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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA

FACTORES DE FORMAÇÃO DO SOLOS

Nivaldina Lazido José Abdul Remane Chauchane: 71231227

Quelimane, Março, 2024


Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências de

Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

FACTORES DE FORMAÇÃO DO SOLOS

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de cadeira de Geografia dos
solos a ser submetido da
Coordenação do Curso de
Licenciatura em Geografia da
UnISCED.

Tutor

Nivaldina Lazido José Abdul Remane Chauchane: 71231227


Quelimane, Março, 2024

Índice
Introdução....................................................................................................................................1

Objectivo Geral............................................................................................................................1

Específicos...................................................................................................................................1

Metodologia.................................................................................................................................1

Formação dos solos......................................................................................................................2

Classificação dos solos quanto à sua origem...............................................................................2

Solos sedimentares ou transportados...........................................................................................3

Factores de Formação de Solos....................................................................................................3

O relevo na formação dos solos...................................................................................................4

O clima na formação dos solos....................................................................................................5

Os Organismos na formação dos solos........................................................................................6

O tempo na formação dos solos...................................................................................................7

Material de origem.......................................................................................................................8

Acção humana - factor antropogênico.......................................................................................10

Tipos de Solos............................................................................................................................10

Conceito de solos.......................................................................................................................13

Composição dos solos................................................................................................................13

Composição química do solo.....................................................................................................14

As características climáticas na região da zona centro de Moçambique;..................................15

Topográficas e geológicas da região..........................................................................................15

Conclusão...................................................................................................................................18

Bibliografia................................................................................................................................19
Introdução
O solo é o sustentáculo da vida e todos os organismos terrestres dele dependem directa ou
indirectamente. É um corpo natural que demora para nascer, não se reproduz e “morre” com
facilidade. Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a
maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam na sua formação.

O solo resulta da acção simultânea e integrada do clima e clima organismos que atuam sobre um
material de origem (geralmente rocha), que ocupa determinada paisagem ou material de origem
relevo, durante relevo certo período de tempo. Esses elementos (rocha, clima, organismo, relevo
e tempo) são chamados de factores de formação do solo.

Esses factores são parte do meio ambiente e atuam de forma conjunta. Durante seu
desenvolvimento o solo sofre a acção de diversos processos de processos formação como perdas,
perdas transformações, transformações transportes e transportes adições. Adições Esses
processos são responsáveis pela transformação da rocha em solo, diferenciando-se desta por ser
constituído de uma sucessão vertical de camadas que diferem entre si na cor, espessura,
granulometria, conteúdo de matéria orgânica e nutrientes de plantas

Objectivo Geral
 Compreender os factores de formação dos solos.

Específicos
 Identificar os factores de formação dos solos;
 Descrever Processo o formação dos solos;
 Mencionar as características climáticas e composições dos solos.

Metodologia
Para a concretização deste trabalho, houve a necessidade de se auxiliar tanto em matéria
estampada como obras Bibliográficas que já abordaram aspectos relevantes sobre o tema em
referência em seguida, fiz a análise e avaliação da informação e posteriormente a sua respectiva
compilação.
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Formação dos solos


Cada rocha e cada maciço rochoso se decompõem de uma forma própria. Porções mais
fracturadas se decompõem mais intensamente do que as partes maciças, e certos constituintes das
rochas são mais solúveis que outros. As rochas que se dispõem em camadas, respondem ao
intemperismo de forma diferente para cada camada, resultando numa alteração diferencial. O
material decomposto pode ser transportado pela água, pelo vento, etc. Os solos são misturas
complexas de materiais inorgânicos e resíduos orgânicos parcialmente decompostos.

Para o homem em geral, a formação do solo é um dos mais importantes produtos do


intemperismo. Os solos diferem grandemente de área para área, não só em quantidade (espessura
de camada), mais também qualitativamente. Os agentes de intemperismo estão continuamente
em actividade, alterando os solos e transformando as partículas em outras cada vez menores.

O solo propriamente dito é a parte superior do manto de intemperismo, assim, as partículas


diminuem de tamanho conforme se aproximam da superfície. Os factores mais importantes na
formação do solo são: - acção de organismos vivos; - rocha de origem; - tempo (estágio de
desintegração/decomposição); - clima adequado; - inclinação do terreno ou condições
topográficas.

Classificação dos solos quanto à sua origem


Quanto à sua formação, podemos classificar os solos em três grupos principais: solos residuais,
solos sedimentares e solos orgânicos.

Solos residuais

São os que permanecem no local da rocha de origem (rochamãe), observando-se uma gradual
transição da superfície até a rocha. Para que ocorram os solos residuais, é necessário que a
velocidade de decomposição de rocha seja maior que a velocidade de remoção pelos agentes
externos.

