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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – IED


CR- NAMPULA
CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

nome

Perfil do solo e dos horizontes de um perfil

Sistemas de classificação
Mineralogia

Nampula

Julho de 2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – IED


CR- NAMPULA
CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

nome

Perfil do solo e dos horizontes de um perfil

Sistemas de classificação
Mineralogia

Trabalho de caracter avaliativo da


cadeira de Pedogeografia, leccionada
pelo docente:

Nampula

Julho de 2020
Índice

Introdução..................................................................................................................................4

1 O solo..................................................................................................................................5

1.1 Perfil do solo................................................................................................................5

1.2 Classificação e tipos de solos......................................................................................6

1.3 Determinação da granulometria..................................................................................7

1.4 Preparação do solo.......................................................................................................7

2 Definição de mineralogia....................................................................................................8

2.1 Nomenclatura dos minerais.........................................................................................8

Conclusão.................................................................................................................................15

Bibliografia..............................................................................................................................16
Introdução
solo, material solto e macio encontrado na superfície da crosta terrestre, é muito
importante para a vida na terra. À medida que nos aproximamos das grandes cidades, os
indivíduos que lá habitam têm pouco ou nenhum contacto com os solos, o que os torna
insensíveis com relação à sua dependência directa a esse recurso natural, ou mesmo,
insensíveis quanto ao fato de que, sem os produtos deles advindos, a sobrevivência do
homem na terra seria muito difícil, se não impossível. Mesmo com os grandes avanços da
ciência nos mais diversos campos do conhecimento, o nosso grau de dependência com
relação aos solos irá aumentar no futuro, e não diminuir.

Eles continuarão a fornecer e suprir quase tudo o que comemos e vestimos, além de uma
grande percentagem de medicamentos, que podem ser derivados de plantas cultivadas ou que
crescem naturalmente sob determinados tipos de solos e de clima, bem como derivados de
alguns organismos que neles habitam. Também será crescente o fornecimento de energia
proveniente das plantas cultivadas que crescem no solo, uma vez que o suprimento de
petróleo é finito e irá diminuir sensivelmente no próximo século. Actualmente, esse fato já é
bastante evidente no Brasil, onde a cultura da cana-de-açúcar está em crescente expansão,
sobretudo na região sudeste, ocupando diferentes tipos de solos, a fim de produzir álcool
combustível, cada vez mais utilizado nos veículos nacionais em substituição aos derivados do
petróleo.

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1 O solo
O solo é um recurso natural renovável que, de uma forma simplificada, se pode definir
como a camada superficial da crosta terrestre, formada por partículas minerais de vários
tamanhos e composição química diversa e matéria orgânica em diferentes fases de
decomposição. As diferentes proporções destes componentes, o modo como se distribuem no
solo e a composição da rocha mãe determinam a sua natureza. É esta camada que serve de
suporte às plantas terrestres e dela depende toda a vida à superfície da terra. Forma-se
lentamente por processos biológicos, físicos e químicos, mas pode ser rapidamente
deteriorado ou destruído por fenómenos naturais ou por práticas incorrectas.

A componente mineral do solo resulta dos processos erosivos que levam à progressiva
desagregação das rochas em elementos de diferente tamanho, variando desde partículas mais
grosseiras, como o cascalho e o saibro, até partículas de dimensões mais pequenas, como a
areia, o limo e a argila. A componente orgânica do solo resulta da decomposição dos restos
de animais e vegetais por parte de microrganismos, como bactérias, e fungos. Depois de
decompostos estes detritos tomam o nome de húmus. O teor em matéria orgânica favorece a
fertilidade, a permeabilidade ao ar e à água e contribui para melhorar a estrutura do solo.

O conteúdo em água de um solo é muito importante, uma vez que as plantas retiram
do solo, através das suas raízes, a água que necessitam e que irá transportar os nutrientes para
a sua parte aérea (ramos e folhas). Porém, nem toda a água que se encontra no solo está
disponível para as plantas. O ar é outro dos componentes do solo, essencial à respiração, não
só das raízes das plantas, mas também de toda a fauna aí existente.

