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MANUAL PARA COLETA DE SOLO E DETERMINAÇÃO DA

RESISTÊNIA À PENETRAÇÃO COM FINALIDADE DE


AVALIAÇÃO FÍSICA

Alan Martins
Sumário

1 POR QUE ANALISAR A FÍSICA DO SOLO? .............................................. 1


1.1 FRAÇÕES DO SOLO............................................................................ 1

1.2 POROSIDADE DO SOLO ..................................................................... 1

1.3 AGREGADOS ....................................................................................... 2

1.4 DENSIDADE DO SOLO ........................................................................ 2

2 DEFINIÇÃO DAS ANÁLISES A SEREM REALIZADAS .............................. 2


3 DEFINIÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM ........................................ 2
4 PROCEDIMENTOS DE COLETA ................................................................ 3
4.1 ARGILA DISPERSA EM ÁGUA E GRAU DE FLOCULAÇÃO ............... 3

4.1.1 Material e métodos ......................................................................... 3

4.2 ESTABILIDADE DE AGREGADOS....................................................... 4

4.2.1 Material e métodos ......................................................................... 4

4.3 DENSIDADE DO SOLO ........................................................................ 5

4.3.1 Material e métodos ......................................................................... 5

4.4 GRANULOMETRIA ............................................................................. 12

4.4.1 Material e métodos ....................................................................... 12

4.5 MACROPOROSIDADE, MICROPOROSIDADE E POROSIDADE


TOTAL .......................................................................................................... 12

4.5.1 Material e métodos ....................................................................... 12

4.6 RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO ...................................... 12

4.6.1 Material e métodos ....................................................................... 12

4.7 CURVA DE COMPACTAÇÃO ............................................................. 14

4.7.1 Material e métodos ....................................................................... 14

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 15


6 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ............................................................. 16
1 POR QUE ANALISAR A FÍSICA DO SOLO?

A partir da breve explicação, que vem a seguir (itens 2.1, 2.2 e 2.3), de
como os componentes do solo influenciam nos fatores de produção ligados ao
solo, será fácil entender a importância dessas análises.

1.1 FRAÇÕES DO SOLO


As frações que o compõem, estudadas pela física do solo, são de
natureza mineral, provenientes dos processos de intemperismo. As partículas
são classificadas pelo seu tamanho, areia de 2 a 0,05 mm, silte de 0,05 a 0,002
mm e argila as partículas menores que 0,002 mm.
A partir da proporção de partícula no solo, podemos definir qual a classe
textural desse solo. A classe textural, por sua vez, é tomada como referência
para a interpretação dos teores de nutrientes no solo, bem como na
implantação de práticas de conservação do solo.

1.2 POROSIDADE DO SOLO


A porosidade do solo é grandemente influenciada pelo tamanho e
atividade das partículas que o compõem, sendo que solos com maior
proporção de partículas grosseiras (areia) possuem maior macroporosidade
(Ma) e solos com proporção maior de partículas finas possuem maior
microporosidade (Mi), a soma dessas duas classes de poros é chamada de
porosidade total (PT). Esses poros são responsáveis pela aeração, e retenção
e movimento de água, também permitem o crescimento das raízes. A
quantidade e distribuição desses poros devem ser equilibradas, pois situações
de desequilíbrio podem ocasionar a falta de oxigênio ou de água para as
plantas.
O conhecimento da proporção de cada classe de poro no solo é
essencial para o seu manejo. Tanto a macroporosidade, quanto a
microporosidade podem ser alteradas com operações mecanizadas,
implantação de culturas com diferentes sistemas radiculares e com o
incremento do teor de matéria orgânica no solo, por meio de culturas de
cobertura.

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1.3 AGREGADOS
A interação das frações que compõem o solo, tanto minerais quanto
orgânicas, dão origem aos agregados. Esses agregados variam em forma e
tamanho em função do tamanho e natureza das partículas que o compõem.
Assim como o tamanho das partículas, o tamanho dos agregados influencia na
aeração, e retenção e movimento da água no solo, bem como no crescimento
de raízes.
A estabilidade desses agregados dependente da força de ligação entre
as suas partículas. Essa estabilidade é de extrema importância à conservação
do solo, pois define a resistência do solo à erosão.