Estando os solos residuais apresentados em horizontes (camadas) com graus de intemperismos


decrescentes, podem-se identificar as seguintes camadas: solo residual maduro, saprolito e a
rocha alterada.
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Solos sedimentares ou transportados


São os que sofrem a aço de agentes transportadores, podendo ser aluvionares (quando
transportados pela água), eólicos (vento), coluvionares (gravidade) e glaciares (geleiras).

Solos orgânicos

Originados da decomposição e posterior apodrecimento de matérias orgânicas, sejam estas de


natureza vegetal (plantas, raízes) ou animal. Os solos orgânicos são problemáticos para
construção por serem muito compressíveis. Em algumas formações de solos orgânicos ocorre
uma importante concentração de folhas e caules em processo de decomposição, formando as
turfas (matéria orgânica combustível).

Factores de Formação de Solos


A decomposição das rochas leva à formação de pequenas partículas das quais os solos são
constituídos, denominadas de partículas minerais. Essas partículas são misturadas às partículas
orgânicas, provenientes da decomposição de pequenos animais e restos de plantas, dando origem
às camadas superficiais do solo, muito importantes para o crescimento das plantas, pois é nelas
que se concentra grande parte de suas raízes.

Existem diferentes tipos de partículas minerais; algumas delas conseguem individualizar na


massa de solo e ver olhos nú sem ajuda de microscópio, como é o caso da areia. Outras partículas
são muito pequenas e só podem ser vistas uma a uma com ajuda de um microscópio (argilas, por
exemplo). Os diferentes tipos de solos têm diferentes tipos e quantidade dessas partículas
minerais.

Segundo Lepsch (2011), a existência de diferentes tipos de solos é controlada por cinco factores,
sendo estes: o clima, os organismos vivos, o material de origem (rocha), o relevo e a idade da
superfície do terreno (tempo). A interacção dinâmica desses factores propicia a formação do solo
e conforme as características do local, no qual envolve tipo de rocha, relevo, macro e
microorganismos, clima, em um determinado tempo, são responsáveis pela origem de diversos
tipos de solos.
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O relevo na formação dos solos


A acção do relevo reflecte directamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido vertical
(infiltração) como lateral (escorrimentos superficiais – enxurradas – e dentro do perfil); e
indirectamente sobre o clima dos solos (temperatura e humidade), através da incidência
diferenciada da radiação solar, do decréscimo da temperatura com o aumento das altitudes, e
sobre os seres vivos os tipos de vegetação natural importantes na formação dos solos.

A água que cai sobre um terreno e não evapora tem apenas dois caminhos: ou penetra no solo ou
escorre pela superfície. Geralmente, segue concomitantemente ambos os caminhos, com maior
ou menor participação de um ou outro, dependendo das condições do relevo (declividade e
comprimento da vertente); da cobertura vegetal; e de factores intrínsecos do solo.

Em terrenos declivosos, a quantidade de água que penetra no solo é, em igualdade de incidência


de precipitação pluvial, normalmente menor que nos menos inclinados.

Na coexistência de ambas as situações, compartilhando uma porção da paisagem, as áreas com


menos declive recebe o acréscimo de água do escoamento superficial e subsuperficial
proveniente das áreas mais altas. Os solos de relevo íngreme (muito inclinado) são submetidos
ao rejuvenescimento, através dos processos erosivos naturais e, em geral, apresentam clima mais
seco do que aqueles de relevo mais suaves. Os solos rasos e pouco profundos das vertentes
declivosas são naturalmente co-habitados por matas mais secas do que as dos terrenos contíguos
menos íngremes.

Disso resultam solos menos profundos e evoluídos do que os situados em condições de relevo
mais suave, onde as condições hídricas determinam ambiente húmido mais duradouro. Em
terrenos aplainados, a eliminação da água pelo escorrimento superficial é diminuta; assim, há um
acentuado fluxo de água através do perfil, favorecendo a lixiviação em sistema de drenagem
livre.

Nos terrenos de relevo subaplainado ou deprimido, em ambiente de drenagem impedida,


determinando sistema fechado, as condições são ideais para os fenômenos de redução, devido ao
prolongado encharcamento, resultando em solos particulares, denominados hidromórficos.
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Outra implicação importante do relevo é sobre a taxa de radiação e, consequentemente, sobre o


clima do solo em diferentes situações de exposição dos terrenos à acção solar. Em regiões
montanhosas, por exemplo, dependendo da orientação das encostas, a variação de incidência da
radiação solar é significativa. A variação do relevo origina uma sequência de perfis
geneticamente ligados entre si, mas diferenciados por características morfológicas.