1.1 Perfil do solo


Quando se observa um corte de terreno ou uma barreira verifica-se que este é
composto de camadas distintas que diferem na cor, na composição, na estrutura e na textura.
Estas camadas designam-se por horizontes de solo e a sua sequência (a partir da superfície)
designa-se por perfil do solo. O perfil de um solo completo possui quatro tipos de horizontes,
convencionalmente identificados pelas letras maiúsculas O, A, B e C.

 Horizonte O Camada orgânica constituída por folhas, ramos e restos de animais. É


também designado por folhada.
 Horizonte A Camada constituída por detritos orgânicos em estado de decomposição
(húmus). Contém ainda numerosos organismos vivos e as raízes das plantas.

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 Horizonte B Este horizonte é constituído por elementos minerais que se formaram a
partir dos compostos orgânicos (transportados pela água a partir do horizonte A) por
acção dos decompositores através de um processo designado por mineralização.
 Horizonte C Camada constituída por material mineral da rocha mãe pouco
fragmentado. Rocha-mãe Substrato rochoso inalterado, também designado por alguns
autores de horizonte R.

1.2 Classificação e tipos de solos


Classificamos e agrupamos os seres vivos e os objectos para dar sentido ao mundo e
nos proporcionar informações úteis a respeito das suas propriedades. No estudo dos solos não
é diferente pela sua importância como factor de sobrevivência na terra. Como já vimos, os
solos são corpos individuais na paisagem e que podem ser separados ou agrupados conforme
características diferenciais ou comuns.

O estudo dos perfis de solos serve para observar suas características no campo
(morfologia) e colectar amostras dos horizontes, as quais são levadas para os laboratórios a
fim de executar dezenas de determinações (teores de cálcio, magnésio, potássio, fósforo,
alumínio, carbono orgânico, além de muitas outras).

As observações morfológicas obtidas no campo (cor, textura, estrutura, etc.) e os


resultados de laboratório possibilitam classificar o solo, ou seja, nomeá-lo. Praticamente todo
o processo de identificação e classificação dos solos inicia-se no campo, por meio da
observação morfológica detalhada do perfil, a qual possibilita a identificação, a separação, a
delimitação e a nomeação dos horizontes. Estes são denominados horizontes diagnósticos,
pois é a partir do exame, delimitação e identificação deles no campo que um perfil de solo é
diagnosticado, ou seja, classificado.

Os diferentes tipos de horizontes acima mencionados, convencionalmente simbolizados


por letras maiúsculas (H, O, A, B, C, etc.), são complementados por letras minúsculas (Ap,
Bw, Bt, Bi, Cr, etc.) a fim de separar as diferentes modalidades do mesmo horizonte. No
entanto, essa classificação só é possível devido ao desenvolvimento de um sistema de
classificação de solos, de acordo com as características 59 que apresentam os perfis de solos.
Existem diferentes sistemas de classificação de solos no mundo. No Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos, publicado originalmente pela Embrapa em 1999 e que está em
constante actualização. Esse Sistema agrupa e organiza todo o conhecimento adquirido até
hoje sobre os estudos dos solos no Brasil, além de permitir a comunicação entre as várias

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pessoas que trabalham com a ciência do solo, uma vez que um solo de determinado nome
(Latossolo, por exemplo) apresenta o mesmo conjunto de características, independente de
estar no Estado do Amazonas ou no Rio Grande do Sul.

O mapa de solos do Brasil é mostrado na figura 10. Nesse mapa observam-se os nomes
dos solos segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, bem como sua localização
e distribuição no Brasil. Solos com mesmo nome ou classificação apresentam características
comuns. Assim, podemos imaginar as características de determinado solo a partir de seu
nome ou classificação, bem como relacionar tais características ao potencial do solo em
favorecer ou não o crescimento das plantas, ou seja, se oferece condições mais ou menos
adequadas para as plantas crescerem.

