo. A texturaconfere alguma qualidade ao solo, no
entanto, sua avaliação apresernta conotação prioritariamente quantitativa.
Areia, Silte e Argila são as três frações texturais do solo que apresentam amplitudes
de tamanhosvariáveis em função do Sistema deClassificação adotado. Existem diversos
sistemas de classificação, todos baseados em critérios arbitrários na separação dos
tamanhosdas diversas frações. Apenas dois sistemas, contudo, são considerados mais
importantes para os propósitos da Ciência do Solo ou Pedologia no Brasil, são eles:
Sistema Norte Americano, desenvolvido peloDepartamento de Agricultura dos Estados
Unidos(USDA)e Sistema Internacional ou de Atterberg, desenvolvido pela Sociedade
Internacional de Ciência do Solo (ISSS). O
quadro 1 apresenta os dois sistemas com suas
respectivas frações granulométricas e amplitudes detamanho e aclassificação adotada
pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), adaptada desses.
Sistemas
Ø(mm)
Areia muito groSsa 2-1
FisiCA DO SoLO
4 MozART MARTINs FERREIRA
FísICA DO SoLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 5
estável durante o decurso da análise textural. As partículas poderão estar ligadas com
pouca força de coesão ou pouca cimentacão,de modo quea simples hidrataço a argila
pode ser suficiente para que ocorra a dispersão, Por outro lado, as argilas ao se
desidratarem podem exercer considerável forca cocsiva, quecimenta vigorosa mente os
agregados do solo. Fica, nesse caso, adisperso condicionada à sua reidratação. Para
obter-se adispersão máxima das particulas, há nccessidade de submeter aamostra de
solo, simultaneamente, a tratamentos mecânicos equímicos. Mecanicamente a quebra
dos agregados érealizada pela agitaço. Pode-se agitar aamostra vigorosamente em
uma coqueteleira por alguns minutos ou em agitadores mais lentos durante algumas
horas. Neste último caso, é conveniente a introdução de um agente abrasivo (areia
grossa por exemplo) para aumentar a eficiência da agitação. Embora ainda pouco
utilizada no Brasil, a dispersão mecânica pode também ser feita por meio da vibraçao
ultrassônica. A agitação e consequente quebra dos agregados não garante uma
suspenso efetivamente dispersa,para tantohá necessidade de substituir os cátions
presentes, particularmente bivalentes e trivalentes, por outros mais hidratáveis. A
presença desses cátions mais hidratáveis aumenta a espessura da dupla camada difusa
das particulas de argila, proporcionando, assim, condições favoráveis àestabilidade
das suspensões. Li", Na, K* eNH," sãoos cátions monovalentes mais hidratáveis e
portanto 0s que apresentam maior eficiência dispersante. Estudos envolvendo a
eficiência relativa de dispersão de compostos contendo esses diversos elementos
levaram à generalizaço do uso de compostos de Na. Nesse particular, tem-se usado
rotineiramente hidróxidode Na e hexametafosfato de Na. Embora não utilizados
rotineiramente, compostos contendo K, notadamente o hidróxido de K, também
apresentam boa eficiênciadispersante.
Finalmente, realizada a dispersão das partículas, procede-se àseparação das frações
do solo. As frações mais grosseiras, as areias, são separadas por peneiramento, utilizando
se de peneiras diversas, conforme o sistema de classificação adotado. É importante
destacar que autilizaço de peneiras éadequada para partículas maiores que 50 um. As
frações mais finas, silte e argila, são separadas por meio da sedimentação diferencial.
Uma partícula em queda num fluido estásujeita a três forças: gravitação, empuxoea
forca de Stokes.Considerando as partículas do solo como esféricas com raio r (m), tem-se:
(1)Aforça da gravidade F, (N), atuando para baixo:
4
E =mg =p,Vg =P,;'g
3 (1)
FísICA DO SoLO
6 MoZART MARTINS FERREIRA
onde m, (kg) éanmassa do fluido deslocado pela partícula c p,é adensidade do fluido
(kg m).
(3) Afora de Stokes, devido àviscosidade (n, Pa s) do fluido, atuando no sentido contrário
ao movimento, nocaso paracima. Essa força édescrita pela Lei de Stokes:
F =6tFrv (3)
2 (p, -Pf)gr'
9 (4)
t=
9 hn
2(p, - PfDg r (5)
FísICA DO SoLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 7
Quadro 2. Tempo de sedimentação para uma partícula de solo em queda em água equivalente
a uma distância vertical de 10 cm
().