Os solos formados nas partes altas do terreno diferem dos de terrenos baixos. Em função da
topografia os solos podem apresentar as seguintes denominações:

a) Solos Eluviais: são definidos como os que mantêm estreita correlação com o material de
origem, não são influenciados pelo transporte de partículas minerais de regiões próximas e estão
sujeitos a influências das características mineralógicas, físicas e químicas da rocha mãe (rocha
matriz).

b) Solos Coluviais: são aqueles geralmente encontrados em locais de declive. Estes resultam da
mistura de fragmentos minerais de rochas de camada mais profundas e também são enriquecidos
por partículas transportadas de locais mais elevados e que podem ter origem de material rochoso
diferente.

c) Solos Aluviais: os materiais que entram na constituição desses solos originam-se da


acumulação gradativa dos resíduos minerais provenientes de regiões próximas, ou seja, daquelas
dentro da bacia hidrográfica.

O clima na formação dos solos


O clima constitui um dos mais activos e importantes factores de formação do solo. De seus
elementos, destacam-se, pela acção directa na pedogénese:

 A temperatura;
 A precipitação pluvial;
 A deficiência e o excesso hídrico.
A latitude influi directamente nos regimes térmicos regionais. É muito importante no
desenvolvimento dos solos, pois a velocidade das reacções químicas que neles se processam é
directamente proporcional ao aumento da temperatura. Além da temperatura, a quantidade de
água de chuva que atinge a superfície, nela penetra, seja mantida ou percole, é factor igualmente
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importante no processo de formação do solo. Regiões com abundância de água apresentam,


normalmente, solos mais evoluídos do que regiões secas.

O enorme volume de água que percola através dos solos nas regiões húmidas promove a
hidratação de constituintes e favorece a remoção dos catiões liberados dos minerais pela
hidrólise, acelerando as transformações de constituintes e, consequentemente, o processo
evolutivo do solo. Da conjugação de variados regimes de temperatura e humidade, resulta
essencialmente a ocorrência de climas distintos e, por conseguinte, de acções formadoras de solo
também diferenciados.

Nos planaltos as baixas temperaturas e a constante humidade favorecem a formação de solos


com espessas camadas superficiais escuras e ricas em matéria orgânica, conferindo-lhes
particular morfologia, além de influenciar mais activamente os processos de transformações e
neoformações.

Por exemplo: solos não muito desenvolvidos, pouco profundos, por vezes cheios de pedras,
quimicamente pobres, muito lixiviados, de reacção bastante ácida e consideravelmente ricos em
constituintes orgânicos

Os Organismos na formação dos solos


Os organismos microflora e macroflora, microfauna e macrofauna pelas suas manifestações de
vida, quer na superfície quer no interior dos solos, actuam como agentes de sua formação.

O homem também faz parte desse contexto, pois, pela sua actuação, pode modificar
intensamente as condições originais do solo. Dos organismos, sobressai por sua intensa e mais
evidente acção como factor pedogenético a macrofauna.

A cobertura vegetal tem uma acção passiva como agente atenuante do clima; porém, é como
agente activo na formação do solo que ela se destaca. Sua acção protectora depende de sua
estrutura e tipo. Por exemplo: Região com a cobertura vegetal é eficaz (protege o solo contra a
acção das chuvas).

Na região semiárida, o efeito protector é pouco efectivo na protecção do solo, resultando em


acentuadas enxurradas de forte poder erosivo. A cobertura vegetal exerce efeito atenuador na
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temperatura da parte mais superficial dos solos, repercutindo na diminuição da


evapotranspiração.

Evapotranspiração - é a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por
transpiração.

A acção pedológica passiva da cobertura vegetal desempenha ainda outras funções protectoras,
intervindo na fixação de materiais sólidos, como nas dunas ou nas planícies aluviais.

A acção mais importante da cobertura vegetal ocorre, nos fenómenos de adição, tanto na
superfície, através dos resíduos vegetais aí depositados, como no interior do solo, mediante
restos que se decompõem.

A macrofauna tem importância como agente homogeneizador dos solos. Nessa situação em
particular, são muito citados os efeitos das térmites, anelídeos, das formigas, e de muitos
roedores que cavam buracos. As minhocas, abrindo galerias, melhoram a aeração dos solos. Os
micróbios, por sua vez, têm acção marcante na decomposição dos compostos orgânicos, na
fixação de nitrogénio e em processos de oxidação e/ou redução.

O homem é um elemento perturbador da constituição e arranjo das camadas dos solos, através
das modificações que imprime na paisagem, como:

 Desmatamento,
 Reflorestamento,
 Abertura de estradas,
Escavações. Ou através de alterações que realiza directamente no solo, como:

 Aplicação de fertilizantes,
 Irrigação,
 Drenagem e deposição de resíduos.