1.3 Determinação da granulometria


A granulometria é a análise quantitativa das classes de partículas que constituem o solo.
A classificação das partículas do solo quanto à dimensão faz-se recorrendo a escalas, não
havendo, ainda hoje, uniformidade quanto à escala a adoptar na distribuição das partículas
por classes.

Duas classificações bastante utilizadas são as escalas de Atterberg e de Wentworth. No


decorrer deste trabalho será utilizada a escala de Atterberg.

A granulometria determina-se recorrendo, normalmente, a dois tipos de métodos: -


Crivagem em redes com poros de diâmetro conhecido. Utiliza-se para as partículas de
maiores dimensões, por exemplo até 0,04 mm. - Análise mecânica, cujo princípio se baseia
na velocidade limite de queda das partículas num líquido de densidade e viscosidade
conhecidas, regulada pela lei de Stokes.

O líquido usado para a suspensão é normalmente a água e este método aplica-se à


granulometria de sedimentos finos (limo e argila).

1.4 Preparação do solo


Os objectos da análise são os constituintes minerais do solo. Para tal, é necessário
eliminar do solo a matéria orgânica. Isto pode fazer-se recorrendo a tratamento com água
oxigenada, que destrói a matéria orgânica, ou submetendo as amostras de solo a incineração
na mufla. Antes da incineração na mufla deve ter-se o cuidado de desagregar o solo, com
recurso a um almofariz com pilão, para individualizar ao máximo as partículas.

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Procedimento a) Retirar do solo no qual foi eliminada a matéria orgânica uma amostra
de aproximadamente 20 gramas, que deverá ser um pouco maior no caso de o solo ser de
composição muito arenosa. Ensino experimental no bosque de Casal do Rei – regeneração da
biodiversidade após o fogo.

b) Colocar a amostra de solo sobre um conjunto de crivos empilhados de redes com


uma malha de diâmetro sucessivamente menor, de modo a separar as várias classes de
partículas. Os crivos são agitados de modo a acelerar o processo de separação. Em cada um
dos crivos ficam retidas as partículas da classe correspondente (figura 3).

c) A percentagem de cada classe de partículas na amostra de solo é determinada por: %


= peso da fracção considerada / peso total da amostra x 100.

2 Definição de mineralogia
A Mineralogia é o ramo das Ciências Geológicas que se dedica ao estudo dos minerais,
através das suas propriedades, constituição, estrutura, génese e modos de ocorrência.

Considerada inicialmente como um meio prático para chegar ao conhecimento de


substâncias minerais úteis, tinha uma característica puramente utilitária, não constituindo uma
verdadeira ciência, mas "uma arte de distinguir os minerais". Este conceito foi, naturalmente,
evoluindo e actualmente a Mineralogia preocupa-se: não só com os minerais úteis, ou com
importância económica (minérios) mas com todas as substâncias mineralizadas; não só com
as suas formas cristalinas mas, também, com as suas propriedades físicas, químicas e
estruturais; procura, para além disso, a relação entre as formas cristalinas e essas
propriedades, lugares de origem e associações mais características para, a partir de todos
estes elementos procurar reconstituir a sua génese.

2.1 Nomenclatura dos minerais


A nomenclatura mineralógica pode parecer à primeira vista um pouco confusa. Há
vários aspectos que são usados na denominação de minerais: pessoas, acontecimentos,
animais, lugares, propriedades físicas e químicas.

Em tempos passados utilizavam-se principalmente as línguas latim e/ou grego. Em


tempos actuais: inglês, alemão, francês, espanhol, português e até chinês. Entretanto, para a
grande maioria dos cerca de 4.700 minerais actualmente conhecidos, é válido que, de acordo
com a nomenclatura, eles possam ser classificados em quatro grupos:

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1. Minerais podem ser nomeados por localidades, ou seja, segundo o lugar onde o
mineral foi encontrado pela primeira vez (locus tipicus- localidade tipo):

Exemplos para este grupo são:

 Andaluzita (Al2 SiO5 ), descrita pela primeira vez em Andaluzia, na Espanha.