A análise textural pode ser efetuada, basicamnente, por dois grupos de métodos,
segundo a técnica utilizada na separação das frações silte e argila:
a) Método daPipeta: foi desenvolvido por volta de 1922 e éespecialmente adequado para
determinaçãoda fração argila. Eum método direto e muitas vezes considerado como
padrãocomparativo entre outros métodos de análise textural. Nesse método, utiliza
se de uma pipeta para coletar uma alíquota da suspensão a profundidade e tempo
determinados. Assume-se que, apóso tempo calculado,a suspensão apresentará,acima
daquela profundidade, somente partículas menores que determinado tamanho. O
método da pipeta ébastante simples e reconhecido como omais preciso,entretanto,
alguns cuidados precisam ser observados. Um aspecto importante, implícito nas
limitações da aplicação da equação 5, équea concentração da suspensão de solo não
deve exceder 20 g L". Acima desse valor a sedimerntação das partículas individuais
pode ser comprometida. Em funço desse aspecto surge outro, que diz respeito à
FisICA DO SOLo
8 MozART MARTINS FERREIRA
IF=-A x 100
(6)
sendo:
IF = Índice de Floculação (%)
T= Fração Argila Total (%)
A
= Fração Argila Dispersa em Agua (%)
Em dado perfil os horizontes superficiais apresentam teores mais elevados de
argila dispersa em água, quando comparados com horizontes subsuperficiais. Essa
FisICA DO SOLO
I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO 9
Classificação Textural
Uma vez conhecidas as proporções relativas das frações areia, silte eargila procede
se aclassificação textural do solo. Para tanto, podem ser utilizados diagramas de
triângulos texturais. Como existem diferentes sistemas de classificação do tamanho das
partículas, também existem vários modelos de diagramas texturais, entretanto, tem-se
generalizado o uso daquele baseado na classificação Norte Americana (USDA). A
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo acrescentou a classe textural muito argilosa ao
triângulo doUSDA (Figura 1).
100
90 10
S0 20
70/MUITO ARGILOSO 30
40
ARGILA
50
ARGILA
Silte,
40 ARCILA SILTOSA
60
ARENO^A FRANCO FRANCO
ARGILO
ARGILOSO
30/FRANCO SILTOSO 7)
ARGILCO
ARENOSO FRANCO
20 S0
FRANO
SILTOSO
10 FRANÇO 90
AREIEIA BRANC. ARENOSO
SILTE
ARELA 100
90 80 70 60 50 30 20 10
100
Areia, "
FísICA DO SoLO
MoZART MARTINS FERREIRA
10
T00
%
Acumulada
80
Solo argiloso
40 Solo arenoso
20
-3 -1 (
Log
FisiCA DO SoLO
I- CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 11
FísICA DO SoLO
12 MoZART MARTINS FERREIRA
determinação da textura
Todos os fundamentos eprocedimentos metodológicos para
especializadas como as de
dosolo encontram-se devidamente tratados em publicações
Dane &Topp (2002); Embrapa (1997) eRuiz (2005).
ESTRUTURA DO SOLO
A Estrutura do Solo refere-se ao arranio das suas partículas. Sem entrar no mérito de
qualseria uma mais exata definição do termo, aspecto amplamente divulgadona literatura,
pode-se seguir a linhade raciocínio proposta por Marcos (1968), segundo a qual estudo
da estrutura do solo do ponto de vista morfológico egenético refere-se à maneira como a
massa de terra rompe-se pela aplicação de força. Do ponto de vista físico, é o arranjo e
disposição das partículas que compõem a massa de terra, formando um sistema poroso.
Esses dois conceitos, embora relacionados, representam pontos de vistas distintos. A
estruturação do solo no sentido morfogenético é puramente descritivo, enquanto, do ponto
de vista físico, éfuncional. Para o perfeito entendimento dos processos que ocorrem no
solo, todavia, éimpossível dissociar esses dois enfoques, visto que existe forte relação de
causa-efeito entre eles,haja vista queo objeto de estudoéomesmo. Muitas interpretações
são referidas como contraditórias porque se baseiam em resultados obtidos segundo uma
visão unívoca acerca desse importante atributo do solo. Isso significa dizer, por exemplo,
que uma mesma estrutura, segundo oponto de vista descritivo, pode condicionar diversos
ambientes físicos, que se traduzirão em diferentes comportamentos do solo e vice-versa.