O tempo na formação dos solos


O período de tempo necessário para que um solo desenvolva-se e alcance seu equilíbrio com o
meio depende da rocha matriz que lhe deu origem, das condições do clima, dos organismos vivos
e da topografia.
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O tempo é o factor de formação do solo que define o quanto a acção do clima e dos organismos
vivos atuam sobre a rocha matriz em um determinado tipo de relevo. Dos factores de formação
do solo, o tempo é o mais passivo, porque não adiciona, não exporta material, não gera energia
que possa acelerar o intemperismo físico ou químico necessário para a formação do solo.
Contudo, o sistema solo não é estático, variando, com o passar do tempo e ao longo de sua
formação, suas transformações, transporte, adição e perdas.

Áreas formadas em épocas geológicas mais recentes estiveram por menos tempo expostas aos
agentes intempéricos e, por isso, apresentam solos jovens e mais rasos, geralmente com menor
quantidade de material orgânico. Já as áreas geologicamente mais antigas podem apresentar
solos mais profundos (a depender dos factores anteriormente citados) e, em muitos casos, mais
“lavados” e alterados quimicamente.

Material de origem
O material de origem depende da classificação genética das rochas.

Classificar as rochas significa usar critérios que permitam agrupá-las segundo características
semelhantes. Uma das principais classificações é a genética, em que as rochas são agrupadas de
acordo com o seu modo de formação na natureza. Sob este aspecto, as rochas dividem-se em três
grandes grupos:

a) Rochas ígneas ou magmáticas Resultam do resfriamento de material rochoso fundido,


chamado magma. Estas são chamadas de rocha ígnea intrusiva, quando o resfriamento
ocorrer no interior do globo terrestre, e de rocha ígnea extrusiva ou vulcânica, se o
magma conseguir chegar à superfície.
Para reconhecer se a rocha é intrusiva ou extrusiva, é necessário avaliar sua textura. O
resfriamento dos magmas intrusivos é lento, dando tempo para que os minerais em formação
cresçam o suficiente para serem facilmente visíveis. Alguns cristais podem chegar a vários
centímetros.

A cor das rochas ígneas é muito variável, podendo ser classificadas como:

 Máficas são as rochas ígneas escuras ricas em minerais contendo magnésio e ferro;
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 Félsicas são claras, mais ricas em minerais, e contêm sílica e alumínio (siálicas), que
incluem os feldspatos e o quartzo ou sílica.
b) Rochas sedimentares parte das rochas sedimentares é formada a partir da compactação
e/ou cimentação de fragmentos produzidos pela acção dos agentes intempéricos e
pedogénese sobre uma rocha preexistente, após serem transportados pela acção dos
ventos, das águas que escoam pela superfície ou
Estas originam-se pela deposição dos sedimentos, ou seja, do material alterado de outras
rochas. Os processos de formação desse tipo de rocha ocorrem através:

 Do intemperismo físico e químico das rochas preexistentes;


 Do transporte dos produtos intemperizados pela água, vento, geleiras ou gravidade;
 Da deposição em bacias de sedimentação;
 Da transformação dos sedimentos de rochas.
Os sedimentos sempre se depositam em camadas sobre a superfície terrestre. As rochas
sedimentares, quanto a sua textura, podem ser encontradas conforme a descrição a seguir.

 Clástica quando a rocha sedimentar é constituída por partículas preexistentes. A


litificação ocorre em condições geológicas de baixa pressão e baixa temperatura e,
por isso, as rochas clásticas não têm, salvado raras excepções, a mesma consistência
dura das rochas ígneas. Pelo gelo, do ponto de origem até o ponto de deposição.
 Químicas ou Não-Clásticas são formadas pela precipitação dos radicais salinos, que
foram produzidos pelo intemperismo químico e agora se encontram dissolvidos nas
águas dos rios, lagos e mares.
 Orgânicos são acúmulos de matéria orgânica tais como restos de vegetais, conchas
de animais, excrementos de aves, anelídeos, etc. que, por compactação, acabam
gerando, respectivamente, turfa (turfa é uma substância formada pela decomposição
de vegetais em terrenos alagados), conchas e estercos de aves.
c) Rochas metamórficas – Resultam da transformação de uma rocha preexistente no estado
sólido. O processo geológico de transformação se dá por aumento de pressão e/ou
temperatura sobre a rocha preexistente, sem que o ponto de fusão dos seus minerais seja
atingido. O metamorfismo dinâmico ocorre quando predomina o aumento de pressão no
fenómeno da transformação das rochas como em zonas de falhas. Quando a temperatura
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do metamorfismo ultrapassa um certo limite, determinado pela natureza química da rocha


e pela pressão vigente, frequentemente na faixa de 700-800ºC, as rochas começam a se
fundir, produzindo novamente um magma.