 Anglesita (PbSO4 ), segundo a ilha de Anglesey em Gales, Inglaterra.
 Antarticita ( CaCl2 • 6 H2O), um mineral muito raro, que foi achado na
década de 60 do século passado no lago Don Juan na Antártica, cuja salinidade
extrema é de cerca de 44,2 %.
 Clausthalita (PbSe) é uma reminiscência da antiga cidade de mineração de
Clausthal, Zellerfel, na montanha Harz, na Alemanha.
 Elbaíta é uma turmalina de Na e Li, descrita pela primeira vez na Ilha de Elba,
na Itália.

Exemplos de minerais que se encontram neste grupo são:

 Minasgeraisita (CaBe2 Y2 Si2 O10), que foi encontrada pela primeira vez no
pegmatito Jaguaraçu (também conhecido como mina do José Miranda) no
estado de Minas Gerais.
 Tripuhyita (FeSbO4 ), descoberta no final do século 19 pelo mineralogista
austríaco Eugenio Hussak no vale de Tripuí (naquela época escrito Tripuhy),
próximo a Ouro Preto, MG.
2. Minerais podem ser nomeados segundo pessoas. Às vezes conforme seu
descobridor ou mesmo como uma homenagem a terceiros, assim, FeO(OH)
recebeu o nome Goethita, e Covellita (CuS).

Nomes de minerais imortalizados nesta categoria são, entre outros:

 Gorceixita (Al3 H Ba[(OH)6 / (PO4 ) 2 ]) - é uma homenagem ao


mineralogista francês Henri Gorceix (1842-1919), fundador da Escola de
Minas de Ouro Preto, hoje integrada à Universidade Federal de Ouro Preto,
UFOP, MG/Brasil.
 Andradita (Ca3 Fe2 [SiO4 ]3 ) é o nome que lembra o cientista e estadista
brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva (1763) e o fosfato barbosalita
(Fe2+Fe3+ 2 (PO4 )2 (OH)2 ) comemora o professor de geologia da Escola de
Minas em Ouro Preto -Aluízio Licínio de Miranda Barbosa (1916).

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 Outros exemplos de minerais brasileiros desta categoria são apresentados por
Atencio (2000) e Gait (2000.
3. Minerais podem ser nomeados segundo as suas composições químicas, muitas
vezes por nomes em latim.

São citados aqui em primeiro lugar os minerais nativos cujos símbolos químicos derivam-se
diretamente do latim, como ouro (aurum - Au), prata (argentum - Ag), cobre (cuprum - Cu),
ferro (ferrum - Fe) etc. Como exemplos de minerais compostos por mais de um elemento
temos o sulfeto de prata, denominado argentita (Ag2 S) (ainda considerando a associação
entre prata/argentum, o leitor é lembrado do nome do Rio de la Plata, e da Argentina).

Estibnita (Sb2 S3 ) é um sulfeto formado a partir de enxofre e antimônio, lembrando que


antimônio em latim é antimonum, ou mesmo stibium.

Cuprita (CuO2 ) vem do Cuprum (cobre), que também faz a raiz linguística para Chipre
(depósitos de cobre).

Enquadram-se aqui muitos minerais brasileiros, como palladseita (Pd17Se15),


stibiopalladinita (Pd5 Sb2 ), arsenopalladinita (Pd8 As3 ) entre outros, todos encontrados pela
primeira vez em concentrados de bateia em amostras do museu mineralógico da Escola de
Minas em Ouro Preto, MG (Clarke et al. 1974, Roeser e Schürmann, 1990).

Outras duas espécies desta série de minerais Pd, do museu mineralógico da Escola de Minas
em Ouro Preto, são os minerais atheneita ( (Pd,Hg)3 As), que homenageia a deusa grega
Pallas Athena e a isomertieita (Pd(SbAs)2 ) assim chamada por sua relação estrutural e
composicional para a mertieita (Pd11 (Sb,As)4 ) denominada segundo o geólogo norte-
americano John B. Mertie (1888-1980).