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1000um
FisICA DO SOLO
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QUARTZON
AB
QUARTZO
QUARTZO
Hematita
OGocthita
em
Figura 4. Modelo de arranjamento de partículas de quartzo, gibbsita (A) e óxidos de Fe (B)
agregado de Latossolo gibbsítico.
Fonte: Ferreira et al. (1999a).
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(
QUARTZO
QUARTZO
QUARTZON
Hematita
OGoethita
Figura 6. Modelo de arranjo de partículas de quartzo, caulinita (A), óxidos de Fe (B) e matéria
orgânica (C) em agregado de Latossolocaulinítico.
Fonte: Ferreira et al. (1999a).
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mar0
Agiá Vporos
Mtotal ma V¡
Vtotal
m,
FísICA DO SoLO
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MozART MARTINS FERREIRA
Densidadede Partículas
A Densidade de Partículas ou Densidade dos Sólidos (0., kg m), em textos antigos
também denominada Densidade Real, representa a relação entre a massa de solo seco em
estufa (m, kg) e o seu respectivo volume de sólidos ou partículas (V, m). Ela pode ser
expressa pela seguinte equação:
V, (7)
Das váriasrelações que são obtidas a partir da figura 7,a p,é a única que não reflete
as condições de estruturação do solo. A p, éum atributo fisico muito estável, cuja
magnitude depende exclusivamente da composiçãodas partículas sólidas. Dentro desse
contexto, os valores de p, serão dependentes tanto das proporções relativas das frações
mineral e orgânica, quanto da composição da parte mineral, ou seja, composiço
mineralógica do solo. AP, pode ser interpretada também como sendo amédia ponderada
das massas específicas dos divers0s componentes da fração sólida do solo. Na maior parte
dossolos minerais, a p, varia de 2600 a 2700 kg m, refletindo a presença dominante do
quartzo, cuja massa específica éiguala 2650 kg m°. A presença de Ôxidos de Fe e metais
pesados aumenta o valor de Ps enquanto a matéria orgânica, com massa especifica ao
redor de 1200 kg m², contribui para o seu abaixamento. A título de exemplo da
contribuição decompostos ferruginosos na p, tem-se que o horizonte Bde Latossolos
Vermelhos férricos pode apresentar valores de p, superiores a 3000 kg m°, por causa da
presença de magnetita, cuja massa específica éda ordem de 5200 kg m'. Em determinado
solo, os valores de p, das camadas mais superficiais, ricas em matéria orgânica, são
relativamente inferiores aos das camadas subsuperficiais. Não obstante a grande
FisICA DO SoLO
I -CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO 19
Densidade do Solo
A Densidade do Solo (p, kg m), no passado também denominada Densidade Aparente
eDensidade Global, representa arelação entre amassa de solo seco em estufa (m, kg) eo
seu respectivo volume total (V, m), ou seja, volunme do solo incluindo os espaços ocupados
pela água (V) epelo ar (V). Deacordo com a figura 7,ap. pode então ser expressapela
seguinte equação:
p= (8)
Apéum atributo que reflete primariamente o arranjo das partículas do solo, que,
por sua vez, define as características do sistema poroso. Por outro lado, qualquer
manifestação que possa influenciar adisposição das partículas do solo refletirá
diretamente nos valores de p. Em síntese, num sentido amplo,a pdepende da estrutura
do solo em todos os seus aspectos. Inicialmente, diante da discussão apresentada a
respeito da gênese da estrutura do solo nas diferentes condições climáticas, tem-se que a
estrutura e, por consequência, os valores de p, são reflexos da composiço mineralógica
dafração argila dos solos.Sendo assim,comparando diferentes solos ou camadas de
solos,encontra-se grande amplitude de valores de p, reflexo das diferentes estruturas
apresentadas.Somente naclasse dos Latossolos brasileiros, são encontrados nos seus
horizontes diagnósticos de subsuperfície (horizontes B), valores de p variando de 900 a
1550 kg m³.