Acção humana - factor antropogênico


As características de um solo, adquiridas lentamente (em milhares de anos) sob a influência dos
factores ambientais naturais, podem ser rapidamente (desde poucos dias a dezenas ou centenas
de anos) modificadas pela acção humana. Em termos globais, esta acção vem se intensificando e
ampliando ao longo do tempo.

Pesquisas arqueológicas mostram que as antigas civilizações da Mesopotâmia e do México


faziam uso intensivo do solo para a produção agrícola, abastecendo grandes centros urbanos. A
decadência e desaparecimento destas civilizações são atribuídos em parte à degradação de seus
solos agrícolas, por efeitos erosivos ou salinização. Modernamente, as extensões de solos
degradados vem sendo continuamente ampliadas na superfície terrestre, não se restringindo aos
países subdesenvolvidos.

Os efeitos prejudiciais colaterais são visíveis na degradação do solo e do ecossistema. Por isso, o
uso do solo deve ser baseado na sua aptidão ao objectivo proposto, o que envolve uma avaliação
de riscos e benefícios decorrentes da utilização pretendida.

Tipos de Solos
As condições geológicas a diferenciação microclimática, o regime hídrico e a natureza química
da rocha-mãe, permitem o desenvolvimento de solos intrazonais. Ao nível regional e local a
ocorrência dos solos azonais, relaciona-se com a localização e posição geográficas, a cobertura
vegetal e com processos geomorfológicos e pedogenéticos recentes.

Segundo Muchangos, (1999: p 71), os solos moçambicanos predominam materiais ferruginosos e


aluminosos, sendo por isso, considerados pedalféricos ou ferralíticos. Quanto a cor os solos mais
abundantes são cinzentos-pardos e pardo-avermelhados, mas também ocorrem com frequência
solos cinzentos e amarelados. Quanto texturado substrato da rocha-mãe condiciona a
diferenciação entre solos residuais pedrogosos, solos litólicos, arenosos, argilosos e limosos.
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Os solos residuais são os que se desenvolvem a partir do soco cristalino granítico-gnéissico e de


formações vulcânicas que de onde em onde, o interrompem. Trata-se, em geral de solos
ferralíticos ou fersialíticos.

Os solos pouco evoluídos são solos minerais com horizontes genéticos pouco diferenciados e que
apresentam uma distribuição irregular do material orgânico. Com efeito, eles apresentam no seu
perfil horizontes incompletos, em razão da sua idade recente ou da curta duração dos processos
pedogénicos. Neste grupo são incluídos solos aluvionares, os regosolos, os litosolos, os solos
litólicos, os solos hidromórficos e halomórficos.

Os solos aluvionares podem ser fluviais, lacustres e marinhos consoante a dominância dos
factores e processos de sua formação. Eles são formados, em geral, a partir de depósitos de
aluviões recentes, sendo, no entanto, enriquecidos progressivamente por novos materiais
aluviais.

No caso de regosolos, a sua formação resulta de materiais não consolidados, que formam
depósitos espessos e uniformes. A sua granulometria e mineralogia são variadas. São em geral,
solos arenosos, muito permeáveis e de vida variável. Estes solos são considerados psamo-
hidromórficos quando a sua textura é grosseira e possui uma pequena percentagem de argila,
com ou sem húmus. Derivados de rocha consolidada e ligeiramente alterados a partir de menos
de 10 – 15 cm de profundidade são os litosolos.

O seu perfil apresenta normalmente uma textura grosseira com horizonte. A pouco ou nada
humífero. Podem derivar de rochas calcárias, ocorrem geralmente em terreno ondulado a mais ou
menos acidentado ou montanhoso, com maior ou menor frequência de afloramentos rochosos.

Solos litólicos possuem o horizonte a mais ou menos expresso, mas não humífero, encontrando-
se a rocha muito pouco meteorizada a partir da profundidade superior a 10-15 cm; ou com
horizonte a humífero e podendo a rocha consolidada, pouco ou nada meteorizada, encontrar-se a
uma profundidade menor. Com proporção de argila variável, mas sempre insuficiente para estar
na origem da diferenciação de níveis com características de horizonte B são os solos sialíticos. O
seu Horizonte C pode ser delgado ou pelo contrário muito espesso.
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No caso dos vertisolos, eles se desenvolvem sobre sedimentos não-consolidados de natureza


calcária ou ainda sobre basaltos. A sua textura vária de fina a grosseira e a cor de pardo-
acinzentada a pardo- avermelhada. Os solos acídicos são minerais mais ou menos evoluídos, que
se formam tipicamente sob climas de natureza árida ou semiárida. Eles apresentam em
determinadas épocas do ano elevados deficit de água necessária as plantas. São geralmente
pardo-cinzentos ou pardo- avermelhados. Quando mostram evidências de tendências para
salinização, são designados halomórficos. Por vezes também apresentam crostas carbonatadas.