4. Minerais podem ser nomeados de acordo com suas propriedades físicas. Neste
casos, os conceitos usados muitas vezes são derivações gregas.

Um belo exemplo é a cianita também chamada distênio. O primeiro nome deste silicato de
alumínio (Al2 SiO5 - triclínico) é uma reminiscência do grego cianos (azul), lembrando a cor
comum deste mineral, e seu segundo nome é também derivado do grego: distênio vem de
distenos (duas forças), mencionando neste caso as duas principais direções de dureza do
mineral.

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O piroxênio enstatita (Mg,Fe)2 SiO6 ), do grego enstates (oponente), foi denominado assim
já em 1855 pelo mineralogista alemão Gustav Adolf Kenngott, porque ele constatou uma
dificuldade em fundir o mineral com o teste de maçarico.

Estaurolita ((FeMg)2 Al9 O6 [SiO4 ]4 2 (OH,O)2 refere-se aos gêmeos cruciformes típicos
deste mineral. Do grego stauros (cruz) e lithos (rocha, pedra).

Infelizmente encontram-se na literatura e, especialmente hoje na Internet, muitas


interpretações errôneas. Assim, o mineral estroncianita (SrCO3 ) não recebeu seu nome como
frequentemente divulgado por causa do elemento estrôncio. Friedrich Gabriel Sulzer
denominou- -o segundo o lugar onde estroncianita foi encontrada pela primeira vez, Scottish
Loch Strontian. Posteriormente o elemento encontrado no mineral levou o seu nome,
estrôncio.

Similar o caso da magnetita (Fe3 O4 ), e do magnetismo. A origem do nome da própria


magnetita não é totalmente clara. Alguns autores a associam com a localidade de Magnesiana
(Macedônia). Outros a atribuem ao um pastor grego chamadoMagnes. Ele teria descoberto
que o mineral atraiu os pregos de seus sapatos e a fivela do seu cinto. De qualquer maneira,
este é mais um caso em que primeiro o mineral recebeu o seu nome e só então foi definido o
fenômeno físico, neste caso o magnetismo, observado nele.

Cerca de 20 anos atrás já havia esforços internacionais para padronizar a


nomenclatura mineralógica – reduzindo-a somente às propriedades físicas e químicas dos
minerais. Assim uma comissão da Associação Internacional de Mineralogia (International
Mineralogical Association - IMA), recomendou que não mais se nomeasse minerais segundo
pessoas, mas apenas considerando suas composições químicas e características físicas
(Nickel, 1995). Mas essas recomendações não se mantiveram.

Especialmente nomear um mineral segundo uma pessoa continua muito em uso.


Ainda muitas vezes alunos honram assim seus professores, imortalizando-os na forma de
nomes mineralógicos. Aqui somente dois exemplos de tempos recentes:

A arapovita ((U,Th) (Ca,Na)2 (K1-x[ ]x ) Si8 O20•H2 O) nomeada segundo Yu. A.


Arapov [1907-1988], um geólogo russo, autor de muitos trabalhos geoquímicos na Ásia
Central. E a lindbergita ( (Mn (C2 O4 )•2 (H2 O)) que homenageia a geóloga Marie Louise
Lindberg-Smith do USGS (Baumgärtl e Mücke, 2005).

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Um exemplo bastante curioso neste sentido é o mineral armacolita ((Mg, Fe)Ti2 O5 )
que foi trazido em 1969 da Lua pelos primeiros astronautas americanos e consequentemente
levou o nome deles: Neil Armstrong, Edwin E. Aldrin Jr. e Michael Collins.