Os valores mais baixos de pestão associados a solos ou camadas de solos com
estrutura granular, ao passo que os valores maiselevados estão associados à estrutura
FisICA DO SOLO
20 MozART MARTINs FERREIRA
dotipo em blocos ou similar. Esse últimoaspecto motivou, dentre as várias correntes que
estudamo fenômeno da compactacão do solo, a distincçãoentre camada adensada ecamada
compactada. Assim, de acordocom Grohmann (1975b), a camada adensada seria aquela
cuja compacidade é devida aos processos pedogenéticos (adensamento), enquanto a
camada compactada édevida ao uso intensivo do solo (compactação).Além da mineralogia,
outras características do solo interferem nos valores de pde determinado solo, podendo
se destacar a textura e o teor de matéria orgânica. Com relação àtextura do solo, a
tendência éque solos oucamadas mais arenosas apresentem valores mais elevados de p.
Um aspecto importante a ser registrado ainda com relação à textura diz respeito ao que
pode ser observadona classe dos Argissolos ououtras afins, que apresentem horizonte
Btextural. Em solosdessa classe, o gradiente textural verificado entre os horizontes Ae
Bpodefazer com que ohorizonte A, possuindo textura menos argilosa que o b, apresente
maior p. Ao contrário do que se possa inferir, nesse caso, a maior p do horizonte A não
implica necessariamente menor permeabilidade eo acréscimo de argila no horizonte B
não caracterizaadensamento. Amatéria orgånica também tem influência destacada nos
valores de pdos solos. Aparticipação da matéria orgânica é fundamental na estruturação
das camadas superficiais dos solos. Conforme comentadoanteriormente, as camadas
mais superficiais dossolos apresentam invariavelmente estrutura granular grumosa. A
maior ou menor expressão dosgrumos dependerá da quantidade equalidade da matéria
orgânica presente. Esse tipo de estrutura caracteriza-se pela elevada porosidade
encontrada dentro e entre os agregados formados, que, por via de consequência
determinarávalores mais baixos de p, comparativamente a camadas mais subsuperficiais
com menores teores de matéria orgânica.
Uma vez estabelecidosos condicionantes da p dos diferentes solos e tendo-se em
conta que a estrutura do solo é um atributo dinâmico, conclui-se então que os valores de
ppoderão ser alterados pelo uso e 'manejo dosolo, na medida em que se possa alterar a
disposição das partículas do solo. Assim sendo, o monitoramento dos valores de pao
longo do tempo poderáfornecer informações importantesa respeito da influência douso
emanejo do solo na sustentabilidade da exploração a que o solo acha-se submetido.
Dentro desse contexto, muitos estudos realizados destacam aspectos relativos ao tema
Compactação do Solo. Deve-se ressaltar ainda que existe mais uma variável extremamente
importante a ser incluída nos estudos, envolvendo as alterações da pem funço do uso
manejo dos solos. Trata-se do conteúdo de água nosolo. Como se sabe, o conteúdo de
água afeta a consistência dos solos e o grau de mudança da consistência, que é função
dosatributos do solo, fará com que diferentes solos respondam de maneiras diferentes a
semelhantes intervenções feitas, ou vice versa. Em estudos relativos àcompactacão do
p
solo, não raramente explicita-se a preocupação de estabelecimento de valores de
restritivos ao desenvolvimento do sistema radicular das culturas. Diante de toda a
discussão apresentada para se caracterizar a p, ica evidente a presunção que qualquer
estudo comparativo envolvendo esse atributo deve levar em consideraço uma mais
completacaracterização do solo. Essa pre0cupação deve ser ainda naior nas recentes
Correntes de estudos que buscam odesenvolvimento de modelos para expressar a
sustentabilidade dos diferentes sistemas de uso e manejo dos solos.
Existem vários métodos dedeterminação da pque podem ser agrupados em métodos
destrutivos e não-destrutivos. Os destrutivos são aqueles quedependem da retirada de
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I -CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO
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Porosidade doSolo
APorosidade do Solo ou Porosidade Total (a, m'm) representa a fração do solo em
volume nào ocupada por sólidos. Fazendo uso das relações de massa e volume
representadas na figura 7, tem-se:
a= (9)
(10)
(11)
(12)
a=(1-)-(1-2)
P (13)
FisiCA DO SoLO
I- CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOSOLO 23
Estabilidade de Agregados
Quando duas ou mais partículas primárias agrupam-se e a força que une tais
partículas émaior que a força de união entre partículas adjacentes, fica caracterizada a
formação do agregado. Opré-requisito para aagregação éque aargila esteja floculada.