Os solos fersiáliticos são solos zonais tropicais minerais de perfil completo com reserva mineral
alterável, variável consoante a natureza da rocha-mãe e com elevado grau de saturação. O
substrato geológico é constituído por rochas cristalinas quartzíferas ou por sedimentos não
consolidados. São designados eutrofersialíticos, quando apresentam uma textura fina e
psamofersialíticos quando a textura é mais grosseira.

Em alguns casos eles apresentam no horizonte B mais do que 30% de minerais de argila, sendo
esta de carácter muito fortemente sialítico. Eles abrem fendas largas e profundas no estacão seca,
mostrandoevidências de infiltração de materiais de níveis superiores para níveis inferiores. Estes
processos são, muito comuns em variados tipos litológicos e nas mais diversas condições
climáticas e os solos apresentam as tonalidades mais diversas, desde o pardo ao avermelhado.

Os solos ferralíticos são típicos das regiões tropicais, com as duas estacões do ano
marcadamente distintas. Eles tanto se desenvolvem a partir de rochas eruptivas e metamórficas,
como de rochas sedimentares. A sua fisionomia característica é a cor vermelha, que resulta dos
intensos processos químicos de meteorização, que libertam óxidos de ferro.

Se apresentam textura grosseira no seu substrato arenoso de origem sedimentar, designase por
psamo- ferralíticos. São designados paraferralíticos quando formados em meios de alteração
ferralitica mas com perturbações no processo de evolução provocadas pela influência do relevo.
Estas perturbações podem ser profundadas que se reflectem no perfil e na difusa diferenciação
dos horizontes.

Os solos hidromórficos, devido à sua posição topográfica em depressões estão sujeitas à


influência permanente ou temporária das águas subterrâneas. A proximidade do lençol freático,
onde são intensos os processos de oxidação-redução junto à superfície, provoca a formação de
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um horizonte glei ou pseudoglei. No seu perfil, pouco diferenciado, os solos hidromórficos


apresentam um substrato argiloso acinzentado normalmente com abundante matéria orgânica e
por vezes material grosseiro.

Conceito de solos
Geografia de solos, também chamada Pedogeografia, estuda a distribuição de solos, as
associações características dos solos com a vegetação, drenagem, relevo, rochas, clima e o
significado dos solos na economia e cultura de uma dada região.

Pedologia, do gregopedon (solo, terra), é o nome dado ao estudo dos solos no seu ambiente
natural. É um dos dois ramos da ciência do solo, sendo o outro a edafologia. A pedologia estuda
a pedogénese, a morfologia dos solos e a classificação de solos. A real natureza do solo como
uma entidade isolada, separada do material rochoso subjacente, do qual é originário, foi
descoberta por um geólogo russo, V. V. Dokuchaev, por volta de 1875.

Uma classificação apropriada dos solos, baseada em suas características inerentes, ao invés de no
material geológico do qual são formados, foi criada em 1927 pelo geógrafo americano C. F.
Marbut.

Solo é a cobertura exterior da maior parte da superfície continental da Terra. É um agregado de


minerais não-consolidados e de partículas orgânicas produzidas pela acção combinada do vento,
da água e dos processos de desintegração orgânica.

Composição dos solos


Na maior parte dos casos o solo é constituído principalmente por matéria mineral sólida, à qual
está associada, matéria orgânica. Pode, porém, ser quase desprovido da matéria orgânica ou, ao
contrário, ser formado principalmente por esta, com muito pouca matéria mineral. Em qualquer
dos casos contém proporções variáveis de água com substâncias dissolvidas (soluções do solo) e
ar (atmosfera do solo).

Matéria mineral sólida


O solo pode incluir, em proporções variáveis, fragmentos da rocha matriz e minerais; minerais de
ordem secundária (resultantes da alteração dos minerais primários) como a argila residual,
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óxidos de cálcio, magnésio, etc. (elementos caloidais); iões minerais, que constitui a base de
nutrição das plantas, (Ca+, K+, P+, Fe+, AL+…)

Matéria orgânica
O solo é constituído por restos de plantas e outros organismos, em estado mais ou menos de
alteração. Esta matéria orgânica é habitada por grande número de microrganismos em actividade.
A água e o ar ocupam os espaços intersticiais existentes entre as partículas terrosas. Quando os
solos contêm mais de 20% de matéria orgânica (caso de textura grosseira) ou de 30% (caso de
textura média ou fina), em espessura superiora a 30 centímetros, são consideradas como solos
orgânicos. Todos os restantes são solos minerais.