Tem-se muitas vezes a impressão de que hoje em dia não há mais limites de ideias
para nomeações de minerais. Como no caso dos selos postais comemorativos, aparecem
minerais nomeados segundo todas as possibilidades. A Grande Muralha da China reflete-se
na changchengita (IrBiS). Mutinaita (Na3 Ca4 Al11Si85O192 • 60 H2 O), embora
encontrado na Antártida, menciona o centro italiano de pesquisas sobre zeólitas, Mutina.
Também a descoberta secular dos raios - X por Konrad Wilhelm Röntgen [1845 – 1923], foi
comemorada em todo o mundo, não só com selos especiais, mas também com o novo mineral
caoxita (Ca [C2 O4 ]•3H2 O). O conceito inglês caoixte menciona Centennial Anniversary of
X rays (aniversário centenário dos raios-X). Pelo menos neste caso a coaxita apresenta
aspectos químicos, pois pode ser interpretado também quimicamente como calciumoxalate
(oxalato de cálcio) (IMA 2009).

Existem até minerais que portam nomes de animais como aoursinita (C (Co,Mg) (H3
O)2 [ (UO2 )SiO4 ]2 •3 (H2 O)) do francês l´oursin (ouriço do mar), uma referência ao seu
hábito, e a corvusita (NaCa (V5+ V4+ Fe2+)8 O20 . 4 H2 O) do latim corvus (corvo), por
causa da cor semelhante entre o mineral e o pássaro, mas mesmo nestes casos deve ser
mantida certa cautela com interpretações: escorpionita (Ca3 Zn2 (PO4 )2 CO3 (OH)2•H2 O),
por exemplo, leva o nome de uma mina de Zn na Namíbia (Skorpionzincdeposit, Namibia)
(IMA 2009).

Um nome um tanto incomum é apresentado a seguir. Durante as nossas investigações


sobre o ouro paladiado do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, Brasil, encontramos
várias vezes na literatura científica o nome Porpezita. Este termo é aplicado ao mineral de
fórmula química AuPd (fig. 1). Como mostra a figura, este ouro paladiado é mais branco do
que o “ouro normal” (contendo principalmente Cu), o que já salienta Hussak em sua
dissertação de 1904. Couto (1799) até confundiu este AuPd por causa de sua cor clara com
platina. Vários grãos deste mineral foram analisados desde o início da década de 90 (resumo
em Roeser e Schürmann 2008).

Na virada dos séculos 19 – 20, especialmente nos primeiros anos do século 20,
porpezita emerge repetidamente nos livros de mineralogia, em particular na Europa e
especialmente na literatura francesa, por exemplo. (Charpentier 1900).

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No livro Précis de Minéralogie do ano 1908 do Francês De Lapperent , o autor coloca
porpezita (Porpézite,or allié de palladium) na lista de espèces et variétés.

Pisani (1883) indica dados químicos e mencionou que la Porpézite ou Or palladié (de
Porpez, au Brésil) contient 4 p. 100 d´argent et 10 p. 100 de palladium. Semelhantemente
escreve Buttgenbach (1923): la Porpézite contient 4% d´argent et 10% de palladium.

A composição química da porpezita foi indicada por vários autores em valores


similares, que leva à conclusão de que um copia do outro. Naumann (1881) escreveu na
décima primeira edição do seu livro Elemente der Mineralogie (Elementos da Mineralogia):
Porpezita (Palladiumgold) é uma variedade de ouro que foi denominado segundo sua área de
ocorrência, a Capitania Porpez no Brasil, e que contem além de 4 p.Ct prata quase 10 pCt
Paládio (pCt significa aqui %).

É interessante constatar que alguns autores logo duvidaram da existência da porpezita


como um mineral próprio, pois em muitos manuais conhecidos de mineralogia da época, o
nome é omitido. A Associação Mineralógica Internacional (IMA) nunca reconheceu o nome
porpezita. Em seu banco de dados (www. webmineral.com), assim como na Mineralogia
ATHENA, ou no Danade 1997, que reserva para o ouro apenas uma página e meia, a
porpezita não é mais listada. Também falta o nome porpezita em dois trabalhos mais
recentesque tratam de minerais.