Entretanto, a floculação éuma condicão necessária mas não suficiente. A coerência dos
agregados requer a presença de substâncias cimentantes. No itemn Desenvolvimento da
Estrutura doSolo, discutiu-se sobre a estrutura dosolo, tendo-se concluído que, em última
análise,a qualidade do material coloidal, reflexo das condições climáticas, éresponsável
pela estruturação do solo. Naquela ocasio, procurou-se chamar a atenção para o fato de
queestruturação não era sinônimo de agregação e a discussão feita ficou circunscrita ao
desenvolvimento da estrutura doshorizontes diagnósticos de subsuperfície.
Aanálise da estabilidade de agregados normalmente é feita no material representativo
das camadas superficiais do solo. Essas camadas têm sua estruturação influenciada,
prioritariamente, pela atividade biológica, razão da presença invariavelmente da estrutura
do tipo grumosa. Esse aspecto é de extrema importância que seja ressaltado, tendo em
conta que ficou demonstrado, anteriormente, que a qualidade do material coloidal é
responsável também pelo grau de estabilidade dos agregados das camadas
subsuperficiais dosolos, porçãodo perfil com quase total ausência de atividade biológica.
A avaliaçãoda estabilidade de agregados éa avaliação dadistribuição de agregados
por tamanho, considerando a elevada correlaço verificada entre esses aspectos relativos
àestrutura do solo.Aimportância da avaliação da distribuição de agregados por tamanho
estáno fato de que otamanho do agregado determina sua susceptibilidade ao movimento
pela águae ventoeéimportante na determinação das dimensões do espaço poroso em
solos cultivados. Nos estudos relativos àestabilidade de agregados, busca-se avaliar a
ação de forças responsáveis pela destruição dos agregados do solo, estando elas
relacionadas como cultivo do solo, erosão ouosimplesumedecimento solo. O importante
éter-se em mente que a persistência da estrutura do solo é fundamnental para o suprinmento
de água enutrientes, manutenção de elevadas taxas de infiltraço de água no solo,
resistência àerosão, manutenço de um equilíbrio favorável para o crescimento e
desenvolvimento das raízes das plantas e, consequentemente, concorre para a manutenção
das atividades de exploração dos solos agricultados sustentáveis.
FísICA DO SoLO
I - CARACTERIZAÇÁO FÍSICA DO SOLO 25
Sw, In x
i=1
DMG= exp n
(14)
/=1
sendo:
DMG =diâmetro médio geométrico (mm)
w,= massa de agregados na classe de tamanho com diâmetro médio r.
Fís1CA DO SoLO
MoZART MARTINS FERREIRA
26
brasileiros expressam em % os
Considerando que agrande parte dos laboratórios da xpressão
seguintes variações
resultados da distribuição de agregados por tamanho, as
original de Mazurak (1950) são utilizadas:
a, nd) X, logdi)
(15)
DMG = exp = 10
sendo:
DMG = diâmetro médio geométrico (mm)
igual a d,.
x,= % de agregados na classe de tamanho com diâmetro médio
a estabilidade de
E importante ressaltar que qualquer desses índices expressa
estrutura
agregados de forma relativa e não absoluta e que as tentativas de correlacionar
produção
dosolo, grau de agregação ou outra forma descritiva da estrutura com dados de
dacultura têm sido contraditórias. Maiores detalhes arespeitodos métodos empregados
na avaliação e representação dos resultados da estabilidade de agregados podem ser
encontrados em Dane &Topp (2002) e Embrapa (1997).
LITERATURA CITADA
BAVER, L.D;GARDNER, W.H. &GARDNER, W.R. Soil physics. New York, John Wiley &
Sons, 1972. 498p.
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DANE, J.H. & TOPP, G.C., eds. Methods of soil analysis: Physical methods. Madison, Soil
Science Society of America, 2002. Part 4. 1692p. (SSSA Book Series, 5).
DONAGEMMA, G.K. Pré-tratamento na análise textural visando a minimização da pseudo
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA, Centro Nacional de
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EMERSON,W.W. The structure of soilcrumbs. J. Soil Sci., 10:235-244, 1959.
FERREIRA, M.M., FERNANDES, B. & CURI, N. Mineralogia da fração argila e estrutura de
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fração argila por dernsimetria. R.Bras.Ci.Solo, 6:152-154, 1982.
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I- CARACTERIZACÃO FÍSICA DO SOLO
FisICA DO SoLO