Composição mecânica
Em consequência de meteorização é formada produtos freáveis que têm várias partículas de
diferentes dimensões. Estas partículas existentes no solo, chamam-se elementos mecânicos. As
partículas de dimensões iguais são combinadas em fracções. O conteúdo relativo dos elementos
mecânicos dos solos chama-se Composição Mecânica, em Pedogeografia é expresso em
percentagem de reservas de solos seco. Existem padrões especiais para definição da composição,
assim por exemplo: a) A soma de todos os elementos mecânicos do solo possui um diâmetro
inferior a 0,002mm – é argila fina. b) A soma de todos elementos inferiores a 0,02mm – é limo.
c) O de diâmetro inferior a 2mm – é areia fina.

A composição mecânica exerce influência sobre a formação e propriedades dos solos, uma vez
que as proporções relativas destes diversos lotes são muito variáveis, e permitem definir a sua
textura.

Composição química do solo


A matéria mineral do solo é constituída principalmente por oxigénio, Silício, Alumínio e Ferro.
Na maior parte dos solos, os óxidos de Silício, Alumínio e Ferro somados constituem 90% ou
mais do peso seco da fracção inorgânica, dominando largamente o óxido de Silício com 50 a
70%. O Cálcio, Magnésio, Sódio, Potássio, Titânio, Fósforo, Manganés, Enxofre, Cloro e outros
elementos expressos em óxidos constituem assim menos de 10% do peso seco da fracção mineral
do solo.
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A proporção de Azoto nos solos depende do teor de matéria orgânica. A fracção orgânica dos
solos contem vulgarmente mais 95% de Azoto, e como regra 5 a 60% de Fósforo e 10 a 80% de
Enxofre. Nos solos minerais, a percentagem do Azoto total em relação ao peso dos solos situa-se
via de regra entre 0,05 a 0,5 e, na maior parte dos casos entre 0,05 e 0,25%. Nos solos orgânicos,
os compostos orgânicos constituem em quase toda a espessura do solo de 20 a 30% até mais de
90% do peso seco.

As características climáticas na região da zona centro de Moçambique;


Zona centro – caracteriza-se por possuir condições meteorológicas gerais com carácter
intermédio das zonas norte e sul, com frequentes trovoadas, aguaceiros e ventos fortes de
Dezembro a Março por influência da zona de convergência intertropical. Durante a estação seca
em médias três ou quatro vezes por ano.

Esta zona é invadida por massas de ar frio transportadas na circulação de células anticiclónicas
vindas do sul que originam precipitações até ao interior, principalmente nas terras altas ao Norte
do rio Zambeze. Geralmente nos meses de Dezembro a Fevereiro e em médias duas a três vezes
por ano, o litoral principalmente da parte central de Moçambique, é atingido por temporais com
precipitações abundantes e ventos muito fortes resultantes de ciclones tropicais.

Segundo Da Barca: (1992), Essas perturbações decepam-se na faixa costeira, raramente atingem
as regiões do interior e excepcionalmente atingem a região a sul do paralelo 24º sul em
Inhambane E região tem a probabilidade de até 60% das necessidades das culturas serem
satisfeitas em água. Isto significa que o risco de ocorrência de secas seja de 4 anos em cada dez
(Micoa; S/d: p 16).

Topográficas e geológicas da região


A geologia de Moçambique é caracterizada pela ocorrência de um soco cristalino com idade
arcaica-câmbrica e por rochas com idade fanerozóica. O soco cristalino é constituído por
paragnaisses supracrustais metamorfizados, granulitos e magmáticos, ortognaisses e rochas
ígneas, Cumbe, (2007: P 71).

A estrutura físico-geográfica de Moçambique resulta de um longo processo de desenvolvimento


histórico da Terra, que teve início no Pré-câmbrico e se prolonga até hoje. Este processo foi
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caracterizado por uma série de fases sucessivas e alternadas de orogenias, erosão e de alterações
climáticas e pedobiogénicas.

Muchangos (1999: p 18). Sob o ponto de vista cronológico distinguem-se em Moçambique,


essencialmente três fases principais na formação do relevo:

 Pré-câmbrico;
 Karroo e;
 Pós-karroo.
No contexto geológico da África Austral, a história do desenvolvimento do relevo de
Moçambique, é bastante longa e teve o seu início há mais de, pelo menos, 3.500 milhões de
anos.