1.4 DENSIDADE DO SOLO


A massa do solo resulta da soma das suas partículas sólidas. Somente a
massa do solo não é suficiente para inferirmos algum parecer sobre a
qualidade deste solo, para isso, precisamos saber a relação entre sua massa e
o volume que ela ocupa, e com isso temos a densidade do solo (Ds). A partir
do valor de densidade do solo podemos inferir sobre sua resistência ao
crescimento das raízes das plantas.

2 DEFINIÇÃO DAS ANÁLISES A SEREM REALIZADAS

Todos os métodos e ferramentas utilizadas para amostragem serão


definidos com base nos atributos e características do solo que se pretende
conhecer. Definir quais análises serão realizadas, nos permite optar pelos
melhores métodos e ferramentas para obtenção das amostras, com o objetivo
de minimizar o erro durante a amostragem, aumentando, com isso, a
confiabilidade dos dados (SANTOS et al, 2015).

3 DEFINIÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM

A observação da paisagem é essencial para definição de pontos


amostrais que representem a área a ser estudada. Relevo, vegetação, uso e
cor do solo podem ser utilizados como critérios para a distribuição dos pontos
de coleta.

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A coleta de amostras de solo, tanto deformada quanto indeformada,
deve ser realizada em locais representativos da área a ser estudada. Portanto,
dever-se evitar locais onde ocorreram perturbações ou há presença de
materiais atípicos. Para exemplificar, não se deve fazer as coletas próximas à
formigueiros, cupins, árvores, aterros, e em demais condições que não sejam
de interesse ao estudo.
Os pontos a serem amostrados ficam a critério do pesquisador, essas
recomendações podem ser ignoradas, desde que seja objetivo da pesquisa
caracterizar o solo em situações atípicas.
A densidade amostral depende do tempo e recursos disponíveis, bem
como da representatividade objetivada pelo trabalho. Métodos de interpolação
para estimar os valores de atributos em locais que não foram amostrados
necessitam de uma grade amostral mais densa.

4 PROCEDIMENTOS DE COLETA

4.1 ARGILA DISPERSA EM ÁGUA E GRAU DE FLOCULAÇÃO


A proporção da quantidade de argila total de um solo, que se dispersa
em contato com a água, tem grande importância na avaliação da resistência à
erosão. O grau de floculação representa a proporção das partículas de argila
que se ligam novamente após serem dispersas pela água; assim como a argila
dispersa em água, este grau auxilia na avaliação da resistência do solo.

4.1.1 Material e métodos


A amostras para determinação da argila dispersa em água e o grau de
floculação é deformada. Podem ser retiradas com qualquer ferramenta que
tenha capacidade de cortar o solo (exemplo: enxada, enxadão, pá e picareta)
ou utilizando um trado holandês; após sacadas as amostras, as mesmas
devem ser armazenadas em sacos plásticos. Devem ser extraídos, no mínimo,
200 gramas de solo.

Materiais necessários: Enxadão ou enxada, pá de corte ou espátula, saco


plástico e canetão permanente.

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 Coleta da amostra indeformada (figura 1).
 Passo 1: Faça uma trincheira na profundidade que se deseja fazer a
coleta;
 Passo 2: Confira a profundidade com uma trena;
 Passo 3: Com a ferramenta cortante, destaque um torrão;
 Passo 4: Colete a amostra e insira no saco plástico.

Passo 1 Passo 2

Passo 3 Passo 4

Figura 1. Coleta da amostra deformada

4.2 ESTABILIDADE DE AGREGADOS


A estabilidade dos agregados nos permite inferir sobre a resistência do
solo à erosão. A amostra deve ser retirada em forma de torrões, com o mínimo
de alteração em sua estrutura.

4.2.1 Material e métodos


Para obtenção das amostras é necessário escavar uma trincheira na
forma de escada. O degrau da escada deve ter a espessura igual a espessura
da camada que se deseja coletar (Figura 2). Para armazenar as amostras

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podem ser utilizadas marmitex de plástico ou de isopor; o tamanho do torrão
deve ser semelhante ao do marmitex para que não ocorra a deformação da
amostra ao fechar a embalagem. Se for necessário empilhar as amostras para
o transporte, não se deve colocar mais de três amostras empilhadas;
ultrapassar esse limite pode ocasionar na deformação das amostras e,
portanto, comprometer os resultados.
Materiais necessários: Enxadão ou enxada, pá de corte ou espátula,
marmitex de plástico ou isopor e canetão permanente

Espessura da camada

Corte

Solo

Amostra

Solo

Figura 2. Esquema de coleta das amostras para teste de estabilidade de


agregados

4.3 DENSIDADE DO SOLO


A densidade do solo (Ds) é produto da divisão da massa do solo seco
(umidade 0%) pelo volume ocupado por essa massa de solo. A massa do solo
inclui todas as partículas sólidas (minerais e orgânicas) presentes no mesmo.
O volume ocupado por essa massa de solo é composto pelo volume das
partículas e o volume dos macros e microporos.