Deixando essas discussões de lado, o interesse aqui é apenas relacionado ao processo


de nomeação da porpezita, o que possui certo aspecto humorístico devido ao fato de que seu
nome não se enquadra em nenhuma das classificações descritas anteriormente: localidades,
pessoas, composições químicas, etc. Não há propriedade física ou química, com qual poderia
ser ligada ao nome desse mineral. Falta também um nome de celebridade relevante igual
Porper, Porpez etc.. Além disso, apesar das localidades listadas na literatura citada acima, no
Brasil nunca existiu um lugar que está ligado ao nome, especialmente uma Capitania Porpez.

Em conversas com os colegas brasileiros, especialmente os formados há mais tempo,


nas décadas de 70 e 80 do século passado, veio à tona uma história que a primeira vista
parece uma anedota, mas que é confirmada em pelo menos duas breves referências
bibliográficas, que dizem que o termo porpezita é um erro não intencional, ou seja, uma
desfiguração de outro nome.

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14
Conclusão
Como forma de conclusão há que fazer menção de que são cinco os factores de formação
dos solos: material de origem (rocha), relevo, organismos, clima e tempo. A formação do solo
é estimulada pelo clima e organismos vivos, os quais actuam na rocha ou material de origem
em um determinado período de tempo, sendo que o relevo pode exercer influência
modificadora nesse processo de formação.

Os cinco maiores factores de formação do solo determinam o tipo de solo que irá se
desenvolver em determinada região ou local. Quando esses factores são os mesmos em dois
locais diferentes, mesmo que muito distantes entre si, o tipo de solo será o mesmo em ambos
os locais. Os tipos e as características dos horizontes de que é composto um perfil de solo,
denominados horizontes diagnósticos, possibilitam identificar e separar os diferentes tipos de
solos na paisagem, os quais recebem um nome ou classificação.

É por meio dos chamados levantamentos de solos que se consegue elaborar mapas de
solos e relatórios técnicos de uma fazenda, município, estado ou nação, a fim de identificar,
caracterizar, classificar e visualizar a distribuição dos solos na paisagem. Essas informações
relativas ao tipo, características e distribuição dos solos na paisagem (obtidas pelos
levantamentos de solos), juntamente com os estudos do clima e do relevo regional,
possibilitam estabelecer a aptidão agrícola e o potencial produtivo de uma região ou área para
determinada cultura, ou seja, o que podemos plantar e qual a produtividade esperada de uma
cultura para cada tipo de solo sob determinadas condições climáticas (temperatura, chuva,
etc.).

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Bibliografia
Atencio D. Minerals for which Brazil is the type locality. Rocks & Minerals, 2000.

Baumgärtl U., Mücke A. Neue von der IMA (International Mineralogical Association)
anerkannte Mineralien. Heidelberg: Eine Kurzfassung, Aufschluss, 2005.

Buttgenbach, H. Les Mineraux et les Roches. 3º edição, Seiten + Compléments 107 Seiten,
Dunand Éd., Paris, Liége: H. Vaillant-Carmann Imprimeur. 1923.

Charpentier H. Géologie et Minéralogie Appliquées. Les Minéraux utiles & leurs


Gisements Vve Ch. Paris: Dunod. 1900.

Clark A.M., Criddle A.J., Fejer E.E. Palladium arsenide, antimonides from Itabira, Minas
Gerais, Brazil. Miner. Mag. 1974.

Gait R.I. Who’s Who in Mineral Names: People after Whom Type Minerals from Brazil
Have Been Named. Rocks & Minerals, 2000.

Naumann C.F. Elemente der Mineralogie. 11 Auflage. Leipzig: Verlag Von Wilhelm
Engelmann. 1881.

Nickel E.H. The definition of a mineral. Montreal: Can. Miner, 1995.

Pisani M. F. Traité Élémentaire de Minéralogie. Paris: G. Masson. 1883.

Roeser H., Schürmann K. Atheneit aus dem Eisernen Viereck, Zentralbrasilien. 12 Geow.
DFG Kolloqium, Zusammenfassungen, München. 1990.

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