Para Muchangos (1999: p 18) a sua estrutura resultou da Conjugação e processos exógenos e
endógenos em que se registou uma série de fases de deformação, destruição e consolidação da
crusta que constituíram as bases para a formação de bacias epicratónicas.

Estes processos produziram as unidades tectónicas subdivididas normalmente em cratões


arcaicos consolidados há mais de 2.500 milhões de anos, zonas de dobramento que produziram
as grandes regiões cratónicas e zonas de abatimento, cujos sedimentos apresentam em alguns
casos, deformações subsidiárias. Posteriormente, as regiões de consolidação foram parcialmente
activadas, por fenómenos endógenos, independentemente da existência de depósitos
sedimentares epicratónicos.

As principais fases de transformações tectogénicas de formação de montanhas, nível geral,


concentraram-se no Precâmbrico; O dobramento permo-triássico, registado posteriormente,
limitou-se essencialmente a uma estreita faixa no extremo Sul de África, resultante de uma
deformação soco crustal denominado Panafricano.

Para além dos processos endogénicos do magmatismo, metamorfismo e tecnogénese que levaram
a estabilização e activação da crusta terrestre ou ainda a sua regeneração, a complexidade dos
fenómenos geológicos do Precâmbrico da África Austral, foi ainda marcada pelos fenómenos
exógenos tais como meteorização, a denudação e sedimentação.
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Estes processos rochosos constituem o principal embasamento de cerca de 2/3 do território


Moçambicano, sendo a sua principal área de dispersão, as regiões setentrionais e centrais do país.
Os vestígios mais importantes ocorrem no norte do país, destacandose o complexo de rochas
mais antigo de Moçambique localizado no Sistema de Manica, que é a parte do Cratão
Rodesiano.

Segundo Muchangos (1999: p 20), o complexo granito-gnéissico do sistema de Manica é o mais


rico em intrusões básicas, mas estas, também são notáveis no complexo de rochas cristalinas
situado a nordeste da Província de Tete.

Em território moçambicano, ainda não foi identificado rochas do Paleozóico Inferior e Médio,
períodos durante os quais se supõe que Moçambique, tal como grande parte da África Austral,
integrava ainda o Supercontinente Gondwana, que só se desmembrou no Cretácico, (Muchangos,
1999: p 21).

O clima, em conjunto com a tectónica, teria sido o principal factor de formação de terraços
fluviais e cascalheiras e saibros que ocorrem em alturas muito acima dos actuais níveis de
estiagem da maioria dos rios moçambicanos. Os terraços fluviais mais desenvolvidos encontram-
se nos vales superiores dos rios Rovuma, Lúrio, Ligonha, Licungo, Zambeze, Púnguè, Búzi,
limpopo e Incomati.
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Conclusão
A formação do solo inicia-se a partir do momento em que o material de origem material de
origem (rocha) é exposto na superfície terrestre, quando, então, passa a sofrer acção de agentes
do clima, principalmente precipitação e temperatura, accionando processos de intemperismo
("apodrecimento" da rocha).

À medida que se intemperiza, a rocha vai desagregando e ficando mais porosa, passando a reter
água e elementos químicos (cálcio, magnésio, potássio, sódio, ferro, etc) e oferecendo condições
de colonização por organismos pioneiros, como musgos, liquens, algas, etc. Com o passar do
tempo, o tempo solo vai ficando mais expresso, permitindo a instalação de plantas de maior
porte. Ao morrerem, esses organismos fornecem matéria orgânica (adição), adição que passa a
ser incorporada continuamente ao solo, além de fornecer ácidos orgânicos, que aceleram o
intemperismo.
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Bibliografia
Barca, A. (1992). Perfil Físico: Colecção “Conhecer Moçambique 1”. Editora Escolar.

Giasson, E. (2007). Morfologia do solo: subsídio para caracterização e interpretação de solos a


campo. Guaíba: Agrolivros.

Lepsch, I. F. (2002). Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos.

Lepsch, I.F. (2007). Formação e Conservação dos Solos, Oficina de TEXTOS, 1ª ed.

Lepsch, Igo F. (2011). 19 Lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos.

Lima, V.C. (2001). Fundamentos de pedologia. Fundamentos de pedologia Curitiba:


Universidade Federal do Paraná, Sector de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e
Engenharia Agrícola.

Ruellan, A. (1990). Descobrir o solo. C.N.E.A.R.C, Montpellier.

Muchangos, J. (1974). A Classificação dos Solos de Portugal - nova versão. Boletim de Solos do
S.R.O.A.

Vital, A. F. M. (2016). Análise do Tema Solos nos Livros Didácticos: um estudo de caso. Revista
Comunicação e Educação Ambiental, v. 6, n. 6.

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