4.3.1 Material e métodos


Os amostradores mais comuns são o Kopeck e o “castelinho” (figura 3).
Ambos os amostradores retiram amostras de solo indeformadas. As amostras
são sacadas dentro de um cilindro de aço e o cilindro é tampado em ambos os
lados, para que sua estrutura seja preservada.

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Para realização da amostragem, o solo deve estar úmido; realizar a
amostragem em solo seco pode danificar o instrumento e a amostra não será
representativa.
A lingueta e o anel imobilizador devem ser deixadas em compartimentos
conhecidos durante o procedimento de amostragem, pois esses componentes
se perdem com facilidade, e sua falta inviabiliza a retirada de amostras.
Após o término da amostragem, o equipamento deve ser lavado, bem
como todos seus acessórios.

Materiais necessários: Amostrador, cilindro volumétrico, tampa para o


cilindro, estilete ou canivete, espátula, canetão permanente, marreta de ferro (2
Kg), papel e caneta.

A B

Figura 3. Amostradores mais comuns (A e B) e anel volumétrico (C)

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 Montagem do amostrador de Kopeck (figura 4).
 Passo 1: Rosqueie a haste prolongada no amostrador;
 Passo 2: Rosqueie o batedor na haste prolongada;
 Passo 3: Transpasse o cabo extrator no orifício do batedor e aperte o
parafuso.

Passo 1 Passo 2

Passo 3

Figura 4. Montagem do amostrador

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 Fixação do anel volumétrico ao amostrador de Kopeck (figura 5).
 Passo 1: Coloque o cilindro no compartimento do amostrador;
 Passo 2: Coloque o anel imobilizador sobre a parte superior do cilindro;
 Passo 3: Coloque a lingueta (primeiro a parte de baixo, pontiaguda);
 Passo 4: Trave a lingueta girando a trava do amostrador.

Passo 1 Passo 2

Passo 3 Passo 4

Figura 5. Fixação do anel volumétrico no amostrador

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 Retirada da amostra (figura 6).
 Passo 1: Retire a palhada que está sobre o local de coleta. (Não pise
sobre o ponto que será amostrado);
 Passo 2: Crave o amostrador no chão utilizando a marreta de ferro. (O
meio do cilindro deve coincidir com a metade da profundidade da
camada a ser coletada);
 Passo 3: Pare quando o batente encostar no solo;
 Passo 4: Retire o amostrador do solo (puxando e girando).

Passo 1 Passo 2

Passo 3 Passo 4
Batente

Figura 6. Retirada da amostra

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 Retirada do anel e ajuste da amostra (figura 7).
 Passo 1: Retire o excesso de solo aderido ao amostrador;
 Passo 2: Gire a trava do amostrador para retirar a lingueta;
 Passo 3: Retire o anel imobilizado com cuidado para não quebrar a
amostra;
 Passo 4: Retire o cilindro com cuidado;
 Passo 5: Utilizando um estilete ou canivete, limpe o excesso de solo até
que ele fique rente à borda do cilindro. (O solo deve ser cortado com a
ferramenta, nunca raspado ou quebrado);
 Passo 6:Tampe as duas extremidades do cilindro. Recomenda-se a
utilização de tampas de cores diferentes para identificar a parte inferior e
superior da amostra.

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Passo 1 Passo 2

Passo 3 Passo 4

Passo 5 Passo 6

Figura 7. Retirada do anel e ajuste da amostra

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4.4 GRANULOMETRIA
A análise granulométrica tem por objetivo determinar os teores de cada
fração mineral (areia, silte e argila) presente no solo, bem como o
enquadramento do mesmo em uma classe textural.

4.4.1 Material e métodos


A coleta de amostras para se determinar a granulometria é realizada da
mesma forma que a coleta para determinação da argila dispersa em água e o
grau de floculação.

Materiais necessários: Enxadão ou enxada, pá de corte ou espátula, saco


plástico e canetão permanente.

4.5 MACROPOROSIDADE, MICROPOROSIDADE E POROSIDADE TOTAL


A porosidade compreende todos os espaços vazios do solo. Os espaços
vazios permitem a movimentação de ar e água no solo, o armazenamento de
água e o crescimento das raízes das plantas. A divisão em macroporos e
microporos se dá, unicamente, pelo diâmetro desses poros. Essas duas
classes de poros possuem funções distintas, sendo os macroporos
responsáveis pela aeração e movimento de água e os microporos responsáveis
pela retenção de água.

4.5.1 Material e métodos


As amostras para determinação da porosidade do solo são as mesmas
utilizadas para determinação da sua densidade, portanto, a coleta das
amostras é realizada da mesma forma.

4.6 RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO


O penetrômetro de impacto Stolf (STOLF,1984) mede a resistência que
as raízes de uma planta encontram ao crescerem e se aprofundarem no perfil
do solo. Cada cultura possui um limite de resistência, que, a partir desse limite,
o crescimento das raízes é limitado.

4.6.1 Material e métodos


O penetrômetro deve ser colocado em posição vertical (90° em relação
ao solo). O ajuste da altura de queda do peso deve ser feito de acordo com a
textura do solo; para solos arenosos a altura deve ser de 20 cm, e para solos

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argilosos de 40 cm. Se a haste não penetrar no solo após 2 ou 3 golpes, a
operação deve ser interrompida, pois pode ocorrer a quebra da ponteira.

Materiais: Penetrômetro de impacto, planilha impressa e caneta ou lápis.

 Montagem, ajuste e utilização (figura 8).


 Passo 1: Rosqueie a haste graduada ao batente inferior do
penetrômetro;
 Passo 2: Regule a altura de queda do peso;
 Passo 3: Coloque a chapa de fixação do penetrômetro no solo;
 Passo 4: Levante o peso até o batente superior;
 Passo 5: Solte o peso para que ele caia sobre o batente inferior.

Passo 1 Passo 2

Passo 3

Passo 4 Passo 5

Figura 8. Montagem e utilização do penetrômetro


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 Anotações na planilha (figura 9).
 Passo 1: Identifique o ponto;
 Passo 2: Anote o número de impactos necessários para penetração;
 Passo 3: Anote o valor de profundidade observado na haste do
penetrômetro. (O valor observado deve ter como referência a chapa de
fixação do amostrador).

Passo 1 Passo 2 Passo 3


Figura 9. Anotações na planilha

4.7 CURVA DE COMPACTAÇÃO


A curva de compactação do nos permite obter os valores de densidade
máxima e umidade ótima de compactação de um solo. Com o valor de
densidade do solo e densidade máxima desse solo, podemos obter o valor de
densidade relativa, ou seja, o valor de densidade em que o solo se encontra
em relação ao valor que essa densidade pode chegar. A umidade ótima de
compactação indica qual a umidade do solo em que se deve evitar o tráfego de
máquinas, pois é nessa umidade que ocorre maior compactação do solo.

4.7.1 Material e métodos


O método para obtenção de amostras para este teste é quase idêntico aos
métodos para Argila dispersa em água e grau de floculação (item 4.1) e
Granulometria (item 4.4), somete a quantidade de solo amostrado difere, sendo
que para esse teste deve-se coletar no mínimo 5 Kg.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SANTOS, R.D.; SANTOS, H.G.; KER, J.C.; ANJOS, L.H.C.; SHIMIZU, S.H.
Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo. SBCS, 2015. 102 P.

STOLF, R. Operação do penetrômetro de impacto modelo IAA/Planalsucar-


Stolf. Boletim n.2. Piracicaba: IAA/PLANALSUCAR, 1984. 8 p.

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6 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos.


Manual de métodos de análise de solos. 3. Ed. Brasília, DF: Embrapa, 2017.
212 p.

KLEIN, V.A. Física do Solo. 3. Ed. Passo Fundo: UPF, 2014. 263 p.

LIER, Q.J.V. Física do Solo. Viçosa, MG: SBCS, 2010. 298 p.

REICHERT, J.M. Fundamentos da Ciência do Solo. 2007.

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